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https://archive.org/details/listadealgunsartOOslui
$(># whwíuss Slíisígwawto.

Depois que o Ill. mo Sr. Conego Luiz Duarte Villela da Silva nos
brindou generosamente com o artigo —Dos Archilectos Portuguezes =
que com gosto inserimos no antecedente numero do nosso Jornal, e que
sobremaneira tem agradado a todos os amantes das Bellas-A rtes , e a
todos os leitores que presào o credito e honra da Nação; veio por feliz
casualidade á nossa mào, pela de pessoa que muito se interessou sempre
e interessa por nossa boa reputação e fortuna, uma Lista de Artistas Por -
tugue%esi professores de differentes Artes colligida de vários escriplos
e documentos por um dos mais abalisados Litteratos que tem possuído
Portugal, curioso infatigável e exactissimo, que nos consentio a sua
publicação.
Esta Lista não é completa, como adverte o seu mesmo Author. Elle
sómente quiz pôr em lembrança os nomes dos Artistas, que no decurso
de suas leituras se lhe oíTerec èrão , e muitos dos qi aes não são geral-
mente conhecidos. Para os mais, aconselha elle a lição de Volkmar,
Taborda, Machado de Castro, e outros mais antigos Portuguezes, bem
como a dos muitos estrangeiros que tratárão deste assumpto.
Nós julgamos fazer algum serviço á Nação, aproveitando a liber-
dade que nos foi dada, e publicando essas mesmas noticias taes como
vem no manuscripto, confiando que isto excitará os Portuguezes doutos
a concorrer com as suas luzes, para que algum dia possamos ter um ca-
tálogo completo dos nossos Artistas, e uma Historia das Bellas-Artis em
Portugal.
Não querendo pois demorar a publicação deste precioso escripto,
prevenimos os nossos Assignantes de que suspendemos a continuação
do Vocabulário de Agricultura , em quanto não completarmos a Lista
dos Artistas acima referidos, a qual se poderá encadernar, quer em se-
parado, quer junta no fim do presente tomo do Recreio .
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ALGTJXTS ARTISTAS PORTUGUEZES

COLLIGI DA

DE ESCR1PTOS E DOCUMENTOS

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PfO DECURSO DE SUAS LEITURAS EM PONTE DO IrIMA NO ANNO DE 1825 ,


E EM IilSBOA NO ANNO DE 1839.

LISBOA
Ha 3mprcn$a UacianaL

!$^ 9 ,
ADTBUTSlTaiA


» i . J

Tendo eu, no decurso de minhas leituras, achado memoría de Artistas Por-


tuguezes pouco conhecidos, e de alguns estrangeiros, que trabalharão em Portugal,
fui apontando os seus nomes, e desses apontamentos tirei a presente Lista, que agora
ponho em alguma ordem.
Já se vê pois, que não escrevo um catalogo, em que entrem todos os Artistas
Portuguezes, hem faço a historia delles. Lembro alguns menos conhecidos, de que
achei memória. Aponto outros mais conhecidos, que se me oíferecêrào á penna *

quando escrevia; e ommitto o grande numero delles, que vem mencionados nas
obras de Taborda , e de Cyrillo Volkmar , na Descripçâo analytica da Estatua
Equestre do douto Esculptor Joaquim Machado de Castro, e em outras obras suas,

e também nas de alguns estrangeiros, que consultei.


Quem quizer ter amplo conhecimento dos nossos Artistas, e da Historia das

Bellas-Artes em Portugal, deve ler estas obras, e outras que disso tratarão ;
não per-
derá de todo o tempo em ler estes meus breves apontamentos; e ainda com estes

subsidios lhe ficará larga colheita ,


que possa aproveitar»
,

%xá^xXtcU&.

AlFTOíxso ai. VARES —


Foi ar- mesmo claustro em que também se

chitecto de elRei D. Sebastião, que iè o anuo 1376 (anno vulgar ou
em Alvará de 15 de Março de 1571 era
BALTAZAR ALVARES — Foi
? ).

lhe chama = Mestre das minhas U1TI

obras. = dos que fizerão o risco para o edi-


Fez a traça para o mosteiro de fício do primitivo collegio de S. Ben-

S. Bento, que por aquelíes annos se to de Coimbra, como consta das


intentava edificar em Lisboa, corno Actas da Junta de 13 de Junho de
consta da Benedictina Lusit. Tom. Í600, no archivo da Secre' aria da
2. pag. 419. Congregação.; mas não sabemos se
Volkmar Machado faz menção o seu risco se executou: exe(ii ou-
deste arehitecto entre os dislinctos se porém a traça que deo para o
do seu temoo, e diz que tivera a mosteiro grande deS. Bento de Lis-
Ordem da caoallaria. boa , chamado da Saude, o qual
AFFONSO D0MINGUE5 ~ Veja- se começou a edificar em 1598 e ,

se '>que escrevi deste arehitecto na é de tal arcbitectura , que parece


Memória histórica das obras do li. bastante para acreditar este insigne
niOíteiro Batalha. mestre, a quem Fr. Leão de Santo
Fr. Manoel dos Santos na Mo- Thotnaz chama famoso arehitecto
narch Lusit. P. VIM. pag. 784 diz ( Benedict. Lusit. Tom. 2. pag. 428.)
que Aífonso Domingues , arehitecto Era sobrinho doarchitecto deelRei
do conoento da Batalha , fora natu- Aífonso Alvares, de quem ja fadá-
ral de Lisboa e da freguezia da
, mos. (V. Volkmar pag. 161.)
Magdalena. Dicmo MARQUES —
Foi archi-
AFrONSO MARTINS — Foi O tecto de elRei, e vivia pelos fins do
mestre da obra do R. mosteiro de século 16.® Fez riscos para alguns
Odivelias , fundado por elRei D. mosteiros benedictinos, e entre elles
Dmiz, corno consta de uni docu- para o de S. Bento da Victoria do
mento da Se de Lisboa de 1324, Porto que é de boa architectura
,

citado ria Monarch. Lusit P. V. . e também para o Collegio de Coim-


Liv. 17. Cap. 23. bra. Consta das Actas Capital, da
AFFONSO DE MORAES Acho — Congregação de S. Bento , Junta
em memória que o claustro de S. de 13 de Junho de 1600.
PVancisco de Évora, obra grandio- RIOGO DE TORRALVA — Era
sa, fòra obra de Aífonso de Moraes, mestre das obras do grande mos-
e que assim consta de uma pedra do teiro de Belém ,
em 1557 ,
quando
mm
o O Recreio,

paraalli se trasladárao os ossos do Ave em \ ida do Conde. Fez o gran-


fundador elRei D. Manoel. (Vej. a de aqueducto que traz agoa ao con-
trasladação dos ossos etc. impressa
, vento de religiosas da mesma Vil-
com as obras do Bispo Pinheiro em la , e também os arcos das agoas
1784, 2 Vol. de 8.°) da cidade de Coimbra.
DOMINGOS DOMINGUES — Foi Acompanhando a elRei D. Sebas-
mestre da obra do claustro do R. tião á infausta
expedição d’Afri-
mosteiro deAlcobaça, mandado fa- ca , como divisador do campo fi- ,

zer por elRei D. Diniz, como cons- cou caplivo em poder dos bárba-
ta do letreiro entalhado em már- ros na batalha de 4 de Agosto de
more, que se lê no mesmo claustro, 1578.
defronte da porta do capitulo, e vem O Cardeal Rei , que mandava a
copiado na Monarck. Lusit. P. Ví. África D. Rodrigo de Menezes para
Liv. 19. Cap. 44. Foi lançada a pri- tratar do resgate do corpo de elRei,
meira pedra da obra no anno vul- escreveo-lhe em 6 de Setembro de
gar de 1310 (era de 1348.)

1578 as seguintes palavras Te- : =
35IOG© TEE2.EZ Engenheiro. reis cuidado e lembrança de man-
Esteve em Ailemanha , aonde ser- dardes saber de Filipe Tercio , que
vio por alguns annos ao imperador, c um engenheiro italiano que ia
,

com boa opinião. no exercito do Senhor Rei meu so-


ElRei D. João III o mandou brinho , que Deos tem , e o fareis
chamar, e ordenou que elle acom- resgatar logo porque é homem util ,
,

panhasse a Miguel da Arruda (de e que convém para o serviço da sua


que adiante falaremos) quando se- profissão . =
gunda vez o mandou examinar os FRANCISCO PIRES — Grande
lugares d’Africa e suas fortificações. Mestre de obras lhe chama Gaspar
(Mndrad. Chron. de elRei D João
. Corrêa nas Lendas da índia rns.
,

III. P. IV. Cap. 44.) Tom. 4.° pag. 343 verso. xAhi diz
EUGENIO DOS SANTOS — Foi O que Francisco Pires fora mandado
architecto da moderna Lisboa. (
Vej. por elRei á índia para fazer a nor
Yolkmar.) va fortaleza de Moçambique mas
ÉVORA — Foi so-
;

FERNABZ 2>E que tomando a náo de Lourenço


brinho de Marti m Vasquez (de que Pires deTavora (com quem elle ía)
era seu lugar falaremos) e lhe suc- por fóra da ilha de S. Lourenço,
cedeo no cargo de Mestre das obras não fizera aquella fortaleza mas ;

do insigne mosteiro da Batalha, de que dirigira a obra da de Diu fun- ,

que jáestava provido em 1448. Vem dada pelo grande D. João de Cas-
nomeado em vários documentos do tro depois da famosa victoria, com
archivo daquella casa desde 1448 que terminou o cerco daquella pra-
ate' 1473. (Vej. a minha Memória ça. Lançou-se a primeira pedra des-
histórica das obras da Batalha nas ta obra a 24 de Novembro de 1546.
Coilecções da Academ. R. das Scien- MESTRE HUET , HUGET , OU
cias de Lisboa.) OÜGUET —
De todos estes modos
FlXiXPjB TERCI0 — Engenheiro achamos escripto nos documentos
Italiano. Delineou o forte de cinco do mosteiro da Batalha o nome
baluartes, que defende a barra do deste architecto, um dos mais be-
Jornal das Famílias* 8

nemeritos (a nosso parecer) que di- S. João deTarouca no século 12.°,


rigirão aqtiella grande obra no tem- segundo a Chron. de Cister, Liv. 2.
po de elRei D. João I seu fundador- Cap. 4, e a Monarchia Lusitana
O primeiro documento em que se P. 111.
nomea este mestre é de 1402, por JOÃO DE CASTILHO — Diogo
onde nos parece ter sido o segundo Barbosa Machado na sua Bihlioth .

architecto da Batalha, e successor Lusit. lhe chama famoso archite-


de Affonso Dorningues, dequern já cto do seu tempo , e diz que fora pai
falámos. (Vej. a Memória histórica de Fr. Diogo de Castilho e a Bi-
:

já citada.) hlioth. histor. accrescenta que fora


Temos por mui provável que fal- filho seu Anlonio de Castilho, natu-

leceo em 1438, ou pouco antes, e ral de Thomar.


que aelle se deve attribuir a execu- Desenhou o grandioso templo do
ção da obra do Capitulo e Claustro convento da Ord. de Christo em
R., e talvez o fim do Templo e da Thomar, e o dos P.P. Jeronymos
Capella Real. de Belém em Lisboa.
JERONYKO DE RUAM Foi — ElRei D. Manoel pelos annos de
architecto da Infanta D. Maria, 1519 lhe tinha encarregado as obras
filha de elRei D. Manoel , a qual da Sacristia e Livraria do mostei-
lhe encarregou a traça da capella ro de Alcobaça, e era chamado
da Senhora da Luz , que mandava ~ Mestre das obras de elRei~(R.
edificar no convento daLuz da Ord. Archiv. da Torre do Tombo, Corp.
de Christo, recommendando-lhe que Chronolog. P. 1. maço 24. num. 4.
fosse hurna das melhores cousas da e 101)
Europa. (Vej. a histor. do insigne Por um Alvará de 23 de Setem-
apparecimento da, imagem de N. Se- bro de 1522 mandava elRei D.
nhora da Luz por Fr. Roque do João JIl dar a João de Castilho ,
Soveral , 1610, aonde se descreve mestre das obras de Belém , mil cru-
esta capella ,
e a perfeição do seu zados por conta da empreitada, ora
artificio.) A recommendação da In- com elle novamente ajustada sobre
fanta basta para mostrar a confian- o fazirnenlo das abobadas e pilares
ça que ella tinha na pericia do ar- do cruzeiro da igreja (R. Archiv.
chifecto. Corp. Chronolog. P. I. maço 28.
INOFRE DE CARVALHO — De num. 90.)
I nofre de Carvalho , grande archi- Por Alvará de elRei de 4 de Ju-
tecio , que elRei D. Sebastião man- nho de 1528 foiJoão de Castilho
dára reformar a fortaleza de Ormuz, nomeado Mestre das obras da Ba-
fala Diogo do Couto Dec. 7. Liv. 7. talha , que vagára por morte de
Cap. 10. Ahi mesmo diz que elle Mestre Mattheus. (Liv. 14. da Chan-
ordenára uma maquina de madeira cellar. d’E!Rei D. João XII afolh.
sobre rodas altas, para aguerra que 138 no R. Arch ivo.)
D. Antão de Noronha fazia aos Tur- JOÃO GARCIA —
Foi Mestre e
cos, quando estavão de cerco sobre
*
Vedor das obras de elRei D. Fer-
Baharêm. nando, como se vê da inscripção
joÃo FROILACO —
Construio a que existe no claustro do mosteiro
fabrica do mosteiro Cisterciense de benedictino deS. João de Pendora-
#### 2
: -
-

4 O Recreio

da ,
em leira allemãa minuscula, I ficações do reino, ern que foi em-
deste teôr pregado.
Fez a fortaleza de Cabeça Sêcca,
Era de 1420 annos don affon
e outras;- traçou o mosteiro novo
so martins abade deste moestei
de Santa Clara de Coimbra; o dor-
ro mandou faüer a obra desta
initorio novo e hospedarias do mos-
craastra por star maa , e foi
teiro das religiosas benedictinas de
feita per mâao de io/m garcia
Semide ; o dormitorio novo de Al-
de toledo , mestre e veedor das
cobaça; o das Inglezinhas de Lis-
obras delrey donfernando pa-
: boa o novo de Odivellas ; o bene-
;
ter noster.
dietino da Estrella ; o de Travan-
A identidade do nome, e do tempo, ca , e a igreja nova de Santo Tir-
rne faz crerque foi este mesw.o João so; e desenhou o mosteiro de Lis-
Garcia o que fez a obra da Colle- boa , etc. etc.
giada de Guimarães no proximo Por morte do P. M. Fr. Pedro
reinado de elRei D. João 1, segun- de Menezes, também benedictino r
do o letreiro gravado na parede do e Lente de Mathematica na Uni-
templo, e commemorado por Soa- versidade de Coimbra, occupou Tur-
res da Silva no Tom. 2. das Memó- riano aquelia cadeira por votos dos
rias deste monarca. estudantes, em renhida opposiçào-
TR. JOÃO TURRIÂNO —
Foi fi- com o Dr. Gaspar de-Mery, e a

Falleceo em
lho de Leonardo Turriano, homem leo por vários annos.
mui intelligente em obras de forti- Lisboa, e j^iz na capella mór da
ficação, e que nisso trabalhou neste templo de S. Bento cia Saude, aon-
reino, e de sua mulher D. Maria de tem sepultura, com este epitáfio :

Mancei , pessoas nobres. Sepultura do M. II. P. M.


Aos 18 para 19 annos tomou o Fr. João lurriano Lente de
habito de S. Bento no mosteiro de Mathematica que foi, na Uni-
,
Lisboa, a 29 de Novembro de 1629. versidade de Coimbra. Falle-
Sempre occupado nos estudos do ceo a 9 de Fevereiro de 1679
desenho, e no risco de obras de ar-
chitectura , a que o inclinavão os JOÃO VICENTE CASAII — Flo-
papeis de seu pai, sahio insigne nes- rentino. architccto,
Frade Servita ,

tas Artes. —
Seguio os estudos da eseulptor, e pintor. Falleceo em
Congregação henedictina com lou- 1593, de 54 annos. Veio a Portu-
vor, e mereceo ser nomeado pas- gal,- chamado por D. Felipe II

sante. para reparar algumas fortalezas do


Foi Lente de Mathematica na reino. (Vej. o Diccion. de Architect.
Universidade de Coimbra, e elRei etc. por Mr. C. F. Roland le Fir->
loijs. Paris 1770. 3 Vol. 4.)
D. João IV o nomeou Engenheiro —
mór do reino lugar que seu pai LEONARDO TURRIANO Foi
tinha occupado.
,


Servio a este mo- Engenheiro mór do reino , pai de
narca 13 annos, e foi o que dei i- Fr. João Turriano, de quem ha
ou as capellas móres das Ses de pouco falámos.
Viseu e Leiria, alem das obras do Entre os mss. da Livraria do
mosteiro de Alcobaça , e das forti- Collegio de S. Bento de Coimbra
— — —
m
Jornal das Famílias. 5

havia umque tratava (se a memó- MATTHEUS FERNANDES 2.° —


ria me não engana) das fortificações Foi filho do antecedente, e também

das iihas dos Açores , e seus dese- mestre das obras da Batalha. (Vej.
nhos , obra deste architecto. a Memor. Histor. , e o que fica
MAN ©EL I>A MAYA —
Vej. a notado acima no art. João de Cas-
Collecçâo de Memor. dos Pintores, tilho.)
Esculptorcs, e tc. porVolkmar Ma- MIGUE X. LE BOUTEUX Foi U —
chado a pag. 194. dos Artistas, que em tempo de elliei
MARTIM VASQUEZ —Foi um D. João V vierão para Portugal,
dos mestres das obras do mosteiro e aqui restaurárão a prática e gos-
da Batalha , em cuja direcção suc- to das Bei las Artes. Nas Memórias
cedeo a mestre Huet, ou Ouget ,
de Malta , impressas naquelle tem-
ou Iluget, de que acima falámos. po, vem o Mappa da ilha gravado
Tinha sido oparelhador da obra de por este Artista, e na firma se lê:
pedraria em tempo do fundador el- — Michael le Bouteux , Hrchitectus
Rei D. João 1. Begis sculpsit. 1736.=
ElRei D. Duarte o nomeou Mes- MIGUEI. FERNANDES — Vivia
tre e Divisador das obras por carta nos princípios do século 18.°, e é
sua dada no anno de 1438. E el- obra sua a planta e risco da actual
Rei D. Affonso V o confirmou nes- igreja do mosteiro benedictino de
te cargo em Junho de 1439, como S. João Baptista de Pendorada , a
consta do Liv. 2. da sua Chancella- qual se mandou executar no capi-
ria. tulo geral do anno de 1725.
Em 1448 já era fallecido, como MIGUEI. DA ARRUDA — Foi
consta de um documento do mos- mestre das obras das fortalezas des-
teiro da Batalha desse anno, em tes reinos , onde vivia e servia no
que figura Brites Lopes , mulher que reinado de elRei D. João III.
foi de Martirn Vasquez, Mestre que Foi elle o que delineou a fortaleza
foi das obras do mosteiro de Santa nova que elRei mandava fazer em
Maria da Victoria. Moçambique, em tempo do i Ilustre
Segundo o juízo que fizemos do D. João de Castro, como consta
tempo em que se edificárão as dif- da carta de elRei para este gover-
ferentes peças daqueile grandioso nador, que possuímos original, es-
ediíicio, classificámos a Marlirri Vas- cripta a 8 de Março de 1546.
quez em ordem inferior á dos mes- Em 1549 foi mandado a África,
tres que lhe precederão. (Veja-se a quando elRei quiz que se fizesse o
nossa Memona Histor. das obras da forte do Seinal para defeza de Al-
Batalha, já citada, nas Collecções cacere. (Andrad. Chron. de elRei D.
da Ácadem. R. das Sciencias de João III. P. IV. Cap. 35 e seg.)
Lisboa.) NICOX.ÁO DE FRIAS Vej. Vol-
MATTHEUS FERNANDES l.° kmar a pag. 161.
Foi este architecto o que delineou Foium dos architectos que acom-
e executou no mosteiro da Batalha panhárão a elRei D. Sebastião na
a soberba obra da chamada Capel- infausta empreza de África, e diz a
la imperfeita. (Vej. a citada Me- Chron. de Fr. Bernardo da
mória histórica.) que na marcha do exercito de Ar„
,- , ,

6 O Recreio ,

zilla para Larache hião pera sitia THOMA2S FERNANDES —


Falia
dores do campo P hei ipe Eslercio ita- delíe Damião de Goes na Chron.
liano, e Nicoláo de Frias, grandes de elRei D. Manoel P. II. Cap. 16,
archilectos. e diz que era na índia Mestre das
Sousa faz menção de Nicoláo na obras de ei Rei e que havia feito
Hist. de S. Doming. P. I. Liv. 1. todas as fortalezas que lá tinhamos
Cap. 27 fallando de uma religiosa até oanno de 1506. O mesmo tinha
de virtude, que fora sua irmãa. dito Castanheda , na Hist. da Ju-
SEBASTIÃO TIBÃO— Fez delle dia, Liv. 2. Cap. 45. chamando-lhe
menção Diogo do Couto, Decad. homem de bomsaber na sua arte, e
12. Liv. 4. Cap. 1. qualificando-o de de sutil engenho.
grande Engenheiro, e presumia que VAIENTIM — Re bei lo, na Des-
elle seria Flamengo de nação. — Ser- cripçáo do Porto faz menção de
via na índia pelos annos de 1599, um discípulo de Miguel Angelo ,
Engenheiro mór
e tinha o titulo de F
chamado alentim, que foi o author
como do mesmo Couto
se collige da admiravei fabrica da Cathedral
no lugar ckado, e nos Capp. segg. do Porto. (Vej. a dita obra, pag. 58.)

a pewta.

D OMINGOS DOS SANTOS BE


MORAES SARMENTO — Era natu-
1 das
lhe
leis , se a sua mesma prenda
não grangeasse a protecção de
do Fundão ,
Bispado da Guarda ,
pessoas de grande respeito, que ad-
e foi um
dos mais admiráveis Por- miravão , e prezavão a arte. Fi-
tuguezes da nossa idade na arte de cou na torre deS. Julião em prisão
escrever, e desenhar á penna. perpetua, e ahi mesmo trabalhava
Fazia toda a qualidade de letra de continuo na sua arte, ate que a
com grande etf acção , facilidade , morte o levou.
ebelleza Esta desgraçada habilida-
. He necessário ver as suas escri-
de empregou elle ern sua ruina, fa- pturas e desenhos, cheios dos mais
bricando de letra de mão, e dese- delicados ornamentos para avaliar
nhando á penna apólices do R. Era- o incomparável talento deste Artis-
tío, com seus miúdos e variados or- ta.
namentos, pelo que foi preso, e se- Eu vi copiada por elle á penna,
ria sentenciado á morte na fôrma com a maior perfeição , a grande
Jorna,l das Famílias. 1

estampa da Estatua equestre de el- MES pinheiro r-r— He natural da

Kei D. Jose I com a qual se en-


,
cidade de Braga* Fez o painel., que
o-anavão os olhos mais perspicazes, se conserva no Museo do mosteiro

confundindo-a com a original aber- de S. Martinho de Tibàes , o qual


ta a buril.
em um pequeno quarto de papel
Havia no Museo do mosteiro be- mostra o Calicc e a Hóstia colloca -
pedictino de S.Martinho de libaes dos sobre um grupo de nuvens , tu-
uma amostra deste extraordinário do feito á penna, e de letra de mão,
talento em quatro pensamentos al - e miudissima escriptura, em que se

legoricos , dedicados a gloria deNa- lê o Pater noster , Hve Maria , G lo-

poleão Bona parte, imperador que foi ria Palri~e os sete psatmos peni-
dos Francezes, feitos a penna em tenciaes. —
Foi feita esta curiosa obri-
1807, os quaes alli depositei sen- , nha em Outubro de 1816.
do-me para isso offerecidos pelo co- MANOEL BARATA — Copiai e-
ronel de milicias reformado Fran- mos aqui a noticia que deste Ar-
cisco Pereira Peixoto Ferraz Sar- tista nos dá o illustre Fiiologo Fran-

mento, meu particular e saudoso cisco Dias Gomes, na Memória,


amigo. Estas pequenas estampas que vem impressa no 4.° tomo das
quasi se não differençavão das me- de Lilteratura da Academ. R. das
lhores abertas a buril. Sciencias de Lisboa pag. 270 aonde
Este Artista era já fallecido em analysando um passo do Soneto 187
.1817, quando púnhamos em lem- de Camões , diz assim :

brança estes breves apontamentos. uO terceto he felicíssimo fecho,


DUARTE D ARMAS — Veja-se o digno de um tão beilo soneto, que
que dizemos deste excedente Artista foi feito em louvor do celebre Ma-

no artigo dos Debuxadores , Desenha- noel Barata , a mais insigne mão


dores e Pintores. O livro, de que de penna , que se conheceo na Euro-
lá falamos, que se guarda na Torre —
pa até ao seu tempo. ?? Compoz este
do Tombo, e que contem todos os luima Arte de escrever* digna de es-
desenhos das fortalezas do reino , timação pela verdade e simplicida-
e feito d penna com grande perfei- de dos preceitos , e pela elegancia
ção. e proporções da sua letra onde se
,

BUARTE LUIZ GARCES PALHA mostra mais a modéstia do que a


— Foi cadete no regimento de Cas- liberalidade, que tanto resplandece
caes. Eu
possuo duas paizagens da nos rasgos admiráveis dos caracteres
sua mão, desenhadas á penna que s inglezes. —
Bem sabia o grande Ca-
tem merecimento. Não sei se che- mões ,
que a Arte de escrever com
gou a alcançar este século 19. gentileza e bizarria de caracter he
FRANCISCO BE HOILANBA — huma prenda digna de todo o homem
Deste nosso celebre e douto Artista de bom gosto, e que deve ser esti-
falaremos em outro artigo largamen- mada, e ainda mesmo louvada por
te. Aqui notaremos sómente que os hum modo extraordinário, assim co-
desenhos que vem nas suas obras mo el!e o fez, que nesta matéria mos-
são feitos á penna com grande ma- trava ser bem destro, como provão
gistério. huns argumentos manuscriptos da
JOÃO BAMISTA VIEIRA GO- primeira edição da Lusiada, que
,; •

8 G Recreio ,

possuo os quaes tenho para mim


, bém fez progressos nas Artes de il-
serem da mão do mesmo Camões luminatura, pintura, e desenho, as
porque o caracter he o mesmo, que quaes exercitou na quinta de Santa
o do Mestre Barata cuja Arte e'
, Cruz dos Bispos do Porto, quando
um composto de preceitos, e refle- ahi esteve, na sua mocidade, na
xões sensatas, todas extrahidas da familia do Bispo D. Fr. Gonçalo
sua experiencia, e não como as mi- de Moraes, benedictino, de quem
seráveis Artes que se tem publicado era parente. (Vej. Retrato de Man .

haannos a esta parte de professores de Faria y Sosa , §. 10. e o Sup -


ignorantes, que não fazem senão piem. ao Diction. de Bayle , na pa-
trasladar, e ainda isso muito mal, lavra =Faria. ) =
acompanhando os ditos chamados TH0MA3 DA SILVA CAMPOS
preceitos com traslados dignos de Era professor de primeiras letras na
todo o despreso, pelo mal executa- Villa de Ponte do Lima, minha
do , fazendo esforços impotentes patria e eu, de quasi cinco annos
;

porque não se acharão ajudados do de idade, comecei e continuei a


genio para imitar os exemplares dos frequentar a sua escola, pelos annos
grandes mestres inglezes , e os do de 1771, aprendendo a ler, escre-
também grande Filipe JYeri nosso ver, e contar, e o caiheeismo pelo
portuguez , ha dois annos fallecido, compendio de Montpellier
cujas letras não são capazes de imi- O mestre era respeitável , c man-
tar. Seja desculpada esta pequena tinha na sua escola ordem, sizude-
digressão ao amador de huma Arte, za , e cuidado no estudo.
na qual poderia dizer, e executar A sua escriptura era d gosto pu- >

novidades, talvez ignoradas dos que ramente portug iez d nosso A i Ua >

a professão entre nós. ??— Ate aqui de, a quem imitava no caracter da
o douto critico Francisco Dias Go- letra, e nos ornamentos de cetras,
mes. aves, e flores, desenhadas a rasgos
Manoel Barata foi mestre de es- de penna.
crever de elRei D. Sebastião. Na Muitos annos depois, sendo eu
edição de Camões, feita em Paris já religioso, e o meu mestre faile-
em 1815, Tom. 3. pag. 414 se diz, cido, tive na minha mão um grosso
que fôra natural da Pampilhosa, e livro em folha, em que secontinhão
morador em Lisboa; que publicára muitos traslados feitosna mesma
a sua Arte de escrever pelos annos letra, letras debuxadas á penna,
de 1572; eque fôra o primeiro, que preceitos de bem escrever, princí-
na Europa publicára traslados aber- pios de Arithmetica, etc. etc. tudo
tos em chapa. escripto pelo mesmo professor, du-
MANOEL DE FARIA E SOUSA — rante o seu magistério. Possuia esta
Escriptor bem conhecido entre uós. obra um seu sobrinho. Faço gosto
Foi eminente na Arte de escrever , de recommendar aqui a memória
fazendo com perfeição toda a sorte deste excellente professor, e de pa-
de letra: copiava ápenna qualquer gar este tributo de gratidão ao en-
estampa tão destra, e subtilmente, sino que me deo.
que se podia duvidar , qual era a
de penna, qual a de chapa. Tam-
,

Jornal das Famílias. 9

(&$cu[ytoxt$ t ^ntãiljdiífoxcB

€to ocíra cm maireira ,


cm mctr.es ,
cm cera ,
cm barrí ,
ctc.
,

LKAKBRr justi — Egrégio tando Vasari.) O papa Julio II.


Estatuário, natural de Roma. Ye- lhe fez fazer dous tu mulos na igreja
ja-se o que diz deste sabio Artista de N. S. dei Populo em Roma, e
Voikmar Machado na Colecção de Leão X. lhe mandou fazer as escul-
Memórias , etc. a pag. 260. Falle- pturas da Santa Caza ern mármo-
ceo Justi em Portugal riV> an. de re etc.
1799, tendo vindo no de 1747. Ve-
,

AltfTOUIO FSSESIRA —Foi mui


ja-se também a descripção mialyti- distincto escuiptor em barro, e ce-
ca da Estat. Equestre de eIRei D. ra e ainda que não teve todas as
:

Jose I. luzes da Arte (diz hurn sabio Artis-


AMDF.É CDNTUCCI SANSOVINO ta e escriptor) teve o que se não ad-
— Parece que nasceo em 1461, pou- quire com o estudo, o gênio , ines-
co mais ou menos, pois achamos timável dom do Ceo , e teve-o em
que fullecera na sua patria no an. g rão eminente :
achdo-se cousas nas
de 1529 de 68 de idade. Foi cede - suas obras, que encantáo os rnais es-
hre modelador , bom desenhador , e crupulosos intelli gentes. (V. Des-
famoso na perspectiva , diz o i)ic - cri pção da Estatua Equestr. pag»
cion de *drchitectvr etc. de Ro-
. , 292).
land le. Firloys . Paris 1770. 3 vol. Voikmar pag. 256 diz, que não
4.° — Deixou a guarda dos reba- parece possível ver modeladas em bar-
nhos, diz ainda este escriptor, para ro melhores figuras campestres que
hir a Florença, onde seguio a esco- as que conhecemos deste Artista , ra-
la de Ant. Poliajolo, fazendo ta- ro do ultimo século (18.°)
manhos progressos na esculptura, O pai de Ferreira, Dionysio Fer-
que foi occupado nove annos por ei- reira, também era pratico na plás-
Rei de Portugal . tica. (ibid.) São obras do filho os
Com effeito consta, queContucci presepios da Cartuxa, da Madre
viera a Portugal para o serviço de de Deos do Coração de Jesus , e
,

eiRei D. João II, que o pedira a outros. Na ermida do Senhor da


Lourenço de Medieis, o velho. Aqui Serra em Bellas ha huma gloria de
achamos em memória que fizera hum Serafins cercando a imagem de Je-
belíssimo S. Marcos de mármore, sus-chrislo, que dizem ser delle
eque modelara, em barro, huma ba- etc. (Vej. o lugar citado de Volk-
talha dada aos mouros. Voltou á mar, e tombem nas Conversações
Italia em 1500 (diz Voikmar, ci- sobre a Pintura , Esculptura , e Ar -
,-

TO O Recreio,

a
chitectura a conversação 4. pag. crevendo-se a fabrica do mosteiro e
35 etc.) seus claustros, se faz menção dosrc
,

AFPONSO 2.0PEZ Achei me- — tabólos mui delicados de pedra (que


mória de Affonso Lopez Imaginá- , ainda hoje ali se veem, posto que
rio , em documento do R. mosteiro damnificados pelo tempo) e se di-
da Batalha de 1534 1555. — zem feitos por mam de João Ruam ,
DÜAETE MENDES — Vem em e doutros grandes officiaesi Era isto
documento da Batalha nomeado En- em tempo de elRei D. João 111.
cm 1535.
talho dor JOÃO FRIDERICO EUDOVICX —
Bioco BE CARTA — As Cadei- Veja-se acerca deste Artista o que
ras do Coro, na capella-mór da igre- diz Volkmar a pag. 176 e searg.
,
ja do Carmo de Lisboa, feitas de Jose Pereira de Santa Anna, na
talha relevada, com variedade de Chron. do Carmo tom 1. pag. 581
exquisitas figuras , e acçòes mui chama-lhe insigne artífice, e diz que
naturacs, forão mandadas fazer em íabricára seis castiçaes modernos
1548 pelo mais Insigne mestre que que scrvião na igreja do Carmo nos
no reino havia, chamado Diogo de dias festivos, e erão (diz) estimadís-
Carta ( Chron. do Carm. por Fr. simos pelo primor com que cstavão
Jose Pereira de S. Anua tom. 1. feitos.Apparecerão a primeira vez
pag. 578, e Memórias de Fr. iVla- em 1718, e custárão pouco mais
nocl de Sá pag. 390.) ou menos seis mil cruzados.
DION3fSl© FSRREIRA Veja- — No lugar citado de Volkmar se
se aqui acima o art. Antonio Fer- diz a sua naturalidade, os seus es-
reira. tudos, os exercidos variados da Ar-
CriEo EANNES — Vem nomeado te e obras que desempenhou etc.
com o titulo de lmaginador em do- JOÃO CON3AZ.VES RUA Cha- —,

cumento do 11. mosteiro da Bata- rna-se Entalhador cm docum. do


lha do an. de 1465. cartorio do mosteiro da Batalha de
HANRIQÜE PRANCEZ — Vem 1536.
qualificado Entalhador em docum. JOAQUIM MACHADO BE CAS-
de 1535 do mesmo mosteiro. TRO — Foi hum dos mais hábeis
GERONYMO CORRÊA — Insigne e mais ssibios Artistas dos nossos
Entalhador lhe chama Chron.
a tempos modernos. Da sua grande
de S Doming. tom. 4.
. pag. 99 e pericia nas Bellas Artes dá testemu-
101 , dizendo ser obra delle o reta- nho a magnifica obra da Estatua
bolo da capei la- mór do templo do Equestre de cl Rei D. José 1 que ,

mosteiro de Bernfica, que elle des- vemos e admiramos na grande pra-


empenhara com todo o desvelo e pri- ça do chamado, ainda hoje, Ter-
mor da arte. reiro do Paço de Lisboa e dos seus
— Na
;

JOÃO DE RUAM obra in- conhecimentos e instrucçào scienti-


titulada Desctipçain e debuxo do fica temos abonada prova (entre ou-
mosteiro de Santa Cruz de Coim- tras outras obras que compôz, e im-
bra , escripta em São Vicente de primio) na descripçdo anal i/ t i ca da
Lisboa pelo Prior D. Francisco em mesma Estatua e dos trabalhos ar-
1540, e impressa em Santa Cruz tísticos que precederão, e acompa-
de Coimbra em 1541 em 4., des- nharão a sua execução, ecollocaçao,
Jornal das Famílias. 31

obra que ellemesmo compôz e se 1667 com 63 annos de idade, por on-
imprimio em Lisboa na Imprensa de entendemos que nasceo em 1604.
Reg. em 1810 em 4.° Vej. a respeito delle Cyrillo Volk -
Tudo o que he obra d e Esculptu- mar Machado a pag. 251 , e Pal-
ra na Estatua, e seus ornamentos, lornino ahi citado.
pertence a Joaquim Machado de Ponz , na sua viagem de Ilespa-
Castro; e com grande ignorância, nha dá-nos noticia das seguintes
,

ou malevolência , se tem per tendi- obras de Pereira.


do dar o merecimento desta grande
obra a Bartolomeu da Costa, que 1. Na parochia de S. Andre' em
foi o Fundidor e que executou na
,
Madrid huma estatua do San-
verdade a fundição com rara inlel- to sobre a porta.
ligencia, e felicidade, mas que não 2. Na capella dedicada a S. Isi-
foi o esculptor , nem o modelador , dro lavradas as estatuas dos
que são os trabalhos mais difficeis S. S. lavradores , que passa-
e delicados da Arte. rão para os pilares da capella-
Eu possuo as quatro Estações do mór da igreja de S. Isidro.
anno de obra plastica, executadas 3. No uicho da porta que olha
por Joaquim Machado de Castro. para a praça, chamada da
Veja-se Vollcmar a pag. 265, aon- cevada , a estatua do Santo
de dá mais ampla idêa deste excel- (Isidro) que depois se pôz na
lente Artista, e das suas obras. igreja Real do mesmo.
JOSÉ DE ALMEIDA Vej. Volk- — 4.
a
Outra estatua de N. Sr. com
mar pag. 253 e segg. e a Descri - o Menino nos braços.
pção analytica da Êslat. Equestr. 5. Na igreja do Rozario dos P. P-
pag. 292. Dominicanoso Santo Christo

MANOEL DIAS V. Descripção do perdão .
anatyt. da Estai. Equestre pag. 292. 6. Na parochia e mosteiro de S.
A imagem da Senhora do Soecor- Martinho a estatua do Santo,
ro , que pelos annos de 1745 existia partindo a capa com Chris-
na sua capella, no convento do Car- to, e outra de S. Bento.
mo era obra do famoso Manoel
, 7. Na igreja de S. Antonio dos
Dias (diz a Chronica do Carmo , Portuguezes em Madrid duas
tom. 1. pag. 671 ) ^ feita nos pri- estatuas do Santo.
meiros annos , em que exercitou a 8. Na igreja das Benedictinas
sua arte , e delle fazemos menção , de S. PI aci do as quatro es-
por ser na opinião de todos o nuiis tatuas dos pilares da cupula;
insigne dos Estatuários que tem o
reino . O D lecionar, de Roland lc Vir-
Era também de Manoel Dias a loys que ja temos citado, fazendo
,

imagem do martyr S. Anastacio ,


menção de Emmanuel Pereira, Es-
que se venerava na mesma igreja do culptor Portuguez , diz que elle fal-
Carmo. (ib. tom.
pag. 705).
I. lecera em 1667, de 67 annos deida-
MANOEL PEREIRA — Este CX- de; e que fizera muitas estatuas pa-?
cellente Esculptor viveo e deixou as ra a corte de Madrid, e para dif-
suas obras em Castella falleceo em
: ferentes igrejas da llespanha.
#*#* 2
n O Recreio ,

Hindo eu no anno de 1821 visi- I raras perfeições. Viviàono sec. 18.%


tar a dos Dominicanos de
igreja I quando escrevia Rebello a Descri-
jBemfica , em companhia do nosso pção do Porto ,
donde tiramos esta
bem conhecido Artista Sequeira e ,
noticia.
admirando o Santo Chrislo de vul- NIC3LÁO franczz — Grande
to, em grande, que se venerava no Estatuário lhe chama Duarte Nu-
altar do cruzeiro do lado do Evan- nes de Leão na Dcscripçío de Por-
gelho, me assegurou Sequeira, que tugal, can. 23, aonde diz que fize-
era obra do nosso eminente Escul- ra o excel/ente retabolo de /V. Se-
pí or Manoel Pereira , fazendo- me nhora da Penha de Cintra , com
notar algumas bellezas delia, assim suas figuras de relevo, o qual he de
como de outra no altar fronteiro de huma pedra branca finíssima, e lus-
N. Senhora com o Menino nos bra- trosa , que se acha na mesma serra
ços. de Cintra. Luiz Mendes de Vascon-
Sobre o arco cruzeiro estão ou- cellos , Sitio de Lisboa pag. 209, ,

tras duas estatuas de S. Jacintho, falando do convento de Cmtra diz,


e S. Pedro inartyr, que >e diz se- que he mui notável p< la pe feit i es-
rem do mesmo Ma noel Pereira. culpiam do retabolo, que he todo de
Ponz diz que ha na Cartuxa de pedra a imiraoelmente. lavr ido.
.

3V1 iraflores, perto de Burgos, huma Faria e Sousa, na Europ. Portug.


belíssima a tatua de S. Bruno da tom. 3. part. 3. cap. 12. diz que es-
mesma mão (diz) da que está em te retabolo (que qualifica de mara-
tanta estimação sobre a porta da vilhosa sumptuosidade ) he todo de
Hospedaria da rua de Alcalá da alabastro, mandado fazer por el*
corte de Madrid , isto he , de Ma- Rei D. João Ilír por occasrão do
noel Pereira. nascimento do Príncipe D. Manoel.
MARIA josefa — Esta donzel- Jorge Cardoso, no Agiolog., nota
la ,
e outra sua irmâa ,
por nome ao dia 8 de Abril , diz que o bello
Thomazia Luiza Angélica, ambas retabolo do convento da Pena de
de honestíssimo procedimento, fi- CintFa de religiosos de S. Jerony-
,

lhas de Ignaci-o da Silva, escrivão mo , em que se veem muitos baixos


do Juízo de Malta, e de sua mu- relevos de excel lente fabrica , fòra
lher Gracia Teresa de Jesus, natu- mandado fazer por elRei D. João
raes da freguezia dc S. Ildefonso II l. pelo insigne a rlifice Mestre j\i-
da cidade do Porto , formavão de coláo Italiano.
cera tudo o que pode idear a ima- PJSDRD DE FRIAS — Hi) ma par-
ginação ou copiar a arte. Em cera
,
te com* que foi acrescentado, pe-
,

imprimião retratos perfeitíssimos, fi- los annos de 1510, o retabolo da


guravào arvores, flores, frutos, etc., capella-mór da igreja do Carmo de
realçando tudo com bellas cores, Lisboa, foi feita de madeira por
e tão naluraes, que enganavâo os Pedro de Frias, que nas memórias
olhos, tomando-se por natural hu- da ordem se qualifica de grande
ma roza ,
hum pomo, mi-
etc. O marceneiro daquelle tempo. He fei-
mo obras me-
e delicadeza de suas ta de semblagem com columnas diz a .

recerão os elogios das Pessoas Ueaes, Chrnn. do Carmo, tom. 1. pag. 580.
e de todos os que sabiào avaliar tão THOMAZIA IiVIZA ANGÉLICA
.

Jornal das Famílias. 13

— Veja-se acima o artigo Maria e vivia pelos ann.1549 e 1561 ern


Josefa , aonde fazemos menção des- que o acho commemorado em do-
ta sua irmãa, e da admiravel pren- cumentos da Batalha, por onde pa-
da de que ambas erâo dotadas. rece que trabalharia em obras da-
PEDRO TACA — Era Entalhador , quella casa.

(?5rat»a^0re5.

- \ GOSTINHO SUAREZ FLORIA- panha. Faz delle menção Ponz , na


NO — Gravador. No Regimento do sua viagem de Espana tom. 9. cart.
,

S. offic. impresso em
da Inquis ,
6. num. 17., dizendo que fora a Se-
Lisboa, nos Estáos, por Manoel da vilha mandado pela Corte para re-
Sylva, anno de 1640 em folha vem gular as operações da fabrica da
hutna bella portada, aberta em me- moeda , pelos annos 1730 e segg.
tal com a subscripçâo Agostinho ANTONIO PEREIRA — Grava-
Suare % Floriano fez =
Nol.°tomo dor.Na obra Tyrocinium Theolo -
dos Sermões do P. Franc. do Ama- giae , impressa em
Lisboa na offic.
ral , impresso em Braga por Gon- Craesbeeckiana em
1668, vem no l.°
çalo de Basto, vem a portada e ti- vol. huma estampa com a subscri-
tulo aberto em chapa de metal com pção =£ Antonius Pereira excudc-
a subscripçâo= August. Suar Fio - = . bat.
=
r ian fecit. ANTONIO pinto — Gravador .

André VETERANO — Na obra Na obra intitulada = Histor. do ap -


intitulada = Oxoniense Scriptum. de N. Senhora da Luz
etc. = impressa em Coimbra por parecimento
=
. .

impressa em Lisboa por Pedro


Diogo Gomez Loureiro ,
an. 1609 Craesbeeck,em 1610, em 4.°, vem
em folha vem no frontespício huma huma estampa de N. Senhora, com
estampa fina , e de algum mereci- sua tarja , e ornamentos aberta
,
mento^, aberta em metal. [A sub- em chapa de metal com a subscri-
scripção diz =
Andreas eteranus V pção= Antonio Pinto Lusitano ex -
fecit. = =
culp.
ANTONIO MARTINS DE AL- ANTONIO QUILLARD — Grav.
MEIDA — Óptimo Ensaiador de moe- Foi este hum dos Artistas, que no
da lhe chama
o autor da Histor. reinado de elRei D. João V., por
Geneal. tom. 4. pag. 421, e diz ordem deste Soberano, e por occa-
que como tal, e por sua grande pe- sião da fundação da Academia R.
rícia nesta arte fora pedido de Hes- da Historia forão chamados para
,

####
— -

14 O Recreio ,

—F
Portugal, e aqui se estabelecerão, scripção= Bernardo . Gayocomp.
e exercitárào as suas artes. Ha mui- Escu. Lisb. occid.
tas estampas do buril de Antonio BERNARDO DOS SANTOS —
Quillard em
diversas obras da Aca-
demia R. da Hist. e dos seus So-
Gravador. N a obra intitulada El =
Doctor eximio ^ y vener. P. Fran-
cios. Vej. as ultimas acções do Du- cisco Soares etc.
,
=
impressa no R.
que de Cadavql , impressas na offi- Coliegio das Artes, em Coimbra,
cina da Musica ern 1730. Firmava an. 1731, vem a estampa do retrato
as suas gravuras = Ant. Quillart do P. Soares, assás grosseira, com
— outras vezes
invenit et sculpsit. a subscripção =
Bernardo dos San-
= A. Quillard f. — tos a fez. 1730.=
B. BE ALMEYDA — Gravador. BRAS NUNEZ — Gravador. Na
No Theatro ffistor. Geneal. e Pa - Ethiopia orient. de Fr. João dos
negyr. da casa de Sousa, impresso Santos , impressa no convento de
em Paris em 1694, cujas exceden- S. Domingos, em Evora, an. 1609
tes estampas são de Giffart , grava- por Manoel de Lira, em folha, vem
dor do Rei vem a primeira do
, a portada do frontespício , aberta
frontespício com esta nota=B. de em metal, com a subscripção ==zJ3ras
Almeida incid. 1693 P. Giffart— Nunes fecit. —
fecit sculptor Regius. Parisiis. =. O Itinerário da índia de Fr. Gas-
aonde =
B. de Almeida parece = par de S. Bernardino, impresso em
indicar Artista Portuguez, que por Lisboa , na offic. de Vicente Alva-
ventura trabalhava em Paris debai- res, em 1611 , em 4.°, tem o fron-
xo da direcção de Giffart. tespício e titulo aberto em metal
BENTO MORGANTY Celebre — com vários ornamentos, e ahi se vê
Antiquário, e Artista Portuguez. lambem a subscripção bras nunes—
Achão-se na Histôr. Geneal. meda- =
fecit.
lhas e moedas gravadas por elle com CAETANO ALBERTO DE ALMEI-
a subscripção =
B. Morganti de - DA — Em concurso, que abrio se
lin = na caza da moeda de Lisboa , gra-
BERNARDO FERNANDES —
.

vou este concorrente huma meda-


Gravador. No Poema Elisabetha lha de Camões, de que possuo hum
triumphans de Fr. Jeronymo Vahia, exemplar. Tem o an. 1821 , e na
Benedictino , impresso em Lisboa face, e no exergo se lê Almeida —
em 1732 em 12, se vê hum frontes- F.=z
pício aberto a buril , com o retra- CARLOS DE ROCHEFORT filho ,

to do autor, titulo da obra, e or- — He hum dos Gravadores, que


namentos, e no fundo a subscripção trabalharão em Portugal no reina-
=z Bernardo Frz. Lisboa occid.= do de elRei D. João V. , íilho de
Conjecturamos que será do mes- Pedro de Rochefort , de que falare-
mo gravador a estampa do retrato mos no seu lugar. Ha gravuras des-
de Manoel de Faria e Sousa, que te Artista na Histor Univers. de
.

vem na obra intitulada Retrato = Vallemont , traduzida em Portuguez,


de Faria y Sousa =
impressa em e impressa em 1737 com a subscri-
Lisboa em 1733, a qual estampa, pção =
Carlos de Rochefort , filho .
he aberta a buril, e tem esta sub- 1783 = No segundo tomo da mes-
— •

Jornal das Famílias. n


ma obra vem huma estampa da arte estampas das Emprezas de S. Ben -
doBrazão, com a subscripção C. = to compostas por Fr. João dos
,

de Rochefort filius sculpsit.— Prazeres, Benedictino, e impressas


CARFINETTI Grav. Deste Ar- — em 1685 em foi. cujas chapas exis-
tista menção Volkmar Macha-
faz tião ainda nos primeiros annos des-
do nã saa Collecção de Memórias ,
te século 19. em hum mosteiro be-
etc. a pag, 115 aonde diz que Car- nedictino, aonde as vimos.
pinetti fora discípulo de Antonio FRANCISCO HARREWYN — He
Joaquim Padrão, e aponta algu- hum dos gravadores estrangeiros,
mas obras suas. Na Recreação Phi- chamados para Portugal em tempo
losoph. do P. Theodoro de Almei- de elRei D. João V.
da impressa em Lisb. por Miguel
, São frequentes as obras desse tem-
Rodrigues an. 1757, vem no tom. po , em que se veem estampas, e
4. algumas estampas com a firma vinhetas com a subseripção deste
zzzCarp. scul. Lisboa . Artista. O retrato deelRei D. João
A bei la estampa que representa I. estampado nas suas Memórias
o Marquez de Pombal, com a le- tema firma —Franc. s Harrewynde -
tra ~ Dignum laude vir um Musa lineavit, et sculpsit. 1730= O fron-
vetat mori —
aberta a buril tem as tespício desta mesma obra tem a sub -
subscripçôes = Parodi vultum ex- scripção= Fraiiciscns Cieir a Lusi-
pressit — —Carpinetti Lusitanus
: tanus invenit — —
Franc s Harre -
:

=
delineavit et esculp. 1759. wyn Scnlpt Lisboa. =
=
Volkmar lhe dá o nome de João Volkmar Machado explica-se a
Silverio Carpinetti. respeito deste Artista nos seguintes
CLEMENTE BILLINGUE — Grav. termos —
Francisco Harremyn abri- ,

Nas Emprezas de S Bento com- .


,
dor Regio em Bruxellas , gravou
postas por Fr. João dos Prazeres, os retratos dos Senhores D. João o
Benedictino , e impressas em 1685 IF , D. Affonso FI. D. Pedro
. ,

em folha se vê a estampa do fron- //. c D. João o F. em corpos in-


tespício com a nota Clemens Bil- — ,

~
ling. f. — Outra obra intitulada
teiros.
F. s. BRUNO — Gravador Na
— Cordel triplicado , etc. = em 4.° obra intitulada Estrangeiros no Li
.

tarnbem tem estampas do mesmo ma impressa em Coimbra em 1785


,

gravador. e 1791, vem algumas estampas com


Em huma Arte de xMusica, inti- a subseripção =
F. S. Bruno sc.—
tulada ArteMínima impressa ern , F. S. Bruno, gravou. Porto— Bru -
1685 vem huma estampa aberta em no fez. Porto. =:
metal, e firmada = Clemente Bil- F. x. r. —
Na Hist. Univ de .
ling. -
Vallemont traduzida em Portuguez
FRANCISCO BARTOLOZZI achamos no 3.° vol. inipresso°em
Veja-se a respeito deste illustre Ar- 1745 algumas estampas de medalhas
tista e grande mestre da bella
da Gravura a noticia que delle dá
Arte com a firma= F. X. F. P —
As tres letras iniciaes do nome fi-
Volkmar a pag. 289. zerão lembrar-nos o Artista Fran-
Francisco gomes Gravador . cisco Xavier Fabri Genovês de
,
Gravou em cobre a maior parte das que faz menção Volkmar Machado
=
16 O Recreio,

a pag. 229; mas não parece que se mos visto , he a estampa do retrato
ajustem bem as datas , nem mesmo de D. Eusebio Luciano de Carvalho
a especial Arte de Architecto , que Gomes da Silva, que vem no com-
Volkmar attribue a Fabri. pendio da vida deste virtuoso man-
GABRIEL FRANCISCO LUIZ cebo , fallecido em Goa de 26 an-
2>EBRIE —
Gravador, He outro Ar- nos, eleito, e já confirmado em Ro-
tista dos que forâo chamados pa- ma Bispo de Nankim. A obra foi
ra Portugal no reinado do Sr. D. impressa em 1792, e a estampa tem
JoãoV, diz Volkmar a pag 282, que as subscripções =
G. F, A. Queiroz
era Francez, e que gravou muitas fez = J. de Barros inv. Esta se-=
pranchas para a Hist. Genealógi- gunda parece ser de Jeronymo de
ca, e que em 1739 abrio os retratos Barros de quem Volkmar diz que
,

de elRei e da Rainha pintados por Queiroz fora discípulo no Desenho,


Ranc. Na Hist, Geneal. , nas Me- e Gravura de agoaforte.
mórias dos Templários , etc. acha- A linda estampa da morte de S.
mos estampas e vinhetas suas, dos Luiz Gonzaga he aberta por Quei-
ann. 1732. 1735. 1737. 1754. etc. roz , e tem estas notas :

Como porem Volkmar diz que Ga- « D. d. de Siqueira A. R. inv. et dei. 1799 »
brielFrancisco tivera hum filho, nas- u G. F. e Queiroz sculpt. em Londres sendo
,

disc. de F. Bartolozzi At » e no fundo


cido em Lisboa, e também Grava- . :

“ Gregorio Francisco de Queiroz Pensionar io


dor, nem sempre podemos discernir do Príncipe N. Senhor »
,

as estampas de hum das do outro ,

porque achamos as subscripções ora A estampa do Ecce homo , ou do


com o nome inteiro, ora com só o Senhor Santo-christo dos milagres ,
appellido : v. g. que se venera na igreja das religio-
sas da Esperança da cidade de Pon -
eiG. F. L. Debrie invenit et sculps. 1737 »
u Debrie inv. etf. » (1754).
ta-delgada na ilha de S. Miguel,
« Debrie delineator et sculptor Regius » (1754) foi aberta por Queiroz, e tem a sub-
« G. F, L . Debrie dei. et sculps. » scripção =
G. F. de Queiroz grav.
As estampas da Geometria de Eu- de S. Mag. sculp. em 1827 =
clides do P. Manoel de Campos, são O retrato do distincto Artista Cy-
abertas por Debrie em 1735. rillo Volkmar Machado, que vem á

BE GRANFRÉ — Gravador. He frente da sua collecçãode Memórias ,


ainda outro estrangeiro, que traba- etc. he gravado por Queiroz com

lhou em Portugal no reinado de el- grande perfeição, a meu parecer.


Rei D. João V. Na Geograf. His- =
Tem a subscripçào Queiroz G. de
tor. vem estampas suas, abertas em S. Mag. Fidel. sculp. em 1823 no =
Lisboa, nos ann. de 1729 e 1734. lado opposto se \èz=zM. Servam Pin-
GREGORIO FRANCISCO BE tou em 1791 .

QUEIROZ — Gravador, Deve ler-se Também parece ser de Queiroz a


Volkmar Machado a pag. 293. — estampa da imagem de N. Senhora
Quando começamos estes aponta- do Carmo de Lisboa, que tem a sub-
mentos em 1825 , era Queiroz tido scripção =
G./. /. Lx.* =
por muitos como o melhor gravador GASPAR FROES MACHADO —
que então havia no reino. Volkmar a pag. 130 faz menção
A obra mais antiga, que delle te- deste Artista, dizendo que gravou
-

Jornal das Famílias. 17

as estampas do retrato da Rainha JOÃO GOHSALVE3 —


Foi natu-
Sr.
a
D. Maria I, pintado por II
i
ral de Guimarães; lavrava moeda
ckey, retratista Inglez, pelos ann. com raro primor no anno de 1562,
de 1783. Foi Gaspar Froes discípulo reinando elRei D. Sebastião; e era
de Joaquim Carneiro da Silva, se- dotado de tão extraordinária habi-
gundo refere Voikmar a pag. 284. lidade, que não tendo cultivado as
Vej. Voikmar a pag. 286. letras, inventou maquinas e artefa-
JANUARIO ANTONIO XAVISR ctos que poserão em admiração os
— Na Histor. Eccl. Lusit. de D. homens mais doutos. Chamavão-ihe
Thornaz da Encarnação, Impressa por antonomasia =
o engenhoso =
em Coimbra em 1759, vem algumas Vej. o Elucidário deViterbo na pa-
vinhetas abertas em chapa de metal lavra = Engenhoso. =
com a firma =
Januario Antonio JOÃO SCHORXEN3 —
Foi natu-
Xavier afez.=> ral de Flandres, e parece que tra-
jeronymo — No Poema balhou em Castella. Na Vida do
z=.Successo do segundo cerco de Diuz=z Vener. Arcebispo de Braga D. Fr.
impresso em Lisboa em 1574 por Bartolomeu dos Martyres, impressa
Anton. Gonsalves , em 4. , vem no em Vianna em 1619 ern folha vem
frontespício hama estampa aberta o retrato do Arcebispo, aberto a bu-
a buril, que não carece de elegân- ril, com a nota do abridor
— =
Joan.
cia, e tem a subscripção Jeroni. = Schorkens fecit He provável que
Luis me f.
— seja da mesma mão a portada do
JOÃO BAFTISTA —
A Miscela - frontespício.
nea de Miguel Leitão de Àndrada, Acho em memória que gravára o
impressa em Lisboa por Matheus desembarque de D. Filipe II na
Pinheiro, em 1629 em 4.°, tem a praia de Lisboa, desenhado por Do-
portada do frontespício aberta a bu- mingos Vieira Serrão.
ril e na subscripção, que está (no JOAQUIM CAMSmO BA SIL-
exemplar que vimos) damnifiqada, VA — Cyrillo Voikmar Machado,
bem se lê = sta Lusitano fecit
. . . . = a quem tantas vezes temos citado ,
Antes desta primeira folha vem o dá ampla notícia deste celebre Ar-
retrato do autor, posto de joelhos tista (que viveo ate' os nossos tem-
diante da imagem de N. Senhora pos) dos seus estudos, dos seus tra-
da Luz , em acção de offerecer-Ihe balhos nas Artes, e do seu dlstin-
hum livro. cto merecimento. Vej. as Mernor .
Esta estampa tem a subscripção dos Pintores , Esculptores , etc. Por-
— João bautista fecit que he sem= tuguezes , a pag. 281.
duvida o mesmo que gravou a por- No Breuiar. Rom. , impresso em
tada. Lisboa em 1815 naTypograph. Reg.
JOÃO GOMES — Na obra — Fida em vem algumas estampas coma
8.°
e martyrio de S. Quiteria =. impres- firma —Silva f. —
ou —Silva dei .s==
sa em Coimbra em 1651 em 4.°, JOÃO gomes BAFTISTA Abri- —
vem no principio huma pequena es- dor de cunhos. Voikmar, pag. 288.
tampa da Santa degolada, de in- joÃo CARsmi. —
Na collecção
ferior merecimento , corn a firma de Retratos dos Grandes Homens
;= João Gomes. — da nação porlugueza , em foih. vem
####
18 O Recreio,

o retracto de D. A ffonso Henriques , Forão discípulos de Figueiredo


primeiro Rei de Portugal , com a Nicoláo Josê Corrêa, natural de
subscripçào =
João Cardini seulp. Lisboa, que estudou na aula da Fun-
em Lisboa. = dição, d onde sahio para a oíficina
JOÃO matheus —
Na Vida de do Arco do cego , e delia para a
Santa Rita impress. etn Lisb. Oc-
, Imprensa Reg. aonde falleceo em
,

cid. em 1735 em 4.° vem huma es- 11 de Dezembro de 1814. —


E Ma-
tampa, e nella a subscripçào J. s = noel Luiz Rodrigues Vianna, tam-
matheo seulp. = Ahi mesmo a es- bém Lisbonense, que ainda trabalha
tampa do S. Christo deLucca, tem na Tm prensa R.
a firma =J. S matheo seulp.— JOSÉ IiUCIO BA COSTA —• vulgo
JOSEFA BE AYALLA — Esta il- — o Coxtnho —
Vej Volkmar a
lustre Pintora, conhecida entre nós pag. 292.
pelo nome de Josefa de Óbidos , por No Tratado de Artilharia , tra-
ser natural desta Yilla, parece que duzido pelo Marechal de Campo
também exercitou a gravura por ;
Antonio Teixeira Rebello, e impres-
quanto na ediçào dos Estatutos da so em Lisboa em 1792, em 2 vol.
Universidade de Coimbra de 1654, de 4.° vem muitas estampas, aber-
em folh. , achamos uma estampa tas por este Artista, com a firma
aberta em metal , e nella a firma = Lucius sculpsit Lisboa. 1792
. =
— -Josepha Ayalla Óbidos. 1653.= ou = Lucius sculpsit. o lisip. 1792 =
J. CUSTODIO BE SÁ
,

Vimos — Sào deste Artista todas as estam-


huma estampa, de que não fizemos pas numeradas 1 a tê XXI
II. na Des-
outra memória, senão que tinha a cripção A alytica da Estat. Eques-
subscripçào =
J. Custodio de Sá tre , impressa em Lisboa em 1810.
inv. et delin. 1750.= JOSÉ TEIXEIRA BARRETO —
Na descripção fúnebre das Exé- Vej. Volkmar, pag. 298.
quias de elRei D. João V. impressa Havia nos Mosteiros de Tibàes
6
em 1750 em 4. , vem vinhetas e e Santo Tirso muitos quadros pin-
estampas de vários abridores, e en- tados por este Artista antes de h ir
tre elles acho —
J. Custodius de Sa para Roma, e depois que de lá veio.
inv. et deliniav. 1750. = Tinha caracter mui ameno, e huma
JOÃO BE FIGUEIREDO — Veja- grande viveza de engenho.
se o que diz deste Artista Volkmar Eu possuo algumas das suas es-
a pag. 278. tampas , e um quadro a óleo que
Possuo um camafeu com o retra- representa a=Resurreição de La-
to da Senhora D. Maria I. em pra- %aro —
de que elle me fez presente.
ta, que parece ser de Figueiredo. Por sua morte testou de grande
Tenho também huma peça de numero dequadros da sua collecção
porçolana de Bartolomeu da Costa, a favor do mosteiro de Tibâes , e
em que se vê aberta a maquina que com elles se deo principio ao Museu
suspendeo a Estatua Equestre de instituído naquella Caza Benediti-
elRei D. Jozé I , e nella se lê a na para onde eu também concor-
subscripçào =Lisboa. Gravada no ri
,

com todas as medalhas que ti-


,

Arsenal Real do Exercito por João nha podido ajuntar, e assisti á fun-
de Figueiredo. = dação e collocaçào das Pinturas etc.
:

Jornal das Famílias. 19

LUCAS VOSTERMANS — Era na- mesma Arte. Este pode ser o mes-
tural de Anvers. Pintor e
Gravador. mo de que aqui falamos.
Rubens lhe aconselhou dar-se ao MANOEL CORRÊA Depois da —
buril, e elle tratou de tal modo canonisaçâo de Santa Mafalda se
as ,

suas pinturas e gravuras ,


que ad- publicou huma estampa do seu tu-
quirio reputação, e celebridade em mulo no mosteiro de religiosas Cis-
ambas as Artes. As suas estampas terciensis de Arouea, aonde se lê

são mui procuradas, e até concor- esta inscripção


reo para fazer conhecido mais ex- ti Santa Mafalda Rainha de
tensamente o mérito de Rubens,
,

Castclla religiosa Cistercien-


l ambem gravou obras de Vandyck.
,

reformadora do mosteiro de
Usava da marca ^
V.— ( Diction.
se,
Arouea e declarada Santa pelo
,
d' Architecteure etc. par Mr. C. F.
S. P. Pio VI. na sua bulia ,
Roland le Virloys. Paris. 1770. 3 datada em 27 de Julho de 1792 ,
vol. em 4.°) cujo corpo se venera no mesmo
Na primeira Parte da Chron. da
mosteiro , obrando muitos mi-
Companhia de Jesus do P. Baltazar lagres V
Telles, vem a estampa do frontes-
piciocom a subscripção Lucas = Na extremidade da estampa tem a
Vorstermans , inventor , et scuipsit. firma =
Manoel Corrêa f. —
Vlyssipone , ex typograph. Pauli MANOEL RODRIGUES DA SILVA
Craesbeck. an. 1645.= —O autor da Hist. Genealog. , no
Em outra obra intitulada Har - tom. 4. pag. 421. o qualifica de
monia scripturae Divinae , . . . V iys- excellente artifice , inventor da cer-
sipo-ie ,ex officina Laurentii de An- rilha da moeda em Portugal.
veres , an. 1646, vem no frontespício MIGUEL LE ROUTEUX Archi-
huma estampa a buril, e no fundo tecto e Gravador. Foi outro estran-
a n<>ta= Lucas V orstermans inven- geiro dos que vierão a Portugal no
Annc 1646.
tor et sculp. = reinado de elRei D. João V, e ahi
LUIZ SIMONEAU Foi hum dos — concorrerão para o restabelecimento
estrangeiros, que vierão para Por- do gosto das Bellas-Artes.
tugal no tempo de elKei D. João V. Nas Memórias de Malta impres-
Nos escriptos dos membros da R. sas naquelle tempo se acha o mappa
Acadtmia da Hisior se achào fre- . da ilha, gravado por este Artista
quentes estampas e vinhetas deste com subscripção
a =
Michael le
ArtUta. Vej. a Geograf. Histor. , Bouteux , Architcctus Regis sculpsit.
impressa em 1784, as Antiguid. de 1736. a=
Braga ,
em 1738 a Vida do P.
, Em1752 abrio a fachada de Ma«
Vieira por André deBarrosem 1746. fra em huma estampa de 4 palmos.
etc. M. freyre — Na Hist. Pane -
A Simoneau era de Or-
fitmilia gyrica de Diniz de Mello e Castro*
lêans , e delia achamos noticia de primeiro Conde das Galvêas, im-
Carlos Simoneau gravador, nas-
,
pressa em Lisboa em 1721 em folha
cidoem Orléans em 1639 e falleci- vern a estampa do retrato de Diniz
do em 1728 e de Lui% Simoneau
, ,
de Mello com a firma =
M. Freyre
irmào de Carlos, e mui habil na .=
,

20 O Recreio ,

O. COR —
Achamos muitas estam- huma pensão mensal. Pintou os te-
pas e vinhetas, gravadas por este Ar- ctos do quarto da Rainha, e muitos
tista, no tempo de elRei D. João V, quadros para a galeria do Duque
e julgamos ser hum dos estrangei- de Cadaval pelos quaes parecia
,

ros, que nesse reinado forão cha- seguir a maneira deWateau, e acaso
mados a Portugal. ter sido seu discipulo.
O Codex Titulorum S . Eccl. Lis - PEDRO DE ROCHEFORT V ej.
bon. Patriarck. impresso em 1746, o art. Carlos de Rochefort que foi
,

traz huma estampa, em que se lê a filho de Pedro, e Gravador como


firma = O. Cor. sculp. 1745.= elle.
Na Vida do P . Pieira , impressa A estampa do frontespício da
em 1746, em folha vem algumas vi- Histor. da Academ. R. da Histor.
nhetas com a subscripção=0. Cor. = Portug. tem a subscripção De- =
PEDRO perret — Gravador. buxada, e aberta por Pedro de Ro-
Este Artista gravou em bronze o chefort. Lisb. Occid. 1728 As Me- =
elogio do insigne dominicano Fr. mórias Eccles. de Braga impressas
,

Luiz de Sotto-maior, que fez ajun- em 1732 tem na estampa do fron-


tar ao seu retrato Manoel de Sousa tespício =
Francisco P ieira invenit
Coutinho no an. de 1602, e de que = Pedro de Rochefort fecit . Lis-
faz menção na Fida do Arceb. D. boa. =
Fr. Bartolomeu dos Martyres, Liv. A estampa do frontespicio da
2. cap. 18. Ahi se denomina o Ar- Hist. Geneal. impressa em 1735
tista =
Esculpior de elRei . = tem a nota Acabado ao buril por
PEDRO ANTONIO QUIEEARD P. de Rochefort. =
— Este Artista foi hum dos que vie- Nas Memor. dos Templários vem
rão para Portugal no reinado de outra estampa com a firma Aber- =
elRei D. João V. to por Pedro de Rochefort. Lisboa.
Nasceo em Paris e quando era
;
1732.=
deli annos deidade desenhava tão Algumas vezes se lê simplesmente
perfeitamente , que o Cardeal de = Dc Rochefort ou = =
Retocado
Fleury appresentou algumas obras por de Rochefort —
podendo enten-
suas ao Rei Luiz XV, de quem der-se de Pedro ou de Carlos seu
,

obteve uma pensão de 200 libras. filho.


Hum Medico Suisso chamado O autor da obra intitulada Pren-
Merveilleux que tinha projectado das da Adolescência , impressa ern
escrever a Histor. Natural de Por- 1749, tratando da arte de minia-
tugal , e que para isso veio a este turar, a pag. 134 diz assim =E
reino, moveo Quillard a passar com Luiz Roupertt , Bouchardon Jus- ,

elle a Lisboa com o fim de desenhar siepe Abraham . . e Mariette com


.

as arvores, plantas, e outros obje- Rochefort Lusitano nos ensinão nas


ctos da Hist. Natur. suas obras a pennej ar, não só todas
Chegado a Lisboa e appresen- as roupas, mas ainda parte dos ros-
tando a elRei
,

hum quadro da sua tos, pés , mãos, ou carnes etc.


. . . =
mão, ficou elRei tão agradado delle, por onde se pode conjecturar que
que o nomeou desenhador e pintor algum dos de Rochefort escreveo
da sua Academ. da Histor. com 1 sobre a miniatura ou pintura, posto
Jornal das Famílias. 21

que nenhuma outra noticia temos — Natural de Lisboa, discípulo de


encontrado a este respeito. João de Figueiredo acima mencio-
rousseau —
Veio para Portu- nado, e depois discípulo também
gal no tempo de El Rei D. João V, do famoso Bartolozzi. Substituto da
e cá exercitou a nobre arte da gra- Aula do Dezenho no R. Collegio
vura. de Nobres.
Nas Memor. de Malta, impres- No Breviar. Uom. impresso na
sas em 1734 vem gravuras, firma- Typogr. R. em 1815 em 8.° ha es-
das =Rousseau sculpsit. == tampas com a firma =; Theodoro
Na
Hist. do Senhor de Mathozi- de Lima gr.° =
nhos se vê huma estampa com a A estampa do frontespício do Mis-
firma =
Rousseau sculpsit. Lisboa. sal Romano impresso namesmaTy-
173 6.= pogr. em 1820. tem a firma =F.
THEODORO ANTONZO 33E UMA A. de Lima Ogravou. =z

Cfliistntctorrs í»e Hama#.

AsTONIO JOAQUIM BE OII- eile tinha adoptado de dar muito


VEIB.A — Foi
primeiro Engenheiro
,

amassamento á náo e navios, é com-


Constructor com a patente de ca- tudo hum excellente vaso, hoje mais
pitão de fragata da Armada, ex- notável por ser a unica náo, que
cellente practico, e bom theorico. possue a Marinha portugueza que
,
Leve a estimação dos almirantes ha trinta annos ainda contava 12
inglezes Jervis, e Berkeley, que re- navios de linha em estado de nave-
conhecião os seus talentos, e os sa- gar. Falleceo este digno constructor
bião apreciar. Fez-se notável pelas pelos annos de 1816. (Nota dada
suas construcções, e particularmen- em 1839).
te pela da náo Príncipe Regente , ANTONIO LOPEZ FERREIRA —
e peio concerto da náo S. Sebastião Segundo Tenente da Armada. E^oi
,
á qual metteo quilha e cavernas so- discípulo e ajudante de Antonio Joa-
bre o mar. Construio a fragata Prin - quim de Oliveira, de quern acaba-
ceia do Brasil a curveta Felicidade
, mos de fallar.
,
e huma canhoneira com peça de ro-
dízio á popa. Construio também a
akttonio da silva — Contem-
porâneo de Manoel Vicente, de quem
náo D. João FI , lançada ao rnar logo daremos noticia. Foi servir nos
em 1815, a qual, apezar de seresen- estados do Brasil e construio na Ba-
tir do systema de construcção
que li ia a náo JVIartim de Freitas em
22 O Recreio,

1761 e no Rio de Janeiro a náo boa, esereveo um Tratado intitulado


,

S. Sebastião em 1767, ambas ex- — De re nautica — em que trata da


cedentes. fabrica dos navios.
BENTO FRANCISCO — D. Fran- JOÃO GALLEGO —
Foi constru-
cisco Manoel na Epanaph. Bellica ctor do celebre galeão N. João co-,

IV., em que descreve o conflicto do nhecido pelo nome de Bota-fogo e ,

canal , acontecido noanno de 1639, nomeado na nossa historia. Lste no-


falia do galeão Portugucz Santa tável vaso de guerra foi começado
Tcreza , capitana da nossa esqua- a construir ás Portas do mar , em
dra, que entrou no mesmo conflicto, Lisboa, a 29 de Agosto de 1533, e
e explica-se pelas seguintes palavras. trabalhando nelle diariamente 30
u Na retaguarda deste navegava a operários, foi lançado ao mar a 24
Tere%a , que fora para capitana des- deJunho do anno seguinte de 1534.
te reyno, fabricada por Bento Fran- Foi pedido expressa mente pelo Im-
cisco , homem notável entre os nossos, perador Carlos V ,e mandado no
cujo nome 6 bem que ande em me - soccorro que EIRei de Portugal lhe
moria pelos poderosos^
,
e excellentes deo para a em preza de Tunez em
navios , que fez nesta idade : pois 1535. (Annaesda Marinha Portug.
assim como o pai natural de filhos pag. 410.)
nobres e grandes e digno da vene- JOÃO BE MXONA —
Constructor
ração da posteridade, não menos o de hum a náo para elRei D. Affon-
deve ser aquelle, que artificial men- soIII, como consta da doação que
te gerou obras, não só il lustres por este Soberano, por esse motivo, lhe
sua magestade, mas utilíssimas por fez noan. de 1260. ( Annaes da Ma-
sua fortaleza á republica em a qual ; rinha Portug. pag. 17 , aonde cita
virtude não sabemos outro , que até a Monarch. Lusit. tom. 5. liv. 16.
o presente mayor lembrança haja me- cap. 12.)
recido ?) . JOÃO BE SOUSA PAIHEE — Foi
Póde ver-se na mesma Epana- capitão de fragata da Armada, e
,° Constructor do Arsenal Real da
phora o que diz o ilíustre escriptor 1

sobre a fortaleza deste galeão , fa- Marinha, habil theorico, e bom de-
bricado de madeiras da provinda senhador.
do Minho , sobre o que, escrevendo Sendo Ministro de Estado da Ma-
o General D. Loopo a elRei D. rinha Marlinho de Mello c Castro,
Felippe IV. lhe dizia « Eráo di- : construio a náo F
asco da Gama , e
gnos de ser guardados , como o pro- as fragatas D. João Príncipe , e S.
pino serro do Potossi aquelles mon- Rafael.
tes de Portugal , onde taes madeiras No ministério do Visconde de Ana-
se criavão. » dia construio a fragata Andorinha ,
FRANCISCO BOS SANTOS Na — e duas barcas, huma canhoneira, e
Memória a bem da restauração da outra de fazer agoada.
Marinha em Portugal por José . . .
.
Finalmente sendo Ministro D. Ro-
Maria Dantas Pereira impressa em ,
drigo de Sousa Coulinho (depois
Lisboa, na Typograf. Reg. em 1826, Conde de Linhares) e criando-se o
em um folheto de 4.° se diz que Fran- corpo de Engenheiros Constructores
cisco dos Santos , natural de Lis- foi nomeado cheíe deste corpo com
,

Jornal das Famílias. 23

a patente de capitão Tenente da Ar- Bahia nos estados do Brasil. Ahi


mada, e fundou a aula de Comtruc- construio alguns navio?, centre elles
çãn c Architcctura nanai na reforma a náo Príncipe do Brasil , lançada
de 1796, sendo lente delia por mui- ao mar em 1800. Conservou-se na-
tos annos. Falleceo em 1814. quelles estados ate á época da sua
JUIIÂO ? EEEIRA DS SÁ — independencia. Também pertenceo
Aprendeo na escola pratica de Ma- ao corpo dos Engenheiros Constru-
noel Vicente, e pela sua consuma- ctores , e leve patente de capitão
da experiencia foi hum dos mais pe- Tenente graduado da Armada.
ritos, e insignes mestres do Arsenal, MANOEL FERNANDES — Existe
de quem se confiava a direcção dos na R. Bibliotheca da Ajuda hum
trabalhos mais difficeis. Coadjuvou volume em grande folha com o ti-
a Torcalo Jose' Clavina (de quem tulo.
depois falaremos) em todas as suas « Livro de traças de carpinla-
construcçôes. Teve o especial encar- « ria com todos os modelos e
go de reconstruir as seis náos , que «medidas para se fazer toda a
successivamente entrárão no Dique, « navegação, assy d' alto bordo,
e que todas serião condemnadas «corno de remo, traçado por
se não existisse aquella excellente Manoel Fernandes officia! do
«
peça digna concepção do illustra-
, « mesmo officio. Na era de
do Ministro Martinho de Mello e « 1616 r> ms.
Castro, e que por hum máo fado Consta de 137 folhas, fóra seis
se deixou arruinar de todo nos nos- em branco no fim, e duas no prin-
sos dias. As náos sofrerão no seu fa- cipio, n*uma das quaes vem o Ín-
brico alterações essenciaes, a ponto dice , e rToutra e retrato do autor.
de se fazer huma delias de tres bate- Tem muitas estampas illuminadas,
rias, sendo d’antes de duas sómente. Immas que representão as náos da-
Quando se criou o corpo de En- quelle tempo promptas a navegar,
genheiros Constructores foi nomea- outras que mostrão afórma dos bar-
do 2.° ConstrucLor com a patente gantins, out ras differentes peças das
de segundo Tenente da Armada construcçôes etc.
MANOEL BUIS DOS SANTOS —
,

passando depois ate o posto de Ca-


pitão Tenente. Falleceo em 1821. (Vive neste anno de 1839). TIe na-
JOSÉ LOS SANTOS — Foi l.° tural de Lisboa, Capitão Tenente
Construclar no !lio de Janeiro, e da Armada, e o mais habil e dis-
lá falleceo em 1838. t.iricto Constructor que hoje tem a
,

FRANCISCO JOSÉ MARTINHO Marinha Portugueza.


— Segundo Tenente da Armada, e Viajou nos paizes estrangeiros com
segundo Constructor do Arsenal de o fim de adquirir novos conhecimen-
Lisboa tem dado riscos para vários
; tos na sua arte, e especial mente na
navios de guerra, e para alguns architcctura naval, segundo osysle-
mercantes. ma adoptado pelas principaes potên-
MANOEL BA COSTA — Discipu- cias marítimas, para o que traba-
lo de Torquato Jose Clavina. Ser- lhou por espaço de dous annos nos
vio no Arsenal de Lisboa donde Arsenaes de Inglaterra debaixo da
,
foi despachado Constructor para a direcção dos melhores mestres, tra-
24 O Recreio ,

zendo depois para Portugal precio- do em alguns logares entre


ella e a
sas instrucçoes e methodos, que cá cidade bacias, ou dócas para uso
infelizrnente se não tem querido do commercio.
aproveitar, sacrificando-se o distin- Tomou por sua conta fabricar 12
cto merecimento a interesses pes- escunas para a Companhia das Pes-
soaes, ea mesquinhas considerações. carias, e no espaço de hum anno as
Servio este habil constructor por construio.
tempo de 16 annos no Arsenal de Desenhou em 1829 e mandou li-
Pernambuco, aonde constmio o eu- thografar em 1830 hurna =
Finheta
ter Fernandes Fieira , que mon- allegorica aos novos inventos e me-
tava hurna peça de rodizio de cali- lhoramentos na sciencia naval mili-
bre 24-, e 16 morteiros de borda. tar etc. —
e tem publicado algumas
,

Construio mais as escunas Infanta outras estampas com modelos e de-


O. Maria Francisca , e Princeza senhos todos relativos ao melhora-
D. Maria da Gloria , que igualmen- mento da construcção, segundo os
te montavão buma peça do mesmo methodos praticados hoje nas nações
calibre, e fez muitos navios para a mais adiantadas, especial mente em
praça. Inglaterra.
Voltou a Portugal em 1823. Pas- Em 1825 obteve em Inglaterra
sou a Inglaterra , donde regressou patente de novo invento pela inven-
em 1826, e então foi empregado ção de hurna maquina a que deo o
em vários serviços até 1833 em , nome d e =. Polypasto de Santos —
que foi nomeado 1 .° Constructor do cujas vantagens forão observadas e
Arsenal de Lisboa. reconhecidas. ( Gazet. de Lisb num.
.

No an. de 1831 construio na Ci- 212 de 8 de Setembro de 1830).


dade do Porto a Real Escuna e ,

MANOEL VICENTE Este habil
hurna barcaça de querenar e em
: Constructor foi o que nos tempos
JLisboa concluio a corveta oito de modernos estabeleceo a Escola pra-
Junho , primeiro navio portuguez tica de Construcção no Arsenal R.
que se construio de popa militar , e da Marinha de Lisboa, d’onde de-
que foi lançado ao mar sobre hum pois sahirão excellentes mestres, e
berço de novo invento do autor, o peritos constructores. E postoque
qual evita os pródigos geral mente não tinha grandes conhecimentos
adoptados. theoricos , era comtudo dotado de
Concertou a náo Rainha depois rara habilidade, com a qual lhe
de ter sido dada por incapaz, e ha- foi facil comprehender o mais diffi-

bilitou-a a sahir ao mar com segu- cil da arte.


rança, e a entrar em linha de ba- Foi tambern o primeiro que ensi-
talha. Fabricou posteriormente todos nou a traçar na sala do Risco os
os navios da esquadra libertadora differentes planos de construcção,
em 1834 e 1835: e neste ultimo e a tirar as competentes formas, o
atino executou por ordem daCama- que até então se fazia , conio em
ra Municipal de Lisboa hum plano segredo, pelo constructor Inglez que
muito engenhoso para a formação dirigia o Arsenal.
de lnima estrada desde Santa Apo- Construio differentes embarcações,
lonia até o caes de Belem, forman- e entre ellas as naos Conde D. Hen*
Jornal das Famílias. £5

r que,D. João de Castro Princesa


,
chitecturanaval. Construio vários
da Beira Affonso de Albuquerque
, ,
navios de differcntes portes, a sa-
e Príncipe Real, todas excedentes. ber :

A ultima, Príncipe Real , foi lançada No


ministério do Marquez de An-
aoinar em 1768, e passou por huma geja , a náo Meduza em 1780, as
das melhores náos , que naquelle fragatas Tritão , Golfinho, Cisne ,
tempo havia na Europa. Hoje se faz e Minerva ,
as charruas Príncipe da
digna da lembrança da Historia, Beira ,
e Aguia ,
e o brigue Lebre,
porque nella se tra nsportou ao Bra- No
ministério de Martinho de Mel-
sil em 1807 o Senhor D. João VI, lo e Castro, a náo Maria /, e a —
então Príncipe Regente, com sua náo Rainha de Portugal a fraga- ,

augusta mãi a Rainha Senhora D. ta Ulisses os brigues Gaivota , Ser-


,

Maria [ e com seu filho o Senhor


,
pente , e Palhaço , o cuter Balão y
D. Pedro deAlcantara então Prín- e o hyacht Anjo.
cipe da Beira, e depois nosso Rei, A náo Rainha de Portugal , fa-
e sempre saudoso Libertador. bricada ern 1790, foi huma das mais
EIRei D. José I , conhecendo o bellas obras deste Constructor, tanto
grande merecimento de Manoel Vi- pelo seu grande andamento, como
cente, o nomeou l.° Constructor, e por sua elegante fôrma, e por outras
lhe conferio as honras do posto de boas qualidades que muitas vezes
Capitão Tenente da Armada, dan- attrahirão a admiração dos estran-
do-lhe o ordenado de 4:800 réis por geiros. Por duas vezes que esta náo
dia, que d’antes sómente se dava foi aos portos da Grã-Bretanha, os
aos Constructores estrangeiros que constructores Inglezes lhe tiravão o
vinhâo servir em Portugal. risco, e as dimensões. A Rainha
TORÇUATO JOSÉ CLAVINA — Senhora D. Maria I attendeo o me-
Foi discípulo de Manoel Vicente, e recimento deste Artista, conceden-
succedeo-lhe no lugar de 1 .° Constru- do-lhe o lugar e ordenado do seu
ctor. Era mais practico doquetheó- antecessor, e condecorando-o com o
rico ; mas tinha singular gosto , e habito da Ordem de N. S. J. Christo,
rara aptidão para as obras de ar- Falleceo pelos anrios de 1800.

Pintarei, Uesenljaimcs, JRimatumú


etc.

A
xA-rpojgso sanchez coelho— e seguio a escola do primeiro, se«
Foi discípulo de Rafael em Roma ,
gundo Palomino,
e de Antouio Moro em Hespanha Foi Pintor de D. Felipe II, aquém
,
.

26 O Recreio ,

muitas vezes retratou, e teve gran- tor , e com este titulo o acho nomea-
des estimações deste Príncipe, e de do em documento da Batalha do
sua irmãa a Princeza D. Joanna , anno 1592.
mãi de elRei D. Sebastião. ALVARO 2>E PE2>RO (PERES) —
O
Papa Gregorio XI 1 1, Xisto V ; O Diccion. de Architect. etc. por
os Duques de Florença e Saboya o C. F. Roland le Virloys , de que
estimárão ehonrárão em grande ma- falamos em outros lugares, faz men-
neira. A sua caza era frequentada ção de Álvaro de Pedro , Pintor
pelo Cardeal Grambellas, pelos Ar- Portuguez , que vivia em 1450, e
cebispos de Toledo e Sevilha , por teve reputação.
D, João de Áustria, pelo Príncipe AN35RÉ gons alves — Pintor ,

D. Carlos etc. D. Felipe II lhe cha- discípulo de D. Júlio Cesar de Fe-


mava o Ticiano portuguez , e pas- mine, bom Pintor Genovez, que
sava muitas vezes por um transito por muito tempo morou em Lisboa.
reservado para o ver pintar. Adquirio tanta franqueza, e liber-
Lope de Yega o elogiou e cele- dade na Pintura que fez infinito nu-
"brou no seu Laurel de Apollo. Fal- mero de obras para a Corte e para
3eceo pelos annos de 1600. as igrejas em estilo tão bello, e cor-
Ha delle no Escurial em diffe- , recto , que se tivesse feito estudos
rentes lugares, e capellas da igreja : em Italia, teria excedido todos os
pintores da sua nação. Teve iguaes
S. Gregorio , e S. Ambrosio.
talentos para a figura dos homens,
S. Basilio M. , e S. Alhanasio.
e para a dos animaes, que perfeita-
S. Jeronymo e S. Agostinho
,
mente imitava ao natural. Tal e' o
S Paulo , e
. S. An tão abbade.
juizo do Diccion. acima citado. Ve-
S. Lourenço e S. Estevão rnartyres.
,
ja-se o que diz de Andre Gonsalves
S. Vicente e S. Jorge rnartyres .
,
e de suas obras Volkmar a pag. 88.
S . Clara ,
e S. Escolástica.
Falleceo em 1762 com 70 annos e
S. Paula , e S. Monica.
meio de idade.
S. Catharina , e S. Ignez.
S . Bento , e S. Bernardo.
ANTONIO MACIEL — He qua-
lificado como Pintor de fama por
Veja -se Volkmar Machado a pag. 66, Fr. Luiz de Sousa na Vida do Ar -
e Ponz, Viagem em Hespanha. ceb. L. 5. c. 5.
, e diz que por or-
No folheto intitulado Dislribu - = dem do Arcebispo D. Fr. Agostinho
cion de los Prêmios ... pela 11. = de Jesus tirára o retrato do venerá-
Academia de S. Fernando. 1781. vel D. Fr. Bartolomeu dos Marty-
pag. 67, referindo que Felipe lt ap- res , pouco antes do fallecimenlo
pellidára este Artista o Ticiano por- deste grande Prelado.
tuguez , accrescenta , que elle era AVELAR — Veja-se em seus luga-
merecedor deste nome pelo exacto res= José de Avelar Rebello — e

desenho , e bello colorido , que bri- Br de Avelar. =


as
lha em seus retratos. Jamais (diz ANTONIO CAMPEILO — Vej.
este escriptor) Artista algum se vio adiante = Campello =z Manoel. =
tão favorecido dafor tuna como San- SENTO COELHO — Deste Pintor
chez Coelho. Portuguez fala o douto litterato
ALVARO MOURATO — Era Pin- Francisco Dias Gomes, nas suas
Jornal das Famílias. 27

Poesias, na Elegia 1. ás Musas Rebelío, na Descripçáo do Porto ,


not. 11. aonde diz =
Benlo Coelho,
j que ninguém no seu tempo a igua-
que flor eceo no principio do século lara nas Artes do Debuxo ,
e Mi-
18 leve mui viva imaginação : não se niatura.
conhece Pintor que tanto pintasse
,
BRÁS DO AVELAR. — Fr. Jose
como elle, o que foi causa de se des- Pereira de Santa Anua, na Chron.
cuidar algum tanto da correcçao. do Carmo tom. 1. pag. 580, diz que
A maior parte das igrejas antigas no retabolo da capella-mór do Car-
de Lisboa estão cheias de Pinturas mo de Lisboa erão apainelados os
deste grande Mestre , do qual exis- vãos entre as coiumnas, e se vião
tem quadros de grande numero de cobertos de admiráveis pinturas de
figuras , todas com expressão pró- hum famoso Pintor que então exis-
pria do assumpto , fazendo partes
,

tia (refere-se aos annos de 1548 —


interessantes daquelle todo , no que 1551) chamado Brás de Avelar. Es-
mostra ter possuído a poética da sua tes painéis ainda existião em 1745
arte em grão sublime. E
se a nação na sacristia do convento, ornando
portugucza fora mais cuidadosa em a parede do nascente, e represen-
celebrar os grandes homens que em ,
tavão a Purificação deN. Senhoia,
Portugal tem illustrado as Artes ,
a Fugida para o Egypto , e a An-
este notável artífice seria conhecido nunciação.
de todas as nações cultas. Vej. = BRÁS PEREIRA — Filho de Fer-
Volkmar a pag. 83 e segg. nam Brandão, guarda-roupa do in-
O Diccion. de Roland le Virloijs fante D. Fernando. Veja-se a res-
diz que Bento Coelho vivia em 1680, peito deste Artista o art. Francisco
e fala da grande facilidade com de Hollanda , que em seu lugar ha-
que pintava, e da grande multidão vemos de escrever, e também Vol-
de obras que fez , e logo continua kmar a pag. 63.
— Apezar da velocidade , com que CAMPELLO (ANTOmo) Pin- —
pintava os seus quadros, acha-se rtel- tor Portuguez, que floreceo em tem-
le hum não sei que de agradavel e , po de elLiei D. Jpão 111. Foi Dis-
hum colorido fresco e bello. Alguns cípulo de Miguel Angelo Buonaro-
da sua primeira maneira até são es- la em Roma, e segino o sen estilo
timados como bons pelos conhecedo- na força do desenho, mostrando
res e professores elc.-=. mais intelligencia no colorido, como
BARTOIOMEU DE CARDENAS disse Felix da Costa citado por
— Foi Portuguez, segundo Palo-
,

Volkmar a pag. 56 e segg. Donde


mino. Fez muitas obras, que se vem dizer este Artista escriptor, que
achão em Valladolid, e trabalhou se pode applicar a Campello o que
ate o anno 1606 em que falleceo de Tibaldi disse Luis Carache, isto
aos59 de idade. Vej. Volkmar pag. he , que soubera modificar a fereza,
70 e Ponz ,
Viagem de Hespanha ,
do desenho do grande Mestre, e tor-
tom. 11. cart. 3. nalo mais agradavel , sem prejudi-
D. BERNARDA FERREIRA DE car a sublimidade da sua maneira.
LACERDA — Celebre escriptora Por- D. Francisco Manoel, no Hospi-
tugueza, bem conhecida por suas tal das Letras , nomeando os Por-
Poezias, e outras obras. Delia diz tuguezes , que se distinguirão nas
,

28 O Recreio,

Sciencias e Aries ,
pòe Camões ern summa o quadro he a mais perfei-
,

Poesia, Rezende em Antiguidades , ta imitação do successo. seu cam- O


e Carnpello em Pintara. (Vej. a po he a perspectiva da abobeda, e
obra pag. 456.) parte da própria sacristia, interrom-
O
Diccion. de Roland lc Hirloys pido de algumas figuras allegoricas
também diz cjue pintou com bom de virtudes, e anjos, com certa cor-
desenho e grande estilo, segundo a tina, que enriquece a composição.
maneira de seu mestre. Se as Pinturas (conclue Ponz) que
Foi obra de Campello a Rua da mais se aproximão á verdade dos
Amargura na escada de Belem , objectos, são as melhores, poucas
que bastava (diz Volkmar) para pro- creio que se acharão, que mais me*
va da sua primazia. Este Artista reção do que esta.—
lhe attribue a Coroação de espinhos ,
O i gravador Francisco Bar*
Ilustre
e a Resurreição , no claustro de lolozzi de que falamos em seu lu-
,

Belem etc. gar, gravou este quadro a pedido


ciiAUDio coeZiHO — Portuguez, de Antonio de Araújo de Azevedo,
Pintor celebre, talleceo em Madrid Ministro que foi de Portugal em
em 169,3. Hollanda Rússia , e F rança e de-
, ,

Foi discípulo de Francisco Ricci, pois Ministro e Secretario cFEstado


Pintor de eIRei D. Felipe IV (8.° em Portugal, Conde da Barca,
de Portugal), e veio a ser hum dos grande amador das Bellas-Arles, na-
melhores Pintores de Hespanha, tan- tural de Ponte do Lima, minha pa-
to a oleo, como a fresco. tria.
Hurna das suas mais excedentes Cláudio Coelho foi Pintor do Rei,
obras he o quadro, que está no al- e do Cabido de Toledo, e ha pai-
tar da sacristia do convento do Es- néis seus em muitas igrejas da Hes-
curial, representando Carlos II com panha.
os Senhores da sua comitiva, ajoe- Em Çaragossa no collegio dos
lhado diante do Santíssimo Sacra- P. P. Agostinhos de Santo Thomaz
mento, que o Prior do convento de Villa-nova, valeo-se o Arcebispo
tem nas mãos, em acção de des- D. Fr. Francisco de Gamia,de Cláu-
agravo da profanação da Sagrada dio Coelho, fazendo-o hir da Corte
hóstia, que tinha sido lacerada por para executar huma das melhores
um impio ( Tahleau de /’ Espagne obras que fez a fresco, pelos ann.
moderne par Mr. Bourgoing. Paris de 1685. Pintou na cupula a Santiss.
1803, tom. 1. pag. 227.) Trindade com gloria de anjos: en-
Ponz , na V
tagem de Hespanha , cheo as paredes de ornatos vários
falando do mesmo quadro dizr^ Es- e nas dos arcos, que formão o cru-
tá ali Carlos II ajoelhado; o cele- zeiro, representou os SS. Simpli-
brante com a Custodia na mão, cio, Fulgencio, Alipio, e Patrício.
cuja capa, e as dalmaticas do diá- Ao lado da epistola se retratou Coe-
cono e subdiácono parecem de ver- lho a si mesmo. (Ponz, Viag. etc.
dadeiro brocado. Todos os Senhores tom. 15.) etc.
da Côrte que assistirão estão retra- As pinturas que Ponz attribue a
tados, bem corno eIRei, os religio- Cláudio Coelho, são as seguintes:
sos, e os mais concorreDtes. Em 1. Nas Agostinhas descalças de
-

Jornal das Famílias. 29

Santa Isabel o quadro de S. 13. Nos Carmelitas descalços hu-


Felipe. ma Cabeça do Salvador.
2. Nos Trinitarios calçados al- 14. Na caza dos beija mãos do
gumas pinturas da cupula . Palacio huma JVossa Senhora,
3. Na igreja R. de S. Isidro as e S. Fernando de joelhos
pinturas da cupula. diante delia.
4. Na mesma igreja algumas das 15. Em Salamanca, na igreja de
pinturas a fresco da capei la S. Estevão dos P.P. Domi-
de S. Ignacio, e outras tam- nicanos, hum bom quadro do
bém a fresco na abobada e martyrio do Santo etc.
porta da sacristia. CYRXL3.0 VOLKMAR MACHADO
5. Na parochia de S. Andre as — Veja-se a sua obra, que tantas
pinturas do retabolo de S. vezes temos citado, intitulada=Co£-
Roque. lecção de Memórias relativas ás i- V
6. Na caza chamada da Pana- das dos Pintores , e Escultores Ar- ,

daria, na praça maior, ha chitectos ,


e Gravadores Portugue-
hum salão , e hurna anteca ses ,
e dos Estrangeiros
,
que estive-
mara pintada por Cláudio rão em Portugal , recolhidas e or-
Coelho, e Donozo. denadas por Cyrillo Folkmar Ma-
7. Na parochia de S. Nicolao chado Pintor ao Serviço de S.
,
- Ma
hum V. João , e o quadro da gestade o Senhor João Ff. Lis- D .

Apresentação de N. Senhora boa na Imp de Fictorino Rodri-


.

na
Na
sacristia. gues da Silva. Anuo de 1823 =
8. igrejados Premonstra- em 4.°
tenses varias pinturas. Esta obra que o autor deixou ms.,
9. Na igrejado Rozario dos e recommendada para a impressão
P.P. Dominicos hum quadro ao M. R. Conego da Insigne Col-
grande de N. Senhora , e a legiada de S. Maria , Luiz Duarte
seus pés S. Domingos , ao Villela da Silva, grande Amador
lado do presbyterio. E no das Bellas-Artes, e muito amigo do
altar deS. Domingos os qua- mesmo autor, sahio á luz pelos cui-
dros de S. Jacinto , e S. Ca - dados deste douto Ecclesiastico, que
tharina. lhe fez alguns additamentos.
10. Na parochia de S. Gines os A pag. 302 e segg. vem as me-
quadros collateraes da An - mórias do autor, que nos dispensão
nunciação , e da Adoração de as repetir aqui.

11.
dos pastores.
Na parochia do mosteiro de
christovão IOFEZ Veja-se —
Volkmar, a pag. 67.
S. Martinho as pinturas dos ODiccion. de Virloys, que te-
retabolos çollateraes. mos citado, diz que era de Lisboa,
12. Na igreja das Franciscanas que fallecera pelos annos de 1600,
do cavai lei ro de graça a Sa- eque fora discípulo de Affonso San-
cra Familia —
S. João Evan- cbez Coelho, o que também diz Pa-
gelista — S. João Baptista lomino, que fora Artista il lustre , e
— S. Francisco — S. Anto - que obtivera de elRei D. João III
mo — S. Bernardino. a ordem da cavallaria.
####
30 O Recheio ,

Pintou (diz ainda o mesmo Dic- bém pintava com magistério homens
cion.) muitos objectos da Historia do campo, illuminados pela lua,
S. para as igrejas do reino, e de ou pela fraca luz de huma candea:
Hespanha; e posto que no seu tem- e finalmente fructos ,
flores,
bam-
po ainda dominava a maneira sêcca ,
bochatas , e paizagens ornadas de
elle se desviou delia, e operou corn pequenas figuras de excellente gosto.
mais mimo (morbidez) do que os As suas obras são procuradas em
seus contemporâneos. Pintou mui- França , Inglaterra e Italia , e ha ,
tas vezes o retrato de elRei , que ou havia muitas em Lisboa. Falle-
foi aplaudido de toda a Corte. ceo septuagenário, depois do anno
Achamos que se lhe attribuem os de 1658.
painéis dacapella-mór de Belem etc. DOMINGOS DA CUNHA — - Nas-
DOMINGOS ANTONIO DE SE- ceo em Lisboa no anno de 1598 ,
QUEIRA^ Deve ver-se a memória sendo seus pais Gregorio Antunes,
deste 1 lustre Artista em Folkmar ,
i Gr Margarida Pereira, os quaes ven-

a pag. 148 , que nos dispensa de do o filho inclinado á Pintura, lhe


fazer longo este artigo repetindo o derão Mestre, com quem aprendeo
que já se acha escripto. os primeiros rudimentos desta arte.
Vi em caza de Sequeira, no an. Passou depois a Madrid, aonde
de 1821, o Panorama de Lisboa, em se aperfeiçoou nos primores da Arte
que andava trabalhando. com Eugênio Cajêz , Pintor de D.
Sequeira sahio de Portugal em Felipe II, observando ao mesmo
1823, quando foi abolido e perse- tempo, e estudando as obras de ou-
guido o systema constitucional , e tros Artistas que não faltavão então
dirigio-se a França. « Ahi (diz um naquella corte.
autor estrangeiro) imrnortalizou o Voltou a Portugal com grande
seu nome e o da sua nação com o aproveitamento, e foi em seu tem-
magnifico quadro que no anno de po o Pintor de melhor nome, sendo
1824 expòzno Louvre, representan- vulgarmente conhecido pelo appeli-
do ascena dos ultimo s momentos da do de Cabrinha , nome que lhe de-
vida de Camões 5? . rão pela sua figura. Teve pensamen-
De França passou o nosso Artis- tos de discorrer pela Europa para
ta a Italia, aonde, entre outras communicar com os melhores Pin-
obras, pintou quatro quadros, re- tores; mas os seus amigos lhe des-
presentando o nascimento, a morte, vanecerão esta idea.
a ressureição , e a ascensão do Se- Suas obras erão muito estimadas,
nhor, os quaes lhe derão grande e desejadas :retratava com muita
nome. naturalidade: os fidalgos procura-
Falleceo em Roma a 8 de Março vão á porfia ter obras de Domingos
de 1839. da Cunha nas suas^salas e galerias,
DIOGO PEREIRA PINTOR— distinguindo-se entre elles D. Fran-
F^ala deste Artista Volkmar a pag. cisco de Castro, Inquisidor Geral,
75. Foi estimadíssimo na represen- D. Manoel daCunha, Capellão-mór,
tação de fogos, incêndios, torres o Conde Camareiro-mór etc.
queimadas, purgatório, inferno, e Em o noviciado dos Jesuítas de
outros semelhantes assumptos. Tam- Lisboa havia mais de cincoenta pai-
., , ,

Jornal das Famílias. 31

neisda sua mão, a Vida de Santo çados de Salamanca está adornado


Ignacio, a do Santo Xavier, a de de huina porção de quadros, que
Nossa Senhora, osda igreja e claus- representâo martyrios, e tem a firma
tro etc.
— Pr. Dominicus Rodriguez Lusi-
Retratou muito ao natural el Rei tanas anno 1682.
DOMINGOS VIEIRA SERRÃO —
,

D. João IV. Foi celebre a pintura


que fez de S. Francisco de Assis, a Desenhou o desembarque de D. Fe-
qual em occazião de concurso ob- lipe II em Lisboa , gravado por
teve preferencia a todas as mais. O João Schorkens de que falamos no
,

mesmo succedeo com a de S. Fran- catalogo dos Gravadores. (D. Fe-


cisco Xavier. lipe II deve entender-se 2.° do nome
Em 30 de Março de 1632, tendo em Portugal , que era o Felipe III'
34 annos deidade, tomou o habito de Castella:)
de Irmão na Companhia de Jesus , DUARTE D ARMAS — Veja-se
e falleceo a 11 de Maio de 1644 Volkmar Machado a pag. 55.
(Vej. a Tmagem da Virtude em o Damiâo de Goís. na Chron. de
JVoviciado da Companhia de Jem elRei D. Manoel P. 2 cap. 27.
Lisboa pelo P. Franco pag. 485
, ,
caracteriza a Duarte D’armas de
e o slgiologio Lusitano , ahi citado.) grande Pintor , e diz que traçara e
Na historia da apparição e mi-
, debuxara as entradas dos rios, e si-
lagres da Lapa , pelo P. Antonio tuações das terras deAzamor, Çale,
Leite, 1639. em 16, se faz menção e La rache em África, no anno de
de hum religioso da Companhia, 1507.
que vivia pelos annos de 1635, ce- Esta mesma noticia he repetida
lebre Pintor autor de vinte e qua-
,
por Faria e Sousa, na Afr. Portug.
tro painéis, que se vião naquella er- cap. 7. num. 31, aonde diz, que
mida da Lapa nos quaes se admi-
, pelõs annos de 1507, querendo el-
rara (diz o autor) o temperar das Rei D. Manoel guerrear os Reis de-
tintas ,
o menear do pincel , o ac- Fez, Mèquinez, e Marrocos, en-
commodar das cores , a propriedade viara lá D. João de Menezes, com
das roupas , a viveza dos rostos , o quatro navios, para sondar as bar-
natural das figuras, o talho dos cor- ras de Azamor, Mamora, Çale', o
pos, a symctria dos membros , a Larache , acompanhado de alguns
graça dos semblantes , a elegancia cavalleiros, com os quaes hia Duar-
dos cabellos , as linhas da perspecti- te D' armas, grande desenhador.
va. Louva-se em particular a viveza O mesmo Damião de Goes , na
e propriedade do painel da pastori- chron. do Príncipe D. João, cap.
nha Joanna , com a cestinha das ma- 9. refere, que desejando elRei D.
çarocas etc. Manoel ter a imagem da celebre
Conjecturamos que este Pintor se- estatua equestre que se achou na
ria o Domingos da Cunha, de que ilha do Corvo ao tempo do seu desco-
aqui tratamos. brimento, mandára hum seu criado,
DOMINGOS RODRIGUES (Fr.) — debuxador, que se chamava Duarte
Ponz, na sua Viagem de Hespanha D'arrnas que a fosse tirar pelo na-
,

tom. 12. cart. 7. a §. 61, diz que o tural, e que vendo elRei o debuxo ,
claustro dos P.P. Agostinhos cal- mandára hum homem engenhoso,.
»

32 O Recreio,

Com aparelhos, para desmontar e delles, cujos originaes


ainda existem
trazer a Portugal aquella notável nas fortalezas do reino, provão a
antigualha. exacção e fidelidade do Desenhador.
NoReal Archivo da Torre do Deve ainda advertir-se que posto
Tombo, no armario 15 da Caza da que no titulo da obra pareça limi-
Coroa se conserva hum livro em
, tar-se o Artista a desenhar as for-
pergaminho, com 139 folhas nu- talezas da fronteira por onde visi-
,
meradas, áiem das 4, que tem no n liamos com terras de Castella, se
principio sem numeração, e entran- acha com tudo ali o desenho de to-
do nas 139 tres , que tem no fim das as mais, que circundão Portu-
em branco. O titulo deste livro he gal, incluindo as marítimas, que
o seg : áquelle tempo existião. O que tudo
t« Este livro he das fortalezas , faz esta obra digna de singular apre-
«que sam situadas no estremo ço , ou se considere com relação á
«de portugall e castella, feyto historia, ou com respeito á Arte.
« por duarte d' armas , escudey- Os desenhos são todos feitos á
«ro da caza do muyto alto, penna.
«e poderoso, e serenissymo Rey Fr. eusebi© de matos En- —
«e senhor dom emanuell ho trou na religião da Campanhia de
«prymeyro, Rey de portugall, Jesus ern 1644, e depois passou
«e dos algarues daquem e dal- para a Carmelitana. Foi caprichoso
«lem rnaar em afryca , senhor Pintor , maiormente no desenho ,
« de gujnee e da conquista e na- diz*o Beneficiado João Haptista de
« vegaçaaom , e comercyo de Castro , Mappa de Portugal torno
«Ahiopia, arabya , pérsia, e 2.® ediç. de 1763, pag. 361.
« da Índia , etc. « Fr. PEUPE DAS CHAGAS —
Segue-se o indice , e logo o de- Dominicano. Na obra intitulada
senho de 60 fortalezas, que occupão = Prendas da Adolescência im- =
120 folhas, porque cada huma dei- pressa em 1748 em foi., se lê que
las vem em dous mappas, e com este religioso escrevera hum jivro
duas vistas, humas do norte e do de Pintura ,
Symmetria ,
e Perspe-
sul, e outras do nascente e poente. ctiva.
Na folha 120 verso diz : D. Fr. FERNANDO DE TAVORA
ctd’aqui se começa a prata-fór- — Foi religioso Dominicano, con-
urna das fortalezas atrás debu- fessor de eIRei D. Sebastião, e Bis-
«xadas, com suas alturas elar- po nomeado para o Funchal. Foi
«guras de muros, e barreyras, insigne Pintor , e havia obras suas
« etc. no convento de Bemfica. (Vej. Sousa,
Segue-se a ==: Tavoada das mes- Historia de S. Dom. P. 2. liv. 2.
mas fortalezas em prata-fôrma isto cap. 12 , e adiante o artigo D. =
e, a planía-baixa delias, que corre
,

Fr. Henrique de S. Jeronymo. —


desde foi. 121 ate folh. 132. FERNAM GOMES —
Foi discipu-
Todos os desenhos desta obra são lo de Miguel Angelo. Memor. histor .
feitos com a maior exacção, desem- do minist. do Púlpito pag. 135.)
,

penho , e aceio , e mostrão bem a Vem nomeado entre os bons Pin-


grande pericia do Artista. Alguns tores Portuguezes
O no Discurso sobre
, =
Jornal das Famílias. 33

a utilidade do Desenho ,
impresso Corniolas. Acaba com os provérbios
em 1788 em 4.° Veja-se Fo km ar
l que ha na Pintura.
pag. 68. O l.° destes livros tem no fim
Vivia em 1580, e fez de bom es- =zacabey-o descrever hoje dia de S.
tilo differentes obras nas igrejas de Lucas Evangelista em Lixboa , era
Lisboa , e em outras terras do rei- 1548.
no. O Q>.° = acabey-o descrever , sem
FRANCISCO DE HOLLANDA — emendar ,
em Santarém ,
hoje quin-
Floreceo no tempo deelRei D. João ta feira , tres dias do me% de Janei -
III, e de elRei D. Sebastião, e foi ro , na era de nosso Senhor Jem
filho de jJntonio de Hollanda. O Christo de 1549. =
appellido de Hollanda nos indica , Ha mais na dita Bibliotheca R.
que estes dons Artistas tinhâo acaso de Madrid composto pelo nosso Ar-
vínculos de parentesco com o famo- tista o =
Dialogo sobre o tirar polo
so Pintor Lucas de Hollanda , na- natural tido no Porto entre Fran-
,

tural de Leyde , cidade capital da cisco de Hollanda e Bras Pereira , .

Rheinlandia. que foi filho de Fernam Brandão f


A expensas, e de mandado de Guarda-roupa do Infante D. Fer-
e! Rei D. João I í I , passou Francisco nando. =
de Hollanda a Italia ,
aonde, das Destas duas obras de que aca- ,

antigualhas que vio , tirou muitos bamos de fallar, ha huma copia na


desenhos , como logo diremos. O Academia R. das Sciencias de Lis-
nosso Fr. Heitor Pinto o compara boa aonde a examinei por ordern
,

de algum modo a Miguel Angelo da Academia, e votei pela sua im-


no Dial. da Fida Solitaria. pressão sendo eu então Director
,

Existem na Bibliotheca R. de da Classe das Sciencias Moraes e ,

Madrid dous Livros da Pintura an- Bellas Letras. No archivo da Aca-


tiga deste Artista, ambos dedicados demia deve estar o meu parecer. A
a elRei D. João III. O
l.° e di- copia creio que foi tirada em Ma-
vididp em 41 capit ulos, o derradeiro drid, quando lá foi ern serviço da
dos quaes trata de todos os generos Academia o Sr. Monsenhor Ferrei-
e modos de pintar. O segundo , es- ra Gordo. A copia, que parece ter
cripto em fórma de dialogo, cons- sido tirada por escrevente Castelha-
ta de 4 partes, nas quaes se trata no, tem bastantes erros , alguns já
da nobreza e excellencia da profis- emendados por letra do Senhor Gor-
são de Pintor do valor e serviços
; do, outros fáceis de se emendarem,
da Pintura, assim na paz, como sem alterar o texto.
na guerra; e da estimação, em que Compoz mais o nosso Francisco
as naçòes tem esta Arte e as suas de Hollanda hum Livro de Debu-
obras. Segue-se a Relação dos Pin- xos, que se conserva na Livraria do
tores que então erão modernos, R. mosteiro do Escoriai, etern como
,

outra dos famosos 1 lluminadores ; titulo =


Reinando em Portugal el-
outra dos famosos Esculptores em Rei D. João III, Francisco dc Hol-
mármore; outra dos Architectos; landa passou a Italia ,e das anti- ,

outra dos Entalhadores em laminas gualhas , que vio retratou com sua
,

de cobre; e outra finalmcnte dos mão todos os desenhos deste livro. =s


, ,

34 O Recreio,

Começa pelos retratos do S. P. Não sabemos se he este mesmo


Paulo III, de Miguel Angelo,
e ms., ou se he outro como elle, o
illuminados. Vem depois os melho- que se acha na Academia R. das
res pedaços de antiguidades de Ro- Sciencias em 4.® o que porem pode-
;

ma, o amphitheatro de Vespasiano ,


mos affirmar he que o da Acade-
as columnas Trajana e Antoniana, mia parece original, pois tem as li-
os trofeos dc Mario, o templo de cenças para se imprimir , data-
Jano, o de Baccho , o de Antoni- das de 1576 , e mostra ser escripto
no e Faustina, e o da Paz; os bai- em 1571.
xos relevos de Marco Aurélio, o Também por ordem da mesma
1.
Septizonio de Septimio Severo , e Academia o examinamos, e ácerca
outros muitos monumentos, e partes dei le demos o nosso parecer. Neste
de ruinas, como cornijas, frizos seachâo muitos desenhos feitos pelo
capiteis etc. Ha mais no mesmo li- autor á penna.
2.
vro vistas de Veneza e de Nápoles Na primeira obra de Francisco
debuxadas com grande perfeição, de Hollanda de que acima falía-
,

alguns sepulcros da Via-Appia , o mos, pareceo nos digno denotar-se:


amphitheatro de Narbona, estatuas ° que fallando elle dos famo-
antigas etc. sos llluminadores da Europa nomea ,

O propno autor, no Livro 2.° da no 3.primeiro lugar a seu pai Vlnlo-


Pintura antiga, se jacta de algum nio de Hollanda , como superior a
modo destes seus estudos e traba- todos (os então modernos) naquella
lhos, quando diz = Que fortalezas, Bei
4.
la arte.
ou cidades estrangeiras não tenho °referindo o juizo de Carlos V,
cu ainda no meu livro f que edifícios que preferia o seu retrato feito por
•perpétuos que estatuas pezadas
, e Antonio
5. de Hollanda ao que em
tem inda (Roma) que
esta cidade Bolonha tinha feito Ticiano , nomea
lhe eu já não tenha roubado ? e leve testemunhas, que assim o ouvirão
sem carretos , nem navios em leves ao Imperador, acrescentando com-
folhas 9 que pintura de estuque , ou tudo, que Ticiano excedia a seu pai
brutesco se descobre por estas gru- *Antonio de Hollanda.

tas , e antigoalhas assi de Roma ,


°
diz de si mesmo, que sendo
como de Puzol , e de Bajas , que se ainda moço dava lições de Desenho
não ache o mais raro delias pelos aos Infantes, filhos deelRei D. Ma-
meus cadernos riscado etc . noel.
Existe ainda mais, ou existia, na na Relação dos famosos Pin-
°

Real Biblio heca de S. Magestade tores, então modernos, nomea Mes-


Fidelíssima hum manuscripto em tre Jacome , Italiano , Pintor de el-
4.° deste celebre Artista, intitulado Rei D
João de boa memória , isto
.

Fabrica que fallece á cidade de he , de elRei D. João I.


Lisbcaz=:o qual passou áBibliothe- °
Ahi mesmo nomea também
ca R. da do Conde do Redondo, o Pintor Portuguez , que pintou o
aonde o vira o Beneficiado JoãoBa- altar de S. Vicente de Lisboa , e
plista de Castro que dei le faz men- em outro lugar diz Quero fazer —
ção no Roteiro terrestre de Portu- menção de hum Pintor Portuguez ,
gal edição de 1767 pag. 4. que merece memória , pois em. tempo
Jornal das Famílias. 35

meio barbaro quiz imitar rí alguma nho mereceo grandes louvores des-
maneira o cuidado e a discrição dos te Príncipe. =
antigos Italianos Pintores j e este =O Eterno ordenando a Moyses
foi Nuno Gonsalves , Pintor de el- que fosse acabar a vida sobre o
jRei D. Affonso , que pintou na Sé monte Nebo, e Moyses no fundo
de Lisboa o altar de S. Ficente , e do monte, despedindo-se de Flea-
creio que também, fie da sua mão zar, de Josue, e do Povo, para
hum Senhor atado á columna , que começar a subida. =
dous homens stão açoutando em hu- , = A côrte de Plutão e Prosérpina:
ma capella do mosteiro da Trin- e ahiOrpheo pretendendo com-
dade = etc. etc. Veja-se Folkmar *
,

mover os monarcas infernaes a


pag. 61. Euridice
FRANCISCO VIEIRA — Denomi-
lhe
etc. —entregarem a sua

nado o Fieira Lusitano. Nada po* Eu possuo o desenho do celebre


demos accrescentar ao que diz Vol- quadro da Adoração dos Reis, es-
kmar ácerca deste grande Artista boço, em lapis vermelho, deste gran-
Portuguez, a pag. 99 da sua Col - de Mestre.
lecção de Memórias etc., tantas ve- Deve ver-se a obra intitulada o =
zes citada. Pintor insigne , e leal amante es- —
Nasceo em Lisboa a 4 de Outu- cripta por elle mesmo, e impressa
bro de 1699, e parece que falleceo em Lisboa, em 1780, em 12.°, aonde
em 1783. se veem com individuação, e fide-
Antes de hir a Roma, desenhou lidade notável os successos da sua
=a Oração do Horto —
S. Pedro vida, dos seus progressos nas Artes,
chorando a culpa —
a Magdalcna das suas obras etc.
penitente —
S. Tiago a cavallo per ESTEVÃO GONSALVES — Vol-
seguindo os Agarenos . = kmar fala delle a pag. 46 e lhe dá
Volkmar menciona o seu famoso o nome de Estevão Gonsalves Neto.
quadro da tomada- de Lisboa aos Foi este ecclesiastico abbade de
Mouros que estava no templo dos Serem e depois Conego na Se de
,

Martyres , e se queimou pelo terre- Viseo.


moto de 1755. Desenhou e pintou em miniatura
Na mesma catrastrofe arderão o lindíssimo missal , que ficou do P.
também :
Mayne, religioso da Terceira ordem
= O retrato do primeiro Patriarcha de S. Francisco, e se conservava
de Lisboa. — no gabinete da livraria dos P.P.
= Os retratosda Familia Real. Terceiros, (do Convento de Jesus)
= 0 magnifico quadro de Perseo , administrada pela Academia R. das
que estava no palacio do Conde Sciencias de Lisboa.
das Galvèas.=r. Foi começada esta admiravel obra
Pintou também :
em 1610, sendo o seu autor abba-
de de Serem foi por elle mesmo
=0 quadro da Assumpção de N.
:

continuada, quando já era conego


Senhora, e de seu filho sahindo de Viseo, e acabada em 1622, como
a recebela na Gloria, assumpto consta das subscripções , que nella
dado por elRei, e cujo desempe- se lêem em differentes lugares.
,

36 O Recreio,

O autor a offereceo a D. João Debuxava muito bem como elle


,

Manoel da Casa de Tancos, Bispo mesmo diz de si na dita obra da


de Visco, depois de Coimbra, e ul- Vida d’aquelle Príncipe, aonde re-
timamente Arcebispo de Lisboa, o fere que elRei lhe mandava fazer
qual como fundador e padroeiro do muitos debuxos, e ás vezes o fazia
convento de Jesus, a deo para a trabalhar em sua presença, louvan-
igreja do mesmo convento, aonde do-lhe esta prenda, e dizendo, que
tem o seu jazigo. a desejava ter, como a tinha e es-
Eu vi estaobra em 14- de Junho timava seu primo o Imperador Ma-
de 1837, e me
pareceo, que era ximitiano etc. (V. a Vida de elRei
superior a tudo o que tenho visto D. João II cap. 200.)
do mesmo genero, tanto pelo bello Por ordem de eí Rei, fez o desenho
desenho das figuras, como pela vi- para o Forte de Betem (a Torre de
veza, harmonia, e suavidade das Belern) que depois fez executar el-
cores, junta com a mais fecunda e Rei D. Manoel (ibid. cap. 180.)
notável variedade de ornamentos. GASPAR DIAS —
Pintor Portu-
D. FELIPA —
Foi filha do il lus- guez, que vivia nos princípios do
tre e infeliz Infante D. Pedro, Du- sec. 16.
que de Coimbra. Foi mandado a Roma por elRei
São conhecidas as composições lit- D. Manoel, e foi discípulo de Mi-
terarias desta Senhora ;
e acho em guel Angelo ( Memor do minister,
.

memória particular, que deixara por do Pulp. pag. 135), em cuja esco-
sua morte ás religiosas do mosteiro la fez grandes progressos.
deOdivellas hum ms. seu, que con- O celebre Filologo e Critico Fran-
tinha as homilias aos evangelhos de cisco Dias Gomes, que já outra
a
todo o anno, com varias imagens e vez citamos, na Elegia l. ás Mu-
figuras por tila debuxadas , com a sas, not. 11 ,
diz que Gaspar Dias
perfeição que era própria da sua ha- fora contemporâneo do gram-Vasco,
bilidade e pericia na arte. discípulo de Rafael e de Miguel
FRANCISCO VIEIRA — He de- Angelo; que tivera grande correc-
nominado o Pieira Portuense ,
por çâo de desenho ;
que fora notável
ser natural da cidade do Porto , e na expressão das paixões e que ti-
;

para o distinguir do Pieira Lusita- vera suavidade de pinsel , pelo que


no de que ha pouco falamos.
,
(accrescenta) he reputado o Rafael
Deve ver-se o que a respeito deste portugue%.
excellente Artista escreve P olkmar São seus os dous grandes painéis
a pag. 139. Falleceo em 1805 de do Senhor resuscitado , e do Senhor
39 ou 40 annos de idade. crucificado no claustro de Belem.
FRANCI2CO TACA — Acho este O da vinda do Espirito Santo na
nome acompanhado do titulo de tribuna da igreja da Misericórdia,
Pintor em documento do Real Mos- que se diz feito em 1534 e restau-
,

teiro da Batalha do anno 1566. rado por Guarenti em 1734, he huma


GARCIA DE REZENDE He mui — das suas mais bellas obras.
conhecido entre nós este litterato, Na igreja parochial de S. Pedro
que foi criado de elLlei D. João 1 1 da villa de Gelorico da Beira, no
eescreveo a sua vida, e outras obras. altar do Menino Deos, ha hum pai-
: j

Jornal das Famílias. 37

Del antigo da Circumcisão , obra de ou por erro typografico) o nome de


Gaspar Dias. Este painel (diz o Sr. D. Hilário de Paiva.
Conego Villela) he hum milagre da Foi também instruído na bella
arte j tem suavidade de pintei, e to- Arte da Musica, e deixou compo-
das as figuras mostrão viveza de ex- sições suas que se conservavão no
pressão. O colorido he admirável mosteiro de S. Cruz de Coimbra.
e em todas as suas perfeições mostra Acho que fora natural de Lisboa.
que o autor possuia a poética da Fr. HENRIQUE DE S. JERONY-
arte em gráo sublime : qualidades , MO — Religioso
Dominicano, na-
pelas quaes Gaspar Dias merece o tural de Santarém irmão de D. ,

nome de Rafael Portuguez ,


e que Fr. Fernando de Tavora de que ,

o fazem sobresahir muito a Vasco , já falámos e ambos discípulos do


,

Pero Perugino ,
Reinoso ,
Avelar, e Venerável D, Fr. Bartolomeu dos
outros grandes Artistas ,
que no dou- Martyres. Foi mui perito na Pintu-
rado Governo de D. Manoel , e D. ra , de que se conservavão mostras
João ITT tanto acreditárão a nação. no seu convento de Fvora, assim
HENRIQUE JOSÉ RA 3I2.VA — como de seu irmão em Bemfica.
Engenhoso eegregio Pintor do nosso Entre as de Fr. Henrique, se distin-
tempo, que adornou as collecções guião a Transfiguração, N. Senho-
da Academ. R. das Sciencias de ra o Baptista no altar mór, e o
,

Lisboa com duas estampas de qua- Ecce Homo no capitulo, das quaes
dros da sua invenção e abertas pelo
,
todas, sómente são obra sua os ros-
famoso Bar tolozzi hurna das quaes tos das figuras, porque o mais he
representa Lord Weilington Con- ,
obra de Morales Pintor de fama ,
,

de do Vimeiro, cercada de varias que então vivia em Badajoz. ( Hist.


a
figuras allegoricas, e a outra o re- deS. Dom. P. 2. liv. 2.° cap. 12.)
trato do Conde de Trancozo. (Lord Veja-se o Diccion. de Rolandle Vir-
Beresford) Marechal e Com mandan- loys , aonde se diz que este religioso
te e:n chefe do exercito Portuguez, Pintor vivia em
1530). Este respei-
sobre hum pedestal, em que se vê pin- tável Padre foi depois Bispo de Qo-
tado hum dos acontecimentos mais chim e Arcebispo de Gôa.
jehonymo corte-real —
,

memoráveis da sua gloriosa carreira


militarem Portugal. (Mem.da Aca- Este celebre Poeta Portuguez foi
dem. R. das Scienc. de Lisb. tom. também perito na Arte da Pintura.
3.° part. 2. pag. 11 Lisboa 181-1.) El le mesmo, dedicando a elRei D.
D.H2LXQDORO DE PAIVA Foi — Sebastião o seu Poema do Segundo
colaço de elRei D. João III , cone- Cerco de Dia , impresso ena 1574,
go regular de Santa Cruz de Coim- diz assim :

bra, e sabio distincto. Teve grande « E


porque a leitura he gran-
pericia na Arte da Pintura. ( Mappa « de, debuxei de minha mão os
de Portugal, tom. 2. pag. 362.) Vi- «combates, os soccorros, e tu-
via em Março de 1550. «do o mais, que no decurso
P arece ser o mesmo de que falão as «deste trabalhoso cerco succe-
Memórias históricas do ministério do « deo , para que a invenção da
Púlpito , pag. 185, aonde se lhe dá « pintura satisfaça á rudeza do
(por equivocaçâo, ao que parece, « verso » etc.
— , ,

38 O Recreio, a

Nessa mesma obra se lê hum epi- Darei a respeito deste Artista a co-
gramma de Luiz Alvarez Pereira pia das informações originaes, que
em louvor do Poeta, no qual se pude obter, escriptas por João An-
diz : dré Cfiiape , de que ha pouco falei,
amigo de João Glamma, e creio que
« De Apelles victorioso ouve a corda »»

seu discípulo. Dizem assim :

Outro epigramma de D. Jorge de «João Glamma Stroberle, Lu-


Menezes attribue ao Poeta. sitano, Pintor da escola Romana,
nasceo em Lisboa em 1708.
« O que em Lino em Apelles nos espanta »
« Nos seus primeiros annos, foi ap-
,

Hum Soneto de Bernardes , nume- plicado ao estudo das letras, tempo


rando os dotes do autor diz : que elle repartia na cultura do De-
senho, a que era muito inclinado.
« Orpheo a voz lhe deo, Apollo a lyra,
<* Amor a branda penna , Marte a lança
«A sua propensão para a Pintu-
ra fez com que fosse pensionado pela
« E o seu proprio pinsel a natureza >»

Côrte, e enviado a Roma, onde


Final mente o Ferreira, em outro em mui breve tempo fez progressos
epigramma, que vem nas suas obras, tão grandes, que excedeo os seus
feito em louvor de Corte-real , diz: companheiros de estudo na Acade-
mia de S. Lucas daquella capital
« No pinsel vences natureza e arte »
e alcançou o prêmio que nella se
D. IGNACIA PIMENTA CARDO- concede áquelles alumnos que se
TE — No Museo de Pinturas do distinguem sobre os seus concurren-
mosteiro benedictino de S. Marti- tes.
nho de Tibães, existia hum bello « Copiou com assídua diligencia
quadro, que representava a Família as obras de Rafael, e tudo o que
Sagrada notado com o num. 258, Roma conserva de preciosidades gre-
,

o qual tinha a subscripçâo D. = gas, a que os Pintores chamâo vul-


Jgnacia Pimenta Cardote a fez an . ga rmente o Estudo do Antigo.
1717.= «Para se aperfeiçoar na prática
JOÃO DE ABREU GORJÃO — da Arte, teve por conductor e mes-
Nas Mernor de Malta impressas
.
, tre a Marcos Benefial, Pintor clás-
em 1734, vem o mappa geográfico sico, e bem conhecido pelas excel-
de Malta delineado por este Artis- lentes obras, que delle existem,
ta , como consta da subscripçâo, tanto naBasilica deS. Pedro, como
em que elle se qualifica de — Geó- em outras igrejas de Roma.
grafo de S. Mogestade. — «Foi associado na Arcadia Ro-
JOÃO ANDRÉ CHIAPE — Ainda mana , e eleito pelos Acadêmicos
em 1818 vivia e trabalhava na ci- delia debaixo do nome de= Pastor
dade do Porto ; e parece ter sido Talarco Alesiano =
que lhe cahio
discípulo de João Glamma , de que por sorte.
logo falaremos. Seguio a Escola Ro- «Depois de huma residência de
mana, e ê da sua mão o quadro da 18 ou 20 annos naquella cidade,
Senhora das Dores , que estava no voltou para Lisboa (não sei se por
M useo de Tibães , num. 257. ordem da Côrte) onde mostrou coin
JOÃO GLAMMA STROBERLE admiração o seu raro talento, e ge-
Jornal dás Famílias. 39

nio superior, na decoração do tlea- de ,


que á primeira vista fazem il-

tro real, em que foi empregado. lusão. Os seus desenhos em lapia ver-

Veio depois ao Porto visitar o Bis- melho são preciosos, especialmente


po D. Fr. José Maria da Fonseca osque representão assumptos histó-
e Evora , seu Mecenas em Roma , ricos, ou fabulosos. Não deixou dis-
no tempo dos seus estudos , e ficou cípulos, porque não era do seu gê-
hospedado no Paço. Em quanto nio admittilos.
aqui se demorou, fez varias obras,
Memória de algumas obras
que forão muito applaudidas. de João Glamma.
« Porfalleci mento do Bispo, acon-
tecido em 1751, ou 52, não sei se « O talento
deste sabio Pintor foi
embarcou daqui para Londres, ou pouco conhecido, ou aproveitado
se voltou a Lisboa. O certo he, que nas decorações publicas nesta cida-
no anno do terremoto de 1755 lá de (do Porto), onde viveo largos
se achava (em Lisboa) e que depois annos, talvez pelo pouco gosto, que
dessa época tornou para esta cidade nella se encontra em matéria de Pin-
(do Porto) com a sua familia , e tura: e só alguns particulares cu-
aqui viveo largos annos até o seu riosos occupárão o seu pinsel em
fallecimento que foi no de 1792. obras avulsas, ou retratos, de que
«Este illustre Artista, que faz o publico não goza. Comtudo em
honra á sua nação pelos raros ta- algumas igrejas se achão quadros
lentos, de que era dotado , possuia seus ,
ainda que em pequeno nume-
todas aquellas qualidades, que for- ro , entre os quaes merece attenção
mão hum perfeito Pintor, e que o do altar-mór de S. Nicoláo, al-
difficilmente se achâo reunidas em lusivo ao Santíssimo Sacramento,
hum só sujeito: porque era hum porque foi pintado nos hellos dias
grande Desenhador (parte a mais do autor. Os de S. João-novo, e
essencial da Pintura) mui correcto Senhora da Victoria são iguaímente
e judicioso nas suas composições, de grande estimação para quem tem
instruido na Historia, tanto sagra- conhecimento e gosto. Também ha-
da, como profana, na Poesia, Fa- via outro na igreja do Carmo, que
bula, Mythologia , Allegoria, Ar- merecia bem a pena de ser visto,
chitectura, Perspectiva, Expressão, mas foi substituído por outro dedif-
Anatomia, etc. Alem destes e outros ferente assumpto, e de mão que não
attributos, também possuia o dom conheço, não sei por qual motivo.
da presteza, e por isso na sua longa Eu conservo o esboço, ou pensa-
carreira produzio muitas obras em mento do que desappareceo , pinta-
todos os generos, porque em todos do a oleo pelo mesmo Glamma.
era feliz, e principalmente no Re- «São também da sua mão os qua-
trato, em que foi eminente; pois dros, que decórão os altares lateraes
só nesta cidade, me disse elle hum da Sé de Braga, entre os quaes ha
dia , tmha feito huns seis centos e alguns mais especiaiisados, taes co-
tantos. Entre elles, são para notar mo o de S. João Baptista, Santa
os da« pessoas ecclesiasticas , que Barbara , S. Sebastião etc.
ou fosse por sympalhia, ou gosto «O seu famoso quadro do terre-
particular, exprimia com tal verda- moto de Lisboa, acontecido no 1/
40 O Recreio ,

de Novembro de 1755, pode ser esperando a occasião favoravel de o


considerado como huma das suas passar corn alguma reputação.
melhores producções, tanto pela ri- « Outras mais obras de grande
queza da sua composição, e arran- mérito poderia referir, dessas poucas
jamento, como pela variedade, e que lhe vi pintar, e de que tenho
multiplicidade dosobjectos que con- noticia, se ellas podessem ser vistas
têm. II e quadro original, ou sin- com facilidade; mas como são pos-
gular no seu genero, porque o au- suidas por particulares, podem-se
tor dizia, lhe não constava, que considerar como thesouros escondi-
houvesse entre os Pintores antigos, dos. »
ou modernos, quem tivesse tratado Ate' aqui asinformações deChia-
semelhante assumpto, ao mesmo pe. Depois que ellas me vie'rão á
tempo que se achão obras exceden- mão, constou-me que a familia de
tes, representando outras calamida- Glarnma, provavelmente obrigada
des ,taes como diluvio, guerras, da necessidade fez com eííeito rifa
,

pestes etc. mas de terremoto não de varias pinturas delle, entrando


consta haver exemplo. nellas o quadro do terremoto, no
«Elle foi espectador da triste sce- valor (se bem me lembro) de seis
na que o quadro representa, se- centos mil reis. Eu entrei nesta rifa,
gundo dizia, porque, na occasião mas não sei a quem cahio aquella
daquelle funesto acontecimento, se pintura.
achava ouvindo missa na igreja das NoMuseo do mosteiro deTibães,
Chagas, da qual fugio logo que erão de Glarnma o quadro de Santa
presentio o tremor, e se refugiou, Maria Magdalena, n.° 67, e o que
ao traves do aperto, em sitio largo, representava hum navio, numero
donde pôde observar tudo o que em 246. Vej. Volkmar pag. 135.
tal zonflicto aconteceo de mais la- JOAQUIM RAFAEL Os painéis —
mentável naquelle bairro. De tudo o do Museo de ibães num. 31, que
l

que presenciou, fez memória e apon- representa a Senhora da Soledade ,


tamentos para organisar a sua com- e o num. 57, que representa huma
posição de que dava copia fiel a
,
paizagem , são deste Artista, bem
todas as pessoas do seu conhecimen- como o Genio de Pintura, que está
to, que desejavâo ver esta obra in- no meio do tecto da primeira sala,
teressante, a qual o autor não pôde e que eu lhe vi pintar, quando elle
de todo terminar, por lhe faltar a foi do Porto ordenar as Pinturas do
vida mas assim mesmo se pode con-
;
Museo que então se estabelecia de
siderar como acabada. novo.
íc Os Inglezes daquel e tempo, que Joaquim Rafael veio depois para
erão muito seus apaixonados, e sa- Lisboa , aonde está neste anno de
bião apreciar o seu merecimento pelo 1839, com o titulo d e primeiro Pin-
muito que o occupavão, quizerão tor de S. Magestade membro e Len- ,

rifar-lhe o quadro no estado em que te da Academia das Bellas- Artes etc.


ge achava, ao que elle não assentio, JOSZFA DE AY ALA ou JOSEFA
menos que o nào terminasse. A sua -
DE OBlDOS Veja-se o que delia e
familia he a que o possue presente- das suas obras diz Volkmar a pag.
meqte, e o conserva em bom estado 77, Nós já a nomeamos entre os
)
-

Jornal das Famílias. 41

Gravadores, e achamos em memó- do singular na Miniatura. ( Rebello ,

riaque fòra eminente na pintura de Descripg. do Porto , pag. 370.)


flores, fructos, cordeirinhos etc. JOSEPH CAETANO DE PINHO
JOSÉ TEIXEIRA BARRETO — — Cladera, nas Investigaciones his-

Já delle dissemos alguma cousa na tóricas sobre los principales desco -


Lista dos Gravadores. Vej. Volkmar brimientos de los Espanoles etc.
a pag. 298. impressas em Madrid 1794 em 4.°,
JOSÉ DO AVELLAR —
Vej Volk- . diz que o retrato do Duque de Al-
mar pag. 76. O Diccion de Roland. cudia, com que ornou a sua obrasse
le Virioys diz =: Avelar ( Joseph df ha debuxado por el original de Jo-
Pintor Portuguez, que vivia pelos seph Cayetano de Pino y Silva , na-
annos de 1640, pintava figuras a oleo, tural de la ciudad de Oporto. =
recebia encommendas de todas as ISIDORO DE FARIA —
A capel-
terras de Portugal, efez muitas pin- la-mór da Collegiada igreja matriz
turas para a bibliotheca patriarchal . da villa de Celorico da Beira foi
As suas obras o fizerão tão rico, apainelada em quadros por este Ar-
que comprou, e fez edificar muitas tista.
cazas em Lisboa, as quaes occupa- Trabalhou também na igreja pa-
vão huma rua inteira chamada arua rochial de S. Pedro da mesma villa,
d,' Avelar. A este Pintor parece dever- como refere o douto amador das
se referir o que diz o Diccion. His- Artes o Conego Luis Duarte Ville-
tor. ediç. de 1804, art. = —
Avelar la da Silva no seu Compendio his-
etc. tórico da villa de Celorico da Bei-
D. ISABEL BROUN — Foi
filha ra , aonde diz que ali mostrou o ce-
de Duarte Pequerim e mulher do lebre Artista Isidoro de Faria o seu
doutor Pedro Broun, natural da ci- grande genio j pois o painel de S.
dade do Porto. Viveo no Sec. 18, e Pedro , que jica no meio deste lindo
foi delicadíssima em pintar a oleo , edifício , entre vistosas e delicadas
e singular em retratos. As suas pin- tarjas , he tãobem acabado , que a
turas são mui procuradas por seu meu ver não tem preço : e se este fa-
excelíente gosto. (Vej. Rebello, Des moso Pintor tivesse mais correcção
cripção do Porto pag. 370.) de desenho , teria dado tanta gloria
D°.
,

ISABEL DE CASTRO — Foi á villa de Trancoso , sua patria ,


filha do l.° Marquez de Fronteira, quanta lhe resulta de ter -dado o
e Condessa de Açumar. Teve gran- berço ao grande historiador o P.
de erudição, e pintava e escrevia João de Lucena.=
perfeitamente com appiauso das pes- D.LUIZA DE FARIA —
Filha do
soas intelligentes nestas artes. Fal- douto escriptor Manoel de Faria e
leceo em 1724. Sousa , teve entre outras muitas
D. ISABEL MARIA RITA — Na- prendas a da Pintura. Delia he o
turalda cidade do Porto , filha de retrato de seu pai que vem gravado
Francisco Pequerim e de Joanna na obra —
Retrato de Manoel de
|
Pequerim. Passou a Hespanha no Faria y Sosa , mui parecido com
Sec. 18, e lá se distinguio, entre o original. (Veja-se a dita obra
I
os melhores professores, nas Artes §. 16 .)
1 da Pintura, Risco e Debuxo, sen- LUIZ ALVARES DE ANDRADE
*###
)

42 O Recreio,

— Foi homem de vida exemplar, mesmo são as pinturas a fresco da


filho espiritual do venerável Fr. Luiz cupula e lunetos.
de Granada ,
e qualificado como Nos Trinitarios calçados, os dous
Pintor no Agiolog. Lusit.
celebre grandes quadros do cruzeiro, que re-
not. ao dia 3 de Abril. (Volkmar presentão huma Nossa Senhora com
paff. 72.) os Anjos —
e outro o ministério da
Fr. LUIZ BE BASTOS — Religioso redempçâo de captivos , e N. Se-
Carmelitano, do qual diz Fr. Jose nhora em gloria —
são de Manoel
Pereira de Santa An na ( Chron. tom. de Castro , Portuguez. Os quadros
1. pag. 584) que fora na Pintura da nave sobre os arcos das capellas
ornais insigne dequantos este reino se julgão pensados pelo dito Manoel
conheceo no seu tempo. E posto (diz) de Castro.
que começou a mover os pinseis por « Nos Mprcenarios calçados —a
curiosidade , ou por força de incli- primeira cápella da igreja á mão
nação , veio depois a constituir-se tão esquerda he de N. Senhora dos Re-
senhor delles , que não sahio da sua médios, e a abobeda foi pintada
mão pintura alguma , que aos me- pelo Portuguez Manoel de Castro.
lhores artífices não sirva ou de ad- He do mesmo huma pintura que
miração , ou de modello. — está no refeitório e representa hum
LUIZ BA costa —
Nasceo em milagre de N. Senhora a certo re-
Lisboa em 1509, foi Pintor e dis- ligioso.
cípulo de Sebastião Ribeiro. Tra- «Na dos P.P. do Orató-
igreja
duzio do Italiano, de Alberto Du- rio, que casa dos Jesuitas, ha
foi
reiro quatro livros da Symetria do na primeira capella á direita a cu-
Corpo humano, com o quinto de pula , pintada por Manoel de Cas-
Paulo Galario Saludiano: ms. em tro.
folha. (He a noticia que nos dá o O P, MANOEL ALVARES — Foi
Summario da Biblioth. Lusit. de religiosoda Companhia de Jesus. O
Barbosa. P. Francisco de Sousa, no Orient.
LUIZ BA CRUZ MOREIRA — Dá Conquistado P. 1. pag. 185 lhe
,

noticia Rebello, na
deste Artista chama Pintor insigne , e diz que
Descripç. do Porto , pag. 340 , di- deixou muitas memórias do seu pin-
zendo que fora natural daquella ci- sel,
e entre ellas o painel da Con-
dade, que nella fora Professor de versão de S. Paulo, que estava no
Primeiras Letras, nascido em 1707, retabolo da igreja do eollegio velho
e distincto na Arte do Debuxo. da Companhia em Gôa.
MANOEL BE CASTRO — Ponz ,
MANOEL CAMPELLO — Foi dis-
na Viagem de Espanha ,
fala algu- cipulo de Miguel Angelo. ( Memor.
mas vezes deste Artista Portuguez. histor . do minister do Púlpito pag.
Copiaremos aqui as clausulas, que 135.)
apontámos. D. Franc. Manoel, no Hospital
«No hospital de Antão Martins, das Letras numerando os homens,
,

em Madrid, ha dous quadros gran- que cm


Portugal se distinguirão nas
des que representão assumptos da
,
Sciencias e artes, põe Campello em
Paixão, firmados por Manoel de Pintura , ao pe de Camões em Poe-
Ladro , Professor Portuguez. Do sia, Barros ern Historia, Rezende
,

Jornal das Famílias. 43

em Antiguidades, etc. (Vej. a obr. vulgo da Batalha, achei nomeado


a pag. 456.) = Mestre Pedro , Pintor do Senhor
Volkmar a pag. 56 e segg. fala Infante D Henrique.
.

deste grande Artista dando-lhe o


,
PEREGRINO PAROBI —
Fare-
nome de Mntonio Campello. « Deve mos aqui breve menção de Parodi ,
3er-se. Nós achamos Manoel Cam- avô, filho, e neto, segundo o Dic-
pe/lo que he (sem questão) o mes-
,
cion. de Roland le P
irloys.
mo de Volkmar, e de D. Franc. Felipe Parodi foi um dos mais
Manoel. Veja-se acima o artigos? excellentes Pintores de Gênova , e
( Campello Antonio.) em Gênova falleceo de 60 annos
MANOEL DE FARIA E SOUSA — de idade, em 1703. Na igreja de
Vej. acima no V\iu\o —
Arte de es- S. Carlos daquella cidade ha huma
crever —
Desenho á penna. = belissima estatua da S. ma Virgem,
MARCOS DA CRUZ —
Floreceo e na de Carignan outra de S. João
no tempo de elRei D. João III. Baptista, ambas deste Artista. Fez
( Memor. histor dominister. do Púl- muitos estatuas para a igreja do Lo -
pito , pag. 135.) Veja-se Volkmar reto de Lisboa.
pag. 79. Domingos Parodi— foi filho de
MARIA TEREZA DA CONCEI- Felipe, e com elle aprendeo o De-
ÇÃO BORGES — Km 1819 morava senho, etc. Trabalhava em 1698.
esta estimável portugueza no bairro P ellegr in Parodi ~
filho de Domin-
de Belem , suburbio de Lisboa, e gos, e natural de Gênova aprendeo
era de idade de 66 para 67 annos. com seu pai os elementos da Pin-
Acabava então de bordar primoro- tura, e pintou bons retratos. Deixan-
samente a ponto de agulha em re- do a casa paterna, abrio escola sua,
trós (sem ter aprendido o Desenho) aonde concorrião muitos a aprender,
a grande estampa da Cea do Senhor, e muitos a se fazerem retratar. Gran-
que o eximio Morghen copiou e gra- de parte dos seus retratos passárão
vou do famoso quadro de Leonardo a Hespanha, Inglaterra, e Allema-
de Vinci. A dífficuldade de retratar nha. No anno de 1741 retratou o
e pintar tantas figuras com a agu- Doge Spinola, quadro que depois
lha, o bem proporcionado desenho, foi gravado em Florença. =:
o mimo das cores, o claro-escuro, Este Pellegrin Parodi he o que
a luz, etc. e ate' a imitação das ma- esteve em Lisboa, e aqui falleceo
deiras, que fingem estar o painel pelos annos de 1785. Delle e de suas
encaixilhado ,tudo isto mostra os obras fala Volkmar a pag. 107, Ve-
grandes talentos da autora , e faz ja-se também nesta nossa lista o ar-
huma obra acabada de bordadura. tigo = Carpinetti =
no titulo dos
A autora já fez os retratos de S.S. Gravadores e Entalhadores.
Magestades do mesmo artificio. Os PEDRO ALEXANDRINO DE
Artistas lhe tem tributado admira- carvalho — Vej. Volkmar, pag.
ção,^ elogios. (Gazeta de Lisboa ,
120. a que nada podemos acrescen-
Janeiro de 1819, num 20. ) tar.
mestre PEDRO — Em hum do- pimenta CORRÊA —
Tres il-
cumento do Cartorio do R. mostei- lustresSenhoras Porluenses deste ap-
ro de Santa Maria da Vicloria pellido rn andarão á Academ das .
, , -

44 O Recreio ,

Bellas- Artes tres pequenos quadros Gran-V:isco.-=z Nada podemos acres-


históricos, bordados a cabelJo, e centar ao que delle diz Volkmar
,
algumas outras obras de matiz , e pag. 49.
hum lenço bordado de branco em Veja-se também histor. do Mem .

relevo, tudo primorosamente aca- Pulp. p. 135, aonde se diz que flo-
bado. ( Director de 23 de Julho de receo em tempo de D. João 111 e
,
1838 num. 163.) que foi da escola de Pedro Perugino.
REINOZO —
Acho nas Memor. Dias Gomes, na Eleg. I ás Mu-
histor do ministério do Púlpito ,
. sas, not. 11 diz delle que teve =
pag. 135, menção de Reinozo , Pin- muita elevação nos pensamentos , e
tor, que floreceo no Sec. de elRei muita viveza de expressão que =
D. João III, e foi discípulo de Mi- foi =zadmiravel no colorido e que
guel Angelo. se não tivera alguma cousa do go-
Volkmar a pag. 74 fala de hum thico hum consumado
seria
Reinozo , a que dá o nome de An- ce.
~ Este juizo
,

me parece bem exa-


arlifi-

dré mas diz que vivia em 1641, e


,
cto.
isto me faz duvidar se seria ou não O Diccionariode Roland le Vir-
o que floreceo em tempo de D. João loi/s que muitas vezes temos cita-
111 , e foi discípulo de Miguel An- do, reflecte que os quadros de Vasco
gelo. são ornados de bcllas fabricas de ar
Ahi mesmo diz Volkmar que sem- chitecturaj e que o seu gosto o in-
pre ouvira dar a Reinozo o nome clinava sempre a pintar objectos da
de Diogo , mas que esta tradição Historia Santa.
era errada; porque dos livros da Ir- VASCO PEREIRA Inda que —
mandade de S. Lucas se via cha- Portuguez (diz Volkmar pag. 69),
mar-se André etc. estabeleceo-se em Sevilha , e em 1594
Eii que houve dous
conjecturo concertou o famoso painel da Rua
Artistas do mesmo appellido de Rei- da amargura de Luiz de Vargas ,
,

nozo : hum mais antigo, que seria e fez outras obras no principio do
o Diogo , e outro iqais moderno, século seguinte.
que seria o André. Isto porem não Ponz, na Viag. de Espana tom.
passa de mera conjectura. 8. quasi no fim, diz que na livraria
VANEGAS — Vem mencionado da Cartuxa de N. Senhora das Co-
nas Memor. do Púlpito , p. 135 vas , junto a Sevilha, ha quatro
como Pintor do tempo de elRei D. doutores de hum tal Pereira, famoso
João III. Vej. a respeito delle Volk- Pintor Portuguez, do tempo de Fe-
mar pag. 60. lipe II. Este he sem duvida o nosso
VASCO — Chamado entre nós = o Vasco Pereira.
Jornal das Famílias. 45

Eilrei b. JOÃO IV — Foi não riea do manicordio , e sua explica-


só apaixonado amador de Musica, ção. Falleceo antes de 1625.
mas também insigne compositor da ANTONIO XiEAZi MOREIRA —
Musica Sacra ,
chamada Canto da Ignora-se a sua naturalidade. Fo«i
Palestina a qual sómente se usava
, Mestre de Musica no Seminário Pa-
na Patriarchal, e presentemente se triarchal, grande professor da Arte,
canta ainda na Capella Sixtina. bom tocador de piano, e distincto
O IMPERADOR E REI B. PE- compositor de Musica Sagrada.
DRO IV —
Foi grande amador e ANTONIO MAR.0UES X.ESBIO —
compositor de Musica, tanto sagra- Era Mestre da Capella Real em
da como profana. 1698, e compôz varias musicas de
A sereníssima infanta se- igreja, que se imprimirão entre os
nhora D. ISABEI. MARIA He — annos 1660 e 1708. Foi celebre na
grande tocadora de piano; possue sua arte.
muitos conheci mentos de contrapon- O PADRE ANTONIO PEREIRA
to, e acompanha a piano em todos DE FIGUEIREDO — Natural da vil-
os sistemas. la de Mação da comarcade Tho-
AFFONSO VAZ DA COSTA Foi — mar, Congregado do Oratorio de
Mesl re da Capella em Avila. Es- S Felipe Neri, nasceo em 14 de
creveo varias obras, que se conser-* Fevereiro de 1725, e falleceo em
vavão na copiosa Hibliotheca da 14 de Agosto de 1797. Não cabe
Musica de Filiei D. João IV. Fal- aqui o elogio deste Varão sabio e
leceo em 1599. virtuoso, que tantos e tão relevan-
Fr. ANDRÉ DA COSTA Reli- — tes serviços fez á patria, ás scien-
gioao Trinitario, harpista dos fieis cias e ás letras durante a sua vida.
D. Affonso VI e D. Pedro II. Com- Diremos sómente, que desde os seus
pôz varias peças de Musica eccle- tenros annos se apaixonou pela Mu-
siastica. Falleceo em 1685. sica, e se applicou a ella com des-
ANDRÉ DE ESCOVAR — Vivia velo, chegando a compor muitas
no tempo do Cardeal liei, tocava obras desta bella, e nobre Arte, e
chararnelinha , e compôz liuma Arte entre ellas todas as que se cantava©
de tocar este instrumento. nas funcçòes da Semana Santa na
ANTÔNIO FERNANDES — Na- Caza de Nossa Senhora das Neces-
tural de Souzel, presbytero, xMestre sidades, a cujos ensaios elle mesrno
da Capella na Parochia de Santa presidia. Os autógrafos das suas
Gatharina de Lisboa. Fscreveo al- composições musicas passárão da
gumas obras theoricas sobre a Mu- mão do Reverendo Senhor Antonio
sica, e entre ellas a Arte da Mu- de Castro ás de hum distincto Sa-
sica de canto de orgão e a Theo- que escreveo a Vida,
, bio, e analy-
46 O Recreio ,

sou os escriptos de Pereira, e que ESTEVÃO BE BRITO — foi Be-


ha pouco mais de hum anno nos neficiado e Mestre da Capella nas
foi roubado pela morte. Ses de Badajoz, e Malaga. Escre-
ANTONIO TEIXEIRA — Natu- veo hum Tracíado de Musica.
ral de Lisboa , nascido em 1707. E1EÜTERIO FB.ANCHI X.EAX* —
Foi cantor da Patriarchal e Exa-
, Foi Me st re
de Musica no Seminá-
minador Synodal de Canto-chão. rio Patriarchal nos reinados da
,

Cornpôz hum Te-Deum a vinte vo- Senhora D. Maria [ e de elRei o


zes com instrumental, outro a tres Senhor D. João VI. Está presente-
Coros, e alguns Psalmos , Lamen- mente aposentado.
tações, &cet. Ainda vivia em 1750. Fr. FRANCISCO BS S. JERO-

BAITHAEAJITELIES Foi Len- —
Natural de Evora , reli-
te da Cadeira de Musica na Uni- gioso de S. Jeronymo, e Mestre do
versidade de Coimbra por Provisão coro em Beiem. Cornpôz Obras de
de 2 de Novembro de 1549. Musica, que ti verão grande estima-
DIOGO ©IAS WEI.GAÇO — Na- ção. Nasceo em 1692 e ainda vivia
Cuba, Mestre da Capella em
tural de em .1747.
Évora. Compòz Musicas de Igreja. Fr. FRANCISCO BA ROCHA —
Falieceo antes de 1649. Religioso Ti initario, natural de Lis-
Fr. DOMINGOS DE S. JOSÉ VA- boa. Compòz grande numero de
REZiXiA —
Natural de Guimarães, Obras, que existião na Bibliot hcca
insigne Organista, e o melhor, que de Musica de João da Silva de Mo-
teve a Congregação Benedietina de raes, de que adiante falaremos. Fal-
Portugal nestes nossos tempos, l i- leeeo ern 1720.
nha amplíssima instrueção e conhe- GREGOSIO FRANCHI Distin-—
cimento da Musica antiga e mo- cto locador de piano , e composi-
derna, e dos seus vários systemas: tor de varias musicas para o mesmo
conhecia perfeitamente o mecanismo instrumento.
do Orgão, e tocava este bello ins- GAZ.X.ÃQ (O PADRE) —
Foi natu-
trumento com admiravel perfeição, ral da província do Alemtejo, Mes-
e apurado gosto. Presumo que ao tre da Real Capella de Villa-viçosa,
presente hefallecido. Cornpôz e im- e compositor de Musica Sagrada .

primío huma *drte da Musica , em B. HSLIGBORO BE PAIVA —


que se achão observações, e expe- Conego regular de Santa Cruz de
mui curiosas sobre os fenô-
riências Coimbra, de que se fez menção na
menos da harmonia, e sua appli- lista dos Pintores. Foi também ins-
cação aos instrumentos músicos, e truído, (como lá se notou) na bella
á sua afinação. Esta Obra foi im- Arte da Musica, e deixou compo-
pressa (segundo a minha lembran- sições suas , que se conservavao no
ça) na cidade do Porto em 4.° mosteiro de Santa Cruz.

BUARTS LOBO Natural de Lis- HENRIQUE CARLOS CORRÊA —
boa , conego e Mestre da Capella Natural de Lisboa , nascido em
na Se Metropolitana de Lisboa. Foi 1680. Foi Mestre da Capella na
celebre na sua Arte, e compòa va- Se de Coimbra: vivia ainda em
rias obras, algumas das quaes se 1747, e deixou varias abras de sua
imprimirão. Ainda vivia em 1625. composição.
,

Jornal das Famílias. 47

JOÃO ALVARES FR OVO — Na- sica Passionano da Semana Santa ,


tural de Lisboa, aonde nasceo em que se imprimio ern Lisboa em 1542
1608. Foi capellào e JBibl iotheea- em folha.
rio da Musica de elRei D. João IV. B. JOÃO DE SANTA MARIA —
Compôz muitas obras, entre as q ira es Conego regular de S. Vicente de
merecerão particular estimação os fóra,
natural de Terena , fallecido
seus Responsorios do J\atal a oito em 1654. Compôz tres Livros de
vozes. Contraponto.
JOÃO OHR.VSOSTOMO BA CRUZ Fit. JOÃO RODRIGUES — De
— Natural de Vilia-franca ,
nasceo quem não temos outra noticia se-
em 1707 e vivia em 1731 no estado não que cornpozera urna Jírte do
de presbytero. Compôz Methodo Canto-chão , ms. pelos annos de 1560.
breve e claro , em qne se exprimem JOÃO JORDANI —
Natural de
os necessários princípios , &cet. com Lisboa Professor de instrumentos
:

hum cippendice dialogico: Lisboa cie corda , e mui distincto cm vio-

1743 em 4.° leta, rabecão grande, e pequeno.


JOÃO DOMINGOS BOMTSMP© Ha composições suas. He presente-
— He natural de Lisboa Mest re ,
mente Mestre de instrumentos de
de Sua Magestade Fidelíssima a Se- corda no Conservatorio.
nhora D. Maria 11, e da Senhora JOé DA SILVA ©£ MORAES —
Infanta D. Isabel Maria, e Dire- Nasceo em Lisboa eríi 1680, e foi
ctor do Conservatorio na Arte da Mestre da Capei Ia naCatbedral des-
JV1 usica. Grande compositor de Mu- ta cidade. Compôz grande numero
sica Sagrada no estilo de Handel de Obras de Musica, e possuía hu*
e de Haydn. Compõe também Mu- ma copiosa Bibliotheca desta Arte.
sica de piano, e he hum dos rnais Ainda vivia em 1727.
excellentes tocadores deste instru- JOÃO SOARES R.EBELL© — Na-
mento, lendo merecido os applausos tural da villa de Caminha na pro-
de differentes Cortes da Europa víncia do Minho. Foi Mestre de
aonde fez mostra de seus distinctos Musica de elRei D. João I V, e dei-
talentos. xou Obras impressas, e manuscri-
JOÃO EVANGELISTA TURRIA- ptas, que tiveram grande celebri-
NZ —
Natural de Lisboa, distincto dade naquelie tempo. Falleceo em
Mathernatico e insigne tocador de
,
1661.
piano em que mostrava particular
, JOSE ANTONIO CARLOS DE
gosto, e expressão. SEIXAS — Natural de Coimbra, nas-
JOÃO CORBEIEO — Natural de cido em 1704. Foi nomeado Orga-
Lisboa foi grande Organista , e
: nistada Patriarchal, tendo apenas
compositor de Musica Sagrada e 16 annos de idade. Compôz hum
profana. Foi Mestre das Pessoas Te Deum a quatro coros, muitas
Reaes, e viveo nos reinados de el- Sonatas de cravo, e algumas Mis-
Rei D. José I e de sua filha a Rai- sas a instrumental. Falleceo em
nha Senhora D. Maria I. 1742.
JOÃO FERNANDES FORMOSO — JOSÉ AVELINO CANNOGIA —
Natural de Lisboa capellão de el-
,
Mestre de instrumentos de palheta
Rei D. João III. Compôz ern Mu- no Conservatorio. He insigne toca-
—,

43 O Recreio,

dor de Clarineta, conhecido em va- gioso Augustiniano, natural da vil-


riasCortes da Europa, que visitou. la do Alandroal. Escreveo Liber
fr. joss marques Nascido— Pas sionum impresso em Leão de
,

na provincia de Alemtejo. Foi pro- França em 1576, e varias outras


fundo çonhecedor da Arte em todos Obras de Musica. Falleceo em 1683.
os ramos, grande tocador de pia- O PADRE MANOEL RODRIGUES
no, e o mais distincto acompanha- COELHO —
Natural de Eivas, Or-
dor de Orgão em todos os systemas ganista da Capella Real. Compôz
de acompanhar, Foi também insi- Flores de Musica , obra que sahio
gne compositor tanto de Capella áluz da imprensa em Lisboa, 1620,
como de instru mental, e deixou mui- em folha.
tas peças de sua composição , que Fr. MANOEL DOS SANTOS —
mostrão o seu grande merecimento. natural de Lisboa, religioso da con-
Yiveo no reinado do Senhor D. João gregação de S. Paulo, primeiro
VI, e foi Mestre da Sua Capella da Eremita e compositor de Musica
Bemposta. da Capella Real. Deixou varias
Fr. MANOEL ELIAS Religioso — obras desta Arte e falleceo em 1737.
Paulista, compositor de Musica Sa- MARCOS PORTUGAL Natural —
cra , e grande Organista. de Lisboa. Foi insigne compositor
MANOEL INNOCENCIO DOS de Musica, tanto Sagrada como
SANTOS— Natural de Lisboa, dis- profana. Deixou-nos muitas peças
tincto compositor de Musica Sagra- do melhor gosto em ambos os esti-
da e profana, e hum dos maiores los, e rivalizou nas suas composições
acompanhadores tanto de Orgão,
, com os primeiros compositores da
como de piano, de que he insigne Europa do seu tempo. Era também
tocador. He da sua composição a optimo Meutre de Canto, e cantava
Opera J^ne^ de Castro , executada elle mesmo com excellente estilo
no Theatro de no anuo
S. Carlos, em voz de Tenor. Ainda hoje se exe-
passado de 1839 com geral applau- cutão as suas peças sagradas e pro-
so do publico e dos amadores de fanas com tanta aceitação como as
Musica. de Haydn Mozart e Zingarelli.
MATTHIAS DE ARANDA —
,

MANOEL MENDES Natural da — - Fot


cidade de Evora , em cuja Se foi Mestre da capella na Sé de Coim-
Mestre da Capella. Floreceo no tem- bra, e Lente de Musica no Univer-
po do Cardeal Rei D. Henrique, e sidade, nomeado por Provisão de
compôz hum a Arte de Canto-chão. 26 de Julho de 1544.
e algumas peças de Musica de Igre- NXCOLÁO DIAS VELASCO Foi —
ja. Falleceo em 1605. Musico de D. Felipe IV Rei de
MANOEL NUNES DA SILVA Castella, e imprimio « Nuevo modo
Natural de Lisboa, foi Mestre da para toner la guitarren Nápoles,
Capella da Conceição velha desta 1640.
cidade. Compôz huma Obra de Mu- NICOLÁO TAVARES Natural —
sica que intitulou Arte Mini ma ,
de Portalegre: foi Mestre da Ca-
impressa em Lisboa em 1685, e pella nas Sés de Cadiz e Cuenca,
reimpressa em 1704 em 4.° Escreveo varias Obras.
Fr. MANOEL PGUSÃO Reli- — PEDRO ALVARES DE MOURA
. -
JORNAL DAS JTAMILIAS.

— Natural de Lisboa, foi Conego huma celebre = Missa adomnem to


na Sé de Lamego, e depois na de num —e outras obras que se con-
Coimbra. Imprimio algumas Obras servarão em Evora.
de Musica em Roma falleceo an-
: RODRIGO FERREIRA DA COS-
tes de 1594. TA — Socio da Academia Real das
PEDRO DO PORTO — Natural Sciencias de Lisboa , fallecido ha
da cidade de que tomou o appel-
,
poucos annos. Escreveo = Princí-
Jido. Viria em tempo de elRei D. pios de Musica , ou Exposição me
João 111 , e floreceo em Evora e thodica das doutrinas da sua com-
Sevilba. He celebre o moteto=: Cia- posição , e execução —
2 vol. de 4.°
mabat autem Jesus = ele que pôz com estampas, impressos pela mes-
em Musica, e que João de Barros ma Academia em 1823.
qualificava como = o príncipe dos
e
p. THOMAZ PEREIRA— Jesuita,
motetos, = natural de Barcellos. Publicou na
PEDRO TAXaXSio — Natural de China, e em lingua Chineza, hum
Lerma no reino de Castella foi,
Tratado de Musica especulativa e
Lente de Musica na Universidade pratica Nasceo em 1645, mas igno-
.

de Coimbra, por Provisão de 22 de ramos o anno do seu fallecimento.


Novembro de 1613, e hum dos pri- TRISTÂO DA SILVA —
Floreceo
meiros que deo ordem á Musica de no sec. 15. e foi Mestre de Musica
Portugal a coros Foi Medico do
. de elRei D. Affonso V.
Cardeal Alberto , e Mestre da Ca- VICENTE.... Natural de Oli-
pella do Hospital Real de Todos vença. Floreceo em Padua e Viter-
os Santos de Lisboa. bo no sec. 16. , e falleceo antes do
PEDRO VAS REGO — Nasceoem an. de 1561, em que imprimio em
Campo maior em 1670. Foi Mestre Veneza =
Introduziorie felicíssima
<da Capella em Evora, e compôz di canto fermo =etc.
50 O Recreio,

&1S3A D OS
COMEÇADA A PUBLTCAR EM O N.° 3 DO RECREIO DE 1339

Jlrcljitectfls.

O
illustre
CONDE DE TAROUCA — Este
Fidalgo, que foi Ministro
vem desenhada
e
a Carta do Tejo ,
suas beiras, desde a Chamusca
Plenipotenciário de elRei D. Joâo V até Porto-de-muge.
em Hollanda, e em Vienna de Aus- —
JOÃO AFFONSO Foi Mestre da
tria , teve largos conhecimentos em obra do castello de Mourão, fun-
Architectura, e foi mui perito nesta dado por elRei D. Affbnso IV en>
arte, a ponto de ser taxado de ex- 1343.
cessivo no exercício de tão excellen- JOÃO FERNANDES e VASCO
te prenda. Delle diz o ca vai lei o i —
BRAS Forão os Mestres que cons-
Oliveira que os seus estudos em
,
truirão os muros e fortificações de
Architectura começarão na Cotovia ,
Lisboa em tempo de D. Fer*
elllei
continuarão em tíollanda e o acom- , nando, concluindo esta grande obra
panharão em Vienna até á sepul- em dous annos desde 1373 alél375.
tura . Vem também nomeados na inscri-
FELIPE BRIÀS ,
Flamengo — pção do arco do Marquez de Ale-
Foi perito em Architectura militar, grete. ( Panoram. vol. 2- pag. 339).
e servio na índia em tempo do Vice- JOÃO NUNES TINOCO — Existe
Rei D. Luiz de Ataíde por cuja , na Bibliotheca da Real Caza das
ordem construio a nova fortaleza Necessidades hum livro ms em folh.,
de Rraçalôr. em que se lê este titulo — Livro das
HENRIQUE GUILHERME DE Praças de Portugal com suas forti-
OLIVEIRA — Foi Architecto civil ficações, desenhadas pelos Engenhei-
do Príncipe Regente (depois Rei ros de Sua Mageslade etc. delinea-
D. João Ví.) Em 1800 escreveo das por João Nunes Tinoco Ar- ,

hum a —
Memória , em a qual se chitecto de Sua JVJagestadc. Anno
mostra o estado da Real V alia de cíel663 =
E accrescenta Este li- =
Alpiaça e sitios adjacentes seu me- vro mandou fazer o Senhor Conde
,

lhoramento e utilidades que delle


,
,

da Torre. =
resultam — Nesta Memória (ms.) PEDRO NUNES TINOCO — Era
Jornal das Famílias. 51

em 1620 Architecto do Priorado do na índia no tempo do Vice-Rei D.


Crato, e depois o foi de elRei.j De- Luiz de Alarde, que depois da con-
lineou = Plantas e Perfis das igre- quista de Onor, o deixou ali por
jas, e villas do Priorado do Crato = Mestre da nova fortificação que man-
ms., que se guarda na livraria do dou fazer, e concluída ella, o en-
Excellentissimo Marquez de Cas- carregou de fazer o seu debuxo para
tello-melhor , e he o num. 322 da o mandar a elRei. ( Hist. da Índia
numeração provisória dos mss. etc. por Ant. Pinto Pereira , liv, 1.

SIMÀO DE RUAM Engenheiro, cap. 14.)
homem de singular industria e cn - vasco bras — Vej. acima o
menos valor. Servia art. João Fernandes.
ocrcn/io 7, e não

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0mnl)0 a jmuta.

(l REGORIO PAEZ DO AMARAL e minúsculas Romanas, que se leem


— Foi Mestre dos do Ex.
filhos rao nas medalhas e cunhos, e nas ins-
Marquez de Castello-melbor , e es- cripções, e mss. dos mais antigos
creveo ern 1794= Exemplares de le- tempos.
tra ingle%a~ offerecidos ao Senhor Nota-se nas suas obras grande
D. João, Príncipe do Bràsil (depois perfeição, tanto pelo que respeita
Rei D. João VI). He hum volume ás linhas rectas e curvas, como aos
de 305 folhas de 4.°, que se conserva traços, grosso, meio grosso, ou fi-
na livraria da Gaza de Castello-me- no, e aos espaços, hastes, ligados ,
lbor, num. 342 da numeração pro- e obliquidade, seguindo sempre, e
visória dos mss. em tudo uniformidade, proporção,
JOÃO JOSÉ ALVES FREINEDA e formosura.
— Natural de Lisboa, onde nasceo São varias as producções deste Ca-
a 3 de Dezembro de 1802, e actual- ligrapho, que existem nas mãos das
mente Tachigrapho da Gamara dos pessoas, a quem forão dedicadas, e
Senadores. He insigne na Arte Ga-* em todas se vêem escripturas e dese-
ligrafica , a que se tem dado com nhos de muito gosto. Em1831 offere-
infatigável trabalho, e estudo. ceo á Direcção do Banco de Lisboa
Escreve as letras mais usadas na hum quadro de 3 palmos de altura e
Europa, Portugueza, Ingleza, Fran- 2 de largura, todo feito á penna, com
ceza , Aldina, Golhica ou Italica, allegorias desenhadas em forma de
e Romana , imitando as maiusculas laçaria, com valentes rasgos e letras
52 O Recreio,

cbeias de ornamentos, e com boa sua Caza de Educação a saber :


,
collocaçâo e symmetria das peças. Letra de Secretaria, de escriptorio,
MANOEL JOSÉ SATYRIO SALA* letra ingleza etc. Este mappa foi
ZAR — Professor de escripta e ari- gravado, e nelle se lêern as subscri-
thmetica. Publicou hum mappa dos pçoes = Manoel José Satyrio Sala-
caracteres de escríptura , que ex- zar o escreveo= Theotonio José de
plicava theorica e praticamente na Carvalho sculp.z=

^scniiptoxes

i RANCISCO DE ASSIS RODRI- 1836. em folh. =obra que mostra a


GVES —
He ao presente Professor grande pericia do Artista-escriptor,
de Esculptura na Academia das e não menos a sua erudição, e apu-
Bellas-Artes de Lisboa, e ajuizo rado gosto.
de pessoas intelligentes he o melhor DIOGO PIRES , o moço Fez o—
Esculptor, que actualmente honra tumulo de pedra de Ançâa de D.
a Escola portugueza. Fr. João Coelho, Commendador
Em1829, fallecendo seu pai, que de Leça, fallecido em 1515, aonde
era Professor substituto da Aula e se vê a sua estatua em relevo, e o
Laboratorio de Esculptura, e abrin- seu escudo de armas, e na frente
do-se concurso para o provimento a subscripção =Diogo piz o moço
do lugar vago, concorreo a elle o o fez=. A elle parece dever-se attri-
Senhor Assis , e appresentou a sua buir a pia baptismal da mesma pe-
Memória de Esculptura por escri- dra, magnificamente lavrada , que
pto, a qual mereceo a preferencia, e existe, bem como o tumulo, na
foi impressa no mesmo anno em 4.° igreja de Leça do Bailio , e o bem
Pelo estabelecimento, e organisa- trabalhado cruzeiro, á moda d’aquel-
ção da Academia das Bellas-Artes, le tempo, com crucifixo e letreiro,
ficou o Senhor Assis Professor Pro- e o anno 1514. (Vej. Nov. Malt.
prietário da Aula de Esculptura , Portug. tom. 3. pag. 98 e 99.)
lugar que ate agora tem desempe- JOÃO JOSÉ BRAGA — Esculptor
nhado com dignidade e com grande Portuense, que falleceo da cholera-
magistério. rnorbus , durante o cerco d’aquella
Escreveo e publicou pela Impren- heroica cidade. =Era eminente em
sa = Methodo das Proporções , e representar em barro meninos em
Anatomia do corpo humano , dedica- differentes attitudes. Os dous , que
do á Mocidade estudiosa , que se ap - se veem no Museu do Senhor Allen,
plica ás Artes do Desenho Lisboa
. estão, hum delles a dormir, e o ou-
Jornal das Famílias. 53

tro noraomeiito deacordardosomno. princípios fundamentaes theóricos


Que carnes tão mórbidas que ex-
!
do Desenho (a que agora se appli-
pressão que graça que naturalida-
! !
ca com cuidado) comtudo as suas
de !Se este Artista tivesse nascido obras mostrão genio , e promettem
francez, ouinglez, em poucos annos hum distincto Artista. As de que
teria adquirido riquezas, e a fama dos temos noticia são a da Capella-mór
seus talentos teria resoado em todos os da Parochia de S. Lourenço de Car-
ângulos do mundo. Era portuguez, e nide, e o Cancelío na Capella do
apenas se sabe aonde está enterrado! Santíssimo da Igreja de S. Paulo
— (Mu*. Portuense n.° 10. p. 154.) desta cidade. São também da sua
IGNACIO CAETANO —
Natural mão o Busto de elRei D. Fernando
de Lisboa, filho do Tenente de Ca- em madeira, e os dous do Príncipe
vallaria de Chaves João Caetano, Real em madeira, e em cera, tira-
cavalleiro naOrdem de Christo. Des- dos ao natural , os quaes se achão
tinou-se á profissão de Entalhador, todos no Palacio das Necessidades ,
e tem exercitado esta arte no Arse- e por elles mereceo o Artista que
nal da Marinha, aonde he sempre SS. Magg. o premiassem com Real
encarregado das obras, que deman- Munificência. Também trabalha de
dão mais perfeito desempenho. A Estucador em relevo ,
e são obra
sua curiosidade e natural propensão sua os ornatos, e armas que se veem
o inclinárão á bella Arte da Esctil- na frente da escada do Palacio do
ptura; e posto que carecesse dos Ex. mo Conde de Vianna.

4
54 O Recreio,

©raflairor.es ire cunl)os e nteiralijas

DA CASA DA MOEDA DE LISBOA.

(Extrahido das Memórias mss. do Sr. Luiz Gonzaga Pereira, Abridor da mesma caza.)

A NTONIO MANGIN, Francês


Nascido em 1690. Estudou a gravura
— e jaz
cidade.
na Igreja de S. Paulo desta

em Paris, e vindo para Lisboa no CAETANO ALBERTO NUNES DE


anno de 1720, foi nomeado Abri- almeida —'Nasceo em Lisboa a 7
dor geral da Caza da Moeda por de Agosto de 1795, e foi baptizado
Decreto de elRei D. João 5.° Fez na Parochia de Santa Justa. Seu
os puncçóes da moeda sobre os de- pai se chamava João Nunes de Al-
senhos do insigne Vieira Lusitano, meida. Em18 de Janeiro de 1812
e foi encarregado de muitas meda- foi matriculado na Academia de
lhas , como , por exemplo , as da Desenho Histórico ,
e nella foi pre-
F undação de Mafra da Academia
,
miado em concurso. Em 1813 ma-
Real da Historia, de N. Senhora triculou-se Praticante de gravura
da Conceição, da Memória de Be- de pedras preciosas na caza da moe-
tem , &c. São do seu buril todos os da, aonde foi encarregado da gra-
retratos da moeda dos Senhores D. vura dos cunhos, e logo nomeado
João 5.° e D. José l.° e da sua Es- Ajudante do distineto Abridor José
cola sahirão excedentes discípulos. Antonio do Valle. Entrou em al-
Foi cavalleiro professo na Ordem de guns concursos, em que talvez se-
Christo, e tratou-se sempre com mui- lhe não fez a justiça que merecia.
ta dignidade. Falleceo em Outubro No anno de 1830 foi nomeado 3.°
de 1772 e jaz na Igreja Parochial Abridor de cunhos e medalhas, mas
de S. Paulo. pduco tempo exercitou este cargo.

AMARO MARQUES Natural de Hoje trabalha para o publico.
Lisboa, nasceo em 15 de Janeiro CYPRIANO DA SILVA MOREI-
de 1730. Foi perito na sua Arte, RA —.Natural de Lisboa, filho de
mas mais feliz em copiar do que Crispim da Silva, nasceo em 1754,
em inventar. Fez as medalhas do e logo desde tenra idade mostrou
S. mo Coração de Jesus, e todos os particular inclinação e genio para
cunhos que lhe forão distribuídos na o Desenho. Estudou esta nobre e
caza da moeda, sendo comtudo bella Arte no Arsenal R. do Exer-
coadjuvado em algumas destas obras cito, aonde deo brilhantes provas de
pelo excedente Artista Figueiredo. seu engenho em muitas obras, que
Falleceo em 2 de Agosto de 1776, forão encarregadas a seu Mestre
Jornal das Famílias. 55

João de Figueiredo, e que este con- cipulos. Existem muitas obras que
fiava da singular pericia do seu há- dão testemunho do genio raro, que
bil discípulo. He produeção do seu tinha para a bella Arte da gravu-
talento a medalha allegorica do ra, sendo uma das melhores (ajuizo
Porto com a effigie de elRei o Se- dos inteiligentes) a estampa do Se~
nhor D. João 6.°, desenho original nhor Jesus da boa sentença . Em
do excellente Artista Joaquim Car- 1830 obteve o nosso Artista o lugar
neiro da Silva. Mas a Obra que de Abridor Extraordinário da caza
mais hofira o seu talento , e em que da moeda, com a condição de en-
mais coadjuvou seu Mestre , he a sinar as suas prendas artisticas. Fi-
bella medalha da Estatua Equestre nalmente deixou a caza da moeda
de elRei D. Josê l.°, de meio pal- para continuar no exercicio da Gra-
mo de diâmetro, aonde se vê todo vura de chapa, e em testemunho e
o primor do buril deste digno Ar- prernio de seus distinctos mereci-
tista. Foi encarregado de abrir os mentos e serviços, foi em 1836 no-
sellos do papel, e os do papel moe- meado Professor de Gravura na
da, e trabalhou em 1814 nos cu- Academia das Bellas-Artes de Lis-
nhos para a baxella que o Governo boa, aonde continua no exercicio
Portuguez offereceo a Lord Wellin- do magistério com dignidade.
gton , mostrando nestas e em mui- FRANCISCO DE EORJA FREI-
tas outras obras suas, e ate' nos j&e —
He natural de Lisboa, nas-
mais pequenos esboços, a sua gran- cido cm 1790, filho de João Luiz
de pericia, e esmerada perfeição. Freire. Sendo de idade de nove para
Em 1816 obteve o lugar de Abri- dés annos, começou a sua carreira
dor Extraordinário da caza da moe- artistica no Arsenal R. do Exerci-
da, e tendo desempenhado este car- to, tendo por Mestres os Figueire-
go por alguns annos, falleceo em dos, pai, e filho. Em
1814 foi des-
Setembro de 1826, e foi sepultado pachado Praticante de Abridor da
no cemiterio da Irmandade do San- caza da moeda. Trabalhou na ma-
tissimo Sacramento da Parochia de gnifica baxella, que o Governo of-
S. Paulo desta cidade de Lisboa. fereceo a Lord Wellington, debaixo
DOMINGOS JOSÉ DA SIE.VA — da direcção do distincto Artista Se-
He irmão do benemerito gravador queira. Na caza da moeda coadju-
Simão Francisco dos Santos , de vou , na gravura dos cunhos , a seu
quem recebeo as primeiras luzes da tio Cypriano da Silva Moreira, e
Arte. Matriculou-se na Academia por fallecimento deste ficou suprin-
do Desenho aonde fez progressos,
i,
do o seu lugar, atêque procedendo-
e mereceo alguns dos maiores prê- se a concurso para o provimento
mios. Frequentou também a Escola da propriedade, obteve plena ap-
de gravar» do Arco do cego, de- provação em 1828. Pouco depois,
baixo do magistério e direcção de em 1830, foi nomeado segundo Abri-
Joaquim Carneiro da Silva. No dor da caza da moeda, e alcançou
anno de 1804 vindo para Lisboa o por seus talentos e serviços a con-
insigne gravador Florentino Fran- decoração da Ordem de Christo, e
cisco Bartolozzi , foi um de seus de N. Senhora da Conceição de
primeiros e mais aproveitados dis- .
Viila- viçosa. Em 1836 foi manda-
56 O Recreio,

do á corte de Londres para melhor na caza da moeda por lhe faltarem


se aperfeiçoar na gravura, e ahi os princípios espcciaes desta arte,
fez excedentes cunhos de retratos partio para Londres, aonde a estu-
gravados em fundo, e todos os punc- dou e frequentou com tanto apro-
çôes de S. Magestade a Rainha Se- veitamento, que voltando á patria,
a
nhora D. Maria 2. Actualmente lhe foi logodado o cargo e titulo
continua no estudo de cunhos de de Abridor Extraordinário, de que
medalhas na caza da moeda desta tomou posse em 1822. Em 1830
capital. foi nomeado Abridor Geral irn- ,
FRANCISCO XAVIER RE FI- pondo-se-lhe a obrigação de ensi-
GUEIREDO —Nasceo em Lisboa nar a gravura de pedras , em que
em 4 de Outubro de 1754. Foi seu era mui distincto. Em
1833 foi rein-
pai e seu primeiro Mestre o insi- tegrado neste lugar, de que havia
gne gravador João de Figueiredo, sido iniquamente esbulhado , e em
de quem fizemos menção em lu- 1836 foi despachado Professor de
gar proprio. Em 1779 foi chama- gravura de cunhos e medalhas na
do pelo Provedor da caza da moe- Academia das Bellas-Artes estabe-
da para coadjuvar o Abridor Amaro lecida e organizada em Lisboa por
Marques no desempenho das meda- Decreto de 25 de Outubro do mes-
lhas da fundação da Igreja do Co- mo anno. Falleceo no anno passa-
ração de Jesus, aonde deo provas do de 1840 , e mereceo sempre a
de seu distincto talento. Em 1780 estimação das pessoas que o conhe-
offereceo á caza da moeda o pun- cião, não só pelos seus talentos e
cção de Sua Magestade a Rainha pericia na Arte, mas também pela
a
Senhora D. Maria l. , que foi em- pureza e suavidade de seus costu-
pregado nas peças de ouro, e lhe mes e trato civil.
grangeou o lugar de Abridor do JOSÉ GASPART —
Natural de
numero por Decreto da mesma Au- Flandres, nasceo em 20 de Março
gusta Senhora. Em 1802 fez também de 1732. Estudou o Desenho na sua
o puncçâo para as peças de elRei patria, e a gravura de cunhos c
D. João 6.° Servio sempre com medalhas em diversos paizes que
grande desempenho e esmero , e visitou. Estando em Veneza, foi
acabou seus dias ferido de apople- convidado pelo embaixador portu-
xia em 27 de Outubro de 1813. guez para vir ensinar a Arte da
Jaz sepultado na Parochia de S. gravura de pedras , e aceitando o
Paulo de Lisboa. convite, foi nomeado para esse ma-
JOSÉ ANTONIO DO VAELE — gistério por Decreto de elRei D.
Nasceo em Lisboa a 15 de Outu- José l.° de 11 de Setembro de 1773.
bro de 1765. Logo de pequena ida- Teve por discípulos na gravura de
de deo principio aos estudos artis- pedras a Simão Francisco dos San-
ticosna Real caza Pia do castello tos, e Antonio Nunes de Sousa, e
de S. Jorge, donde foi mandado na de cunhos a Manoel de Abreu
para Roma em 1788 , e ahi entre- Perada, e Joaquim Antonio Nar-
gue ao magistério de Mr. Picler na ciso. Foi muito bom maquinista e
Arte da Gravura. Recolhendo-se a muito engenhoso fazia pianos e
;

Lisboa, e não podendo obter lugar outros instrumentos músicos e gra-


;
,

Jornal das Famílias. 57

vou para o Paço, e para o publico moeda, trabalhando nos cunhos que
o-rande numero de pedras. Fez tam- então se fabrica vão. Coadjuvou seu
pai nas medalhas de elRei D. José
bém as medalhas da Fabrica das
Sedas, e em 1779 as do R. Con- l.°, abrindo-lhe os reversos. ¥ez
vento do Coraçao de Jesus: final- gravuras para o publico, e em 1777
fez o puncção da moeda da S. ra D.
mente gravou muitos sellps para a
differentes tribunaes e individuos par- Maria l. , e de seu Aiigusto Esposo
ticulares. Foi condecorado com o elRei D. Pedro 3.° Fallecep em 5
titulode Abridor Geral da Rainha, de Outubro de 1790^ejaz na Igreja
e acabou seus dias cheio de annos, Parochial de S. Paulo.
e de -credito, aos 15 de Março de SIMÃO FRANCISCO DOS SAN-
1812. Jaz na Igreja Parochial de TOS —
Nasceo em Lisboa a 28 de
Santa Isabel. Outubro de 1758, e foi filho de
I.UIZ GONZAGA PEREIRA — Manoel Francisco e de Alaria Mi-
Nasceo em Lisboa em 21 de Junho caella. Recebeo da natureza espe-
de 1796, no sitio do Cardai da cial genio para a Arte , e foi mui
Graça, e foi filho de Joaquim Ma- distincLo na gravura de pedras pre-
ria Pereira e de Maria Barbara de ciosas, ,e de cunhos e medalhas.
Bulhões. Em 1811 foi admittido á Foi admittido na aula de Desenho
Academia do Desenho, sendo pre- de João Grossi (no sitio do Rato)
miado em concurso. Em 1813 ma- por Decreto de Dezembro dc 1773,
triculou-se com o seu collega Al- passando depois a trabalhar debai-
meida na escola da gravura de pe- xo da direcção do Abridor Flamen-
dras e cunhos da caza da moeda, go José Gaspart, aonde adquirio
debaixo da direcção de Siinão Fran- grandes aproveitamentos no estudo
cisco dos Santos. Em 1822 foi no- da Arte. Desempenhou muitas e in-
meado Ajudante de José Antonio signes obras para. o jniblico: gra-
do Valle, e em 1833 obteve o des- vou os puncçoes da moeda do Se-
pacho de 3.° Abridor de cunhos da nhor D. João 6.°, e o de seu Au-
caza da moeda, aonde, em 21 de gusto Filho o Senhor D. Pedro 4.°
Junho de 1839, concluio e assignou F"oi finalmente hum dos melhores en-
a informação, que aqui temos com- tre os Artistas seus contemporâneos,
pendiado, dos Abridores, e Grava- e notável por sua probidade religiosa
dores de Cunhos e Medalhas da e .civil Deixou bons discípulos, e
.

Caza da Moeda de Lisboa. entre elles a Caetano Alberto Nunes


PAULO AURELIANO MANGIN de Almeida, e Luiz Gonzaga PerejL-
— Filho de Antonio Mangin, aci- ra , de que já falamos. Falleceo em
ma nomeado , nasceo em Lisbpa a 12 de Janeiro de 1830, e foi sepul-
7 de Janeiro de 1730. Aprendeo o tado no Cemiterio da Irmandade do
Desenho e Gravura com seu pai S. mo da freguezia de S. Paulo, a
e obteve o lugar de 3.° Abridor da quem era singularmente devoto.

4
, ,,,,

58 O Recreio ,

JRusicas.

J OÁO 2>£ SOUSA CARVALHO — quim dos Santos, natural de Óbi-


Natural do Alemtejo. Foi hum dos dos que com o celebre David Pe-
,

mais insignes Mestres de Musica do res tinha aprendido o Contrapon-


Seminário Patriarchal, e o que deo to.
luzes aos Compositores Portuguezes Quando os quatro Artistas vol-
para conhecerem o mecanismo de tarão a Portugal forão emprega-
,

instrumentar a musica vocal sagrada dos no Seminário; mas João de


e profana. Sousa mostrou superior habilidade,
El Rei D. Jose' o mandou a Ita- pelo que fallecendo David Peres
,

lia com Jeronimo Francisco de Li- foi nomeado em lugar delle para
ma, Braz Francisco de Lima, e Mestre de Musica das Pessoas Reaes.
Camillo Cabral, para ali se instrui- Teve por discípulos os dous in-
rem n’aquella sciencia, então não signes Músicos Antonio Leal Mo-
muito cultivada em Portugal, aon- reira , e Marcos Antonio Portugal
de apenas se distinguia José Joa- •
• bem conhecidos entre nós.

3Utòitam*nt0 ao Supplrmenta €$ntlptor*s.

D MARIA MARGARIDA FER-


.


REIRA borges Natural da ci-
e sem auxílio de pessoa alguma, fez
o busto de sua cunhada a Ex. ma D.
dade do Porto, nasceo a 5 de Ju- Bernarda Candida Ferreira Borges
nho de 1790, e foi baptizada na com tanta exacção e propriedade,
parochia da Victoria. Desde a mais que causou admiração a alguns- Ar-
tenra idade mostrou esta Senhora tistas que,
a pedido de seu irmão
,

hum singular engenho e dexteridade a forão sur prender no seu trabalho^


em executar o que emprehendia. Animada pelo bom exito desta pri-
Nunca se deo ao estudo do Dese- meira tentativa (de cuja possibilida-
nho; e comtudo vendo em 1838 tra- de alguns duvidavão j e movida das
balhar em barro hum Esculptor seu instancias de seu irmão, emprehen-
compatriota, pedio-lhe o barro, que deo fazer o busto de S. Mag. Imp.
restava da obra, e adoptando para o immortal Duque de Bragança, e
o seu intento alguns dentes de hum o executou, servindo-lhe de origi-
pente , com este unico instrumento naes os melhores Retratos deste Gran-
Jornal das Famílias. 59

de Príncipe , e o que ella conserva- res, e entendedores. Não teve esta


va na sua própria fantasia. Este Senhora mestre mais que a natureza;
busto teve a lionra de ser appresen- mas que bom mestre he esta A pri-!

tado a S. Mag. Imp. a Senhora meira tentativa, que fez neste gene-
Duqueza de Bragança. Tirou tam- ro, foi o busto da espoza de seu de-

bém pelo natural o busto de sua functo irmão, e sem outros instru-
prima Dona Margarida de Moura mentos mais que os dentes de um pen-
Miranda , o de seu irmão o Ex. mo te, sahio-lhe obra de mercimento. n
José Ferreira Borges, o de outra MANOEL DA FONSECA PINTO
sua prima D. Joaquina de Moura carneiro — Foi este Artista o
Velloso, e ultimamente o do Dou- que executou na cidade do Porto
tor Custodio Luiz de Miranda, nos a elegante Obra das differentes fi-
quaes todos se observa, a par da guras allegoricas e mythologicas , e
perfeita semelhança com os origi- os baixos relevos, que ornão tanto os
naes, huma execução mui acabada, lados, como a popa e proa do Va-
e igual á dos bons Artistas. Con- so denominado Real Escuna. Tem
cluiremos esta breve nota com as executado muitas outras Obras de
palavras que se leem no Periodico Esculptura de talha para vários na-
dos Pobres no Porto , an. de 1839. vios construidos n’aquetla cidade :

num. 5. a Há o busto em barro do e retrata, tirando em barro e gesso


senhor Jose' Ferreira Borges, feito bustos, e outras obras para algumas
por sua extremosa irmãa a Senhora Pessoas Reaes e para particulares.
D. Maria Margarida Ferreira Bor- He actualmente Lente de Desenho
ges: he inteiramente parecido, e no Conservatorio das Artes da ci-
tem sido admirado por os professo- dade do Porto.

rim.

Segundo a advertência feita no IV. 0 3 deste Jornal pertencente ao anno de


1839, deverào os encadernadores separar as ultimas 4 paginas de cada um dos N.*®
que contiverem a relação do3 nossos mais insignes artistas, tanto dos folhetos perten-
centes ao referido anno, como dos de Fevereiro e Abril de 1840 e Fevereiro de 1841,
« junta-las no fim do volume do presente anno ou encaderna-lae em separado.
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