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Direito Civil – Pessoas e Bens

Professor Stanley Costa


AULA 01 – INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
Sumário: 1. O Que é Direito? – 2. Distinção entre Direito e Moral – 3. Os Diferentes
Ramos do Direito – 4. O Direito Civil.

1. O QUE É DIREITO?

Entre os doutrinadores não existe um conceito pacífico de “DIREITO”. Ao longo


das eras sempre houve discussões e muita divergência entre os pesquisadores dos
diferentes ramos das ciências sociais. Juristas, filósofos, sociólogos, teólogos e muitos
outros tentam, cada qual na sua área de atuação, dizer o que é o Direito.

Considerando que este é o momento de afunilarmos os estudos jurídicos,


deixaremos de lado, então, as variadas teorias que existem fora dos nossos limites de
pesquisa. Assim, poderemos afirmar que, para a ciência jurídica, o “Direito é o conjunto
das normas gerais e positivas, que regulam a vida social”1.

A expressão Direito é utilizada para definir o complexo regras que objetiva regular
a vida em sociedade. Sabemos que o homem é um ser social, razão pela qual
naturalmente busca viver com outros da sua espécie. Ocorre que, para essa vida em
conjunto funcionar, faz-se necessário o estabelecimento de algumas regras que limitem
a liberdade individual. Por isso a parêmia latina ubi homo, ibi jus (onde existe homem,
há direito)”.

Conforme as lições do doutrinador civilista, Carlos Roberto Gonçalves: “O direito


nasceu junto com o homem que, por natureza, é um ser social. As normas de direito,
como visto, asseguram as condições de equilíbrio da coexistência dos seres humanos, da
vida em sociedade”. Ainda, “a palavra ‘direito’ é usada, na acepção comum, para
designar o conjunto de regras com que se disciplina a vida em sociedade, regras essas
que se caracterizam pelo caráter genérico, concernente à indistinta aplicação a todos os
indivíduos, e jurídico, que as diferencia das demais regras de comportamento social e
lhes confere eficácia garantida pelo Estado. As referidas normas de conduta encontram-

1
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2001. p.2.

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se nas leis, nos costumes, na jurisprudência, nos princípios gerais do direito, constituindo
o direito objetivo e positivo, posto na sociedade por uma vontade superior” 2.

De acordo com Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo: “(...) conjunto de normas


(princípios e regras) que disciplina a vida social, seja mediante a imposição de deveres,
seja mediante o reconhecimento de garantias, benefícios ou vantagens à mesma pessoa,
como se a conduta humana experimentasse verdadeira interferência institucional
permissiva da convivência pacífica, fraterna e harmônica” 3.

2. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E MORAL

Não podemos confundir “direito” com “moral”. Tanto as normas jurídicas quanto
as normas morais constituem regras de comportamento, influenciam nas atitudes
daqueles que vivem em sociedade, mas de forma alguma se confundem.

A “NORMA MORAL” é o “conjunto de valores pessoais que nos leva a discernir o


bem do mal, e o certo do errado”. A concepção de moral é, portanto, individual e
decorre diretamente de fatores como vínculos familiares, vínculos de amizade,
compreensões filosóficas, sociológicas, teológicas e etc. Nesse sentido,
doutrinariamente fala-se que a moral é unilateral, pois resulta em regras individuais que
indicam apenas deveres.

O “DIREITO”, por sua vez, como o conjunto de regras que regula a vida em
sociedade, é resultado de um padrão ético, mínimo e necessário. Faz-se uma análise da
sociedade como um todo, através dos representantes escolhidos pelo próprio povo, o
que culmina na criação de regras que serão IMPOSTAS (positividade) a TODOS
(generalidade) indistintamente. O Direito se caracteriza pela bilateralidade, pois impõe
deveres, mas, também, atribui direitos.

Segundo Paulo Nader: “O domínio da Moral é mais amplo do que o do Direito, pois
dispõe sobre as relações do homem consigo, com o semelhante e com o Criador,
enquanto o Direito Positivo – e também o Natural – atentam apenas para as relações

2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 20.
3
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 78.

2
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sociais. A Moral atua no forum internum, no plano da consciência, enquanto o Direito
age no forum externum, no âmbito das relações objetivas”4.

A grande distinção entre direito e moral encontra-se nas consequências do seu


descumprimento. O descumprimento dos valores morais causa apenas consequências
de consciência, ou seja, de cunho subjetivo e individual, tal como remorso,
arrependimento, constrangimento interno, às vezes até recriminação social, mas NÃO
se fala em sanção, por isso diz-se que as normas morais não têm coercibilidade jurídica.

Sabendo que o Direito estabelece comportamentos gerais e obrigatórios, o


descumprimento de regras de direito, diferentemente do descumprimento de valores
morais, implica em sanção (penalização/punição), imposta pelo Estado e que serve para
constranger os indivíduos ao cumprimento de tais preceitos.

Novamente citando Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo:

Poderíamos, até mesmo, admitir a existência de normas morais e normas


jurídicas. E qual seria a diferença entre elas? A qualidade da sanção aplicável.
No direito, a sanção é aplicável por meio do Poder Público, constrangendo a
conduta humana contrária à ordem jurídica por meio de atos concretos,
imperativos, coercitivos e limitadores das vontades e liberdades. As normas
meramente morais, quando violadas, geram no mais das vezes
constrangimento interno, pessoal, particular, como um remorso, um
arrependimento, sem qualquer tipo de coercitibilidade jurídica5.

Ademais, é certo que uma ação juridicamente condenável, normalmente também


será condenável do ponto de vista moral. Desta constatação, BENTHAM visualiza a
relação entre moral e direito a partir de dois círculos, em que a moral é um circulo maior,
compreendendo todas as normas reguladoras da sociedade (de religião, higiene,
etiqueta, urbanidade e etc.), e o direito um circulo menor, que se encontra dentro do
primeiro, contendo normas de força coercitiva. Dessarte, aquilo que é jurídico deve
também ser moral, mas nem tudo que é moral será jurídico.

Por fim, é perceptível que em razão do próprio avanço da sociedade muitas


normas meramente morais se tornam relevantes para o direito e acabam sendo

4
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, parte geral – vol. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 5.
5
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 78.

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convertidas em normas jurídicas. Assim aconteceu com as normas que determinam a
igualdade entre homem e mulher, a igualdade entre filhos (consanguíneos e adotivos),
regras sobre a união estável, direitos do consumidor, direitos do trabalhador e vários
outros exemplos.

➔ MORAL – Mais ampla. Abrange regras


MORAL decorrem de valores pessoais, influenciadas
pela filosofia, sociologia, teologia, preceitos
higiênicos, princípios de etiqueta,
urbanidade e etc.

DIREITO ➔ DIREITO – Mais restrito. Abrange normas


gerais e de observância obrigatória,
impostas pelo Estado coercitivamente, cujo
descumprimento enseja sanção.

3. OS DIFERENTES RAMOS DO DIREITO

O Direito é classificado de várias formas e em várias espécies (direito natural x


direito positivo; direito objetivo x direito subjetivo; etc.), mas é do direito romano que
advém a principal classificação, utilizada até hoje pelos juristas, que divide o Direito em
“PÚBLICO” e “PRIVADO”. O “direito público” é aquele que objetiva regular os interesses
do Estado e da sociedade como um todo (normas de interesse geral). O “direito
privado”, por sua vez, visa disciplinar os interesses particulares dos cidadãos (normas
de interesse individual). No direito romano falava-se que, “direito público é o que
corresponde às coisas do Estado; direito privado, o que pertence à utilidade das
pessoas”6.

Para Roberto Ruggiero:

Público é o direito que tem por finalidade regular as relações do Estado com
outro Estado, ou as do Estado com seus súditos, quando procede em razão
do poder soberano, e atua na tutela do bem coletivo; direito privado é o que
disciplina as relações entre pessoas singulares, nas quais predomina
imediatamente o interesse de ordem particular.7

6
“Ius publicum est quod ad statum rei romanae spectat; privatum, quod ad singulorum utilitatem” (Digesto,
Livro I, título I, §2º).
7
RUGGIERO, Roberto de. Instituições de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1972, p. 18

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Atualmente, integram o “direito privado”: o direito civil, o direito comercial, o
direito agrário, o direito marítimo, o direito aeronáutico, o direito do trabalho e o direito
do consumidor. Esses últimos são considerados ramos do direito privado porque regular
relações jurídicas entre particulares, entretanto, possuem várias normas de ordem
pública e de observação cogente. Por outro lado, fazem parte do “direito público”: o
direito constitucional, o direito administrativo, o direito tributário, o direito penal, o
direito processual (civil e penal) e o direito ambiental.

DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO


▪ Direito Constitucional ▪ Direito Civil
▪ Direito Administrativo ▪ Direito Comercial
▪ Direito Tributário ▪ Direito do Consumidor
▪ Direito Penal ▪ Direito do Trabalho
▪ Direito Processual ▪ Direito Agrário
▪ Direito Internacional ▪ Direito Marítimo
▪ Direito Ambiental ▪ Direito Aeronáutico
▪ Direito Previdenciário

4. O DIREITO CIVIL

O Direito Civil é o ramo do direito privado por excelência, a partir do qual surgiu
os demais ramos desta classificação. É o ramo do direito responsável por regulamentar
as relações jurídicas desenvolvidas entre particulares, desde a concepção (e mesmo
antes, como quando admite doação e testamento em benefício de prole eventual) até
depois da morte.

Conforme as lições de Serpa Lopes, o Direito Civil é o ramo do direito privado


“destinado a regulamentar as relações de família e as relações patrimoniais que se
formam entre os indivíduos encarados como tal, isto é, tanto quanto membros da
sociedade”8.

8
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 32.

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Complementarmente, lecionam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “É
o ramo do direito privado tendente a reger as relações humanas. Enfim, é o direito
comum a todas as pessoas, disciplinando o seu modo de ser e de agir. É, pois, o direito
da vida do homem”9.

Ademais, quando olhamos para o Direito Civil de forma ampla, observamos que
ele se divide em dois grandes ramos, os direitos patrimoniais e os não patrimoniais
(ético-social). No primeiro bloco encontram-se o direito das obrigações e o direito das
coisas, enquanto que no segundo localizam-se os direitos da personalidade e direito
das famílias, que embora abranja questões patrimoniais (ex. regime de bens) elas não
são o seu escopo principal. Quanto ao direito das sucessões, poderíamos dizer que ele
é misto, vez que regula a transmissão de relações patrimoniais (obrigações e reais)
através dos vínculos de parentesco (direito de família).

O Código Civil, como o próprio nome sugere, é o estatuto em que encontramos as


normas gerais do direito civil, o qual é dividido em duas partes. Na PARTE GERAL
podemos encontrar as regras fundamentais para o estudo do Direito Civil, distribuídas
em três livros: LIVRO I – Das Pessoas; LIVRO II – Dos Bens; LIVRO III – Dos Fatos Jurídicos.
Na PARTE ESPECIAL, de conformidade com as regras gerais, encontramos a
regulamentação das áreas específicas do Direito Civil, organizadas em cinco livros: LIVRO
I – Do Direito das Obrigações; LIVRO II – Do Direito de Empresa; LIVRO III – Do Direito
das Coisas; LIVRO IV – Do Direito de Família; LIVRO V – Do Direito das Sucessões.

9
FARIAS, Cristiano Chaves de, ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral. Salvador:
Ed. Juspodivm, 2016, p. 57.

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