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1. COMPASSO
Segundo Bohumil Med em seu livro Teoria da Música “compasso é a divisão de um trecho
musical em séries regulares de tempos; é o agente métrico do ritmo.” (MED, 1996, pg. 114).
Essas divisões regulares de tempo podem ser percebidas através de acentuações pontuais e
cíclicas do pulso no decorrer de um trecho musical. Os ciclos de acentuação do pulso
basicamente ocorrem a cada dois pulsos (compasso binário), três (ternário) e quatro
(quaternário).
1.1 Compasso Binário: esta divisão em dois é muito comum na música brasileira,
primordialmente no gênero do Samba, Bossa Nova, Baião. Danças e ritmos como a polca, o
carimbó, a chacareira, chamamé, o maxixe e o frevo também são binários. Exemplo de escrita
abaixo:
1.2 Compasso Ternário: a valsa, o minueto, a mazurca e a guarânia são ritmos de três tempos
(pulsos) por compasso.
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https://www.youtube.com/watch?v=pAgnJDJN4VA
Compasso de cinco pulsos (3+2 ou 2+3), por exemplo, Marte (O Mensageiro da Guerra) de
Gustav Holst https://www.youtube.com/watch?v=cXOanvv4plU
Também a introdução do tema de “Missão Impossível”:
https://www.youtube.com/watch?v=s0QmpMavu6g
Compassos de Sete tempos (4+3 ou 3+4), por exemplo, Money da banda Pink Floyd
https://www.youtube.com/watch?v=JkhX5W7JoWI
2. ANDAMENTO
3. TEXTURAS MUSICAIS
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Textura em música refere-se à maneira como um ou mais sons (melhor, linhas e planos
sonoros) são organizados num trecho musical. Tal qual a trama formada pelos fios de um
tecido, a composição musical pode ser confeccionada de diversas texturas. Por ora, nos
cabe conhecer pelo menos três definições básicas:
3.1 Monofonia: constituída por apenas uma única linha melódica. Por exemplo, temos o
Cantochão medieval ou canto gregoriano. Obs.: é importante frisar que uma única linha
melódica pode ser cantada ou executada por vários cantores ou instrumentistas. Imagine
cantar o “Parabéns a você” sem marcar o pulso com as palmas, apenas as vozes cantando
a melodia. Pois aí temos uma textura monofônica (mono= um+ fonos= som).
3.2 Polifonia: duas ou mais linhas melódicas simultâneas ou entretecidas. Chamamos isso
também de TEXTURA CONTRAPONTÍSTICA. Contraponto é o nome que damos a técnica
de estabelecer relações entre dois sons simultâneos. O compositor barroco Johann
Sebastian Bach (1685-1750) explorou enormemente a técnica do contraponto. Existem
formas musicais específicas do contraponto que são o cânone, a invenção e a fuga, sem
esquecer-se da música vocal da renascença.
Entende-se por Forma em música como o processo de estruturação dos eventos temáticos
numa composição. Ao longo da história houve convenções analíticas que tentaram descrever a
organicidade dos eventos temáticos na música. Nem todas essas convenções conseguem de
fato servir plenamente para todos os estilos musicais. Por exemplo, a análise formal da música
instrumental clássica apesar de muito útil não consegue resolver por completo as mudanças
por ora sutis da música popular atual. No presente estudo vamos nos ater às formas mais
comuns da canção e música pop em geral, utilizando na medida do necessário algumas
terminologias empregadas na música clássica ocidental (por exemplo, parte A, parte B, Coda).
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4.1 Forma Unária (Estrófica): esta forma constitui de uma estrofe sobre um único material
básico (melodia e sequência de acordes, por exemplo). Representa-se graficamente essa
forma apenas pela letra “A”. Se a canção repete versos com letras diferentes, ou contém
pequenas modificações melódicas nessas repetições, isso pode ser representado no
processo de análise por A, A’, A’’ (lê-se: “A linha”, “A duas linhas”, etc.), mas a forma total
é apenas A.
Exemplo de forma estrófica 1: note na canção “Neste Rua” que a mesma melodia será
utilizada para as outras estrofes. Veja a partitura e a letra completa à seguir:
0:00 – Estrofe 1
0:19 – Estrofe 2
0:58 – Estrofe 3
1:54 – Estrofe 4
4.2 Forma Binária e Estrofe-Refrão: em tese são duas maneiras diferentes de se referir a
basicamente a mesma coisa, embora haja algumas considerações a se tomar. A forma
binária consiste de um tema (sessão A) sendo contrastado por um segundo tema (sessão
B). Podemos transferir essa nomenclatura para a estrutura Estrofe1 e Refrão. Porém vale
lembrar que o refrão2 tem um caráter de marcação (frases de efeito, por exemplo), com
motivo melódico mais simplificado, atividade instrumental mais intensa, muitas vezes
aproveitando a continuidade do tema anterior. Enquanto isso, a sessão B poderá ser
interpretada como uma “Ponte” (Ver os capítulos 4.3 e 4.4), e conferir a esta um
tratamento de transição para voltar à sessão A ou partir para um tema diferente.
Exemplo de música em forma binária 1: “Gita” do cantor Raul Seixas é um desses casos onde
a parte A compreende a parte mais calma (“às vezes você me pergunta...”) e B é onde ele
repete o motivo “Eu Sou” (“...a luz das estrelas...”)
https://www.youtube.com/watch?v=PEeXPPqPfaw
Exemplo de música em forma binária 2: .“O Canto de Ossanha” de Baden Powell e Vinicius de
Moraes. Aqui notamos o acréscimo de uma sessão de ligação entre partes A e B. Podemos
chamar de A’ por se tratar de ser a mesma progressão harmônica de A. Também esta transição
será chamada de pré-refrão. https://www.youtube.com/watch?v=mjud84jeWWM
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O que costuma-se muito chamar de Verso aqui no Brasil, o autor do presente trabalho
prefere adotar os termos aplicados na análise de poemas. Portanto o verso seria uma linha a
grosso modo, e um conjunto de versos se chama estrofe.
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Em análise musical de pop/rock nos países de origem inglesa se difere o termo Chorus (coro, ou
estribilho) de Refrain (refrão). Segundo a definição encontrada no site Open Music Theory (ver em:
http://openmusictheory.com/popRockForm-functions) o Chorus é uma sessão mais de textura mais
densa e instrumentação mais ativa com melodia e/ou harmonia geralmente diferente do estrofe (verse).
Exemplo: ouça o refrão (chorus) de “Livin’on a Prayer” do cantor Bon Jovi. Já Refrain é um
complemento. Porém aqui no Brasil popularmente se convencionou atribuir o mesmo significado a
estribilho e refrão. Dada à definição: O refrão se caracteriza como um verso ou agrupamento de versos
que se repete ao final de cada estrofe. Denominado também de estribilho, ele se encontra presente nas
canções e nas criações literárias, como, por exemplo, os poemas.
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Exemplo de estrutura Estrofe-Refrão: veja um trecho “Let It Be” de John Lennon e Paul
McCartney abaixo com a cifra de acordes:
C G
When I find myself in times of trouble
Am F F6
Mother Mary comes to me Estrofe 1 (verse 1) Sessão A
C G F Em/F F6 C
Speaking words of wisdom, let it be
C G
And in my hour of darkness
Am F F6
She is standing right in front of me Estrofe 2 (verse 2) Sessão A
C G F Em/F F6 C
Speaking words of wisdom, let it be
Am Am/G F C
Let it be, let it be, let it be, let it be
G F Em/F F6 C Refrão (Chorus) Sessão B
Whisper words of wisdom, let it be
4.3 Forma Ternária ABA e Forma de 32 compassos AABA: a forma ternária ocorre quando há
uma recapitulação da sessão A logo após a B, dando um caráter conclusivo.
Outros exemplos de forma ternária AABA se encontram na Música Brasileira: Ouça “Garota
de Ipanema”, “Samba de Uma Nota Só”, “João e Maria” e exercite sua percepção.
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4.4 Outros Termos Utilizados para análise de canção Estrofe-Refrão: Os termos listados
abaixo servirão para nós analisarmos qualquer música nos trabalhos do trimestre. Aconselho
dar uma conferida nos termos em inglês do site Open Music Theory os quais eu me baseei para
escrever este texto: http://openmusictheory.com/popRockForm-functions
Narrador:
Quem cavalga tão tarde pela noite e pelo vento?
É um pai com seu filho.
Ele leva a criança em seus braços,
Ele o segura firme, ele o mantém aquecido.
Narrador:
O pai, a tremer, apressa a montada.
Ele segura em seus braços o queixoso menino.
Mas, mal chegando em sua morada,
Em seu braço o menino já jazia morto.
O artigo do site Wikipédia sobre Rapsódia diz que esta é uma composição livre que obedece
características especiais ou clássicas, é uma justaposição, de escassa unidade formal
de melodias populares e de temas conhecidos, extraídos com frequência de óperas e operetas.
Também pode ser associada a uma peça próxima ao improviso, com fulcro em temas de
inspiração folclórica (como podemos ainda ver na literatura, em Macunaíma, de Mário de
Andrade); recitação de um poema (épico, geralmente), como ocorria na Grécia antiga;
episódio de poema homérico.
As rapsódias caracterizam-se por terem apenas um movimento, mas podendo integrar fortes
variações de tema, intensidade, tonalidade, sem necessidade de seguir uma estrutura pré-
definida. A sua forma consegue ser mais livre que as variações, uma vez que não há
necessidade de repetir os temas, podem-se criar novos ao sabor da inspiração. As variações
de Sergei Rachmaninoff sobre um tema de Niccolò Paganini possuem uma estrutura tão livre
que o próprio Rachmaninoff as intitulou de Rapsódia sobre um tema de Paganini .