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CEMITÉRIO DA SOLEDADE: CULTO DAS ALMAS.

Ivan Pantoja Miranda


Jackline Karla Reis dos Reis
Jacqueline wanzeller
Joao Carlos C. Souza
Raimundo Edilson

INTRODUÇÃO:

O presente relatório é requisito avaliativo da disciplina de Antropologia Cultural


ministrada pela professora Daniela Cordovil no curso de Ciências da religião da Universidade
do Estado do Pará com alunos do 1º ano. Neste trabalho buscamos dissertar a respeito da
atividade realizada sobre o “Culto das Almas” no Cemitério da Soledade. Diante disto, este
relatório tem por objetivo descrever a pesquisa etnográfica realizada no mesmo. Além desta
seção introdutória o texto está organizado em três tópicos: O primeiro visa discutir alguns
aspectos históricos, sincretismo religioso e cultural e imateriais (valor simbólico atrelado, as
crenças e ao culto popular do Cemitério da Soledade). O segundo descrevemos a atividade,
buscando realizar uma síntese do que ocorreu. No terceiro, por fim, será nossas considerações
finais.
A presente pesquisa busca embasou-se na análise dos métodos do livro, O Trabalho do
Antropólogo: olhar, ouvir, escrever de Roberto Cardoso, para a utilização no trabalho de
pesquisa etnográfica, por meio da observação participante, etnográfica, iconografia e
qualitativa, perquirindo a memória acerca de acontecimentos do passado.

“Assim sendo, procurarei indicar que, enquanto no Olhar e no Ouvir "disciplinados" - a


saber, disciplinados pela disciplina - se realiza nossa "percepção", será no Escrever que o nosso
"pensamento" se exercitará da forma mais cabal, como produtor de um discurso que seja tão
criativo o quanto próprio das ciências voltadas à construção da teoria social”. Cardoso de
Oliveira (1998).
1. PESQUISA DE CAMPO AO CEMITÉRIO DA SOLEDADE (CNSS)

O Cemitério da Soledade é uma das mais antigas necrópoles do município de Belém, no


estado do Pará, sito na Avenida Serzedelo Corrêa, no bairro de Batista Campos. A epidemia de
febre amarela, em meados do século XIX, tornou necessária a construção de um novo cemitério
na cidade de Belém. Pois o antigo, no Largo da Campina, só era utilizado por escravos e
desvalidos, preferindo os de melhores condições continuar enterrando dentro das igrejas (apesar
da proibição). Então, em janeiro de 1850, foi inaugurado o novo cemitério, com capela de Nossa
Senhora da Soledade construída pelo Capitão Joaquim Vitorino de Sousa Cabral. Em dezembro
do mesmo ano, passou o cemitério para a Santa Casa de Misericórdia. As obras de
melhoramento ficaram prontas em 1854. Em 1863, o cemitério passou por várias
transformações. O arvoredo de casuarina foi derrubado, as grades de madeira foram substituídas
por parapeitos de tijolinhos côncavos, e a capela retalhada e caiada. Em 1880 os sepultamentos
foram encerrados. Entre os monumentos funerários de maior destaque está o jazigo do General
Hilário Maximiliano Antunes Gurjão. Construído nas oficinas de Lombardi, na Bréscia, com
trabalho de escultura feito pelo professor Allegretti, do Instituto de Belas Artes de Roma.
Entretanto, apesar de desativado, o cemitério de Soledade é ainda muito procurado. Tanto por
famílias de pessoas sepultadas, quanto pelo dia das almas (segunda-feira). Entretanto, a maioria
das religiões do mundo possui alguma crença sobre o que ocorre no pós-vida. Para quem segue
esse tipo de fé, além da saudade, fica ainda a preocupação sobre o que irá ocorrer com o ente
querido após a morte. Buscando a salvação dessas almas, foi iniciado, principalmente entre
religiões cristãs, o costume de se rezar pelos mortos, a fim de que consigam a glória e todas
segundas-feiras eram destinadas às preces pelas almas presas no purgatório. Isso se manteve e
se espalhou, inclusive no sincretismo religioso que existe no Brasil. Entre religiões afro,
segunda é o dia das almas, dos preto-velhos e exus, entidades que também intercedem pelos
homens. O ponto central do Culto das Almas em Belém, entretanto, é o cemitério da Soledade,
onde se concentra o maior número de mortos tidos como milagreiros. Em atividade desde o
começo do túmulo tido como o mais antigo do local, inclusive, é o da escrava Romana, também
chamada de escrava Anastácia, uma bela mulher que teve uma mordaça de ferro amarrada ao
rosto por se recusar a ter relações sexuais com os senhores de escravos. A sepultura dela, nos
fundos do cemitério, pode ser identificada pela grade ao redor do túmulo. Dentro, estátuas
negras de mordaça adornam o local. Outra escrava milagreira do Soledade é Preta Domingas,
morta em 1871 e enterrada no cemitério, como diz sua lápide, “em sinal de gratidão”,
supostamente por ordem da família a qual ela servia. Há ainda as almas das crianças, como a
do Menino José, o “Zezinho”, logo na entrada do cemitério, e a do menino Cícero, nos fundos,
além das almas dos gêmeos, no túmulo em formato de berço, atualmente intercedem pelos
jovens, recebendo brinquedos, chocolate e roupas como gratidão.

DESCRIÇÃO DO CONTEXTO:

A pesquisa elaborada de forma, etnográfica, iconografia e qualitativa, foi realizada na


segunda-feira do dia 03 de junho de 2019, nossa visita começou, as 17:40h, terminando as
19:00h quando os portões do cemitério fechou-se, Nossa atividade começou sendo realizado no
interior do cemitério da nossa senhora da soledade (cnss), sendo uma pesquisa de campo feita
pelos grupos 05 de alunos da turma ciências da religião da UEPA para disciplina de
antropologia cultura, ministrado pela professora Daniela Cordovil, no qual se fez presente junto
turma. O foco da proposta é de conhecer, vivenciar, entender e identificar o patrimônio cultural
observar a dinâmica social dentro do cemitério e suas as religiosas e práticas culturais,
significados e valores que marcam as experiências constitutivas do culto das almas do cemitério
da soledade. Foi feita uma pesquisa oral com os frequentadores e devotos do lugar e as respostas
permitiram uma compreensão mais completa das manifestações culturais e o perfil das pessoas
que as praticam, partindo daí, foram analisadas as relações entre pessoas e espaço, a questão
dos santos populares e o sincretismo religioso e as principais ofertas devocionais feitos em
túmulos.

2.1. SÍNTESE DA ATIVIDADE:

Nosso trabalho inicial, foi através de reconhecimento da área, fomos visitar o cruzeiro
do centro do cemitério, repleto de oferendas, os túmulos dos mais conhecidos e milagreiros,
fizemos os devidos registros como fotos e anotações, logo após fomos observador participante
da cerimônia, no final do culto, pedimos ao Diácono Raimundo Cordeiro de Brito, de 79 anos
que faz uma celebração há mais de 30 anos na Capela da igreja antes dos portões serem fechados
as 18:30 que nos fornecesse uma entrevistava, para que pudéssemos entender o significado da
ritualística do culto.

Diácono Brito: “Faço uma liturgia clássica, com bênçãos, recebendo as intenções dos
fiéis, para depois fazermos uma oração pelos mortos. Eles chegam aqui e escrevem os pedidos,
por saúde, trabalho, pela alma de quem morreu, essas coisas. Bem simples mesmo”, explica o
diácono que também afirma que a relação entre catolicismo e a religiosidade popular é firme e
positiva. É uma expressão religiosa muito mal redigida, fora do universo católico. Mas a igreja
não condena, entende que é uma expressão da fé. Ainda faz uma crítica em relação a
preservação do cemitério, peço ajuda aos universitários e pesquisadores que elaborem uma
solução para problemática da conservação e manutenção do cemitério. O cemitério está
abandonado, lama, mato alto. Na época de chuva, fica difícil vir mesmo. E também acho que
essa tradição vai se perdendo com o tempo."

Obtemos também entrevistas com o vendedor a 35 anos de velas na porta do cemitério


CNSS, Francisco de Jesus, de 52 anos: “Centenas de pessoas compartilham a devoção de
reservar o primeiro dia útil da semana para lembrar, pedir, rogar e desejar paz para aqueles que
já partiram deste mundo, ainda existem pessoas que dizem que são parentes desses mortos e
vem pedir graças e prestar homenagens aos mortos, mas também à personagens envolvidos pelo
misticismo”.

A aparente transferências culturais e religiosas ocorridas, explicada como "sincretismo


religioso", adeptos da umbanda e do candomblé relacionam com suas crenças dentro do CNSS,
contudo, conseguimos era uma entrevista que estava presente no local, prestando sua
homenagem, o pai de santo umbandista, Ronaldo Lobato, que nos explicou que sua visita as
segundas-feiras tem referência afro-religiosa a Obaluauê, no qual no seu sincretismo refere-se
a São Lazaro, e que costuma, assim como outros povo do santo, deixar oferendas no cruzeiro
do cemitério, como vinho, velas, agua, pipoca, comidas etc.

Pai de santo umbandista, Ronaldo Lobato: “Os Orixás são entidades que atuam entre o
mundo humano e o divino. Para ter a proteção deles, primeiro, é preciso acreditar e respeitá-
los. Agir de acordo com as leis deles, agradar as divindades, pela devoção e também atrair os
favores destes mestres divinos, através de oferendas, por exemplo Oboluauê, se satisfaz com
ofertas de velas brancas, vinho, água pura, coco fatiado com mel e pipocas, rosas, margaridas
e crisântemos. A oferenda deve ficar em um cruzeiro de cemitério, praia ou à beira de um lago
ou represa. ”
CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Basta um olhar mais atento para entender que o Cemitério da Soledade, possui
significado e importância artística, cultural, religiosa, documental, estética e imemorial, é um
campo da memória muito especial já que fora construído ou produzido pelas sociedades
passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa, além de representa os traços
culturais, a devoção popular atribuída a determinado morto tem origem em algum suposto
milagre ou na história de vida da pessoa.
Grande parte das pessoas não conhece a história da própria cidade e prática, o sentido e
o valor ao cemitério da Soledade tem para a cidade e para as pessoas que fazem uso dele, a
sensação de bem-estar e de intimidade com os mortos, foi relatada por vários momentos,
confirmando a forma de intercâmbio comunicativo entre vivos e mortos. São essas sensações
das pessoas que vão ao cemitério e que através de visitas frequentes, orações e oferendas
mantém viva a relação com o espaço, uma relação topofólica, de uma paisagem associada ao
conceito de pertencimento, relacionamento e afetividade ao lugar e ao convívio. A partir deste
entendimento, percebe-se que o cemitério não deve ser valorizado apenas como um objeto do
século XIX, com riquezas artísticas materiais. Ele precisa ser visto para além do seu espaço
físico limitado, pois engloba milhares de relações, fatos, histórias de vida e de fé, que
atravessaram os anos silenciosamente. As pessoas que o frequentavam no passado, as que hoje
visitam seus túmulos devocionais e aquelas que, futuramente virão até ele, trazidas por parentes,
desespero, necessidades materiais, doenças, crenças, ou curiosidade, é que o transformam em
um “lugar” ao qual são atribuídos novos sentidos.
REFERÊNCIAS

CARDOSO DE OLIVEIRA, R. O Trabalho do Antropólogo. São Paulo: UNESP editora,


1998.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Disponível em:


http://portal.iphan.gov.br/pa. Acesso em: 22 jun. 2019.

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