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Origem e evolução dos Cargos em loja da

Maçonaria e dignidades maçônicas na Grã-Bretanha


do Século XVII até Nossos Dias – REVISTA
BIBLIOT3CA
bibliot3ca.com

Tradução José Filardo

Por Roger Dachez e Thierry Boudignon

I – OS OFICIAIS DA LOJA, DA ESCÓCIA DE WILLIAM SHAW À PRIMEIRA GRANDE LOJA


INGLESA ATÉ 1750

Qual é a origem dos o ciais de uma loja maçônica? Responder a esta pergunta é
necessariamente relacioná-la com o sistema primitivo de graus maçônicos e procurar
essa origem primeiro na Escócia ao nal do século XVII e depois na Inglaterra no início
do século XVIII.

Lembremo-nos que na Escócia, no século XVII, o sistema de graus consistia em duas


etapas: Aprendiz (isto é, um Aprendiz que fez suas provas durante 7 anos em média
como Aprendiz registrado) e o Companheiro ou Mestre este último chegando raramente
a ser alcançado em virtude de seu custo. Além disso, existiam dois tipos de estrutura
nessa Maçonaria Escocesa: uma estrutura civil, administrativa e pública, a corporação
ou Guilda de Mestres que governava a cidade e o emprego, e uma estrutura “secreta”
especí ca do ofício, a loja. Estas estruturas, em princípio independentes eram, de fato,
complementares, o que causava rivalidades e con itos. De qualquer forma, a corporação
consiste de Mestres, mestres que tinham na loja o “grau” mais alto que se podia conferir,
o de Companheiro de Ofício, categoria na qual são recrutados os futuros mestres da
corporação. Fica assim claro que o título de “Mestre” não era um grau da loja, mas uma
dignidade civil, que era adquirido através de herança, casamento ou até mesmo compra.

No início do século XVIII, na Inglaterra, na década de 1720, um novo grau apareceria, o


grau de Mestre. É certamente atestado em 1730, na forma em que o conhecemos e a
composição desse grau, puramente Inglês, aparentemente, era o resultado da adição de
uma lenda ao segundo grau, de Companheiro, de origem escocesa.

O novo segundo grau inglês, o de Companheiro “novo estilo” em um sistema agora de


três graus, resultou de uma divisão do antigo primeiro grau escocês. Assim, no sistema
inglês, o título de “Mestre” tornou-se um grau de loja. Este sistema tem, portanto, a
seguinte composição: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Mas o termo “Mestre”
vai se tornar rapidamente ambíguo, uma vez que designará tanto um grau, “Mestre
Maçom” quanto um cargo, o Mestre da Loja (cargo que sabemos ser também um grau)

Os cargos da loja no século XVII

Em uma loja de maçons “operativos” na Escócia, no século XVII, havia um presidente


que se chamava “Warden”, etimologicamente “o Guarda” (a tradução como Vigilante
impôs-se somente no início do século XVIII). Esse termo, “Warden” ou Guarda é
encontrado nas organizações tradicionais do ofício. Na Inglaterra também, embora as
organizações de ofício (as “Companhias de Londres”, as guildas londrinas, incluindo a
Companhia dos Maçons de Londres, “London Masons Company”) não tinham, naquela
época, a importância das suas contrapartidas escocesas, no entanto, elas elegiam um
presidente que trazia e ainda traz o título de “Warden”. Ao contrário, nas corporações
escocesas, o presidente se chamava “Deacon”, ou Diácono (o enviado) ou, no
vocabulário contemporâneo, “delegado geral”. As rivalidades entre a corporação e a loja
explicam que, em alguns casos, há também “diáconos” nas lojas. Além dos cargos de
“Vigilantes” na loja e o “Diácono” na corporação, não se conhecem outros o ciais na
Escócia, embora seja provável que houvesse algum tipo de secretário-tesoureiro o
“funcionário”, fora da pro ssão, mas cuja função era essencial a vida da loja.

Os cargos da loja no século XVIII (1717-1723)

Quando, onde e como o sistema escocês foi transmitido na Inglaterra até o


aparecimento das lojas, depois de uma grande loja, com seus próprios o ciais? Isso
ainda é, em parte, um mistério.

O sistema da primeira Grande Loja em 1723, era o seguinte: o Título IV das Constituições
distinguia os Mestres, os Vigilantes, os Companheiros e os Aprendizes. Aqui o termo
“Mestre” não se refere a um grau, que ainda não existia, mas um cargo, o “Mestre da
Loja”. Há também um outro cargo: o Vigilante (“Warden”). A hierarquia ou o currículo
maçônico assim se estabelecia: somos primeiro Aprendizes, depois Companheiros, grau
que é uma quali cação indispensável para se tornar, eventualmente, Vigilante, depois
Mestre da Loja, função superior à do Vigilante. Além disso, previa-se que em caso de
incapacidade do Mestre da Loja, o “Senior Warden (Primeiro Vigilante)”, isto é,
literalmente, “o guarda mais antigo” que o substituía, se não existisse um “ex” Mestre de
Loja, e na falta do “Senior Warden,” chamava-se o “Junior Warden” (Segundo Vigilante)
ou “o guarda mais jovem”. Note-se que a tradução para 1º e 2º Vigilantes é, na verdade,
falha, embora seja consagrada pelo uso.

Constatamos assim que se distinguia, que se tratava tanto de Mestres quanto de


Vigilantes, o mais velho e o mais novo. Assistimos aqui a origem da passagem de um
“Warden” único, para dois “Wardens”? A duplicação de Vigilantes seria então o resultado
de se levar em conta a antiguidade no exercício da função, exatamente como existe um
“Mestre da Loja” e um “Mestre Instalado” (Past Master). Em suma, em 1723, a loja era
presidida por um “Mestre” assistido por dois Vigilantes, o “Senior Warden” e o “Junior
Warden”.

Mas existiam outros o ciais? O artigo 17 do Regulamento Geral da Grande Loja


distingue um Grão-Mestre, um Grão-Mestre Adjunto, Grandes Vigilantes, um tesoureiro e
um secretário, os dois últimos cargos parecendo ainda serem exercidos
temporariamente.

Em relação ao período inaugural 1717-1723, faltam-nos documentos, pois o registro das


atas da Grande Loja começa precisamente em 1723, e não foi senão em 1738 que
Anderson reconstruiu as atas anteriores. Convém, portanto, manusear esses textos com
prudência. De acordo com Anderson, havia em 1717, um Grande Mestre, Anthony Sayer,
investido pelos mais antigos Mestres de Loja presentes. Havia também dois Grandes
Vigilantes. Esta prática, um Venerável e dois Vigilantes, parece vir das quatro lojas
fundadoras da Primeira Grande Loja, e se conservou.

Depois de 1730 e do aparecimento do grau de Mestre, foi necessário modi car o


conteúdo do Título IV das Constituições. O currículo maçônico torna-se então o
seguinte: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Os Vigilantes são escolhidos entre
os Mestres Maçons e para se tornar Mestre da Loja, deve-se ter sido Vigilante. A palavra
“Mestre”, portanto, designa ao mesmo tempo um grau e um cargo.

Os Diáconos

Não há nenhuma menção dos Diáconos antes de década de 1740, isto é, num momento
em que os irlandeses começam a se manifestar. Na obra Maçonaria Dissecada de 1730,
bem como no manuscrito Wilkinson (circa 1727), não são os Diáconos que recebem o
candidato, como na maçonaria inglesa contemporânea, mas o 2o Vigilante. Esta
tradição passará então à França e permanecerá no Rito Escocês Reti cado. Assim,
constata-se que se o cargo de “Warden”, um cargo da loja escocesa, é facilmente
implantado na Inglaterra, por outro lado o cargo de “Deacon” ou “Diácono”, um cargo da
Corporação levará mais tempo, provavelmente por ser estranho às organizações de
ofício inglesas. Assim, através dos Irlandeses e da Grande Loja dos “Antigos” este cargo
tomará pé mais tarde na Inglaterra. Mas existe uma relação entre os cargos escoceses e
irlandeses?

O Telhador ou Cobridor Externo

Desde 1723, na Inglaterra, Anderson, nas Constituições refere-se a um irmão


encarregado de guardar a porta da Grande Loja, mas se ele designa a função, ele não a
nomeia, o que será feito apenas na década de 1730. No entanto, não é certo que este
cargo de Grande Loja já existisse nas lojas. Parece, mais, que o cargo de Cobridor, como
talvez outros cargos, seria o produto de uma inovação da Grande Loja que, então, se
espalhou pelas lojas querendo imitar a Grande Loja. Este fenômeno também foi
observado na França. Neste contexto, a palavra e o cargo de “Tuileur (Cobridor)”
aplicados a uma loja são atestados nas primeiras divulgações dos anos 1740, e seu
papel na estrutura da loja é bem especi cado ali.

No entanto, a Grande Loja de Londres começou a se interessar pela estruturação do


sistema de cargos nas lojas, pois desde 24 de junho de 1727, ela decidiu, pela primeira
vez, que o Mestre e os Vigilantes de todas as lojas, deveriam usar as joias da Maçonaria
penduradas em uma ta branca. Em 17 de março de 1731, a rma-se que os aventais de
couro bordados com seda branca serão reservados para o Venerável Mestre e os
Vigilantes, enquanto a cor dos colares e da seda bordando os aventais dos Grandes
O ciais seria azul, sem especi car a natureza exata deste azul.

A partir de 1750, a Maçonaria Inglesa, no entanto, vai conhecer uma situação


radicalmente nova.

II – EVOLUÇÃO DOS CARGOS DE LOJA NOS “MODERNOS” E NOS “ANTIGOS” ATÉ A


UNIÃO DE 1813

Vimos que a estrutura da maçonaria inglesa da década de 1720 deriva globalmente das
estruturas da maçonaria escocesa do século XVII. No entanto, não sabemos onde,
quando, como e por quem essa transmissão foi feita 1. Por outro lado, sabemos que
houve, durante a transmissão, uma série de mudanças, das quais as mais signi cativas
são o fato de que a Presidência da lodja não é mais con ada a um “Warden” ou a um
“Deacon”, mas a um “Master of lodge (Mestre de loja)”, e que este presidente é ajudado
não por um, mas por dois assessores, os “Wardens (Vigilantes)”. Sabemos, também, que
esta nova estrutura (isto é, um Venerável Mestre e dois Vigilantes) vai se impor. Aliás, na
década de 1740, é a única conhecida, e é aquela da Grande Loja de Londres. É então que
aparece um novo sistema, importado pelos irmãos vindos da Irlanda que tinham,
provavelmente costumes, práticas e tradições próprias. Em 1751 e depois em 1753,
esses maçons constituem uma nova obediência, a “Grande Loja da Inglaterra segundo
as Antigas Instituições”.

Como sabemos, esses maçons se auto denominavam “Antigos” porque alegavam ter
uma tradição mais antiga que a da GL de Londres, e atribuíam aos membros desta
última, entretanto mais antiga que eles o adjetivo pejorativo de “Modernos”. Esta
“Grande Loja dos Modernos” é hoje chamada “Primeira Grande Loja”. Em 1772, os
“Antigos” elaboraram uma lista de pontos de desacordo com os “Modernos”, em que
levantaremos duas questões que são relevantes para o nosso tema:

O Venerável Mestre

Os “Antigos” reprovavam nos “Modernos” ignorar a instalação secreta do Venerável


Mestre, considerada fundamental pelos irlandeses. Isto, na prática, permite o acesso ao
grau do Arco Real, um grau que é considerado pela tradição irlandesa como a cúpula da
Maçonaria. Esta instalação secreta de que não há praticamente nenhum testemunho
antes de 1760 em solo britânico, transmite uma palavra, um sinal, um toque e é de fato
uma espécie de super-grau de Mestre. Assim, junto aos “Antigos”, o cargo de Venerável
Mestre está relacionado com uma cerimônia que tem a estrutura de um grau: a
Instalação. Isso rapidamente se imporá aos “Modernos”.

Os Diáconos

Os “Antigos” culpavam os “modernos” por ignorar o cargo de Diácono. Lembremo-nos


que os “Diáconos” existiam na Escócia, no século XVII nas corporações de ofício, mas
não os encontramos na Inglaterra em 1723. São os irlandeses que implantarão o cargo
de Diácono na Inglaterra e isso não é surpreendente uma vez que este cargo é
claramente atestado em uma loja na Irlanda desde 1733 e, em 1743, durante uma
procissão maçônica onde os diáconos des laram com uma espécie de bastão ou cana
dourada. O cargo de diácono torna-se assim, em 1753, junto aos “Antigos”, um cargo da
loja colocado imediatamente na hierarquia de cargos abaixo dos Vigilantes (2).

No entanto, a origem desses Diáconos vindos da Irlanda permanece um mistério. De


fato, parece não haver realmente nenhuma relação entre o Diácono Escocês (que é único
e que dirige a Corporação) e os Diáconos irlandeses (que são dois o ciais secundários
da loja), apesar da homonímia aparente (3).
Assim é que este cargo, desconhecido dos “Modernos”, vai gradualmente se estabelecer
em suas lojas. As divulgações impressas da década de 1760, principalmente originários
da tradição dos “Antigos”, certamente contribuíram, de modo que, antes da União de
1813, em 1810 e 1812, já se encontram Diáconos nas lojas dos “Modernos” (4). Estes
Diáconos carregam um bastão negro com joias prateadas.

O Telhador (Cobridor Externo)

Originalmente, este cargo (como outros cargos talvez) era provavelmente uma dignidade
especí ca da Grande Loja. Só então, e provavelmente por mimetismo, ele se tornou um
cargo nas lojas. O Telhador (5), além da função de guarda externo da instalação secreta
e da ordem das palavras sagradas.

Na loja tem por função enviar as convocações aos irmãos, em mãos. Ele deve também
traçar o painel da loja (6). O cargo do Telhador evoluirá gradualmente para se tornar uma
espécie de zelador da loja mediante uma pequena remuneração, que é sempre o caso na
Inglaterra. Ao lado do Telhador apareceu depois de 1813 um Cobridor, tradução mais
extensa que “Guarda Interno” ou guarda do interior, cargo que resulta simplesmente da
divisão do cargo de Telhador (7).

A estrutura da loja depois da União de 1813, emprestou a maioria de suas formas dos
“Antigos”. Seja quanto ao vocabulário utilizado, a presença de Diáconos, no lugar dos
três o ciais principais (8), os “Antigos” impuseram seus usos aos “Modernos” (9) que, de
fato, já os tinham amplamente adotados antes da União. Então, foi nessa época que foi
xado, e até nossos dias, o sistema de cargos e dignidades de loja na Inglaterra.

III – AS GRANDES LOJAS PROVINCIAIS

Desde meados do século XIX, existem Grandes Lojas provinciais na Inglaterra. Estas
Grandes Lojas são dirigidas pelos Grãos Mestres Provinciais (nomeados pelo Grão-
Mestre) e os O ciais provinciais que usam decorações comparáveis às dos O ciais da
Grande Loja Unida da Inglaterra, com a famosa “liga azul,” o azul da Ordem da Jarreteira.
As Grandes Lojas Provinciais cobrem todo o país, com exceção da região de Londres
administrada diretamente pela GL. Esta particularidade destaca a verdadeira função
dessas Grandes Lojas. De fato, para entrar no cursus honorum da maçonaria Inglesa
deve-se necessariamente começar pelo escalão provincial. Como os irmãos de Londres
não contavam com isso, foi criado para eles no início do século, o “London Rank” e
depois o “London Grand Rank,” que são o equivalente exato de uma dignidade de Grande
O cial provincial na jurisdição de Londres. Todos os anos são criados cerca de sessenta
“Active Grand Rank” e cerca de 200 “Past Grand Rank ” (10), que envergam,
evidentemente, a “liga azul.” Assim, constata-se que os cargos provinciais (ou seus
equivalentes) são usados essencialmente para outorgar honras maçônicas (11) a
irmãos que, por de nição, são todos Past Masters. As Grandes Lojas provinciais,
portanto, têm um papel muito mais honorí co que administrativo (12).

História das dignidades de Grandes Lojas Provinciais

Nas Constituições de 1738, não encontramos nenhuma provisão relativa aos Grandes
O ciais Provinciais (e muito menos aos Grãos Mestres Provinciais), embora saibamos
que eles já existiam. Mas o fato de que havia Grãos Mestres Provinciais não signi ca em
absoluto que havia Grandes Lojas Provinciais. A distinção pode ser sutil, mas não deixa
de ser real. Os Grãos Mestres provinciais realmente apareceram antes das Grandes
Lojas provinciais.

Muito cedo na história da Maçonaria Inglesa, nomeavam-se dignatários para representar


o Grão-Mestre nas províncias. Estes representantes eram titulares de uma missão que
lhes era con ada pessoalmente (eram os Grãos Mestres Adjuntos para as províncias),
mas eles não estavam no comando de uma estrutura administrativa regional com que
tivessem de se ocupar.

Isso de fato permite entender, de passagem, uma expressão ambígua e muitas vezes
citada das Constituições de 1738, sobre países estrangeiros:

“todas as lojas estrangeiras [isto é, fora da Inglaterra] estão sob o patrocínio do nosso
GM, mas a antiga loja da cidade de York e as lojas da Escócia, Irlanda e France (13) e
Itália (14) assumindo que tenham sua independência [affecting independency] e seu
próprio Grão-Mestre, e que tenham a mesma constituição, os mesmos deveres e as
mesmas regras que nós e que elas tenham o mesmo zelo com o estilo da Augusta e o
segredo de nossa antiga e honrosa fraternidade”.

Este texto nos ensina que na época de Anderson, havia dois tipos de Grão-Mestre. De um
lado, havia Grãos Mestres colocados no comando de Grandes Lojas “presumindo sua
independência” em relação a Londres e, de outro lado, Grãos Mestres nas províncias
inglesas sob o controle do Grão-Mestre da Inglaterra. Esses últimos eram Grãos Mestres
intuitu personnae, como pessoa, e, portanto, não estavam à frente de Grandes Lojas
provinciais em sentido estrito do termo. Assim, a expressão “affecting independency”
não é uma contestação dessa independência por Londres, como alguns autores
estimaram imprecisamente, mas a constatação de uma situação diferente da que
prevalece na Inglaterra, onde os Grãos Mestres Provinciais dependem diretamente do
Grão-Mestre.

A primeira referência o cial aos Grãos Mestres Provinciais na Inglaterra encontra-se nas
atas da Grande Loja em 1747. Naquela época, na hierarquia das dignidades, eles cavam
depois (15) dos Primeiros Grandes Vigilantes e antes do Grande Tesoureiro.
Em 1756, no livro das Constituições chamadas “d’Entick” (1ª edição), de nem-se regras
especí cas relativas aos Grãos Mestres. Lê-se:

“O cargo de Grão-Mestre Provincial foi considerado particularmente necessário desde o


ano de 1726 [note-se que não se pretende que existissem então Grandes Lojas
Provinciais], quando do aumento extraordinário do número de obreiros [ou seja, de
homens do O cio], e suas viagens às vezes a partes mais remotas do mundo, a
necessidade de que eles tenham à sua disposição uma autoridade própria”. Isto se dá
devido ao afastamento dos irmãos da metrópole que foi criado o cargo de Grão-Mestre
Provincial para lhes dar um chefe por delegação. O Artigo II dessas Constituições a rma
que “a nomeação deste Grande O cial é uma prerrogativa do Grão-Mestre que lhe
outorga sua delegação”, e que “o Grão-Mestre Provincial assim delegado tem o poder e a
honra de um Grão-Mestre Adjunto”.

Em 1756, a instituição dos Grãos Mestres Provinciais está bem integrada na maçonaria
Inglesa e seu lugar na hierarquia é elevado: o Grão-Mestre Provincial situa-se na terceira
posição, logo atrás da Grão-Mestre Adjunto. Note que mesmo neste texto de 1756, não
há menção alguma de Grandes Lojas provinciais nem de o ciais provinciais. Ser Grão-
Mestre Provincial é especialmente possuir um título equivalente ao de um Grão-Mestre
Adjunto.

Em 1767, na 4ª edição das Constituições d’Entick, o artigo II é modi cado:

“O Grão-Mestre Provincial assim delegado ca investido do poder e a honra de um Grão-


Mestre em seu distrito particular e tem o direito de usar as decorações de um Grande
O cial, estabelecer lojas em sua própria província e em qualquer reunião pública, de
marchar logo atrás do Grande Tesoureiro. Ele também tem o poder de nomear um
Adjunto, vigilantes, um tesoureiro, um secretário, um porta-espada, que estão
quali cados para usar as decorações de Grandes O ciais quando eles o ciarem como
tal naquele distrito particular, mas em nenhum outro lugar”.

Nessa época, começa então a se constituir em torno do Grão-Mestre Provincial, uma


equipe de Grandes O ciais. É o início de estruturação.

Nas Constituições “de Noorthouck” de 1784, os Grandes O ciais são nalmente


claramente identi cados como elementos essenciais para o funcionamento de uma
Grande Loja Provincial.

Assim, no período anterior à União de 1813, pode-se distinguir duas fases:

1. a fase de 1726 a 1767, durante o qual há Grãos Mestres Provinciais, sem que se
faça alusão às Grandes Lojas provinciais nem a Grandes O ciais provinciais.
2. a fase de 1767-1813, onde os Grãos Mestres provinciais adquirem o poder de
nomear Grandes O ciais Provinciais. Isso pressupõe uma espécie de Grande Loja
Provincial, embora o termo não apareça ainda nos textos. Neste momento, a
Grande Loja Provincial não está claramente de nida e não tem ainda realmente
estrutura nem poder.

A partir da União de 1813, a nova Grande Loja Unida da Inglaterra se constitui. As


Constituições William (de 1815-1827) precisam então que o Grão-Mestre Provincial
“detém [isto é, preside] uma Grande Loja Provincial, pelo menos uma vez por ano”. Mas
ainda não se de ne o que é esta famosa Grande Loja Provincial.

Nos anos que se seguiram, as Grandes Lojas provinciais adquirem sua forma de nitiva.
Elas devem reunir-se uma vez por ano, os O ciais provinciais passados e ativos devem
estar presentes ali, bem como os Veneráveis, os Past Mestres e os Vigilantes de todas
as lojas individuais.

Uma Grande Loja Provincial aparece como a reunião de Grandes O ciais provinciais
(com poderes imprecisos), as quais se juntam todos os Veneráveis e Vigilantes em seu
distrito. Esta prática é muito antiga, como é observado em York, e em Chester desde a
década de 1730. Naquela época, alguns Grãos Mestres Provinciais já detinham o
equivalente a uma Grande Loja Provincial. Eram, na verdade, reuniões com periodicidade
indeterminada ocorrendo dentro da loja mais antiga em operação na região. Nessa
reunião, e durante os trabalhos, a loja e os seus o ciais tinham uma função provincial.
Note-se que é assim que funcionava a Grande Loja dos “Antigos” durante os três
primeiros anos de sua existência. De 1751 a 1753, o que ainda era chamado de “Grande
Comissão” (antes de se tornar a Grande Loja dos “Antigos”, considerando que eles não
se erigiam como uma “Grande Loja” até que ela tivesse encontrado um irmão nobre para
a presidir como Grão-Mestre) reunia-se anualmente em uma loja designada por
antiguidade e era presidida pelo Venerável desta loja, que agia como Grão-Mestre pro
tempore (16).

A organização das províncias é o último ato na evolução das dignidades maçônicas


inglesas. A existência desses escalões provinciais não impedia a Grande Loja Unida da
Inglaterra de ser muito centralizado e muito hierarquizada. A história dessas Grandes
Lojas provinciais mostra bem que se tratava sobretudo no início, de dar dignidades a
certos irmãos. Isto é particularmente notório com o caso da região de Londres, onde
foram criados a partir do zero um substituto para as dignidades provinciais. As Grandes
Lojas provinciais são assim menos um escalão administrativo que um escalão de
dignidades intermediário entre as dignidades de uma determinada loja e as da Grande
Loja Unida da Inglaterra. Este elemento tardio é certamente devido ao grande
desenvolvimento da maçonaria Inglesa no século XIX.
Conclusão

A formação do sistema de dignidades e de cargos da loja no sistema Inglês é algo


complexo e ainda parcialmente obscuro. No entanto, podemos identi car dois fatos
importantes.

1. Embora os cargos e dignidades de uma loja inglesa dos anos 1720 fossem
fortemente in uenciados pela herança escocesa (no vocabulário e na estrutura), o
fato é que inovações importantes foram introduzidas (por exemplo, a aparição de
dois vigilantes, ou a do diácono).
2. É provável que alguns cargos de lojas particulares (por exemplo, o Tuileur ou
Cobridor Externo) já existiam na Grande Loja antes de serem introduzidos em loja.
Este relacionamento da Grande Loja e das lojas individuais coloca a questão do
status real da Grande Loja fundada em 1717. Era ela uma potência reguladora, ou
era simplesmente a reunião de lojas, uma vez que é provável que tenha sido só
mais tarde, por volta de 1721-1723, com a entrada da aristocracia na maçonaria
inglesa que Grande Loja tornou-se um poder que se impunha às lojas individuais?
Assim, os novos cargos, que parecem necessários nestas grandes reuniões,
poderia então ser introduzidos naturalmente nas lojas.

NOTAS:

1. O sistema escocês ainda está presente no manuscrito Keavan (1714), enquanto


que o sistema Inglês é certamente atestado a partir de 1723.
2. Uma parte do papel dos vigilantes na tradição dos “Modernos” foi transferida para
os diáconos que se tornam, de algum modo, seus adjuntos. Por exemplo, são os
diáconos, e não os vigilantes como na tradição dos “Modernos” que orientam o
candidato nas viagens.
3. Recordemos uma vez mais que o diácono escocês é uma espécie de delegado
geral, enquanto o diácono irlandês, como o diácono da igreja católica, tem uma
função subordinada.
4. Na época da União, em 1813, será reconhecido que o ofício de diácono não é
apenas útil, mas necessário.
5. A palavra “Tyler” (Cobridor externo) aparece pela primeira vez na ata da Grande Loja
em 1732.
6. Estas funções são encontradas na França, cf. O segredo dos maçons do Abade
Perau.
7. O cargo de cobridor é estranho à tradição dos “Modernos”. Por exemplo, no Rito
Escocês Reti cado, cuja estrutura empresta muita coisa dos “Modernos”, vemos
que é o Mestre de Cerimônias que exerce as funções de cobridor.
8. Nos “Modernos”, os dois vigilantes estão no ocidente, enquanto que nos “Antigos”,
há um no ocidente e outro ao sul.
9. Pode-se acrescentar a isto, a questão da instalação secreta e a da ordem das
Palavras sagradas.
10. Portanto, existem dois tipos de o ciais provinciais: os “Active Grand O cers” e os
“Past Grand O cers”. Este último status tem, na verdade, como função
recompensar alguns irmãos. Para obtê-lo, não é necessário ter exercido as funções
correspondentes. Entretanto, quando se o obtém, desfruta-se dos mesmos
benefícios (condecorações etc.) que aqueles que realmente exerceram…
11. E, em teoria, também instalar lojas. Mas, na maior parte das vezes, o GM provincial
delega esse encargo ao GM Adjunto, que por sua vez delega aos GM Assistentes
que, eles mesmos, o con a aos Veneráveis Mestres da região.
12. A administração local real é conduzida pelas Lojas de Mestres instalados, uma
verdadeira estrutura que são clubes regionais de Veneráveis.
13. Sabemos que os três primeiros GGMM da Maçonaria Francesa (o Duque de
Wharton, Mac Leane, Lord Derwentwater) eram anglo-saxões. No entanto, não
podemos considerá-los “representantes” do GM da Inglaterra pela simples razão de
que eles haviam sido eleitos pelos irmãos franceses. Além disso, essas lojas eram
provavelmente mais franco-escocesas que franco-inglesas. Esta é a oportunidade
de esclarecer que a famosa “GL Inglesa da França”, cara para alguns “historiadores”
nunca existiu. Trata-se simplesmente de uma falsi cação do Cavaleiro de
Beauchaine (ou Beauchesne).
14. A primeira excomunhão de maçons pelo papado veio, entre outras coisas, da
presença de lojas na Itália.
15. Lembremo-nos que no protocolo maçônico de costume, são os mais altos na
hierarquia que são os últimos.
16. A LNF funciona hoje dessa forma.

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