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ATMANANDA KRISHNA
MENON
O CAMINHO DIRETO - SRI ATMANANDA KRISHNA MENON·QUARTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2017·24
MINUTES
PREFÁCIO
Este tem relação com "Atma Darshan", outro trabalho meu publicado há
alguns anos. Alguns dos temas tratados naquele livro são clarificados neste,
e alguns outros são vistos de diferentes ângulos de visão. Em muitos lugares,
o livro vai além do “Atma Darshan” e expõe a verdade a partir de um nível
superior. Um estudo deste livro será de grande ajuda para aqueles que
alcançaram o Conhecimento da Verdade do “Atma Darshan”, para que este
conhecimento se estabeleça, e, assim, obter uma paz duradoura.
Krishna Menon
(O prefácio anterior foi impresso como uma reprodução gráfica do que Sri
Atmananda escreveu pessoalmente à mão e com sua assinatura.)
Este livro é uma interpretação livre do malabar, feita pelo próprio autor, de
obra poética do mesmo nome.
1.ATMA
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I. É a mente que tem pensamentos e sentimentos. Não, Eu. Nascimento,
crescimento, decadência e morte pertencem ao corpo, não a Mim.
II. Eu não sou o corpo – eu não tenho corpo. Eu não sou a mente – eu não
tenho mente. Eu não sou um fazedor, eu não sou um desfrutador. Eu sou a
Consciência Pura que não conhece a dissolução.
III. Isso que brilha justo antes e depois de cada pensamento e sentimento é o
“Eu”. É a consciência sem objeto, é o Atma.
IV. É, de novo, esse Atma o que brilha como felicidade no sono profundo e
também quando se obtém um objeto desejado.
V. O mundo brilha por causa da Minha luz; sem Mim nada é. Eu sou a luz na
percepção do mundo.
I. Aquele que diz que a consciência nunca é experimentada sem seu objeto
fala a partir de um nível superficial.
III. Aqui ele, mesmo silenciosamente, não se refere a algo como um objeto
dessa consciência. Isto mostra que a consciência a que ele se refere é a
consciência sem objeto.
IV. Aquele que diz: "Eu tenho consciência" ou "Estou consciente" está
separando a consciência de si mesmo; isto é surpreendente.
3. VER E OUVIR
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I. A menos que exista o ver, não há forma. A forma não tem existência
independente, e, portanto, é o próprio ver.
II. Se a forma é em si o ver, como se pode ver uma forma? Portanto o que é
visto não é a forma, mas algo diferente.
III. Da mesma maneira, os objetos dos outros sentidos também são meras
percepções sensoriais.
IV. Uma vez que a audição é o próprio som, ninguém ouve um som. Esta
verdade aplica-se em geral a todos os objetos dos sentidos.
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V. Esta é verdadeiramente a sua própria morada. É imutável, despreocupada,
é verdade, total harmonia, é paz, é sagrada e a mais elevada.
I. O som, a forma, o tato, o paladar e o olfato não podem nunca existir por si
mesmos. Eles precisam sempre de um substrato que os sustente.
II. O substrato não pode ser visto pelos órgãos dos sentidos. A ele
geralmente são dados nomes sem que se conheça a sua natureza.
III. Há o aroma e a beleza (forma) de uma flor. Mas quem sabe o que é
realmente uma flor?
II. Quando ele percebe o corpo, ele se torna seu dono e quando não o
percebe, permanece como corpo.
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III.O que quer que seja que aconteça ao corpo é reivindicado como se
acontecesse a ele mesmo, por causa de tão íntima identificação.
VII. Por isso ele não quer nem faz nenhuma tentativa para conhecê-la ou
experienciá-la.
VIII. O sábio, em sua mais profunda convicção, sabe que ele é a consciência e
que ele alcançou o que tem que ser alcançado.
IX. Dado que a consciência não sofre nenhuma mudança, ele sabe também
que ele é imutável.
XI. No entanto, seja manifesta ou não, como ele tem essa certeza
profundamente enraizada, está sempre contente, livre e feliz.
II. Quando o Meu ser não é visto como a testemunha, o pensamento se junta
a Mim e os viventes fazem de Mim o pensador.
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IV. Portanto os viventes fazem de Mim o mundo e, sendo ignorantes de Mim,
vivem em cativeiro.
II. Um pote de barro (quando quebrado) é dissolvido na terra, uma vez que é
feito de terra. Não pode dissolver-se em alguma outra coisa.
IV. Admitindo que ver e ouvir são funções, é apenas após a cessação dessas
funções que se pode dizer que se conhece.
V. Então, você pode ver claramente que o conhecimento não é o nome dado a
uma função.
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VI. Portanto é incorreto dizer "eu conheço isso”, porque aqui conhecer
denota uma função. O que deve ser dito adequadamente é "isso tornou-se
conhecimento."
III. A paz profunda e o conhecimento puro são uma e a mesma coisa. São
dados nomes diferentes a isso, porque são considerados a partir de
diferentes ângulos.
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II. Quando esta verdade é claramente compreendida, torna-se evidente que
não há nenhum "visto", inclusive no momento de ver. E então todas as
amarras cessam.
*drishyam é um objeto visto, com ênfase não na coisa - que não tem
existência em si - mas no ver como um resultado, a partir do qual a coisa
vem à existência.
II. Sendo assim, nunca se pode pensar em um objeto denso e dizer que se
pode é um erro.
VI. Este pensamento sem objeto é o nosso domínio real, sem forma e sem
mudança. Isto é o que está sendo sinalizado pela palavra "eu".
VII. Não havia cativeiro antes, não há agora e não haverá no futuro, já que o
pensamento não tem existência.
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I. Uma ação passada* não pode voltar novamente, nem um pensamento
passado.
III. Embora um pensamento possa ocorrer após uma ação, esse pensamento
não pode estar relacionado à ação, já que a ação não está presente quando
acontece o pensamento.
IX. Pensar que o cativeiro é causado por eles é claramente uma ilusão.
II. Disso se depreende que não há nada fora: tudo está dentro.
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III. O que está dentro é Eu mesmo e, portanto, o experimentador e a
experiência são um e o mesmo, que é Eu mesmo.
III. Quando a mente é direcionada para esse princípio, torna-se ela mesma o
princípio, perdendo as características da mente. Isso é chamado samadhi.
II. Ninguém vê nada, ninguém ouve nada e ninguém pensa em nada, já que
objetos e atividades dos sentidos não existem.
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I. Se você vai viver como quiser, afirmando que você é Eu, como você vai
cumprir seu desejo?
II. Não acredite que, com tal declaração, daqui em diante os seus caprichos
serão aceitos por Mim.
III. Pelo menos a partir de agora, você deve conhecer a verdade do ditado:
"Aquele que faz uma coisa, ele tão somente colhe o fruto dessa ação, bom ou
ruim".
IV. Se você pode viver de acordo com sua declaração, ótimo. Mas, para fazer
isso, você deve primeiro tentar Me ver.
V. Embora eu esteja na sua frente, dentro e atrás de você, é melhor que você
primeiro olhe para trás e tente Me ver aí.
VII. Tão logo se vire para Me ver, Eu a levarei ao centro mais íntimo do seu
ser e lá você Me verá.
IX. Ainda mais tarde, você verá que pensamentos e sentimentos não são
nada além de Mim mesmo.
XI. Então você não vai Me ver como diferente de você mesmo. Sua afirmação
de que você é Eu se tornará realidade somente quando alcançar a esse
estado.
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I. Eu sou felicidade pura. Todas as atividades dos órgãos dos sentidos e da
mente visam a felicidade.
II. Deste modo, todas suas atividades são puja feitos a Mim.
VI. Uma vez que compreendam que, por suas atividades, Me estão fazendo
puja e na passividade permanecem Me tocando, todo seu sofrimento cessa.
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I. A variedade está nos objetos (da consciência). A consciência que os
percebe é uma e a mesma por todos os lugares. Mas, como comumente a
consciência é vista conectada aos objetos, a mudança também é atribuída a
essa (consciência) através da ilusão.
VIII. Uma vez que se ele torna plenamente consciente desse fato, é liberado
e, a partir de então, todos os pensamentos, sentimentos e objetos de
percepção estarão apontando para ele mesmo.
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I. O conhecimento não tem nada para conhecer. O não sensciente nunca pode
conhecer, sendo não sensciente.
II. Ainda assim as pessoas não veem a Mim, mas se apegam aos objetos de
seus pensamentos e sentimentos. Então, como seu cativeiro vai acabar?
VI. Minha posição está bem à frente dos olhos. É em Mim e através de Mim
que todos os homens veem, ainda que não Me vejam. Isso é o mais
surpreendente.
VII. Se um homem sempre insiste em fechar seus olhos quando está face a
face Comigo, como ele pode Me ver?
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I. É a experiência que deve provar a existência de qualquer coisa. Um objeto
como tal nunca é experimentado.
II. É o conhecimento dele que pode ser dito como experimentado. Mesmo
isso não é estritamente correto.
III. Se um objeto não for experimentado, é preciso considerar que ele é não-
existente. Como pode haver conhecimento de uma coisa não-existente?
“EU”
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mente que aparecem em um estado e desaparecem em outro. Sem dúvida,
transcende tudo isso. Uma vez que o eu sabe do ir e vir desses três estados,
ele é da natureza da consciência. Essa consciência nunca desaparece.
Quando há objetos, conheço objetos. Quando não há objetos, permaneço sem
objetos na minha própria natureza como consciência pura. A dor que
experimento no sonho é limitada ao estado de sonho e não me afeta no
estado de vigília. E a dor que experiencio no estado de vigília é igualmente
limitada a este estado, e isso não me afeta no estado dos sonhos. Portanto é
evidente que as experiências que estou tendo em certos estados não afetam
meu ser. Por esta razão fica estabelecido que o “Princípio-Eu”, que é da
natureza da consciência, também não é afetado.
“TESTEMUNHA”
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Nenhum objeto pode existir sem ser registrado no conhecimento. Os objetos
dos sentidos (som, forma, tato, gosto e cheiro), atividades corporais,
atividades dos sentidos (visão, audição etc.) e mente (pensamento e
sentimento) - todos pertencem à "sequência de objetos" (isto é, o
conhecido). É evidente que, sem esse conhecimento, não é possível lembrar-
se das últimas atividades do corpo, dos sentidos e da mente. É assim que eles
podem se conectar e essa conexão é absolutamente necessária para a vida
neste mundo. Não há como negar o fato de que este conhecimento não é
transitório, como o são atividades corporais, sensoriais e mentais.
Pensamentos, sentimentos e percepções são imediatamente registrados no
conhecimento. Se esse conhecimento não fosse permanente, jamais seria
possível lembrá-los mais tarde. Este conhecimento tem que estar aí para que
qualquer coisa apareça. Portanto ele é a testemunha de tudo. Não é de ajuda
para exercer as atividades da vida tomar posição como testemunha. O
homem ordinário não sabe que é a testemunha de tudo e daí, sua miséria e
escravidão. Se alguém assume conscientemente essa posição (como
testemunha), isso por si mesmo, e sem qualquer outra coisa, resulta em
libertação.
Nós dizemos: "Eu sei disso, eu sei aquilo etc." Em tais declarações, o
conhecimento é tratado como se fosse o nome de uma ação e o "eu" como
um realizador. Aqui a palavra conhecimento não é entendida no sentido em
que foi tratada no parágrafo anterior. A ação precisa de um instrumento. A
visão tem seu instrumento, o olho; o ouvir, o ouvido; o pensar e sentir, a
mente. O conhecimento por si só não possui tal instrumento. Afirmar que há
uma ação além da mente é absurdo. No sono profundo e em Samadhi, onde
não há mente, não há ação mas há conhecimento. O conhecimento que
conhece o pensamento e as sensações deve, sem dúvida, estar além da
mente. Portanto ele não pode ser um realizador e o conhecer não pode ser
uma ação pelo mesmo motivo. O conhecimento não pode ser a função de um
conhecedor, porque não há outro conhecedor que não o conhecimento.
Existe apenas esse conhecimento além da mente. Tudo o que não é "eu" é o
seu objeto. Tudo o que não é consciência é o seu objeto. Entre o "eu" e a
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consciência, nenhum deles pode ser o objeto do outro. Além disso, em
nenhum momento do tempo, eles podem ser separados. Portanto o "eu" e a
consciência (conhecimento) são um e o mesmo. Na sua verdadeira natureza,
o "eu" não é possuidor de corpo, de sentidos e de mente. Confundir este
“Princípio-Eu” com um realizador ou desfrutador é a raiz do cativeiro e da
miséria. Mesmo quando há esta confusão, o "eu" simplesmente permanece
como a Testemunha. Permanecer aí conscientemente é tudo o que é
necessário. Isto é o que o Ashtavakra diz no seguinte verso:
“MUNDO”
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Elas nunca estão separadas da consciência. Com os olhos abertos, não se vê
nada a menos que a consciência esteja lá. Portanto as percepções sensoriais
nada são senão consciência. O mesmo acontece com todas as atividades da
mente. Isso mostra que todo o mundo denso e sutil é a própria consciência.
No meu artigo anterior sobre o "Eu", demonstrei que o “Princípio-Eu” é
consciência. Segue-se então que tudo o que é conhecido e o conhecedor "Eu"
são apenas a consciência pura. A libertação do cativeiro consiste em
estabelecer-se aí.
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