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Dra.

Carmem Patrícia Barbosa

Sistema Urogenital

PLANO DE ESTUDOS

Sistema genital masculino

Sistema urinário Sistema genital feminino

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar a função geral do sistema urinário, bem como • Estudar a função geral do sistema genital feminino, os
as funções do rim e principais acidentes anatômicos dos órgãos internos e externos do sistema deste sistema e
órgãos do sistema urinário. principais acidentes anatômicos dos órgãos do sistema
• Estudar a função geral do sistema genital masculino, ór- genital feminino, considerando também os principais as-
gãos internos e externos que compõem este sistema, pectos anatômicos do peritônio na cavidade pélvica, do
conhecer os principais acidentes anatômicos dos órgãos períneo e das mamas.
do sistema genital masculino e diferenciar os mecanismos
que possibilitam a ereção e a ejaculação.
Sistema
Urinário

Prezado(a) aluno(a), o sistema urogenital é cons-


tituído pelo sistema urinário, genital masculino e
genital feminino. Embora, desempenhem funções
diferentes, têm inter-relações e proximidades ana-
tômicas. As atividades orgânicas dependem da
decomposição de carboidratos, lipídios e proteí-
nas para liberação de energia. Tais decomposições
formam produtos que devem ser eliminados para
não ter danos celulares.
A digestão de proteínas, por exemplo, origina
aminoácidos que liberam grupo amina (NH2), o
qual reage com o hidrogênio dos líquidos cor-
porais formando amônia (NH3). Essa é tóxica e
deve ser eliminada ou convertida em algo menos
tóxico como ureia ou acido úrico por meio da uri-
na. O sistema urinário é formado por estruturas
anatômicas que produzem (órgãos uropoiéticos)
e conduzem a urina (órgãos urocondutores). A
bexiga urinária a armazena.
Os sistemas genitais masculino e feminino
atuam em conjunto para permitir a continuida-
de da vida. Eles têm os órgãos gametógenos ou
gônadas, os gametóforos ou vias espermáticas, os
de cópula, as estruturas eréteis, glândulas anexas
e órgãos externos. No feminino, há o útero para
abrigar o embrião.
Órgãos gametógenos produzem gametas e hormônios (testí-
culos e ovários). Órgãos gametóforos permitem a passagem dos
gametas. Órgãos de cópula relacionam-se ao ato sexual (pênis e
vagina). Estruturas eréteis permitem o acoplamento durante a có-
pula. Glândulas anexas produzem secreções que facilitam o coito
ou a progressão dos gametas. Os genitais externos são visíveis à
superfície do corpo.
O texto, a seguir, será fundamentado em autores como Dangelo e
Fattini (2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e
outros. A nomenclatura é atualizada (CFTA, 2001), mas é necessário
que você use um atlas de anatomia como Sobotta (2012), Rohen,
Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) e outros. Não se esqueça que o
profissional da área da saúde precisa conhecer estes sistemas, pois
trabalha com o corpo humano na sua totalidade, independente de
estar atendendo no momento, apenas um seguimento do paciente.
Você é um graduando da área da saúde, podendo ser solicitado a
responder sobre o corpo humano.

Funções do Sistema
Urogenital

Creio que, se não todas, pelo menos a maioria das pessoas sabe a
principal função do sistema genital masculino e feminino. Toda- controle indireto da pressão ar-
via, às vezes fico triste e preocupada com a visão que a maioria das terial (TORTORA et al., 2010).
pessoas tem a respeito do sistema urinário. Para muitos esse sistema Já os sistemas genitais têm
tem apenas a função de “fabricar” urina. No entanto, a verdade é bem funções muito semelhantes entre
diferente. O sistema urinário é essencial à homeostasia corpórea si. Ambos formam gametas, pos-
e, portanto, vital. Tal fato justifica o número de pessoas que fazem sibilitam a passagem dos mesmos
hemodiálise no Brasil e no mundo, além do número expressivo de pelos genitais, permitem o encon-
doentes renais que aguardam nas filas de transplante de rim. Vamos tro desses gametas (por meio da
entender melhor este tão importante sistema. cópula) e produzem hormônios
O sistema urinário é considerado um sistema osmorregulador que garantem as características
que livra o organismo do excesso de água, sais minerais, toxinas, sexuais secundárias (testoste-
excretas nitrogenadas (como ureia e acido úrico), produtos finais rona no masculino; estrógeno e
da degradação da hemoglobina, ácido carbônico, metabólitos de progesterona no feminino). Adi-
vários hormônios e outros. Assim, ele atua na homeostase corpórea cionalmente, o genital feminino
controlando o volume e a composição do líquido intracelular, extra- permite que o período gestacional
celular e do sangue por meio da excreção de algumas substâncias e seja cumprido, possibilita o tra-
reabsorção de outras por meio de um intenso processo de filtragem. balho de parto e, se a fecundação
Assim, se você considerar o fato de que ele atua indiretamente sobre não ocorrer, permite a drenagem
o volume de sangue, é fácil entender que ele também responde pelo dos produtos menstruais.

UNIDADE 4 169
Divisões dos Sistemas Órgãos do Sistema Urinário
Genitais

Às vezes, quando vou iniciar uma aula sobre o Rim


sistema urogenital, peço que alunos façam uma
lista das estruturas anatômicas que formam cada O rim é o órgão central do sistema urinário. Ele é
um destes sistemas, e percebo muitas pessoas não par, de cor avermelhada, em forma de feijão, situa-
conhecem seu próprio corpo. Por exemplo, quase do na cavidade abdominal (à direita e à esquerda
sempre afirmam que pênis e vagina fazem parte da coluna vertebral), um pouco acima da linha
do sistema urinário (o que não é verdade, pois da cintura. No homem adulto pesa de 125 a 170
estes órgãos pertencem aos sistemas genitais). gramas e tem cerca de 10 cm de comprimento, 2
Para muitos, estruturas anatômicas como glân- de espessura e 5 de largura. O esquerdo tende a
dula bulbouretral e o bulbo do vestíbulo são com- ser um pouco mais comprido e estreito do que o
pletamente desconhecidas. Além disso, há aqueles rim direito, mas em contrapartida, o direito fica
que ao visualizar a vulva pensam estar vendo a levemente mais baixo devido à posição do fígado
vagina, a qual é um órgão interno. (DANGELO; FATTINI, 2011).
Tanto o sistema genital masculino quanto o Externamente, o rim é revestido por uma fina
feminino podem ser divididos em órgãos genitais bainha de tecido conjuntivo fibroso (a cápsula fi-
internos e externos. Os internos ficam alojados na brosa), sobre a qual existe uma grande quantidade
cavidade pélvica e incluem o testículo, epidídimo, de tecido adiposo formando a cápsula adiposa ou
ducto deferente, glândula seminal, ducto ejacula- gordura perirrenal. Tanto a cápsula fibrosa quanto
tório, próstata, uretra e glândula bulbouretral (no a cápsula adiposa auxiliam na proteção e na fixa-
sistema genital masculino) e ovário, tuba uterina, ção do rim à cavidade abdominal.
útero e vagina (no sistema genital feminino). Os Sobre eles está a glândula suprarrenal que per-
externos são visíveis à superfície do corpo e in- tence ao sistema endócrino atuando como impor-
cluem pênis e escroto (no sistema genital masculi- tante produtora de hormônios. Assim, rins, glân-
no) e as estruturas da vulva ou pudendo feminino dulas suprarrenais e ureteres são retroperitoneais
(no sistema genital feminino) (MIRANDA NETO; (portanto, pouco móveis). Todavia, tais estruturas
CHOPARD, 2014). podem se movimentar cerca de 3 cm verticalmente
Só para reforçar, nunca mais se esqueça de durante os movimentos respiratórios e ao ficar em
que vagina é um órgão interno e não é visível pé ou deitar.
na face externa do corpo em condições normais
ou em posição anatômica. O que se vê externa-
mente é a vulva.

170 Sistema Urogenital


Suas principais funções são nais, as quais separam porções cônicas da medula denominadas
filtrar o plasma sanguíneo e for- pirâmides renais. A pirâmide e o córtex que a circunda são chamados
mar a urina (uropoiese), sinteti- de lobo renal.
zar a forma ativa da vitamina D, As pirâmides têm aspecto estriado (raios medulares) e têm as
glicose em casos de jejum pro- bases voltadas para a superfície do órgão e os ápices voltados para a
longado e eritropoetina (uma pelve renal (uma porção dilatada que origina o ureter). Assim, elas
glicoproteína que atua na me- se estreitam originando em seu ápice as papilas renais as quais apre-
dula óssea estimulando a pro- sentam os forames papilares que recebem a urina para lançá-la nos
dução de hemácias). Além disso, cálices renais menores (estes se encaixam nas papilas renais como
o rim também sintetiza renina uma taça, por isso, o nome de cálices). Os cálices renais menores
que é uma enzima produzida se unem e formam o cálice renal maior e estes se abrem na pelve
por fibras musculares lisas das renal. Dessa forma, cálices renais menores e maiores, pelve renal,
paredes das artérias aferentes, vasos e nervos renais ficam alojados em um espaço chamado seio
cuja liberação para a corren- renal onde existe o tecido adiposo do seio renal.
te sanguínea ocorre quando a
pressão arterial cai. Vista externa do rim Vista interna do rim
Externamente, os rins apre- Córtex renal
sentam duas faces (anterior e
posterior), duas bordas ou mar-
gens (medial e lateral) e duas ex-
tremidades ou polos (superior e
inferior). O polo superior é es- Ureter

pesso, arredondado e mais pró-


ximo da linha mediana. A mar-
gem lateral é convexa e voltada
à esquerda, a margem medial é
Pirâmides
côncava no centro e convexa nas renais
extremidades. Em sua parte cen-
Figura 1 - Rim
tral existe um fissura chamada
hilo renal que dá passagem às ar-
térias e veias renais, nervos, vasos Como mencionamos a pouco, uma das principais funções do rim é
linfáticos e pelve renal formando filtrar o sangue e formar urina (esse sangue é trazido aos rins pela
o pedículo renal. porção abdominal da artéria aorta que origina as artérias renais).
Um corte coronal no interior Para desempenhar tal função, o rim é constituído por unidades
do rim permite identificar, ma- anatomo-funcionais chamadas néfrons que atuam como filtros
croscopicamente, uma porção separando o que deve ser eliminado e o que deve ser reaproveitado
central mais escura denominada pelo corpo. Existe aproximadamente um milhão de néfron em cada
medula renal e outra periféri- rim, mas, infelizmente, eles vão sendo gradativamente destruídos
ca mais pálida chamada córtex e não se regeneram (a perda dos néfrons está relacionada, dentre
renal que se projeta em direção outros fatores, à alimentação rica em conservantes, corantes, agro-
à medula formando colunas re- tóxicos, condimentos, à ingestão de fármacos etc.).

UNIDADE 4 171
O néfron tem a estrutura de um tubo sinuoso, fechado em sua Assim, são produzidos cerca
extremidade inicial e aberto em sua extremidade final. Ele é for- de 180 litros de ultrafiltrado por
mado pelo glomérulo renal, cápsula glomerular, túbulo contorci- dia. Na sequência, ocorre a reab-
do proximal, túbulo reto, túbulo contorcido distal e ducto coletor sorção de substâncias essenciais
(TORTORA et al., 2010). que não estão em excesso (como
O glomérulo renal é um conjunto de capilares fenestrados que dei- aminoácidos, vitaminas e glico-
xam passar um filtrado de plasma (sem proteínas) o qual cai no interior se) e 99% da água filtrada. Por
da cápsula glomerular. A cápsula é um tecido conjuntivo que recobre último, durante a secreção, subs-
o glomérulo renal e que se prolonga originando o túbulo contorcido tâncias em excesso do líquido
proximal, reto e contorcido distal por onde este filtrado circula. Por fim, intersticial são removidas (como
o ducto coletor recebe a urina formada nos túbulos e a encaminha ao drogas, catabólitos ou excretas e
interior dos cálices renais menores, de onde segue aos cálices renais toxinas) formando a urina.
maiores, à pelve e ao ureter. Assim, os cerca de 1500 ml de urina pro- Como curiosidade, vale es-
duzidos por dia por uma pessoa saudável chegam até a bexiga urinária. clarecer sobre os cálculos re-
No entanto, esse processo não é tão simples como parece, pois nais (popularmente conhecidos
os rins realizam várias filtragens para que apenas o essencial seja como “pedras nos rins”). Eles
eliminado sem prejuízos ao corpo. Para tanto, esse processo ocorre podem ser encontrados nos
em três etapas principais: filtragem, reabsorção e secreção. A filtra- cálices renais menores e maio-
gem de todos os componentes do sangue (exceto células e proteínas) res, na pelve renal, no ureter e
ocorre no glomérulo renal e, posteriormente, na cápsula glomerular. na bexiga urinária obstruindo
Túbulos renais (néfrons) o fluxo da urina e provocando
a contração da musculatura do
Córtex

Artéria renal
ureter (o que desencadeia uma
Medula
forte dor aguda). Além disso,
sua presença pode causar lesões
Veia renal gerando hematúria (sangue na
Rim urina). Os principais fatores
Artéria interlobar
que predispõem sua formação
Artéria Veia interlobar incluem baixa ingestão de água,
arqueada
Veia excesso de ingestão de carnes,
arqueada
leites, queijos, vitamina C e D, al-
Néfron
Túbulo distal
terações na reabsorção de cálcio,
Glomérulo
Capilares peritubulares hiperparatireoidismo, repouso
Cápsula glomerular
Arteríola aferente
prolongado, utilização excessi-
Arteríola eferente va de antiácidos que contenham
Artéria
arqueada
cálcio e predisposição genética.

Direção do
Veia
fluxo sanguíneo
arqueada
Túbulo
proximal
Figura 2 - Néfron Duto coletor

172 Sistema Urogenital


Rim Rim
direito esquerdo

Ureter Ureter
direito esquerdo

Bexiga urinária
Figura 4 - Ureter

Figura 3 - Órgãos do sistema urinário

Ureter Bexiga Urinária

O ureter é um tubo músculo-membranoso estreito A bexiga urinária é um órgão ímpar que fica loca-
e longo (no adulto tem de 25 a 30 cm de compri- lizado, após a puberdade, na cavidade pélvica (no
mento). Ele inicia no hilo renal e desemboca na be- feto e no recém-nascido ela se localiza na cavidade
xiga urinária. Assim, sua função é conduzir a urina abdominal). Embora seja oca, ela é constituída
produzida no rim até à bexiga urinária onde fica por fortes paredes musculares que se distendem
armazenada até a micção. Devido sua constituição para permitir que sua função de armazenamento
muscular, ele é capaz de se contrair e realizar movi- de urina seja possível (normalmente, ela pode ar-
mentos peristálticos (WATANABE, 2000). mazenar de 350 ml a 1,5 litros de urina).
Em seu trajeto do rim até a bexiga, o ureter Sua forma, tamanho, relação com órgãos vizi-
desce justaposto à parede abdominal e à parede nhos e situação variam de acordo com suas fases
pélvica, passando posteriormente ao peritônio (ou de vacuidade, com a idade e o sexo do indivíduo.
seja, é retroperitoneal e imóvel). Dessa forma, ele No adulto, por exemplo, quando ela está vazia,
apresenta três porções: a abdominal, a pélvica e a fica achatada contra a sínfise púbica, mas quando
intramural (quando atravessa a parede da bexiga). está cheia, ela assume uma forma ovoide que se
Quando os ureteres atravessam a parede mus- salienta na cavidade abdominal. De igual modo,
cular da bexiga urinária, eles o fazem de maneira sua posição anatômica é diferente no homem e
oblíqua formando uma válvula unidirecional que, na mulher. Enquanto, no homem ela fica loca-
junto com a pressão interna da bexiga ocasionada lizada à frente do reto, na mulher o útero fica
pelo seu enchimento, impede o refluxo da urina interposto entre ela e o reto (FREITAS, 2004).
em direção ao ureter. Além disso, as contrações A bexiga apresenta uma face superior, duas
musculares da bexiga também atuam como um faces ínfero-laterais e uma face posterior (também
esfíncter impedindo tal refluxo. chamada de fundo ou base da bexiga). Seu ápice

UNIDADE 4 173
aponta para a sínfise púbica; seu fundo é convexo e oposto ao ápice; seu corpo é considerado sua parte
principal localizada entre o ápice e o fundo; seu colo é inferior (MOORE et al., 2001). Além disso, a
superfície interna da bexiga apresenta vários acidentes anatômicos (como o óstio do ureter, o óstio
interno da uretra, o trígono vesical e a úvula da bexiga).
Como vimos anteriormente,
a bexiga urinária é constituída
por músculos fortes que apre-
Ovário
sentam fibras lisas dispostas em Tuba uterina
espiral, cuja contração provoca
o esvaziamento da bexiga. Vale
destacar que a micção é um me- Útero
canismo reflexo desencadeado
pela distensão da bexiga. Esse
mecanismo depende da ativida- Bexiga urinária Cérvix
de do sistema nervoso autôno- Reto
mo, mas pode ser influenciado Uretra

voluntariamente por meio da


ação de músculos do abdome Vagina Ânus
e do períneo (que veremos ao Figura 5 - Bexiga urinária
fim desta unidade).

Uretra

A uretra é considerada o seg- pequeno orifício localizado entre os lábios menores do pudendo,
mento terminal do sistema uri- próximo ao clitóris e ao óstio da vagina.
nário. Ela é um tubo mediano Em contrapartida, a uretra masculina é longa (aproximadamente
cuja função é conduzir a urina 20 cm), sinuosa e se destina à passagem de urina e de sêmen durante
até o meio externo. Participam a ejaculação (assim, ela pertence tanto ao sistema urinário quanto
de sua constituição tecido con- ao sistema genital masculino). Por isso, ela é dividida em quatro
juntivo, músculo liso e mucosa partes: uretra pré-prostática ou intramural, uretra prostática, uretra
(elástica e rica em glândulas) membranácea e uretra esponjosa.
(DI DIO, 2002). Enquanto a uretra intramural tem diâmetro e comprimento va-
Há diferenças entre a uretra riáveis de acordo com o enchimento da bexiga, a uretra prostática
masculina e feminina. A femini- é completamente circundada pela próstata e dela recebe secreção
na é muito curta (aproximada- (pelos dúctulos prostáticos), além de receber o sêmen (pelos ductos
mente 4 cm) e se destina apenas ejaculatórios). A uretra membranácea penetra a membrana do pe-
à passagem de urina. Ela se abre ríneo e termina ao entrar no pênis. Próximo a esta parte da uretra
para o meio externo por meio estão as glândulas bulbouretrais (que serão estudadas em breve
do óstio externo da uretra, um ainda nesta unidade).

174 Sistema Urogenital


Por fim, a uretra esponjosa começa na extremidade distal da uretra membranácea e termina no
óstio externo da uretra (um pequeno orifício localizado na região central da glande do pênis). Essa
porção da uretra é longa e está envolvida pelo corpo esponjoso do pênis (por isso, recebe este nome).
Nela se abrem as glândulas bulbouretrais.

Figura 6 - Comparação entre a uretra masculina e feminina

A uretra pode ser acometida por processo inflamatório caracterizando o quadro clínico de uretrite.
Se a inflamação progredir em direção à bexiga urinária, ocorrerá cistite (que é mais comum em
mulheres devido à pequena dimensão da uretra). Se o ureter for acometido, ocorrerá ureterite e,
se a inflamação atingir os rins, ocorrerá nefrite. Além disso, nos homens pode ter propagação para
a próstata causando prostatite.
Fonte: Copacabana Runners ([2018], on-line)1.

UNIDADE 4 175
Sistema Genital
Masculino

Órgãos do Sistema Genital


Masculino

Testículo

Os testículos são duas glândulas ovais, achatadas


no sentido látero-lateral, que produzem continua-
mente, a partir da maturidade sexual, os gametas
masculinos (os espermatozoides) e o hormônio
testosterona (MOORE et al., 2014).
Na vida intrauterina, ele se desenvolve no in-
terior do abdome (próximo aos rins), mas à me-
dida que a gestação avança, o testículo desce e se
posiciona no interior do escroto onde é palpável
ao nascimento. É fundamental que esse processo
de migração se complete antes da puberdade para
que os testículos fiquem alojados externamente à
parede da pelve, pois a temperatura intra-abdomi-
nal (36 a 37°C) poderia comprometer a produção
dos espermatozoides tornando o indivíduo estéril
(pois para a espermatogênese o ideal é 35°C). Por
isso, a não descida do testículo (chamada criptor-
quidia) pode ser corrigida cirurgicamente.
Em geral, o testículo esquerdo é inferior ao

176 Sistema Urogenital


Anatomia do testículo
direito e eles são separados por
um septo de tecido conjuntivo
(chamado septo do escroto) que
Plexo pampiniforme
é percebido externamente como
a rafe do escroto (uma espécie
Artéria testícular
de “costura” mais escura visível
na superfície externa do escro-
to). Epidídimo
Ducto deferente
Adicionalmente, a superfície
do testículo é revestida por teci-
do conjuntivo muito resistente
chamado túnica albugínea, e
por um saco seroso duplo cha- Testículo
mado túnica vaginal que emite
septos para o interior do testí-
culo dividindo-o em lóbulos
onde se encontra o parênqui-
ma do testículo. Os ápices dos
lóbulos convergem e formam
o mediastino do testículo que
é uma massa de tecido fibroso.
Nos lóbulos existem muitos Figura 7 - Testículo
ductos finos, longos, sinuosos e
de calibre quase capilar que são no interior dela, várias estruturas entram e saem do testículo for-
chamados de túbulos seminífe- mando o funículo espermático que é envolto pela fáscia espermá-
ros contorcidos que formam os tica interna, fáscia espermática externa e pela fáscia cremastérica.
espermatozoides. Esses túbulos O funículo espermático percorre uma espécie de túnel através da
convergem para o mediastino do parede do abdome, o canal inguinal, o qual pode apresentar hér-
testículo e se anastomosam para nias inguinais. Dentre as estruturas que o percorrem destacam-se
formar os túbulos seminíferos as veias testiculares cujo aparecimento de varizes caracteriza uma
retos, os quais se entrecruzam condição patológica chamada varicocele que leva ao acúmulo de
formando uma rede que desem- sangue venoso no testículo reduzindo a espermatogênese e podendo
boca em 15 a 20 dúctulos eferen- causar infertilidade.
tes que se destinam à cabeça do Assim, é importante salientar que na bolsa escrotal não fica ape-
epidídimo. Assim, o espermato- nas o testículo, mas também o epidídimo, parte do ducto deferente
zoide produzido no testículo é e do funículo espermático. É uma região extremamente inervada
encaminhado ao epidídimo. e, portanto, muito sensível porque representa o local onde a esper-
Como o testículo se posi- matogênese ocorre. Dessa forma, a sensibilidade faz com que os
ciona externamente à parede homens protejam todo o conteúdo da bolsa escrotal a fim de que
da pelve e os outros órgãos do os espermatozoides sejam bem formados e hábeis à fecundação e
sistema genital masculino estão geração de novos indivíduos saudáveis.

UNIDADE 4 177
Epidídimo

O epidídimo (que muitas pessoas desconhecem ejaculatório. Por isso, ele apresenta uma parte escro-
onde fica e para que serve) é um órgão par, em tal, funicular, inguinal, pélvica e a ampola do ducto
forma de tubo enovelado com aspecto de meia deferente (parte alargada que se une ao ducto da
lua, cuja função é o armazenamento temporário glândula seminal para formar o ducto ejaculatório).
e a maturação dos espermatozoides (MIRANDA Como apresenta músculo liso em sua parede, no
NETO; CHOPARD, 2014). momento que precede a ejaculação, o ducto defe-
Ele se entende da borda posterior do testículo rente se encurta e ao mesmo tempo amplia sua luz,
até o ducto deferente e apresenta cabeça, corpo e funcionando como uma câmera de pressão negativa
cauda. A cabeça é uma região mais dilatada que que atrai os espermatozoides para o seu interior. A
fica na extremidade superior do testículo; o cor- seguir, ele se contrai expulsando-os em direção ao
po é afilado e formado pelo ducto contorcido do ducto ejaculatório.
epidídimo; a cauda é sua parte inferior, contínua
com o ducto deferente.

Ducto Ducto
deferente deferente
direito esquerdo

Figura 9 - Ducto deferente

Glândula Seminal

A glândula seminal também é um órgão par, for-


mado por estruturas tubulares enoveladas em
Figura 8 - Epidídimo
fundo cego, com cerca de 5 cm de comprimento.
Situa-se posteriormente à bexiga urinária e acima
Ducto Deferente da próstata e é constituída de músculo liso e tecido
conjuntivo fibroso (WATANABE, 2000).
O ducto deferente é órgão par, com cerca de 30 cm Sua função é secretar um líquido seminal al-
de comprimento, cuja função é permitir a passagem calino, espesso, rico em frutose, que ativa o mo-
dos espermatozoides da cauda do epidídimo até a vimento dos espermatozoides e contribui para a
próstata, à medida que eles amadurecem. Por isso, é nutrição dos mesmos. Esse líquido representa cer-
considerado o canal excretor do testículo (DANGE- ca de 60% do conteúdo eliminado durante a eja-
LO; FATTINI, 2011). culação. Inferiormente, a extremidade da glândula
Para tanto, o ducto deferente deixa o escroto, sobe seminal torna-se estreita e ereta formando o ducto
pelo funículo espermático, comunica-se com as glân- da glândula seminal, que como mencionado an-
dulas seminais (por meio dos ductos das glândulas teriormente, une-se ao ducto deferente formando
seminais) e penetra a próstata onde originam o ducto o ducto ejaculatório dentro da próstata. Lembra?

178 Sistema Urogenital


com o reto explica o fato dela poder ser palpada por
meio do toque retal para auxiliar no diagnóstico de
hiperplasia de próstata.
Quando um homem deseja ser esterilizado, a Externamente, a próstata é envolta por uma cáp-
vasectomia é uma excelente opção. Nesse pro- sula fibrosa densa neurovascular e pela fáscia visceral
cedimento cirúrgico, o ducto deferente é sec- da pelve. Em sua constituição estão presentes múscu-
cionado de forma que, durante a ejaculação, lo liso, tecido conjuntivo fibroso e glândulas (um ter-
ocorre apenas a eliminação de líquido semi- ço de sua composição é fibromuscular e dois terços
nal sendo os espermatozoides reabsorvidos. é glandular, pois, ela apresenta de 30 a 50 glândulas).
Tais glândulas secretam o líquido prostático que,
além de ativar a movimentação dos espermatozoides,
é alcalino e neutraliza a acidez do líquido prove-
niente do ducto deferente e da vagina. Esse líquido
representa cerca de 30% do volume ejaculado e é fun-
damental para dar o odor característico do sêmen.
Como a próstata é atravessada em toda a sua ex-
Glândula tensão pela uretra, a secreção de suas glândulas é
seminal
lançada diretamente na porção prostática da uretra
por meio de vários dúctulos prostáticos. Sua cápsula
e fibras musculares se contraem forçando o líquido
prostático em direção à parte prostática da uretra.
Figura 10 - Glândula seminal

Próstata

A próstata é considerada a maior glândula acessória


do sistema genital masculino, pois tem cerca de 3 cm
de comprimento, 4 de largura e 2 de profundidade
ântero-posterior. Embora seja pouco desenvolvida
ao nascimento, ela cresce da puberdade até em torno
dos 30 anos de idade, e depois diminui após os 40
anos (DI DIO, 2002).
Ela tem dois lobos laterais (direito e esquerdo) e Figura 11 - Próstata
um lobo mediano (o istmo da próstata). Localiza-se
na pelve, em posição mediana, logo, abaixo da bexiga
urinária. Assim, apresenta uma base (voltada à be-
xiga urinária), um ápice (voltada aos músculos do Não confunda espermatozoide (gameta masculi-
períneo), uma face anterior muscular (separada da no), líquido seminal ( produzido pelas glândulas
sínfise púbica por gordura), duas faces ínferolaterais seminais e próstata, não tem gameta) e esper-
(voltadas ao músculo levantador do ânus) e uma ma ou sêmen (gameta mais líquido seminal).
face posterior (voltada ao reto). Sua proximidade

UNIDADE 4 179
Ducto Ejaculatório

O ducto ejaculatório é o último


e menor segmento das vias es-
permáticas (tem cerca de 2 cm
de comprimento). Ele é ímpar
e, como já vimos, resulta da
união do ducto da glândula
seminal com o ducto deferen-
te. Assim, atravessa a próstata e
desemboca na parte prostática
da uretra (FREITAS, 2004).

Glândula
Bulbouretral

A glândula bulbouretral é uma


pequena estrutura anatômica
(do tamanho de uma ervilha),
localizada à direita e à esquerda
da parte inicial da uretra mem-
branosa, junto ao bulbo do pênis O ducto ejaculatório se
forma dentro da próstata
(TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010). Sua função
é produzir, durante o período
de excitação sexual que antece-
de a ejaculação, uma secreção
mucosa e alcalina que, além da
função lubrificante, contribui
para neutralizar o pH da uretra
e eliminar resíduos de urina.
As glândulas bulbouretrais
Essa secreção é lançada na parte se localizam na raiz do pênis
esponjosa da uretra pelos duc-
tos das glândulas bulbouretrais
(como já vimos). Figura 12 - Ducto ejaculatório e glândula bulbouretral

180 Sistema Urogenital


Uretra Pênis

A uretra já foi estudada por ocasião do sistema O pênis é um órgão ímpar localizado na região pu-
urinário, mas você deve lembrar que, para o ho- denda. Sua principal função é possibilitar o coito
mem, ela é comum tanto ao sistema urinário (pois por meio da penetração na estrutura de cópula do
se destina à passagem da urina) quanto ao sistema sistema genital feminino (a vagina) a fim de nela
genital masculino (pois se destina à passagem do lançar os espermatozoides (WATANABE, 2000).
sêmen durante a ejaculação). Além disso, também Em sua constituição existem três longas mas-
vale lembrar que há inúmeras diferenças entre a sas cilíndricas de tecido lacunar erétil que são os
uretra masculina e a feminina. Assim, neste tópico, dois corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Os
revisaremos apenas a uretra masculina, enquanto, corpos cavernosos são constituídos por muitas
pertencente ao sistema genital masculino. trabéculas de tecido conjuntivo fibroso, fibras
A uretra é um tubo mediano sinuoso e longo elásticas e músculo liso revestido por células en-
(com aproximadamente 20 cm de comprimento), doteliais que deixam entre si espaços por onde
constituído por tecido conjuntivo, músculo liso e passam as artérias profunda e dorsal do pênis.
mucosa (elástica e rica em glândulas). Além disso, No plano mediano eles são fundidos um ao
é dividida em uretra pré-prostática ou intramural, outro, mas, posteriormente, separam-se para for-
uretra prostática, uretra membranácea e uretra mar os ramos do pênis os quais fazem a fixação
esponjosa (MOORE et al., 2014). do pênis aos ossos do quadril (ísquio e púbis).
Enquanto, a uretra intramural tem diâmetro Esses corpos formam o maior volume do pênis e
e comprimento variáveis de acordo com o en- abrigam o corpo esponjoso. Por sua vez, o corpo
chimento da bexiga (pois a atravessa), a uretra esponjoso contém a parte esponjosa da uretra
prostática é completamente circundada pela e apresenta uma dilatação anterior chamada
próstata e dela recebe secreção prostática (pelos glande, e outra posterior, chamada bulbo, que
dúctulos prostáticos), além de receber o sêmen se prende às estruturas do assoalho da pelve.
(pelos ductos ejaculatórios). Todavia, é importante ressaltar que além dos
A uretra membranácea penetra a membrana corpos cavernosos e do corpo esponjoso, o pê-
do períneo e termina ao entrar no pênis. Próximo nis também é formado por vasos sanguíneos,
a esta parte da uretra estão as glândulas bulboure- vasos linfáticos e é revestido por uma pele fina,
trais. Por fim, a uretra esponjosa começa na extre- sensível, elástica, lisa, de cor escura e frouxamen-
midade distal da uretra membranácea e termina te presa à tela subcutânea. Além disso, tanto os
no óstio externo da uretra (um pequeno orifício corpos cavernosos quanto o corpo esponjoso são
localizado na região central da glande do pênis). revestidos por fáscias e túnicas fibrosas (como a
Esta porção da uretra é longa e está envolvida pelo túnica albugínea, e a fáscia superficial e profunda
corpo esponjoso do pênis (por isso, recebe este do pênis) as quais favorecem o ingurgitamento
nome). Nela se abrem as glândulas bulbouretrais. de sangue e predispõem a ereção.

UNIDADE 4 181
micro-organismos proliferem e invadam a uretra
causando infecção. Muitas vezes, podem não apa-
recer sintomas graves, mas surge odor desagradável
e prurido (coceira). Assim, quando a fimose é diag-
nosticada, uma correção cirúrgica pode ser indicada.
Corpo do pênis.
Observe como a uretra Por fim, vale destacar que dois ligamentos
esponjosa percorre todo o
corpo esponjoso do pênis prendem-se ao pênis (o ligamento fundiforme e
o ligamento suspensor do pênis) e que, interna-
mente, os corpos cavernosos são separados pelo
septo do pênis.

Escroto ou Bolsa Escrotal

O escroto é uma bolsa fibromuscular cutânea que


Figura 13 - Pênis
fica situada inferiormente à sínfise púbica e, pos-
No pênis distinguem-se três regiões: raiz, corpo teriormente, ao pênis, permanecendo pendente na
e glande. A raiz é onde ele se origina, ou seja, sua região urogenital. Sua principal função é conter o
porção fixa formada pelos ramos e bulbo do pênis, testículo fora da cavidade pélvica cuja tempera-
e pelos músculos isquiocavernoso e bulboespon- tura (37 ºC) é superior à temperatura ideal para
joso. O corpo é sua parte pendular livre e móvel a espermatogênese (35 ºC) (MIRANDA NETO;
onde estão os corpos cavernosos e o corpo espon- CHOPARD, 2014).
joso. Já a glande é sua extremidade distal dilatada Ele é dividido pelo septo do escroto em dois
onde o óstio externo da uretra se abre. compartimentos, os quais contêm um testículo,
A glande fica superficialmente separada do um epidídimo, a parte inferior do funículo esper-
resto do corpo do pênis por uma constrição, o mático e seus envoltórios. Vale destacar que, em-
colo da glande, e apresenta uma borda proemi- bora o testículo fique contido em seu interior, ele
nente chamada coroa da glande onde existem apresenta relativa mobilidade dentro do escroto.
glândulas prepuciais produtoras de uma secreção A bolsa escrotal possui várias camadas, sen-
de odor característico (o esmegma). Além disso, a do as principais a pele, a túnica dartos e a túnica
glande é coberta por uma pele fina que forma uma vaginal. A pele é relativamente fina, muito pig-
prega retrátil chamada prepúcio, o qual apresenta mentada, com poucos pelos e muitas glândulas
inferiormente um freio que limita sua mobilidade. sebáceas e sudoríferas cuja sudorese ajuda a eli-
Se a abertura do prepúcio for estreitada impe- minar o calor. Ela é marcada externamente por
dindo a exposição da glande, ocorre uma condição uma crista mediana chamada rafe do escroto, a
patológica chamada fimose. Tal condição, além de qual continua anteriormente com a rafe do pênis
dificultar o coito, atrapalha a higienização do pê- e posteriormente com a rafe do períneo.
nis o que é extremamente preocupante haja vista A túnica dartos é aderida à pele e formada
a glande apresentar inúmeras glândulas sebáceas por fibras musculares lisas fundamentais para a
e prepuciais produtoras de sebo e esmegma. Além termorregulacão. Por exemplo, a contração das
disso, o acúmulo de esmegma pode fazer com que fibras determina o aspecto enrugado da pele por

182 Sistema Urogenital


influência do frio, exercício ou estímulo do mús- Concomitantemente, a túnica albugínea do pê-
culo oblíquo interno do abdome. Além disso, sua nis entra em tensão, comprime os espaços caver-
contração ajuda os músculos cremasteres a man- nosos e bloqueia a saída do sangue pelas vênulas e
terem os testículos mais próximos do corpo para veias causando o completo enchimento dos lagos
reduzir a perda de calor. venosos e o enrijecimento peniano. Além disso,
Por fim, a túnica vaginal é uma serosa deri- a contração reflexa do músculo isquiocavernoso
vada do peritônio que acompanha os testículos ajuda a aumentar a pressão nos espaços cavernosos.
durante sua migração do abdome para o escro- Posteriormente, o sistema nervoso autônomo
to. Embora o escroto também possa ser chama- simpático age desencadeando a ejaculação e cau-
do de bolsa escrotal, ele não deve ser chamado sando vasoconstrição arterial a fim de reduzir o
de saco escrotal, está bem? fluxo de sangue para os corpos cavernosos. Assim,
a saída de sangue pelas veias faz com que o pênis
volte a seu estado de flacidez (MOORE et al., 2014).
Vale destacar que problemas psicológicos,
tensões emocionais e insuficiências vasculares
(comuns em idosos, diabéticos, hipertensos, se-
dentários e fumantes) podem causar impotência
sexual. Além disso, o fumo afeta diretamente a
função erétil devido seu efeito vasoconstritor e
à predisposição que causa às doenças degene-
Bolsa escrotal. rativas da parede arterial.
Observe como a bolsa
escrotal abriga e protege
não só o testículo, mas
também o epidídimo e
o ducto deferente Ejaculação
Figura 14 - Bolsa escrotal A ejaculação é caracterizada como a eliminação
do sêmen pelo óstio externo da uretra. Normal-
Ereção mente, ela ocorre no momento do orgasmo ou
durante o sono (sendo chamada de polução no-
Estímulos físicos (como o toque) e psíquicos turna) e é desencadeada por impulsos do sistema
(como um pensamento relacionado à sexualida- nervoso autônomo simpático provenientes dos
de) desencadeiam uma resposta do sistema nervo- segmentos lombares da medula espinal.
so autônomo parassimpático a partir do segmento Assim, estímulos são enviados pelo nervo
sacral da medula espinal de onde partem fibras pudendo até à medula espinal, a qual, em res-
nervosas até o pênis. Essas fibras, em contraste posta, estimula os músculos estriados esquelé-
com a maioria das fibras parassimpáticas, secre- ticos localizados em torno do tecido erétil da
tam óxido nítrico (NO) que causa relaxamento raiz do pênis causando sua contração, com-
dos músculos lisos das artérias do pênis (vasodila- pressão da uretra e possibilitando a ejaculação.
tação) e da rede de trabéculas do tecido erétil dos Por isso, em casos de secção da medula espi-
corpos cavernosos e esponjoso, fazendo o sangue nal, o indivíduo perde o controle da ejaculação
fluir rapidamente para enchê-lo. (MOORE et al., 2014).

UNIDADE 4 183
Sistema Genital
Feminino

Órgãos Internos do Sistema


Genital Feminino

Ovário

De acordo com Dangelo e Fattini (2011), o ová-


rio é um órgão par, de forma oval, que repousa na
fossa ovárica. Ele tem cerca de 3 a 4 cm (embora,
diminua de tamanho com o envelhecimento) e
apresenta consistência firme (que aumenta com a
idade). Sua função é produzir, ao final da puberda-
de, gametas femininos (os ovócitos) e hormônios
(estrógeno e progesterona).
É interessante ressaltar que, embora o ovário
fique suspenso na cavidade peritoneal pélvica, sua
superfície não é coberta pelo peritônio. Tal fato faz
com que o ovócito expelido durante a ovulação
passe para a cavidade peritoneal até ser aprisiona-
do pelas fímbrias do infundíbulo da tuba uterina
e conduzido até a ampola da tuba uterina onde
poderá ser fertilizado.
Nas mulheres pré-púberes, a cápsula de tecido
conjuntivo (túnica albugínea do ovário) que forma
sua superfície é coberta por uma lâmina lisa de
mesotélio ovariano. Depois da puberdade, ocorrem

184 Sistema Urogenital


fibrose e distorção progressiva do epitélio superfi-
cial ovariano em razão das cicatrizes deixadas pe-
las sucessivas ovulações. Assim, o ovário se torna
branco/acinzentado e rugoso (antes da primeira
ovulação ele é liso e rosado).
O ovário passa por trás do ligamento largo do
útero que se prende. Na realidade, cada ovário é
suspenso por uma curta prega peritoneal, chamada Vista interna Vista externa
do ovário do ovário
mesovário que é uma subdivisão do ligamento lar-
go do útero. Todavia, outros ligamentos o mantém
em posição prendendo-o a formações vizinhas,
com o ligamento útero-ovárico, ligamento suspen-
sor do ovário e ligamento próprio do ovário. Figura 15 - Ovário

Tuba Uterina

A tuba uterina é uma estrutura anatômica tu- A tuba uterina é dividida em infundíbulo,
bular cuja principal função é transportar os ampola, istmo e parte uterina. O infundíbulo é
ovócitos e os espermatozoides. Esse processo sua extremidade distal. É alongado em forma de
é facilitado pelo fato de sua superfície interna funil, justaposto ao ovário, móvel e com franjas
apresentar pregas longitudinais (as pregas tubá- (fímbrias). Como já mencionado, ele se abre na
rias), que lhe conferem um aspecto labiríntico cavidade peritoneal por meio do óstio abdominal
útil para a captação e transporte do ovócito e do da tuba. A ampola é sua parte mais longa e larga,
espermatozoide por meio de seu comprimento é móvel e representa o local onde a fecundação
(FREITAS, 2004). normalmente ocorre. Enquanto o istmo é uma
À semelhança do ovário, a tuba uterina tam- porção estreitada com parede espessa que adentra
bém está situada em uma prega peritoneal, a me- o útero, a parte uterina ou intramural atravessa a
sossalpinge, incluída na borda superior do liga- parede do útero abrindo-se na cavidade uterina
mento largo do útero. Por isso, durante a gestação, através do óstio uterino da tuba.
ela e o ovário são deslocados junto com o útero.
Embora a tuba tenha cerca de 10 cm de compri-
mento, sua luz é estreita. Ela apresenta uma extre-
midade medial (que se comunica com útero pelo
óstio uterino da tuba) e uma extremidade lateral Tuba uterina Tuba uterina
direita esquerda
(que se comunica com a cavidade peritoneal por
meio do óstio abdominal da tuba). Assim, na mu-
lher o peritônio se comunica com o meio externo
por meio do óstio da vagina. Tal comunicação não
ocorre no sexo masculino uma vez que a cavidade
peritoneal é completamente fechada no homem. Figura 16 - Tuba uterina

UNIDADE 4 185
Gravidez ectópica é a gestação que ocorre fora da cavidade uterina. Ela pode se dar, por exemplo,
na tuba uterina (conhecida como gravidez tubária). As causas incluem diversos fatores que retardam
ou impedem a passagem do ovo ou zigoto para a cavidade uterina, os quais podem ser mecânicos,
funcionais, decorrentes do próprio processo de envelhecimento ou de drogas hormonais.
Fonte: Minha Vida ([2018], on-line)2.

Útero

O útero é um órgão cavitário, eminentemente mus- O colo do útero é dividido em porção vaginal
cular, situado na pequena pelve entre a bexiga uri- (que se projeta para a vagina e circunda o óstio do
nária e o reto. Ele é envolto pelo ligamento largo do útero) e porção supravaginal (acima da vagina).
útero, tem cerca de 7 cm de comprimento, 5 de lar- No colo, a cavidade uterina é estreita e passa a
gura e pesa aproximadamente 90 gramas, mas pode ser chamada de canal do colo do útero. Corpo e
se dilatar ao ponto de abrigar gêmeos, trigêmeos, colo se separam por meio do istmo do útero (uma
quadrigêmeos em seu interior. Tem a forma de uma região inferior, curta e estreitada).
pera invertida, mas não é totalmente mediano, pois A parede do corpo do útero apresenta três
quase sempre está deslocado à direita. Todavia, sua camadas: o perimétrio, o miométrio e o endomé-
forma, tamanho, posição e estrutura podem variar trio. O perimétrio é externo e representado pelo
dependendo da idade, do estado gestacional e da peritônio. O miométrio fica interposto entre as
vacuidade da bexiga e do reto (DI DIO, 2002). outras duas camadas e forma a maior parte da
Sua função principal é alojar o embrião para parede do útero. Ele é constituído por músculo
que se desenvolva durante todo o período em- liso, o qual permite o aumento do volume do
brionário. Todavia, ele também atua por meio de útero durante a gravidez e a contração que ini-
contrações musculares facilitando o parto por via cia o trabalho de parto forçando o concepto em
vaginal (parto normal). direção ao canal do colo do útero. Após o parto,
O útero apresenta duas partes essenciais, o cor- ele continua a se contrair para rearranjar seus
po e o colo. O corpo é sua porção principal situada componentes e voltar ao tamanho aproximado
entre as lâminas do ligamento largo através de suas do que tinha antes da gravidez. Tais contrações
bordas direita e esquerda. Apresenta uma face ante- são importantes também para promover um pin-
rior ou vesical (separada da bexiga pela escavação çamento dos vasos sanguíneos que se rompem
vésico-uterina) e uma face posterior ou intestinal durante o deslocamento da placenta impedindo
(separada do reto pela escavação retouterina). É quadros hemorrágicos.
móvel e se comunica lateralmente com as tubas O endométrio é a camada mucosa interna que
uterinas. A porção arredondada do corpo que fica participa do ciclo menstrual. Mensalmente, ele se
acima do ponto onde esta comunicação ocorre é prepara para receber o zigoto tornando-se espes-
chamada de fundo do útero. No interior do corpo so e rico em capilares. Todavia, não ocorrendo a
do útero existe a cavidade uterina a qual é estreita fecundação, este espessamento do endométrio se
no período não grávido. descama eliminando sangue por meio do óstio

186 Sistema Urogenital


da vagina (fenômeno conheci- A vagina é um tubo musculomembranáceo ímpar, mediano,
do como menstruação). Além com cerca de 8 cm de comprimento, cujas paredes normalmente
disso, sob a influência do estró- estão colabadas formando uma fenda ântero-posterior. Ela se situa
geno e da progesterona, o endo- posteriormente à bexiga urinária e à uretra e, anteriormente, ao
métrio sofre modificações com reto. Tem direção oblíqua para baixo e para frente de forma que
as fases do período menstrual, sua parede anterior é mais curta do que a posterior. Além disso,
uterino ou gravídico. sua extremidade superior circunda o colo do útero permitindo sua
Normalmente, o útero forma comunicação com a cavidade uterina (através do óstio do útero).
um ângulo de 90º com a vagina Inferiormente, ela se comunica com o meio externo por meio do
(é antevertido) e se flete ante- óstio da vagina.
riormente em relação ao colo (é O óstio da vagina é parcialmente fechado nas virgens. Esse fe-
antefletido). Seu posicionamen- chamento é realizado pelo hímen - uma membrana delgada de
to é mantido por importantes tecido conjuntivo pouco vascularizada. A forma e o tamanho do
ligamentos os quais, com o en- hímen são variáveis podendo apresentar uma única abertura ou ser
velhecimento e em decorrência cribriforme (todo perfurado). Todavia, imperfurações ou agenesia
da menopausa, podem se tornar no hímen são raras. Após sua ruptura (que não é dolorosa e nem
menos resistentes e flácidos. Tal provoca hemorragia), permanecem pequenos fragmentos chama-
fato é explicado em função da dos de carúnculas himenais.
menor produção de estrógeno A vagina é constituída por três túnicas, a externa ou adventícia
e, consequentemente, redução (formada por tecido conjuntivo), a média (formada por músculo
na síntese de colágeno que os liso) e a mucosa (resistente e elástica, com rugas vaginais que tendem
compõe. Com isso, o útero pode a desaparecer). Na mucosa, além de glândulas produtoras de muco,
migrar em direção à vagina (pro- existem células que, sob a ação do estrógeno, sintetizam glicogênio
lapso uterino) e alterar a posição e partículas de gorduras que são utilizados por lactobacilos da flora
da bexiga e a angulação da uretra vaginal resultando na produção de ácido lático. Esse ácido abaixa o
podendo causar, dentre outros pH da vagina protegendo-a contra microrganismos patogênicos (que
sinais, incontinência urinária. poderiam causar vaginite) e paralisa os espermatozoides.

Vagina
Ovário
Tuba uterina
O nome vagina significa bainha
e lhe foi atribuído em decorrên-
Útero
cia do fato dela envolver o pênis
durante a penetração. Assim,
sua principal função está rela- Cérvix
Bexiga urinária
cionada à cópula, mas também Reto
participa como um canal para Uretra
passagem da menstruação e re-
presenta a parte inferior do canal Vagina Ânus
de parto (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014). Figura 17 - Útero e vagina
UNIDADE 4 187
Órgãos Externos

O conjunto das estruturas anatô-


micas externas do sistema genital Anatomia da Vulva
feminino é chamado de vulva ou
pudendo feminino. Incluem o
monte do púbis, os lábios maio- Monte do púbis
res e menores do pudendo, o
Clitóris
clitóris, o bulbo do vestíbulo e as
glândulas vestibulares maiores e Lábio menor do pudendo
menores. De maneira geral, tais Óstio da uretra
Lábio maior do pudendo
estruturas servem para orientar
Vagina
o fluxo da urina, evitar a entrada
Ânus
de material estranho no trato uro-
genital e como tecido sensitivo e
erétil para a excitação e a relação
sexual (TORTORA; DERRICK-
SON; WERNECK, 2010). Figura 18 - Vulva

Monte do Púbis

O monte do púbis é uma elevação mediana, an- e suas extremidades anteriores e posteriores se
terior à sínfise púbica e contínua com a parede unem formando, respectivamente, a comissura
abdominal anterior. Ele é limitado lateralmente labial anterior e a comissura labial posterior (esta
pelas pregas inguinais. Sua constituição inclui, última segue em direção ao ânus).
principalmente, tecido adiposo (cuja quantidade é
maior na puberdade e menor após a menopausa)
e pelos espessos (após a puberdade). Lábio Menor do Pudendo

O lábio menor do pudendo é uma prega cutâ-


Lábio Maior do Pudendo nea localizada medialmente ao lábio maior. Na
criança e na idosa, ele é mais volumoso do que o
O lábio maior do pudendo é um prega cutânea lábio maior devido à maior quantidade de tecido
alongada, constituída de tecido conjuntivo frouxo adiposo que apresenta. No vivente, a pele que o
e músculo liso. Sua principal função é dar proteção recobre é lisa, úmida e vermelha. Ele apresenta
indireta ao clitóris, ao óstio da uretra e ao óstio da tecido conjuntivo esponjoso contendo tecido eré-
vagina. Após a puberdade, apresenta-se hiperpig- til, muitos pequenos vasos sanguíneos, glândulas
mentado, com muitas glândulas sebáceas e pelos, sebáceas e terminações nervosas sensitivas.
embora sua face interna permaneça sempre lisa O espaço entre o lábio menor direito e esquer-
e rosada. O lábio direito e o esquerdo delimitam do é chamado de vestíbulo da vagina. Nele se apre-
entre si uma fenda chamada rima do pudendo sentam o óstio externo da uretra, o óstio da vagina

188 Sistema Urogenital


e os orifícios dos ductos das glândulas vestibulares. O vestíbulo da
vagina é determinado por uma fenda chamada rima do vestíbulo.
Anteriormente, cada lábio menor divide-se em uma lâmina me-
dial e uma lâmina lateral. A lâmina medial direita se une à lâmina
medial esquerda formando o frênulo do clitóris. A lâmina lateral
direita e a lâmina lateral esquerda circundam superiormente o cli-
tóris formando o prepúcio do clitóris. As extremidades posteriores
dos lábios menores se unem e formam o freio dos lábios do pudendo
(o qual é mais evidente nas virgens).

Clitóris e Bulbo do Vestíbulo

O clitóris e o bulbo do vestíbulo são estruturas eréteis, formadas por


tecido especial capaz de se dilatar como resultado do ingurgitamen-
to de sangue (este aporte sanguíneo confere à mulher uma sensação
de edema e peso na região pudenda). Por isso, tais estruturas são
consideradas análogas aos corpos cavernosos do pênis.
O clitóris possui duas extremidades chamadas de ramos do clitóris
(uma fixada ao ísquio e outra fixada ao púbis). Ambas se unem e for-
mam o corpo do clitóris, o qual termina em uma dilatação, a glande
do clitóris, que é visível anteriormente aos lábios menores. O clitóris é
uma estrutura extremamente sensível e ligada à excitabilidade sexual.
O bulbo do vestíbulo é formado por duas massas de tecido
erétil, alongadas e dispostas como uma ferradura ao redor do óstio
da vagina. Não é visível, pois se situa profundamente e é recoberto
pelo músculo bulboesponjoso. Quando cheio de sangue, dilata-se
e proporciona maior contado entre pênis e vagina.

Glândulas Vestibulares Maiores e Menores

As glândulas vestibulares menores existem em número variável e


têm seus minúsculos ductos se abrindo no vestíbulo da vagina, en-
tre o óstio da uretra e o óstio da vagina. Já as glândulas vestibulares
maiores são duas glândulas profundas situadas nas proximidades do
vestíbulo da vagina onde seus ductos se abrem. Elas produzem uma
secreção mucosa que serve para lubrificar o próprio vestíbulo e a
porção inferior da vagina sob a influência do sistema nervoso autô-
nomo nos momentos preparatórios que antecedem a relação sexual
(durante o período de excitação) e durante o coito (por compressão)
visando tornar as estruturas úmidas e propícias à penetração.
UNIDADE 4 189
Peritônio na
Cavidade Pélvica

O peritônio parietal que reveste


a cavidade abdominal continua
Ovário
inferiormente até a cavidade Tuba uterina
pélvica, mas não chega ao assoa-
lho pélvico. Ao contrário, ele se
curva sobre as vísceras pélvicas Útero

ficando separado do assoalho


da pelve pelas próprias vísceras
e pela fáscia da pelve. Assim, as Bexiga urinária Cérvix
vísceras pélvicas não são com- Reto
Uretra
pletamente revestidas pelo pe-
ritônio, estando na maior parte
situadas inferiormente a ele Vagina Ânus
(exceto ovário e tuba uterina). Figura 19 - Peritônio na cavidade pélvica
Além disso, o peritônio se com-
porta de maneira diferenciada Como já mencionado, esse ligamento é muito distensível e
no homem e na mulher devido acompanha o útero quando este aumenta de tamanho na gestação
à diferença de organização dos (a tuba uterina e o ovário também o acompanham). Assim, no
órgãos pélvicos. ligamento largo do útero existem três partes importantes: o me-
Na mulher, após o peritô- sovário, a mesosalpinge e o mesométrio. No homem, o peritônio
nio recobrir a bexiga urinária, recobre a bexiga urinária, se invagina entre ela e o reto formando
ele se invagina sobre o útero uma única prega chamada escavação reto-vesical e posteriormen-
formando uma prega chama- te recobre o reto (DANGELO; FATTINI, 2011).
da escavação vésico-uterina,
e posteriormente se direciona
ao reto formando outra prega Períneo
chamada escavação reto-u-
terina. Sobre o útero, a esca- É muito comum ouvir falar que tem que contrair o períneo ao cami-
vação vésico-uterina origina nhar ou fazer exercícios físicos, que alguém terá que fazer cirurgia
o ligamento largo do útero o de períneo para levantá-lo, ou coisas desse tipo. No entanto, será
qual divide a cavidade pélvica que as pessoas realmente sabem o que é o períneo?
em compartimento anterior e Na verdade, o períneo é caracterizado como um conjunto de
posterior. Esse ligamento en- partes moles que fecham inferiormente a pelve óssea. É uma região
volve o útero, a tuba uterina e losângica delimitada pela margem anterior da arcada púbica, tu-
o ovário e se prende à borda berosidade esquiática e ápice do cóccix. No sexo feminino, ele dá
posterior dele por uma prega passagem à uretra, à vagina e ao reto, e no sexo masculino ele dá
denominada mesovário. passagem à uretra e ao reto (DI DIO, 2002). Pelo fato do períneo

190 Sistema Urogenital


permitir parte da sustentação das vísceras pélvicas,
é de grande relevância que ele seja fortalecido a fim
de que tais vísceras permaneçam sempre adequa-
damente posicionadas.
Em ambos os sexos, ele é dividido em períneo
posterior ou região anal (ocupado por um grupo de
Observe a constituição
músculos perineais denominados diafragma pélvi- predominantemente
muscular do períneo
co) e períneo anterior ou região urogenital (ocupado
por um grupo de músculos denominados diafragma
urogenital). Entre ambos, em uma posição central, há
uma área fibrosa chamada centro tendíneo do perí-
neo onde se fixam músculos e fáscias importantes
na sustentação das vísceras pélvicas, os quais agem
na defecação, micção, ereção, ejaculação, no trabalho
de parto e outros. Figura 20 - Períneo

Mamas

Muitas pessoas acham que as mamas pertencem Músculo peitoral


ao sistema genital feminino, mas isso não é verda- Tecido adiposo
de. As mamas pertencem ao sistema tegumentar
(ou tegumento comum), o qual também estuda Lóbulos
estruturas como pele e unha. Para não se esquecer
disso, você deve considerar que uma mulher mas-
Ductos
tectomizada bilateralmente (sem as duas mamas)
Aréola
pode perfeitamente gestar e dar à luz um filho.
Na verdade, a confusão está parcialmente asso- Mamilo
ciada ao fato de que as mamas têm relação com os
hormônios produzidos pelo sistema genital femi-
nino e ao fato de que elas se desenvolvem conco-
mitantemente aos órgãos da reprodução, ou seja,
iniciam seu desenvolvimento durante a puberdade.
Outro erro comum ao se referir às mamas é
chamá-las de seios. Em anatomia, seio normal-
Caixa torácica
mente se refere a uma depressão ou cavidade e
não a uma saliência como é o caso das mamas. Figura 21 - Mama

UNIDADE 4 191
Assim, o nome que deve ser usado é mama por liberados durante este período (principalmente
mais estranho que este termo possa parecer. prolactina e ocitocina). No entanto, sucessivas
Assim, após tais esclarecimentos, vamos gestações e o avançar da idade (associado à di-
definir mamas como anexos de pele situados minuição do colágeno), podem fazer com que
anteriormente aos músculos da região peitoral, elas se tornem progressivamente pedunculadas
entre as camadas superficial e profunda da tela devido à perda da elasticidade das estruturas de
subcutânea desta região. Elas são constituídas sustentação do estroma causando ptose mamá-
por parênquima de tecido glandular, estroma de ria (MOORE et al., 2014).
tecido conjuntivo e pele. No homem, a mama é pouco desenvolvida em
O parênquima de tecido glandular apresenta condições normais. Todavia, existe uma condi-
glândulas cutâneas modificadas especializadas ção patológica chamada ginecomastia onde as
na produção de leite após a gestação, o corpo da mamas se desenvolvem e muitas vezes precisam
mama. O estroma de tecido conjuntivo envolve o ser removidas cirurgicamente, pois causam cons-
corpo da mama e nele predomina tecido adiposo, trangimento e desconforto.
o qual é sustentado por tecido conjuntivo denso O controle da composição dos fluidos cor-
(a quantidade de tecido adiposo do estroma está porais é um processo complexo, pois seres hu-
diretamente relacionada ao tamanho e a forma da manos enfrentam problemas com a perda de
mama). Sua pele apresenta muitas glândulas se- substâncias para o meio que os cercam e com
báceas e sudoríparas, e é consideravelmente fina o acúmulo de substâncias em seus corpos. Se
de forma que, em pessoas de pele clara, é possível eletrólitos se acumulam no sangue, a osmolari-
inclusive notar algumas de suas veias superficiais dade do sangue é aumentada causando difusão
(TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010). da água do líquido intersticial para o sangue
Anatomicamente, as mamas apresentam dois (o que pode aumentar a pressão sanguínea).
acidentes anatômicos principais que merecem Por outro lado, a intensa eliminação de eletró-
ser mencionados, a papila mamária e a aréola da litos diminui a osmolaridade do sangue e, por
mama. A papila mamária é uma projeção com- difusão, a água flui para o espaço intersticial
posta principalmente de fibras musculares lisas acumulando-se nos tecidos e causando edema.
onde desembocam de 15 a 20 ductos lactíferos. Assim, é fundamental que seja mantido o
Ela é muito inerva e, devido a seus músculos, ela equilíbrio entre ingestão ou produção de sustân-
pode se tornar rija. A aréola da mama fica ao re- cias e eliminação delas a fim de que a homeostase
dor da papila e nela existem pequenos tubérculos seja preservada. Este equilíbrio é possibilitado
(umas saliências visíveis e palpáveis) que marcam pelo sistema urinário e anormalidade ou disfun-
o ponto de desembocadura dos ductos lactíferos. ção dele podem causar morte. O sistema genital
Ela é bastante pigmentada e apresenta grande masculino e o feminino agem em conjunto a fim
número de glândulas sudoríparas e sebáceas. de manter o número de indivíduos da espécie.
Várias alterações ocorrem com as mamas Todavia, apresentam considerável diferença en-
durante a gravidez. Por exemplo, a aréola da tre si. O feminino, por exemplo, é mais complexo
mama se torna mais escura e esta cor tente a do que o masculino, pois apresenta o órgão que
permanecer posteriormente à gestação e à ama- abriga o novo ser vivo em gestação. Em contra-
mentação. Além disso, o volume da mama pode partida, a função gametogênica na mulher cessa
até triplicar em razão dos hormônios femininos precocemente.

192 Sistema Urogenital


Outro detalhe que não se
pode esquecer é que a viabili-
dade da reprodução depende
da integridade das estruturas
anatômicas que compõem tais
sistemas. Por isso, a má forma-
ção dos testículos, alterações
hormonais, doenças vascula-
res e outras disfunções podem
prejudicar ou impedi-la. Além
disso, micro-organismos se de-
senvolvem nos genitais e podem
ser disseminados por contato
sexual. A prevenção depende
do conhecimento anatômico e
fisiológico das estruturas ana-
tômicas destes sistemas.
Assim, o profissional de
saúde deve aprofundar seu co-
nhecimento a fim de garantir
informação necessária para a
prevenção de tais males.

UNIDADE 4 193
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema urinário:


a) A uretra é considerada um órgão gametogênico.
b) A próstata é considerada um órgão gametóforo.
c) A uretra é considerada uma estrutura urocondutora.
d) O pênis e a vagina pertencem ao sistema genital masculino e feminino, res-
pectivamente.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

2. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema genital masculino:


a) O pênis é constituído por dois corpos esponjosos e um corpo cavernoso. Tais
corpos estão diretamente relacionados à ereção uma vez que se ingurgitam
de sangue fazendo com que o pênis fique túrgido (ereto).
b) A uretra masculina é mais longa e sinuosa do que a feminina e pertence tanto
ao sistema urinário quanto ao sistema genital masculino, pois conduz urina e
sêmen ao meio externo.
c) As glândulas bulbouretrais são consideradas as principais glândulas do siste-
ma genital masculino, pois produzem a maior quantidade de líquido seminal
eliminado durante a ejaculação.
d) A vasectomía secciona cirurgicamente o ducto deferente a fim de que o homem
se torne infértil. Nesse caso, o indivíduo perde a capacidade de ejaculação,
embora a sensação de orgasmo seja mantida.
e) Nenhuma das anteriores está correta.

3. Assinale a alternativa correta quanto ao sistema genital feminino:


a) A uretra feminina, embora seja mais curta do que a masculina, pertence tanto
ao sistema urinário quanto ao sistema genital feminino, pois permite a passa-
gem da urina e das secreções das glándulas vestibulares maiores e menores
ao meio externo.

194
b) Na vulva, o clitóris, o óstio externo da uretra e o óstio da vagina se posicionam
sequenciamente no sentido ântero-posterior.
c) Ao contrário da afirmação acima, o posicionamento do clitóris, do óstio externo
da uretra e do óstio da vagina é sequencial, mas no sentido posterior-anterior.
d) A tuba uterina é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos
gametas femininos.
e) O útero é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos gametas
femininos.

4. Observe a imagem, a seguir, e assinale a alternativa correta:


a) A estrutura 1 é a uretra (porção prostática).
b) A estrutura 2 é o ducto deferente.
c) A estrutura 3 é a uretra (porção esponjosa).
d) A estrutura 4 é glândula seminal.
e) A estrutura 5 é a glândula bulbouretral.

1
5

5. Identifique a alternativa incorreta:


a) As glândulas prepuciais produzem esmegma.
b) O monte do púbis é constituído, principalmente, por tecido adiposo.
c) O pH da vagina deve ser mantido alcalino.
d) O colo da glande se posiciona abaixo da coroa da glande.
e) O freio do prepúcio é análogo ao freio do clitóris, pois ambos restringem a
mobilidade de tais estruturas (respectivamente, do prepúcio e do clitóris).

195
WEB

Com certeza, você já ouviu sobre métodos de esterilização para homens e


mulheres. A vasectomia e a laqueadura são bastante parecidas. Tenha mais
informações sobre este assunto na página Dúvidas Vasectomia e Reversão de
Vasectomia.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

196
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. Terminologia Anatômica: ter-
minologia anatômica internacional. São Paulo: Manole, 2001.

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