Sie sind auf Seite 1von 5

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo
Departamento de Ciências Humanas
Disciplina: História do Brasil V
Docente: Claudio Monteiro
Aluna: Juliana Barbosa dos Santos Faria

GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a


trajetória de um conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, p.31-58

Resenha

Ângela de Castro Gomes é Doutora em Ciência Política pelo Instituto


Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ e Professora Titular de História
do Brasil da Universidade Federal Fluminense – UFF. Ela vem, nos últimos anos,
desenvolvendo pesquisas em duas frentes principais, que a têm ocupado ao longo de sua
carreira acadêmica. A primeira diz respeito a estudos sobre a questão do trabalho. A
segunda frente de pesquisa que ocupa a pesquisadora refere-se aos estudos que empreende
no campo da historiografia e do pensamento social brasileiro. Inserindo-se no que tem
sido chamado de história de intelectuais, seus trabalhos situam-se na fronteira da história
política com a história cultural e, agora, também com a história da educação. Eles
privilegiam as relações tecidas entre história e memória, ou melhor, entre a constituição
de uma memória nacional e uma história pátria na primeira metade do século XX.
Nesse texto autora analisa o tema “populismo”, cita autores e obras que falaram
do assunto e seus desdobramentos. Ela divide o texto em cinco partes.
No primeiro tópico a autora fala do risco que é escrever sobre o populismo,por
vários motivos ,dentre eles a “má compreensão”1. O objetivo de texto, segundo a autora,
é um trabalho historiográfico,que compreende os anos 50 até a atualidade. Procura
identificar e delinear a categoria na experiência brasileira, situando alguns
contextos,autores e textos. Um conceito que “poderia ser chamado uma cultura política
social”. E será debatido na academia por diversas vertentes. Fala do populismo na questão
política .

“ São populista os políticos que enganam o povo com promessas não cumprida,(...). É o
populismo que demonstra como o povo não sabe votar ou, ainda não aprendeu votar. (...)o
principio da classificação , que identifica a categoria na experiência brasileira acabou por ser
um critério de valor que hierarquiza e condena in totum o populismo e tudo que ele possa
adjetivar.”2

No tópico dois analisará o contexto das primeiras formulações. Cita o


“interesse dos cientistas sociais em construir análises sobre a estrutura do poder nacional”.
O IBESP, segundo Gomes, tinha o objetivo de formular interpretações para a crise
nacional em curso. E um assunto que também estava na agenda do grupo era o populismo
na política brasileira. O Ademarismo não seria identificado como clientelista, ainda que
se beneficiasse de práticas clientelísticas. Sua influencia é de ordem pessoal. A autora
descreve o populismo como sendo uma política de massas, fenômeno vinculado à
proletarização dos trabalhadores e diz que este está associado a uma certa conformação
da classe dirigente. Enfim, neste tópico ela cita onde o populismo pode está associado e
as variações histórico-sociológicas efetuada para a construção do modelo, entre outras
coisas.

“O que importa aqui destacar é a seleção de variáveis históricosociológicas efetuada para a construção
do modelo, bem como o perfil dos atores que o integram: um proletariado sem consciência de classe;
uma classe dirigente em crise de hegemonia; e um líder carismático, cujo apelo subordina instituições
(como o partido, embora com ele conviva) e transcende fronteiras sociais (de classe e entre os meios
urbano/rural).” 3

1
GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a trajetória de um
conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, p. 1
2
Idem, pag. 2
3
Idem , pag. 4.
Ângela de Castro Gomes cita o sociólogo Hélio Jaguaribe e suas reflexões sobre
o tema. Ela fala das faces do populismo que ao seu ver seria indissolúveis à economia e
à política . O populismo passa a integrar investigações relacionadas ao golpe de 64.
Muitos estudiosos trabalharão nesta área como Jaguaribe, o qual integra um importante
volume organizado por Celso Furtado ,convidado por Paul Sartre. Há diversos estudos
sobre este assunto e publicações como: “Brasil: crises e alternativas”, vários autores
falando do assunto.
No terceiro tópico analisa o populismo na política brasileira e cita as pesquisas de
Weffort. Para Weffort o populismo é o produto de um processo de transformação da
sociedade brasileira, se manifestando de duas formas: como estilo de governo e como
políticas de massas. Em uma perspectiva histórica analisa o processo a partir de dois
tempos: o das origens do populismo, que o remete à Revolução de 30 e seus confrontos
políticos; e o tempo da república populista de 1945-1964.
Ainda analisando as idéias de Weffort, este entende como sendo um recurso
legitimador o apelo às massas e esta categoria pode ser descrita por manipulação
populista. Ele rejeita o ademarismo (que entende o populismo como fruto de processo de
massificação). Este autor sugere a substituição de “manipulação” por “aliança”, mas não
há um aprofundamento nesse sentido.
Regis de Castro Andrade discuti o populismo de forma distante das dimensões das
alianças políticas, não reduz a questão política à economia, mas defende que a partir do
Estado Novo começa no Brasil uma forma de supremacia burguesa. Sendo assim, a
manipulação nunca é completa, segundo Gomes.

“O que se deseja destacar, é como o debate sobre o conceito de populismo galvanizou as


atenções dos cientistas sociais durante mais de uma década, envolvendo temas como: a
natureza da Revolução de 30; o papel da legislação trabalhista e sindical; o caráter de nossa
experiência democrática de pós- 1945, além de iluminar as razões do movimento militar de
19644.”

Em quarto lugar Ângela de Castro diz que o populismo passa de pedra a vidraça.
Com o renascimento do sindicalismo, busca-se novos ângulos interpretativos às
transformações que a sociedade brasileira vivenciava. A autora fala das mudanças que

4
GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a trajetória de um
conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, pag. 12.
ocorriam nas referencias intelectuais disponíveis para pensar o país. Há diversos debates
na área da historia e das ciências sociais ,cita Gramsci ,E.P. Thompson,

“(...),é significativo o abalo sofrido por orientações marxistas de fundo teológico que
postulavam um certo modelo de consciência de classe revolucionaria para o operariado(...).”5)

A autora seleciona o próprio trabalho como exemplo de debate com a proposta


populista . Ângela analisa “A invenção do trabalhismo” e diz que o objetivo deste era
dialogar com enfoques que eram muito abrangentes nos estudos sobre movimento
operário/sindical e que se chamou “sociológico” e “político”.

“Neste sentido ,uma série de pontos se colocavam como objeto de flexibilização e/ou de
questionamento.”(pág.14)

Ela faz uma análise em cima da ruptura assinalada pela Revolução de 1930 e seus
desdobramentos, diz que a alternativa era construir laços e marcos de continuidade e
descontinuidade, entre outras coisas.

“a idéia era investigar a historia da constituição da classe trabalhadora no Brasil, atribuindo a


ela,(...), um papel de sujeito que realiza escolhas segundo o horizonte de um campo de
possibilidades”(pág.14).

Há uma atribuição aos trabalhadores o papel ativo na interlocução com o Estado


. Continua a fala da questão política juntamente com o populismo e os discursos
trabalhistas. Finaliza este tópico dizendo que:

“A invenção do trabalhismo é apenas um dos exemplos de interlocução com o conceito


de populismo,e certamente não é um dos que toma a fundo o aberto debate teórico.”(pág.16)

No quinto e último tópico de seu texto, Ângela de Castro Gomes diz ser o
populismo um gato de sete vidas. E para sua afirmação cita uma publicação organizada
por Evelina Dagnino que se chama “Anos 90: política e sociedade no Brasil”, no qual a

5
GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a trajetória de um
conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, pag. 13
primeira parte é dedicada ao populismo. Cita o artigo de Décio de Azevedo M. Saes, que
fala de uma possível reemergência do fenômeno populista, diz que ele trabalha
“com a idéia de um processo crescente de personalização da política, próprio às
sociedades capitalistas atuais(...)”(pág.16), fala de uma nova fase do desenvolvimento
capitalista e uma nova experiência liberal-democrática,que dentro desta interpretação
geraria um novo populismo. Finalizando ela diz que :

“É impossível ,para quem trabalha com pensamento social brasileiro,não sentir o eco de
vozes que ,muito antes dos anos 50,(...),diagnosticavam o caráter insolidário de nossa
sociedade e nele plantavam as raízes de um inevitável forte Estado autoritário.Se para alguns
este diagnostico era também um desejo a ser realizado, para outros ele era um tormento a ser
evitado,(...)”.
“Hoje,talvez se possa pensar a reemergência do populismo coomo uma atualização de
nossa tragédia,(...).Quem sabe,(...),entre a razão e a esperança eu me negue a fazer escolhas
e,com ambas,procure conviver.6”

Bibliografia

GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a


trajetória de um conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, p.31-58

http://cpdoc.fgv.br/equipe/AngelaCastro acesso em 15/12/2016

6
GOMES,Ângela de Castro.O populismo e as ciências sociais no Brasil:notas sobre a trajetória de um
conceito. In:Tempo, Rio de Janeiro,vol.1.2,1996, pag. 17.

Das könnte Ihnen auch gefallen