Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1. O QUE É DIREITO?
A expressão Direito é utilizada para definir o complexo regras que objetiva regular
a vida em sociedade. Sabemos que o homem é um ser social, razão pela qual
naturalmente busca viver com outros da sua espécie. Ocorre que, para essa vida em
conjunto funcionar, faz-se necessário o estabelecimento de algumas regras que limitem
a liberdade individual. Por isso a parêmia latina ubi homo, ibi jus (onde existe homem,
há direito)”.
1
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2001. p.2.
1
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa
se nas leis, nos costumes, na jurisprudência, nos princípios gerais do direito, constituindo
o direito objetivo e positivo, posto na sociedade por uma vontade superior” 2.
Não podemos confundir “direito” com “moral”. Tanto as normas jurídicas quanto
as normas morais constituem regras de comportamento, influenciam nas atitudes
daqueles que vivem em sociedade, mas de forma alguma se confundem.
O “DIREITO”, por sua vez, como o conjunto de regras que regula a vida em
sociedade, é resultado de um padrão ético, mínimo e necessário. Faz-se uma análise da
sociedade como um todo, através dos representantes escolhidos pelo próprio povo, o
que culmina na criação de regras que serão IMPOSTAS (positividade) a TODOS
(generalidade) indistintamente. O Direito se caracteriza pela bilateralidade, pois impõe
deveres, mas, também, atribui direitos.
Segundo Paulo Nader: “O domínio da Moral é mais amplo do que o do Direito, pois
dispõe sobre as relações do homem consigo, com o semelhante e com o Criador,
enquanto o Direito Positivo – e também o Natural – atentam apenas para as relações
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 20.
3
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 78.
2
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa
sociais. A Moral atua no forum internum, no plano da consciência, enquanto o Direito
age no forum externum, no âmbito das relações objetivas”4.
4
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, parte geral – vol. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 5.
5
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 78.
3
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa
convertidas em normas jurídicas. Assim aconteceu com as normas que determinam a
igualdade entre homem e mulher, a igualdade entre filhos (consanguíneos e adotivos),
regras sobre a união estável, direitos do consumidor, direitos do trabalhador e vários
outros exemplos.
Público é o direito que tem por finalidade regular as relações do Estado com
outro Estado, ou as do Estado com seus súditos, quando procede em razão
do poder soberano, e atua na tutela do bem coletivo; direito privado é o que
disciplina as relações entre pessoas singulares, nas quais predomina
imediatamente o interesse de ordem particular.7
6
“Ius publicum est quod ad statum rei romanae spectat; privatum, quod ad singulorum utilitatem” (Digesto,
Livro I, título I, §2º).
7
RUGGIERO, Roberto de. Instituições de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1972, p. 18
4
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa
Atualmente, integram o “direito privado”: o direito civil, o direito comercial, o
direito agrário, o direito marítimo, o direito aeronáutico, o direito do trabalho e o direito
do consumidor. Esses últimos são considerados ramos do direito privado porque regular
relações jurídicas entre particulares, entretanto, possuem várias normas de ordem
pública e de observação cogente. Por outro lado, fazem parte do “direito público”: o
direito constitucional, o direito administrativo, o direito tributário, o direito penal, o
direito processual (civil e penal) e o direito ambiental.
4. O DIREITO CIVIL
O Direito Civil é o ramo do direito privado por excelência, a partir do qual surgiu
os demais ramos desta classificação. É o ramo do direito responsável por regulamentar
as relações jurídicas desenvolvidas entre particulares, desde a concepção (e mesmo
antes, como quando admite doação e testamento em benefício de prole eventual) até
depois da morte.
8
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 32.
5
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa
Complementarmente, lecionam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “É
o ramo do direito privado tendente a reger as relações humanas. Enfim, é o direito
comum a todas as pessoas, disciplinando o seu modo de ser e de agir. É, pois, o direito
da vida do homem”9.
Ademais, quando olhamos para o Direito Civil de forma ampla, observamos que
ele se divide em dois grandes ramos, os direitos patrimoniais e os não patrimoniais
(ético-social). No primeiro bloco encontram-se o direito das obrigações e o direito das
coisas, enquanto que no segundo localizam-se os direitos da personalidade e direito
das famílias, que embora abranja questões patrimoniais (ex. regime de bens) elas não
são o seu escopo principal. Quanto ao direito das sucessões, poderíamos dizer que ele
é misto, vez que regula a transmissão de relações patrimoniais (obrigações e reais)
através dos vínculos de parentesco (direito de família).
9
FARIAS, Cristiano Chaves de, ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral. Salvador:
Ed. Juspodivm, 2016, p. 57.
6
Direito Civil – Pessoas e Bens
Professor Stanley Costa