Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

742
742 • 1,70€ • Sexta-feira, 20 de Setembro d
de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Telemóveis
Os novos
Huawei No Douro, a luta é mais pela
vêm sem qualidade da uva do que
pela sobrevivência da vinha
serviços Naomi Klein “Este é o início
do Google de uma era de barbárie”
Tecnologia, 35
Tecn Sociedade, 20 a 22

“Emissões enormes” de CO2 levam

ambientalistas a chumbar Montijo
Consulta pública do projecto do novo aeroporto terminou ontem com número recorde de participações •
Autarcas do PS e do PCP dividem-se • Em nome das aves, cientista arrasa estudo ambiental Destaque, 2 a 6
NELSON GARRIDO

Médicos mais
jovens menos
disponíveis para
fazerem abortos
Ordem desconhece número
de médicos objectores
de consciência. No caso
dos enfermeiros, são 285 p24

MP confirma
Nuno Cardoso que Rui Pinto é
o criador do site
Um encenador Football Leaks
dos dois lados Hacker preso há seis meses
da barricada é acusado de 147 crimes.
Ataques visaram advogados,
clubes e a própria PGR p23
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Juíza vai liderar Elisa Ferreira

HOJE Portugal, Uma pela primeira vende acções
Retrospectiva vez um Supremo e ultrapassa
1535 Tribunal no país dúvidas no PE
Aos 58 anos, Dulce Neto é a Reservas dos eurodeputados
Por + primeira mulher à frente do levam comissária indigitada
7,50€ Supremo Administrativo. a desfazer-se de títulos da
Juízes falam em dia de festa e Sonae. Conflito de interesses
acontecimento histórico p25 com marido afastado p28/29 ISNN-0872-1548

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2 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

DESTAQUE
AEROPORTO DO MONTIJO

Um aeroporto entre
o “erro” ambiental
e a “oportunidade”
económica
Consulta pública sobre impacte ambiental do novo aeroporto
do Montijo chegou ao Äm. Seixal avisa que país vai repetir o
mesmo erro duas vezes. Autarquias comunistas olham para os
impactes enquanto as socialistas vêem desenvolvimento
Seixal, que deu parecer negativo Joaquim Santos avisa que o país vai (CDU, PSD, BE, CDS-PP e PAN), tendo ci [multinacional francesa detentora
Francisco Alves Rito apontando “várias omissões”, como cometer o mesmo erro duas vezes: o PS sido o único a votar contra o da maioria do capital da ANA — Aero-
falhas na avaliação do impacte sono- “Já não bastam os problemas sono- parecer negativo. Aliás, numa acção portos], que restituirá 50% do valor

O
período de consulta pública
ao Estudo de Impacte
Ambiental (EIA) ao projecto
do aeroporto do Montijo e
respectivas acessibilidades
terminou às 24 horas de
ontem, com 1030 participações
registadas no portal Participa.
Para além da construção do novo
aeroporto na Base Aérea 6, no Mon-
tijo, num investimento global supe-
rior a 1,15 mil milhões de euros, o
projecto que será agora submetido
à comissão de Avaliação para emis-
são da Declaração de Avaliação
Ambiental (DIA) inclui também a
construção de um novo acesso rodo-
viário à A12 e a beneÆciação do aces-
so rodoviário ao Terminal Fluvial do
Cais do Seixalinho.
Uma das últimas participações,
entregue ontem, é a do município do
ro e a falta de acessibilidades de liga-
ção ao novo aeroporto através dos
concelhos da Margem Sul.
O impacte do ruído nas zonas dos
cones de aproximação e descolagem
do aeroporto não é “adequadamen-
te” avaliado, disse Joaquim Santos ao
PÚBLICO, explicando que “na zona
do Seixal o efeito do ruído não é devi-
damente estudado”. Nas acessibili-
dades, aponta a falta de duas novas
pontes rodoviárias, uma entre o Sei-
xal e o Barreiro e outra do Barreiro
para o Montijo.
Para o autarca comunista, o que
está a ser avaliado é “uma solução
de curto prazo, sem futuro, para
responder apenas a uma necessida-
de imediata”, e um “erro” também
económico porque, “com o mesmo
dinheiro, far-se-ia mais obra em
Alcochete”.
ros e ambientais em Lisboa, como
vamos repetir agora a mesma situa-
ção sobre a Baixa da Banheira e o
Barreiro?”
Câmaras com reservas
O sinal vermelho mostrado pelo Sei-
xal tinha sido já exibido, também
esta semana, pela Moita, o municí-
pio, também de maioria comunista,
que, de acordo com o EIA, vai ser o
mais afectado pelo ruído dos aviões
— especialmente as freguesias da Bai-
xa da Banheira e Vale da Amoreira.
Na segunda-feira, numa conjuga-
ção pouco vulgar, a câmara munici-
pal e a assembleia municipal reuni-
ram em sessões públicas uma a
seguir à outra, para debater e votar
o parecer ao EIA. O estudo foi chum-
bado pelos dois órgãos municipais,
com os votos de quase todos partidos
inédita neste processo, o PS da Moi-
ta fez questão de enviar o seu pró-
prio parecer à APA, à margem da
posição institucional dos órgãos do
município.
Para os socialistas moitenses, a
localização no Montijo é “a única
hipótese viável, porque é a única
compatível com o Aeroporto Hum-
berto Delgado” e também “a única
que se apresenta como Ænanceira-
mente comportável”.
Os restantes eleitos, que são a
maioria, não concordam. No caso da
CDU, que preside ao município, nem
com a opção pelo Montijo nem com
as medidas mitigadoras dos impactes
ambientais. “Alguém acredita numa
medida mitigadora segundo a qual
as populações vão investir na inso-
norização das suas habitações e
depois podem enviar facturas à Vin-
gasto?”, pergunta Rui Garcia, presi-
dente da Câmara da Moita.
Nuno Cavaco, autarca comunista
do mesmo concelho, presidente da
União de Freguesias da Baixa da
Banheira e Vale da Amoreira, uma
das duas freguesias mais afectadas,
deixa também uma pergunta: “Por-
que é que a ANA não realizou uma
sessão de esclarecimento na Moita,
sendo que os mais de 30 mil habi-
tantes destas localidades serão os
mais afectados pelos efeitos negati-
vos deste projecto, uma vez que
estão no cone de aterragem?” As
duas sessões de esclarecimento,
promovidas pela ANA já este mês,
tiveram lugar em Alcochete (dia 5)
e no Montijo (dia 9).
Palmela aprovou também parecer
negativo, tal como as demais autar-
quias de maioria comunista, sempre

com base nos impactes económicos
e na ideia de que o aeroporto no
Campo de Tiro de Alcochete, cons-
truído por fases, é melhor opção
ambiental e até económica.
PS dá sinal positivo
Em sentido contrário, os municípios
e freguesias de maioria PS deram
parecer positivo, olhando para a
construção do aeroporto como uma
janela de oportunidade para o des-
envolvimento económico e social da
região, com aumento do investimen-
to privado e também público, prin-
cipalmente em infra-estruturas.
Pelo Barreiro, que só no início do
mês tomou Ænalmente uma posição
pública, a favor do projecto, Frede-
rico Rosa, presidente da câmara,
considera que o aeroporto do Mon-
tijo tem uma “capacidade única”
para dinamizar a Margem Sul, signi-
Æcando investimento, por exemplo,
nas acessibilidades. O autarca socia-
Ambientalistas
lembram que
área está “na
região de maior
risco sísmico
e de tsunami
do país”
DANIEL ROCHA
lista vê no EIA referência a “soluções
de minimização do impacte rodo-
ferroviário” que interpreta como
uma oportunidade para a constru-
ção de duas pontes rodoviárias,
entre o Barreiro e o Montijo e o Bar-
reiro e Seixal. Infra-estruturas pre-
vistas no Plano Nacional de Investi-
mentos 2030 e com um custo esti-
mado de 200 milhões de euros.
O Montijo dá parecer positivo mas
apresenta propostas de investimen-
to, como um acesso da A12 ao aero-
porto sem portagens, a expansão do
terminal Çuvial do Seixalinho, que
faz a ligação a Lisboa, e uma ligação
rodo-ferroviária ao Barreiro mas —
diferentemente do que refere o Bar-
reiro — em túnel e não em ponte.
O acesso de auto-estrada lateral
às actuais portagens na zona do
Montijo, com ligação directa ao
aeroporto, é uma das reivindicações
do caderno de encargos apresenta-
do pelo presidente da câmara, Nuno
Canta. “Quem vem de Lisboa não
paga portagem, logo, quem vier do
Sul também não deve pagar para
não sobrecarregar de trânsito as
vias municipais”, defende o autarca
socialista.
Também Alcochete apresenta um
conjunto de condições para aceitar
a construção do novo aeroporto. O
parecer, favorável mas condiciona-
do, foi aprovado com os votos de PS,
CDS e PSD, tendo a CDU sido a única
força política a votar contra.
A reactivação do hospital do Mon-
tijo, que já foi uma unidade distrital
mas que entretanto perdeu grande
parte das valências, o reforço dos
centros de saúde de Samouco e
Alcochete e a construção de um
novo parque escolar estão entre as
Por que é que a ANA principais exigências do município
que pede também que seja retoma-
não realizou uma do o transporte Çuvial entre a vila e
sessão de Lisboa.
“Considerando o crescimento da
esclarecimento na população e tendo em conta que a
unidade hospitalar mais próxima se
Moita, onde os mais situa no Barreiro, entendemos que
devem ser reforçadas, quer no capí-
de 30 mil habitantes tulo técnico quer no de recursos
serão os mais humanos, as unidades de saúde do
Samouco e de Alcochete e, pelo
afectados? mesmo motivo, entendemos tam-
bém ser necessário proceder à reac-
Nuno Cavaco tivação de todas as valências retira-
Presidente da União de das ao hospital do Montijo, com o
Freguesias da Baixa da Banheira respectivo reforço das equipas
e Vale da Amoreira médicas e de enfermagem”, defen-
de Fernando Pinto.
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 3
Zero chumba Montijo e fala de
“emissões enormes” de CO2
Francisco Alves Rito
A
associação ambientalista
Zero entregou um parecer
negativo, no âmbito da
consulta pública ao Estudo
de Impacte Ambiental (EIA)
ao projecto do aeroporto
do Montijo e respectivas acessibili-
dades, “enquadrado na queixa que
foi feita à União Europeia”, explicou
ao PÚBLICO o seu presidente, Fran-
cisco Ferreira. E nesse parecer cha-
ma especial atenção para o impacte
que a infra-estrutura vai ter em ter-
mos de emissões de carbono.
“As emissões de gases com efeito
de estufa não são adequadamente
avaliadas. Não é avaliado o impacte
dos voos associados. Isso é muito
signiÆcativo tendo em conta que
temos um objectivo de neutralidade
carbónica, estamos a descer as
outras emissões, e aqui vamos ter
um conjunto de emissões enormes”,
sublinhou, acrescentando que “a
aposta na duplicação de tráfego de
passageiros nos aeroportos de Lis-
boa nos próximos 40 anos — dos 30
milhões para 60 milhões — é uma
visão completamente contra a sus-
tentabilidade do planeta”.
“Não há nenhuma infra-estrutura
destas encostada a uma zona tão
relevante de conservação da natu-
reza como esta junto ao estuário do
Tejo. Esta área tem dois estatutos –
Sítio de Interesse Comunitário (ao
abrigo da directiva Habitats) e Zona
de Protecção Especial (directiva
Aves) — que incluem a Rede Natura”,
exempliÆca.
Sobre o impacto sonoro nas popu-
lações, Francisco Ferreira conclui que
“os receptores sensíveis nas zonas de
sobrevoo são 66, entre Barreiro (48)
e Moita (18)”. “É uma quantidade
impressionante. Os efeitos do sobre-
voo dos aviões, na saúde humana, vão
sendo crescentes com o passar do
tempo.”
Para além disso, Francisco Ferreira
partilha aquela que diz ser a “princi-
pal razão” para estar “contra o Mon-
tijo”: “Montijo vai ser decidido, por-
que é opção política que está tomada
e este processo de Avaliação de
Impacte Ambiental é ingrato porque
vão ser ignorados muitos argumentos
válidos. Quando Montijo for aprova-
do, as duas infra-estruturas estão
interligadas, pelo que Lisboa irá pre-
valecer pelo menos mais 40 anos. Um
outro aeroporto deixa de estar em
cima da mesa. Essa discussão devia
ser agora. Ponderar todas as
opções.”
Cinco outras organizações não-
governamentais na área do ambien-
te Æzeram saber em comunicado
conjunto que deram igualmente
parecer negativo. GEOTA, Liga para
a Protecção da Natureza, Fundo
para a Protecção dos Animais Selva-
gens, SPEA — Sociedade Portuguesa
para o Estudo das Aves e A Rocha
consideram que o estudo “falha em
todas as vertentes relacionadas com
a avaliação de impactes, a mitigação
e as medidas compensatórias”. E
que está em desconformidade com
“As emissões de
gases com efeito
de estufa não são
adequadamente
avaliadas”, diz
a organização
ambientalista
“directivas europeias, legislação
nacional e compromissos assumi-
dos pelo Estado português perante
tratados internacionais”, no que diz
respeito à conservação do patrimó-
nio natural e ao desenvolvimento
sustentável.
Consideram também que o EIA não
demonstra que esta seja a única solu-
ção, além de que “não avalia os
impactos na qualidade de vida e na
saúde pública das populações”, nem
“pondera suÆcientemente” os riscos
de colisão com aves. “Este EIA vem
no seguimento de uma falha com ori-
gens mais profundas: considerar pro-
jectos desta natureza sem uma Ava-
liação Ambiental Estratégica é de uma
irresponsabilidade que nos dias de
hoje não se pode aceitar”, salientam
no comunicado.
4 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
DESTAQUE
AEROPORTO DO MONTIJO
Cientista arrasa a parte do estudo
sobre impacto no habitat das aves
Investigador entregou, por iniciativa própria, parecer que denuncia um “ataque gritante” à conservação
da avifauna em áreas protegidas e que terá consequências que vão muito além do estuário do Tejo
Andrea Cunha Freitas
DeÆciente, desactualizado e, pior do
que isso, minado de erros graves —
esta é a conclusão de um cientista da
Universidade de Aveiro sobre o Estu-
do de Impacto Ambiental (EIA) do
novo aeroporto do Montijo. José
Alves, investigador especializado no
estudo das aves que já publicou vários
artigos cientíÆcos em revistas presti-
giadas como a Nature ou a Science,
entregou no passado dia 18, quase no
Ænal do prazo de consulta pública,
um detalhado e demolidor parecer
sobre o projecto que acredita que
deve ser inviabilizado. Segundo con-
clui, o EIA não faz uma avaliação
actual nem correcta dos possíveis
efeitos deste projecto nas aves que
vivem (ou apenas passam) nas áreas
protegidas (Reserva Natural do Estuá-
rio do Tejo e Zona de Protecção Espe-
cial do Estuário do Tejo).
A avifauna é apenas uma das fren-
tes avaliadas pelo EIA do Montijo. É o
“anexo 6”, nota José Alves, que assina
o parecer que espera que sirva para
que a Agência Portuguesa do Ambien-
te emita uma declaração desfavorável
ao projecto. Os dados e conclusões do
EIA sobre as aves baseiam-se numa
mera “recolha de informação biblio-
gráÆca, muito dela desactualizada e
não disponível para a vasta maioria
das espécies”, denuncia o investiga-
dor da Universidade de Aveiro. Um
exemplo: os dados de distribuição e
abundância das aves nestes locais
foram recolhidos há dez ou 15 anos e
não foram sequer validados. As fontes
de informação (e respectivas datas de
recolha de dados) são expressamente
assumidas no EIA, bem como ali se
admite a falta de informação para
muitas espécies ou sobre eventuais
factores de perturbação.
Depois, prossegue o cientista, há
Estuário do Tejo pode deixar de cumprir a função de “porto de abrigo” para as aves
ainda erros na aplicação do modelo
de perturbação das aves (por ruído)
à situação prevista para o aeroporto
do Montijo. No EIA, a estimativa
apoiou-se num estudo que analisou
os efeitos de um ruído emitido duran-
te três segundos, o que claramente
não vai corresponder à realidade.
Falta também prever os efeitos mais
abrangentes das rotas dos aviões a
descolar e a aterrar nas zonas de ali-
mentação e refúgio. O resultado são
estimativas “muito duvidosas e até
erradas”. No que se refere a medidas
de compensação, o EIA refere apenas
a possibilidade da “beneÆciação de
habitat em zonas de refúgio”. É pre-
ciso muito mas do que isso, diz José
Alves, sublinhando que o documento
se limita a considerar (e com erros e
falhas) duas ameaças à avifauna: a
perturbação pelo ruído e a mortali-
dade por colisão com aeronaves.
A responsabilidade do rigor
Temendo o pior, o cientista pede pelo
menos que, “caso, ainda assim, o pro-
jecto avance”, seja elaborado um
estudo mais detalhado e rigoroso
para a adopção de medidas de miti-
gação ou compensação que possam
responder, de facto, aos estragos cau-
sados. “Uma avaliação inadequada
resultará em medidas de mitigação
ou compensação que Æcam aquém
do impacte real causado pelo projec-
to”, avisa.
O parecer de José Alves, investiga-
dor no Centro de Estudos do Ambien-
te e do Mar da Universidade de Avei-
DANIEL ROCHA
ro, não foi encomendado por nin-
guém. “Este parecer nasce da minha
própria iniciativa como membro da
sociedade civil preocupado com o
sexto evento de extinção em massa
que actualmente vivemos e que tem
origem na acção humana. Mas tam-
bém pela minha responsabilidade
proÆssional como investigador sobre
o rigor técnico-cientíÆco na área da
ecologia e os efeitos de um projecto
desta natureza para a conservação da
biodiversidade”, justiÆca.
O cientista estuda as aves migrado-
ras há 15 anos no estuário do Tejo,
mas também no Árctico e na África
Ocidental. “Um ataque tão gritante à
sua conservação (consagrada na lei)
não pode ser assente apenas em deci-
sões políticas que se prendem com a
ideia de que o crescimento económi-
co justiÆca tudo. É possível e desejá-
vel fazer diferente neste caso, acredi-
ta José Alves. “É possível estimar de
forma mais rigorosa os impactos”,
sublinha, apresentando no seu pare-
cer vários dados actuais.
E as consequências , diz, prome-
tem um longo alcance. “Mais do que
a perda de biodiversidade local,
como se trata de um estuário com
grandes concentrações de aves
migradoras, os impactes terão reper-
cussão muito para além do estuário
do Tejo e serão sentidos ao longo da
rota migratória do Atlântico Leste, da
qual este estuário é uma peça funda-
mental”, diz o cientista. É que, expli-
ca, há muitas aves migradoras que se
reproduzem no Norte do continente
europeu e americano, incluindo no
Árctico, que usam o estuário do Tejo
como local de “invernada”. E há
outras ainda que migram até África
Ocidental e que fazem do estuário do
Tejo um ponto de abastecimento nas
suas migrações. “Se esta peça do
puzzle deixa de cumprir a sua função
de ‘porto de abrigo’, estas aves cor-
rem o risco de não conseguir com-
pletar as suas migrações anuais, com
potenciais implicações na dinâmica
global destas espécies.”
José Alves nunca viu nada assim.
“Desconheço que exista um projecto
desta envergadura no limite de uma
área protegida e com impactes tão
assinaláveis dentro de áreas protegi-
das a nível nacional e internacional.”
No entanto, admite que a tentativa
não é inédita. “Conheço tentativas
noutros países para a elaboração de
projectos de grande dimensão com
impactes previstos em espécies e/ou
habitats com estatuto legal de protec-
ção e que foram chumbados, preva-
lecendo a aplicação da lei.”
acfreitas@publico.pt
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 5
6 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
DESTAQUE
AEROPORTO
DO MONTIJO
Em busca do aeroporto perfeito
Opinião
Alberto Souto de Miranda
1.
A semana passada foi
divulgado um manifesto
intitulado Por um
Aeroporto Sustentável para
Lisboa — Poupem o Montijo,
subscrito por 60
personalidades de referência na
sociedade portuguesa, verberando
a construção do novo aeroporto do
Montijo. É uma velha sina desta
saga: somos sempre tão exigentes e
tão preciosistas com projectos
estruturantes que, não raro,
Æcamos tolhidos no processo
decisório e nada se faz. Nas
calendas gregas decide-se sempre
mais comodamente.
Há 50 anos que o país discute a
localização do novo aeroporto. Mas
há um tempo para estudar e
sopesar prós e contras, um tempo
para rever opções e um tempo para
decidir. A decisão foi tomada,
depois de análises e opções revistas.
Este é o tempo de fazer. Assim o
permita a Declaração de Impacte
Ambiental positiva. Porque, na
verdade, tenho uma má notícia para
dar: não há localizações perfeitas. E,
não querendo de todo menosprezar
a generosidade cívica de quem
protesta as suas opiniões, ou
desconsiderar a qualidade técnica
que deve informar a decisão
política, insistir na busca da
perfeição é um exercício estéril.
2. Ao longo deste processo foram
estudadas 17 opções. Todas foram
sendo abandonadas. Portugal é um
“case-study” das hesitações
decisórias. A última — a de
Alcochete — tinha o ligeiro
pormenor de ser longínqua e de,
sem novas acessibilidades, colocar
os passageiros a mais de uma hora
de Lisboa em transporte público.
Lisboa perderia competitividade e a
facilidade de acesso que o Montijo e
o Humberto Delgado facultam. Fica
praticamente ao dobro da distância
do Montijo, implicava vultuosos e
demorados investimentos
complementares nas
acessibilidades e, como qualquer
solução, tinha também impactos
ambientais relevantes.
O aeroporto do Montijo é a
solução quase perfeita: a
pré-existência de duas pistas
militares, a localização a cerca de
20 minutos de Lisboa, a
acessibilidade rodoviária muito
fácil, a ausência de custos de
construção directos para o
Orçamento do Estado, um prazo de
construção rápido de três anos. E,
por ser de mais rápida
implementação, é a única solução
capaz de minimizar uma
substancial perda de procura por
falta de capacidade e de evitar um
prejuízo de milhares de milhões de
euros para o país. Naturalmente,
tem alguns custos ambientais. Mas
o Governo respeitará e fará
respeitar escrupulosamente as
medidas mitigadoras que vierem a
ser impostas.
3. Os promotores do manifesto
alertam para o ónus do ruído.
Trata-se de um tema a que o
Governo atribui especial
importância. Apesar dos estudos
ambientais desenvolvidos
demonstrarem que os impactes do
aeroporto do Montijo não têm
paralelo com a situação do
aeroporto de Lisboa, o ruído será
minorado através de um programa
de insonorização das habitações e
serviços públicos, nas zonas sujeitas
aos cones de aproximação, como os
habitantes de Lisboa nunca
beneÆciaram e o Governo entende
que deverão igualmente beneÆciar.
Alertam, igualmente, para o risco
de colisão com as aves. Mas há
muitos aeroportos com
contingência similar e têm sido
desenvolvidas medidas mitigadoras
dessa eventualidade. Importa
relativizar os riscos e minimizá-los.
O Montijo não é uma solução
perfeita, mas é a menos imperfeita
que se conhece.
4. Recentemente, surgiu também
na imprensa um alerta para o risco
de inundação em caso de cheia de
100 anos, com a previsível subida
do nível das águas do mar ou de
tsunami. Alegadamente, a cota
necessária para obviar a tais riscos e
tornar o aeroporto imune mesmo a
tais ocorrências seria de seis metros
e não de cinco metros. Mas este
alerta, a ser tecnicamente fundado,
só reforça a ideia de que o aeroporto
é viável ali: mesmo nos cinco
metros, apenas parte da pista Æcaria
afectada e episodicamente… E nada
impede que a cota se suba para os
seis metros… Inviabilizar o
aeroporto ali pelo facto de, nos
próximos cem anos, ele poder ser
encerrado por uns dias, não me
parece motivo suÆcientemente
forte.
5. Temos, ainda, a síndroma do
“apeadeiro”: Montijo seria uma
solução esgotada em dez anos…
Ora, importa lembrar que o novo
sistema aeroportuário de Lisboa,
composto pela pista do Humberto
Delgado e pela pista do Montijo,
torna Lisboa servida por duas pistas
a operar em simultâneo. Na
verdade, os diversos estudos de
procura, promovidos tanto pela
ANA como pelo Estado, são
Ao longo deste processo foram
estudadas 17 opções. Todas
foram sendo abandonadas.
Portugal é um ‘case-study’
das hesitações decisórias
DR
unânimes a apontar que o Montijo
terá capacidade pelo menos até
2062. Não há falta de espaço no
Montijo. Basta, aliás, notar que a
área da base aérea do Montijo
corresponde sensivelmente ao
dobro de toda a área ocupada pelo
Aeroporto Humberto Delgado. Mais
impressivo ainda: a península do
Montijo tem a dimensão da área
ocupada pelo Aeroporto de
Heathrow, que é “só“ o aeroporto
mais movimentado da Europa.
Acresce que, se as previsões de
tráfego não se conÆrmassem e antes
de 2062 viesse a ser necessária nova
pista, o Montijo continuaria a ser
suÆciente. Na verdade, a península
do Montijo (onde ainda Æcará parte
da Força Aérea) tem espaço e
capacidade para acolher uma
segunda pista com três quilómetros,
apta, portanto, a receber todo o tipo
de aviões. Nesse cenário, Lisboa
Æcará servida por três pistas, o que
deve bastar para os próximos cem
anos. Até lá, ninguém sabe o que a
evolução do mundo nos reserva.
Daqui a 50 anos, como será o
sistema de descolagem dos aviões?
Certo é que serão muito mais
silenciosos e ambientalmente
amigos… Não há, pois, soluções
perfeitas, mas o Montijo é a solução
quase perfeita para os próximos 50
anos. Não é “apeadeiro” porque
pode tornar-se na estação principal.
E não esgota rapidamente porque
tem capacidade para triplicar a
oferta atual de Lisboa.
6. EnÆm, sobra o tema das
acessibilidades. Concordo com o
PCP, que sempre defendeu que o
novo aeroporto deve ser dotado de
acessibilidade ferroviária.
Realmente, quando se projeta a
dez, a 20 ou a 50 anos, esse modo
de mobilidade deve ser previsto. O
planeamento a médio e longo prazo
não pode Æcar refém da conjuntura
anual. A meu ver, o Montijo não
deve, pois, excluí-lo. O espaço canal
para a terceira ponte deverá
continuar, por isso, a ser reservado
para esse efeito. E, no imediato,
deve estudar-se uma ligação
ferroviária/metropolitano ao
aeroporto do Montijo, para além
das rodoviárias e marítimo-Çuviais
já previstas. Ela é possível e
parece-me essencial. Em suma, a
opção Montijo resiste bem ao teste
do planeamento de longo prazo e
ao teste da acessibilidade
intermodal plena.
7. Um aeroporto sustentável
articula as dimensões ambiental,
social e económica. O aeroporto do
Montijo, em si mesmo, deverá ser
exemplar do ponto de vista das
melhores práticas ambientais. Mas
o ambiente é apenas uma das
vertentes da sua sustentabilidade.
Esta depende, também, dos
impactos positivos que gere no
emprego, na mobilidade, na
conectividade internacional, na
economia regional e nacional. Na
ponderação de todos os interesses
relevantes, fazer o Montijo defende
melhor o interesse público do que
não o fazer. Mas a localização
perfeita do aeroporto de Lisboa é
uma quimera. Não há mais opções
em torno de Lisboa. O território não
esticou. Aproveitar a existente base
militar e reconvertê-la para Æns civis
é a solução menos imperfeita. E,
sendo a menos imperfeita, é,
seguramente, a melhor.
Secretário de Estado Adjunto
e das Comunicações
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 7
CONTEÚDO
COMERCIAL

© Unsplash
OS TRÊS
D’S DO FUTURO
Descarbonização, digitalização e descentralização
são os principais desafios que afectam o sector
energético e o tecido empresarial português,
independentemente da sua dimensão e geografia.

O fornecimento de energia energia é crescente e, por isso, tendem a de dispositivos inteligentes permite re- autoconsumo. As centrais, que terão mais
tornou-se apenas uma peque- adoptar uma postura mais activa na in- colher informações importantes sobre a de 10.000 painéis solares, vão estar ope-
na peça de um puzzle grande teracção com os fornecedores de energia E
ť‡Ĥ ťʠ racionais no primeiro trimestre de 2020.
e complexo e a cadeia de valor (Accenture, 2014). Para além da atenção de utilizadores, as suas necessidades e A energia produzida pelo sistema cobri-
tradicional está a dar lugar a uma cadeia ao preço, os novos consumidores preo- preferências. À medida que a tecnologia rá parte da electricidade consumida pe-
ŧ  ʡE  Ŧŧŧ ť  ť? cupam-se cada vez mais com a origem evolui, o resultado é uma crescente pos- las instalações da Exide, proporcionando
informação e receitas. A energia é vista
como mais do que um serviço de utilida-
de pública - tornou-se um produto, um
estilo de vida, um facilitador de serviços.”
As transformações massivas que o mer-
cado da energia atravessa um pouco por
todo o mundo foram assim retratadas
no relatório The New Energy Consumer:
E‡ĭʠŧUŧťMŧťy AUMENTE
Architecting for the Future (Accenture,
2014). Já nesta altura começavam a fa-
zer-se sentir os efeitos de três tendências
transversais a todas as utilities: a descar-
bonização, a digitalização e a descentra-
da energia que consomem. São, tam-
bém, mais exigentes com o seu fornece-
dor de energia, esperando que lhes apre-
sente produtos e serviços inovadores
que respondam a estas preocupações. É
no contexto desta visão mais holística
que surge a oferta da EDP Comercial, que
tem vindo a liderar a transição energé-
tica em Portugal para um futuro mais
sustentável, criando valor acrescido
para os seus clientes.
Neste caminho, destacam-se as soluções
desenvolvidas pela empresa para res-
sibilidade de customização das soluções Eť  Eť‡ť ʠŧťť ť ŧ ť 
disponíveis às necessidades dos clien- energia da empresa e evitará a emissão
tes, sejam residenciais ou empresariais. de 31 000 toneladas de CO2.
Por exemplo, a EDP Comercial disponibi-
liza no seu site uma plataforma que per-
mite às empresas simularem, de forma
gratuita, quanto podem poupar através

tas à medida do cliente, com base nos
dados recolhidos no registo gratuito na A COMPETITIVIDADE
plataforma. DA SUA EMPRESA
3.
lização. Os mesmos 3 D’s que explicam a
emergência de um novo modelo negócio
para os fornecedores de energia: o da
energia enquanto serviço. Ao acompa-
nhar as transformações da economia,
esta visão inovadora do negócio ajusta-se
ŧŧťA
  ť  ťʠ  ťŧť ŧ ťy
dos. Exemplo disso é a possibilidade de
as empresas, consoante o seu tamanho,
espaço físico disponível e até necessida-
des energéticas, poderem encontrar na
oferta, da EDP Comercial, soluções de
Descentralização
As preocupações ambientais desperta-
ram um interesse crescente por fontes
Ao optar por produzir a sua própria
energia através das soluções de
energia solar da EDP Comercial,
consegue:
…*EťťŧEť
ť ʠ
Eť ťť‡Ĥ ŧ Ey energia solar à sua medida, com ou sem de energia renovável. Muitas dessas tec- …(EťťťE  ťy
midores de energia, dos particulares às necessidade de investimento inicial, po- nologias, como é o caso da energia solar, MŧťA
empresas, permitindo responder às suas dendo assim reduzir a factura energética permitem uma produção descentraliza- …) Eť 
necessidades. ťEťťEťʠŧUŧť> ť? ť īť   ŧ E  ʠť
> renovável e limpa, contribuin-
Para aproveitar a energia do sol, nos dias do para a sustentabilidade do
de hoje, basta ter espaço disponível e boa planeta e, ao mesmo tempo,

1. 2.
exposição solar. Esta tendência é refor- melhorando a imagem da em-
çada pelo surgimento de tecnologias que ťŧ  wťvA
Descarbonização Digitalização vieram viabilizar este tipo de investimen- ….‡ ŧťyťyĤ ŧ 
to, ao permitirem armazenar a energia
Eť
ťʠťŦ
ťť 
 
O Acordo de Paris estabeleceu, pela pri- Por detrás da disrupção trazida pela di- produzida para que seja utilizada nos pi-  ŧ ť A
meira vez, objectivos climáticos ambi- gitalização há três oportunidades que cos de maior procura do cliente. Criam-se, …Uŧťknow-how de um
ciosos e globais: limitar o aumento da podem ser aproveitadas pelas empresas: assim, condições para uma democratiza- parceiro que instalou milhares
temperatura a 2ºC e garantir um ba- ťEťťʠŧUŧť ťŧ ť
?y ção da produção de energia, na medida de sistemas solares.
lanço neutro entre emissão e remoção lhorar a experiência do cliente e acele- em que os consumidores se tornam ‘pro-
de gases com efeito de estufa (GEE), no ťť ť‡Ĥ >ťťy?ťʠť
?ť
ť sumidores’: criam a sua própria energia
período 2050-2100. Para atingir estes a redução de custos à das emissões de e, em alguns casos, podem vendê-la de
objectivos é necessário aumentar em dióxido de carbono, enquanto se inova volta à rede. Esta é uma solução que per- Conheça aqui as soluções
cerca de cinco vezes o actual ritmo de e responde às necessidades do cliente. mite reduzir o consumo eléctrico da rede, de energia solar da EDP Comercial
descarbonização da economia mundial,
   Ĥ   ‡   ʠy
uma transição em que o sector eléctrico
irá desempenhar um papel fundamen-
tal. Estas transformações são acompa-

que pode representar um custo relevante
ciência energética e energia, cuja oferta
tem vindo a crescer exponencialmente,
apoiada pela “omnipresença” que carac-
para as empresas, enquanto promove a
redução da sua pegada ecológica. Veja-se
o caso da Exide que, em parceria com a
ťť   Eť 
E‡Ĥ    ʠ
   teriza a nova geração de consumidores EDP Comercial prevê a construção de duas
consumidores, cuja literacia na área da de energia. A recolha de dados através centrais que, terão juntas, 3,8 MWp, para
8 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
Pela primeira vez, uma juíza foi eleita pelos
seus pares — homens, na sua maioria — para
liderar um Supremo Tribunal (Administrativo,
neste caso). Dulce Neto era a única candidata e a
escolha foi consensual. Para se perceber a
importância deste momento, atente-se no que diz o
juiz Edgar Lopes, coordenador da formação do
Centro de Estudos Judiciários, para quem o dia de
ontem foi de festa para a democracia portuguesa.
Dulce Neto (Pág. 25) J.J.M.
O empresário britânico decidiu, num bar,
avançar com a criação de um novo carro
todo-o-terreno para competir com o
Defender da Land Rover, e é aqui que entra
Portugal, mais precisamente Estarreja. Será aqui
que o novo 4x4 vai ser desenhado e montado para
depois ser concluído no País de Gales. Segundo o
Governo de António Costa, este projecto pode levar
à criação de 500 postos de trabalho em Portugal, a
Jim Ratcliffe longo prazo. (Pág. 31) J.J.M.

Uma célula de nepotismo no coração do Estado

Porque muito para lá das suspeitas
que os negócios por ajuste directo da
Protecção Civil suscitam, o que esta
história revela, uma vez mais, é a
resistência de um certo padrão de
Manuel Carvalho compadrio e nepotismo na alta
Editorial administração do Estado. É certo que
dois meses depois, quando se soube
da compra de 70 mil golas antifumo
por 165 mil euros à qual o adjunto
Francisco Ferreira esteve associado,
o que levaria à sua demissão. Dar um
parecer errado sobre um produto
píÆo comprado em quantidades
O ministro Eduardo Cabrita não
pode deixar de ser responsabilizado
pelo que aconteceu. Por ter
escolhido Artur Neves, por ter
permitido o recrutamento dos seus
boys, por ter deixado arrastar esta
história até que as buscas da

N
a catadupa de operações do
Ministério Público e da Polícia
Judiciária, ou no meio de
acusações soezes como a que
uma eurodeputada francesa fez
a Elisa Ferreira, é muito provável que
a história muito mal contada que
levou à demissão do secretário de
Estado Artur Neves acabe por se
diluir. Entre o vaivém das promessas,
romarias, gritos e omissões, é quase
certo que esse episódio terá muito
pouco peso na campanha eleitoral. O
assunto, porém, vale uma reÇexão.
esse padrão determinou a demissão
de um chefe de gabinete, de um
adjunto e do próprio secretário de
Estado. Mas a gravidade desses
processos não pode responsabilizar
apenas adjuntos ou secretários: o
ministro Eduardo Cabrita não pode
Æcar na sombra do que se passou —
haja ou não haja acusações.
E o que se passou começa em
Maio, com a demissão de Adelino
Mendes, chefe de gabinete de Artur
Neves, por suspeita de envolvimento
num caso associado à gestão de
fundos comunitários. E continua
industriais pode caber nas fraquezas
da natureza humana. Até que se
descobre o nexo de causalidade do
negócio e se sabe que o secretário de
Estado, que veio do PS de Arouca,
nomeou como “técnico
especializado” um alto responsável
do PS de Arouca sem história alguma
na Protecção Civil, que, por sua vez,
recomendou a encomenda das golas
ao marido de uma autarca do PS de
Guimarães. A existência de uma
célula de promiscuidade partidária
no coração do Governo da República
Æca assim provada.
Judiciária lhe explodiram no
gabinete. Um pouco mais de
prudência e exigência deveriam ter
levado o experiente e geralmente
astuto e cauteloso Eduardo Cabrita a
pedir responsabilidades quando as
golas se conheceram, em vez de
atacar notícias “irresponsáveis e
alarmistas” e de chamar (em oè)
“cobras” aos jornalistas. Não evitou
este Ælme nem o travou enquanto
pôde. Não pode, por isso, querer
Æcar de fora da sua Æcha técnica.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Corrupção na
Protecção Civil
Mais uma polémica com uma forte
carga corruptiva. É lamentável que
numa área tão sensível como a
Protecção Civil estejamos a assistir a
actos que nos transportam para o
nepotismo, a corrupção, o
oportunismo político, etc.. Se é
verdade o que António Costa diz,
que esta acção da justiça só prova
que há uma verdadeira separação
de poderes, porque o Governo não
inÇuencia o Ministério Público, não
deixa de ser verdade que a
nomeação de amigos, familiares e
camaradas de partido para o
exercício de funções públicas de
forma generalizada não deixa de
criar suspeita sobre os actos
governativos. Não compreendo
como é que num partido com
poderes governativos, como o PS, a
principal conÆança resida nos
familiares e militantes amigos em
vez de em militantes competentes.
Mário Pires Miguel, Reboleira
Jorge Sampaio I
Tomaz Albuquerque tece um
grande elogio ao ex-Presidente
Jorge Sampaio, por ter completado
80 anos. Precisamente a idade que
a minha mãe fez este mês e a idade
com que o meu pai faleceu.
Pessoas vulgares, honestas e
trabalhadoras. Os meus pais foram
pessoas sagazes sobre a escolha
das pessoas que faziam parte da
sua vida; já o mesmo não se pode
aÆrmar sobre a astúcia do socialista
Jorge Sampaio, que, através da
dissolução da AR, conduziu ao
“empoderamento” de José
Sócrates, tendo como motivo
principal a falta de credibilidade do
Governo de maioria PSD,
aÆrmando ainda que “o país
assistiu a uma série de episódios
que ensombrou decisivamente a
credibilidade do Governo”. Como
Ælha dos meus pais, nunca
consegui empregos com ordenados
bem acima da média e sem passar
pelo crivo de provas de selecção,
testes psicotécnicos e estágios. Já a
Ælha de Jorge Sampaio exerceu
funções de assessora de um dos
gabinetes ministeriais no tempo de
José Sócrates. Do Ælho é consabida
a forma da sua entrada na PT. Tudo
serviços que servem os Ælhos de
políticos. Esta maneira de ser e
estar deixa um legado exemplar à
nossa democracia? Não.
Carla Matos, Sacavém
Jorge Sampaio II
Por ocasião do 80.º aniversário de
Jorge Sampaio só se têm ouvido e
lido elogios à sua pessoa. No
entanto, além de qualidades, todos
temos defeitos e, como militar
reformado, acho que um dos
defeitos do ex-Presidente foi a sua
aversão à instituição militar. Veja-se
o seu procedimento para com o
almirante Fuzeta da Ponte, então
chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas, e que levou à sua
demissão e também a sua
insistência na extinção dos tribunais
militares, com o argumento de que
os militares não podiam ter um
órgão de soberania. Na realidade,
ambas as instâncias dos tribunais
militares (tribunais territoriais e
Supremo Tribunal Militar) incluíam
magistrados judiciais. Após
discussão franca e aberta entre
estes e os juízes militares, eram os
magistrados quem redigia os
acórdãos. Por outras palavras, eram
eles a origem da soberania, não os
militares, facto olimpicamente
ignorado por Sampaio. Recordo
ainda que o STM era uma das mais
antigas instituições nacionais,
fundado, embora com outro nome,
em 11 de Dezembro de 1640!
José Simões, Oeiras
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 9

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Não houve “efeito Leonel Pontes” no Sporting,
o qual ainda não ganhou com o novo
treinador. Na Holanda, foi desesperante ver
uma equipa sem garra, passiva a defender e a atacar,
sem grande qualidade. E isso paga-se caro, como se
vê neste início de época desastroso que pode deitar
rapidamente a época a perder, se algo não mudar em
breve. Neste desnorte, o Sporting começa cedo a ter
jogos decisivos — é o caso da recepção ao líder do
Leonel Pontes campeonato, Famalicão. (Págs. 48/49) J.J.M.
A poucos dias do início da campanha para as
legislativas no Canadá, há novo escândalo a
juntar a outros que têm fragilizado Trudeau —
foi divulgada uma foto em que aparece com a cara
pintada de castanho numa festa em 2001 e o
primeiro-ministro foi acusado de racismo. E este, por
ir contra a sua imagem de líder multiculturalista,
pode ter impacto nas eleições. Trudeau pediu
desculpa, mas pode não ser suficiente após se saber
Justin Trudeau que aconteceu mais do que uma vez. (Pág. 34) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA

O que é pena é que neste areal da vida, onde cada um segue o seu caminho, não haja
nem tolerância nem humildade para respeitar o norte que o vizinho escolheu
Miguel Torga (1907-1995), escritor e poeta

SEM COMENTÁRIOS A ACTIVISTA SUECA GRETA THUNBERG ENCONTROU-SE COM BARACK OBAMA EM WASHINGTON
OBAMA FOUNDATION/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Amazon anuncia campanha
para Acordo de Paris ser
cumprido dez anos antes
Empresa é um grande produtor de gases
com efeito de estufa e os seus centros
consomem muita energia publico.pt/clima
Desperdício, mobilidade e
reciclagem: o que fazem as
universidades para serem mais
“verdes”?
Instituições tentam mostrar que a luta dos
jovens está a dar frutos publico.pt/p3
Vegetarianos têm maior risco
de AVC, mas menor de doença
cardíaca
Estudo britânico observou 48.188 adultos
de meia-idade sem historial de doenças
cardíacas ou AVC publico.pt/culto
Cruzeiro anunciado como
“exclusivamente para
britânicos” causa polémica
A brochura “só para adultos” e “só para
maiores de 50 anos” tinha ainda a chancela
exclusively for Brits publico.pt/fugas
10 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO

Vamos ser mais exigentes

com a corrupção?

N
DR

Susana Peralta
a quarta-feira, no debate nas
rádios entre os partidos
parlamentares, foi levantada a
questão de Portugal atingir o nível
de desenvolvimento da Finlândia
se resolvesse o problema da
corrupção. Um estudo do
Parlamento Europeu de 2016,
citado pelo PÚBLICO, estima que
se Portugal tivesse um nível de
corrupção semelhante ao dos sete países
menos corruptos da UE, o seu PIB
aumentaria entre 6 e 10%.
Ninguém sabe ao certo se Portugal seria
mais Ænlandês ou apenas francês se levasse a
sério o problema da corrupção. Mas sabemos
que por aqui o problema é sério. No tal
estudo, os autores utilizam técnicas
estatísticas para criar quatro grupos de
países com níveis de corrupção e
características institucionais semelhantes e
colocam Portugal no terceiro grupo. Não
sendo catastróÆco como a Roménia ou a
Lituânia, está longe dos países menos
corruptos como o Reino Unido ou a
Alemanha. Se esta má classiÆcação do nosso
país o surpreende, lembre-se que só na
última semana já fomos premiados com o
regresso do juiz Rui Rangel ao ativo e com
novos desenvolvimentos do sinistro negócio
da Aldeia Segura. O secretário de Estado da
Administração Interna e o presidente da
Proteção Civil foram ambos constituídos
arguidos. O primeiro demitiu-se; o segundo,
não. O mesmo secretário de Estado usou em
julho o seu adjunto como bode expiatório, “evaporem” pelo caminho. Finalmente, há com os responsáveis públicos. Quer um Analysis”, as economistas Abigail Barr e
ignorando a responsabilidade política (pelo estudos que utilizam dados oÆciais de exemplo? Enquanto escrevo estas linhas, Danila Serra desenharam um jogo que simula
menos essa!) que tinha no cartório. auditorias realizadas sistematicamente a Elisa Ferreira está sob escrutínio da comissão a corrupção de um responsável público e
Provavelmente, só se demitiu desta vez por entidades públicas. Independentemente da de Assuntos Jurídicos do Parlamento puseram estudantes universitários da
ter eleições à vista. forma utilizada para Europeu devido a uma possível Universidade de Oxford a jogá-lo. Como é
Mas como é que há estudos sobre a a medir, os estudos incompatibilidade entre a responsabilidade normal em estudos de economia
corrupção, se esta é ilegal e por isso não se existentes dos fundos europeus que potencialmente experimental, o jogo envolve dinheiro a sério
observa? Medir a corrupção é difícil, mas não convergem nas terá na nova comissão e o lugar ocupado pelo — quem aceita ser corrompido leva mais
impossível. Há índices construídos com base conclusões: a seu marido na Comissão de Coordenação e libras para casa. O comportamento dos
em inquéritos a cidadãos, empresas ou A má posição corrupção prejudica Desenvolvimento Regional do Norte, que jogadores tem dois padrões interessantes.
especialistas, que perguntam diretamente a
percepção que estas pessoas têm
de Portugal o crescimento
económico, diÆculta
aplica os ditos fundos. Uma das possíveis
consequências é o Parlamento Europeu não
Por um lado, os estudantes oriundos de
países mais corruptos corrompem mais e são
relativamente aos níveis de corrupção do resulta da a redistribuição a aceitar o nome da comissária. Ou pode ser mais facilmente corrompidos. Por outro
país onde vivem. Há outros que se baseiam nossa falta de favor dos mais que o marido tenha de se demitir para a coisa lado, os estudantes que estão a viver no
nas experiências de corrupção — por pobres, aumenta a passar. O futuro dirá. O que é curioso é que Reino Unido há mais tempo têm menos
exemplo, se a pessoa ou empresa já recebeu exigência desigualdade, facilita uma outra incompatibilidade envolvendo comportamentos corruptos. Estas
ou pagou um suborno. Também existem coletiva com os a vida ao crime Elisa e o seu marido foi tema por cá, mas conclusões mostram que o caldo cultural em
métodos estatísticos que procuram medir a
corrupção através de “dinheiro
responsáveis organizado e é má
para a democracia,
nada aconteceu. Enquanto vice-governadora
do Banco de Portugal, Elisa Ferreira decidiu
que as pessoas vivem inÇuencia a forma
como se comportam. Deve ser o que
desaparecido”; por exemplo, comparando, públicos porque aumenta a não pedir escusa nas decisões relativas à acontece por aqui. Está na hora de
entre regiões, discrepâncias entre os abstenção e piora a auditoria aos grandes devedores da CGD, um mudarmos e exigirmos dos partidos que,
montantes canalizados para investimento conÆança nas dos quais era a empresa La Seda, que custou durante esta campanha eleitoral, nos
em infra-estruturas e os quilómetros ou a instituições. ao banco público 250 milhões de euros e da apresentem as duas propostas para
qualidade das estradas e pontes construídos, Esta má posição de qual o mesmo marido era vice-presidente. combater a corrupção.
ou comparando os registos de exportações Portugal resulta da Porque não levamos estas coisas mais a
do país de origem e de importações no país nossa falta de sério? Num artigo publicado em 2010, Professora de Economia na Nova SBE.
de destino à procura de produtos que se exigência coletiva “Corruption and Culture: an Experimental Escreve à sexta-feira

“As Tabacarias”
por Rui Rio
“C
Francisco Teixeira da Mota
Escrever Direito
omecei na política ainda
antes do 25 de Abril a
lutar pela democracia.
Tenho agora um país em
que os julgamentos, em
vez de se fazerem no
tribunal, muitos deles
fazem-se nas tabacarias e
nos ecrãs de televisão.
Isto é absolutamente
inadmissível. Dá-se cabo das pessoas.
Julgamentos a chegar a tribunal e,
particularmente, a transitar em julgado com
a complexidade daqueles que diz e muitos
outros, nada! No entanto, passa por uma
tabacaria e vê a primeira página de um jornal
e arrumam logo ali com uma pessoa. Mas isto
são julgamentos autenticamente populares.
Isto é digno de uma democracia? (...) Isto
assim não pode ser. As pessoas não podem
ser penduradas na praça pública da forma
como têm sido. Portanto, eu respeito o
Ministério Público, mas quero o Ministério
Público eÆcaz, a fazer as acusações e a
defendê-las no julgamento em tribunal com
um juiz, e depois, mais tarde, até ao
transitado em julgado, com o Supremo, no
limite, a dizer como é que é.
Agora, nos ecrãs de televisão, nas páginas dos
jornais, as pessoas a serem penduradas? Qual é
a autoridade moral deste regime sobre o Estado
Novo quando faz uma coisa destas? Isto não é
admissível para as pessoas e é isto que a mim
particularmente me revolta. Quase que volto a
ter 17 anos ou 16 anos quando entrei para a
política justamente para combater isto: isto não
é aceitável” (Rui Rio, 16 de Setembro de 2019).
Esta intervenção do presidente do PSD —
que parece ter sido muito apreciada pelos
comentadores pelo tom emocionado e
autêntico da mesma — na verdade mais não é
do que uma soma de confusões por parte
deste dirigente político a quem subjazem
concepções autoritárias ou musculadas da
democracia e do direito à informação. No dia
seguinte, de resto, Rui Rio, no debate
radiofónico eleitoral, ao defender que o crime
de segredo de justiça devia incluir os
jornalistas, revelou não saber sequer que o
crime em causa os incluía!
É compreensível que Rui Rio se revolte com
as sistemáticas violações do segredo de justiça
e a lentidão nos casos mediáticos e associe
esse fenómeno ao Ministério Público. É
também sabido que o Ministério Público e a
Polícia Judiciária alimentam regularmente
alguns órgãos de comunicação com
informações sob segredo de justiça, mas a
forma de acabar com isso não é punir mais os
jornalistas mas sim, dentro das corporações,
criar uma mentalidade e uma prática mais
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 11
ESPAÇO PÚBLICO
ITQB Nova: 25 anos
a construir o futuro
NUNO FERREIRA SANTOS
rigorosas e respeitadoras da lei e menos
permeáveis a “amiguismos” ou “clubismos”. Cláudio M. Soares
Não é fácil, diga-se. O que não é possível, em
democracia, é impedir a imprensa de dar
notícias sobre processos judiciais. Alguém No ITQB Nova, os mundos
admite que sobre a Operação Marquês só
tivéssemos tomado conhecimento dos factos
da investigação e da
E
a que a mesma se reporta quando foi formação encontram-se,
divulgada a acusação, quase três anos após a posicionando-se no futuro
prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates?
Alguém admite que não soubéssemos que o ncerramos hoje as comemorações
ex-banqueiro Ricardo Salgado está em dos 25 anos da integração do
liberdade por ter prestado uma avultada Instituto de Tecnologia Química e
caução? Biológica António Xavier na
Não há nenhuma democracia onde não haja Universidade Nova de Lisboa. São
notícias sobre processos judiciais pendentes e 25 anos a contribuir com
sobre factos e elementos das investigações em investigação de excelência com
curso, ainda que sob impacto nas áreas da Saúde e da
segredo de justiça. Só Sustentabilidade, e na formação
em ditaduras é das novas gerações.
possível impedir que O ITQB Nova é um local único no seu
sejam noticiados equilíbrio entre ciência e educação, onde os
Não há factos respeitantes a
processos crimes
alunos trabalham em estreita colaboração
com investigadores que todos os dias abrem
nenhuma pendentes. É assim novos caminhos. Num ambiente informal, a de mestrado e cursos de pós-graduação. Os
democracia particularmente
estranho ouvir o
investigação prospera. Desde a sua criação,
os seus investigadores publicaram mais de
estudantes dos mais de 15 cursos estão
integrados em laboratórios onde se realiza
onde não haja presidente do PSD, 4000 artigos, que geraram quase 150 mil investigação de ponta. A instituição
notícias sobre sobre esta matéria, citações (Web of Science). A sua localização, inÇuencia milhares de carreiras não só na
processos negar autoridade
moral ao regime
em Oeiras, permite-lhe beneÆciar de um
ecossistema cientíÆco e de inovação
investigação, mas também na transferência
de tecnologia, na comunicação de ciência e,
judiciais democrático em excecional, composto por instituições mais recentemente, na gestão e política em
pendentes e relação ao Estado
Novo e aÆrmar que
cientíÆcas, indústrias de alta tecnologia e a
população mais instruída do país.
ciência e tecnologia.
Para oferecer a
investigações, entrou para a política O instituto teve origem no sonho de melhor formação,
ainda que sob para combater isto!
Mas isto, o quê?
António Xavier de uma instituição aberta,
onde os investigadores pudessem fazer
são estabelecidas
parcerias com
segredo de No tempo do ciência de excelência. A investigação em parceiros
justiça Estado Novo, não Biociências Moleculares é hoje desenvolvida Esta é uma estratégicos, sendo a
havia notícias sobre em três unidades de investigação — duas das maioria dos cursos
processos pendentes quais coordenadas pelo ITQB Nova, e todas escola de desenvolvidos com
nem informações avaliadas como Excelente pela Fundação pessoas e de outras unidades
sobre investigações, para a Ciência e a Tecnologia. Oitenta por orgânicas da Nova
muito menos em cento do Ænanciamento é competitivo, líderes ou com outras
casos envolvendo através das unidades de investigação, de científicos. E instituições.
Æguras públicas ou do
poder. No tempo do
projetos nacionais e europeus, incluindo
bolsas do European Research Council, e de
quer também ser No ITQB Nova, os
mundos da
Estado Novo, no famoso processo Ballet Rose, parcerias com empresas. uma escola de investigação e da
em que menores desde os nove anos, Ælhas de
gente pobre, eram desviadas para terem
A ciência desenvolvida permitiu, entre
muitos outros exemplos, compreender a
empreendedores formação
encontram-se, numa
relações sexuais com Æguras importantes do resistência aos antibióticos, descobrir mistura distinta de
regime, nada foi publicado nem nas páginas processos para degradar micropoluentes ou características,
dos jornais nem nos ecrãs, a preto e branco, sequenciar o genoma do sobreiro. Muitos posicionando-se no
da televisão. E Mário Soares, por ter falado dos resultados baseados em investigação futuro. Esta é uma
disso numa entrevista a um jornal inglês, foi fundamental, pedra basilar do escola de pessoas e
deportado para a ilha do Príncipe. E quanto conhecimento, poderão dar frutos no futuro, de líderes cientíÆcos.
aos processos políticos julgados no Plenário, trazendo a solução para problemas que mal E, juntamente com
as notícias nos jornais eram cinco linhas com conseguimos vislumbrar ou para questões outras instituições, quer também ser uma
os nomes dos réus e as penas aplicadas. Foi que serão a chave da nossa própria escola de empreendedores. Sem perder o
contra isto que Rui Rio lutou e, agora, falta ao sobrevivência. foco na investigação fundamental, que é a
regime democrático autoridade moral em Com a integração na Universidade Nova de base da descoberta que leva à criação de
relação ao Estado Novo? Porquê? Que grande Lisboa, há 25 anos, o ITQB Nova tornou-se valor.
confusão, valha-nos Deus! também numa instituição académica. Desde
então, foram atribuídos cerca de 600 graus Director do ITQB Nova – Instituto de
Advogado. Escreve à sexta-feira de doutoramento, mais recentemente graus Tecnologia Química e Biológica
12 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
POLÍTICA
Madeira: entre PSD e PS,
venha o eleitorado e escolha
Partidos têm dramatizado o discurso.
PSD alerta para os riscos de uma
“coligação negativa” de esquerda. PS
apela ao voto, para operar a mudança
no arquipélago
Eleições regionais
Márcio Berenguer
As sondagens que têm sido divulga-
das esta semana na Madeira coinci-
dem na vitória (mais uma) do PSD
nas legislativas regionais de domin-
go, mas são também coincidentes
quanto à improbabilidade de uma
maioria absoluta.
Talvez por isso, à medida que o
tempo para campanha eleitoral foi
encolhendo, a narrativa política foi-
se afunilando. Deixou-se de ouvir
falar tanto de propostas e ideias, pas-
sou-se a falar mais de maiorias. Do
que se pode fazer com elas. Do que
elas representam à direita e à esquer-
da. Da necessidade de as evitar.
O PSD de Miguel Albuquerque
tem pedido uma “maioria expressi-
va” para continuar a governar o
arquipélago com “estabilidade”,
esforçando-se por diabolizar uma
hipotética maioria de esquerda que
junte “socialistas, comunistas e
extremistas”. “Queremos continuar
a crescer, não queremos cá as con-
vulsões sociais do continente”,
argumenta o líder social-democrata,
que tem percorrido, em comícios,
um a um, todos os 11 concelhos da
região autónoma.
Também o PS, unido à volta de
Paulo Cafôfo, tem vindo a polarizar
o discurso. Há o “eles”, personiÆca-
do nos 43 anos de governação do
PSD, e há o “nós”, que os socialistas
querem liderar. O sound bite de
Cafôfo tem sido a “mudança”. O
mesmo com que o candidato inde-
pendente roubou o município do
Funchal ao PSD, em 2013. O mesmo,
com que o PS, em coligação com o
PAN, PTP e MPT, perdeu com
estrondo para Albuquerque, nas
regionais de 2015.
As sondagens não têm sido famo-
sas para o PS. A primeira que foi
divulgada, encomendada pela RTP
à Universidade Católica, coloca o
PSD a um deputado da maioria. No
dia seguinte, um estudo de opinião
GREGÓRIO CUNHA/LUSA
da Intercampus para o JM-Madeira,
retirava dessa projecção dois depu-
tados aos sociais-democratas. A
última, publicada ontem, conduzida
pela Eurosondagem para o DN-Ma-
deira, foi um pouco mais animadora
para os socialistas. Foi a única no
qual uma coligação PSD e CDS não
consegue formar maioria no parla-
mento regional. “Poucochinho”
para o PS, que começou a preparar
estas regionais logo após as autár-
quicas de 2017.
A aposta em Cafôfo
Foi nessa altura que Emanuel Câma-
ra, um histórico dirigente do PS
local que preside desde 2013 à
Câmara de Porto Moniz, um peque-
no município no Norte da ilha, deci-
diu desaÆar a liderança do partido,
na altura encabeçada por Carlos
Pereira, acenando com um trunfo
chamado Paulo Cafôfo: o autarca
independente, que foi o rosto da
derrota de Jardim nas autárquicas
de 2013. Se ganhasse o partido,
garantiu aos militantes, seria o
então autarca do Funchal o candi-
dato do PS à presidência do governo
madeirense. Câmara ganhou e aqui
estamos.
Mas o entusiasmo inicial da cam-
panha dos socialistas, que chegaram
a liderar estudos de opinião, trope- Albuquerque alerta para o risco de a mudança de que fala Cafôfo resultar numa “geringonça” insular
çou nas eleições europeias, em que
o PSD teve mais 12 pontos percen- va dividido há muito. Albuquerque para funções mais políticas.
tuais, uma vantagem superior a 11
Socialistas enfrentou Alberto João Jardim nas O segundo passo foi fazer regres-
mil votos, do que os socialistas, ain- e sociais- eleições internas de 2012 e a rivali- sar Alberto João Jardim, que andava
da divididos pelo combate interno dade agudizou-se dois anos depois, afastado do seu sucessor (e não
entre Emanuel Câmara/Paulo Cafô-
-democratas estão quando a luta pela sucessão do his- raras vezes a criticá-lo). Unidos, os
fo e Carlos Pereira. paciÄcados: tórico dirigente do PSD-Madeira sociais-democratas consolidaram o
Foi preciso repensar estratégias. levou Albuquerque a bater numa espaço político à direita e têm recu-
Cafôfo antecipou a saída da presi-
Câmara chamou segunda volta Manuel António Cor- perado eleitorado. Alberto João Jar-
dência do Funchal para se dedicar para si Carlos reia, o delÆm de Jardim. dim tem procurado ajudar. Subiu ao
em exclusivo à campanha e Câmara Com o PSD partido ao meio, o PS palco do comício que abriu a cam-
procurou reunir as hostes, recupe-
Pereira; cresceu. Primeiro Carlos Pereira, e panha e voltou a fazê-lo ontem, na
rando Carlos Pereira para encabeçar Albuquerque depois com Câmara/Cafôfo. Era pre- festa-comício no Funchal. Esta sex-
a lista do PS-Madeira para as legis- ciso reagir. Na ressaca das autárqui- ta-feira, no Ænal da tarde, vai estar
lativas de Outubro.
reaproximou-se cas, Albuquerque remodela o gover- ao lado de Albuquerque na arruada
Do outro lado da barricada — por- de Jardim no, chamando Pedro Calado, com- pelas ruas da capital madeirense,
que é de barricadas que se trata — o panheiro nos tempos em que que fecha a campanha.
PSD fez o mesmo, mas logo nas presidiu à Câmara do Funchal, para O antigo governante madeirense
autárquicas. O partido também esta- a vice-presidência, libertando-se continua a gozar de grande popula-

GREGÓRIO CUNHA/LUSA
ridade no arquipélago. Tanto que o
próprio Cafôfo não se furta aos elo-
gios. “É uma personalidade inigua-
lável”, disse a propósito de Jardim,
numa entrevista recente ao Expres-
so. Que, diga-se, não caiu nada bem
em certos sectores do partido.
Ligeira inÅexão
E é esse somatório — o PSD arregi-
mentado, as sondagens (as que têm
sido divulgadas, e as outras para
consumo interno) e o peso que a
máquina social-democrata tem na
administração pública regional —
que tem provocado uma ligeira
inÇexão no discurso socialista. No
início da campanha, e mesmo antes
de ela começar, o verbo vencer era
presença habitual nos discursos;
nos últimos dias tem andado mais
escondido nas intervenções políti-
cas. Fala-se de mudar, sim. De
ganhar, também. Mas o objectivo,
percebe-se, só será alcançado com
mais partidos.
O PSD, por outro lado, tem agigan-
tado o discurso. A frase “maioria
absoluta” tem andado na boca de
Albuquerque desde o início, mas nos
últimos dias tem sido mais audível.
Esta bipolarização PSD-PS, tem
devorado partidos que nos últimos
quatro anos tiveram relevância na
assembleia madeirense. O CDS, que
desde 2011 é líder da oposição, arris-
ca-se a cair para terceira força polí-
tica, ou mesmo quarta, se o Bloco
surpreender. O JPP, que tinha os
mesmos cinco deputados que o PS,
também deverá ser fortemente
penalizado. Mas, ironicamente,
serão esses mesmo partidos, e até
alguns menos representativos no
arquipélago, como o PAN, a Aliança
ou a Iniciativa Liberal, que poderão
ter uma palavra a dizer quando as
urnas fecharem e for preciso fazer
contas para formar uma maioria
parlamentar que suporte o próximo
governo.
Nesta matemática, o CDS perÆla-
-se como candidato natural, tanto à
esquerda como à direita. Rui Barre-
to, o líder regional dos centristas,
tem repetido que “maiorias absolu-
tas signiÆcam um poder absoluto”.
Por isso, quer o partido a inÇuenciar
o próximo governo. PSD ou PS? Bar-
reto diz o óbvio, que a maior proxi-
midade ideológica é com o PSD, mas
ressalva: não vai deixar que a extre-
ma-esquerda faça parte de uma
solução de governo.
Há quatro anos, o PSD segurou a
maioria absoluta por um deputado.
Os sociais-democratas ocuparam 24
dos 47 lugares do parlamento regio-
nal, deixando sete para o CDS, seis
para a coligação Mudança — PS (cin-
co), PTP (um), PAN e MPT —, cinco
para o JPP, dois para CDU e Bloco de
Esquerda e um para o PND, que ter-
minou a legislatura como indepen-
dente.
No boletim de voto de domingo,
vão constar 17 quadrados: PDR, Che-
ga, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, MPT,
PCTP/MRPP, PSD, Iniciativa Liberal,
PTP, PURP, CDS, CDU, JPP e RIR.
marcio.berenguer@publico.pt
51,1
A taxa de abstenção
registada na Região
Autónoma da Madeira nas
últimas eleições legislativas,
em 2015, foi de 51,1%. Em
1975, nas primeiras eleições
pós-25 de Abril, foi de
apenas 10,9%.
50,3
A taxa de abstenção
registada na Região
Autónoma da Madeira nas
últimas eleições regionais,
em 2015, foi de 50,3%. Em
1976, nas primeiras eleições
regionais, foi de 25,2%.
45,9
A taxa de abstenção
registada na Região
Autónoma da Madeira nas
últimas eleições
autárquicas, em 2017, foi de
45,9%. Em 1976, nas
primeiras eleições
autárquicas, foi de 45,1%.
54,5
A taxa de abstenção
registada na Região
Autónoma da Madeira
nas últimas eleições
presidenciais, em 2016, foi
de 54,5%. Em 1976, nas
primeiras eleições
presidenciais, foi de 25,2%.
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 13
O arquipélago em números
Márcio Berenguer
Nas últimas eleições regionais, em
2015, um em cada dois eleitores não
votou. Para este ano, dada a proximi-
dade eleitoral entre PSD e PS, a expec-
tativa é que a afluência às urnas seja
mais elevada numa região autónoma
que conta com 254.157 residentes.
O PSD venceu as eleições para a
Assembleia Legislativa Regional
sempre com maioria absoluta, e,
com pontuais excepções — em
alguns municípios, em eleições
autárquicas, e nas presidenciais de
2001, ganhas por Jorge Sampaio —,
foi sempre o partido mais votado na
região autónoma.
De acordo com o Pordata, que a
propósito destas regionais, actualizou
o Retrato da Madeira — Edição 2019, o
Funchal é o concelho mais populoso
do arquipélago com uma população
residente média de 104.286 indiví-
duos: 44 vezes mais residentes do que
o menos populoso, o Porto Moniz
(2360). A Ilha do Porto Santo é tam-
bém dos concelhos que menos resi-
dentes têm: apenas 5175.
A esperança de vida à nascença na
Madeira (78,2 anos ) é inferior à média
nacional (80,8 anos), apesar de ter
aumentado cinco anos entre 2001 e
2016. O mesmo acontece com o índi-
ce sintético de fecundidade — número
médio de crianças nascidas por cada
mulher em idade fértil (entre os 15 e
os 49 anos. Para que a substituição de
gerações seja assegurada, é preciso
que cada mulher tenha em média 2,1
A Madeira tem 254.157 residentes
Acompanhe os resultados em
directo das eleições regionais
da Madeira no próximo domingo
em publico.pt
filhos. Na Madeira, esse valor é 1,15,
contra os 1,41 do resto do país.
O índice de envelhecimento (o
número de pessoas com 65 ou mais
anos por cada 100 pessoas menores
de 15 anos) subiu de 71,4 em 2011, para
120,6 no ano passado. Um valor infe-
rior a 100 significa que há menos ido-
sos do que jovens, e nos concelhos de
Porto Moniz (223,4), Santana (242,4)
e São Vicente (247,5), o número de
idosos representa já mais do dobro
dos jovens.
No capítulo da educação, a região
autónoma tem registado progressos,
mas tem ainda um caminho a percor-
rer. Há 20 anos, regista o Pordata, um
quarto da população não tinha qual-
quer nível de escolaridade. No ano
passado, esse valor estava nos 7,4%.
Mesmo assim, em 2018, quase duas
em cada três pessoas com 15 e mais
anos têm, no máximo, o nono ano de
escolaridade. Em 2016, perto de um
quarto dos jovens entre os 18 e os 24
anos abandonou a escola sem com-
pletar o ensino obrigatório.
Em termos económicos, a região
apresentou o ano passado um saldo
positivo na balança comercial de 62
milhões de euros, com a população
empregada a dividir-se pelo sector
terciário (75,5%), secundário (13,9%)
e primário (10,6%). Em termos nacio-
nais, essa divisão é, respectivamente,
69,1%, 24,8% e 6,0%.
Na Madeira recicla-se mais, em
média, por habitante do que no res-
tante território nacional. 131,4 quilo-
gramas por habitante, face aos 90,4,
que constituem a média do país.
MIGUEL MANSO
14 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
POLÍTICA
Presidente da Autoridade
de Protecção Civil é
arguido e não se demite
Protecção Civil
Mariana Oliveira
Em causa estão contratos
no valor de 1,8 milhões de
euros, associados ao
programa Aldeia Segura e o
sistema de alerta por SMS
O presidente da Autoridade Nacional
de Emergência e Protecção Civil
(ANEPC), o tenente-general Mourato
Nunes, foi constituído arguido
anteontem no âmbito da investigação
que tem na mira contratos no valor
de 1,8 milhões de euros, associados
ao programa Aldeia Segura e ao siste-
ma de alerta por SMS. Apesar de ter
sido constituído arguido, Mourato
Nunes optou por não se demitir. E
reuniu-se anteontem ao Æm da tarde
com o ministro da Administração
Interna, que o manteve igualmente
em funções.
Já ontem, ao fim da tarde, o minis-
tro da Administração Interna emitiu
um comunicado onde garante ter
“plena confiança no presidente e em
toda a estrutura da ANEPC”, aprovei-
tando para elogiar o papel da autori-
dade na “transformação estrutural no
sistema de protecção civil”, que per-
mitiu os resultados alcançados em
2018 e em 2019 no âmbito do comba-
te aos incêndios rurais.
Antes, ao início da tarde, a Protec-
ção Civil emitira uma nota onde o
presidente da ANEPC conÆrmava
que foi constituído arguido no pro-
cesso relativo ao programa Aldeia
Segura, Pessoas Seguras. “Não obs-
tante, como teve oportunidade de
transmitir a toda a estrutura da
ANEPC, não concede nas imputa-
ções invocadas quanto ao seu envol-
vimento em quaisquer que possam
ser os factos deste processo”, lê-se
no comunicado. Mourato Nunes
garante que “continuará a colaborar
activamente com a justiça, como é
aliás seu dever”, mas frisa que não
deixará “de exercer todos os direitos
que o referido estatuto lhe confere,
em sua defesa e no sentido do apu-
ramento da verdade”.
Antes do almoço, quando já circu-
lava a notícia de que o presidente da
autoridade era arguido, Mourato
Nunes reuniu os funcionários da
ANEPC para lhes transmitir a novida-
de de viva voz e aÆrmar que estava de
consciência tranquila, recusando
Mourato Nunes nega as imputações que lhe são feitas
demitir-se. Adiantou que, se o Gover-
no pretendesse retirar-lhe a conÆan-
ça, o poderia demitir. Os comandos
distritais acompanharam a comuni-
cação através de videoconferência.
O PÚBLICO já adiantara que
anteontem o tenente-general infor-
mara internamente alguns respon-
sáveis da autoridade que a sua casa
tinha sido alvo de buscas da Polícia
Judiciária (PJ), mas que não se pen-
sava demitir porque estava de cons-
ciência tranquila e convicto de não
ter cometido qualquer crime. O mili-
tar que assumiu a presidência da
Protecção Civil em Novembro de
2017, apesar de já estar há vários
anos aposentado, manifestou ainda
a sua indignação, sentindo-se injus-
tiçado por na fase Ænal da sua vida
ver o seu nome manchado.
Próximo de Costa
Os contratos que estão em investiga-
ção foram assinados por Mourato
Nunes devido a competências pró-
prias ou delegadas pelo secretário de
Estado da Protecção Civil, José Artur
Neves, que anteontem foi também
constituído arguido no âmbito da
mesma investigação, tendo de segui-
da apresentado a sua demissão.
Essa não foi a decisão de Mourato
Nunes, que mantém uma relação de
proximidade com o primeiro-minis-
tro. O militar comandou a GNR quan-
to António Costa foi ministro da
Administração Interna (2005 e 2007),
num dos governos de José Sócrates.
Já em 2014, quando o político avan-
çou contra António José Seguro
para as primárias que lhe dariam a
liderança do PS, Mourato Nunes foi
RUI GAUDÊNCIO
um dos seus primeiros apoiantes.
O inquérito, dirigido pelo Depar-
tamento Central de Investigação e
Acção Penal com o apoio da Polícia
Judiciária, investiga três tipos de cri-
mes: corrupção, participação econó-
mica em negócio e fraude na obten-
ção de subsídio. Isso mesmo infor-
mou a Procuradoria-Geral da
República num comunicado emitido
anteontem, que conÆrmou igual-
mente a existência de buscas no
Ministério da Administração Interna,
incluindo na secretaria de Estado, na
ANEPC e em comandos distritais de
operações de socorro. Empresas que
Æzeram contratos com o Estado no
âmbito do programa Aldeia Segura
e da rede automática de avisos à
população também foram visitadas
pela Judiciária.
Este inquérito foi aberto em Julho
na sequência da polémica compra
de 70 mil golas antifumo, que custa-
ram à Protecção Civil mais de 125 mil
euros. O negócio, resultante de uma
consulta prévia autorizada por Mou-
rato Nunes, foi assinado em Maio de
2018 com a Foxtrot Aventura, que
tem como proprietário o marido de
uma autarca do PS de Guimarães. A
mesma empresa foi contratada em
Junho do mesmo ano para fornecer
15 mil kits de autoprotecção para dis-
tribuir pelas povoações do projecto
Aldeia Segura, que custaram quase
203 mil euros. Neste último caso,
Mourato Nunes assinou o contrato,
mas todo o processo de aquisição foi
conduzido pelo secretário de Estado
José Artur Neves.
mariana.oliveira@publico.pt
Breves
Agricultura
Ministro critica veto
de reitor de Coimbra
à carne de vaca
O ministro da Agricultura,
Capoulas Santos, criticou
ontem a decisão da
Universidade de Coimbra de
retirar das suas cantinas a
carne de vaca a partir de 2020.
Sem nunca se referir àquela
universidade, o governante
escreveu na sua conta pessoal
na rede social Facebook: “Não
deixa de ser amargo constatar
que até as vetustas paredes da
centenária academia são
permeáveis ao populismo e à
demagogia.” Na véspera, o
ministro do Ambiente tinha
elogiado a decisão da
universidade.
Legislativas
Listas de candidatos
às legislativas vão ser
divulgadas amanhã
As listas com os nomes de
todos os candidatos às
legislativas vão ser divulgadas
amanhã, uma vez que só nessa
data estarão “definitivamente
consolidadas”, adiantou à Lusa
a Secretaria-Geral do Ministé-
rio da Administração Interna.
Reino Unido
Dezenas de boletins
devolvidos ameaçam
votos de portugueses
Dezenas de envelopes estão a
ser devolvidos pelos correios
britânicos, ameaçando o voto
por correspondência de
portugueses residentes no
Reino Unido para as eleições
legislativas de Outubro. Pedro
Xavier, proprietário de um
escritório de serviços de apoio
à comunidade e presidente da
secção do PSD no Reino
Unido, confirmou à Lusa que
teve conhecimento de 127
casos nos últimos dias.
Governo
recebeu o
parecer que
pediu à PGR
Incompatibilidades
Liliana Valente
Costa pediu parecer ao
Conselho Consultivo da
PGR após polémica dos
negócios de familiares de
governantes com o Estado
O Conselho Consultivo da Procura-
doria-Geral da República (CC/PGR)
já enviou o parecer sobre a lei das
incompatibilidades dos titulares de
cargos políticos ao gabinete do pri-
meiro-ministro, que o terá recebido
ontem, sem revelar o seu conteúdo.
O gabinete do primeiro-ministro dis-
se ao PÚBLICO que o documento está
em análise, por ser extenso e comple-
xo. À noite, em Leiria, António Costa
disse aos jornalistas: “Estamos a ler,
a apreciar e depois falaremos ama-
nhã [hoje]”.
O parecer, que o PÚBLICO sabe ter
sido aprovado por unanimidade,
tinha sido pedido por Costa depois da
polémica sobre negócios de familiares
de governantes com entidades públi-
cas, mesmo que não relacionadas
com o titular do cargo político. Costa
irá agora decidir se concorda com o
parecer e o divulga, a dias do início da
campanha eleitoral.
“O parecer foi transmitido à entida-
de consulente, o gabinete do primei-
ro-ministro. A entidade competente
para decidir sobre a divulgação é a
que solicitou o parecer, sendo que a
Procuradoria-Geral da República
nada tem a opor a essa divulgação”,
respondeu a PGR ao PÚBLICO.
A aprovação do parecer do CC/PGR
acontece um dia após a demissão do
secretário de Estado da Protecção
Civil, Artur Neves (ver texto à esquer-
da), que iniciou a onda de notícias
sobre negócios de familiares de polí-
ticos com entidades públicas.
No Ænal de Julho, o primeiro-minis-
tro fazia saber que não concordava
com a interpretação da lei que defen-
dia a demissão imediata de um gover-
nante por negócios de empresas de
familiares com entidades públicas,
mesmo que estas nada tivessem a ver
com o governante, e escrevia, numa
nota enviada às redacções, que “ultra-
passa largamente, no seu âmbito e
consequências, o que tem sido a prá-
tica corrente ao longo dos anos”.
liliana.valente@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 15

POLÍTICA

Viagem de autarcas a Istambul

já tinha sido arquivada pelo
Ministério Público de Braga
gem a Istambul, mas, questionado nosco, (...) dando ideias de solução A Câmara de Cabeceiras de Basto mou ao PÚBLICO um porta-voz da
Autarquias pela PJ sobre se teria aceitado o con- e discutindo logo com os técnicos da enviou ao PÚBLICO um esclareci- Câmara da Feira, viajou um técnico
José António Cerejo vite se estivesse em funções nalguma Ano presentes”. mento em que afirma não ter parti- de informática da autarquia. Tam-
autarquia, respondeu que não, “por De acordo com o processo foram cipado na viagem nenhum autarca bém no caso de Amarante quem foi
Viagens visavam libertar os uma questão de princípio”. convidados para Istambul autarcas, ou “representante” do município. Os a Istambul foi um técnico superior.
Também ouvido, mas como argui- dirigentes e técnicos de 33 municí- autos mostram, todavia, que o chefe O mesmo aconteceu em Mondim de
convidados dos afazeres
do, Manuel Amorim disse que even- pios, quatro entidades públicas não- da respectiva Divisão Administrativa Basto.
para melhor discutirem os tos como a ida a Istambul eram prá- -autárquicas, incluindo o director de e Financeira, Ramiro Carvalho, par- Em representação de Baião tam-
serviços informáticos da Ano tica regular da empresa. Uma inicia- compras do Ministério do Ambiente ticipou no evento. Num ofício dirigi- bém não foi o então presidente e
tiva no estrangeiro, de dois ou três (que não aceitou), duas empresas do ao DIAP de Braga em 2016, o pre- actual secretario de Estado das
A aceitação do convite que levou dias, aparece com este objectivo: municipais e uma comunidade inter- sidente daquela autarquia diz que o Comunidades, José Luís Carneiro,
alguns autarcas, dirigentes e técni- “Retirar os clientes do contexto dos municipal. Aceitaram o convite funcionário o fez “a título pessoal, mas o seu “vice” e actual presidente,
cos camarários a viajar para Istam- afazeres diários. Com isso estâo mais autarcas, dirigentes ou técnicos de tendo usado dias de férias”. Paulo Pereira, que não respondeu
bul em 2015 a expensas de uma concentrados para trabalharem con- 16 municípios. Igualmente a título pessoal, afir- aos SMS do PÚBLICO.
empresa de informática foi investi- PUBLICIDADE
gada uma primeira vez, em 2016,
pelo Departamento de Investigação
e Acção Penal (DIAP) de Braga. Con-
trariamente ao que sucedeu com o
inquérito instaurado no ano passado
pelo DIAP de Coimbra e que agora
levou à acusação de recebimento de
vantagens indevida contra dois
autarcas de Penamacor por terem
aceitado a mesma viagem, a investi-
gação de Braga foi arquivada em
Fevereiro de 2017.
Depois de algumas diligências
investigatórias relacionadas com a
aceitação do convite da empresa Ano
por autarcas e/ou dirigentes ou téc-
nicos das câmaras de Amares, Cabe-
ceiras de Basto e Póvoa de Lanhoso,
a Polícia Judiciária entendeu, e o
Ministério Público concordou, que
não havia matéria para acusar quem
quer que fosse. “Verificou-se que a
maioria das câmaras já tinha aplica-
ções da Ano” antes da ida a Istambul,
lê-se no relatório da PJ.
Quanto ao papel de influenciador,
em favor da Ano, que alegadamente
teria sido desenvolvido junto das
câmaras convidadas por um ex-vice-
-presidente (PS) e actual vereador
(independente e na oposição) da
Câmara de Fafe, Antero Barbosa, a
PJ concluiu que “nada foi apurado”.
Embora não tenha sido visado no
inquérito do DIAP de Coimbra, Ante-
ro Barbosa foi ouvido e confirmou
que, entre 2013 e 2017, período em
que não desempenhou funções
autárquicas, colaborou com a Ano,
pago por “recibos verdes”. Afirmou
que o seu trabalho incluía desloca-
ções, com o dono da empresa,
Manuel Amorim, a várias câmaras,
sobretudo no Norte, já que “conhe-
cia alguns dos autarcas”. O seu papel
consistia em “atestar a credibilidade
dos produtos da Ano, por os conhe-
cer como utilizador”.
Antero Barbosa participou na via-
16 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

POLÍTICA

Tribunal volta a chumbar acesso

das secretas aos metadados
Serviços de informação não podem ter acesso a dados de tráfego. E, a dados de localização, só podem
aceder para efeitos de combate ao terrorismo e criminalidade organizada
ISSEI KATO/REUTERS

Telecomunicações
Maria Lopes
À segunda, o resultado foi o mesmo
de há quatro anos: o Tribunal Consti-
tucional voltou a rejeitar a possibili-
dade de os serviços de informações
terem acesso aos metadados, ou seja,
a informações telefónicas e de tráfego
de Internet dos cidadãos.
Os juízes do Palácio Ratton decidi-
ram ontem que o acesso a dados de
telecomunicações e Internet pelos
oÆciais das secretas a informação da
facturação detalhada como a hora e
a duração das chamadas, assim
como os números envolvidos, viola
a Constituição, conÆrmou ao PÚBLI-
CO, congratulando-se, o deputado
comunista António Filipe. Porém, no
acórdão entretanto publicado, o TC
considerou que só é possível o aces-
so aos dados de base (informação
sobre o acesso à rede pelos utilizado-
res, com a identiÆcação e morada
destes, e o contrato de ligação à rede)
e aos de localização (a posição geo-
gráÆca do equipamento) dos telemó-
veis para efeitos de combate ao ter-
rorismo ou criminalidade organizada
no âmbito de fundadas suspeitas,
descreve o deputado do PCP, partido
que, com o Bloco e o PEV, pediu ao
TC a Æscalização sucessiva da lei
aprovada em 2017.
As justiÆcações de que o acesso
pode ser feito por questões relaciona- Um dia depois de terem rejeitado uma norma da lei das “barrigas de aluguer”, os juízes declararam inconstitucional acesso a metadados
das, de forma geral, com a “salvaguar-
da da defesa nacional e da segurança a favor por sete conselheiros e contra gues Ribeiro. No caso de Catarina argumentaram que o acesso aos
interna” também foram declaradas
Só é permitido o por seis. Mas dos sete votos a favor, Sarmento e Castro, a sua saída e pos- metadados, mesmo que autorizado
inconstitucionais. Ou seja, só é per- acesso aos dados duas conselheiras (Catarina Sarmen- terior eleição de Mariana Canotilho pelo STJ, se faz fora do âmbito do pro-
mitido o acesso aos dados de base e to e Castro, indicada pelo PS, e Clara deveu-se ao Ænal do mandato. cesso criminal, o que viola a Consti-
de localização para “produção de
de base e de Sottomayor, pelo Bloco) já não estão Apesar do pedido de Æscalização tuição. Além disso, equipara os dados
informações” necessárias à preven- localização para no TC no momento de assinar o tex- sucessiva, a lei está em vigor desde o de localização [dos telefones] aos
ção de actos de sabotagem, espiona- to aprovado na sessão plenária de dia ano passado (quando a regulamenta- dados de tráfego [das comunicações]
gem, terrorismo, proliferação de
prevenir actos de 18. Porém, o que conta é a votação, ção foi concluída), mas só pôde ser e quem acede à informação são os
armas de destruição maciça e crimi- sabotagem, que já estava feita. O processo dos aplicada a partir de Março, quando oÆciais dos serviços de informações,
nalidade altamente organizada e no metadados foi, aliás, o motivo que Æcou pronta a aplicação informática que não têm intervenção no processo
seu exclusivo âmbito”.
espionagem, levou à renúncia de Clara Sottomayor para elaborar os pedidos ao Supremo penal, visto que a sua função é de pre-
Este é, pelo menos, um pequeno terrorismo ou ao cargo no TC: a conselheira era a Tribunal de Justiça (STJ). Tal como o venção e não de investigação. Trata-
passo à frente do que existia antes relatora do acórdão, em cujas conclu- PÚBLICO noticiou em Julho, nos pri- -se de oÆciais de informações do Ser-
desta lei, quando não era possível
criminalidade sões os restantes juízes se reviam na meiros quatro meses, o STJ recebeu viço de Informações de Segurança
aceder a qualquer informação. organizada generalidade, mas discordavam das e autorizou todos os 15 pedidos feitos (SIS) e do serviço de Informações
Mas há uma conclusão que resulta considerações que esta fazia compa- pelos serviços de informações para Estratégicas de Defesa (SIED) que
da análise da votação de cada juiz rando violência doméstica e terroris- acederem a metadados. não são considerados serviços de
conselheiro do TC expressa no acór- mo. O mal-estar precipitou a sua saída A Æscalização sucessiva foi pedida investigação judicial.
dão. A declaração de inconstituciona- e a transferência da tarefa de redac- em Janeiro do ano passado pelos
lidade do acesso aos dados foi votada ção do acórdão para o juiz Lino Rodri- deputados dos três partidos, que maria.lopes@publico.pt
18 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
POLÍTICA
Exclusão de candidato
da PSP leva Nós, Cidadãos! a
recorrer ao Tribunal Europeu
Legislativas 2019
Margarida Gomes
Agente da PSP foi impedido
de se candidatar porque o
Tribunal de Aveiro
considerou a PSP uma força
militarizada
O agente da PSP, Delmar Duarte
Almeida, escolhido pelo Nós, Cida-
dãos! para liderar a lista do partido
pelo círculo eleitoral de Aveiro às elei-
ções legislativas, acusa o tribunal
desta comarca de o “discriminar” nos
seus direitos de cidadão ao afastá-lo
da corrida eleitoral e ao recusar toda
a lista com o argumento de que a Polí-
cia de Segurança Pública é uma força
militarizada. O Nós, Cidadãos! apre-
sentou dois recursos desta decisão
ao Tribunal Constitucional, um por
considerar a ilegalidade da rejeição
de toda a lista, quando o que estava
em causa era a elegibilidade só de
Duarte Almeida; e outro alegando
que este não devia ser excluído por-
que a PSP não era uma força militari-
zada. Como o TC deu apenas provi-
mento ao primeiro dos recursos —
decidindo não tomar conhecimento
do segundo por razões processuais
— , o Nós, Cidadãos! promete recorrer
para o Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos.
“Num Estado de direito, não se
admite que esteja a ser discriminado
e lesado nos meus direitos de perso-
nalidade, bom nome, e de participa-
ção política”, declara Duarte Almei-
da ao PÚBLICO, considerando
incompreensível que a sua candida-
tura tenha sido recusada quando
dois colegas da PSP viram as suas
candidaturas aceites sem quaisquer
obstáculos pelos tribunais de Setú-
bal e de Portalegre.
“O juiz titular do processo entende
que faço parte de uma força militari-
zada e, por isso, seria inelegível, nos
termos da Lei Eleitoral da Assembleia
da República”, insurge-se, aÆrmando
que “há muito tempo que se sabe que
a PSP não é uma força militarizada e
a sua lei orgânica determina que a
PSP é uma força de serviço público
[do Estado], e tem sido sempre reco-
nhecida judicialmente a capacidade
eleitoral dos agentes da PSP”, contra-
põe o também mandatário do parti-
do. Alega ainda que o art. 270.º da
Constituição deÆne os agentes da PSP
TC não se chegou a pronunciar sobre a elegibilidade de polícias
De acordo com
a lei orgânica,
“a PSP é uma força
de segurança,
uniformizada
e armada, com
natureza de
serviço público
e autonomia
administrativa”
como agentes de forças de segurança,
após revisão constitucional, de
Dezembro de 2001.
De acordo com a lei orgânica, “a
PSP é uma força de segurança, uni-
formizada e armada, com natureza
de serviço público e dotada de auto-
nomia administrativa”.
Os dois agentes da PSP candidatos
às legislativas são Pedro Magrinho e
Carlos Carolino. Ambos têm ligações
a sindicatos. O primeiro é número
dois na lista por Setúbal pelo Chega,
apesar de o Tribunal Constitucional
ainda não se ter pronunciado sobre
o parecer pedido pelo Governo em
relação às candidaturas de elemen-
tos de forças de segurança a cargos
políticos; o segundo encabeça a can-
didatura por Portalegre pelo partido
Aliança. Pedro Magrinho é chefe da
PSP em Setúbal e presidente da
Federação Nacional dos Sindicatos
das Polícias; Carlos Carolino é comis-
sário no Comando Metropolitano de
Lisboa e presidente do Sindicato de
OÆciais da PSP.
ENRIC VIVES-RUBIO/ARQUIVO
Formado em Direito, Duarte
Almeida não aceita esta dualidade de
critérios que permite que uns agen-
tes da PSP possam ser candidatos e
outros não. “O Tribunal de Aveiro foi
intransigente e prejudicou um agen-
te, bem como a lista que liderava,
rejeitando-a sem fundamento, quan-
do, por lei, devia mandar substituir
o candidato rejeitado”, sublinha o
chefe da PSP no Comando Metropo-
litano de Lisboa.
Tendo em conta esta dualidade de
critérios, Duarte Almeida fala da
necessidade de uma clariÆcação
sobre se os agentes da PSP podem ou
não candidatar-se a eleições. “O tema
deve ser discutido num âmbito mais
alargado, envolvendo Governo, tribu-
nais e Assembleia da República”,
defende, declarando que “não é acei-
tável que um juiz de um tribunal
[Comarca de Aveiro] discuta uma
questão de direito — a natureza jurí-
dica da PSP — no âmbito de um pro-
cesso eleitoral”.
“Estas atitudes lesivas e discrimi-
natórias de direitos atingem o estatu-
to de cerca de 22 mil agentes da PSP
no activo que podem, de repente, ver
os seus direitos restringidos ao belo
sabor de um entendimento de um
juiz, quando há outros entendimen-
tos judicias”, alerta uma outra fonte
ligada ao processo”. Nas eleições
europeias, o Tribunal Constitucional
não se opôs à presença de dirigentes
sindicais da PSP nas listas. Esse facto
chegou a ser proibido pela direcção
nacional da PSP, que acabou por
recuar nessa posição.
mgomes@publico.pt
Ventos de esquerda
Hora H
Helena Pereira
Tome notas destas três frases, pois
proponho-lhe um desaÆo.
— “Alargar e aperfeiçoar a base de
Ænanciamento da Segurança Social
por forma a que a componente que
incide sobre os empregos e os
salários seja completada por outras
fontes, nomeadamente a taxação
do valor acrescentado das
empresas.”
— “Numa sociedade em elevada
mutação tecnológica, um sistema
de Ænanciamento baseado
exclusivamente nos salários,
conduz, obviamente, à redução das
suas receitas, é desincentivadora da
criação de emprego, introduz
elementos de desequilíbrio
concorrencial entre as empresas.”
— “O Ænanciamento da Segurança
Social não deve repousar
exclusivamente sobre o factor
salário. Há empresas que não são de
mão-de-obra intensiva mas de
capital intensivo.”
Na verdade, são todas muito
semelhantes e defendem uma
alteração de fontes de
Ænanciamento da Segurança Social.
O raciocínio é simples: com uma
população cada vez mais
envelhecida, o aumento da
economia não garantirá por si só
receitas para pagar as pensões de
reforma a toda a gente nos
próximos anos. A pressão sobre o
sistema é grande e uma das
possibilidades seria fazer com que
as empresas descontem para a
Segurança Social não só em função
do número de trabalhadores que
empregam mas também em função
da riqueza que geram, ou seja, do
Valor Acrescentado Líquido.
Mas vamos lá. Quem disse cada
uma delas?
A primeira consta do documento
“Por uma reforma democrática da
Segurança Social: conclusões do
Encontro Nacional do PCP”,
coordenado por Edgar Correia, e
data de 1996. António Guterres era
primeiro-ministro há apenas um
ano, o programa Chuva de Estrelas
apresentado pela Catarina Furtado
era um sucesso na SIC e Vítor Baía o
capitão da selecção portuguesa no
regresso ao Europeu, que esse ano
se disputava em Inglaterra.
A segunda foi dirigida a Eduardo
Ferro Rodrigues, então ministro da
Segurança Social, durante uma
interpelação ao Governo no
Parlamento em 1998, pelo então
deputado do PCP Lino de Carvalho
que Æcou sozinho nesta proposta.
A terceira é da autoria de Rui Rio,
presidente do PSD, e foi proferida
esta quarta-feira. Aquilo que há 23
anos parecia uma ideia radical e que
nunca foi acolhido pelo PS ao longo
do tempo aparece agora pela voz de
Rui Rio, o líder que na verdade tem
avisado que não é “de direita”, mas
“do centro moderado”.
Esta proposta choca com a
posição dos últimos anos do
partido. Basta comparar com o
programa de 2015, de Pedro Passos
Coelho, ou recordar as intervenções
dos últimos ministros da Segurança
Social de Governos liderados pelo
PSD, como Bagão Félix ou Mota
Soares. O programa eleitoral de
2015 seguia outro caminho:
diminuir encargos futuros através
da “introdução, para as gerações
mais novas, de um limite superior
para efeitos de contribuição, que
em contrapartida determinará um
valor máximo para a futura
pensão”. Passos, aliás, foi o autor da
polémica proposta de aumentar a
contribuição dos trabalhadores
para a Segurança Social (18% em vez
dos 11%) de modo a permitir que as
empresas pagassem menos (18% em
vez dos 23,5%).
Nos últimos anos, o país virou à
esquerda e o PSD também. O caso
da Segurança Social é um exemplo
disso. Com aquele jeito
desembaraçado que o caracteriza,
mas que também se confunde às
vezes com alguma leviandade, Rio
insistia na questão dos descontos
das empresas no debate de
quarta-feira: “Vai ter de ser, mais
dia, menos dia. Quanto mais cedo,
melhor.” Pois, isto levanta-me uma
dúvida. Será que, mesmo que perca
as eleições, Rio quer Æcar a liderar o
PSD para fazer as grandes reformas
estruturais, como costuma dizer, e a
próxima será esta alteração à
Segurança Social?
Jornalista. Escreve à sexta-feira.
helena.pereira@publico.pt
PASSATEMPO
WE GO TOGETHER
Concerto Solidário "We go Together" com Carolina Deslandes e convidados
19 OUT. 2019 | Tapada das Necessidades, Lisboa

Tire uma fotografia que represente um momento divertido em família

Publique no Instagram (o perfil deve ser público)

Adicione a hashtag #passatempowegotogether

Siga a conta de Instagram do Estúdio P (@estudiop.publico)

e ZIPPY (@zippykidstore)

O passatempo decorre até 7 de Outubro de 2019.

Consulte o regulamento.
20 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
SOCIEDADE
A vinha resiste à seca mas há
que garantir a qualidade da uva
Na região demarcada do Douro há muito
que se prepara a vinha para que a sua
produção seja mais resiliente e
sustentável. Os problemas são mais
desaÄantes no Douro Superior
Ambiente
Patrícia Carvalho (texto),
Adriano Miranda (fotos)
A vinha parece só uma vinha igual a
qualquer outra, nesta zona do Vale
da Vilariça, em Torre de Moncorvo.
Estamos no chamado Douro Supe-
rior e é época de vindimas, mas na
Quinta do Ataíde, uma das proprie-
dades da Symington Family Estates,
não há ninguém. Nem gente a apa-
nhar uva, nem camiões a transpor-
tar os cachos gordos, ao contrário
do que acontece noutras quintas do
grupo, nas proximidades. Só há
silêncio e folhas verdes, a contrastar
com o solo seco e poeirento. Parece
uma vinha igual a todas as outras,
mas não é bem assim, porque
naquelas videiras está a travar-se
uma batalha contra as alterações
climáticas. Ou várias batalhas.
Fernando Alves, responsável pela
área de investigação e desenvolvi-
mento na viticultura da Symington,
percorre diferentes secções da quin-
ta, mostrando que aquelas vinhas
são mais do que meras produtoras
da uva que dará origem a alguns dos
vinhos bem conhecidos da região.
Aqueles quase 2,3 hectares, com 53
variedades de castas, estão a ser usa-
dos para Æns experimentais, num
trabalho que dura desde 2012 e que
permite perceber como cada uma
delas reage às condições existentes
ou às que lhe são aplicadas. Algumas
têm as folhas coloridas num tom
azulado, fruto de um “protector
solar” que permite aumentar a resis-
tência às altas temperaturas e, con-
sequentemente, ajuda à retenção de
humidade que possa existir no ar.
A poucos passos de distância ali-
nham-se outras vinhas sujeitas a
outras experiências. Testa-se o stress
hídrico das plantas, deixando-as
sem rega ou dando-lhes a beber dife-
rentes quantidades de água (mas
sempre muito pequenas, no sistema
gota a gota). Uma observação mais
aproximada permite descobrir
pequenos sensores aplicados a algu-
mas das folhas recortadas, já a que-
rerem dourar-se para o Outono, que
estão ali para medir diversos parâ-
metros, incluindo a forma como a
água é retida pela planta. Não anda
por ali qualquer robot a passear-se
nos caminhos poeirentos, mas ainda
há poucos dias era possível vê-lo,
recolhendo informação que há-de
ajudar os viticultores a decidir, por
exemplo, que parte do terreno tem
melhores condições para o desen-
volvimento de determinado tipo de
uva, que casta se adapta melhor a
um espaço em concreto ou que cas-
ta irá desenvolver-se mais cedo ou
mais tardiamente.
“Os projectos que estamos a con-
duzir, em parceria ou internamente,
não nasceram exclusivamente rela-
cionados com as alterações climáti-
cas, serão sempre multifacetados,
têm de responder a várias questões”,
explica Fernando Alves, frisando
que estão “centrados no conheci-
mento de castas, no conhecimento
da relação de uso de água para a
planta e da adaptabilidade de dife-
rentes mecanismos da cultura de
vinha para efeitos de fenómenos de
alterações climáticas”. Porque, feitas
as contas, tudo está interligado.
O investigador João Santos, do
Centro de Investigação e Tecnolo- ameaçada, mas mais com a qualida- tejo podem não ser as mais prejudi-
gias Agro-ambientais e Biológicas de do produto”, diz. cadas, avisa. Isto porque não é aí
(CITAB) da Universidade de Trás-os- O professor e investigador do que estão as culturas que necessi-
Montes e Alto Douro (UTAD) sinte- CITAB, que estuda as questões da tam de mais água — como o arroz, o
tiza: “A videira é uma planta muito vinha há muitos anos e está envol- tomate ou outros hortícolas — e tam-
resistente à temperatura e à secura. A videira é muito vido em diversos projectos ligados bém não é aí que estão as Çorestas
Mas uma coisa é falarmos da sobre- ao tema, liderando mesmo um mais sujeitas a incêndios catastróÆ#
vivência da planta, outra é falarmos resistente à deles, com vários parceiros euro- cos, se houver uma ignição.
da rentabilidade económica da temperatura e à peus, o Clim4Vitis, não tem dúvidas
planta. Posso ter uma oliveira ou de que, a veriÆcar-se a tendência Reduzir o impacto
uma videira e elas não morrem, mas seca. Posso ter das últimas décadas, a temperatura Nas vinhas do grupo The Fladgate
e a produção? E a qualidade? Ou é uma videira e ela vai continuar a subir e vai fazer-se Partnership — que detém marcas
nada ou não é economicamente sentir de forma marcante nas como a Taylor’s ou a Croft — ainda
rentável. Por isso temos tanto olival não morre, mas regiões mais interiores da Penínsu- não se sentem efeitos de qualquer
e vinha com rega. Não é que não se e a produção? la Ibérica. Ainda assim, refere, o alteração do clima, garante Ana
aguentem, mas, se não regarmos, maior problema que poderemos ter Margarida Morgado, responsável
não produzem. A questão da viticul- E a qualidade? de enfrentar passará mais pela pro- pela comunicação do grupo, apesar
tura [e das alterações climáticas] jectada redução de precipitação e, de o compromisso com uma produ-
prende-se não com a sobrevivência João Santos a esse nível, as vinhas do Douro e ção mais sustentável estar também
da planta, que também pode estar Investigador do CITAB das zonas mais interiores do Alen- em marcha. “Desde 2002 que temos

um novo método de plantação que
faz com que o nosso impacto no
meio ambiente seja o mínimo pos-
sível, reduzindo, por exemplo, a
utilização de herbicidas em 86%.
Além disso, temos vindo a fazer uma
crescente utilização de energias
renováveis e temos uma aposta há
muito tempo na gestão de resíduos,
com ETAR nas adegas e quinta e tra-
tamento de eÇuentes”, diz. Junte-se
a isto um conhecimento de castas
que permite ao grupo desenvolver
cada uma delas no seu terroir ópti-
mo — “o que implica menos inter-
venções e, portanto, menos polui-
ção” — e a construção de patamares
laser com uma inclinação que lhes
permite fazer uma melhor gestão da
chuva, e ninguém pode dizer que os
Na Quinta do Ataíde estão a
realizar-se inúmeras
experiências para perceber
como reagem as vinhas a
alterações do clima
problemas das alterações climáti-
cas, a fazerem-se sentir ali, apanha-
ram a empresa de surpresa.
O caso do Douro Superior
Mas, para Ana Margarida Morgado,
há ainda um outro factor essencial
para que as vinhas que fornecem a
uva para os vinhos do Porto do grupo
estarem mais protegidas: nenhuma
se situa no Douro Superior. “O Douro
Superior está com grandes problemas
porque se plantou vinha onde nunca
Os projectos que
conduzimos respondem em a
e elas
várias questões, entre
as
as alterações climáticas
Fernando Alves
Symington Family Estates
houve vinha, e só se começou a fazê-
-lo porque se recorreu ao artifício da
rega. O vinho do Porto há muito que
se encontra adaptado às alterações
climáticas, não suporta a rega.”
Fernando Alves não quer comentar
esta posição, limitando-se a dizer que
o Douro Superior é “mais desaÆante”
quando se fala na necessidade de
adaptar a vinha às alterações climáti-
cas projectadas pelos especialistas.
O investigador João Santos diz que
há boas razões de ambos os lados da
questão — os que produzem vinho no
Douro Superior e os que não produ-
zem. “No Douro Superior produzem-
-se vinhos muito bons, de grande
qualidade, e as empresas são muito
receptivas às novas tecnologias, cola-
boram em projectos cientíÆcos inter-
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 21
O caminho até à
greve global
S
ão muitas as cidades que
já anunciaram a adesão a
este movimento, como
Porto, Lisboa, Leiria,
Lousada, Viseu, Penafiel,
Serpa, Guarda, Pombal,
Coimbra, Sines, Portimão,
Setúbal, Évora, Tavira e muitas
outras que até já possuem
evento no Facebook, para que
possa ser consultado por
quem quiser estar a par dos
desenvolvimentos durante a
semana e também dos
preparativos para a greve
global.
Ainda assim, deixamos
alguns dos eventos já
anunciados que vão decorrer
por algumas cidades. No
primeiro dia da semana de
protestos, 20 de Setembro,
haverá uma marcha nocturna
por Lisboa, com início às 21h
no Príncipe Real e término na
Assembleia da República,
seguida de uma vigília. No
mesmo dia, também se realiza
uma vigília no Porto, das 21h às
8h, em frente à Câmara
Municipal do Porto. E outras
iniciativas se desenvolvem por
todo o país, como o Mãos à
Obra, que pretende limpar as
praias de norte a sul de
Portugal; o Dia Europeu sem
Carros; um Desfile contra a
Fast Fashion, em Faro; um
workshop de escultura “à base
de lixo recolhido nas zonas
mais afectadas da cidade”, em
Chaves; um festival de cinema
com mais de 40 sessões
espalhadas por mais de dez
cidades de norte a sul do país,
em que no primeiro dia vai ser
possível assistir à antestreia
nacional do filme A Hora da
Saída, do realizador francês
Sebastién Marnier; e
actividades como debates,
oficinas de cartazes ou o içar
de bandeiras verdes nos
municípios. Tudo isto irá
culminar numa última
actividade: uma greve
climática global no dia 27 de
Setembro.
nacionais e estão atentas e a tomar
medidas. Consegue tirar-se de lá um
bom produto, de uma região que não
tinha grande rentabilidade. Também
é certo que a vinha ali não existia, até
se rebentar com o Cachão da Valeira,
que permitiu a passagem dos barcos.
Historicamente, o Douro terminava
em São João da Pesqueira. Alargou-se
[a área de produção de uva no Douro]
e acho que se fez de boa-fé. O revés é
que as alterações climáticas vão diÆ#
cultar a vida [aos viticultores].”
Mas o trabalho para reduzir estes
impactos já começou. É também por
isso que já há, de vez em quando, um
robot a percorrer os caminhos da
Quinta do Ataíde, ao abrigo do pro-
grama internacional Ænanciado pela
comunidade europeia, VineScout, ou
que o Visca (o outro projecto interna-
cional e Ænanciado em curso no local)
vai permitir criar uma ferramenta de
clima que forneça aos produtores de
vinho informação fundamentada que
os ajude a “aplicar correctamente
estratégias de adaptação nas diferen-
tes localizações e vinhas, para obter
resultados premium”, lê-se na deÆni-
ção do programa.
Boas notícias
João Santos diz que as boas notícias é
que na região demarcada do Douro,
“importantíssima para a economia
nacional”, o sector da vinha “é de
vanguarda, está bastante avançado”.
Mas, aÆrma, há também muitos pro-
dutores envelhecidos, os donos das
pequenas parcelas que alimentam as
grandes marcas, e que têm muita
resistência à mudança. E que podem
simplesmente abandonar o cultivo,
se se tornar demasiado difícil tirar
rendimento da vinha.
A outra boa notícia é que o tempo
seco vai afastar do Douro problemas
que os participantes no Clim4Vitis,
que trabalha com os impactos das
alterações climáticas na viticultura
europeia, já identiÆcaram para
outras regiões. “O Norte e o Centro
da Europa vão aliar o aumento de
temperatura ao aumento de precipi-
tação, o que resulta em condições
mais favoráveis para o desenvolvi-
mento de doenças trazidas de latitu-
des tropicais. Aí, deverão existir
problemas Ætossanitários graves. Nós
vamos ter menos problemas do que
essas regiões, porque os Verões serão
muito secos”.
patricia.carvalho@publico.pt
22 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
SOCIEDADE
“As nossas decisões individuais não têm qualquer
efeito face à escala da mudança de que precisamos”
Naomi Klein Temos todas as hipóteses de falhar o alvo, “mas cada fracção de grau de aquecimento global
que sejamos capazes de adiar é uma vitória”, aÄrma a jornalista. O seu novo livro acaba de ser publicado
Entrevista
Natalie Hanman
Naomi Klein, autora de No Logo [No
Logo — O Poder das Marcas, edição
portuguesa da Relógio d’Água],
jornalista, activista social, na área
do ambiente e não só, acaba de
lançar On Fire: The Burning Case for
a Green New Deal. Nesta entrevista,
a canadiana fala sobre a crise
climática e sobre os seus receios.
“Não passa um dia em que eu não
tenha um momento de pânico
puro, a convicção de que estamos
condenados.” Mas há uma nova
geração que a inspira.
Porque decidiu publicar este
livro agora?
Sinto que a maneira como falamos
sobre as alterações climáticas é
muito compartimentada, muito
isolada das outras crises que
enfrentamos. Há elos de ligação
entre a crise climática e as crises da
crescente supremacia branca, das
várias formas de nacionalismo e do
número tão grande de pessoas que
são expulsas das suas pátrias. Estas
crises cruzam-se e estão
interligadas. As soluções também
têm de estar.
Sente-se encorajada pelo debate
em torno do Green New Deal
[série de propostas económicas
para ajudar a combater as
alterações climáticas]?
Sinto um tremendo entusiasmo e
uma sensação de alívio por
estarmos Ænalmente a falar de
soluções à escala da crise que
enfrentamos. Já não estamos só a
falar de uma pequena taxa sobre o
carbono ou de um sistema de
limitação e transacção de emissões,
estamos a falar de transformar a
economia. Mas o sistema está a
falhar para a maioria das pessoas, e
é por isso que estamos a passar por
este período de profunda
desestabilização política — que está
a fazer aparecer os Trumps e os
“Brexits” e todos esses líderes
autoritários. Porque não tentamos
descobrir como mudar tudo desde
a base até ao topo, lidando com
todas as crises ao mesmo tempo?
Temos todas as hipóteses de
falharmos o alvo, mas cada fracção
de grau de aquecimento global que
sejamos capazes de adiar é uma
vitória, e cada política que
consigamos implementar para
tornarmos as nossas sociedades
mais humanas é um passo para
resistirmos aos inevitáveis choques
e tempestades que virão sem
cairmos na barbárie.
Uma das críticas ao movimento
ambientalista é que é dominado
por brancos. Como vê essa
questão?
Quando temos um movimento que
é esmagadoramente representativo
do sector mais privilegiado da
sociedade, a sua abordagem será
mais avessa a mudanças, porque as
pessoas que têm muito a perder
tendem a ter mais medo de
mudanças, enquanto as que têm
muito a ganhar tendem a lutar mais
por elas. Esse é o grande benefício
de ter uma abordagem à crise do
clima que a ligue às questões mais
vitais para as pessoas: como é que
vamos conseguir empregos mais
bem remunerados, habitação a
preços acessíveis? Temos de largar a
ideia de que “primeiro salvamos o
planeta e depois combatemos a
pobreza, o racismo e a violência
contra as mulheres”. Não funciona.
E afasta as pessoas que estariam
mais dispostas a lutar. Este debate
mudou imenso nos EUA porque são
mulheres congressistas de cor quem
está a defender o Green New Deal.
Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan
Omar, Ayanna Pressley e Rashida
Temos de largar
a ideia de que
‘primeiro salvamos
o planeta e depois
combatemos
a pobreza’
Tlaib vêm de comunidades que
foram tratadas de forma injusta
durante os anos do neoliberalismo.
Não têm medo de mudanças
profundas porque as suas
comunidades precisam
desesperadamente delas.
No livro, escreve que “a resposta
à pergunta ‘O que posso fazer
individualmente para impedir as
alterações climáticas?’ é: Nada”.
TOBY MELVILLE/REUTERS
Em termos do carbono, as decisões
individuais que tomamos não têm
qualquer efeito face à escala da
mudança de que precisamos. A
verdade é que temos sido treinados
para pensar em pequena escala. É
signiÆcativo que Greta Thunberg
tenha transformado a sua vida num
grito pela emergência.
Sim, ela viajou para a cimeira do
clima num iate “carbono zero”...
Mas a questão não é o que Greta faz
individualmente. É sobre o que ela
transmite nas escolhas que faz
como activista, e respeito muito
isso. Ela está a usar o poder que tem
para tentar inspirar os políticos.
Algumas pessoas estão a decidir
fazer “greves de natalidade”. O
que pensa sobre isso?
Fico feliz por essas discussões
estarem a entrar no domínio
público. Tem sido algo que isola
muito as pessoas. Foi o que
aconteceu comigo. Esperei muito
tempo para tentar engravidar e
Acompanhe todos os trabalhos
especiais no âmbito do
consórcio Covering Climate
Now em publico.pt/crise-
climatica-agora
estava sempre a dizer ao meu
companheiro: “O quê, queres criar
um guerreiro aquático ao estilo Mad
Max que tenha de lutar por comida
e água?” Foi quando me juntei ao
movimento pela justiça climática
que consegui ver um caminho. A
discussão que é preciso ter é como
construir um mundo onde as
crianças tenham uma vida próspera
e livre de carbono.
Sente-se com esperança?
Não passa um dia em que não tenha
um momento de pânico puro,
terror cru, completa convicção de
que estamos condenados, e depois
faço por afastar esses pensamentos.
Sinto-me renovada por esta nova
geração tão determinada e tão forte.
Inspira-me a vontade de participar
nas políticas eleitorais, porque a
minha geração, nos nossos vintes e
trintas, tinha tanto receio de sujar as
mãos na política que perdemos
muitas oportunidades. Hoje, o que
me dá mais esperança é que
Ænalmente temos uma visão daquilo
que queremos, ou pelo menos um
rascunho. E também o facto de ter
decidido ter Ælhos. Tenho um rapaz
de sete anos apaixonado pela
natureza. Quando penso nele,
depois de termos passado o Verão
inteiro a conversar sobre o papel
do salmão na alimentação das
Çorestas onde ele nasceu e como
isso está ligado à saúde das árvores
e dos ursos e deste inteiro e
magníÆco ecossistema, e penso em
como seria ter de lhe dizer que o
salmão já não existe, isso mata-me
por dentro. Motiva-me. E ao
mesmo tempo mata-me.
Natalie Hanman é jornalista do
The Guardian. Esta entrevista
integra o projecto Covering
Climate Now, uma colaboração
global de mais de 250
organizações de media

Rui Pinto acusado de 147
crimes. MP quer manter
prisão preventiva
Justiça
Mariana Oliveira
e Miguel Dantas
Em causa estão, entre
outros, crimes de acesso
ilegítimo e de tentativa
de extorsão
O Ministério Público (MP) acusou Rui
Pinto, autor do site Football Leaks, de
147 crimes, 75 dos quais de acesso ile-
gítimo, anunciou ontem a Procurado-
ria-Geral da República. O caso Doyen
valeu ao hacker português uma acu-
sação por tentativa de extorsão e de
dois crimes de acessos ilegais, um dos
quais aos servidores do Sporting. A
nota especiÆca que Rui Pinto foi ainda
acusado de um total de 70 crimes de
violação de correspondência, sete
deles agravados, e um de sabotagem
informática. O MP defende que deve
manter-se em prisão preventiva.
De acordo com a acusação, referida
na nota, a partir do início de 2015 e até
16 de Janeiro deste ano, Rui Pinto
“muniu-se de conhecimentos técni-
cos e de equipamentos adequados”
que lhe permitiram aceder “de forma
não-autorizada” a sistemas informá-
ticos e a caixas de correio electrónico
de terceiros. Tal foi possível com o
recurso a “programas informáticos e
ferramentas digitais que lhe permi-
tiam de forma dissimulada e anonimi-
zada” entrar em sistemas e correios
electrónicos previamente selecciona-
dos e “daí retirar conteúdos”.
“Entre as entidades a cujos siste-
mas informáticos o arguido acedeu,
de forma não-autorizada e com vista
a explorar tais sistemas e daí retirar
informação que considerasse relevan-
te, encontram-se o Sporting Clube de
Portugal, a Federação Portuguesa de
Futebol, a sociedade de advogados
PLMJ e a Procuradoria-Geral da Repú-
blica, tendo obtido acesso a docu-
mentos destas entidades sujeitos a
segredo de justiça, segredo proÆssio-
nal de advogado e segredo comercial,
bem como a dados pessoais de tercei-
ros”, lê-se no comunicado.
O MP sustenta que foi Rui Pinto o
criador do site Football Leaks, que
foi alimentando com documentos
que terá conseguido obter de forma
ilícita. A nota precisa que a platafor-
ma foi usada para divulgar “infor-
mações conÆdenciais, designada-
mente valores de transferência de
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 23
Rui Pinto está em prisão preventiva desde 22 de Março
jogadores e treinadores, acordos
entre entidades desportivas, cláusu-
las de contratos desportivos e de
agenciamento de jogadores”.
Rui Pinto está em prisão preventiva
desde 22 de Março, depois de ter sido
detido em Budapeste a 16 de Janeiro,
na sequência de um mandado de
detenção europeu emitido pelo
Departamento Central de Investiga-
ção e Acção Penal (DCIAP). Nessa
altura, estava indiciado de seis cri-
mes: dois de acesso ilegítimo, dois de
violação de segredo, um de ofensa a
O advogado Aníbal
Pinto, que chegou
a reunir-se
com a Doyen,
está acusado de
tentativa de
extorsão
pessoa colectiva e outro de extorsão
na forma tentada do fundo de inves-
timento Doyen Investment Sports,
que Ænancia passes de jogadores e
treinadores. O único crime que pare-
ce ter caído na acusação é o de ofensa
a pessoa colectiva.
Em causa neste caso está o facto de
o hacker ser suspeito de ter contacta-
do, a 3 de Outubro de 2015, através de
email, o representante do fundo de
investimento Doyen, Nélio Lucas,
informando-o de que estaria na posse
de informação conÆdencial relativa
ao fundo, que estaria na disposição
de manter privada mediante uma
“doação generosa”. Isto depois de, no
SOCIEDADE
RODRIGO ANTUNES/EPA
último dia de Setembro já ter divulga-
do vários contratos do Sporting atra-
vés do site Football Leaks. Na troca de
mensagens com Nélio Lucas, Rui
Pinto — que se apresentou como
Artem Lobuzov e com um email do
Cazaquistão — terá considerado
apropriado, para não divulgar a
informação, um valor entre 500 mil
e um milhão de euros.
O jovem terá referido ainda que a
negociação deveria ocorrer através
de advogados, sendo ele represen-
tado por Aníbal Pinto. Nessa reu-
nião, garante o MP, o advogado terá
admitido que o seu cliente era o
autor e criador do domínio e conteú-
dos do site Football Leaks e que pre-
tendia celebrar um acordo com a
Doyen. Aníbal Pinto está acusado de
tentativa de extorsão.
Durante quatro anos, a plataforma
Football Leaks foi responsável pela
divulgação de 70 milhões de docu-
mentos, relativos às actividades de
algumas das maiores instituições do
futebol. Várias investigações judi-
ciais foram desencadeadas pela
publicação destes Æcheiros, obtidos
na sequência de ataques informáti-
cos. A PGR explica que foram ainda
recolhidos indícios de que o hacker
acedeu “a sistemas informáticos e
caixas de correio de muitas outras
entidades, públicas e privadas”. O
MP decidiu, assim, abrir novos
inquéritos face à “extensão dos aces-
sos, bem como o facto de decorre-
rem ainda diligências” para “aceder
a informação cifrada constante de
dispositivos apreendidos”.
mariana.oliveira@publico.pt
24 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
SOCIEDADE
Médicos mais jovens menos disponíveis
para fazerem interrupções de gravidez
Ordem dos Médicos desconhece quantos proÄssionais invocam objecção de consciência para não
fazerem interrupções de gravidez por opção das mulheres. Ordem dos Enfermeiros contabiliza 285
Saúde
Alexandra Campos
Doze anos após a entrada em vigor da
lei que despenalizou a interrupção
voluntária de gravidez (IVG)
por opção da mulher, os médicos
que asseguram as consultas e os pro-
cedimentos estão cada vez mais
velhos e os mais jovens não parecem
estar muito motivados para colaborar
nesta tarefa. “É difícil motivar os pro-
Æssionais mais jovens” para esta área,
lamenta Teresa Bombas, ex-presiden-
te da Sociedade Portuguesa de Con-
tracepção e especialista em ginecolo-
gista e obstetrícia.
No início – foi em 2007 que entrou
em vigor a lei que despenalizou a IVG
por opção da mulher até às 10 sema-
nas de gestação – era mais fácil orga-
nizar este trabalho. “Vínhamos de um
período em que os médicos viam quo-
tidianamente pessoas em diÆculda-
des e complicações” na sequência de
abortos clandestinos, recorda Teresa
Bombas, que no início do ano foi
nomeada responsável por um grupo
de trabalho que está a avaliar a orga-
nização dos serviços e a articulação
entre centros de saúde e hospitais.
A especialista frisa, porém, que “o
que se passa actualmente na IVG é
transversal a outras áreas”, em que a
falta de recursos humanos torna o
trabalho mais complicado. “Os médi-
cos mais jovens não têm a mesma
disponibilidade de uma maneira
geral”, nesta área e noutras, corrobo-
ra Ana Campos, que ocupou vários
cargos na Maternidade Alfredo da
Costa, onde foi directora clínica adjun-
ta. Um dos problemas, enfatiza, é que
não há valorização curricular para os
internos (médicos que estão a fazer a
especialidade) que ajudam as mulhe-
res a interromper a gravidez.
A lei estipula que as mulheres
devem passar, primeiro, por uma
consulta para se perceber se a deci-
são de interromper a gravidez é toma-
da de forma consciente e para escla-
recer dúvidas. Segue-se um breve
período de reÇexão. No Serviço
Nacional de Saúde (SNS), o processo
é quase sempre medicamentoso,
mas, por falta de capacidade de res-
posta, há muitos casos que são envia-
As IVG estão a descer em Portugal e atingiram o valor mais baixo em 2017
dos para o sector privado – basica- dos Médicos (OM) diz que não sabe
mente para a Clínica dos Arcos, em quantos são e para o saber tinha de
Lisboa – e aqui quase todas as inter- consultar os registos de todos os pro-
rupções de gravidez são feitas de Æssionais com intervenção nesta área
forma cirúrgica, com anestesia. (sobretudo especialistas em gineco-
Não foi possível apurar quantos logia/obstetrícia, mas também médi-
médicos se declaram actualmente cos de família). A OM estimou, em
objectores de consciência, uma vez 2011, que seriam cerca de 1300, num
que não existe uma base de dados universo de cerca de cinco mil.
oÆcial com este número. A Ordem Já a Ordem dos Enfermeiros (cujos
proÆssionais asseguram as consultas
posteriores à IVG) adiantou que são
285 os objectores de consciência.
Mulher às voltas no Alentejo
Saber se a lei está ou não a ser cum-
[Em 2007] os prida não é fácil. No início deste mês,
a Entidade Reguladora da Saúde deu
médicos viam razão a uma mulher que andou de um
todos os dias lado para o outro no Alentejo para
acabar por optar abortar em Badajoz,
pessoas com pagando do seu bolso a intervenção.
complicações A lei obriga a que as unidades de saú-
de assegurem o encaminhamento das
depois de abortos mulheres, quando não têm capacida-
clandestinos de de fazer a IVG, seja porque todos
os médicos são objectores de cons-
Teresa Bombas ciência, seja porque não têm recursos
Obstetra para dar resposta.
A queixa da mulher, no Alentejo,
NELSON GARRIDO
seguiu-se a outras do mesmo género
divulgadas pela ERS e que levaram a
que, em Setembro do ano passado, o
Bloco de Esquerda (BE) decidisse
levar a cabo um levantamento exaus-
tivo para perceber o que estava a
acontecer no terreno. Chegaram à
conclusão de que 33 dos 55 agrupa-
mentos dos centros de saúde assumi-
ram que não faziam consultas prévias
e dez hospitais indicaram que não
faziam ou as consultas ou as IVG pro-
priamente ditas. Entre estes estavam,
então (a situação pode ter-se altera-
do), quatro hospitais de Lisboa.
O BE apresentou, nessa altura, um
projecto de resolução em que recla-
mava que fossem asseguradas consul-
tas de acesso à IVG em todos os agru-
pamentos de centros de saúde. Agora
que foi divulgada esta nova queixa,
prepara-se para enviar um pedido de
informação ao Ministério da Saúde
para perceber o que foi feito desde
então. Há um ano, o BE detectou
vários problemas de referenciação
(encaminhamento). Problemas que,
em alguns casos, levavam a que as
mulheres tivessem de fazer “uma
espécie de via sacra, ir a dois, três,
quatro sítios diferentes”, como des-
creveu Moisés Ferreira. O deputado
bloquista defendeu que o Governo
deveria instruir a Direcção-Geral da
Saúde para que promovesse a publi-
cação actualizada e permanente dos
dados e dos locais onde se fazem as
consultas prévias.
“Há uma rede de referenciação que
por vezes não funciona”, admite Tere-
sa Bombas, que adianta que está a
fazer o mapeamento das consultas
disponíveis por região e a estudar a
“optimização” desta rede. Não é uma
tarefa simples. “O mapeamento é ins-
tável, aquilo que é verdade hoje pode
deixar de ser verdade amanhã”, nota.
Basta que num local passe a haver
proÆssionais disponíveis para assegu-
rar esta tarefa ou, ao invés, que os que
o estão a fazer, se reformem. O traba-
lho está a ser feito e deverá ser apre-
sentado no início do próximo ano,
prevê. “O mapeamento vai permitir
optimizar os recursos locais e criar
um plano de trabalho adaptado a
cada região”, diz.
O Alentejo é a região onde os pro-
blemas são maiores. Aqui, actual-
mente, só o Hospital de Beja continua
a assegurar as consultas prévias e
as IVG. Nos hospitais de Évora e de
Portalegre os médicos são todos
objectores de consciência. Mas isto
não obsta a que as mulheres sejam
encaminhadas para unidades onde
este direito é assegurado, precisa José
Robalo, presidente da Administração
Regional de Saúde do Alentejo, que
garante, que, numa reunião em Abril,
Æcou decidido que “todas as senho-
ras que tenham necessidade serão
referenciadas pelos centros de saúde
para a direcção clínica” e depois enca-
minhadas para hospitais em função
da proximidade do seu local de resi-
dência. “Ninguém pode descartar-se
da responsabilidade de encaminha-
mento”, enfatiza.
As IVG por opção da mulher estão
a diminuir em Portugal desde 2012 e
atingiram o número mais baixo em
2017, últimos dados disponíveis. Nes-
se ano, foram feitas 14.889 interrup-
ções a pedido da mulher, um número
que coloca Portugal abaixo da média
europeia.
acampos@publico.pt

Juíza lidera pela primeira
vez um Supremo Tribunal:
“Ganhou entre uma maioria
de homens que a elegeu”
Justiça
Ana Henriques
Em 2016 Dulce Neto
insurgiu-se pelo facto de o
fisco entupir os tribunais
com acções contra os
contribuintes
É um acontecimento histórico que
está a suscitar regozijo nalguns círcu-
los judiciais: pela primeira vez, uma
juíza foi eleita pelos seus pares,
homens na sua maioria, para liderar
um Supremo Tribunal.
Com 58 anos, Dulce Neto foi esco-
lhida anteontem para presidente do
Supremo Tribunal Administrativo.
Era a única candidata e a escolha foi
consensual. E de alguma forma sur-
preendente, acrescenta o juiz Edgar
Lopes, coordenador da formação do
Centro de Estudos Judiciários e um
dos que Æzeram questão de expressar
publicamente o seu agrado. “Os tri-
bunais administrativos são uma juris-
dição tradicionalmente menos aber-
ta à mudança”, explica.
O juiz fala num dia de festa para a
democracia portuguesa, por se ter
“cumprido mais um pouco do 25 de
Abril”, naquilo que designa por “revo-
lução silenciosa”. De facto, até essa
altura as mulheres estavam impedi-
das de entrar na magistratura. Não
podiam ser procuradoras nem juízas.
Daí que a sua ascensão aos mais altos
cargos da proÆssão tenha também
demorado mais tempo, refere a secre-
tária-geral da Associação Sindical de
Juízes Portugueses, Carla Oliveira.
“Até 2003/2004 os critérios de pro-
gressão na carreira eram baseados
quase só na antiguidade”, recorda,
para concluir que, perante este cená-
rio, as juízas até nem têm sido preju-
dicadas na sua ascensão proÆssional
em comparação com os colegas do
sexo masculino. “As pessoas esque-
cem-se disso, mas só foram autoriza-
das nas Forças Armadas e na GNR em
1991/92”, assinala a magistrada.
Regressando à magistratura, segun-
do dados recolhidos pela dirigente
associativa, dos 1743 juízes existentes
em Portugal em 2018 apenas 682
eram homens. A proÆssão tornou-se,
nos últimos anos, sobretudo femini-
na, muito embora as coisas mudem
de Ægura quando falamos do Supre-
mo Tribunal de Justiça (STJ) ou do
tribunal que Dulce Neto vai agora diri-
gir. Mesmo assim, multiplicam-se as
juízas em cargos de cheÆa, seja o de
vice-presidente do STJ, ocupado há
perto de um ano por Maria dos Pra-
zeres Beleza, seja na direcção das
comarcas judiciais. O Tribunal da
Relação de Guimarães é igualmente
dirigido por uma mulher.
Tal como Edgar Lopes, também
Carla Oliveira se congratula com esta
eleição para o Supremo Tribunal
Administrativo: “É um momento
importante.” E ambos salientam a
competência e capacidade de traba-
lho de Dulce Neto, que é natural de
Coimbra, mas viveu e estudou na
Figueira da Foz até ingressar em Direi-
to. Iniciou a carreira nos tribunais
judiciais de Sátão, Estarreja e Aveiro
e já demonstrou não ter papas na lín-
gua, quando, em 2016, acusou o Esta-
do de entupir os tribunais adminis-
trativos e Æscais com acções contra os
contribuintes. “A administração Æscal
está cega de mais na tentativa de arre-
cadar receita, deixando empresas e
famílias exauridas”, declarou numa
conferência. E criticou o Æsco por
contribuir para a elevada litigância
nos tribunais, mesmo em casos “per-
didos”, com todas as custas e juros
indemnizatórios que tal acarretava
para o Estado, com o único objectivo
de “dilatar no tempo a devolução do
dinheiro ao contribuinte”.
“Dulce Neto ganhou entre uma
maioria de homens, que a elegeram”,
reforça Edgar Lopes. “Foi um cami-
nho que se fez naturalmente, sem
serem necessárias quotas.”
ana.henriques@publico.pt
Dulce Neto tem 58 anos e era a
única candidata ao lugar
Hermínio Loureiro
e o animus jocandi
Coffee Break
Bárbara Reis
Há dois anos, Hermínio Loureiro,
um ex-autarca do PSD detido por
suspeita de corrupção, leu o
coffee break aqui publicado com o
título Um Bentley em Oliveira de
Azeméis e processou o PÚBLICO
por difamação.
Alegou que a sua “honra” estava
ferida, a ironia do texto tinha
manchado o seu “bom nome”,
“reputação” e “consideração”.
Não vou discutir o que Hermínio
Loureiro sentiu.
Ainda este Verão fui lembrada
de que “os sentimentos são
factos”. Sem saber ao que ia,
entrei num corredor que o artista
Olafur Eliasson construiu na Tate
Modern e avancei através de um
denso nevoeiro artiÆcial. Ao
entrar, fecham a porta atrás de nós
com uma instrução: “Não páre.
Ande sempre em frente.” Todos
caminham devagar porque não se
vê nada a um palmo do nariz. O
corredor é iluminado por luzes
Çuorescentes — o nevoeiro começa
por ser cinzento, depois torna-se
amarelado, a seguir laranja-claro,
depois laranja-escuro, no Æm
cinzento outra vez. A ideia é
provocar desorientação. No Æm,
uma colagem de grande escala
inclui um cartão que aÆrma:
“Feelings are facts.” Já em Lisboa,
descobri uma instalação parecida
que Eliasson mostrou em Pequim
e à qual chamou “Feelings are
facts”.
Hermínio Loureiro sentiu-se
ofendido e esse sentimento é um
facto. Tão concreto que nos
processou. Feitas as diligências, o
Ministério Público não avançou
para julgamento; o autarca
sentiu-se “inconformado” e
reabriu o processo com uma
“acusação particular” — uma
bizarra opção que a lei portuguesa
permite; o julgamento terminou
com a conclusão de que não houve
difamação e que Hermínio
Loureiro estava “claramente
equivocado”; o ex-autarca
interpôs um recurso.
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 25
Agora chegou a decisão do
Tribunal da Relação do Porto. São
44 páginas e a última linha diz isto:
“… Acordam os juízes por
unanimidade: a) negar
provimento ao recurso do
assistente Hermínio Loureiro; b)
condenar o assistente no
pagamento das custas pelo
decaimento no recurso, Æxando-se
a respectiva taxa de justiça em 4
unidades de conta.” Tradução:
Hermínio Loureiro perdeu.
Parei na frase “4 unidades de
conta” e na palavra “decaimento”.
Como não? Mas gostar, gostar
gostei da passagem sobre o animus
jocandi.
É uma lição de bom senso, que
partilho em homenagem a todos
os que brincam com coisas sérias,
de Pedro Teixeira da Mota (que os
adolescentes adoram) a Ricardo
Araújo Pereira (que os pais dos
adolescentes adoram).
Diz o acórdão que, de entre as
“circunstâncias que poderão
excluir o propósito difamatório”
está o “tradicionalmente
conhecido animus jocandi”. Os
juízes explicam e citam um
acórdão do Tribunal da Relação
do Porto de 2008, no qual é
transcrita uma passagem do
Código Penal anotado de Simas
Santos e Leal-Henriques, Volume
II, página 318. Aí se esclarece que
animus jocandi é quando se diz
alguma coisa cujo “propósito não
é ofender a honra, mas sim
brincar, gracejar, desde que não
seja ultrapassado o limite de uma
normal conduta jocosa”.
SOCIEDADE
O acórdão inclui os argumentos
clássicos. Um deles é o facto de
Hermínio Loureiro ser uma
“personalidade política” e “não
um cidadão comum”. Foi
presidente da Liga Portuguesa de
Futebol ProÆssional, deputado
eleito por Aveiro, secretário de
Estado da Juventude e Desporto
do Governo de Pedro Santana
Lopes e presidente da Câmara de
Oliveira de Azeméis. Há anos que
o Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos repete (a alguns
tribunais portugueses já seguem)
que “os limites da crítica
admissível” pelas “personalidades
políticas são mais amplos do que
os que se tolerariam no caso de
uma personalidade não política”.
Como o advogado do PÚBLICO diz
há anos, “quem não suporta o
calor, não deve trabalhar na
cozinha”.
Agora que tudo acabou, posso
dizer que a parte que mais
estimula o meu animus jocandi é o
absurdo de Hermínio Loureiro ter
sentido a sua honra afectada por
causa de uma brincadeira com um
Bentley, quando é suspeito de oito
crimes de corrupção passiva; dois
crimes de tráÆco de inÇuência; um
crime de peculato e 13 crimes de
corrupção activa, foi detido e
passou umas noites na prisão, da
qual saiu depois de pagar uma
caução de 60 mil euros. São 24
crimes numa operação que
envolveu 31 buscas (às câmaras
municipais de Oliveira de
Azeméis, Estarreja,
Albergaria-a-Velha, Matosinhos e
Gondomar e a cinco clubes locais
de futebol), 90 elementos da
Polícia Judiciária, vários
magistrados do Ministério
Público, a detenção de sete
pessoas, o arresto de 15 imóveis,
seis carros de luxo — entre os quais
um Bentley — e seis milhões de
euros. Dizem os juízes da Relação
do Porto: “Não se compreende
como a sua honra possa ter Æcado
afectada apenas pelo acessório.”
O processo de difamação está
encerrado. É a boa notícia. A má é
que, dois anos depois da
detenção, a Procuradoria-Geral da
República diz apenas que a
investigação ainda não acabou.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
breis@publico.pt
26 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
LOCAL
Portimão quer a Clipper Race, a
regata de veleiros, a parar por ali
A regata idealizada por Robin Knox-Johnston, o primeiro homem a completar uma volta ao mundo a solo sem
escalas nem assistência, teve no Algarve a primeira paragem no percurso de circum-navegação de um ano
Turismo
David Andrade
Serviu como um aperitivo para a odis-
seia que se seguirá nos próximos dez
meses, mas após partirem de Londres
e realizarem uma primeira paragem
em Portimão, os Clipper 70 — barcos
de 70 pés (21 metros) — que partici-
pam na Clipper Round the World
Yacht Race 2019-20, prova que per-
mite a qualquer apaixonado por vela
dar a volta ao mundo num veleiro, já
rumam para Punta del Este, no Uru-
guai. Porto de abrigo da prova pela
primeira vez, Portimão quer Æxar-se
no mapa da regata e voltar a ser a pri-
meira paragem da prova em 2023.
A partida da Clipper Round the
World Yacht Race 2019-20 aconteceu
a 1 de Setembro nas docas de St.
Katharine, a uma dezena de metros
da emblemática Ponte de Londres, e
teve como primeira escala técnica a
Marina de Portimão, a uma distância
de aproximadamente 1200 milhas
náuticas.
No total, ao longo de praticamente
um ano, os Clipper 70 terão que per-
correr 40 mil milhas náuticas, dividi-
das por seis etapas oceânicas. A bordo
dos veleiros, estarão um skipper e um
co-skipper, ambos proÆssionais. A
restante tripulação será formada por
quem tiver tempo, dinheiro e, acima
de tudo, espírito aventureiro e paixão
pelo mar. É o caso de Inês Soares.
Aos 32 anos, esta portuguesa que
está radicada em Inglaterra desde
2006 foi uma das tripulantes do WTC
Logistics e, em Portimão, revelou
que, apesar de na adolescência ter
praticado vela em Cascais, o seu
caminho se cruzou com a Clipper
Round the World Yacht Race por
mero acaso. A trabalhar no Hospital
de Liverpool, onde está a fazer for-
mação em Reumatologia, Inês Soares
recorda que há dois anos a Clipper
Race partiu da cidade onde vive e
acabou por ir ver o arranque da rega-
ta. “Aí recordei os tempos da vela e
da liberdade que tinha ao velejar.
Pensei que um dia, talvez na reforma,
gostaria de entrar.”
No entanto, seis meses depois, a
vida de Inês deu uma volta, abrindo
uma porta para antecipar a aventura:
FOTOS: DR
“A minha vida pessoal mudou e
Æquei com dinheiro disponível, que
iria ser utilizado para comprar casa.
Por isso, achei que seria uma boa
altura para fazer isto. Pedi seis meses
sabáticos no hospital e aqui
estou…”
A decisão, a cerca de ano e meio do
arranque da regata, permitiu que Inês
Soares se preparasse atempadamen-
te. “Comecei a fazer mais escalada,
que é bom para fortalecer os mem-
bros superiores, e também triatlo.
Procurei saber mais sobre a regata e
pedir ‘dicas’ de quem já tinha partici-
pado. As experiências são diferentes,
mas a maioria considera que é uma
oportunidade incrível.”
Experiência que faz crescer
Ao Æm de uma primeira semana de
fortes emoções, esta médica portu-
guesa faz um balanço positivo:
“Conheci gente diferente, velejei de
dia e de noite, vi o nascer e o pôr do
Sol. Vi golÆnhos. Deparei-me com
condições exigentes e estive comple-
tamente de lado no barco com os pés
quase na água. Mas as partes difíceis
fazem parte e é uma experiência que
me fez crescer a níveis que não ima-
ginava.”
A experiência vivida por Inês Soa-
res enquadra-se no objectivo de “ven-
der sonhos” que William Ward diz
proporcionar. CEO da Clipper Ventu-
res, a empresa que organiza a regata,
este inglês salienta que, “de outra for-
ma, estas pessoas não teriam a opor-
tunidade de dar a volta ao mundo
numa competição à vela” e mostra-se
satisfeito com a entrada de Portimão
na rota da Clipper Race.
Co-fundador da regata juntamen-
te com Robin Knox-Johnston, o pri-
meiro homem a completar uma
volta ao mundo a solo sem escalas e
assistência, William Ward refere que,
após uma partida no Reino Unido,
“o ideal é ter uma primeira paragem
na Europa”, uma vez que “as tripu-
lações são amadoras e é importante
ter uma semana a velejar que funcio-
ne como um aquecimento, apesar de
já ser em competição a sério”.
Com a posição geográÆca ideal,
“Portugal é certamente um local per-
feito para essa primeira paragem, já
No total, os Clipper 70 terão que percorrer 40 mil milhas náuticas que permite seguir para o Brasil, a
Argentina ou o Uruguai”, mas o prin-
cipal responsável pela parte comer-
cial do evento adverte, em declara-
ções ao PÚBLICO, que nada está ainda
fechado para 2023: “Podemos voltar
ao Algarve, mas também podemos ir
para La Rochelle, Bilbau, Corunha ou
até para a Madeira. Estamos em nego-
ciações com algumas cidades.”
Se do lado da organização da
Clipper Race há abertura para manter
a prova no Algarve, da parte de Mari-
na Correia, directora-geral da Marina
de Portimão e uma das responsáveis
por colocar Portugal no mapa da
competição, não há dúvidas que o
casamento da cidade algarvia com a
Clipper Race será duradouro.
Marina Correia defende que “esta
regata perde se não se mantiver no
mesmo local” e “terá que ser susten-
tada pela repetição”, por isso o objec-
tivo é “Æxar Portimão no mapa da
Clipper Race”.
“Daqui a dois anos, acredito que
será possível termos esta prova nova-
mente em Portimão com mais apoios
locais que não tivemos tempo para
angariar agora. Esses apoios serão
traduzidos em qualidade e na melho-
ria das condições. A grande vanta-
gem deste tipo de regata internacio-
nal é o acolhimento e a agregação
junto da população local. Esse será
o desaÆo para uma próxima edição,
que eu espero que venha a aconte-
cer”, conclui a directora-geral da
Marina de Portimão ao PÚBLICO.
Enquanto o mapa de 2023 ainda
não Æca preenchido — a entrada do
Vietname e da Coreia do Sul no rotei-
ro da regata está conÆrmada —, os 11
Clipper 70 rumam agora para a cida-
de uruguaia de Punta del Este. Do
Uruguai, a frota segue pelo Atlântico
Sul até à Cidade do Cabo, na África do
Sul; depois cruzam os mares do Sul
até Fremantle, na Austrália Ocidental;
passam em seguida pelas Whitsun-
days na costa oriental australiana,
rumando à China.
A rota seguinte percorrerá o Pací-
Æco até à costa Oeste dos EUA, seguin-
do-se a travessia do Canal do Panamá.
A terminar, haverá uma travessia do
Atlântico antes do regresso a Inglater-
ra, no Verão de 2020.
dandrade@publico.pt

O saxofonista Ricardo Toscano, em quarteto, traz na bagagem o seu disco de estreias
Ricardo Toscano abre Festival
Jazz nas Vilas em Almada
Cultura
Nuno Pacheco
A segunda edição do
festival decorre nas noites
de 20 a 22 de Setembro, no
Solar dos Zagallos, com
entrada livre
Depois de um arranque em 2018, com
duas noites de concertos, o Festival
Jazz nas Vilas regressa em 2019 com
um programa alargado, no tempo e
nas ambições. O local mantém-
-se, tal como as condições de acesso:
será de novo no Solar dos Zagallos,
uma casa apalaçada do séc. XVIII
recuperada para centro cultural, ao
ar livre e com entrada gratuita, no
limite dos lugares disponíveis (eram
180, deverão ser agora uns 220).
Mas se em Setembro de 2018 ali
actuaram Daniela Melo e o projecto
Kite (de Kiko Pereira), em duas noites
consecutivas, este ano o festival abre
com Ricardo Toscano, na noite de
sexta-feira 20 de Setembro, prosse-
guindo sábado com o trio Elas e o Jazz
e terminando domingo com o espec-
táculo Ary, o Poeta das Canções. Sem-
pre às 21h30.
Pedro Matias, presidente da Junta
de Freguesia de Charneca da Caparica
e Sobreda, diz ao PÚBLICO que quis
lançar este festival por gostar de jazz,
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 27
e também “para dar um cunho cultu-
ral à freguesia”, que, aÆrma, “está a
mudar sociologicamente”, com mais
licenciados e um maior número de
nascimentos. Mas a programação não
se Æca pelo jazz, estendendo-se às
músicas de fusão que lhe estão próxi-
mas ou a ele aparentadas.
A actual edição, que envolveu tam-
bém o empenhamento da Câmara de
Almada, tem ainda por objectivo, diz
Pedro Matias, tornar este festival, a
prazo, “numa referência no distrito
de Setúbal.” E a ambição cresceu,
porque em 2018 ele já dizia ser um
objectivo do festival tornar-se referên-
cia no concelho de Almada. Agora, é
do próprio distrito.
Três noites, três propostas
O saxofonista Ricardo Toscano, em
quarteto, traz na bagagem o seu disco
de estreia, lançado em 2018, que foi
muito bem aceite pela crítica, escre-
vendo Gonçalo Frota no PÚBLICO
que é “já um disco essencial para a
história do jazz destas terras”. E de
originais, como Toscano disse então:
“Se lançasse um disco de standards,
ia Æcar com a sensação de que estava
a tentar provar qualquer coisa a
alguém. Assim, sinto que é o início de
um trilho, uma direcção, um som em
que mesmo quando tocarmos um
standard não vamos soar a quarteto
de Nova Iorque no clube tal — vamos
soar a nós.”
LOCAL
ANDREIA GOMES CARVALHO
LAUREANO MALHEIRO DA SILVA
✝
A família participa o seu falecimento. O velório terá
início hoje dia 20, a partir das 18:00 horas na capela
da Igreja de Santo Eugénio (Encarnação). O fune-
ral realiza-se amanhã dia 21 às 13:15 horas para o
Crematório dos Olivais, sendo antecedido de uma
celebração religiosa às 13:00 horas.
Agência Funerária Magno - Alvalade
Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
INFORMAÇÕES E RESERVAS:
Av. Prof. Egas Moniz, Almada
Tel.: 21 2739360 | www.ctalmada.pt
Criação de Guy Nader e Maria Campos
GN | MC
SETEMBRO
sáb. 21 às 21h30 | Sala Principal | M/12 DANÇA
Elas e o Jazz, por sua vez, é um Dramaturgia de Pedro Proença e Teresa Gafeira
trio vocal constituído pelas cantoras Encenação de Duarte Guimarães
Joana Machado, Mariana Norton e COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA
Marta Hugon (cantora que acaba de
lançar mais um disco a solo, Cora-
ção na Boca). Com elas está um SETEMBRO
sáb. 28 às 16h | dom. 29 às 11h e às 16h
outro trio, de músicos, com José TEATRO INFÂNCIA
Pedro Coelho (piano), Romeu Tris-
Sala Experimental | M/3
tão (contrabaixo) e André Sousa
Machado (bateria). Antes dos con-
certos deste projecto anunciados
para Outubro, na Casa da Música e
no CCB, será uma oportunidade
para ouvir, a três vozes, um lote de
standards da história do jazz.
Por último, Ary, o Poeta das Can-
ções é um espectáculo criado pelo SETEMBRO
cantor e actor Joaquim Lourenço, sáb. 28 às 21h30
com base no repertório das canções Sala Principal | M/6 MÚSICA
de Ary dos Santos, e que tem vindo
a rodar por vários palcos há pouco
mais de uma década. O repertório
de Ary é, aqui, revisto na linha dos
standards, com Joaquim Lourenço
como crooner. “Peguei no Ary”,
disse ele ao PÚBLICO em 2018,
“porque tem uma obra ímpar e as CONHEÇA A NOSSA SELECÇÃO
suas canções são um repertório
extraordinário, lírica, melódica e
DE VINHOS E PRODUTOS GOURMET
harmonicamente. Os compositores
foram beber muito à canção fran-
cesa, especialmente o [Fernando]
Tordo, e à grande tradição anglo-
saxónica, mas também os crooners
americanos.”
nuno.pacheco@publico.pt MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
28 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
ECONOMIA
Eurodeputados levam Elisa
Ferreira a vender acções da Sonae
Comissária indigitada pediu ao
secretariado-geral da Comissão Europeia
que avaliasse a “proximidade operacional”
do seu pelouro e do cargo de presidente
da CCDR-N, ocupado pelo marido
Comissão Europeia
Rita Siza, Bruxelas
A candidata a comissária europeia
indicada pelo Governo, Elisa Ferrei-
ra, deu ordem de venda das acções
da Sonae (proprietária do PÚBLICO)
que detinha na sua carteira de inves-
timentos, para tranquilizar os euro-
deputados que consideraram como
potencialmente problemática a par-
ticipação da futura responsável pela
pasta da Coesão e Reformas no capi-
tal de um grupo que tem em curso
vários projectos Ænanciados por
fundos comunitários.
Mas membros da comissão dos
Assuntos Jurídicos do Parlamento
Europeu não consideraram existir
qualquer conÇito de interesse pelo
facto de o seu marido, Fernando
Freire de Sousa, ocupar a presidên-
cia da Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Norte
(CCDR-N), que é a entidade respon-
sável pela administração de parte
dos fundos estruturais que estarão
sob a tutela de Elisa Ferreira.
Essa “dúvida” foi suscitada pela
própria Elisa, que “consciente da
existência de uma proximidade ope-
racional entre o pelouro para o qual
foi indicada e o cargo exercido em
Portugal pelo seu marido, funcioná-
rio público, solicitou aos serviços da
Comissão Europeia aconselhamento
técnico sobre a matéria e possíveis
medidas adequadas”, como infor-
mou através de um comunicado.
Ontem, a porta-voz da Comissão
Europeia conÆrmou que a futura
comissária portuguesa tinha contac-
tado os serviços do secretariado-ge-
ral da Comissão Europeia para obter
aconselhamento técnico “com rela-
ção a uma questão” suscitada
durante o preenchimento da sua
declaração de interesses — onde
constam informações detalhadas
sobre todos os cargos que ocupa, o
seu património imobiliário e Ænan-
ceiro e também as proÆssões dos
seus familiares directos.
A mesma responsável precisou
que a “questão” suscitada por Elisa
Ferreira não dizia respeito a matérias
sob a alçada do comité de ética, des-
mentindo notícias que davam conta
da existência de incompatibilidades
e conÇitos de interesses a compro-
meter a aprovação da nomeação da
comissária portuguesa.
“Totalmente consciente”
“A comissária indigitada está total-
mente consciente das regras estritas
sobre conÇitos de interesses exis-
tentes para os membros do colégio
de comissários e do Regulamento
Financeiro da União Europeia, as
quais encara com a maior serieda-
de”, reagiu a porta-voz de Elisa Fer-
reira, conÆrmando que “perante
questões levantadas sobre a deten-
ção de acções da Sonae SGPS, a
comissária indigitada decidiu hoje
dar ordem de venda, o que deverá
ser concretizado durante o dia”.
A acção será suÆciente para ultra-
passar as reservas manifestadas
pelos eurodeputados, que após a
avaliação da declaração de interes-
ses Ænanceiros apresentada por
Elisa Ferreira exprimiram a sua
preocupação com um eventual
benefício do grupo Sonae, e solici-
taram esclarecimentos adicionais à
candidata a comissária.
Segundo o anexo VII do Regimen-
to do PE, que é relativo à aprovação do colégio de comissários nomeado oportunidade de as esclarecer
da Comissão e monitorização dos pela futura presidente da Comissão durante a sua audição, marcada para
compromissos assumidos durante Europeia, Ursula von der Leyen. o dia 2 de Outubro, às 18h30 (hora de
as audições, compete à comissão A partir de dia 30 de Setembro, Bruxelas, 17h30 em Portugal).
dos Assuntos Jurídicos analisar as arranca a segunda fase, de audições A audição tem a duração prevista
declarações de interesses Ænancei- A comissária individuais, em que todos os comis- de três horas, e envolve os membros
ros de todos os comissários designa- sários indigitados terão de fazer das comissões do Desenvolvimento
dos, para “avaliar se [essa declara- indigitada está prova das suas competências, do Regional, Orçamentos, e Assuntos
ção] é exacta e completa e se, do seu totalmente seu conhecimento e empenho na Económicos e Monetários, uma vez
conteúdo, é possível inferir um con- respectiva pasta e ainda da sua inde- que a pasta desenhada para Elisa
Çito de interesses (…) real ou poten- consciente das pendência e adequação ao cargo Ferreira tem um âmbito mais alar-
cial, relacionado com a pasta” para regras estritas que vão ocupar. gado do que apenas a gestão dos
a qual foram indicados. Ou seja, se porventura os eurode- fundos estruturais.
sobre conÅitos de putados tiverem outras dúvidas E só no Ænal é que os eurodeputa-
Audições políticas difíceis interesses (...) sobre a nomeação de Elisa Ferreira dos se pronunciam — ou a favor ou
A avaliação da comissão dos Assun- — dúvidas essas de carácter político contra — sobre a sua nomeação. O
tos Jurídicos é apenas a primeira Porta-voz de Elisa Ferreira e já não em relação à sua declaração presidente e os coordenadores dos
etapa do processo de conÆrmação de interesses Ænanceiros — terão uma grupos políticos de cada comissão

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Elisa Ferreira contactou os
serviços do secretariado-geral
para aconselhamento técnico
na declaração de interesses
reúnem imediatamente após a audi-
ção para uma avaliação: são precisos
os votos de dois terços dos parlamen-
tares para aprovar cada nome.
Antes de votar o colégio no seu
todo, os parlamentares podem
pedir audições adicionais dos comis-
sários que não convenceram.
O processo de audições dos futu-
ros comissários (que se prolonga até
8 de Outubro), adivinha-se particu-
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 29
2
de Outubro é a data prevista para a
audição individual de Elisa
Ferreira, que como todos os
indigitados tem de fazer prova das
competências, independência e
adequação ao cargo
larmente contencioso: os diferentes
grupos parlamentares estão já a pre-
parar os seus planos de ataque e
defesa para o combate político.
Candidatos sob investigação
São vários os candidatos a comissá-
rio europeu durante o próximo
mandato que estão sob investigação
por suspeitas de corrupção, lava-
gem de dinheiro e outras irregulari-
dades Ænanceiras — de tal maneira
que, após a apresentação oÆcial do
colégio de comissários, o Politico
designou a equipa nomeada por
Ursula von der Leyen como a
“Comissão-dos-inocentes-até-
prova-em-contrário”.
O comissário nomeado pela Poló-
nia, o ex-juiz do Tribunal Europeu
de Contas, Janusz Wojciechowski,
está a responder a um inquérito
conduzido pela Agência Europeia
Antifraude por causa de pagamen-
tos recebidos a título de despesas de
viagem enquanto era eurodeputa-
do. A detecção de pagamentos irre-
gulares com verbas do Parlamento
Europeu também levou a que a can-
didata francesa, Sylvie Goulart, esti-
vesse a prestar depoimento numa
esquadra de polícia dos arredores
de Paris à mesma hora que era
anunciada como a futura comissária
do Mercado Interno.
Já o comissário indicado pela Bél-
gica, Didier Reynders, foi constituído
arguido por suspeitas de corrupção
e lavagem de dinheiro. A candidata
romena, Rovana Plumb, também
esteve envolvida num processo por
corrupção no seu país, que foi encer-
rado antes da sua acusação.
Mas o nome mais polémico é o do
comi ssár io húngaro, L aszlo
Trocsanyi, que as bancadas liberais,
socialista, dos Verdes e da Esquerda
Unitária já prometeram chumbar. O
aliado político de Viktor Orbán foi o
ministro da Justiça que liderou a
reforma do sistema judicial que moti-
vou a activação do procedimento de
infracção a Budapeste por violação
do artigo 7.º do Tratado de Lisboa.
Muitos eurodeputados opõem-se
à sua nomeação como comissário
para a Vizinhança e Alargamento,
por entenderem que o húngaro não
tem idoneidade política para exigir
o cumprimento das regras do Esta-
do de direito pelos países candida-
tos à adesão à UE.
rita.siza@publico.pt
Norte absorve
40% dos fundos
D
e todas as regiões do
território nacional, a
região Norte é aquela que
possui uma maior
intensidade de apoios
provenientes dos fundos
estruturais europeus. Por ser
uma região de convergência,
isto é, com um PIB por
habitante inferior a 75% da
média da União Europeia (UE),
o Norte recebe importantes
financiamentos provenientes
do Fundo de Coesão.
A responsabilidade pela
aplicação destes fundos cabe,
numa grande parte, à
Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do
Norte (CCDR-N) — liderada
por Fernando Freire de Sousa,
marido de Elisa Ferreira —,
através da gestão do Programa
Operacional Regional do
Norte, o Norte 2020. E, de
acordo com os últimos dados
publicados num relatório
preparado pela CCDR-N, sobre
a aplicação do Portugal 2020
(quadro 2014-2020) na região
Norte, até Dezembro de 2018
este território foi responsável
por absorver 40% do pacote
de financiamentos
comunitários do país. A região
Norte viu 1793 euros de fundos
aprovados por cada habitante
do território. A média nacional
ficou-se pelos 1544 euros por
habitante. No mesmo período,
a região Centro assegurou um
peso na ordem dos 30% de
todos os fundos atribuídos a
Portugal. A Política de Coesão
da União Europeia, firmada no
acordo de parceria para
vigorar entre 2014-2020, é
operacionalizada em Portugal
através de 12 programas,
enquadrados no Portugal
2020, que reúnem três fundos
comunitários para o período
(FEDER, FSE e Fundo de
Coesão). No final de 2018,
estavam aprovados 15.890
milhões de euros de fundos na
região Norte. Luísa Pinto
30 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
ECONOMIA
Tripulantes com assembleia de
destituição em dia de greve da Ryanair
Grupo de mais de 200 associados do SNPVAC convocou uma reunião especial, para votar saída da actual
direcção, para 27 de Setembro. AG poderá levar a eleições antecipadas, com um vazio de poder pelo meio
Aviação
Luís Villalobos
O Sindicato Nacional do Pessoal de
Voo da Aviação Civil (SNPVAC) tem
uma assembleia geral extraordinária
marcada para o próximo dia 27, data
que coincide com a greve de tripu-
lantes da Ryanair, reunião na qual se
pode decidir a destituição da actual
direcção encabeçada por Luciana
Passo e Bruno Fialho.
Na convocatória enviada aos asso-
ciados pela presidente da mesa lê-se
que há apenas um ponto nessa
assembleia geral especial: deliberar
sobre o pedido de “destituição dos
corpos gerentes e eleição dos seus
substitutos”. Neste acto, convocado
por mais de 200 tripulantes de cabi-
ne e que se pode realizar desde que
estejam presentes “um número
mínimo de 200 ou 10% de associa-
dos” — não são permitidas procura-
ções —, as deliberações serão toma-
das por maioria simples.
O desagrado de alguns tripulantes
de cabine com a actual direcção do
SNPVAC terá começado por causa de
questões ligadas à TAP. A 29 de
Junho, um comunicado da direcção
do SNPVAC dizia que, cerca de duas
semanas antes, no dia 14, tinha havi-
do “uma tentativa ilegal de usurpa-
ção dos cargos sindicais por parte de
alguns associados”, no âmbito de
uma assembleia geral de empresa da
TAP. Durante esse encontro, lê-se no
comunicado, “alguns associados
tentaram tomar à força o lugar da
presidente da mesa da assembleia
geral e da direcção, numa tentativa
de passarem, a partir desse dia, a
gerir o SNPVAC”.
Cerca de uma semana e meia
depois, a 10 de Julho, é a vez de a
presidente da mesa da assembleia
(MA), Maria Proulle, falar de uma
“insurreição de alguns associados,
numa tentativa frustrada de usurpa-
ção de poderes”, e de um pedido de
convocação de eleições antecipadas,
para o qual pediu um parecer ao
jurista Garcia Pereira.
Em comunicado, a presidente da
MA referiu que “a mesa decidiu não
aceitar realizar eleições antecipa-
das”, invocando razões como a
RUI GAUDÊNCIO
“situação de fragilidade” dos corpos
gerentes “para qualquer tipo de
negociação com as companhias, por
via do seu curto mandato”.
A estratégia passou por marcar
eleições para dia 7 de Janeiro do ano
que vem, o que, de acordo com a
presidente da MA, era já “uma ante-
cipação temporal”, mas efectuar-se-
ia “ao abrigo dos estatutos no pri-
meiro trimestre do mandato de
2020/2023”.
Da mesma forma, a mesa decidiu
também não convocar uma AG
especial de destituição, embora
tenha realçado que os associados
poderiam requerer essa reunião “ao
abrigo dos estatutos”. E foi isso que
acabou por acontecer quando, a 16
de Agosto, um grupo de “associados
inconformados” (214, de um univer-
so total de 3971 associados) com a
214
é o número de “associados
inconformados”, de um
universo total de 3971 afectos
ao SNPVAC, que subscreveu
o pedido de AG extraordinária
decisão da presidente da MA, entre-
gou a documentação necessária
para a realização dessa reunião
extraordinária.
“Vazio de poder”
Em reacção, a presidente da MA
comunicou que iria marcar a AG
para o Ænal de Setembro, e alertou
que, em caso de destituição, “os
meses de Outubro e Novembro serão
um tempo de vazio de poder”.
Os corpos gerentes cessam logo
funções, se for votada a destituição,
e é formada uma comissão adminis-
trativa, que “exercerá provisoria-
mente a gestão do sindicato e dos
seus assuntos correntes”, além de
ter a responsabilidade de marcar
eleições “a realizar no prazo máximo
de 60 dias consecutivos”.
Assim, refere a responsável pela
mesa da assembleia geral, estes serão
“dois meses sem qualquer poder
negocial do sindicato no que diz res-
“A mudança pode ser salutar”, diz Luciana Passo, líder do SNPVAC peito a todas as empresas que repre-
senta, incluindo a defesa dos tripu-
lantes, caso surjam medidas unilate-
rais por parte das mesmas”. Da
mesma forma, sublinha que apenas
se adianta em um mês face às elei-
ções que já estavam marcadas.
A reunião que poderá destituir a
actual direcção acabou por ser agen-
dada para o dia 27 de Setembro, data
que gerou polémica desde logo por
ser também o dia da greve da Rya-
nair marcada pelo SNPVAC, e que,
além de Portugal, abrange outros
países europeus (como Espanha).
“Queremos desde já repudiar a
data escolhida”, aÆrmou em comu-
nicado a direcção do sindicato em
funções, destacando que já estavam
marcadas eleições, às quais, por sua
vez, aÆrma que não se irá recandi-
datar.
Luciana Passo, que está à frente do
SNPVAC desde Dezembro de 2015,
diz que foi o cansaço das funções que
levou à não recandidatura. “A
mudança pode ser salutar”, referiu
ao PÚBLICO, acrescentando, no
entanto, que lhe parece “estranha” a
“vontade de um vazio de poder”. Isso
será, considera “uma derrota para
todos os associados” e “uma oportu-
nidade para todas as empresas que,
de resto, já está a ser aproveitada”.
A 11 de Setembro, a presidente da
mesa acabou por emitir um novo
comunicado, justiÆcando a escolha
do dia 27 para a reunião extraordiná-
ria. No documento enviado aos asso-
ciados, refere que apenas soube da
paralisação ligada à Ryanair a 28 de
Agosto, o mesmo dia em que foi con-
Ærmada a sala onde se vai realizar a
assembleia. “Por menos conveniente
que seja a data, esta não é incompa-
tível [com a greve]”, defende-se no
comunicado.
“Caso a greve se veriÆque, os
associados Ryanair estarão protegi-
dos juridicamente e a sua luta será
executada ao abrigo de uma greve
convocada por uma direcção em
plenos poderes”, diz a presidente
da mesa. E, acrescenta, já não
teriam direito à greve, “se a AG
requerida tivesse lugar em princípio
de Setembro, como era vontade dos
peticionários”.
luis.villalobos@publico.pt

Homem mais rico
do Reino Unido instala
fábrica automóvel
em Estarreja
Automóvel
O grupo britânico Ineos,
do bilionário Jim Ratcliffe,
vai instalar em Estarreja
uma unidade para fabricar
um veículo todo-o-terreno
O bilionário britânico Jim Ratclièe — o
homem mais rico do Reino Unido —
decidiu, durante uma noite num bar,
criar um novo veículo todo-o-terreno
para concorrer com o popular Defen-
der da Land Rover. O bar chama-se
Grenadier e foi esse o nome escolhido
numa votação online por 6000 segui-
dores do grupo Ineos para o novo 4x4
que começará a ser desenhado e
montado em Estarreja e concluído no
País de Gales.
“A Ineos conÆrma que o Grenadier
[um utilitário 4x4] será construído
numa fábrica em Bridgend, País de
Gales. E irá criar 200 postos de traba-
lho inicialmente, subindo para 500 no
longo prazo. A produção deverá arran-
car em 2021”, conÆrmou esta quarta-
feira, em comunicado, a Ineos Auto-
motive, o braço automóvel do grupo
multinacional de petroquímica.
“A Ineos Automotive conÆrma
que, em paralelo, irá investir numa
fábrica de montagem em Estarreja,
Portugal. A fábrica irá produzir a
carroçaria e o chassis do Grenadier,
em conjunto com a rede europeia de
fornecedores europeus da Ineos”,
acrescentou a empresa.
Numa nota enviada ao PÚBLICO, o
Governo português sublinha que
“este projecto envolve a criação, a
longo prazo, de 500 de postos de tra-
balho em Portugal e contribuirá de
forma muito positiva para os objecti-
vos de aumento das exportações e do
valor acrescentado nacionais”, acres-
centando que “as qualiÆcações da
mão-de-obra, a experiência e a com-
petitividade da rede de fornecedores
local e nacional, associadas às infra-
estruturas rodoviárias e portuárias, e
ao dinamismo e capacidade de ino-
vação dos pólos académicos e proÆs-
sionais, foram alguns dos factores que
contribuíram decisivamente para a
escolha de Portugal”.
A mesma nota refere que o “Gover-
no, através da AICEP, acompanha
este projecto, que assume particular
relevância para o reforço do cluster
automóvel nacional, desde 2017”.
No comunicado divulgado no site
do grupo, o presidente da Ineos, Jim
Ratclièe sublinha que analisaram
“possíveis localizações para a fábrica
do Grenadier em todo o mundo, com
muitas boas opções para escolher”.
Já Dirk Heilmann, presidente execu-
tivo da Ineos Automotive, destacou
que “conÆrmar a produção no Reino
Unido, bem como o investimento em
Portugal, é um enorme marco para o
nosso projecto”.
A Ineos foi fundada em 1998 e é
actualmente um conglomerado com
actividade na área petroquímica, des-
portiva e mais recentemente mineira
e automóvel. Em 2018, registou ven-
das no valor de 60 mil milhões de
dólares (54 mil milhões de euros),
tem mais de 22.000 postos de traba-
lho e 183 unidades fabris distribuídas
por 26 países.
O bilionário na génese deste inves-
timento é um acérrimo defensor do
“Brexit” e a sua fortuna estimada em
21 mil milhões de libras liderou a lista
dos britânicos mais ricos do Sunday
Times em 2018. Os interesses de Jim
Ratclièe vão além da área petroquí-
mica, um império multinacional que
começou a construir em 1996, e neste
momento o britânico está a apostar
em várias áreas, em particular no des-
porto, onde patrocina uma equipa de
ciclismo (a antiga Team Sky) e já inves-
tiu num clube de futebol francês (o
Nice, que começou por patrocinar).
Para além disso, Ratclièe Ænanciou
a tentativa do atleta queniano Eliud
Kipchoge de bater em Outubro o
recorde da maratona abaixo da mar-
ca simbólica das duas horas, num
evento apelidado de Ineos 1:59.
Investimento de 300 milhões
permitirá criar 500 empregos
Deco defende que Governo
deve cortar 140 milhões
aos ganhos da EDP
Energia
Ana Brito
Associação diz que acção
do executivo é a “forma
mais ágil” de compensar
consumidores pelos danos
calculados pela AdC
A Deco Proteste defende que o Gover-
no deverá obrigar a EDP a devolver
aos consumidores os 140 milhões de
euros em que, segundo a Autoridade
da Concorrência (AdC), a empresa
lesou os consumidores de electricida-
de no período entre 2009 e 2013.
Na quarta-feira, a entidade regula-
dora anunciou o desfecho de um pro-
cesso que já vinha de 2016 e que resul-
tou na condenação da EDP ao paga-
mento de uma coima de 48 milhões
de euros por abuso de posição domi-
nante. A EDP anunciou que vai recor-
rer desta decisão para o Tribunal da
Concorrência e refutou “em absoluto
as imputações da AdC”, consideran-
do-as sem “sustentação factual, jurí-
dica e económica”.
Vítor Machado, o responsável da
Deco Proteste — que é também repre-
sentante da associação de defesa dos
direitos dos consumidores no conse-
lho tarifário da Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos (ERSE) —
disse ao PÚBLICO que, “logo que a
decisão seja deÆnitiva” (concluído o
recurso), o Governo deverá garantir,
“através de despacho”, a recupera-
ção, por via das tarifas de electricida-
de, de 140 milhões de euros.
“Este abuso foi cobrado aos con-
sumidores através das tarifas e por
isso faz sentido que seja recuperado
[o valor] através das próprias tari-
fas”, disse o economista. “É a manei-
ra mais ágil, imediata e simples” de
restituir o dinheiro aos consumido-
res, defendeu.
Se não for essa a decisão, a Deco
equacionará “outras formas de
acção” para que os consumidores
sejam ressarcidos, disse Vítor Macha-
do, reconhecendo, contudo, que um
possível recurso aos tribunais será
complexo, caro e demorado.
Notando que 140 milhões de euros
“são menos de 2% do volume de
receitas do sector eléctrico”, e que
não será a sua eventual restituição
que vai “mudar a vida dos consumi-
dores de electricidade”, Vítor Macha-
do destacou que é importante pelo
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 31
Governo não se pronuncia antes de concluído o recurso da EDP
EDP diz que
decisão da AdC
não tem
“sustentação
factual, jurídica
e económica”
sinal que dá às empresas, de que
“estas práticas têm consequências”.
O responsável da Deco Proteste
também sublinhou que não é pelo
facto de ser sancionada pela AdC que
a EDP deverá deixar de compensar
os consumidores por quaisquer
danos: “Uma coisa é a coima e a puni-
ção de um comportamento que
infringiu a Lei da Concorrência, outra
é a recuperação do prejuízo para os
consumidores.”
Em Setembro de 2018, segundo
informação divulgada ao mercado
pela EDP, o Governo notiÆcou a
empresa de que estava “em estudo”
a possibilidade de lhe ser exigida a
devolução de 72,9 milhões de euros
por alegadas sobrecompensações das
centrais no mercado de serviços de
sistema (com base num valor que sur-
giu de uma auditoria independente
encomendada pelo executivo).
Questionado pelo PÚBLICO sobre
esse tema, o Ministério do Ambiente
e da Transição Energética respondeu
que, uma vez que a EDP anunciou a
intenção de recorrer da condenação
da AdC, “não se pronunciará enquan-
to o processo não chegar ao Æm”.
Sobre o valor do prejuízo que foi
calculado pela AdC, Vítor Machado
ECONOMIA
RUI GAUDÊNCIO
disse não estar espantado com os
140 milhões de euros apontados. O
economista recordou que foram as
suspeitas da ERSE sobre a actuação
da EDP neste mercado que levaram
o regulador da energia a alertar, em
2013, a AdC e o próprio Governo —
que acabou por limitar administra-
tivamente os preços dos serviços de
sistema.
Em Março de 2016, a ERSE anun-
ciou que as alterações introduzidas
permitiriam aos consumidores pou-
par, em quatro anos (até 2020), cerca
de 120 milhões de euros.
Para Vítor Machado, esta foi uma
“mensagem subliminar” da ERSE,
que “em vez de dizer” que a prática
da EDP entre 2009 e 2013 resultou
num alegado prejuízo de 120
milhões para os consumidores, cal-
culou que num período de quatro
anos para a frente “seria essa a pou-
pança nas tarifas”.
Segundo a EDP, a AdC acusou-a de
ter “limitado a participação das cen-
trais” com contratos CMEC no mer-
cado de serviços de sistema, “não
apenas para evitar devolver ao siste-
ma eléctrico nacional as receitas que
obteria nesse mercado, mas também
para subir o preço de mercado rece-
bido pelas centrais” sem CMEC “que
fornecessem esse serviço”.
A empresa refutou as acusações e
garantiu que respeitou “sempre o
enquadramento legal e contratual
existente e as regras de concorrên-
cia”, ou seja, que agiu sempre dentro
daquilo que a lei e os seus contratos
lhe permitiam fazer.
ana.brito@publico.pt
32 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

MUNDO
Gantz quer cheƊa do Governo
e recusa proposta de Netanyahu
Ambos falam da hipótese de um Governo de unidade, mas o rival de Benjamin Netanyahu sublinha
que foi o seu partido o mais votado. “Isto tem de ser gerido com seriedade”, declarou Benny Gantz
AMMAR AWAD/REUTERS

Israel
Maria João Guimarães
O primeiro-ministro israelita, Benja-
min Netanyahu, apelou ao seu prin-
cipal rival, o candidato do partido
mais votado, Benny Gantz, para se
juntar a si num Governo de unidade
nacional e pediu-lhe um encontro
ainda durante o dia de ontem.
Gantz respondeu que esperava um
“bom Governo de unidade”, mas
acrescentou que, como foi ele quem
venceu, esse Governo deve ser lide-
rado por si e não por Netanyahu. Com
97% dos votos das eleições de terça-
feira contados, o Partido Azul e Bran-
co de Gantz (e Yair Lapid), de centro-
esquerda, tem dois deputados de
vantagem sobre o Likud (direita) de
Netanyahu. Nenhum dos blocos, nem
o de direita religiosa, nem o de cen-
tro-esquerda, tem uma maioria.
“O Azul e Branco é o principal par-
tido. Temos 33 deputados e Netanya-
hu não conseguiu os 61 de que preci-
sava [o bloco Likud /ultra-ortodoxos
Æcou-se pelos 55]. Vou formar um
Governo alargado e abrangente que
cumpra a vontade do povo”, disse
Gantz. “Não vou ceder a qualquer
ordem”, acrescentou, numa tirada
dirigida a Netanyahu. “Não se chega
a negociações já com um bloco polí-
tico”, continuou, referindo-se ao Dois dias após a votação, Benny Gantz apresentou-se como o vencedor
acordo que Netanyahu anunciara
com os partidos religiosos para inte- Por isso, uma Ægura-chave será 1984 quando Yitzhak Shamir (Likud) Manter-se no cargo é a carta de imu- a juntarem-se ao seu bloco e, caso
grarem um Governo. “Isto tem de ser Avigdor Lieberman, do Partido Yisrael e Shimon Peres (Labour) acordaram nidade de Netanyahu, o modo de isso falhe, planear culpá-lo a si, Lie-
gerido com seriedade.” Beitenu (Israel Nossa Casa), ultrana- cheÆar à vez o Governo. O próprio diÆcultar ser mesmo acusado. Daí berman, e a Gantz por um eventual
A proposta de Netanyahu mostra, cionalista e secular, que tem apelado Netanyahu se referi a este preceden- que Netanyahu esteja a tentar tudo falhanço na formação de uma coli-
dizem vários analistas, o seu deses- a um Governo de unidade em que o te numa cerimónia realizada ontem, por tudo ser ele o mandatado pelo gação. E que aí se prepararia para
pero. “Benny, temos de formar um seu partido se juntaria ao Partido Azul em honra de Peres. Presidente para formar Governo e lançar o país na terceira eleição do
Governo de unidade alargado, hoje e Branco e ainda ao Likud, baseado que lhe interesse, num caso de rota- ano. Depois das legislativas de Abril,
já. O país espera que nós, nós os numa agenda secular. Garantir imunidade tividade do cargo de primeiro-mi- após a qual não conseguiu formar
dois, demonstremos responsabili- Netanyahu espera manter O candidato do Partido Azul e Bran- nistro, ser ele o primeiro. Governo, Netanyahu não deu hipó-
dade e cooperemos”, disse. Depois a liderança do pró- cco excluiu, durante a campanha, O Presidente escolherá não o mais tese ao seu rival para tentar, forçan-
da resposta negativa de Gantz para ximo Governo, coligar-se com Netanyahu votado, mas quem reúna mais indi- do a eleição de terça-feira.
uma reunião ontem, Netanyahu dis- nem que seja enquanto este for suspeito de cações dos partidos com assentos Vários analistas expressaram uma
se que estava “desapontado” e repe- num Governo o corrupção. Netanyahu enfrenta parlamentares. Estas indicações dos opinião parecida com a de Lieber-
tiu o convite. rotativo, como o uma recomendação da polícia partidos são feitas após negociações man. O director do diário Jerusalem
O Presidente, Reuven Rivlin, vai já houve em ao procurador-geral para o acu- sobre o que lhes seria dado numa Post, Yaakov Katz, comentou que
ouvir os líderes dos partidos no sar por três crimes ligados a coligação. “Netanyahu quer mostrar que está
domingo, o primeiro dia útil da sema- corrupção e terá a audiência pré- Lieberman não hesitou em lançar a fazer todos os possíveis para evitar
na em Israel. Cada líder indicará quem acusação já no dia 2 de Outubro. uma farpa a Netanyahu, desta vez uma terceira eleição e que, se esta
considera que está mais capaz de for- Esta posição de Gantz abre a hipó- no Facebook, acusando-o de aÆr- acabar por acontecer, será por cau-
mar uma coligação, e o Presidente tese de um Governo com o Likud mar que quer um Governo de uni- sa de Gantz”.
decide de seguida quem tem a primei- liderado por alguém que não dade, mas, na verdade, estar ainda
ra hipótese de formar um Governo. Netanyahu. a tentar convencer outros partidos mguimaraes@publico.pt

Londres rejeita “prazo artificial”
de duas semanas para apresentar
alternativas ao acordo do “Brexit”
Reino Unido
António Saraiva Lima
Finlândia e França
apontam o dia 30 de
Setembro com data-limite.
Governo britânico enviou
documentação técnica
O Governo britânico respondeu
ontem às exigências Ænlandesas e
francesas, relativas à imprescindibi-
lidade de Londres apresentar uma
proposta alternativa ao acordo do
“Brexit” até ao Ænal do mês, sob pena
de já não haver tempo para a discutir
e aprovar até à cimeira europeia de
Outubro, com o envio de documen-
Topos
Av. António Augusto de Aguiar, Nº88 - 3º 1050-018 Lisboa
tação técnica para a Comissão Euro-
peia e a garantia de que não está vin-
culado a nenhum “prazo artiÆcial”.
“Iremos apresentar soluções escri-
tas e formais quando estivermos
prontos — não em função de um pra-
zo artiÆcial — e quando a União Euro-
peia demonstrar que está construti-
vamente empenhada nas mesmas,
enquanto [soluções para] a substitui-
ção do backstop”, aÆançou um porta-
voz de Downing Street.
Na véspera, e depois de um encon-
tro em Paris com Emmanuel Macron,
Presidente francês, Antti Rinne, pri-
meiro-ministro da Finlândia — que
detém a presidência rotativa do Con-
selho da UE —, disse que tinha Æcado
acordado que, se o Reino Unido não
formalizasse uma proposta até 30 de
+351213515300
Setembro, já não o podia fazer, por
uma questão de calendário — o Con-
selho Europeu realiza-se a 17 e 18 do
próximo mês.
Os documentos em causa não cons-
tituem uma proposta formal do exe-
Boris Johnson
garante que o
Governo está a
“fazer
progressos” e vai
conseguir acabar
com o backstop
cutivo de Boris Johnson para evitar
uma saída da UE sem acordo, a 31 de
Outubro. Trata-se de observações
técnicas e informais, relacionadas
com questões aduaneiras e de regu-
Decoração Exterior
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publitaxispubliroda@outlook.pt
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 33
lação sanitária, que, refere o Governo
britânico, “reÇectem as ideias que o
Reino Unido tem vindo a apresentar”
junto dos líderes europeus.
A Comissão conÆrmou a recepção
da “documentação conÆdencial” e
disse que Michel Barnier, negociador-
chefe da UE, e Stephen Barclay, minis-
tro do “Brexit”, vão reunir-se hoje.
Perante as dúvidas levantadas por
vários líderes europeus, nas últimas
semanas, sobre o empenho — ou a
falta dele — de Johnson nas conversas
com Bruxelas, o primeiro-ministro
insistiu ontem de novo que está
a “fazer progressos” para “garantir
que não haverá qualquer fronteira”
entre a Irlanda do Norte e a Repúbli-
ca da Irlanda e que a cláusula de sal-
vaguarda exigida pela UE para o evi-
Painéis
MUNDO
tar pode ser eliminada do acordo.
Segundo o Financial Times, o pri-
meiro-ministro estará a avaliar a cria-
ção de uma zona de regulação econó-
mica que abranja toda a ilha irlandesa
e que reduza a necessidade de con-
trolos fronteiriços para determinados
produtos, como os agrícolas. Tais pla-
nos apontam para um acesso privile-
giado ao mercado irlandês, sem belis-
car a integridade política britânica.
Do lado europeu, porém, exigem-
-se mais detalhes, uma vez que essa
solução não permite a movimentação
Çuida de pessoas e bens na fronteira,
para além de violar uma série de dis-
posições regulatórias, fundamentais
para a solidez do mercado único.
antonio.lima@publico.pt
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34 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
MUNDO
Trudeau pediu desculpa mas
pintar a cara fez descarrilar
a sua campanha eleitoral
Canadá
Ricardo Cabral Fernandes
“Cometi um erro”, disse
o primeiro-ministro
sobre a revelação da Time.
Mas foram três as vezes
que mascarou a cara
A pouco menos de um mês das elei-
ções legislativas, o primeiro-ministro
canadiano, Justin Trudeau, está no
centro de uma polémica com a divul-
gação de mais uma fotograÆa em que
aparece com a cara pintada, desta vez
de castanho. Acusado de racismo,
pediu desculpa.
“Trabalhei toda a vida para criar
oportunidades para as pessoas e para
combater o racismo e a intolerância”,
disse o primeiro-ministro numa con-
ferência de imprensa. “Posso dizer
que cometi um erro quando era mais
jovem e desejava não o ter cometido.
Devia ter tido mais cuidado, não tive
e lamento profundamente”.
Na Primavera de 2001, Trudeau,
com 29 anos, participou numa festa
com o tema “Noites árabes” na esco-
la privada onde era professor, a Aca-
demia de West Point Grey. Pintou a
cara, o pescoço e as mãos de casta-
nho, vestiu uma túnica e pôs um tur-
bante na cabeça. O momento foi
registado na fotograÆa agora divulga-
da pela revista Time, que diz que foi
o único na festa a pintar a cara.
A fotograÆa consta do anuário da
escola para o ano de 2000-2001 e a
Time divulgou-a na quarta-feira à
noite. Soube-se rapidamente que
aquela não era a primeira vez que
Trudeau pintara a cara de negro.
Fê-lo num concurso de talentos na
escola secundária, para cantar Bana-
na Boat (Day O), de Harry Belafonte.
E, já ontem, a Global News divulgou
um vídeo de uma outra ocasião em
que um jovem Trudeau aparece de
cara pintada de preto.
A população negra americana con-
dena o hábito de pintar a cara (black-
face) para imitar artistas ou por
diversão porque esse tipo de maqui-
lhagem tem raízes nos espectáculos
de variedades do século XIX e servia
para desumanizar os negros num
período de racismo institucionaliza-
do e de escravatura.
“Pintar a cara de castanho é um
acto de ridicularização e racista. Os
canadianos viram alguém que tem
Justin Trudeau na festa do colégio onde deu aulas
uma completa falta de discernimento
e integridade e que não está apto a
governar o país”, criticou o líder do
Partido Conservador, Andrew Scheer.
Opinião partilhada por Jagmeet Singh,
do Partido Nova Democracia: “Quan-
do vemos alguém a fazer brownface
ou blackface, vemos alguém que viveu
ou passou por essas experiências
[racistas] a ser gozado”.
Falta pouco menos de um mês
para as eleições que opõem o pri-
meiro-ministro liberal ao líder do
Partido Conservador e tudo indica
que serão bastante renhidas. Tru-
deau está em desvantagem nas son-
dagens, com 34% das intenções de
voto, enquanto Scheer lidera com
35%, segundo o site noticioso Politi-
co. O partido Nova Democracia Æca
em terceiro lugar, com 12%, e os Ver-
des em quarto (11%).
Fragilizado em campanha
A campanha eleitoral começa dentro
de uma semana e este novo escânda-
lo junta-se a outros que têm fragiliza-
do Trudeau. O de maior impacte diz
respeito à pressão exercida por Tru-
deau sobre a antiga procuradora-ge-
ral e ministra da Justiça, Jody Wilson-
Raybould, para travar uma investiga-
ção por suspeita de corrupção à
empresa SNC-Lavalin e chegar a um
acordo. A procuradora recusou fazer
o acordo e foi demitida por Trudeau,
que viu alguns ministros saírem do
Governo em protesto, entre eles o
presidente do Conselho do Tesouro,
Jane Philpott.
A fotograÆa caiu como uma bomba
entre as Æleiras liberais, diz o The
Washington Post. Nas últimas sema-
DR
nas, o Partido Liberal, de Trudeau,
tinha-se dedicado a recuperar velhos
vídeos e publicações nas redes sociais
de conservadores, acusando-os de
acolherem nas suas Æleiras pessoas
intolerantes.
“[A fotograÆa] atirou a campanha
para fora dos eixos”, disse Steven
Chase, do jornal canadiano Globe
and Mail. “Este é um país de imigran-
tes. Acolhemos 300 mil todos os
anos”, continuou o jornalista, subli-
nhando que o caso “é um desaÆo à
marca” de Trudeau como político
multiculturalista. “Vai ter de conven-
cer os eleitores indecisos de que foi
apenas um percalço”.
Trudeau chegou à liderança do
Governo canadiano em 2015 e desde
então tem fomentado a imagem de
líder multiculturalista, feminista e
que se preocupa com as minorias no
país. Sete dos seus 35 membros de
Governo pertencem a minorias.
Mas também é acusado de ir dema-
siado além nesse esforço. Numa via-
gem à Índia, o primeiro-ministro e a
sua família vestiram roupas tradicio-
nais e prestaram homenagem num
templo sikh.
Outros acusam-no de hipocrisia. O
artista Robert Davidson, membro da
tribo haida, acusou Justin Trudeau de
tatuar no braço um símbolo tribal por
si desenhado, mas de não se preocu-
par genuinamente com as populações
indígenas. Trudeau aprovou a cons-
trução de um gasoduto que passa por
terras das tribos e que os ambienta-
listas dizem ir ter um impacto ambien-
tal signiÆcativo.
ricardo.fernandes@publico.pt
Morreu Ben Ali,
o primeiro ditador
derrubado pela
Primavera Árabe
Tunísia
O antigo Presidente estava
exilado na Arábia Saudita
desde 2011, quando foi
derrubado após 23 anos
no poder
O antigo ditador tunisino Zine El-A-
bidine Ben Ali, que governou o país
magrebino durante 23 anos, morreu
ontem na Arábia Saudita, para onde
se tinha exilado depois da revolução
de 2011 que foi o gatilho da Primave-
ra Árabe.
A sua morte, aos 83 anos, ocorreu
poucos dias depois de uma das mais
imprevisíveis eleições presidenciais
na história tunisina, em que dois can-
didatos sem historial político foram
os mais votados. Este seria um cená-
rio difícil de antever há pouco menos
de dez anos, quando Ben Ali e o seu
círculo familiar controlavam os des-
tinos da Tunísia.
O regime repressor que construiu
ao longo de duas décadas não resistiu
a algumas semanas de protestos
populares iniciados no Ænal de 2010.
Cercado, a Ben Ali apenas restava a
fuga inglória e pouco digna para a
Arábia Saudita, para escapar à fúria
do seu povo, frustrado por anos de
opressão, corrupção e pobreza. O Le
Monde descreve-o como um homem
odiado de forma quase unânime.
“Mesmo aqueles que lucravam com
o sistema que ele instaurou o detesta-
vam”, escreve o diário francês.
Depois de uma carreira entre o apa-
relho securitário do Estado e uma
Ben Ali instalou um Estado policial na Tunísia até ser deposto
breve passagem como embaixador
em Varsóvia, Ben Ali ascendeu ao
poder em 1987, depois de afastar o
primeiro Presidente pós-independên-
cia, Habib Bourguiba.
Conhecedor dos meandros das for-
ças de segurança, Ben Ali foi rápido a
montar o Estado policial que iria
garantir a sua manutenção no poder
nas décadas seguintes. O primeiro
alvo foram os grupos islamistas, em
nome de uma laicidade levada ao
extremo. Depressa se volta contra
qualquer um que ouse criticá-lo, abo-
lindo partidos (apenas era permitida
uma oposição “leal”) e esmagando a
sociedade civil.
Nos primeiros anos, a abertura eco-
nómica permitiu alguma prosperida-
de económica, mas a desigualdade
económica persistiu. Enquanto o
desemprego entre os jovens — vota-
dos a emigrar — disparava, e nas
pequenas aldeias do interior faltava
a infra-estrutura mais básica, a clique
que rodeava Ben Ali enriquecia.
Quando foi deposto, o ditador tinha
uma fortuna pessoal avaliada em 4,5
mil milhões de euros.
Os protestos contra o regime foram-
se tornando mais frequentes, mas a
peça primordial para a sua queda foi
o acto desesperado de um homem só.
A 17 de Dezembro de 2010, Mohamed
Bouazizi, um vendedor de frutas e
legumes de 26 anos na pequena cida-
de de Sidi Bouzid, imolou-se depois
de a polícia ter conÆscado os seus
produtos. O resto da história é conhe-
cida e terminou menos de um mês
depois, com a fuga de Ben Ali, quan-
do já nem a violência contra o seu
povo lhe valia. João Ruela Ribeiro
STRINGER/EPA
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 35

TECNOLOGIA
Sanções forçam Huawei a lançar
telemóvel sem serviços do Google
O novo topo de gama terá mais diÄculdades em aliciar consumidores nos mercados ocidentais.
É a consequência mais visível até agora das restrições impostas pelos EUA à fabricante chinesa
MICHAEL DALDER/REUTERS

Telemóveis
Karla Pequenino
Os novos telemóveis topo de gama da
Huawei vão chegar ao mercado sem
aplicações do Google pré-instaladas.
O Mate 30 e o Mate 30 Pro terão um
sistema Android, mas virão sem ser-
viços como o navegador Chrome, os
Google Maps, e o Gmail — e sem aces-
so à loja do Google para os instalar. O
Facebook, Messenger e Instagram
também não virão incluídos, embora
estes possam ser descarregados após
a compra. A ausência destas aplica-
ções torna os novos modelos menos
apelativos para consumidores nos
mercados ocidentais e representa o
primeiro grande impacto das sanções
dos EUA à empresa chinesa.
Os aparelhos foram apresentados
ontem, em Munique. Os futuros utili-
zadores poderão instalar algumas
aplicações a partir da própria loja de
aplicações da Huawei. Além disso, a
empresa está a disponibilizar um fun-
do de mil milhões de dólares para
incentivar programadores a criarem
novas aplicações para os telemóveis
da marca.
A iniciativa faz parte de uma estra-
tégia para mitigar o impacto da falta
de aplicações criadas por empresas
norte-americanas. Este ano, a Huawei
viu-se no meio de uma disputa comer-
cial entre os EUA e China, quando a
Administração de Donald Trump Richard Yu, da Huawei, apresentou um fundo para aliciar programadores a criarem aplicações para os modelos da marca
incluiu a empresa chinesa numa “lis-
ta negra” de entidades às quais as 10, a versão do Android da Huawei. aumentaram 26% entre Janeiro e à BBC, o responsável legal da multi- rapidamente, e quatro câmaras tra-
empresas americanas não podem A falta de acesso a aplicações popu- Agosto deste ano, face aos mesmos nacional, Brad Smith, disse que criar seiras cada.
fornecer serviços ou produtos. lares, como o Google Maps, não é um meses do ano passado. A Europa é uma “cortina de aço digital” é um Uma das grandes novidades dos
“As sanções dos EUA impedem-nos bom presságio para a empresa: em um dos mercados em que a marca erro que pode atrasar os EUA. aparelhos (além da total ausência de
de usar os serviços móveis do Goo- 2017, a Microsoft desistiu de desen- tem tido sucesso a vender aparelhos Até Novembro, estão em vigor algu- aplicações do Google) é o facto de o
gle”, admitiu Richard Yu, director volver o seu sistema operativo para topo de gama. Em 2018, a fabricante mas excepções às sanções america- telemóvel não ter qualquer botão
executivo para a área de consumo da telemóveis, o Windows Phone, em enviou 26,3 milhões de smartphones nas — a justiÆcação é que as empresas para desligar. Em vez disso, os tele-
empresa chinesa, em Munique. “Por parte devido à falta de oferta de apli- para a região, de acordo com dados de telecomunicações nos EUA preci- móveis virão com um ecrã que está
isso, vamos disponibilizar um kit para cações para a plataforma. da analista IHS Markit. sam de tempo para poderem funcio- sempre ligado e que mostra as horas
ajudar programadores a criar melho- Os telemóveis da Huawei têm vindo Embora as sanções à Huawei nar sem a tecnológica chinesa. Mas ou um protector de ecrã personaliza-
res aplicações para os serviços de a conquistar consumidores. Nos últi- tenham sido anunciadas após meses estas excepções apenas dizem respei- do, quando não está a ser utilizado.
telemóvel da Huawei.” mos anos, a fabricante chinesa é das em que os EUA aÆrmavam terem to a produtos já no mercado. Os novos Mate 30 usam inteligên-
A Huawei está a optar por utilizar que mais têm crescido, tendo substi- preocupações sobre espionagem por cia artiÆcial para acompanhar o
uma versão em código aberto tuído a Apple no segundo lugar do parte da empresa, também têm sido Telemóveis que não desligam olhar dos utilizadores e perceber se
do Android, que está disponível pódio do maior número de telemó- vistas como uma consequência da Os novos Mate 30 — que incluem o estão a olhar para o telemóvel na
para qualquer pessoa ou empresa, veis vendidos. A sul-coreana Samsung guerra comercial em curso. Mate 30, o Mate 30 Pro, uma versão vertical ou na horizontal.
com a esperança de que o recurso a continua na frente. Nem todos apoiam a decisão dos 5G do Mate 30 Pro e uma edição Os preços irão variar entre cerca de
incentivos Ænanceiros motive No começo da apresentação de EUA, com a Microsoft entre as empre- vegan — virão todos com o novo pro- 800 euros e 2100 euros.
programadores a desenvolverem ontem, Richard Yu anunciou que as sas norte-americanas a criticar o blo- cessador Kirin 990, que permitirá
aplicações compatíveis com o EMUI vendas de smartphones da empresa queio. Esta semana, em declarações descarregar vídeos e aplicações mais karla.pequenino@publico.pt
36 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
CIÊNCIA
Em 50 anos, América do Norte
perdeu 3 mil milhões de aves
Perda representa uma redução de quase 29% na abundância de aves dos EUA e do Canadá, segundo um
estudo publicado na revista Science. Em Portugal também há diversas espécies de aves comuns em declínio
Biodiversidade
André M. Nóbrega
Há uma crise de biodiversidade na
América do Norte. Entre 1970 e 2017,
registaram-se menos 2,9 mil milhões
de aves no território continental dos
EUA e no Canadá. São 303 espécies
afectadas que abrangem não só
espécies raras e ameaçadas, mas
também espécies comuns e larga-
mente distribuídas. A conclusão é de
um estudo publicado ontem na
revista Science. Considerando que as
aves são um dos grupos de animais
mais monitorizados, podem existir
perdas equivalentes ou maiores nou-
tros grupos animais, escreve a equi-
pa de cientistas.
“Esperávamos ver sucessivos
declínios de espécies em risco de
extinção. Mas, pela primeira vez, os
resultados também mostraram per-
das contínuas em aves comuns,
incluindo aves de quintal”, sur-
preende-se Ken Rosenberg, primei-
ro autor do artigo e cientista da Uni-
versidade de Cornell, EUA, citado
num comunicado da instituição.
Mais de 90% das aves que se perde-
ram pertencem a 12 famílias.
Incluem espécies de pardais, mel-
ros, cotovias e andorinhas. Estas
espécies não estão em risco de extin-
ção, mas têm um papel fundamental
no funcionamento dos ecossistemas,
pois são responsáveis pela dispersão
de sementes, polinização e controlo
de pragas.
Ao nível dos habitats, as aves das
pradarias foram as mais afectadas.
Registou-se uma perda superior a
700 milhões de aves nestes biomas.
Três quartos das 31 espécies de pra-
daria estudadas estão em declínio.
A diminuição das populações de
aves ocorreu em todos os outros bio-
mas da América do Norte, excepto
em zonas pantanosas. Aqui, veriÆ#
cou-se um aumento de 13% das
populações, sobressaindo o incre-
mento das populações de anatídeos
— patos, cisnes e gansos.
A equipa estudou as populações
de 529 espécies de aves através de
dados de monitorização recolhidos
a partir do solo — incluindo dados
recolhidos por cidadãos — ao longo
de quase 50 anos, no território con-
tinental dos EUA e no Canadá. Os
cientistas também analisaram, entre
2007 e 2017, os movimentos migra-
tórios nocturnos — a maioria das
espécies de aves terrestres migra
durante a noite — utilizando dados
de radares meteorológicos da Admi-
nistração Oceânica e Atmosférica
Nacional (NOAA, no acrónimo em
inglês) no território dos EUA. Regis-
tou-se a descida dos movimentos
Coruja-das-neves (em cima) e
Grosbeak-nocturno estão entre
as aves abrangidas pelo estudo
migratórios nocturnos — menos 14%
— mas apenas na zona este do país.
Os investigadores referem que os
resultados da investigação são com-
paráveis às perdas de aves observadas
noutras partes do mundo, incluindo
a Europa. Estudos demonstram que
FOTOS: DR
o principal factor de diminuição do
número de aves é a destruição de
habitats, provocada pelas alterações
climáticas, a intensiÆcação da agricul-
tura e a urbanização. A predação por
parte de gatos errantes, a colisão com
vidros ou edifícios e a utilização de
pesticidas — responsáveis pela morte
de insectos, fonte de alimento das
aves — estão também entre os motivos
apontados.
Sem o canto dos pássaros?
Contudo, são necessários mais estu-
dos para perceber as causas da perda
de aves na América do Norte. Peter
Marra, cientista do Instituto de Con-
servação Biológica da Instituição
Smithsonian, EUA, e outro dos auto-
res do estudo, citado em comunica-
do, sublinha que é “crucial sinalizar
estas ameaças, que podem levar à
degradação dos ecossistemas de que
dependemos para a nossa saúde e
subsistência”. E questiona: “Conse-
guem imaginar um mundo sem o
canto dos pássaros?”
Em Portugal, diversas espécies de
aves comuns estão em declínio. Des-
tacam-se a rola-brava, o abelharuco
e espécies de habitats agrícolas,
como o pintassilgo ou o pardal. “A
afectação de inúmeras espécies asso-
ciadas aos ambientes agrícolas pode-
rá ser um reÇexo da intensiÆcação
agrícola que tem ocorrido de forma
mais signiÆcativa nos últimos anos
em Portugal”, explica ao PÚBLICO
Hany Alonso, membro da Sociedade
Portuguesa para o Estudo das Aves
(SPEA). Essa intensiÆcação agrícola,
acrescenta o cientista português,
conduz à perda e degradação do
habitat destas espécies, devido à
transformação dos mosaicos agríco-
las em áreas extensas de monocultu-
ras e à utilização de Ætofármacos que
prejudicam as aves.
A conservação resulta
Na América do Norte, entre 1970 e
2017, perderam-se 3,2 mil milhões de
aves no total, um número que com-
preende 38 famílias de aves, entre as
67 abrangidas pelo estudo. As restan-
tes 29 registaram um aumento de 250
milhões de indivíduos. Além dos ana-
tídeos, destacam-se as aves de rapina,
como a águia-de-cabeça-branca, que
conseguiram recuperar depois da
proibição do pesticida DDT, escrevem
os autores. A equipa refere ainda que
a recuperação dos anatídeos é resul-
tado do investimento de milhões de
dólares na protecção e restituição de
zonas pantanosas. Estratégias de con-
servação semelhantes poderiam ser
aplicadas noutros biomas, como as
pradarias, acrescentam.
“Há tantas formas de ajudar a sal-
var as aves”, aÆrma, em comunica-
do, Michael Parr, membro do Con-
servatório de Aves Americanas, EUA,
e um dos autores do estudo. “Cada
um de nós pode fazer a diferença no
seu dia-a-dia através de acções que,
em conjunto, podem salvar a vida de
milhões de aves, como tornar as
janelas mais seguras para as aves,
manter os gatos dentro de casa e pro-
teger os habitats.” O investigador
sugere ainda reforçar o Tratado de
Aves Migratórias (celebrado em 1918
entre os EUA e o Canadá), proibir
pesticidas prejudiciais e Ænanciar
programas de conservação de aves.
Texto editado por Andrea Cunha
Freitas
andre.nobrega@publico.pt
“Eu sou a vingança. Eu sou a noite. Eu sou…Batman!”
O mais célebre herói da DC Comics comemora mais um
Batman Day já no próximo sábado e o PÚBLICO e a
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38 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
CULTURA
Os 500 anos da viagem de Fernão
de Magalhães em seis episódios
A Primeira Volta ao Televisão
Mundo é uma nova Rodrigo Nogueira
série documental Foi em 1519, a 20 de Setembro, que
o português Fernão de Magalhães
do Canal História (1480-1521), navegador português ao
que recorre a serviço de D. Carlos I de Espanha,
partiu de Sanlúcar de Barrameda,
depoimentos de 53 em Espanha. Três anos depois, com
Magalhães morto, Juan Sebastián
especialistas Elcano voltaria ao início para Ænali-
zar aquela que Æcou registada como
internacionais e a primeira viagem de circum-nave-
usa actores para gação da Terra. A efeméride dos 500
anos de tal feito é assinalada com
entrevistas uma nova série documental do Canal
História dividida em seis episódios.
Äccionadas com os A Primeira Volta ao Mundo, uma pro-
protagonistas da dução espanhola, arranca amanhã,
às 22h15.
expedição O objectivo da série é explorar não
tanto “a gesta, mas sim o gesto”, aÆr-
mou Sergio Ramos, vice-presidente
de programação da versão ibérica do
canal, na apresentação de A Primeira
Volta ao Mundo na Biblioteca Nacional
de Madrid na quarta-feira à tarde. Ou
seja, queriam mostrar como era o dia-
a-dia em alto mar dos entre 230 e 270
tripulantes das cinco naus da expedi-
ção — dos quais só restaram, no Æm,
18 homens e uma nau —, bem como a
maneira como o feito deles mudou o
mundo e como a Europa percebeu a
dimensão do resto do globo e a vasti-
dão dos oceanos. Ao PÚBLICO expli-
cou ainda que queriam “dar um twist”
à história, com “linguagem e imagem
contemporâneas”, como comparar a
montagem da expedição com uma
start-up, o que acontece no primeiro
episódio.
Para tal, a série conta com o depoi-
mento de 53 especialistas de várias
nacionalidades e áreas, dos portugue-
ses Jorge Rosas, gerente das Adegas
Ramos Pinto, Joaquim António Gon-
çalves Guimarães, arqueólogo, ou
José Manuel de Carvalho Marques,
ex-presidente da Câmara de Sabrosa,
a historiadores, escritores, navegado-
res, políticos, guias turísticos, cozi-
nheiros, biólogos, músicos ou milita-
res argentinos, chilenos e espanhóis,
nacionalidades que estavam repre-
sentadas na expedição. Estes falam
de como, no caso de Jorge Rosas, os
Reconstituição de época com
actores que interpretam Fernão
de Magalhães, banqueiro,
D. Carlos I, cronista italiano,
Juan Sebastián Elcano e soldado
(da esquerda para a direita)
tripulantes bebiam vinho, ou, no caso
de Javier Velázquez, dono de restau-
rante e cozinheiro argentino, de como
é que os tripulantes comiam carne de
guanaco, animal sul-americano, tudo
em nome da sobrevivência sob con-
dições duras que testaram a capaci-
dade de resistência do ser humano.
Longe das polémicas
De fora, Æcaram testemunhos como
os dos Ælipinos, um território impor-
tante da viagem. “Era o destino prin-
cipal que queríamos tratar, mas depa-
rámo-nos com um problema, que é
não haver muita gente com esse
conhecimento. Encontrávamos
alguém que disse que falaria disso,
mas depois não sabia muito”, confes-
sa Daniel Terzagui, produtor executi-
vo. “É mais fácil encontrar essa infor-
mação aqui”, continua Carmen Mena-
García, professora catedrática de
História da América na Universidade
de Sevilha e uma das especialistas
retratadas na série. Também não hou-
ve possibilidade de incluir, por ques-
tões de agenda, o historiador Rui
Manuel Loureiro, que a académica
espanhola nomeia como alguém “que
está a fazer coisas muito interessantes
com documentos portugueses”. Lon-
ge das polémicas recentes entre Por-
tugal e Espanha sobre esta efeméride,
tanto Terzagui como Mena-García
realçam o papel de Portugal na expe-
dição, em termos de “todo o conhe-
cimento e infra-estrutura”.
Além das pessoas reais que pres-
tam declarações, há um esforço para
uma reconstituição de época com
actores que interpretam algumas das
Æguras históricas envolvidas a falarem
para a câmara. A ideia destas entre-
vistas Æccionadas, sustenta o respon-
sável do canal, era não pedir “aos
actores que interpretassem algo que
não sabíamos se ocorreu ou não”,
mas dar uma ideia do que seria o dia-
a-dia a bordo da expedição. Já Daniel
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 39

Vamos falar de uma

maneira diferente sobre
a circum-navegação
Carmen Mena-García
Professora catedrática de História da América
na Universidade de Sevilha

CORTESIA: CANAL HISTÓRIA

Terzagui, o produtor executivo, sub-

linhou o pôr o foco em factos veriÆcá-
veis. Henrique de Malaca, por exem-
plo, o escravo de Magalhães que
provavelmente terá sido a primeira
pessoa realmente a circum-navegar
o mundo, não é uma personagem
muito presente, visto não haver mui-
ta informação sobre ele, havendo
muitas perspectivas contraditórias.
Segundo o Ministério da Cultura
espanhol, há mais de 190 iniciativas
oÆciais espanholas que vão decorrer
ao longo dos próximos três anos. A
série é uma delas. A efeméride está,
conta Carmen Mena-García, a levar
a cada mais investigações sobre o
assunto, pelo que, volvidos esses
três anos, “vamos falar de uma
maneira diferente” sobre a circum-
navegação.
A série surge no ano em que o His-
tória comemora 20 anos de presença
ibérica e a celebração junta duas efe-
mérides: a dos 500 anos da circum-
navegação e dos 50 da chegada do
homem à Lua.
rodrigo.nogueira@publico.pt
A circum-navegação volta a concentrar atenções em Sevilha
Lucinda Canelas
A polémica em torno da autoria da
primeira volta ao mundo que levaram
historiadores a esgrimirem argumen-
tos nas páginas dos jornais e obriga-
ram ministros portugueses e espa-
nhóis a dar mostras de total colabo-
ração em conferências de imprensa
parece serenada. Imaginada pelo por-
tuguês Fernão de Magalhães, concluí-
da pela persistência do basco Juan
Sebastián Elcano e Ænanciada por um
rei espanhol, Carlos I, a primeira cir-
cum-navegação do globo tocou deze-
nas de territórios por onde passou a
armada de cinco navios que levantou
âncora de Salúncar de Barrameda,
Cádis, faz hoje precisamente 500
anos.
Portugal assinala a data com múlti-
plas iniciativas espalhadas por Portu-
gal continental e os Açores, entre elas
um fórum em Lisboa que se debruça-
rá sobre o legado histórico e cientíÆco
de Magalhães, que contará com a par-
ticipação dos historiadores Francisco
Contente Domingues (Universidade
de Lisboa) e Juan Marchena (Univer-
sidade Pablo de Olavide, Sevilha), e de
Maria João Bebianno (directora do
Centro de Investigação Marinha e
Ambiental da Universidade do Algar-
ve). A Biblioteca Nacional de Portugal,
por seu lado, vai difundir para down-
load gratuito o livro de estudos e catá-
logo da sua exposição Em demanda da
Biblioteca de Fernão de Magalhães, que
procurou mostrar guias náuticos, tra-
tados geográÆcos, relatos de viagem
e outros livros em que o navegador se
poderá ter informado — e inspirado
— para preparar a viagem.
Em Espanha também se multipli-
cam as actividades. É, aliás, em Sevi-
lha que está uma das mais interessan-
te propostas dos programas ibéricos
— El Viaje Más Largo, exposição que
reúne no Arquivo das Índias 106
peças e documentos originais que
documentam a viagem.
Recorrendo ao acervo do próprio
arquivo e a empréstimos de institui-
ções como as bibliotecas nacionais de
França e de Espanha, ou a Torre do
Tombo, em Lisboa, esta exposição,
segundo os jornais El Mundo e Diario
de Sevilla, vai permitir aos visitantes
aceder ao contexto da viagem, acom-
panhar as suas vicissitudes através de
cartas e do mais completo relato que
dela foi feito e avaliar o seu impacto,
logo a partir da primeira metade do
século XVI.
Muito apoiada na imagem em movi-
mento e dividida em seis núcleos, fará
um retrato da Sevilha do tempo em
que o navegador português ali chegou
para pedir a Carlos I que apostasse
numa viagem que parecia irrealizável;
pegará em mapas e cartas náuticas
para mostrar quão arrojada foi a pro-
posta; dará a conhecer que tempo
fazia quando os navios passaram
aquele que Æcaria conhecido como o
Estreito de Magalhães; mostrará os
modelos das cinco naus que partiram
de Salúncar de Barrameda; e aborda-
rá o encontro e o confronto dos mari-
nheiros com vários populações e
modos de vida.
Entre os documentos originais que
agora podem ser vistos em Sevilha
— a sua reunião num mesmo local é
caso certamente raro, se não único —,
destaque para o Tratado de Tordesi-
lhas, para o testamento de Elcano e a
carta que dirige a Carlos I no regresso
a Espanha, e para o célebre diário de
Antonio Pigafetta, um cronista italia-
no que paga a viagem do seu próprio
bolso e a acompanha do princípio ao
Æm. A exposição termina em Sevilha
a 23 de Fevereiro e segue para o
Museo San Telmo de San Sebastián,
instalando-se no País Basco, onde
Juan Sebastián Elcano nasceu.
lcanelas@publico.pt
40 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
CULTURA
O cinema queer é quando um ser
humano (e o Queer Lisboa) quer
A 23.ª edição do festival dedicado ao cinema LGBTI+ arranca hoje e segue até dia 28. Um festival
de resistência e de questionamento, com destaque especial para as produções brasileiras
Cinema
Jorge Mourinha
Mesmo antes do choque da retirada
do apoio da Ancine à exibição de pro-
duções brasileiras, a programação do
Queer Lisboa 23 – Festival Internacio-
nal de Cinema Queer, que decorre no
Cinema São Jorge e na Cinemateca a
partir de hoje e até dia 28, já reÇectia
o momento sociopolítico das comu-
nidades LGBTI+ (lésbica, gay, bisse-
xual, transgénero e intersexo). Basta-
va exibir Ælmes sobre os 50 anos dos
Motins de Stonewall, ponto zero do
activismo gay americano; bastava
celebrar os 40 anos do Panorama, a
secção paralela do Festival de Berlim
que sempre defendeu as sexualidades
alternativas (e cujo director, Wieland
Speck, que virá a Lisboa, fundou
igualmente o prémio Teddy em 1987);
bastava marcar os 20 anos da Marcha
do Orgulho LGBTI+ de Lisboa.
Mas, acima de tudo, há uma atitu-
de, uma tomada de posição. Patente
desde logo na escolha como filme de
abertura (São Jorge, hoje às 21h00) de
Indianara, o documentário franco-
brasileiro de Aude Chevalier-Beaumel
e Marcelo Barbosa sobre a activista
transgénero brasileira Indianara
Siqueira: no ponto exacto entre o tes-
temunho de existências humanas em
toda a sua diversidade e a resistência
ao cerco de um populismo conserva-
dor que se refugia no medo e na into-
lerância da diferença. E uma atenção
especial ao cinema brasileiro, verda-
deiro laboratório de formas possíveis
do cinema queer e um dos viveiros
mais criativos da produção global
contemporânea — com a presença,
por exemplo, de Sócrates, de Alexan-
dre Moratto, na competição de lon-
gas, e na competição paralela Queer
Art, Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicá-
cio, e Sol Alegria, de Tavinho Teixeira
e Mariah Teixeira.
Essa ideia de celebração do cinema
brasileiro provou ser tristemente
presciente quando, já esta semana,
se soube da rescisão do apoio da ins-
tituição federal de cinema Ancine à
exibição em Portugal de dois dos Æl-
mes brasileiros seleccionados — a
curta de Diego Paulino Negrum3 e
Greta, primeira longa de Armando
FOTOS CORTESIA QUEER LISBOA 23
Praça, que já tinha estado em Berlim
2019, com Marco Nanini (veterano
que conhecemos das telenovelas da
Globo) no papel de um enfermeiro
idoso que Ænalmente assume a sua
identidade. É uma decisão que torna
claro o desinvestimento do actual
Governo brasileiro na cultura e na
diversidade, e o desmantelamento de
políticas que ajudaram o Brasil a tor-
nar-se numa cinematograÆa de refe-
rência contemporânea.
Greta (São Jorge, domingo 22 às
22h) faz ao mesmo tempo parte da
aposta na exibição do estado actual
da “nação LGBTI+” — activista, moti-
vada, determinada — e também da
melhor secção competitiva de longas-
metragens do festival em vários anos.
Nela veremos ainda dois Ælmes argen-
tinos que já vêm com signiÆcativas
carreiras internacionais — As Filhas do
Fogo de Albertina Carri (já garantido
para distribuição portuguesa; São
A programação
sinaliza o estado
actual da nação
LGBTQ — activista
e determinada a
manter os ganhos
adquiridos nas
últimas décadas
Jorge, sexta 27 às 19h30) e Breve His-
toria del Planeta Verde de Santiago
Loza (vencedor do Teddy 2019 em
Berlim; São Jorge, terça, 24, às 19h30
e sexta 27 às 17h15) — e o espanhol Car-
men & Lola, de Arantxa Echevarria,
ambientado na comunidade cigana e
estreado na Quinzena dos Realizado-
res de Cannes (São Jorge, amanhã às
19h30 e segunda, 23, às 17h15).
Haverá espaço para L’étincelle: une
histoire des luttes LGBT+, documen-
tário do francês Benoît Mascoco de
título auto-explicativo (São Jorge,
domingo 22 às 17h15); mas também
para Sem Receio de Criar o Caos,
exposição patente durante o festival
na galeria FOCO, inspirada por e em
homenagem a Harmony Korine, com
De cima para baixo: Negrum3, de Diego Paulino; Skate Kitchen, obras de Andy James, Karine Rou-
de Crystal Moselle, e Ni d’Ève, ni d’Adam, de Floriane Devigne gier, Dylan Silva, Filippo Fiumani e
Rui Palma, completada pela passa-
gem do seu Ælme de 2007 Mister
Lonely (Cinemateca, sábado 28 às
19h00). E haverá mais uma sessão
comemorativa dos 20 anos da Agên-
cia da Curta-Metragem, escolhida
desta vez pela cineasta Cláudia Vare-
jão, onde se exibem títulos próximos
do cinema experimental assinados
por Filipa César e Marco Martins,
Inês Sapeta Dias, Joana Pimenta,
Renata Sancho e Salomé Lamas (São
Jorge, amanhã às 17h55)
O que deÄne o cinema queer
É uma programação que, nas suas
múltiplas vertentes, sinaliza o esta-
do actual da nação LGBTQ — activis-
ta e determinada a manter os ganhos
adquiridos ao longo das últimas
décadas — mas que também reÇecte
a diÆculdade de deÆnir “o que é um
Ælme LGBTQ”. Que é, aliás, a grande
questão de todos os festivais de
cinema queer do mundo — o que
deÆne o cinema queer: temática,
estilo, identidade, iconograÆa? — e
aquela que em grande parte ainda
está por resolver.
O que é que torna, por exemplo,
dois Ælmes exibidos na paralela
Queer Focus queer? Em ambos se fala
de embustes literários que Æzeram
sensação: JT Le Roy, de Justin Kelly,
com Laura Dern e Kristen Stewart,
recria o caso da “escritora” transgé-
nero que, ao Æm de seis anos, acabou
por ser revelada como um fraude
(São Jorge, terça, 24, às 22h00); Can
YouEverForgive Me?, de Marielle
Heller, sobre a vida e as falsiÆcações
da biógrafa Lee Israel, valeu nomea-
ções para os Óscares a Melissa
McCarthy e Richard E. Grant (São
Jorge, sábado 28 às 17h15). São dois
Ælmes adquiridos para distribuição,
mas que continuam por estrear (Can
YouEverForgive Me? saiu directamen-
te para exibição nos canais de cabo),
reÇectindo igualmente a diÆculdade
de integrar obras que escapam a for-
matações num circuito de distribui-
ção que parece apenas querer mais
do mesmo.
Garantidamente, não é mais do
mesmo que o Queer Lisboa, este
ano na sua 23.ª edição, propõe. A
surpresa está ao virar da esquina,
até dia 28.

Um ciclo de mulheres
na Casa da Música
Crítica de música
Orquestra Sinfónica do Porto
Casa da Música
mmmmm
Joana Carneiro, direcção
Hyeyoon Park, violino
Porto, Casa da Música — Sala Suggia
Sábado, 14 de Setembro, 18h00
Obras de Clotilde Rosa,
Sofia Gubaidulina, Kaija Saariaho e
Unsuk Chin
Sala 3/4
Remix Ensemble
mmmmm
Sian Edwards, direcção
Carolin Widmann, violino
Porto, Casa da Música — Sala Suggia
Terça-feira, 17 de Setembro, 18h00
Obras de Ângela da Ponte,
Kaija Saariaho, Rebecca Saunders e
Unsuk Chin
Sala 1/4
Alertando para a relevância do traba-
lho de mulheres intérpretes e compo-
sitoras, a Casa da Música tem em
curso (até 29 de Setembro) o ciclo
Música no Feminino, no qual a
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da
Música (OSPCdM) e o Remix Ensem-
ble (RE) apresentaram já dois progra-
mas inteiramente constituídos por
obras de compositoras nascidas no
século XX, dirigidos por maestrinas
e com mulheres violinistas como
solistas.
Ambos os programas incluíam uma
obra de uma compositora portugue-
sa (relegada para o início do concer-
to), uma consagrada e outra em
ascensão.
O programa da OSPCdM caracteri-
zou-se por um pleno domínio da
escrita para orquestra partilhado
pelas quatro compositoras. Em cerca
de sete minutos, sob a direcção de
Joana Carneiro, a OSPCdM revisitou
Ricercare, de Clotilde Rosa (1930-
-2017), compositora que aprendeu
orquestração explorando a orquestra
enquanto harpista. Seguidamente, a
violinista Hyeyoon Park subiu ao pal-
co para interpretar o primeiro con-
certo para violino e orquestra de SoÆa
Gubaidulina (1931), Offertorium, obra
composta em 1980 (com sucessivas
revisões até 1986), que parte do tema
A violinista Carolin Widmann e a maestrina Sian Edwards
da Oferenda musical, de J. S. Bach,
evocando, pela sua instrumentação,
a leitura que Webern fez da mesma
obra no seu Ricercar (1935). Não é
difícil aceitar que esta obra tenha con-
quistado para Gubaidulina grande
prestígio internacional: a familiarida-
de dos reconhecidos elementos meló-
dicos ajudou a conduzir inúmeros
ouvintes na exploração de diferentes
perspectivas do tema.
Muito aplaudida, a solista conheci-
da por ter sido a mais jovem vencedo-
ra de sempre do Concurso ARD sau-
dou o público do Porto, muito a pro-
pósito, com o Andante da Sonata para
violino solo em lá menor, BWV
1003.
Depois do intervalo, Kaija Saariaho
(1952) assistiu à estreia nacional da
sua Ciel d’hiver (2013), obra de bonitas
sonoridades que circula (demasiado)
lentamente entre registos extremos.
O programa completou-se com
Rocaná (2013), da sul-coreana Unsuk
Chin (1961), levando-nos a saudar o
trabalho preparatório que Joana Car-
neiro desenvolve com a orquestra, já
que a sua géstica, por vezes descon-
certante, parece não condicionar o
resultado obtido em palco.
Terça-feira, foi a maestrina britâni-
ca Sian Edwards quem dirigiu o agru-
pamento da CdM mais especializado
no repertório contemporâneo, fazen-
do ouvir em estreia absoluta a enco-
menda que a instituição fez à portu-
guesa Ângela da Ponte (1984). Para
agrupamento e electrónica, State of(f)
Emergencies (2019) vive de uma explo-
ração tímbrica que integra o ruído no
discurso musical, trabalho em que a
compositora faz uma boa gestão do
tempo. Infelizmente, a constrição do
CORTESIA CASA DA MÚSICA
público à primeira-plateia fez com
que parte signiÆcativa de quem assis-
tia não pudesse usufruir da melhor
panorâmica. Seguiu-se Graal Théâtre,
que a Ænlandesa Kaija Saariaho havia
já composto em 1992, com a violinista
Carolin Widmann como solista.
A segunda parte abriu com uma
estreia (nacional) que contrastou com
a da primeira, sobretudo pelo seu
contexto de criação. Não são só a
experiência e a constante presença
nos grandes centros musicais que
fazem com que a música de Rebecca
Saunders (1967) soe aparentemente
mais soÆsticada do que a obra em
estreia absoluta de Ângela da Ponte.
O facto de Scar (2018-19) resultar de
uma encomenda conjunta da Casa da
Música e diversos importantes festi-
vais como o Acht Brücken, Hudders-
Æeld Contemporary Music Festival e
o Festival d’Automne à Paris, entre
outros organismos, diz muito sobre a
abismal distância da realidade de
ambas e sobre a urgência de repensar
o apoio à criação de autores portu-
gueses. Menos imediata do que Gou-
galon, cenas de um teatro de rua
(2009/11), de Unsuk Chin, que quase
levou o público a dançar, Scar é uma
obra estimulante, que prende a aten-
ção do ouvinte na exploração de
diversas combinações tímbricas, em
que a componente espacial assume
um papel discreto, mas relevante.
O ciclo prossegue esta sexta-feira
com mais mulheres a descobrir, des-
tacando-se a manhã de sábado com a
rara projecção sonora de obras acus-
máticas de Daphne Oram, Delia
Derbyshire e Kaija Saariaho (10h00).
Diana Ferreira
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 41
Conta-me Como Foi volta em
Dezembro à RTP1, que abre
Telejornal aos espectadores
no seu 60.º aniversário
Televisão
Joana Amaral Cardoso
5 Para a Meia-Noite regressa
antes do final de 2019. Série
Alta Fidelidade faz
homenagem a nove bandas
e músicos portugueses
A nova grelha da RTP1 para os próxi-
mos meses foi apresentada ontem e
se há novos concursos, séries e docu-
mentários, e até a festa de 60 anos do
Telejornal, há um regresso que está
entre os mais aguardados pelos
espectadores: a nova temporada de
Conta-me Como Foi, agora situada nos
anos 80, vai estrear-se no início de
Dezembro.
Será também “mais perto do Ænal
do ano”, provavelmente em Dezem-
bro, que haverá outra temporada de
um velho conhecido: o talk show 5
Para a Meia-Noite, apresentado por
Filomena Cautela, que terá “bastan-
tes novidades”, diz o director de pro-
gramas da RTP1, José Fragoso.
Para já, a apresentadora vai estar à
frente do concurso Jogo de Todos os
Jogos a partir de sábado, 12 de Outu-
bro, com os domingos daí em diante
a serem ocupados pelo The Voice Por-
tugal de Catarina Furtado e Vasco
Palmeirim. Este último será o anÆ#
trião de outro formato, o original RTP
Alta Fidelidade, cuja data de estreia
José Fragoso não revelou ao PÚBLI-
CO, e que será uma série de “home-
nagem a nomes da música portugue-
sa”. São nove episódios de 90 minutos
sobre nomes como Xutos & Pontapés,
Sérgio Godinho, Clã ou José Cid.
José Fragoso sublinhava ao PÚBLI-
CO, horas antes da apresentação de
grelha que decorreu ao Æm da tarde
de ontem nas Carpintarias de São
Lázaro, em Lisboa, que 2019 é o ano
em que a RTP apresenta “cerca de dez
séries, quatro das quais se estrearão
até ao Ænal do ano”. Sul, realizada por
Ivo M. Ferreira sobre a Lisboa da cri-
se, será transmitida já às 21h de dia 28;
Luz Vermelha, de Patrícia Müller, cen-
tra-se na prostituição e estreia-se em
meados de Outubro; Terra Nova, rea-
lizada por Joaquim Leitão e Artur
Ribeiro sobre a pesca de bacalhau na
Gronelândia no Portugal do Ænal dos
anos 30, virá em meados de Novem-
bro. Ainda em carteira está a co-pro-
dução com a Galiza Auga Seca e a
mini-série de quatro episódios com
CULTURA
base em A Herdade, de Tiago Guedes.
Além de, claro, Conta-me Como Foi,
cujo regresso oito anos depois dos
últimos episódios nos anos 70 posi-
cionará a popularíssima série nos
anos 80 portugueses. Grande parte
do elenco original regressa.
José Fragoso fala da “necessidade
de criarmos séries de Æcção que sejam
mais potentes do ponto de vista do
contacto com o público”, como a Æc-
ção histórica de O Nosso Cônsul em
Havana, sobre Eça de Queirós diplo-
mata, ou a romântica Solteira e Boa
Rapariga. A primeira atingiu picos de
audiência de 500 ou 600 mil espec-
tadores por episódio, diz o programa-
dor, “os melhores resultados de uma
série em muitos anos” na RTP1, e Côn-
sul rondou os 250 mil euros por capí-
tulo — “são muito bons sinais” a que
pretende dar sequência tentando que
as séries da RTP1 doravante “tenham
valores de investimento mais eleva-
dos”. É algo que quer prever no orça-
mento da RTP, mas que também vem
do Ænanciamento do Instituto do
Cinema e do Audiovisual, do Fundo
de Incentivo ao Turismo e Cinema e
co-produções.
Filomena Cautela
voltará com o 5
Para a Meia-Noite
e para já
apresenta o
concurso Jogo de
Todos os Jogos
No documentário, as estreias de
séries como Mesa Portuguesa, sobre
chefs nacionais com estrelas Michelin,
e Mar — A Última Fronteira estão mar-
cadas para o início de Novembro.
O 60.º aniversário do Telejornal
integra as novidades da grelha, com
uma emissão especial a 18 de Outu-
bro — e ele será aberto aos especta-
dores no Open Day da RTP, com os
rostos da informação do canal a mos-
trar os bastidores do noticiário.
Outras novidades iriam ser apresen-
tadas, horas após a conversa do
PÚBLICO com Fragoso, pela directo-
ra de informação, Maria Flor Pedro-
so, nas Carpintarias de São Lázaro
— dia 15, o crítico Eduardo Cintra Tor-
res escreveu no Correio da Manhã
que o programa de investigação Sex-
ta às 9 estava suspenso; dia 17, no
Facebook do programa, lia-se que
este regressa a 11 de Outubro.
joana.cardoso@publico.pt
42 • Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

CONSELHO DIRETIVO CONSELHO DIRETIVO

AVISO
Encerramento administrativo de um estabelecimento de apoio social sem denominação
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo ime-
diato de um estabelecimento de apoio social sem denominação, com as seguintes características:
yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfunciona sob a direção e responsabilidade de Lucrécia Ferreira da Silva;
yestá instalado em Rua do Oitão, n.º 13-B, Tornada, 2500-315 Caldas da Rainha (concelho das
Caldas da Rainha e distrito de Leiria).
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento através da Deli-
beração n.º 173/2019, de 29 de agosto de 2019, porque o estabelecimento estava em atividade com
deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e
conforto, representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, o/a
responsável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coa-
ção sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será
sujeito a procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Lisboa, 29 de agosto de 2019
Rui Fiolhais - Presidente
CONSELHO DIRETIVO
AVISO
Encerramento administrativo de um estabelecimento de apoio social sem denominação
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo ime-
diato de um estabelecimento de apoio social sem denominação, com as seguintes características:
yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfunciona sob a propriedade de Maria Dorinda Alves Correia e Valdemar Soares Pedrosa;
yestá instalado em Rua do Lourido, n.º 836 Espargo, 4520-109 Santa Maria da Feira.
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento através da Deli-
beração n.º 171/2019, de 29 de agosto de 2019, porque o estabelecimento estava em atividade com
deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e
conforto, representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, o/a
responsável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coa-
ção sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será
sujeito a procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Lisboa, 29 de agosto de 2019
Rui Fiolhais - Presidente
ELEIÇÃO DOS DEPUTADOS PARA
A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - 2019
O Partido Político Pessoas-Animais-Natureza vem, nos termos e para
os efeitos do nº 4 do artigo 21º da Lei n.º 19/2003, de 20 de Junho,
comunicar que constitui o seguinte Mandatário Financeiro Nacional:
Artur Jorge de Jesus Alfama
AVISO
Encerramento administrativo imediato e urgente do estabelecimento de apoio social
sem denominação
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, confirmou o encerramento administrativo ime-
diato e urgente do estabelecimento de apoio social sem denominação, com as seguintes características:
y
y
exercia a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
com fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfuncionava sob a propriedade de Maria Rosa da Cunha Moreira Eira;
yestava instalado em Travessa das Lavouras, n.º 7, 4505-462 S. Martinho do Lobão (concelho de Santa
Maria da Feira, distrito de Aveiro).
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, confirmou o encerramento através da Delibera-
ção n.º 168/2019, de 29 de agosto de 2019, que ratificou o despacho de 08/08/2019, do Diretor da Unida-
de de Fiscalização do Centro. Esta deliberação foi tomada porque o estabelecimento estava em atividade
com deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e
conforto, representando um perigo atual e iminente para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, o/a respon-
sável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coação
sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será sujeito a
procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Lisboa, 29 de agosto de 2019
Rui Fiolhais - Presidente
CONSELHO DIRETIVO
AVISO
Encerramento administrativo do estabelecimento de apoio social denominado
OS BORDALINHOS
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo
imediato do estabelecimento de apoio social denominado OS BORDALINHOS, com as seguintes
características;
yexerce a atividade de Creche;
ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfunciona sob a direção e responsabilidade de Soraia Pereira Munes Neto e Maria João Matos Bretes;
yestá instalado em Rua Amadeu de Sousa Cardoso, n.º 3, R/c Dt.º, 2500-323 Caldas da Rainha;
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento através da Deli-
beração n.º 172/2019, de 29 de agosto de 2019, porque o estabelecimento estava em atividade com
deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e
conforto, representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, o/a
responsável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coa-
ção sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será
sujeito a procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Lisboa, 29 de agosto de 2019
Rui Fiolhais - Presidente
EMPREGO
INSCREVA-SE EM EM PARCERIA COM
EMPREGO.PUBLICO.PT
MUNICÍPIO DO FUNCHAL
EDITAL Nº 464
Expropriação por utilidade pública das parcelas de terreno, e suas
benfeitorias, necessárias à execução da obra pública denominada
“Recuperação e Ampliação da ETAR do Funchal (2ª fase) - Tratamen-
to Primário no Lazareto” na freguesia de Santa Maria Maior, concelho
do Funchal
João Pedro Mendonça Vieira, Vereador da Câmara Municipal do
Funchal, no uso da competência que lhe advém do Despacho de
Delegação e Subdelegação de Competências, exarado pelo Senhor
Presidente da Câmara Municipal do Funchal, em 7 de junho de 2019,
publicitado pelo Edital n.º 260/2019, da mesma data, em cumprimento
do estatuído no n.º 4, do art.º 11 e n.º 2 do art.º 17º da Lei n.º 168/99,
de 18 de setembro (Código das Expropriações, na sua atual redação),
torna público que por Resolução do Governo Regional da Madeira,
n.º 556/2019, tomada na reunião do Conselho do Governo, de 29 de
agosto do corrente ano, publicada no Jornal Oficial da Região Autó-
noma da Madeira – J.O.R.A.M. - I Série, n.º 142 de 2 de setembro de
2019, foi declarada de utilidade pública, com carácter de urgência,
a expropriação e autorização de posse administrativa, das parcelas
de terreno, e suas benfeitorias, abaixo identificadas, e de todos os
direitos e ónus a elas inerentes e/ou relativos, por as mesmas serem
necessárias à execução da obra pública referida em título:
Parcela de terreno, e suas benfeitorias, com a área de 1.254 m2, assi-
nalada na planta parcelar/cadastral do projeto da obra, que confronta
a Norte com o proprietário, Sul com o proprietário e a Região Autóno-
ma da Madeira, Leste com o proprietário e Oeste com Manuel de Frei-
tas França, a destacar da parcela 1/26 do prédio rústico localizado na
Igreja, Pedra Mole ou Louros, freguesia de Santa Maria Maior, inscrito
na matriz rústica sob o artigo 26, da Secção Y, e descrito na Conser-
vatória do Registo Predial do Funchal sob o número 1938/19980916,
a favor de Atlantitraçado – Construção Civil, Lda, sob o qual subsiste
uma hipoteca voluntária a favor do Banco Santander Totta, S.A., pela
AP. 3207, de 28 de julho do ano 2015;
Parcela de terreno, e suas benfeitorias, com a área de 599 m2, assi-
nalada na planta parcelar/cadastral do projeto da obra, que confronta
a Norte com o proprietário, Sul e Leste com a Ribeira do Lazareto e
Oeste com o proprietário, a destacar da parcela 5/26 do prédio rústico
localizado na Igreja, Pedra Mole ou Louros, freguesia de Santa Maria
Maior, inscrito na matriz rústica sob o artigo 26, da Secção Y, e des-
crito na Conservatória do Registo Predial do Funchal sob o número
1938/19980916, a favor de Atlantitraçado – Construção Civil, Lda, sob
o qual subsiste uma hipoteca voluntária a favor do Banco Santander
Totta, S.A., pela AP. 3207, de 28 de julho do ano 2015, e;
Parcela de terreno, e suas benfeitorias, com a área de 682 m2, assi-
nalada na planta parcelar/cadastral do projeto da obra, que confronta
a Norte, Sul, Leste e Oeste com o proprietário, a destacar da parce-
la 4/26 do prédio rústico localizado na Igreja, Pedra Mole ou Louros,
freguesia de Santa Maria Maior, inscrito na matriz rústica sob o arti-
go 26, da Secção Y, e descrito na Conservatória do Registo Predial

✝
do Funchal sob o número 1938/19980916, a favor de Atlantitraçado
– Construção Civil, Lda, sob o qual subsiste uma hipoteca voluntária
a favor do Banco Santander Totta, S.A., pela AP. 3207, de 28 de julho
Publicita-se a abertura de procedimentos de recrutamento de do ano 2015.
Professores para a NOVA School of Business and Economics,
aos quais podem candidatar-se indivíduos que reúnam as con- O Vereador por delegação do Presidente da Câmara
dições fixadas nos avisos disponíveis no seguinte endereço: João Pedro Mendonça Vieira

https://www2.novasbe.unl.pt/pt/sobre-nos/junte-se-a-nova-sbe

✝
Referência NOVASBE/PRD-015/2019 - 1 Lugar na carreira/ca-
tegoria de Professor Auxiliar em regime de direito privado, na
área disciplinar de Gestão, Contabilidade de Gestão.
O prazo limite para submissão das candidaturas é de 15 dias
úteis a contar da data da publicação do presente anúncio.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE LOUSADA

ANGELINA LIT CHOON CHAI
CÓDIGO 151518
Ministério da Educação FALECEU
Direção-Regional de Educação do Norte
Agrupamento de Escolas de Lousada
Seus Filhos, Noras, Genros, Netos e restante
AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO CONCURSAL
Em cumprimento do disposto no artigo 34.º do Regime de valorização
Família participam o falecimento, e que o funeral MÁRIO MANUEL FERREIRA
profissional dos trabalhadores com vínculo de emprego público, aprova- se realiza hoje, sexta-feira, dia 20, pelas 15:00
do pela Lei n.º 25/2017, de 30 de maio, torna-se público que, através do
Aviso n.º 14566/2019 (2.ª Série), publicado no Diário da República n.º
horas, saindo das Capelas Exequiais de São João DE CASTRO
180, de 19 de setembro, se encontra aberto processo de seleção para de Deus (Praça de Londres) para o Cemitério do
admissão de dois postos de trabalho, na carreira e categoria de Assis- Alto de São João. Às 14:30 horas será celebrada a (Médico)
tente Operacional, na modalidade de contrato de trabalho em funções
públicas a termo resolutivo certo a tempo parcial, pelo prazo de dez dias cerimónia religiosa.
úteis, a contar da data da publicação em Diário da República. A Família agradece reconhecida as manifesta-
Para além do Diário da República, pode ainda ser consultado o aviso
Agência Funerária Salgado ções de pesar e a amizade demonstradas nes-
integral na página eletrónica da Escola Secundária de Lousada, em
https://aelousada.net e na Bolsa de Emprego Público (em www.bep.gov.pt) Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222 te momento de grande dor e saudade.
Lousada, 19 de setembro de 2019 Serviço Funerário Permanente 24 Horas
O Diretor, Filipe Plácido Correia da Silva

CARTÓRIO NOTARIAL NA LOUSÃ
TIAGO RELVA - NOTÁRIO
EXTRATO
Certifico que por escritura de 29 de agosto de 2019, ini-
ciada a folhas 109 do livro de notas para escrituras diver-
sas número 22, deste Cartório, sito na Rua Dr. Francisco
Fernandes Costa, número 6-A, na vila da Lousã, MARIA
DE LOURDES SIMÕES MESQUITA, NIF 100 993 095, e
marido ANTÓNIO JOÃO BARATA RODRIGUES, NIF 110
349 504, casados sob o regime da comunhão de adquiri-
dos, residentes na Rua da Atalaia, número 54, 3º direito,
Lisboa, declararam que, com exclusão de outrem, ela é
dona e legítima possuidora do seguinte imóvel:
FRAÇÃO AUTÓNOMA DESIGNADA PELA LETRA J,
correspondente ao quarto andar esquerdo, destinado a
habitação, que faz parte do prédio situado em Encarna-
ção, Rua da Atalaia, números 52, 54 e 56, freguesia de
Misericórdia, concelho de Lisboa, descrito na Conser-
vatória do Registo Predial de Lisboa sob o número
cento e oitenta e cinco da freguesia de Encarnação,
submetido ao regime da propriedade horizontal pela ins-
crição correspondente à apresentação três, de vinte e um
de fevereiro de mil novecentos e noventa e dois, registada
a favor de Maria Teresa Neto Penalva pela inscrição cor-
respondente à apresentação onze, de vinte e um de fe-
vereiro de mil novecentos e noventa e dois, inscrito na
matriz urbana da freguesia de Misericórdia sob o artigo
478, com o valor patrimonial tributário, correspondente
à fração, e atribuído de vinte e um mil euros e trinta e
cinco cêntimos.
Que possui este bem em nome próprio, convicta de que
lhe pertence, há mais de vinte anos, por o ter adquirido,
pelo ano de mil novecentos e noventa e quatro (ainda
no estado de solteira, maior, tendo posteriormente casa-
do sob o regime da comunhão de adquiridos com o aqui
primeiro outorgante), por doação verbal da mencionada
Maria Teresa Neto Penalva, solteira, maior, com última
residência conhecida em Lisboa, habitando-o, fazendo
as necessárias limpezas e obras de conservação, com
conhecimento e à vista de toda a gente, sem oposição
de quem quer que seja, sendo, por isso uma posse pa-
cífica, contínua, pública e de boa fé, pelo que a adquiriu
por usucapião, não tendo todavia, dado o modo de aqui-
sição, documentos que lhe permita fazer prova do seu
direito de propriedade.
Lousã, 29 de Agosto de 2019
O Notário,
Tiago Miguel Berrincha Travassos Relva
Público, 20/09/2019
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE SANTARÉM
Juízo de Competência Genérica
do Cartaxo
Processo: 338/19.3T8CTX
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Requerido: Moisés Rogério da Silva
Seabra
Faz-se saber que foi distribuído nes-
te Tribunal o processo de Acompa-
nhamento de Maior em que é reque-
rido Moisés Rogério da Silva Seabra,
nascido em 10-11-1942, com domi-
cílio: Rua Batalhoz, 119, 2070-000
Cartaxo, possuidor do BI 7891347-0,
com vista a serem defenidas medi-
das de acompanhamento:
a) Representação geral, com dis-
pensa da constituição de Conselho
de Família (artigo 145.º, n.º 2, alínea
b) e 4 do Código Civil); b) Limitação
do direito pessoal de testar (artigo
147.º, n.º 2, do Código Civil).
N/ Referência: 81936974
Cartaxo, 16-09-2019.
A Juíza de Direito
Dr.ª Hortense Marques
A Oficial de Justiça
Maria José Teixeira
Público, 20/09/2019
EDIFÍCIO
DIOGO CÃO
DOCA DE ALCÂNTARA
NORTE, LISBOA
(JUNTO AO
MUSEU DO ORIENTE)
HORÁRIO:
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
SÁBADO: 11H – 17H
INFO: 210 111 010
0XQLFtSLRGH&RQVWkQFLD
$VVHPEOHLD0XQLFLSDO

 I - Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro, na
EDITAL
1žGH5HJLVWR  'DWD  3URFHVVR 
 de Pessoal não Docente e não Investigador em Regime de Contrato de Trabalho, publicado na 2ª
CONVOCATÓRIA DA SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA
MUNICIPAL DE CONSTÂNCIA – 25.09.2019
António Luís Fernandes Mendes, Presidente da Assembleia Municipal
de Constância, em cumprimento do estipulado no n.º 1 do artigo 27.º da
Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na sua redação atual, torna público,
que a Assembleia Municipal do Concelho de Constância irá reunir, no
próximo dia 25 de setembro de 2019, pelas 20h30, no Salão Nobre dos
Paços do Município.
Mais se informa que serão analisados os seguintes assuntos na ordem
de trabalhos:
1. Período reservado à intervenção do público;
2. Análise, discussão e eventual aprovação da proposta de política fiscal
para 2020 – IMI, Derrama, IRS e TMDP – Para deliberação;
3. Análise, discussão e eventual aprovação da transferência de compe-
tências paras as Autarquias Locais ao abrigo da Lei n.º 50/2018, de 16
de agosto, e respetivos diplomas setoriais – proposta de não aceitação
– Para deliberação;
4. Análise, discussão e eventual aprovação da proposta de adenda à
prestação de contas relativa ao exercício de 2018 – Para deliberação;
5. Análise, discussão e eventual aprovação da Proposta de alteração ao
mapa de pessoal para 2019 e respetivo anexo (1.ª alteração) – Para de-
liberação;
6. Dispensa do âmbito de aplicação da Lei n.º 8/2012, de 21 de janeiro,
e do Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho – Ano de 2019 – Para
conhecimento;
7. Informação anual relativa às entidades participadas pelo Município de
Constância – Para conhecimento;
8. Análise, discussão e eventual aprovação da Proposta de desafetação
de parcela de domínio público municipal – Para deliberação;
9. Apreciação de informação escrita apresentada pelo Presidente da Câ-
mara Municipal, nos termos da alínea c) do n.º 2 do art.º 25.º da Lei n.º
75/2013, de 12 de setembro – Para conhecimento;
10. Outros assuntos de interesse.
Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor, que vão
ser afixados nos lugares públicos e do costume.
Paços do Município de Constância.
O Presidente da Assembleia Municipal,
António Luís Fernandes Mendes
Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 43
Contratação de Técnico Superior (M/F)
Refª CND-CTTRC-173-ARH/2019
versão homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicado na 2ª Série do Diário da Re-
pública, de 24 de abril de 2017, e do Regulamento Interno de Carreiras, Retribuições e Contratação
Série do Diário da República n.º 223, de 17 de novembro de 2009, pretende-se contratar em regime
de contrato de trabalho a termo resolutivo certo, com fundamento no disposto no artigo 140.º do
Código do Trabalho, aprovado e publicado em anexo, pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, um
(1) trabalhador equiparado a Técnico Superior para lecionação de aulas de artes marciais chinesas
nas escolas de Ensino Básico e no Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro e para a organiza-
ção de atividades de promoção da cultura chinesa, de acordo com as definições constantes nos
Memorandos celebrados entre a Universidade de Aveiro e os Municípios, em articulação com os
seus Agrupamentos Escolares.
II — REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
HABILITAÇÕES
- Licenciatura em Ciências do Desporto ou similar.
III — OUTROS REQUISITOS
- Experiência de pelo menos 2 anos no desempenho de funções análogas às atribuições indicadas
no ponto I, em instituições congéneres;
- Possuir conhecimento de Artes Marciais Chinesas;
- Experiência na organização de eventos desportivos relacionados com as artes marciais;
- Conhecimento de informática na ótica do utilizador;
- Carta de condução.
IV — REGIME:
Contrato de trabalho a termo resolutivo certo, até o termo do ano escolar 2019/2020.
V — RETRIBUIÇÃO:
Equiparado ao correspondente à carreira de Técnico Superior na 2ª posição remuneratória, nível 15
(€ 1201,48), acrescido do direito a subsídios de refeição, de férias e de Natal.
VI — HORÁRIO DE TRABALHO:
Período de 40 horas semanais, em regime de exclusividade, sujeito ao cumprimento de horário
diário, nos termos da legislação aplicável e da regulamentação interna, sem prejuízo de aplicação
de Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho aplicável na Universidade de Aveiro (35
horas).
VII — LOCAL DE TRABALHO: Escolas do ensino básico dos concelhos partes contratantes dos
memorandos referidos em I.
VIII – COMPOSIÇÃO DO JÚRI:
Presidente: Doutor Carlos Manuel Ferreira Morais, Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro;
Vogais efetivos: Mestre Zhiyan Guo, Diretora do Instituto Confúcio e Doutora Maria Fernanda Amaro
de Matos Brasete, Professora auxiliar, ambas da Universidade de Aveiro.
Vogais suplentes: Doutora Rosa Lídia Torres do Couto Coimbra e Silva, Professor Auxiliar e Doutora
Mai Ran, Leitora, ambas da Universidade de Aveiro.
IX — MÉTODOS DE SELEÇÃO DOS CANDIDATOS:
a) Prova de conhecimentos com caráter eliminatório - este método de seleção poderá ser dispensa-
do pelo júri caso o número de candidatos admitidos seja inferior a 30;
b) Avaliação curricular - tendo por base a análise das habilitações académicas, formação e expe-
riência profissionais, constantes do curriculum vitæ.
c) Poderá ainda ser utilizado o método de seleção entrevista de avaliação de competências e perfil,
no caso do júri não se considerar devidamente habilitado a decidir, em função da aplicação do
método mencionado na alínea anterior.
IX.1 – Os critérios de apreciação e ponderação da avaliação curricular e da entrevista de avaliação
de competências e perfil, bem como o sistema de classificação final, incluindo a respetiva fórmula
classificativa, constarão de ata de reunião do Júri.
X — FORMALIZAÇÃO DE CANDIDATURAS:
A candidatura deverá ser formalizada através de requerimento dirigido ao Reitor da Universidade
de Aveiro (disponível em www.ua.pt/sgrhf – concursos e ofertas de emprego), e enviado por correio
eletrónico para sgrhf-concursos@ua.pt, para os Serviços de Gestão de Recursos Humanos da Uni-
versidade de Aveiro, sitos no Campus Universitário de Santiago, 3810-193 Aveiro, contendo menção
explícita ao presente anúncio e respetiva referência e rececionado até ao dia 04 de outubro de dois
mil e dezanove.
O requerimento deve ser acompanhado do curriculum vitae devidamente detalhado e comprovado,
dele devendo constar os seguintes elementos:
a) Identificação completa (nome, estado civil, filiação, naturalidade, data de nascimento, número e
data do bilhete de identidade/cartão do cidadão e Serviço de Identificação que o emitiu, se for o
caso, número fiscal de contribuinte, residência, código postal, telefone e endereço de correio ele-
trónico para o qual, por essa indicação, aceita ser notificado para todos os efeitos no âmbito deste
procedimento concursal);
b) Lugar a que se candidata;
c) Situação face aos requisitos de admissão conforme Ponto II e III supra.
X.1 — A falta de entrega, dentro do prazo, de requerimento contendo menção explícita ao presente
anúncio e respetiva referência, do curriculum vitæ detalhado e de cópia do documento comprova-
tivo das habilitações literárias do presente anúncio, por factos imputáveis ao candidato, implica a
exclusão do processo de seleção.
XI — Conforme exarado no Despacho Conjunto n.º 373/2000, de 1 de março, do Ministro-Adjunto,
do Ministro da Reforma do Estado e da Administração Pública e da Ministra da Igualdade, faz-se
constar a seguinte menção:
“Em cumprimento da alínea h) do art.º 9.º da Constituição, a Administração Pública, enquanto enti-
dade empregadora, promove ativamente uma política de igualdade de oportunidades entre homens
e mulheres no acesso ao emprego e na progressão profissional, providenciando escrupulosamente
no sentido de evitar toda e qualquer forma de discriminação”.
XII —VALIDADE DO PROCEDIMENTO
O procedimento concursal é válido para ocupação de idênticos postos de trabalho a ocorrer no
prazo máximo de doze meses contados da data da homologação da lista de ordenação final do
presente procedimento.
Aveiro, em 11 de setembro de 2019
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
44 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Ciclo de Cinema Israelita 13h30, 15h30,
17h30, 19h30, 21h30;Variações M12. 15h30,
17h40, 19h50, 22h;Planeta Willy M6. 13h30
(V.Port./2D);Dor e Glória M16. 16h10, 18h45,
21h40;It: Capítulo 2 M16. 13h;O Pintassilgo
13h10, 16h;A Herdade M12. 18h25;Downton
Abbey M12. 13h20, 15h50, 19h, 21h50;
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Vem e Vê M16. 15h45;Dor e Glória M16.
19h45;Santiago, Itália M12. 14h15, 18h15,
21h45
CinemaCity Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h25,
15h30, 17h30 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
13h15, 15h50, 18h50, 21h50, 00h25;
Velocidade Furiosa: Hobbs e Shaw M12.
24h;Era Uma Vez em... Hollywood M16.
15h20, 18h30, 21h45, 00h05;Angry Birds 2 -
O Filme M6. 15h20 (V.Port./2D);Tudo Bons
Meninos M14. 13h30;Variações M12. 13h30,
15h40, 19h30, 21h30;Assalto ao Poder M14.
21h25;47 Metros: Medo Profundo M14.
13h55;Dor e Glória M16. 19h10, 21h40;It:
Capítulo 2 M16. 15h45, 17h40, 21h35,
23h55;O Pintassilgo 17h50;A Herdade M12.
17h35, 20h50, 00h10;Downton Abbey M12.
13h5, 16h, 16h40, 21h10, 23h50;Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 13h40,
15h40 (V.Port./2D);Uma Aventura nos
Mares M6. 13h20 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
O Terramoto M12. 19h10, 21h40, 00h30;
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h50,
16h05, 18h15 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
13h20, 16h, 18h40, 21h20, 24h;O Rei Leão
M6. 13h35, 16h30 (V.Port./2D);Era Uma Vez
em... Hollywood M16. 14h, 17h30, 21h,
23h40;Ibiza M12. 21h50, 00h10;Variações
M12. 13h25, 15h50, 18h20, 20h55, 00h20;
Assalto ao Poder M14. 13h10, 16h15, 18h55,
21h35, 00h15;Ready or Not - O Ritual M16.
21h10, 00h20;47 Metros: Medo Profundo
M14. 21h25, 00h35;It: Capítulo 2 M16.
13h40, 17h20, 20h50, 23h30;O Quarto dos
Desejos M16. 13h45, 16h25, 18h50;O
Pintassilgo 20h30, 23h45;A Herdade M12.
14h10, 17h40, 21h05, 23h35;O Culto de
Manson M16. 13h30, 16h10, 18h45, 21h15,
00h05;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 13h25, 15h40, 18h (V.P./2D);
Uma Aventura nos Mares M6. 13h15, 15h55,
18h35 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Ad Astra M12. 12h50, 15h50, 18h30, 21h20,
00h15;O Rei Leão M6. 13h10 (V.Port./2D);Era
Uma Vez em... Hollywood M16. 20h50,
00h10;Variações M12. 13h, 15h30, 18h10,
21h, 23h40;Dor e Glória M16. 16h, 18h40,
21h30, 24h;It: Capítulo 2 M16. 13h30,
20h20, 23h50;O Pintassilgo 21h10, 00h20;
A Herdade M12. 13h20, 17h, 20h40, 00h05;
Por Aqui Tudo Bem M12. 13h, 15h40, 18h;
Amazing Grace M6. 17h10;Uma Aventura
nos Mares M6. 13h10, 15h20, 18h20 (V.P./2D)
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h20,
16h20, 18h30 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
12h50, 15h35, 18h20, 21h10, 24h;O Rei
Leão M6. 21h15, 23h50 ;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 21h, 00h20;Variações
M12. 13h, 15h40, 18h10, 21h05, 23h40;
Assalto ao Poder M14. 12h40, 15h30, 21h30,
00h15;47 Metros: Medo Profundo M14.
21h20, 23h30;It: Capítulo 2 M16. 13h05, 17h,
20h50, 00h25;O Pintassilgo 18h15;A
Herdade M12. 13h35, 17h10, 20h40, 00h10;
Os Sete Anões e os Sapatos Mágicos M6.
13h10, 15h20 (V.Port./2D);Uma Aventura nos
Mares M6. 13h40, 16h, 18h40 (V.P./2D);Ad
Astra M12. Sala IMAX 13h30, 16h10, 19h,
21h40, 00h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Trouble: Aventura na Cidade M6. 11h15,
13h20, 15h30, 17h40 (V.Port./2D);Ad
Astra M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30,
00h15;Era Uma Vez em... Hollywood M16.
20h20;Variações M12. 21h10, 23h40;
Assalto ao Poder M14. 13h10, 15h50, 18h35,
21h20, 00h0;It: Capítulo 2 M16. 12h50,
16h30, 21h50, 23h50;A Herdade M12. 13h,
16h50, 20h30, 24h;Os Sete Anões e os
Sapatos Mágicos M6. 13h40, 16h, 18h20 (V.
Port./2D)
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
A Herdade M12. 11h30, 14h45, 18h, 21h15
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
O Terramoto M12. 23h50;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 13h55, 16h20, 18h30 (V.
Port./2D);Ad Astra M12. 14h05, 16h40,
19h15, 21h50, 00h25;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 13h30, 17h, 21h15, 00h05;
Variações M12. 13h55, 16h25, 19h, 21h55,
00h25;Assalto ao Poder M14. 14h05, 16h35,
19h10, 21h50, 00h25;Dor e Glória M16.
13h50, 16h20, 18h50, 21h25, 00h30;It:
Capítulo 2 M16. 14h, 17h30, 21h40, 23h45;
Mas Que Avó é Esta?! M12. 21h15, 00h30;
Segredos Oficiais M14. 16h, 21h35;O
Quarto dos Desejos M16. 21h45, 00h20;O
Pintassilgo 13h45, 17h15, 21h30, 23h40;A
Herdade M12. 14h, 17h30, 21h10, 24h;
Downton Abbey M12. 14h15, 16h45, 19h15,
21h45, 00h15;Por Aqui Tudo Bem M12.
13h50, 16h10, 18h40, 21h20, 00h30;Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 13h40,
16h05 (V.Port./2D);Amazing Grace M6.
19h05, 21h25;Santiago, Itália M12. 13h35,
19h20;Uma Aventura nos Mares M6. 14h20,
16h30, 18h45 (V.Port./2D)
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996
O Terramoto M12. 12h45, 15h50, 18h25, 21h,
23h3;Trouble: Aventura na Cidade M6. 14h,
16h10, 18h30 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
12h50, 15h30, 18h20, 21h10, 24h;O Rei Leão
M6. 13h45, 16h30 (V.Port./2D);Era Uma Vez
em... Hollywood M16. 13h40, 17h10, 20h35,
23h55;Angry Birds 2 - O Filme M6. 13h25,
15h55, 19h (V.Port./2D);Variações M12.
13h20, 16h, 18h40, 21h20, 00h10;Assalto ao
Poder M14. 12h40, 15h20, 18h10, 20h50,
00h15;Dor e Glória M16. 21h40, 00h20;It:
Capítulo 2 M16. 13h, 16h40, 20h40,
23h30;Mas Que Avó é Esta?! M12. 19h10,
21h50, 00h30;Segredos Oficiais M14. 21h,
23h40;O Quarto dos Desejos M16. 21h15,
23h45;O Pintassilgo 20h45, 00h05;A
Herdade M12. 13h30, 17h, 20h30, 23h50;O
Culto de Manson M16. 13h05, 15h45, 18h45,
21h30, 00h25;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 13h10, 15h40, 18h (V.Port./2D);
Uma Aventura nos Mares M6. 12h30, 15h10,
17h20, 19h30 (V.Port./2D);Ad Astra M12. Sala
4DX - 13h50, 16h20, 18h50, 21h45, 00h15
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
O Terramoto M12. 00h20;Trouble:
Aventura na Cidade M6. 13h50, 15h50,
17h50 (V.Port./2D);Ad Astra M12. 13h25, 16h,
19h, 21h50, 00h25;O Rei Leão M6. 13h45,
16h15 (V.Port./2D);Velocidade Furiosa:
Hobbs e Shaw M12. 13h10, 18h55, 21h40,
00h25;Era Uma Vez em... Hollywood M16.
18h45, 21h55;A Vida de Um Campeão M12.
19h55;Angry Birds 2 - O Filme M6. 13h25,
15h35, 17h45 (V.Port./2D);Tudo Bons
Meninos M14. 00h10;Ibiza M12. 22h10;
Variações M12. 15h25, 17h35, 19h45, 22h;
Assalto ao Poder M14. 15h40, 21h30;47
Metros: Medo Profundo M14. 13h35;Dor e
Glória M16. 13h25, 19h20;It: Capítulo 2 M16.
15h30, 18h10, 21h, 21h45, 24h;O Quarto dos
Em estreia
lazer@publico.pt
A Herdade
De Tiago Guedes. Com Albano
Jerónimo, Sandra Faleiro,
Miguel Borges, João Pedro
Mamede, Rodrigo Tomás,
Beatriz Brás, Diogo Dória, Ana
Bustorff, Victoria Guerra.
POR. 2019. 166m. Drama. M12.
João Fernandes é o patriarca de
uma abastada família
tradicional portuguesa. A
herdade de que é proprietário
situa-se na margem sul do Tejo
e é um dos maiores latifúndios
da Europa. A vida dele, assim
como o local onde sempre
viveu, é um espelho de
Portugal.
Ad Astra
De James Gray. Com Brad Pitt,
Tommy Lee Jones, Donald
Sutherland, John Ortiz. EUA/
BRA. 2019. 122m. Drama. M12.
Um engenheiro espacial é
enviado para o Sistema Solar
com uma missão de extrema
importância: encontrar o pai,
um astronauta desaparecido há
16 anos, durante uma viagem ao
planeta Neptuno. Nessa busca,
vai deparar-se com um mistério
que ameaça a Humanidade.
Downton Abbey
De Michael Engler. Com
Matthew Goode, Tuppence
Middleton, Maggie Smith,
Michelle Dockery. GB. 2019.
122m. Drama. M12.
Um drama histórico, escrito por
Julian Fellowes e realizado por
Michael Engler, cujo enredo é
uma continuação da aclamada
série televisiva homónima,
transmitida por canais de
televisão de todo o mundo
entre 2010 e 2015.
O Culto de Manson
De Mary Harron. Com Chace
Crawford, Suki Waterhouse,
Merritt Wever, Matt Smith,
Hannah Murray, Grace Van
Dien. EUA. 2018. 104m. Crime,
Biografia. M16.
Susan Atkins, Leslie Van Houten
e Patricia Krenwinkel foram
condenadas após terem
assassinado oito pessoas a
Downton
Abbey
mando de Charles Manson.
Anos mais tarde, considerando
que foram vítimas de uma
lavagem cerebral, a responsável
pelo estabelecimento prisional
aprova as visitas de uma
criminologista, que as vai
ajudar a libertar-se do jugo de
Manson.
Por Aqui Tudo Bem
De Mohamed Hamidi. Com
Gilles Lellouche, Malik
Bentalha, Sabrina Ouazani.
FRA/BEL. 2019. 90m.
Comédia. M12.
Happy Few é uma agência de
publicidade gerida por Fred
Bartel, que comanda com
habilidade uma equipa de
colaboradores dedicados. Tudo
lhes corre de feição até ao dia
em que são alvo de uma
inspecção das Ænanças, que
revela uma dívida Æscal que
pode resultar em ruína.
Trouble: Aventura na Cidade
De Kevin Johnson. Com Snoop
Dogg (Voz), Marissa Jaret
Winokur (Voz), Kevin
Chamberlin (Voz), Jason Mraz
(Voz), Big Sean (Voz). CAN.
2019. 85m. Animação. M6.
Trouble é um cachorro nascido
em berço de ouro. Adoptado
por milionários, sempre se
habituou a mordomias. Um dia,
recebe uma notícia trágica: a
dona morreu. Abandonado à
sua sorte na cidade, vê-se a
enfrentar perigos que nunca
imaginou que existissem.
Uma Aventura nos Mares
De Ángel Alonso. Com Vito
Rogado (Voz), Iñaki Beraetxe
(Voz), Ander Vildósola Gala
(Voz). ESP. 2019. 90m.
Animação, Aventura. M6.
A expedição de Magalhães e
Elcano foi a primeira viagem de
circum-navegação da Terra, e
aconteceu entre 20 de
Setembro de 1519 e 6 de
Setembro de 1522. Esta épica
aventura mudou o rumo da
História e provou algo
absolutamente extraordinário:
que o planeta é esférico.
Desejos M16. 00h30;O Pintassilgo 15h55;A
Herdade M12. 17h20, 20h45, 00h05;
Downton Abbey M12. 13h10, 15h45, 18h30,
21h10, 23h50;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 13h20, 15h20 (V.Port./2D);Uma
Aventura nos Mares M6. 13h30 (V.Port./2D)
UCI Ubbo
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h50,
16h20, 18h50 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
13h50, 16h30, 19h10, 21h45, 00h20;O Rei
Leão M6. 13h20, 16h05 (V.Port./2D);
Velocidade Furiosa: Hobbs e Shaw M12.
13h15, 16h10, 18h55, 21h40, 00h20;Era Uma
Vez em... Hollywood M16. 14h, 17h30, 21h10,
00h05;Angry Birds 2 - O Filme M6. 13h45,
16h (V.Port./2D);Variações M12. 13h45,
16h25, 19h, 21h35, 00h25;Assalto ao
Poder M14. 21h45, 00h25;Dor e Glória M16.
21h25, 00h25;It: Capítulo 2 M16. 13h25,
16h50, 21h15, 23h55;O Quarto dos
Desejos M16. 21h40, 00h15;O Pintassilgo
18h35, 21h30, 00h05;A Herdade M12.
18h20, 21h40;Downton Abbey M12. 13h45,
16h25, 18h55, 21h25, 00h05;Os Sete Anões
e os Sapatos Mágicos M6. 14h10, 16h45,
19h10 (V.Port./2D);Uma Aventura nos
Mares M6. 14h, 16h30, 19h (V.Port./2D)
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h10,
15h20, 17h30 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
12h50, 15h40, 18h25, 21h10, 24h;Era Uma
Vez em... Hollywood M16. 20h20, 23h40;
Variações M12. 12h45, 15h20, 18h, 21h10,
23h45;Assalto ao Poder M14. 13h, 15h50,
18h30, 21h20, 00h10;It: Capítulo 2 M16.
12h35, 16h10, 20h, 23h30;O Pintassilgo
20h40, 23h50;A Herdade M12. 13h30, 17h,
20h30, 23h55;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 13h20, 16h, 18h10 (V.P./2D);Ad
Astra M12. Sala IMAX 13h10, 16h20, 18h50,
21h30, 00h20
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Ad Astra M12. 14h15, 16h45, 19h10, 21h35;
Era Uma Vez em... Hollywood M16. 21h;Dor
e Glória M16. 16h50, 19h10, 21h30;O
Pintassilgo 14h55, 16h10;A Herdade M12.
17h50, 21h;Downton Abbey M12. 14h10,
16h35, 19h05, 21h30;Os Sete Anões e os
Sapatos Mágicos M6. 14h40 (V.Port./2D);
Amazing Grace M6. 14h15, 19h05;
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
O Terramoto M12. 18h50;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 15h40, 17h40, 19h40 (V.
Port./2D);Ad Astra M12. 15h30, 18h40,
21h30, 00h10;Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 21h10;Variações M12. 21h40,
24h;It: Capítulo 2 M16. 15h20, 18h10, 21h20,
23h55;A Herdade M12. 18h, 21h20;Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 16h40 (V.
Port./2D);Uma Aventura nos Mares M6. 16h
(V.Port./2D)
Carcavelos
Atlântida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga. T. 214565653
Ad Astra M12. 15h, 21h30;Downton
Abbey M12. 15h, 21h30
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h55,
17h55 (V.Port./2D);Ad Astra M12. 16h25, 19h,
21h45, 00h20;O Rei Leão M6. 15h35 (V.
Port./2D) ;Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 21h40;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 18h10, 21h40;A Vida de Um
Campeão M12. 19h30, 00h25;Angry Birds 2

- O Filme M6. 15h25, 17h35 (V.Port./2D);Tudo
Bons Meninos M14. 19h50;Ibiza M12. 19h45,
00h30;Variações M12. 21h55;Dor e Glória
M16. 15h50, 18h40, 21h25;It: Capítulo 2 M16.
21h20, 23h50;Mas Que Avó é Esta?! M12.
19h55, 00h15;O Pintassilgo 16h, 21h30;
Downton Abbey M12. 15h40, 18h30, 21h35,
00h10;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 15h30, 17h30 (V.Port./2D);
Castello Lopes - Fórum Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
O Terramoto M12. 00h30;Trouble:
Aventura na Cidade M6. 13h10, 15h10,
17h10, 19h10 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h10;O Rei
Leão M6. 19h10 (V.Port./2D);Velocidade
Furiosa: Hobbs e Shaw M12. 16h, 18h45,
21h25, 23h50;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 23h45;A Vida de Um
Campeão M12. 13h45;Tudo Bons Meninos
M14. 21h45;Variações M12. 18h55, 21h20;
Assalto ao Poder M14. 16h35, 21h20,
00h15;47 Metros: Medo Profundo M14.
00h25;Planeta Willy M6. 13h55 (V.P./2D);It:
Capítulo 2 M16. 14h, 17h30, 21h, 23h55;A
Herdade M12. 14h25, 17h45, 21h10;Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 16h15 (V.
Port./2D);Uma Aventura nos Mares M6.
14h30 (V.Port./2D)
Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das
Mestras. T. 244845071
O Terramoto M12. 19h20;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 15h50, 17h50 (V.Port./2D);Ad
Astra M12. 15h45, 19h, 21h45, 00h25;
Velocidade Furiosa: Hobbs e Shaw M12.
00h20;Era Uma Vez em... Hollywood M16.
00h10;A Vida de Um Campeão M12.
19h40;Angry Birds 2 - O Filme M6. 15h40 (V.
Port./2D);Variações M12. 15h20, 17h30,
21h50;Assalto ao Poder M14. 21h40;It:
Capítulo 2 M16. 16h, 18h20, 21h30, 00h10;O
Pintassilgo 17h40;A Herdade M12. 21h,
00h15;Downton Abbey M12. 16h10, 18h50,
21h35, 00h20;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 15h30 (V.Port./2D);
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Trouble: Aventura na Cidade M6. 15h20,
17h20, 19h20 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
16h10, 18h50, 21h30, 00h10;O Rei Leão M6.
15h50 (V.Port./2D);Velocidade Furiosa:
Hobbs e Shaw M12. 18h20, 21h10;
Variações M12. 19h20, 21h40, 00h05;It:
Capítulo 2 M16. 15h30, 18h10, 21h20,
23h55;O Quarto dos Desejos M16. 19h;O
Pintassilgo 21h25;A Herdade M12. 21h20;
Downton Abbey M12. 15h40, 18h50, 21h30,
24h;Os Sete Anões e os Sapatos Mágicos
M6. 15h20, 17h20 (V.Port./2D);Uma
Aventura nos Mares M6. 15h, 17h (V.P./2D)
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
O Terramoto M12. 15h50;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 15h40, 17h40, 19h40 (V.
Port./2D);Ad Astra M12. 16h10, 18h50,
21h30, 00h10;O Rei Leão M6. 15h30 (V.
Port./2D);Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 21h10, 23h55;Variações M12.
21h40, 00h05;It: Capítulo 2 M16. 18h,
21h20, 23h40;O Quarto dos Desejos M16.
21h10;O Pintassilgo 18h10;A Herdade M12.
18h, 21h20;Downton Abbey M12. 16h30,
19h, 21h30, 24h;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 16h (V.P./2D);Uma Aventura
nos Mares M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.P./2D)
Montijo
Cinemas Nos Fórum Montijo
C. C. Fórum Montijo. T. 16996
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h20,
15h30, 18h (V.Port./2D);Ad Astra M12. 12h40,
15h20, 18h10, 21h, 23h40;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 20h45, 00h05;Variações
M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 23h50;
Assalto ao Poder M14. 21h40, 00h15;It:
Capítulo 2 M16. 13h30, 17h, 20h30, 23h55;A
Herdade M12. 13h10, 16h40, 20h40, 24h;Os
Sete Anões e os Sapatos Mágicos M6.
12h50, 15h05, 17h20, 19h30 (V.Port./2D)
Torres Vedras
Cinemas Nos Torres Vedras
C.C. Arena Shopping. T. 16996
Trouble: Aventura na Cidade M6. 13h40,
16h, 18h20 (V.Port./2D);Ad Astra M12. 12h50,
15h40, 18h30, 21h30, 00h30;Variações
M12. 13h, 15h20, 18h, 21h, 23h40;Assalto ao
Poder M14. 21h20, 24h;It: Capítulo 2 M16.
13h30, 17h20, 20h50, 00h20;A Herdade
M12. 20h40, 00h10;A Herdade M12. 15h30
;Os Sete Anões e os Sapatos Mágicos M6.
13h15, 19h (V.Port./2D)
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
O Terramoto M12. 00h30;Trouble:
Aventura na Cidade M6. 13h10, 15h10,
17h10, 19h10 (V.Port./2D);Ad Astra M12.
13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h20;O Rei
Leão M6. 14h10 (V.Port./2D);Velocidade
Furiosa: Hobbs e Shaw M12. 00h25;Era
Uma Vez em... Hollywood M16. 23h45;
Variações M12. 18h45, 21h10;Assalto ao
Poder M14. 21h10;It: Capítulo 2 M16. 14h05,
17h30, 20h55, 23h35;A Herdade M12.
14h30, 17h50, 21h10;Downton Abbey M12.
13h35, 16h15, 18h55, 21h35, 00h15;
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
A Herdade M12. 18h, 21h30
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
O Terramoto M12. 19h40;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 13h30, 15h30, 17h30 (V.
P./2D);Ad Astra M12. 13h35, 16h10, 19h,
21h40, 00h20;Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 21h20, 00h10;Era Uma Vez em...
Hollywood M16. 21h30;A Vida de Um
Campeão M12. 16h20;Angry Birds 2 - O
Filme M6. 13h30, 15h40, 17h50 (V.P./2D);
Tudo Bons Meninos M14. 13h45, 19h30;
Variações M12. 15h25, 17h35, 19h45, 21h55;
Assalto ao Poder M14. 21h55;Ready or Not -
O Ritual M16. 00h25;47 Metros: Medo
Profundo M14. 20h;It: Capítulo 2 M16.
13h10, 15h20, 17h40, 18h40, 21h10, 22h, 24h;
O Quarto dos Desejos M16. 13h25, 00h15;O
Pintassilgo 18h30;Downton Abbey M12.
13h20, 15h50, 18h50, 21h35, 00h05;O Culto
de Manson M16. 13h10, 15h20, 17h30,
21h50, 00h30;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 15h35 (V.P./2D);Uma Aventura
nos Mares M6. 13h20 (V.Port./2D)
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
O Terramoto M12. 18h50;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 15h40, 17h40, 19h40 (V.
Port./2D);Ad Astra M12. 16h10, 18h50,
21h30, 00h10;O Rei Leão M6. 15h30 (V.
Port./2D);Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 18h20, 21h10, 23h55;Variações
M12. 21h40, 24h;It: Capítulo 2 M16. 15h20,
18h10, 21h20;O Pintassilgo 21h10, 00h05;A
Herdade M12. 18h, 21h20;Downton Abbey
M12. 15h40, 18h40, 21h30, 24h;Os Sete
Anões e os Sapatos Mágicos M6. 16h20 (V.
Port./2D);Uma Aventura nos Mares M6. 15h,
16h55 (V.Port./2D)
Évora
Cinemas Nos Évora Plaza
Rua Luís Adelino Fonseca, lote 4.
Ad Astra M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h10,
24h;Variações M12. 21h, 23h40;Assalto ao
Poder M14. 20h50;It: Capítulo 2 M16. 13h,
17h, 21h30, 23h30;A Herdade M12. 12h50,
16h30, 21h20;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 13h20, 16h, 18h20 (V.
Port./2D);Uma Aventura nos Mares M6.
13h30, 16h, 18h20 (V.Port./2D)
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Ad Astra M12. 13h25, 16h, 18h35, 21h25,
00h05;Assalto ao Poder M14. 21h05, 24h;It:
Capítulo 2 M16. 12h25, 15h20, 18h45, 22h10,
23h40;O Pintassilgo 17h45, 20h55;A
Herdade M12. 12h15, 15h30, 18h55, 22h15;
Os Sete Anões e os Sapatos Mágicos M6.
13h05, 15h50, 18h (V.P./2D);Uma Aventura
nos Mares M6. 13h15, 15h40 (V.Port./2D)
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
O Terramoto M12. 21h40;Trouble: Aventura
na Cidade M6. 15h40, 17h40, 19h40 (V.
Port./2D);Ad Astra M12. 15h30, 18h40,
21h30, 00h10;O Rei Leão M6. 16h50 (V.
Port./2D);Velocidade Furiosa: Hobbs e
Shaw M12. 15h30, 18h20, 21h10, 23h55;Era
Uma Vez em... Hollywood M16. 21h30;
Variações M12. 19h20, 21h40, 00h05;It:
Capítulo 2 M16. 15h20, 18h10, 21h20, 23h55;
Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 45
O Quarto dos Desejos M16. 19h;O
Pintassilgo 18h50;A Herdade M12. 18h,
21h20;Downton Abbey M12. 16h30, 19h,
21h30, 24h;O Culto de Manson M16. 16h30,
21h50, 00h10;Os Sete Anões e os Sapatos
Mágicos M6. 16h (V.P./2D);Uma Aventura
nos Mares M6. 15h, 17h (V.Port./2D)
TEATRO
Lisboa
Casino Lisboa
Parque das Nações. T. 218929000
As Obras Completas de William
Shakespeare em 97 Minutos Enc. António
Pires. A partir de 12/9. 5ª a Sáb às 21h30.
Dom às 17h (Auditório dos Oceanos). M/12.
Clube Estefânia
Rua Alexandre Braga, 24A. T. 217780987
O Banho de Tomoko Comp.: Escola de
Mulheres. Enc. Marta Lapa. De 5/9 a 22/9. 5ª
a Dom às 21h30. Duração: 1h. M/16.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Emília Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge
Silva Melo. De 11/9 a 19/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e
6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
Chicago Enc. Diogo Infante. De 11/9 a 29/12.
4ª, 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h30 e 21h. Dom
às 16h30. O Amante Enc. Albano Jerónimo
e Cláudia Lucas Chéu. De 18/9 a 10/11. 4ª a
Dom às 19h (Sala Estúdio).
Teatro Meridional
R. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245
Kiki Van Beethoven Enc. Natália Luiza. De
13/9 a 13/10. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
A Dama das Camélias Enc. Miguel Loureiro.
De 6/9 a 22/9. 4ª, 6ª e Sáb às 21h. 5ª às 20h.
Dom às 17h30. M/12. Duração: 2h45.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
Antígona Enc. Mónica Garnel. De 18/9 a
6/10. 4ª e Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Dom às
16h. M/12. Colecção de Artistas De António
Pedro Lopes, Bernardo de Almeida e Raquel
André. De 18/9 a 29/9. 4ª e Sáb às 19h30. 5ª
e 6ª às 21h30. Dom às 16h30. M/12.
MÚSICA
Lisboa
Centro Cultural de Belém
Praça do Império. T. 213612400
Mário Laginha e Pedro Burmester
Dia 20/9 às 21h.
Lisboa Ao Vivo
Av. Infante D. Henrique, Armazém 3.
T. 215847000
Criolo Dia 20/9 às 21h.
Panorâmico de Monsanto
Festival Iminente 2019 De 19/9 a 22/9. 5ª às
17h. 6ª, Sáb e Dom às 15h30.
Sabotage Club
Rua de São Paulo, 16. T. 213470235
Talea Jacta + Electric Moon Às 22h30.
Cascais
Parque Palmela
Montepio Fado Cascais 2019
De 20/9 a 22/9. 6ª, Sáb e Dom às 19h30.
Com Raquel Tavares (dia 20), Carminho (dia
21), Yami Aloelela, Marta Pereira da Costa
com Tiago Bettencourt e Mayra Andrade
(dia 22).
Queluz
Palácio Nacional de Queluz
Largo do Palácio. T. 219237300
Festival de Sintra 2019 Dia 20/9 às 21h30
(com Anna Fedorova).
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa-Serviço Permanente
Marbel (Alvalade - Avª. do Brasil) - Avª. de
Roma, 131 - A - Tel. 217993770 Ocidental
(Restelo - Algés) - Rua D. Jerónimo Osório, 18 -
D - Tel. 213010256 Quinta da Luz (Benfica) - Av.
Colégio Militar, 153-B - Tel. 217781855
Outras Localidades-Serviço Permanente
Abrantes - Silva Alandroal - Santiago Maior ,
Alandroalense Albufeira - Santos Pinto
Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena -
Correia Pinto Alcobaça - Magalhães
Alcochete - Nunes , Póvoas (Samouco)
Alcoutim - Caimoto Alenquer - Matos Coelho
Aljustrel - Dias Almada - Carlos (Costa da
Caparica) Almeirim - Barreto do Carmo
Almodôvar - Aurea Alpiarça - Leitão Alter do
Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere -
Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D.
Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - D.
João V , Carenque (Mina) Ansião - Medeiros
(Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos
- Misericórdia Arronches - Batista , Esperança
(Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos -
Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja
- Dias da Silva , Miranda, Peralta (Alcoentre),
Ferreira Camilo (Manique do Intendente)
Barrancos - Barranquense Batalha - Moreira
Padrão , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J.
Delgado (S. João Batista) Belmonte - Costa ,
Central (Caria) Benavente - Miguens
Bombarral - Miguel Borba - Central Cadaval -
Misericórdia Caldas da Rainha - Perdigão
Campo Maior - Central Cartaxo - Central do
Cartaxo Cascais - Cordeiro , Grincho (Parede)
Castelo Branco - Progresso Castelo de Vide -
Freixedas Castro Verde - Alentejana
Chamusca - S. José , Joaquim Maria Cabeça
Constância - Vila Farma Constância ,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche -
Misericórdia Covilhã - Crespo Cuba - Da
Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento -
Carvalho Estremoz - Costa Évora - Infante de
Sagres Faro - Almeida , Da Penha Ferreira do
Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere -
Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira
do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos
(Aguda) , Vidigal Fronteira - Costa Coelho
Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Mendes
(Belver) , Pimentel Golegã - Lusitano Grândola
- Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A
Nova) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Ribeiro
Lopes Loulé - Chagas Loures - Das Colinas ,
Do Prior Velho, Valente (Fanhões) Lourinhã -
Correia Mendes (Moita dos Ferreiros) , Leal
(Rio Tinto) Mação - Saldanha Mafra -
Ericeirense (Ericeira) , Coral Marinha Grande -
Sta. Isabel Marvão - Roque Pinto Mértola -
Nova de Mértola Monchique - Moderna
Monforte - Jardim Montemor-o-Novo -
Central Montijo - Corvo Mora - Canelas Pais
(Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura -
Faria Mourão - Central Nazaré - Silvério ,
Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - São
Damião Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) ,
Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odivelas
- Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas)
Oeiras - Santa Sofia (Cruz Quebrada) Oleiros -
Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia
Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros)
Olhão - Pacheco Ourém - Verdasca Ourique -
Nova (Garvão) , Ouriquense Pedrógão Grande
- Baeta Rebelo Penamacor - Nova Peniche -
Proença Pombal - Paiva Ponte de Sor - Sousa
Portalegre - Nova Portel - Fialho Portimão -
Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Holon Redondo
Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio
Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos -
Costa (Foros de Salvaterra/Salvaterra de
Magos) Santarém - Confiança Santiago do
Cacém - Corte Real São Brás de Alportel - São
Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Matos
Lopes (Amora) Serpa - Central Sertã - Patricio
, Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra -
Leão Setúbal - Alice , Viso Silves - Algarve
Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto
Covo) Sintra - Clotilde Dias , Queluz (Queluz),
Dumas Brousse (Rinchoa) Sobral Monte
Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio
(Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico
Tavirense Tomar - Ribeiro dos Santos Torres
Novas - Higiene Torres Vedras - Calquinha
(Carvoeiro-Runa) Vendas Novas - Santos
Monteiro Viana do Alentejo - Viana
Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva
Domingos Vila Franca de Xira - Raposo ,
Quinta da Piedade (Quinta da Piedade),
Higiene Vila Nova da Barquinha - Tente
(Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira
Vila Real de Santo António - Carrilho Vila
Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte
Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Redondo - Alentejo
46 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
FICAR
CINEMA
Poseidon
Cinemundo, 21h
Remake, por Wolfgang Peterson,
de um Ælme-catástrofe que fez
furor nos anos 1970: A Aventura do
Poseidon. Na noite de Æm de ano,
os passageiros do luxuoso navio
cruzeiro Poseidon preparam-se
para festejar, quando uma onda
gigante abalroa a embarcação. A
partir daí, o caos, a luta pela
sobrevivência e uma nomeação
nos Óscares para os efeitos visuais
que embalam este desastre.
Por Aqui e por Ali
Hollywood, 21h30
Já na casa dos 60 e após passar
duas décadas a trabalhar em
Inglaterra, o jornalista de viagens
Bill Bryson regressa aos EUA para
usufruir de um merecido descanso
nos braços de Catherine, a sua
mulher. Porém, aborrecido com a
sua nova condição de reformado —
e decidido a recriar laços com o
seu país natal —, decide fazer o
chamado “Trilho dos Apalaches”,
com o amigo Stephen Katz. Mas
este acaba por se revelar
demasiado comodista para tal
empreitada. Uma comédia de
aventura de Ken Kwapis, com
Robert Redford e Nick Nolte.
Engenhos Mortíferos
TVC1, 21h30
Num futuro não muito distante, a
Terra foi praticamente destruída
devido à denominada Guerra dos
Sessenta Minutos. Para escapar aos
constantes cataclismos que daí
decorreram, as grandes
metrópoles foram colocadas sobre
rodas e transformadas em
cidades-tracção. Cada uma delas
avança pelo planeta de modo a
obter recursos naturais que
assegurem a sobrevivência dos
seus habitantes. É neste contexto
de total desesperança que Hester
Shaw e Tom Natsworthy decidem
enfrentar a injustiça. De Christian
Rivers, a adaptação do primeiro de
quatro volumes da série de Æcção
cientíÆca criada pelo escritor
britânico Philip Reeve. No elenco,
Hugo Weaving, Hera Hilmar,
Robert Sheehan e Jihae.
O Homem das Multidões
RTP2, 23h14
Premiado no Festival de Cinema
Luso-Brasileiro de Santa Maria da
Feira (Prémio do Júri para melhor
actor: Paulo André), um drama
assinado pelos cineastas Cao
Guimarães e Marcelo Gomes. Na
cidade de Belo Horizonte, no
estado brasileiro de Minas Gerais,
Juvenal (Paulo André) é um
maquinista e Margô (Sílvia
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00
Magalhães - 500 Anos da
Circum-Navegação 13.00 Jornal da
Tarde 14.20 Magalhães - 500 Anos da
Circum-Navegação 17.30 Portugal em
Directo 19.10 O Preço Certo 19.59
Telejornal 21.00 Eu, Cidadão 21.34
Joker 22.27 O Nosso Cônsul em
Havana 23.22 Depois, Vai-se a Ver e
nada: Teresa Paiva 0.42 O Sexto
Sentido 2.33 Aqui tão Longe 3.13
Televendas 5.45 A3.30
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.52 Prontos para
Tudo 11.21 A Idade do Ferro 12.17
Madiba 13.06 Drama Total Apresenta a
Corrida Ri-Don-Cula 13.31 Boss Baby
13.53 Folha de Sala 14.00 Sociedade
Civil: Mobilidade nas Estradas 15.03 A
Fé dos Homens 15.39 Esec-Tv 16.08
Aurora Polar - O Céu em Chamas 17.03
Espaço Zig Zag 20.58 Rapazes do
Nada 21.30 Jornal 2 22.04 Folha de
Sala 22.12 Lei e Corrupção 23.14 O
Homem das Multidões 0.54 Ocupados
1.41 Sociedade Civil 2.45 Euronews
5.05 Bem-vindos a Beirais 5.49 Os
Nossos Dias
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.15 Linha
Aberta 15.15 Amor Maior 16.15 Júlia
18.15 Avenida Brasil 19.10 Prémio de
Sonho 19.57 Jornal da Noite 21.35
Nazaré 22.20 Golpe de Sorte 23.00
Alma e Coração 23.50 A Dona do
Pedaço 0.45 Linha Aberta 1.45
Cavaleiros de Água Doce 3.30 Turno
da Noite 4.15 Televendas
TVI
6.30 Diário da Manhã 10.14 Você na TV!
13.00 Jornal da Uma 14.42 Belmonte
16.15 A Tarde É Sua 19.14 O Resto É
Conversa 19.57 Jornal das 8 21.35 Na
Corda Bamba 22.32 Prisioneira 23.34
Mar de Paixão 5.00 TV Shop 0.56 1000
à hora 2.36 Meu Amor 3.31 Remédio
Santo 4.26 Saber Amar
TVC1
10.20 A Gaivota 12.05 Pássaros
Amarelos 13.45 The Commuter - O
Os mais vistos da TV
Quarta, 18 de Setembro
Golpe de Sorte
% Aud. Share
SIC 14,0
Nazaré SIC 13,6
Jornal da Noite SIC 12,0
Telejornal RTP1 9,1
Alma e Coração SIC 8,7
FONTE: CAEM
Passageiro 15.35 Venom (2018) 17.35
Ferdinando (v.o.) 19.30 O Espião Que
Me Tramou 21.30 Engenhos Mortíferos
23.40 Papillon 2.00 Do Jeito Que Elas
Querem 3.50 Covil de Ladrões
FOX MOVIES
10.27 Caminho de Fogo 12.06 Ninja, o
Imbatível 13.41 Um Ninja Americano
15.04 As Aventuras de Jack Burton nas
Garras do Mandarim 16.35
Desaparecido em Combate III 18.11 O
Código do Silêncio 19.46 A Face da
Morte 21.15 Ninja Americano 4 22.50
Comando 0.14 O Código do Silêncio
1.49 Invasão EUA 3.29 O Exterminador
da Noite
CANAL HOLLYWOOD
10.05 O Jovem Prodígio T.S. Spivet
11.55 Cinderella Man 14.25 Uma Vida
ao Teu Lado 16.35 Van Wilder 3: Os
Primeiros Anos 18.20 Pathfinder - O
Guerreiro do Novo Mundo 20.00 As
Viagens de Gulliver 21.30 Por Aqui e
por Ali 23.20 Dois Tiros 1.05 Java Heat -
Alta Tensão 2.50 Munique 5.30
Encostada às Cordas
AXN
13.13 Mentes Criminosas 13.59 The
Departed - Entre Inimigos 16.30
Chicago Fire 18.10 Castle 19.50
Investigação Criminal 21.30 Ocean’s
Thirteen 23.36 Agentes de Reserva
1.34 Resident Evil: Apocalipse 3.08
Investigação Criminal 3.49 Candice
Renoir 5.41 Perigosa Perseguição
AXN BLACK
14.10 Final Fantasy (v.o.) 15.54 Os Reis
da Rua 17.41 Predestinado 19.16
Riddick - A Ascensão 21.14 O Espião
Sou Eu 22.50 Loucos em Alabama
0.42 A Última Caminhada 2.39 O
Agente Disfarçado: Tal Pai, Tal Filho
4.24 O Negociador
AXN WHITE
13.04 O Mentalista 13.49 Sideways
15.55 Supercondríaco 17.45 O
Mentalista 19.15 A Teoria do Big Bang
21.24 Young Sheldon 22.10 Jumanji
23.52 O Grande Ano 1.30 Young
Sheldon 2.14 Timeless 4.23 Young
Sheldon 5.07 Psych - Agentes
Especiais
RTP1 12,9
29,8
RTP2 1,4
26,3 SIC 21,5
TVI
24,7
19,0 13,7
Cabo
24,3
38,0
FOX
11.20 C.S.I. 14.28 Investigação
Criminal: Los Angeles 15.59 Hawai
Força Especial 17.31 C.S.I. Miami 19.05
Investigação Criminal: Los Angeles
20.45 Hawai Força Especial 22.30
Corrida Mortal (2008) 0.32 Pronto a
Matar 2.20 Investigação Criminal: Los
Angeles 3.48 C.S.I. Miami
FOX LIFE
11.21 Lei & Ordem: Unidade Especial
12.51 New Amsterdam 14.23 Moonlight
in Vermont 15.52 Lies Gone Viral 17.22
The Perfect Catch 18.58 Lei & Ordem:
Unidade Especial 20.36 New
Amsterdam 22.20 StreetDance 2 0.00
Recipe for Love 1.38 Lei & Ordem:
Unidade Especial 3.01 New Amsterdam
DISNEY
15.00 A Irmã do Meio 15.48 A Raven
Voltou 16.35 Mickey Mouse - Edição
Especial 16.50 A Lei de Milo Murphy 1
17.15 Star contra as Forças do Mal
18.05 Phineas e Ferb 18.38 Os Green
na Cidade Grande 19.24 Gravity Falls
20.08 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug 20.30 A Lei de Milo Murphy
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15
Desmontar a História 21.00 Pesca
Radical 22.55 Os Últimos Habitantes
do Alasca 0.40 Pesca Radical 2.15
Desmontando o Cosmos 3.00
Segredos do Universo com Morgan
Freeman 4.30 Negócio Fechado
HISTÓRIA
17.36 II Guerra Mundial, Momentos
Chave 18.27 Os Animais na II Guerra
Mundial 20.09 O Preço da História
4.27 Como a Cerveja Mudou o Mundo
ODISSEIA
17.41 Cuba, Paraíso em Risco 18.33
Festas Ancestrais 19.24 O Veterinário
de Yorkshire 20.09 Clima Extremo Viral
20.52 Aviões de Combate 21.37
Grandes Mentiras da História 22.30 Os
Feitos Mais Estranhos das Guerras
Mundiais 23.15 Aviões de Combate
23.59 Grandes Mentiras da História
0.52 Os Feitos Mais Estranhos das
Guerras Mundiais 1.37 Aviões de
Combate 2.21 Clima Extremo Viral
Lourenço), uma controladora de
tráfego. Mas ambos têm em
comum a solidão com que lidam
de distintas maneiras. Enquanto
Juvenal se embrenha pela
multidão, Margô investe nas redes
sociais. Até ao dia em que as suas
solidões se cruzam.
O Sexto Sentido
RTP1, 0h45
Um surpreendente thriller de M.
Night Shyamalan, com o espantoso
Haley Joel Osment no papel de um
rapazinho com um segredo
assustador: ele vê mortos. A
tratá-lo, o psicólogo Malcolm
Crowe (Bruce Willis), ele próprio
com sérios problemas. Tendo
conquistado a crítica e o público, o
Ælme foi nomeado para seis
Óscares, incluindo melhores Ælme,
realizador e actor secundário.
DOCUMENTÁRIOS
A Magia dos Oceanos
TVC2, 13h45
Um documentário sobre a vida nos
oceanos, através da jornada de
uma tartaruga pelos mares,
ilustrada com espectaculares
imagens subaquáticas de locais
como a Grande Barreira de Coral,
na Austrália, ou a ilha de Roca
Partida, no México.
Lembro Mais dos Corvos
TVC2, 17h10
Grande Prémio da Cidade no
IndieLisboa, um retrato que, sob o
manto de uma aparente
simplicidade, revela uma mulher
para a qual o cinema se tornou
espelho. Um dia na vida da actriz
trans Júlia Katharine, em que os
recantos da encenação se vão,
discretamente, enunciando. De
Gustavo Vinagre.
MAGAZINE
Sociedade Civil: Mobilidade
nas Estradas
RTP2, 14h
Nos primeiros seis meses do ano,
morreram 257 pessoas nas
estradas portuguesas em acidentes
dos quais resultaram ainda muitos
feridos, alguns dos quais com
sequelas para a vida. Um
programa, moderado por Luís de
Castro, que reÇecte sobre as
medidas para prevenir este cenário
negro, com a ajuda do secretário
de Estado adjunto e da Mobilidade,
José Gomes Mendes; a
vice-presidente da Autoridade
Nacional de Segurança Rodoviária,
Ana Tomaz; e o chefe da Divisão de
Trânsito e Segurança Rodoviária
da GNR, o tenente-coronel Paulo
Gomes.
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 47

JOGOS

CRUZADAS 10.742 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1. Boquiaberto. Também VERTICAIS: 1. Antiga moeda de bronze
não. 2. Que depende da forma como do valor de 4 centavos. Comunidade dos
correr o ano. Tem medo de. 3. Modo de Países de Língua Portuguesa. 2. Toma
dizer. Sarraceno. 4. Arremessa. Muito notas. Emancipado. 3. Pessoa pertencen- Viana do Bragança
avançado em idade. 5. Igreja episcopal te à raça oriunda de Sem, filho de Noé. Castelo 14º 27º
de uma diocese. 6. Agrupa. Lição. 7. Habitação de madeira das regiões flores- 15º 21º
Braga
Antiga armadura para a cabeça. Ruído. 8. tais da Rússia, generalizada entre os po-
14º 25º Vila Real
Canino. República Dominicana (domínio vos do Norte da Europa e da Ásia. 4.
de Internet). 9. Indício, peugada. Cálcio Terceira nota musical. Humidade atmos- 15º Porto 14º 27º
(s.q.). Sufixo Internet (Holanda). 10. férica da noite. 5. Esparrela. 6. Faço doa- 16º 20º
Animal carnívoro, selvagem, da família ção de. Galho. Crómio (s.q.). 7. Baga da
dos canídeos. Veículo automóvel pesado, videira. Tomba. 8. Tira de couro a que o Viseu
13º 24º Guarda
para transporte de grandes cargas. 11. cão vai preso. Mulher nobre. 9. 0,5-1m Aveiro
Redução de para. Lacaio. Neologismo (abrev.). Costume. Idem 14º 23º
16º 22º Penhas
(abrev.). 10. Preposição que indica lugar.
Círculo luminoso que se observa às vezes Douradas
no disco do Sol e dos planetas. Partícula Coimbra 12º 20º
de negação. 11. Receio. Espaçoso. 15º 25º
Castelo
Branco
Depois do problema resolvido encontre
Leiria 15º 28º
o provérbio nele inscrito (6 palavras).
16º 24º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 16º 27º
15º 26º
HORIZONTAIS: 1. Cita. Amante. 2. Edace. Atlas. 3. Relembra. Sc. 4. Emir. Atraca. 5.
Maple. Rol. 6. Aa. Rad. ED. 7. UM. SEGREDO. 8. Aliás. Erre. 9. Sarcasmo. PE. 10. Redra. Lisboa
Com. 11. Avaro. Recru. 17º 24º
VERTICAIS: 1. Cereja. Asma. 2. Idem. Aula. 3. Talim. Mirra. 4. Acerar. Ácer. 5. EM.
PASSADO. 6. Balde. Sr. 7. Marte. Gemar. 8. Atar. Erro. 9. Nl. Arder. CC. 10. Tasco. Depor. Setúbal
11. Escalão. Emu. 15º 24º Évora
TÍTULO DO FILME: Um Passado em Segredo. 13º 28º
AMANHÃ

18º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 16º 23º
14º 28º

Dador: Oeste Considere o seguinte leilão: Problema 0,5-1m

Vul: Ninguém Oeste Norte Este Sul
1ƅ passo 1Ɔ 9258 Sagres
passo 1Ƅ passo ? Dificuldade: Faro
16º 24º
NORTE 19º 26º
Ƅ 532 O que marcar depois da segunda voz
Fácil
21º
Ɔ J5432 do abridor? Uma voz forcing ou não? 0,5m
Ƈ 65 ƄAQ108 ƆA10732 Ƈ9ƅQ32
ƅ AK4 Açores
Resposta: Marque quatro ouros. Um Corvo
salto absurdo num novo naipe: Splinter! Graciosa
Terceira
OESTE ESTE Este conceito traduz-se por um apoio Solução do Flores
Ƅ4 S. Jorge 19º 24º
Ƅ 986 ao nível de partida no último naipe problema 9256 18º 25º
Ɔ 986 Ɔ KQ107 anunciado, ao mesmo tempo que expli-
23º
Ƈ AKQJ108 Ƈ 92 ca ter um curto no naipe marcado. Por 24º Pico
ƅ Q53 ƅ J1076 outras palavras, apoio de quatro cartas 1-2,5m
Faial
a espadas, força suficiente para jogar
partida e um singleton a ouros. 20º 25º
1,5-3m S. Miguel
SUL 19º 25º
Ƅ AKQJ107 Ponta
ƆA 23º Delgada
Ƈ 743 1-2m
ƅ 982 Madeira Sta Maria

Porto Santo
Problema
21º 26º
9259 23º
Oeste Norte Este Sul
1Ƈ passo 1Ɔ 1Ƅ Dificuldade:
2Ƈ 2Ƅ passo 4Ƅ Muito Difícil Funchal
1m
Todos passam 0,5-1m 21º 27º
24º

Leilão: Equipas ou partida livre.

Sol Lua Minguante
Carteio: Saída: AƇ. Oeste segue com o Nascente 07h22
Rei e a Dama de ouros, Este assiste com Poente 19h37 22 Set. 03h41
o 9 e 2, sugerindo um doubleton. O que Solução do
fazer agora? problema 9257

Solução: O leilão e as primeiras vazas

Marés
não deixam dúvidas quanto à distribui- Leixões Cascais Faro
ção do naipe de ouros: Este tem apenas
duas e vai poder recortar o morto.
Preia-mar 07h08 2,9 06h43 3,0 06h48 2,9
Para contornar esta situação só há uma
19h31 2,9 19h06 2,9 19h10 2,8
solução: baldar um pau nesta vaza —
perdente sobre perdente. Baixa-mar 13h16 1,1 12h48 1,3 12h42 1,1
Poderá ganhar, se os trunfos estiverem
2-2, ou se Este tiver pelo menos quatro 01h37 1,2 01h08* 1,3 01h02* 1,2
cartas a paus — desse modo poderá cor- João Fanha/Pedro Morbey
(bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
tar um pau no morto!
48 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
DESPORTO
Pedro Mendes, uma boa e má notícia
para o Sporting em Eindhoven
“Leões” derrotados pelo PSV por 3-2 na
Liga Europa. Jovem avançado dos sub-23
marcou um minuto depois de entrar.
Leonel Pontes continua sem vencer
PSV 3
Malen 20’, Coates (p.b.) 25’, Baumgartl
48’
Sporting 2
Bruno Fernandes 38’ (g.p.), Pedro
Mendes 82’
Jogo no Estádio Philips, em Eindhoven.
Assistência Não disponível.
PSV Eindhoven Zoet, Dumfries,
Baumgartl, Viergever, Boscagli,
Hendrix, Rosario a12’, Ihattaren
(Gakpo, 64’), Bergwijn, Malen (Sadílek,
84’) e Bruma (Doan, 78’). Treinador
Mark van Bommel.
Sporting Renan, Rosier, Coates, Luís
Neto a85’, Acuña a45’, Miguel Luís
(Pedro Mendes, 81’), Doumbia a31’,
Wendel (Rafael Camacho, 90’), Bruno
Fernandes a53’, Vietto (Jovane Cabral,
65’ a90’) e Bolasie. Treinador Leonel
Pontes.
Árbitro Ivan Kružliak (Eslováquia)
Positivo/Negativo
Ihattaren
Tem apenas 17 anos e foi
ele o principal condutor do
ataque do PSV Eindhoven,
tendo estado presente em
todos os golos da equipa
holandesa.
Pedro Mendes
Grande golo após 73
segundos em campo e uma
das poucas boas notícias
do Sporting em Eindhoven.
O problema é que ninguém
se lembrou de o inscrever
para a Liga portuguesa e os
goleadores não abundam
nesta equipa do Sporting…
Centrais do Sporting
Quando uma equipa sofre
muitos golos, o problema
não é apenas dos defesas,
mas, em Eindhoven, os
centrais contribuíram para
a derrota.
Crónica de jogo
Marco Vaza
A denominada “chicotada psicológi-
ca” continua sem ter o seu efeito no
Sporting, que continua sem vencer
desde que Leonel Pontes substituiu
Marcel Keizer. Ao segundo jogo com
o seu novo treinador, os “leões”
foram derrotados, em Eindhoven,
por 3-2 pelo PSV, na primeira jornada
do Grupo D da Liga Europa. Mais uma
vez, os “leões” mostraram grandes
debilidades defensivas e falta de
poder de fogo no ataque. A única boa
notícia (e que também é uma má notí-
cia) para o Sporting em terras holan-
desas foi a “descoberta” de um jovem
avançado que só precisou de um
minuto para marcar.
Tal como tinha feito no Bessa, há
poucos dias, Leonel Pontes voltou a
mudar bastante a equipa, recuperan-
do um perÆl táctico preferido do seu
antigo chefe de equipa no Sporting
— Pontes foi adjunto de Paulo Bento,
que gostava muito do 4x4x2 losango.
Para o seu segundo jogo, Pontes tam-
bém mudou alguns nomes, recupe-
rando Coates para a defesa, juntando-
-o a Neto, e iniciando Acuña no lado
esquerdo. No meio-campo, a novida-
de foi Miguel Luís, que ainda não
tinha tido qualquer minuto esta épo-
ca (e isso percebeu-se com o decorrer
do jogo), emparelhando Vietto e Bola-
sie no ataque.
O Sporting até pareceu razoavel-
mente tranquilo nos primeiros minu-
tos, com um domínio das operações
no meio-campo e até com alguma
intenção de rematar com frequência.
Mas defender uma equipa que joga
em transição rápida é coisa que Pon-
tes ainda não ensinou o “leão” a fazer.
Aos 19’, uma perda de bola de Bolasie
deixou Mohammed Ihattaren, um
jovem de apenas 17 anos, com espaço
para fazer um passe em profundidade
que conectou com Donyell Malen. O
avançado holandês dominou bem e,
perante a fraca oposição de Luís Neto
(e com Coates longe), rematou cruza-
do para o fundo da baliza de Renan.
Era um início de jogo nada auspi- Ainda assim, o Sporting levantou
cioso para o Sporting e ainda piorou. um bocadinho a cabeça antes do REACÇÃO
Aos 25’, Bruma (ex-Sporting) foi soli- intervalo. Acuña, um dos melhores
citado no Çanco por Ihattaren, fez o
cruzamento e, antes de lá chegar
da equipa, fez o passe para Bolasie e
o congolês foi derrubado na área por
“O que fez a diferença foi a
alguém do PSV, Coates antecipou-se Jorrit Hendrix. Da marca dos 11 eficácia: não conseguimos
e meteu a bola na própria baliza —
mais um jogo desastrado para o cen-
metros, Bruno Fernandes deixou o
jogo em 2-1, aos 39’.
marcar nas oportunidades
tral uruguaio, depois do seu hat trick Mas o impacto deste golo acabou que criámos, o adversário
de penáltis frente ao Rio Ave. por ser mínimo. Dois minutos de teve algumas e marcou. A
segunda parte e o PSV voltava a apro-
veitar a sonolência defensiva dos
equipa reagiu ao 1-3,
CLASSIFICAÇÕES “leões”. Canto de Ihattaren e a bola procurou o 2-3 e teve
GRUPO D
foi ter direitinha com o central
Baumgartl, que marcou o 3-1.
ocasiões para fazer o 3-3.
Jornada 1 O Sporting até reagiu bem ao ter- Não conseguimos ganhar,
LASK-Rosenborg
PSV-Sporting
1-0
3-2
ceiro golo sofrido e pode dizer-se que
teve algumas boas situações para
mas deixámos uma
J V E D G P reduzir, todas sem sucesso. Pontes já imagem do que podemos
PSV
LASK
1
1
1 0 0
1 0 0
3-2
1-0
3
3
tinha lançado Jovane Cabral aos 64’, fazer no futuro. Temos de
Rosenborg
Sporting
1
1
0 0 1
0 0 1
0-1
2-3
0
0
com bons efeitos, e, aos 81’, deu mais
uma injecção de juventude na equipa,
melhorar defensivamente”
com a entrada de Pedro Mendes,
Próxima jornada (3 Outubro)
avançado goleador dos sub-23 que Leonel Pontes
Sporting-LASK e Rosenborg-PSV
não foi inscrito para jogar na Liga por- Sporting
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 49

a
Coates Quando estou em m
acabou por
fazer
campo tento terr a
autogolo or
visão do jogo por
no lance
que
completo
resultou
no 2-0 para Bruno Fernandes
o PSV Sporting

PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS

Valeu o “bis” de Soares para

afogar a mágoa da Champions
FC Porto
Soares 8’ e 29’
Young Boys
Nsamé 15’ (g.p.)
Estádio do Dragão, no Porto.
FC Porto Marchesín, Corona, Pepe,
Marcano a52’, Alex Telles, Otávio
a90’, Uribe, Danilo, Luis Díaz
(Romário Baró, 66’), Marega (Manafá,
70’), Soares (Fábio Silva, 81’).
Treinador Sérgio Conceição.
Young Boys Von Ballmoos, Bürgy a9’,
Sorensen, Zesiger, Janko, Sierro
(Aebischer, 69’), Lustenberger,
García, Fassnacht (Gaudino, 73’),
Assalé, Nsamé (Hoarau, 60’).
Treinador Gerardo Seoane.
Árbitro Andris Treimanis (Letónia)
Positivo/Negativo
Soares
Voltou a ser titular depois
tuguesa, mas que pode jogar na Liga do jogo de Barcelos e
Europa. Um minuto depois, o jovem marcou o primeiro golo da
ponta-de-lança recebeu a bola à época. Repetiu a proeza
entrada da área e de costas para a pouco depois, voltando a
baliza, rodou na direcção certa e ati- colocar o FC Porto em
rou a contar. Um golo em 73 segundos vantagem. Podia ter ido
para o rapaz que nasceu em Guima- ainda mais longe, mas
rães. Mas a retoma “leonina” Æcou acabou por ser o homem
por aqui. da noite.
Para o Sporting, segue-se agora
uma recepção ao líder do campeona- Assalé
to, o Famalicão, sem poder contar Demasiado rápido para a
com esta injecção de juventude e von- dupla de centrais do FC
tade de agradar. Tudo porque os Porto, alimentou a
“leões” contrataram três extremos no esperança de um resultado
último dia de mercado, o mesmo dia diferente para os suíços.
em que vendeu um ponta de lança
com quase 100 golos marcados nas Fábio Silva
últimas três temporadas. E não teve Estreia como mais jovem
espaço para Pedro Mendes. Quem o portista na Europa.
quiser ver pode ligar-se aos jogos dos
sub-23 do Sporting ou esperar pelo Marega
próximo jogo da Liga Europa. Faltou discernimento para
ajudar a evitar final tremido.
mvaza@publico.pt
2 Augusto Bernardino
O FC Porto entrou a vencer na Liga
Europa, com um bis determinante
1 Rangers-Feyenoord
de Soares, ainda que insuficiente
para disfarçar uma intermitência
que só pode ser explicada pelas “sau-
dades” dos dias de Champions. As
marcas da vitória difícil ante o Porti-
monense, na Liga, também foram
perceptíveis, numa equipa que nun-
ca chegou a afirmar-se como verda-
deira dona do jogo. Pelo contrário.
O FC Porto cumpriu (2-1), mas per-
mitiu que o Young Boys mostrasse a
sua melhor faceta, arriscando a
transformação de um conjunto
estruturado para defender e que aca-
bou a tentar a sorte na Invicta.
Os suíços não o conseguiram por-
que Soares tratou de justificar rapi-
damente a titularidade, marcando
num bom lance do ataque portista,
com Otávio a criar o momento e
Tiquinho a tabelar com Díaz e a fina-
lizar (8’). Apesar de ligeiramente
adiantado, o brasileiro agradeceu a
ausência de VAR, com o FC Porto a
sair na frente e a deixar a ideia de que
poderia contornar sem problemas a
muralha suíça.
Mas para o treinador do Young
Boys era demasiado cedo para aban-
donar o sistema de nove unidades
atrás da linha da bola (com três cen-
trais e dois laterais, mais quatro ele-
mentos a fecharem todos os espaços).
E, mesmo em desvantagem, manteve
o bloco intacto, accionando apenas
a velocidade de Jean-Pierre Assalé,
preciosa muleta do camaronês Nsa-
mé, com quem formou uma dupla
temível, para logo começar a criar
problemas a Pepe e Marcano.
Aliás, o golo dos helvéticos surgiu
na sequência de um raide de Assalé,
que bateu Pepe e trocou as voltas ao
central espanhol, obrigando Marche-
sín a mergulhar-lhe aos pés. Mais
uma vez, o VAR não estava presente
para dissecar o lance em que o costa-
marfinês força o contacto e Nsamé
assinou o empate.
Ao FC Porto competia partir de
CLASSIFICAÇÃO novo em busca do golo, o que esteve
na iminência de acontecer num cabe-
GRUPO G ceamento de Danilo, ao poste. O
Jornada 1 internacional português já tinha tes-
1-0
FC Porto-Young Boys 2-1 tado a atenção de Ballmoos, num
remate de meia-distância, e haveria
J V E D G P ainda de obrigar o guarda-redes a
FC Porto 1 1 0 0 2-1 3
intervenção instintiva. Contudo, Ball-
Rangers 1 1 0 0 1-0 3
Young Boys 1 0 0 1 1-2 0 moos nada poderia fazer para evitar
Young Boys 1 0 0 1 0-1 0 o segundo golo de Soares, embrulha-
Próxima jornada (3 Outubro) do por Luis Díaz e Corona num gran-
Young Boys-Rangers e Feyenoord-FC Porto de jogada colectiva.
Apesar de reposta a vantagem, os
“dragões” nunca puderam descan-
sar. Assalé e Nsamé continuavam a
REACÇÕES agitar o fantasma de Portimão, obri-
gando os portistas, com evidentes
“Entrámos bem contra uma sinais de desgaste, a redobrarem cau-
telas. Com Nakajima no banco, Sérgio
equipa que ainda não tinha Conceição não repetiu a aposta do
perdido esta época e que Algarve, investindo numa maior con-
tenção, ao lançar Romário Baró para
usa um futebol directo” o lugar de Díaz. Depois, abdicou ain-
Sérgio Conceição da de Marega e Soares, já sem o ímpe-
FC Porto to necessário para aproveitarem o
balanceamento do Young Boys.
“Fizemos por merecer a Os suíços dispuseram, inclusive,
de soberana oportunidade para igua-
vitória ante uma equipa lar a 20 minutos dos 90, mas García
fisicamente forte” não foi capaz de bater Marchesín.
Soares
FC Porto augusto.bernardino@publico.pt
JOSÉ COELHO/LUSA
Soares foi decisivo no regresso à titularidade
50 • Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019
DESPORTO
Fomos competentes,
defensiva e ofensivamente.
Os jogadores já mereciam
mais sorte em termos
de resultados
Sá Pinto
Treinador do Sp. Braga
Sp. Braga venceu mas demorou
a explorar a “mina”
Diogo Cardoso Oliveira
Ricardo Horta desmontou
o nulo, fazendo o seu
quarto golo na Liga Europa,
depois dos três marcados
ao Spartak no play-off
O Sp. Braga da Liga portuguesa está a
fazer o pior arranque da “era António
Salvador”, mas o Sp. Braga europeu
continua a derrubar adversários teo-
ricamente mais fortes. Depois do
Spartak Moscovo, os minhotos ven-
ceram o Wolverhampton, ontem, em
Inglaterra, fruto de um golo solitário
de Ricardo Horta.
Reza a história que, um dia, Jorge
Jesus, no Belenenses, atirou uma gar-
rafa de água ao seu lateral Cândido
Costa, ao mesmo tempo que gritava
“está ali a mina, Cândido!”. A “mina”
era o jogador adversário mais limita-
do, a explorar pelo Belenenses.
Ontem, o Sp. Braga precisou que
Sá Pinto tivesse um pouco mais de
Jorge Jesus e apontasse, mais cedo,
qual era a “mina” — o trio de centrais
dos “wolves”, Coady, Bennett e Boly,
sobretudo os dois últimos, cujas diÆ#
culdades técnicas resultam, semana
após semana, em calafrios (no míni-
mo) para Nuno Espírito Santo.
Ontem, pouca pressão minhota e
um bloco muito baixo redundaram
em 70 minutos tranquilos para os
erráticos centrais. A primeira parte
teve uns redondos zero remates às
balizas, num primeiro tempo morno,
no qual o Sp. Braga jogou retraído,
sabendo da predilecção do Wolver-
hampton pela exploração da profun-
didade.
Como habitualmente, a equipa de
Sá Pinto conseguiu chegar perto da
área adversária quando explorou os
corredores: Galeno criou perigo logo
no primeiro minuto e repetiu aos 31’:
deixou Rúben Neves “a pé” e entrou
na área, onde acabou por cair. Protes-
tos do brasileiro e fúria de Sá Pinto,
mas o jogador parece ter tentado
“sacar” a falta. Ter-se-á livrado do
te.
m
ANDREW BOYERS/REUTERS
Ricardo Esgaio tenta ultrapassar um adversário
amarelo por simulação. Os “wolves”
Wolverhampton 0 também pouco incomodaram, apesar
de duas boas oportunidades desper-
diçadas por Cutrone, aos 22’ e 43’.
Sp. Braga 1 A segunda parte teve dez minutos
Ricardo Horta 71’
de “wolves” mais enérgicos, sobretu-
Jogo no Estádio Moulineux, do porque Jiménez, sem espaço para
em Wolverhampton. a profundidade, começou a pedir
mais em apoio, dando soluções entre
Wolverhampton Rui Patrício, Bennett,
Coady, Boly a90’, Doherty (Adama
linhas perto da área minhota. Houve
Traoré, 81’), Dendoncker (Diogo Jota, perigo aos 51’, com remate de Den-
76’), Neves, Gibbs-White (João doncker para defesa de Matheus, mas
Moutinho, 67’), Jonny, Cutrone, Jiménez. o jogo rapidamente voltou à toada
Treinador Nuno Espírito Santo.
calma, com Palhinha (bom jogo) a
Sp. Braga Matheus a78’, Esgaio, Bruno “secar” as tentativas inglesas.
Viana, Pablo, Sequeira a70’, Palhinha, Eis que, aos 71’, o Sp. Braga explo-
Fransérgio, A. Horta (João Novais, 86’), rou, Ænalmente, a “mina”. Galeno,
R. Horta (Murilo, 88’ a90’), Galeno aparentemente adormecido após o
(Trincão, 84’), Paulinhoa90’. Treinador
Sá Pinto. intervalo, pressionou Bennett e recu-
perou uma bola que lhe permitiu
Árbitro Jakob Kehlet (Holanda) conduzir pela linha e servir o “senhor
Liga Europa”. Ricardo Horta Ænalizou
ao segundo poste, fazendo o quarto
golo na prova, depois dos três marca-
CLASSIFICAÇÃO dos ao Spartak no play-oè.
GRUPO K Os minutos Ænais foram de “sufo-
Jornada 1
co” para os bracarenses, com opor-
Wolverhampton-Sp. Braga 0-1 tunidades de golo para Rúben Neves
Slovan Bratislava-Besiktas 4-2 (90+2’), e Jiménez (90+3’ e 90+7’).
J V E D G P O Sp. Braga resistiu e, apesar de ter
Sp. Braga 1 1 0 0 1-0 3
Slovan Bratislava 1 1 0 0 4-2 3
demorado a explorar a “mina”, saiu
Besiktas 1 0 0 1 2-4 0 de Inglaterra com a garantia de que,
Wolverhampton 1 0 0 1 0-1 0 nesta época, é bom para “consumo
Próxima jornada(3 de Outubro) europeu”.
Besiktas-Wolverhampton e Sp. Braga-Slovan
Bratislava
diogo.oliveira@publico.pt
Duplo erro dita derrota
do Vitória em Liège
Nuno Sousa
Poderia ter sido diferente o resulta-
do, mas dois erros individuais acaba-
ram por contribuir para a derrota do
V. Guimarães na Bélgica. Na 1.ª jorna-
da do Grupo F da Liga Europa, o
Standard Liège foi mais eÆcaz na Æna-
lização nos momentos decisivos e
desfez na segunda parte o equilíbrio
que se registou na primeira (2-0).
No Estádio Maurice-Dufrasme, Ivo
Vieira apresentou uma equipa cujos
equilíbrios defensivos assentavam
nas acções de Poha e Mikel Agu e que
tinha no brasileiro Lucas Evangelista
o jóquer de serviço. O criativo tanto
funcionava como terceiro médio
como ensaiava aproximações a Léo
Bonatini, procurando também com
a qualidade e o critério do seu passe
as incursões à largura de Rochinha
(direita) e Davidson (esquerda).
Do lado contrário, o Standard
(actual líder da Liga belga, mas com
mais um jogo que o Club Brugge) dis-
punha-se num 4x3x3 que, em orga-
nização ofensiva, dependia muito da
fantasia de Mehdi Carcela e da capa-
cidade física de Limbombe para cria-
rem espaço para Emond. Um triden-
te que os portugueses conseguiram
manietar com eÆcácia ao longo do
primeiro tempo.
Depois de 45 minutos jogados
maioritariamente longe das balizas,
a segunda parte mudou de tom. O
Vitória começou por ameaçar pri-
meiro, com uma dupla tentativa
(Poha e Davidson na recarga) a ser
travada pelo guarda-redes Milinko-
vic-Savic, mas seria o Standard a che-
gar ao golo. Aos 65’, o lateral Vojvoda
arrancou um cruzamento para a área
vitoriana e Florent, ao tentar o corte,
desviou para o fundo da baliza.
A reacção minhota demorou cerca
de dez minutos, durante os quais
Bastien esteve perto do 2-0, e só não
deu frutos porque Bruno Duarte (ren-
deu Bonatini) viu o remate ser des-
viado já na área belga após um livre
indirecto. Logo a seguir, foi Tapsoba
a Æcar perto do empate num cabecea-
Standard Liège 2
Florent 65’ (p.b.), M’Poku 90’
V. Guimarães 0
Estádio Maurice Dufrasne, em Liège.
Standard Liège Milinkovic-Savic,
Vojvoda a75’, Bokadi, Laifis, Gavory,
Bastien, Mpoku, Cimirot, Limbombe
(Vanheusden, 81’), Carcela a61’
(Boljevic, 85’), Emond (Avenatti, 68’).
Treinador Michel Preud’homme.
V. Guimarães Miguel Silva, Sacko,
Tapsoba, Bondarenko a38’, Florent,
Mikel Agu a65’ (Pepe, 70’), Poha,
Lucas Evangelista (André Pereira, 77’),
Rochinha, Léo Bonatini (Bruno Duarte,
57’), Davidson. Treinador Ivo Vieira.
Árbitro Sergei Ivanov (Rússia)
CLASSIFICAÇÃO
GRUPO F
Jornada 1
E. Frankfurt-Arsenal 0-3
Standard Liège-V. Guimarães 2-0
J V E D G P
Arsenal 1 1 0 0 3-0 3
St. Liège 1 1 0 0 2-0 3
V. Guimarães 1 0 0 1 0-2 0
E. Frankfurt 1 0 0 1 0-3 0
Próxima jornada (3 de Outubro)
Arsenal-St. Liège e V. Guimarães E. Frankfurt
mento que Milinkovic-Savic contra-
riou com uma enorme defesa.
O central burquinês estaria ligado
a um golo, de resto, mas na baliza do
Vitória, devido a uma má abordagem
a um lance aéreo que permitiu ao
médio congolês M’Poku isolar-se
perante Miguel Silva e resolver o
encontro, aos 90’. Um golpe dema-
siado duro para a prestação compe-
tente de um Vitória que terá, na pró-
xima jornada, uma missão bem mais
espinhosa, em Guimarães.
nsousa@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019 • 51

DESPORTO

All Blacks contra CLASSIFICAÇÃO

os suspeitos do costume
I LIGA
Jornada 6
Paços de Ferreira-Desp. Aves hoje, 20h30
Belenenses SAD-Rio Ave amanhã-18h
Moreirense-Benfica amanhã, 20h30

Breves Gil Vicente-Boavista

V. Setúbal-Portimonense
Tondela-V. Guimarães
domingo, 15h30
domingo, 18h
domingo, 18h
FC Porto-Santa Clara domingo, 20h30
Sp. Braga-Marítimo 2.ª feira, 19h
EDGAR SU/REUTERS Sporting-Famalicão 2.ª feira, 21h
*todo sos jogos transmitidos na SportTV
Futebol Râguebi J V E D M-S P

Portugal regressa David Andrade 1. Famalicão

2. Benfica
5 4 1 0
5 4 0 1
11-5
13-2
13
12

ao quinto lugar A Nova Zelândia é a grande

3. FC Porto
4. Boavista
5 4 0 1
5 2 3 0
13-4
6-4
12
9

no ranking da FIFA favorita a vencer o Mundial, 5. Sporting

6. Tondela
5 2 2 1
5 2 2 1
9-7
8-6
8
8

Portugal regressou ao quinto que arranca hoje no Japão. 7. Santa Clara 5 2 2 1 3-2 8
8. Rio Ave 5 2 1 2 11-9 7
lugar do ranking da FIFA, Inglaterra, África do Sul e 9. Moreirense 5 2 1 2 5-5 7
divulgado ontem pelo Irlanda tentarão evitá-lo 10. V. Guimarães 5 1 3 1 8-7 6
organismo regulador do 11. V. Setúbal 5 1 3 1 1-4 6
12. Belenenses SAD 5 1 2 2 3-4 5
futebol mundial, com a subida Em 2015, em Inglaterra, a Nova Zelân-
13. Gil Vicente 5 1 2 2 3-7 5
de uma posição após as dia fez história. Após vencer na Ænal 14. Portimonense 5 1 1 3 7-10 4
vitórias fora diante da Sérvia e disputada em Twickenham a Austrá- 15. Sp. Braga 5 1 1 3 5-9 4
Lituânia. Na anterior lia, por 34-17, os All Blacks quebraram 16. Marítimo 5 1 1 3 4-8 4
17. Desp. Aves 5 1 0 4 8-16 3
classificação, em Julho, a um tabu com quase três décadas
18. Paços de Ferreira 5 0 1 4 3-12 1
equipa das “quinas” tinha (nunca tinham conquistado a taça
Próxima jornada Boavista-Tondela,
trocado de posição com o Webb Ellis fora do seu país) e torna- Marítimo-Moreirense, Benfica-V. Setúbal,
Uruguai, mas voltou agora ao ram-se nos primeiros a defenderem Famalicão-Belenenses SAD, V. Guimarães-Paços de
quinto posto, novamente por com sucesso o título de campeão do Jogadores da selecção francesa treinam antes do início do Mundial Ferreira, Santa Clara-Gil Vicente, Portimonense-Sp.
Braga, Rio Ave-FC Porto, Desp. Aves-Sporting
troca com os sul-americanos e mundo. Quatro anos depois, os All
separados apenas por quatro Blacks continuam a serem os mais Itália, enquanto a Namíbia e o Canadá II LIGA
pontos. O ranking continua a mediáticos e a terem a melhor maté- OS QUATRO GRUPOS vão lutar entre si pela fuga à última Jornada 6
Oliveirense-FC Porto B amanhã, 11h*
ter como líder a Bélgica, mas ria-prima, mas será isso suÆciente posição. Nacional-Penafiel amanhã, 16h
a campeã mundial França para que, a 2 de Novembro, na cidade Grupo A Grupo B O “grupo da morte” ditará o afasta- Ac. Viseu-Farense amanhã, 16h
Irlanda Nova Zelândia Desp. Chaves-Sp. Covilhã amanhã, 16h
reassumiu o segundo posto, japonesa de Iocoama, consigam fes- Escócia África do Sul
mento precoce de Inglaterra, França Leixões-Benfica B domingo, 11h15*
por troca com o Brasil, e tejar um inédito “tetra”? Japão Itália ou Argentina. Após o Æasco de 2015, Cova da Piedade-Casa Pia domingo, 16h
Rússia Namíbia Mafra-Varzim domingo, 16h
também separados por Trinta e dois anos separam o pri- quando, a jogarem em casa, Æcaram Vilafranquense-Estoril domingo, 18h15
Samoa Canadá
uma pequena margem meiro Campeonato do Mundo de atrás da Austrália e País de Gales na Académica-Feirense domingo, 18h15
de seis pontos. râguebi, realizado em conjunto pela Grupo C Grupo D fase de grupos, falhando pela primei- *SportTV
Inglaterra Austrália J V E D M-S P
Nova Zelândia e a Austrália, e o Mun- França País de Gales
ra vez a presença nos “quartos”, os
dial que hoje se inicia em Tóquio, com Argentina Geórgia ingleses contrataram o competente 1. Sp. Covilhã 5 4 0 1 10-4 12
Padel o Japão-Rússia (11h45, SportTV1). Mas, EUA Fiji técnico australiano Eddie Jones e che- 2. Farense 5 4 0 1 10-5 12

Oliveira assustou a
Tonga Uruguai 3. Nacional 5 3 2 0 8-3 11
mais de três décadas depois, pouco gam ao Japão com legítimas ambições 4. Estoril 5 3 0 2 8-6 9
mudou. Apesar do aumento do núme- de lutar pelo segundo título mundial.
dupla n.º 1, Nogueira ro de selecções (eram 16 em 1987; são deverá aquecer para os favoritos a O “XV da Rosa” terá, no entanto, que
5. Penafiel
6. Desp. Chaves
5
5
3
3
0
0
2 8-6
2 6-7
9
9

derrotou Araújo 20 em 2019), o enredo da competição

continua a ser o mesmo: no início, são
partir dos quartos-de-Ænal, mas na
fase de grupos já há duelos a doer.
começar por garantir um lugar na
fase seguinte, lutando com a sempre
7. Feirense
8. Leixões
5
5
2
2
2
2
1 6-4
1 9-8
8
8
9. Mafra 5 2 1 2 6-6 7
Miguel Oliveira, ao lado do os All Blacks contra os suspeitos do Analisando os quatro grupos, o A perigosa Argentina e a imprevisível 10. Benfica B 5 2 1 2 4-8 7
espanhol Christian Fuster, costume, que se contam pelos dedos promete ser o mais aberto. Tirando a França, que está a atravessar uma 11. Ac. Viseu 5 1 3 1 3-3 6
esteve muito perto de afastar a de uma mão. Rússia, claramente a selecção menos crise de resultados e de identidade. O 12. Cova da Piedade 5 2 0 3 7-9 6
13. FC Porto B 5 1 2 2 5-6 5
dupla formada pelos dois Numa modalidade que continua qualiÆcada da prova — os russos ape- duelo de amanhã em Tóquio entre
14. Varzim 5 1 2 2 4-6 5
jogadores que repartem a a ser demasiado conservadora e nas garantiram a qualiÆcação devido argentinos e franceses (8h15, 15. Académica 5 1 1 3 5-7 4
liderança do ranking mundial, pouco aberta ao surgimento de a uma penalização imposta pela SportTV1) será decisivo na luta pelo 16. Oliveirense 5 1 1 3 4-6 4
mas, apesar do susto, os novas potências, em nove edições Rugby Europe à Roménia (falha pela apuramento. Estados Unidos e Tonga, 17. Vilafranquense 5 1 0 4 5-8 3
18. Casa Pia 5 0 1 4 3-9 1
argentinos “Sanyo” Gutiérrez e apenas 25 países disputaram o Mun- primeira vez um Mundial) e à Espa- que podem dar muito trabalho aos
Maxi Sánchez foram mais dial — Portugal conseguiu-o em 2007 nha —, qualquer dos outros países favoritos, completam o Grupo C. Próxima jornada Penafiel-Académica, FC Porto
B-Vilafranquense, Benfica B-Nacional, Casa
fortes e garantiram o acesso —, sendo que 19 já competiram na pode sonhar com um lugar nos quar- Finalmente, no Grupo D haverá Pia-Ac. Viseu, Feirense-Mafra, Sp. Covilhã-Cova
aos quartos-de-final do prova em cinco ou mais ocasiões. tos-de-Ænal. Os favoritos aos dois pri- uma batalha entre a Europa e a Oceâ- Piedade, Varzim-Desp. Chaves, Farense-Leixões,
Cascais Padel Master, um dos Este ano, no Japão, a monotonia não meiros lugares são a Irlanda e a Escó- nia. Com o Uruguai a surgir como o Estoril-Oliveirense

mais importantes torneios do
World Padel Tour (WPT), com
um triunfo por 3-6, 7-6 e 6-3.
No duelo entre as duas
melhores portuguesas, Ana
Catarina Nogueira (8.º do
WPT) e Paula Josemaría (n.º 12)
acabaram por confirmar o
favoritismo diante de Sofia
Araújo (30.ª) e Virginia Rieira
(29.ª), garantindo a passagem
aos quartos-de-final, com um
triunfo em dois sets: 6-3 e 6-1.
será quebrada. Sem nenhuma cara
nova (a Rússia, que participa pela
segunda vez, é a selecção com
menos currículo), o Mundial 2019
continuará a ter um favorito incon-
testado (Nova Zelândia) e um peque-
no grupo de outsiders — Inglaterra,
África do Sul e Irlanda surgem como
principais obstáculos para um iné-
dito tetracampeonato.
Com o sucesso organizativo garan-
tido — a uma semana do início da pro-
va já estavam vendidos 96% dos bilhe-
tes —, dentro do relvado o Mundial só
cia, mas Samoa e, principalmente, o
anÆtrião Japão prometem dar muito
trabalho aos europeus.
No Grupo B não há qualquer dúvi-
da: o apuramento será da Nova Zelân-
dia e da África do Sul. A única questão
é saber quem Æca com o primeiro
lugar, mas as incertezas deverão Æcar
esclarecidas já amanhã, quando All
Blacks e Springboks se defrontarem
no palco da Ænal (10h45, SportTV4).
O terceiro lugar, que garante automa-
ticamente a qualiÆcação para o Mun-
dial de França em 2023, deverá ser da
elo mais fraco, Austrália e País de
Gales são os favoritos aos dois primei-
ros lugares, mas terão a séria ameaça
da Geórgia e Fiji. Com Mamuka Gor-
godze de regresso, os georgianos têm
vindo, ano após ano, a ganhar consis-
tência e continuarão a ter na força do
seu “pack” o principal trunfo. Pelo
contrário, os Æjianos destacam-se
pela fantasia e, num dia de inspira- MELHORES MARCADORES
ção, podem bater o pé a australianos I Liga
ou galeses. 6 golos Pizzi (Benfica)
II Liga
4 golos Wilson (Vilafranquense), Roberto (Estoril)
david.andrade@publico.pt
Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

Assim seriam os denisovanos,

uma espécie de humanos já extinta
Evolução humana
Teresa Sofia Serafim
Pela primeira vez,
retratou-se um grupo de
humanos que se extinguiu
há 30 mil anos, os
denisovanos
Há cerca de 70 mil anos, uma jovem
denisovana vivia numa gruta do Sul
da Sibéria. Pensa-se que se adaptava
bem às elevadas altitudes e ao frio.
Mas como seria este membro de
uma espécie de humanos já extinta?
Ontem, a revista cientíÆca Cell divul-
ga a primeira reconstituição anató-
mica do esqueleto desta jovem. Para
podermos perceber melhor como
seriam esses humanos, a equipa —
que inclui cientistas de Israel e de
Espanha — também os retratou.
Desaparecidos há cerca de 30 mil
anos, os denisovanos viveram no
Norte, Leste e Sudeste da Ásia. “Não
se sabe bem qual era o seu ambien-
te, mas alguns humanos modernos
[a nossa espécie] receberam deles
fragmentos de ADN que hoje os aju-
dam a adaptar-se a altitudes eleva-
das — no caso dos tibetanos — e ao
frio — nomeadamente os inuítes”,
realça ao PÚBLICO Liran Carmel,
geneticista da Universidade Hebrai-
ca de Jerusalém e coordenador do
trabalho. “Portanto, podemos supor
que os denisovanos estavam adap-
tados a viver nessas circunstân-
cias.”
Sabia-se muito pouco sobre a ana-
tomia dos denisovanos. Até agora,
tudo o que tínhamos deles eram
dentes, uma falange e uma mandí-
bula. Os dentes e a falange foram
descobertos na gruta de Denisova
— que dá o nome a estes humanos —,
nos montes Altai, na Sibéria. Em
2010, as análises ao ADN desses
ossos reconheceram oÆcialmente os
denisovanos como uma espécie
humana. Já em Maio deste ano foi
anunciada a descoberta da parte
direita da mandíbula na gruta
Baishiya Karst. Esta foi a primeira
vez que se encontrou um fóssil de
um denisovano fora da Sibéria.
Para se reconstituir a anatomia
dos denisovanos, a equipa usou um
processo de regulação epigenética
chamado “metilação”, em que alte-
rações químicas inÇuenciam a acti-
vidade dos genes. Desta forma,
comparou-se os padrões da metila-
ção do ADN de denisovanos, nean-
dertais (outros humanos já extintos)
e humanos modernos e extraiu-se
informação anatómica a partir dos
padrões de actividade dos genes des-
ses três grupos. “Ao fazermos isto,
conseguimos prever como é que as
Retrato de uma jovem
denisovana
distintas partes do esqueleto são
afectadas pela diferente regulação
de cada gene — por exemplo, se um
fémur é maior ou mais pequeno”,
esclarece David Gokhman, também
da Universidade Hebraica de Jerusa-
lém e autor do artigo, num comuni-
cado sobre o trabalho.
Parecidos com neandertais
Antes de avançar com o resultado
Ænal — como forma de testar este
método —, a equipa também o apli-
cou a neandertais e chimpanzés,
que têm uma anatomia já conhecida.
Resultado: esta reconstituição teve
uma precisão de cerca de 85%. A
equipa sentiu-se então preparada
para fazer a primeira reconstituição
anatómica dos denisovanos. Retra-
tou-se assim uma jovem denisovana
que viveu há cerca de 70 mil anos na
gruta de Denisova. “Esta é a primei-
ra reconstituição da anatomia do
esqueleto dos denisovanos”, frisa
Liran Carmel. “Em muitas coisas os
denisovanos parecem neandertais,
em alguns traços também se pare-
cem connosco, mas em muitas
outras características são únicos.”
Ao todo, encontraram-se 56 carac-
terísticas anatómicas em que os
denisovanos diferem dos humanos
modernos ou dos neandertais e 34
delas são no crânio. Por exemplo, o
crânio dos denisovanos deveria ser
mais largo do que o dos neandertais
e dos humanos modernos. Também
teriam uma arcada dentária mais
longa, como se conÆrmou com a
mandíbula descoberta no Tibete.
“Em geral, os traços dos denisova-
nos assemelham-se mais aos dos
neandertais do que aos nossos, o
que já era expectável com base na
sua Ælogenia [pois é uma espécie
‘irmã’ dos neandertais]”, refere
Liran Carmel. Tal como os neander-
tais, teriam caras alongadas e pélvis
largas. Mesmo assim, este método
não fornece medidas corporais exac-
tas: “Podemos dizer [que os deniso-
vanos tinham] dedos maiores [do
que os dos humanos modernos],
mas não podemos dizer que eram
dois milímetros maiores”, esclarece
Liran Carmel à revista Science.
No comunicado, a equipa assinala
que este método pode agora ser usa-
do para se reconstituírem caracte-
rísticas anatómicas desconhecidas
de outros humanos. Também nos
poderá vir a dar mais informações
sobre a evolução dos hominíneos.
“Pode ensinar-nos como é que gru-
pos de humanos se adaptaram
durante a evolução, quais os genes
que deÆniram a sua morfologia e
como é que as misturas genéticas
afectaram os humanos modernos
— isto porque hoje em dia o ADN dos
denisovanos está em pessoas do
PacíÆco, da Austrália e do Leste da
Ásia”, enumera Liran Carmel. “DeÆ#
nitivamente, há muito mais a ser
descoberto sobre como os deniso-
vanos moldaram os humanos
modernos.”
Apesar de ter achado esta recons-
tituição “inteligente”, Ludovic
Orlando — arqueólogo da Universi-
dade de Copenhaga (Dinamarca) e
que não fez parte do estudo — avisa
que é preciso ter cautela com as
generalizações baseadas na recons-
tituição de um único indivíduo, assi-
nalou à Science.
teresa.serafim@publico.pt

Esta informação não dispensa a

consulta da lista oficial de prémios Lotaria popular 1 2 2 9 5 1.º Prémio
50.000€
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