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Filosofia

Estou aqui porque finalmente não há mais


como me refugiar de mim mesmo.
Até que me confronte nos olhos e no coração
de outros estarei fugindo,
até que sofra o partilhar dos meus segredos
não me libertarei deles.
Temeroso de ser conhecido,
não poderei me conhecer
e nem aos outros, estarei só.
Onde senão em meu companheiro
poderei encontrar este espelho?
Aqui, juntos, posso finalmente
conhecer-me por inteiro,
não como o gigante que sonho ser,
mas tão pouco o anão dos meus temores,
mas como alguém parte de um todo,
compartilhando seus propósitos.
Neste solo poderei criar raízes e crescer,
não mais isolado como na morte,
mas vivo, para mim, e para o mundo.

Richard Beauvis
Sumário
PROCESSO TERAPEÛTICO
O PROCESSO TERAPÊUTICO NA COMUNIDADE TERAPÊUTICA ............ 9
Objetivos do Tratamento...............................................................................................................9
Sete condições básicas para propiciar o tratamento ...................................................................9
Abstinência forçada X Abstinência estável................................................................................10
Saber, conformar-se, aceitar .......................................................................................................11
SINTOMAS OBSERVADOS NO DEPENDENTE QUÍMICO...............................................12

12 PASSOS
12 PASSOS – ENUNCIADOS.................................................................................. 13
OS 12 PASSOS E A BÍBLIA.................................................................................... 14
PROGRAMAÇÃO DO TRATAMENTO PARA A RECUPERAÇÃO DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA.................................................................................... 15
GUIA PARA INVENTARIO MORAL................................................................... 16
DEFEITOS DE PERSONALIDADE .........................................................................................16
OS SETE PECADOS CAPITAIS ...............................................................................................18
VIRTUDES ...................................................................................................................................20
GUIA PARA O INVENTÁRIO MORAL DIÁRIO............................................... 22
1. Mecanismos de Defesa .............................................................................................................22
2. Defeitos de caráter e Pecados Capitais...................................................................................22
3. Danos causados.........................................................................................................................22
4. Obsessões...................................................................................................................................23
5. Instintos deturpados.................................................................................................................23
6. Virtudes Divinas .......................................................................................................................23
7. Virtudes materiais de construção ...........................................................................................23
8. Busca espiritual ........................................................................................................................23

DEPENDÊNCIA QUÍMICA
O CONSCIENTE E O INCONSCIENTE............................................................... 24
1. O Consciente .............................................................................................................................24
2. O Inconsciente ..........................................................................................................................25
EGO – SUPER-EGO - ID......................................................................................... 26
1. O ID ...........................................................................................................................................26
Instintos .....................................................................................................................................26
a) Instinto de auto-preservação.........................................................................................26
b) Instinto de segurança:...................................................................................................27
1)Instinto de segurança material. ......................................................................................27
2) Instinto de segurança emocional. ..................................................................................27
c) Instinto sexual. ..............................................................................................................27
d) Instinto gregário. ...........................................................................................................27
Instintos deturpados.................................................................................................................28
2. O Super-ego ..............................................................................................................................30
3. O Ego .........................................................................................................................................31
MECANISMOS DE DEFESA.................................................................................. 32
SISTEMA DE ÁLIBIS – NEGAÇÃO ........................................................................................32
PRINCIPAIS MECANISMOS DE DEFESA ............................................................................32
EVOLUÇÃO.................................................................................................................................33
CONCLUSÃO ..............................................................................................................................33
DEPENDÊNCIA QUÍMICA – UMA DOENÇA.................................................... 34
A DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma doença física ..................................................................34
Incurável ...................................................................................................................................34
Progressiva ................................................................................................................................36
Fatal ...........................................................................................................................................37
A DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma doença psíquica.............................................................38
Obsessão ....................................................................................................................................38
Compulsão.................................................................................................................................39

RECAÍDA – ORIGEM E EVOLUÇÃO ................................................................. 41


DEFINIÇÃO DE RECAÍDA.......................................................................................................41
MANUTENÇÃO DA LINGUAGEM .........................................................................................41
PREVENÇÃO DA RECAÍDA ....................................................................................................42
RECAÍDA EMOCIONAL...........................................................................................................42
RECAÍDA FÍSICA.......................................................................................................................42
SINTOMAS DA RECAÍDA ........................................................................................................42
DOZE SINTOMAS QUE ANTECEDEM A RECAÍDA ..........................................................44

ANEXOS
GUIA DE CONFRONTO
GENERALIDADES .....................................................................................................................45
1. DEFEITOS................................................................................................................................45
2. RELAÇÃO COM HOMEM VELHO ................................................................................46
3. ATIVIDADES DE LAZER / TEMPO LIVRE ......................................................................47
4. VIRTUDES ...............................................................................................................................47
5. CONDIÇÕES BÁSICAS .........................................................................................................48
6. CONVIVÊNCIA.......................................................................................................................48
NORMAS DE MORADIA........................................................................................ 50
Generalidades ...............................................................................................................................50
Banheiros e Lavanderia ...............................................................................................................51
Dormitórios ...................................................................................................................................51
Laborterapia .................................................................................................................................51
Refeitório.......................................................................................................................................52
Reuniões ........................................................................................................................................52
ORAÇÕES ................................................................................................................. 54
Oração Preparatória ....................................................................................................................54
Oração da manhã .........................................................................................................................54
Oração da noite.............................................................................................................................54
Salve Rainha .................................................................................................................................54
Credo .............................................................................................................................................54
Oração de São Francisco .............................................................................................................55
Oração de Santo Agostinho .........................................................................................................55
Consagração a Nossa Senhora ....................................................................................................55
Oração da Serenidade..................................................................................................................55
Pai-Nosso .......................................................................................................................................55
Ave Maria......................................................................................................................................55
Gloria ao Pai .................................................................................................................................56
TERÇOS..................................................................................................................... 56
TERÇO NORMAL ......................................................................................................................56
MISTÉRIOS GOZOSOS ...........................................................................................................56
MISTÉRIOS DOLOROSOS......................................................................................................56
MISTÉRIOS GLORIOSOS .......................................................................................................57
MISTÉRIOS LUMINOSOS ......................................................................................................57
TERÇO DA MISERICORDIA ...................................................................................................58
TERÇO DO AMOR .....................................................................................................................58
TERÇO DA LIBERTAÇÃO .......................................................................................................58
TERÇOS DIVERSOS ..................................................................................................................59
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – O Processo Terapêutico na Comunidade Terapêutica 9

O PROCESSO TERAPÊUTICO NA COMUNIDADE


TERAPÊUTICA
Extraído de: FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS. Drogas e
Álcool: Prevenção e Tratamento. Campinas: Komedi, 2012.

A dependência química é uma doença que atinge as pessoas de forma indiscriminada, de tal
forma que, uma vez instalada, provoca a desestruturação da pessoa em todas as áreas do ser: física,
mental, espiritual, social, familiar e profissional. É nesse estado que se encontra o dependente que
procura um tratamento numa Comunidade Terapêutica.

Objetivos do Tratamento
O tratamento tem por objetivos básicos: - PARAR A DOENÇA
- RECUPERAR A PESSOA

Esses objetivos estão intimamente relacionados e se complementam entre si, o que quer
dizer que um não ocorre sem o outro e vice-versa. Para que aconteça a recuperação da pessoa é
preciso não usar drogas (abstinência), mas só será possível manter a abstinência se houver uma
genuína e efetiva recuperação pessoal (hábitos, vícios e emoções).
Assim, o Processo Terapêutico é toda atitude, ação ou circunstância que propicie essa
reestruturação pessoal. Portanto, este processo se dá em todas as relações, atividades e ambiente
proporcionados pela Comunidade Terapêutica, e não somente no “setting terapêutico”, que é o
atendimento individual ou grupal com um objetivo terapêutico específico e dirigido, ou coordenado
por um técnico ou pessoa preparada.
Na verdade, tudo na Comunidade Terapêutica deve contribuir para que o dependente alcance
uma forma alternativa de reorganização pessoal (no sentido mais amplo do termo) com novos
padrões de comportamento e pensamento, ou seja, um novo estilo de vida.

Sete condições básicas para propiciar o tratamento


O Processo Terapêutico permite ajudar a pessoa a reconhecer esses comportamentos a fim
de viabilizar a mudança necessária. Por isso é importante a criação de algumas condições básicas
para que esse processo possa ter lugar:

1. AUTO-RESPONSABILIDADE: Todo o tratamento deve estar centrado na auto-


responsabilidade, o que significa que enquanto a pessoa estiver em tratamento depende
única e exclusivamente dela mesma aprender o básico para a sua recuperação. Nenhum
membro da equipe ou do grupo pode fazer com que a pessoa aprenda alguma coisa, se ela
mesma não quiser. Somente ela pode decidir se vai participar ativamente do tratamento e
permitir que o Processo Terapêutico tenha lugar. Exemplos disto são todas aquelas coisas
que podemos e devemos fazer durante o tratamento, embora elas não sejam diretamente
exigidas pela equipe de coordenação.

2. COMUNICAÇÃO DIRETA: Em função da doença, a comunicação direta do dependente


torna-se pobre e distorcida. Daí a importância de se desenvolver a prática de falar
diretamente ao outro. Isso não só significa pedir diretamente o que se quer, mas também
falar para a pessoa o que sentimos ao seu respeito, seja pessoalmente ou numa reunião
específica. Para facilitar esta prática é importante aprender a olhar nos olhos da pessoa com
a qual estamos falando, e sempre usar os pronomes “EU” e “VOCÊ” ao invés de “ELE” ou
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – O Processo Terapêutico na Comunidade Terapêutica 10
“ELA”. Por exemplo, é inadequado quando se está falando de alguém que não está no grupo
dizer “ele fez isto ou aquilo”, e não ser capaz de falar diretamente com essa pessoa depois.
“Fofoca não antecede a comunicação direta!”.

3. OUVIR ATIVAMENTE: significa estar atento para tudo o que a pessoa diz, lembrando que
uma grande parte da mensagem não é dita em palavras, mas são mensagens não verbais,
transmitidas através de gestos, tons de voz, pausas, postura pessoal, etc. Devemos lembrar
também, que ouvir ativamente significa ser capaz de participar do assunto que está sendo
exposto, colocando exemplos pessoais, perguntando o que não foi compreendido,
discordando, debatendo, enfim, dando um pouco de si para que a conversa seja mais
produtiva.

4. AMOR SINCERO: É definido como preocupar-se o suficiente com uma pessoa a ponto de
dizer a ela exatamente o que você vê ou sente que está errado com ela, ao invés de dizer o
que ela gostaria de ouvir. Cada membro da Comunidade Terapêutica precisa ter em mente
que é vítima de uma doença que eventualmente o matará, se não mudar. Por isso deve se
preocupar o suficiente com os demais para praticar o amor sincero, a fim de facilitar a
percepção dos companheiros. O amor sincero é essencial para penetrar nos escudos
emocionais de defesa criados pela doença.

5. ARRISCAR-SE: Significa tentar sorte com algo novo, experimentar novas formas de agir.
Fazer algo novo, algo que nunca se tentou antes, é sempre arriscado, mas muitas vezes pode
ser a única forma de aprender. A pessoa tem que tentar alguma coisa nova para poder
crescer interior e emocionalmente. Arriscar-se pode ser amedrontador e, muitas vezes,
doloroso. Mas sabemos que todo crescimento causa alguma forma de dor, e crescer como
pessoa é fundamental para que aconteça a recuperação.

6. FEED BACK: (retro-alimentação) Significa compartilhar as impressões, positivas e


negativas, que tempos de uma pessoa do grupo, ou seja, o que “EU” acho e sinto de
“VOCÊ” neste momento. Uma das ferramentas terapêuticas que existem dentro da
Comunidade Terapêutica para facilitar esta prática é a Reunião de Confronto. O Feed Back é
uma forma de testar a realidade, uma vez que permite que cada um vivencie de que forma
suas ações afetam os outros. È muito importante desejar proporcionar um Feed Back para
alguém, quanto desejar recebê-lo, para poder continuar a busca do crescimento interior.

7. CONFIDENCIALIDADE: Significa que o que é dito no grupo permanece no grupo. É


obvio que as pessoas só irão falar de assuntos íntimos se se sentirem seguras e protegidas
dentro do grupo, ou da relação com uma determinada pessoa. Uma das formas de sentir-se
seguro e protegido, e ser capaz de expor um sentimento profundo e íntimo, é ter a certeza de
que qualquer coisa que seja compartilhada com a pessoa ou com o grupo não será exposta
fora do mesmo, mesmo com as pessoas que participaram do grupo. Por isso é tão importante
ser capaz de expor um sentimento quanto ser capaz de guardar o sentimento do outro,
respeitando a sua privacidade, e honrando a confiança depositada em nós.

Tais condições funcionam como uma espécie de exo-esqueleto que propicia o Processo
Terapêutico (exo-esqueleto: suporte externo em cirurgias ortopédicas).

Abstinência forçada X Abstinência estável


Quando o dependente chega para iniciar o tratamento, ocorre uma parada “forçada” das
drogas, ou seja, o ambiente provoca a abstinência forçada. Isto é absolutamente necessário para que
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – O Processo Terapêutico na Comunidade Terapêutica 11
a pessoa recupere as condições físicas e mentais mínimas a fim de iniciar o trabalho de
conscientização da pessoa. É justamente essa conscientização que levará o dependente à
recuperação pessoal, o que por sua vez tornará a abstinência cada vez mais firme e duradoura
(Abstinência estável).
À medida que isto acontece mais força o dependente tem para continuar investindo na sua
recuperação pessoal, e assim sucessivamente.

Abstinência Conscientização Recuperação Abstinência


Forçada da pessoa estável

Para que ocorra a recuperação, a participação e o comprometimento do dependente para com


o tratamento devem ser irrestritos e sem reservas, pois se não houver aceitação interna e motivação
pessoal, a doença continuará em atividade.
A motivação pessoal pode ser ampliada, por assim dizer, por aquele que trabalha com o
dependente, seja o coordenador, o monitor ou o terapeuta. Mas a motivação interna se dá de forma
absolutamente subjetiva.

Saber, conformar-se, aceitar

ACEITAR é muito mais que SABER ou CONFORMAR-SE

SABER reflete uma posição intelectual e racionalizada frente ao problema da dependência


química, onde embora a compreensão do fato (ser dependente químico) e o entendimento da
necessidade de mudar existam, não se observa um comportamento de mudança porque o indivíduo
ainda incorporou esta realidade no seu interior.

CONFORMAR-SE implica numa atitude passiva diante da compreensão do fato e do


entendimento da necessidade de mudar, o comportamento observado é o de sujeição frente ao fardo
imposto pela realidade, e consequente sentimento de culpa e de auto-piedade. O dependente sente
que tudo deve mudar para que ele tenha chance de sair em frente. O sentimento é similar ao
experimentado por uma pessoa qualquer frente a uma chuva, quando se preparou uma festa ao ar
livre para essa mesma tarde.

ACEITAR, porem, implica numa atitude ativa específica diante da compreensão do fato e
do entendimento da necessidade de mudança. O comportamento observado é o de rendição frente à
doença, e uma consequente disposição interna de mudança desta realidade, a fim de que aquilo que
se apresenta como uma dificuldade se transforme numa possibilidade de crescimento, gerando
assim sentimentos de gratificação pessoal.

Aceitar é fundamental para iniciar o processo de recuperação.


CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – O Processo Terapêutico na Comunidade Terapêutica 12
SINTOMAS OBSERVADOS NO DEPENDENTE QUÍMICO

• Tende a negar ou minimizar o consumo de drogas.


• Defende-se do diagnóstico.
• Afirma que não usa drogas.
• Admite somente que usa eventualmente ou socialmente.
• Muitas vezes restringe o hábito ao momento atual da vida.
• Justifica o excesso como consequência de problemas que os outros vem lhe causando.
• Coloca os prejuízos num futuro muito distante, que não o atingirá.

• A droga assume um caráter prioritário, e o alívio que consegue através dela vai ser buscado
além de qualquer outra consideração. Ele precisa da droga para enfrentar o mundo.
• A droga tem a finalidade de eliminar a ansiedade da espera e a angústia da frustração.
• Precisa da droga de acordo com o seu desejo, possuidora de um poder mágico de suprir
todas as suas necessidades. Projeta na droga uma imagem idealizada.
• Sua vivência do tempo é premente, está sempre sob um sentimento de urgência.
Imediatismo.
• Situações de espera, mesmo de alguns minutos, lhe resultam insuportáveis, como se fosse
uma tortura, não podendo tolerar a espera para que um desejo seja atendido.
• Substitui a reflexão pela ação impulsiva, atua para evitar o desprazer.
• Baixa tolerância a estados de tensão, frustração, o que o faz querer ser saciado no mesmo
momento. Irritabilidade.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 13

12 PASSOS - ENUNCIADOS

1º PASSO
Admitimos que somos impotentes perante o álcool e as drogas,
e que perdemos o domínio sobre as nossas vidas.

2º PASSO
Admitimos que somente um Poder Superior a nós mesmos
poderia nos devolver a sanidade.

3º PASSO
Decidimos entregar as nossas vidas e as nossas vontades,
aos cuidados de um Poder Superior, na forma em que o concebíamos.

4º PASSO
Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5º PASSO
Admitimos perante Deus, perante nós mesmos, e perante outro ser humano,
a natureza exata das nossas falhas.

6º PASSO
Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus remova
todos esses defeitos de caráter.

7º PASSO
Humildemente rogamos a Ele que nos livre das nossas imperfeições.

8º PASSO
Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado,
e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9º PASSO
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas,
sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las, ou a outrem.

10º PASSO
Continuamos fazendo o inventário pessoal,
e quando estávamos errados o admitíamos prontamente.

11º PASSO
Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente
com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas
o conhecimento de sua vontade me relação a nós,
e forças para realizar essa vontade.

12º PASSO
Tendo experimentado um despertar espiritual graças a estes Passos,
nos dispusemos a transmitir esta mensagem a outros dependentes químicos,
e a praticar estes princípios em todas as nossas atividades.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 14

OS 12 PASSOS E A BÍBLIA

1º PASSO – ROMANOS 7,15-25; ISAÍAS 53,6; 64,4


2º PASSO – FILIPENSES 4,19; ISAÍAS 41,13; SALMO 57,1
3º PASSO – SALMO 31,5; SALMO 37,4-5; SALMO 145,17-20
4º PASSO – SALMO 139,23-24
5º PASSO – I JOÃO 1,9; PROVÉRBIOS 28,13
6º PASSO – SALMO 19,12-13
7º PASSO – SALMO 51,7-12; SALMO 32; TIAGO 4,7-10, I PEDRO 5,6-7
8º PASSO – LUCAS 19,8; HEBREUS 12,14-15
9º PASSO – TIAGO 5,16; MATEUS 5,23-24
10º PASSO – SALMO 51; SALMO 139; PROVÉRBIOS 14,23-27
11º PASSO – SALMO 19; MATEUS 6,5-15; I PEDRO 2,1-3; I PEDRO 5,6-7
12º PASSO – GÁLATAS 6,2; TIAGO 1,19-26; I PEDRO 1,22-25, MATEUS 28,18-20
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 15

PROGRAMAÇÃO DO TRATAMENTO PARA A RECUPERAÇÃO


DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

0 ao 3º mês: Período de DESINTOXICAÇÃO E ADAPTAÇÃO.

Neste período inicial o recuperando é orientado pela equipe em pontos referenciais como:
adaptabilidade, vivência em grupo, espiritualidade, retomada de hábitos saudáveis de vida
(alimentação, sono, disciplina).
Neste período se estimula também a prática do 1º, 2º e 3º Passos, que representam os Passos
Desobsessores. Observamos, contudo, que tanto a desintoxicação quanto a adaptação se estendem,
em muitos casos, além dos três primeiros meses.

3º ao 6º mês: Período de CONSCIENTIZAÇÃO.

Neste período crítico, de modificação do caráter e da personalidade, se experimentam


grandes mudanças, como: aceitação de si, conscientização da problemática interna e familiar,
aprofundamento da convivência em grupo, desenvolvimento da responsabilidade para a
participação nas atividades do programa de tratamento (integração).
Ocorre neste período a formação de equipes: esporte, cultura, espiritualidade e outras.
Desenvolve-se a criatividade e a participação do dia a dia.
Nesta etapa se estimula a prática dos Passos Modificadores, sendo os mesmos o 4º, 5º, 6º e
7º Passos.

6º ao 9º mês: Período de REINTEGRAÇÃO


SOCIAL OU RESSOCIALIZAÇÃO.

Neste período o residente, além de 1º - Aceitação


ajudar aos irmãos que estão chegando na 2º - Relação com a fé
comunidade, experimenta a nova maneira de 3º - Decisão
viver na sociedade e na família durante as
saídas no 6º, 7º e 8º
4º - Relacionamento interior
mês. 5º - Sinceridade
Chegando ao final dos nove meses os 6º - Prontidão
conceitos aprendidos até o momento são 7º - Humildade
revisados e reforçados. 8º - Responsabilidade
Nesta etapa se estimula a prática dos 9º - Reparação
Passos Reparadores (8º e 9º) e dos Passos de 10º - Manutenção diária
Manutenção (10º, 11º, 12º).
11º - Relacionamento espiritual
12º - Caridade, gratidão

1º ao 5º : Passos de POSICIONAMENTO
6º ao 9º : Passos de AÇÃO
10º ao 12º : Passos de MANUTENÇÃO
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 16

GUIA PARA INVENTARIO MORAL

Fazendo o inventário moral necessitamos examinar a nós mesmos nas seguintes áreas:
a) Defeitos de personalidade
b) Os Sete Pecados Capitais
c) Virtudes

DEFEITOS DE PERSONALIDADE

Quando uma pessoa deseja realizar uma auto-análise, ela primeiramente analisa suas
qualidades e defeitos. As qualidades são resumidamente exemplificadas, como por exemplo: sou
bom escritor, bom empregado, bom amigo, etc. Pesquise-se em você mesmo e anote em uma folha
de papel. Quanto aos defeitos, num modo geral encontramos o que se segue, em diversos graus:
1. EGOÍSMO
2. ÁLIBIS
3. PENSAMENTOS DESONESTOS
4. ORGULHO
5. RESSENTIMENTOS
6. INTOLERÂNCIA
7. IMPACIÊNCIA
8. INVEJA
9. MALANDRAGEM
10. PROCRASTINAÇÃO
11. AUTO-PIEDADE
12. FALSA SENSIBILIDADE
13. MEDO

1 – EGOÍSMO (Egocentrismo): Preocupar-se com o próprio conforto, vantagens, etc., sem


consideração para com os outros.
Ex.: A família gostaria de dar um passeio no parque, mas você quer assistir o jogo na TV.
Quem vence?
O garoto precisa um par de sapatos, mas você compra um litro de uísque.
Egocentrismo: achar que o mundo gira ao seu redor. Não dança porque tem medo de parecer
desajeitado. Teme aparecer em desvantagem porque isto machucaria a sua fachada falsa perante os
outros.

2 – ÁLIBIS: A arte altamente desenvolvida de justificar nossas dependências mediante acrobacias


mentais. Desculpa para usar que o dependente chama de “razoes”.
Ex.: Vou tomar uma para alegrar, para abrir o apetite, para esquecer.
Uso drogas porque todo mundo usa.

3 – PENSAMENTO DESONESTO (Semelhante à mentira): Uma outra maneira de mentir.


Podemos até usar fatos reais e verdadeiros como base para modificá-los segundo a nossa
conveniência, apresentando-os depois exatamente como desejamos. O dependente químico é mestre
neste assunto.
Ex.: Se eu contar para a minha mulher que eu a traí ela vai ficar muito mal, melhor não
dizer nada, coitada.
Eu não roubei o relógio do meu pai, eu só peguei ele para levar para consertar, mas
ninguém acredita em mim.
Minha mulher e os meus filhos têm de tudo, comida não falta, roupa tão pouco, não sei
porquê se queixam tanto, o que mais eles querem?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 17

4 – ORGULHO: Um sério defeito de personalidade, bem como um dos Sete Pecados Capitais.
Representa a vaidade, egoísmo, admiração exagerada por si mesmo, arrogância, ostentação, auto-
promoção.
Ex.: Vergonha de contar que parou de beber e de usar drogas.
Vergonha de ir à igreja.
Não gosta de ser chamado à atenção em público.
Exige demais dos outros, critica facilmente.
Justifica os seus erros, não admite os seus defeitos.

5 – RESSENTIMENTOS: Como o ódio e a raiva é um dos Sete Pecados Capitais. Para muitos
dependentes químicos é a fraqueza mais perigosa de todas. É o desprazer causado por situações
concretas ou imaginárias, acompanhado de irritação, exasperação e desejo de vingança.
Ex.: Você é demitido, e passa a odiar o chefe.
Fica extremamente magoado com aqueles que o alertam sobre a sua dependência.
Alguém o faz ficar em ridículo na frente de outras pessoas, e começa a alimentar um
sentimento de vingança que o carcome por dentro.

6 – INTOLERÂNCIA: Recusa a conviver com credos políticos, religiosos, ou de outra espécie,


diferentes dos próprios. Incapacidade de conviver com costumes diferentes das próprias.
Ex.: Odiar alguém por ser judeu, evangélico, católico.
Racismo, semitismo encoberto.
Ir numa festa e ficar irritado porque não gosta da música que toca.

7 – IMPACIÊNCIA: Má vontade de suportar atrasos, oposições, dor, aborrecimentos.


Ex.: Reclama quando a namorada o faz esperar cinco minutos.
Odeia esperar um ônibus.
Imediatismo, quer tudo pra já.
Xinga quando se machuca, nem que seja levemente.

8 – INVEJA: Também é um dos Sete Pecados Capitais. É o descontentamento frente o sucesso


alheio. Incapacidade de alcançar o seu próprio êxito.
Ex.: O vizinho troca de carro depois de economizar o ano inteiro, e nós falamos que ele está
roubando o chefe.
O cunhado é um bom pai e um bom esposo, mas nós o ridiculizamos constantemente
dizendo que ele é babaca.
Utilizar frequentemente a frase: “Se eu tivesse a mesma oportunidade com certeza seria
muito melhor”.

9 – MALANDRAGEM: Manifestação do nosso grande e falso orgulho. Uma forma refinada de


mentir, a velha máscara.
Ex.: Presenteio minha mulher com um vestido novo para encobrir a última bebedeira.
Visito os meus familiares justamente nos dias de pagamento.
Faço amizades com aquelas pessoas que podem me oferecer alguma coisa.

10 – PROCRASTINAÇÃO: A arte de deixar para depois, de adiar as coisas que precisam ser feitas.
O velho “amanhã eu faço”. Engano a mim mesmo dizendo que vou fazer as coisas que hoje não
tenho vontade ou coragem.
Ex.: Amanhã eu paro, eu prometo.
Depois eu arrumo o meu quarto.
Quando eu voltar eu conserto a pia da cozinha, querida.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 18
11 – AUTO-PIEDADE: Um insidioso defeito de personalidade, e um sinal vermelho de perigo.
Pena de si mesmo, sentimento constante de inferioridade, queixas contínuas. “Coitadinho de mim”.
Achar-se incapaz de enfrentar a realidade, vontade constante de fugir das situações. Quando se
sentir assim visite um hospital, um asilo, uma ala de crianças com AIDS, e depois reflita nas
bênçãos que já recebeu e recebe diariamente.
Ex.: Tudo mundo nesta festa está bebendo, somente eu não posso!
Porquê justo eu tive que nascer neste lugar.
Nada dá certo comigo, ninguém gosta de mim.

12 – FALSA SENSIBILIDADE: Tipo melindroso, cheio de não me toque. Magoa-se com


facilidade, fica emburrado o tempo todo. É uma das maneiras de conseguir o que se quer, de chamar
a atenção. Uma desculpa para atitudes infantis e imaturas.
Ex.: Chego numa festa e alguém não me cumprimenta, então fico emburrado num canto a
noite inteira.
Espero ser chamado para falar na reunião, mas não me chamam. Então eu juro que nunca
mais vou falar numa reunião.
Uma garota me dá um fora, eu fico deprimido, choro, me sinto um lixo.

13 – MEDO: Pressentimento real ou imaginário de uma fatalidade iminente. Suspeitamos que algo
vai nos prejudicar e começamos a temer o pior. Aumentamos as possíveis consequências dos fatos.
Quando aprendemos a confiar mais num poder superior, o medo começa a desaparecer.
Ex.: A polícia passa na outra esquina e eu acho que estão me procurando.
Vejo duas pessoas conversando e acho que estão planejando algo contra mim.
Doenças psicossomáticas, fobias, paranóias.

OS SETE PECADOS CAPITAIS


1 – ORGULHO: A vaidade egoísta, admiração exagerada por si mesmo. O orgulho faz com que eu
faça a minha própria lei, que faça de mim meu próprio juiz e meu próprio Deus. Produz as críticas
destrutivas, fofocas, assassinatos morais, tudo para conseguir elevar um pouco o próprio ego. O
orgulho gera:
- Gabolice – auto glorificação.
- Amor pela publicidade – preocupação com o que dizem ao meu respeito.
- Hipocrisia – fingir ser o que não sou, por conveniência.
- Teimosia – impor a minha vontade ou opinião.
- Discórdia – sentimentos negativos contra os que não estão ao meu favor.
- Brigas – quando não satisfazem os meus desejos.
- Desobediência – recusa-se a submeter-se à vontade alheia.

2 – AVAREZA: Perversão do direito dado por Deus ao homem de possuir bens materiais. Desejo
exagerado pela riqueza, transformando o dinheiro numa finalidade deixando de ser um simples
meio de conseguir satisfazer as necessidades básicas. A avareza provoca todo tipo de
comportamento desonesto, já que uma pessoa avarenta é capaz de fazer qualquer coisa para
conseguir o que deseja, mais riqueza.
- Para adquirir o que desejo desrespeito os direitos alheios?
- Sou digno do meu salário? Trabalho o suficiente como para ganhar o que ganho?
- Utilizo os meus bens unicamente no meu próprio beneficio?
- Dou esmola? Ajudo os pobres?
- Sou pão duro com a minha família?
- De que maneira preservo a minha riqueza?
- Dou mais atenção ao dinheiro do que à minha família?
- Justifico esta falta de atenção dizendo que ganho o dinheiro para sustento de todos?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 19
- Chamo a sovinice de economia?
- Chamo de segurança o meu acúmulo excessivo de reservas financeiras?
- Chamo aos negócios obscuros de esperteza?
- Sou capaz de “passar para trás” outra pessoa para obter um lucro?

3 – LUXÚRIA: Gosto e desejo descontrolado pelos prazeres da carne, pelo sexo e pela sexualidade.
Para estar praticando a luxúria não é necessário chegar à prática sexual. Muitas vezes a luxúria pode
ser representada por olhares libidinosos, gestos ou palavras com sentidos duplos. Infidelidade
conjugal, poligamia, incesto, homossexualidade, bestialidade, prostituição, masturbação exagerada
e compulsiva, pornografia, acosso sexual, estupro, violência sexual, são muitas das manifestações
diárias deste pecado que enfraquece a prudência, abalando o meu esquema de valores básicos,
animando-me a tomar atitudes temerárias e descontroladas.
- Acredito no “sexo livre”?
- Digo a mim mesmo que a prática sexual sadia é a que não restringe nenhum
relacionamento?
- Assisto frequentemente filmes pornográficos? Revistas ou fotos?
- A minha masturbação é compulsiva e constante?
- Quantas “namoradas” eu tenho? E amantes?
- Em casa ajo como homem ou como animal?

4 – INVEJA: Mal estar perante o bem dos outros. Incapacidade de ver o êxito alheio sem sentir um
certo remorso por não estar no seu lugar. A inveja gera incapacidade e sentimento de inferioridade.
Uma pessoa invejosa é alguém que está sempre se comparando com os outros, e vive a sua vida
sempre querendo atingir as metas que outros atingiram. Um invejoso não possui objetivos próprios,
seus objetivos consistem em conseguir igualar, ou melhor ultrapassar, as conquistas de outras
pessoas. Um invejoso é um escravo do êxito alheio.
- Não me sinto bem quando presencio o êxito de outras pessoas?
- Desejo sempre os bens dos que me rodeiam?
- Critico sempre os logros de outras pessoas, minimizando as suas conquistas, porque
secretamente gostaria de tê-las realizado eu mesmo?
- Sou capaz de inventar ou distorcer os fatos para prejudicar o nome de alguém?
- Considero as pessoas sábias, respeitosas e cultas como esnobes e arrogantes, porque no
fundo eu gostaria de ser assim?
- Tento convencer todo mundo de que levo uma boa vida?
- Gosto das aparências?

5 – ÓDIO: Desejo violento de punir os outros. Entregando-se às crises temperamentais o desejo de


vingança aparece, e os impulsos de violência se tornam incontroláveis. A raiva cega a pessoa e esta
se torna capaz de prejudicar até mesmo àqueles que mais ama. É típico de pessoas hipersensíveis,
melindrosas e impacientes, personalidades pobres e sem nenhum tipo de auto-controle. O ódio, ao
igual que a inveja, deixam a pessoa incapaz de fazer qualquer coisa para o seu próprio bem. Os
sentimentos negativos decorrentes do ódio são tão fortes que dificilmente o indivíduo consegue
progredir e modificar a sua situação.
- Sempre tento me vingar quando alguém me prejudica?
- Apelo à violência para resolver os meus conflitos com outras pessoas?
- Reclamo e resmungo até mesmo em situações menores?
- Desfruto com a ruína dos meus inimigos?
- Tenho muitos inimigos?
- Jamais consigo ficar quieto frente às agressões externas?

6º - GULA: Abuso dos prazeres legítimos que Deus concedeu ao homem pelo prazer e pelo beber.
Deturpação do instinto de auto-preservação. Enfraquecimento da vontade, do auto controle. A gula
faz com que diminua a minha vida espiritual e moral, fazendo com que ocupe uma grande parte da
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 20
minha atenção em assuntos referentes à comida ou à bebida. De certa forma, é uma outra maneira
de escravizar-nos aos prazeres do corpo, satisfazendo de maneira exagerada as suas necessidades
básicas.
- Geralmente como ou bebo em excesso?
- Acho que posso ser um comilão sem enfraquecer a minha vida espiritual e moral?
- Como ou bebo em maiores quantidades em situações extremas?
- Não consigo dizer não a um bom prato ou a uma boa bebida?
- Penso muito em comida ou bebida?
- Quando chego numa festa, o primeiro que procuro é a comida e a bebida?

7º - PREGUIÇA: Doença da vontade que causa a negligência do dever. A preguiça chama a


procrastinação, que faz com que eu deixe sempre para depois o que poderia fazer agora,
normalmente deixando para nunca mais. A preguiça provoca desânimo, falta de vontade e de
disciplina, e se torna um pecado capital justamente porque faz com que não utilizemos as tantas
capacidades que recebemos de Deus, tornando-nos absolutamente inúteis e improdutivos. E como a
gente sabe, aquele que não der frutos deve ser cortado.
- Sou incapaz de cumprir com as minhas obrigações?
- Não consigo ser pontual?
- Tenho medo do trabalho?
- Desanimo facilmente dos meus objetivos?
- Não pratico a auto-disciplina frequentemente?
- Sou morno nas minhas orações, distraindo-me com muita facilidade?
- Traço grandes metas, mas jamais executo nenhuma delas?

VIRTUDES

1. Virtudes Divinas (Teologais) – Fé, Esperança e Caridade.

FÉ: O ato de deixarmos aquela parte do nosso destino que não podemos controlar (futuro) nas
mãos de um Poder Superior a nós mesmos, ou de Deus, com a certeza de que Ele proverá o
nosso bem estar. Fraca no início pode se tornar uma convicção profunda.
A fé é um presente, mas é adquirida através de muita dedicação, da aceitação e das preces
cotidianas, meditação diária e com o esforço dia a dia em todas as nossas atividades.
A fé espiritual é a aceitação dos nossos dons, dos nossos problemas e situações adversas
com gratidão, sabendo que Deus tem um plano para nós. Com o “Seja feita a Vossa
vontade” como o nosso guia diário perderemos o medo, e encontraremos a nós mesmos e a
nosso destino.

ESPERANÇA: A Fé sugere confiança. Começamos a acreditar, e por isso a Esperança


pressupõe Fé, mas também determina os nossos objetivos: esperamos obter a sobriedade, o
auto-respeito, o amor da família. A Esperança resulta uma força propulsora que dá
propósito à nossa vida diária.
A Fé nos orienta. A Esperança nos empurra.
Esperança reflete atitude. Removendo-se a Esperança nossa atitude perante a vida torna-se
insípida.

CARIDADE: Estão juntas a Fé, a Esperança e a Caridade, mas a maior delas é a Caridade.
A Caridade é paciente, é bondosa, não tem inveja, não é pretensiosa. Não tem vaidade nem
é ambiciosa, não é rebuscada nem provocadora. Não pensa o mal nem se alegra com a
maldade; antes rejubila-se com a verdade. Suporta todas as coisas, crê todas as coisas, tem
esperança e resiste a tudo.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 21
No seu sentido mais profundo a Caridade é a arte de viver realística e plenamente, guiado
pela consciência espiritual das nossas responsabilidades e pelos nossos débitos de gratidão
para com o nosso Poder Superior e para com o nosso semelhante.

2. As pequenas virtudes materiais de construção.


1. Cortesia: alguns de nós temos medo de sermos cavalheiros, amáveis, e preferimos fazer o tipo
grosseiro e vaidoso exigido pela sociedade machista.
2. Contentamento: as circunstâncias não determinam o nosso estado de espírito, nós o fazemos.
Hoje me sentirei contente, hoje procurarei a beleza da ida.
3. Ordem: Viva apenas o dia de hoje, organize o dia de hoje. Aprender a viver o momento
presente é uma virtude enorme, é a primeira lei do Paraíso.
4. Lealdade: A prova do verdadeiro senso moral de um homem.
5. Uso do tempo: O tempo pode ser produtivo, desperdiçado ou profanado. De todas maneiras é
uma ferramenta que podemos ter ao nosso favor, ou não.
6. Pontualidade: Auto-disciplina, ordem, consideração para com os outros.
7. Sinceridade: A marca registrada do auto respeito e da autenticidade. A sinceridade produz a
convicção, gera entusiasmo e contagia aos outros.
8. Cautela ao falar: Devemos vigiar o nosso único órgão imprevisível: a língua. Podemos ser
maldosos, irrefletidos ou cínicos. Frequentemente os danos são quase irreparáveis.
9. Bondade: Uma das maiores satisfações da vida. Não conhecemos a felicidade verdadeira
enquanto não aprendemos a dar algo de nós mesmos para os outros.
10. Paciência: O antídoto para o ressentimento, a auto-piedade e a impulsividade.
11. Tolerância: Requer a cortesia normal, a coragem de saber viver e deixar viver.
12. Integridade: A qualidade máxima de um homem: honestidade, lealdade e sinceridade.
13. Equilíbrio: Não se leve demasiado à sério. Alcançamos melhor visão perspectiva se pudermos
rir de nós mesmos.
14. Gratidão: Um homem sem gratidão é arrogante, estúpido ou ambos. Gratidão é simplesmente
o reconhecimento honesto de ajuda recebida. Use-a nas suas orações, nos trabalhos dos Doze
Passos e nas suas reuniões familiares. Lembramos que a melhor forma de expressar a gratidão
é aproveitar realmente a ajuda recebida.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 22

GUIA PARA O INVENTÁRIO MORAL DIÁRIO


(10º PASSO)
Para praticar o 10º Passo devemos tentar identificar diariamente os seguintes itens:

1. Mecanismos de Defesa
Processos inconscientes de defesa do EGO.

a) Racionalização – justificar comportamentos errados.


b) Minimização – diminuir a importância dos fatos.
c) Hostilidade – ficar agressivo para evitar a conversa.
d) Projeção – transferir a nossa culpa a outro.
e) Intelectualização – justificar com termos difíceis.
f) Repressão – bloqueio inconsciente de situações dolorosas.
g) Desfocalização – mudar de assunto quando o mesmo nos incomoda.
h) Generalização – nos esconder no comportamento dos outros.

2. Defeitos de caráter e Pecados Capitais


a) Egoísmo – preocupar-se apenas consigo mesmo.
b) Álibis – justificar conscientemente nossos comportamentos errados.
c) Pensamento desonesto – distorcer a realidade a nosso gosto.
d) Orgulho (PC) – admiração exagerada por si mesmo.
e) Ressentimento – falta de perdão, gera raiva e medo.
f) Intolerância – não admitir pensamentos ou crenças diferentes dos próprios.
g) Impaciência – não saber esperar o momento certo.
h) Inveja (PC) – ciúme da sorte alheia.
i) Malandragem – utilizar qualquer recurso para atingir um fim.
j) Procrastinação – deixar tudo para depois.
k) Auto-piedade – pena de si mesmo.
l) Falsa sensibilidade – magoar-se por pouca coisa.
m) Medo – falta de fé, insegurança.
n) Avareza (PC) – desejo exagerado de possuir bens materiais, egoísmo.
o) Luxúria (PC) – desejo descontrolado pelo sexo e pela sexualidade.
p) Ódio (PC) – desejo de vingança.
q) Gula (PC) – exagero na comida e na bebida.
r) Preguiça (PC) – falta de vontade, apatia, despreocupação exagerada.

3. Danos causados

Diferentes maneiras de prejudicar outras pessoas.

a) Danos físicos – agressões físicas com ou sem motivo, acidentes.


b) Danos materiais – roubo, fraude, dívidas não pagas, destruição de bens alheios.
c) Danos sexuais – estupro, abuso sexual, manter relações sexuais através de pressão física
ou psicológica.
Estes três tipos de danos exteriores podem provocar, como consequência, algum destes
três outros tipos de danos interiores:
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Os 12 Passos 23
a) Danos morais – humilhações, insultos, ofensas, calúnias, provocados por algum dos três
tipos de danos anteriores, a pessoas com as quais não se tem intimidade.
b) Danos emocionais – o mesmo que danos morais, mas provocados a seres queridos
(amigos, namoradas, colegas de trabalho, etc.).
c) Danos espirituais – o mesmo, mas provocados a seres íntimos, com os quais se tem uma
relação muito estreita (pais, esposa, filhos).

4. Obsessões
Pensamentos fixos, bitolação, restringir-se à prática de uma única atividade (positiva ou
negativa). Pensar o tempo todo numa única pessoa.

5. Instintos deturpados
Desejos naturais praticados em exagero, praticados insuficientemente, ou não praticados.

a) Instinto de Auto-preservação: pratiquei algum ato que prejudicasse a minha integridade


conscientemente?
b) Instinto de Segurança Material: fui muito ambicioso ou avarento?
c) Instinto de Segurança Emocional: quis ser o centro das atenções?
d) Instinto Sexual: pensei ou pratiquei o sexo exageradamente? Pratiquei a masturbação
descontroladamente?

6. Virtudes Divinas
a) Fé: entregar as nossas vidas nas mãos de Deus.
b) Esperança: confiança nos planos divinos.
c) Caridade: Amor.

7. Virtudes materiais de construção


a) Cortesia: ser educado, tratar bem aos outros.
b) Contentamento: não deixar-se ser atingido pelos contratempos.
c) Ordem: organização, um dia de cada vez.
d) Lealdade: ser fiel a si mesmo e aos demais.
e) Uso do tempo: utilizar o tempo em atividades produtivas.
f) Pontualidade: respeitar horários, auto-disciplina.
g) Sinceridade: autenticidade, não usar máscaras.
h) Cautela ao falar: pensar antes de falar.
i) Bondade: saber dar o que temos de bom e precioso.
j) Paciência: manter a calma, saber esperar.
k) Tolerância: aceitação de idéias diferentes das nossas, “viver e deixar viver”.
l) Equilíbrio: evitar euforia e depressão.
m) Integridade: honestidade consigo mesmo.
n) Gratidão: saber agradecer, reconhecer uma ajuda recebida.

8. Busca espiritual
Manter um contato consciente com Deus. Alimentar a vida espiritual através de oração e meditação,
e principalmente com a prática das virtudes.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 24

O CONSCIENTE E O INCONSCIENTE

Todo ser humano percebe que existe como um ser singular em relação aos demais objetos e
seres do universo. Sob este aspecto a consciência constitui a própria essência do ser humano.
Já o inconsciente seria uma outra parte do ser, uma imensa parte, que determina
comportamentos e sentimentos, mas da que o indivíduo não percebe a sua existência.
Por isto podemos dizer que o ser humano possui dois estágios psicológicos: 1) o Consciente,
e 2) o Inconsciente.

1. O Consciente

O consciente é constituído por todas aquelas coisas das que temos conhecimento e
lembrança. Todas as nossas recordações, todos os nossos conhecimentos, enfim, tudo o que está
guardado na nossa memória pode ser chamado de consciente.
O consciente determina o nosso comportamento, as nossas reações e as nossas emoções.
Tudo o que fazemos de livre e espontânea vontade parte dele, todas as nossas decisões partem dele.
O consciente existe desde antes do nosso nascimento, e registra informações desde que nos
encontrávamos no ventre materno, informações estas que de uma maneira ou de outra determinaram
a nossa personalidade.

Mas como o consciente registra as informações?

Através dos cinco sentidos: a) vista – olhos – ver.


b) audição – ouvidos - escutar.
c) olfato – nariz – cheirar.
d) tato – dedos-pele – apalpar.
e) paladar – língua – saborear.

Estes cinco sentidos funcionam como gravadoras de tempo integral, que gravam e guardam
todas as informações que recebem a cada momento de cada dia de nossa vida. Assim, a vista guarda
cada visão do nosso dia, cada pessoa que vemos, cada lugar que observamos, cada cor, cada planta.
A audição guarda cada som, por mais imperceptível que seja. Cada música, cada palavra,
cada voz, cada grito, cada cochicho. O olfato registra cada cheiro, cada perfume, de cada lugar, de
cada pessoa. O tato guarda cada sensação de frio ou calor, de liso ou áspero, de suave ou grosso. E
o paladar lembra de cada sabor, doce, amargo, azedo.
São estas câmaras escondidas que nos trazem todas as lembranças de cada dia de nossa vida,
e através do que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos, e saboreamos, a nossa vida se enche de
informação e conteúdo. Por isso estamos sempre aprendendo, sempre guardando alguma coisa.

Mas e por que não lembramos de todo o que os nossos sentidos guardaram?

Porque seria impossível viver com tanta informação na nossa memória. Por isso o nosso
consciente utiliza somente aquelas coisas que serão necessárias no nosso dia a dia, como o que
estudamos para uma prova, o horário de um programa de TV, o nome das pessoas com as que
convivemos, e tantas outras coisas que precisamos lembrar para poder viver.

E aonde vão parar as coisas que não lembramos?


CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 25
2. O Inconsciente

Podemos dizer que o inconsciente está formado por todas aquelas coisas que não
lembramos, mas que de uma forma ou e outra fazem parte da nossa personalidade.
Como o consciente não pode guardar tudo recorre ao inconsciente para deixar reservadas
todas aquelas coisas que não serão necessárias no momento, ou talvez nunca, mas que já ficaram
gravadas no nosso cérebro.
É um mecanismo inteligente. Já pensou se você tivesse que carregar tudo o que há dentro da
sua casa cada vez que for viajar? Seria bastante desconfortável, por isso levamos somente o que
será necessário na nossa viajem, mas isso não quer dizer que tudo o que deixamos na nossa casa não
seja nosso.
Embora o inconsciente não seja percebido, já que é constituído por cosas que não
lembramos, ele é de fundamental importância na nossa vida, e se encontra sempre presente.
Por exemplo, em situações corriqueiras, como, por exemplo, quando nos encontramos num
lugar em que nunca estivemos antes, mas temos a sensação de que já estivemos lá. Ou quando
sentimos um cheiro que não conseguimos identificar, mas que nos remonta a uma época bem
distante.
Uma das mais fortes manifestações do inconsciente é durante os sonhos, onde ele “solta”
muitas das imagens do nosso dia, que talvez não guardamos na nossa memória consciente, mas que
o inconsciente guardou.
E falando da manifestação do inconsciente na nossa vida, para entender melhor até onde
pode interferir, podemos falar das fobias, que são justamente medos inconscientes de coisas das que
não deveríamos temer, como por exemplo a hidrofobia, que é o medo a água. Não deveríamos ter
medo da água, como uma piscina ou um rio, principalmente pessoas que não lembram de ter tido
alguma experiência traumática num lugar desses. Mas muitas vezes lembranças guardadas no
inconsciente fazem com que uma pessoa se desespere em situações normais, como essa por
exemplo.
Existem muitos tipos de fobias, medos inconscientes, como a claustrofobia (medo a lugares
fechados), a agorafobia (medo a lugares abertos, contrário de claustrofobia), a vertigem aguda ou
acrofobia (medo a lugares elevados), a nictofobia (o clássico medo do escuro), e tantos outros
medos que muitas vezes não possuem uma razão aparente.
O inconsciente também se apresenta na forma de tics nervosos, movimentos constantes das
mãos ou dos pés, sudorese, assim como em proporções maiores em casos de queda de cabelo
prematura, doenças psicossomáticas, impotência sexual, e tantas outras.
Tudo isto sem falar de que o inconsciente representa mais do 95% do nosso psiquismo (da
nossa mente), já que é muito pouco o que conseguimos levar conosco na nossa viagem.
Desta forma podemos perceber como o inconsciente nos afeta diretamente, embora não o
percebamos. Por isso devemos estar atentos com os nossos comportamentos, já que muitos deles
podem ser fruto de experiências guardadas no nosso inconsciente, e por isso nunca os perceberemos
como errados. Disto falaremos mais quando abordarmos os Mecanismos de Defesa, que são
justamente processos inconscientes de defesa do ego.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 26

EGO – SUPER-EGO - ID

Assim como os estágios psicológicos estudados no assunto anterior, também possuímos três
estágios da personalidade, que seriam as partes integrantes da nossa personalidade, da nossa
maneira de ser.
Estes três estágios são: o Ego, o Super-ego, e o ID.
O Ego representa a nossa parte consciente. O Super-ego seria a nossa parte inconsciente, e o
ID seria a nossa parte inconsciente-instintiva.
Estes três estágios estão intimamente relacionados, e da relação entre eles resultam as mais
importantes características da personalidade e do caráter do indivíduo.
Para podermos explicar corretamente deveremos começar pelo último citado, deixando o
Ego, que é o resultante dos outros dois, para o final.

1. O ID
O ID representa a nossa parte instintiva, o nosso lado animal.

Mas o que é instinto?

Instintos

O instinto é um desejo natural, inato, que serve para garantir o nosso bem estar, assim
como a satisfação das nossas necessidades básicas. Por necessidades básicas podemos entender:
alimentação, higiene, moradia, vestimenta, segurança.
Inato significa: não aprendido, algo que se adquire naturalmente, que nasce junto com a
pessoa, assim como a cor dos olhos, as feições do rosto, e até mesmo os dons que possuímos.
Os instintos não são próprios da raça humana, mas sim de todos os seres vivos, sendo que
todos os instintos, com exceção do instinto gregário, são característicos da enorme maioria dos
animais.
Um exemplo claro de instinto é observar o João-de-Barro construir a sua casa com uma
enorme perfeição geométrica, sem nunca ter tido uma única aula de arquitetura. Outro exemplo
claro é o instinto materno que as fêmeas da maioria das espécies possuem, assim como a criação
natural de grupos e de líderes de grupos em conjuntos das mais variadas espécies de seres vivos.
Nos seres humanos podemos dividir os instintos em 4 tipos:

a) Instinto de auto-preservação.

Este é o instinto básico para a nossa sobrevivência. Este instinto garante que
procuremos evitar todas aquelas situações que representem um perigo para a nossa
integridade física. É um sensor do perigo que faz com que percebamos naturalmente um
perigo aparentemente desconhecido, assim como por exemplo perceber o perigo frente ao
fogo sem nunca ter nos queimado.
Assim como em todo instinto, esta percepção do perigo é totalmente inconsciente, já
que raramente temos fontes de conhecimento que indiquem o perigo. A percepção do
mesmo não surge de informações adquiridas, mas sim de informações inatas.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 27

b) Instinto de segurança:
1) material, 2) emocional.

1)Instinto de segurança material.

Este instinto se ocupa de exigir naturalmente a satisfação das nossas necessidades


materiais básicas, assim como as relacionadas anteriormente. Se não tivéssemos este
instinto, deixaríamos frequentemente de satisfazer as necessidades básicas do nosso
organismo, colocando em risco a nossa saúde. De certa forma este instinto é uma extensão
do anterior.

2) Instinto de segurança emocional.

Este é um dos instintos mais complicados e controvertidos, assim como o primeiro


instinto a ser deturpado. A função deste instinto é criar a necessidade do indivíduo de ser
aceito e querido por um grupo, o que faz com que este indivíduo se sujeite naturalmente a
normas e regras de um grupo determinado. Se não fosse assim, seria praticamente
impossível viver em sociedades organizadas. Este instinto complementa o instinto gregário.

c) Instinto sexual.

É o instinto que garante a continuação da espécie. Este instinto é observado em todas


as categorias de animais, desde os mais primitivos até os mais evoluídos. É o que garante a
capacidade de se reproduzir sem nunca ter tido instrução alguma para isso. Digamos que é a
capacidade natural de descobrir os meios necessários para a reprodução.
Por isso o desejo sexual é absolutamente natural, e enquanto permaneça equilibrado
não representa nenhum perigo para nós. Muitas vezes este instinto é mal interpretado, ou
muitas vezes tido como tabu ou até mesmo pecado. Podemos dizer que durante um longo
período a humanidade não soube tratar este assunto, colocando a sexualidade, absolutamente
natural, como algo pecaminoso e repreensível, como algo impuro, agindo como se a mesma
não fizesse parte integrante do nosso ser, como se fosse algo que houvéssemos adquirido
durante a nossa vida, algo sujo e proibido.
Mas não é assim, a sexualidade é tão natural quanto a alimentação, mas assim como
esta, se torna prejudicial quando desmedida e desequilibrada. Por isso não devemos pensar
que porque seja natural e bom podemos nos exceder sem experimentar consequências
negativas.

d) Instinto gregário.

É o instinto dos grupos. Gregário provém da palavra grei, que significa grupo ou
rebanho. O instinto gregário é o que faz com que o homem sinta naturalmente a necessidade
de viver em grupos, em sociedades.
Desde a pré-história o homem absolutamente selvagem já compreendia esta
necessidade ditada pelo seu instinto já existente. A convivência em grupos garante maior
segurança, assim como uma maior satisfação das necessidades básicas e secundárias.
Obviamente, por necessidades secundárias entendemos tudo aquilo que de certa maneira não
é básico, e que embora seja muito necessário, é perfeitamente prescindível.

De que maneira o instinto gregário garante estas duas coisas?

Em relação à questão da segurança, o homem pré-histórico percebeu que era mais


fácil se defender dos animais selvagens, assim como de outros invasores, estando em
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 28
grupos. Por esse motivo começaram a juntar as famílias que se encontravam dispersas em
cavernas isoladas, para formar as primeiras sociedades da história.
Mas a segurança também se garante através da satisfação das necessidades básicas,
sendo esse o segundo e principal motivo da formação de sociedades. Todos nós possuímos
um grande número de necessidades básicas, e um número ainda maior de necessidades
secundárias, que quando satisfeitas melhoram a nossa qualidade de vida. E é justamente esta
a intenção deste instinto (assim como a de todos os outros), melhorar a nossa qualidade de
vida. Sozinhos nunca conseguiríamos satisfazer um número muito elevado de necessidades,
já que não conseguiríamos desempenhar todas as funções necessárias.
Analisemos uma sociedade normal, onde cada membro tem a sua função, o seu
trabalho. Todos precisamos do pão, mas nem todos somos padeiros, porque também
precisamos da carne, e nem todos somos açougueiros. Todos comemos feijão e arroz, mas
nem todos o plantamos e colhemos. Todos vestimos roupas, mas não somos nós que as
fabricamos. E assim poderíamos continuar numa interminável corrente de mútua
necessidade.
Por isso podemos compreender a importância deste desejo natural, que nos garante a
plena satisfação de todas as nossas necessidades, fazendo com que dividamos as nossas
capacidades com aqueles que fazem parte do mesmo grupo, e dessa forma todos usufruam
daquilo que poderia ser particular e exclusivo.

Como podemos observar, todos os instintos são úteis e benéficos, todos eles, quando
equilibrados, servem para melhorar a nossa qualidade de vida. Todos eles fazem parte da nossa
constituição natural, e nada há de errado ou anormal neles, enquanto permaneçam equilibrados.
Mas quando estes instintos são praticados de maneira diferente à exigida pela própria
natureza, então podemos dizer que os estamos deturpando.

Instintos deturpados
São aqueles que são utilizados: - exageradamente
- insuficientemente
- não utilizados

A deturpação dos instintos provoca sérios transtornos de comportamento em quem os


deturpa, já que podemos afirmar que utilizar um instinto de maneira deturpada é uma ação contra a
nossa própria natureza.
Normalmente os instintos são deturpados da primeira maneira, que é o exagero. Ou seja, a
satisfação exagerada das nossas necessidades e desejos. Mas também ocorrem casos de utilização
mínima ou não utilização de um determinado instinto, o que também pode ser denominado de
deturpação, já que provoca danos da mesma forma que o exagero.

O primeiro instinto a ser deturpado é o Instinto de segurança emocional, porque é o que


atinge mais profundamente o nosso emocional. A deturpação deste instinto resulta na necessidade
exagerada de aprovação dentro de um grupo, desejar e necessitar que todos nos amem e apreciem,
coisa que raramente acontece com uma pessoa normal. Este desejo é natural, e quando equilibrado o
indivíduo consegue suportar uma rejeição, um desafeto, uma falta de atenção, principalmente
daquelas pessoas que não participam diretamente da nossa vida.
Mas quando o instinto se encontra deturpado é impossível suportar qualquer tipo de desamor
ou desaprovação da parte de qualquer pessoa, inclusive daquelas que pouca importância têm para
nós. A desaprovação de qualquer um pode ser um inferno pessoal, e isto seguramente acarretará
distúrbios de comportamento.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 29
Uma vez exagerada esta necessidade de aprovação e afeto, e naturalmente não satisfeita no grau
que o desejo exagerado espera, o indivíduo pode partir para uma das outras duas opções, que é a
baixa ou a não utilização deste instinto, o que torna o indivíduo solitário, egoísta e ressentido.
Como dissemos, este é o primeiro instinto a ser deturpado, e através dele todos os outros podem
ser deturpados, sempre em função da aprovação e amor de um grupo, já que esta é uma das bases
mais sólidas para a construção da auto-estima.

Por exemplo, a deturpação do Instinto de auto-preservação ocorre justamente depois da


deturpação deste instinto. O indivíduo que se tornou solitário, egoísta e ressentido pode
perfeitamente perder a noção de perigo que o instinto de auto-preservação lhe dá, justamente
porque por ter perdido (ou pensar ter perdido) o afeto e a aprovação dos seus semelhantes já não
tem motivos para se preocupar consigo mesmo, a sua vida já não vale nada. Neste caso a deturpação
do instinto de auto-preservação seria a não utilização deste instinto.
Também podemos encontrar o exagero deste instinto em fatos isolados como manias ou
neuroses, não relacionados com a deturpação do instinto de segurança emocional. Podemos citar
exemplos de pessoas com síndrome de pânico, manias de limpeza ou de higiene, como por exemplo
pessoas que tomam banho 8 ou 10 vezes por dia para evitar doenças infecciosas, ou que usam um
sabonete uma única vez para não ficar contaminado, ou que não pegam na mão de outras pessoas
para não se infectar com doenças contagiosas, e tantos outros casos clássicos de neuroses
obsessivas.

Já a deturpação do instinto de segurança material ocorre de forma ambígua. Pode ser tanto
excessiva como insuficiente, dependendo das características do indivíduo, e também ocorre depois
da queda emocional provocada pela deturpação do instinto de segurança emocional.
O indivíduo que se encontra numa situação deplorável por causa da queda emocional terá
duas opções: a) procurar satisfazer exageradamente os seus desejos materiais, tanto para compensar
a perda como para tentar chamar à atenção daqueles que o “desprezaram” com os seus novos bens.
E se for assim começará uma luta desmedida para conseguir dinheiro e bens materiais, coisas que
poderão garantir-lhe uma nova posição dentro do grupo. Estará preso no materialismo, embora nem
suspeite que tudo isso está acontecendo na sua personalidade.
b) abandonar-se na mágoa e na auto-piedade, sentindo-se a criatura mais infeliz do
universo. Dessa forma esquecerá qualquer tipo de desejo material, bloqueando inconscientemente
as necessidades básicas acima citadas. É o caso de pessoas que se tornam mendigos depois de uma
grande frustração, embora estivessem acostumados a um padrão de vida de classe média ou até
média-alta. É mais terrível enfrentar os próprios medos do que suportar a miséria!
É claro que existem os casos moderados, que não
chegando aos extremos, deturpam cotidianamente este instinto. É o caso das pessoas que quando
chateadas ou magoadas deixam de se alimentar, ou de dormir, ou de trabalhar, ou de satisfazer
qualquer um dos seus desejos materiais básicos.

O instinto sexual deturpado é o mais famoso, embora seja conhecida mundialmente a sua
faceta exagerada, e até mesmo tida como algo engraçado e proveitoso. O desejo descontrolado por
sexo não somente não é tido como algo anormal na nossa sociedade atual, mas é incentivado de
muitas formas, principalmente através dos meios de comunicação. A questão é que poucas pessoas
sabem ou desconfiam que o desejo exagerado, seja pelo que for, esconde uma anormalidade no
indivíduo.
Da mesma forma que o desejo exagerado por bens materiais esconde uma enorme frustração
pessoal e uma imensa necessidade de compensação, proveniente da falta de aprovação e de amor do
grupo, este desejo exagerado também é uma forma de compensar essa carência, assim como de
tentar ser aceito novamente no grupo que uma vez o desaprovou.
É claro que nem todas as pessoas que possuem um instinto sexual deturpado passaram
necessariamente por experiências de desaprovação, mas o mesmo instinto de segurança emocional
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 30
deturpado faz com que o simples pensamento de ter que passar por essa experiência seja tão terrível
que qualquer coisa que a possa evitar se torne válida.
Mas tudo isto ocorre num nível inconsciente, pelo qual o indivíduo não pode perceber estes
mecanismos. O sujeito acha que é gostoso, e que esse é o único motivo real, mas não é assim. Por
trás de tudo isso existe uma necessidade de compensação e de auto-afirmação. Uma outra maneira
de construir a sua auto-estima, tão abalada pela desaprovação (ou possível desaprovação) do grupo.
Neste caso específico a cultura machista contribui muito para que a deturpação sexual
(exagerada) no homem seja um bom mecanismo de aproximação com o grupo, já que é considerada
pelo mesmo como uma característica favorável, e não como um problema de personalidade.
Dentro destes exemplos não devemos incluir as perversões sexuais, que não são deturpações,
mas transtornos de personalidade mais profundos.

E, por último, podemos citar o instinto gregário deturpado, que nada mais é do que o
isolamento agudo, provocado pelo sentimento de incompetência deixado por uma ou mais
experiências traumáticas de não aprovação dentro de um grupo específico. Já no fundo do poço o
indivíduo se isola e alimenta a falsa ilusão de que não necessita de ninguém para viver. Esta é a
única possibilidade que encontra para parar de sofrer: convencer-se de que na verdade não precisa
daquele grupo que o rejeitou, e por isso a sua desaprovação é insignificante. Mas isto jamais
acontece realmente, embora o indivíduo procure alimentar esta idéia. Neste caso o sentimento de
solidão e abandono é inevitável.

Como podemos ver, nem todos os instintos podem ser deturpados das três maneiras antes
citadas. Temos que ter em conta também que todas as características relacionadas nestes exemplos
se aplicam a pessoas que não possuam distúrbios psíquicos ou outras patologias. Estamos falando
de indivíduos “normais”, digamos, na sua “sanidade mental”.

2. O Super-ego
O Super-ego é o controlador do instinto, ou seja, o controlador do ID.

A diferença do ID, o Super-ego não é inato, mas aprendido. Ele é adquirido, principalmente
do Super-ego dos nossos pais.

Explicando: o Super-ego está constituído por todos os valores éticos e morais de um


indivíduo, valores estes aprendidos por meio da convivência com os pais, e pela educação a que seja
sujeitado, e que pela sua vez impõem uma censura nos nossos desejos naturais para que estes não se
excedam.
Por exemplo: se a criança cresce numa família de ladrões os seus valores éticos e morais não
indicarão que roubar é errado ou proibido, e por consequência o seu Super-ego não censurará este
tipo de conduta quando o instinto, por exemplo o de segurança material, assim o exija. Lembremos
que os instintos não possuem valores éticos ou morais. Se sentir fome o instinto de auto-preservação
indicará que devemos ingerir algum tipo de alimento, mas não indicará o lugar em que pode ser
obtido o mesmo. Para o instinto não há certo ou errado, por isso o Super-ego deve controlá-lo e
censurá-lo, para que possa ser adaptável às exigências do meio.
Assim como neste exemplo, poderíamos citar inúmeros exemplos para cada tipo de instinto
ou de desejo, e para cada tipo de família ou de criação, mas o importante é saber que a censura
exercida pelo Super-ego sobre os nossos instintos é de vital importância para a nossa convivência
dentro de um grupo e de uma sociedade organizada.

Desta forma, podemos perceber que as características do Super-ego dependem diretamente


do meio em que a criança conviva nos seus primeiros anos de vida, assim como durante a sua
infância. Mas por serem características aprendidas, também podem ser desaprendidas, ou melhor,
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 31
re-aprendidas, como é o caso dos dependentes químicos em recuperação, que começam a adquirir
uma censura sobre o uso de álcool e drogas dentro do tratamento, censura esta que até então não
possuíam. Neste exemplo podemos observar muitas outras censuras adquiridas durante o
tratamento, sendo que todas elas contribuem para uma melhor integração na sociedade e na família.
Podemos consertar um Super-ego ineficiente, mas para isso precisamos de novos modelos
de comportamento, de pessoas que nos transmitam os novos valores éticos e morais a serem
aprendidos, e também precisamos de tempo, muito tempo.

3. O Ego

O Ego é o intermediário, o negociador da batalha entre o Super-ego e o ID.


Ego significa “eu”.

Na luta entre o desejo e a censura surge a personalidade.


O Ego atua no campo consciente, a diferença dos outros dois estágios estudados. O Ego é a
consciência que se tem de si mesmo.
Para a formação do Ego encontramos dois elementos básicos: os desejos naturais idênticos
em todos os seres humanos; e os valores éticos e morais diferentes para cada família e cultura.
Tendo isto em conta podemos perceber que as combinações são infinitas. Mas de tudo jeito
podemos classificar os resultados em dois tipos de caráter:
a) caráter ajustado
b) caráter desajustado

O primeiro tipo de caráter é aquele que, embora apresentando falhas na censura, consegue
conviver em grupos organizados sem maiores dificuldades, fazendo parte das mais diversas
atividades.
O segundo tipo seria aquele que não consegue se adaptar à convivência em grupos por causa
do seu desajuste. Este tipo de desajuste ultrapassa o limite tolerável para uma convivência aceitável
com um grupo organizado.
Todos os tipos apresentam desajustes, não existe um caráter perfeitamente ajustado (seria
patológico), mas alguns ultrapassam o limite fazendo com que seja impossível conviver com eles.
Neste caso não estamos citando unicamente àquelas pessoas que se tornam extremamente
inconvenientes dentro de um grupo, mas também àquelas que não conseguem participar ativamente
de nenhuma das atividades do grupo. Com essas pessoas também é impossível conviver, co-agir.
De todas maneiras podemos afirmar que o resultado final depende unicamente da censura
exercida sobre o desejo, já que os desejos naturais são os mesmos para todas as pessoas. Por este
motivo o Super-ego se torna tão importante na formação do caráter.
Se o indivíduo aprende valores éticos e morais errados, ou desajustados, inevitavelmente o
seu caráter será desajustado, ou seja, terá uma dificuldade enorme em conviver com aqueles que
possuam informações corretas.
Mas o indivíduo não tem culpa, já que não foi ele quem escolheu as informações a serem
aprendidas, mas unicamente se sujeitou ao meio em que cresceu. Por isso é importante ter em conta
que estas informações são reapreendíveis, e por isso é possível reconstruir o nosso caráter.
Normalmente os desajustes são atribuídos aos instintos deturpados, ou seja, aos desejos
exagerados principalmente, mas na realidade, como vimos, os desajustes são provocados por
desajustes na censura, e como a censura é aprendida, os desajustes seriam provocados por
desajustes na censura daqueles que inconscientemente a ensinaram. E assim poderíamos continuar
até o primeiro ser humano.
O importante é conhecer estes mecanismos para podermos compreender os nossos próprios
desajustes, e assim conseguir ajustar-nos num comportamento que não se torne auto-destrutivo.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 32

MECANISMOS DE DEFESA
DO DEPENDENTE QUÍMICO

Na dependência química os mecanismos de defesa passam a fazer parte da própria


sintomatologia da doença. A maioria dos dependentes químicos não se identificam como tal, e por
isto é mais fácil que a doença se instale. Isto se deve, em muitos casos, porque a droga e o álcool
não provocam efeitos negativos imediatos, sendo que muitas vezes acontece o contrário: no início
do uso provocam mais prazer do que sofrimento, e durante algum tempo as pessoas que começam a
usar drogas ou álcool sentem-se mais “felizes” do que as outras, pelo que é mais fácil autoenganar-
se acreditando que o uso é absolutamente inofensivo.
Quando os problemas começam a surgir na vida do dependente químico, o mesmo não os vê
como consequências do seu uso porque são facilmente racionalizados como resultantes de outros
acontecimentos.
Com a evolução e agravamento da dependência, consequentemente, os problemas vão se
agravando e avolumando, e se estendendo às diversas áreas da sua vida (trabalho, família,
economia, amigos, etc.), forçando o dependente a racionalizar estes fatos.
Com o passar do tempo ele torna-se perito em engendrar e utilizar as mais variadas
estratégias para defender a continuidade da sua dependência, que embora não esteja mais trazendo
tanto prazer e benefícios para ele, continua sendo a solução perfeita para os seus problemas e o
remédio para os seus males. Assim passa a usar cada vez mais os mecanismos de defesa.
Segundo alguns autores, a raiz da utilização destes mecanismos estaria na resistência em
admitir, para si mesmo e para os outros, que é impotente perante o álcool e as drogas, que a sua
dependência causa problemas para si e para os outros, que necessita de ajuda, que deve abrir mão da
sua dependência o mais rápido possível.
Admitir esta realidade implicaria numa agressão à sua auto-estima, na aceitação da sua
anormalidade, o que para ele significaria fraqueza e inferioridade. Soma-se a isto a sua relação com
o álcool e a droga, que fica extremamente ameaçada, e da qual julga não poder abrir mão. O
dependente não concebe a sua vida sem o álcool ou a droga, e ele sabe disso, embora não o admita
nem para si mesmo.

SISTEMA DE ÁLIBIS – NEGAÇÃO


Em razão das circunstâncias acima descritas o dependente químico monta um sistema de
álibis para garantir a continuidade do seu vício.
Este sistema, composto por vários mecanismos de defesa, dos quais o mais importante é a
negação, é descrito por vários autores como um Processo de Negação no qual o dependente
químico passa a utilizar vários subterfúgios e estratégias para negar a sua condição de dependente.
Se destina a explicar todos os episódios de exagero gerados pelo vício, com os quais ficaria
evidenciada a sua relação anormal com a bebida ou com a droga.
A negação levanta uma muralha que isola efetivamente a realidade de que a dependente é
responsável pelos seus atos falhos, deixando a impressão de que os problemas da vida cotidiana são
os responsáveis pelo seu vício. Obstrui todas as pistas que possam levar à conclusões concretas
sobre a sua doença.

PRINCIPAIS MECANISMOS DE DEFESA

• Racionalização: Tendência a justificar os comportamentos inadequados.


Ex.: Eu exagerei na bebida porque fui demitido.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 33
• Minimização: Tendência a acentuar os problemas relacionados com o vício, para diminuir
os efeitos do mesmo.
Ex.: Não entendo como isso aconteceu, eu só tomei uma cervejinha.
• Hostilidade: O dependente torna-se agressivo ou hostil quando abordado ou questionado em
relação ao seu vício.
Ex.: Esse assunto não diz respeito a vocês!!! Eu cuido da minha vida!!! Eu não pedi pra
nascer!!!
• Projeção: Tendência a transferir a culpa ou a responsabilidade dos seus erros para outras
pessoas.
Ex.: Eu não tive culpa se me ofereceram bebida nessa festa.
Você me deixou esperando muito tempo e eu fiquei nervoso.
• Intelectualização: Usar termos difíceis e teorias complexas para justificar o comportamento
errado.
Ex.: É uma questão de preconceito inerente à sociedade.
• Repressão: Bloqueio inconsciente de situações ou momentos que são dolorosos demais para
serem lembrados.
Ex.: Eu não me lembro de ter agredido assim a minha filha!
• Desfocalização: Tendência a deslocar o assunto para outro lugar, espaço ou tempo, para
evitar conversas incômodas para a sua dependência.
Ex.: Quando abordado sobre o que aprontou na escola começa a falar sobre o
acampamento que estão programando para o final do ano.
• Generalização: Tendência a generalizar os seus problemas ou comportamentos errados.
Ex.: Todo mundo na minha escola fuma maconha.
Todos bebemos bastante para comemorar.

EVOLUÇÃO
O processo de negação continua durante anos e exacerba a confusão mental do dependente
químico, o coloca cada vez mais fora de contato com a realidade à medida que ele consegue se
convencer de suas próprias ilusões. Ao recorrerem ao seu próprio sistema de negação para explicar
e justificar o comportamento comprometedor quando bebem, eles se tornam os principais agentes
de uma conspiração que os mantém presos no círculo vicioso da sua dependência.

CONCLUSÃO
Os Mecanismos de Defesa são processos psicológicos utilizados involuntariamente por
todos os seres humanos, e têm como principal característica negar, falsificar ou distorcer uma
realidade com a qual temos dificuldade de conviver.
Alguns Mecanismos de Defesa fazem parte da própria sintomatologia da dependência
química, e são usados em função de negar a realidade da dependência e defender a continuidade do
uso do álcool. Assim, é extremamente importante para os profissionais da área o conhecimento
destes mecanismos, pois sua remoção é indispensável para que qualquer intervenção tenha sucesso.
Por desconhecerem estes processos, as pessoas ligadas diretamente com dependentes
químicos são frequentemente manipuladas por estes, envolvendo-se no processo como facilitadores,
sem sequer perceber este envolvimento.
Quando lidamos com dependentes químicos devemos estar atentos também com os nossos
próprios Mecanismos de Defesa, como medos, culpa, raiva, etc.; para que não nos tornemos
também facilitadores.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 34

DEPENDÊNCIA QUÍMICA – UMA DOENÇA

Como todos sabemos a dependência química é uma doença que atinge muitas áreas da
nossa vida. Mas embora conheçamos esta realidade, nem todos temos absoluta consciência do que
isto significa.
Quando dizemos que a droga afeta a nossa vida estamos nos referindo não somente às
consequências negativas óbvias, facilmente reconhecíveis, que todo dependente químico
experimenta (problemas familiares, sociais, laborais, etc.), mas também à grande quantidade de
estruturas físicas e psíquicas, praticamente irreconhecíveis à primeira vista, que acabam sendo
igualmente comprometidas, e que da mesma forma contribuem para a nossa falência total como
seres humanos.
Desta forma podemos definir a dependência química como um problema, quando
avaliamos as consequências negativas diretas decorrentes do uso (problemas familiares, sociais,
laborais, etc.), ou como uma doença quando avaliamos a degeneração destas duas estruturas
básicas: a estrutura física, e a estrutura psíquica; degeneração esta que acontece de maneira
absolutamente involuntária e imperceptível.

Em relação à dependência química como um problema, já vimos o suficiente nos capítulos


anteriores, por isso vamos agora centralizar a nossa atenção na avaliação da dependência química
como uma doença. E como acabamos de observar, nesta avaliação podemos separar as duas
estruturas básicas: - física
- psíquica
E em cada uma destas estruturas se engendrarão problemas absolutamente diferentes, como
veremos a seguir.

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma doença física


Como estávamos dizendo, a dependência química provoca muito mais do que problemas
ocasionais que podem ser resolvidos com certa facilidade. A dependência química gera problemas
(doenças) dos que poucas vezes temos conhecimento, e que aninham no mais íntimo do nosso ser.

Como uma doença física, a dependência química é uma doença Incurável, Progressiva e de
término Fatal.

Mas por que?

Incurável

O nosso organismo sofre modificações radicais no seu funcionamento normal para poder
adaptar-se à droga, que inicialmente é uma substância desconhecida, mas que com o tempo passa a
ser algo a ser assimilado diariamente.
E como o nosso organismo se adapta àquilo que não consegue evitar, acaba conseguindo
funcionar “normalmente” com essa nova substância circulando dentro dele. Mas, como é
característico também, acaba necessitando dessa substância para poder continuar funcionando
“normalmente”, já que a partir do momento em que ocorrem modificações mais profundas no
nosso organismo, este não conseguirá tão facilmente voltar a funcionar como antigamente, e por
isso exigirá diariamente a substância a qual forçadamente se adaptou. A isto podemos chamar de
dependência.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 35
Mas por que Incurável?

Como toda estrutura inteligente, o nosso organismo funciona de uma forma que evita o
desperdiço de energia e informação, por isso otimiza sempre o seu desempenho, procurando não
gastar tempo e energia além do estritamente necessário.

E aí?

Aí que quando o organismo se adapta a uma substância – seja ela qual for, neste caso a
droga ou o álcool – ele grava as informações referentes a esta substância, como por exemplo o tipo
de substância, a quantidade em que é ingerida (dosagem), e a frequência de uso.
Existem vários tipos de substâncias, sendo que as drogas são substâncias que alteram de
alguma forma o funcionamento do nosso organismo. No nosso caso não são todas as drogas as
que nos interessam, mas somente as chamadas drogas psico-ativas, isto é, aquelas drogas que atuam
no nosso Sistema Nervoso Central, cujo centro é o nosso cérebro. (psico = mente, ativas = ação)
Existem drogas que alteram o funcionamento de outros sistemas do nosso organismo, como
por exemplo o Sistema Circulatório ou o Sistema Digestivo, mas estas drogas são mais conhecidas
como remédios, e não têm nenhum efeito no nosso cérebro.
Por isso o nosso organismo vai registrar uma substância psico-ativa, que está sendo
ingerida numa quantidade determinada, e numa frequência constante.
O nosso organismo gravará as informações referentes a este uso, gravando principalmente os
valores referentes ao tipo, quantidade e frequência, o que significa que criará uma memória da
substância referida, assim como dos valores citados. Esta memória se chama memória celular, e é
uma das principais responsáveis pelo fato da dependência química ser incurável.

A memória celular está formada pelas informações referentes


ao tipo de substância, à quantidade consumida
e à frequência de consumo.

A memória celular é criada naturalmente pelo próprio organismo, e não temos nenhum
controle sobre ela. Ela acontece sem a nossa participação, e nada podemos fazer para apagá-la, e é
justamente esta característica que torna a dependência química uma doença incurável.
O nosso organismo cria esta memória justamente para otimizar o desempenho e poupar
energia. Ou seja, o organismo cria um “gabarito” de funcionamento com substâncias psico-ativas
para não ter necessidade de criar outro futuramente.
Quando estacionamos a doença o nosso organismo sofre novamente as modificações
referentes à abstinência da substância à qual tinha se acostumado, e por isso o dependente químico
experimenta uma variedade de sintomas negativos no início da abstinência, desde febre e dores de
cabeça até convulsões no caso dos alcoólatras (lembremos que o álcool também é uma substância
psico-ativa, e por sinal uma das mais fortes).
Como dizíamos, a doença é estacionada, mas a memória celular não se apaga, ela
permanece latente no nosso organismo. O “gabarito” de funcionamento com substâncias psico-
ativas permanece intacto, e isto torna extremamente perigosa qualquer tentativa de consumo.
Se chegarmos a experimentar qualquer tipo de substância psico-ativa durante o período de
abstinência, colocaremos novamente em funcionamento a nossa memória celular.
O nosso organismo reconhecerá a nova substância ingerida como uma substância do tipo
psico-ativo, e para não gastar energia criando novamente uma forma de adaptação a essa substância,
ele usará sempre aquela maneira, aquele “gabarito” que já está registrado na sua memória.
O problema é que nesse “gabarito” estão registradas também as informações referentes à
quantidade e frequência, o que significa que o nosso organismo nos forçará a nos adaptar
novamente à quantidade e frequência de consumo antigas, registradas na nossa memória celular. E
desta forma voltaremos à quantidade e frequência de uso anteriores, mais rápido do que possamos
perceber.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 36

É impossível apagar a nossa memória celular

Devemos lembrar que não possuímos nenhum tipo de controle consciente sobre o nosso
organismo, e muito menos sobre estruturas tão complexas como a nossa memória celular. Pensar
que podemos controlar de alguma forma esta memória seria como pensar que podemos controlar a
quantidade de vitaminas que o nosso organismo sintetizará, ou a quantidade de carboidratos que o
nosso sistema digestivo absorverá no dia de hoje.
Definitivamente esta memória faz com que a nossa doença seja absolutamente incurável, já
que não importa o tempo de abstinência que tenhamos, ela sempre existirá, e estará pronta para ser
ativada a qualquer momento em que utilizemos novamente qualquer tipo de substância psico-ativa.
E o mais perigoso desta característica é que a volta ao uso acontece sempre na mesma
intensidade – ou mais – que antes da abstinência, o que significa que o dependente químico que
recai retoma o caminho do vício exatamente onde o deixou, e daí pra frente irá se aprofundando
cada vez mais.
Devemos lembrar também que antidepressivos, ansiolíticos, “remédios para dormir”,
moderadores de apetite, contém também substâncias psico-ativas, pelo qual o seu uso não é
recomendado para dependentes químicos em recuperação.

Progressiva
Progressiva significa que progride, que avança.

De fato, a dependência química é uma doença Progressiva porque vai se tornando cada vez
mais grave com o passar do tempo. Não é uma doença que se estaciona num ponto determinado.
Esta progressão acontece tanto em relação ao comprometimento pessoal do indivíduo com
a droga, quanto à quantidade e frequência do uso.
Em relação ao comprometimento pessoal podemos observar, em praticamente todos os
casos, como a droga vai progressivamente tomando conta de todas as áreas da vida do indivíduo.
Ele começa consumindo somente nos finais de semana e em algumas festas, tendo um
comprometimento social, familiar, escolar e laboral mínimo, mas com o tempo a frequência
aumenta e inevitavelmente colocará em risco as suas relações sociais e familiares, assim como o
seu desempenho escolar e laboral.
Uma vez que a quantidade e frequência de uso aumentam, inevitavelmente se verão
comprometidas as outras áreas da vida, e cada vez num grau maior. Aquele que começa a ter um
desempenho laboral menor por causa da droga, numa hora ou outra chegará a não conseguir ter
mais nenhum tipo de desempenho laboral. Aquele que vê as suas relações familiares e sociais
comprometidas por causa da droga, chegará a perdê-las por completo.

Mas por que a quantidade e a frequência aumentam?

Qualquer pessoa que comece a fazer uso de drogas com certa frequência, por mínima que
seja (uma vez por semana, por exemplo), desenvolverá automaticamente a chamada Tolerância
orgânica.
A Tolerância se desenvolve naturalmente, sem nenhuma participação voluntária do usuário,
porque o organismo começa a acostumar-se à droga utilizada, começa a criar uma certa resistência
natural que faz com que sejam necessárias doses maiores e em espaços mais curtos de tempo para
obter o mesmo efeito.
Tolerância é :
maiores quantidades
em maior frequência
para obter o mesmo efeito.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 37
Por este motivo o dependente sente-se naturalmente impelido a aumentar as doses normais,
assim como a aumentar a frequência de uso. O desejo pela droga aumenta cada vez mais sem que o
dependente o perceba, já que o que ele busca é simplesmente o mesmo efeito. Este é também um
dos fatores que contribuem para que o dependente troque a sua droga de preferência por uma droga
mais forte, como por exemplo a frequente troca da maconha pela cocaína.
Esta troca acontece principalmente porque o organismo cria uma resistência natural à
maconha que faz com que ela não consiga mais provocar o efeito desejado. Então, quando o
dependente experimenta uma nova droga, perante a qual o organismo não possui uma resistência
natural, ela provoca um efeito muito mais nítido do que a anterior, e isto faz com que a troca ocorra
facilmente.
Ocorrendo esta troca de uma droga leve por outra mais forte, ocorre também a progressão
da doença, já que neste momento de troca a dependência química atinge um grau mais elevado no
seu caráter de doença progressiva.
De todas maneiras, com o passar do tempo e do uso contínuo, o dependente criará uma
tolerância também pela nova droga, o que fará com que o processo de progressão continue
eternamente. E como dizíamos anteriormente, o comprometimento pessoal com a droga aumentará
proporcionalmente, o que fará que cada vez mais a vida do dependente esteja comprometida com a
droga.
Outro fator que contribui para que a progressão do comprometimento pessoal aconteça é o
fator econômico. O dependente gastará cada vez mais dinheiro em drogas, e ele terá que arrumar
esse dinheiro de alguma forma. Geralmente essas formas de arrumar o dinheiro implicarão práticas
ilegais, como o roubo ou o tráfico, o que fará que corra o risco de ser preso ou morto.
Quando o dependente químico se encontra nesta fase, a sua vida particular pouco vale para
ele, ficando apenas a saudade de algo que uma vez foi muito bom.

Fatal
A dependência química é uma doença de término fatal.

Por que?

Porque leva à morte, um dependente químico que não estacione a sua doença certamente
acabará morrendo por causa dela.

Mas nem todas as drogas podem chegar a provocar a morte, ou podem?

Em termos de morte, podemos distinguir dois conceitos: a morte por overdose e a morte por
desregramento.
Quando falamos de overdose estamos nos referindo aos efeitos nocivos diretos de uma droga
sobre o corpo, onde interagem o nível de toxicidade da droga, a quantidade utilizada e a maneira
em que a droga é utilizada. Ou seja, há drogas que possuem um nível de toxicidade elevado, e que
por isso, se usadas em grandes quantidades, e de uma maneira determinada, podem provocar a
overdose, ou seja, a morte.
Das drogas consumidas no Brasil, são poucas as que podem provocar a overdose, e dentre
elas destacamos: o álcool, a cocaína e o crack.
Lembremos que quando falamos em overdose estamos falando de morte provocada pelo
próprio uso da droga, e não por consequências secundárias como acidentes, brigas, etc. Por isso
existem drogas que não chegariam a provocar uma morte por overdose, justamente por causa do
nível de toxicidade ser baixo, como por exemplo a maconha.
No caso da cocaína e do crack, a overdose significa, na maioria dos casos, uma parada
cardíaca, já que os batimentos cardíacos aumentam de acordo com a quantidade utilizada. No caso
da utilização intravenosa da droga a quantidade não precisa ser tão grande, porque quando utilizada
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 38
dessa forma o organismo absorve uma quantidade muito maior da droga. Por isso é muito mais fácil
sofrer uma overdose utilizando drogas injetáveis do que por outros meios.
Já com o álcool a overdose significa uma parada respiratória, o que também leva a morte,
embora por uma questão de permissividade social, a overdose por causa do álcool é chamada de
coma alcoólico, termo suavizado para uma cultura essencialmente consumista.

Por outro lado temos a morte provocada pelo desregramento, isto significa, a falta de regras
e organização na vida do dependente químico. Seriam as chamadas consequências secundarias.
Quantos tipos de morte podem ser provocados direta ou indiretamente pela droga e o álcool?
Acidentes com carros, acidentes de trabalho, brigas, violência, e tantas outras formas de
morte que, camufladamente, envolvem o álcool ou a droga dentro dos seus principais motivos.
Isto sem falar nas doenças adquiridas tanto pelo uso da droga (HIV, Hepatite, pressão alta),
pelo desregramento de vida (HIV, doenças venéreas, anemia), e pela falta de defesas do organismo
causada pela má alimentação, a falta de sono, o nível de toxicidade no organismo (doenças
oportunistas).

Desta forma, podemos concluir que qualquer dependente químico que não estacione a sua
doença deixando de fazer uso de qualquer tipo de droga (incluindo o álcool) muito provavelmente
se encaixará num destes exemplos dados anteriormente.
Isto não quer dizer que o dependente químico necessariamente morrerá sendo ainda novo,
mas sim que a sua vida será muito mais curta do que seria de maneira natural.

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma doença psíquica


Dando continuação ao que estávamos estudando anteriormente, podemos afirmar que a
dependência química não provoca somente problemas físicos.
O problema da dependência química não é somente uma questão médica, mas
principalmente uma questão psicológica, já que os abalos psíquicos e emocionais são constantes
durante todo o processo de dependência, desde antes do primeiro uso até a recuperação ou a morte.
Embora sejam inúmeras as causas que favorecem o uso de drogas, as mais importantes são
sempre as causas emocionais, e são estas as primeiras a aparecer. Mas não iremos estudar agora
todas as questões emocionais que favorecem o uso de drogas, mas apenas uma: a Obsessão.

Obsessão
Podemos dizer que a Obsessão é uma doença psíquica que o dependente químico geralmente
desenvolve após iniciar o uso de drogas.
Existem muitas personalidades obsessivas que nunca fizeram uso de drogas, mas não existe
um dependente químico que não seja obsessivo.
Por isso, nesta parte do nosso estudo, falaremos somente de doenças psíquicas causadas pela
droga, e não anteriores a ela; neste caso a obsessão.

Mas o que é obsessão?

Obsessão é o pensamento fixo numa única coisa.


O objeto de obsessão é aquilo pelo que a pessoa é obcecada.
O objeto de obsessão nem sempre é negativo.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 39
A obsessão é sempre uma maneira de compensar angústias, carências, sofrimentos em
geral. É uma das saídas que o nosso inconsciente encontra para equilibrar uma situação de
sofrimento interno.

Explicando: Podemos dizer que a obsessão, ou seja, o pensamento fixo, é uma característica
bastante perigosa para quem a engendra, já que manter o pensamento focalizado a maior parte do
tempo numa única coisa, num único objeto, faz com que muitas coisas da nossa vida acabem
passando despercebidas. E dentro destas coisas que não percebemos se encontram os perigos do
dia a dia, que dificilmente nos atingiriam se tivéssemos a capacidade e a concentração necessária
para enxergá-los. A obsessão funciona como um tapa de burro que não nos permite ver para os
lados, e assim não nos deixa perceber os perigos do caminho, mas somente olhar numa única
direção.
Obsessão não significa ser incapaz de pensar em outra coisa que não seja o objeto de
obsessão, mas sim não conseguir deixar de pensar nele com uma frequência maior que o normal. E
o limite entre o normal e o anormal é muito tênue, e é muito difícil de perceber a diferença,
principalmente quando a obsessão começa a se instalar na nossa vida.
A questão principal é perceber até onde um determinado pensamento fixo está nos
prejudicando, por exemplo, tirando a nossa concentração em outras atividades, ou fazendo com que
não nos preocupemos com os problemas que não estejam diretamente relacionados ao objeto de
obsessão.
Tudo isto é fácil de acontecer porque, como dissemos anteriormente, o objeto de obsessão
nem sempre é negativo, o indivíduo nem sempre se torna obcecado por coisas negativas, e quando o
objeto de obsessão é positivo (religião, Deus, trabalho) é muitíssimo mais difícil de dar-se conta de
que a obsessão está se instalando em nós.
Quando o objeto de obsessão é positivo, automaticamente se transforma em algo negativo
para a nossa vida, porque já não o percebemos como realmente é, mas sim como queremos vê-lo.
Quando o objeto de obsessão é negativo, o idealizamos, para não ter que nos desfazer dele.
Idealizar significa ocultar os defeitos e ressaltar as virtudes do objeto.

De todas formas a obsessão é apenas um pensamento e não uma atitude. Por isso, para
podermos aceder ao objeto de obsessão, ela se transforma em atitude através da compulsão.

Obsessão: pensamento fixo


Compulsão: desejo exagerado + atitude descontrolada

Compulsão
A compulsão é uma soma de um desejo exagerado seguido por uma atitude descontrolada,
e através dela a obsessão consegue alcançar o objeto de desejo.
O desejo exagerado é provocado diretamente pelo pensamento fixo, que pela sua vez
provoca uma atitude descontrolada em relação ao objeto de desejo.

Por exemplo, um dependente químico absolutamente obcecado pela droga, pensa a maior
parte do tempo na droga, em como irá consegui-la, aonde irá usá-la, quanto tempo durará. E esse
pensamento contínuo faz com que desperte ainda mais um desejo exagerado pela droga, um desejo
incontrolável, que fará com que o dependente tenha atitudes descontroladas por causa desse desejo,
como por exemplo roubar, brigar, e tantas outras situações que demonstram a total falta de controle
de uma pessoa obcecada.
A esta falta de controle chamamos de Compulsão.

Por isso dissemos que a obsessão é psíquica e a compulsão é física.


CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Dependência Química 40

Mas nem sempre o objeto da obsessão é o mesmo objeto da compulsão.


E por objeto da compulsão entendamos aquilo pelo qual temos desejo exagerado e atitudes
descontroladas.

Mas por que não seria o mesmo?

Porque nem sempre é possível satisfazer a nossa obsessão.


Como, por exemplo, um homem obcecado por uma mulher que não possui nenhum interesse nele,
dificilmente poderá satisfazer a sua obsessão original por aquela mulher. Então deverá canalizar a
energia procedente da sua obsessão e conduzi-la a uma compulsão diferente, como por exemplo
outras mulheres, trabalho, drogas, etc. Todas elas atividades pelas quais o indivíduo poderá ser
compulsivo, mas somente como uma canalização da energia.
Canalização da energia significa reconduzir a energia que não pôde ser utilizada para
outras direções.
Isto não quer dizer que seja bom, mas é um mecanismo que o nosso inconsciente utiliza para
não entrar em curto-circuito, já que não pode ficar com essa quantidade de energia excedente que
supõe uma obsessão não realizada.
Assim como na obsessão, também existem objetos de compulsão positivos e negativos, com
as mesmas características que os anteriores. E assim como na obsessão, e muito difícil admitir uma
compulsão quando se trata de um objeto positivo, como o trabalho, por exemplo.
O indivíduo que se torna compulsivo dificilmente o percebe sozinho, e se alguém lhe
apontar este problema, dificilmente o admitirá, porque para ele sempre há motivos reais suficientes
para justificar o seu comportamento.
Mas de todas formas, independentemente das razoes que possua, ingressar num círculo
obsessivo-compulsivo é extremamente perigoso, principalmente para os dependentes químicos em
recuperação. Uma situação destas representa certamente uma recaída iminente.

E o que fazer?
Certamente, e como já vimos nos 12 Passos, a primeira atitude a ser tomada é a admissão.
Nada acontecerá de diferente se antes não aceitarmos a nossa fraqueza.
Mas no caso da obsessão e a compulsão, dificilmente esta admissão acontecerá sem a ajuda de
outras pessoas, porque raramente alguém conseguirá enxergar em si mesmo algo tão sutil e
camuflado como uma obsessão.
De todas formas, quando percebamos em nós qualquer indício de compulsividade, poderemos ter
certeza de que há alguma obsessão escondida por trás dela.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Recaída 41

RECAÍDA – ORIGEM E EVOLUÇÃO


Durante o processo evolutivo das técnicas para tratamento da dependência química, a
maioria dos profissionais, e também dos dependentes, se deparam com um fenômeno interessante
desde o ponto de vista clínico: a recaída.
Muitos de nós, ao presenciarmos tal fenômeno, talvez tenhamos nos perguntado: como uma
pessoa após ter vivenciado tantas situações de risco, danosas para si e para os outros, volta ao uso
de drogas?
A resposta para este questionamento pode não nos satisfazer, porém, de certo modo, é
simples. A recaída está inserida no processo do uso de drogas. Vêm-nos, então, outras perguntas:
Então não adianta? Não tem jeito?
Dizemos que a recaída faz parte da doença e não da recuperação, e esta afirmação nos faz
animar um pouco mais.

DEFINIÇÃO DE RECAÍDA
Recaída é a volta ao uso de substâncias psicoativas, do mesmo jeito que utilizava antes de
iniciar um programa de tratamento e recuperação.

Para entendermos esta realidade citaremos um exemplo comum a qualquer aprendizado: a


linguagem. Durante o desenvolvimento da dependência química o indivíduo vai construindo seu
arsenal linguístico que, a grosso modo, poderíamos chamar de arsenal patológico, se pensarmos na
estruturação de valores que circundam o meio das drogas: códigos, formas particulares de se
comunicar, ética, moral, vícios, etc.
A recuperação tem como objetivo construir uma nova linguagem, ou seja, a modificação
mais ampla possível em seu estilo de vida, reformulando sua maneira de se comunicar com o
mundo, e também sua maneira de se comportar nele.
Internamente o dependente químico precisa trabalhar a sua arrogância, prepotência,
egocentrismo, egoísmo, orgulho, raiva, rancor, mágoa, culpa pelas consequências negativas do uso,
inseguranças que são origem de comportamentos agressivos, sua baixa qualidade de vida, etc.
Externamente precisa reformular conceitos como: nova forma de vestir, nova linguagem
verbal, corte de cabelo, enfim, mudança dos comportamentos desenvolvidos durante a dependência.

MANUTENÇÃO DA LINGUAGEM
Após o tratamento o indivíduo teoricamente construiu uma nova linguagem, a linguagem da
recuperação, isto é, uma modificação em seu estilo de vida. Experimentou o despertar espiritual em
que a melhora faz ver o mundo cor-de-rosa (lua de mel com a recuperação).
A origem da recaída se dá quando a linguagem introduzida no processo de recuperação não
é mantida no processo de reinserção social que acontece post-tratamento. O enfraquecimento da
linguagem implica no fortalecimento do processo de recaída, que deve ser encarado não como um
drama ou uma tragédia, mas sim como a necessidade objetiva de adequadamente reintroduzir o
indivíduo no programa. Podemos pensar na tolerância que a maioria de nós têm com as recaídas de
outras doenças, como por exemplo gripe, pneumonia, tuberculose. Infelizmente, devido às
consequências diretas ou indiretas da volta ao uso, não temos a mesma tolerância com relação à
dependência química, que também é uma doença, e como tal devemos ter cuidados especiais para
prevenir a reinstalação do quadro.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Recaída 42
PREVENÇÃO DA RECAÍDA
Conjunto de habilidades e modificações de estilos de vida de uma pessoa para evitar a volta
ao uso. É um programa de auto-controle e manutenção que tem como objetivos:
- habilidade para lidar consigo mesmo
- habilidade para lidar com situações de risco
- modificação do seu estilo de vida
- modificação do sistema de crenças e expectativas acerca do uso de substâncias
psicoativas.

RECAÍDA EMOCIONAL
Quando ocorre o enfraquecimento da linguagem da recuperação, o indivíduo começa a dar
sinais. No início tais ou mensagens são extremamente sutis e não percebidos por ele próprio nem
pelas pessoas que o cercam, principalmente aqueles que estão cientes do programa.
Para melhor compreensão da evolução podemos dar o seguinte exemplo: um cometa
desloca-se do ponto A para o ponto B. Nesta trajetória não existe nenhum obstáculo e o
deslocamento é natural, sem problemas. Se em outro caso houver um obstáculo e ele desviar a sua
rota de origem pode encontrar um asteróide. Seu fim será uma colisão e consequente destruição sem
chegar ao final do percurso que estava previsto, ou seja, a recaída emocional é o início de uma rota
de colisão que se não for interrompida por uma técnica adequada correrá o risco de colisão e morte,
isto é, o processo natural de vida interrompido.
Porem, quando o dependente químico tem chance de pedir e receber ajuda, a recaída pode
ser utilizada como instrumento extremamente eficaz no processo de recuperação.

RECAÍDA FÍSICA
Significa que os sinais comunicados através de comportamentos não foram revertidos, então o
indivíduo entrou em contato direto com a droga, dando início ao processo compulsivo de uso, mais
intensivo que antes, até mesmo de forma mais violenta.
Tem-se a impressão de que o dependente químico deseja chegar à colisão com velocidade
mil vezes maior do que desejava no uso anterior ao conhecimento do programa de recuperação. Isto
se explica pelos fortes sentimentos de culpa, vergonha, intolerância, baixa auto-estima, raiva de si
mesmo e outros sentimentos negativos.
Desta forma não podemos minimizar ou entrar juntos na negação da recaída com o
dependente, nem devemos encarar quaisquer condutas com os indivíduos que recaem como castigo,
pois provavelmente os afastaremos ainda mais da sua rota anterior (recuperação), direcionando-o
para a auto-destruição.

SINTOMAS DA RECAÍDA

Fase I – Mudança de atitudes


- Compromete-se a ficar em abstinência de maneira teimosa (auto-suficiência).
- Estruturação compulsiva dos próprios pensamentos (obsessão).
- Minimiza problemas (manipulação).
- Traça objetivos muito além das possibilidades, para si e para os outros (fuga da
realidade).
- Espera uma melhora imediata da sua vida (impaciência).
- Não percebe que encobre a realidade (negação).
- Síndrome de “pelo menos eu vou tentar” (justificação).
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Recaída 43
Fase II – Deterioração de um estilo de vida.
- Encobre seus sentimentos (isolamento).
- Mudanças de humor frequentes (instabilidade, desequilíbrio).
- Desonestidade consigo e com os outros (auto-engano).
- Fica aborrecido ou com raiva frequentemente (mau-humor).
- Coleciona ressentimentos (auto-obsessão).
- Queixa-se facilmente e com frequência (auto-piedade).
- Tem um desejo imaturo de ser feliz (felicidade infantil).
- Sentimentos de remorso, auto-piedade e culpa tornam-se pronunciados (depressão).
- Perde a auto-confiança (insegurança, medo).
- Diminuição da auto-estima (cuidados pessoais).
- Sentimentos de solidão e falta de esperança (medo).
- Evita contato com as pessoas (isolamento).
- Utilização pouco frequente de grupos de auto-ajuda ou outros recursos pós-tratamento
(auto-responsabilidade).

Fase III – Mudança situacional.


- Evita falar sobre álcool ou drogas (medo, evasão).
- Irritabilidade (insegurança).
- Hábitos irregulares de sono e alimentação (perca da linguagem da recuperação).
- Comportamentos inconscientes (mecanismos de defesa).
- Apresenta confusão mental e raiva constantemente (desequilíbrio emocional).
- Coloca-se em situações onde álcool e/ou drogas em excesso estão envolvidas (situação de
risco provocada – desafio).
- Fala dos bons e velhos tempos em que bebia e/ou usava drogas (papo de ativa).
- Cria uma série de crises (família, amigos, trabalho) (consequências negativas –
codependência).
- Para de frequentar grupos de auto-ajuda pós-tratamento (abandono).
- Rejeita ajuda abertamente (hostilidade).
- Maximiza problemas (mecanismos de defesa – justificação).
- Atitudes de “não estou nem aí” ou “não ligo para nada” (desafio).

Fase IV – Volta ao uso de álcool/droga.


- Preocupação constante com álcool/drogas (obsessão).
- Hostilidade aberta em relação ao assunto (sentimento de culpa).
- Perde o controle do uso (compulsão).

Fase V – Insanidade, morte, cadeia ou volta à abstinência total.


A volta à recuperação pode ocorrer diante de qualquer sintoma de recaída, em qualquer um
dos pontos citados.
A vontade compulsiva de usar álcool ou drogas, “porres secos”, sonhos com as substancias e
períodos de emoções negativas intensas podem ocorrer periodicamente, até mesmo meses depois de
ter cortado o consumo. Devemos ter cuidados especiais até dois anos após a parada do consumo, o
que não quer dizer que a partir desse momento não necessitaremos mais cuidados.
Essas experiências nem sempre indicam uma recaída necessariamente, e não devem causar
alarmes falsos; com tudo, tome sempre as precauções necessárias.
Um indivíduo não necessita apresentar cada um dos sintomas da progressão para se encaixar
dentro do processo de recaída. Os sintomas agrupados indicam a fase em que a pessoa se encontra,
e de cada uma das fases se obtém os traços mais marcantes do indivíduo.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Recaída 44

DOZE SINTOMAS QUE ANTECEDEM A RECAÍDA


1. DESONESTIDADE: Começa com mentiras nas pequenas coisas: saídas, amigos, escola,
trabalho; e continua com as mentiras maiores, como justificar comportamentos errados com
o aprendido durante o tratamento, principalmente para deixar de realizar as suas obrigações.
Termina com a desonestidade para consigo mesmo (auto-engano) que o levará,
irremediavelmente, à recaída.
2. IMPACIÊNCIA: Exigir demais dos outros e de si mesmo; querer tudo pra já; traçar metas
que não poderá alcançar com um esforço normal e num tempo normal; concentrar-se
unicamente em problemas que ainda não estão completamente resolvidos: vá com calma!
3. INTOLERÂNCIA: Discutir e disputar pequenos e ridículos pontos de vista achando-se
dono da verdade, tendo sempre respostas para todos, e para si mesmo. Desejo de que todos
mudem de vida só porque ele mudou a sua. Viva e deixe viver!
4. INDISCIPLINA: Descuidar horários e compromissos, esquecer orações, meditações e
inventário moral diário (Décimo Passo). Nada de grandioso se consegue nesta vida sem
sacrifício. Não inverta prioridades, primeiro as primeiras coisas!
5. DEPRESSÃO: Medos e desesperos inexplicáveis e irracionais, sentimentos de vazio
constantes. Deve-se procurar a causa de maneira imediata para que seja combatida
frequentando grupos de auto-ajuda, reuniões, terapia, etc. Olhe a vida positivamente,
acredite me si mesmo, aposte em você.
6. FRUSTRAÇÃO: Alimentar o desencanto com as pessoas e coisas que não estão sendo
favoráveis. Lembre-se que nem tudo é exatamente como a gente quer; felicidade não é ter o
que se quer, mas amar o que se tem.
7. EUFORIA: Acreditar que é impossível ficar melhor do que está, que o progresso e o
sucesso na recuperação são tão grandes que é bobagem ficar se cuidando tanto com coisas
insignificantes. Neste momento a falta de cuidado devido à ignorância dos perigos
circundantes produz uma enorme quantidade de recaídas. Cultive a moderação, mantenha
seu equilíbrio emocional.
8. EXAUSTÃO: Discipline horários de trabalho e lazer, não se canse demais, proteja a saúde.
Se você se sentir bem, mais chances terá de pensar bem.
9. TROCA DE DEPENDÊNCIA: Substituir álcool ou drogas por tranquilizantes, ou tóxicos
por álcool, é uma mera troca de dependência, e está trapaceando consigo mesmo. É a
maneira mais sutil de caminhar em direção à recaída.
10. AUTOPIEDADE: Julgar as suas falhas sempre de maneira benevolente justificando-se
sempre. Lamentar-se: por que as coisas só acontecem comigo? Ninguém dá valor ao que eu
faço! Todos podem beber menos eu! Buscar sempre desculpas para o fato de ser dependente.
11. PRETENSÃO: Estou curado, não tenho mais medo do álcool e das drogas. Qualquer um
pode recair menos eu. Posso frequentar lugares de ativa que não tem nenhum perigo para
mim. Vou demonstrar para todos que já posso fazer o que quero porque já sei tudo sobre
dependência química. Estas posturas fazem com que se percam totalmente as defesas que
evitam a recaída.
12. AUSÊNCIA AOS GRUPOS: Todas as recaídas contam com a história do abandono, ou
frequência mínima, aos grupos de auto-ajuda. A troca de experiências é vital para fortalecer
a vontade de continuar em recuperação relembrando os frequentes fracassos ocasionados
pelo vício, e assim evitá-los. Se por algum motivo não simpatizar mais com o grupo que está
frequentando, procure outro, mas não abandone o hábito de frequentar sempre algum grupo
deste estilo.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 45

GUIA DE CONFRONTO
GENERALIDADES

O residente a ser confrontado deverá, antes do seu Confronto, responder as seguintes


perguntas, para depois serem confrontadas com as respostas do grupo sobre si mesmo durante o
Retorno do Confronto. Também deverá fazer uma relação de Amizades e Antipatias dentro do
grupo, e esta relação também será utilizada durante o Retorno do Confronto, juntamente com o
monitor responsável.
Quando responderem estas perguntas para o confronto de outra pessoa, devem ser lembradas
sempre as seguintes recomendações:
o Sempre que for indicar alguma característica deverá ser oferecido um exemplo
concreto sobre a pessoa confrontada.
o A Condição Básica a ser utilizada durante o Confronto é o Amor Sincero, já que o uso
da Comunicação Direta pressupõe a exposição de sentimentos ou opiniões que afetam
pessoalmente quem está confrontando e, por tanto, isto deveria ser realizado fora do
Confronto.
o Nunca devem ser expostos fatos externos à Comunidade durante o Confronto, como
situações da vida passada.
o Ao utilizar este guia devem ser escolhidos, com o critério de maior importância ou
recorrência, apenas dois itens de cada seção, com a finalidade de otimizar o tempo e
focar apenas os pontos mais relevantes a serem trabalhados.
o Nas seções 5 e 6 podem ser apontados estes indicadores como positivos ou negativos,
segundo o residente pratique ou não estes pontos. O mesmo funciona para os itens 3.2
e 3.5.
o Não falar nada durante o Confronto é uma falta de respeito para com o outro
residente, além de representar uma falta na Condição Básica “Feed Back”.
o Não devem ser expostos fatos revelados pelo residente em Confidencialidade, por
significar uma falta em relação a esta Condição Básica.
o Durante o Confronto nunca se deve pressupor que o residente já sabe o que será
falado, por isso todos os comentários são relevantes para o bom desenvolvimento do
mesmo.
o O tempo para cada residente durante o Confronto não deverá ultrapassar os 10
minutos.
o O monitor responsável poderá interromper a fala de um residente se entender que
está fugindo aos critérios do Confronto, e que isto pode ser prejudicial para o bom
desenvolvimento do mesmo.
o Para realizar o Retorno do Confronto o residente deverá escolher um Padrinho dentre
os residentes que tenham mais de 3 meses de tratamento, podendo trocar este padrinho
de um confronto para o outro.
o Somente poderão falar no Confronto os residentes que tenham pelo menos 1 mês de
casa.

Lembramos também que o Confronto não tem a finalidade de analisar o que a pessoa é de
fato, mas sim como ela é vista pelo grupo de convivência, e por este motivo não existem Confrontos
errados ou sem utilidade, já que o grupo sempre acaba demonstrando o que sente ao respeito do
residente confrontado, seja isto através de hostilidade, de condescendência, ou de indiferença.

1. DEFEITOS

1.1. Egoísmo: Empresto minhas coisas, ou sempre nego quando me pedem? Peço emprestado
mesmo tendo ainda o que estou pedindo? Me preocupo apenas comigo mesmo, esquecendo
sempre das necessidades dos outros?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 46
1.2. Mentiras: Invento fatos para chamar a atenção? Não respondo com a verdade quando
questionado sobre algum fato ou assunto? Meu sim é sim, e meu não é não? Invento
histórias, ou omito fatos, para me livrar de consequências negativas?
1.3. Fofocas: Me preocupo excessivamente com a vida dos outros, sendo este geralmente o
assunto das minhas conversas? Comento fatos desnecessários sobre outras pessoas? Não
me preocupo se o que estou contando pode prejudicar outras pessoas?
1.4. Ressentimentos: Consigo perdoar quando alguém me magoa ou chateia, ou fico
segurando a raiva por muitos dias? Tenho sentimentos de vingança quando me sinto
prejudicado por alguém? Chego a fazer alguma coisa para prejudicar essa pessoa?
1.5. Impaciência: Quero tudo para ontem? Não consigo esperar quando me pedem ou quando
a situação o exige? Fico irritado, de mau humor, por causa dessa espera?
1.6. Falta de Aceitação: Reajo violentamente, ou fico extremamente zangado, quando as coisas
não são como esperava que fossem? Como está minha tolerância à frustração? Consigo
entender que nem sempre vai ser como quero que seja?
1.7. Procrastinação: Deixo tudo para depois? Cumpro com as minhas responsabilidades
imediatamente, ou sempre espero que alguém me cobre para isso?
1.8. Auto-piedade: Utilizo as pequenas (ou grandes) desgraças da minha vida para chamar a
atenção dos outros, ou para tentar me livrar de alguma consequência negativa dos meus
atos? Vivo me queixando de tudo quando alguém vem conversar comigo?
1.9. Falsa Sensibilidade: Sou cheio de “não me toque”? Me magôo facilmente, e fico “de mal”
com as pessoas por qualquer coisa?
1.10. Álibis / Justificativa: Estou sempre tentando me livrar dos meus erros com argumentações
de todo tipo? Assumo os meus erros, ou busco sempre evitar as consequências? Ponho a
culpa dos meus erros em outras pessoas, ou em situações externas?
1.11. Descumprimento de Normas de Moradia: Citar algumas das N. M. que são
descumpridas, com exemplos claros de cada uma delas.

2. RELAÇÃO COM HOMEM VELHO

2.1. Malandragem: Me aproveito da ingenuidade dos outros para tirar vantagem? Busco
sempre tirar proveito das situações do dia-a-dia quando é possível? Abuso da confiança
das pessoas?
2.2. Pensamento na rua: Não consigo me concentrar nas atividades do Cronograma por estar
sempre pensando em situações externas? A saudade da família, dos amigos, dos lugares,
faz com que não consiga falar de outra coisa?
2.3. Papo de Ativa: Falo ostensivamente sobre a droga/álcool, lembrando somente dos
momentos bons que ela me proporcionou? Insinuo que vou continuar usando drogas
quando sair da Comunidade? Conto vantagens sobre o tempo de uso nas minhas
conversas?
2.4. Gírias: Utilizo a mesma linguagem que utilizava com os meus companheiros de ativa
dentro da Comunidade? A minha linguagem me identifica facilmente como dependente
químico?
2.5. Palavrões: Palavrões e xingamentos estão sempre presentes em minha linguagem, mesmo
que em brincadeiras? Percebo que os meus palavrões acabam desagradando algumas
pessoas?
2.6. Contratos negativos: Fico quieto quando vejo alguém fazendo algo errado? Tento tirar
proveito disso depois? Descumpro regras ou faço coisas escondido de forma combinada
com outros residentes?
2.7. Vestimenta: Ando com roupas limpas e em bom estado, ou estou sempre desleixado, sem
me preocupar com isso? Prefiro roupas e acessórios (brincos, colares, correntes, etc.) que
lembrem a ativa?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 47
2.8. Brincadeiras de mau-gosto: As minhas brincadeiras costumam desagradar os outros?
Ofendo ou irrito os outros com as minhas brincadeiras? Elas sempre tem a finalidade de
ridiculizar ou diminuir alguém?
2.9. Brincadeiras ostensivas de ativa/droga: Faço gestos que lembrem a droga/álcool nas
minhas brincadeiras? Nas minhas brincadeiras sempre falo de droga/álcool, ou assuntos
semelhantes? Fico com vontade de beber ou usar drogas com essas brincadeiras?
2.10. Não aceitação do tratamento: Sinto que estou internado de forma obrigada? Sinto (ou
falo) que estou “pagando pra trabalhar”? Sinto que estou perdendo meu tempo dentro da
Comunidade?

3. ATIVIDADES DE LAZER / TEMPO LIVRE

3.1. Esportes/Lazer: Participo dos esportes da Comunidade, dentro das minhas possibilidades,
ou sempre estou desanimado para isso? Faço parte dos jogos e brincadeiras do grupo, ou
estou sempre isolado e fora dessas atividades?
3.2. Comportamento no lazer/esporte: Costumo brigar durante os jogos ou brincadeiras? As
pessoas me evitam nos jogos por causa disso? Sei perder, ou geralmente fico bravo e
irritado quando isso acontece?
3.3. Oração espontânea: Reservo alguns momentos do meu dia para a oração e meditação?
Costumo ir à Capela durante os meus horários livres? Faço alguma leitura da Bíblia nestes
horários?
3.4. Leituras/estudos: Gosto de ler alguma coisa durante o meu tempo livre? Estudo a Apostila
da Comunidade, ou os 12 Passos?
3.5. TV: Assisto TV sempre que possível, ou procuro também outro tipo de lazer? Discuto ou
brigo com os companheiros por casa da programação, do volume, ou de alguma outra
coisa relacionada com a TV?

4. VIRTUDES

4.1. Cortesia: Procuro tratar bem as pessoas da Comunidade, ou sou grosso com elas?
Costumo fazer pequenos favores aos outros quando posso, ou não me importo com isso?
Falo “bom dia” durante a manhã, ou pelo menos respondo quando me cumprimentam?
4.2. Ordem / Organização: Como está a arrumação do meu armário, cama e objetos pessoais?
Eu costumo arrumar ou devolver no lugar as coisas depois de utilizar? Deixo o banheiro
organizado ao sair do banho?
4.3. Pontualidade: Costumo chegar atrasado às reuniões e atividades do Cronograma?
Entrego as minhas tarefas e Experiências Educativas no prazo combinado?
4.4. Cautela ao falar: As minhas respostas são secas e hostis, ou respondo com tranquilidade?
Evito falar assuntos delicados se percebo que o outro não está bem naquele momento?
Quando tenho que fazer uma cobrança, procuro não ser excessivamente duro com o outro?
Evito cobrar coisas que sei que não vão fazer diferença, ou que o outro não está pronto
para fazer?
4.5. Gratidão: Reconheço o que os outros fazem por mim? Este reconhecimento se transforma
em atitudes concretas? Sei retribuir um favor, ou sinto que o outro só fez sua obrigação?
Sou grato às pessoas que estão me ajudando na minha recuperação, sabendo pelo menos
entender as suas dificuldades e limitações, ou critico tudo o que está em desacordo com a
minha vontade? E com a minha família, faço a mesma coisa?
4.6. Humildade: Me ponho no meu lugar, ou quero sempre ser mais do que os outros? Fico
contando vantagem? Utilizo a minha situação econômica, ou a da minha família, para me
prevalecer perante os outros? Utilizo alguma das minhas capacidades (estudo, inteligência,
trabalho, etc.) para me achar melhor do que os outros?Uso de falsa humildade, querendo
me mostrar inferior aos outros só para chamar a atenção? Sinto que os outros têm os
mesmos direitos que eu, ou acho que eu mereço privilégios diferenciados?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 48
5. CONDIÇÕES BÁSICAS

5.1. Auto-Responsabilidade: Faço a minha parte por mim mesmo, ou espero sempre que
alguém me cobre para isso? Se conseguir, fujo das minhas obrigações? Faço alguma coisa
por iniciativa própria, ou me limito a cumprir somente com as minhas obrigações básicas?
Uso da minha iniciativa e criatividade para desempenhar as minhas funções, tentando fazer
algo de novo em cada caso, ou faço apenas o mínimo indispensável?
5.2. Comunicação direta: Quando tenho um problema com alguém falo diretamente com a
pessoa, ou sempre fico falando da pessoa para os outros? Quando vou falar com a pessoa,
falo realmente o que estava pensando, ou sempre amenizo a situação para não me
complicar?
5.3. Ouvir ativamente: Estou atento de verdade nas reuniões da Comunidade, procurando
participar através de comentários e perguntas, ou permaneço sempre quieto durante as
mesmas? Dou a minha opinião nos trabalhos em que participo, procurando assim melhorar
o desempenho, ou faço apenas o que é determinado?
5.4. Amor sincero: Consigo falar o que estou pensando para o companheiro se for para o seu
bem, mesmo que isso possa deixá-lo chateado comigo, ou geralmente deixo quieto o
assunto? Procuro amenizar todas as situações para não entrar em atrito com os outros,
falando o que gostariam de ouvir, ou me permito dar a minha opinião verdadeira, mesmo
que isso possa significar um momento de tensão? Na hora do Confronto, falo o que
realmente penso sobre o outro, ou geralmente amenizo para evitar constrangimentos e
confusões?
5.5. Arriscar-se: Quando estou frente a uma atividade que nunca fiz, geralmente a evito ou
tento dar o melhor de mim? Quando me colocam numa responsabilidade nova, me sinto
inseguro e com medo, ou me sinto tranquilo sabendo que vou desempenhar bem mesmo sem
saber? Aceito funções que me exponham frente aos outros, como Padre do dia, leituras na
Missa, e semelhantes?
5.6. Feed Back: Procuro evitar atitudes que possam prejudicar o grupo, ou assumo o meu erro
quando o grupo todo pode pagar por isso? Procuro manter uma postura adequada nas
reuniões e outras atividades, para não prejudicar o desempenho do grupo?
5.7. Confidencialidade: Sou uma pessoa de confiança, ou falo tudo o que me contam? Confio
em algumas pessoas do grupo, ou acho que não da para confiar em ninguém mesmo?
Consigo manter um segredo?

6. CONVIVÊNCIA

6.1. Participação em reuniões: Procuro estar sempre presente nas reuniões, ou as evito
sempre que tenho oportunidade? Durante as reuniões mantenho uma postura adequada, ou
permaneço distraído, dormindo ou com conversas paralelas? Levo o material necessário
para as respectivas reuniões? Participo ativamente (ver: Ouvir ativamente)? Evito sair
desnecessariamente das reuniões?
6.2. Participação em laborterapia: Durante a laborterapia, procuro fazer o melhor de mim,
ou fico “enrolando” sempre que puder? Busco sempre os serviços mais fáceis, ou faço o
que for necessário, mesmo que não goste? Consigo trabalhar em equipe, ou tenho sempre
que estar sozinho para poder desempenhar as minhas funções? Brigo muito durante a
laborterapia?
6.3. Higiene pessoal: Lavo as minhas roupas com frequência, e de forma adequada? Faço a
barba apenas quando me chamam à atenção? Procuro me arrumar um pouco melhor
quando tem visitas na Comunidade? Tomo banho e escovo os dentes adequadamente?
6.4. Cuidados com o Material Didático: Como está o meu Material Didático? Está rabiscado,
desenhado, rasgado, amassado? Estão faltando folhas na Apostila? Tenho todos os Passos
que recebi, ou já perdi alguns?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 49
6.5. Cuidados com os materiais da Comunidade: Me preocupo em não estragar nenhum dos
materiais da Comunidade, ou faço pouco caso deles? Quebro as ferramentas de propósito
para parar de trabalhar? Assumo quando estrago ou quebro alguma coisa?
6.6. Expor sentimentos: Procuro conversar com alguém sobre o que estou sentindo, ou me
fecho em mim mesmo? Quando sinto raiva de alguém, procuro falar sobre isso, ou apenas
guardo ressentimentos? E quando sinto vontade de ir embora? Procuro ajuda?
6.7. Conversas produtivas: Qual o assunto das minhas conversas? Converso sobre assuntos
de recuperação e espiritualidade, ou apenas faço brincadeiras e piadas? As pessoas do
grupo me procuram quando querem conversar sobre assuntos produtivos?
6.8. Bons modos: Como me comporto na mesa? Tenho atitudes desagradáveis para os outros
(peidar, arrotar, cuspir, etc.) em locais inadequados?
6.9. Prontidão para ajudar: Quando pedem alguma ajuda voluntária, eu me ofereço ou
procuro evitar? Percebo quando alguém está precisando de ajuda com seu serviço e me
ofereço para isso, ou faço “vista grossa”?
6.10. Demonstrações de afeto: Me sinto natural durante o Abraço da Paz, ou prefiro evitar? Me
sinto desconfortável quando alguém me abraça ou me beija? Consigo falar para o
companheiro que gosto dele? Consigo falar “eu te amo” para minha família, ou para
alguém importante?
6.11. Relação com a equipe: Aceito a autoridade dos monitores, ou entro sempre em conflito
com eles quando me cobram alguma coisa? Procuro agradar a equipe somente para obter
benefícios? Aceito as Experiências Educativas, ou sempre discuto tudo o que é determinado
nesse sentido? Procuro alguém da equipe para buscar ajuda quando me sinto mal ou tenho
alguma dificuldade?
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 50

NORMAS DE MORADIA
Generalidades
1. Sempre que a sirene tocar deve-se deixar de fazer o que estiver fazendo para dirigir-se ao local da próxima
atividade.
2. Não é permitido jogar bitucas ou papéis fora das caixas de lixo.
3. Não é permitido rabiscar ou desenhar os móveis e/ou as paredes da comunidade.
4. Não é permitido cortar ou arrancar plantas e/ou árvores dentro da comunidade.
5. É proibido maltratar os animais que pertencem à comunidade, assim como prender ou caçar qualquer tipo de
animal.
6. Os residentes que não estejam no setor dos animais não poderão alimentar os mesmos, principalmente nos horários
das refeições.
7. É da responsabilidade de todos os residentes manter os animais fora dos alojamentos, refeitório e cozinha.
8. Não é permitido emprestar roupas, objetos de uso pessoal, sapatos, etc, assim como fazer qualquer tipo de
transação, comércio ou aposta envolvendo qualquer tipo de objeto ou serviço em seu próprio benefício.
9. Não é permitido o uso de óculos escuros, brincos, colares, correntes, pulseiras e fones de ouvido dentro das
instalações da comunidade.
10. Não é permitido o uso de bonés durante as reuniões e durante a noite, assim como toucas ou gorros quando o clima
não esteja frio.
11. Não é permitido portar dinheiro e/ou objetos de valor dentro da comunidade, assim como qualquer outro objeto que
esteja relacionado como proibido dentro do enxoval.
12. A lista de compras será realizada semanalmente. Os residentes não poderão pedir nada fora deste dia, assim como
tampouco poderão pedir alimentos ou objetos que não sejam de uso básico, nem mesmo exigir uma marca
determinada para os produtos solicitados. A coordenação determinará a real necessidade dos produtos solicitados.
13. As cartas a enviar devem ser entregues abertas à coordenação, para serem lidas e enviadas semanalmente. As cartas
entregues fora do prazo estipulado serão enviadas na semana seguinte.
14. Não serão enviadas cartas através do Grupo de Apoio a familiares.
15. As cartas a receber serão entregues após serem lidas pela coordenação, sem existir para isto um dia específico, já
que dependerá da disponibilidade da equipe.
16. Não é permitido cuspir em locais indevidos (pisos cimentados, locais muito próximos a casa ou refeitório, assim
como em lugares de uso comum), assim como fazê-lo pelas janelas ou portas.
17. Não é permitido sentar sem camisa nos sofás e cadeiras da comunidade, assim como apoiar os pés neles.
18. Não é permitido sentar sobre as mesas ou sobre os pousa-braços ou encostos dos sofás.
19. Não é permitido fumar em locais fechados.
20. Não é permitido ouvir rádio ou som num volume inconveniente.
21. Não é permitido ligar a TV sem autorização da coordenação.
22. Não é permitido pular as janelas dos quartos ou da cozinha.
23. Não é permitido ficar mais de uma semana sem fazer a barba, e o banho deve ser diário.
24. Não é permitido passear nu, de cueca, sunga ou toalha pela comunidade.
25. Não é permitido comer qualquer tipo de alimento fora de hora, seja ele da cozinha ou não.
26. Devem ser evitados os “papos de ativa” por serem contraproducentes na busca do tratamento.
27. O clima deve ser de respeito, é proibido xingar ou gritar com os companheiros.
28. Não é permitido nenhum tipo de ameaça, agressão física ou moral dentro da comunidade.
29. Não é permitido colocar apelidos sem o consentimento da pessoa.
30. Não é permitido qualquer tipo de brincadeira de mão entre os residentes.
31. Não é permitido conversar nos quartos, ou nas proximidades deles, após o horário de recolhimento ou antes da
alvorada.
32. O horário de recolhimento será após a programação nos dias de TV, e 30 minutos após a reunião nos dias da
mesma. Nas 6ªs feiras será à 1:30hs., e nos sábados às 2:30hs. Os residentes poderão ficar fora dos quartos até 30
minutos após este horário, desde que seja fora das proximidades dos mesmos, e sem fazer barulho, para não
atrapalhar os companheiros.
33. Não é permitido assistir filmes ou programas que estimulem o impulso sexual. A programação será definida pela
coordenação.
34. Não é permitido mandar recados para fora da comunidade a través de terceiros, assim como conversar com as
entrevistas e/ou visitas fora do dia de visita, sem a autorização da coordenação.
35. Pede-se que se devolvam aos seus devidos lugares, e em ordem, os objetos de uso comum (livros, jogos, jornais,
instrumentos, ferramentas de trabalho, panos, rodos, vassouras, esponjas, garrafas, ferro elétrico, etc.) após a
utilização, sempre limpos e arrumados.
36. Deve-se zelar para que não haja desperdício de produtos e pela conservação do patrimônio da comunidade. A
quebra ou danificação do patrimônio será debitada do residente. (Cada caso será estudado pela equipe).
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 51
Banheiros e Lavanderia
1. Não é permitido levar revistas, livros ou qualquer tipo de material de leitura para os banheiros.
2. Não é permitido deixar os tanques sujos, assim como as pias dos banheiros.
3. Não é permitido deixar os banheiros molhados após o banho.
4. Não é permitido ficar mais de 5 minutos no banho, com exceção das pessoas autorizadas pela coordenação.
5. Não é permitido fazer barba debaixo do chuveiro.
6. Não é permitido jogar papel higiênico nas privadas, assim como urinar fora das mesmas. Pede-se que sempre que
utilizar o banheiro seja dada descarga.
7. Não é permitido urinar ou evacuar fora dos banheiros.
8. As roupas ou calçados que ficarem de molho deverão ser lavados no mesmo dia, com exceção das 6ªs feiras e dos
sábados.
9. Após lavar roupas, certificar-se de que não está sendo esquecido sabão em pó, caixas vazias, sacolas plásticas,
baldes sujos na área da lavanderia.
10. Ao pegar prendedores, os mesmos deverão ser devolvidos ao local especificado assim que seja recolhida a roupa
seca.
11. Pede-se que sejam sempre recolhidos os prendedores que caiam no chão, assim como aqueles que já se
encontrarem caídos.
12. Não é permitido deixar roupa seca no varal.
13. Não é permitido entregar roupa para lavar no dia de visita, nem levar para lavar nas visitas de ressocialização.

Dormitórios
1. Não é permitido permanecer deitado após a alvorada para facilitar o andamento do cronograma.
2. Não é permitido deixar a cama desarrumada. A mesma deverá ser arrumada antes do café da manhã.
3. Não é permitido deitar e/ou dormir antes do horário determinado sem autorização da coordenação, mesmo para ler,
escrever ou alguma atividade similar.
4. Não é permitido ter roupas ou objetos fora do armário, encima das camas ou pendurados nas mesmas.
5. Não é permitido ter roupas de trabalho sujas no quarto, as demais deverão ficar sempre em sacolas plásticas,
evitando o acúmulo excessivo das mesmas.
6. As roupas sujas deverão sempre ser lavadas na comunidade. É proibido levá-las ou enviá-las para serem lavadas
fora da comunidade.
7. Não é permitido deixar calçados com mau cheiro nos quartos.
8. Não é permitido deixar calçados debaixo das camas durante o dia.
9. Não é permitido ter toalhas molhadas dentro dos quartos.
10. As roupas de cama deverão ser trocadas mensalmente, nos dias determinados pela coordenação. No mesmo dia os
colchões e cobertores deverão ser deixados fora do quarto para tomar sol.
11. Não é permitido ter remédios ou alimentos dentro dos armários.
12. Não é permitido ter qualquer tipo de material da comunidade dentro dos armários (ferramentas, copos, talheres,
etc.)
13. Não é permitido sentar na cama de outro companheiro, sem a sua autorização.
14. Não é permitido mexer nos armários ou bolsas alheios.
15. Não é permitido emprestar bolsas ou malas para sair de visita.
16. Não é permitido entrar nos escritórios ou no quarto da coordenação quando não estiver presente nenhum membro
da equipe, e sempre bater à porta antes de entrar.
17. Não é permitido entrar nos quartos alheios.
18. Não é permitido deixar a luz acessa quando ninguém estiver presente no quarto.
19. Não é permitido ligar os rádios nos quartos.
20. Não é permitido conversar no quarto, ou ter a luz acessa enquanto outros companheiros estiverem dormindo, ou
após o horário de recolhimento.
21. Não é permitido acender a luz ou fazer barulho após o recolhimento ou antes do despertar.

Laborterapia
1. Não é permitido entrar na casa durante a laborterapia, com exceção do responsável pela limpeza da casa e dos
cozinheiros.
2. Ao terminar a reunião da manhã todos os residentes terão 10 minutos para deixar as Bíblias e livros de louvores nos
quartos, ir ao banheiro e pegar água. Ao tocar a sirene todos deverão se encontrar retirando as ferramentas
necessárias no almoxarifado e dirigindo-se aos locais de trabalho.
3. A água deverá ser pega antes do início da laborterapia.
4. Não é permitido entrar numa área de responsabilidade que não seja a própria (cozinha, horta, animais, etc.) sem
autorização da coordenação.
5. Deve-se evitar ir ao banheiro durante a laborterapia, e se for necessário deverá ser feito o mais rápido possível.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 52
6. Não é permitido entrar nos alojamentos e no refeitório com o calçado de trabalho sujo.
7. Não é permitido devolver as ferramentas sujas no final da laborterapia.
8. Não é permitido lavar as ferramentas antes do sinal, e demorar mais de 15 minutos para entregá-las após o mesmo.
9. Não é permitido lavar as botas de trabalho, ferramentas, pés, ou outros objetos que não forem roupas nos tanques
da lavanderia.
10. As roupas de trabalho que estejam sendo utilizadas durante a semana deverão ficar guardadas no almoxarifado,
sendo que podem ser guardados: 1 calça, 1 camiseta, 1 blusa, 1 par de meias, 1 par de sapatos e 1 boné, sempre
arrumados. As roupas deverão ser tiradas e lavadas a cada sábado.
11. Os residentes que terminarem o serviço designado deverão procurar o monitor responsável para definir uma nova
tarefa.
12. Se o residente estiver escalado numa determinada função, a monitoria tem a autonomia para remanejá-lo para
qualquer outro serviço que necessite ser feito.
13. Os horários do cronograma de trabalho poderão ser alterados, de acordo com as necessidades da comunidade.

Refeitório
1. A mesa e as toalhas de mesa deverão estar limpas antes da colocação dos pratos, talheres e copos.
2. Cada residente deverá sentar-se no seu respectivo lugar, e só mudar de lado quando for determinado pela
coordenação.
3. Não é permitido comer fora da mesa.
4. Começarão a servir-se os alimentos os mais velhos e os mais novos de casa alternadamente, um dia de cada vez.
5. Ao servir-se o alimento, cada um se servirá somente aquilo que irá comer, evitando assim o desperdiço. É proibido
jogar comida fora.
6. O residente não poderá levar nenhum tipo de alimento para o refeitório (pimenta, limão, etc.) sem autorização da
coordenação.
7. Quem quiser repetir a refeição deverá esperar que todos tenham se servido, e somente poderão repetir quando
houverem acabado o seu prato.
8. Se não for se servir algum dos alimentos, o mesmo não poderá ser doado para outro residente.
9. Quando acabar a refeição devem deixar os copos, pratos e talheres na pia, sempre retirando antes os restos de
alimento que ficarem, jogando-os no lixo dos animais.
10. Não é permitido sentar-se à mesa sem camiseta ou com roupas muito sujas (por ex.: os responsáveis pelos animais).
11. Se respeitará o horário das refeições, evitando conversas desagradáveis.

Reuniões
1. Pede-se que se leve sempre o material necessário ao dirigir-se às reuniões (Bíblia, livro de louvores, apostilas) para
facilitar o andamento das mesmas.
2. O residente deve zelar do seu material de estudo, evitando rabiscar, dobrar, desenhar e rasgar o mesmo.
3. Não é permitido brincar, dormir ou distrair-se durante as reuniões para favorecer o aprendizado do grupo.
4. Não é permitido ler ou escrever sobre assuntos alheios à temática da reunião.
5. Não é permitido usar toucas ou bonés durante as reuniões, salvo nos dias frios.
6. Deve-se evitar ir ao banheiro durante as reuniões, para não atrapalhar o bom funcionamento das mesmas.

Dias de visita
1. Não é permitido sair das dependências da comunidade sem autorização da coordenação.
2. Não é permitido usar o telefone celular da família ou de outrem.
3. Não é permitido permanecer dentro do carro da família.
4. Todas as encomendas, cartas, alimentos e/ou outros objetos devem ser entregues à coordenação antes de serem
abertos.
5. Os familiares e visitantes poderão trazer os seguintes alimentos para serem consumidos durante o dia de visita:
salgados diversos (esfihas, coxinhas, pasteis, etc.), bolos, bolachas, doces (chocolate, balas, etc.), refrigerantes,
café, chá, suco. Outros tipos de alimento devem ser trazidos numa quantidade suficiente para o grupo inteiro, e
serão guardados pela coordenação para distribuição posterior à visita.
6. Os residentes não podem enviar lista de alimentos a serem trazidos no dia de visita.
7. Não é permitido guardar qualquer tipo de alimento após as 21:00hs do dia de visita.
8. Não é permitido receber dinheiro ou medicamentos da família.
9. Não é permitido usar, após o banho, o banheiro feminino nos dias de visita.
10. Os residentes deverão tomar banho antes das 8:30hs.
11. Não é permitido mandar recados para fora da comunidade por algum visitante ou familiar.
12. Não é permitido manter qualquer tipo de relação sexual com algum visitante, mesmo com a esposa.
13. Não é permitido iniciar relacionamento amoroso com qualquer visitante, principalmente com os familiares e
visitantes de outros residentes, assim como enviar ou receber cartas e recados dos mesmos.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 53
14. Não é permitido revelar para os familiares e visitantes qualquer fato que seja do sigilo do grupo.
15. Não é permitido colher qualquer tipo de hortaliça ou fruta para os familiares.
16. Não é permitido permanecer nos quartos com a porta fechada.
17. Pede-se que todos se dirijam ao refeitório quando tocar a sirene para a Celebração Religiosa e para o almoço, e que
peçam aos familiares e visitantes que façam o mesmo.
18. Não é permitido sair da Celebração Religiosa antes que a mesma termine, e deve-se pedir aos familiares e visitantes
que façam o mesmo.
19. Não é permitido permanecer fora do refeitório durante a Celebração Religiosa.
20. Durante o dia de visita os residentes deverão cumprir com as suas obrigações de responsabilidade pertinentes
(louça, banheiros, horta, animais, etc.).
21. Pede-se a todos a colaboração para que os familiares respeitem ao máximo as normas disciplinares deste dia,
lembrando que este também é um dia de tratamento.
22. Sugere-se que se aproveite ao máximo este dia, procurando manter conversas produtivas com os familiares e
visitantes, evitando falar sobre assuntos desnecessários.
23. É absolutamente proibida a entrada de drogas e/ou álcool na comunidade, assim como pessoas que estiverem sob o
efeito destes. Pedimos a todos que zelem pelo bem-estar do grupo avisando a coordenação se observarem alguém
nestas condições. A omissão é uma das formas de atrapalhar o bom funcionamento do grupo.

Pede-se a todos os membros do grupo que zelem o cumprimento destas normas básicas, para que o clima
dentro da comunidade seja realmente terapêutico. Lembramos que o descumprimento destas normas implicará
consequências negativas dentro e fora da comunidade. De acordo com a gravidade da infração a coordenação
poderá determinar uma experiência educativa ou até mesmo a exclusão da comunidade.

A coordenação.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 54

ORAÇÕES
Oração Preparatória
Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso
amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra.
OREMOS
Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que
apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da sua
consolação, por Cristo, Senhor nosso, Amém.
SENHOR
Aumentai a nossa fé, e fazei brilhar em nossos corações a luz do Espírito Santo. Amém.

Oração da manhã
Senhor, no silêncio deste dia que amanhece, venho pedir-te a paz, a sabedoria, a força.
Quero olhar hoje o mundo com os olhos cheios de amor. Ser paciente e compreensivo, manso e
prudente. Ver além das aparências teus filhos como Tu mesmo os vês, e assim não ver senão o bem
em cada um.
Cerra meus ouvidos a toda calúnia, guarda minha língua de toda maldade. Que só de
bênçãos se encha o meu espírito. Que eu seja tão bondoso e alegre que todos quanto se achegarem a
mim sintam a Tua presença. Reveste-me da Tua beleza, Senhor, e que no decurso deste dia eu Te
revele a todos. Amém.

Oração da noite
Boa noite, Pai. Termina o dia e a Ti entrego o meu cansaço. Obrigado por tudo e perdão.
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das
crianças. Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros. Obrigado também pelo que me fez sofrer.
Obrigado porque naquele momento de desânimo me lembrei de que Tu és meu Pai. Obrigado pela
luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação. Obrigado Pai, porque me
deste uma Mãe compreensiva e carinhosa.
Perdão também, Senhor. Perdão por meu rosto carrancudo. Perdão porque me esqueci de
que não sou filho único, mas irmão de muitos. Perdão, Pai, pela falta de colaboração, pela ausência
do espírito de servir. Perdão porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto. Perdão por ter
aprisionado em mim a Tua mensagem de amor. Perdão porque não estive disposto a dizer o 'sim',
como Maria. Perdão por aqueles que deveriam pedir-Te perdão e não se decidem a fazê-lo.
Perdoa-me Pai, e abençoe meus propósitos para o dia de amanhã. Que ao despertar me
domine um novo entusiasmo. Que o dia de amanhã seja um contínuo sim, numa vida consciente.
Boa noite, Pai, até amanhã. Amém.

Salve Rainha
Salve Rainha, Mãe de misericórdia. Vida, doçura e esperança nossa, salve! A Vós bradamos
os degradados filhos de Eva. A Vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia,
pois, Advogada Nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volveis, e depois deste desterro,
mostrai-nos Jesus, bendito fruto do Vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
ROGAI POR NÓS SANTA MÃE DE DEUS
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Credo
Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único
Filho, Nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos. Foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 55
Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na remissão dos
pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.
Amém.

Oração de São Francisco


Senhor, fazei-me instrumento da Vossa paz.
Onde houver ódio que eu leve o amor.
Onde houver ofensa que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia que eu leve a união.
Onde houver dúvida que eu leve a fé.
Onde houver erro que eu leve a verdade.
Onde houver desespero que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza que eu leve a alegria.
Onde houver trevas que eu leve a luz.
Oh! Mestre, fazei que eu procure mais,
Consolar que ser consolado.
Compreender que ser compreendido.
Amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna. Amém.

Oração de Santo Agostinho


Respirai em mim, oh! Espírito Santo, para que seja santo o meu pensar. Impeli-me oh!
Espírito Santo, para que seja santo o meu agir. Atraí-me oh! Espírito Santo, para que ame o que é
santo.
Fortalecei-me, oh! Espírito Santo, para que eu proteja o que é santo. Protegei-me oh Espírito
Santo, para que eu jamais perca o que é santo.

Consagração a Nossa Senhora


Oh! Minha Senhora e minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova da minha devoção
para convosco, vos consagro neste dia (nesta noite), os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca,
o meu coração, e inteiramente todo o meu ser. Porque assim sou vosso, oh! Incomparável Mãe.
Guardai-nos, defendei-nos, como instrumento e propriedade vossa. Amém.

Oração da Serenidade
Concedei-nos Senhor,
A serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar.
Coragem para modificar as coisas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras.

Pai-Nosso
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Não nos deixeis
cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre todas as mulheres, e
bendito é o fruto do Teu ventre Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e
na hora da nossa morte.
Amém.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 56
Gloria ao Pai
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era num princípio, agora e para sempre.
Amém.

TERÇOS
TERÇO NORMAL

1. Oração Preparatória: Vinde Espírito Santo...


2. Oferecimento do terço: Divino Jesus, nós vos oferecemos este terço que vamos rezar meditando
nos mistérios de nossa redenção. Concedei-nos pela intercessão de Maria, Vossa Mãe Santíssima, a
quem nos dirigimos, as virtudes que nos são necessárias para bem rezá-lo, e a graça de ganhar as
indulgências anexas a esta devoção. Oferecemos particularmente este terço pelo aumento e
santificação das vocações, pela cura da AIDS, da miséria, da fome, por todas as Comunidades
Terapêuticas do Brasil e do mundo, e por todos aqueles que pediram as nossas orações. Oh Maria
Rainha do Clero, rogai por nós obtendo-nos numerosos e santos sacerdotes.
3. Oferecimento individual:
4. Creio em Deus Pai...
5. Em homenagem à Santíssima Trindade rezemos um Pai-Nosso e três Ave-Marias:
A primeira Ave-Maria em honra a Deus Pai que nos criou. Ave-Maria ...
A segunda Ave-Maria em honra a Deus Filho que nos remiu. Ave-Maria ...
A terceira Ave-Maria em honra ao Espírito Santo que nos santifica. Ave-Maria ...
6. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo: como era num princípio, agora e sempre, Amém.
7. Oh Maria concebida sem pecados: rogai por nós que recorremos a Vós.

8. Oh meu bom Jesus: Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu,
e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem.
9. Mistérios do dia.

MISTÉRIOS GOZOSOS
(Segunda e Sábado)
1º Mistério: Contemplamos a Anunciação à Virgem Maria. Maria concebe o Verbo encarnado, que
veio ao mundo remir o pecado.
2º Mistério: Contemplamos a Visitação de Maria a sua prima Isabel. A Virgem Maria a Graça fiel,
partiu em visita a sua prima Isabel.
3º Mistério: Contemplamos o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em lapa singela brotou
linda flor, Virgem Maria nasceu o Senhor.
4º Mistério: Contemplamos a Apresentação do Menino Jesus no templo e a purificação de Nossa
Senhora. Maria apresenta no templo o menino, nos braços da aurora reluz Sol divino.
5º Mistério: Contemplamos o Encontro do Menino Jesus no templo. O filho buscando em grande
agonia, encontra-o no templo com amor e alegria.

MISTÉRIOS DOLOROSOS
(Terça e Sexta-feira)
1º Mistério: Contemplamos a Agonia de Jesus no horto. Angústia de morte Jesus padecia, e o
sangue e o suor da fronte corriam.
2º Mistério: Contemplamos a Flagelação de Jesus atado à coluna. A dura coluna Jesus foi atado, de
chagas coberto seu corpo sagrado.
3º Mistério: Contemplamos a Coroação de espinhos. De agudos espinhos lhe foi coroada, a sua
cabeça em sangue banhada.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 57
4º Mistério: Contemplamos Jesus Carregando a Cruz. Encontra Maria seu Filho Jesus, curvado e
oprimido ao peso da cruz.
5º Mistério: Contemplamos Jesus Pregado e Morto na Cruz. Na cruz vê morrer o filho adorado,
trazendo perdão ao mundo culpado.

MISTÉRIOS GLORIOSOS
(Quarta e Domingo)
1º Mistério: Contemplamos a Ressurreição de Jesus. Oh dia glorioso, Jesus ressurgiu, a morte
vencendo o céu nos abriu.
2º Mistério: Contemplamos a Ascensão de Jesus ao céu. Subiu para o céu Jesus triunfante, está na
sua glória qual sol fulgurante.
3º Mistério: Contemplamos a Vinda do Espírito Santo. Da destra do Pai o Deus Filho envia o
Espírito Santo à Igreja em Maria.
4º Mistério: Contemplamos a Assunção de Nossa Senhora aos céus. A Virgem Maria a terra
deixou, em meio dos anjos ao céu se elevou.
5º Mistério: Contemplamos a Coroação de Nossa Senhora no céu. Lá junto do Filho em trono de
glória, de luz coroada entoa vitória.

MISTÉRIOS LUMINOSOS
(Quinta)
1º Mistério: O Batismo de Jesus. Com o mesmo olhar recolhido de Nossa Senhora, contemplemos
o rosto de Jesus, o Filho amado do Pai, ao ser batizado no rio Jordão.
2º Mistério: As Bodas de Caná. Com o mesmo olhar confiante e penetrante de Nossa Senhora,
contemplemos o rosto bondoso de Jesus ao fazer o milagre das bodas de Cana.
3º Mistério: Anúncio do Reino de Deus. Com o mesmo olhar atento de Nossa Senhora,
contemplemos o rosto misericordioso de Jesus Mestre ao pregar o Reino de Deus e a conversão.
4º Mistério: A Transfiguração. Com o mesmo olhar extasiado de Nossa Senhora e dos Apóstolos,
contemplemos o divino rosto glorioso de Jesus.
5º Mistério: A Instituição da Eucaristia. Com o mesmo olhar piedoso de Nossa Senhora,
contemplemos o divino rosto de Jesus escondido que se sacrifica e vem a nós na Santíssima
Eucaristia.

10. Agradecimento: Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os
dias recebemos das tuas mãos liberais. Dignai-vos, agora e sempre, tomar-nos debaixo do vosso
poderoso amparo, e para mais vos obrigarmos vos saudamos com uma: Salve Rainha ...
11. Sacratíssimo Coração de Jesus:
Tende piedade de nós. (3 vezes)
12. Oremos: Rezemos agora a intenção das almas do Purgatório. Deus de bondade tende piedade
das benditas almas do Purgatório, aliviai as suas penas, dai-lhes seu descanso, fazei nascer para
elas a perpétua luz. Amém. Lembremos também dos nossos parentes falecidos:
* Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.

13. Oração de São Francisco.


14. Oração de Santo Agostinho.
15. Oração da noite.
16. Consagração à Nossa Senhora.
17. Oração da Serenidade.
18. Bendizemos ao Senhor: Graças a Deus.
19. Só por hoje: Força!
20. Viva Maria: Viva!
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 58
TERÇO DA MISERICORDIA

1. Oração Preparatória.
2. Oferecimento do terço: igual Terço Normal.
3. Pai-Nosso ...
4. Ave-Maria ...
5. Creio em Deus Pai ...
6. Nas contas do Pai-Nosso: Eterno Pai, eu vos ofereço corpo e sangue, alma e divindade de Vosso
diletíssimo Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e os do mundo
inteiro.
7. Nas contas das Ave-Marias: Pela vossa dolorosa paixão, tende misericórdia de nós e do mundo
inteiro.
8. No final do terço: Deus Santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós e do mundo
inteiro. (3 vezes)
9. Oração de São Francisco.
10. Oração de Santo Agostinho.
11. Oração da Noite.
12. Consagração a Nossa Senhora.
13. Oração da Serenidade.
14. Bendizemos ao Senhor...
15. Só por hoje...
16. Viva Maria...

TERÇO DO AMOR

Nas contas do Pai-Nosso: Doce coração de Jesus sede meu amor. Doce coração de Maria
sede minha salvação.
Nas contas das Ave-Marias: Jesus, Maria, eu vos amo, salvai as almas.
No final do terço: Sagrado Coração de Jesus, fazei que eu Vos ame cada vez mais. (3
vezes)

TERÇO DA LIBERTAÇÃO

Nas contas do Pai-Nosso: Se Jesus me libertar serei verdadeiramente livre.


Nas contas das Ave-Marias: Jesus, tende piedade de mim. Jesus, cura-me, Jesus, salva-me,
Jesus, liberta-me.
CT Nova Jornada – Pablo Kurlander – Anexos 59
TERÇOS DIVERSOS

Obs.: Estes terços podem ser escolhidos pelo indicado nas contas do Pai-Nosso e das Ave-Marias,
mudando apenas o especificado em cada um destes itens.

Nas contas do Pai-Nosso: Oh, meu bom Jesus, dai-me luz para que eu possa brilhar no Teu
Reino.
Nas contas das Ave-Marias: Maria: obrigado por nos acolher e nos manter unidos em teu
coração.

• Nas contas do Pai-Nosso: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei.
• Nas contas das Ave-Marias: Mãe, Rainha do céu e da terra, proteja-nos em nossa jornada.

Nas contas do Pai-Nosso: Jesus, mostra-nos o caminho e ensina-nos a caminhar nele.


Nas contas das Ave-Marias: Maria, dai-nos força para terminar o tratamento.

• Nas contas do Pai-Nosso: Deus, nos ajude nos momentos mais difíceis.
• Nas contas das Ave-Marias: Maria sempre humilde, encoraja a minha alma.

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