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INTRODUÇÃO:
DESCRIÇÃO DO CONTEXTO:
Nosso trabalho inicial, foi através de reconhecimento da área, fomos visitar o cruzeiro
do centro do cemitério, repleto de oferendas, os túmulos dos mais conhecidos e milagreiros,
fizemos os devidos registros como fotos e anotações, logo após fomos observador participante
da cerimônia, no final do culto, pedimos ao Diácono Raimundo Cordeiro de Brito, de 79 anos
que faz uma celebração há mais de 30 anos na Capela da igreja antes dos portões serem fechados
as 18:30 que nos fornecesse uma entrevistava, para que pudéssemos entender o significado da
ritualística do culto.
Diácono Brito: “Faço uma liturgia clássica, com bênçãos, recebendo as intenções dos
fiéis, para depois fazermos uma oração pelos mortos. Eles chegam aqui e escrevem os pedidos,
por saúde, trabalho, pela alma de quem morreu, essas coisas. Bem simples mesmo”, explica o
diácono que também afirma que a relação entre catolicismo e a religiosidade popular é firme e
positiva. É uma expressão religiosa muito mal redigida, fora do universo católico. Mas a igreja
não condena, entende que é uma expressão da fé. Ainda faz uma crítica em relação a
preservação do cemitério, peço ajuda aos universitários e pesquisadores que elaborem uma
solução para problemática da conservação e manutenção do cemitério. O cemitério está
abandonado, lama, mato alto. Na época de chuva, fica difícil vir mesmo. E também acho que
essa tradição vai se perdendo com o tempo."
Pai de santo umbandista, Ronaldo Lobato: “Os Orixás são entidades que atuam entre o
mundo humano e o divino. Para ter a proteção deles, primeiro, é preciso acreditar e respeitá-
los. Agir de acordo com as leis deles, agradar as divindades, pela devoção e também atrair os
favores destes mestres divinos, através de oferendas, por exemplo Oboluauê, se satisfaz com
ofertas de velas brancas, vinho, água pura, coco fatiado com mel e pipocas, rosas, margaridas
e crisântemos. A oferenda deve ficar em um cruzeiro de cemitério, praia ou à beira de um lago
ou represa. ”
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Basta um olhar mais atento para entender que o Cemitério da Soledade, possui
significado e importância artística, cultural, religiosa, documental, estética e imemorial, é um
campo da memória muito especial já que fora construído ou produzido pelas sociedades
passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa, além de representa os traços
culturais, a devoção popular atribuída a determinado morto tem origem em algum suposto
milagre ou na história de vida da pessoa.
Grande parte das pessoas não conhece a história da própria cidade e prática, o sentido e
o valor ao cemitério da Soledade tem para a cidade e para as pessoas que fazem uso dele, a
sensação de bem-estar e de intimidade com os mortos, foi relatada por vários momentos,
confirmando a forma de intercâmbio comunicativo entre vivos e mortos. São essas sensações
das pessoas que vão ao cemitério e que através de visitas frequentes, orações e oferendas
mantém viva a relação com o espaço, uma relação topofólica, de uma paisagem associada ao
conceito de pertencimento, relacionamento e afetividade ao lugar e ao convívio. A partir deste
entendimento, percebe-se que o cemitério não deve ser valorizado apenas como um objeto do
século XIX, com riquezas artísticas materiais. Ele precisa ser visto para além do seu espaço
físico limitado, pois engloba milhares de relações, fatos, histórias de vida e de fé, que
atravessaram os anos silenciosamente. As pessoas que o frequentavam no passado, as que hoje
visitam seus túmulos devocionais e aquelas que, futuramente virão até ele, trazidas por parentes,
desespero, necessidades materiais, doenças, crenças, ou curiosidade, é que o transformam em
um “lugar” ao qual são atribuídos novos sentidos.
REFERÊNCIAS