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Os princípios se definem como a origem, fundamento ou base sobre a qual se discorre sobre
qualquer matéria. Dentro do sistema jurídico, é um elemento que possui elevada importância,
pois não há direito sem princípios. Segundo Miguel Reale 1:
No mesmo sentido, ensina Geraldo Ataliba 2 “os princípios são a chave e essência de todo direito;
não há direito sem princípios. As simples regras jurídicas de nada valem se não estiverem
apoiadas em princípios sólidos.” Desta feita, são os princípios quem norteiam e inspiram as
normas jurídicas.
Bezerra Leite (2017) assevera que no sistema jurídico é necessária a subdivisão dos princípios,
para haver uma coerência interna dentro do mesmo; assim, harmonicamente os princípi os se
subdividem em gerais e especiais.
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
1 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.
(colocar número da página!!)
Este princípio deriva do princípio da igualdade, uma vez que busca igualar as partes no processo
trabalhista, considerando que o empregado constitui parte hipossuficiente em relação ao
empregador, portanto busca-se compensar essa desigualdade, com base no referencial de
justiça, que se traduz em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.
- Gratuidade da justiça: via de regra, é mormente deferida ao empregado, conforme art. 790, §§
1º e 3º da CLT;
3 SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 12. Ed. São Paulo: LTr,
2017, p. 125.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do
Trabalho. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 1º mai. 1943.
- Nos casos de recursos, o depósito recursal é exigido apenas do empregador, quando este for o
recorrente, conforme art. 899, § 4º da CLT.
Por este princípio o Juiz deve ter uma participação mais ativa no processo, conduzindo-o de
maneira célere e assegurando a igualdade entre as partes, atendendo aos fins sociais relativos ao
bem comum. Nesses termos, Carlos Henrique Bezerra Leite 4 ensina que:
O artigo 764 caput da CLT prevê: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação
da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”. O referido código ainda determina
que no procedimento comum, a conciliação deve ser tentada em dois momentos: antes do
recebimento da defesa( art. 846) e após as razões finais, antes da sentença (art. 850), já no
procedimento sumaríssimo a conciliação poderá ocorrer em qualquer momento da audiência,
conforme se verifica no artigo 852 – E: “Aberta a sessão, o juiz esclarecerá às partes presentes
sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão, para a solução
conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência”.
Uma vez aceita a conciliação proposta, esta valerá como decisão irrecorrível para as partes, salvo
para a Previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas . (art. 831)
O princípio da oralidade na Justiça do trabalho traduz maior celeridade na solução dos conflitos,
simplificando os procedimentos jurisdicionais. Com efeito, versa a CLT que a petição inicial pode
4 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 112.
ser apresentada de maneira verbal (art. 840, parágrafo 2º, CLT), o mesmo ocorrendo com a defesa
igualmente, em audiência (art. 847, caput, CLT), as razões finais são verbais (art. 850, CLT), os
protestos em audiência são verbais (art. 795, CLT), o que torna o processo trabalhista ágil e célere.
Para MAURO SCHIAVI:
Este princípio confere exclusivamente a Justiça do Trabalho brasileira o poder normativo, onde
possui competência constitucional para criar normas por meio da sentença normativa. Isso ocorre
nos casos de haver lacunas na lei, segundo Mauro Schiavi : “por isso se diz que o poder normativo
da Justiça do Trabalho atua no vazio da lei, ou seja, quando não há lei dispondo em questão” (p.
139). Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite:
Além dos princípios supra mencionados, outros princípios são citados pelos doutrinadores como
peculiares do Direito Processual do Trabalho, tais como os princípios da simplicidade, da
celeridade, da despersonalização do empregador e da extrapetição. Porém como assevera Carlos
Henrique Bezerra Leite, estes princípios também são comuns ao processo civil.
2. RELAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO COM OUTROS RAMOS
DO DIREITO
De acordo com Carlos Eduardo Bezerra Leite, o Direito Processual do Trabalho possui caráter
transdisciplinar, pois relaciona-se tanto com as demais ciências sociais e humanas, como com
outras disciplinas jurídicas.
e) Direito Civil: Muitas normas previstas no D. Civil são aplicadas no processo do trabalho,
O direito civil é fonte subsidiária do Direito Processual Civil, uma vez que oferece os
conceitos de pessoas naturais e jurídicas, bem como capacidade para os atos da vida civil
, direitos da personalidade, atos e fatos jurídicos, prescrição e decad^Çencia, etc.
f) Direito administrativo: se relacionam quanto à organização da própria justiça do
trabalho e do regime jurídico dos seus servidores.
g) Direito penal: Nas quest~eos que dizem respeito à aplicação da justa causa para a
dispensa do empregado, crime de falso testemunho, falsa perícia, fraude processual,
coação no curso do processo, crimes de funcionários públicos da justiça do trabalho.
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3 . ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Numa primeira fase, eram os Juízes de Direit quem apreciavam as questões trabalhistas.
Posteriormente, em 1922, foram estabelecidos os Tribunais Rurais, primeiros órgãos da Justiça
do Trabalho, em razão da economia predominantemente rural do Estado de São Paulo.
Fora mencionada a instituição de uma Justiça do Trabalho nas Constituições de 1934 e 1937,
porém não chegaram a ser estruturadas, e com a ressalva de que ela não faria parte do Poder
Judiciário. Somente em 1946 que isso foi mudado, de acordo com o artigo 123 da CF do mesmo
ano, que a Justiça do Trabalho passou então a integro Poder Judiciário.
A justiça do Trabalho, no entanto era representada por juízes classistas, isto é, juízes que não
possuíam formação jurídica, sendo meros representantes recrutados nos Sindicatos. A EC. 24/99
então extinguiu a representação classista, e as Jusntas de Conciliação e Julgamento se tornaram
Varas do Trabalho, sendo que nelas, só poderiam atuar juízes com formação jurídica.
- O Tribunal Superior do Trabalho (TST): órgão de terceiro grau, composto pelos ministros do
TST
- Os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs): órgãos de segundo grau, composto por Juízes do
TRTs
- Os Juízes do Trabalho: órgãos de primeiro grau, que atuam nas Varas do Trabalho.
Juízes do Trabalho
Com a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento (EC 24/99), os juízes do trabalho
passaram a atender as demandas de primeiro grau nas Varas do Trabalho, conforme art. 116 da
CF.
Nas Comarcas onde não houver juiz do trabalho, atrbui-se ao Juiz de Direito a competência para
atuar nas causa trabalhistas, cabendo recurso ao Tribunal Regionl do Trabalho.
O Juiz do Trabalho ingressa na carreira como Juiz substituto - que possui as mesmas
prerrogativas e deveres do titular, atuando de maneira auxiliar,, e somente após dois anos de
exercício é promovido a Juiz titular, podendo posteriormente tornar-se Juiz do Tribunal Regional
do Trabalho e até mesmo Ministro do TST.
Os TRTS surgiram em substituição aos Conselhos Regionais do Trabalho, e tem como função
julgar os recursos ordinários advindos em face das decisões das Varas de Trabalho.
Atualmente, conforme o art. 674 da CLT, há no Brasil 24 TRTs, sendo que dois deles se situam no
Estado de São Paulo, e o restante distribuído entre cada estão brasileiro, com exceção dos Estados
do Tocantins, Amapá, Roraima e Acre.
Para garantir o total acesso a justiça pela sociedade, oram instituídas as chamadas Camaras
regionais, que funcionam como descentralização dos TRTS nos Estados em que não possuem
TRT.
Também a a chamada Justiça Itinerante, que reliza por exemplo audiências e outras funções
jurisdicionais nos limites territoriais das respectivas jurisdições, ara favorecer aqueles rque
residem distante dos grandes centros.
O ART. 115 da CF dispõe que os TRTs devem ser compostos de no mínimo sete juízes recrutados
quando possível nas respectivas regiões e nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos; sendo que um quinto dentre
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício; os demais, mediante promoção
de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Tribunal Superior do Trabalho
4 . COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Nas palavras de Athos Gusmão Carneiro (apud Mauro Schiavi pg. 217), a competência é a “medida
da jurisdição”, ou seja, é o limite de jurisdição de cada órgão judicial. Assim sendo, todo juiz possui
jurisdição, porém ela é limitada para atuar somente em determinadas matérias ou espaços,
segundo sua competência. Na Justiça do trabalho, os critérios que determinam a competência
são: a matéria, as pessoas, a função e o território.
Competência material
A competência material decorre da causa de pedir e do pedido, isto é, a matéria da qual está sendo
deduzida em juízo.
O art. 114 da CF/88 elenca em seus incisos a competência material da Justiça do Trabalho.
A EC 45/04 possibilitou a Justiça do Trabalho julgar ações oriundas não só da relação de emprego,
mas também ações decorrentes das relações de trabalho, sendo que relação de emprego
corresponde a qualquer vínculo por meio do qual uma pessoa executa obras ou serviços para
outrem, mediante o pagamento de uma contraprestação. Nela inclui-se por exemplo a relação de
trabalho autônomo, eventual, avulso, voluntário , estágio, etc.
--Relações de consumo
--Acidente de trabalho
Compete a Justiça Cível Comum processar e julga as lides decorrentes de acidente de trabalho,
devendo sua proposição ser feita pelo empregado (acidentado segurado) em face do Instituto
Nacional da Seguridade Social na Justiça Ordinária.
- Entes de direito público externo
O art. 114, IV da CF/1988, trouxe a competência para a Justiça do Trabalho processar e julgar os
mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver
manteria sujeita a sua jurisdição.
Qualquer dano moral ou patrimonial sofrido pelo empregado em face do empregador será
apreciado pelo Tribunal Trabalhista. Tal entendimento já foi firmado pelo TST na súmula 392:
“Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir
controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de
trabalho”.
- Conflitos de competência
Com o advento da EC 45/2004, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para processar e
julgar “qualquer ação”, seja ela de conhecimento, cautelar ou de execução que tenha por objeto
matérias relacionadas a penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho.
Competência pessoal
A competência em razão das pessoas é determinada em virtude da qualidade da parte que figura
na relação processual, isto é, determina quem pode demandar na Justiça do Trabalho.
Carlos Henrique Bezerra Leite pondera que as lides entre empregados urbanos e rural e seus
empregadores serão apreciadas pela Justiça do Trabalho. Já as lides entre trabalhadores
doméstico, avulso, temporário e eventual e empregadores somente serão de competência da
Justiça do Trabalho se: (pg 341)
Competência Funcional
A competência funcional das Varas do Trabalho está disciplinada nos artigos 652, 653 e 659 da
CLT, sendo nesses casos competência originária, pois inicia-se no primeiro grau de jurisdição.
Compete à execução das sentenças proferidas na vara, o despacho dos recursos interpostos pelas
partes, a concessão de liminar em reclamação trabalhista nas hipóteses do art. 659 da
Consolidação das Leis do Trabalho.
De competência recursal, os TRTs podem ser divididos em turmas ou não. Quando divididos em
turmas, a competência segue o disposto no art. 678 da CLT. Quando não divididos, segue o
disposto no art. 679. O art. 680, por sua vez ainda estabelece outras competências dos TRTs. À
eles cabe a apreciação originária de ação rescisória, mandado de segurança, matéria
administrativa e conflitos de competência entre juízes ligados ao Tribunal Regional.
A competência funcional do TST é definida pela Lei 7.701/88, a qual estabelece a competência
do Tribunal Pleno, da seção especializada em dissídios coletivos, da seção especializada em
dissídios individuais e das turmas do TST. O Regimento Interno do TST também dispõe sobre
a composição e competência do Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho e sobre os
temas tratados pela lei mencionada.
A competência territorial é definida em razão do lugar/foro sobre o qual irá atuar órgão
jurisdicional. É atribuída geralmente ás Varas do Trabalho, pois são órgãos de primeira instancia
na Justiça do Trabalho, e está disciplinada do art. 651 da CLT.
Segundo o mencionado artigo, a demanda trabalhista deve ser proposta na localidade que o
trabalhador prestou o serviço, ainda que tenha sido contratado em outro local ou estrangeiro.
Para empresas que promovem atividades em mais de uma localidade, é competente a Vara tanto
do local onde o empregador estiver exercendo a atividade como a da sua sede.
No caso das empresas brasileiras que mantem empregados trabalhando em filiais situadas em
outros países, o empregado está sujeito às leis do país em que trabalha e a sua jurisdição. Porém
a nossa legislação processual não excluiu a possibilidade da ação no Brasil.
Importante salientar ainda, que os TRTS possuem competência territorial limitada para atuar em
determinada região, geralmente um Estado. Por sua vez o TST possui competência racione loci
para atuar sobre todo o território nacional.
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, são órgãos auxiliares da justiça do trabalho: secretaria,
distribuidores, oficiais de justiça avaliadores.
Secretarias: As Varas do Trabalho possuem uma secretaria que, recebe petições, faz autuações
e demais serviços determinados pelo Juiz (art. 711 da CLT). As secretarias são dirigidas pelo
Diretor de Secretaria, que prepara os despachos para o juiz, cumprindo as determinações deste.
(art. 712 da CLT)
Nos Tribunais Regionais também terão secretarias, dirigidas por um secretário. (art. 718 da CLT)
O secretário, exercerá a mesma função que exerce o diretor da secretaria da Vara, além de mandar
os processos a conclusão do juiz presidente e da organização e manutenção de um fichário de
jurisprudência do tribunal para consulta dos interessados.
Distribuidores: Existindo mais de uma vara na localidade, haverá um órgão distribuidor, que
irá distribuir as reclamações trabalhistas e os processos. Os distribuidores podem fornecer recibos
ou certidões da distribuição.
Oficiais de Justiça: desempenha os atos determinados pelo Juiz da vara do Trabalho. Em geral
fazem as citações nas execuções, mas podem também notificar testemunhas, traze-las à Juízo, ou
fazer as citações nos processos de conhecimento onde haja problema de endereço, e outros. É
também avaliador, onde avalia os bens objeto da constrição. Portanto atua o oficial de justiça
avaliador principalmente na fase executória, promovendo a citação, penhora, busca e apreensão
e avaliação de bens penhorados.