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SôBRE o ENSIN'O

Catedl'atlco {le elhdca Pedintrica lUedica e Infantil.

"Dai

,--v:nKI t:~"U alll1eJric.tnú da crian-

l'al6r intrinseco· aa, tanto, de Um bementelldido patriotismo,


°
acabe, eminente chefe do Governo de assi-
11Jvidentemente,paí'a ho11ra nossa, vaí {) nar 11m decreto, creando a Diretoria de Pro-
Brasil percebendo, de uns I1n08 para cá, o teção á Maternidade eá Infanciaem substi-
yalôr intrínseeo da; criança! tuição á antiga Inspetoria 'de Higiene in'-
Oongressos.; cúllferencias, estimuladas e fantil.
pronüwidas potpediatras, a; exemplo do es- Esto gesto é o corolario pr(üico da celebre
trangeiro,. têmyolvido a alta cultura nacio." Mensagem 'do Natal, em que o seu ilustre
na1 para e. criatura que, 110 dizel' de Vitor autor chamou a atenção dos interventores
Hugú, "toda tremula ê toda nÚa traz {j futu- dos Estados para os problemas da criança em
ro nos. braç{)s." nossa terra, e {la Conferencia nacional de
De todos os conclaves, vútados a amparar, Proteção á Infancia, pelo mesmo convocada
eficaZ1mellte, {tque.1a que encaminha a rolms- para o estudo 'das soluções a dar aos mais
tez da raça, foi, sem· duvida, o mais decisivo, urgentes daqueles problemas.
a "Conferencia nacional de proteção á infan- Destina-se: (l, nova repartição a promover
cie.", reunida ° ano passado, no Rio de Ja- em todo o país o· bem da criança, p1'eservar-
neiro. lhe a vida e a saúde, assegurar-lhe o desen-
Tão importantes foram-lhe as conclusões volvimento normal e prestar-lhe assistencia
que, quasi ,I in totum H passaram ao rigor da e p.roteção".
lei,na nove. Carta Magna. E o amparo á in- Já funciona, ha alguns anos, nessa mesma
fancla e á maternidade vai:'se tornando, em rep.artição, a Escola de puericultura, com in-
nossa Patria, realida:de consoladôra. te1'nato e externato, onde se habilitam mo-
Agora mesmo, Olinto de OliveiNl., o mestre ças" para o conhecimento da arte de criare
pediatra brasileiro, manclou-me a organisa- tratar dos 'pequeninos, estudando sua COll~
ção e fins da nova, "Diretoria de Proteção fi formação e condições de vida, seu cleseuvol-
maternidade e á infancia", onde (l,centúa, de
inicio:
(*) Conferencia feita na "Sociedade Rio
"Num gesto de alta compreensão das ver- Grandense de Educação"t em 22 de Outubro
dadeiras necessidades ·denossa gente, a{ por- de 1934. -
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vimcnto fisico e mental, eJimentação, cuida~ a~gora para muitos espiritos, a criança era
dos a prestar aos sãos ou doentes e até a con- enc(trada como objeto de simples espectati-
fecção das roupinhas e as íprimeiras normas va, quando muito como uma esperança, uma
da educação. probabilidade, elmfil11 ...
As moças, formarde..s nesta Escola, rece- Embora louvaveis e 'poderósas iniciativas,
bem um diploma 'o podem concorrer aos lu- os infantes aindo. não lograram encontrar o
gares de professôras de Puericultura, que a necessario apoio, entre nós, muito embóra
Diretoria mantem, de acôrdo com a In.stru- nêles resida o equilíbrio humano, nos seus
ção Publica, nas escolas municipais, e tam- primordios.
bem em eutros agrupament.os femininos." Para nosso gaudio e justo orgulho, porém,
E emquanto não nos é d:H10 alçar Bsse a maternidade e assistencla á i nfanci a po-
vôo gigantesco, em nosso meio, contentemo- dem contar com a forç~, imperiosa da lei na
nos com o ensino da Puericultura na Escola nova Constituição.
complementar, problema imprescindível, so- Poupar a vIda de ume.criança, é fazer a
bre o que haveis de me ,permitir algumas di- mais util, a mais bela, a mais urgente das
vagações. economias: é a defezado capital humano.
Antes do mais, é preciso que cada professô- E, devo rematar, quão importante o estu-
ra, ao receber as lições basica'se essenciais do, sucinto embóra, das noções de Pueri-
da (lrte de criar sêres lmm::lnos esteja co11- cultura, 110 empenho de educar ,as popula-
vencida da valia real da criança, e que ha de ções J)(:Lra a luta ingente contra o mortici-
ser decisivo fatôr contra a l1ecatombé da nio dos pequeninos!
mortalidade infantil, dentro do ensino eden- O calor com as fermentações intestinais,
tro da sociedade. Virá a melhorar a men- na riqueza alarmante das toxicoses; o inver-
talidadedo nosso povo, educando, ao lado no, a favorecer a invasão Ta.pida dos germes
do pediatra, ás nossas bôas mães, cujo cora- no aparelho respiratorio; a ignorancia, eiva-
ção é insubstituive1. da de precalçose preconceitos... E vai
Para isso, antes de apresentar-vos o pro- passando o misero cortejo que a.traipara a
grama que esbocei de Puericultura, para as morte asdebeiscreaturas, ao qual se jun-
escolas comple1mentares, ai vão breves con- ta a trindade macaibra da sifilis, alcoolis-
siderações sobre a mortalidade infantil. mo e tuberculose!
E tenho a convicção que a semente desta Sem citar outros multipl,os :fatôres, acen-
pale·stra não cairá em terra esteril e inculta. tue-se,egue..lmente, a questão do estado civil,
que, por estatísticas, ,sobretudo da Alema-
o problemA da 'Jnortalida(le infantil nha, ha maior numero de Imortes entre os
filhos ilegítimos, pois estes nascem, quasi
Quem sabe encarar, de perto, os altos e sempré, na classe pobre, em ,privações nu-
urgentes interesses de., criança, a debil e po- tritivu.s e higienicas, onde, na luta pela
derosa vanguardeira da legitima eugenia, vida, predomina a alimentação artificial,
lJa de olhar, com dolorósa decepção, para a para não citar as questões do abandono, e os
continua mortalide..de infantil! ... pobres pequenos são entregues a mãos mcr~
Pois, para esse ceifar de vidas, em plena cenarias.
evolução, não se levantam fronteiras, visto Das muitas estatísticas de nosso meio, pu-
que, em outros paizes civilisadcs, embóra blicadas ,pela Diretoria de Higiene, citarei
atenuado pejos progressos de. Puericu'ltura, o uma, eloquente, a de Novembro de 1928, com
monstro tambem estende-lhes os tentaculos. 155 mórtes, em P'Úrto Alegre, por afecções
O certo é que at'é bem pouco, e ainda do aparelho digestivo, 'das quais 59 foram
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de O a 6 mêses de idade, 45 'de 6 a 12 mêses ha de ser o arauto da luta pelos direitos dos
e 19 de 1 a 2 anos, o que faz um total de 123 pequeninos, distribuindo a prodigiosa se-
em crianças, na impressionante porcentagem mente de Puericultura!
de 79%! o seu ensino deve, pois, ter inicio nos
E é facil de compreender que, dadas as meios cultos, misterioso ponto de irradiação
precarias resistoncias, o periodo mais deli- para as populações rurais, vivendo .longe do
cado e perigôso está nos quinze primeiros bulicio dos grandes empreendimentos.
dias de vÍ'da. E aqui, rematando, devo acrescentar que
Numa analise de Combe, ficou evidencia- a amamentação materna constitue rija bar-
do que 253 crianças para. 1000 morrem no reire, ao morticinio infantil.
primeiro ano de existencial Proporção de-
véras assombrosa de 1 por 4, comparavel Tal nos fala a assustadôra proporção que
com os algarismos da morte nos velhos, po- o Prof. Charles, de Liege, nos fornece:
dendo-se concluir que o infante sucumbe Num total de 1117 crianças, houve, nas
tão facilmente como um ancião ,de 95 anos! ... 1014 amamentadas ao seio: 5 mórtes, ou seja
Nos dados estatísticos de 1932 póde ser O,44%,emquanto que, nas 25 submetidas ao
bem frisada essa circunstancia, em Porto aleitamento mixto: 2 mórtes, ou seja 8,75%;
Alegre, pois de um total de 4572 mórtes, fa- e, em 79 entregue á nutrição artificial: 11
leceram de O a 12 mêses, 1069 crianças ... mórtes, fazend,o assim a Imedie~ de 21,65%.
No atinente a.o valôr 'das estações, o ma-
gnífico trabalho, a esse respeito, do Prof. o ensino ela Puericultura nas esc61as
Freitas e Castro, conclúe que, das 1172 mor-
tes, ocorridas em 1927, até 1 a110, foram: Não se pôde admitir espirito culto que
não esteja convencido da imperiosa neces-
Verão (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) 361 sidade do ensino da Puericultura, digamos
Ptimavera (Setelm.bro, Outubro e No- -de carater popular, ás moças que seguem
vembro) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335 o curso de alunas-mestras.
Outono (Março, Abril e Maio) 245 E' reconhecer, inteligentemente, o alto va-
Inverno (Junho, Julho e Agosto) 331 Iôr dospI\o'blemas da criança. Pois, com
isso, não só se preparam mães futuras, como
1.172 eficazes e decisivas auxiliares do medico es-
colar e do pêdiatra.
Devo ressaltar ainda que, dessa época Já o Prof. Pinard insistia 'que as jovens
para cá, as condições de vida dos lactentes devem aprender o módo de cuidar dos la-
melhoraram, sensivelmente, mercê do amôr ctantes como aprender a lêr e escrever.
á puericultura, engendrada nos lares, pelos A importancio. do ensino da Puericultura
pc'diatras, na louvavel educaçã,o sanitaria é universalmente empolgante e respeitada,
das jovens mães. E ainda contribuem para nos meios onde 'brilha a civilisaç~io.
a melhora dessa situação, o amparo da San- E' disciplina que exerce obra eminente-
ta Casa, da Crêché S. FrancisDo de ASrSÍs, mente social, contribuindo ao progres'so da
os concursos de robustez, as conferencias pu- ciencia, crian'doenfermeiras, especialisadas
blicas, a imprensa leiga ... em higiene infantil, des'envolvendo conheci-
Realidade consoladôre., essa ,preocupação mentos de sociologia da criança.
pela infancia! Creio não exagerar, mas antes refletir a
Tão bem deve estar inteirada a professôra realidade, afirmu,ndo que, em geral, as nos-
do valôr da criança, que, depois {lo pe!diatra, sas jovens patricias casa1m..,se sem 8e1'ioen-
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tendlmento, üU qmça, sem a minima noção zando, 'dentro de suas atribuições, a essencla
da arte de criar filhos. do fator l111'Úral.
Não podem lutar,portanto, contra o erro, Quando procura embelezar os carateres
decurrentede preconceitos e abusões, a cam- bioUpologicos dos infantes, na regularisação
pearem por esse Brasil afóra, cujoE aposto- dos metodosde aHmentaçãoe higiene em
los são as comadres de toda especie, muitas geral, cultivando-lhes o evolver físico, ener-
vezes h\':'111 inteneionadils, mas cuja igno- gias morais e intelectua.is, aeugenfa realizl1
rancia muito contribue para o morticínio programa dos mais empolgantes de medicina
infantil. socia'1!
"Serão as mães as culpadas 1", perguntam FJis as suas fronteiras precisas, além do
Almeida Junior e Mario Mursa." Ou o deUto que é executar a sentença de Bernard Schaw,
é dos que, podendo, não tratam de instruí- que 88 póde fazer com um homem () mesmo
las? O Estado julga-se no ,dever de procu- que se faz com tl'm loho! ... Afirmação hu-
rar, até no recesso das ,matas, o futuro ci- moristicamente irresponsavel, mas queen-
dadão, e, seja ou não do agrado deste, en- contran muitos adeptos, como realização de
sinar-lhe a g(l,ratujar a assinatura na ata presentímelltos de seculos ,passados, quando
eleitoraJ, para que a soberllia ,popular se a raça humana, c, mormente a criança, era
manifeste em toda a plenitude ; mas esquece- entregue ao plano das caUSRS secundarias...
se de divulgar, entre as mães atuais ou fu- Citado por 'l'ristão de Atafde,do livro df}
turas. os principios que fariam florecer cria- Nisot: "La quesW:m eugénique dana les di-
turas sadias c robustas, que enriqueceriam a vers pays", o poeta. grego Tlleognis de 1\'1e-
naçã,o com energias de toda. especie, aumeu- garo, dizia, no seeuIo VI antes de Cristo:
truido-Ihe aeficiencia fisica e moral ti pou-
"Nós nos preocupamos com que os nossos
pando-lho mais de metade do sacrificio pre-
burros, os nossos cavalos sejam 'de ihôa raça,
matnfo de vidas.
porque sabemos que o bom nasce do hom;
Quem toma a si velcT pela validez publica, e, entretanto, um homem sadio não recusa a
quem pune as fraudes contra a saúde coleti- case,r com uma mulher doente, si ela tem di-
va, quem decreta a vacinaçào obrigatoria, de- nheiro.
ve, sem sombra de discussão, tornar com-
IC' o dinheiro que estraga a raça. Nào ha
pulsaria o aprendizado da puericultura H •
que adrnirar si a raç;a decai, desde que o
Cultivando, pois, 'ÜS pequeninos, protegen-
man se junta ao bom".
do-os com as barricadas fortes da higiene,
quer antos quer depois ·do nascimento, eis a E bempoderiamos rematar cOm a frase do
grande missão da Puericultura. mesmo Tristão de Atafde, o profundo
cíologo brasileiro:
E' a poet-natal que aqui nos interessa, pri-
mordiahllente, aquela que cai nas mãos do "1<] sabemos que ha no homem um iill1pre-
pediatra, cujos misterios desvendar-se-ão aos visto que escapa a· todas (18 leis humanas.
olhQS avidos das condições raciais, nas lições Esse imprevisto, esse miste1'io irredutível do
utilíssimas de higiene infantil. homem, é justamente o que nos separa do
Dest'arte, bem se vê como a Puericultura eugenismo absolutista dos nossos dias. A
faz parte do terreno da Eugenia, a ciencia distillç~ioelltre a eugenia' que aoeitamos e o

que Galton descreveu como absorvida no eugenismo que devemos repudiar é aquela
aperfeiçoamento da especie. Mas eugenia de que considera o homem como u(m homem, ao
limites nobres e imprescindiveis, quando passo que este o considéra apenas como um
procura aprimorar o individuo na organisa- animal."
ção biologica, .integralmente, não despre-
Impõe-se aqui, mais uma vez, a colabo- za são inumaras. A que o autor apresentil1.
ração da. 'professora que fez curso de pueri- é a muito pratica de Lahy e Heuyer, com-
cultura e do medico espeeialisado em doen- preen~endo as seguintes categolias de esco-
ças de. crianças. lares:
Si um dia a aluna tiver a divina ventura 1) Osdcbeis mf.mtaie e os retardados que
de ser mãe, poderá viver na tra.nquila con· exhibem os seguintes grupos:
elenciade um aprendizado que lhe foi intrin- O,) os atrasatlos escolares porincap.flcicla-
Bicamente um. de '/'ntelcctual;
Afora isso - a parte essencialmente pra- b) os atrasaâos devido a cansa o1'ganic{j;
tica. da quesUio - será denodada auxiliar do e) os 1"ctanlaclos, por motivo de on.1en!
psicopediatra, sondando, na esféra da higie- social.
ne \mental, os tipos capazes ou incape.zes da 2) As crianças de inteligeneia normül,
[l'equencia no meio escolar. abrangendo os sub~grupos abaixo:
Como complemento indispensavel, devia se a) os insün:eis que mudam constante-
fundar aqui o que já existe em alguns Es- mente de lugar; parecem geralmente distraí-
tados do Brasil, as chama.das Clinic.<l.s de
i. dos e frequentemente se mostra.m agitados;
eurrenía", tão bem organisadas e interpre- b) os e)}latiros que são tímidos, respon-
tadas pelo seu fundador, DI'. l'Jirandolino dendo em voz baixa e com facilidades cho-
Caldas, incansa.vel psiquiatra do Distrito Fe- ram;
deral. C) os deprimiclos, geralmente tristes, que
E' sistema de observação, dentro de um não brincam, conversam poueo e se compra-
serviço, nào só de correção psíquica, mas zem no isolamento;
tambem de fim construtivo, numa atuação d) os (81)/1'itos falsos, desconfiados e ill~
medico-pedagogica, no despertar illtelectua.l vejol:lOs, que tudo levam a nud e se queixt\m
da criança. de tudo e de todos;
Assim se .poderia resguardar toda essa e) os perversos que mentem e se apode-
gama de anol'mais, fisicamente, psiquicamen- ram dos que lhes não pertence, fazem o mal
te e psicofisicamente. E' obra de legitima pelo mal e permanecem indiferentes á re-
psicologia educativa, ca.-paz de sublimar o preensão e aos castigos.
carater da juventude. 3) Os bens dotados,dos seguintes tipos:
Na "Conferencia Nacional de Proteção á a) os que mostram partieula,r inclinação
íllfancia", realizada, brHhantemente, o ano para certas materias e deficiencia de com-
passado, no, Capital Federal, entre muitas preensão para as demais;
téses ele valor, calcadas sobre o estúdo men- b) os fatigaveis, ince.pazes de esforço
tal da criança, sobresai a do Prof. Leoni prolongado.
Kaseff, sobre, "Psico-clillicas escolares". 4) As crlal1ça.s normais que não são clas-
Destina,r-se-iam" a uma duplafinaUdade sificaveis em nenhuma das categorias prece-
inicial: restituir aos escolares e a outras dentes, •mas para as quais o professor reco-
crianças, ,por quaisquer anomalias da afetivi- nhece a necessidade do exame c1inicó~psi­
dade e do caroter, assim camo aos enfermos quiatrico.
do organismo fisico, '0 desejavel epossivel Nesso mesmo assunto, repito aqui o que Ju,
equilibrio organico e funcional, a rastrear afirmei um dia, isto é que, a passagem do
os que apresentem anormalidades, os psico- inconciente ao conciente, êsse novêlo de fios
patas verdadeiros, que exijam tratamento tenues e a,maranhados que se desenvolve, in-
mais rígorôso em ambientes especiais". sensivelmente, si lhe presta'mosatenção, nem
As classificações de criançasdessanature- sempre apresenta as' mesmas m.odalidades.
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Ohservando-a, com minucia, começamos a casar-se, levará comsigoo lnais rico, o mais
reconhecer, pouco e ,pouco, a vocação inte- belo, o mais interessante, o· mais utiI dos en-
lectual da criança e as anomalias a constitui- xovais: a cieneia de trazer, em severos cui-
rem o futuro neuropata. E' bem manifesto de..dos, o retalho sagrado de sua vida!
que a higiene mental do adulto está contida Ao principio, cabe o ensino· ao pediatra,
na higiene mental da. criança. Dela nasce o destinado a formar uma escóla de alunus-
cnidadoclo surto inicieI de manifestações mestres na materia e que serão suas grG.n-
de herança psicopática. Desvios da moral e des auxiliares, nas cogitações fisicas e psí-
da inteligencia devem ser, precocemente des- quicas das crianças.
vendados no infante, para prevenir distur- As aulas serão ministre.,clas quatro vezes
bios ulteriores, tantas vezes incollciliaveis por semana, sendo duas teoricase duas pra-
com G. sociedade humana. Cabe papel pre- ticas.
ponderante, nesse terreno, aos mulUplos tes- Deve-se começar pela esplanação da im-
to mentais que, partidos de Biuet e Simon, já portancia, da Puericultura, seguindo-se, em
têm tido, entre nós, larga aplicação, mór- aulas 'ulteriores, as noções gerais sobre a
mente nos escolares". herança. Passar-se-á, após, ao estudo da
criança normal, com seus care..cteristicos de
lVI:inhas senhoras e meus senhores!. desenvolvimento, passando pelos aparelhos
Eu sempre hei de afirmar que assim como principais, até ás noções elementares de psi-
se ensinam tentas cadeiras teoricas, tantas cologia infantil.
disciplinas que são verdadeiros trambôlhos Aí os tests mentais têm largo desempenho,
da imaginação, facilmente olvidadas e não ú.valiando o jogo da inteligencia e individua-
aplicadas no correr dos anos, ta\mbem se ,po- lidade, a esboçar-se, de ifeiçãosempre curio-
derá ensine,r,e até de maneira agradavel, o sa.
que está em relação dil'etacom a vida: a Passamos ,depois ao estudo da mortalidade
arte nobre e imperiosa de criar filhos. infantil, aulas essas de verdadeire.. medicina
Para maior apf{weitamento da bôa von- social; a amamentação natural e mixta; a
ta.de eda memoria dos alunos, o curso deve alimentação artificial; odesmaillle; os cui-
ser eminentemente pratico, cujo programa dados higienicos gerais; o vestuario; o ,pro-
será acompanhado <de demonstrações curio- blema dosdebeis e prematuros; a higiene
sas, com figuras, manequins, gravuras in- mental com todos seus corolarios; os tests
tuitivas. mentais e, finalmente, as obras de proteção
Neste sentido, a Créche S. Francisco de á infancia no nosso Brasil e nos principais
Assis é bem um livro G,berto de Puericultu- paizes.
ra, onde são recolhidas, durante o dia, cerca Com tais considerações, resolvi condensar
de CCim crianças, de poucos mêses até 12 anos o seguinte programa, creio que simples, pra-
de idade. Pois a legenda que a Créche não ticae consentaneo com o verdadeiro ensino
tem nas suas parêdes, mas que ,está no cora- nas escolas complementares, no preparo de
ção dos que lá trabalham: "Sinite parvulos mães e 'professôru.s.
venire ad me", legenda eterna como seu Progmma
autor, indica que aquela instituição está sem- (Curso de alunas-mestras)
pre pronta a da.r a todos a lição pratica parte:
da vida dos pequeninos. a) I1mportancia e historico da ,puericul""
Peloestudodetalhaclo, mas simples, dessa tura;
disciplina, nas escolas complementares, po- b) Noções gerais sobre herança.
deremos, um dia, afirmar que llma.moça, ao II parte:
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A. criança normal 11) O progresso e o precalço na alimenta-


ção artificial, em relação ás reações
a) Caracteristicos ela criança normal; dos la.ctentes;
b) Crescimento em geral; i) O período de desmame e a escolha dos
c) Pêso e estatura; aUmentos;
d) Função elementar do aparelho diges- j) As vitaminas: consideraçõeg biologi-
tivo. ('as e ('liniras.
e) }l'unção elementar dos outros apa,re-
lhos; VI parte:
f) Sistema osseo, incluindo dentição;
g) Si'síema nervôso; Cuidados higienicos gerais
h) Temperatura;
i) Os ti'pos bioJogicos da infancia; a) Ar, luz, temperatura elo umbiente;
j) Noções elementares de psicologia in- h) A easa, o quarto de dormir e o qnar-
fantil. to de brinquêdos, na sua orientação e
temperatura;
III parte: e) Passeios, Gine..stica. O sol;
d) O vestuario do 'bêbê;
]}[ortalidalleinfantil
e) As diferentes vacinações.

a) Suas causas;
VII parte:
b) Meios de combate-la;
c) O fator social.
Higiene mental
IV parte:
a) Jogos. Brinquedos. 'Cinema;
Aliínentação natural e 1idxta b) Leitura, 111 usiea, desenho;
c) Jardins da infancia.
a.) Metodo da amarnentaçào ao seio;
VIII parte:
b) Contraindicações;
c) Higiene e alimentação da nutriz;
Os delwis e ]Jre'iiwturos
d) Metodo da alimentação lmixta.

v parte: 1 IX parte:

Alimentação aTtijicial Os tests mentais

a) Escolha d'O leite; X rmrte:


b) Leite de vaca: sua composição e seus
perigos; A. ol)1'([' social (ie lJ1'oteção ti inja'll.cict
c) Leites ,esterilizados, condensados e
pnlverisa'dos; CONCLUSõES
d) Conservação do leite;
e) Tecnica da alimentação arUficial; Do que acabo de expôr, faço as seguintes
f) Cuidados gerais de higiene; conclusões:
g) Preparo de alguns aUmentos da. mo- 1) E' preciso a convicção da valia real da
derna cosinha terapeutica; criança, ao receber as lições hasicas e essen-
ClaIS da arte dê criar TraI 10 ) No ensino dessa disciplina, nas es-
contl'ibltição, dentro elo ensino e da socieda- colas, devemos cuidar da puericultura post-
de, é fator decisivo contra a hecatombe da natal, aquela que cai llas mãos do pediatra,
mortalidade infantil. encarregado de transmiti-la aos ávidos das
2) Com o exemplo dos Congressos, da questões da raça, nüs utilíssimas lições ele
higiene da crhm{~a.
"Conferencia Nacional de á inran-
11) A puericultura entra no terreno da
da" e da cultura dos pediatras, o Brasil vai
pm'cebendo o valor intrinseco da criança, e o eugenia, a ciencia de Galtol1, dentro dos H-·
n.mparo á infancia e á maternidade tornar- mite:; nobres, procurando aprimorttT o indi-
~.:e·á realidade eOllsoladôra, por ter passado
víduo, na sua organisaçB.o biologica, nãodes-

ao rigõr dü, lei, na nova Constituição Fede- prezando a essencia do fatôr nioraL
ral. 12) O cloquenü~ resultac10da puericul-
tura. el1sÍlHHla nas escolas, provem da im-
i;) Poupar a vida de uma cl'Í(l,nça fazer colaboração da professôra, nela
a mais util, a mais bela, a mais urgente das
apeI'feic~oada, e do medico pediatra.
economias: é a defeza do. üa.pital humano.
18) g' de imperiosa nec,;ssidac1e a fUllda~
4) E' hem evidente que, dia a dia, faz-se
ção de um centro de Enfrenía ou de psico-
sentir a necessidade de encarar, com decidi-
elinica escolar, onde professor e medico pos-
do interesse, o problema da mortalidade ín-
sam discernir os tipos capazes de frequentar
fRntil.
o meio escolar cc'mum.
5) Comprovado em estatisticas, até bem 14) Assim como se ensinam tantas cadei-
pouco tempo, Porto Alegre apresentava ele- ras tcorieas, radImente olvidadas, sem 11e-
vado indico de letalidade nos primeiros mê- nhmna aplicação pratica, tambemse deverá
ses e anos da vida. ensinar a arte nobre de criar filhos.
(j) Entre. as multiplas cH,usas, apontam- 15) Parn. maior aproveitamento de bôa
se: o verão, com as fermentações intestinais; vontade e memeria das o.lunfts, que se
ô inverno, favorecendo, rapicla, a invasão de
fa,;u o curso prevalent.emente pratico, com
germes na arvore respiratoria; a ignon:m- demonstrações, SI possivel, na propria crian-
cía dos pais, na alimentação e educação ; os
ça"
filhos ilegitimos e tantos ontros fatores. 16) Ao prinCIpIo, o ensino deve ser feito
7) Nãopóde haver espírito culto que nfto
pelo pediatra que formará Ulma escóla de
eoncórde com o ensino da ,puericultura, nas
alunas-mestras na materia, suas futuras au-
escólas. Com isso, não sómente se preparam
"'.'HH 'O~" 1108 cogitações físicas e psiquicas da
mães futuras, concientes, como tamhem efi- crianç;a.
cazes e decididas auxiliares do medico-es-
colar. 17) De acôrdo com °
programa anexo, °
ensino teorico-pratico constará desde a im~
8) Oerto, nfw é exagêro afirmar que as
portancia de puericultura. e das questões'·de
nossas jovens patricias casam-se, em geral, herançü" passando por todos os metüdos de
sem conhecimento rudimentar depuericultn- alimentaçàoe higiene em geral, até o es-
ra, condição que lhe tolhe a luta contra ü tudo da ohra social de assistencia á infau-
erro,decurrente de preconceitos E) abusões cia.
que campeiam pelo Brasil afóra.
18) Dest'arte, poderemos afirma.r, em
!}) A puericultura ou pedologia é o con- futuro proxilno, que uma moça ao casar~se,
junto de meios de que se lança mão, 110 escô- levará comsigo o mais rico dos enxovais: a
po de cultivar os pequeninos comas bases de cieTIda de trazer, em s~veros cuidados, o re-
higiene infantil. talho sagrado de sua vida! ...

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