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Universidade Estadual de Feira de Santana

Disciplina: Libras

Professor(a): Tatiane

Aluno: Anderson N. da Silva

Fichamento baseado no segundo capitulo do livro “Que língua é essa?: crenças e


preconceitos em torno da linguagem de sinais e da realidade surda”.

Gesser nos mostra nesse segundo capitulo que o termo “surdo” resolve a dimensão
política, linguística sociocultural em que a surdez está envolvida. Muito melhor que os
termos ‘deficientes auditivos’ ou ‘surdos-mudos’ os quais os surdos não gostam.

“Infelizmente, o povo surdo tem sido encarado em uma perspectiva exclusivamente


fisiológica (déficit de audição), dentro de um discurso de normalização e de
medicalização, cujas nomeações, como todas as outras, imprimem valores e convenções
na forma como o outro é significado e representado. Cabe ressaltar, por outro lado, que
não é apenas a escolha acertada de um termo que elimina os preconceitos sociais. Os
preconceitos podem estar disfarçados até mesmo nos discursos que dizem assumir a
diferença e a diversidade [nota 1]. Mas o deslocamento conceitual é preciso e urgente, e
vem ocorrendo em primeira instância na reflexão e problematização dos conceitos de que
fazemos uso ao nomear o outro.” (Pág. 46)

Para a autora, o intérprete tem função relevante na comunicação entre surdos e ouvintes
e se caracteriza como um direito em ambientes educacionais como universidades, escolas
e repartições públicas, mas faz também uma ressalva de que o intérprete não é a voz do
surdo.

“ Afirmar que o surdo precisa de intérprete em espaços institucionais em que as pessoas


não falam a sua língua já é um direito reconhecido pela Lei número 10.436, aprovada em
24 de abril de 2002. Então, escolas, universidades, repartições públicas, tribunais,
hospitais etc. devem atender essa população específica assegurando-lhe o seu direito
linguístico de poder ser assistido em sua própria língua. Por outro lado, retomando a
afirmação compartilhada pelo senso comum de que o intérprete é a 'voz' do surdo, pode-
se encobrir uma crença de que o surdo não tem língua, e isto, sabemos, não é verdade.”
(Pág. 47)

Desfaz também uma concepção equivocada e rotineira entre os ouvintes: a de que os


surdos vivem em um silêncio absoluto.

“Por definição, barulho é a ausência de silêncio; é um ruído ou som acústico perceptível


aos ouvidos. Para a cultura surda, todavia, o barulho e o silêncio adquirem novas versões.
Em uma conversa com um colega surdo, pude compreender um pouco essa noção a partir
da perspectiva surda. Relatou-me que quando está em uma comunidade com/entre surdos,
e se todos estão usando sinais ao mesmo tempo, tem a sensação de "barulho" muito
grande, afinal, diz ele, "ouço com os olhos", e o mesmo também procede quando está em
uma multidão de ouvintes que falam a língua oral. O "barulho", neste último caso, é
perceptível à visão do surdo através da dinâmica dos objetos e das pessoas, manifestada,
por exemplo, em forma de movimento, conversas paralelas, risos, expressões facial,
corporal e manual. (...) Esse significado é culturalmente construído, e cada cultura
organiza seus significados diferentemente. Assim, "o som não tem um significado
inerente, mas pode ter uma miríade de interpretações e seleções". Essas convenções
culturais são aprendidas e construídas dentro das nossas práticas cotidianas.”

Sobre a oralização e a sua representatividade no universo dos surdos.

“Oralizar é sinônimo de negação da língua dos surdos. É sinônimo de correção, de


imposição de treinos exaustivos, repetitivos e mecânicos da fala. A figura do adepto
convicto do oralismo, Alexandre Graham Bell, por exemplo, ganhou força durante o
movimento eugênico e, especialmente, no famoso Congresso de Milão em 1880, durante
o qual ele pregava que a surdez era uma aberração para a humanidade, pois perpetuava
características genéticas negativas.” (Pág. 51)

Sobre cultura e identidade própria dos surdos.

“Ao analisarmos sua história, vemos que a cultura surda foi marcada por muitos
estereótipos, seja através da imposição da cultura dominante, seja das representações
sociais que narram o povo surdo como seres deficientes. Muitos autores escrevem lindos
livros sobre oralismo, bilinguismo, comunicação total, ou sobre os sujeitos surdos... Mas
eles realmente conhecem-nos? Sabem o que é a cultura surda? Sentiram na própria pele
como é ser surdo? Esta é uma reflexão importante a ser feita atualmente, porque as
metodologias citadas não foram criadas pelo povo surdo e sim por ouvintes. Não digo que
seja errado, o que quero dizer é que essas metodologias não seguem a cultura surda... O
que o povo surdo almeja realmente é a pedagogia surda.” (Pág. 53)

Referência:

GESSER, Audrei. O Surdo. In: LIBRAS: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em
torno da linguagem de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial. 2009.
Capitulo 2. p.45-61.

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