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A população no Brasil
A distribuição espacial da população é o retrato da formação territorial.
Num primeiro momento, a ocupação do Brasil se restringia a poucos pontos no
litoral, que cumpriam a função de defesa do território e também de entreposto
comercial. Estas ocupações deram origem a algumas das maiores cidades do
país, como o Rio de Janeiro, Salvador, Recife/Olinda e Belém. Durante os
séculos XVI e XVII, as atividades econômicas da colônia se concentravam
próximas ao litoral, especialmente a produção de açúcar no Nordeste, gerando
uma primeira concentração demográfica naquela região.
Migrações internacionais
As migrações internacionais foram de extrema importância para a
formação territorial de muitos países, principalmente no continente americano.
Nas Américas, primeiro houve o fluxo de migrantes provindos das próprias
nações colonizadoras, que vinham exercer funções administrativas e ocupar as
novas terras. O avanço da economia das colônias levou ao aumento da
demanda por mão de obra, o que implicou num grande movimento migratório
forçado de africanos para o continente americano. Noriel (1988 apud
CASTLES, 2000) estima que cerca de 15 milhões de africanos abasteceram,
entre os séculos XV e XIX, o mercado de trabalho das colônias.
Em 2010 existiam 213,9 milhões de pessoas (3,1% da população
mundial) vivendo fora de seu país natal (Tabela 2.3), um incremento de 58
milhões desde 1990. As áreas onde os migrantes internacionais, em 2010,
tinham o maior peso na população total são a Oceania (16,8%), América do
Norte (14,2%) e a Europa (9,5%). Em alguns países, como na Austrália e na
Suíça, este percentual ultrapassa os 20% da população. Mesmo em países
populosos como os Estados Unidos e a Alemanha, este percentual chegava
em 2010 a 13,5% e 13,1% respectivamente. Não por acaso, a concentração de
migrantes ocorre nos países mais ricos, indicando o peso do fator econômico
na explicação das migrações. Em contraste, o estoque internacional de
migrantes respondia em 2010 por menos de 2% da população total na África e
América Latina.
Migrações no Brasil
No decorrer do século XX, muitas foram as transformações na
sociedade brasileira. Os contextos históricos, econômicos, políticos, sociais e
demográficos foram os cenários para a urbanização e industrialização, expli-
cando os fluxos demográficos no país. A dinâmica de deslocamento da
população brasileira caracteriza-se por saltos migratórios, por deslocamentos
de longa distância e pela elevada proporção de migrantes na população
(THÉRY, 2005).
As migrações internas entre 1930 e 1950 foram predominantemente do
campo para as cidades, principalmente para os centros industriais do Sudeste
e para as fronteiras agrícolas. Na década de 1940 a migração rural-urbana
nacional chegou a três milhões de pessoas. Na década de 1950,
principalmente com o desenvolvimentismo de JK e a avançada urbanização e
industrialização do país, o êxodo rural mais que dobrou: cerca de 7 milhões de
pessoas se deslocaram para as áreas urbanizadas. Nessa mesma década, a
interiorização do território ocorreu principalmente por fluxos demográficos que
se direcionavam para as fronteiras agrícolas.
A modernização agrícola é o marco da década de 1960 que intensifica
ainda mais o êxodo rural, nessa década totalizam-se 12,8 milhões de pessoas
saindo do campo em direção às cidades. Paralelo a este processo, os atrativos
urbanos se diversificaram com a criação de novos empregos devido ao
crescimento da estrutura produtiva nacional. Neste período começaram as
migrações, estimuladas pelo Estado em direção à Amazônia, processo que
continua na década seguinte.
A década de 1990 confirma a posição de São Paulo como centro receptor
de migrantes, apesar da emigração de retorno. Paralelamente com o aumento
das migrações intrarregionais e intraestaduais, fato visível pelo crescimento
das capitais nordestinas.
Quando se avalia os movimentos migratórios mais recentes (nos 10 anos
anteriores aos levantamentos), o cenário que se tem é uma diminuição geral da
migração entre diferentes Unidades da Federação quando comparados os
dados levantados pelos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Exceções para
os estados de Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal.