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Políticas Sociais no Brasil: A histórica (e atual) relação entre o “público” e o

“privado” no sistema brasileiro de proteção social - Solange Maria Teixeira

Di Geovanni (1999), conceitua proteção social como sendo as formas


institucionalizadas ou não que as sociedades constituem para proteger seus membros, dos
riscos sociais ou vicissitudes como: a velhice desamparada, doença, infortúnio e as
privações ou carências dos membros mais pobres, da vida em sociedade. Nesse sentido,
o Welfare State, é percebido como mecanismo centralizado, capaz de criar novas formas
de solidariedade para resolver os problemas da divisão e especialização do trabalho.
Esping-Anderson (1991) classificou em três principais modalidades de proteção
social públicos de Welfare State: o liberal, o corporativo e o social-democrata, que
corresponderia as tendências dos sistemas políticos dominantes.
O liberal é aquele no qual predominam mecanismos de mercado e assistência aos
comprovadamente pobres, com reduzidas transferências universais e com planos de
previdência social modestos. O corporativo, é discriminatório, determinado pela inserção
profissional, com direitos e obrigações ligados ao status, ocupação ou produtividade. O
social-democrata, baseia-se na universalidade (cidadania, com garantia de distribuição de
bens e serviços extramercado a todos os cidadãos), com ampla cobertura de riscos e
contingências.
No Brasil, a partir da década de 1930, instaura-se um padrão de proteção social,
via políticas sociais públicas, que tem como características respostas fragmentadas aos
setores mais combativos e dinâmicos da economia brasileira, em que o Estado se antecipa
frente às demandas sociais.
Antes de 1930, o governo já dava sinais de alteração no trato da questão social,
criando em 1923 as CAPs (Caixas de Aposentadoria e Pensões), conhecida como lei Elói
Chaves que é considerada o marco inicial da história da previdência brasileira. A partir
da Lei, lançam-se às bases para a futura política de Seguro Social, cujos princípios
permanecem até 1966.
Em 1933 as CAPs deixam de ter por âmbito as grandes empresas tomadas
individualmente para abrangerem as chamadas categorias profissionais surgindo os IAPs
(Instituto de Aposentadoria e Pensões) que progressivamente conforme a capacidade de
pressão passa a englobar grande parcela dos assalariados urbanos do setor público e
privado.
Durante a Era Vargas, ocorrem muitas mudanças no contexto do trabalho
brasileiro. Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que
passou a cuidar das questões relacionadas à previdência. Também foi abolido o sistema
CAPs, que foi substituído pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs),
centralizando sua atuação no governo federal e passando a funcionar em nível nacional.
A constituição de 1934 estabelece mudanças no sistema de arrecadação
implantando o custeio tríplice, onde a contribuição para os fundos de pensão sendo
dividida entre empregador, empregado e estado e também buscou alterar um pouco essa
realidade, mudando o conceito de previdência como assistência, que então evoluiria para
a Previdência Social na constituição de 1946. No entanto, mesmo que ampliem a
cobertura, adotam mecanismos para desestabilizar aquela solidariedade, como os
incentivos à medicina previdenciária, comprada no setor privado, e outras medidas
privatizantes.
Para os pobres, crianças, adolescentes, idosos, deficientes, desempregados e
trabalhadores cujas atividades não são reconhecidas pela CLT, destinava-se à assistência
social, uma política paralela ao sistema de seguros de Vargas. Conforme Sposati (1989),
a assistência social é quase o campo do “não-direito”, posto que sua demanda seria a dos
“menos cidadãos” e sua ação tende a recriar desigualdades, ao invés de diminuí-las.
Assim, mesmo com a intervenção pública, a assistência social mantém as ações
travestidas de ajuda, sempre relacionada ao “mérito da necessidade” e não ao “direito do
cidadão”.
É no período dos anos 60 até os anos 70 que o sistema de proteção social público
brasileiro se consolida e se expande, num contexto de ditadura militar, abrindo espaços
para as classes dos trabalhadores, com lutas e reivindicações, cujo temor das classes
dominantes, consolidando assim a “ditadura de classe” com o golpe militar de 1964.
A constituição de 1967, criada durante o regime militar, coloca alguns direitos
trabalhistas e de seguridade social, incluindo alguns que já existiam como leis durante o
governo Vargas. Entre eles estão: salário mínimo, salário família, a proibição de
diferenciação de salários por conta de sexo, cor e estado civil, jornada de trabalho de oito
horas, férias remuneradas, entre outros. É importante notar que a garantia de direitos
sociais e trabalhistas ocorrem no Brasil durante a ditadura como uma forma de garantir a
estabilidade política nacional.
A criação da atual constituição brasileira, em 1988, estabelece um conjunto de
ações envolvendo Saúde, Assistência e Previdência Social usando o termo “Seguridade
Social”.
A trajetória dos anos 1990 não seguiu o da Constituição de 1988, instaurando uma
conjuntura de reformas. A primeira mudança na previdência ocorre em 1991, no governo
Collor, para fazer com que os benefícios levassem em conta a correção monetária, medida
essencial no momento em que o Brasil via sua economia sofrer com a inflação.
No governo Fernando Henrique, em 1998, as mudanças são maiores: fim do tempo
de serviço do trabalhador, e sim o de contribuição para o INSS, definido como 30 anos
para mulheres e 35 para homens. Além de implementar o fator previdenciário, cálculo
para definir o valor do benefício recebido após a aposentadoria.
Já no governo Lula, as mudanças têm como foco o funcionalismo público. Em
2003, a reforma cria um teto para os servidores federais, institui a cobrança da
contribuição para pensionistas e inativos, e altera o valor do benefício, que antes era
sempre integral.
Essas reformas são condizentes com as medidas de ajuste estrutural, imposto pelos
mecanismos financeiros internacionais. As reformas na seguridade social, entre elas a
política de Previdência Social, incluindo a da idade, com as aposentadorias e pensões -
são mais que indicativos de modernização do sistema.
As políticas sociais, na contemporaneidade, afirmada pela legislação
infraconstitucional como Política Nacional do Idoso, Estatuto da Criança e do
Adolescente, e do Idoso, Política Nacional de Assistência Social, Política de proteção à
pessoa portadora de necessidades especiais, dentre outras, legalizam as novas
modalidades de prestação de serviços sociais envolvendo o público/privado, como parte
do modo de fazer política social.
Essas legislações consideradas modernas instituem modalidades de proteção
social que ampliam, formalmente, o atendimento das necessidades sociais da população.
Todavia, sua garantia, como direitos sociais, é camuflada.
No Brasil, essa perspectiva tem sido um reforço ao modelo histórico de proteção
social, principalmente, na assistência social, de parceria com entidades beneficentes,
filantrópicas, religiosas, trabalho voluntário, inviabilizando, desta forma, os preceitos
constitucionais de universalização, de definição dos deveres do Estado com a proteção
social.

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