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ALFREDO D'E.

TAUNAY
E ROBERTO ACCIOLI

HISTORIA
DO BRASIL
PARA O EXAME DE ADMI~ÃO
,
HISTORIA DO BRASIL
PAR A O

EXAME DE A D M ISS ÃO
ROBERTO BANDEIRA ACCIOLI
Catednítico de História Geral e do Brasil do Colégio Pedro Il.

ALFREDO D'ESCRAGNOLLE TAUNAY


Professor de História Geral e do Bmsil do Colégio Pedro 11.

,
HISTORIA DO BRASIL
PARA O

EXAME DE ADMISSÃO

(De acôrdo com o programa ela borado


pela Congregação do Colégio Pedro 11
aos 29 de dezembro de 1959 e aprovado
pelo Sr. Ministro da Educação e Cultura
em 13 de janeiro de 1960.)

3.a Edição

COMPANHIA EDITORA NACIONAL


SÃO PAULO
Carlogramas e ilust-rações de
I VA N W. R O DR I G UE S

A meus fi/hus
\ r~ pa cl ês tc livro 1·eproduz uma aquarela atrihufda a
J. S TE IN 1 A N RoBERTO CEsAR
do seu livro
esperança radiosa que se foi.
So uvenil-s de Rio de ]a11 eiro

LUCIA MARlNA

realidade admirável que se pmieta.

RoBERTO Accwu.

Aos meus
Exemplar N9 11814 em testemunho de gratidão e amizade.

ALFREDO d'ESCRAGNOLLE TAUNAY

I 96 I

Obra axcclltada na.9 oficinas da


São Paulo Editora S. A. - São Paul o, Brasil
íND ICE

de Ad111issão ao Co légio
P rograma de Jlistóri11 do IJrasil j>ara o Exame 9
P edro I! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.......................
. . .. •.. .•. . .. .. . . . . •. . . . . 11
A f>resenlaç<ío . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
O Descobr imento da Améric a . . . . . . . . . . . . . . . . .
América . . . • . . . . . 13
O mu ndo conheci do antes do descobr imento da
. . . . . . . . . . . . • . . . . 13
Causas dos descobr imentos marítimos . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Descob r imentos portugu êses . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . • . . . . . . . . . . . . . . . 16
Descob rimento da América . . . . . . . . . . . . . • . . . • .
. .. .. .. . . . . .. . . . . 17
Cristóvã o Colomb o . . . . . . . .. . .. . . . .. . .. . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
O Descobr imento do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 19
A viagem e o descol rimento . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 21
O nome da nova terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ês . . . . . • . . 21
A glória do dc•cobr imcnto do Brasi l cabe ao portugu. . . . . . . . . . . . 22
.....
Tratado de Torclesi lh as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 23
P ed ro Alva res Cabral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
to~ formado res do povo brasilei ro. A contrib uição reli giosa:
Os cl em~n
. . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Os Jesu1tas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ias . . . . . . . . . . . . . . . . 30
O in ício d a coloniza ção e a s capitan ias h ereditár
. . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Capi tan ias hereditá rias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Os três primeir os governa dores gerais .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tomé de Sousa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Dua rte da Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.. . .. . .. . . . . .. . . .. 38
Men ele Sá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ad e d o Rio d e Janeiro 40
Os fra nceses n a Guanab ar a e a fundaç.ã o d a cid
. . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Fundaç ão do R io de J aneiro . . . . . . . . . . . . . . . . .
esp anh ol: os holande ses n o Brasil, os fra n ceses no
O domínio
da Espanl1 a: os
Maranh ão . Efeitos da guerra d e su cessão
. . . . . . . . . . . . . . . . . 44
fran ceses no Rio d e J a neiro . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Invasões h ola ndesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Prim eira invasão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . •
. . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Segu nda invasão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Insur reição P ernamb ucana . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
inglêses . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . .. . . .. .. . .. 49
Ataques
. . . . . . . . . . . . . . . . . 49
I ncursões francesa s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do Brasil : Entrad as c B a ndeit·as . . . . . . . . . . . . . 51
A expa nsão territor ial
ção Mineira . . . . . . 56
Os 1110\'ime nt os econôm icos e nativist as. A Conjura . . . . . . . . . . . . . . . . ~6
.
G uerra dos emboab as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . • . . . . . . . . . . . . 57
Guerras elos Mascate s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . • . . . . . . . . 58
R evolta de Vila Ri ca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Co njmação M ineira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
R eino . . . . . . . . . . . . . . . . 62
A tra nsmigra ção d a Fam ília R eal e o Urasil
. . . . . . . . • . . . . . . . . 62
Transm igração da fam íl ia real . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . • . . . . 64
A côrte no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . (i(i
..
Bra sil -R e ino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A lndcp~dencia do Brasil: O Grito do I iran
O Gmo do Ipiranga . . . . . . . . P ga · · · · · · · · ....... . fi7
O Primeiro Reinado ..··· ··· 70
Guerr.a ?a Indcpe~ctê~~i~· · .·:::::: · · · • · · · · · · · · · · · · · · ........ . .. . 72
ConstllU!ção de 1824 . . · · · · · · · · · · · · · · · .............. . 72
A abdicação .... . . .... : : :: : : : : ::: :: : · · · · · · · · · · · . .. ... . 73
Os Governos Regenciais . ········ ···· ·· ····· ··· ···· 74
R egê ncia Provisóriá · ·· · ·· ·· ·•· · ·•· ·· · · ·· · · ·· · · ...... . . . . .
PROGRAMA DE H ISTóRIA DO BRASIL
77
Regê ncia Permanente · · · · '· · · · · · • · · · · · · • · · · · ..•......... 77
Regência Una ···' ···' ·· ·· · · · · · · · · · • · .........•.. 77 PA R A O
Lu h Alves de L;~;;··· ····························......... . 78
Pedro de Ara újo Lim; · · · ·' · ·' · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . 78 EXAME DE ADMISSÃO DO COLtGlO PEDRO TI
-\ Maioridade ........ ::::::: : :::::::: · · · · · · · · · ........ . 79
80
0 Se!!uJ~~o Reinado e a P aci(icação d · · · ·' · · · · ·
PacJftcação das lutas internas as Lutas Imemas . . . . . • . . . . . . 81 I - O descobrimento da América .
O apogeu do Império . . . . . . . . . .. · · · · · · · · · · · · · · · · · 81
2 - O descobrimento do Brasil.
Letras e artes ············· ·· ····..... ..... R!i
3 - Os elementos formadores do povo brasileiro; a contri -
Os conmtos externo~ -~ .a. -~~~~~;~,; ..· .... · . · · ·. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 81l buição religiosa: os Jesuítas.
Guerra de Oribc e Rosa CJ3 elo R egune Monárqu ico 87
4 O início da colonização e as capitanias hereditárias.
Guerra con tra Agui rre s.::::::::: · · · · · · · · · · ·...... 87
Guerra do Pa raguai . . . ··········· 8R 5 O govê rno geral: os três primeiros governadores.
Fase intermedi á ria da gt;~;,:.· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·... . .. .... RR G - Os franceses na Guanabara e a fundação da Cidade do
Fa~e final da Guerra ' · ·· ·· · ·· · · ·· · · · · ·· · · · ·•· · 'l2
Rio de Janeiro.
Deca dência do reg ime ,",;~~,i,:cj;,i~~ ·: :::: ·· · ·· ·· · · · ··· · ·. .. .. . . . . 93
7 - O domínio espanhol: os holandeses no Brasi l, os fran -
A Abolição da Escravidão ·········· ······ ···· ···· 9·1
Extinção do tráfico · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · •· · · · · · · . . . . . . 95 ceses no Maranhão. Efeitos da guerra de sucessão da
Campanha abolicionis;~ · · · ·' · · · · ·' · ·' · · · · · · · · · · · · · • · 9!í Espanha: os franceses no Rio de J aneiro.
Lei Áurea · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . . ........... l)(i
8 - A expa nsão territorial do Brasil: as Entradas e Ban-
A R1pública: p~~~~~;~~~ · ~· ~r~·~~~~~~~·· ················ · ···· 97 deiras.
propaganda . . . . . . . . . . ·· ······· · · · · · · . . . . . . 99 9 Os movimentos econômico e nativistas. A Conjuração
Questão Militar · · ' · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·. . . . . . 99
A proclamação . ::: : : : : :: " " .. · " " .. .. · · .... · .... · .. . 1O1 Mineira.
Govêrno Provisório · · · · · ' · · · · · · • · · · · · · · · · · · · ... . . . 102 I O A transmigração da família Real e o Brasil Reino.
Os Governos Republica~~~. ~;~ . ~~~~· · · · · · · · · · · · ' · · · · · · · · · · 103 11 A Independência do Brasil : o grito do Ipiranga.
Govêrno Floriano Peixoto (189! -I B94)' · · · · · · · · · · • · · · · · · · · · · · · · · .. 105 12 - O primeiro reinado.
Segundo quadriênio ·· ····· · ·· 105
Terceiro quadriênio : :::: · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . . . . l OG 13 - Os governos regenciais.
Qu arto quadriênio · · · · · · · · .. 107 14 - O segundo reinado e a pacificação das lutas internas.
Quinto quadriênio · · · · · · · · · ·' · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·. . . . . I Oi
Sexto quadriênio · ·· ·' · ··' · · · ·· ·· · ··· · ·· · ··•· ·· · ·· · · ·· . . . • . I OR 15 O apogeu do Império.
Sétimo quadriênio. ·· · · · · · · · ' · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · I 01) 16 Os conflitos externos e a decadência do regime m o-
Oitavo quadriênio . ::: ·' · · .. · · · · · " .. · · · · · "· · · · · · .. · .. · · .... .. 109
Nono quadriênio ... . :: :: · · ·" · · · "" · "· · .. · .. · · · · · · · · . . . . . . I O!J
nárquico.
Déci mo quadriênio .... ... : : : ::: : · .. · .. " · .. · .. · · .. · 110 17 - A abolição da escravidão.
O Brasil de 1930 até nossos dias . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . 110 18 - A R epública: _propaganda e proclamação.
Govêr_n o. Getúlio Vargas ( 1934. 1937)"::: .. " . . . . · " · ...... · .. · 112 19 - Os governos republicanos até 1930.
GonstttU!ção de 194.6 .. .. " ...... · .... · .. .. · ..... . Il 2
Pres~dênc~ a Eurico Dutra (1.9.4'6'. i95i) ' ''"··· ·· ······· " ······ ··· 11 ~ 20 - O Brasil de 1930 em dia n te.
PresJCiênc•a Gett\lio Vargas ( 19SI-I9St) · ::::::.. . ........... ll l
Datas e Vocabulário . · ······· ···· ···· 11 ~
11 6

-8- -9 -
APRESENTAÇÃ O

O novo jJrograma de História do B rasil pa1·a o exame


de admissão do estabelecimento padrão - Colégio
Pedro li - determinou a feitura dêste manual.
Sua elaboração teve em vista atender aos que
cursam a quinta série primária ou se preparam para o
ingresso nos diversos ramos do ensino médio.
I nspirou-nos, igualmente, corresponder à circuns-
tância dos que, no ensino supletivo, buscam a noção
genérica dos nossos fa stos, fixado, na sua essência, o
principal. R ealizamos, parece-nos, trabalho de acôrdo
corn as exigências da época, ern que sobreleva o neces-
sário elementar conhecimento, por parte de todos, da
evolução brasileira.
Procuramos considerar, na nossa ex posição, os
asjJectos fundam en tais dos fatos salientes ocorridos e
seus mais notáveis participantes, oferecendo, em sin-
tese, os elementos que permitirão 1·esponde1·, de ime-
diato, às naturais indagações, a despontar, ante os juizos
enunciados e as personalidades focal iwdas.
R elegamos a nomenclatura excessiva e o abuso cro-
nológico, que afastam o estudante do compreensivo
encantamento jJropiciad o jJelos estudos históricos.

-11-
r
lher .
. Escrever a histó ria é sobr etud o esco ) e asszm o
fzzemos) conscientes d e que) com a a . da d
JU e nossos
colegas de magistério e d o la b o r estu dan t ·l p
z ) oder emos) ICA
entrelaçados nos mes mo s p ermanen tes p p · ·
. ro oszto atin -
s) O DE SCO BR IME NT O DA AM ÉR
gir tam bém a fina l'd d d -
z a e e conv enze nte p rep araçao
post erio r dese nvol vi .
jJara
, . men ta do prog ram a d e h zs-
torza do curs o secu ndá . .
rzo) aznda há po uco) t z·do com o
· l · açao - . men to da Amé rica .
"rec ome nd ave znov zn trod uzid a nosso enszno
. O mun do conh ecid o an tes do desc obri
em abra nge os anos de 140 1 a
em 195J n. (1) -A té quase os fins do século XV, que
conh ecim ento s geográficos
1500 inclusive , eram redu zido s os
m a Euro pa) o sudo este da
dos povos civilizado : conh ecia
Rio de Janei ro, 1 .o de junh o de 1960. aind a noções sôbr e a tndi a
Asia e o nort e da Africa. Poss uíam
udic adas por afirmações
e a China) mas essas noções eram prej
exag eros. Sôb re as dem ais
RoB ERT o Acc rou pouco verd adei ras e por algu ns
ban h am, não tinh am mai or conh eci-
ALFR EDo d'Es cRAG NOL LE
TAU NAY terras e os mar es que as
min ado Mar Tene bros o)
men to. O Oceano Atlâ ntic o era deno
surp rêsas, segu ndo acredi-
cheio de perigos e de desagradáveis
j á era conh ecido desd e a rem ota
tavam. O Mar Med iterr âneo
o cruz avam em tôdas as
Anti güid ade pelos euro peus , que
comerciai ora guer reira s.
dire ções em cons tant es viagens, ora
os. - Foi no deco rrer
Cau sas dos desc obri men tos mar ítim
nvol vera m acen tuad ame nte
do século XV que os hom ens dese emp rêgo da bússola
cida s. O
a proc ura das regiões desconhe
o aos mar inhe iros sabe rem
faci litou essa proc ura, poss ibili tand
r e, assim , poderem encon-
a posi ção dos seus navios em alto -ma
trar o rum o a segu ir.
fato r que faci litou a
A cons truç ão da cam vela foi outr o
tipo de navi o tinh a mai~
descober ta de novas terras, pois êsse
os navi os usados ante rior -
segu ranç a e mel hor velocida de que
a gale ra e mais velocida de qu e
men te: mais segu ranç a que
a nau.
obri men tos mar ítim os
Na époc a que ante cede u os desc
inte nso com ércio de prod utos
(I) DELGADO DE CARVALHO'
Histó : havi a, no mar Med iterr âneo ,
d n~ Geral, vol. 2 - Idade Médi a e os prod utos de mai or
-. ~omo I . Centr o brasileiro
Mm1stério da Educaçao e C e pesquisa• educa ciona is _ l.N ·E ·P · - orig inár ios dos países orie ntai s. Entr especiarias - açúc ar,
a
u tura - RIO, 19 59 .
aceitação podem-se cita r as apre ciad
1

- 12 - - 13 -
turas, o desejo ele conhecer as terras lendárias elo Oriente e ele
trazer para a cr ista ndade os povos pagãos que habitava m
regiões ainda pouco conhecid as.
Descobri mentos portuguê ses. - Situado no sudoeste da
Europa, com apreciáve l litoral no Oceano Atlântico e próximo
ela Áfri ca, Ponugal teve a primazia elo movimen to que visava,
contorna ndo o continen te africano, encontra r o cami nho marí-
timo para as !ndias. Com a criação da escola prática de n ave-
gação em Sagres, a Escola de Sagres, o infante D. H emique,
filho do rei D. João I, iria dar início às atividade s portuguê sas
de achamen to de novas terras. A escola de Sagres, situada
perto do Cabo de São Vicente, foi uma escola de observaç ão
direta ela natureza, onde as bancadas de estudo iam ser as
PLANIS FÉRIO pranchas das caravelas impelida s pelos ventos sôbre as ondas.
O Infante, a fim ele Jar maior assistênc ia aos nau tas e cientistas
que trabalhav am em Sagres, passou a residir no Cabo ele São
Vicente, onde fundou a vila do Infa.nte.

pimenta, canela, cravo, gengibre , noz-mosca da - as sêdas chi-


n esas, o algodão hindu e muitas variedad es de pedras preciosas,
como esmerald as da índia, safiras do Ceilão e rubis do Tibet
Essas riquezas eram trazidas dos seus locais de produção
para os portos orientais do Mediterr âneo e daí transport ados
para os países europeus pelos n avios italianos.
A investida dos turcos otomano s contra o Império em que
estavam localizados quase todos êsses portos - o I mpério
Romano do Oriente -, impediu a continua ção clêsse comércio
e forçou a procura ele um novo caminho marítimo para as
indias_ A expressão "caminh o marítimo para as índias" era
uma expressão corrente na época, repetida através dos tempos
e que, entretant o, referia-se não apenas à !ndia propriam ente
dita e sim também à China, ao Japão e demais regiões do
extremo- Oriente, pois tôdas elas os e uropeus desejava m conhe-
cê-las suficient emente.
Além dêsse forte motivo para a realizaçã o d as grandes
navegações - a continua ção do comércio ele produtos orientais infante D. H enrique, segundo o painel de Nuno Gonçalves.
-, outros também podem ser enumera dos: o espírito de aven- Observe-se o chapéu, "borgonh~s"', peculiar aos nobres da época.

- 14- -15-
/

Os portu_guêses iniciaran: suas atividades marilimas expio·


rando orgamzadamente o lltoral africano: o descobrimento
de muitos porto do litoral ocidental da África , das ilhas
Açôres, Madeim, e outras, resultou da ação dos seguidores
de D. Henrique.
l\Iais tarde, em 14.87, Bartolomeu Dias descobriu o extremo
sul da África, que êle denominou Cabo das T ormentas, nome
êsse ~m~ado pelo rei D. João II para Cabo da Boa Esperança.
? 1:er tmha a esperança de, descoberto o ponto extremo da
Afn~a, poder chegar às fndias por mar: essa esperança foi
conftr~ada em ~498, quando Vasco da Gama chegou a Calicut.
Essa vragem fehz dos portuguêses foi cantada no poema · ' o~
Lusíadas" do grande poeta português Luís de Cam ões.

Descobrimento da América. - Enquanto os portuguêses


procuravam o caminho das indias pelo oriente, o genovês Cris-
trivão Colombo, cujos estudos lhe haviam dado a segurança ela
redo:r:teleza da Terra, repetia constantemente que seria possível
atingir as regiões orientais navegando em direção do ocidente.
Ofereceu-se ao rei de Portugal para realizar essa viagem, mas
ve~1elo recusado seu oferecimento, foi para a Espanha, onde Colombo desembarcando na América. Vê -se ao fundo a nau capitdnia
rema~am Femando de Aragão e Isab el ele Costela , os "Reis "Santa Maria" e a caravela "Pinta", conforme reconstituição feita pe lo
Museu Naval de Gênova.
Católicos".
Chegando à Espanha internou seu filho menor no Con-
:ento de Arrabida, onde conheceu frei Juan Perez, que se lombo teve a recompensa dos seus longos trabalhos: ~s dt~as
1~teressou pelos seus planos e acabou conseguindo um a entre- horas da madrugada do dia 12 de outubro, o mannhe1ro
vista de Colombo com os "Reis Católicos". Êsses monarcas juan Rodrigues Bermejo, da gávea d~ "Pinta':, anunci_o u 9-ue
auxiliaram com dinheiro a Colombo, que recebeu também ajuda avistara terra. A primeira terra amencana avrstada f01 a Ilha
de particulares e pôde, assim, equipar três navios para a dese- que os nativos _denominavam G~tanaani, hoje São Salv~dor,
jada expedição. Com êsses três navios, Santa Maria, Pinta e situada no arqmpé1ago das Lucazas ou Baamas, nas Antilhas.
Nina, partiu Colombo do pôrto de Falos, pela manhã do dia A 14 de março de 1493, depois de haver descobert? C~ba e
3 de agôsto ele 1492, tendo antes estado na Igreja de São Jorge, Haiti Colombo desembarcava em Pa1os com a sat1sfaçao de
implorando a proteção divin a. Colombo soube escolher o have; realizado o que tanto desejara.
local para equipagem de sua pequena frota: os marinheiros de
Paios eram os que melhor conheciam o Gôlfo de Guiné e que Cristóvão Colombo. - Nasceu em Gênova, na Itália. Não
h á mais tempo tinham navegado mares afastados. há certeza sôbre a data do seu nascimento, mas o ano de 1451
Após uma viagem acidentada, durante a qual os mari- é o mais citado pelos historiadores, como sendo aquêle em
nheiros muitas vêzes desanimaram e pediram para voltar, Co- que o futuro descobridor da América viu a lu z.

- 16 - - 17-
Desde môço demonstrou grande curiosidade cil;ntífi~a e
entusiasmo pelas viagens. Foi morar em Portugal, e at ~echco_L~­
se ao comércio e à navegação, chegando mesmo, confmme afu-
mou na carta que dirigiu ao rei D. João li oferecendo _seus
serviços, a conhecer todos os mares que os homens conheciam.
Além da viagem ele 1492, em cujo regresso recebeu grande_s
h omenagens, Colombo fêz mais três outras às terras do co nll - O DESCOBR IMENTO DO BRASIL
nente que descobrira. Entretanto, elas ~randes vantagens que
iria receber pelo êxito do seu empreendim ento, quase tu?o lhe
{oi negado, e chegou mesmo a voltar, de um~ das suas viagens,
prêso e algemado. Morreu em 1506, esquec1clo e abandonado ,
num convento ele Valladolid, na Espanha. L~vou para o A viagem ele Vasco da Gama abriu aos povos elo ocidente
túmulo, além da amargura pelas injustiças_ q~e JUlgou sofrer europeu o caminho marítimo para as índias. Para aproveitar
tão feliz acontecimen to e para assegurar o domínio português
a errada certeza de que havia chegado às Ind1as.
na índia, o rei D. Manuel I, o Venturoso, mandou para as terras
Talvez a posteridade não lhe tenha feito int~ira justiça~ do oriente uma esquadra, cujo comando atribuiu, por Carta
muito embora haja dado seu nome a um dos mais. prósperos Régia datada de Lisboa aos 15 de fevereiro de 1500, a PedTO
país da América - a Colômbia. Entretanto, ao contment~. que Alvm·es de Gouveia. O comandante da esquadra que descobriu
descobriu foi atribuído o nome de um seu conte~npoidi;eo, o Brasil usava antes da viagem que o imortalizou o apelido ele
A m.érico Vespúcio, nascido em Florença (Itália). Se na. p~ss1_vel sua mãe e só mais tarde é que passou a assinar-se Pedro Alvares
explicar tal preterição com o fato de haver Colombo ms1st151o Cabml.
em apresentar seus descobrimen tos com. asp~ct~s elas ~oç?es A frota de Cabral, que iniciou aí suas atividades marítimas
tradi cionais e em julgar sempre que havia atmg1clo ~s ln~1as, - não havia navegado anteriormen te - era composta de treze
ao passo que Vespúcio, embora autor ~e algumas afn·mauvas embarcações: dez caravelas e três navios de transporte. Da
pouco verdadeiras, apresentou a revelaç~o de um novo T?unc~o expedição faziam parte alguns dos grandes navegadores da
de conhecido dos antigos, que o descreviam sob formas Irreais. época: Bartolomeu Dias e seu irmão Diogo Dias; Nicolau
Coelho, Sancho de Tovar e Gaspar de Lemos. Dois viajantes
merecem referência especial, embora não fôssem marinheiros :
Pera Vaz de Caminha, nomeado escrivão da feitoria de Calicut
e H enrique Soares, padre, da cidade de Coimbra, e que rezaria
a primeira missa na terra achada pelos portuguêses .

A viagem e o descobrimen to. - A viagem começou no dia


9 ele março de 1500; na véspera, um domingo, houve missa
solene em Lisboa, realizada pelo bom êxito elo empreendim ento.
A frota partiu velejando na direção elo sul, ao longo elo litoral
africano. A 14 ele março foram avistadas as ilhas Ca nárias e a
Caravela ele fins elo século XV. 22 as do Cabo Verde. Daí em diante, Cabral tomou a direção

-18- - 19-
do sudoeste, mantendo êsse rumo dur~nt~ mais de vinte dias, melha, 1rei Henrique de Coimbra, como é mais conhecido, rezou
até que, a 21 de abril , apareceram sma1 de terra próxima : a primeira missa no Brasil.
plantas que boiavam. .A 1: 0 de. maio, verificada a posse do território, seguiu-se
Na manhã elo dia seguinte, 22 de abril de 1500, quarta- a pnme1ra mrssa em terra firme, ainda celebrada por Frei Hen-
feira da semana da Páscoa, os tripulantes avistaram pássaros rique. Também a 1. 0 de maio, Pêro Vaz de Caminha terminou
voando na direção do oeste, o que confirmava a proximidade wa célebre carta, dirigida ao rei D. Manuel e na qual tão
de terras· na tarde dêsse mesmo dia íoi avistada a terra do bem descreve a terra do Brasil, seus habitantes e os interessantes
Bra il. O monte Pascoal foi o primeiro acidente geogrMico bra- episódios verificados nos primeiros contactos entre portuguêses
sileiro visto pelos portuguêses: recebeu o nome que tem em c indígenas.
homenagem ao dia do seu achamento. · o dia 2 ele maio partiu Cabral para as índias, deixando
No dia 25, após várias tentativas em busca de um ancora- em terra dois degredados. Nesse mesmo dia, separando-se do
douro seguro, encontraram os companheiros de Cabral um bom resto da esquadra, regressou a Lisboa o navegador Gaspar de
local para abordagem: a baía Cabrália, na parte sul da baía ele Lemos, capitaneando o navio de mantimentos e levando a carta
Santa Cruz. No dia seguinte, 26 ele abril, no ilhéu Coroa Ver- de Caminha ao rei D. Manuel I.
O nome da nova terra. - Cabral deu à nova terra o nome
de Vem Cruz, mais tarde mudado pelo rei para Santa Cruz.
Na terra descoberta havia em grande abundância uma certa
madeira (o ibira-pitanga dos indígenas), que servia para tingir
tecidos por motivo de sua bela côr vermelha. Os portuguêses
costumavam trocar com os indígenas a madeira avermelhada
e que se chamava brasil: daí o nome de brasileiros atribuído
inicialmente aos que transportaram a madeira para os navio
portuguêses e depois o nome ele Bmsil dado à terra que êl es
habitavam.
A glória do descobrimento do Brasil cabe ao português. -
Não parece haver dúvidas sôbre a presença d e alguns espanhóis
em terras onde hoje está situado o território brasileiro antes da
chegada de Cabral. Vicente Pinzon, Alorzso de Hojecla e Diogo
de Lepe foram os espanhóis que tocaram terras do Brasil antes
de abril de 1500. Cabral, porém, foi o primeiro a tomar posse
da terra brasileira em nome do seu rei e de sua viagem é
que existem documentos autênticos sôbre os fatos nela veri-
iicados. Além di so, documentos diversos afirmam que outros
portuguêses estiveram no Brasil antes de Cabral: a carta de
s~gunda missa no Brasil,. após a qual os indi~~nas r~cebem cruzes . d~ estanho Mestre Joan, e na gual fazia referência a um mapa contendo
de Frei Henrique de Counbra. A mdum~ntdna do soldado eslá feria segundo a nova terra e existente em Lisboa; a carta de D. Manuel aos
uma tapeçaria de fins do século ](V.
seus ogros, os Reis Católico , em que afirmava: "o dito meu

- 20- - 21 -
capitão chegou a uma terra que De sa forma, parte do Brasil - de Belém do Pará a Lao-una
0
novamente descobriu a que pôs em Santa Catarina - cabia a Portugal antes mesmo do seu
o nome Santa Cruz"; o livro descobrimento.
de Duarte Pacheco Pereira, "Es-
meralda de situ orbis", em que Pedro Alvares CabraL - O descobridor elo Brasil nasceu
o autor afirma haver estado no em 1467 ou 1468, em Belmonte) na Beira. Filho ele Fernão
Ca b~·al c D. Isabel de Gouveia, pertencia à mais alta aristo-
Brasil em 1498.
c!·acta el a região. Set~ avô paterno, Fernão Alvares Cabral, havia
Pelos motivos acima citados stdo guarda-mor do mfante D. Henrique, o fundador da Escola
e também por haver cabido aos de Sagres.
portuguêses a colonização da
nova terra, justo é que a glória Cabral era homem ele avanta jada estatura e de muita
do descobrimento do Brasil seja coragem pessoal; leal e hoP.esto, adorava o luxo e o fausto
atribuída a Portugal. parece ndo ter sido elemento importante na côrte de D. l\lanuel:
Não são muito conhecidos os fatos de sua vida até o mo-
Sôbre a sua viagem não m ento mais imp~rtante da mesma: o descobrimento do Brasil.
apareceu ainda qualquer relato Regressando a Ltsboa em 1501, o rei ainda o nomeou capitão-
R etrato baseado em um baixo-relêvo elo próprio Cabral de maneira mor d~ armada que ia para a índia em 1502. Não aceitou 0
existente no Mosteiro dos Jerônimos, que para o estudo da mesma car9o, Ignorando-se os motivos de recusa e daí em diante não
que se supõe representar a figura de
Pedm Á !vares Cabral. há de se cingir a documentos mats exerceu qualquer função oficial. Exilou-se voluntària-
contemporâneos e aos cronistas mente em Santarém, onde possuía avultadas propri edades e
que escreveram alguns anos apó 1500-1501, cumprindo destacar apesar d_e se have: cas~do com D. Isabel ele Castro, fidalga
as fontes contemporftneas portuguêsas e italianas. de alta lmhagem, hcou tsolado até os fins de seus dias. Morreu
em 1526, em Santarém; alguns autores, entretanto a[irmam
Tratado de Tordesilhas. - Portugal julgou-se prejudicado que sua morte verificou-se em 1520. Está sepulta~lo, junta-
com o descobrimento da América. Isso porque vários papas, mente com sua .mulher, na Igreja da Graça.
no exercício de direitos assegurados pelos costumes da época,
haviam atribuído à coroa portuguêsa a posse e administração das
terras adquiridas e por adquirir desde o cabo Bojador, situado
na costa ocidental da África, até a índia e Portugal considerava
que a terra descoberta por Colombo estava compreendida nessa
zona. O rei D. João li pensou mesmo em fazer guerra à Espa-
nha. Depois, porém, de interven ção do papa Alexandre VI e
que resultou inútil, os dois países ibéricos preferiram negociar
diretamente.
Dessas negociações resultou o Tmtado de Tordesilhas
(7-6-1494) e que estabelecia o seguinte : as terras situadas até
370 légu as a oeste das ilhas do Cabo Verde pertenceriam a Marinheiro elo século XVI
utilizando-se de um astroldbio.
Portugal e daí em diante à Espanha.

- 22- 23 -
DO PO VO
OS ELE ME NT OS FO RM AD OR ES
ÃO
BR ASI LEI RO . A CO NT RIB UIÇ
REL IGI OSA : OS JES UíT AS

bras ileir o cabe m


Dos elem ento s cons titut ivos do povo para a nossa
ribu ído mais
maiores referências, por have rem cont ao negr o africa.no, e
co p01·t ugu ês,
formação cult ural , ao bmn l 'm africano do norte . Seus
ao nati vo da terra , o brasilíndio. ntal imp ortâ ncia na
Um marin heiro portu guês da t raços fision ôm icos são fin os.
O elem ento port uguê s foi de fund ame época dos desco brime ntos.
a, pois dêle herd amos a quas e tota-
formação cult ural bras ileir
, sociais e econômicas. ugal da costa de Se-
lidade de nossas inst ituições políticas prod uzir ê se tipo de Os prim eiro s negros cheg aram a Port
Por suas qual idad es tornou-se capa
z de gado res Gil Ean es e Dioo-o
o Bras il e que é supe rior nega l e da Gui né, trazidos pelos nave
resu ltou s"; Ant ão Gonçalves Já
colo niza ção trop ical ele que
disti ntas regiões do mun uo Cão na cond ição de "simples visit ante (século XV) . Nos
ao que outr os povos consegu iram em ~s troux~ decl arad ame nte com o escr avos
de nossa terra . Assim, tráfi co negr eiro para Por-
com característicos asse melh ando aos
foi o pov o indi cado para colo niza r fms do clta~o. século ace1;tu~u-se o o Bras il talvez tenh a
pode-se dizer que o port ugu ês tuga l e colo mas do Atla ntlc o; para a em 1531.
em zonas trop ical e sub-
um país, situa do, como o Brasil, começado com Mar tim Afo nso de Sous
negr o na form ação
tropical. atin gira o estado de Foi gran de a infl~ê?cia do elem ento
O elem ento negro que, na Africa, já ime ntal ismo e na supe rs-
s port uguê ses para uma c.u~tural do povo bras ileir o: no sent na ling uagem,
cult ura agrícola, foi apro veit ado pelo oça.o, fr~1to da c.rença e~ deus es prim itivo s;
terra . Em virtu de de o cozinha, na mús ica e na
colonização base ada no cult ivo da enn que oda de term os afnc ano s; na
s mer cant is e o indí gena aind a
port uguê s proc urar as ativi dade dança.
e, port anto , desafeiçoado
se enco ntra r na cond ição de nôm ade . <?s elem ento s a.fricanos vind os para
o Bras il pert enci am
os colonizadores tiver am o. Entr e os povos
aos trab alho s diários e sedentários, pn~opalmente a dOis grup os: ~urM:nês grup os acim a enum e-
e bant
o afric ano, real men te capaz
de reco rrer à imp orta ção do negr afnc anos , pert ence ntes em maw na aos
rço do trato da terra , obri gado a isso as- inte lige ntes , imaginosos,
de real izar o pesa do esfô rados, algu ns n~er~cem citaçã<?: egh
ugal , aliás, não era a únic a inte lige ntes , indu strio sos,
pelo regi me de trab alho escravo. Port dado s ao com ercw ; daom etan os -
anos man tend o o tráfi co , imaginosos, férteis em
nação euro péia que imp orta va afric bons trab alha dore s; ango las - falad ores
Fran ça e Din ama rca tam bém exerciam os serv iços domésticos e
de escravos: Ingl ater ra, recu rsos e man has, pref erid os para
o men cion ado tráfico.
- 24 - 25 -
recusados para os de campo; minas - trabalhadores, fiéis e
valentes; haussás - denominados os judeus africanos, já pra-
ticavam uma religião monoteísta - a maometana -, e eram
dados ao comércio; timissis - inteligentes, fortes, insensíveis à
ação enervante dos climas ardentes, cab.indas, cangas.
Embora haja algumas referências à entrada de africanos
com Martim Afonso de Sousa (1531), em S. Vicente (1535) e
Bahia (1538), os mais antigos documentos registrando presença
de negros no Brasil datam de 1551. O número· ele africanos
introduzidos no Brasil, desde o início do tráfico até 1850 - ano
ele sua extinção -, é desconhecido por falta de dados estatísticos
sôbre o assunto.
A parlicipação dos indígenas na form ação do Brasil foi
relativamente pequena. Niesmo no seu aspecto mais impor-
tante - a mistura racial com os outros elementos formadores
do povo brasileiro - apresenta-se essa participação limitada
no espaço - Amazônia e Nordeste - e limitada no tempo -
os dois primeiros séculos.
Os indígenas influíram para a melhor adaptação do branco
à terra tropical brasileira, ensinando-lhe, pelo exemplo, alguns Armas, instrum.e':'tos de mustca e utensilios indígenas. As armas e os utensilios
dos seus usos e costumes mais indicados para debelar a hosti- S<ÍOfJrojJorcronms ao . porte das figuras que ai aparecem. Assinalados fJor
a, b, c, d os 1.11 trumentos de mtl.sica e um remo de pajé por c.

lidade ~omeio: dormir em rêdes; uso da farinha e do (umo·


n~vegaçao em ~irog~s; fiação do algodão. Contribuíra!~
a1nda para o ennquectme~to do vocabulário e para a aposição
de nomes a numerosos aoelentes geográficos brasileiros.
.• Quatro são os principais grupos indígenas no Brasil: tupis;
7es; canbns e nu-aruaques.
Embora possuidores de níveis culturais diferentes, os indí-
genas, apresent_avam os seguintes característicos comuns: não
possmam ~scr~ta: não conheciam o uso dos metais; não
usavam amma1s de carga e de transportes.
Eram, ele um modo geral_ nômades ou errantes: viviam
d~ c~ça e ela pesca; ~p enas algumas tribos, mais adiantadas, já
praticavam uma agncultura rudimentar e temporária culti-
Indigena f>ertencente ao ramo dos jl!s.
vando a mandioca, o milho, o tabaco. '

- 26- -27-
ração dos indígenas do J\.laranhão e a de 1758 libertando os do
Brasil. (O Estado do Maranhão foi criado em 1621 e só incor-
porou-se ao Estado do Brasil em 1774.) Entretanto os abusos
prosseguiram e só cessaram quando D. Maria I determinou que
os indígenas ficassem submetidos ao direito comum (1798).
A ordem dos jesuítas, fundada em 1534 por Inácio de
Loiola, hoj e santo da Igreja Católica, prestou grandes serviços
na colonização do Brasil; um dos mais importantes dêsses ser-
viços foi certamente a catequização dos indígenas. Nesse
trabalho de catequese, ou seja o de ensinar aos silvícolas os
ensinamento cristãos e os usos e costumes dos povos civilizados,
destacaram-se, entre os numerosos jesuítas que tanto realizaram,
i\1anuel da Nób1·ega e José de Anchieta, ê te cognominado o
'·Apóstolo do Novo Mundo".

Anchieta compondo um poema e111 Iperoigue. Repare·se o bigode, pois êle


assim aparece no mais antigo retraio mposilício do "Apóstolo do N!)VO
Mundo", existente 17!t1111t jJinlllra de teto da Cated.-al de Salvador, Bahia.

Eram quase todos fetichistas, certa~ tribos a~or~vam as


fôrças vivas da natureza: o sol - coaract; a lua - JaCl..
A família era de base patriarcal, algumas tribos aceitavam
a poligamia.
O português utilizou-se do indígena para o trabalho
escravo; primeiramente na extração do pau-brasil c na caça Cabeça de 11111 cl~efe indígena (tarnaiurâ)
a animais característicos do Brasil, depois nos trabalho agrí- emperwchado fJara uma festa.
colas. O brasilíndio não se adaptava ao trabalho organizado
e reagiu fugindo, depredando e assaltando. Entretanto, apesar
dessa resistência tenaz, da introdução do escravo africano e da
campanha de libertação empreendida pelos jesuítas, a escra-
vidão indígena durou até quase o fim do século XVIII. O
Marquês de Pombal expediu a lei de 1755 determinando a liber-

- 28 - 29-
I

A mais importante expedição de policiamento do litoral


contra estrangeiros foi a de Cristóvão ]aques em 1526, enviado
por D. João III com o título de governador: Alvará de 5 de
julho de 1526 que diz "Eu, El-Rei, faço saber a Vós, CTistóvão
]aques, que ora envio por Governador às partes do Brasil".
Com referência às medidas ini ciais tomadas podem-se
O INíCIO DA COLONIZAÇÃO E AS citar : o arrendamento ela terra do Brasil a um grupo de
financistas, a cuja frente estava Femão de Loronha, cavaleiro
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS da Casa R eal e pessoa conceituada em Lisboa (1502); con-
cessão da ilha que tomou o seu nome, a atual ilha de Fernando
de Noronha, ao já citado Fernão de Loronha, cujo nome
sofreu modificações em sua grafia no decorrer dos tempos
(1504); o envio da n au "Bretoa", armada por um grupo de
Nos anos seguintes ao descobrimento a coroa portuguêsa capitalistas, entre os quais ainda Fernão de Loronha (15 11 ).
não manifestou a devida atenção ao Brasil, dedicando-a prefe- H á ainda a capitania qu e foi doada a Pera Capico, cuja
rentemente à índia, onde havia possibilidades mais imediatas localização e data de doação são desco nhecidas; entretanto,
de imensas riquezas. Tal, porém, não significa que, durante o alvará acima citado concede autorização a Capico, me-
o reinado de D. Manuel, o Venturoso (1495-1521), tivesse o di a nte aliás solicitação sua para êste retirar-se do Brasil em
Brasil ficado abandonado: apesar ele seu maior interêsse pelo 1526, acrescentando "capitão de uma das capitanias do dito
que dizia respeito ao Oriente, Portugal não só enviou algumas Brasil". T alvez os alvads de 1516 concedendo vantagens a
expedições para conhecer a nova terra descoberta e outras quem cultivava o açúcar no Brasil refiram-se a Capico, o único
para proteção da mesma contra incursões e trangeiras, como titular de capitanias citado em documento oficial antes de
tomou medidas que demonstram início de colonização, isto é: 1534-, com excessão evidentemente de Fernando de Loronha,
povoar em maior escala por via dos que eram então chamados sôbre cuja concessão não há dúvida.
povoadores. No te-se ainda o significado clássico do têrmo Quando morreu D. l\fanuel, o Venturoso, o Brasil estava
colônia: população de um país transplantado para outro, ou só em parte reconhecido e nenhum núcleo de povoação fôra
a terra que essa gente habita. fundado em caráter permanente. O esfôrço para colonização
Entre as expedições exploradoras merecem citação a de do Brasil começou no reinado de D. João III (1521-1557),
Gaspar de Lemos em 1501 e a de Gonçalo Coelho em 1503. A rei êsse cuja atenção para com os nossos assuntos admite o
expedição portuguêsa de 1501 avistou a costa brasileira nas cognome que lhe foi adjudicado: o "Colonizador".
vizinhanças do Cabo S. Roque e seguiu-a até Cananéia, A primeira tentativa ele colonização efetiva da nova terra
mar fora no rumo sueste, conforme indica o mapa de consistiu na expedição ele Martim Afonso de Sousa , da qual
Cantino, o qual confirma, nessa parLe, a narrativa de Américo resultou a fundação da primeira vila do Brasil: S. Vicente
Vespúcio. Aos acidentes geográficos descobertos foram dados (22-1-1532). A vila de S. Vicen te foi fundada na ilha dêste
os nomes elos santos dos dias em que se avistaram os mesmos. nome, situada no litoral tle S. Paulo, e dela derivaram outras
A expedição ele Gonçalo Coelho cabe o mérito de haverem vilas que iriam determinar o povoamento ela região: Santo
os se us componentes fundado, em Cabo Frio e no Rio ele Andr-é da B01·da do Campo, no planalto, e Santos, que acabou
Jan eiro, as primeiras feitorias citadas em documento histórico. absorvendo S. Vicente.

- 30- -31-
~sse sisLema de colonização oferecia algumas vantagens:
não deixava o Brasil abandonado ; já fôra empregado com
bons resultados nas ilhas portuguêsas do Atlântico; não obri-
gava a Coroa a novos gastos, ela que já tanto gastara na
aventura da índia.
O documento que dava ao donatário a posse da terra cha-
mava-se carta de doação; o que fixava seus direitos e deveres
era o foral. Por êsses documentos deviam os donatários colo-
nizar e defender os lotes recebidos à sua própria custa; em
troca dessas obrigações recebiam alguns privilégios: exercer
a justiça; dar sesmarias aos cristãos; escravizar indígenas;
deixar a terra em herança aos seus sucessores. A Coroa eram
reservados o direito de cunhar moedas, o monopólio do pau-
brasil, a percentagem de 20% dos metais e pedras preciosas, ou
seja o denominado impôsto do quinto.
D. João III, entre 1534 e 1536, criou quatorze capitanias
hereditárias, divididas em quinze lotes e distribuídas entre
doze capitães-mores ou donatários: Pero Lopes de Sousa,
irmão de Martim Afonso, recebeu três capitanias - Itamaracá,
Santo Amaro e Santana-, e João de Barros, notável historiador
Fundação d~ S. Vicellt~. Repare-se a indumelltária característica da Jipoca bem português, duas - Maranhão, associado ao navegador Aires da
como os mdveis tirados de bo1·do dos navios. Por trás da figura do escrivão, Cunha, e Rio Grande.
aparece o brasão d'n,.,nas ele Martim Afonso ele Sousa bordado 110 fJO!IO {U!Illo. Os lotes foram limitados por acidentes geográficos situados
no litoral e estendiam-se pelo interior até os limites de Torde-
silhas. Os lotes eram de diferentes extensões e essa desigual-
Capitanias Hereditárias . - Martim Afonso, explorando dade resultava de que não se tinha uma idéia exata da extensão
o litoral e expulsando franceses dos mares brasileiros, examinou das terras para o interior nem se atendeu devidamente à orien-
as possibilidades convenientes para o desenvolvim ento do tação das costas.
BrasiL Enviou o resultado de suas observações a Pm tugal pelo Os donatários seriam em geral da pequena nobreza, dentre
seu irmão Pero Lopes de Sousa. Ficou decidida a instituição pessoas práticas da índia e habituadas aos trabalhos da con-
do regime de capitanias hereditárias. Para aceitação da idéia quista de terras desconhecidas: tomavam o título perpétuo de
do regime de capitanias muito concorreram as sugestões do capitão-mor e governador de sua capitania. .
embaixador João de Melo de Câmara e de Diogo de Gouveia, Duas capitanias prosperaram acentuadam ente: S. Vtcente,
residente em Paris e possuidor de prestígio como diretor doada a Martim Afonso de Sousa e Pernambuco , atribuída a
de importante colégio nessa cidade: ambos mostraram as Duarte Coelho.
vantagens da entrega <de obrigação à iniciativa particular e Martim Afonso de Sousa, do Conselho d'El Rei e que ao
Gouveia acrescentava os perigos das incursões francesas à novr~ receber o comando da expedição de 1531 tivera o título
Lerra. de "Governado r das Terras do Brasil", não chegou a
..,..,
-32- ))
=---~J~~--::::- -·-: - - part1c1par dos trabalho ele colonização da sua capitania, pois
já se havia retirado para a Europa quando os referido trabalhos
"'P~ M~HÃo (1.•) (JotiÕ rkB w-ros e_.Ai.reS c{;. Cu.rr.ha.
começaram. O padre Gonçalo Monteiro e João Ramalho, um
~t-{HÃ0(2.•) Yérn.áÓJ/Ívare.Sdé~ dos primeiros habitantes do Brasil, souberam dirigir a capitania,
CEAB6 .An.tonio C.,.Cos'o de
~----------------~ Bruro~
que muito prosperou com a cu ltura do açúcar, do arroz e do
....... trigo. Duarte Coelho, enérgico, prudente c capaz, que já
~ 1\_10 G~}{DE. (jod"6 cfê. BClJ"rof conqu istara renome na índia, conduziu com êxito a capilania
c. ele Pernambuco, por êle denominada Nova Lusitânia: venceu
\n f---:1:-:T=-A-:-:-M:-Ac:c.R<:::-A-:-::C:-:A''----------~I'ero.{gpe5 cÍe Sou5a.. a h ostilidade elos indígenas, fundou Olinda e fêz progredir
~ ~------~----------~
a agricultura, principalmente a do açúcar; aproveitou a pro-
~ PEJ\..N:AMBUCO ximidade da Europa para desenvolvimento do comércio.
~ ~--------------~~ As outras capitanias não deram os resultados que seriam
BAHIA DI; TOl>OS OS
'-ti~ ~--~--------~r
desejados: umas, por infelicidade e má administração de seus
donatários; outras, por indisciplina elos colonos e de indígenas;
b I LJ:IÉUS'" algumas mesmo não foram ao menos inicialmente colonizadas.
Se houve malôgro de muitas capitanias não houve, entre-
~ ~---------~ tanto, malôgro do sistema, pois, com a sua instituição, a Co-
lônia prosperou de algum modo e alcançou o objetivo visado:
o incremento da colonização. A História, do Brasil, no século
XVI, elaborou-se em locais onde foram criadas capitanias:
Itamaracá, Pernambuco, Bahia, S. Amaro e S. Vicente.
Apesar da vantagem acima citada - o incremento de colo-
nização -, o regime de capitanias demonstrara não ser o mais
indicado para promover o progresso rápido ela colônia - em
vinte anos as capitanias não possuíam mais ele três mil colonos
- e além disso viviam quase tôdas em grandes dificuldades.
Por todos êsses motivos e atendendo talvez à solicitação de
socorro enviada a D. João III por Luís de Góis, irmão elo histo-
riador Damião de Góis e ele Pero de Góis, donatário ele São
Tomé, ficou deliberada a instauração de um novo sistema de
colonização e administração elo Brasil: o govêrno geral.

:DISTR!_BUIÇÃO
:DAS CAPlTANJAS sécX

-34- - 35-
nos recifes d e ltaparica c êlc foi trucidado pelos tupinambás,
que pouparam apenas o Caramuru (1547).
Diogo Alvares era um náufrago que se abrigara no litoral
baiano e se tornara influente entre os indígenas, facilitando
assim a colonização do Brasil. Diogo Álvares recebeu o apelido
de Correia da boa linhagem dos Correias de Viana do Minho e
OS TRE.S PRIMEIROS GOVERNADORES o seu apelido selvagem passou a ser Caramuru-açu, que significa
GERAIS dragão saído do mar. Diogo Alvares vivia, ao que parece, desde
1510 entre os indígenas e casou-se com a filha de um cacique
chamada Paraguaçu - grinalda ou coroa grande elÍ1 português.
O cronista padre Simão de Vasconcelos foi o primeiro a intro-
duzir em nossa História a legenda de Caramuru.
O sistema de capitanias mostrou ao rei D. João 111 a neces-
Alguns cargos foram criados pela Coroa para auxiliar o
sidade da instauração de uma nova forma de administração c
governador geral em sua administração: o ouvidor geral,
colonização do Brasil: o govêrno geral. Essas modificações
incumbido de aplicar a justiça; provedor-mor da fazenda,
administrativas foram determinadas pelo desconhecimento que com atribuições financeiras; capitão-mor da costa, encarregado
os povos ocidentais tinha da colonização de regiões tropicais,
ela defesa militar da colônia.
até então consideradas impróprias à vida humana, e pela vas-
tidão da nova terra, quase totalmente desconhecida ainda. Pas- Tomé de Sousa. - O primeiro governador geral do Brasil
sando do sistema de capitanias hereditárias ao ele um govêrno foi Tomé de Sousa, que chegou em março de 1549, trazendo 600
geral, isto é, saltando ele um extremo a outro, não conseguira homens de armas, 400 degredados e 6 padres jesuítas, chefiados
ainda o govêrno português harmonizar as vantagens de uma êstes por Manuel da Nób~·ega, que se devotou à obra religiosa
centralização diretora com as de uma clescen tralização ope- e administrativa da Colônia.
radora. Tomé de Sousa deu início aos trabalhos de fundação da
Se era difícil governar-se de Portugal a colônia longínqua cidade do Salvador, tendo sido muito auxiliado por Diogo
numa época em que a travessia do Atlântico constituía uma Alvares, o Caramuru. Em seu govêrno o Brasil foi elevado à •
emprêsa de vulto e se por êsse lado convinha dividir-se o terri- categoria de bispado, tendo sido o primeiro bispo da nossa
tório do Brasil em governos autônomos, de modo que, res trin- terra D. Pero Fernandes Sardinha.
gida a menor campo, pudesse a ação de cada govêrno ser mais O governador incentivou a cultura do açúcar e mandou
eficaz e fecunda, por outro lado as dificuldades cresceriam pelos vir, em troca de pau-brasil, gado das ilhas de Cabo Verde.
choques. A reversão das Capitanias à Coroa (1540) antecedeu Realizou ainda frutuosa viagem às capitanias do sul, tendo
de anos a centralização. Com êsse intuito foi instituído em 1549 ficado verdadeiramente deslumbrado com a baía de Gua-
o Govêrno Geral no Brasil, com sede na cidade do Salvador nabara. Retirou-se do· govêrno em 1553.
na Bahia.
Para instalação da sede do govêrno, D. João III comprou Duarte da Costa. - Tomé de Sousa foi substituído por
a capitania da Bahia aos descendentes do seu capitão-mor Duarte da Costa, que trouxe em sua companhia alguns jesuítas,
Francisco Pereira Coutinho, que havia morrido tràgicamente: entre os quais o então noviço José de Anchieta, que mereceria
ao regressar da capitania de Pôrto Seguro para a sua, em depois o cognome de "Apóstolo do Novo Mundo", por motivo
companhia de Diogo Alvares, o navio em que viajava encalhou ele seu grande trabalho de catequese.

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O govêrno de Duarte da
Costa foi prejudicado pelas re- O fato mais importante
do seu govêrno consistiu, po-
vollas dos indígenas em vários
rém, na expulsão dos fran-
pontos do Brasil e por diver-
ceses da baía de Guanabara
gências entre colonos e padres:
e na fundação da cidade do
os padres não queriam aceilar
Rio de Janeiro. Morreu em
os ab usos e excessos que os co-
1572 como governador geral
lonos muitas vêzes praticavam.
do Brasil.
O fato lamentável consistiu na
Tomé de Sousa e o
luta entre o filho do governa-
padre Manuel da Nóbrega
dor, D. Ãlvam da Costa, e o
tornaram-se os fundadores elo
bispo Pera Fernandes. Nessa
Brasil. Por mais de vinte
disputa que apaixonou a colô-
nia, caracterizavam-se: D. Al- anos foi a nova terra homo-
gêneamente administrada por
varo, pelos excessos que come-
três estadistas capacíssimos a
tia; o bispo, pela veemência
com que censurava êsses exces- serviço do mesmo ideal. De
sos. A divergência terminou 1549 a 1553 Tomé ele Sousa
e Nóbrega laboraram juntos;
em tragédia: quando o bispo
em 1558 Men de Sá iniciou
se dirigia para Lisboa a fim de
explicar os acontecimentos do sua tarefa de reger a terra de
Brasil, seu navio naufragou no acôrdo com Nóbrega, até a
litoral de Alagoas e todos pere- morte clêste em 1570. Dois
ceram trucidados pelos caetés. anos depois ainda em seu
Ainda no pouco afortu- pôsto, apesar dos pedidos /lfen de Sd - Retrato supositício, com
nado período governamental de feitos a Lisboa para sua os trajes exatamente de ac6rdo com
Retrato de Tomé de Sousa substituição, o terceiro go- os usados na época.
baseado em descrições do seu Duarte da Costa verificou-se a
tipo. A indumentdria é a invasão dos franceses no Rio de vernador deixava de existir.
que aparece nos "Retratos dos Janeiro (1555). O fato mais Malgrado a capacidade dos homens que enviou para admi-
Governadores da i ndia". Ms. nistrar o Brasil, o govêrno português, compreendendo que a
da Biblioteca Nacional de auspicioso elo seu govêrno foi a
Lisboa. fundação, pelos jesuítas, da ci- vastidão do território e o desconhecimento incompleto do
dade de S. Paulo (25 de janeiro mesmo dificultavam o trabalho de coordenação de um só
de 1554). hom~m, resolveu adotar a solução de estabelecer dois governos
Men de Sá. - Men de Sá realizou obra meritória: exigiu gera1s, um com sede em Salvador e com jurisdição nas capitanias
e obteve moralidade dos colonos; apaziguou as ordens religiosas do Norte a contar da Bahia, e outro com sede na cidade do
em divergência; pacificou os tamoios aproveitando a dedicação Rio de Janeiro e jurisdição sôbre as capitanias do Sul. O sistema
e o espíri.to de sacrifício elos padres Manuel da Nóbrega e José ele govêrno, ora uno ora duplo, caracterizou a série até o último
de Anchieta; incentivou a criação do gado e a cultura do governador geral, que veio já com o título de Vice-Rei elo
açúcar. Brasil em 1640.

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coniiscada (1532); :~ expedição que levou cinqüenta tupi-
nambás a Ruão, onde, perante o rei Henrique II, os indígenas
representaram cenas demonstrativas ele suas habilidades em
combates e danças (1550).
Além dessas expedições mercantis, pode-se citar outra de
exploração científica, a de Guilherme de T estu, que aqui veio
em companhia elo cosmógrafo e padre franciscano André Thevet
OS FRANCESES NA GUANABARA E A entre 1550 e 1552, a quem devemos o Atlas que tem o seu
FUNDAÇÃO DA CIDADE DO nome e no qual figuram a enseada da Guanabara, no mesmo
denominada Rio de Geneure, e as ilhas que a povoam.
RIO DE JANEIRO O local escolhido para a instalação da nova colônia, que
teve o nome de França Antártica, foi a baía de Guanabara,
onde ficam atualmente as cidades do Rio de J aneiro e de Ni-
terói. A França Antártica, além elo grande valor econômico
que teria para os franceses, poderia servir também ele asilo
A França, nos anos seguintes ao descobrimento do Brasil, para os perseguidos das guerras religiosas na metrópole.
manifestou intcrêsse pelas riquezas da nova terra: navegantes O chefe da expedição foi Nicolau Durand de Villegagnon,
franceses faziam intenso contrabando de pau-brasil, mantendo marinheiro experimentado e cora joso, e cujos múltiplos títulos,
intercâmbio com os indígenas. Finalmente, já no govêrno de bem como as missões que exerceu e as amizades que obteve nos
Duarte d a Costa, pretenderam estabelecer-se em caráter per- mais variados ambientes, demonstram as qualidades que possuía.
manente no Brasil, fundando uma colônia. Aliás o interêsse Vice-almirante da Bretanha, Senhor de Torcy, Marquês de Vil-
francês pelas emprêsas marítimas era já antigo. Provam-no legagnon, tais os títulos que conquistou; capitão das campanhas
as constantes atividades dos armadores e negociantes dos portos ele Argel e embaixador junto a Solimão li foram alg~mas das
de Dieppe e Honfleur, cujos navios muitos prejuízos deram importantes missões que recebeu; desfrutou .a amlZacl~ do
aos espanhóis e portuguêses. Afirma-se mesmo terem os mer- católico cardeal de Lorena e do protestante almirante Cohgny.
cadores ele Dieppe, onde o padre Descalier criara uma escola
Os franceses, cujos planos haviam sido aprovados pelo rei,
em que ensinava a teoria da navegação, fundado uma asso-
chegaram em novembro de 1555 e estabeleceram-se primeira-
ciação comercial que financiou a viagem de exploração de
m ente na ilha ela Laje; transferiram-se depois para uma outra
Jean Cousin, hábil marinheiro e bravo soldado, além de nego-
de maior extensão - Serigipe -, que recebeu o nome de Vil-
ciante. Cousin teria sido predecessor d e Colombo e precursor
legagnon e onde levantaram um forte.
de Vasco da Gama, pois em sua viagem (1488-1489) teria apo.r-
tado a uma terra desconhecida junto à embocadura ele um no Auxiliados pelos tamoios, os franceses fizeram grandes plan-
imenso, que seriam respectivamente o B~asil e_ o An;azonas. tações, o que determinou o progresso da colônia. f.sse progresso,
Essa viagem, à luz elos documentos conheodos, nao esta, entre- entretanto, foi prejudicado por constantes divergências reli-
tanto, provada. giosas entre os próprios franceses, divergências essas que desa-
gradaram Villegagnon, que se retirou do Brasil e deixou na
Outras expedições também merecem citação:. ,a elo ?avio
chefia o seu sobrinho Bois le Comte. Bois le Comte chegara ao
"La Pelerine" que, em seu regresso a Marselha, p no htoral
Brasil em 7 de março de 1557, com refôrço de três navios e em
africano, foi aprisionada, levada para Lisboa e teve sua carga

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companhia de alguns missionários calvinistas, entre os quais Depois da vitória, a 1. 0 de março de 1567, Men de Sá trans-
o borgolês Jean de Lery, autor d? livro "História de ~ma viagem feriu a sede da cidade para o morro de S. Januário, também cha-
feita à Terra do Brasil", obra mteressante a respe1to da expe- mado morro do Castelo e do Descanso, em excelente posição
dição de Villegagnon e que é a segunda publicada . sôbre . o para vigilância da baía de Guanabara, dificultando dêsse modo
Brasil: a primeira foi a do alemão Hans Staden, CUJO navw o êxito de qualquer ataque vindo de fora. A palavra "guana-
naufragou em nosso litoral, e que se intitula "O meu cativeiro bara" é de origem tupi: segundo uns autores significa "seio do
entre os selvagens do Brasil". mar", "parecido com o rio"; segundo outros "braço do mar".
Somente na administração de Men de Sá é que os portu- No local da nova sede da cidade Men de Sá fêz construir
guêses tiveram recursos suficientes para a tentativ~ de expuls~o o Palácio do Governador, a Casa da Câmara, a Alfândega e
dos invasores. A primeira expedição teve a chefm do própno habitações para os colonizadores. Nomeou para governador
governador, bem como o auxílio dos padres jesuítas e do 2.0 da cidade de São Sebastião do Rio de .Janeiro o seu sobrinho
bispo do Brasil, D. Pedro Leitão. Salvador Correia de Sá. Estácio de Sá, ferido no rosto por uma
Em março de 1560 teve início o assalto ao forte, o qual flecha envenenada, morreu um mês após o combate.
durou 48 horas e terminou com a vitória dos portuguêses. l\Ien Araribóia, - "cobra que nasce ou se cria na água" em tupi
de Sá arrasou as fortificações, mas não ocupou a região, reti- -, o valente chefe temiminó que tanto ajudara na luta contra
rando-se para S. Vicente, o que permitiu o regresso dos os franceses, recebeu, em recompensa dos seus serviços, uma
franceses às suas primitivas posições: ficou assim inútil a sesmaria localizada no lado da baia fronteiro à nova cidade: ai
vitória dos portuguêses. fundou o núcleo inicial da futura Niterói, que em tupi significa
"água escondida, água oculta".
Fundação do Rio de Janeiro. - Para e~pulsão_ elos fran-
ceses e ocupação definitiva ela Guanabara, ~o_1 organ.JZada :uma
nova expedição, cujo comando coube a Estaczo de Sn, sobnnho
do governador. Estácio ele Sá trouxe um_a pequena es.9u~~ra
da metrópole e recebeu reforços de S. V1cente e do Espml.o
Santo.
A 1.0 de março de 1565, Estácio de Sá desembarcou na
restinga existente entre os morros Cara de Cão (hoje S . .João)
e 0 Pão de Açúcar, e ai estabeleceu imediatamente uma
povoação: estava assim fundada a, atua l ci~ade do Rio_ de
Janeiro. Protegeu-a com uma cerca yrov1da de canh_oes,
levan tou a Casa da Câmara, fêz constrmr casas ele moradia e
deu início à plantação.
Resistiu nesse povoado, durante dois anos, aos assaltos
dos franceses e dos tamoios, seu aliados. Finalmente, recebendo
reforços de Men de Sá, a 20 de janeiro de 1567, vence~ os
franceses em locais que hoje são a praia do Flamengo e a 1lha
do Governador: os invasores derrotados retiraram-se.

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Espanha Filipe li, neto de D. 1\Ianuel. O rei espanhol, dispondo
de muitos recursos, impôs-se aos portuguêses e foi aclamado rei
de Portugal: começava assim a denominada União Iberica
(1580-1640).
O Brasil lucrou com a união de Portugal e Espanha porque
dela resultou a virtual anulação do Tratado de Tordesilhas,
O DOMíNIO ESPANHOL: OS HOLANDESES permitindo que fôsse quase triplicada a sua superfície terri-
torial; além disso os espanhóis não interferiram na adminis-
NO BRASIL, OS FRANCESES NO MARANHÃO. tração de Portugal e suas colônias, o que constituiu outra van-
EFEITOS DA GUERRA DE SUCESSÃO DA tagem para o Brasil. Assim tivemos os prejuízos temporários
ESPANHA: OS FRANCESES NO RIO resultantes da ação militar elos inimigos que a Espanha já pos-
suía no cenário internacional, com o ataques esporádicos do
DE JANEIRO inglêses ao longo do litoral e com as tentativas de holandeses
e frances es em se estabelecerem definitivamente na Bahia em
Pernambuco e no Maranhão, respectivamente. '

Invasões holandesas. - Até a União Ibérica os holandeses


A Espanha foi, no século XVI (1501-1600), um dos países costumavam distribuir o açúcar vindo do Brasil pela Europa
mais poderosos da Europa. :tsse poderio atingiu acen tuado e com isso tinham muitos lucros. Os holandeses exer-
relêvo nos reinados de Carlos I e Filipe li. Carlos I de Espanha ciam como principal atividade o comércio marítimo e dispu-
e que ostentou também o título de Carlos V da Alemanha, nham de bastante dinheiro, principalmente depois que a sua
foi o 1. 0 rei da dinastia da Casa da Áustria, neto e sucessor dos terra serviu de asilo a perseguidos de diversas religiões: pro-
"reis católicos" Fernando de Aragão e Isabel de Castela. No testantes fugidos da França e judeus expulsos de Portugal e
seu reinado teve lugar a 1.a viagem de circunavegação feita Espanha. O rei Filipe li proibiu que os navios holandeses to-
por Fernão de Magalhães, português a serviço da Espanha. cassem em portos de Portugal e isso significava o fim do
Filipe li, filho de Carlos I, desejava ser considerado o defensor comércio do açúcar. Resolveram então os holandeses, anos
do catolicismo e daí as perseguições que mandou fazer aos depois dessa proibição e após algumas expedições de apresa-
seguidores de outras religiões. Entre os perseguidos figuravam mento de mercadoria ao longo do litoral, conquistar a terra
os seus súditos holandeses que se revoltaram finalmente contra que produzia o açúcar: organizaram para tal, em 1621 , a
os espanhóis e proclamaram a independência de sua terra natal. Companhia das fndias Ocidenta is.
Houve então guerra entre holandeses e espanhóis.
Primeira invasão. - A primeira invasão teve lugar a 9 de
Na mesma época em que tinha início a guerra de indepen- maio de 1624, quando chegaram à Bahia numerosos navio,
dência da Holanda, importantes acontecimentos modificavam transportando tropas de desembarque, sob o comando geral de
a situação de Portugal. Em 1578 o jovem rei D. Sebastião morreu ]acob Wzllekens; como comandante dessas tropas e futuro
em luta contra os mouros, na batalha de Alcacerquibir, em governador das regiões conquistadas veio ]oan van Dorth.
Africa. Foi substituído por seu velho tio-avô, cardeal D. H en-
rique, que faleceu dois anos depois sem deixar descendente .
O governador geral, D iogo de Mendonça Furtado, h avia
recebido avi~o <;Ôhre :l invasão, mas, como houvesse demora na
Entre os vários candidatos ao trono vago destacou- e o rei da

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chegada dos invasores, não acredilou na veracidade do aviso Com o sistema d e guerri lha s os pernambucanos mantinham·
recebido e dispemou os reforços que havia solicitado: assim se firmemente contra os holandeses, que j á clemonsu·avam certo
não pôde resistir, foi prêso e remetido para Holanda. desânimo. Eis, porém, que um acontecimento veio provocar
A cidade elo Salvador foi tomada pelos holandeses, que grande modificação na luta: a passagem para as fileiras do
logo ficaram senhores ela situação; entretanto, no interior, os invasor de Domin go~ Fernandes Calabar, exímio conhecedor
brasileiros organizaram a resistência pensando na reconquistd ela região e do sistema de guerrilhas.
ela cidade: o herói da resistência foi o velho bispo D. Marcos Com a atitude ele Calabar os holandeses conquistaram
Teixeira. repetidas vitórias, que culminaram com a conquista do Arraial
A indisciplina tornou difícil a situação dos holandeses ele Bom Jesus. Nessa difícil emergência Matias de Albuquerque
invasores, que sofreram golpes desferidos pelos patriotas brasi- chefiou a retirada para Alagoas de todos os que não se queriam
leiros, que não queriam aceitar o domínio estrangeiro. ubmeter ao domínio holandês. Essa retirada, que chegou a
A Espanha resolveu finalmente agir enviando uma esqua- bom têrmo, efetuou-se em meio das maiores dificuldades e tôcla
dra para atacar e expulsar os holandeses. Essa esquadra veio sorte ele sacrifícios e privações que afligiram combatentes, velhos,
sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório e seus com- mulheres e crianças. Em Pôrto Calvo os brasileiros aprisio-
ponentes logo puseram cêrco à cidade por mar e terra, desem- naram Calabar, que se encontrava em visita à mãe: foi êle
barcando tropas de ocupação. Os holandeses renderam-se a 30 enforcado como traidor (1635).
de abril de 1625, retirando-se para a Europa. Em 1637 chegou ao Brasil João Maurício de Nassau Siegen,
enviado da Companhia como governador elas regiões conquis- ,
Segunda invasão. - Não havendo conseguido êxito em
tadas pelos holandeses. Nassau era alemão de nascimento, mas
sua primeira tentativa, os holandeses pensaram então na con-
l igado à Casa de Omnge. família principesca de Holanda, dada
quista de Pernambuco, o maior centro produtor de açúcar
a sua condição ele neto de João de N assau, irmão mais môço ele
que havia no Brasil. Matias de Albuquerque era o governador
Guilherme, o Tac iturno, o herói nacional da guerra ele indepen-
de Pernambuco e em vão solicitou ao govêrno de Madri ele-
dência holand esa. João lVJaurício realizou boa administração,
mentos suficientes para resistir ao invasor.
procurando estabelecer a ordem e a moralidade na colônia,
Em 13 de fevereiro de 1630 apareceu em Pernambuco uma e também incentivando o progresso material.
num erosa esquadra, composta de 70 navios, provida de mais ele
mil bôcas de fogo e transportando numerosas tropas de desem- A 1. 0 de dezembro de 1640 restabelecia-se a independência
barque. Conseguindo fixar-se em terra, os holandeses apos- ele Portugal, com a separação da Espanha e a ascensão ao trono
saram-se sucessivamente de Olinda e Recife, apesar ela resis- do rei D. João IV, que assim iniciava a dinastia de Bragança,
tência dos seus defensores. a qual daria ao Brasil os dois soberanos: D. Pedro I e
O governador Matias ele Albuquerque, sem desanimar, reti- D . Pedm li. Portugal concluiu com a Holanda um tratado de
rou-se para o interior e aí fundou o famoso núcleo da resis- aliança para vigorar na Europa e uma trégua ele dez
tência pernambucana: o Arraial de Bom Jesus. Conhecedores anos na colônia: essa trégua nunca foi executa da pelas duas
da terra, os brasileiros empregaram o sistema de guerrilhas, partes- os holandeses porque continuaram suas conquistas, os
realizando constantes emboscadas contra os invasores, que não portuguêses porque apoiaram a revolta dos pernambucanos.
se sentiam seguros em suas posições. Além de 1atias de Albu- A retirada de N assau em 16L14 mostrou aos brasileiros que
querque destacaram-se entre os guerreiros brasileiros o índio os holandeses visavam m ais a exploração do Brasil qu e a
Antônio Filipe Camarão e o negro H enrique Dias. promoção do progresso. À inevitável conclusão deve ser acres-

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centauo o espírito na ci o n ali~ta dos brasileiros: tais são as causas Os ins urgentes obti1eram vitória importantes : a do
da famosa Insurreição Pernambucana . monte das T aúocas (1645) e as duas de Guararapes, uma em
1648 e outra em 1649, foram as mais importantes.
Insurreição Pernambucana . Teve m1c10 em 1645, Os h olandeses, derrotados e sem a~xílio da Europa, reti-
quando era governador geral Antônio T eles da Silva) que raram-se do Brasil em janeiro de 1654, após haverem assinado
ajudou secretameme os rebeldes, prestando contribuição valiosa a capitulação da Campina da TaboTda.
à campanha de expulsão elos invasores. A revol ta foi iniciada É razoável acreditar-se que se os holandeses houvessem con-
pelo paraibano A n dré Vida! de N egreiros, o índio Filipe Ca- seguido manter-se na região que dominaram temporàriamen te
marão c o negro H enTique Dias. Vidal de Negreiros conseguiu e que, em certa ocasião, se estendia do Maranhão à foz do S.
o apoio de um rico portuguê, João Fernandes Vieim, que Francisco, o Brasil não teria a expressão política que hoje
fôra amigo dos holandeses. Vieira foi escolhido chefe da insur- ostenta e talvez não constituíssemos a grande Pátria unicb
reição, cuja divisa ficou sendo "Deus e Liberdad e". que somos.
Ataqu es inglêses. - As incursões armadas dos inglê es
constituíram episódios da luta que alguns países europeus
fizeram contra o monopólio comercial estabelecido por Por-
tugal e Espanha em relação a suas colônias. O pôrto de Lisboa
era o grande empório comercial da Europa referentemente a
produ tos coloniais, que eram distribuídos às demais nações do
continente por holandeses e inglêses. Após 1580 os reis espa-
nhóis forçaram a proibição de tão próspero comércio e daí
a presença no litoral brasileiro de navios ostentando bandeiras
de países inimigos da Espanha.
Os inglêses, por exemplo, limitaram-se a assaltos de cor-
sários e piratas contra o litoral brasileiro. A primeira incursão
inglêsa foi efetuada em Santos por EduaTdo Fenton, que foi
repelido (158 3); também malogrou a de RobeTt Withrington
contra a Bahia (1587). No dia de Natal de 1591 três navios da
esquadra de Tomás Cavendish, que em 1587 tinha circuna-
vegado o globo, saquearam a cidade de Santos. Em 1595 uma
frota armada pela própria Municipalidad e de Londres e
comandada por Jaime Lancaster ocupou Recife, onde sofreu
perdas na luta contra os habitantes, mas apoderou-se de mune-
rosas riquezas.
Cena em que aparecem João Fern andes Vieira, H enrique Dias, André Vida/
de Negreiros e Filipe Camarão. No segundo plano observa-se a cérca de
uma fortaleza com suas guaritas. A vestimenta de Camarão estd con{onne Incursões francesas. - Além da expedição de 1555, da
uma pintura de Ek.h~ut. qual resultou a fundação da França AntáTtica na baía de Gua-
nabara, os franceses fundaram, em 1612, uma colônia no litoral

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do Maranhão, a que denomin aram Fran ça Equinocial. O chefe
da colônia, cuja funda ção Maria de M edieis, regente da França
em nome do seu filho Luís XIII, aprovou, foi Daniel de La
Touche, Senhor de La Ravardiere.
Os fran ceses fund ara m, na ilha de Upaonmeri, mais tarde
Santana do l\1aranhão, a povoação de S. Luís, c entraram em A EXPANSÃO TERRITORIAL DO BRASIL:
contacto com os indígenas.
Não tardou a reação dos portuguêses, e a 2 de novembro ENTRADAS E BANDEIRAS
de 1615, não podendo mais resistir às fôrças de Alexandre de
Moura, os franceses retiraram-se para Europa.
No século XVIII, por ocasião da Guerra de Sucessão
da Espanha, da qual Portugal participou ao lado da Inglaterra As entradas foram expedições quase sempre ele iniciativa
e contra a França e a Espanha, o Brasil foi atacado em duas oficial, promovidas pelos governadores ou capitães-mores, e
oportunidades por corsários franceses. não ultrapassaram os limites Iixado_s pelo Tra_tado_ de '!orde-
Em 171 O Duclerc atacou o Rio ele Janeiro, mas foi derro- silhas. As entradas, além elo conheClmento do mterwr, tmham
tado e aprisionado: capitulou diante das tropas improvisadas os seguintes objetivos: procura do ouro e de pedras preciosas;
estudantis chefiadas por Bento Amaral Coutinho e paisanos aprisionamento de indígenas. .
dirigidos por Frei Francisco de Meneses. Em 1711 empresários Alguns autores aceitam que a primeira entrada ten~1a SJdo
franceses armam nova esquadra, composta de 18 navios, com a de América Vespúcio em 1504, na região de Cab o Fno. _c_o-
340 canhões e trazendo 4.000 homens ele desembarque para nhecem-se depois as efetuadas por integrantes da expedtçao
novamente atacar o Rio de Janeiro; no seu comando vinha o colonizadora de Martim Afonso de So usa em 1531.
cor ário Duguay Trouin. Essa expedição saqueou a cidade, As entradas abrangem quatro ciclos: baiano, sergipano,
da qual só se retirou após receber elevado resgate, o qual constou cearense e espírito-santense. As mais import~ntes entr~d~s
de 600.000 cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois. foram algumas elo ci~lo baiano . - .Bruza _E~P_m~sa, Antonw
Dias Adôrno e Gabrz el Soares -, todas ohClats, 1sto é, orga-
nizadas por au toriclacles governamentais.
A entrada elo espanhol Bruza Espinosa, egresso das minas
do Peru, foi organizada por Tomé ele Sousa e iniciad.a em 1554,
já na administração ele Duarte da Costa; dela fez parte_ o
jesuíta Azpilcueta Navarro. Percorreu 350 lég~as pelos se_rtoes
da Bahia e Minas Gerais. Men de Sá, em 1560, dtsse ser Espmosa
"g-rande língua, homem de b em, de verdade e de grande
espírito". .
Conjuuto de armas do século XVJT (ao Antônio Dias Adôrno, neto de Caramuru segundo o lusto·
tempo das i11va sões holandesas) vendo-se: riador Frei Jaboatão, r ealizou em 1574 uma entrada por ordem
u ma •·o dela (escudo redondo), um mosquete
de roda com polvarinho c um cartucho, do governador Luís de Brito e Al~eida. Leva ndo ~5~ po;tu-
u m a espada "rajJiera" e um capacete do guêses e 400 gentios ind ígena~ e. afnca_nos_, olém de dms JeS utta_s,
tipo espanhol chamado morrião. Aclôrno, que tinha como objetlVO atlllgtr a zona norte elo no

-50- -51-
I ,

Doce, trouxe ele vol w amo&Lras de pedras preciosas, j ulgaclas As bandei-ras foram quase sempre de iniciaLiva particular
esmeraldas e safiras, ·mas naturalmente turmalinas e ametistas. e ultrapassaram, tôda vez que tal foi possível, os limites de
Gabriel Soares, autor de um dos primeiros livros escritos Tordesilhas. Essa distinção entre entrada - oficial, e ban-
sôbre a nossa terra, o Tratado D escritivo do Brasil em 1587, deira- particular, não pode ser afirmada de forma peremptória,
morreu na região do Paraguaçu, após haver largamente explo- pois houve entradas espontâneas e bandeiras oficializadas.
rado o sertão.
As bandeiras paulistas constituíram fator preponderante
Martim Carvalho, em 1569-1570, cuja expedição foi nat-
da configuração geográfica do país e o primeiro movimento
rada por Pedro Magalhães Gandavo, historiador autor da His-
tória da. Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos brasileiro de povoamento do solo e de formação da raça. A s
Brasil, explorou a mesma região que Espinosa visitara e voltou bandeiras partiram inicialmente de S. Vicente; mais tarde
pensando trazer grãos de ouro. S. Paulo, Taubaté, Itu e Sorocaba também formaram impor-
Vasco Rodrigues Caldas, que se distinguira por sua experi- tantes expedições bandeirantes.
ência no conhecimento dos assuntos da nova terra e pela sua As bandeiras tiveram variadas diretrizes: regwes do Sul,
eficiência no combate à indisciplina dos indígenas, empreendeu, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e regiões do nordeste e
em 1561, com autorização de Men de Sá, uma viagem pelo vale norte. O movimento das bandeiras abrange três ciclos: o do
do Paraguaçu em busca de minas de ouro. ouro de lavagem, que é o encontr~do nos leitos dos rios;. o
No ciclo sergipano destacou-se Belchior Dias l\IIoréia, tam- da caça ao índio, o do ouro das mtnas, que é o grande czclo
bém neto de Caramuru, que pretendeu haver descoberto minas do ouro e dos diamantes.
de prata na região do S. Francisco: alguns autores atribuem O ciclo do ouro de lavagem processou-se principalmente na
essa descoberta ao seu filho Robério Dias, mas a localização das zona litorânea, máxime no território do atual estado do Paraná.
mesmas não foi revelada por êles. Teve início em S. P aulo quando, em 1559, por ordem de fen
Do ciclo cearense salientaram-se as tentativas, aliás malo- de Sá, B1·ás Cubas, o fundador de Santos, organizou duas ban-
gradas, de Pero Coelho de Sousa (1605) e a dos jesuítas Fran-
deiras para procura de ouro.
cisco Pinto e Luís Figueira (1607), o primeiro dos quais morto
pelos tapuias. Tais expedições, entretanto, iriam facilitar o A descoberta do ouro de lavagem, na costa meridional de
povoamento do Ceará, que foi iniciado por Martim Soar·es 111o- S. Paulo e no Paraná, foi devida à bandeira chefiada por
,·eno, participante de expedição de Pero Coelho e durante a H eliodoro Eobanos, que verificou a existência de jazidas em
qual adquirira grande prestígio entre os brasilíndios. Martim Iguape, Paranaguá e Curitiba. Em 1590 Afons? ScLTdinha: o
é o "guerreiro branco" por quem se apaixonou "Iracema", Velho, acompanhado de seu filho, Afonso Sardmha, o Moço ,
a índia celebrizada no romance de José de Alencar. descobriu ouro de lavagem em Jaraguá e Ivuturun a.
O ciclo espírito-santense caracterizou-se pela procura das Em 1601, por ordem do governador Francisco de Sousa,
esmeraldas, cujas jazidas, segundo acreditavam na época, se en- partiu a expedição comandada por AndTé de Leão, da qual fêz
contravam em uma serra do atual território do Espírito Santo. parte o holandês Glimmer, o qual forneceu o roteiro seguido a
Em busca dessa serra partiram algumas expedições no decorrer Piso e Marcgrave, os cientistas que acompanharam Nassau ao
do século XVII. A principal foi a de Marcos de A zevedo, que Brasil e autores de "História Naturalis Braziliae".
explorou o sertão pelo curso do rio Doce, e afirmou haver A mais importante bandeira dêste ciclo foi a de Fernão
atingido o local das esmeraldas. Não revelou o lugar das Dias Pais, que explorou, durante sete anos, o sertão de Minas
jazidas, apesar de haver sido encarcerado por tal recusa. Gerais em procura das esmeraldas. Na viagem de regresso,

-52- -53-
morreu no local denomi- rantes : Garcia Rodrigues
nado Sumidoro, à margem Pais, iilho de Fernão Dias,
do rio das Velhas, trazen- qu e encontrou outro em Mi-
do em lugar das esmeral- nas Ge1ais (1690); Antônio
das pedras sem valor co- Dias de Oliveira, que desco-
mercial. É o símbolo dos briu as jazidas de Ouro Prêto
bandeirantes, tendo sido (1698); Manuel BoTba Ga.to,
sua aventura assunto do genro ele Fernão Dias que
poema "O caçador de es- encontrou os depósitos de
meraldas" de Olavo Bilac. Salvador (1700); Pascoal
O ciclo da caça ao Mm'eim Cabml, que encon-
índio inclui o maior ban- trou o primeiro ouro ele
deirante, que foi sem dú- Cuiabá (1719); Bartolomeu
vida Antônio Rapôso Ta- Bueno da Silva, o segundo
vares. Tavares iniciou "Anhangüera", que desco-
suas atividades partindo briu as opulentas jazidas goi-
em 1629 para atacar as anas, nas bacias do Tocan-
missões jesuíticas do Rio tins e do Araguaia (1722).
Grande do Sul, fundada Os bandeirantes apro-
em 1620 a 1.a das sete ela veitaram a passageira união
margem oriental do Uru- ele Portugal e Espanha,
guai e denominada S. Ni- quando deixou pràticamentc
colau pelo padre Roque de ter validade o Tratado ele
Gonzalez, autor da mais Torclesilhas, para elevar para
antiga descrição do Rio mais de 8.000.000 km 2 a su-
Domingos Jorge Velho. O bandeirante
com ""' gibão de couro sôbre a véstia Grande do Sul. As demais perLície do Brasil. Conquis-
e trazendo uma pistola ti cinta e 11111 assim se denominaram : taram para nós Goiás, Mato
arcabuz na mão. S. Luís, S. Lourenço, Grosso, Paraná, Santa Cata- BorlM Gato. O bnndeirnnle veste
um gibão de couro sôbre uma
Santo Ângelo, S. João S. rina, R io Grande elo Sul c véstia ele mangas falsas.
Miguel ~ São Borja.. Chegou até aos Andes peruanos alg~ns parte ele Minas Gerais, que
anos ma1s tarde; esteve dez anos no sertão e foi o bandeirante estavam além da linha fixada
que percorreu maior extensão territorial. Entre os outros pelo referido Tratado. 1\fesmo quando não conseguiram os
bandeirantes do ciclo da caça ao índio podem ser citados: Bar- objetivos desejados deixaram nas regiões que visitaram núcleos
to~omeu Buen o da Silva, o Anhangüera dos indígenas, e Do- de povoamento, que seriam o início de futuras cidades e ele ativi-
mz7~g_os Jorge Velho, que dominou o núcleo dos escravos negros dades de colonização efetiva dessas r giões, influindo fortemente
fugltlvos na serra da Barriga, nas Alagoas. na formação do Brasil atual.
O centro irradiador do grande ciclo do ouro e dos diamantes
foi a cidade de Taubaté. Citam-se nêle os seguintes bandei-

-54- -55-
/
feito ditador (o primeiro que recebeu tal encargo na América)
pelos seus seguidores e sagrado na Igreja da Cachoeira elo
Campo por Frei Francisco de Meneses em dezembro de 1707.
Manuel Nunes Viana era muito rico e possuidor de apreciável
cultura; apesar de ser ilegal a sua investidura, procurou
OS MOVIMENTOS ECONôMICOS governar com acêrto e buscando acalmar os ânimos.
E NA TIVISTAS. A CONJURAÇÃO O govêrno de Lisboa nomeou Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho governador e Nunes Viana voltou tranqüi-
MINEIRA lamente para as suas fazendas na região do rio S. Francisco.
A anistia geral serviu para pacificar os ânimos, apesar de alguns
combates travados entre as partes em disputa.
. o. sentimento nacionalista dos brasileiros apareceu já nos Gerra dos Mascates. - A guerra dos Mascates em Per-
pnme1ros tei?pos de nossa Histó~ia, não só pelo natural aprêço nambuco (1710-1712) resultou da rivalidade entre os brasi-
do ho~em a terra do seu nasCimento, como pela rivalidade leiros ele Olincla, dedicados ao trabalho agrícola, e os portu-
dos nativos para com os portuguêses. Essa rivalidade era moti- guêses de R ecife, enriquecidos no comércio. Enquanto Recife
v~da pelos interêsse~ econômicos divergentes entre si e pela progredia constantemente, Olinda decaía, pois não podia
diferença de mentalidade entre os primeiros povoadores e os acompanhar o ritmo de progresso do centro comercial mais
seus descendentes: êstes sofriam a influência de sangue ma- importante do nordeste, cujos habitantes os aristocratas olin-
terno e do meio físico. denses alcunhavam desdenhosamente "mascates".
Entre os principais movimentos citam-se: a guerra dos Olinda era a sede da comarca e quando Recife conseguiu
emboabas; a guerra dos mascates,· a revolta de Vila Rica. autonomia administrativa, os brasileiros sentiram-se prejudi-
cados e o conflito surgiu quando o governador, partidário dos
G_uerra dos emboabas. - A descoberta das minas pelos
portuguêses, foi alvejado por desconhecidos e tomou medidas
bande1ran~:s provocou a ida de aventureiros de tôda espécie
repressivas. O povo revoltou-se e cêrca de 2 000 homens, recru-
pa~a a reg1ao .onde as mesmas se encontravam: os paulistas não
tados nas propriedades rurais de Olinda, vieram cercar Recife,
quiseram aceitar a concorrência de estranhos e daí as lutas
que surgiram. Foi uma guerra de certo modo nativista a dos de onde fugiu o governador Sebastião de Castm Caldas, apó
brasileiros contra a pretensão dos emboabas em se estabelecerem inúteis tentativas de acôrdo.
~a ~e~ião_ das minas. A p~lavra "emboabas" pode ter várias Os brasileiros apossaram-se de Recife e entregaram o go-
s1gmflcaçoe: estranho, homem vindo de outras regiões; laçaclor vêrno da capitania ao bispo D. Manuel Álvares da Costa.
de gente; cao. Contra esta solução levantou-se Bemardo Vieira de Melo,
A primeira reação em Minas verificou-se na Ponto do espécie de caudilho e um dos chefes na luta contra os negros
~0~70, onde alguns .indígenas ~arijós mataram um português refugiados em Palmares, o qual propôs a proclamação de uma
Iecem-che~ado do remo. Do no das Mortes a reação passou <'
república independente, organizada como a de Veneza, e que
para Caete, onde eram numerosos os paulistas e baianos. ficaria sob a proteção de potência cristã (1710). A luta
Aí a luta assumiu aspectos de verdadeira guerra civil sendo prosseguiu, os mascates recuperaram a posse de Recife, que
os portuguêses dirigidos por Manuel Nunes Viana, que foi foi depois sitiada pelos olindenses: a ordem se estabeleceu com
a chegada do novo governador, Félix José Machado, que pro-
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-57-
curou harmonizar as duas facções com medidas imparciais ini- brasileiros mais cultos c viajados desejaram a independência,
cialmente. B ernardo Vieira de M elo, um dos primeiros a sonhar empolgados pelo exemplo dos Estados ynidos da América ~
com a independência do Brasil, ficou prêso até a decretação pela propaganda dos escri tore_s _que hav1am formado _o ambi-
da anistia geral em 1714. ente propício às grandes mochflcações que a Revoluçao Fran-
cesa efetuaria.
Revolta de Vila Rica. - A revolta de Vila Rica em Mina A causa im ediata, o motivo da elaboração do movimento,
Gerais foi motivada pela medida tomada pela Côrte de criar [oi o fato de o govê rno português querer continuar recebendo
as "casas de fundi ção" em Vila Rica, Sabará e S. João d'El Rei. a mesma quantidade de ouro que recebia anteriormente pelo
Nes as casas todo o ouro extraído seria fundido em barras, reti- impôsto elo quinto - 20% do _ouro enc?~trado. Entre t~nto
rando-se delas a quinta parte para pagamento do impôsto de a produção do ouro decaíra mUlto e o m~n,u~o de 100 arrobas
20 % devido à Coroa. Não foi, portanto, um movimento nati- anuais passou a representar pesado sacnflcw para os consu-
vista caracterizadamente e sim reação dos qu e se julgavam midores. Qu ando o govêrno português resolveu receber de uma
prejudicados pela ordem. só vez tôclas as contribuições a trasadas - essa forma de
O desconten tame nto popular contra essa resolução deter- cobrança denominava-se derrama -, o povo mineiro recebeu
minou duas revoltas: um a em Pitangui, chefiada pelo paulista essa notícia como ameaça e os mais importantes elementos da
Domingos Rodrigues do Prado e que foi logo abafada; outra região resolveram reagir.
em Vila Rica, iniciada em junho de 1720, sob a chc[ia ele
Os principais conspiradores foram: os poetas Tomás
Pascoal ela Silva Guimarães, Sebastião da Veiga Cabral e elo
Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Inácio de Alva-
português Filipe dos Santos Freire.
renga Peixoto; Dr. José Alvares Maciel; ~enente-coron_e~ Fran-
O governador, Conde ele Assumar, dominou o movimento cisco de Paula Freire de Andrade, que sena o chefe mtlltar do
e enviou presos para a Europa os dois brasileiros, que foram, movimento.
algum tempo depois, anistiados pelo rei. Apenas Filipe dos
Santos, de menor condição social, foi enforcado e esquartejado, O plano dos conspiradores, que se reunia~n em casa dos
a 16 ele julho ele 1720. vários chefes, consistia em fazer começar o movnnento quando
o govêrno iniciasse a cobrança da derrama;_ prenderiam, o _go-
Conjuração Mineira. - A Conjuração Mineira foi um vern ador, Visconde de Barbacena, e íundanam uma republ1ca,
movimento conspiratório organizado em Vila Rica, JVIinas com a capital em S. João el'El R ei. Os conjurados ocuparam-s_e
Gerais, nos fins elo século XVIII (1701-1800), a fim ele libertar muito em projetos p ara d epois ela vitória: seria fundada uma
o Brasil elo domínio português. Embora um tanto prematuro, universidade e declarada abolida a escravidão; as famílias
organizado um pouco ingênuamente, sem possibilidades maiores numerosas teriam o amparo do Estado; a bandeira, com um
de vitória, vale pelo seu sentido patriótico e por ter reunido triângulo em homenagem à Santíssima Trindade, teria a se-
em tôrno dos seus ideais os homen s mais importantes de l\II inas guinte inscrição proposta por Inácio José de Alvarenga "Liber·
na época. clacle ainda que tardia" - L ibertas quae sera tarnen.
Muitos eram os motivos elo descontentamento elos brasi- A conspiração teve três denunciantes, entre os quais o
leiros pela situação existente: as resu·ições dos portu guêses às português Joaquim Silvério dos Reis, que devia forte soma de
atividades econômicas e sociais elos brasileiros ; a n ão p arti- dinheiro à Coroa e esperava assim ser perdoado de sua dívida.
cipação elos bra ileiros n a administração ela sua terra; o exa- O governador, Viscond e de Barbacena, que recebera a denúncia,
gêro da fisca lização no comércio elo ouro. Além dêsses moti vos, suspendeu imediatamente a derrama, prendeu os principais

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conspiradores e avisou ao vice-rei, dia 21 de abril de 1792, hoje uma elas da tas mais comemoradas
D. Luís de Vasconcelos, que o ardo- pelo patriotismo dos bra ileiros. Seus restos mortais foram
roso propagandista do movimento, espalhados por tôdas as localidades em que êle fizera propaganda
]oa.quim José da Silva Xavier, conhe- da independência.
cido como TiradentesJ estava no Rio Tiradentes nasceu em Pombal, S. João d'El Rei, Minas
de Janeiro procurando obter apoio Gerais. órfão, teve de ganhar a vida e foi sucessivamente mas-
para o movimento. Tiradentes foi cate e possuidor "da prenda de pôr e tirar dentes" : daí o nome
prêso na então rua elos Latoeiros, que simboliza, para os brasileiros, a liberdade _e a honr~ da
hoje Gonçalves Dias. Os presos ele sua pátria. Entrou para o regimento dos Drago~s das .JI.t! znas,
Minas vieram para o Rio de Janeiro, onde chegou a alferes, embora sofresse, por vezes, ll1JUStas
com exceção de Cláudio da Costa preterições.
que se matou na prisão de Vila Rica
Tentou também, sem bons resultados, a mineração. Seu
(março-abril de 1789).
entusiasmo pelo movimento tornou-o, em muitas oportunidades,
Durante o processo dos conju- imprudente, mas foi nobre e altivo durante o processo c
rados, que teve longa duração, Tira- digno c corajoso na hora da morte.
dentes foi o que não fraquejou, pro-
curando mesmo animar e confortar
seus companheiros, alguns dos quais
se ach avam verdadeiramente intimi-
dados. É verdade que Tiradentes
também procurou, de comêço, negar
sua responsabilidade no movimento,
mas, depois que confessou sua parti-
cipação, não teve dúvidas em chamar
para si a maior culpabilidade, ameni-
zando dêsse modo a situação de
muitos dos seus companheiros.
Finalmen te o processo ficou con-
O alferes do Regintento dos cluído e a sentença lida a 19 de abril
Dragões das Minas, Silva
Xavier. A parece sem bigode de 1792: doze chefes eram conde-
e bao·ba conforme o uso nados à morte, e outros, de menor
militar da época. responsabilidade, a degrêdo. No dia
Ta m bor do R egimento
seguinte, porém, os condenados à de Moura (1790).
morte tiveram sua pena comutada para degrêdo e prisão per-
pétua, a exceção de Tiradentes, considerado "indigno da real
clemência" de D. Maria I, a Louca.
Tiradentes foi enforcado na cidade do Rio de Janeiro. no
campo de S. Domingos, perto da atual Praça Tiradentes, no

- 60 - ól -
aliada, ficaria exposto à ag-ressão do exército francês que domi-
nava o continente; se não respeitasse a antiga aliança e prefe-
risse obedecer a Napoleão, ficaria sujeito à esquadra inglêsa, que
dominava os mares.
A situação interna de Portugal ag-ravara ainda as dificul-
dades elo país em relação à França e à Inglaterra: a rainha
A TRANSMIGRAÇÃO DA FAMíLIA REAL D. Maria I havia enlouquecido e assim a regência dos negócios
públicos estava confiada ao príncipe D. João, que não fôra
E O BRASIL REINO educado para administrar, pois não era o herdeiro elo trono
- a morte de D. José, seu irmão mais velho, é que lhe deixara
a pesada herança .
D. João pensou ganhar tempo negociando simultânea-
Transmigração da família real. - Um dos fatos mais mente com as duas partes, mas Napoleão não admitiu delongas
importante da nossa Históri a, pela influência que exerceu na e, pelo decreto de Fontain ebleau (1807) , determinou a divisão
independência e no prog-re so do Brasil, foi a transferência da
côrte portuguêsa para a sua colônia americana.
A Revolução Francesa, um movimento político, social e
econômico verificado em fins do século XVIII, determinou
profundas modificações na vida dos povos e nas relações entre
os países europeus. Os povos porque desejavam conseg-uir os
direitos que os franceses haviam adquirido; os países porque
os seus soberanos fizeram consecutivas guerras contra a França,
visando restabelecer aí a situação existente antes de 1789. A
Inglaterra foi a mais ativa participante dessas coligações contra
a França, a qual saiu sempre vitoriosa, principalmente depois
que teve os seus exércitos comandados por Napoleão Bonaparte,
o maior chefe militar da época.
Em vários anos de continuadas guerras, Napoleão só não
conseguiu invadir a Ing-laterra, cuja esquadra dominava os
mares e impedia assim o acesso dos navios franceses . Napoleão,
já nessa ocasião (1806) imperador elos franceses, decretou então
de Berlim o bloqueio continental, pensando assim arruinar o
comércio inglês e derrotar definitivamente seu mais ferrenho
inimigo. Por êsse decreto, os países da Europa, sob pena de
serem atacados pela França, ficavam proibidos de manterem
qualquer comércio com a Ing-laterra.
Foi aí que Portugal ficou em difícil situação: se não obe-
decesse às ordens de Napoleão contra a Inglaterra, sua velha D. ]o1ío VI segundo o retra to de Dom ingos A n tônio Sequeira

- 62- 63-
de Portugal em três partes e enviou um e~é~cito, sob o comando
ele ]unot, para dar execução ao que deodua.
O govêrno português não pens?u em resistir e fico_u est~be·
lecido que a Côrte (rainha, príncipe, nob~es e func1?nános )
abandonaria Lisboa e viria abrigar-se no Rw de Janeiro: é a
denominada transmigração da família real para o Brastl. A
partida efetuou-se a 29 de novembro de 1~07, quand_o os fran·
ceses já se encontravam nos arredores da odade de Lisboa.

A côrte no Brasil. - A viagem para o Brasil foi dificultada


por um violento temporal que separou a esqua?ra: enqua~to
alguns navios vinham direta:nente pa;·a ~ Rio de Ja~eiro,
a maioria dêles tocava na Bah1a (22 de Fneiro de 1808) , mclu·
sive o que transportava a família real.
Ainda na Bahia, no dia 28 de janeiro de 1808, aconselhado
pelo economista José da Silva Lisboa, mai~ tarde Visconde de
Cairu, o príncipe regente D. João deter:nmou que os portos
do Brasil ficariam abertos aos países am1gos de Portugal, per-
mitindo assim que os brasileiros mantivesse1?- intercâmbio
comercial com todos os povos. A Carta Rég1a de abert~ra O Teatro Im jJe!·ial elo largo elo liocio em 1817 (seg. desenho de Th . E NDER).

elos portos é consider_ada pelos ~istoria~ores como um verdadeir~


ato de ind ependênoa do Brasil, e f01 c?~1pleta~a pelo. a_lvar<l da Academia Militar e da Academia Na.val; foram renovados e
de 1.0 de abril de 1808 permitindo as atividades mdustna1s em ampliados os arsenais de Guerra e da l\Iarinha, bem como insta·
nossa terra. A 7 de março chegava ao Rio de Janei~o, em lados Tribunais de justiça e a Biblioteca Real.
meio a grandes festejos, a comitiva real: fixava-se ass1m no A Impressão R égia, a primeira tipografia oficial do Brasil,
Brasil, até abril de 1821, a côrte portuguêsa. instalou-se em 1808 e nela foi composto o primeiro jornal
A transladação da Côrte para o Rio de Janeiro, inteligente brasileiro, a Gazeta do Rio de jan eiro. que circulou ele 1808
e feliz manobra política, execução de ':1~ plano ~aduramen te a 1822, além da revista revolucionár ia o Patriota , que apareceu
delineado e o mais acertado nas cond1çoes peculiares de Por· em 1813 e 1814.
tugal, fêz subsistir a monarquia portugu_ês_a e possibilitou ~o Em 1816, para professar na Academia de Belas-Artes,
Brasil progresso em todos os setores de atiVIdades e a obtençao D. João fêz vir para o .Brasil missão de artistas franceses, que
de sua independênc ia. ligaram seus nomes ao desenvolvim ento cultural de nossa terra:
Realmente as iniciativas de D. João no Brasil favoreceram Grandjean de Montigny, Nicolas Antoine Taunay e Jean
o nosso de envolviment o material e cultural: a criação do Baptiste Debret.
jardim Botânico, a princípio Real Hôrto, da Biblioteca R ea l, Ainda em 1816, com a morte de D. Maria I, o príncipe
da Academia de Belas-Artes, da Fábrica de Pólvora, ele duas D. João tornou-se o rei D. João VI de Portugal.
Academias de Cirurgia, uma na Rahia e outra no Rio de Janeiro,

- 64- - 65-
Brasil-Reino. - O Brasil estêve administrativamente vin-
culado ao domínio português desde 1500 até 1822. o ano de
1815, em virtude dos tênnos ela carta ela Lei de 16 de dezembro,
o Brasil foi elevado à categoria de R eino Unido a Portugal e
Algarves. Antes ela elevação a R eino o Brasil teve governadores
que receberam o título ele vice-reis. A nomeação dos vice-reis,
tal como a dos governadores, era de competência do R ei, me-
diante carta régia ou mensagem. Meio século após a viagem de A INDEPENDtNCIA DO BRASIL:
Cabral a Província de Santa Cruz foi elevada a Estado do O GRITO DO IPIRANGA
Brasil. Decorrido quase um século D. João IV cria o principado
do Brasil a 27 de outubro de 1745.
D. J orge de Masca1·enltas, Mm·ques de Montalvão, foi o pri-
meiro governador geral gue ostentou o título de vice-rei (1640);
êsse titulo, en tret:m to, só foi atribuído indistintamente a todos Em 1815, apoleão, imperador dos franceses, foi definiti-
os governadores guanclo se verificou a transferência ela sede vamente derrotado e teve de se submeter ao exílio imposto
ela Colônia para o Rio de Janeiro. pelos inglêses: estava assim afastado o principal motivo ele per-
O decreto real ele 27 de janeiro de 1763 transferiu da manência ela família real no Brasil. Os portuguê es estavam cles-
Bahia para o Rio de Janeiro a sede da administração, tendo sido conten tes com a situação inferior a que haviam sido relegados
nome;:~ clo, a 27 de junho, vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha, e, além disso, seguindo a orientação elos demais povos europeus,
Conde da Cunha , que ao título de vice-rei acrescentou o ele Jesejavam se u país tivesse uma carta constitucional, gue
capitão gene1·al de 11ta1· e terra do Estado do Brasil. organiza se a nação, fixasse as atribuições dos govern antes e
D. Fernando Jo é de Portugal e Castro, marquês de assegurasse os direitos do povo.
Aguiar e D. Marcos de oronha e Brito, 8.° Conde dos Arcos, No Brasil também havia de contentamento, atestado pela
foram os dois últimos vice-reis do Brasil. revolu ção ele 1817 em Pern ambuco, onde era m profundas as
Em 1808, o Brasil tornou-se a sede da monarquia por- divergências entre bra il eiros e portuguêses. Revolução nativi sta
tuguêsa; em 1815, reino e a sua capital ficou sendo a capital e r epu blica na, dela participaram representantes de tôclas as
do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves: a indepe ndência classes sociais pernambucanas, presentes inclusive no Govêrno
não podia tardar. Provisório gue os revoltosos instalaram. Os principais chefes
-Domingos José Ma1·tins, José Luis de M endonça e o padre
Miguel ele Almeida Castm - foram fuzilados, após a vitória
das fôrças governamentais.
A revolta do Pôrto (1820) teve dois objetivos: constitu-
cionalização ele Portugal e regresso ela Côrte. Os brasileiros,
embora concordassem com a constitucionalização do R ei no
Unido, não desejavam a volta ela Côrte para Europa, o que
Chapéu tlfJico de soldado de infantaria
também se verificava com D. J oão VI, cuja afeição ao Brasil
cl t!JIOca d« clwgada do fn·incifJe rege11te era grande. As divergências entre os partidários ela permanência
D. João. e da retirad a da Côrte transformaram-se em motins e isso decidiu

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D. João VI, apesar elo apelos amistosos e mesmo ameaças de Logo depois D. Pedro formou um ministério do qual
próxima separação do Brasil que recebeu, inclusive elo Senado j usé Bonifácio de Andrada e Silva se tornou a figura mais
da Câmara elo Rio de Janeiro. A 26 de abril de 1821 regressou impor tante. J osé Bonifácio orien tou sua política no sentido
o R ei para Portugal, deixando no Brasil, como regente, o prín- ele unir os brasileiros e ele impedir que as medidas tomadas pelo
cipe D. Pedro, seu filho mais velho. govêmo de Lisboa contra o Brasil tivessem êxito. José Boni-
D. João partiu convencido de que a uni ão do Brasil e fácio de Andrada e Silva, oriundo de velha família paulista,
Portugal não duraria muito. Dois dias antes de sua p artida, em nasceu em Santos e formou -se em Leis e Filosofia na Univer-
conversa com o filho, disse-lhe "Pedro, se o Brasil se separar sidade portuguêsa de Coimbra. Depois de proveitosa excursão
antes seja para ti, que me hás de respeitar, que para alguns científica pela Europa, foi nomeado professor de Metalurgia da
dêsses aven tureiros". referida universidade. Regressando ao Brasil depois da
D. Pedro assumiu os encargos da regência em situação di - transmigração da família real, teve importante participação
fícil: comércio abalado; o Banco elo Brasil sem dinheiro; nos acontecimentos políticos, o qu e lhe valeu o honroso cognome
resistência de algumas províncias do Norte ao govêrno do Rio ele "Patriarca da Independência". o Brasil independente foi
de Janeiro. A administração de D. Pedro foi boa e êle procurou ministro de D. Pedro I, mas tornou-se depois ferrenho oposi-
atenuar, com medidas inteligentes, os efeitos da crise econômict~, cion ista e terminou sendo prêso e exilado. Qu ando, em 1831,
diminuindo mesmo seus gastos pessoais. D. Pedro I abd icou, nomeou-o tutor dos seus filhos, dando-lhe
notável prova de confiança. Além de cientista, José Bonifácio
O govêrno de Lisboa, agindo sem habilidade, começou a !oi escritor de méritos.
hostilizar a regência de D. Pedro, promulgando leis e decretos Algumas medidas tomad~s então pelos governantes demons-
que despertaram grande indignação entre os brasileiros, em sua travam claramente o intento brasileiro de separação: convo-
quase totalidade partidários declarados da separação. Os de- cação dos representantes das províncias para elaboração ele u ma
cretos de setembro de 1821 serviram para demonstrar os desejos carta constitucional; aviso comunicando qu e nenhum decreto
de recolonização do Brasil pelos portuguêses: suprimiam os de Lisboa teria execução no Brasil sem a concordância de
tribunais de justiça do R io de Janeiro e orden aram que D. D. Pedro; aceitação, pelo Príncipe, do título de "Defensor
Pedro voltasse para Europa, sob a alegação da necessidade de Perpétuo do Brasil". Também os dois manifestos de agôsto
ser completada a su a educação. afirmam o estado de espírito dos brasileiros: o de 1. 0 de agôsto
Os brasileiros organizaram-se para impedir o regresso de ele 1822, redigido por Lêdo e que declara "Não se ouça entre
D. Pedro, e de Minas e S. Paulo vieram delegações pedindo-lhe nós outro grito que não seja União. D o Amazonas ao Prata não
que continuasse no Brasil. No dia 9 de janeiro de 1822, José retumbe outro eco q ue não seja Independência"; o de 6, diri-
Clemente Pereira) Presidente do Senado da Câmara, apresentou gido por José Bonifácio às nações amigas, convidando-as a entrar
ao príncipe D. Pedro uma lista com 8 000 assinaturas rogando- em relação com o Brasil e enviar-lhe agentes diplomá ticos.
lhe que permanecesse no Rio de Janeiro. D . Pedro concordou Joaquim Gonçalves Lêdo) além do manifesto acima citado, teve
afirmando "Como é para o bem de todos e felicidade geral influência nos acontecimentos de 1822, aconselhando D. Pedro
da nação, estou pronto - diga ao povo que fico" . Em seguida a aceitar o título de "D efensor Perpétuo do Brasil" e a con-
dirigiu-se às varandas do Paço e disse ao povo "Agora só tenho vocar a Constituinte. Entrando em ásperas divergênci as com
a recomendar-vos união e tra nqüilidade". É o famoso "Dia do José Bonifácio, Lêdo, nascido no Rio de Janeiro em 1781,
Fico", considerado por muitos como a verdadeira data da afastou-se da política e morreu em 1847, quase completamente
independência do Brasil. esquericlo.

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O Grito do lpiranga. - Em agôsto ele 1822 D. Pedro foi nossas côres nacionais". Nascido a 12 de outubro de 1798, o
a Santos, a fim ele pacificar elementos políticos em divergência. príncipe D. Pedro tinha então quase 24 anos de idade.
De regresso a São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, já nos A palavra Piranga, na época assim se escrevia, significa
arredores da cidade, recebeu notícias ele novas medidas to- vermelho em tupi e com o acré cimo da vogal tomou a signi-
madas contra o seu govêrno por D. João e seus ministros. O fi cação de riacho vermelho, correspondente em tupi a Ipiranga.
correio qu e levava essas informações, Paulo Bregaro, trazia O dia 7 de setembro é honrado como a maior data da His-
também cartas de sua espôsa, princesa L eopo ldina, c ele J osé tória do Brasil, aquela em que o povo brasileiro tornou-se efeti-
Bonifácio, pedindo-lhe que não aceitasse as clel iberações da vamente senhor do seu destino.
côrte portuguêsa.
A 14 de etembro estava já no Rio de Janeiro D. Pedro,
qu e no dia seguinte, apareceu no teatro trazendo uma braça-
deira verde onde se lia "Independência ou Morte". A 18 de
setembro um decreto instituía a bandeira nacional, benzida
solenemente a 10 de novembro seguinte. Teve a honra de
receber a primeira bandeira nacional entregue ao exército -
send o Ministro da Guerra João Vieira de Carvalho, depois
1\!Iarquês de Lajes -, o tenente ajudante do Batalhão elo
Im perador Luís Alves de Lima, o futuro Duque de Caxias.
O príncipe D. Pedro foi aclamado imperador do Brasi l aos
12 de outubro de 1822 e coroado em meio a grandes festividades,
a 1. 0 de dezembro do mesmo ano.
A D. Pedro I foi adjudicado o título de "imperador" porque
o de "rei" fazi a lembrar o título português e parecia pequeno
para um país tão vasto; além disso, império significava a con-
quista revolucionária, a aclamação popular.

D. Pedm I. Baseado em uma litografia


de 18)0, na qual ajwrere sem o bigode.

As qu atro c -pouco ela tarde elo dia 7 ele se tembro de 1822,


às margens do arroio lpiranga, D . Pedro, lendo a correspo n-
dência que lhe Iôra enviada, atirou fora o laço português que
portava e declarou aos seus acompanhantes "Laços fora, sol-
dados l Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus,
juro fazer a liberdade elo Brasil. Independência ou Morte,
seja a nossa divisa; o v 1cle e o amarelo sejam para sempre as

- 70- - 71 -
de J\lladeira até perto de Lisboa, João Grcnfell, que libertou
o Pará. to~~s. êles inglêses; o francês l'edm Labatul, que
comandou rmcralmente as tropas de terra na Bahia. Os brasi-
leiros orgulham-se de duas heroínas reveladas no decorrer da
luta: a freira Joana Angélica, morta quando pretendia impedir
a invasão do Convento da Lapa, onde era abadêssa, e Maria
O PRIME IRO REINA DO Quitéria de Jesus, participante de muitos combates e que se
alistou disfarçada em homem, tendo sempre demonstrado
coragem e vigor na luta.
O govêrno brasileiro enfrentou algumas dificuldades para
O Primeiro Reinado teve início em 1822 e terminou em obter o reconhecime nto da nossa independênc ia, não só por
1831, com a renúncia ao trono de D. Pedro I. parte dos outros países, como principalme nte por parte de
A 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado Imperador Portugal. Somente após demoradas n egociações, e quando
do Brasil e, a 1 de dezembro, sagr~clo com grande pompa e ~uxo; muitos países já o haviam feito, é que o govêrno português,
após a bênção dos símbolos rears ~dotados, ? s?~erano J:Xrou a 29 de agôsto de 1825, reconheceu o fato consumado mediante
solenemente respeitar e fazer cumpnr a Constltmçao que amda indenização e o direito atribuído a D. João VI de usar o títul o
de ·'Imperador do Brasil".
seria elaborada.
Guerra da Independên cia.- Um a elas primeiras preocupa- Constituição de 1824. - A Assembléia Constituinte , con-
ções do govêrno ele D. Pedro I consis_tiu em obrigar al~umas vocada para dar ao Brasil uma Constituição e formada por
guarnições militares portuguêsas _a ac~1tarem a sua a:xtondacl~. 100 representant es das províncias - apenas 90 participaram dos
A resistência dos portuguêses for mars forte na Bahra; mani- trabalhos, pois os deputados das regiões onde havia luta armada
festou-se ainda no Pará, no Maranhão, no Piauí e na então não comparecera m -, iniciou seus trabalhos a 3 de maio de
província Cisplatina, que se separou elo Brasil definitivame nte 1823. Desde o comêço divergências entre o Imperador e cons-
em 1828 e é hoje o Uruguai. Houve necessidade ele recurso tituintes dificultaram a tarefa da constitucion alização do país,
às armas: o que constitui a denominada "Guerra da Indepen- e essas dificuldades agravaram-se com a passagem dos Andradas
dência". Entre os chefes militares que lutaram pela inde- para a oposição. Em novembro de 1823, D. Pedro dissolveu
pendência, destacaram-se: José Joaquim de Lima e Silva, mais a Constituinte e nomeou um Conselho de Estado de dez
tarde Visconde de Magé, que pôs cêrco à cidade do Salvador, membros para elaborar uma Carta Constitucion al.
onde os portuguêses resistiram, sob o comando do general
Madeira de Melo, até o dia 2 d e julho de 1823, quando se reti- A Comissão trabalhou com rapidez, aproveitand o parte
raram para a Europa; o general Carlos F1·ederico Lecor, dos trabalhos já elaborados pelos constituintes e, assim, a 25
mais tarde Visconde da Laguna, e almirante Rodrigo Lôbo, de março de 1824, o Imperador outorgava ao Brasil a sua 1.a
que submeteram a Cisplatina. Militares estrangeiros também Constituição e que, com pequenos acréscimos e modificações,
participaram da guerra da independênc ia do Brasil: Alexandre iria vigorar até 1889.
Tomas Cochrane, mais tarde Marquês do Maranhão e que A Constituição é unitária, centralizado ra; o poder exe-
cercou por mar a cidade do Salvador, o capitão_ João Taylor, cutivo está sujeito à fiscalização do Imperador e da Assembléia
coman dante da fragata "Niterói" e que persegulll a esquadra Geral, esta compondo o poder legislativo e com duas casas :

- 7.2 - - 73- .
o Senado com membros ele mandato vitalício e a Câmara dos mais. môço de D. Pedro, o prín cipe D. Miguel, o imperador do
Deputad;s, com mandato de 4 anos. ~ Poder i\Io.cleraclor é Brasil passou a ocupar-se muito ~om a questão surgida, clesejow
atrib uído ao soberano e compete-lhe: cltssolver a Camara elos de recuperar o trono para a sua filha. Os brasileiros não concor-
Deputados, indicar os senadores entre os três mais votados em d aram com a intromissão do Brasil em ass un tos internos de
qualquer eleição para o m::tndato c no1~1ear o~ governadores d a.s outro pais e dai a oposição que a política de Pedro I despertava
províncias. Quatro, portanto, os poderes ~na~os pc~a ~~~stl­ entre o povo.
tui ção de 1824: moderador, executivo, legts latwo e JUd /Ciarto . . Também a .questão da Guerra da Independência do Uru-
guai pode ser cttada entre os motivos da impopularidade d e
A abdicação. - O s brasileiros, que h aviam unido se us D. Pedro, pai~ mu!tos brasileiro julgavam lamentável a perda
esforços nos movimentos anteriores à Inclepenclênci ~, entre- ~le hom en~ e chnhetro para manter subj ugado um povo que d ese-
garam-se a Jivergências políticas desde o inícw elo remado de pva sua hberdade e hou ve, após a conclusão da lu ta, descon-
D . Pedro. O próprio Imperador, tão estimado 1~elo povo no~ ten ta men to por não haver o Brasil conseguido manter a Pro-
primeiros tempos, viu-se envolvido pel?s aco~t~c~men tos e fo1 víncia Cisplatina. O território do atual Uruguai foi incor-
perdendo, aos poucos, a sua .P?J:>ulanclacle n11c~a~: em, 1 ~31 p orado ao .Bras~ en~ 1821 com o nome de Provín cia Cisplatina.
estava, pràticamen te, in compatibiliZado com a opmtao_ pu~hca. O s uruguaws n ao v1am com boa vontade essa união: em 1825,
Entre os fatos que concorreram pa:a essa sttua çao o~a~­ chefiados por ]oão Antônio L avalleja, 33 patriotas deram início
se: a di ssolu ção da Assembléia Cons tltumte; a severa pumçao à guerra d e independência. A Argentina apoiou êsse m ovimento
imposta aos rebeldes da Confederação elo ~qu~dor; os cor:_s- e assim o Brasil viu-se obrigado a providências mi litares, come-
tantes atritos entre D. Pedro I e o poder legtslativo; a questao çando assim a denominada "Guerra elas Provín cias Unidas".
do trono português. H ouve combates navais e terrestres, entre os qu ais o do Passo
A di ssolu ção da Assembléia c.on.stituinte, c.on~ p:i~ão ele do Rosário ou It uzaingó (20-2- 1827), de resultado indeciso.
muitos deputados, pareceu aos braslletros uma dnnmmçao dos Ver ificou-se depois a interferência da Inglaterra e d essa inter-
se us direitos e determinou inclusive uma revolta em Pernambu co fer.ên cia resultou o Tratado P reliminar de Paz do Rio d e J a-
(1824). Os revoltosos, chefiado por Manuel de C~rvalho Pais netro (27-8-1828), pelo qu al Bra il e Argentina reconheciam a
de -A11drade, formaram a denominada Confederaçao do Equa- ind epend ência do Uruguai.
dor, qu e seria um a repüblica ind epe n.dente, mas forarr: venodos Em 1831, a fim de recuperar prestígio perante o povo, D.
e sofreram severa punição: d ezcssets chefes r_:pubhca~1os, su- Pedro visitou Minas Gerais, onde foi recebido friamente . Em
biram à fôrça ou foram fuzilados. Essas excecuçoes constttu 1ram seu regresso ao Rio de Janeiro verificou-se um conflito entre
mais um motivo de impopu larid ade para D. Pedro I, qu e não portuguêses e brasileiros, denominado a noite das garra fadas,
qui s perdoar aos rebeldes. q.ue mais aind a piorou a situação. (março de 1831) . Embora não
Outros m oti vos de descontentamento foram as consta ntes tlve se qu alquer participação no conflito, o Imperador, a ten-
divergências entre o Imperador c o Legislativo, P?is o !?ovo via dendo a um manifesto de 23 deputados e 1 senador, nomeou, a
nelas a pos ível in adap tação d e D. Ped ro ao reg1me v1gorante 19. de m arço, ur~ novo l\Iinistério composto de elemen tos pos-
no Brasil. su tdül:cs. d ~ ~onhança ~os brasileiros. D esgosto o com a a tu ação
A questão elo trono português consistiu no eguinte: com do mm1steno, que nao restabeleceu a ordem na capital, D .
a morte de D. J oão VI coube a coroa d: Portugal a. D. P ed1~o .I . Pedro I demitiu o gabinete de março, substituindo-o por um
que desistiu da m esma em favor ele sua f1lha D: JV!ana da G_lor~a. outro compos to de políticos considerados dóceis à sua vontade
Como esta fôsse depois espoli ad a dos seus d1rc1tos p elo 1rmao . e que, porLan to, eram suspeito ao povo (5-1- I 831).

- 74- - 75-
O povo revoltou-se e as fôrças armadas de Lena aderiram
ao movimento. O Imperador, porém, não quis ceder, e quando
recebeu, no Palácio da Quinta, uma intimação dos rebeldes
no sentido de substituir o ministério, não teve mais dúvidas:
renunciou em favor elo seu filho D. Pedro de Alcântara, então
com pouco mais de cinco anos ele idade (7-4-1831).
Nomeou para tutor de seus filhos, que ficavam no Brasil, OS GOVERN OS REGENCIAIS
José Bonifácio de Andrada e Silva, o homem que êlc mandara
prender e exilar, mas em cujo caráter e aptidões sempre confiara.
D. Pedro I partiu para Europa e aí continuou o seu destino de
libertador de povos: depois de haver selado a Independênci::~ Com a abdicação de D . Pedro I teve inicio o Período
do Brasil, recuperou o trono de Portugal para a sua filha D. R_egen~ial:· a Constituição estabelecia que o monarca, enquanto
l\Iaria da Glória e a segurou as liberdades constitucionais ela nao atmg1ss~ 18 anos. de idade, seria substituído por um con -
terra que o viu nascer. Glorificado pelos atos de bravura que selho regenGal de tres mem bros. O período reo-encial durou
praticou durante a guerra da Libertação, D. Pedro I do de 1831 a 1840. "
Brasil e D. Pedro IV de Portugal morreu a 24 de setembro de
1834, com 36 anos incompletos, pois nasceu em Lisboa a 12 Regência Provisória. - Após a abdicação de D. Pedro I.
de outubro de 1798. os . ~enadores e depu~ados que s: encontravam no Rio de Ja-
neno, apesar de ser epoca de fénas parlamentares. reuniram-se
e elegeram uma R~gência Pr~visória . .Essa Regência - composta
do ge~eral Fmr:clSco de Ltma e Stlva e dos senadores José
Joaqumt Carnetm de CarnfJos (Marquês de Caravelas) e Ni-
colau. Pereira de Campos Vergueiro - governou pouco mais
ele dois meses, em meio a dificuldades provocadas por agitação
do povo e indisciplina dfls tropas.

• Regência Permanente. - .A Assembléia Geral (Senado e


Cam.ara. dos _Deputados reumdos) elegeu, a 17 de junho, a
Regencza T~zna Perm~nen t e, gue ficou assim constituída: ge-
neral Franctsco de Lzma e Stlva, e deputados João Bráulio
Muniz e José da Costa Carvalho (depois Marquês de Monte
A lew·e ). .Foi um período difícil, em que a tranqüilidade do
Brasil esteve perturbada por movimentos de rebeldia não só
Dama carioca em traje
na capital como em várias províncias: um conflito entre sol-
de missa (segundo Debret) .
dad.os n a~ionais e es.trangeiros, e uma revolta chefiada pelo
MaJor ~11guel de Fnas, ambos no Rio de J aneiro, foram os
g_ue m.awr alan~e causaram. Teve papel importante na repres-
sao desses movimentos o Ministro ela Justiça, padre Diogo

- 76- - 77 - ·
Antônio Feijó) h omem enérgico
de suas qu alid ades de ch efe ,
mili tar e dirigen te político,
e volun tarioso, m as que ter- foi o único bra&ileiro não per-
minou renunciando, qu::m do tence nte à famíli a imperial
não foi aprova do o seu proj eto qu e recebeu o título de Du -
el e des tituição elo cargo ele tu tor que. É hoj e o Patrono d o
de D. Pedro II de J osé Boni- Exército Brasileiro e comemo-
fácio, qu e êle acusava de cons- ra-se o "Dia do Sold ado" a 25
pirador e participante elos mo- de agôsto, data do seu nasci-
vimentos rebeldes. mento.
A Assémbléia Geral, tendo O m ovimento r eb elde no
em vista as dificuldad es oriun- Ri o Grande do Sul teve início
das ele uma ad ministração par- por causa do descontentamen-
tilh ada en tre três, reso lveu mo- to qu e os elementos exaltados
cl i(icar a Constitui ção e pelo da província, os denominados
denominado Ato Adiciona l - farmup ilhas) sentiam pela po-
promu !gado a 12 de agôsto de lítica moderada da r egência
José llonifdcio. 1834 - es ta belece u qu e o pod er trin a, qu e n omeava para go-
regen cial caberia a um só m em- vernador elementos seguidores Diogo Antdnio Feijó.
bro, qu e ass im substituiria a regência trin a. Foi ainda pelo dessa ori entação; o coronel
mesmo Ato Adicio nal qu e se formo u o :M unicípio da Côrte, B en lo Gonçalves da Silva revoltou-se contra um dês: cs gover-
admitido após a denominação de Município eutro e trans- nadores, Fernandes Braga e ass im começou uma luta que
formado depois no Distrito Federa I. ensanguentou o sul do país.
Feijó, cansado pela oposição parlamentar insisten te que
Regência Una. - Para o cargo de regente único (oi eleito lhe foi (c ita c já basta nte doente, ren un ciou e entrego u o pod er
o padre D iogo Antônio Feijó. O ~egente teve de en rre n t~ r a Pedro ele Araújo L ima) Marquês de O/inda) um do che[e de
forte oposição política e novos movunen tos rebeldes. O ma1s maior prestígio no grupo oposicioni ta (setembro de 1837).
importante foi o do Rio Grand e elo Sul, a Guerra dos Farrapos)
que durou dez anos (1835-1845) e só iria termin ar no 2.0 Pedro de Araújo Lima foi eleito regente único e na sua
Reinado, por fôrça da atuação militar e política de Luís Alves administração verifi ca ram-se dois fatos importantes para a cul-
de L ima) o futuro Duque de Caxias. tura brasileira: a fund ação do Colégio Pedro li e do I nstituto
H istórico e Geográfico BrasileiTO .
Luís Alves de Lima, Barão) Conde) Marqu es e Duque de Se u período administrativo [oi menos agitado qu e os a nte-
Caxias) nasce u no dia 25 de agôsto de 1803, na antiga (regues ia rim·es, ma também não conseguiu dom in ar os farrapo e teve
da Es trêla, município de N ova Iguaçu, e morreu no dia 7 ele ainda de enfrentar revolta n a província : a Bala ia da no Ma-
março ele 1880, na fazenda de Santa Mônica, no município ranhão e a Saúinada n a Bahi a.
de Vassouras, província do Rio de Janeiro. T endo pres tado Na Bahia o cirurgião Francisco Sabino Alvares da Roch a
à su a pátria os melhores serviços na paz e na guerra, mercê Vieira pretendeu separar a província e co nstituí-la em repú-

- 78- - 79-
blica independente até a maioridade de D. Pedro li. A Ba-
laiada começou com a luta política entre os oposicionistas ao
govêrno local, os denominados bem-t~-vis, e os cabanas - gover-
nistas: elementos do interior apoiaram os oposicionistas c
transformaram a divergência em luta armada; a derrota dos r
insurgentes, os balaios como eram chamados, só se verificaria
em 1840.
O SEGUNDO REINADO E A PACIFICAÇÃO
A Maioridade. - Os grupos políticos continuavam as
DAS LUTAS INTERNAS
ásperas lutas entre si, e muitos acreditavam que somente a
antecipação da maioridade de D. Pedro II poderia acalmar
as paixões partidárias e dar melhores dias ao Brasil. I
'"':.
Tendo conseguido a aprovação do jovem soberano para
a medida, os partidários da antecipação, apesar da oposição
do Ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos) um O Segundo Reinado teve início em 1840, quando foi de-
dos políticos mais importantes da época e nomeado por Araújo cretada a maioridade de D. Pedro II, e terminou em 15 de
Lima expressamente para impedir a passagem do projeto, obti- novembro de 1889, com a proclamação da República. Nesse
veram que a Assembléia Geral proclamasse a maioridade de longo período de quase meio século - 1840-1889 - projeta-se,
D. Pedro II no dia 23 de julho de 1840, quando o soberano em primeiro plano, a figura do imperador D. Pedro II.
contava menos de 15 anos de idade, pois nascera no Rio de O Imperador possuía realmente grandes qualidades: sim-
Janeiro a 2 de dezembro de 1825. ples, acessível, trabalhador e vigilante no trato dos assuntos pú-
blicos; tinha acentuado interêsse pela cultura intelectual e
costumava assistir constantemente concursos e exames no Co-
légio Pedro II. Suas atividades de administrador ressentiam-
se, porém, de certas deficiências, aliando a uma relativa insufi-
ciência de espírito prático certa falta de iniciativa.
O segundo imperador do Brasil nasceu no Rio de Janeiro,
a 2 de dezembro de 1825, filho de D. Pedro I e de sua primeira
espôsa, a princesa austríaca D. Leopoldina. Quando, em 1889,
foi exilado, portou-se com exemplar dignidade, jamais opi-
nando sôbre qualquer assunto brasileiro. Morreu em Paris,
a 5 de dezembro de 1891, com 66 anos de idade.

Pacificação das lutas internas. - A história política do


Segundo Reinado pode ser dividida em 4 fases: a) pacificação
das lutas internas (1840-1849); b) apogeu (1850-1863); c)
guerras externas (1864-1870); d) decadência (1871-1889).

- 80- - 81-
Os primeiros tempos do 2. 0 e Brejo que ocupavam para, em
Reinado foram difíceis: dos mo- janeiro de 18"11, propor a anistia
vimentos rebeldes elo período re- geral, pacificando assim o Mara-
gencial ainda não haviam termi- nhão.
nado a guerra elos Farrapos no sul Já no 2. 0 R einado tiveram
c a Balaiada no Maranhão. início outros movimentos rebeldes:
A guerra dos Farrapos teve as revoluções de S. Paulo e Minas
início em 1835 e só veio a terminar Gerais em 1842 e a denominada
em 1845, quando Caxias conseguiu R evolta Praieira em Pernambu co
a paz. Caxias tomou posse do (l8L18-l849).
govêrno da província em novem- Ê ses movimentos foram mo-
bro de 1842 e obteve em eguida tivados mais por desapontamentos
várias vitórias militares, que aba- partidúrios que por reivindicações
laram a posição dos rebeldes. Em populares ou princípios políticos
dezembro de 1844 o govêrno im- em choque. Em S. Paulo c Minas
perial decretou a anistia e o ge- as rebeliões foram promovidas por
neral Davi Canaban-o, então na elementOs do partido liberal, des-
chdia elos revoltosos, acei tou o ofe- gostosos co m a sua substituição no
recimento a 28 de fevereiro ele govêrno pelos conservadores. Para
1845. Assim graças à capaci dade combatê-las foi enviado o então
militar e à habilidade de Caxias Barão ele Caxias, que se dirigiu
terminava uma luta sangrenta de primeiramente a S. Paulo onde os
qua e dez anos. rebeldes debandaram antes mesmo Lu ís Alves de Lima e Silva,
Também Caxias venceu a re- de entrarem em luta. Seguiu de- quando llfarques de Caxias. De
um retrato a óleo datado de
volta denominada Balaiada, ou dos pois para Minas e venceu fàcil- 1862. Mais tarde Duque de
D. Pedro TI como Chefe da mente em Santa Luzia. D. Pedro Caxias e Patrono do Exercito
Marinha de Guerra Nacion11l Balaios, assim conhecida por seu
e l mflerinl t1esli11do o segundo chefe Manuel Francisco dos Anjos II. mais tarde, concedeu anistia Brasileim.
ttnifonne (conforme José nr. Ferreira, o Balaio, no Maranhão aos chefes rebeldes, entre os quais
Rodrigues em "Fardas do os principais eram: brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e o
Reino Unido e do lmpério"). (1838-1841). Foi um dos primeiros
movimentos populares veri!:icado cx-Tegente Diogo Antônio Feijó em São Paulo; Teó[ifo Otôni
no Brasil, pois antecipando-se ao em Minas Gerais.
problema de Cnmulos, já na República, representou a inevita- Em Pernambuco ocorreu o último movimento rebelde veri-
bilidade do conflito cn trc as cu I tu r as do interior, isoladas no ficado no tempo do Império : a denominada Revolta Praieira
seu meio, e a do litoral, com maiores po sibilidacles ele desen- (1848-1849). A situação ela província era difícil: intenso anta-
volvimento. Iomeado, em (c ere iro de 1840, presidente da gonismo entre os proprietários rurais senhores de engenhos, e
província e comandante das armas, o então coronel Luís Alves os comerciantes ricos das cidades, quase todos portuguêses. Êsse
de Lima obrigou os rebeldes a abandonarem as vilas de Caxias antagonismo determinou a agitação nacional i ta, característica

-82- - 83-
aliás de Pernambuco, de onde paniam as m1oa tivas de nacio-
nalização elo comércio e exclusão de estrangeiros.
O pretexto surgiu quando os liberais perderam o poder:
teve início então a R evo lta Praieira (novembro de 1848), que
tomou êsse nome porque o jornal elos revoltosos era editado
na Rua da Praia, em Recife. J á não era mais época de reagir O AP O GEU DO IMPÉRIO
dessa maneira contra medidas políticas admitidas pela Cons-
tituição, e assim, a Revolta Praieira, cujos chefes foram o
capitão Pedm Ivo Veloso da Silveira e o deputado' Joaquim
Nunes Machado, foi dominada sem maiores dificuldades. O período elo reinado ele D. Pedro 11 compreendido entre
A partir da Revolta Praieira e até 1889, não mais teve 1850 e 1863 corresponde ao apogeu do Império: foi a fase
lugar, no Brasil, qualquer movimento rebelde. do progresso econômico e intelectual, do prestígio interna-
cional do Brasil e do bom entendimento entre os partidos
políticos, qu e não mais recorreram a movimentos armados para
solução elos problemas partidários surgidos.
O progresso material do Brasil foi bastante apreciável. A
agricultura desenvolveu-se, especialmente a cultura elo café,
incentivou-se a imigração européia e criou-se o Ministério da
Agricultura; as indústrias tomaram bastante incremento, prin-
cipalmente as de fiação e tecelagem, madeiras e produtos quí-
micos, devendo ser citado como principal figura da expansão
econômica brasileira Irineu Evangelista de Sousa, Barão e depois
Visconde de M auá.
Mauá foi, pràticamente, o verdad eiro iniciador el a nave-
gação brasileira e o construtor da primeira estrada de ferro
) elo Brasil; exerceu ainda atividades em outros setores -bancos,
estradas de rodagem, bondes, abastecimento de gás e água. A
primeira estrada de ferro foi inaugurada em 1854 e ia de Mauá
à R aiz da Serra, no caminho de Petrópolis: tinha inicial-
mente 14,5 quilômetros. As estradas de rodagem também
foram postas a serviço dos brasileiros, e a primeira, que ia de
Juiz de Fora a Petrópolis, foi inaugurada em 1861 e construída
por Mariano Procópio Laje. O telégrafo e o serviço postal
também começaram a servir nessa época_
O comércio desenvolveu-se e fundaram-se b ancos - o se-
gundo Banco do Brasil, o Banco Mauá , - atestando o progresso
material do país.

-8-1- - 85 -
Letras e artes. - O ensi no primano era, ele um modo
geral, defi ciente, principalmente no interior, onde o analfabe-
tismo existia em grande escala. Também apresentava co ndições
el e in uficiência o ensino secundário, apesar do impulso que
teve com a fundação do Colégio Pedro li. O ensino superior
não diferia muito dos demais ciclos acima citados. OS CONFLIT OS EXTERNOS E A DECAD:í!NCIA
No tempo no Império o Brasil p ossuiu escritores notáveis.
Na poesia merecem citação Go11 ça lves Dias, Castro Alves, Casi- DO REGIME MONÁRQUICO
mira ele Ab1·eu, Álvares ele Azevedo, Fagundes Vm·ela c L aurinelo
R.abelo. Na prosa, cuj o gênero mais cultivado foi o romance,
destacaram-se J osé ele A len car ("Guarani", "Iracema"), Manuel
Antônio de Almeida ("nl cmórias ele um sargento ele milíci a") , Os países ela América elo Sul ado taram a forma de govêrno
J oaqui m Manu el de Ma cedo (" Ioreninha", "Moço Louro"), republicano ao se libertarem do domínio da Espanha. O Brasil,
Visconde de Tauna y ("In ocê ncia", "Ouro sôbrc Az ul") e Ma- entretanto, a única colônia portuguêsa do continente americano,
chado de A ssis, que con tinuou sua carreira literúria na R epú- adotou a monarquia como forma de govêrno. No 2. 0 reinado
blica e escreveu "Memórias póstumas ele Brás Cubas", "D. o Brasil g?zou de paz interna a partir ele 1849, sem que qual-
Casmurro". Entre o histori adores avultaram Fmncisco Adolfo quer movn~ento armado perturbasse a vida política do pais.
de Vamlwgen, Joa qu im Norb erto e Pereira da Silva. Alguns movimentos rebeldes n as nações vizinhas repercutiam no
Brasil, especialmente os verificados n a região do Prata, cujos
Nas artes, destacaram-se os pintores Pedro América ("A probl emas constituíram a principal preocupação do Brasil no
ba talha dos Guararapes") e VltOT Mei1·eles ("A primeira missa 2. 0 R einado, pois com os países platinas tinha o Império inte-
no Brasil"). En tre os músicos, Fran cisco Manuel da Silva, autor rêsses comuns e, portanto, motivos de choques. Os brasileiros,
elo "Hino Nacional" e Antônio Carlos Gomes, compositor ela prejudicados algumas vêzes em seus legítimos in terêsscs, cos tu-
ópera "O Guarani". mavam recorrer ao govêrno imperial para recup eração elos pre-
juízos sofridos: êsse, o motivo determinante de du as das g uerras
de qu ~ o. Brasil participou no 2.0 Rein ado- prejuízos ca usados
a b~a s!letros no Uruguai e n a Argentin a; a terce ira guerra foi
motivada pela agressão cometida con tra o Bras il pelo ditador
elo Paraguai, Fm ncisco Solano Lopez.
Guerra de Oribe e Rosas. - O Uruguai, depois do Brasil
c Argentina h averem, n a Convenção Prelimin ar de Paz do Rio
el e J a neiro (27-8-1828), assum ido compromi sso el e defender
a in~epe nd ên.cia c integridade da anti ga Prov ín cia Cisplatina,
cont~nuou agitado p or consta ntes gu erras intern as, em que dois
part1clos, o color~do e o blanco, disputavam o pod er pelas
arm as. A Argentm a, após algun s governos democráticos, caiu
sob o poder do tirano João Manu el Rosas, que governava o país
com severid ade.

- 86- - 87-
O Brasil, que já suspeitava d::1s intençõe de Rosas em res-
que o Brasil já sustentou: iniciada em novembro de 1864 com
tabelecer, com a conquista do Paraguai e do Uruguai, o
o aprisionamento em Assunção do navio brasileiro "Marquês de
antigo vice-reino do Prata, quando o ditador argentino inter-
Olinda", terminou em março de 1870 quando foi morto o
veio na luta interna do Uruguai em favor de M anuel Oribe,
ditador paraguaio.
chefe do partido blanco, resolveu interferir também para evitar
O Paraguai viveu isolado desde l8ll , quando obteve sua
que a Argentina dominasse o país vizinho·, o que seria preju-
dicial aos nossos interêsses na região platina, além de significar independência. Estêve submetido à ditadura do Dr. José
Gaspar Rodriguez de Francia, que governou o país de 1811 até
desprestígio internacional para o Império, que poucos anos
1840, ano de sua morte. Francia foi substituído por um rico agri-
antes concordara com a independência do Uruguai.
cultor, D. Carlos Ant·ônio Lopez, e êste pelo seu filho general
Além de significar reação contra o expansionismo de
Fmn cisco Solano Lopes, que foi o iniciador da guerra contra
Rosas, reclamações de fazendeiros rio-grandenses contra pre-
o Brasil. Solano Lopez, aproveitando o progresso material
juízos sofridos motivaram a intervenção do Brasil, que obteve
de seu país e as economias feitas pelos seus antecessores,
apoio do governador da província argentina ele En_tre _Rios,
alimentava a idéia de formação do "Grande Paraguai",
D . justo José Urquiza, que se revoltara contra a tn·ama ele
que abrangeria o Urug·uai, províncias argentinas vizinhas e as
Rosas.
províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e de Santa Cata-
O exército brasileiro comandado pelo general Manuel
rina: o Império aparecia-lhe como o principal obstáculo a tão
Marques de Sousa, depois Conde de Pôrto Alegre, após levantar
grandioso plano.
o cêrco de Montevidéu, invadiu a Argentina e obteve,
Lopez protestou contra a intervenção elo Brasil no Uruguai
juntamente com as tropas argentinas ele Urquiza, a vitória
contra as fôrças de Rosas em Monte Casems (3-2-1852). Rosas, em 1864; o govêrno brasileiro não pôde aceitar sua recla-
derrotado, retirou-se para Inglaterra, onde morreu anos depois. mação c o ditador resolveu iniciar as hostilidades fazendo apre-
ender o pequeno navio "Marquês de Olinda", que se dirigia
Guerra contra Aguirre. - Em 1863 novamente o Uruguai para Mato Grosso, pelo "Taquari", navio mais veloz e melhor
viu-se envolvido em guerra interna: o general Venâncio Flôres, armado que o brasileiro (ll-11-1864).
chefe do partido colorado, procurava depor o presidente Em seguida Lopez fêz invadir o sul de Mato Grosso por
Atanásio Cruz Aguirre, que pertencia ao partido blanco e su- duas colunas - uma seguiu por via fluvial, sob o comando
cedera a D. Bernardo Berro, contra o qual Flôres iniciara o do coronel Vicente Barrios, com 3200 homens transportados em
seu movimento de rebeldia. Em face elos numerosos incidentes 13 embarcações comandadas pelo capitão de fragata Meza, e a
na fronteira do Brasil - ataque às estâncias de gado, com outra, com cêrca de 3.500 homens comandados pelo coronel
depredações e assassinatos - o nosso govêrno protestou junto de cavalaria Izidom Resquin, por terra, constituindo a deno-
ao elo Uruguai, que não atendeu às reclamações: assim co- minada Divisão do Norte. O plano de Lopez era: as duas co-
meçou a guerra, que terminou com a rendição de Aguirre, lunas marchariam no rumo norte e convergeriam para um
quando a esquadra brasileira, sob o comando do almirante ataque combinado a Cuiabá, capital de Mato Grosso. A
Tamandaré, se preparava para bombardear Montevidéu (fe- invasão paraguaia encontrou resistência no forte de Coimbra,
vereiro de 1865). Nessa ocasião já havia começado a guerra onde o coronel Hermenegildo de Albuquerque PortocaTrem
do Paraguai. combateu três dias à frente de 150 praças e logrou evadir-se para
continuar a luta mais adiante em Dourados, onde se bateram
Guerra do Paraguai (1864-1870). - A guerra contra o até o limite de fôrças o tenente Antônio João e seus 18 heróicos
govêrno paraguaio de Francisco Solano Lopez foi a mais longa companheiros.

- 88- - 89-
Logo depois Lopez invadiu a província arge ntina ele Corri-
entes para alcançar o Rio Grande do Sul. A invasão ela Argen-
tina determinou a en trada clêsse país n a guerra ao lado elo
Brasil c elo Uruguai, onde o general Venâncio Flôres já se defi-
nira a favor do Império, po is Lopcz apo iava o paniclo blanco
que visa va :1 sua deposição: estava assim formada a Tríplice
A liança (l-5-1865), cujos integra ntes - Brasil, Argentina e
Uruguai - firmaram a declaração ele q ue faziam guerra ao go-
vêrno ele Lopez e não ao povo paraguaio.
A prim eira grande batalha dessa guerra foi naval e veri-
fi cou-se no dia 1 I de junho de 1865, quando a esquadra brasi-
leira , coma nd ada por F1·ancisco lYianuel Ban-oso, foi a tacada
perto ela foz do R.iachuelo, afl uente ela margem esquerda do
Paraná, pelos navios paraguaios comandados por Meza, o
mesmo qu e invadira o su l ele Mato Grosso. Além ele Barroso,
que atacou os paraguaios fazendo aríete elo navio capitânia -
o Amazonas - destacaram-se pela bravura, nessa batalha elo
Riachu elo qu e assegurou ao Brasil as comunicações para trans-
porte de armas e gêneros alimentícios para o seu exército, o
gu arda-marinha Greenhalg e o marinheiro Marcilio D ias,
<~mbos mortos em combate. Foi uma vitória completa : dos 14
vasos ele guerra paragu aios apenas 4 conseguiram escapar. Hü.
a ind a um aspecto importante n a batalha do Riachu clo: foi
o combate travado entre navios a vapor sem blindagem ou
couraça.
O exército brasileiro, comandado pelo gen eral Manuel
Lu is OsóTio, Marquês de l-lerval, invadiu, em abril de 1866,
o território paraguaio pelo sul. Logo depois, a 24 de maio el e
J 866, travou-se em Tuiuti a maior batalha d a guerra, n a qual os
brasileiros, empolgados pela bravura legendár ia de Osório, que
percorreu os batalhões em luta pedindo-lh es mais um esfô rço,
ob tiveram imortal vitória. Osório, ferido e doente, retirou-se
pouco depois, deixando no comando dos brasileiros o general
Polidoro da Fonseca Quintanilha ] o?·dão.
Jéai:ro O general D. Bartolomeu Mitre, presidente ela Argen-
CÚL Çu.e.rra. tina e comand ante-chefe de seus exércitos, escreveu relativa-
cfo .PCU'aguaí. mente a Osório : "o general Osório não é o que se diz com
espírito vu lgar um valente: va lentes são muitos. Para mim
~

- 91 -
. . estimável - a pr.udenn . ·." a .. o havia m sido confia das e a& bande iras ela Pátria , qu e
delencliam
êle tem outra qualld~de roaLS t t'gi·a fl'zeram -110 I)resse no campo de batalh a. O episód io foi descri to pelo então
. . nl!r a
gênio mlllla r de 0 só no .e sua es ra e assegu raram a · ·
vttóna . tenen te Alfred o d'Escr agnol le Tauna y, mais tarde Viscon
jovem
b ata lha de 24. e as mecltdas que tomou Tauna y.
de de
-
.
Fase mterm e d"á · d auerra . - Em 1867 veri 11cou-s. e o Pouco depois da derro ta que os aliado s sofrer am no
ataqu e
t na a :. f'rças brasil eiras invacllram
. R t. d
episódiO da e Lra a da Lagun a: ot' locali dade ao forte de Curup aiti, sob o coma ndo de Mitre ,
ele LagHna, chega va ao
. teatro da guerr a o chefe nunca derro tado Luís Alves
o Parag ual pe1o nor te e chegal
ram a e a
fr·endo as maior es
. ~
pnvaç
de Lima,
· . oes - que já recebe ra o título de Marq uês de Caxias, pelos
de onde uvera m que vo tar so os em que march avam, uma presta dos ao Brasil.
serviços
fome, sêde, incên dios, n~s camp salvan do as armas
doenç a mortí fera, a colew -, mas que lhes
Fase final da guerr a. - O prime iro trabal ho de
Caxia s
consistiu em conto rnar as posições parag uaias que
fechav am
o camin ho para Assunção: para isso fêz const ruir uma
estrad a
que evitav a os incon venien tes do terren o panta noso
da reg·ião
denom inada Chaco.
A nossa esqua dra, sob o coman do do caplta o de
mar e
guerra Delfim Carlos de Carva lho, Barão da Passag
em, forçou,
no dia 19 de fevereiro de 1868, a passag em de Huma itá,
poder osa
fortale za do rio Parag uai, e cuja queda abriu aos
invasores
o camin ho de Assunção. Caxias prepa rou-se então
para tomar
as posições terrestres que defen diam a Capit al parag
uaia, e o
exérci to brasil eiro cobriu-se de glória s nas batalh
as da De-
zembr ada (dezembro de 1868) : ltoror ó, Avaí, Loma
s Valen tinas
c Angos tura. Após tão brilha ntes vitórias, Caxias, a 5
de janeir o
de l 869, entrou em Assun ção, de onde Lopez se retiro
u para
a região monta nhosa do norte, decid ido a lutar até
o fim.
Já bastan te cansad o, Caxia s regressou ao Brasil,
sendo
então nome ado para o seu pôsto o prínci pe Ga stão
de Orleans,
Cond e d'Eu, casado com D. Isabel , a herde ira do trono.
As batalh as de Perib ebuí e Camp o Grand e foram
as mais
impor tantes dessa fase final de guerra , que se denom
ina Cam-
panha das Cordi lheira s porqu e transc orreu nas serras
situad as
ao norte do Parag uai. Lopez foi alcançado por tropas
brasileiras
coman dadas pelo gener al Correa da Câmara, mais
tarde Vis-
conde de Pelotas, no local denom inado Cerro Corá,
a 1.0 de
março de 1870. Não querendo render-se Lopez
D 1 retrato de
foi morto
. Oso' r,·o, Marqu ês de H ertla l.
.\ltwuel Lws e un M pelo cabo de cavala ria Francisco Lacer da, apelid ado
Hoclw Fragoso, da p·maco teca tio useu ri•' Diabo : termin ava assim uma camp anha ele mais de
o Chico
Joaqui m da Petrópo lis. cinco anos,

- 92- - 93-
multi plica ram- se
dura nte a qual "Cor agem , aud{tcia, heroí smo,
l, a Arge nti na e o Uru-
em ambos os lados do confl ilo. O Brasi
de se us solda dos. ~ l as igual h ome-
guai pode m orgul har-s e Parag uai.
t
tribu tad a aos admi rávei s filhos do ~
nage m deve ser recuos, t
gem ido e sem
Valentes e obed ientes, so fredo res sem um iam on
luta, comb atiam , venc
mesmo nas maio res agrur as da ção a
ausên cia de receio s e ab oluta devo
morr i am com intei ra
seu p aís".
seus foram
O Brasil, dessa guerr a em que tanto s filhos
para si, além do orgu lho de have r
sacrificados, n ada tirou nteve a inte-
ma
livr:Jcl o um povo irmã o de um regim e tirân ico: . -. .
grida de territ orial do Parag uai c cooperou para a reorg a ni zaçã o Os_ prim eiros escravos ne ros ' traZid os da Afnc a, cheo-aram
l l ogo n o iníci o ela l g .
ização, e foram elem entos i~I)~r-
ada receb eu ela inden izaçã o de guer ra ao Brasi
administra tiva elo país. dente Ge- tante s na evolu ção cu ltur aclodon
1943, foi cance lada pelo então Presi o nosso r:>aís . F O!. gran d e a parti ci-
fix ada, qu e, em - d .
p açao o escravo no clcsenvo1vunc nto da ccon . b . .
túlio Vargas. .
tr a b·" Il1ou n as CJdac!es .1 nos eng·e nh d 01111a, rasde 1ra:
- e vr 'as os e açucf ar, na mi-
Deca dênc ia do regim e moná rquic o. - A parti
r ela guer ra n eraçao, n os camrJos cl e pasta gem con tr··b . d
. ' 1 um o ortem ente
progr essiv a elo regim e para o progresso do Brasi l.
do Parag uai verificou-se a decad ênc ia blica na, . .
p ela prop agan da repu Entre tanto , sua situa ção nã
moná rquic o, abala do não
em

1870, como pelas quest ões que agita- ?a_d e, sujei tos a duro regim e ele t;a;~~1 boa:
pn~ados da liber-
inici ada efetiv amen te por vezes, cas tigad os
a muda nça do regim e lllJUSta ou sever amen te os escra . h o e,
ram o ambi ente polít ico e pren uncia ram miliL ar. J'b ~o~ ltm
ndiam 1 er ta- os A abo1· favor
ama seu elem entos
- ques tão aboli cioni sta, quest ão religi osa e qu estão ideal istas• , que prete < -
a polít ica ele
.
Lu~. a era p, en tre os brasi leiros d . . . JÇao c1a cscrava-
As fôrças arma da ficar am desco ntent es com ' ese]o a_ntrgo: os conju rados mi-
o com pes oal
e neiro s e José Boni fácio
restrições aos gastos com apare lham ento bélic am-na entre as m e-
segui da pelo govê rno após a guerr a ele 1864- 1 870; além disso , cliclas indicadas para o' Ge~~ ~xae~f;;;/ncluí
m-se em polít i ca e daí surgi ria a
muito s oficia is envo lvera
Extin ção d o tráfic o - A 6
qu e tão milit ar que derru baria o trono . pend ência o Brasi l
simp atias ele assin ou com a ln a-1ate rr; tr t dp s a Inde extin ção do tráfico
A quest ão religi osa a liena ria elo trono as negreiro (1826) · bA mec<l.d a a_ os para a
ela relig ião catól ica; o apoio 1 a nao obtev • ·
grand e parte elo povo, segui dor fiel com uma lei da aut . cl F .. : exrto, o mesm o acon-
escra vos. H avia tecen do
econô mico perde u-o o trono com a qu estão el os
tese ele um ter- 1i_vres ele todo os africa nos ~~Jl~ca~o'~z;o ( 18 l dessa data em
3 ~ ), que decla rava
ainda má vonta de quase gene raliza da à hipó clrant e e impu nha pena s de p .· :- s no Brasi
l seria a titula r; a taque s
ceiro reina do, qu ando a Prin cesa Isabe A Ing laterr a qu e' 1 . r_rsao e mult a aos trafic antes .
cos mona rquis tas à Coro a e ao Im- <~nos an tes ex L.rngui'cJ o a escrava
por vêzes agressivos de políti ' la vJa
- <
e moná rquic o. Lura em su as colo'IlJ·as '-
perad or conc orrer am para a decad ênc ia elo regim • < e nao quer ·Ia_ enf renta r a conc orrên cia
b 11
rrer do perío do ele 1871 a de prod utos obtid os com tr
Essa decad ência acent uou-s e no deco a a lo nao pago aosL. seus prod utos
1889 e quan do a R epúb lica foi procl amad a n ão houv e pràti ca- ele traba lho assa lari·l<do ' come çou a OI)Or • mcnte ao
L1 ·-'1.. . . _ -c c Ctiva
ele defes a do regim e qu e em decad ência deix ava <~ I.co n egre1ro: mult i 1)1Icara m-se en tao a s. mecI'JCIa inglê ·as
ment e tenta tiva c t . f' .
ontra as ativic lncles elos
de ex ist ir. ra ICd nte de escravos.

- 9-1 - -9 5-
A situação tornara-se difícil e forçou providências ao go- buco foi um dos grandes homens que o Brasil possuiu e obteve
vêrno no sentido de melhorá-la: a lei Eusébio de Queirós êxito nas mais variadas atividades, como político, historiador
(4-9-1850) estabeleceu medidas eficientes para a extinção do e diplomata.
tráfico, que cessou definitivamente em 1855. José do Patrocínio - jornalista vibrante e orador infla-
mado, sempre provocando o maior entusiasmo na massa po-
Campanha abolicionista. - Cessado o tráfico, teve início, pular-, sua atuação, na campanha pela libertação da raça que
aos poucos e cautelosamente, a campanha pela abolição da pró- era a sua. valeu-lhe o cognome de "Tigre da Abolição".
pria escravatura. A partir de 1860 e, principalmente depois O imperador D. Pedro II, embora favorável à abolição,
da guerra do Paraguai, foi que a luta pela abolição adquiriu desejava que a mesma fôsse feita gradualmente, a fim de não
maior importância e intensidade. Nessa primeira fase des- determinar excessivo desequilíbrio à economia brasileira. A
tacaram-se na propaganda abolicionista: Castro Alves, poeta pressão, porém, era grande e nova lei abolicionista entrou em
de grande inspiração e vigor; Luís Gama, negro, jornalista e vigor: a Lei Saraiva- Cotegipe ou dos Sexagenários (28-9-1885).
orador eloqüente; José Bonifdcio, o Môço, também brilhante Essa lei, declarando livres os escravos que atingissem a idade
orador. de sessenta anos, foi obra respectivamente dos gabinetes minis-
Em 1871 os abolicionistas obtiveram importante êxito: teriais dirigidos por José Antônio Saraiva e pelo BaTão de
a promulgação da Lei do Ventre Livre (28-9-1871). Por essa Cotegipe (João Maurício Wanderley): daí o nome que lhe
lei, votada com o Visconde do Rio Branco na chefia do gabinete, foi dado de Saraiva - Cotegipe.
eram declarados livres dessa data em diante todos os filhos Anteriormente a essa grande conquista, os abolicionistas
nascidos de mulher escrava. Os interessados calculavam que haviam obtido significativas vitórias parciais: as províncias do
em 1910 não haveria mais escrávos no Brasil. Ceará e do Amazonas libertaram os escravos nelas existentes
Entretanto, a certeza dessa terminação do cativeiro a longo (1884); fazendeiros de S. Paulo concederam cartas de alforria
prazo não era de molde a contentar muitos ardorosos idealistas, aos seus servos. O Clube Militar solicitou à Princesa Isabel,
que continuaram sua generosa campanha no sentido da total então Regente em nome de D. Pedro II, que viajava pela Eu-
e imediata abolição. Centros anti-escravagistas fundaram-se ropa, que os militares não fôssem usados na tarefa de perseguir
na Côrte e nas províncias - entre êles teve importante atuação negros fugitivos (1887). (Os negros fugidos, em número cada
a Confederação Abolicionista, fundada no Rio de Janeiro em vez maior, reuniam-se em núcleos denominados quilombos, e dos
1883; - novas vozes levantaram-se, vozes eloqüentes e infla- quais o mais importante foi o de Ja.baquara, situado em Santos.)
madas: Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Essa atitude dos negros procurarem organizar-se para resistir
engenheiro ilustre e da raça cativa, Rui Barbosa, João Clapp e às contingências do cativeiro vinha, aliás, dos tempos coloniais:
José Mariano. os quilombos dos Palmares, situados na serra das Barrigas,
em Alagoas, no século XVII, constituíram a maior concentração
Joaquim Nabuco foi a segunda voz que se ergueu em de negros fugidos a cativeiro que existiu no Brasil e durante
favor da libertação dos escravos e daí em diante, quer nos co- mais de sessenta anos resistiram às investidas de portuguêses
mícios em praça pública ou na tribuna parlamentar, prestou e holandeses.
à campanha abolicionista contribuição verdadeiramente notável.
O deputado baiano Jerônimo Sodré foi o primeiro a falar, no Lei Áurea. - Estimulados por tão importantes conquistas,
Parlamento, em favor da libertação; seguiu-o Nabuco, que os abolicionistas continuaram a campanha pela extinção ime-
logo se transfonnou no líder da campanha abolicionista. Na- diata da escravatura e, assim, a resistência ao seu objetivo tor-

-96- -97-
nara-se muito difícil; tal compreendeu o gabinete João Alfredo
Correa de Oliveira, que encaminhou a votação e promulgação
da lei extinguindo a escravidão no Brasil. A "Lei Áurea" san-
cionada a 13 de ma io de 1888 pela Princesa-Isaúet tornava
livres o negros que tanto e tão bem haviam colaborado para
o progresso e grandeza da nossa P<Ítria comum. Os legi&laclorcs A REPúBLICA: PROPAGANDA E
que a criaram tiver"m a dignidade ele não estabelecer pteço
pela li bertação elos sêres humanos, estabelecendo simplesmenLe PROCLAMA CÃO J

que era declarada extinta a escrav idão n o Brasil; [oi votada e


aprovada em meio a intenso entusiasmo popular, com apla usos,
músicas e flôres.
A princesa Isabel, filha elo imperador D. Pedro li e ele Em tôda a América independente o Brasil fôra a única
D. Teresa Cristina, foi sempre muito estimada por suas quali- na ção que adotara a mo.narquia como forma ele govêrno. Ent.re-
dades morais, entre as quais predominava sincera piedade pelos tanto, em tliversos movimentos armrlclos, mesmo antes ~le 1822,
humildes. Exerceu três vêzes as funções regenciais por motivo 0 ideal republicano figurara nas cogitações elos que havJam pa~­

ele viagens do Imperador ao estrangeiro. No exercício de sua.s ticipaclo dos mesmos. Podem ser citados, entr.e _outro , o movi-
funçõ es regenciais sanc ionou duas importantes lei· abo licio- mento ele 1710 em Recife com Bemarclo Vterra ele Melo, a
nistas: a do Ventre L ivre e a Áurea. Casou-se com o Conde Conjuração Mineira ele 1789 e a revolução pernambu cana
cl'Eu, ela família real francesa ele Orleans. Ficou conhecida ele 1817. .
como a R edentora. O fato ele ser o Brasil o único país monárquico na Aménca
constituía, sem dúvida, uma circunstância para ~ propaga.n~a
republica na. Outro motivo de propaganda republicana con~1s~1a
na a firma ti a de que a centralização ele podêres, caract~nsttc.a
dos reoimes monárquicos, dificultava o progresso elo pats, _POIS
impedia as iniciativas elas provínci as e, ass im, tornava-se mte-
ressante um sistema ele govêrno em que se concecl~sse maior
autonomia às unidades nacionais: êsse sistema sena o repu-
blicano federativo.
A propaganda. - Embora D. Peelro.II gozasse ~a. m~rccida
estima elo povo, a prop~gancla republlcana aclqwnu I~llpor­
tfmcia depois da guerra elo Paraguai. Em 1870 os. repu bit canos
fundaram o "Clube Republicano" no Rio ele Janeiro e também
0 jorn al " República", que publicou o manifesto. ele apre-
&entação elas novas idéias; em 1873 formou-se o Pa1:ttd~ Repu-
blicano Paulista e reu niu -se em Jtu (S. Paulo) a prnnerra con-
venção republicana. . _ .
Daí enl diante, e até à queda da monarqUJa, nao mais
cessou a propaganda republicana, cujos principais executores

- 9S- - 99-
f?ram: Si.l~a jard~·rn_, Lopes Trovão, José do Patrocínio, Quw- A questão religiosa começou com a atuação dos bispos
tmo Bocazuva, Anstui.es Lôbo e Saldanha Marinho. Por fôrça de Olinda e do Pará contra as irmandades maçônicas, cujos
de ci.rcu~stâncias especiais dois vultos justificam citação especial: integrantes recorreram aos podêres ju~!ciá_rios, que lhes der_am
Be.n1amzn c:onstant Botelho de Magalhães, professor da Escola 1azão: os bispos, acusados de desobedienCia, foram presos, JUl-
Mihtar, CUJaS preg~ç~e~ republ~canas alcançaram repercussão gados c condenados. Essa questão, ini~ia_da com a atit~de dos
entre o~ futu~o~ oficiais, e Ruz Barbosa, cuja violenta cun- bispos em 1872 e terminada com ~ amstia que lhes fOI ~once­
panha JOrnal!stica contra o gabinete Ouro Prêto concorreu dida em 1875, descontentou os católicos e concorreu para a Impo-
grandemente para a q ueda do Império. pularidade da monarquia.
A propaganda republicana, apesar de ardorosa e realizada
por homens talentosos, não obteve grandes êxitos, pois o povo, Questão Militar. - Denomina-se questão militar à série
de um modo geral, mantinha-se indiferente aos acontecimento~ de divergências entre os militares e o govêrno nos últimos anos
p_olitic~s. É. verdade, por outro lado, que poucos viam com da monarquia. Os historiadores explica~ .a ~á vonta?e p~ra
s~mpatia a ht~ótese de, ':lm Terceiro Reinado e havia descrença com o regime imperial por pa_rte da ohoahdade m_a1s moça
sobre os ~arttdo~ pohticos que alternavam entre si o p oder. - d izia-se que de aluno até maJOr todos eram republlcanos, -
No Terceiro Remado o trono caberia à Princesa Isabel e o pela política de restrições e d_e desconfiança do govêrno e~
principa~ argumento d~sfavorável consistia na condição de relação às fôrças armadas segmda após a guerra do Paraguai.
estrange1ro do seu mandb, o Conde d'Eu, embora fôsse êle Essa política manifestava-se na não concessão de créditos para
um esclarecido amigo do Brasil. Os dois partidos acima ci- aparelhamento material e no longo prazo observado para as
tados eram: ~?nse:vador, originário do partido regressista, que promoções na carreira funcional. Para ta.l ~á vontade terá
era o de AraUJO L ima no período regencial; o liberal, oriundo certamente influído a propaganda de BenJanun Constant na
do pmgressista, que apoiava o regente Feijó. De 1868 a 1878 Escola Militar, onde, pelo brilho da argumentação de sua con-
governaram ~s. con~ervad~res, e aí subiram os liberais, que vicção republicana e pelo prestígio pessoal que possuía, tornou
dera~ os mm~sténos ate a extinção da monarquia, com repu blicanos quase todos os seus alunos.
exceçao dos gabmetes conservadores de Cotegipe (1885) e João A questão militar tornou-se grave quando o govêrno re-
1lf.redo (1888); er~ liberal o gabinete Ouro Prêto, o 36.o e solveu punir os oficiais que, usando o direito de livre opinião,
ultimo da monarqma. Apesar do encarniçamento, em certos desobedeceram proibições das autoridades governamentais refe-
moment.os, d~s lutas partidárias, não h avia partidos políticos ren tes a manifestações públicas de pontos de vista. Dois casos
no Brasil, e Sim agrupamentos de p olíticos em tôrno de certos avultaram : o criado pela polêmica entre o coronel Cunha
ho~ens e de ~nterêsses ocasionais: o programa de um partido Mat os e o deputado Simplício de Resende; o resultante da crí-
pod1a se~ realizado por outro sem espanto da opinião pública. tica feita ao coronel Sena Madureira pelo ex-ministro da Guerra,
Multo embora os fatôres acima citados- má vontade contra senador Fmnco de Sá . Nas duas oportunidades, bem como
a possibilidade de um Terceiro Reinado e a descrença nos em outras de menor importância, o espírito de classe dos mi-
pa~tidos p~líticos, o povo brasileiro acreditava que a monarquia litares manifestou-se vivamente, considerando êles que tôdas
sena mantida enquanto, pelo menos, vivesse D . Pedro li. Três as fôrças armadas haviam sido desprestigiadas.
fatos, e~tretanto, apressaram a ~udança da forma de govêrno:
a questao dos escravos, com o lógico descontentamento dos fazen- O govêrno foi obrigado a contemporizar perante a mani-
dei~os pela solução encontrada; a questão religiosa e a questão fe tação do exército e isso agravou mais a situação, tornando
mzlztar. extremamen te instável a situação da monarquia n o Brasil.

- 100- - 101-
A procla mação . - i\s~im, quand o subiu ao poder ,
a 7 de Visconde de Ouro Prêto antes da entra ?a de ?eodo
junho de 1889, o gabin ete minis terial presid ido pelo ro no
Visconde Quartel Gener al, encar :e9ou José Antôm o Sa~a.w
de Ouro Prêto, o país estava agitad o e desco ntente a ele orga-
. Ouro nizar novo gabin ete mtms tenal. Quan do Saratv
Prêto propô s uma série de modificações na organ ização a procu rou
admin is- comun i car-se, por escrito, com D~ocloro, . êst~ respon
trativa e mostr ou-se resolv ido a en frenta r os probl deu-l he
emas resul- que "j{t er a tarde" , pois a Repú bl tca havm stclo procla
tantes da questã o mi litar. mada.
A figura mais pres tigiad a nos meios milita res A 17 ele novem bro partiu para o exílio , a bordo elo.
'1:1 o "Ala-
gener al Manu el Deodo ro da Fonseca, cuj a coope ração goas" a famíli a Imper ial, e nesse exílio, impôs to pelas
os rep u- ctrcuns-
blicanos passar am a solicit ar insiste nteme nte, dando tâncias do govêr no repub licano , o Imper ador demo
assim nstrou s~u
in ício efetivo ao p la no de derr ubada da mona rquia. alto pa trioti~mo c sua inexce clíve~ grand eza d'alm a:
Deod oro, até o clta
de sua morte , verifi cada em Pans a 5 de dezem bro
q ue não ocul tava a estima que nu tria pelo velho
Imper ador. d~ 189 1,
resistiu aos apelos, mas em face da insistê ncia de jamais profer iu qualq u er palav ra ele censu ra ou
Benja m in que1xa do
Con stan t e dos boa tos de medid as repressivas por Bras il e dos brasil eiros.
parte do
govêrno, acabo u conco rdand o em partic ipar elo
movim ento.
Govêm o Prov isório . - A R epúbl ica dos Estados
a madru gada ele 15 ele novem bro ele 1889 Deodo ro Unido s
assu- do B rasi l foi institu ída pelo Decre to n. 0 1, ele 15 ele
miu o coman do elas fôrças rebeldes e dirigi u-se para novem bro
o Quar tel !e 1889. Para admin istrar o país, enqua nto não en
Gener al onde já estava reunid o o mini tério, que trasse, em
fôra convo- vigor a Const ituiçã o repub licana , criou-se o Govê n~o
cado às pressas por Ouro Prêto. A defesa do Quart
el Gener a l Pro~1sono,
comp etia a Floriano Peixo to, Ajuda nte Gener al do sob a chefia de i\'Ianuel Deodo ro da Fonseca. As Cama
Exérc ito. ras foram
Este, in terpel ado pelo Visco nde de Ouro Prêto sôbre d issolvidas, e declar ados extint os os Conse lhos de
se seri a Es.taclo e a
vitaliciedad e elo Senad o. Por outro lado, ~ nov? regtm
nhccia a valida de dos u-ataclos e compr omiss os mtern ~ rec?-
possível captu rar os canhões assestados contra o Quart
el Ge-
neral, dissera g ue ta l não seria possível e quand o o acwn a1s,
Pre iden te a dívida públic a e os direito s em vigor.
elo Conselho lembr ou-lhe q ue fato semel hante verific
ara-se no
Parag uai, respon deu-lh e tranq üilam ente "agor a
é difere nte, En tre 0 prime iros elecret~s elo Go~êr~o Provis ório
avulta
somos todos irmão s". Ouro Prêto comp reend eu da convocação ela Assembléia Const 1tmnt e para 15 ele
que o go- 0 no-
vêrno não mais seria defen dido e isso realm ente vembro ele 1890. Outro s decret os signif icativos
aconte ceu, podem ser
pois Deodo ro pe netrou no edifíc io sem encon trar citados : criaçã o da Bande ira ela R epúbl ica (19-
resistência 11-1 889) e
e aí declar ou ao m inisté r io reunid o gue o govêr conservação da músic a do Hino Nacio nal (20-1-1890)
no estava . A ?a~~
depos to. de 19 de novem bro passou a consti tu ir a "Festa .ela
Bande n;a ;
A tarde de 15 de novem bro a lguns repub licano s, reuni manti d a a bela e vibran te músic a elo H ino Nacwn~l~
dos co nfwu-
no edifíc io da Câma ra Muni cipal, entre êles os se, ma is tarde, a elabo ração elos seus versos a Osono
propa gan- Duqu e
distas Lopes Trovã o e José do Patro cínio, lavrar am Estra da .
uma ata
declar ando instau rado no l3rasil o regim e repub licano
. Apena s 18 dias após a proclan;ta~ão ela ~ep~blica,
o Go-
O Imper ador, g ue ainda no dia 14 estive ra no vêrno Provi~ório nome ou uma comtssao ele 5 ]Urtsta
Colégio s para ela-
Pedro li assist indo a um concu rso para provi mento borar a nova carta politi ca do paí.s. Essa co~uissão
de uma aprese ntou
cá tedra, desceu imedi atame n te de Petróp olis e, basean 0 An te-Pro j 'to, cu ja revisã o fo.i [etta por .Ru i .Barbosa~. o qu~l,
do-se no além de verific ar a parte ele lmgua gem, mfluw na.
pedid o de dem issão do minis tério enviad o por telegr o.rten_:açao
ama pelo consti w cional : tendo sido assim impor tante, a paruo
paçao ele
- 102 -
- 103 -
Rui na elaboração da Constituição de 1891. Instalando-s e a 15
de novembro de 1890, a Constituinte baseou seus trabalhos na
obra dos 5 juristas: essa obra sofreu, entretanto, várias modifica-
ções por parte da nova comissão, composta de 21 membros, os
quais, como representant es das unidades da Federação, foram
os autores da Constituição . A 24 de fevereiro de 1891 entrava a OS GOVERN OS REPUBLI CANOS ATÉ 1930
mesma em vigor e iria reger os destinos do país até 1930.
Três são os podêres criados pela nova Constituição : o exe-
cutivo, o legislativo e o judiciário. O poder executivo exercido
pelo Presidente da República, eleito por voto direto, por quatro A 26 de fevereiro de 1891 o Congresso Nacional, aten-
anos, não podendo ser reeleito. Os ministros eram escolhido~ e dendo ao determinado pela nova Constituição , elegeu o Ma-
demitidos livremente pelo chefe do Executivo. rechal Manuel Deodoro da Fonseca e o Marechal Floriano
Vieira Peixoto, ambos naturais de Alagoas, para os cargos de
O Poder Legislativo com duas Casas: o Senado e a Câ-
Presiden te e Vice-Presidente. D e acôrdo com o estabelecido
mara dos Deputados. Os senadores, em número de três por
pela Constituição seus mandatos terminariam a 15 de novembro
Estado, eleitos por nove anos; os deputados, em número pro-
de 1894.
porcional ao número de habitantes por Estado, eleitos por
Começava assim a vida republicanà do Brasil, que abrange
três anos.
fases bem características e que podem ser assinaladas da se-
órgão máximo do poder judiciário o Supremo Tribunal guinte maneira: consolidação da República e pacificação po-
Federal. Cada Estado com sua justiça própria e a Justiça Fe- lítica; recuperação financeira; progresso material e transfor-
deral funcionando também nos Estados nas questões de interêsse mação da estrutura econômica; revolução político-econ ômica
da União. de 1930, com a qual termina o 1.0 período republicano
brasileiro.
A admin istração de Deodoro foi dificultada por suas cons-
tantes divergências com os parlamentar es, que lhe faziam deci-
dida oposição. A 3 de novembro de 1891 Deodoro dissolveu
o Congresso e decretou a suspensão das garantias constitucion ais
para a Capital e Niterói. Essa medida provocou grande descon-
tentamento e, vinte dias depois, a esquadra revoltou-se sob
o comando do almirante Custódio José de Melo . Deodoro não
quis ser causa do derramamen to de sangue brasileiro e renun-
ciou, entregando o poder ao seu substituto legal (23-11-189 1) .
Govêrno Floriano Peixoto (1891-1894) . - Uma das pri-
meiras medidas de Floriano Peixoto consistiu na deposição
dos governadore s q ue haviam apoiado o golpe de dissolução do
Deodoro proclamando Congresso; man teve apenas o governador do Pará, Dr. Lauro
a República.
Sodré, que havia desaprovado a atitude de Deodoro.

- 104- - 105 -
wrou pacificar o país, ~calman­
clo os ódios então existentes.
Decretou a anistia geral para os
envolvidos nos movimentos re-
beldes do quadriênio anterior.
Em seu govêrno houve a revolta
de sertanejos fanáticos, no in-
terior ela Bahia, dirigidos por
Antônio Conselheim. O reduto
elos jagunços - nome dado aos
sertanejos - chamava-se Canu-
dos e muito resistiu antes de
ser exterminado. O escr itor
Euclides ela Cunha, que foi pro-
fessor catedrático elo Colégio
Pedro II, descreveu essa luta e
seus motivos determinantes no
Prude11te ele !IJorais conhecido livro "Os Sertões" .
Floriano Peixoto. Manuel Deodoro da Fo11secn.

Além de haver pacificado os ânimos, Pru_d_ente ele M_orais


A deposição elos governadores também não foi bem recebida rea lizou frutuosa administração: atenuou as cl1hculdades finan-
e verificaram-se alguns movimento rebeldes e manife tações ceiras decorrentes elas despesas feitas com a repres_são das
coletivas de militares, tocl s repelidos com energia por Floriano. revoltas; resolveu a questão de limites com a A~gen~ma - ~
A reposição, no Rio Grande do Sul, do governador Júlio de questão de Palmas ou d~s Missões; obtev~ que os mglese~ rest~­
Castilhos, que fôra deposto por haver aderido ao golpe de tuíssem a ilha da Tnndade, que hav1am ocupado mdevl-
Deodoro contra o Congresso, determinou uma revolução que clamente.
duraria dois anos e ensangüentaria o Estado.
A 6 ele novembro de 1893 rebelou-se novamente a esqundra Terceiro quadriênio: CamjJos Sa/les (1898-190~)·.
sob o comando ele Custódio ele Melo, que recebeu a adesão elo i\Ianuel Ferraz de Campos Sales, paulista, teve _como pnnc~p~l
almira nte Saldanha da Gama. Floriano ag iu com exemplar preocupação governar~J.ental _a restauração das fma~ças ~ras~lel­
energia e pôde assim vencer a revolta. ras, que aliás consegum reahzar graças a su~ en erg1a _e a onen-
tação elo Ministro da Fazenda, Dr. _Joaquzm. Murtmho, gue
Floriano dedicou tôda a sua atenção em debelar os movi- praticou um regime de severas econom1as. Campos S~les con[_w_u
mentos ele indisciplina: mereceu, por tudo que fêz em defesa ao juris onsulto Clóvis Beviláqua a elaboração do CodtfSO _c_zvt l,
elo regime, os cognomes de "Consoliclador ela República" e tarefa que só anos mais tarde seri.a coml~letacla, mas sigmfJcou
"Marechal ele Ferro".
mai · um serviço do seu govêrno ao Brasll.
Segundo quadriênio: Pntdente de Morais ( 1894-1898) . - Quarto quadriênio: RodYigues Alves (1902-1906) . - O
Prudente José de Morais e Barros, nascido em São Paulo, pro- período governamental de Fmncisco de Paula Rodngues Alves,

- 106- - 107-
também natural de S. Paulo, Sexto quadriênio : Hermes da Fonseca (1914-1919). - O
pleno de important es realiza- período presidenci al de H ermes Rodrigues da Fonseca) nascido
ções: Lauro Müller) Ministro no Rio Grande do Sul, foi prejudicad o pelas paixões politicas
da Viação) aparelhou o pôrto decorrente s do pleito eleitoral travado para a sucessão de Nilo
do Rio de Janeiro e desenvol- Peçanha. Não foi, portanto, apesar das boas intenções e da
veu as vias de comunicaç ão; honestidad e pessoal de Hermes da Fonseca, um período fecundo
Francisco Pereira Passos . Pre- de realizações.
feito do Distrito Federal, mo- Já na fase final do seu govêrno, em agôsto de 1914, teve
dernizou a cidade, construind o início na Europa, a 1.a Guerra Mundial (1914-1918), que iria
as primeiras avenidas largas que modificar profundam ente a situação econômica , política e social
o Rio de Janeiro possuiu; Os- do mundo inteiro.
valdo Cruz conseguiu eliminar
o perigo ela febre amarela, li- Sétimo quadriênio : Venceslau Brás (1914-1918). - O
vrando o Brasil de uma verda- presidente Venceslau Brás Pereira Gomes) originário de Minas
deira praga, que dizimava a po- Gerais, procurou acalmar as paixões políticas e restabelec er me-
Campos Sales. pulação e prejudicav a o con- diante severo programa de economias , as finanças do país;
ceito do país perante os estran- entretanto , já se faziam sentir as conseqüên cias da guerra e não
geiros. pôde realizar por completo o programa que planejara.
O ataque de submarino s alemães a navios nacionais levou
Quinto quadriênio : Afonso Pena (1906-1909) e Nilo
o Brasil a declarar guerra à Alemanha (1917), participan do
Peçan~a (1909-1_910). Afonso Augusto Moreira Pena) nascido fôrças brasileiras - de terra e mar - da fase final das hostili-
em Mmas Gerais, ocupou-se principalm ente com a economia dades, que terminara m com a vitória das forças aliadas.
do país e com o reaparelha mento das fôrças armadas. No setor
ela economia incentivou a imigração, construiu vias de comu- Oitavo quadriênio : Delfim Moreim (1918-1919) e Epi-
nicação e deu. gra~de impulso à agricultura . Essa fase de pro- tácio Pessoa (1919-1922). -Para sucessor de Venceslau Brás foi
g:resso do Brasil fOI atestada na Exposição N acionai ele 1908, rea- eleito o antigo Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves)
lizada em comemora ção do centenário da Abertura elos Portos. que não chegou a tomar posse por se encontrar gravement e
_Afonso P_ena morre~ em 1909 e foi substituíd o pelo Vice- enfêrmo no dia da mesma e logo depois haver falecido. En-
Presidente Nzlo P.rocópzo Peçanha) natural do Estado do Rio quanto, na forma da Constituiç ão, eram convocadas novas
de Ja~eiro, q~e c~·iou o ~inistério da Agricultur a e procurou eleições, ocupou a cadeira presidenci al o Vice-Presi dente Delfzm
estatmr o ensmo mdustnal. Durante o seu govêrno celebrou- Moreira da Costa Ribeiro) eleito para o cargo juntament e com
se um trata~o. com o U~uguai estabelece ndo a livre navegação Rodrigues Alves. Delfim Moreira ocupou o cargo de novembro
n~ Lagoa lYLI~Im e no Rw ]aguarão, o que demonstra ra o inte- de 1918 a julho de 1919 e o fêz com competênc ia e habilidade ,
resse do Brasil em cooperar para o progresso dos seus vizinhos. embora estivesse em mau estado de saúde e cansado por 4 anos
ele govêrno em Minas Gerais.
Houve i~tensa luta eleitoral para o quadriênio seguinte
entre os candidatos marechal Hermes da Fonseca e Rui Barbosa Em julho de 1919 subiu ao poder Epitácio da Silva Pessoa)
- apoiado aguêle pelas fôrças políticas lideradas por Pinheiro nascido na Paraíba. As principais realizações do seu govêrno
Machado. foram: a remodelaç ão do exército empreend ida pelo Ministro

- 109 -
- 108-
da Guerra João Pandiá Calógeras, civil e notável historiador; com a qual pretendia e tabilin r a er~ nomia brasileira. C! s~u
reconstrução de unidades navais e métodos novos de adestra- govêrno foi afetado pela c~ise_ muncltal de 1929, que at~nglll
mento do pessoal na pasta da Marinha, também entregue a um pro(undarnente 0 no_ss.o pn,netpal produto. de exportaçao, o
civi l, o escritor Veiga Miranda; as obras contra o flagelo das café, trazendo deseqml 1bno a nossa economia. _
sêcas na região nordestina. O Prefeito do Distrito Federal,
I-louve, mais uma vez, acesa luta eleitoral pela suce~sao c~e
Carlos Sampaio, continuou a obra renovadora ele Passo, ater-
Washin gton Luís, que apoiava declaraclam_et:te .a candi_~at Ul.a
rando parte da Lagoa Roclrigo ele Freitas e arrasando o Morro
de ]lílio Prestes, paulista. As fôrças opost c~omstas unua~11 -se
do Castelo, em cujo local surgiria mais tarde a Esplanada elo
em tôrno do nome de Getúlio Vargas,_ entao governador, ~o
mesmo nome, onde hoje estão alguns elos mais importantes
edifícios públicos e particulares ela cidade. Rio Grande do Sul. O Congre so Nacwnal reconheceu Ju~t?
Prestes como Presidente, mas a 3 de ou_tubro ele 1930 ven~t­
Houve áspera luta pela sucessão ele Epitácio entre os can- caram-se em v<lrios pontos elo Brasil, mov1mentos armadosyara
didatos Artur Bernardes e Nilo Peçanha, e quando o Congresso rleposiçã~ elo Presidente. A 24 ele ou~ubro de l 930, ~o RLO d~
Nacional reconheceu o candidato elas fôrças governamen tais Janeiro, Washington Luís viu-se obngado ~ entregar' o poder
Artur Bernardes como Pre idente ela República, verificaram-se ~\ Junta Militar - integ-r:ada pelos. generats _Tasso Fragoso e
levantes armados n a Vila Militar c no Forte de Copacabana Mena Barreto e pelo almu ant~ Isaw_: de Noronha - e que se
(5-7-1922). No levante do Forte ele Copacabana teve lugar um constituíra para evitar a contmuaça? da _luta a~m~da _entre
elos episódios heróicos que a História regista: a marcha brasileiros: faltava m enos de um mes para a termmaçao do
para a morte dos "Dezoito do Forte" que não quiseram cessar mandato elo presidente deposto.
a luta quando já não havia qualquer esperança de vitória.

Nono quadriênio: Artur B ernardes (1922-1926). O período


governamental ele A1·tur da Silva B ernaTdes, natural de Minas
Gerais, foi agitado por constantes divergências políticas e por
alguns movimentos armados, os quais, aliás, não lograram
êxito; transcorreu qu<~se todo sob estado de sítio, ou sej<J, sus-
pensão das garantias constitucionais. Apesar dessas dificul-
dades à sua administração, Artur Bernardcs patrocinou a
reforma ela Constituição de 1891, mocli.ficanclo alguns artigos
que a prática de 35 anos impunha, tornou efetiva a cobrança
do impôsto de renda e, principalmente, preocupou-se com a
defesa elas riquezas minerais do Brasil.

Décimo quadriênio: Washington Luis (1926-1930).


Washington Luis Pereira de Sousa nasceu no Estado do Rio
de ] aneiro, mas realizou a sua carreira ele político em
São Paulo. L evou para o govêrno duas preocupações prin cipais:
abrir estradas para faci li1ar as comunicações entre os centro
de produção e el e consumo; criar uma nova moeda, o cruze iro,

110- - 111-
outorgou ao Brasil uma Carta
Constitucional. Esta Carta carac-
terizou-se pelo fortalecimento do
poder central, com a quase com-
pleta supressão da autonomia do_s
Estados e com o aumento de atn-
buições conferidas ao Chefe do
O BRASIL DE 1930 ATÉ NOSSOS DIAS Executivo, cujo mandato foi fixa-
do em seis anos. F oram n omeados
interventores para os Estados, proi-
bidos o funcionamento dos par-
Vitorioso o movimento revolucionário, instalou-se um Go- tidos politicos e a existência de
vêrn? Pmvis?rio, sob a chefia de Getúlio Dorneles Vargas, bandeiras e símbolos regionais.
nascido no Rw Grande do Sul: começava a denominada "Repú- Nesse período criaram-se a
blica Nova". Justiça do Trabalho para resolver
• . O novo govêrno ir?e~iatamente promulgou uma Lei Or- as questões entre empregados e
Getúlio Vargas.
gamca, _Pela qual eran: llm_lt~das suas próprias atribuições legais empregadores e o Ministério da
e ~antidas algumas disposiçoes da Constituição de 1891. Foram Aeronáutica; e se expandiu a in- , .
cnados ent~o d_ois novos Mi~istérios: Educação e Saúde; Tra- dústria siderúrgica com Volta Redonda _e no dommw ~~s rela-
ba~ho, Industna e Comércw. Leis benéficas ao povo e ao ções internacionais houve o desenvolvimento da pohuca da
pais foram promulgadas pelo Govêrno Provisório: limitação das boa vizinhança assegurada pelas ligações pessoais de Roosevelt
horas de trabalho; reforma. d~ lei eleitoral com a instituição e Getúlio, que efetivou política sul-_americana de e~tendimento
do ~.ot? se~reto, do voto femmmo e da representação de classes e por ato legislativo perdoou as dívidas do Paraguai resultantes
profisswnais no Parlamento. da guerra contra Solano Lopes.
A revolução constitucionalista em 1932, de São Paulo
embora vencida, veio apressar a convocação da Assembléi~ Constituição de 1946. - Em 1939, com o ataque da Ale-
Constituinte, que se instalou aos 15 de novembro de 1933 tendo manha à Polônia teve início a 2.a Guerra Mundial, de que par-
a Constituição pela mesma elaborada entrado em vigdr a 16 ticipou efetivam~nte o Brasil,. com o envio da Fôrça Expedi-
de julho de 1934. cionária Brasileira, e que termmou em 1945, c~m a derr~ta d?s
regimes de tendências fascistas, totalitárias. Assim o Brasil? ~UJO
Govêrno Getúlio Vargas (1934-1937).- O chefe do Govêrno govêrno era acentuadamente centralizador e ?nde. as di~Icul­
Pr?visório foi eleito Presidente da República pelos consti- clades causadas pelo conflito internacional h aviam Impedido a
tUintes: seu mandato deveria durar até 1938. realização elo plesbicito par~ ap~ova~ão ~a Carta de 1937 e o
O regime instituído em 1934 só vigorou três anos: a 10 funcionamento do poder legislativo, tmed1at~n:ent~ procurou ?
de noven:bro de 1937, so~ a alegação de que a campanha elei- regresso às fórmulas políticas liberais tr~~Icwnais_: ?s parti-
toral enta~ ~ravada podena levar o país à guerra civil, o presi- dários do govêrno querendo uma Assemble1a C~ns~1~umte com
dente Getulw Vargas, apoiado pelas fôrças armadas e por quase Getúlio Vargas no poder, até que a futura Constltmçao entrasse
todos os governadores dos Estados, dissolveu o Congresso e em vigor e os oposicionistas realizando contra o mesmo desa-

- 112- - 113-
brida campanha, a q ue associaram elemenlos elas fôrças armadas.
A 29 de outu bro de 1945, querendo evitar o .derramamen lo de
sangue, Ge lúlio Vargas ren unciou o poder.
As fôrças armadas entregaram o govêrno, na form a es labe-
lecida pela Cana de 1937, ao minislro J osé L inhares, P resi-
de nle do Supremo Tribun a l Federal, o qu al ficou no cargo aré
a posse do novo Pres id en le, Ge neral E urico Dutra, elcilo a 2
de dezembro de 19'15, ve ncendo o seu principa l a n tago nisla, o
brigadeiro EduMdo Gomes, um dos "Dezo ito elo Fon e". Em
18 de setembro de 1946 fo i prom ulgada a atual Constitui ção.

Presidência Eurico Dutra (1946-195 1).- O ge nera l Eurico


Gaspcl1· Dutm, na lural de 1\Iato Grosso, h av ia sido Min istro
ela Guerra de Getúlio Vargas. o seu período govern amen tal
fo i instalada a Companhia H idm-Elétrica de S. Francisco, para
aproveitamen to da fôrça da cach oeira de Paulo Afonso e aberta
a esu-a da Presiden te D utm, qu e faz a ligação entre Rio e São
Paulo.

Presidência Getúlio Vargas (1951-1954). - Obtendo apre- P alácio da A lvoracla em Brasília (19 60 - ]unho).
ciáve l ma ioria ele vo tos sô bre os seus ad versár ios, Get úlio Vargas
vo lto u ao poder em 195 1. o se u govêrno foram criada a
Pelrobnís e a Elcctrobrás des ti nadas à defesa e exploração do . l ·Lo Presidente da R epública
A 3 de ou tubr~ de_ 1955 fo i e ~liveim, n atural de Mi nas
nosso petróleo e das nossas fontes de energia elétrica. Apesa r
o D L ]uscelmo Aubtlschek d del9r,5 estando n o exercício ela
do inco n testável prestigio pop ul ar que possu ía, Getúli o Vargas
enfren tou di ficul claclcs graves em seu n ovo período gove rn a- G erais. P: 11 el e n~ve~bro P~esid:Jei~te da Câmara dos DC])l~­
Presidê ncla da R epubltca oi P residente Café Filho soll-
mental: os vários p rob lem as existentes n o mund o inteiro n essa - Ca 1·los Luz IJOr la ver o . . C -.
ocasião eram agravad os pela violência e agress ividade el a ca m- tacl os, D· J . a tratamento e sau'd e, 0 Mimstro
' d ela ucuad
p a nha opos icionista. c i ta do licença par ' In movime nto arma o a
· L tt t ve de recorrer a u . .
Aproveita ndo um crim e comum, pl a nej ado c pralica clo H ennqu.e o c A à fórmul as constitu cion ais Vlgenles.
fim de p rocessa r o re torn ?. s bstituição de Café Filh o
ocul tamen te, e el e cuj a apuração resu ltou serem co nh ecidos b 0 venficou-se a su
abu sos p rat icados po r alguns elementos qu e traba lhavam no Ain da e~ novem r D- Nereu R amos, natural de Santa
)1eJo P res1elen te do Senado, r. . lA . té 31 el e ja nciro ele
Palácio do Ca tetc, a opos ição redobrou a violência de seus . ocupou a prcs1c enCia a . D.
a taq ues, de q ue resulto u o início da depos ição de Gel úli o Ca tann a, e que . d L 1 Presiden te do Brasil , I.
1956, qu ando subw ao po clr o a uau CUJ.O guvêrno vem ocor-
Vargas, que preferiu ma lar-se (2<1-8- 1954) . . b · 1· l de O wezrn er
j usce lmo Ku t 1se te ( A '. d aís c se p rocesso u a
Subi u ao poder o Vi ce-Pres iden te J oão Café Filh o, nascido · 1 d volvimen to econorm co o P . _
no R io Gra nd e elo Norte, e qu e deveria completar o período ele ren(o o csen . B · 'I·· e a conseq i.i enlc .ln sla 1açao
d d , . fJi tal [Jara I asl la
5 anos previsto pela Co nstituição. elmu ança da
o Estado <~ ca . . to em texto const ituciOn al.
Guan' a b ara prcvis

- 114 - - 115 -
uma das forma s de gov~rno
Mona rca - Reis sobera nos. Titula res de
eJ~::istente: a mona rquia. A outra é a repúb lica. Na mona rquia o
isto é, passa de pai para
cargo de chefe do govêrn o é hered itário,
lica o povo escolh e, pelo voto, o chefe
filho, ao passo que na repúb
do govêrno.
trabal ho.
Empr eendi mento - Emprê sas, execução de
DA TA S E VO C AB UL Á RIO Algem ado - Prêso com algemas. Algem as são argolas de ferro com que
se ligam as mãos dos prisio neiros.
vindo uros.
Poster idade - Gerações futura s. Temp os
- 1 -

-11 -
por llartolom~u Dias.
1487 - Desco brime nto do cabo das Torm entas
Colombo. esqua dra de Cabra l.
1402 - Desco brime nto da Améri ca por Cristó vão 9 de março de 1500 - Partid a de Lisbo a da
à 1ndia . É avista do o monte Pasco al.
1498 - Chega da de Vasco da Gama 22 de abril de 1500
.· .
se vê pela p11mc 26 de abril de 1500 Prime ira missa no Brasil.
1514 - Mapa de Leona rlo da Vinci ' onde tra vez 0
aplica do a um contin ente merid ional 1. 0 de maio de 1500 - Posse oficia l da
nova terra. Carta de Camin ha.
nome da América, embor a
ilhas d b
estendendo-se de leste para oeste e não às esco ertas por 2 de maio de 1500 - Partid a da esqua dra
para a 1ndia.
Colombo. frota ancoro u em frente da
julho de 1501 - Retôr no de Cabra l, cuja
Antig üidad.e - Idade antiga · u ma d as épocas em que se costum a dividi r a Casa da Mina.
H" Média d
ISt6 na. As outras épocas ou idades são·· em serviços de justiça , escreve
era d ·d
, urante a qual Escriv ão - Oficia l público, qu e trabal ha
os geográ ficos; Mode rna, quand o houve declar a ções têm valor de
m re uzt os os _conhe ciment
mpor'Jnea , que é a atual. têrmo s de p rocesso, atas, docum entos; suas
os grand es desco bnmen tos maríti mos·' Conte ' afirma ção oficial.
. caixa circul ar
Busso la .- ~gulh a magné tica monta da numa
e que apont a Pásco a - Festa anual dos cristãos, comem orativ
a da ressu rreição de Cristo.
a d1reçao norte.
lança âncora . Âncora é uma
d Ancor adow·o - Lugar onde a embar cação
Carav ela - Tipo de nav·o e constr ução portug uêsa. Possuía mais segu corren te també m de ferro e que segura os
1 peça de ferro, p rêsa numa
profu nda, e a combi na ã~
rança que a galera, cuja quilha era pouco navios no leito dos mares e dos rios.
ou quadr adas com veias
us~da pelos portnguêses de velas redon das
a da nau . Degre dado - Homem que sofreu a pena de
degrê do. Degrê do é a prisão
tnang ulares dava-l he maior velocidade que fora da terra do crimin oso.
Espec iarias - Temp êro para comida. Docum ento - É eleme nto princi pal para
estudo da História. Serve para
e do que está em se tenha verificado.
Prima~a -:- Super iorida de, priori dade ou seja qu alidad _ prova r a existê ncia de um fato que
prime iro lugar na ro-
pn.me tro lugar. Os portug uêses ficaram em P Autên tico - Verda deiro, prova do.
cuta de novas terras. significava médico, cienti sta.
Físico - Na época do desco brime nto do Brasil
Infan te - Título dado ~m p or t uga1 ~ E spanb a aos prínci pes n11o h~rd~iros gado superi or de repart ição
Guard a-m or - Tem duas sign ificações: empre
v~lh o do os.
do ~~·ono. O herd eiro do trono é o filho mais rei; os outros públic a, chefe de peque no grupo de soldad
são mfantes . que tem tí tu lo de nobre za .
Fidalg o - Indiví duo

- 116 - - 117 -
esmarias - Terreno al.t1da abandonado concedido a partiwlar para sua
- III-
exploração. t
[ ' li Direito exclusivo de transportar e vender. Só a coroa por LI ·
Formação cultm·al - O estudo ela cultura de um povo é o estudo do l\· onopo o - b s· l
uêsa podia colhêr, tran sportar e lcnder o pau · ra I . .
que se relaciona à vida dêsse povo: solo que h abita, produções, usos,
.g E. ·
im ôsto estabelecendo que l'tnle Por ento - o qu111to,•
costumes, instituições políticas, ociais, econôm icas, religião, ativid ades Qumto - 1a o P B .. . cabia ao govêrno portugues.
intelectuais, desportivas. A formação cultural é o desenvolvimento das do total - do ouro encontrado no ldS I1 , ,
atividades de um povo até chegar a determinado nível de civilização.
Nômade - Povo que não tem pouso fixo, que vagueia erra n te. -V-
Sentimentalismo - Canlter ou qualidade do sentimenta l. Sentimental,
sensibi lid ade, sentimentos afetivos. 1'-49 - 1553 - Govêrno de Tomé de Sousa. . .
"
1549 .
- Fundação da CJdade d c Sa l va dor' a pnmetra cidade fundada no
Fetichistas - Adoradores de ídolo, representados por objetos materiais.
Seguidores de religiões primitivas, rudimentares. Brasil.
1552 - Chegada do primeiro bi po do Brasil.
1553 1557 - Govêrno ele Duarte da Costa.
-IV- 1554 - l' undação ela cidade de São Paulo.
l "58 - 1572 - Govêrno de Mcn de Sá. . . . .·
1501 - Expediç·ão exp loradora d e Gaspar de Lemos.
" . ~ . - Uma administração unifi cada, centraltzada,
. _
d~·~·
eradora entende-se a altVI·
1502 - Arrendamento ela terra a l' ernão de Loronha. Ccntrahzaçao dtretora
.d J·nia Por clescentra 11zaçao op
1503 - Expedição exploradora de Gonça lo Coelho. gindo lo a a co o d. lá ·os trabalhando em seus lotes, aproveita ndo
d adc de todos os ona • n
1511 - Expedição da nau "Bretoa". l J a auto nomia que o rei lh es dera.
caca qua , . 1 ns autores
l ém da si nificação de dragão sa ldo do ma•, a gu . .
1521 - Morte de D. Manuel I c ascensão de D. João III. Caramuru - A · g . , pc· ·e denominado moréw.
t . . nome mdlgena c1o tx
1526 - 1528 - Expedição de Cristóvão J aques. actcsccntam ou ta. · f . ontrado pelos ind!gcnas
Prov;\velmcnte q uando Diogo Álvares OI enc ··te seme.
1534 - Instituição elo regime de capitanias. ao se abrigar no lt. tora l bat,mo, .. o q u e 0 viram ac haram que ~
lh ava ' ao refendo . .,
pe1xe. E c1at• 0 'apelido que lh e deram.. .
Colonização - f: a organizaç:ão de uma terra que foi descoberta ou co n.
, -
Atribwçoes . .
fmance1ras - Trato de assu ntos referentes . . a dwhetro da
quistada. Consiste principalmente na fi xação do homem na nova
terra, na exploração eco nômi ca da mesma, organização polftica c for· t• . branra de impostos c taxas alfan d egánas.
co uma , co ' T. ·am impor·
maç·ão de cidades. , > . ertencentes ;\ Companhia de J es us. IVCI
Jesllltas - I adres P . . . B . . 1• cristi 'ln izaram e civi lizaram os
I na l-Tistóna elo laSI . '
Mapa d e Cantino - Mapa elaborado em I 502 e onde j<i figuram aciden tes tantc pape . l'dacle· conu ibu!ram para
geográficos brasileiros. Foi refundido em 1504. ind!genas; foram elemen tos de Oldcm c mOla I ' '
a nossa expa nsão geográfica.
Alvará - Resolução assin ada pelo soberano ou monarca.
Deslumbrado - assombrado - entusiasmado.
Capitanias Hereditárias - Lotes de terras concedidos a particulares para
N . o - Homem que se prepara para ingressar em uma ordem religiosa.
administração e exploração por sua própria conta. Capitanias - por OVlÇ [ ' ·-
serem propriedades de capitães- mores - c he rcditr1rias - por pass::1rcm Catequese - a de chamar os in d!genas para a re lgta 0 .
Aç-o
de pai para filho. Auspiciosos - Esperançoso, prometedor.

-118- - 119
1711 - Duguay-Trouin no Rio de Janeiro.
VI-
Stídito - Aquêle que está sujeito a outro; vassalo.
1555 - .Franceses na Guanabara. Emboscada - Ato de atacar o inimigo de surprêsa.
1560 - Destruição das posições francesas. Trégua - Suspensão temporária da guerra .
1. 0 de março de 1565 - Fundação da cidade do Rio de Janeiro.
20 de janeiro de 1567 - Expulsão dos franceses.
- VIII -
1. 0 de março de 1567 - Transferência da cidade para o morro do Castelo.
Contrabando - Comércio proibido. Introdução de mercadorias estran- 1531 - Entradas promovidas por Martim Afonso de Sousa.
geiras sem pagamentos de impostos. 1595 - Entrada de Belchior Dias Moréia.
Armadores - Homens que armam e equipam à sua custa embarcações 1628 - Início das atividades de Antônio Rapôso Tavares.
para comércio, pesca e outras atividades marítimas. 1674 - Bandeira de Fernão Dias Pais.
Confiscada - Apreender para o fisco por motivo de contravenção. Fisco Iniciativa governamental - Medida tomada pelo govêrno.
é o tesouro de um país. Contravenção é o ato de violar a lei. Oriundo - Originário, procedente, vindo de.
Mercantis - Atividades comerciais. Missões - Aldeiamentos indígenas dirigidos por jesuítas.
Borgolês - Natural da Borgonha, região da França. Anhangüera - Nome indígena que significa "grande diabo" ou "aquêle
Metrópole - Nação em relação às suas colônias. O Brasil, por exemplo, que já foi diabo". Como os indígenas recusassem indicar onde estavam
foi colônia de Portugal; Portugal conseqüentemente, foi metrópole as minas de ouro, Bartolomeu Bueno fêz queimar perante êles uma
do Brasil. vasilha cheia de aguardente: os silvícolas acharam que êle tinha
Restinga - Porção de tena arenosa, situada nas proximidades de mares podêres sobrenaturais fois fazia o fogo pegar na água.
ou de rios.

-IX-
-VII - Silvícola - Habitante das selvas, das flo restas.
1709 - Início da guerra dos emboabas.
I 580 - 1640 - Domínio espanhol.
1710 - 1714 - Guerra dos mascates.
1612 - 1615 - Franceses no Maranhão.
1720 - Revolta de Vila Rica.
1621 - Fundação da Companhia das índias Ocidentais.
1789 - Início da Conjuração Mineira.
1623 - 1623 - Primeira invasão holandesa.
21 de abril de 1792 - Execução de Tiradentes.
1630 1654 - Segunda invasão holandesa.
Conjuração - Trama, conspiração. R eunião de muitas pessoas, em segrêdo,
1637 1644 - Nassau no Brasil.
para obtenção de al gum motivo.
1640 - D. João IV, rei de Portugal.
Inconfidência - Palavra significando delação, traição, rompimento de um
1645 - Insurreição pernambucana. segrêdo. Não deveria ser usada com referência ao movimento de 1789,
1654 - Retirada dos holandeses do Brasil. porque os que dêle participaram não foram traidores e sim dedicados
1710 - Duclerc no Rio de Janeiro. aos interêsses de sua terra natal.

- 120 - 121
7 de setem bro ele 1822 "Grito do lpiranga".
Conspit·ação - O mesmo qu e co njura ção.
12 ele outubro d e 1822 Aclamação de D. Pedro I.
Vila Rica - Antiga d enomina ção da a tual cidade de Ouro Prêto.
1. 0 de d ezembro de 1822 - Coroa ão do Imperador.
Prematuro - Que vem antes elo tempo; temporão.
Ingênuamente - O que é feito com irnpliciclade com inocência, sem Exílio - Destêrro, dcgrêclo, expu lsão da pátria.
mald ade. Carta Constitucioual - Documento que contém a Constituição de um
R estrições - Limitações, diminui ção, r ed ução. país. Constitui ção é a lei máx ima de um país, esta belece a orga-
ni zação administrativa c os direitos c deveres de todos os cidadãos.
R evolu çlí o Francesa - Revo lu ção do povo francês contra o domínio
absoluto dos re is - só os sobera nos faziam e executavam as leis, c Universid ade - Conjunto de esco las superiores.
contra os abusos da nobreza. Foi um movimento ele grande importância l\fetalu rgia - Tratamento científi co dos minerais para extração dos metais.
e que afirmou a igualdade de todos homens perante a lei. Cognome - Apelido.
J>atri arca - O mais velho, o chefe, o mais importante.
Abdicação - R enún cia, retirada.
-X-
1806 - Decreto do bl oq ueio co ntinenta l.
-XII-
1807 - Decreto ele Fontaineb leau .
1807 - Pa rt ida da Côrlc para o Brasil. 1822 - 1831 - R ein ado de D . Pedro I .
1822 - 1823 - Guerra ela Independência.
1808 - Abertura dos portos c liberdade industrial.
1824 - Constituição elo Brasil.
1815 - E levação do Brasil ;'t categoria de R eino.
1825 - R econ hecimento ela Ind ependê ncia elo Brasil pelo reino de Por-
1816 - Morte ele D. Maria I ; D. J oão VI, rei.
tu gal.
Transmigração - Ato de pa sar ele uma região para outra.
1825 - 1828 - Guerra de Ind epe ndê ncia do ruguai.
Coligações - Aliança, li ga, de diversos países para um fim comum; os
183 L - Abdicação de D . J>edro I.
países europe us uniram -se, coligaram-se para combater a França.
Abadessa - Superiora ele co légio de freiras.
Bloqueio continental - No caso em tela consist iu na proibi ção aos pa íses
Constituintes - Representantes do povo ele ito para elaboração ela Consti-
do continente europeu em terem comu nicações com a Inglaterra.
tui ção.
D elonga - Demora, adiamento, retardamento.
Constituição Unitária - A qu e atribu i maior soma el e pocl êres ao govêrno
Côrte - R esidência do monarca, também aplicável à ge nte que habitual-
Central.
m ente cerca o monarca .
Abdicação - R enún cia ao poder, entrega de cargo ocupado.
Impressão R égia - R epartição fun dada para imprimir jornais.
Espoliada - Privada de qua lquer coisa por processos violento e anorma is.
Algarvc - R egião situ ada ao sul de Portugal.

-XIII-
- XI -
7 de abril ele 1831 - Abdicação de D. J>eclro I.
1820 - R evolta do Pôrto.
1831 - R egência Trina.
1821 - Regresso da Côrte para Europa.
12 de agôsto d e 1834 - Ato Adicional.
9 el e janeiro de 1822 - "D ia do Fico".

122- - 123-
1835 - Regência na. Dep01 - I irar do cargo, expulsai do pode1.
23 de julho de 1840 -
R endição - Ato de entregar-se, sujeitar-lle.
Maioridade de D. Pedro li.
Di tadura - Forma de govêrno em que todos os podêres ficam em mãos
Assembléia Constituinte - R eun ião de representantes do povo, para elabo-
de um só homem, o ditador.
ração de uma constituição.
Tríplice Aliança - Aliança de três países. No caso, Brasil, Argentina e
Rebeldes - Revoltosos, insurgen tes.
Uruguai aliados contra o ditador do Paraguai.
Tutor - Pessoa que fica em lugar do pai do menor e qu e o educa e protege.
Batalha naval - Batalha travada em águas: mar ou rio.
Aríete - Máquina de guerra que servia para derrubar muralhas.
Navio capitânia - Navio chefe, onde fica o comandante de tôdas as
-XIV -
fôrças empenhadas na luta.
1842 - Revoltas em São Paulo e Minas Gerais. Legendária - Objeto de lenda, narrativa mara' ilhosa.
1845 - Fim da Guerra dos Farrapos.
1848 - 1849 - Revolta Praieira. -XVII-
Acessível - Pessoa tratável, amável, fácil no trato.
1850 -Lei Eusébio de Queirós proibindo o tn\Cico.
Apogeu - O mais alto grau; o ponto m áximo. 1871 -Lei Rio Branco ou do Ventre Livre.
1885 -Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva - Cotegipe.
-XV 1888 -Lei Aurea.
Abolição - Pôr fora de uso, anular, suprimir, Abolir a escravatura é
1854 - Primeira estrada de ferro. suprimi-la, terminá-la.
1861 - Primeira estrada de rodagem. E volução cultural - Cultura de um povo ou de uma época é o conju nto
de atributos dêsse povo ou dessa época. Evolu ção cultural é uma série
de modificações sofridas através dos tempos por qualquer povo ou
-XVI - civilização.
1851 - 1852 - Guerra de Oribe e Rosas. Tráfico - Comércio. Pode significar também comércio desonesto. Ato
indecoroso.
1864 - 1865 - Guerra contra Agu irre.
Côrte - Nome próprio dado à cidade do Rio de Janeiro no tempo do
1864 - 1870 - Guerra do Paraguai. Império.
1865 - Batalha do Riachuelo (11 de junho). Carta de Alforria - Carta em que o senho r concedia liberdade ao seu
1866 - Batalha de Tuiuti (24 de m aio). escravo.
1867 - Retirada de Laguna.
1868 _ Passagem de Humai tá (19 de fevereiro). Batalhas da Dezembrada: -XVIII-
Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. 1873 - Convenção de Itu.
Ditador - Chefe de govêrno investido de autoridade absoluta, que governa 15 de novembro de 1889 Proclamação da República.
sem limitação de poder. 19 de novembro de 1889 Criação da Bandeira.
Tirano _ Chefe de govêrno que abusa de sua autoridade, ditador cruel 15 de novembro de 1890 Instalação da Assembléia Constit uinte.
e agressivo. 24 de fe•·erciro de 1891 - Constituição do Brasil.

- 124- - 125 -
1914-1919 - Presidência DeHim Moreira.
Provútcias - Nome dado, no Lcmr o da mon arqu ia, às partes componentes
do Império do Brasil. ALUalrncntc essas partes denominam-se Estados. 1919-1922 - Presidência Epitácio Pessoa .
República Federativa - República é o regime d e govêrno em que os 1922-1926 - Presidência Artur Bernardes.
governantes são c colhidos pelo povo em eleições e têm prazo fixado 1926-1930 - Presidência Washington Luís.
de mandato. As repúblicas pod em ser unitd1·ias - predomínio do
CongTesso Nacional - É um dos pod êres dirigentes do país. Compele-lhe
poder central com pouca a utonom ia para os Estados ou Províncias -,
as fun ções legislativas, ou seja elaborar as leis.
e f edera fir/(/ s - com maior a utonomia pa1·a as partes componentes do
país. Constitui ção - É a lei que organiza um país. Nenhuma outra lei entra
em vigot se tiver disposições contrárias it Constituição.
Assestados - Apontados, dirigidos para.
Adesão - Ato de aderir. Aderir significa unir-se, juntar-se a determinada
Decreto - Decisão elo Chefe do Executivo - Rei, Imperador ou Presidente
pessoa ou grupo ou partido.
da R ep ública.
Se!"tanejo - Habitante do sertão. Senão - lugar distante, incullo, afastado
Cfunaras - O Bra il Linha duas C:imaras Legislativas no Império: Senado
de povoações.
e Cflmara dos Deputados. Na República essas duas cflma ras co nti-
nuaram existindo.
Conselho de Estado - Conselho Consu ltivo para assuntos admini n·at ivos. -XX-
Criado por lei de 23 de novembro de 1841, compunha-se de 12 membros
efetivos e 12 sup lentes, além dos membros da família imper ial. 24 de ouLubro de 1930 - D eposi~·ão de Wa sh ington Luís.
Vitaliciedade - Condição de vitalício. Vitalício é o que dura a vida 1930-1934 - Govêrno 1>rovisó rio de Getúlio Vargas.
inteira. 16 de junho d e 1934 - Promulgaç.ão da Constituição.
193-!-1937 - ]>residência Getúlio Vargas.
-XIX- 10 de no\'embro de 1937 - Outorga da Carta Con titucional.
1937-1945 - Presidência CeLúlio Vargas.
24 de fevereiro d e 1891 - Constitui ção do Brasil.
1945-1946 - Presidência José Linhares.
26 de fevereiro de 1891 - Eleição do Presidente e Vice Presidente da
República. 1946-1951 - Presidência E urico Dutra.
23 de novem bro de 1891 - Renúncia do !)residente Manuel Deodoro 1951-1954 - Presidência Cetúl io Vargas.
da Fonseca. 1954-1955 - ]>residência Café Fi lh o.
1891 -1894 - Presidê ncia Floriano Pei xoto. 1955-1956 - Presidência Nereu Ramos.
1894-1898 - !)residência Prudente de Morais. 31 de janeiro d e 1956 - Posse do at ual !''residente, Juscelino Kubitschek
1898-1902 - Presidência Campos Sales. de O.Ii vcira.
1902-1906 - Presidência Rodrigues Alves. 21 de Abril d e 1960: B1asília e o Estado da Cuanabara.
1906-1909 - Presidência Afonso Pena.
1909-1910 - Presidência Ni lo Pe anha.
1910-1914 - Presidência Hermes da Fonseca.
1914-1918 - Presidência Venceslau Braz.

- 126- - 127-
DE AMAN HÃ

Explicação e Agradecim ento

Há mais de trinta e cinco anos que nossa pol!tica editorial


vem sendo a de produzir livros de alto valor cultural, ou de
grande utilidade prática, a preços ao alcance do poder aquisitivo
médio do povo brasileiro.
Recentemen te, contudo, a marcha incontrolada da infla'<ão
vem pondo em perigo essa norma de trabalho e de dedicação à
causa pública, pois que torna insuficientes nossos recursos finan-
ceiros próprios. Recorremos, então, às instituições de crédito,
expondo-lhes, além das garantias materiais que estávamos capa-
citados a oferecer, a importância de nossa pre~ença no terreno
cultural brasileiro: acima de cinqüenta por cento de todos os
livros didáticos adotados no Brasil nos cursos secundário, normal
e comercial, são lançados por nós, além de alta percentagem nas
escolas primárias.
Quatro dêsses estabelecime ntos de crédito,

Banco Nacional de Minas Gerais S. A.,


Banco da Lavoura de Minas Gerais S. A.,
Banco Português do Bmsil S. A.,
Banco do Estado de São Paulo S. A.,

graças ao alto espírito público de suas administraçõ es, contribuí-


ram pronta e substancialm ente para que não modificássemos nossa
política de alta qualidade a preço acessível. A êles, pois, que-
remos deixar consignado desta forma pública o nos<·o agradeci-
mento sincero. Mais, ainda, queremos que cada estudante, cada
leitor brasileiro saiba que êste livro, com esta apresentação mo -
derna e funcional, é fruto também dessa cooperação, que benefi-
ciando as partes diretamente interessadas, beneficia de modo mais
amplo e não menos profundo tôda a Nação brasileira.
A DIRETORIA DA

COMPANH IA EDITORA NACIONAL

São Paulo, julho de 1960.

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