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Descobrindo,
Interpretando e
Agindo sobre
o Mundo
FUNDAÇAO
MAURICIO SIROTKY SOBRINHO
Organização: OMEP
Organização: Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar – OMEP, Brasil
Elaboração:
Cleonice de Carvalho Silva, Dulce Cornetet dos Santos, Elizabeth Amorin,
Janice Oliveira, Maria Helena Lopes, Marise Campos, Renato Ferreira Machado
Revisão Técnica:
UNESCO (Alessandra Schneider),
Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (Alceu Terra Nascimento,
Jéferson dos Santos, Márcio Mostardeiro)
Capa:
Edson Fogaça
Fotografia da Capa:
Mila Petrillo - Projeto AXÉ
Apresentação ........................................................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................... 9
Linguagens ............................................................................................................. 10
Nas últimas décadas, várias pesquisas têm demonstrado que os primeiros seis anos de vida
de uma criança se constituem em período de intenso aprendizado e desenvolvimento, em que
se assentam as bases do “aprender a conhecer”, “aprender a viver junto”, “aprender a fazer” e
“aprender a ser”. O atendimento educacional de qualidade, nessa fase da vida, tem um
impacto extremamente positivo no curto, médio e longo prazo, gerando benefícios
educacionais, sociais e econômicos mais expressivos do que qualquer outro investimento na
área social. Melhor desempenho na escolaridade obrigatória, menores taxas de reprovação e
abandono escolar, bem como maior probabilidade de completar o ensino médio foram
observados entre os que tiveram acesso à educação infantil de qualidade, quando comparados
aos que não tiveram essa oportunidade. A freqüência a instituições de educação infantil afeta
positivamente o itinerário de vida das crianças, contribuindo significativamente para a sua
realização pessoal e profissional.
O Programa Fundo do Milênio para a Primeira Infância tem como principal objetivo a qualificação
do atendimento em creches e pré-escolas, preferencialmente da rede privada sem fins lucrativos,
isto é, de instituições comunitárias, filantrópicas e confessionais que atendem crianças em situação de
vulnerabilidade social. A principal estratégia do programa é a formação em serviço dos profissionais
de Educação infantil, considerando que a qualificação do educador é reconhecidamente um dos
fatores mais relevantes para a promoção de padrões de qualidade adequados na educação, qualquer
que seja o nível, a etapa ou a modalidade. No caso da Educação Infantil, em que o profissional tem a
dupla responsabilidade de cuidar e educar bebês e crianças de até seis anos, sua formação é uma das
variáveis que maior impacto causa sobre a qualidade do atendimento.
Pretende-se, portanto, que o presente volume e os demais dessa série constituam-se em importante
ferramenta de trabalho para os profissionais da área de Educação Infantil, proporcionando o acesso a
novos e atualizados conhecimentos, a reflexão crítica e a construção de práticas inovadoras àqueles que
têm em suas mãos a difícil e apaixonante tarefa de educar nossas crianças.
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Cadernos Pedagógicos – volume 2 Série Fundo do Milênio para a Primeira Infância
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Série Fundo do Milênio para a Primeira Infância Cadernos Pedagógicos – volume 2
Foto: Sebastião Barbosa e ilustração OMEP – RS
inguagens
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Série Fundo do Milênio para a Primeira Infância Cadernos Pedagógicos – volume 2
Gallahue e
Ozmun (2003) orga-
nizam as fases do
movimento
na educação infantil
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espaço para rastejar, engatinhar, tocar os aperta e morde a educadora. Ela testa a
objetos e as pessoas com quem convive. consistência e a textura de seus corpos.
Essas experiências farão com que ela,
O bebê precisa ser estimulado a ficar além de aumentar sua percepção de
em posições que provoquem posturas corpo, auxiliando, assim, na construção
corporais diferentes, como ficar de da imagem corporal, carregue consigo
bruços para que erga a cabeça. Conforme uma idéia positiva de si mesma. O uso do
vai desenvolvendo seu tônus, novas pro- espelho pode auxiliar nesse processo
vocações devem ser feitas, como a exploratório. Esta é a intervenção do
estimulação para que busque algum educador na construção do diálogo da
objeto colorido ou sonoro, permitindo-se criança com o mundo, do seu corpo,
que a própria criança crie recursos para da percepção do movimento como forma
isso, rastejando, engatinhando, de expressão.
caminhando, correndo, fazendo uso de
outro objeto intermediário para alcançar o Conforme a criança vai crescendo,
que deseja, ficando de pé, estendendo-se, esses desafios vão sendo superados, e o
enfim, aumentando gradativamente as educador deve sempre aumentar a com-
possibilidades do movimentar. plexidade das atividades.
Temos que oportunizar a experimentação Ao dominar os movimentos de equilí-
dos espaços, o subir e descer do berço, o brio, apreensão e manipulação, novos
degrau a ser explorado, o objeto a ser jogos são construídos. O jogo simbólico
arrastado ou puxado. Tudo isso constitui acontece independentemente da ação do
nossa prática docente, faz parte do nosso professor. Muitas vezes, estamos propondo
dia-a-dia e deve ser feito com cuidado, uma atividade e percebemos que as crianças
para garantir a segurança do aluno, mas estão desenvolvendo uma brincadeira
precisa ser vivenciado. paralela, que acontece de maneira
introspectiva e que pode passar
Tocar o corpo da criança de maneira despercebida a um olhar menos atento.
prazerosa e permitir que ela toque o
corpo do educador também é extrema- Essa facilidade de “viajar” na imagina-
mente importante. Isso deve acontecer ção auxilia o educador a desenvolver as
não somente na hora da troca de fraldas, atividades motoras. A escada do brinquedo
mas nos diferentes momentos da rotina passa a fazer parte do caminhão de
diária. bombeiros, os pneus se transformam em rios
cheios de jacarés, os túneis de concreto são
A criança puxa os cabelos, lambe, passagens secretas a algum lugar misterioso.
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rias para a execução de certos roteiros de tância em si mesma e, por isso, deve ser
movimentos, observar distâncias percorri- valorizada. A nós, educadores, cabe ter
das, proporcionar momentos de relatos, conhecimento das inúmeras possibilidades
verbalizações, interpretações e sugestões que cada momento propicia e aproveitá-las
de atividades possibilitam que os momen- o máximo possível, fazendo com que todas
tos sejam permeados pela interdis- as atividades sejam pedagógicas e
ciplinaridade. enriquecedoras e percebendo no
brinquedo, no jogo, no movimento e nas
Para a criança, a brincadeira tem impor- atividades corporais momentos de
aprendizagem tão importantes como
aqueles em que o corpo está guar-
dado e apenas o intelecto está
trabalhando.
Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS / Gian Calvi
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Referências Bibliográficas
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Atividades de Estudo
e Aprofundamento Experimente! Arrede todos os móveis da
Maria Helena Lopes sala e ofereça os panos. Primeiramente,
deixe-as explorarem o material livremente;
No texto Corpo e Movimento, a autora depois sugira, por exemplo, que cada uma
afirma que, segundo Wallon, “as expressões mostre a brincadeira que criou para as outras
de alegria, tristeza, dor, desconforto ou imitarem. Algumas sugestões também devem
satisfação feitas por um bebê só adquirem ser feitas, como dobrar, desdobrar, rolar por
esse significado quando interpretadas ou cima, etc.
decodificadas por seu interlocutor”.
Não se esqueça de registrar suas
• Observe os bebês no berçário e comen- observações, destacando principalmente as
te a afirmativa acima ilustrando o comentário possibilidades de desenvolvimento motor
com fatos presenciados por você ou que a brincadeira oportunizou.
relatados por seus colegas.
• Atividades de relaxamento corporal
• Você já brincou com as crianças com também são necessárias. Além de trazer as
lençóis velhos ou quaisquer outros pedaços crianças de volta à calma após brincadeiras
de panos grandes?
Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS/Gian Calvi
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Talvez isso aconteça porque a música nos regionais, etc. Inclusive, vemos hoje, em
remete ao primeiro e mais importante som diversas maternidades, som ambiental nas
da vida: as batidas do coração de nossa salas de parto.
mãe. O som uterino está gravado no in-
Boa noite, meu bem
consciente e simboliza proteção, aconchego e
Dorme um sono tranqüilo,
tranqüilidade.
Boa noite, meu amor
A música está presente em diversas Meu filhinho encantador
situações e com diferentes objetivos, pois Os diferentes aspectos que a envolvem
há composições usadas para ninar, para (afetivos, estéticos, cognitivos), além de
dançar, para ritos fúnebres. Os países têm promoverem comunicação social e
seus hinos, assim como as escolas e os integração, tornam a linguagem musical
times de futebol. Existem músicas típicas uma importante forma de
expressão humana e, por
isso, deve ser parte do
contexto educacional,
principalmente na educa-
ção infantil.
A música –
compreendida como
linguagem e meio de
conhecimento – está
intensamente presente
em nosso cotidiano
através do rádio, da TV,
de gravações e
propagandas. Por isso,
desde bem pequenas, as
crianças têm contato
com várias músicas e
conseguem identificá-las.
Interior Holandês - Joan Miró, 1928
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não mecanica-
mente.
Podemos
ter na nossa
sala um canti-
nho do som,
onde ficam
objetos sono-
ros, livros
sobre músicas
e composito-
res, letras com
partituras e
Villa-Lobos em 1940
CDs. Se você
não tiver
aparelho de som na sua sala, provavel-
mente a escola tem; então, combine os
dias em que pode estar disponível para
você. No entanto, lembre-se de que ele Quem vai ao ar
não é fundamental para que você e suas Perdeu o lugar
crianças tenham muitos bons momentos Quem vai ao vento,
musicais! Perdeu o assento!
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Ilustração: Alice no País da Maravillha / Jhon Tenniel
Toda arte é expressão, seja qual for a Pelo que temos discutido até aqui,
linguagem: música, dança, pintura, parece claro que, quando a criança é
escultura, cinema e teatro. Ao propor- capaz de imaginar, ela pode desenvolver
mos situações de expressões artísticas, sua expressividade por meio de diferen-
devemos ter em mente que não preten- tes formas. Então, ficamos nos pergun-
demos formar um artista, mas auxiliar, tado sobre os “teatrinhos” e “pecinhas”
através de expressões e jogos, na apresentados em diversas situações no
construção de seres capazes de utilizar contexto educacional infantil. Muitas
as diferentes formas de linguagem, vezes, essas montagens cênicas que mar-
seres espontâneos, vivos, dinâmicos e cam datas comemorativas não têm,
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participação do adulto para dramatizar também atenção com detalhes para que
junto ou como observador. o jogo esteja o mais próximo possível da
“verdade”. As crianças passam tempo
Em algumas situações, a dramatização
serve como canal de compensação ou de organizando o material, às vezes solici-
superação de alguma situação desagradá- tam o nosso auxílio para a confecção de
vel, como medo ou tensão. Assim, vemos roupas e cenário. Devemos colaborar
aquela criança alérgica a chocolate co- auxiliando-as, jamais fornecendo
mendo muitos “negrinhos” ou, ainda, a soluções prontas.
outra que, antes de ser vacinada, “dá
Brincam então de loja, de super-herói,
injeção” em todas as bonecas da sala!
de ir à praia, ao shopping, encenando
Nós precisamos preservar o espaço histórias cada vez mais longas; e, na
para que as manifestações possam
exteriorizar-se e, ao mesmo tempo, ser
cuidadosos ao interpretar os comporta-
mentos, devendo considerar sempre a
maneira de ser de cada criança.
Muitas cenas são repetidas até esgotar
o interesse por elas. Um dos interesses
mais constantes é o brincar de casinha,
com os papéis familiares representados e
dramatizados. É interessante observar que
as figuras familiares também são transpos-
tas para outras situações; imitam-se
animais, a “família” lá está, pois se é a
girafa a eleita, há a girafa mãe, a girafa
pai, a girafinha pequena e, muitas vezes,
o “nenê” também!
A partir dos 4 anos, o jogo simbólico
vai aproximando-se do real, mostra-se
mais coerente nas ações e falas. Surge a
preocupação com o material para com-
plementar a brincadeira, havendo
Ilustração: autor desconhecido
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busca de um realismo cada vez maior, ções. Surgem conflitos, e ela precisa de
mudam inclusive a entonação da voz. espaço para expressar seus sentimentos;
Nesse momento, devemos ter o cuidado então, a alegria, o medo, a raiva, a
de não impor padrões, lembrando tam- tristeza, a ansiedade e o carinho mani-
bém que antes dos 6 anos as crianças festam-se através dos personagens.
não têm condições de improvisar.
Nessa fase, a platéia torna-se impor-
Embora o mundo da fantasia seja tante e é composta, na maioria das ve-
ainda forte aos 4 ou 5 anos, a realidade zes, por nós, educadores, e pelas
começa a ser mais evidente, pois a próprias crianças. Podem ser convidados
criança vai gradativamente compreen- também outras turmas e os pais, tendo
dendo alguns processos e fazendo rela- sempre o cuidado de não dar a essa
experiência o enfoque de uma
representação teatral.
As crianças, até por volta dos 6 anos,
não constituem ainda, efetivamente, um
grupo de jogo, pois a cooperação está
sendo construída e qualquer insistência
transforma-se em imposição e cópia.
Assim, onde o que é dito e realizado
nada mais é do que um movimento
mecânico, não compreendido realmente.
Cabe a nós respeitarmos as inclina-
ções naturais das crianças para jogar
dramaticamente, bem como garantirmos
segurança e liberdade para que o jogo
possa acontecer naturalmente.
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Cândido Portinari - Bailarina Carajá, 1958
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comestível são
uma grande dades: rasgados,
“festa”. Os picados,
grudes amassados, recor-
também nos tados, amarrados,
dão a alter- colados,
nativa de desenhados.
modificarmos Como não há
sua consistên- limites para a
cia, o que imaginação de
modifica a sensação tátil da criança. uma criança quando lhe são oferecidas
Nessa fase, é a exploração dos materiais a experiências diferenciadas, entram em
necessidade da criança; portanto, nada de cena também sucatas diversificadas,
solicitações e sugestões quanto ao seu embalagens, rolos de papel, tampinhas,
fazer para que não se perca a cones de linha, botões, fitas, barbantes,
espontaneidade desse processo. areia, serragem, massa comestível,
Ao perceber que sua ação produz canos, palitos de picolé. As ferramentas
marcas específicas, a criança passa a igualmente são variadas: além das mais
usuais, como lápis de cera, canetões, giz e
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Referências Bibliográficas
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FUSSARI, Mª F. de R.; FERRAZ, Mª Heloísa C. de T. A arte (des)construção do brincar no cotidiano educacional. Ijuí:
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LINO, Dulce Maria Lemos. Música é cantar, dançar e Cor, som e movimento. Cadernos de Educação Infantil.
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LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: TELLES, Maria Terezinha. Didática do ensino da arte – a
Mestre Jou,1977. língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer. São Paulo:
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MELO, Veríssimo de. Folclore infantil. Belo Horizonte: WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. Coleção
Editora Itatiaia, s.d. Questões da Nossa Época. São Paulo: Cortez,1997.
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Cândido Portinari - Bumba-meu-boi, 1956
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Faça um grande painel com desenhos • Meu neném / Paulo Tatit e Sandra Paes /
das crianças sobre as vivências e brinca- Selo Palavra Cantada / Gravadora MCD
deiras no circo. • Canções de brincar / Paulo Tatit e Sandra
Paes / Selo Palavra Cantada / Gravadora MCD
Sugestões de CDs de músicas infantis • Oficininha / Beto Herrmann
• Músicas daqui – Ritmos do mundo (Livro • O bê-á-bá encantado / Beto Herrmann
de história com CD de músicas) / Zezinho Sugestão de leitura
Mutarelli e Gilles Eduar
• Cantigas de roda / Paulo Tatit e Sandra • KOHL, Maryann F. O livro dos arteiros:
Paes / Selo Palavra Cantada / Gravadora MCD arte grande e suja. Porto Alegre: Artmed, 2002.
• Primeiro Em Canto / Paulo Tatit e Sandra
Paes / Selo Palavra Cantada / Gravadora MCD
Ilustração: Autor desconhecido
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Ilustração: Voltolino / Capa de Livro
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Ilustração: Cândido Portinari / Livro Maria Rosa
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atrair para o mundo fantástico das histó- dos livremente, dobrados, ou até mordi-
rias, pois é só aí que seremos felizes para dos, sem prejuízo algum para a criança.
sempre… São muito necessários para que ela come-
Sugestões para uma biblioteca ce a se relacionar com eles de forma
bem equipada lúdica e prazerosa; há livros com ilustra-
ções atraentes e coloridas, em páginas
É importante compreendermos que com relevo, com propostas que variam do
não há literatura fechada em faixas etá- girar ao dobrar, ou abrir uma parte da
rias distintas, embora alguns princípios gravura. Seguem-se os livros com frases
básicos possam nos ajudar a escolher. curtas e escritas em letras graúdas e varia-
das, sempre tendo em vista o futuro leitor,
• Para bebês e crianças muito peque- que muito cedo vai descobrindo que,
nas, vamos oferecer os “livros para brin- além das figuras, há outros elementos que
car”: são os livrinhos de pano, plástico e nos contam as histórias.
outros materiais que possam ser manusea-
Ilustração: As Aventuras de Alice no País das Maravillhas / John Tenniel
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“Refiro-me a que a leitura do mundo “Há que se alfabetizar para ler o que os
precede sempre a leitura da palavra e outros produzem ou produziram, mas
a leitura desta implica a continuidade também para que a capacidade para ‘dizer
da leitura daquele.(...) por escrito’ esteja mais democraticamente
Este movimento dinâmico é um dos aspectos distribuída. Alguém que pode colocar no
centrais, para mim, no processo de papel suas próprias palavras é alguém que
alfabetização.” não tem medo de falar em voz alta.”
Emília Ferreiro
Paulo Freire
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bater palmas para palavras escolhidas com todas as suas regras. Estas já são
pelo grupo, salientando a quantidade crianças maiores (por volta dos 7 anos).
de sílabas, é uma atividade bastante
prazerosa e contribui para a evolução Cabe ao educador, após entender
de um nível para o outro. como esse processo acontece, proporcio-
nar à criança atividades que desafiem
Quando a criança já consegue reco-
nhecer muitas letras do alfabeto e utilizá-
las da maneira adequada na palavra,
embora ainda esteja no nível silábico,
dizemos que ela está utilizando as letras
com valor sonoro, ou seja, quando
aparece o som do A, ela utiliza essa letra
e assim por diante.
No próximo momento do processo, a
criança poderá encontrar-se em dois
níveis ao mesmo tempo. Ela ainda utiliza
uma letra para representar cada sílaba,
mas já consegue perceber que existem
outras letras na palavra que pronuncia.
Esta é a passagem do nível silábico para
o silábico-alfabético.
Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS / Gian Calvi
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Referências Bibliográficas
Experiências alternativas de alfabe-
tização de crianças: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.
Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
a) Restituir à língua escrita seu Curricular Nacional de Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
caráter de objeto social. CASTORINA, José Antônio; FERREIRO, Emília;
b) Desde o início (inclusive na LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta Kohl. Piaget –
Vygotsky: novas contribuições para o debate. São
creche), aceita-se que todos na escola Paulo: Ática, 1997.
podem produzir e interpretar escritas, CRAIDY, Carmen; KAERCHER, Gládis. (Org.)
cada qual em seu nível. Educação Infantil – Pra que te quero? Porto Alegre:
Artmed, 2001.
c) Permite-se e estimula-se que as FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo:
crianças tenham interação com a Cortez, 1993.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da
língua escrita nos mais variados língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1985.
contextos. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo:
d) Permite-se o acesso, o quanto Autores Associados, Cortez, 1987.
antes possível, à escrita do próprio
nome.
e) Não se supervaloriza a
criança, supondo que de imediato
compreenderá a relação entre a
escrita e a linguagem. Tampouco se
subvaloriza a criança, supondo que
nada sabe até que o professor lhe
ensine.
f) Não se pede de imediato
correção gráfica nem correção.
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Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS / Gian Calvi
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mais fácil e traz a morte, retratada no O senhor mire e veja o mais importante
poder atômico de uma bomba. A O bonito do mundo é isto:
economia traz a prosperidade e a pobreza que as pessoas não estão sempre iguais,
planetária. O consumo traz o “acesso e a não foram terminadas – mas que elas vão
exclusão”. E a origem dessa dualidade sempre mudando.
pode ser percebida no racionalismo. A Isto me alegra.
fome inesgotável de poder e o consumo Guimarães Rosa – Montão
encontram-se estritamente relacionados à
profunda falta de sentido de nossas vidas. Referências Bibliográficas
Nossa exclusão do mundo natural gerou
GONÇALVES, F. S. Interdisciplinaridade e construção coletiva do
um mundo desconexo, fragmentado, fora de conhecimento: concepção pedagógica desafiadora. Educação e
contextos históricos e evolutivos, que a- sociedade, v. 49, p. 468-484, 1994.
meaçam nossa vida no planeta. A educa- MORIN, Edgar. Ecologia e revolução. In: Ecologia: caso de vida ou de
morte. Lisboa: Moraes, 1979.
ção ambiental integrada traz a proposta da UNESCO, Brasília. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São
união do homem à natureza, mas não como Paulo: Cortez, 2000.
dominador ou dominado, e sim como parte
integrante do planeta onde é importante co-
nhecer, participar e agir para construir um
futuro melhor.
Foto: Sebastião Barbosa
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De onde vinham os
alimentos que as pessoas
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consumiam? Estas são apenas algumas • O túnel do tempo pode ser dramati-
perguntas. Ponha a sua imaginação e a zado pelas crianças, ao mesmo tempo
das crianças a trabalhar elaborando em que expressam as idéias que tiveram
muitas perguntas aos mais velhos. durante a “viagem”.
• Faça um livro ilustrado com • Não se esqueça de escrever sobre
desenhos das crianças contando todas as as idéias mirabolantes apresentadas
histórias relatadas pelas vovós e pelos pelas crianças.
vovôs.
A imaginação faz parte do jogo sim-
bólico infantil. Ao brincar, as crianças
criam situações fictícias, transformando
o significado das coisas a sua volta ou
imitando as ações dos adultos. Quanto
maiores forem as experiências de jogo e
exploração, tanto mais produtivas e
criativas serão as idéias das
crianças.Também ao criar atividades para
que as crianças expressem idéias novas,
você estará auxiliando o desenvolvimen-
to da imaginação criadora.
• Vamos agora criar jogos de imagi-
nação. Peça às crianças que fechem os
olhos e pensem: como eram as cidades
quando não existiam automóveis e
ônibus? Como as pessoas se vestiam
quando não existiam tecidos para fazer
roupas? Como eram os brinquedos
quando não existia o plástico?
A brincadeira do túnel do tempo
também estimula a imaginação. Viajando
através dele, podemos chegar ao tempo
em que os índios viviam nas florestas
ou em lugares onde a terra é coberta
Chaplin
de gelo...
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Ilustração: Demonte
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tempo, essa ordem foi alterada pelo Hoje, após duas ou três décadas de
homem, involuntariamente é claro. movimentos que defendem a preservação
Deixando a sabedoria de lado e ignoran- da natureza, felizmente podemos afirmar
do a dualidade homem/natureza, nossos que alguns avanços já são realidade e
ancestrais iniciaram um processo de que podemos ter esperanças.
destruição em todo o planeta Terra.
Passaram-se muitos anos até que a O diálogo com as crianças poderá
civilização recuperasse o respeito pelas acelerar o processo de reconquista das
árvores, pelos mares, pelo ar que respira- relações harmoniosas entre os humanos
mos. Na realidade, hoje sabemos que e o mundo mineral, vegetal e animal.
necessitamos do equilíbrio ambiental Para isso, alguns valores devem ser
para continuar vivendo. introjetados, como o amor, a necessi-
A Educação Ambiental procura des- dade de contemplação à beleza dos
pertar a consciência das relações entre pássaros e das flores. Devemos sim
todos os seres do universo, concebendo extrair da Terra o que ela tem para nos
o homem como um elemento entre oferecer, porém sem ganância e com a
tantos outros. certeza de que nossa solidariedade é
imprescindível.
Foto: Sebastião Barbosa
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1
Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795, de 24/04/1995.
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2
Parâmetros Curriculares da Educação Nacional. Ministério da Educação, Brasília, 1999.
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uma delas que se torne um ser que se transita no binômio liberdade e responsa-
identifique com “seu nome, que é sua bilidade. E a ética é a ciência que trata dos
marca pessoal, um sobrenome, que é a valores e pressupõe reconhecimento do
marca da família, e com sua identidade bem comum, que é coletivo, busca promo-
cultural, representada pela marca da ver o melhor de nós e determina o repertó-
aldeia, da nação”. rio de valores de uma sociedade.
A criança, ao perceber-se com uma A cultura tem grande importância para
identidade, terá consciência dos valores o desenvolvimento humano, e as transfor-
legítimos de uma sociedade e de uma mações da sociedade estão intimamente
civilização, independentemente de raça ligadas aos direitos culturais, pelo
ou classe social. Ao situar-se no tempo e surgimento de novos valores e pelo resgate
no espaço, ela se perceberá como agente das raízes culturais que embasam a
que constrói sua cultura. cidadania. Por isso, é preciso resgatar
raízes, ter herança cultural, ou seja,
A sociedade é resultante das ações conhecer e vivenciar todo o legado que
humanas. É no grande emaranhado de recebemos de nossos antepassados.
mitos, lendas, crenças e tradições que as
pessoas influenciam e são influenciadas. A interculturalidade também é algo que
torna mais viva a herança cultural, mas
A maneira como elas se identificam que deve ocorrer numa relação horizontal
com todos esses fundamentos é que lhes entre as culturas originais.
confere o sentimento de pertencimento,
é sua cultura. A partir dessa interculturalidade hori-
zontal, é sempre necessária a ética, para
Os mitos, as lendas e crenças são que possa garantir a convivência entre os
representações coletivas, são histórias, povos, no diálogo entre culturas, religiões,
concepções elaboradas geralmente por tradições espirituais e etnias.
um grupo cultural, com o fim de propor
uma explicação mágica do mundo. Seu Nesse enfoque sociocultural, ressalta-se
ponto de partida e sua função básica que o processo de educação de cada ser
consistem em adaptar o homem ao humano não ocorre de forma isolada, mas
mundo exterior, dominando a realidade. sim no seio de um grupo humano, no qual
cada pessoa vive e aprende. E esse aprendi-
A adaptação ao meio é inerente a todo zado não se dá somente pela necessidade
ser vivo. Ser permeável ao meio é o que intelectual dos indivíduos. Significa que,
assegura a sobrevivência. A capacidade da como seres humanos, nós aprendemos
consciência é ética, na medida em que também porque temos necessidade de amar,
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Montado no lombo de bichos como Além disso, é ele que ensina os papa-
o veado, o Curupira anda pela floresta, gaios de nossas florestas a cantar, sempre
vigiando os animais, principalmente que vem alguém, o seguinte: Curupaco,
aqueles que o bicho-homem gosta de paco, papaco!
caçar, como a anta, a capivara, o tatu
e um montão de outros.
O Curupira só admite que
os caçadores cacem para
comer. Quando encontra
um caçador que não
respeita os bichos, que
mata só por matar, de
malvadeza, desses que
matam até as fêmeas com
filhotes que ainda não
vivem por si mesmos, aí
o Curupira fica muito bravo
e apronta em cima dele.
Querem saber o que ele faz?
Ele se disfarça num
bicho de caça e ilude o
caçador, que vai atrás dele
Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS / Gian Calvi
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Ilustração: capa Ciência Hoje das Crianças / Gian Calvi
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as o que
é ciência mesmo?
Maria Helena Lopes
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todas as noções matemáticas utilizadas dos números. Certa vez, em uma ativida-
pelo homem. É a partir da observação e de de culinária com crianças entre 5 e 6
da experimentação que passamos a anos, estávamos fazendo duas receitas de
quantificar, classificar, seriar e entender o um pudim de chocolate (daqueles de
mundo que nos cerca. A matemática não caixinha). Li a receita no verso da caixa,
se ensina, se vivencia. em que dizia: coloque meio litro de leite
em um recipiente. Questionei as crianças
É impossível pensarmos o nosso sobre quanto precisaríamos de leite para
cotidiano sem o uso da matemática. executar duas receitas. Um menino logo
Basta observarmos as pessoas que não respondeu: um litro de leite. Todos os
tiveram acesso ao ensino escolar. Pode outros protestaram, achando que um litro
ser até que elas não saibam ler, mas seria muito leite. Ele rapidamente mos-
sabem calcular. Toda a nossa vida está trou aos colegas (colocando o dedinho
organizada com base na matemática. na caixa de leite) : “Claro, se vamos usar
Nossa casa é dividida em ambientes, até aqui (dedo no meio da caixa) para fazer
nossos alimentos são guardados na uma receita, vamos usar até aqui (dedo no
cozinha seguindo uma certa lógica, não final da caixa) para fazer a outra”. Para
guardamos, por exemplo, objetos do alguns colegas, essa explicação foi
banheiro na cozinha. Classificamos as valiosíssima, mas para outros não fez o
pessoas entre as que mais gostamos e as menor sentido. Analisando o exemplo,
que menos gostamos, seriamos e ordena- podemos chegar a algumas conclusões.
mos nossos compromissos de acordo com
o grau de importância de cada um. Primeiro, esse menino não chegou
Depois dessa constatação, como pode ser àquela conclusão naquele momento.
possível ouvirmos tantas pessoas dizerem: Certamente, sua colocação estava
“Não entendo nada de matemática?” embasada em muitas outras experiências
As relações da criança com a mate- de observação e conclusão. Segundo,
mática não são aprendidas a partir do cada uma das crianças do grupo estava
momento em que ela entra na escola. em um momento diferente com relação à
Pelo contrário, já começaram quando ela construção do número e das quantida-
consegue demonstrar preferências e des. Terceiro, não caberia a mim fazê-los
entender naquele momento o que o
Ilustração: Estúdio CRIANÇAS CRIATIVAS / Gian Calvi
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ral, onde a convivência com o diferente como se leva a vida, a partir do que
é uma realidade, a questão que se afirma se acredita.
é: todas as opções religiosas são legíti-
mas e precisam ser respeitadas. Afinal, as Diante disso, fica claro que não é
possível dizer que alguém recebeu uma
verdades que cada religião afirma não
educação completa e de qualidade, sem
são fatos, mas afirmações de fé, feitas pe-
se tratar da questão da religião (ou, utili-
lo que se acredita e não pelo que se viu.
zando um termo mais abrangente, fenô-
O que mais interessa, portanto, não é o
meno religioso). Mas por onde começar?
que há do outro lado, mas a maneira
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Para compor esse “canto”, pode-se precisam estar conscientes de que para
começar recolhendo símbolos religiosos educar é preciso envolver-se e envolver,
relevantes para a comunidade na qual se principalmente através do lúdico,
está inserido (isso pode ser feito através quando se trata de crianças. No Ensino
de contato com as lideranças religiosas Religioso não é diferente.
locais e com as próprias famílias), forman-
do um verdadeiro painel das crenças A música e a gesticulação são formas
presentes no ambiente onde aquela crian- simples de despertar a criança para o
ça está crescendo. O resultado trará uma transcendente. Valem desde músicas
pluralidade que não deve ser evitada, religiosas mais tradicionais e de conhe-
mas, pelo contrário, incentivada. Será cimento popular até outras, com
uma oportunidade de começar a viver a temática específica para alguns assuntos
alteridade, aceitando o que o outro crê do Ensino Religioso (fraternidade, res-
com respeito e reverência, sem precon- peito, união, fé, etc.). Nessa linha, cabe
ceitos. Precisa-se ter o cuidado de uma bem o uso de música para momentos de
distribuição igualitária desse espaço, não relaxamento e meditação, afinal o Ensi-
privilegiando nenhuma crença. no Religioso visa também despertar a
transcendência, levando o educando a
Junto à própria criança, ao longo do encontrar-se com ele mesmo.
ano, é importante construir novos símbo-
los, que expressem as coisas mais signifi- Momentos de oração
cativas de suas vidas. Nesse espaço, Qual seria o motivo de se fazer um
então, a turminha poderá fazer momentos momento de oração regularmente com a
de oração (vamos falar disso daqui a turma? Agradecer? Pedir? É claro que não
pouco), meditação e relaxamento, sem há uma resposta certa e exata para isso,
falar de pequenas celebrações para os mas é importante saber aonde se quer
momentos significativos do ano. chegar.
Jogos e Atividades No espaço da sala de aula, que é
Não vamos chover no molhado! Já vai plural e povoado por diferentes, não se
longe o tempo em que a escola fazia pode fazer nada que vá direcionar o
adestramento com os alunos, colocando- pensamento para um só lugar, que não
os um atrás do outro para ouvir uma sejam os grandes valores dos quais a
pessoa falando e escrevendo em um humanidade comunga. A oração,
quadro verde. Todos os que pisam em portanto, deve ser realizada pela
uma sala de aula, de qualquer nível, importância que possui em si, e não para
“converter” alguém a alguma crença. Por
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uma “aula sobre qualquer coisa”. O final, há uma parte escrita por Antônio
Ensino Religioso trata do fenômeno Flávio Pieruchi sobre as religiões de
religioso e da busca de todos nós pelo matriz africana no Brasil. É ler e entender.
além para encontrarmos a nós mesmos. COLEÇÃO REDESCOBRINDO O
Não esqueça que você também está UNIVERSO RELIGIOSO (Vozes) – Coleção
fazendo essa busca e que as respostas de livros didáticos que aborda, desde a
que procura só poderão ser Educação Infantil, o fenômeno religioso
decodificadas por você. Não esqueça de maneira ampla e igualitária entre as
também que essa busca, apesar de indi- tradições religiosas.
vidual, não precisa ser solitária: o que POESIA FORA DA ESTANTE (Ed.
você busca todos buscam. Você pode ter Projeto) – Coletânea de poesias grafica-
respostas para os outros e os outros mente dispostas de maneira muito inte-
podem ter respostas para você. Não ressante. Poesia e arte sempre levam à
esqueça, também, que entre tantas outras transcendência. Dá para usar sem medo.
tarefas você escolheu educar e que a A BÍBLIA DA TURMA DA MÔNICA
palavra educar pode significar revelar o (Maurício de Souza Editora / Ed. Nova
que está oculto (educére). Ajude suas Fronteira) – A Turma da Mônica vive as
crianças a revelarem o que está oculto situações e os ensinamentos do livro
nas vidas delas e deixe-as revelar o que sagrado dos cristãos. As idéias são geniais,
está oculto em você. como quando o livro mostra o Cascão
FORÇA SEMPRE! correndo da chuva, em direção a uma
lagoa, para falar da crucificação de Cristo.
Sugestões de Leitura RECREIO ESPECIAL: CRIANÇAS DO
A VIAGEM DE TÉO – Romance das MUNDO (Abril) – Edição especial da
Religiões (Catherine Clément – Companhia Recreio que dá uma idéia geral das
das Letras) – Menino com doença aparen- brincadeiras, dos hábitos e das músicas
temente incurável é levado pela tia, meio das crianças ao redor do mundo. No
maluca, para uma viagem ao redor do meio disso tudo, é claro, aparecem as
mundo, onde ele vai conhecendo as crenças e os hábitos provenientes das
grandes (e pequenas) religiões da humani- religiões. E ainda dá para cantar “La
dade. Bella Polenta” com as crianças.
O LIVRO DAS RELIGIÕES (Jostein MENINA NINA: DUAS RAZÕES PARA
Gaarder – Companhia das Letras) – O NÃO CHORAR (Ziraldo) – O eterno
autor de “O Mundo de Sofia” dá uma Menino Maluquinho conta a história da
visão geral das religiões, utilizando uma morte de sua esposa através dos olhos da
linguagem acessível e gostosa de ler. No
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neta, Nina. Excelente para trabalhar uma SE ESSA RUA FOSSE MINHA (Eduardo
das questões mais recorrentes no Ensino Amos, Moderna)
Religioso: a morte e o que cremos que O SENTIDO DA VIDA (Bradley Trevor
acontece depois dela (apesar do título, é Greive, Sextante)
impossível não chorar ao ler). ROSAS INGLESAS (Madonna)
QUALQUER COISA QUE O RUBEM ESQUISITA COMO EU (Martha
ALVES TENHA ESCRITO – O gênio mineiro Medeiros)
é o típico sábio: às vezes, ele parece dar REVISTA DAS RELIGIÕES (edições
palavras exatamente àquilo que não especiais da revista Super Interessante)
sabemos expressar. A última que ouvi dele AS MAIS BELAS ORAÇÕES DE TODOS
foi esta: “Não pergunte quantos anos OS TEMPOS (Rosemarie Muraro e Frei
tenho, pois isso eu não sei dizer. O que Cintra, Sextante)
sei é quantos não tenho mais!” COLEÇÃO DE MANUAIS DA TURMA
TODOS DO MICHEL QUOIST – Aqui DA MÔNICA (Maurício de Souza, Globo)
vale o mesmo dito para o Rubem Alves. MEU LIVRO DE FOLCLORE (Ricardo
Hábil nas palavras, o padre francês tam- Azevedo, Ática)
bém tem as palavras certas para o que HISTÓRIAS À BRASILEIRA (Ana Maria
parece impossível ser descrito. Machado, Companhia das Letrinhas)
TODOS DO MICHEL SERRES – Membro FÁBULAS E LENDAS DE LEONARDO
da Academia Francesa, este filósofo dos DA VINCI (Salamandra)
nossos tempos levanta, de maneira bela e COLEÇÃO SE LIGUE EM VOCÊ (Tio
poética, questões relevantes, como a Gaspa, Vida e Consciência)
comunicação humana e a beleza das OS DEUSES E DEUS (Brigitte Labbé,
diferenças. Scipione)
TERRA (Sebastião Salgado) – Livro GERAÇÃO DA PAZ (IPJ)
fotográfico, feito em parceria com Chico CRIANÇAS COMO VOCÊ
Buarque de Hollanda, mostrando a rela- MEU CORAÇÃO PERGUNTOU I E II
ção das pessoas com a terra em nossa (Selma Said, Vozes)
realidade. Salgado consegue extrair beleza O AMOR RENOVANDO O TRABA-
das mais trágicas situações, inquietando LHO / QUALIDADE É COLOCAR AMOR
muito a quem observa suas imagens. (José Rafael de Medeiros, Vozes)
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS (Ruth Rocha e Para Ver
Otávio Roth – Quinteto Editorial) MATRIX – É claro que você não verá
PAPITOCO PROCURA UM AMIGO com as crianças. Essa trilogia é essencial
(Martha Maria Rezende Martins, Editora para entender os simbolismos da vida em
do Brasil) nossos tempos. Tome a pílula vermelha e
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certeza, o mais
importante.
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Foto: Sebastião Barbosa
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Ilustração: OMEP / RS
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