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Dra.

Carmem Patrícia Barbosa

Sistemas
Cardiovascular e
Respiratório

PLANO DE ESTUDOS

Sistema
linfático

Sistema Sistema
circulatório respiratório

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcio- • Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcio-
nais, os principais componentes deste sistema: sangue nais, os principais componentes deste sistema: linfa, capi-
(definição, constituição e importância), coração (caracte- lares, vasos e ductos linfáticos, linfonodos, baço, timo, ton-
rísticas gerais, localização, constituição, câmaras cardíacas, silas, sistema linfático e disseminação do câncer, linfangite,
mecanismo valvular, tipos de circulação, ciclo cardíaco, linfadenite e linfedema, sistema linfático e envelhecimento.
bulhas e sopro cardíaco e inervação do coração), vasos • Estudar: função principal do sistema respiratório; divisões
sanguíneos (caracterização, diferenças entre eles e prin- do sistema respiratório; órgãos do sistema respiratório e
cipais vasos do corpo humano). cavidade torácica e mediastino.
Sistema
Circulatório

Prezado(a) aluno(a), a vida depende de todos os


sistemas do corpo humano. No entanto, os siste-
mas cardiovascular, respiratório e nervoso têm
papel de destaque uma vez que deles dependem a
adequada oxigenação e nutrição das células, bem
como sua manutenção em homeostasia a partir
da retirada dos materiais residuais que elas pro-
duzem (como CO2 e resíduos metabólicos que
podem alterar o meio intracelular causando sua
morte). Assim, cérebro, coração e pulmões tra-
balham juntos.
O sistema cardiovascular pode ser chamado
de sistema circulatório e é composto pelo sistema
cardiovascular sanguíneo (destinado à circulação
do sangue) e pelo sistema vascular linfático (des-
tinado à circulação da linfa).
O sistema respiratório supre as células com O2
e retira do corpo o CO2 produzido pelo metabo-
lismo celular. Por meio de órgãos condutores e
do pulmão enquanto órgão respiratório por ex-
celência, tais gases são cambiados entre as células
e o meio externo. Assim, a respiração consiste na
absorção de O2 do meio externo para utilização
pelas células e na eliminação do CO2 resultante
de oxidações celulares para o meio externo. Esse nossas bochechas “quentes” quando passamos por
mecanismo é uma das características básicas dos alguma situação embaraçosa ou constrangedora
seres vivos e depende da eficácia do coração como que gera vasodilatação nos vasos da bochecha).
bomba, do adequado retorno venoso e da quali- Além disso, o sangue é imprescindível à defesa
dade do ar e do sangue como meio de transporte imunológica (por meio de suas células brancas),
desses gases. à coagulação sanguínea (por meio das plaquetas),
O texto a seguir será fundamentado em im- à distribuição de hormônios pelo corpo e à admi-
portantes autores como Dangelo e Fattini (2011), nistração de medicamentos por via endovenosa
Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (por isso, quando alguém chega em um pronto
(2014) e outros autores. A nomenclatura utilizada socorro necessitando de medicamentos de ação
está de acordo com a nômica atualizada (CFTA, imediata, a via de escolha para administração des-
2001), mas é necessário que você utilize um atlas se medicamento é quase sempre a endovenosa).
de anatomia como Narciso (2012), Rohen, Yoko-
chi e Lütjen-Drecoll (2002) ou outros.
Nosso objetivo é descrever aspectos relevantes Componentes do Sistema
destes sistemas. Não esqueça que o profissional da Circulatório
saúde deve ter conhecimento sobre eles, pois, se
falharem, não há ação neuronal nem contração
muscular. Aproveite para conhecer estes sistemas, Sangue
pois servirão de base para seu estudo posterior
em fisiologia. O sangue, seus elementos constituintes e suas fun-
ções só começaram ser desvendados pela ciência
a partir do século 17, sendo que atualmente a he-
Funções do Sistema matologia se encarrega de desvendar todos os seus
Circulatório “mistérios”. Sabemos hoje que o sangue apresenta
uma parte líquida, chamada plasma sanguíneo, e
O sistema circulatório apresenta várias funções uma parte celular, cujas principais células incluem
vitais. Ele permite, por exemplo, a adequada nu- as hemácias (eritrócitos ou popularmente conhe-
trição e oxigenação das células, assim como a dre- cidas como glóbulos vermelhos), os leucócitos (ou
nagem de suas substâncias tóxicas (como as ex- glóbulos brancos) e as plaquetas (ou trombócitos).
cretas metabólicas e o CO2). Isso é possível devido As hemácias, de coloração avermelhada, apre-
à atuação das hemácias transportando gases aos sentam como principal componente a hemoglo-
pulmões (onde ocorre a hematose) e aos órgãos bina em cuja região central existem átomos de
de filtragem (como fígado e rim). Tal função é de ferro (grupo heme) habilitados ao transporte de
fato vital, pois se as células não forem nutridas, gases (como O2 e CO2). Os leucócitos são células
oxigenadas e purificadas haveria morte celular que possibilitam a defesa imunológica do indiví-
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). duo, pois permitem a fagocitose ou a produção
Além disso, o sangue também contribui para de substâncias (como as citocinas) capazes de
o controle da temperatura corpórea, pois sua destruir células invasoras (como vírus, bactérias,
presença gera aquecimento (por isso, sentimos células anômalas). Por sua vez, os trombócitos são

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células responsáveis pela coagulação do sangue. controle geral do corpo e que os sentimentos de
Doenças que atrapalhem a adequada produção fato advinham dele (acreditavam na teoria car-
ao funcionamento de tais células podem levar diocêntrica).
o indivíduo a óbito. É o caso, por exemplo, da Aos poucos, esse equívoco foi sendo cor-
anemia, da leucemia, da hemofilia, dentre outras rigido e a função de controle geral do funcio-
(FREITAS, 2004). namento do corpo foi atribuída ao cérebro.
Mesmo assim, ainda hoje poetas, músicos e,
principalmente, os apaixonados associam fun-
ções emocionais ao coração. Não é à toa que
dizemos que amamos “do fundo do coração”
O sangue sempre foi considerado um poderoso ou que não podemos ter o “coração peludo”, ou
símbolo da vida em qualquer civilização. Por isso seja lá o que mais. Acho tudo isso muito engra-
foi chamado de “fluido da vida” e a ele foram çado. Às vezes, até me pergunto se as pessoas
atribuídas as funções de dar e sustentar a vida realmente conhecem a verdadeira estrutura e
sendo, inclusive, capaz de salvá-la. Entretanto, função do coração.
muitos séculos de estudo e pesquisa foram ne- Na verdade, esse órgão tão simbólico ainda é
cessários para que a ciência descobrisse sua real considerado central em relação ao Sistema Cardio-
importância e fizesse adequado uso dele. Neste vascular Sanguíneo (SCVS), sendo objeto de estudo
ínterim, muitos erros e atrocidades foram come- da cardiologia. Ele é ímpar, muscular, oco, com apro-
tidos. Por exemplo, conta-se que na Grécia anti- ximadamente 12 cm de comprimento, 9 de largura
ga os nobres bebiam o sangue dos gladiadores e 6 de espessura. Pesa cerca de 250 gramas nas mu-
mortos na arena a fim de se curarem de diversos lheres e 300 gramas nos homens e ocupa o volume
males (como a epilepsia). Outro fato interessante aproximado de uma mão com os dedos fechados.
ocorreu em 1492 quando o papa Inocêncio VIII foi Ele tem forma de pirâmide com o ápice (uma
convencido a ingerir o sangue de três jovens para extremidade pontiaguda) apontando para baixo, e
se curar de uma grave doença. O interessante é a base (uma parte larga oposta ao ápice) direcio-
que tais jovens morreram anêmicos sem conse- nada para cima e à direita. A base não tem uma
guir restabelecer a saúde do pontífice. localização muito nítida, pois os principais vasos
Fonte: Pró-sangue (on-line)1. sanguíneos do coração, os vasos da base, entram e
saem por ela. Ao contrário, o ápice fica voltado à
esquerda de forma que cerca de 2/3 da massa do
Coração coração está à esquerda da linha mediana do cor-
po. Por isso e pelo fato de que no ápice as bulhas
Generalidades cardíacas são muito audíveis, a maioria das pessoas
acha que o coração fica do lado “esquerdo do peito”,
Ah, o coração! Como as pessoas lhe atribuem fun- mas não fica. Ele fica no centro da cavidade torá-
ções que não são dele! O amor, o ódio, a amar- cica, mas com o ápice apontando para a esquerda.
gura, o bem querer e tantas outras. Na verdade, Assim, o coração fica inclinado, com a base voltada
isso sempre aconteceu, desde a antiguidade. Até medialmente e o ápice voltado lateralmente. Além
mesmo os primeiros estudiosos em anatomia disso, seu maior eixo (que vai da base ao ápice)
achavam que o coração era o responsável pelo forma 40º com o plano horizontal (DI DIO, 2002).

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(por isso, muitas pessoas comem coração de boi
ou de galinha – ele é altamente proteico, pois é
muscular). A espessura da túnica média varia
conforme a câmara cardíaca avaliada, por exem-
plo, nos átrios as paredes são mais finas, pois estes
bombeiam sangue apenas para os ventrículos; já
Grandes vasos da dentre os ventrículos, o esquerdo é o mais espes-
base do coração so devido sua força contrátil capaz de bombear
sangue para todo o corpo. Essa túnica forma, no
interior das cavidades cardíacas, saliências irre-
gulares denominadas trabéculas cárneas as quais
dão um aspecto de “rede” à superfície interna do
coração. Na parede anterior do átrio direito e da
aurícula esquerda, tais trabéculas são chamadas
músculos pectíneos; nos ventrículos, algumas
têm formato de pequenos pilares chamados mús-
Ápice do coração
culos papilares (os quais ficam presos às cordas
Figura 1 - Posição e forma do coração tendíneas).
A túnica externa é constituída por lâminas ou
Assim, o coração está localizado entre os dois folhetos chamados de pericárdio fibroso e peri-
pulmões (em uma região chamada mediastino), cárdio seroso. O pericárdio fibroso é mais externo,
posteriormente ao osso esterno e às cartilagens formado por tecido conjuntivo fibroso inelástico
costais, anteriormente às vértebras torácica (da e rico em fibras colágenas muito resistentes. Ele
quinta à oitava vértebra) e superiormente ao mús- fica parcialmente fixo ao músculo diafragma, ao
culo diafragma (sobre o qual repousa). Portanto, osso esterno, à traqueia, aos brônquios principais
apresenta face pulmonar (voltada ao pulmão es- e aos grandes vasos do coração. Assim, ele au-
querdo), face esternocostal (em contato com o es- xilia na fixação do coração à cavidade torácica
terno e costelas) e face diafragmática (em contato ancorando-o no mediastino, evita seu estiramento
com o músculo diafragma). excessivo e o protege.
Já o pericárdio seroso é constituído por duas
Constituição lâminas de tecido seroso, a lâmina parietal e a
lâmina visceral. A lâmina parietal é delgada e ade-
O coração é constituído por três camadas chama- re à superfície interna do pericárdio fibroso. A
das paredes ou túnicas: a interna (ou endocárdio), lâmina visceral (também chamada de epicárdio)
a média (ou miocárdio) e a externa (ou pericár- reveste o coração externamente ficando em con-
dio). A interna é impermeável ao sangue e forra tato com ele. Entre essas lâminas há um espaço
a superfície interna das cavidades do coração e as estreito chamado cavidade do pericárdio, o qual
válvulas cardíacas (TORTORA; DERRICKSON; é preenchido por líquido pericárdico que facilita
WERNECK, 2010). o deslizamento entre elas durante os movimen-
A túnica média é a camada mais espessa, pois tos do coração. Pode ter grande quantidade de
é formada de tecido muscular estriado cardíaco gordura.

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Câmaras Cardíacas

A cavidade do coração é sub- e ventrículos e é ocupado pelas artérias coronárias e seus ramos, e
dividida em quatro câmaras pelas veias do coração. O sulco interventricular anterior e inter-
cardíacas: dois átrios e dois ventricular posterior marcam a separação entre ventrículos direito
ventrículos. Os átrios são supe- e esquerdo e são ocupados pelos ramos interventriculares das
riores, menores e chamados de artérias coronárias e das veias cardíacas. Por outro lado, o limite
câmaras de recepção. Em con- externo interatrial é pouco nítido.
trapartida, os ventrículos são in- É importante destacar que no septo interatrial existe uma de-
feriores, maiores e chamados de pressão chamada fossa oval. Ela é do tamanho de uma impressão
câmaras de ejeção. Na face an- digital e é contornada por um relevo chamado limbo da fossa oval.
terior de cada átrio existe uma Nela, a parede interatrial é muito delgada e transparente, pois, repre-
estrutura enrugada, a aurícula, senta o resquício do forame oval o qual permitia, no feto quando os
a qual aumenta ligeiramente a pulmões ainda não eram funcionantes, ampla comunicação entre o
capacidade de armazenamento átrio direito e o esquerdo. Normalmente esse forame se fecha logo
de sangue do átrio (DANGELO; após o nascimento.
FATTINI, 2011). Também é interessante salientar que o treinamento físico modi-
A divisão das câmaras car- fica a espessura do miocárdio enquanto doenças podem modificar
díacas é feita por meio de proje- sua estrutura exigindo, inclusive, transplante cardíaco.
ções musculomembranosas do
próprio miocárdio, chamadas
septos cardíacos. O septo atrio-
ventricular tem direção hori-
zontal e divide o coração em
parte superior e inferior. O septo
interatrial é vertical e divide a
porção superior do coração em
átrio direito e átrio esquerdo. O
septo interventricular também é
vertical, mas divide a porção in-
ferior do coração em ventrícu-
lo direito e ventrículo esquerdo
(ele tem uma parte muscular e
outra membranácea).
A face externa do coração
apresenta, além de uma quan-
tidade variável de gordura,
sulcos que marcam o limite
externo entre essas câmaras
cardíacas. O sulco coronário
marca os limites entre os átrios Figura 2 - Câmaras e septos cardíacos

86 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Mecanismo Valvular do Coração

Entre os átrios e os ventrículos existem orifícios chamados óstios


atrioventriculares, os quais apresentam dispositivos orientadores da
corrente sanguínea, as valvas cardíacas. As principais são as valvas
atrioventricular direita, atrioventricular esquerda, valva do tronco
pulmonar e valva da aorta. Tais estruturas, por sua vez, são consti-
tuídas por lâminas de tecido conjuntivo chamadas válvulas, folhetos
ou cúspides (WATANABE, 2000).
Na valva atrioventricular esquerda, existem duas válvulas (a an-
terior e a posterior) e na atrioventricular direita existem três (a vál-
vula anterior, a posterior e a septal). Por isso, elas eram antigamente
chamadas de bicúspide e tricúspide, respectivamente. Já no tronco
pulmonar e na artéria aorta as três válvulas são do tipo semilunares
(no tronco pulmonar: direita, esquerda e anterior; na artéria aorta:
direita, esquerda e posterior).

Valva átrioventricular
esquerda

Valva átrioventricular
direita

Cordas tendíneas

Septo interventricular

Músculos papilares

Figura 3 - Valvas e válvulas cardíacas, músculos papilares e cordas tendíneas

UNIDADE 2 87
Durante uma cirurgia para substituir uma ou mais válvulas cardíacas não funcionantes ocorre a
remoção da válvula cardíaca doente e a colocação de uma ou mais válvulas prostéticas ou artificiais
as quais funcionam de maneira semelhante à válvula normal. Tais válvulas podem ser mecânicas ou
de tecido. As mecânicas são feitas de material resistente (como titânio ou carbono) e as de tecido
são obtidas de doadores humanos ou de tecido animal. Normalmente, após a cirurgia o indivíduo
apresenta boa recuperação podendo retomar seu estilo de vida normal.
Fonte: Perin et al. (2009, on-line)2.

Você pode estar se perguntando como as val- Tipos de Circulação


vas e as válvulas funcionam. Pois bem, vamos
entender. As valvas atrioventriculares se abrem A passagem do sangue por meio do coração e dos
quando a pressão dos átrios é maior do que a vasos é chamada de circulação. Esta se faz por
dos ventrículos. Nesse momento, os músculos meio de duas correntes que partem ao mesmo
papilares estão relaxados e as cordas tendíneas tempo do coração. A primeira sai do ventrículo
frouxas. Quando os ventrículos se contraem, a direito (por meio do tronco pulmonar) e se dirige
pressão do sangue empurra as válvulas para cima aos capilares pulmonares onde ocorre a hematose.
até o óstio fechar. Ao mesmo tempo, os múscu- O sangue oxigenado é levado ao átrio esquerdo
los papilares se contraem e as cordas tendíneas (pelas veias pulmonares direitas e esquerdas) e é
são puxadas para impedir que as válvulas se in- lançado no ventrículo esquerdo. Ela é chamada
vertam em direção aos átrios. Além disso, neste de pequena circulação ou circulação pulmonar e
momento, as válvulas do tronco pulmonar e da tem por objetivo oxigenar o sangue.
artéria aorta se abrem, pois o aumento da pressão A segunda corrente sai do ventrículo esquerdo
nos ventrículos e nas artérias faz com que o san- (por meio da artéria aorta) e se dirige a todos os
gue empurre as válvulas contra a parede destes tecidos do corpo permitindo a troca entre sangue
vasos. Em contrapartida, à medida que os ventrí- e células. Após tais trocas, o sangue cheio de CO2
culos vão relaxando, o sangue reflui de volta ao e resíduos retorna ao coração por meio das veias
coração preenchendo tais válvulas fazendo-as se cavas superior e inferior. Estas desembocam no
fecharem fortemente. Esse mecanismo é muito átrio direito do coração de onde o sangue é di-
importante, pois assegura que o fluxo do sangue rigido ao ventrículo direito. Esta é chamada de
seja unidirecional (sem refluxo). grande circulação ou circulação sistêmica e tem
Todas as valvas do coração ficam inseridas no por objetivo distribuir o sangue oxigenado e rico
esqueleto fibroso ou esqueleto cardíaco o qual é em nutrientes ao corpo e dele remover o CO2 e os
formado por quatro anéis de tecido conjuntivo, produtos residuais (TORTORA; DERRICKSON;
fundidos uns aos outros (anel fibroso atrioven- WERNECK, 2010).
tricular direito, anel fibroso atrioventricular es- Além da circulação pulmonar e da sistêmica,
querdo, anel pulmonar e anel aórtico). também existe a circulação colateral e a circulação

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portal. A colateral ocorre por meio de anastomo- Ciclo Cardíaco
ses (comunicações) entre artérias ou veias quando
há uma obstrução em um vaso mais calibroso que Ciclo cardíaco são todos os eventos associados a
participa desta anastomose. Esse tipo de circu- um batimento cardíaco. Em um ciclo normal, os
lação representa um mecanismo de defesa para dois átrios se contraem enquanto os dois ventrí-
tentar irrigar ou drenar um território específico. culos relaxam e, em seguida, os dois ventrículos
Já a circulação portal é uma subdivisão da cir- se contraem enquanto os dois átrios relaxam. No
culação sistêmica que ocorre quando uma veia se final dele, ocorre um período de relaxamento ca-
interpõe entre duas redes de capilares sem passar racterizado pelo momento em que os ventrículos
por um órgão intermediário. A Circulação Portal começam a relaxar e todas as câmaras estão em
Hepática é um importante exemplo, pois permite diástole (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
que o sangue rico em substâncias absorvidas pelo Vale lembrar que sístole é um termo que se
trato gastrintestinal, após as refeições passe pelo refere à fase de contração do coração enquanto
fígado que armazena parte delas e modifica outra diástole é um termo que se refere à sua fase de
parte antes de mandar o sangue para a circulação relaxamento.
geral. Também há um sistema portal na hipófise.
Bulhas Cardíacas e Sopro
Em rosa, notar a
circulação de sangue
arterial na grande O famoso “tum-tá, tum-tá, tum-tá” que o cora-
circulação ou circulação
sistêmica ção faz fascina-nos desde o período embrionário
quando a mãe ansiosa deseja ouvir os batimen-
tos cardíacos de seu bebê. E de onde vem esse
barulho? Como ele é produzido? Por que será
que fatores como o exercício físico, o susto ou
o estresse podem modificá-lo? Vamos entender
como tudo funciona.
Durante a sístole, os ventrículos se contraem
comprimindo o sangue que, devido à pressão
no ventrículo, tende a refluir do ventrículo para
o átrio. Assim, o sangue turbilhona-se contra as
valvas atrioventriculares, as quais se fecham for-
temente para impedir tal refluxo. O fechamento
destas valvas gera uma vibração que é convertida
em som pela caixa torácica. Este som, o famoso
“tum” é chamado de primeira bulha cardíaca
(DANGELO; FATTINI, 2011).
Em azul, notar a circulação de sangue venoso na
No entanto, os ventrículos continuam a se con-
pequena circulação ou circulação pulmonar trair até que a pressão em seu interior seja maior
do que a pressão dentro do tronco pulmonar e da
Figura 4 - Tipos de circulação artéria aorta. Isto faz com que as valvas semilu-

UNIDADE 2 89
nares pulmonares e aórticas se abram. À medida ser substituídas cirurgicamente por valvas de doa-
que o sangue vai saindo dos ventrículos para as dores humanos, suínos ou próteses mecânicas.
artérias, elas se distendem para acomodar o san-
gue, mas isso aumenta a pressão dentro delas ao
mesmo tempo em que diminui a pressão no ven- Inervação do Coração
trículo. Então, para impedir que o sangue reflua
das artérias para o ventrículo, ocorre o forte fecha- Talvez você já tenha participado de uma aula prá-
mento das valvas semilunares. Esse fechamento tica de ciências onde o professor tenha removido
gera outro som, a segunda bulha cardíaca ou o o coração de um animal (como rato ou rã) e tenha
famoso “tá”. Viu que interessante! De forma bem ficado intrigado com o fato de que o coração, mes-
simplificada pode-se dizer que o “tum-tá” que o mo fora da cavidade torácica, é capaz de se con-
coração faz nada mais é do que os fechamentos trair por um determinado período de tempo (eu
consecutivos de suas valvas. mesma, sempre que posso, mostro isso em aula
Todavia, quando elas não se abrem comple- prática e os alunos gostam muito de ver como isso
tamente tem-se uma estenose (estreitamento) e é possível). No entanto, se você nunca participou
quando não se fecham por completo tem-se uma deste tipo de aula ou nunca tinha ouvido falar
insuficiência. Tais distúrbios podem permitir nisso, pode acreditar porque é verdade.
fluxo retrógrado de sangue o que causa um som Agora é possível que você esteja se pergun-
anormal percebido com o auxílio de um estetos- tando: como isso é possível se aprendemos que o
cópio. Este som é conhecido como sopro cardíaco. sistema nervoso é quem controla todo o funcio-
O sopro também pode ser causado por altera- namento do corpo e quando retiramos o coração
ções congênitas ou pode surgir após febre reumá- do tórax, cortamos sua comunicação com esse sis-
tica, faringite, amigdalite ou contato com estrepto- tema? Para entendermos como isso é possível, em
coco. Essa bactéria, além de desenvolver infecção, primeiro lugar você precisa saber que a inervação
produz uma toxina chamada estreptolisina que é do coração é diferente de outras regiões do cor-
lançada na corrente sanguínea e exerce reações in- po. Isto porque a inervação do músculo cardíaco
flamatórias locais nas articulações, pele e coração. ocorre de duas formas, a extrínseca e a intrínseca.
Então, o sistema imune produz anticorpos anties- A inervação extrínseca é feita pelo Sistema
treptolisina que age sobre o próprio tecido cardíaco Nervoso Autônomo (SNA) por meio de seus com-
causando lesões irreversíveis. O tratamento é anti- ponentes simpáticos (nervos cardíacos simpáti-
bioticoterapia e, por vezes, até cirurgia. cos) e parassimpáticos (nervo vago). Enquanto
É importante mencionar que em crianças de as fibras simpáticas causam taquicardia, as paras-
até quatro anos, o sopro é chamado de inocente simpáticas causam bradicardia. Ambas formam
ou funcional, pois, frequentemente diminui ou o plexo nervoso cardíaco, o qual é útil para as
desaparece. Se for sistólico e de baixa intensida- demandas do dia a dia, pois as constantes modi-
de, não afeta o desempenho cardíaco e muitas ficações do ambiente são prontamente percebidas
vezes só aparece após exercício físico intenso ou pelo SNA fazendo com que o coração se adapte
hipertermia. Também existe o sopro diastólico e capacite o corpo a reagir (WATANABE, 2000).
que ocorre por insuficiência de fechamento das Já a inervação intrínseca, chamada de sistema
valvas semilunares. No entanto, as valvas podem de condução do coração ou complexo estimu-

90 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


lante do coração, não é feita por elementos nervosos e sim por
fibras musculares estriadas cardíacas especiais, com poucas estrias
transversais, poucas miofibrilas, de menor diâmetro e que formam
o tecido nodal. Esse tecido por si só é capaz de gerar impulsos ele-
troquímicos que se propagam pelo coração causando a contração
do miocárdio de forma rítmica e repetitiva. Ele só é encontrado
no coração, no qual cerca de 1% das fibras musculares são células
autorrítmicas capazes de gerar potencial de ação.
O sistema de condução do coração compreende o nodo si-
noatrial, o nodo atrioventricular, o fascículo atrioventricular e os
ramos direito e esquerdo. O nodo sinoatrial localiza-se no átrio
direito. Ele envia finas ramificações aos átrios sendo considerado
o “marca-passo” do coração, pois, a excitação cardíaca começa nele
e é ele que determina o ritmo e o automatismo cardíaco. Seu mau
funcionamento causa arritmia cardíaca. Várias substâncias (como a
noradrenalina) e algumas condições (como hipóxia, drogas, cafeína
e nicotina) atuam neste nodo e interferem no ritmo do coração.
Assim, pode ser necessário que outra área cardíaca possa funcionar
como o marca-passo.
O nodo atrioventricular fica acima da valva atrioventricular direi-
ta. Ele pode vir a ser o “marca-passo” do coração se o nodo sinoatrial
for lesado, mas a frequência cardíaca passa a ser de 40 a 60 batimen-
tos por minuto (bpm). Sua continuação até o septo interventricular
é o fascículo atrioventricular (feixe de His). Ele pode vir a ser o
“marca-passo” do coração se os nodos sinoatrial e atrioventricular
forem lesados. Todavia, a frequência cardíaca cai para 20 a 35 bpm,
o que pode causar lesão neurológica necessitando implantar um
marca-passo artificial (um dispositivo que emite pequenas correntes
elétricas que estimulam as contrações ventriculares).
O fascículo atrioventricular se bifurca em ramo direito e ramo
esquerdo, um para cada ventrículo. Tais ramos penetram as pare-
des ventriculares, ramificam-se ainda mais e constituem os ramos
subendocárdios (que ficam abaixo do endocárdio). Suas fibras são
conhecidas como Fibras de Purkinje e permitem a propagação das
contrações dos átrios para os ventrículos.
Entendeu agora como é possível que o coração continue batendo
mesmo fora do corpo? De forma bem simplificada, pode-se afirmar
que, quando o coração é retirado da caixa torácica, de fato ele perde
a inervação extrínseca (aquela que vem do sistema nervoso), mas a
inervação intrínseca (aquela que existe no próprio tecido cardíaco)
ainda continua a funcionar.

UNIDADE 2 91
Um detalhe interessante é que a atividade elétrica do coração
gera uma corrente elétrica que pode ser detectada na superfície
do corpo e registrada por um exame chamado Eletrocardiogra-
ma (ECG). Alterações no ECG são úteis para diagnosticar e tratar
doenças do coração que também podem ser identificadas ao avaliar
a resposta do coração ao estresse causado pelo exercício físico por
meio de um teste de esforço.

Figura 5 - Inervação intrínseca do coração

Circulação Fetal e Envelhecimento

Os pulmões, rins e órgãos gastrintestinais só começam a funcionar


após o nascimento. O feto obtém O2 e nutrientes do sangue materno,
onde também elimina CO2 e resíduos. Normalmente não há mistura
direta entre o sangue materno e o fetal, pois as trocas ocorrem de
maneira indireta por difusão por meio dos capilares da mãe e do
feto (MOORE et al., 2014).
O sangue passa do feto para a placenta pelas duas artérias umbi-
licais que ficam dentro do cordão umbilical (são ramos das artérias
ilíacas internas). Na placenta, o sangue fetal capta O2 e nutrientes
e elimina CO2 e resíduos. O sangue oxigenado retorna da placenta
pela veia umbilical que vai até o fígado do feto. A placenta comu-
nica-se com o sistema circulatório materno por pequenos vasos

92 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


sanguíneos que emergem da parede do útero. Após Estas e outras perguntas poderão ser respondidas
o nascimento, muitas mudanças vasculares fazem assim que concluirmos o estudo.
o sistema circulatório fetal ficar como no adulto. Em primeiro lugar, é importante que você
Vale lembrar que o envelhecimento causa saiba que as particularidades estruturais das
alterações no sistema circulatório tais como di- artérias e das veias estão correlacionadas às
minuição da complacência arterial, redução no funções que estes vasos desempenham na di-
tamanho das fibras musculares cardíacas, perda nâmica circulatória. Por exemplo, de um modo
progressiva da força muscular cardíaca, diminui- geral, as veias têm paredes menos espessas, mas
ção da frequência cardíaca máxima e aumento da luz vascular mais ampla do que as artérias (luz
pressão sistólica. Tais alterações podem ocasionar vascular é o espaço que existe para o sangue
maior incidência de doenças neste sistema. Toda- circular dentro do vaso). Isto porque o mesmo
via, o exercício físico é capaz de minimizar todas volume de sangue que saiu do coração pelas
elas. Por isso, a sua prática é aceita mundialmente artérias, deve retornar ao coração pelas veias,
como uma das melhoras formas de prevenir as quase sem pressão e passivamente (ou seja, sem
doenças cardiocirculatórias. um órgão como o coração para mandá-lo de
volta). Além do que, o sangue do sistema arte-
rial circula com maior pressão do que o sangue
Vasos Sanguíneos que circula no sistema venoso. Abordaremos as
principais diferenças entre os diversos vasos
Como já vimos, os vasos sanguíneos são habi- sanguíneos a seguir.
litados ao transporte do sangue, seja ele arterial
ou venoso. Os principais são as artérias e veias, Artérias
mas também incluem as arteríolas, os capilares
e as vênulas (FREITAS, 2004). Tanto as artérias Todas as artérias originam-se direta ou indire-
quanto as veias possuem paredes formadas por tamente da artéria aorta ou do tronco pulmonar
três camadas sobrepostas: a túnica adventícia ou (ambas são vasos de grande calibre que se rami-
externa (que dá resistência à parede do vaso), a ficam extensivamente). Elas são tubos cilíndricos,
túnica média (mais espessa devido o músculo liso elásticos, de direção centrífuga (porque saem do
que permite vasoconstrição e vasodilatação sob o coração), responsáveis pela irrigação sanguínea,
controle do SNA) e a túnica íntima ou endotélio pois transportam sangue rico em O2 e nutrientes
(formada por uma camada de células de revesti- para as células, tecidos ou órgãos (exceto as arté-
mento que permitem o deslizamento do sangue). rias pulmonares que conduzem sangue venoso
As paredes das artérias e das veias recebem nutri- aos pulmões) (DI DIO, 2002).
ção e inervação por meio dos vasos e nervos dos Na maioria das vezes, as artérias são menos
vasos (vasa vasorum e nervi vasorum). numerosas, têm paredes mais espessas e com
Todavia, artérias e veias não são iguais. Você menor luz do que as veias. Como já visto, tais
acha que os vasos “esverdeados” que percebemos diferenças se devem à pressão com que o san-
em nosso antebraço ou mesmo nos membros in- gue circula por elas (assim, artérias têm que ter
feriores são artérias ou veias? Quando vamos re- maior espessura de parede para que resistam à
tirar sangue para fazermos um exame ou mesmo pressão do sangue e não colabem).
para doá-lo, a coleta é feita em artérias ou veias?

UNIDADE 2 93
Outro ponto importante é que as artérias têm Elas se ramificam em artérias de médio cali-
pulsação, pois a força de contração do ventrículo bre, as quais têm diâmetro interno de 2,5 a 7 mm
gera uma onda de grande pressão, conhecida como e são chamadas de distribuidoras ou musculares.
pulso, que se propaga ao longo delas. Normalmen- Estas têm paredes espessas e adaptadas à vaso-
te, a frequência do pulso é a mesma da frequência constrição e vasodilatação. A artéria braquial e a
cardíaca (de 70 a 80 vezes por minuto; no sono cai radial são exemplos deste tipo de artéria. Delas se
para 60; no exercício, febre, distúrbios emocionais, originam as artérias superficiais que se destinam
hipertireoidismo e outras condições específicas, à pele. Posteriormente, artérias de médio calibre
pode ultrapassar 100; no recém-nascido gira em se ramificam em artérias de pequeno calibre cujo
torno de 120 a 140 pulsações por minuto). diâmetro interno é de 0,5 a 2,5 mm das quais sur-
Normalmente, elas são mais profundas do gem as arteríolas, com diâmetro interno menor
que as veias para ficarem protegidas e evitarem do que 0,5 mm e cuja função é levar sangue aos
que uma ruptura cause um fluxo ininterrupto capilares arteriais. Assim, as arteríolas têm papel
de sangue ou uma hemorragia. Também podem chave na regulação do fluxo sanguíneo e, por isso,
ser acompanhadas por uma ou duas veias saté- são conhecidas como vasos de resistência. Altera-
lites, as quais chegam a fazer sulcos nos ossos. ções em seu diâmetro podem causar mudanças
No entanto, mesmo artérias profundas podem na pressão arterial (por nicotina, por exemplo).
desenvolver parte do trajeto superficialmente. É
o caso da artéria radial, por exemplo. Capilares Sanguíneos
Em geral, artérias comunicam-se entre si por
intermédio de anastomoses, fornecendo rotas Os capilares sanguíneos têm paredes muito
alternativas para que o sangue chegue a um de- delgadas, constituídas na maioria das vezes, por
terminado tecido. Todavia, também podem se uma única camada de células endoteliais e uma
ramificar emitindo ramos terminais (quando a membrana basal de tecido conjuntivo (não têm
artéria deixa de existir; a artéria braquial emite camada média e adventícia). Por isso, permitem a
a artéria radial e a ulnar como ramos terminais) passagem de substâncias através de suas paredes,
ou ramos colaterais (quando a artéria continua ou seja, as trocas entre sangue e tecidos por meio
a existir, mas emite um ramo com direção oblí- do líquido intersticial, e vice-versa. Assim, são
qua ou a 90º; quando o ramo forma um ângulo conhecidos como vasos de troca (TORTORA;
obtuso, é chamado de ramo recorrente). DERRICKSON; WERNECK, 2010).
As artérias geralmente começam de grande Os capilares têm diâmetro microscópico e
calibre e vão diminuindo de diâmetro à medi- ligam as arteríolas às vênulas, permitindo a mi-
da que se ramificam. Artérias de grande calibre crocirculação. Na maioria das vezes, surgem das
têm diâmetro interno de cerca de 7 mm e são ramificações das arteríolas, mas em alguns casos
chamadas de elásticas ou condutoras. Suas pare- (como no fígado e na glândula hipófise), origi-
des acomodam o volume de sangue e ajudam a nam-se da ramificação de vênulas. Apresentam
impulsioná-lo enquanto os ventrículos relaxam. vasomotricidade (ou seja, fazem vasodilatação e
A aorta, o tronco pulmonar, a carótida comum, vasoconstrição), a qual é influenciada por subs-
a subclávia, a vertebral, a pulmonar e a ilíaca co- tâncias químicas liberadas pelas células endote-
mum são exemplos desse tipo de artéria. liais (por exemplo, o óxido nítrico).

94 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


São considerados os vasos mais numerosos do aos deslocamentos dos segmentos corporais); não
corpo e formam redes ramificadas que aumen- resistem a pressões muito altas. Em contrapartida,
tam a área de superfície para a troca de materiais. têm maior luz e são mais numerosas do que as
Todavia, embora sejam encontrados próximos artérias (o leito venoso é praticamente o dobro
a quase todas as células, seu número varia com do leito arterial; entretanto, o pênis e o cordão
a atividade metabólica do tecido. Por exemplo, umbilical são exceções, pois neles há duas artérias
músculos, fígado, rins e SNC, que têm alto me- acompanhando uma única veia).
tabolismo, têm muitos capilares; tendões e liga- As veias geralmente começam de pequeno
mentos têm menos. calibre e vão aumentando de diâmetro à medida
Além disso, podem apresentar poros em sua que se dirigem ao coração. Além disso, podem
parede (como os capilares fenestrados do rim, ser superficiais ou profundas. As superficiais não
intestino delgado e glândulas endócrinas), podem acompanham as artérias e são chamadas de soli-
ter interrupções na parede (como os capilares si- tárias. As profundas podem ou não acompanhar
nusoides do fígado, baço, adenohipófise e glându- as artérias. As que acompanham são chamadas de
las paratireoides) ou podem ter parede sem poros satélites e as que não acompanham são chamadas
ou interrupções (como os capilares contínuos dos de solitárias. A comunicação entre veias superfi-
músculos, encéfalo, pulmões e tecido conjuntivo). ciais e profundas é feita por veias comunicantes ou
perfurantes. Vale lembrar que veias, artérias e ner-
Veias vos se unem formando um feixe vásculo-nervoso.
Além disso, veias podem apresentar válvulas
As veias são tubos nos quais o sangue circula com para impedir o refluxo do sangue. Todavia, se
direção centrípeta (ou seja, chegam ao coração). estas não funcionam, adequadamente, podem
São responsáveis pela drenagem sanguínea ou re- aparecer varizes (principalmente nos membros).
torno venoso, pois, coletam o sangue rico em CO2 Tais válvulas podem não existir em algumas
e metabólitos dos tecidos para o coração (exceto veias da cabeça e do pescoço.
as veias pulmonares que conduzem sangue arte- Agora chegou a hora de você responder, com
rial para o coração). Elas se formam pelas suces- certeza, as perguntas do início do texto. Então,
sivas confluências de vênulas e capilares venosos os vasos “esverdeados” que percebemos em nos-
e vão aumentando gradativamente de calibre (ao so antebraço ou mesmo nos membros inferiores
contrário das artérias, lembra?). Assim, podem ser são artérias ou veias? Certamente são veias, pois
de pequeno, médio ou grande calibre (MIRANDA estas apresentam trajeto mais superficial do que
NETO; CHOPARD, 2014). as artérias. E qual vaso é puncionado na coleta
Elas não têm pulsação e normalmente são de sangue? Novamente a resposta é a veia, pois
menos espessas do que as artérias e, por isso, po- o sangue circula com maior pressão nas artérias
dem colabar (suas paredes podem ficar aderidas). e perfurá-las rotineiramente não seria o melhor
Embora, à semelhança das artérias, possam se di- a fazer. Além do que, artérias têm trajeto mais
latar no sentido transversal (para conter maior profundo, lembra? Como é bom adquirir conhe-
volume de sangue) e longitudinal (para atender cimento, não acha?

UNIDADE 2 95
cundam o coração como uma
coroa. O endocárdio é nutrido
por microvascularização direta-
mente das câmaras do coração
(WATANABE, 2000).
Geralmente, a artéria coro-
nária esquerda é mais calibrosa
e tem maior área de distribui-
ção. Ela passa inferiormente à
aurícula esquerda, fornece o
ramo interventricular anterior
e o ramo circunflexo. O ramo
interventricular anterior per-
Figura 6 - Diferenças entre artérias e veias
corre o sulco interventricular
anterior, desce até o ápice do
Distribuição do Sangue coração, irriga os ventrículos e
emite ramos interventriculares
A distribuição do sangue pelo corpo não é simétrica entre os órgãos, septais para o septo interven-
e depende da demanda funcional à qual o indivíduo está submetido. tricular. O ramo circunflexo
Assim, a maior parte do volume de sangue em repouso (64%) está fica no sulco coronário, irriga o
nas veias e vênulas sistêmicas. As artérias sistêmicas têm cerda de átrio e o ventrículo esquerdos,
13%, os capilares sanguíneos 7%, os vasos pulmonares 9% e o coração dirige-se, posteriormente, e se
7%. Todavia este estado pode ser totalmente alterado em condições anastomosa com a artéria co-
específicas como exercício físico e estresse (MOORE et al., 2014). ronária direita.
Assim, pode-se dizer que as veias e vênulas sistêmicas atuam A artéria coronária direita
como reservatório de sangue a partir do qual o sangue pode ser dirige-se para a direita do sulco
rapidamente removido se houver necessidade. Esse é o caso, por coronário, emite ramos atriais
exemplo, de um quadro de hemorragia ou atividade muscular e se divide em ramo marginal
intensa onde a venoconstrição poderá ajuda a contrabalancear a (que irriga o ventrículo direito)
queda na pressão arterial. As veias e vênulas do fígado, baço e da e ramo interventricular poste-
pele representam os principais reservatórios de sangue do corpo. rior que percorre o sulco inter-
ventricular posterior e irriga
os dois ventrículos. Também
Vascularização Sistêmica emite ramos interventricula-
res septais.
Vascularização do Coração O coração é drenado, prin-
cipalmente, por pequenas veias
O pericárdio e o miocárdio são irrigados pelas artérias coronárias, cardíacas mínimas e por veias
que são ramos da parte ascendente da artéria aorta. Elas correm que se abrem no seio coronário
no sulco coronário e recebem o nome de coronárias porque cir- (seio coronário é a principal veia

96 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


do coração). Esse seio situa-se no sulco coronário e e subclávia esquerda surgem do próprio arco da
desemboca no átrio direito. Antes, todavia, ele rece- aorta (DANGELO; FATTINI, 2011).
be como principais tributárias a veia cardíaca mag- As artérias carótidas comuns (direita e esquer-
na (que drena áreas supridas pela artéria coronária da) têm pulsação lateralmente à laringe e, na altura
esquerda e fica localizada no sulco interventricular da cartilagem tireoide, ramificam-se em artéria
anterior), a veia cardíaca média (que drena os ven- carótida interna (direita e esquerda) e externa (di-
trículos e fica no sulco interventricular posterior) e reita e esquerda). A interna passa o canal carótico
a veia cardíaca parva (que drena átrio e ventrículo na base do crânio, emite a artéria oftálmica (que
direitos e se posiciona no sulco coronário). irriga a retina), a artéria cerebral anterior (que
irriga a face medial do encéfalo), a artéria cerebral
média (que irriga a face superolateral do hemis-
fério cerebral) e a artéria comunicante posterior.
A região posterior do encéfalo é irrigada pe-
Se as artérias coronárias estiverem comprome- las artérias vertebrais (que são ramos das artérias
tidas ao ponto de não conseguirem suprir as subclávias). As vertebrais sobem pelos forames
necessidades de oxigenação e nutrição do mio- transversos das vértebras cervicais, entram no
cárdio, pode ser necessária a realização de um crânio pelo forame magno, unem-se e formam a
procedimento cirúrgico para revascularização artéria basilar. A basilar emite as artérias cerebe-
do miocárdio, popularmente conhecida como lares e a artéria cerebral posterior. Assim, na face
“ponte de safena”. Essa cirurgia consiste na reti- inferior do encéfalo se forma o círculo arterial do
rada de uma parte da veia safena localizada no encéfalo por meio do qual o sistema carotídeo
membro inferior, para criar uma ponte por cima interno se une ao sistema vértebro-basilar como
das artérias coronárias comprometidas para tor- uma anastomose arterial que pode, em situações
nar possível a passagem sanguínea novamente. específicas (como obstruções e aneurismas), pre-
Tais artérias podem ser afetadas, principalmente, venir quadros de isquemia cerebral.
por acúmulo de gordura (aterosclerose) ou cálcio A artéria carótida externa irriga, através de
em suas paredes. Leia mais sobre o tema, pois muitos ramos, todas as estruturas externas da face
grande parte das causas de obstrução das arté- e couro cabeludo. Seus principais ramos incluem
rias coronárias pode ser prevenida por meio da as artérias tireoidea superior, lingual, facial, oc-
prática regular do exercício físico. cipital, auricular posterior, faríngea ascendente,
Fonte: Tua Saúde (2013, on-line)3. maxilar e temporal superficial.
A drenagem venosa da cabeça e do pescoço é
feita pelos seios venosos da dura-máter e por veias
Vascularização da Cabeça e Pescoço superficiais que, após várias confluências, desem-
bocam na veia jugular interna. Essa veia se une à
A vascularização da cabeça e pescoço depende das veia subclávia formando a veia braquiocefálica. As
artérias carótidas comuns e subclávias as quais se veias braquiocefálicas direita e esquerda se unem e
originam a partir do arco da aorta. À direita desse formam a veia cava superior a qual desemboca no
arco surge o tronco braquiocefálico o qual emite a átrio direito do coração levando o sangue venoso
artéria carótida comum direita e a artéria subclá- da cabeça e do pescoço, além do sangue do mem-
via direita. As artérias carótida comum esquerda bro superior e do tórax.

UNIDADE 2 97
Diagrama das Principais Artérias da Cabeça
Ramo frontal
Artéria supratroclear
Ramo parietal
Artéria oftálmica

Artéria dorsal
do nariz
Artéria temporal
superficial

Artéria angular

Artéria labial
Artéria occipital suferior

Artéria carótida externa Artéria labial


inferior
Artéria carótida interna
Seio carótico Artéria tireóidea
superior Artéria facial
Artéria carótida comum

Diagrama das Principais Veias da Cabeça

Veia supra-orbital

Veia supratroclear

Veia temporal
superficial Veia angular

Veia profunda
da face

Veia labial superior


Veia occipital
Veia labial inferior
Veia retromandibular
Veia mental
Veia jugular externa
Veia facial
Veia jugular interna Veia tireóidea
superior Veia submental

Figura 7 - Vascularização da cabeça e do pescoço e drenagem da cabeça e do pescoço


Fonte:
98 Colicigno Sistemas
et al. (2009, p. 166, on-line)
Cardiovascular
4
.
e Respiratório
Vascularização do Tórax

É feita pela parte torácica da artéria aorta, a qual, ilíacas externas (irrigam os membros inferiores)
antes de atravessar o músculo diafragma pelo hia- e ilíacas internas (irrigam bexiga urinária, útero
to aórtico, emite uma série de ramos viscerais e e próstata). A drenagem venosa das vísceras ab-
parietais, como as artérias esofágicas (que irrigam dominais é feita, principalmente, pela veia porta
o esôfago), as pericárdicas (que irrigam o pericár- e pela veia cava inferior.
dio), as mediastinais (que irrigam as estruturas
do mediastino), as brônquiais (que irrigam os Vascularização da Pelve
brônquios), as frênicas superiores (que irrigam o
músculo diafragma), as subcostais e as intercostais Como vimos, a artéria ilíaca comum se bifurca
posteriores (que irrigam os músculos intercostais originando a artéria ilíaca interna e a externa. A
e torácicos). Além da artéria aorta, também par- interna envia ramos para a parede e vísceras da
ticipam da irrigação da parede torácica a artéria pelve; a externa envia ramos para a parede ab-
subclávia e a artéria axilar (MOORE et al., 2014). dominal e continua no membro inferior como
O tórax é drenado por várias veias que drenam artéria femoral (FREITAS, 2004).
para a veia ázigo. Por sua vez, a veia ázigo conduz Dentre as principais artérias da pelve estão a
o sangue venoso até a veia cava superior. umbilical, obturatória, sacral mediana, retal supe-
rior, gonadal (ovárica e testicular), artéria do duc-
Vascularização do Abdome to deferente, ramos prostáticos, vesical superior
e inferior (na mulher, é artéria vaginal) e artéria
É feita pela parte abdominal da artéria aorta, em uterina.
seu trajeto após o hiato aórtico. Ela emite ramos Os plexos venosos pélvicos são formados por
viscerais e parietais. Os principais ramos parietais veias que circundam as vísceras pélvicas (plexo
são a artéria epigástrica superficial, a epigástrica retal, vesical, prostático, uterino e vaginal). Tam-
inferior, a musculofrênica, a 10ª e a 11ª artérias bém são importantes as veias iliolombares, sacral
intercostais, posteriores, a subcostal, a circunflexa mediana e sacrais laterais. Na pelve, a veia ilíaca
ilíaca profunda e a circunflexa ilíaca superficial interna se une à veia ilíaca externa para formar a
(DI DIO, 2002). veia ilíaca comum. As veias ilíacas comuns (direita
Os principais ramos viscerais incluem as e esquerda) se unem para formar a veia cava infe-
artérias frênicas inferiores (irrigam o múscu- rior a qual segue na cavidade abdominal, parale-
lo diafragma), o tronco celíaco (irriga esôfago, lamente à aorta, recebendo várias tributárias. Ela
estômago, baço, pâncreas, fígado e duodeno), a passa pelo forame da veia cava (no músculo dia-
mesentérica superior (irriga intestino delgado, fragma) e desemboca no átrio direito do coração.
ceco, colo ascendente e transverso, e pâncreas), a
mesentérica inferior (irriga colo transverso, des- Vascularização do membro superior
cendente e sigmoide), as suprarrenais médias (ir-
rigam glândulas suprarrenais), as renais (irrigam Os membros superiores são irrigados pelas arté-
rins), as gonadais (as testiculares irrigam testícu- rias subclávias que passam inferiormente à cla-
los e as ováricas irrigam os ovários) e as ilíacas vícula. Na região axilar, passam a ser chamadas
comuns. Essas últimas se ramificam em artérias de artérias axilares e no braço passam a ser ar-

UNIDADE 2 99
térias braquiais. Na altura da fossa cubital, elas É importante ressaltar que as veias dos mem-
se ramificam em artéria ulnar e artéria radial bros inferiores drenam o sangue desfavoravel-
as quais irrigam a mão e os dedos (TORTORA; mente em relação à gravidade e, por isso, suas
DERRICKSON; WERNECK, 2010). paredes são ricas em fibras musculares lisas e
A artéria radial é a continuação direta da ar- em fibras colágenas. Além disso, possuem nu-
téria braquial. Ela é superficial na parte distal do merosas valvas que ajudam no direcionamento
antebraço onde pode ser palpada para verificar do sangue (as profundas têm mais). Outros fa-
suas pulsações. As veias profundas do membro tores que ajudam no retorno venoso são a ação
superior têm os mesmos nomes das artérias e se- de “esponja venosa” das plantas dos pés, a ação
guem, em última instância, até a veia subclávia. massageadora dos músculos do membro inferior
As duas principais veias superficiais do membro sobre os vasos, a pulsação das artérias adjacen-
superior são a veia cefálica e a basílica, as quais tes transmitindo o pulso para a parede da veia
desembocam na veia braquial. acompanhante (veia satélite) e o gradiente de
pressão entre a cavidade torácica e a abdominal
Vascularização do Membro Inferior durante a respiração.
Todavia, em pessoas que permanecem em
Recapitulando, a parte abdominal da artéria aorta pé por períodos prolongados, o sangue pode se
bifurca-se em artérias ilíacas comuns (direita e es- acumular no interior das veias dos membros in-
querda) que se bifurcam em artéria ilíaca interna feriores, resultando em elevação da pressão, di-
(que se dirige à pelve) e artéria ilíaca externa. A latação, insuficiência valvular e varizes. Isto gera
externa atravessa o ligamento inguinal e passa a ser um fluxo retrógrado do sangue, estase sanguínea
chamada de artéria femoral. Esta passa, posterior- e migração de líquido para o espaço intersticial
mente, à região do joelho e recebe o nome de arté- causando edema.
ria poplítea. A poplítea se bifurca em artéria tibial
anterior, tibial posterior e fibular (DI DIO, 2002). Curiosidades
As veias profundas do membro inferior
acompanham as artérias, têm os mesmos nomes Como o coração se situa entre duas estruturas
delas e seguem, em última instância, até a veia rígidas (a coluna vertebral e o osso esterno), sua
femoral. As duas principais veias superficiais do compressão pode ser útil para bombear o san-
membro inferior são a safena magna e a safena gue dele para a circulação sistêmica. Assim, se ele
parva. A veia safena parva drena para a veia po- parar subitamente de bater, a ressuscitação car-
plítea e a safena magna drena para a veia femoral. diopulmonar (compressão cardíaca associada à
Outras veias importantes do membro inferior ventilação artificial dos pulmões) é útil para man-
são a safena acessória, a veia cutânea lateral, a ter o sangue oxigenado até que o coração volte a
veia cutânea anterior e as veias perfurantes. bater (FREITAS, 2004).

100 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Ilustração Esquemática das Principais Veias

Veia jugular externa


Veia jugular interna Veia braquiocefálica
Veia subclávia Veia cava superior

Veia cefálica

Veia basílica
Veia renal
Veia intermediária
do cotovelo
Veia intermediária Veia cava inferior
do antebraço
Veia ilíaca comum

Veia safena magna

Veia femoral

Veia poplítea

Veia safena parva

UNIDADE 2 101
Figura 8(a) - Vascularização do corpo humano - principais veias
Fonte: Colicigno et al. ( 2009, p. 164-165, on-line)5.
Ilustração Esquemática das Principais Artérias

Tronco braquiocefálico
Artéria subclávia Artéria carótida comum

Artéria axilar
Artéria aorta toráxica

Tronco celíaco
Artéria braquial
Artéria renal
Artéria aorta abdominal

Artéria radial
Artéria ilíaca comum

Artéria ulnar

Artéria femoral

Artéria poplitea

Artéria tibial anterior

Artéria fibular
Artéria tibial posterior

Figura 8(b) - Vascularização do corpo humano - principais artérias


Fonte: Colicigno et al. ( 2009, p. 164-165, on-line)5.
102 Sistemas Cardiovascular e Respiratório
Sistema
Linfático

Definição do
Sistema Linfático

O sistema linfático é considerado um sistema de


drenagem que auxilia o sistema venoso a drenar
a linfa dos tecidos para a circulação sanguínea.
Para tanto, é constituído por uma vasta rede de
vasos semelhantes às veias (os vasos linfáticos),
que se distribuem por todo o corpo captando
líquido tecidual que não retornou aos capilares
sanguíneos. Neste contexto, ele dispõe de estrutu-
ras que filtram e reconduzem a linfa à circulação
sanguínea (MOORE et al., 2014).
Ele é constituído pela linfa, vasos que a dre-
nam (capilares linfáticos, vasos linfáticos, ductos
linfáticos), tecidos e órgãos linfoides (baço, timo,
linfonodos e tonsilas).

UNIDADE 2 103
Funções do Sistema Linfático

A mais notável função do sis- todos os lipídios e vitaminas lipossolúveis absorvidos pelo intestino.
tema linfático é sua habilidade Após esta absorção, o quilo (linfa drenada do intestino delgado com
de drenar o excesso de líquido aparência leitosa) é conduzido pelos vasos linfáticos viscerais para
intersticial para os vasos lin- o ducto torácico e daí para o sistema venoso. Em outros tecidos, a
fáticos mantendo o equilíbrio linfa é um líquido amarelo-claro translúcido.
dos fluidos do corpo. Se ele não
atuasse desta forma, o volume
sanguíneo poderia ser afetado,
já que o sangue é a fonte princi-
pal deste líquido. Além disso, ele
também drena para os vasos lin-
fáticos parte das proteínas que
saem dos vasos sanguíneos. Tal
fato é de extrema importância,
pois evita que ocorra osmose
reversa e, consequentemente,
edema tecidual (DANGELO;
FATTINI, 2011).
No entanto, o sistema linfáti-
co desempenha outras funções
como participar ativamente
da imunidade corpórea. Por
sua ação, bactérias, partículas
estranhas e células anômalas
podem ser destruídas uma vez
que ele está diretamente relacio-
nado à produção e à maturação
de células imunológicas como
macrófagos e linfócitos (tais cé-
lulas participam ativamente da
resposta imunológica específi-
ca produzindo anticorpos para
destruir substâncias invasoras).
Além disso, o sistema linfáti-
co está relacionado à absorção e
ao transporte das gorduras dos
alimentos por meio dos capi-
lares lácteos, os quais recebem Figura 9 - Visão geral do sistema linfático

104 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Componentes do Sistema Linfático

A linfa, os vasos linfáticos, os tecidos e os órgãos de inatividade física, mas aumenta com o exer-
linfoides estão distribuídos por praticamente todo cício, peristaltismo e com os movimentos res-
o corpo (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). piratórios. Isso explica o fato de que algumas
Os órgãos linfoides são classificados como pri- pessoas precisam, inclusive, realizar artificial-
mários ou secundários. Os primários são locais mente manobras de drenagem linfática.
nos quais células tronco se dividem e se tornam
aptas a executar a resposta imune (por exemplo,
a medula óssea vermelha e o timo). Capilares, Vasos e Ductos
Já os órgãos linfoides secundários são locais Linfáticos
nos quais a resposta imune ocorre (por exemplo,
os linfonodos, o baço e os folículos linfáticos). En- A linfa intersticial é recolhida pelas capilares linfá-
quanto o baço, o timo e os linfonodos são conside- ticos, os quais são os de menor calibre do sistema
rados órgãos, pois são revestidos por uma cápsula linfático. Tais vasos são importantes porque reco-
de tecido conjuntivo, os nódulos linfáticos não lhem, além da linfa, moléculas diversas do líquido
são, pois não apresentam tal cápsula. intersticial que não retornam aos capilares sanguí-
neos (como moléculas grandes ou proteínas). Tal
habilidade é possível porque os capilares linfáticos
Linfa apresentam diferenças em relação aos capilares
sanguíneos, por exemplo, são mais calibrosos e
A linfa é um líquido incolor presente no espaço têm maior permeabilidade.
intersticial, resultante das trocas entre o sangue A maior permeabilidade deve-se ao maior es-
dos capilares e o tecido. Pode-se dizer que repre- paço que existe entre suas células (são fenestra-
senta o excesso de líquido que saiu do capilar, mas dos), à ausência de membrana basal e à posição
não retornou à circulação sanguínea (TORTORA; das bordas de suas células endoteliais. Estas estão
DERRICKSON; WERNECK, 2010). frouxamente unidas e podem ser empurradas pela
Sua composição é parecida com a do plasma pressão do líquido intersticial de fora para dentro
sanguíneo uma vez que apresenta água, eletrólitos fazendo com que o líquido penetre nos capilares
e proteínas. Todavia, a linfa é mais rica em água, linfáticos e, uma vez dentro, não retorne ao meio
tem menos proteínas do que o plasma, e não tem intersticial devido à pressão que força as bordas
hemácias ou plaquetas. Diferentemente do que das células endoteliais a se juntarem (como uma
ocorre no sistema cardiovascular sanguíneo onde porta vaivém unidirecional). Além disso, existem
o coração bombeia o sangue, no sistema linfático filamentos de ancoragem nos capilares linfáticos
não existe um órgão central bombeador de linfa. que fixam suas células endoteliais aos tecidos ad-
Assim, a circulação da linfa é possibilitada jacentes. Quando ocorre edema, estes filamentos
pelos mesmos mecanismos que auxiliam o re- são tracionados aumentando as aberturas entre as
torno venoso (vistos anteriormente, lembra?). células para que mais líquido flua para o capilar
Por isso, o fluxo da linfa é lento nos períodos linfático (FREITAS, 2004).

UNIDADE 2 105
Adicionalmente, esses pequenos vasos termi- mediastinal direito. Ele desemboca na junção das
nam em fundo cego para permitir fluxo unidire- veias subclávia direita e jugular interna direita.
cional da linfa em direção ao capilar sanguíneo Já o ducto torácico mede aproximadamente 45
e apresentam válvulas que ajudam a conduzir a cm de comprimento. Ele recebe linfa dos troncos
linfa em direção ao coração. Todavia, as válvulas lombares e intestinal, atravessa o músculo dia-
os estreitam dando-lhes aspecto irregular de “ro- fragma junto com a artéria aorta e recebe vasos
sário” ou “colar de conta”. linfáticos que drenam a metade esquerda do tó-
Os capilares linfáticos estão presentes em rax. Posteriormente, recebe o tronco subclávio
quase todos os locais do corpo, sendo abun- esquerdo e jugular esquerdo e desemboca na veia
dantes na pele e nas mucosas, mas ausentes nos subclávia esquerda. Assim, recolhe a linfa de todo
dentes, ossos, medula óssea vermelha, sistema o corpo menos do membro superior direito e da
nervoso central, nos tecidos avasculares (como metade direita da cabeça, pescoço e tórax (esta é
cartilagem, epiderme e córnea do bulbo) e nos recolhida pelo ducto linfático direito).
músculos estriados esqueléticos (embora estejam
presentes no tecido conjuntivo que os envolve).
Os capilares se unem para formar os vasos lin- Linfonodos
fáticos, os quais podem ser superficiais ou profun-
dos. Os superficiais anastomosam-se livremente Os linfonodos são pequenas massas de tecido
e são mais numerosos do que as veias no tecido linfoide dispostas ao longo do trajeto dos vasos
subcutâneo. Eles drenam para os vasos linfáticos linfáticos. Os cerca de 600 linfonodos dispersos
profundos que também recebem a drenagem dos pelo corpo reúnem-se em grupo superficial e pro-
órgãos internos. Assim, os vasos linfáticos tor- fundo e atuam como órgãos filtrantes da linfa
nam-se progressivamente maiores (sendo cha- antes que ela adentre o sistema venoso. Para tanto,
mados de vasos coletores) e atravessam vários eles destroem microrganismos, toxinas, células
linfonodos antes de desembocarem nos troncos anômalas e partículas estranhas, por meio dos
linfáticos e permitirem que a linfa retorne à cor- macrófagos e linfócitos existentes em seu interior
rente sanguínea. (WATANABE, 2000).
Os cinco principais troncos linfáticos são o A linfa penetra a face convexa do linfonodo por
intestinal (que recebe a linfa dos órgãos abdomi- meio de vasos linfáticos aferentes, os quais têm vál-
nais), o lombar (que drena o membro inferior e vulas que se abrem para o centro do linfonodo e não
alguns órgãos pélvicos), o subclávio (que drena permitem que a linfa reflua. Então, ela é lentamente
o membro superior, parte do tórax e do dorso), filtrada por meio de canais irregulares, denomi-
o jugular (que drena cabeça e pescoço) e o bron- nados seios, onde existem macrófagos, linfócitos e
comediastinal (que drenam o tórax). Os troncos plasmócitos. Dos seios, a linfa sai pelos vasos linfá-
linfáticos drenam para o ducto linfático direito ticos eferentes que deixam o linfonodo pela região
ou para o ducto torácico. Posteriormente, a linfa do hilo. Ah...é válido mencionar que existem menos
é direcionada às veias e passam a circular junto vasos linfáticos eferentes do que aferentes a fim de
com o plasma sanguíneo. reduzir a velocidade do fluxo da linfa.
O ducto linfático direito é um pequeno vaso Cada linfonodo é envolto por uma cápsula fi-
(cerca de 1,0 cm de comprimento) formado pela brosa da qual partem projeções de tecido conjun-
união dos troncos subclávio, jugular e bronco- tivo (as trabéculas) para o interior do linfonodo

106 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


dividindo-o em vários compartimentos os quais são posteriormen- para depois respondermos tais
te subdivididos por fibras reticulares. Cápsula, trabéculas, fibras perguntas (DI DIO, 2002).
reticulares e fibroblastos formam o estroma ou o arcabouço do O baço é o maior órgão lin-
linfonodo. O parênquima do linfonodo é dividido em uma região foide (com cerca de 10 cm),
externa chamada córtex, e uma região interna chamada medula. localizado à esquerda da cavi-
No córtex os linfócitos são sintetizados e na medula as células estão dade abdominal, logo, abaixo
arranjadas em forma de cordões denominados cordões medulares. do músculo diafragma, sendo
quase completamente recober-
to pelo estômago. Com forma
Ductos linfáticos elíptica e cor vermelho-escura,
Válvulas dos capilares ele apresenta a face diafragmá-
linfáticos
tica (superior, em contato com
o músculo diafragma) e a face
visceral (inferior, em contato
com as vísceras abdominais).
Enquanto, a face diafragmática
é convexa e lisa, a visceral apre-
senta o hilo por onde passam
vasos e nervos.
O baço é envolto pelo peritô-
nio visceral e por uma cápsula
resistente de tecido conjunti-
vo fibroso que contém fibras
musculares e envia septos (as
Capilares linfáticos
trabéculas) para seu interior
dividindo-o e dando-lhe sus-
Linfonodos
tentação. Cápsula, trabéculas,
Figura 10 - Capilares, ductos linfáticos e linfonodos fibras reticulares e fibroblastos
constituem o estroma do baço.
Baço Seu parênquima é constituído
por polpa vermelha e branca.
O baço é um órgão que, provavelmente, já te incomodou um dia na A vermelha é mais abundante e
vida, principalmente se você resolveu fazer um exercício físico um consiste de seios venosos rami-
pouco mais extenuante sem preparo físico adequado (falo sempre que ficados que armazenam sangue;
isso acontece com quem quer “virar atleta” de um dia para o outro). a branca fica dentro da verme-
Você deve estar se perguntando por que o baço já o incomodou. É lha e apresenta grande quanti-
simples. Sabe aquela dorzinha na região lateral do abdome, à esquerda? dade de linfócitos e macrófagos.
Pois é ele. Contudo, por que será que ele dói ao se exercitar com um Inúmeras funções são de-
pouco mais de intensidade? Será que é possível que esta dor pare de sempenhadas pelo baço. Ele
incomodar com o treinamento sistematizado? Como deve proceder? produz linfócitos e plasmóci-
Vamos primeiro entender quem é o baço e quais funções desempenha tos, atua na maturação dos lin-

UNIDADE 2 107
fócitos B, armazena plaquetas, destrói células sanguíneas velhas tra para a circulação periférica
(hemocaterese) e produz células sanguíneas (hemopoiese). Além a fim de suprir as necessidades
disso, atua como reservatório de sangue sendo capaz de liberar cerca dos músculos. Para liberar o san-
de 200 ml para a corrente sanguínea em situações de emergência gue contido nos seios venosos
(como uma hemorragia). Normalmente este sangue fica contido da polpa vermelha, os músculos
nos seios venosos da polpa vermelha e é liberado pela contração lisos de sua cápsula se contraem
das células musculares lisas de sua cápsula. gerando um incômodo percebi-
do no local onde ele se localiza.
Para ele parar de incomodar,
o ideal é prosseguir com o trei-
namento, pois, a continuidade
do exercício gera mudanças na
constituição do próprio sangue
(aumentando, por exemplo,
a quantidade de eritrócitos e
otimizando o transporte de O2
para os músculos). Ou seja, o
jeito é continuar a treinar. Toda-
via, enquanto seu corpo ainda
está sendo condicionado, a me-
lhor opção é respirar mais in-
tensamente e, se a dor for muito
intensa, diminuir a intensidade
do exercício. Sabendo de tudo
isso, bom treino.

Figura 11 - Baço Timo

Algumas doenças infecciosas podem aumentar seu tamanho, cau- A maioria das pessoas não sabe
sando esplenomegalia. Além disso, trauma abdominal pode rom- onde se localiza o timo, o que ele
pê-lo e causar sangramento intraperitoneal obrigando sua remoção faz e, para piorar, algumas inclu-
cirúrgica (esplenectomia) para evitar morte por hemorragia. Neste sive não sabem nem se têm de
caso, outras estruturas (como fígado, medula óssea vermelha, linfo- fato um timo em seus corpos.
nodos e tonsilas) podem assumir suas funções, embora as funções Falo sempre que o timo é um
imunes possam permanecer debilitadas. órgão injustiçado porque nin-
Agora, você certamente entende porque ele dói quando se faz guém se lembra dele. Contudo,
exercícios mais intensos sem um bom preparo físico. Isso ocorre por que será que isso ocorre?
porque no exercício ele faz várias funções ao mesmo tempo. Assim, Será que suas funções não são
realiza a hemocatérese, a hemopoiese e a liberação de sangue ex- de fato importantes?

108 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


O timo é formado por uma massa linfoide Laringe
bilobulada mantida justaposta por uma lâmi-
Glândula tireoide
na de tecido conjuntivo. Uma cápsula de tecido
Traqueia
conjuntivo envolve cada lobo separadamente e as
extensões desta cápsula (as trabéculas) penetram Timo
os lobos dividindo-os em lóbulos. Cada lóbulo
tem uma camada externa e outra interna. A ex- Pulmão
terna é chamada de córtex e é constituída por
linfócitos T, células dendríticas, células epiteliais
e macrófagos. A interna é chamada de medula e
apresenta linfócitos T maduros, células dendríti-
cas, macrófagos e células organizadas chamadas Coração
de corpúsculos tímicos (FREITAS, 2004). Pericárdio
Linfócitos T necessitam do timo para amadu-
Figura 12 - Timo
recer e, quando maduros, deixam o timo por meio
do sangue e são transportados até os linfonodos,
baço e outros tecidos linfáticos. O timo também Nódulos Linfáticos
atua como glândula endócrina produzindo o hor-
mônio timosina que estimula o crescimento de Nódulos linfáticos são massas ovais de tecido
linfócitos em todos os tecidos linfáticos do corpo. linfático não envoltas por uma cápsula de tecido
Ele está situado em parte na região inferior do conjuntivo. Eles estão espalhados por toda a mu-
pescoço (anterior e lateralmente à traqueia) e em cosa que reveste os sistemas genital masculino e
parte na cavidade torácica (posteriormente, ao feminino, digestório, urinário e respiratório e, por
osso esterno, no mediastino). Esse órgão é maior isso, são chamados de tecido linfático associado
na infância, pois é gradativamente substituído por à mucosa (MALT) (TORTORA; DERRICKSON;
tecido conjuntivo e gordura. Contudo, algumas de WERNECK, 2010).
suas células continuam a se proliferarem durante Enquanto alguns nódulos linfáticos são peque-
toda a vida. nos e solitários, outros formam grandes agregações
Esse fato justifica o pouco conhecimento que (como as tonsilas, os nódulos linfáticos do íleo e do
a maioria das pessoas tem a respeito do timo. apêndice vermiforme). Nos segmentos gastroin-
Como ele vai sendo gradativamente substituí- testinais, são conhecidos como placas de Peyer.
do por tecido conjuntivo e gordura, suas funções
vão sendo assumidas por outros órgãos, por isso,
você, provavelmente, nunca ouviu falar de alguém Tonsilas
que morreu de problema no timo. Todavia, não
podemos desprezar suas funções porque elas são Tonsilas são pequenas massas de tecido linfoide
importantes e essenciais às diversas fases do de- relacionadas à imunidade, representando a pri-
senvolvimento humano. meira defesa do organismo. Elas ficam localizadas

UNIDADE 2 109
em várias regiões do corpo, por exemplo, na parte nasal da faringe (tonsila faríngea), próximo ao
óstio faríngeo da tuba auditiva (tonsila tubária), na raiz da língua (tonsila lingual), na fossa tonsilar
(tonsila palatina) e na laringe (tonsila laríngea). O conjunto delas é conhecido como anel linfático
(WATANABE, 2000).
Na infância, é normal que as tonsilas fiquem mais volumosas uma vez que a criança tende a
pôr na boca quase tudo o que manipula. Como normalmente os objetos são contaminados, as
tonsilas são ativadas a fim de produzir anticorpos e ficam hipertrofiadas e dolorosas.
Outro detalhe interessante que merece ser destacado é que a hipertrofia da tonsila tubária e faríngea
recebe o nome de adenoide e pode dificultar o funcionamento da tuba auditiva, da qualidade da voz
e a respiração nasal. Assim, o indivíduo desenvolve respiração bucal e, por isso, os roncos são comuns.
De igual modo, a hipertrofia da tonsila palatina (popularmente chamada de amidalite) também difi-
culta a deglutição.

Tonsila
faríngea

Tonsila
palatina

Tonsila
lingual

Figura 13 - Tonsilas

Principais Linfonodos do Corpo

Cabeça

Incluem os linfonodos occipital (drena a parte occipital do escalpo e a parte superior do pescoço), os
mastoideos (drena a pele da orelha), os pré-auriculares (drena a orelha externa e a região temporal do
escalpo), os parotídeos (drena o nariz, a parte posterior da cavidade nasal e a parte nasal da faringe) e
os da face que incluem os infraorbitais (drena as pálpebras), os mandibulares (drenas as bochechas), os
bucinatórios (drena o ângulo da boca e as bochechas) (MOORE et al., 2014).

110 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Pescoço

Incluem os linfonodos subman- (que drenam esôfago, pericár- ascendente, descendente e sig-
dibulares (drena o mento, ápi- dio, diafragma e face convexa moide; c) os mesentéricos
ce da língua e parte do palato), do fígado) e os traqueobron- inferiores que drenam colo
os submentuais (drena mento, quiais (que drenam traqueia, descendente, sigmoide, reto e
ápice da língua, lábio inferior, esôfago, brônquios e pulmões). canal anal.
assoalho da boca e bochechas),
os cervicais superficiais (drena
orelha e região parotídea), os Abdome e Pelve Membros
cervicais profundos superiores Superiores
(que ficam abaixo do músculo Os linfonodos do abdome e da
esternocleidomastoideo), os cer- pelve também podem ser pa- Os principais linfonodos dos
vicais inferiores (que ficam pró- rietais ou viscerais. Os parietais membros superiores são: a) os
ximos à veia subclávia; drenam incluem os linfonodos: a) ilía- supratrocleares que drenam
parte posterior do escalpo e pes- cos externos que drenam vasos antebraço, palma e dedos me-
coço, região peitoral e parte do linfáticos profundos da parede diais; b) os deltopeitorais que
braço) e os cervicais superiores abdominal inferior até o um- drenam o lado radial do mem-
(drenam parte posterior da cabe- bigo, região adutora da coxa, bro superior; c) os axilares que
ça e do pescoço, orelha, faringe, bexiga urinária, próstata, duc- drenam a maior parte do mem-
esôfago, glândula tireoide, palato to deferente, vesícula seminal, bro superior, glândulas mamá-
e tonsilas) (FREITAS, 2004). parte prostática e membranácea rias, parede torácica e pescoço
da uretra, tubas uterinas, útero (DI DIO, 2002).
e vagina; b) os ilíacos comuns
Tórax que drenam vísceras pélvicas; c)
os ilíacos internos que drenam Membros Inferiores
Os linfonodos do tórax podem vísceras pélvicas, períneo, região
ser parietais ou viscerais. Os glútea e face posterior da coxa; Os principais linfonodos dos
parietais incluem os linfonodos d) os sacrais que drenam reto, membros inferiores são: a) os
paraesternais (que drenam parte próstata e parede posterior da poplíteos que drenam a re-
da parede torácica, glândula ma- pelve; e) os lombares que dre- gião calcanear e o joelho; b)
mária e face diafragmática do nam testículos, ovários, glândula os inguinais superficiais que
fígado), entercostais (que dre- suprarrenal e parede abdominal drenam a parede abdominal, a
nam parte da parede torácica) lateral (FREITAS, 2004). região glútea, os órgãos geni-
e frênicos (que drenam fígado, Os linfonodos viscerais in- tais externos e todos os vasos
diafragma e parede abdominal cluem: a) os celíacos que dre- superficiais do membro infe-
anterior) (MOORE et al., 2014). nam estômago, esôfago, duo- rior; c) os inguinais profun-
Os linfonodos viscerais in- deno, fígado, vesícula biliar, dos que drenam os vasos pro-
cluem os mediastinais anterio- pâncreas e baço; b) os mesen- fundos do membro inferior,
res (que drenam timo e pericár- téricos superiores que drenam pênis e clitóris (DANGELO;
dio), os mediastinais posteriores jejuno, íleo, apêndice, ceco, colo FATTINI, 2011).

UNIDADE 2 111
A disseminação linfática do
câncer é a via mais comum de
Timo Medula ósseo disseminação de carcinomas
vermelha
(tipo mais comum de câncer,
porém, menos maligno). Quan-
Baço do a metástase ocorre por via
linfática, pode-se prever o novo
local de instalação do câncer
analisando a drenagem linfáti-
ca do tumor primário. Essa via
faz com que linfonodos can-
cerosos fiquem aumentados,
mais firmes, insensíveis e fixos
às estruturas subjacentes. Essa
caracterização é importante e
Notar os linfonodos deve ser avaliada de maneira
dispersos em todo comparativa em relação às alte-
o corpo
rações causadas nos linfonodos
em decorrência de quadros in-
fecciosos. Nesse caso, a infecção
faz com que os linfonodos ficam
aumentados, no entanto, moles,
móveis e muito dolorosos.
Figura 14 - Principais linfonodos do corpo Como algumas células can-
cerígenas podem sobreviver e
se multiplicar no interior dos
linfonodos e a partir dele se dis-
seminar pelo corpo, linfonodos
Disseminação do Câncer intumescidos próximos a regiões
cancerosas devem ser removidos
Células cancerígenas podem se disseminar pelo corpo por conti- cirurgicamente. Além disso, a
guidade (por proximidade) ou por metástase. A propagação por técnica de terapia manual deno-
meio de metástase ocorre por disseminação hematogênica (por minada drenagem linfática não
meio do sangue) ou linfática (por meio da circulação linfática) é aconselhável a portadores de
(MOORE et al., 2014). tumores, pois, facilita a dissemi-
A disseminação hematogênica do câncer é a via mais comum nação de células cancerígenas de
de propagação de sarcomas (tumores menos comuns, porém mais um tumor primário para outras
malignos). Um fato interessante é que as veias disseminam mais do regiões do corpo.
que as artérias (pois têm paredes mais finas, oferecem menos resis- Por fim, é importante caracte-
tência e são mais abundantes) e os locais mais comuns de sarcomas rizar o linfoma. Esse é considera-
secundários são o fígado e os pulmões. do o câncer dos órgãos linfoides,

112 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


especialmente dos linfonodos. A maioria não tem A linfangite é a inflamação secundária dos va-
causa conhecida. Seu tratamento inclui radiotera- sos linfáticos. Já a linfadenite é a inflamação se-
pia, quimioterapia e transplante de medula óssea. cundária dos linfonodos. É popularmente conhe-
Os dois principais tipos de linfomas são a doença cido como íngua e ocorre em casos de infecção ou
de Hodgkin que acomete pessoas entre 15 e 35 anos inflamação. Seu aparecimento pode fazer com que
ou acima de 60 anos de idade. Ocorre o aumento grupos de linfonodos fiquem sobrecarregados e
dos linfonodos que é comum no pescoço, tórax e aumentem de tamanho, tornando-se dolorosos e
axila. É mais comum em homens e curam em 90 a facilmente palpáveis na superfície do corpo.
95% dos casos e o não Hodgkin tipo mais comum Por fim, linfedema é um tipo localizado de
ocorre em qualquer idade e pode estar associado à edema que ocorre quando a linfa não está sendo
esplenomegalia, anemia e mal estar geral. Curam adequadamente drenada. Pode ser causada por
em cerca de 50% dos casos. um linfonodo infectado ou um vaso linfático blo-
queado. Se não for minimizado, pode aumentar
a pressão sanguínea capilar local e agravar ainda
mais o quadro clínico.

Pessoas com o sistema imunológico comprome-


tido têm maior probabilidade de terem a Doença Envelhecimento e
de Hodgkin. A prevenção consiste em evitar fa- o Sistema Linfático
tores de risco evitáveis (como fumo e debilidade
imunológica). O envelhecimento muda a fisiologia do sistema
linfático fazendo com que algumas alterações
apareçam. É comum, por exemplo, que com o
Linfangite, Linfadenite aumento da idade haja diminuição da produ-
e Linfedema ção de células imunológicas e maior produção
de anticorpos contra o próprio organismo. Tal
Algumas estruturas do sistema linfático podem fato está diretamente relacionado à maior debi-
sofrer alterações e modificar o funcionamento lidade imunológica que os idosos apresentam e
deste sistema. São exemplos: a linfangite, a linfa- ao aumento da incidência de doenças autoimu-
denite e o linfedema (MIRANDA NETO; CHO- nes nas fases mais tardias da vida (MIRANDA
PARD, 2014). NETO; CHOPARD, 2014).

UNIDADE 2 113
Sistema
Respiratório

Definição e Função do
Sistema Respiratório

O sistema respiratório é constituído por um


conjunto de estruturas anatômicas as quais, em
conjunto, são responsáveis pela captação do ar
do meio ambiente e transporte dele até o órgão
respiratório para que a hematose seja possível
(DANGELO; FATTINI, 2011).
A hematose é um processo que implica em tro-
cas gasosas entre o ar atmosférico e o meio interno.
Nesse processo, o CO2 resultante do metabolismo
celular é trazido pelo sangue aos pulmões e se di-
funde dos capilares teciduais para os alvéolos para
ser eliminado juntamente com o ar expirado. Ao
mesmo tempo, o O2 do ar inspirado difunde-se dos
alvéolos para os capilares alveolares onde se combi-
na com a hemoglobina originando o sangue arterial.
Posteriormente, o O2 difunde-se dos capilares
teciduais para o líquido intersticial e deste para o
interior das células. Dessa forma, o O2 vindo dos
pulmões é distribuído a todas as células do corpo
e o CO2 por elas produzido é eliminado evitando
morte celular. Lindo, não é?

114 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Divisão do Sistema O nariz se localiza acima do palato duro e é
Respiratório composto por uma parte externa e pela cavidade
nasal. No entanto, devido à proximidade e as rela-
Como você pôde perceber, o sistema respiratório ções funcionais, os seios paranasais são estudados
é essencial à vida e executa funções complexas junto ao estudo do nariz.
que dependem das estruturas anatômicas que o Externamente, o nariz está localizado no plano
compõem. Assim, tais estruturas podem ser di- mediano da face, como uma pirâmide de base
vididas, conforme a função que desempenham, inferior e ápice superior. Sua estrutura é ósteo-
em porção de condução e porção de respiração. A -cartilagínea apresentando também o músculo
porção de condução é formada por órgãos tubula- epitelial. Sua parte óssea externa é composta pelos
res cuja função é levar o ar inspirado até a porção ossos nasais e pelas maxilas. A parte óssea interna
respiratória e destes conduzi-lo de volta para ser é composta pelos ossos etmoide (superiormen-
expirado a fim de eliminar o CO2. te) e vômer (inferiormente). Em sua composição
Ela é composta pelo nariz, faringe, laringe, tra- cartilagínea participam as cartilagens laterais, a
queia, brônquios e todas as suas ramificações. Já cartilagem do septo e as cartilagens alares maiores
a porção de respiração é representada exclusiva- e menores.
mente pelos pulmões, pois representam o local O nariz é subdividido em raiz (superiormente
onde efetivamente as trocas gasosas ocorrem (he- onde ele inicia, como se fosse o vértice da “pirâ-
matose que descrevemos anteriormente, lembra?). mide”), base (parte inferior da “pirâmide”), ápice
Além disso, as estruturas anatômicas do sis- (ponto projetado mais anteriormente), dorso (en-
tema respiratório também podem ser agrupa- tre a raiz e o ápice), asa (a parte “gordinha” onde
das em via aérea superior e via aérea inferior. as pessoas colocam piercing) e narinas (aberturas
Enquanto a via aérea superior compreende o em forma de fenda que fazem a comunicação da
nariz, a faringe e a laringe, a via aérea inferior cavidade nasal com o meio externo e são separa-
compreende a traqueia, os brônquios e suas ra- das por um septo).
mificações e os pulmões (FREITAS, 2004). Vale enfatizar que, conforme a morfologia do
dorso, o nariz pode ser classificado em retilíneo,
côncavo ou convexo. De igual modo, conforme a
Órgão do Sistema morfologia das narinas e de acordo com os grupos
Respiratório raciais, o nariz pode ser do tipo leptorrino (quando
as narinas são estreitas e anteriorizadas), camerrino
(com narinas largas e lateralizadas) ou mesorrino
Nariz (com narinas medianas).
A cavidade nasal fica superior à cavidade oral e se
É a primeira estrutura do sistema respiratório cuja comunica com o meio externo e com a parte nasal
principal função é captar o ar do meio ambiente. da faringe. Dessa forma, seu limite superior é o seio
Todavia, ele também filtra, aquece e umidifica o ar frontal e a fossa anterior do crânio, o posterior é o
inspirado, recebe e elimina as secreções dos seios seio esfenoidal, o lateral é o seio etmoidal e o seio
paranasais e do ducto lacrimonasal e permite o maxilar, e o limite inferior é representado pelo pa-
olfato (pois contém o órgão periférico do olfato) lato. Assim, pode-se dizer que o palato é o assoalho
(DI DIO, 2002). da cavidade nasal e o teto da cavidade oral.

UNIDADE 2 115
A cavidade nasal pode ser dividida em vestí- Os seios paranasais ou da face são cavidades
bulo, região respiratória e região olfatória. O ves- existentes em alguns ossos do crânio (frontal,
tíbulo é anterior e apresenta pelos chamados de maxila, esfenoide e etmoide) contendo ar e re-
vibrissas. As regiões respiratória e olfatória são cobertas por mucosa respiratória. Tais ossos
posteriores e ficam recobertas, respectivamente, são chamados de pneumáticos e cada um deles
por mucosa respiratória e olfatória. Enquanto a apresenta seu próprio seio (seio frontal, seio
região respiratória é maior e inferior, a região ol- maxilar, seio esfenoidal e seio ou células etmoi-
fatória fica restrita à concha nasal superior e ao dais). Eles tornam a cabeça mais leve, ajudam a
terço superior do septo nasal. aquecer e umidificar o ar, e estão relacionados
O septo nasal divide a cavidade nasal em por- à ampliação da voz.
ções direita e esquerda. Esse septo é constituído Toda esta constituição interna do nariz é mui-
por uma parte cartilagínea (a cartilagem do septo to importante porque permite que o ar inspirado
nasal) e uma parte óssea (lâmina perpendicular seja adequadamente purificado, aquecido e umi-
do osso etmoide e osso vômer). Assim, o termo ca- dificado. Assim, quando o ar percorre a cavidade
vidade nasal pode ser usado para toda a cavidade nasal, ele é turbilhonado contra as saliências e
ou para cada parte (direita e esquerda). reentrâncias de suas paredes (devido às conchas
O osso etmoide, além da lâmina perpendicular, nasais e meatos), o que aumenta o contato do ar
apresenta duas massas laterais constituídas de célu- com a mucosa respiratória a qual contém glân-
las pneumáticas denominadas seios etmoidais, dos dulas nasais (produtoras de secreção serosa) e
quais se projetam duas conchas nasais, a superior células caliciformes (produtoras de muco).
e a média (a concha nasal inferior é um osso se- Essas secreções permitem que partículas de
parado). Além disso, o etmoide também apresen- impurezas e microrganismos fiquem presos e, na
ta a lâmina crivosa que apresenta uma projeção mucosa olfatória, permitem a limpeza dos recep-
chamada crista etmoidal e que é perfurada pelos tores olfativos, habilitando-os a captar estímulos
neurônios bipolares que saem da porção olfatória químicos que causam sensações olfativas. Além
da cavidade nasal, formam o nervo olfatório e se disso, a mucosa respiratória possui células ciliadas
dirigem ao giro reto do encéfalo. que, por meio dos batimentos dos cílios, condu-
As conchas nasais delimitam espaços denomina- zem as impurezas e os microrganismos aprisio-
dos meatos os quais aumentam a superfície mucosa nados até o meio externo.
da cavidade nasal umedecendo e aquecendo o ar Vale lembrar que, em caso de gripe ou resfria-
inspirado. Essa região é muito vascularizada e a rup- do, o excesso de muco prejudica a limpeza dos
tura de vasos nessa região pode causar sangramento receptores olfativos e, juntamente com a inflama-
nasal (epistaxe). Os seios paranasais desembocam ção da mucosa nasal, dificulta a chegada do ar até
nesses meatos. a área olfativa reduzindo o olfato.

116 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Vista da parede lateral da cavidade do nariz e da faringe

Vista da parede da cavidade do nariz e da faringe

Cóanos

Concha nasal
superior
Concha nasal
média
Concha nasal
inferior
Limiar do nariz
Vestíbulo Parte nasal
do nariz da faringe

Parte oral da faringe

Parte laríngea
da faringe
Laringe

Laringe

Figura 15 - Cavidade nasal


Fonte: Colicigno et al. (2009, p. 172, on-line)6

UNIDADE 2 117
Faringe

É uma estrutura músculo-membranácea locali- devido essa comunicação, uma infecção da faringe
zada posteriormente à cavidade nasal, à cavidade pode se propagar à orelha média (isso é muito
oral e à laringe de forma que apresenta três por- comum em criança onde um quadro de tonsilite
ções sem limites precisos entre elas: a porção nasal acaba evoluindo para um quadro de otite). Além
(superior, em comunicação com a cavidade nasal e disso, o óstio também drena muco e perilinfa que
com função respiratória), a oral (em comunicação existem nos canais semicirculares.
com a cavidade oral e com função digestória) e a Nas bordas do óstio faríngeo da tuba auditiva,
laríngea (inferior, em comunicação com a laringe existem aglomerações linfáticas chamadas, em
e com função respiratória). Assim, a faringe está conjunto, de tonsila tubária. Além da tonsila tu-
associada ao sistema respiratório e digestório, pois bária, nesta parte da faringe existe ainda a tonsila
é um canal comum à passagem do ar e alimento faríngea, a qual se aumentada passa a ser chamada
(TORTORA; DERRICKSON;WERNECK, 2010). de adenoide (como já visto no capítulo anterior).
Em relação aos limites e correlações anatô-
micas da faringe, é importante salientar que ela
tem início na base do crânio e término ao nível
da 6ª vértebra cervical, onde continua como o
esôfago e mantém contato com a coluna vertebral.
Ela é constituída por três camadas sobrepostas.
A interna tem constituição mucosa, a externa ou
adventícia é rica em fibras conjuntivas, e a média
é constituída por músculo estriado esquelético.
Esses músculos realizam os movimentos peristál-
ticos da faringe e podem ser externos ou internos.
Os externos são chamados de constritor superior,
médio e inferior da faringe. Os internos incluem
o músculo palatofaríngeo, o estilofaríngeo e o sal-
pingofaríngeo.
Na porção nasal da faringe existe um impor-
tante acidente anatômico chamado óstio faríngeo
da tuba auditiva, o qual é protegido pelo toro tubá-
rio. Esse óstio é uma abertura em forma de fenda
que marca a desembocadura da tuba auditiva, ou
seja, a tuba auditiva comunica a parte nasal da fa-
ringe com a cavidade timpânica da orelha média.
Essa comunicação serve para igualar a pressão do
ar externo à pressão daquele contido na própria
cavidade timpânica (percebemos claramente isso
quando descemos a serra do mar e sentimos a
pressão externa como um incômodo). Todavia, Figura 16 - Faringe

118 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Laringe

A laringe é um órgão tubular que se localiza no plano mediano e anterior do pescoço, entre a terceira
e a sexta vértebras cervicais. Ela se posiciona anteriormente à faringe e dá continuidade à traqueia.
Assim, serve como via aerífera (pois, permite a passagem do ar da faringe para a traqueia) e como
órgão da fonação (pois, dentro dela estão as pregas vocais) (WATANABE, 2000).
Ela é constituída por um esqueleto cartilagíneo, ligamentos, membranas e músculos estriados
esqueléticos que atuam sobre as pregas vocais ou na movimentação da laringe durante a deglutição.
Seu esqueleto cartilagíneo é formado por nove cartilagens, sendo três ímpares e três pares, como
descritas a seguir:
• As impares são: a cartilagem tireoidea, que é a maior delas. Ela é constituída por duas lâminas
que se unem anteriormente formando a proeminência laríngea (popularmente conhecida como
“gogó” ou “pomo-de-Adão”). Ela se fixa ao osso hioide (superiormente) e à cartilagem cricoide
(inferiormente). A cartilagem cricoidea é espessa e forte, e tem forma de anel. Fica abaixo da
cartilagem tireoidea e acima do primeiro anel de cartilagem da traqueia. A cartilagem epiglótica,
por sua vez, é fina, lembra uma folha e fica em posição mediana.
• As pares são: cartilagem corniculada, a cuneiforme e a aritenoidea; elas ficam na parte posterior
da laringe. A corniculada e a cuneiforme são pequenos nódulos e a aritenoidea é semelhante
a uma pirâmide.

Dentro da laringe existe uma fenda que forma uma


pequena invaginação, o ventrículo da laringe, em
cuja mucosa se localiza a tonsila da laringe. Essa
fenda está delimitada por duas pregas, a prega ves-
tibular (superior) e prega vocal (inferior). A prega
vocal é constituída pelo ligamento e pelo músculo
vocal os quais são revestidos por mucosa. Para
que o som seja produzido, os músculos da larin-
ge movimentam as pregas vocais cuja tensão ou
relaxamento interfere na tonalidade do som. Em
condições normais, as pregas vestibulares não par-
ticipam da fonação, mas protegem as pregas vocais.
A laringe apresenta muitos outros acidentes ana-
tômicos, que são relevantes aos profissionais da voz
(os fonoaudiólogos) e aos profissionais da medicina Figura 17 - Laringe
que poderão vir a ser otorrinolaringologistas.

UNIDADE 2 119
Traqueia Brônquios

A traqueia é a continuação direta da laringe. Sua Tem estrutura semelhante à da traqueia, porém,
função é servir como via aerífera conduzindo ar os anéis cartilagíneos são substituídos por placas
da laringe até os brônquios principais. Ela tem irregulares de cartilagem (não em forma de anel
início na região cervical e passa anteriormente ao como é na traqueia). Sua função é atuar como via
esôfago em direção ao tórax. Por isso, apresenta aerífera transportando ar (MOORE et al., 2014).
porção cervical e torácica. Em adultos, ela tem Logo, após sua origem, os brônquios são
aproximadamente 2,5 cm de diâmetro (DANGE- chamados de principais (de primeira ordem ou
LO; FATTINI, 2011). primários). Estes iniciam um processo de ramifi-
Tem estrutura cilíndrica fibrocartilagínea cação, de forma que os brônquios dão origem aos
constituída por 16 a 20 anéis incompletos de carti- brônquios lobares (de segunda ordem ou secun-
lagem em forma de “C” sobrepostos e ligados entre dários), os quais ventilam os lobos pulmonares.
si pelos ligamentos anulares. Sua parede posterior Por sua vez, os brônquios lobares se dividem em
constitui a parede membranácea da traqueia, a brônquios segmentares (de terceira ordem ou
qual é formada por tecido conjuntivo e músculo terciários), os quais vão até os segmentos bronco-
liso chamado músculo traqueal, que completa sua pulmonares, sofrem sucessivas divisões e termi-
estrutura. Suas cartilagens dão rigidez para impe- nam nos alvéolos pulmonares em ramificações
dir o colabamento de suas paredes, mas ao mesmo conhecidas como árvore brônquica.
tempo, por estarem unidas por tecido elástico, Como já visto, o brônquio direito é quase a
a traqueia apresenta mobilidade e flexibilidade continuação da traqueia. Ele é mais vertical, mais
durante a respiração e a deglutição. calibroso e mais curto do que o esquerdo. Por
Apesar de ser uma estrutura mediana, antes de isso, corpos estranhos que passam pela traqueia
dividir-se nos dois brônquios principais (direito em geral obstruem esse brônquio. Ele se divide
e esquerdo), a traqueia sofre um leve desvio à di- em três brônquios lobares e dez brônquios seg-
reita. Assim, o brônquio principal esquerdo tem mentares. Já o brônquio principal esquerdo se
maior comprimento do que o direito. Tal divisão divide em dois brônquios lobares e oito brônquios
é marcada internamente por uma crista chamada segmentares. Os brônquios segmentares conti-
carina, a qual é um importante ponto de referência nuam como bronquíolos terminais, bronquíolos
durante o exame chamado broncoscopia. respiratórios e sacos alveolares (onde aparecem
Internamente, a traqueia é revestida por mucosa pequenas expansões chamadas alvéolos). É im-
e tem células ciliadas que auxiliam na limpeza das portante ressaltar que os alvéolos se desenvolvem,
vias aéreas. É importante ressaltar que o hábito do principalmente, até os oito anos de idade, quando
tabagismo faz com que as glândulas traqueais se existem aproximadamente 300 milhões deles.
tornem hipessecretivas ao mesmo tempo em que
paralisam seus cílios. Isso faz com que o fumante
crônico tenha sempre secreção em abundância,
mas não consiga fazer uma boa higiene traqueo-
brônquica. Assim, parece que ele está sempre car-
regado de secreção. Lateralmente à traqueia estão
as artérias carótidas comuns e a glândula tireoide.

120 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Pulmão pulmão apresenta outras duas, a costal e a medial
ou mediastinal. A costal é lisa, convexa e fica em
In vivo, os pulmões são leves, esponjosos, macios contato com as costelas; a medial é côncava, voltada
e elásticos. São considerados os principais órgãos ao mediastino e tem uma abertura chamada hilo
da respiração uma vez que é em seu interior que pulmonar por onde entram e saem estruturas como
a hematose ocorre. Por isso, ao nascimento ele é brônquios, artérias, veias e vasos linfáticos.
rosa, mas vai se tornado acinzentado e com man- Existem diferenças entre os pulmões direito e
chas durante a vida devido à inalação de várias esquerdo. O direito é maior, mais pesado, mais cur-
partículas (DI DIO, 2002). to e mais largo devido à posição do coração (o vo-
Os pulmões estão contidos na cavidade to- lume do pulmão esquerdo chega a ser 10% menor
rácica, ocupando-a quase totalmente. Entre eles do que o do pulmão direito). Além disso, o pulmão
há uma região mediana, chamada mediastino, direito subdivide-se em três lobos, enquanto, o es-
a qual vai desde a abertura superior do tórax querdo apresenta apenas dois (no entanto, pode ter
até o músculo diafragma. No mediastino estão variação individual). Os lobos do pulmão direito
importantes estruturas anatômicas como o co- são chamados de superior, médio e inferior, e são
ração e seus grandes vasos, a traqueia, o esôfago, separados entre si por fendas profundas chamadas
o timo, os brônquios principais etc. de fissuras. No direito existe a fissura oblíqua e a
O pulmão tem forma cônica, apresentando uma fissura horizontal. Já o pulmão esquerdo apresenta
região superior chamada ápice e uma região infe- o lobo superior e o inferior, os quais são separados
rior chamada base. A base é côncava e fica sobre o apenas pela fissura oblíqua. Vale destacar que no
músculo diafragma, podendo, por isso, também ser pulmão esquerdo existe uma projeção inferior do
chamada de face diafragmática. Além desta face, o lobo superior chamada língula do pulmão.

Laringe

Ramificação dos Pulmão Pulmão


Traqueia brônquios principais direito esquerdo
direito e esquerdo

Lobo Lobo
superior superior

Lobo
médio
Pulmão direito Pulmão esquerdo
(notar a subdivisão (notar a subdivi-
em 3 lobos) são em 2 lobos)

Lobo inferior

Figura 18 - Traqueia e brônquios Figura 19 - Pulmão direito e esquerdo

UNIDADE 2 121
Pleuras e cavidade pleural Mecânica
Respiratória
Cada pulmão é envolto por um saco seroso completamente fechado,
chamado pleura, que apresenta dois folhetos: a pleura pulmonar ou O músculo diafragma é o prin-
visceral, e a pleura parietal. A pleura pulmonar reveste a superfície cipal músculo da respiração. Isso
do pulmão penetrando suas fissuras enquanto a pleura parietal, pode ser dito porque, em con-
mais espessa, recobre a face interna do tórax e o músculo diafragma dições de repouso, ele é o úni-
(MOORE et al., 2014). co músculo a se contrair para
Ambas as pleuras são contínuas entre si por meio de um espaço, gerar a respiração. Quando se
chamado cavidade pleural, onde existe um líquido que permite o contrai, ele desce em direção ao
deslizamento entre elas durante os movimentos respiratórios. Toda- abdome comprimindo as vísce-
via, em alguns lugares, a pleura pulmonar se afasta da pleura parietal ras abdominais e aumentando a
formando os recessos pleurais (como o recesso costodiafragmático e pressão nesta cavidade. Em con-
o costomediastinal). Vale salientar que na cavidade pleural a pressão trapartida, a pressão no tórax é
é subatmosférica a fim de favorecer a mecânica respiratória. diminuída fazendo com que o
ar flua, a favor do gradiente de
pressão, de onde está em maior
Traqueia pressão (o meio externo) para
Brônquio principal esquerdo
onde a pressão é menor (a cavi-
Brônquio principal
direito dade torácica). Isso caracteriza
Pleura parietal a inspiração (TORTORA; DER-
RICKSON;WERNECK, 2010).
Pleura visceral
Para que a expiração ocorra
Cavidade pleural
direita Pulmão Pulmão Cavidade pleural não é necessário que nenhum
direito esquerdo esquerda
músculo respiratório se con-
traia, pois, a própria elasticida-
Músculo de do tecido pulmonar faz com
diafragma
que o ar saia dele assim que a
Mediastino
pressão interna e a externa se
igualarem. Todavia se a ins-
piração ou a expiração forem
Parede do tórax
Pleura parietal Pleura visceral
forçadas, outros músculos res-
Cavidade pleural Pulmão piratórios passam a agir (é o que
ocorre, por exemplo, durante o
Figura 20 - Pleuras e cavidade pleural

122 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


exercício físico ou em caso de doença respiratória). Assim, os mús- Cavidade Torácica
culos intercostais externos e alguns músculos do pescoço (como o e Mediastino
esternocleidomastoideo e os escalenos) passam a atuar na inspiração
forçada, assim como os músculos intercostais internos e os músculos Em corte transversal, a cavi-
abdominais passam a atuar na expiração forçada. dade torácica tem forma de
Toda a mecânica respiratória é cuidadosamente controlada pelo rim (é reniforme) e é dividi-
sistema nervoso (controle nervoso) e por estímulos químicos (contro- da em três compartimentos:
le químico). Enquanto o controle nervoso depende da medula espinal cavidade pulmonar direita,
e do tronco encefálico, o controle químico se dá pela concentração cavidade pulmonar esquerda
dos gases O2 e CO2 os quais agem sobre receptores periféricos e, con- e mediastino. Nas cavidades
sequentemente, sobre o centro respiratório. Assim, tanto por meio do pulmonares ficam os pulmões
controle nervoso quanto do controle químico é possível modificar revestidos pelas pleuras. No
importantes fatores da respiração, por exemplo, a frequência e o vo- mediastino (região central
lume respiratório. Vale salientar que todo este controle da mecânica localizada entre as duas cavi-
respiratória está sempre relacionado às condições as quais o indivíduo dades pulmonares) fica o cora-
está sujeito (como temperatura ambiental, esforço físico, doenças etc.). ção, a parte torácica dos gran-
des vasos, a traqueia, o esôfago,
o timo, alguns linfonodos etc.
(MOORE et al., 2014).
In vivo, o mediastino é uma
região com alta mobilidade
devido suas estruturas visce-
rais ocas unidas por tecido
conjuntivo frouxo e gordura.
Isso permite acomodar os dife-
rentes volumes e pressões du-
rante a respiração, batimentos
cardíacos ou mesmo durante a
deglutição. No entanto, esta mo-
bilidade tende a diminuir com a
idade porque o tecido conjunti-
vo frouxo que o constitui tende
a se tornar mais rígido.
Figura 21 - Principais músculos da respiração

UNIDADE 2 123
compreensão pode representar
a real possibilidade de preven-
ção e tratamento adequado.
Além disso, o sistema car-
diorrespiratório é imensamen-
te modificado pelo exercício
físico. O coração, por exemplo,
torna-se mais forte em bombear
o sangue, aumentando a quanti-
dade de sangue ejetado por ba-
timento cardíaco. Assim, pode
bater menos vezes por minuto
e bombear a mesma quantidade
de sangue. As câmaras cardía-
cas de um atleta são modifica-
das (tornam-se mais espessas e
com maior capacidade contrá-
til). Ao contrário, sedentários
têm maior frequência cardíaca
Figura 22 - Cavidade torácica e mediastino
para manter o volume de ejeção
É imprescindível para vida o adequado funcionamento do siste- e têm miocárdio menos forte.
ma circulatório sanguíneo e linfático em atuação conjunta com O exercício modifica o funcio-
o sistema respiratório e o nervoso. Isso porque deles depende a namento do sistema vascular
adequada oxigenação e nutrição tecidual, bem como a drenagem linfático (fluxo da linfa é esti-
das células a fim de manter a homeostasia celular e corpórea. mulado pelo movimento).
Doenças podem acometê-los como as doenças cardíacas, vasculares, O sistema respiratório é
linfáticas, respiratórias, traumas, tumores ou acidentes vasculares no melhorado pelo exercício. Isso
sistema nervoso. Por isso, pesquisas científicas têm sido desenvolvidas, pode ser percebido ao analisar
principalmente por profissionais da saúde, a fim de encontrar soluções volumes e capacidades pulmo-
que previnam doenças ou garantam a sobrevida dos portadores. nares (pela espirometria) do
Para que tais pesquisas tenham sucesso e possam mudar prog- atleta em comparação ao seden-
nósticos, o pré-requisito básico é o pleno conhecimento histológico, tário. Além disso, é sabido que o
fisiológico e anatômico desses sistemas. Assim, este estudo é impres- exercício fortalece os músculos
cindível aos estudantes da área da saúde, uma vez que sua adequada respiratórios em geral.

124 Sistemas Cardiovascular e Respiratório


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Em relação ao sistema circulatório, leia as afirmações a seguir e assinale apenas


a alternativa que contém proposições corretas:
I) A irrigação do membro superior depende das artérias subclávias (direita e
esquerda). Embora tais artérias se originem da artéria aorta, à direita sua ori-
gem é indireta porque ocorre a partir do tronco braquiocefálico. Já à esquerda
sua origem é direta, pois ocorre a partir do arco da aorta.
II) A irrigação do membro inferior depende da artéria aorta (parte descenden-
te abdominal) a qual se bifurca na altura dos ossos do quadril originando a
artéria ilíaca comum (direita e esquerda). A artéria ilíaca comum se ramifica
originando a artéria ilíaca externa e a artéria ilíaca interna. A ilíaca interna
passa o ligamento inguinal e, na coxa, passa a ser chamada de femoral. Na
altura da fossa poplítea, recebe o nome de artéria poplítea a qual se bifurca
em tibial anterior, tibial posterior e fibular. Tais artérias irrigam todo o membro
inferior (inclusive os pés).
III) Na grande circulação, o sangue sai do ventrículo esquerdo pela artéria aorta
transita pelo corpo oxigenando todas as células (uma vez que esta artéria se
ramifica intensamente atingindo todas as partes do corpo). Ao nível celular,
capilares teciduais captam o CO2 produzido pelo metabolismo das células.
Esses capilares se anastomosam e originam vênulas e veias de calibre cada
vez maior que retornam ao átrio esquerdo do coração pelas veias pulmonares.
IV) Os vasos que mantêm relação com o átrio direito do coração são a veia cava
superior e a veia inferior. Já os vasos que mantêm relação com o átrio esquer-
do do coração são as veias pulmonares (superiores e inferiores).
V) Ao contrário do proposto anteriormente, os vasos que mantêm relação com
o átrio direito do coração são veias pulmonares (superiores e inferiores). Já
os vasos que mantêm relação com o átrio esquerdo do coração são a veia
cava superior e a veia cava inferior.

125
Está correta a alternativa:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) III e IV.

2. Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa que contém proposições corretas:


I) O trajeto que o ar percorre desde sua captação até os alvéolos pulmonares
inclui, em ordem, as seguintes estruturas anatômicas: vestíbulo do nariz,
cavidade nasal, laringe, faringe, traqueia, brônquios principais, brônquios
segmentares, brônquios lobares, bronquíolos e alvéolos.
II) Se um indivíduo apresentar choque anafilático devido à administração de
um anestésico, por exemplo, poderá ocorrer edema de glote impedindo a
passagem de ar da laringe à traqueia. Tal edema pode ser fatal se o atendi-
mento adequado não for prestado. Assim, pode ser necessário manter uma
ventilação assistida ou, em nível hospitalar, pode ser necessário realizar uma
traqueostomia. Esse procedimento cirúrgico secciona os primeiros anéis de
cartilagem da traqueia a fim de que a respiração passe a ocorrer da traqueia
em direção aos brônquios. Sua realização implica em impossibilidade de fo-
nação uma vez que fala depende da vibração das pregas vocais e das pregas
vestibulares as quais participam ativamente da fonação.
III) Uma das causas de respiração bucal é a hipertrofia das tonsilas linguais. Tais
tonsilas podem aumentar de tamanho e, então, passam a ser chamadas de
adenoide. Tal fato impede que o ar passe da parte oral da faringe para a
parte laríngea da faringe. Assim, uma cirurgia corretiva é indicada, pois tal
obstrução obriga o indivíduo a desenvolver a respiração bucal.
IV) Devido à possibilidade do ar inspirado ter algum nível de contaminação, algu-
mas regiões do sistema respiratório dispõem de estruturas linfáticas produ-
toras de anticorpos. Dentre elas podem-se citar as tonsilas palatinas, a tonsila
faríngea e as tonsilas linguais, as quais, em conjunto, podem ser chamadas
de anel linfático.

126
V) Os pulmões são revestidos por uma dupla membrana de tecido conjuntivo
chamada pleura. Essa membrana é análoga, em termos funcionais, à fáscia
muscular e ao pericárdio, uma vez que uma de suas funções é proteger os
pulmões assim como as estruturas citadas acima protegem os músculos e o
coração. No entanto, as pleuras desempenham um papel importante na mecâ-
nica respiratória devido à pressão negativa que existe no espaço pleural. Essa
pressão é importante, pois serve para atrair a pleura pulmonar em direção
à parietal de forma que esta força de sucção permita a expansão pulmonar.

Está correta a alternativa:


a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) IV e V.

3. Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa que contém proposições


corretas:
I) A grande circulação tem por objetivo oxigenar o sangue nos pulmões.
II) As principais artérias que irrigam o coração são as coronárias (direita e es-
querda).
III) A principal veia que drena a cabeça e o pescoço é a veia jugular interna.
IV) A pequena circulação tem por objetivo oxigenar e nutrir as células do corpo
e delas remover todo o gás carbônico e as impurezas.
V) Os átrios são as câmaras cardíacas inferiores e maiores das quais o sangue é
ejetado do coração. Por isso, os átrios são chamados de câmaras de ejeção.
Está correta a alternativa:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) III e IV.

127
4. Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa que contém proposições
corretas:
I) O pulmão direito é maior do que o esquerdo e apresenta mais lobos e fissuras.
II) Ao contrário do proposto acima, o pulmão esquerdo é maior do que o direito.
O esquerdo apresenta três lobos (superior, médio e inferior) e duas fissuras
(oblíqua e horizontal).
III) As principais estruturas de filtragem da linfa são os linfonodos, pois apresen-
tam muitas células imunológicas (como os linfócitos) as quais são capazes
de destruir microrganismos, células anômalas ou mesmo moléculas grandes
e inúteis.
IV) A drenagem linfática depende, em última instância, do ducto linfático direito
e do ducto torácico. Tais estruturas lançam a linfa nas artérias e, por isso,
pode-se dizer que o sistema linfático é auxiliar do sistema arterial.
V) A linfa localizada no meio intercelular é chamada de linfa intersticial enquanto
a linfa localizada nos capilares linfáticos é chamada de linfa circulante.

Está correta a alternativa:


a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) III e V.

128
5. Observe a imagem, leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa que con-
tém proposições corretas:
a) O número 1 representa a laringe.
b) O número 3 representa a laringe.
c) O número 6 representa o pulmão.
d) O número 3 representa a faringe.
e) O número 4 representa o brônquio.

129
FILME

Um ato de coragem
Elenco: Denzel Washington, Robert Duvall, James Woods
Ano: 2002
Sinopse: John Q. Archibald (Denzel Washington) é um homem comum, que traba-
lha em uma fábrica e vive feliz com sua esposa Denise (Kimberly Elise) e seu filho
Michael (Daniel E. Smith). Até que Michael fica gravemente doente, necessitando
com urgência de um transplante de coração para sobreviver. Sem ter condições
de pagar pela operação e com o plano de saúde de sua família não cobrindo tais
gastos, John se vê então numa luta contra o tempo pela sobrevivência de seu
filho. Em uma atitude desesperada, ele então decide tomar como refém todo
o setor de emergência de um hospital, passando a discutir uma solução para o
caso com um negociador da polícia (Robert Duvall) e com um impaciente chefe
de polícia (Ray Liotta), que deseja encerrar o caso o mais rapidamente possível.
Comentário: é um filme emocionante que mostra como a sobrevivência do
ser humano depende totalmente do adequado funcionamento do sistema
circulatório. Muito bom!

130
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. Terminologia Anatômica: ter-
minologia anatômica internacional. São Paulo: Manole, 2001.

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

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FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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-no-exercicio.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Gráfica
Editora Clichetec, 2014.

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NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema muscular. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 2012.

ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas fotográfico de anatomia
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