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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
PETRÓLEO – PPGCEP

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA REMEDIAÇÃO DE FASE LIVRE EM UM EMPREENDIMENTO DE


REVENDA DE COMBUSTÍVEIS

Evelyne Nunes de Oliveira Galvão

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva


Coorientadora: Dra. Aécia Seleide Dantas dos Anjos

Natal/RN, Janeiro de 2018


AVALIAÇÃO DA REMEDIAÇÃO DE FASE LIVRE EM UM EMPREENDIMENTO DE
REVENDA DE COMBUSTÍVEIS

Evelyne Nunes de Oliveira Galvão

Natal/RN, Janeiro de 2018

ii
iii
Evelyne Nunes de Oliveira Galvão

AVALIAÇÃO DA REMEDIAÇÃO DE FASE LIVRE EM UM EMPREENDIMENTO DE


REVENDA DE COMBUSTÍVEIS

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Ciência e
Engenharia de Petróleo PPGCEP da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciência e
Engenharia de Petróleo.
Aprovada em: 30 de janeiro de 2018.

Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva


Orientador – UFRN

Profª Dra. Elisama Vieira dos Santos


Membro Externo ao Programa – UFRN

Profª Dra. Luzia Patrícia Fernandes de Carvalho Galvão


Membro Externo à Instituição – UnP

Dra. Aécia Seleide Dantas dos Anjos


Membro Externo à Instituição – UFRN

Dra. Izabel Kaline da Silva Oliveira


Membro Externo à Instituição – UFRN
iv
Dedico este trabalho ao meu Senhor, Jesus Cristo, aquele que é o meu Pai, meu
Príncipe, meu Melhor e Eterno Amigo, meu Confidente, minha Rocha, minha
Fortaleza, minha Paz. Ao meu Amado Mestre.

v
AGRADECIMENTOS

Eu jamais teria concluído este trabalho sem a graça do meu amado Deus, por isso
agradeço a Ele em primeiro lugar, pois quando estive nos meus piores momentos, foi Ele quem
me deu a força, fé, paciência e conservou a minha saúde para que eu pudesse seguir em frente.
Ao meu esposo, Derley, que me compreendeu, incentivou e me ajudou de diversas
maneiras para que eu concluísse este trabalho. Tudo teria sido muito mais difícil sem você.
Obrigada por ser essa pessoa maravilhosa com tantos atributos, te amo!
À minha melhor amiga e porto seguro, minha mãe Ana, que é minha inspiração de ser
humano bondoso, paciente e perseverante. Ao meu pai, Everilson, que me mostra o grandioso
valor do trabalho e da honestidade através do seu exemplo de vida. Pais, muito obrigada pelo
cuidado e ensinamentos valiosos que moldaram o meu caráter e me trouxeram até aqui.
À minha irmã, Andréia e a minha tia Neide, pelos conselhos e torcida, vocês estão em
meus pensamentos todos os dias. À minha sobrinha, Ana Valentina, por iluminar a minha vida
e ser o pacotinho de amor, alegria e inocência em nosso lar. À minha companheira fiel, um
mimo que o Senhor me concedeu, minha cadelinha Anita, que me dá muita alegria e está sempre
ao meu lado nas longas horas de estudo.
Ao meu orientador, Professor Djalma, pela confiança em mim depositada e me receber
no laboratório, me aconselhar e me compreender quando mais precisei. Obrigada pela
preocupação e pela muita paciência ao longo desses anos. Sou muito grata por tudo o que
aprendi.
Às Professoras Teresa Neuma e Elisama Vieira, que apontaram as correções.
Aos meus dedicados amigos Raoni, Tarcila, Aécia, e Emily, que sempre estiveram
dispostos a ajudar, apontando os caminhos que me levaram a conseguir concluir esta pesquisa.
Aos amigos Marcella, Anderson e Fabíola que me ajudaram de forma impagável.
Aos demais amigos do laboratório que tenho tanto apreço e guardarei para sempre em
meu coração: Viviane, Karina, Bruna, Jildimara, Álvaro, Letícia, Júlio, Breno, Larissa,
Henrique, Rina, Philipp, Izabel, Beatriz, Allan, Vinícius, Dona Francisca, Seu Otaciano, e em
especial à minha gêmea, Yasmin. Agradeço a todos pelos bons momentos de alegria e
companheirismo.
Ao NUPPRAR e CAPES pelo suporte financeiro.
Ao MPRN que concedeu os dados para que eu pudesse realizar esta pesquisa.

vi
Cristo liberta

vii
GALVÃO, Evelyne Nunes de Oliveira – Avaliação da Remediação de Fase Livre em um
Empreendimento de Revenda de Combustíveis. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Área de Concentração: Pesquisa e
Desenvolvimento em Ciência e Engenharia de Petróleo. Linha de Pesquisa: Meio Ambiente na
Indústria do Petróleo, Natal – RN, Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva


Coorientadora: Dra. Aécia Seleide Dantas dos Anjos

RESUMO

As atividades envolvendo combustíveis derivados do petróleo são passíveis de riscos


ambientais graves quando associadas ao contato desses produtos com o solo, água e ar,
principalmente por processos corrosivos em sistemas armazenamento subterrâneos de
combustíveis presentes em postos revendedores. Este estudo de caso teve como objetivo avaliar
a eficiência da recuperação do LNAPL sobrenadante no aquífero de um empreendimento de
revenda de combustíveis localizado em Natal-RN. O estudo de caso foi realizado no período
compreendido entre 2012 e 2016, através da operação dos sistemas denominados como
Extração Multifásica e Dual Phase, fruto do Projeto de Adequação Ambiental dos Postos de
Combustíveis firmado entre o MPRN, SEMURB, UFRN e Corpo de Bombeiros. Os resultados
da avaliação dos dados indicaram resposta positiva para aplicação de remediação na área, pois
as espessuras de fase livre apresentaram atenuação ao longo dos meses de monitoramento. Foi
observada uma relação diretamente proporcional entre a pluviometria e o nível d’água no
interior dos poços, bem como relação inversamente proporcional do último com as espessuras
de fase livre, resultado do fenômeno do trapeamento. Após 29 meses de remediação em que se
procedeu o bombeamento, foram tratados 3.245,6 m³ de água subterrânea e recuperados 2.469,8
L de produto combustível, demonstrando a eficiência das técnicas aplicadas na área enquanto
mecanismos eficazes na correção de passivos em áreas contaminadas com produtos
petrolíferos.

Palavras-chave: Passivo Ambiental. Postos Revendedores de Combustíveis. Fase Livre.


Remediação.

viii
ABSTRACT

The activities involving the management of petroleum origin fuels are inherent to serious
environmental risks when associated with the contact of these products with the environment
by any means of entry, including cracks presents in underground storage tanks for liquid fuels
at gas stations. The present research has the objective of evaluate the Environmental Passive
Investigation carried out at a gas station in the city of Natal (RN), from which the free phase
thicknesses were evaluated in the monitoring wells as a function of pluviometrics indices of the
region and the remediation systems applied by signing a adjustment conduct term between the
entrepreneur and the public ministry, with the purpose of correcting the environmental
liabilities arising from the activities developed by the enterprise. The study area showed
persistence of free phase along 18 consecutive months, during which time a positive response
to the applied remediation technology was associated with the Multiphase Extraction and a
coherent relationship was established between the free phase thickness measured with the
seasonal variation of rainfall, which assumed an inverse proportional relationship. In these
terms, could be assessed that rainfall is a factor that interferes with remediation. The resurgent
free phase detected in 2015 after the remediation work stoppage was associated with possible
new contamination sources or logistical failures in which the last free phase measurements were
given at the end of 2013. After 29 months of remediation in which pumping was carried out,
was verified a fuel recovery product in the order of 2,469.79 liters, conferring the importance
of environmental liabilities in the environment quality preservation proposing effective
mechanisms in the remediation of the impacts caused by economic activities developed at social
environment.

Keywords: Environmental Liability. Fuel Retail Outlets. Free Phase. Remediation.

ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Zona não saturada e saturada do solo ...................................................................... 24


Figura 2 – Distribuição por atividade em São Paulo no ano de 2016 ...................................... 25
Figura 3 – Grupos de contaminantes em São Paulo no ano de 2016........................................ 26
Figura 4 – Formação das fases de contaminantes..................................................................... 27
Figura 5 – Subgrupos de contaminantes ................................................................................... 28
Figura 6 – Sistemática dos LNAPL’S e DNAPL’S no meio físico .......................................... 29
Figura 7 – Rota de evento carcinogênico para o benzo(a)pireno ............................................. 31
Figura 8 – Selo verde ................................................................................................................ 38
Figura 9 – Fases e estudos da Investigação de Passivo Ambiental .......................................... 39
Figura 10 – Estudos da Avaliação Preliminar .......................................................................... 41
Figura 11 – Estudos da Investigação Confirmatória Detalhada .............................................. 42
Figura 12 – Estudos da Caracterização Geoquímica ................................................................ 44
Figura 13 – Analisador de gases e medição de VOC’s ............................................................ 46
Figura 14 – Realização de sondagens a trado manual .............................................................. 47
Figura 15 – Amostragem de solo.............................................................................................. 47
Figura 16 – Tríade com condições básicas para existir o risco ................................................ 50
Figura 17 – Técnicas de remediação implantadas em São Paulo no ano de 2016 ................... 56
Figura 18 – Representação da técnica Extração Multifásica .................................................... 57
Figura 19 – Representação da técnica Dual Phase................................................................... 58
Figura 20 – Representação da técnica Bombeamento e Tratamento ........................................ 59
Figura 21 – Representação da técnica Extração De Vapores Do Solo ..................................... 60
Figura 22 – Mapa de localização da área do empreendimento................................................. 69
Figura 23 – Sistema Dual Phase instalado no posto ................................................................ 72
Figura 24 – Manta absorvente retirada de um poço do empreendimento estudado ................. 73
Figura 25 – Monitoramento da espessura de fase livre via amostrador (bailer) ...................... 74
Figura 26 – CSAO e filtro de carvão ativado do sistema de remediação ................................. 75
Figura 27 – Analisador Infracal TOG/TPH .............................................................................. 76
Figura 28 – Cromatógrafo gasoso com detector FID ............................................................... 77
Figura 29 – Planta detalhada do empreendimento.................................................................... 82
Figura 30 – Área do empreendimento e entorno imediato ....................................................... 83
Figura 31 – Mapa potenciométrico, fluxo da água subterrânea e localização das sondagens .. 85
Figura 32 – Croqui das instalações do posto ............................................................................ 87
Figura 33 – Pluma e malha de VOC’s à 1,0 m ......................................................................... 88
Figura 34 – Área do posto suspeita de contaminação .............................................................. 89
Figura 35 – Modelo Conceitual Inicial da área do posto. ......................................................... 89
Figura 36 – Fase livre encontrada no PM-10 ........................................................................... 91
Figura 37 – Pluma de fase livre em 2011 ................................................................................. 94
Figura 38 – Relação entre o IP e NA dos poços com bombas operados pela Empresa 1 ........ 98
Figura 39 – Relação entre o IP e NA dos poços sem bombas operados pela Empresa 1 ......... 99
Figura 40 – Relação entre o IP e NA em todos os poços monitorados pela Empresa 2 ......... 100
Figura 41 – Nível d’água e fase livre no PM-01 .................................................................... 102
Figura 42 – Nível d’água e fase livre no PM-26 .................................................................... 103
Figura 43 – Nível d’água e fase livre no PM-07 ................................................................... 104
Figura 44 – Pluma de fase livre em 2016 ............................................................................... 106
Figura 45 – Volume de líquidos e produto combustível tratado por mês............................... 107
Figura 46 – Volume de líquidos tratado por mês e acumulado .............................................. 108
Figura 47 – Volume de produto combustível recuperado por mês e acumulado. .................. 109
Figura 48 – Volume total de líquidos trabalhados por ambas as empresas ............................ 110

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos hidrocarbonetos do petróleo .................................................... 30


Tabela 2 – Valores de Investigação de BTEX e HPA’s ........................................................... 35
Tabela 3 – Metodologias analíticas de BTEX e HPA’s ........................................................... 48
Tabela 4 – Períodos de monitoramento da fase livre................................................................ 71
Tabela 5 – Técnicas de remediação e poços bombeados por empresa ..................................... 73
Tabela 6 – Características dos tanques do posto ...................................................................... 79
Tabela 7 – Monitoramento ambiental para matriz solo ............................................................ 92
Tabela 8 – Monitoramento ambiental para matriz água ........................................................... 93
Tabela 9 – Quantidade de horas trabalhadas pela Empresa 1................................................... 95
Tabela 10 – Quantidade de horas trabalhadas pela Empresa 2................................................. 96
Tabela 11 – Precipitações mensais nos meses de remediação.................................................. 96
Tabela 12 – Valores de OG e TPH medidos acima dos VMP ................................................ 111

xi
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Técnicas de remediação ......................................................................................... 53

xii
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AC – Área Contaminada
ACBR – Ação Corretiva Baseada no Risco
ANA – Agência Nacional das Águas
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
AS – Área Suspeita de Contaminação
ASTM – American Society for Testing and Materials
BTEX – Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos
CAERN – Companhia de Água e Esgotos do RN
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CG – Cromatografia Gasosa
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente
CSAO – Caixa Separadora de Água e Óleo
DC – Diesel Comum
DNA – Ácido Desoxirribonucleico
DNAPL – Dense Non-Aqueous Phase Liquid
D-S10 – Diesel S10
EC – Etanol Comum
EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
EVS – Extração de Vapores do Solo
FD – Fase Dissolvida
FL – Fase Livre
FR – Fase Retida
FV – Fase Vapor
GA – Gasolina Aditivada
GC – Gasolina Comum
GNV – Gás Natural Veicular
HPA – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos
ICD – Investigação Confirmatória Detalhada
IP – Índice Pluviométrico
IPA – Investigação de Passivo Ambiental
K – Condutividade Hidráulica ou Permeabilidade
LNAPL – Light Non-Aqueous Phase Liquid
MPE – Multi-Phase Extraction
MPRN – Ministério Público do Rio Grande do Norte
NA – Nível D’Água
NBR – Norma Brasileira
OG – Óleos e Graxas
PB – Poço de Bombeamento
pH – Potencial Hidrogeniônico
PM – Poço de Monitoramento

xiii
PPP – Princípio Poluidor Pagador
PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
PRC – Posto Revendedor de Combustível
RBCA – Risk Based Corrective Action
RN – Rio Grande do Norte
SASC – Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis
SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo
SQI – Substância Química de Interesse
SSAO – Sistema de Separação de Água e Óleo
SSTL – Site Specific Target Level
SVOC – Semi-Volatile Organic Compounds
TAC – Termo de Ajustamento de Conduta
TPH – Total Petroleum Hydrocarbons
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
VI – Valor de Investigação
VMP – Valor Máximo Permitido
VOC – Volatile Organic Compound

xiv
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 18
1.1OBJETIVOS .................................................................................................................... 20
1.1.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 20
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 20
2 ASPECTOS TEÓRICOS....................................................................................................... 22
2.1 CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NO AMBIENTE
URBANO ............................................................................................................................. 22
2.1.1 CONTAMINAÇÃO ORIUNDA DOS POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS ......... 24
2.1.1.1 Fases dos Contaminantes .................................................................................. 26
2.1.1.2 Classificação dos Contaminantes ..................................................................... 28
2.1.1.3 Hidrocarbonetos do Petróleo e a Saúde Humana ............................................. 30
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................................... 32
2.2.1 HISTÓRICO ................................................................................................................ 32
2.2.2 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 273/00 ........................................................................... 33
2.2.3 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 420/09 ........................................................................... 33
2.3 INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL (IPA) ................................................. 35
2.3.1 PRINCÍPIO POLUIDOR PAGADOR (PPP) ..................................................................... 36
2.3.2 INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL EM NATAL ................................................ 37
2.3.2.1 Metodologia da Investigação de Passivo Ambiental ........................................ 38
2.3.2.1.1 Avaliação Preliminar e Investigação Confirmatória (Fase 1) ................... 40
2.3.2.1.2 Investigação Confirmatória Detalhada (Fase 2) ........................................ 42
2.3.2.1.3 Avaliação de Risco (Fase 3) ...................................................................... 49
2.3.2.1.4 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Fase 4) ............................... 51
2.4 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO ................................................................................... 53
2.4.1 EXTRAÇÃO MULTIFÁSICA ......................................................................................... 56
2.4.2 DUPLA FASE (DUAL PHASE) ..................................................................................... 58
2.4.2.1 Bombeamento e Tratamento (Pump and Treat) ................................................ 59
2.4.2.2 Extração de Vapores do Solo (EVS) ................................................................ 60
2.4.3 REMEDIAÇÃO PASSIVA ............................................................................................. 61
3 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................. 63
3.1 ESTUDOS SOBRE INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL .......................... 63
3.2 ESTUDOS SOBRE TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL .......................... 64
xv
4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 69
4.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 69
4.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ................................................................ 70
4.1.2 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO ............................................................................ 70
4.2 PERÍODOS DE MONITORAMENTO DA FASE LIVRE ............................................ 70
4.3 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ...................................... 71
4.3.1 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO EMPREGADAS ............................................................... 71
4.4 MONITORAMENTO DA REMEDIAÇÃO................................................................... 73
4.4.1 MEDIÇÕES DO NÍVEL D’ÁGUA E ESPESSURA DAFASE LIVRE .................................... 73
4.4.2 MONITORAMENTO NA SAÍDA DA REMEDIAÇÃO ........................................................ 75
4.4.3 DADOS DE PRECIPITAÇÃO ......................................................................................... 77
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 79
5.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ....................................................... 79
5.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO .............................................................................. 83
5.1.2 GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA .................................................................................. 84
5.2 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO....................................................................... 86
5.2.1 HISTÓRICO DAS REFORMAS ...................................................................................... 86
5.2.2 HISTÓRICO DAS INVESTIGAÇÕES DE PASSIVO AMBIENTAL ....................................... 87
5.3 MONITORAMENTO DA REMEDIAÇÃO................................................................... 95
5.3.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO ............................... 95
5.3.2 RELAÇÃO DA PLUVIOMETRIA COM O NÍVEL D’ÁGUA ............................................... 96
5.3.3 MONITORAMENTO DA ESPESSURA DE FASE LIVRE ................................................. 101
5.3.4 VOLUMES DE ÁGUA BOMBEADA E PRODUTO COMBUSTÍVEL RECUPERADO ........... 107
5.3.5 MONITORAMENTO NA SAÍDA DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO ............................... 110
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 113
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 119
ANEXOS ................................................................................................................................ 121

xvi
Capítulo 1

INTRODUÇÃO
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 1: Introdução

1 INTRODUÇÃO

O meio ambiente vem sendo contaminado com compostos tóxicos provenientes


principalmente do petróleo e seus derivados. Quando esses produtos entram em contato com a
água, ar e solo, através de vazamentos e/ou derramamentos, podem contaminar o aquífero de
uma região, daí a necessidade de estudos envolvendo meios capazes de reparar os danos
ambientais causados nesse contexto.
Nos países industrializados tem sido constatada a existência de centenas de milhares de
tanques de aço enterrados, armazenando derivados de hidrocarbonetos em postos de revenda
de combustíveis. Além disso, produtos do petróleo são transportados ao longo de milhares de
quilômetros de oleodutos subterrâneos através dos continentes. Caminhões tanques,
transportando óleo e gasolina, estão permanentemente circulando. Essas fontes estão quase
sempre ameaçando deteriorar a qualidades das águas subterrâneas (FEITOSA; et al., 2008).
O maior problema da contaminação com derivados de petróleo está relacionado a dois
grupos predominantes de compostos orgânicos, os hidrocarbonetos monoaromáticos Benzeno,
Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos (BTEX), e os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos
(HPA’s). Esses hidrocarbonetos possuem alta mobilidade em água e facilidade de volatilização,
apresentando risco de contaminação por inalação.
Segundo Relatório Anual de Qualidade da Água da Companhia de Água e Esgotos do
RN (CAERN), 70% do abastecimento de água à população da cidade de Natal vem sendo
realizado através da exploração de poços tubulares, enquanto 30% do abastecimento são feitos
pelo manancial da lagoa do Jiqui, pertencente à Bacia Hidrográfica Pirangi. Isto é, a água do
lençol freático da região é amplamente utilizada para consumo humano (CAERN, 2017).
Nesse sentido, cabe ressaltar um aspecto importante envolvido na exploração de poços
tubulares, quando o lençol freático da região se encontra contaminado: a velocidade de
bombeamento dos poços no sentido de captar água é diretamente proporcional à parcela do
contaminante a ser capturada pelo poço em exploração no caso de existir poluentes presentes
no meio físico (SPIRO; STIGLIANI, 2009). Esse princípio pode ser usado para remoção da
contaminação quando instalado um sistema adequado para esse fim, ou seja, um método capaz
de recuperar a qualidade das águas subterrâneas através do uso de técnicas de remediação.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução nº 273/00
considera que “toda instalação e sistemas de armazenamento de derivados de petróleo e outros
combustíveis se configuram como empreendimentos potencialmente ou parcialmente

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 18


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 1: Introdução

poluidores e geradores de acidentes ambientais” (BRASIL, 2000, p. 800). Os locais ocupados


pelos Postos Revendedores de Combustíveis (PRC’s) são vulneráveis a riscos ambientais
severos, em virtude das possíveis falhas presentes nos Sistemas de Armazenamento
Subterrâneo de Combustíveis (SASC).
Pode ocorrer contaminação do aquífero por compostos orgânicos advindos dos
combustíveis líquidos vazados que migram através do solo e geralmente se acumulam em
reservatórios no subsolo, de onde lentamente penetram o nível d’água no decorrer de um longo
período (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
Desse modo, o cenário ambiental e social no qual este estudo de caso foi realizado
propõe acentuado risco à saúde humana desde que as atividades envolvendo substâncias
químicas tóxicas estejam sendo exercidas de forma irresponsável por parte dos
empreendimentos que estocam e comercializam combustíveis. Por isso, a regulamentação das
atividades dos postos de combustíveis se tornou uma das principais preocupações das
legislações ambientais.
Nessa conjuntura a Investigação de Passivo Ambiental (IPA) assume grande relevância,
sendo definida por Dias (2012) como um conjunto de atividades voltadas à identificação e
avaliação de todos os problemas ambientais existentes em um empreendimento e que foram
gerados no passado. De modo que envolve a busca por qualidade ambiental, bem como protege
a saúde humana.
Em 2009, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) iniciou as
investigações nos PRC’s de Natal, desvendando a situação nas quais esses empreendimentos
vinham realizando as suas atividades. Como resultado, foram detectadas áreas contaminadas
com produto combustível oriundo dos SASC.
Realizada por empresas de campo especializadas na área, a IPA de um posto revendedor
de combustíveis localizado em Natal, tomado neste estudo de caso por apresentar histórico
crítico em função de vazamento de diesel, se configura como meio fornecedor dos dados
avaliados neste trabalho, os quais são frutos do projeto de adequação ambiental regido pelo
MPRN, que adota a Resolução CONAMA nº 420/09 para estabelecer valores orientadores da
qualidade do solo e águas subterrâneas. Sendo assim, os dados discutidos nesta pesquisa são
públicos e fornecidos pelo MPRN.
Nesta pesquisa foram avaliados os resultados provenientes da remediação realizada
entre os anos de 2012 a 2016, de uma área contaminada com produto em fase livre (combustível
sobrenadante ou flutuante na água subterrânea) com o objetivo de restabelecer os padrões
salubres do solo e da água subterrânea. Através do monitoramento das espessuras de fase livre
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 19
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 1: Introdução

ao longo dos meses de remediação, foi estabelecida conclusão acerca da eficiência das técnicas
empregadas, denominadas como Extração Multifásica e Dual Phase.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a eficiência da remediação de fase livre em um empreendimento revendedor de


combustíveis em Natal-RN.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Avaliar os resultados da remediação através do levantamento das espessuras da fase


livre a cada mês;
 Comparar a influência da sazonalidade do Índice Pluviométrico (IP) da região com o
Nível D’Água (NA) medidos nos poços;
 Compreender o comportamento da espessura da fase livre a partir da variação do (NA);
 Discutir a eficiência dos sistemas de remediação a partir do monitoramento dos
parâmetros Óleos e Graxas (OG) e dos Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (TPH’s) (do
inglês Total Petroleum Hydrocarbons);
 Avaliar o volume de água tratada e o volume de produto combustível recuperado pelos
sistemas de remediação.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 20


Capítulo 2

ASPECTOS TEÓRICOS
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

2 ASPECTOS TEÓRICOS

2.1 CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NO AMBIENTE


URBANO

“Estima-se que o crescimento da população mundial em aproximadamente 20 anos


demandará 17% do aumento da disponibilidade de água para irrigação e 70% para
abastecimento urbano, que associado aos demais usos, deverá representar acréscimo de 40% na
demanda total” (MAY, 2010, p. 334). É nítido que na medida em que o contingente
populacional aumenta no mundo, a demanda por todos os recursos também siga a mesma
proporção. As preocupações e ações no sentido de preservar os meios que provêm às
necessidades humanas devem ser levadas a sério.
Durante a urbanização, os espaços permeáveis, inclusive áreas vegetadas e bosques, são
convertidos para usos que, geralmente, provocam o aumento de áreas com a superfície
impermeável, resultando no aumento de volume de escoamento superficial. Ou seja, a
impermeabilização influencia diretamente os cursos d’água urbanos através do aumento
dramático no escoamento superficial em ocorrência de tempestades, com reduções
proporcionais na recarga das águas subterrâneas com diminuição da capacidade de infiltração
do solo. Associado a isso se pode notar elevação do pico de descargas do aquífero, com
diminuição do tempo necessário para que o escoamento superficial alcance o curso d’água e
aumento da frequência e magnitude dos alagamentos. Porém, as perturbações hidrológicas
geralmente produzem efeitos muito mais prejudiciais na qualidade da água do que em sua
quantidade (ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA, 2009). Nesse sentido o escoamento superficial
assume relação com a contaminação.

O escoamento superficial urbano é o fenômeno da saturação do meio em que


o fluido (água, por exemplo) se precipita ocorrendo o acúmulo superficial, que
então é escoado para uma cota inferior. Com a precipitação em centros
urbanos, ocorre o escoamento superficial nas áreas impermeabilizadas, como
por exemplo, os telhados, calçadas, ruas e avenidas, conduzindo os poluentes
depositados nestas superfícies até os rios receptores. Enchentes e alagamentos
além de causarem destruição, são responsáveis por causarem doenças, pois
carregam depósitos de resíduos e materiais orgânicos, contaminando todo o
local em que passam (MATSUBARA, 2015, p. 29-30).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 22


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

A urbanização geralmente resulta em alterações nas características físicas, químicas e


biológicas das bacias hidrográficas. Além disso, conforme a densidade populacional aumenta,
há também um aumento correspondente nas cargas de poluentes geradas pelas atividades
humanas. Esses poluentes entram nas águas superficiais, via escoamento superficial, sem serem
submetidos a nenhum tipo de tratamento (ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA, 2009).
Spiro e Stigliani (2009) também explicam a contaminação da água nos poços de
captação através da percolação dos contaminantes através do solo, o qual possui capacidade de
absorver contaminantes. Entretanto, quando essa capacidade é ultrapassada os contaminantes
penetram nos aquíferos.
Os poluentes que ocorrem em áreas urbanas variam enormemente, desde a matéria
orgânica comum até metais altamente tóxicos. Outros tipos de poluentes, inclusive os gases
provenientes das descargas dos automóveis e os pingos de óleo provenientes dos carros, são o
resultado indireto das atividades urbanas (U.S.EPA, 1977 apud ARAUJO; ALMEIDA;
GUERRA, 2009). Há muito tempo existe a preocupação da contaminação do solo por meio do
óleo de origem fóssil, de modo que essa questão configura um vasto campo no qual muitas
áreas da Ciência convergem para o objetivo de propor meio pelos quais a contaminação não
ocorra e, no caso da existência da contaminação, esses campos do saber buscam caminhos
capazes de solucionar ou amenizar os efeitos nocivos desses poluentes para o meio ambiente.
Feitosa et al. (2008) destacam que a importância da água subterrânea para o consumo
doméstico, principalmente, decorre do fato de poder ser captada no meio urbano. A zona não
saturada (chamada também de zona de aeração ou vadosa) do solo, através da qual a água
infiltra, funciona como um verdadeiro filtro bio-geoquímico de depuração, excluindo as
substâncias indesejáveis e protegendo a água subterrânea dos agentes de degradação da sua
qualidade. Entretanto, quando na zona não saturada do solo são lançados altos índices de
contaminantes, a sua função filtrante fica comprometida e as águas subterrâneas são atingidas
pelos compostos nocivos para a saúde do meio ambiente e, consequentemente, humana. As
zonas do solo pelas quais os contaminantes são percolados (Figura 1), zonas saturada e
insaturada, permitem que os hidrocarbonetos fluam através dos meios até atingir os
reservatórios de água subterrâneos.

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Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 1 – Zona não saturada e saturada do solo

Fonte: SOUZA, 2016.

“A zona não saturada tem os seus espaços vazios ocupados por água e ar. Um
derramamento de óleo (ou derivado de petróleo) na superfície do solo gera uma terceira fase
fluida que, sob o efeito da força gravitacional, vai competir pelo espaço poroso disponível”
(FEITOSA et al., 2008, p. 386).
A degradação das condições do solo é uma questão séria, pois não é facilmente
reversível, uma vez que processos de formação e regeneração do solo são muito lentos
(ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA, 2009). Sendo assim, a prevenção é sempre o caminho mais
indicado, contudo as medidas de remediação são vastamente aplicadas em função do alto índice
de casos que necessitam de medidas corretivas e reparadoras dos danos ambientais causados.

2.1.1 CONTAMINAÇÃO ORIUNDA DOS POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS

Entre os principais componentes dos combustíveis à base de petróleo estão os


hidrocarbonetos, os quais representam 98% da composição total de um produto petrolífero
(CLARK; BROWN, 1970 apud ZAGATTO; BERTOLETTI, 2008).
Os combustíveis líquidos da era do petróleo possibilitaram o desenvolvimento de meios
eficazes de transporte, do avião ao automóvel e às locomotivas de diesel. Por outro lado, as
atividades envolvendo esses produtos podem acarretar em acidentes ambientais. Nas áreas
urbanas, os aquíferos podem ser contaminados por derramamentos e vazamentos de
contaminantes oriundos dos combustíveis estocados pelos postos de combustíveis (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).

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Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Souza (2016) descreve que as causas da contaminação oriunda das atividades de um


posto dizem respeito, inicialmente, aos aspectos construtivos, tais como a pavimentação mal
executada, o mal assentamento das tubulações que fazem a ligação entre bombas e tanques,
bem como a alvenaria das caixas separadoras que muitas vezes não são impermeabilizadas
corretamente. Os materiais usados também influenciam no risco de acidentes de contaminação:
tanques e tubulações de má qualidade ou muito velhos podem sofrer corrosão e microfissuras
devido à baixa resistência do material. Muitas das falhas ocorrem no subsolo, dificultando a
identificação do problema até que seja constatada a contaminação.
No Estado de São Paulo, os postos de combustíveis se destacaram com 4.137 registros
(73%) do total de áreas cadastradas, seguidos das atividades industriais com 1.002 (18%),
atividades comerciais com 300 (5%), instalações para destinação de resíduos com 172 (3%) e
dos casos de acidentes, agricultura e fonte de contaminação de origem desconhecida com 51
(1%), conforme a Figura 2.

Figura 2– Distribuição por atividade em São Paulo no ano de 2016

Fonte: CETESB, 2016 (adaptado).

Os principais grupos de contaminantes encontrados no Estado de São Paulo (Figura 3)


refletem a quantidade de áreas contaminadas pela atividade de revenda de combustíveis,
destacando-se solventes aromáticos (basicamente representados pelo grupo BTEX),
combustíveis automotivos, HPA’s, metais, TPH’s e solventes halogenados (CETESB, 2016).

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Figura 3 – Grupos de contaminantes em São Paulo no ano de 2016

Fonte: CETESB, 2016 (adaptado).

2.1.1.1 Fases dos Contaminantes

Em muitos países são comuns os problemas de vazamento de combustíveis através da


corrosão de tanques de armazenamento, que tendem a contaminar as águas subterrâneas. O óleo
e gasolina são menos densos do que a água e imiscíveis nela, por isso esses produtos migram
inicialmente na zona não saturada do solo e percolam até a zona saturada (FEITOSA; et al.,
2008). O processo da formação das fases de contaminantes procedentes do combustível
derramado/vazado pode ser observado na Figura 4.

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Figura 4 – Formação das fases de contaminantes

Fonte: SOUZA, 2016 (adaptado).

As fases dos contaminantes em subsuperfície se dividem em:

Fase Vapor (FV): São hidrocarbonetos leves de cadeia curta que apresentam
baixo ponto de ebulição devido às baixas forças de atração moleculares,
volatilizando e formando a fase de vapor, que pode condensar e adsorver-se
no solo ou dissolver-se na água. A descarga de vapores do solo por
constituintes voláteis pode confinar os gases e causar riscos de explosões, bem
como poluir a atmosfera inalada por trabalhadores e/ou moradores próximos
aos locais de confinamento dos gases. Em uma investigação de passivo
ambiental, esses gases servem como indicadores de contaminação, sendo
conhecidos como Compostos Orgânicos Voláteis (VOC’s).

Fase Líquida Residual ou Fase Retida (FR): São resíduos líquidos adsorvidos
ou retidos no solo.

Fase Líquida Livre ou Fase Livre (FL): É o combustível sobrenadante ou


flutuante na água.

Fase Dissolvida (FD): É formada quando a fase líquida livre em contato com
o nível d’água subterrâneo na franja capilar (camada porosa do solo
preenchida por água subterrânea, ascendente a partir do lençol freático)
dissolve os componentes solúveis presentes na LNAPL (do inglês Light Non-
Aqueous Phase Liquid), formando a chamada pluma de fase dissolvida que se
distribui por difusão (através do seu próprio movimento) e advecção (através
do fluxo de água subterrânea). Esses processos são responsáveis pelo
transporte de contaminantes através de áreas bastante extensas (MARIANO,
2006; HUNTLEY; BECKETT, 2002; KARAPANAGIOTI et al., 2003 apud
RAMALHO, 2013, p. 34).

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A baixa solubilidade dos combustíveis em água limita a extensão da contaminação,


porém os aditivos usados com finalidade de aumentar o índice de octanagem proporcionam a
solubilidade dos combustíveis líquidos na água, facilitando a mobilidade dos hidrocarbonetos
em meios contaminados e permitindo deslocamento a uma grande distância do local de
vazamento (SPIRO; STIGLIANI, 2009).

2.1.1.2 Classificação dos Contaminantes

A realidade dos centros urbanos envolve a suspeita e/ou confirmação da presença de


hidrocarbonetos do petróleo no solo e/ou águas subterrâneas proveniente das atividades de
manuseio e armazenamento de combustíveis líquidos por postos revendedores. Araujo,
Almeida e Guerra (2009) descrevem que esses orgânicos possuem grande afinidade com
sedimentos, se acumulando e persistindo por longos períodos.
O processo de geoacumulação ocorre na medida em que os materiais dissolvidos e
particulados, de natureza orgânica, adentram um ambiente aquático e invariavelmente se
associam através de processos de superfície, como a adsorção, aos particulados suspensos
preexistentes no ambiente e, subsequentemente, tendem a se decantar no fundo desses
ambientes, passando assim a fazer parte dos sedimentos (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2008).
Os contaminantes provenientes dos combustíveis líquidos, imiscíveis na água, foram
classificados na literatura em dois subgrupos (Figura 5), de acordo com as suas densidades.

Figura 5 – Subgrupos de contaminantes

Gasolina
LNAPL's
Densidade menor
(fase líquida não- que a da água
aquosa leve)
NAPL's Diesel
(fase líquida não-
aquosa)
DNAPL's
Densidade maior
(fase liquída não- Solventes Clorados
que a da água
aquosa densa)

Fonte: AUTOR, 2018.

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Os LNAPL’s (do inglês Light Non-Aqueous Phase Liquid) é o grupo de substâncias


orgânicas menos densas que a água e insolúveis na mesma, contaminantes comuns em zonas
agrárias, industriais e urbanas, provenientes da gasolina e diesel. Difundem-se ao longo da
superfície do nível freático formando uma capa. As flutuações do nível freático podem
introduzir os LNAPL’s em intervalos de maiores profundidades e dessa forma, uma parte
residual fica presa abaixo do lençol freático (RAIMUNDO, 2013). Contaminantes incluídos
nesta classificação formam a fase livre, objeto desta pesquisa.
Em contrapartida, os DNAPL’s (do inglês Dense Non-Aqueous Phase Liquid) podem
ser definidos como grupo de substâncias mais denso que a água, portanto difundem-se abaixo
do nível freático, sendo oriundos de atividades industriais (SOUZA, 2016). A localização
subterrânea desses contaminantes no meio físico pode ser visualizada na Figura 6.

Figura 6 – Sistemática dos LNAPL’S e DNAPL’S no meio físico

Fonte: HIDROPLAN, 2017.

Em resumo, a partir de um vazamento de um LNAPL na zona não-saturada, o


combustível sobrenadante na água migra por gravidade até atingir o topo da franja capilar, onde
se acumulará e passará a migrar lateralmente (OLIVEIRA, 2016). Formando-se as plumas de
contaminantes como se conhece. Poços próximos a essas zonas contaminadas poderão
apresentar LNAPL em seu interior se acumulando sobre a água que para ali também migrou.

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2.1.1.3 Hidrocarbonetos do Petróleo e a Saúde Humana

Zagatto e Bertoletti (2008) apontam que existe crescente preocupação associada à


presença de substâncias químicas potencialmente nocivas ao ambiente. Indivíduos e animais
podem entrar em contato com agentes químicos através do ar que respiram, do alimento que
ingerem e da pele. Uma vez absorvidas, essas substâncias atingem a circulação sanguínea e se
distribuem pelo organismo. O conhecimento das propriedades químicas e físicas dos
contaminantes é necessário para prever e compreender, por exemplo, os locais onde ocorrerão
maiores concentrações desses compostos.
Os hidrocarbonetos são classificados como um grupo de compostos orgânicos
xenobióticos (compostos químicos estranhos a um sistema biológico), normalmente
encontrados nos sedimentos, sendo de baixa solubilidade na água. Esses compostos, ao
alcançarem a coluna d’água, através de processos de percolação e/ou lixiviação dos solos, são
incorporados ao material particulado e, posteriormente, se acumulam nos sedimentos. São
características comuns a todos esses compostos a baixa reatividade no ambiente e a alta
hidrofobicidade, o que lhes confere altos tempos de residência nos sedimentos (ZAGATTO;
BERTOLETTI, 2008). As características dos hidrocarbonetos pertinentes ao óleo diesel e
gasolina, bem como as suas relações no meio ambiente e saúde humana, foram relacionadas na
Tabela 1.

Tabela 1 – Características dos hidrocarbonetos do petróleo


CARACTERÍSTICA BTEX HPA's
Combustível Gasolina Óleo Diesel
Nº de Átomos de
Carbono¹ 4 a 12 12 a 20
Densidade² Baixa Alta
Potencial de
Infiltração Alto Baixo
Mobilidade Alta Baixa
Volatilidade Alta Baixa
Depressores do sistema nervoso central
Benzeno: Leucemia Aguda Potencial
Riscos para a Saúde
Tolueno e Xilenos: Distúrbios da fala, visão, Carcinogênico
audição e músculos.
Fonte: SOUZA, 2016 (adaptado).
¹Influência direta na densidade; ²Influência direta no Potencial de Infiltração e Mobilidade.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 30


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Os hidrocarbonetos monoaromáticos, tais como o benzeno, são os mais tóxicos em


virtude de sua solubilidade elevada na água. Essas moléculas mais leves são também as mais
voláteis e evaporam rapidamente. Ou seja, são mais propensos a entrarem em contato com o
ser humano (SPIRO; STIGLIANI, 2009).
O monitoramento ambiental de um local no qual houve vazamento de diesel espera
encontrar maiores índices de HPA’s em camadas mais profundas do solo, devido à densidade
que acompanha esse tipo de combustível, porém cabe ressaltar que o óleo diesel possui menor
potencial de infiltração em comparação com a gasolina, cuja contaminação é caracterizada por
maiores índices de BTEX nas zonas mais próximas da superfície topográfica, com maior
facilidade de expansão devido a sua maior mobilidade. Entretanto, ambas as formas de
contaminação são extremamente danosas, uma vez que acarretam em sérios comprometimentos
do sistema imunológico do ser humano.
Há evidências de efeitos mutagênicos de alguns compostos de petróleo, em especial o
benzo(a)pireno, do grupo dos HPA’s, e o benzeno, do grupo do BTEX. São considerados
também como agentes genotóxicos por interagir com o ácido desoxirribonucleico (DNA)
alterando sua estrutura ou função. Quando essas alterações se fixam e são transmitidas,
denominam-se mutações. As consequências estão relacionadas com o aumento da incidência
de câncer, doenças hereditárias, do desenvolvimento e os efeitos negativos sobre a
biodiversidade (ZAGATTO; BERTOLETTI, 2008). A ativação carcinogênica do
benzo(a)pireno pode ser vista na Figura 7.

Figura 7 – Rota de evento carcinogênico para o benzo(a)pireno

Fonte: VOLLHARDT; SCHORE, 2013.

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Vollhardt e Schore (2013) explicam que o epóxido intermediário do benzo(a)pireno é


ativado por ação enzimática, de modo que o evento carcinogênico ocorre pelo ataque
nucleofílico do nitrogênio do grupo amina da guanina, uma das bases do DNA. A guanina
alterada afeta a dupla hélice do DNA, levando à replicação imperfeita da molécula.
O papel que o ambiente desempenha na etiologia do câncer é mais evidente, tendo em
vista que 90% dos tipos de câncer encontrados são carcinomas, ou seja, câncer das células que
recobrem os órgãos (pele, intestino, pulmão, etc.) e são elas que estão de alguma maneira em
contato com o ambiente. É cada vez mais evidente epidemiológicas da alta taxa de tumores em
indivíduos expostos a compostos mutagênicos, tais como BTEX e HPA’s (ZAGATTO;
BERTOLETTI, 2008).
Nesse sentido, Araujo, Almeida e Guerra (2009) argumentam que o mau uso da terra
pode provocar danos ambientais que repercutem em prejuízos para o homem ou mesmo em
perdas de vidas humanas.

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

2.2.1 HISTÓRICO

No âmbito da proteção das águas, o Brasil vem buscando estruturar um processo


sustentável de reversão da degradação dos corpos hídricos nacionais e prover uma alocação
mais racional da água em zonas que já apresentam graves problemas de escassez (MAY, 2010).
No campo institucional, o marco inicial foi a aprovação de Lei de Recursos Hídricos do Estado
de São Paulo, em 1992, iniciativa seguida por diversos outros Estados. Esse processo culminou
na aprovação da Lei Federal de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433/97. Outro marco importante
foi a Lei nº 9.984/00, que criou a Agência Nacional das Águas (ANA), incumbida da
implantação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
Nota-se que essas ações são relativamente recentes considerando a história do Brasil,
porém os trabalhos de vigilância e correção de atividades poluidoras têm seu papel relevante
no contexto da prevenção e manutenção da qualidade do meio ambiente em qualquer época.
No caso da definição das normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, a União Federal, através da Política Nacional do Meio Ambiente,
Lei nº 6.938/81, remeteu essa atribuição ao CONAMA, permitindo que os Estados e os
municípios elaborem normas supletivas e complementares aos padrões relacionados com o
meio ambiente, com observância do que foi estabelecido pelo CONAMA (DIAS, 2012).
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 32
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Além da observância das Leis Federais, a operação dos postos de combustíveis deve
respeitar, também, legislações das esferas menores dos Estados e municípios, conforme a Lei
nº 6.938/81, Resoluções do CONAMA (ao qual foi dado legitimidade de órgão regulador em
esfera federal), Portarias e Resoluções da Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural(ANP),
bem como as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), específicas para
o contexto dos postos. O Anexo 1 lista os documentos legais pertinentes ao tema.

2.2.2 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 273/00

Os interessados em instalar e operar postos revendedores de combustíveis, postos de


abastecimento, sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis deverão atender às
exigências da Resolução CONAMA nº 273/00, que estabelece diretrizes para o licenciamento
ambiental de postos de combustíveis e serviços e dispõe sobre a prevenção e controle da
poluição.
A referida Resolução estabelece que todas as atividades dos postos dependem do
licenciamento do órgão ambiental, sendo exigidas as licenças:

Licença Prévia (LP): Concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes
a serem atendidos nas próximas fases da sua implementação.

Licença de Instalação (LI): Autoriza a instalação do empreendimento com as


especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual
constituem motivo determinante.

Licença de Operação (LO): Autoriza a operação da atividade, após a


verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com
as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a
operação (BRASIL, 2000, p. 2).

2.2.3 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 420/09

A Resolução CONAMA nº 420/09 foi adotada em Natal pelo MPRN enquanto


legislação que define os critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença
de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas
contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 33


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De acordo com essa Resolução, para o gerenciamento de áreas contaminadas, os


procedimentos e ações de investigação e gestão, devem contemplar as seguintes etapas:

Identificação: Etapa em que serão identificadas áreas suspeitas de


contaminação com base em avaliação preliminar, e, para aquelas em que
houver indícios de contaminação, deve ser realizada investigação
confirmatória.

Diagnóstico: Etapa que inclui a investigação detalhada e avaliação de risco,


com o objetivo de subsidiar a etapa de intervenção, após a investigação
confirmatória que tenha identificado substâncias químicas em concentração
acima do valor de investigação.

Intervenção: Etapa de execução de ações de controle para eliminação do


perigo ou redução, a níveis toleráveis, dos riscos identificados na etapa de
diagnóstico, bem como o monitoramento de eficácia das ações executadas,
considerando o uso atual e futuro da área (BRASIL, 2009, p. 6).

Estabelece que a proteção do solo deve ser realizada de maneira preventiva, a fim de
garantir a manutenção da sua funcionalidade ou, de maneira corretiva, visando restaurar sua
qualidade ou recuperá-la. Nesse sentido, define remediação enquanto: “uma das ações de
intervenção para reabilitação de área contaminada, que consiste em aplicação de técnicas,
visando a remoção, contenção ou redução das concentrações de contaminantes” (BRASIL,
2009, p. 3).
A avaliação da qualidade do solo e das águas subterrâneas deve ser efetuada com base
na lista de Valor de Investigação (VI) presente na própria Resolução: VI é a concentração de
determinada substância acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde
humana (BRASIL, 2009).
Os valores máximos para as concentrações dos hidrocarbonetos oriundos dos
combustíveis líquidos no solo e nas águas subterrâneas, acima dos quais há riscos para a saúde
humana estão descritos na Tabela 2. O respeito a esses valores permitem avaliar a região
positivamente em termos da qualidade dos meios físicos.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 34


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Tabela 2 – Valores de Investigação de BTEX e HPA’s


PARÂMETRO VI RESIDENCIAL VI
BTEX SOLO (mg/Kg) ÁGUA (μg/L)
Benzeno 0,08 5,00
Tolueno 30,00 700,00
Etilbenzeno 40,00 300,00
Xilenos 30,00 500,00
HPA
Antraceno - -
Benzo(a)antraceno 20,00 1,75
Benzo(k)fluoranteno - -
Benzo(g,h,i)perileno - -
Benzo(a)pireno 1,50 0,70
Criseno - -
Dibenzo(a,h)antraceno 0,60 0,18
Fenantreno 40,00 140,00
Indeno(1,2,3-c,d)pireno 25,00 0,17
Naftaleno 60,00 140,00
Fonte: BRASIL, 2009 (adaptado).

2.3 INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL (IPA)

Sánchez (2008) ressalta que os estudos de impacto ambiental não são, na prática,
limitados às repercussões físicas e ecológicas dos projetos de desenvolvimento, mas incluem
também seus efeitos nos planos econômico, social e cultural. Esse é caso do monitoramento das
instalações e atividades desenvolvidas pelos postos de gasolina. As falhas detectadas envolvem
altos gastos na tentativa de corrigir as consequências da falta de planejamento.
A possibilidade de se medir a poluição e estabelecer padrões ambientais permitem que
sejam definidos com clareza os direitos e as responsabilidades do poluidor e do fiscal (os órgãos
públicos). Abre também campo para estudos científicos que definam a capacidade de
assimilação do meio, estabelecendo, dessa forma, os padrões ambientais, os quais estão em
contínua evolução, sendo fruto de pesquisas que tendem a aprofundar o conhecimento dos
processos naturais, dos efeitos dos poluentes sobre o homem e os ecossistemas e dos efeitos
sinérgicos e cumulativos de diferentes poluentes (SÁNCHEZ, 2008).
Os Passivos Ambientais representam os custos financeiros, muitas vezes ocultos,
associados ao controle e reversão dos impactos das atividades econômicas sobre o meio natural.
Consiste em um valor monetário que procura expressar, ainda que sob a forma de estimativa,
qual o gasto total que determinada empresa ou instituição deverá arcar no futuro em decorrência

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 35


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dos impactos ambientas gerados por sua atividade produtiva. Envolve todo impacto negativo,
previsto ou não nas fases anteriores à implantação e operação do empreendimento, percebidos
a posteriori, sem que se tenha buscado repará-lo. De acordo com a legislação vigente, os custos
previstos pelos Passivos Ambientais são da responsabilidade social do empreendedor
(QUINTIERE, 2010).
A IPA faz uso de mecanismos capazes de aplicar leis e normas que regulam as atividades
desenvolvidas por diversos empreendimentos com o intuito de preservar o meio ambiente. No
âmbito deste estudo de caso, foi dada ênfase à metodologia adotada no cumprimento das fases
que compõem a investigação das atividades executadas na realidade dos postos que
comercializam e armazenam combustíveis de origem petrolífera. Ao aplicar o conceito de
poluidor pagador, todos os estudos desenvolvidos na IPA são de responsabilidade do
empreendedor, que custeia o planejamento e execução dos mecanismos que diagnosticam e
corrigem as possíveis falhas encontradas no decorrer das pesquisas de campo.
Uma vez que a Resolução CONAMA nº 273/00 considera os postos enquanto meios
potencialmente ou parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais, torna-se
relevante associar as IPA a esses empreendimentos, averiguando o histórico dos postos, bem
como a situação atual, de modo que o cenário ambiental futuro pode ser planejado com
responsabilidade para com a saúde do meio ambiente, o qual interfere diretamente na saúde
pública.

2.3.1 PRINCÍPIO POLUIDOR PAGADOR (PPP)

A degradação depende da habilidade e vontade do proprietário em responsabilizar-se


por medidas conservacionistas (ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA, 2009).
Nesse sentido, a Lei nº 6.938/81 delibera:

É o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar


ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente (BRASIL, 1981, p. 8).

A Resolução CONAMA nº 273/00 corrobora com a ideia quando destaca o contexto dos
postos de combustíveis:

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 36


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Em caso de acidentes ou vazamentos que representem situações de perigo ao


meio ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrência de passivos ambientais,
os proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento, pelos
equipamentos, pelos sistemas e os fornecedores de combustível que
abastecem ou abasteceram a unidade, responderão solidariamente, pela
adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o saneamento
das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão
ambiental licenciador (BRASIL, 2000, p. 803).

Sendo assim, o Ministério Público tem poder para cobrar que os causadores da poluição
reparem o dano causado ao meio ambiente em razão do desenvolvimento de suas atividades.
Em Natal, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB) licencia a
atividade dos postos revendedores, sendo as obrigações da secretaria o controle de
compromissos assumidos pela empresa, cobrança das licenças e das condicionantes das licenças
ambientais expedidas ao empreendedor e estabelecimento de comunicação permanente com o
MPRN (MPRN, 2017).

2.3.2 INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL EM NATAL

“Em Natal, as investigações iniciadas no ano de 2009 descortinaram a atividade de


revenda de combustíveis realizada sem a preocupação com o meio ambiente, em especial com
a qualidade do aquífero, que é intensamente explorado na cidade” (DIAS, 2012, p. 14). Essas
iniciativas se deram a partir do Projeto de Adequação Ambiental de Postos de Combustíveis,
firmado entre o MPRN, SEMURB, UFRN e Corpo de Bombeiros.
Aquino Sobrinho (2011) relata que, no início da execução da IPA em Natal, no ano de
2010, a cidade possuía cerca de 110 postos de combustíveis, dos quais, apenas um cumpria as
regras ambientais. Os outros postos não possuíam adequação ambiental e licença de operação
válida. Diante do cenário, a 45ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente notificou
109 postos revendedores de combustíveis a celebrarem o Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC), meio legal que estabelece os direitos e deveres das partes, para realizarem as adequações
ambientais.
Como meio que atesta a adequação ambiental dos postos, o MPRN concedeu o Selo
Verde. Dias (2012) descreve que ao receberam o selo, os postos realizaram previamente todas
as reformas necessárias, cumpriram todas as obrigações assumidas no TAC e não possuem
passivos para recuperar, recebendo a licença de operação. O Selo Verde (Figura 8) corresponde
à etapa final do Projeto de Adequação Ambiental dos Postos de Combustíveis na cidade de

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 37


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Natal e demonstra que o estabelecimento recuperou a área contaminada ou não teve


contaminação para recuperar.

Figura 8 – Selo verde

Fonte: MPRN, 2017.

O projeto de Adequação Ambiental de Postos de Combustíveis tem como


objetivo tornar a atividade dos postos mais sustentável, evitando a
contaminação do solo, do ar e dos recursos hídricos, diminuindo os riscos de
explosão, dentre outros problemas. Também chamado de Selo Verde, o
projeto foi idealizado e implementado inicialmente em Natal, para depois ser
levado às comarcas do interior (MPRN, 2017).

2.3.2.1 Metodologia da Investigação de Passivo Ambiental

Dias (2012) subdivide os estudos relativos à Investigação de Passivo Ambiental em


quatro fases, sendo elas:

 Fase 1: Avaliação Preliminar e Investigação Confirmatória;


 Fase 2: Investigação Confirmatória Detalhada (ICD);
 Fase 3: Avaliação de Risco à Saúde Humana e ao Meio Ambiente;
 Fase 4: Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD).

Em Natal, as fases 1 e 2 são executadas de forma concomitante, pois os estudos das


referidas fases são parecidos e se complementam. As semelhanças e diferenças entre a

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 38


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Investigação Confirmatória e a Investigação Detalhada podem ser compreendidas mediante


explicação:

A semelhança entre as etapas de Investigação Confirmatória e Investigação


Detalhada é que ambas possuem coleta de amostras de solo e de água
subterrânea para análises em laboratório, porém, o objetivo da primeira é
apenas confirmar a presença de contaminação na área suspeita, enquanto o da
segunda é quantificar a contaminação (DIAS, 2012, p. 207).

As fases da IPA e os estudos que devem ser desenvolvidos nas respectivas etapas estão
descritos na Figura 9.

Figura 9 – Fases e estudos da Investigação de Passivo Ambiental

Fonte: DIAS, 2012.

Em Natal, os aspectos legais tomados como base da IPA envolvem os termos de


referência da SEMURB, os quais foram elaborados de acordo com Resoluções importantes
reguladoras das atividades, tais como CONAMA nº 273/00, CONAMA nº 420/09 e Normas
Brasileiras (NBR) que descrevem todos os processos ligados ao universo dos postos, tais como
a NBR 15.515-1/07 – Passivo Ambiental em solo e água subterrânea, entre outras que são
discutas ao longo desta pesquisa e foram listadas no Anexo 1.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 39


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

2.3.2.1.1 Avaliação Preliminar e Investigação Confirmatória (Fase 1)

Em seu Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, a Companhia de Tecnologia


de Saneamento Ambiental (CETESB, 2001) define a Avaliação Preliminar basicamente como
um diagnóstico inicial, que objetiva classificar a área enquanto suspeita (AS) ou contaminada
(AC). A existência de contaminação na área é comprovada através da caracterização do
empreendimento, conforme Termo de Referência para avaliação de Passivo Ambiental da
SEMURB (2010).
De maneira geral, os estudos desta fase da IPA envolvem o levantamento do histórico
do empreendimento e inspeções em campo. Devem ser apuradas as reformas executadas, dados
de vazamentos de combustíveis líquidos, construções da área, serviços oferecidos e
informações sobre o SASC. Os estudos sobre o meio físico nesta etapa envolvem a execução
de duas sondagens nos pontos em que foram detectadas maiores concentrações de voláteis
mediante pesquisa de Compostos Orgânicos Voláteis (VOC’s) em campo, visando à
identificação de eventuais plumas de contaminação por hidrocarbonetos no solo.
As sondagens são o meio capaz de classificar a área enquanto suspeita de contaminação
ou contaminada a partir da detecção de substâncias de origem antrópica em concentrações
maiores que os valores orientadores da qualidade dos meios, estabelecidos na Resolução nº
420/2009, que é a concentração acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à
saúde humana associados a determinada substância poluente de origem petrolífera presente no
solo ou na água subterrânea (BRASIL, 2009).
A norma sobre Passivo Ambiental em solo e água subterrânea, NBR 15.515-1/07,
propõe um fluxograma (Figura 10) capaz de permitir uma visualização geral dos estudos
desenvolvidos na Avaliação Preliminar.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 40


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 10 – Estudos da Avaliação Preliminar

Fonte: ABNT, 2007.

Essas atividades são capazes de apontar a reconstituição da maneira como foram


desenvolvidas as atividades de manuseio e armazenamento de substâncias na área dos postos,
além de revelar a evolução do uso e ocupação do solo nas adjacências e o posicionamento dos
bens a proteger, conforme coloca a NBR 15.515-1/07.
Os dados provenientes dessa etapa podem ser tomados como base para a elaboração do
Modelo Conceitual Inicial e o planejamento das etapas de Investigação Confirmatória
Detalhada.
“O Modelo Conceitual Inicial consiste numa síntese das informações obtidas
inicialmente, devendo representar a situação da área quanto à possível contaminação existente
e sua relação com a vizinhança, incluindo os bens a proteger nela existentes” (CETESB, 2001,
p. 133).
A Investigação Confirmatória encerra o processo de identificação de áreas
contaminadas e tem como objetivo principal confirmar ou não a existência de contaminação
nas áreas suspeitas, identificadas na etapa de Avaliação Preliminar, mediante a amostragem de
água subterrânea e/ou solo em pontos estrategicamente posicionados, análises químicas
laboratoriais, além de comparação dos resultados obtidos com os valores estabelecidos pelos
órgãos de gerenciamento ambiental da região. Após a avaliação das ASs, aquelas áreas
identificadas como ACs deverão ser incluídas no processo de recuperação (CETESB, 2001).
As análises de compostos orgânicos são realizadas através do emprego da técnica
denominada como Cromatografia Gasosa (CG), que, de acordo com Collins (2011), é um
método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura, realizada através da

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 41


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

distribuição desses componentes em duas fases, que estão em contato íntimo. Uma das fases
permanece estacionária, enquanto a outra se move através dela. Durante a passagem da fase
móvel sobre a fase estacionária, os componentes da mistura são distribuídos pelas duas fases
de tal forma que cada um deles é seletivamente retido pela fase estacionária, o que resulta em
migrações diferenciais dos componentes.

2.3.2.1.2 Investigação Confirmatória Detalhada (Fase 2)

A etapa de Investigação Detalhada é a primeira do processo de recuperação de áreas


contaminadas e avalia detalhadamente as características da fonte de contaminação e dos meios,
determinando-se as dimensões das áreas ou volumes afetados, os tipos de contaminantes
presentes e suas concentrações. Da mesma forma, devem ser definidas as características da
pluma de contaminação, como seus limites e sua taxa de propagação (CETESB, 2001).
São obtidos e interpretados os dados em busca do entendimento da dinâmica dos meios
físicos afetados e identificação dos caminhos de exposição da contaminação, conforme orienta
a Resolução CONAMA nº 420/09. Os estudos desta fase (Figura 11) incluem a caracterização
do entorno do empreendimento e o estudo do meio físico através de caracterizações geológicas
e hidrogeológicas. Também é feita caracterização geoquímica através das construções de
sondagens e instalações de poços de monitoramento para coleta de amostras de solo e água
subterrânea, visando a realização de análises laboratoriais com o objetivo de delimitar as plumas
de contaminantes.

Figura 11 – Estudos da Investigação Confirmatória Detalhada

Fonte: AUTOR, 2018.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 42


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

 Caracterização do Entorno do Empreendimento

Realizada através do formulário de classificação do site de acordo com a norma sobre


posto de serviço – seleção dos equipamentos para sistemas e instalações subterrâneas de
combustíveis, NBR 13.786/05, que fornece um questionário capaz de identificar o contexto no
qual o empreendimento está inserido.

 Estudo do Meio Físico

A norma que orienta sobre sondagem de reconhecimento para fins de qualidade


ambiental, NBR 15.492/07, afirma que a perfuração a trado manual é realizada através da
introdução e rotação do trado, permitindo a coleta de amostra do solo na área do
empreendimento em que foi detectada maior concentração na pesquisa de VOC’s em campo
(Hot Spots). O limite de profundidade seria a mesma em que se encontrasse o lençol freático
(nível d’águainicial) ou o limite final das mesmas (caso não fosse encontrada água subterrânea),
objetivando a escolha de amostra de solo mais representativa para análises laboratoriais e
evitando a coleta de amostra proveniente da zona saturada.

 Caracterização Geológica

Visando a descrição do solo local mediante a coleta de amostras do material que compõe
as camadas representativas do solo, esse levantamento engloba a elaboração dos perfis das
sondagens, texto explicativo com resumo dos tipos de solo encontrados no local, elaboração de
planta com a localização das sondagens executadas e dos pontos de amostragem.

 Caracterização Hidrogeológica

Executada através da realização de estudos que permitem o entendimento da dinâmica


de circulação da água e dos contaminantes na zona saturada através da instalação de poços de
monitoramento, esse levantamento engloba o levantamento dos dados de cota topográfica, nível
d’água, condutividade hidráulica ou Permeabilidade (K), velocidades do fluxo da água
subterrânea, mapas potenciométricos e texto explicativo sobre a hidrogeologia local.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 43


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

 Caracterização Geoquímica

A caracterização geoquímica envolve o levantamento de vapores orgânicos no solo


(determinação da malha de VOC’s), execução de sondagens, coleta de amostras de solo,
instalação de poços de monitoramentos, coleta de amostras de água subterrânea e análises
laboratoriais. A verificação dos padrões de qualidade do solo e da água subterrânea é realizada
a partir da comparação dos resultados analíticos das concentrações de BTEX e HPA’s com as
listas de valores orientadores estabelecidos na Resolução CONAMA nº 420/09, uma vez que
essa é a legislação adotada para o município no qual o posto investigado está inserido.
Dessa maneira, as plumas de contaminantes presentes na área do
empreendimento são delimitadas, e as medidas de intervenção para a recuperação
ambiental da área podem ser planejadas na Avaliação de Risco. Os estudos
desenvolvidos na Investigação Confirmatória Detalhada, conforme orientação da
SEMURB (2010), foram resumidos na Figura 12.

Figura 12 – Estudos da Caracterização Geoquímica

Perfurações Análises Químicas e


Comparação dos
•Levantamento de Resultados •Mapeamento das
VOC's em campo plumas das
•Malha de VOC's •Sondagens a trado contaminação
(Soil Gás Survey) •Coleta de Solo
•Instalação de Poços
de Monitoramento
•Coleta de Água
Hot Spots

Fonte: AUTOR, 2018.

 Levantamento de Vapores Orgânicos no Solo (Soil Gás Survey)

Com o objetivo de identificar possíveis áreas fontes de contaminação (tais como áreas
de tancagem, abastecimento, de lavagem de veículos e de troca de óleo) e orientar a locação
dos pontos de amostragem com a finalidade de construir uma pluma de voláteis, é realizada
uma avaliação da presença de VOC’s no subsolo da área do posto através de perfurações a 1,5

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 44


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

de profundidade com leitura a cada meio metro, dispostos com espaçamento aproximado de 5
m das fontes de possíveis contaminações primárias, como bombas, tanques, área de lavagem e
troca de óleo. Nas demais áreas este espaçamento passa a ser de aproximadamente 10 m,
conforme orientação da SEMURB (2010). As perfurações são executadas através de um
rompedor que promove a quebra da pavimentação.

 Metodologia Utilizada para Leitura dos VOC’s (Método Screening)

Os trabalhos de screening requerem rapidez nas respostas e baixo custo na


execução dos testes; assim, é importante prever quais os contaminantes
apresentam uma probabilidade maior de serem encontrados, em função do
local contaminado e da atividade estabelecida, ou seja, tentar relacionar
produtos e compostos que são inerentes à atividade desenvolvida na área
investigada (CETESB, 2001, p. 201).

Segundo a CETESB (2001), os métodos de screening (rastreamento, reconhecimento,


varredura) são levantamentos expeditos que têm como função confirmar a suspeita de
contaminação numa determinada área de interesse através de técnicas que economizem tempo
e investimentos.
A SEMURB (2010) norteia que a leitura de VOC’s nas perfurações deve ser realizada
da seguinte maneira: A sonda deve ser cravada até a profundidade de 1,5 m abaixo da superfície
do terreno, devendo, imediatamente após a retirada da perfuratriz, ser introduzida a sonda e
realizada a medição por meio de analisadores de gases, devidamente calibrados, acoplados à
mangueira. Antes de se efetuar cada leitura deve ser verificada a leitura do zero do equipamento.
Ao final de cada medição de gases, as perfurações devem ser preenchidas com uma calda de
cimento ou bentonita umedecida, evitando que os produtos eventualmente sejam derramados e
atinjam o subsolo por meio das perfurações realizadas.
A medição de voláteis podem ser realizadas utilizando-se um analisador portátil de
gases calibrado. Na Figura 13 está ilustrado um equipamento analisador de gases, bem como é
registrada a medição de gases nas perfurações.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 45


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 13 – Analisador de gases e medição de VOC’s

Fonte: GREEN, 2010 (adaptado).

Através desse mapeamento de gases por meio de perfurações, é possível determinar os


locais com maiores propensões à existência de contaminação (Hot Spots), pontos nos quais são
realizadas as sondagens em momento posterior.

 Execução de Sondagens (Hot Spots)

A partir dos mapas de determinação da malha de VOC’s e da localização das instalações


do posto em relação à direção do fluxo de água subterrânea são executadas as sondagens por
meio de trado manual (Figura 14) ou mecânico, visando a coleta de amostras de solo a cada
metro de profundidade. Em campo, as leituras de VOC’s nas amostras de solo são feitas
mediante o emprego do analisador de gases portátil. Essa mediação de voláteis ao longo da
sondagem a cada metro permite selecionar as amostras de solo mais representativas para serem
levadas a análises laboratoriais.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 46


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 14 – Realização de sondagens a trado manual

Fonte: GREEN, 2010 (adaptado).

 Procedimento para Amostragem de Solo

O Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONEMA), por meio da Resolução nº 06/11,


orienta que a amostra de solo coletada (Figura 15) deve ser dividida em duas alíquotas: a
primeira para medição de VOC’s em campo e a segunda deve ser mantida refrigerada.
Realizada a medição dos gases nas primeiras alíquotas, deve-se identificar a amostra
correspondente à segunda alíquota que apresentou maior concentração de voláteis referente à
mesma profundidade e enviá-la para análise em laboratório. Em cada sondagem deverão ser
obtidas pelo menos duas amostras, sendo uma na profundidade correspondente à maior leitura
de voláteis e a outra na franja capilar, devendo serem encaminhadas para análise química.

Figura 15 – Amostragem de solo

Fonte: GREEN, 2010 (adaptado).

 Procedimento para Amostragem de Água Subterrânea

A norma para amostragem de água subterrânea em poços de monitoramento, NBR


15.847/10, descreve o método purga de volume determinado: “Consiste na remoção de
determinado volume de água subterrânea do poço antes de se proceder à amostragem, com a

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 47


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

finalidade de assegurar que água representativa da formação será coletada.” (ABNT, 2010, p.
6).
Para garantir uma amostragem representativa do aquífero local, previamente à
amostragem, os poços de monitoramento devem esgotados até volume correspondente a três
vezes o volume da coluna d’água do poço, evitando-se a coleta de água estagnada e coletando-
se a água de formação. As amostragens e o esgotamento podem ser realizados através de
amostradores do tipo bailer descartável, introduzidos lentamente no poço para que não haver
perda de analito por volatilização.
As amostras devem ser acondicionadas em frasco apropriado para coleta, etiquetadas e
armazenadas em recipientes térmicos à temperatura de aproximadamente 4ºC, até a chegada ao
laboratório. As metodologias analíticas empregadas para análise das amostras são baseadas na
Cromatografia Gasosa. Um resumo dos métodos da Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos (do inglês, United States Environmental Protection Agency), U.S.EPA,
empregados para quantificação dos analitos estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Metodologias analíticas de BTEX e HPA’s


ANALITOS MÉTODOS DESCRIÇÃO DO MÉTODO
BTEX U.S.EPA 8260C VOC’s por CG/Espectrometria de
Massa
BTEX U.S.EPA 5021A VOC’s em várias matrizes usando
análise por Headspace

HPA’s U.S.EPA 8270D SVOC’s por CG/Espectrometria de


Massa
Fonte: AUTOR, 2018.

 Delimitação das Plumas de Contaminação

Os estudos fornecedores das informações capazes de promover o mapeamento das


plumas estão descritos abaixo:

Mapeamento das plumas de fase livre: Perfil construtivo dos poços de


monitoramento; Tabelas com as medições de espessura aparente de fase livre;
Planta com a localização dos poços de monitoramento e a delimitação das
plumas; Representação gráfica tridimensional das plumas (poderá ser
realizada com base nas medições da espessura aparente medidas em campo,
ou na determinação das espessuras reais obtidas a partir da espessura
aparente).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 48


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Mapeamento das plumas de fase retida: Perfis das sondagens com os


resultados da leitura de VOC’s e a profundidade de coleta das amostras de
solo; Tabelas com os resultados analíticos obtidos; Planta com a localização
dos pontos de sondagem com os respectivos resultados analíticos das
Substâncias Químicas de Interesse (SQI’s) detectadas acima dos VI e a
delimitação das plumas; representação gráfica tridimensional das plumas.

Mapeamento das plumas de fase dissolvida: Perfil construtivo dos poços de


monitoramento; Tabelas com os resultados analíticos; Planta com a
localização dos poços de monitoramento com os respectivos resultados
analíticos das SQI’s detectadas acima dos VI e com a delimitação das plumas;
Representação gráfica tridimensional das plumas (SEMURB, 2010).

Uma vez executados todos esses estudos, os dados obtidos são inseridos em softwares
que delimitam a extensão das plumas. E sendo confirmada, quantificada e delimitada a
contaminação nas fases iniciais da IPA, pode-se elaborar um Modelo Conceitual Consolidado.
A metodologia da IPA orienta sobre a execução da RBCA (do inglês Risk Based Corrective
Action) ou Ação Corretiva Baseada no Risco (ACBR), uma investigação que avalia os riscos
dos dados obtidos mediante análise das consequências dessas substâncias e suas concentrações
em relação à vida.

2.3.2.1.3 Avaliação de Risco (Fase 3)

Para Sánchez (2008), a emissão de determinados compostos orgânicos pode representar


uma situação de risco, na medida em que esses poluentes poderão acumular-se em certos
compartimentos do meio físico, como sedimentos e/ou água subterrânea. Para atestar a
viabilidade ambiental de um projeto devem ser levadas em consideração hipóteses sobre mau
funcionamento dos seus métodos de manejo, nesse sentido devem-se considerar possíveis
acidentes.
“Em relação à investigação de áreas contaminadas, a Avaliação de Risco é o processo
pelo qual se identificam e avaliam os riscos potenciais e reais que a alteração do solo pode
causar à saúde humana e a outros organismos vivos” (CETESB, 2001, p. 18).
Com base nos dados obtidos na investigação da área são realizados estudos de avaliação
de risco, cujos resultados são aplicados na decisão da necessidade de eliminar ou reduzir os
riscos impostos pela presença de uma área contaminada. No processo de avaliação de risco são
identificadas as populações potencialmente expostas aos contaminantes presentes na área sob
investigação, determinadas as concentrações às quais esses indivíduos se encontram expostos
e quantificado o risco decorrente dessa exposição, considerando a toxicidade dos contaminantes

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 49


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

envolvidos. Caso seja constatada a existência de risco, um plano de remediação deve ser
desenvolvido (CETESB, 2001).
Zagatto e Bertoletti (2008) descrevem que o procedimento de Avaliação de Risco, se
deve, numa primeira etapa, conhecer a qualidade intrínseca das substâncias em estudo,
mensurando seus efeitos nos organismos vivos e avaliando sua persistência, bioacumulação e
destino no ambiente. Numa segunda etapa, estimam-se as concentrações máximas esperadas no
ambiente. A etapa final, por sua vez, consiste na análise e interpretação dos dados obtidos nas
duas primeiras etapas, o que leva à tomada de decisão, que servirá de base para aprovação,
proibição ou restrição do uso da área em função do nível de risco estimado.
Dias (2012) considera que uma população está exposta ao risco apenas se existir três
condições básicas: contaminação, via de exposição e receptores. Eliminando uma dessas
condições, que estão inter-relacionadas na Figura 16, o risco deixará de existir.

Figura 16 – Tríade com condições básicas para existir o risco

Vias de Exposição

Contaminação Receptores

Fonte: AUTOR, 2018.

As vias de exposição se dão mediante cenários que propiciam que a contaminação


chegue até o homem, os quais devem ser estimados na Avaliação de Risco e foram considerados
no procedimento ACBR/CETESB e no RBCA/ASTM (do inglês American Society for Testing
and Materials), listados por Dias (2012):

 Inalação, em Ambientes Abertos, de Vapores Provenientes do Solo Subsuperficial;


 Inalação, em Ambientes Fechados, de Vapores provenientes do Solo Subsuperficial;
 Inalação, em Ambientes Abertos, de Vapores provenientes da Água Subterrânea;
 Inalação, em Ambientes Fechados, de Vapores provenientes da Água Subterrânea;

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 50


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

 Ingestão, Contato Dérmico e Inalação de Vapores e Partículas, a partir do Solo


Superficial Contaminado;
 Ingestão de Água Subterrânea Contaminada a partir da Lixiviação do Solo
Subsuperficial;
Ingestão de Água Subterrânea Contaminada;
 Contato Dérmico com Água Subterrânea Contaminada a partir da Lixiviação do Solo
Subsuperficial.

“O método para avaliação de risco, mundialmente empregado em cenários com


vazamento de hidrocarbonetos de petróleo, é o RBCA, desenvolvido pela agência americana
ASTM e descrito nas normas ASTM E1739/95 (Standard Guide for Risk-Based Corrective
Action/RBCA Applied at Petroleum Release Sites) e ASTM E1912/98 (Standard Guide for
Accelerated Site Characterization for Confirmed or Suspected Petroleum Releases)”
(SANTOS, 2009 apud DIAS, 2012, p. 218). Ramalho (2013) afirma que a RBCA possui uma
abordagem de três níveis para análise de risco, denominados Tier 1, 2 e 3.
A legislação adotada em Natal para determinar a qualidade do solo e das águas
subterrâneas é a Resolução CONAMA nº 420/09. Muito embora sejam estabelecidos os valores
níveis-alvo específicos para o local (SSTL), do inglês Site Specific Target Level, esses valores
não são considerados para avaliar os índices de salubridade as áreas ocupadas pelos postos de
combustíveis de Natal, pois muitos dos SSTL estabelecidos ultrapassam os valores de
investigação da Resolução citada. Sendo assim, o MPRN desconsidera os níveis-alvo
estabelecidos e exige o atendimento dos padrões de salubridade estabelecidos na Resolução
CONAMA nº 420/09, ou seja, é necessário que o solo e as águas subterrâneas praticamente
retornem à sua condição original. A cidade requer adoção de valores orientadores rigorosos
para fiscalizar a concentração dos contaminantes presentes nos meios físicos, pois, segundo
dados da CAERN (2017), 70% do abastecimento de água à população da cidade são realizados
através da exploração de poços tubulares.

2.3.2.1.4 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Fase 4)

Os planos de recuperação estão incluídos dentro do programa de gerenciamento de áreas


contaminadas, que visa minimizar os riscos a que estão sujeitos a população e o meio ambiente,
por meio de um conjunto de medidas que assegurem o conhecimento das características dessas

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 51


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

áreas e dos impactos por elas causados, proporcionando os instrumentos necessários à tomada
de decisão quanto às formas de intervenção mais adequadas (CETESB, 2001).
O Decreto Federal nº 97.632/89 estabelece a necessidade de preparação de um PRAD,
definindo que a recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma
de utilização estável (SÁNCHEZ, 2008).
Uma vez que o PRAD está intimamente relacionado com técnicas de remediação, cabe
a compreensão desse termo amplamente utilizado na área que esta pesquisa se enquadra.

Remediação incluem processos pelos quais uma área contaminada recebe


intervenções, visando à contenção, ao isolamento, à remoção ou redução das
concentrações dos contaminantes. O termo “remediação” significa dar
remédio, sanear, tornar uma área saudável, curar (CETESB, 2001, p. 38).

 Investigação para Remediação

CETESB (2001) descreve que a Investigação para Remediação, cujo objetivo é


selecionar, dentre as várias opções de técnicas existentes, aquelas, ou a combinação destas, que
são possíveis, apropriadas e legalmente permissíveis para o caso considerado. A partir dos
objetivos da remediação definidos na etapa de avaliação de riscos, devem ser selecionadas as
técnicas de remediação mais adequadas.

 Plano de Investigação

Em seguida, deve ser estabelecido um Plano de Investigação, necessário para a


implantação e execução de ensaios piloto em campo e em laboratório que podem ser realizados
para testar a adequabilidade de cada uma das técnicas para conter ou tratar (reduzir ou eliminar)
a contaminação, avaliar a eficiência e a confiabilidade das técnicas, além de considerar aspectos
legais e ambientais, custos e tempo de implantação e operação (CETESB, 2001).

 Monitoramento da Remediação

Os trabalhos de remediação das áreas contaminadas devem ser continuamente


avaliados de modo a verificar a real eficiência das medidas implementadas, ou seja, área deve
permanecer sob contínuo monitoramento por período de tempo a ser definido pelo órgão de
controle ambiental. Os resultados do monitoramento devem ser utilizados para verificar a

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 52


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

eficiência da remediação, propiciando observar se os objetivos desta estão sendo atingidos. O


encerramento dessa etapa se dará, após anuência do órgão de controle ambiental, quando os
níveis definidos no projeto de remediação forem atingidos (CETESB, 2001).

2.4 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO

Spiro e Stigliani (2009) ressaltam que a recuperação dos solos e sedimentos


contaminados é extremamente difícil devido ao tempo necessário e mecanismos que devem ser
levados em consideração.
Geralmente, quando o clima e as atividades humanas se combinam tornando o solo
anteriormente sadio em área devastada, a degradação aparentemente é irreversível. Entretanto,
muitas formas de degradação podem ser remediadas pela reconstrução cuidadosa da saúde do
solo e águas subterrâneas (SCHERR; YADAV, 1996 apud ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA,
2009).
Algumas tecnologias inovadoras existentes para emprego em meios contaminados com
vistas para a remediação através da redução e/ou eliminação de contaminantes de origem
petrolífera estão no Quadro 1.

Quadro 1 – Técnicas de remediação


TECNOLOGIA DESCRIÇÃO APLICAÇÃO
Remediação in situ (no Locais com derrame de
local) que utiliza produtos petrolíferos
Bioaeração microrganismos para pesados (óleo diesel e
biodegradar contaminantes combustível de aviação).
adsorvidos na zona vadosa.
Estímulo da atividade Redução das concentrações
aeróbia microbiana dentro de quase todos os
de solos contaminados componentes de produtos
Biopilhas empilhados através da petrolíferos tipicamente
aeração e/ou minerais, encontrados em sítios com
nutrientes e umidade que SASC.
degradam os contaminantes.
Remediação na superfície do Redução das concentrações
solo que usa a de quase todos os
biodegradação para reduzir componentes de produtos
as concentrações dos petrolíferos tipicamente
Landfarming contaminantes. Envolve encontrados em sítios com
escavação e espalhamento SASC.
dos solos em uma fina
camada com estímulo da
atividade microbiana aeróbia

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 53


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

através do arejamento e/ou


adição de minerais,
nutrientes e umidade.
Tecnologia corretiva ex situ Redução das concentrações
(fora do local) que utiliza de produtos petrolíferos
calor para separar voláteis a altas temperaturas
fisicamente os (650ºC), incluindo a
contaminantes dos solos gasolina, os combustíveis
Dessorção Térmica a Alta escavados, que são para aviação, querosene,
Temperatura aquecidos através de bombas óleo diesel, óleos de
de calor a temperaturas aquecimento e óleos
suficientes para causar lubrificantes.
volatilização e dessorção dos
contaminantes a partir do
solo.
Remediação in situ que Redução das concentrações
reduz as concentrações dos de VOC’s, contaminantes da
contaminantes voláteis gasolina (BTEX).
adsorvidos no solo e
dissolvidos na água
Air Sparging subterrânea através da
injeção de ar na zona
saturada, permitindo a
transferência dos
contaminantes do estado
dissolvido para fase vapor.
Remediação in situ que Locais com derrame de
utiliza microrganismos para diesel, querosene de aviação
biodegradar contaminantes. e gasolina.
O ar e nutrientes são
injetados para aumentar a
atividade bacteriológica com
Biosparging vistas para redução das
concentrações dos
contaminantes dissolvidos
na água subterrânea,
adsorvidos no solo abaixo no
nível d’águae dentro da
franja capilar.
Depende dos processos Para pluma de
Atenuação Natural naturais de atenuação contaminantes em fase
Monitorada cuidadosamente controlados dissolvida.
e monitorados .
Estimula o crescimento e a Para todos os contaminantes.
reprodução de
microrganismos na zona
Biorremediação vadosa. Usa oxigênio para
estimular e manter a
atividades desses
microrganismos.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 54


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Acelera naturalmente a Sítios com produtos de


biorremediação através de petróleo de peso médio.
uma fonte extra de oxigênio.
Incluem Biosparging
Biorremediação Aeróbia Bioventing, uso de
Aprimorada compostos que liberam
oxigênio, injeção de
oxigênio puro, infiltração de
peróxido de hidrogênio e
injeção de ozônio.
Decomposição dos Para pequenas áreas, onde a
contaminantes em período massa de contaminantes é
curto de tempo (semanas ou mais concentrada.
meses) via oxidantes
químicos (peróxido de
Oxidação Química hidrogênio, reagente Fenton,
ozônio, permanganato de
potássio) através da
conversão da massa dos
contaminantes em dióxido
de carbono e água.
Fonte: U.S.EPA, 2012 apud DIAS, 2012 (adaptado).

Nas áreas que se encontram em remediação no Estado de São Paulo, ou nas quais a
remediação foi finalizada, dentre as várias técnicas de remediação existentes, pode-se constatar
que a Extração Multifásica, o Bombeamento e Tratamento e a Recuperação de Fase Livre foram
as técnicas mais empregadas no tratamento das águas subterrâneas (Figura 17). Enquanto que
a Remoção de Solo/Resíduo e a Extração de Vapores destacam-se como as técnicas mais
utilizadas para solos (CETESB, 2016).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 55


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 17 – Técnicas de remediação implantadas em São Paulo no ano de 2016

Fonte: CETESB, 2016.

2.4.1 EXTRAÇÃO MULTIFÁSICA

A Extração Multifásica (Figura 18) ou Multi-Phase Extraction (MPE) é uma tecnologia


emergente utilizada para remediação in situ através da extração de contaminantes através de
bombas, em modo simultâneo: nas fases livre, dissolvida e vapor presentes em forma
sobrenadante acima do nível d’água, dissolvidos nas águas subterrâneas (na zona saturada) ou
na zona vadosa do solo, respectivamente. Após ação das bombas os líquidos extraídos e os
vapores são tratados para serem re-injetados em subsuperfície (U.S.EPA, 1999).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 56


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

Figura 18 – Representação da técnica Extração Multifásica

Fonte: U.S.EPA, 2012 apud DIAS, 2012.

A MPE aplica um alto vácuo através de poços de extração para remover LNAPL’s das
águas subterrâneas contaminadas, além de atuar na eliminação de vapor presente na zona
insaturada contaminada do solo (U.S.EPA, 2005).
U.S.EPA (1999) afirma que a recuperação das águas subterrâneas se dá por meio do
vácuo aplicado que extrai o vapor do solo e viabiliza o bombeamento das águas subterrâneas.
As taxas de fluxo do líquido são aumentadas devido ao aumento do gradiente de pressão
aplicado no sistema. É uma tecnologia inovadora que tem potencial econômico e atua retendo
a contaminação mais rapidamente em comparação com o uso de tecnologias convencionais.
As bombas de vácuo succionam o vapor e água através dos poços de monitoramento
para um tanque de vácuo, sendo o vapor encaminhado para um tratamento por carvão ativado
para ser liberado na atmosfera. Já a água captada é direcionada para o tanque pulmão através
de uma bomba de transferência, com o objetivo de tornar o fluxo mais lento e reter maior
quantidade de combustível. Depois, por gravidade, os efluentes são direcionados para a Caixa
Separadora de Água e Óleo (CSAO), onde o contaminante em fase livre sobrenadante no
efluente é separado através da estabilização e separação por diferença de densidade entre água
e óleo, de modo que a gravidade promove flutuação do óleo, que por ser menos denso é
capturado e vai para tambores metálicos. O efluente, contendo agora somente hidrocarbonetos
dissolvidos, é submetido a um segundo tratamento, ao passar por um filtro de carvão ativado

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 57


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

que adsorve os hidrocarbonetos, diminuindo a concentração do contaminante. Após esse


processo é liberado na rede de efluentes (ANTARES, 2012).

2.4.2 DUPLA FASE (DUAL PHASE)

Dual Phase consiste no bombeamento da água contaminada, produto combustível e


extração de vapor da zona vadosa por meio do poço de bombeamento/extração, onde são
instaladas bombas pneumáticas. Ao chegar à superfície a água e o produto combustível (óleo)
captados são encaminhados para a CSAO para separar a fase oleosa e a líquida. A água com
fase dissolvida passa por um filtro de carvão ativado antes de ser descartada na rede pluvial, e
a fase livre removida é armazenada em tambores para serem recolhidos posteriormente por
empresa especializada. O ar extraído por meio do vácuo aplicado pelo compressor radial é
encaminhado para o tanque de vácuo (para separação da água e do ar), passa por um filtro de
carvão ativado de ar e é então liberado na atmosfera. A água que possivelmente for extraída
junto com o ar do poço de monitoramento/extração ficará armazenada até atingir o primeiro
sensor do tanque e depois é transferida para a CSAO (BFU, 2015).
Nesse sentido, pode-se dizer que a Dual Phase (Figura 19) representa o mesmo
mecanismo prático da Extração Multifásica, uma vez que conjuga Bombeamento e Tratamento
com a Extração de Vapores de Solo (EVS).

Figura 19 – Representação da técnica Dual Phase

Fonte: BFU, 2015 (adaptado).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 58


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

2.4.2.1 Bombeamento e Tratamento (Pump and Treat)

A tecnologia Pump and Treat ou Controle Hidráulico, é executada através de processo


físico de extração de águas contaminadas da zona saturada do solo por meio de poços de
extração, e seu tratamento acima do solo (on-site), podendo também ser transportada para um
sistema fora do sítio (off-site), utilizando diversas tecnologias com o objetivo de atingir o nível
de descontaminação desejável. O sistema pode ser composto por um poço com uma bomba
simples que recupera água e contaminante simultaneamente ou pode ser um sistema de duas
bombas, uma rebaixando o nível d’água só retirando a água subterrânea e outra retirando o
contaminante. Considerando a necessidade de remediação de áreas contaminadas, essa técnica
é utilizada em muitas ocasiões, pois é relativamente mais barata do que muitas outras
(TAVARES, 2013).
Sistemas de Bombeamento e Tratamento (Figura 20) podem ser úteis no
estabelecimento do controle hidrodinâmico, prevenindo a migração e remediando os
contaminantes em fase dissolvida, incluindo todos os NAPL’s (U.S.EPA, 1995).

Figura 20 – Representação da técnica Bombeamento e Tratamento

Fonte: U.S.EPA, 2012 (adaptado).

Costanzo e Vidal (2015) dissertam que em face da crescente demanda de execução de


projetos de remediação de aquíferos contaminados, a técnica de Bombeamento e Tratamento
está sendo utilizada de forma significativa. Esta ferramenta de recuperação ambiental consiste
no bombeamento da água subterrânea em pontos estrategicamente posicionados de maneira a
gerar uma barreira hidráulica que impeça o avanço da extensão de uma pluma de contaminação.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 59


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

2.4.2.2 Extração de Vapores do Solo (EVS)

Técnica através da qual são removidos VOC’s e compostos orgânicos semi voláteis
(SVOC’s) retidos na zona não saturada do solo, os quais sem movem através de vapor do solo
para os poços de extração. A metodologia favorece atuação em grandes volumes de solo a serem
tratados, promovendo perturbações mínimas na formação geológica. Consiste no bombeamento
por pressão negativa através de bomba de vácuo nos poços de extração/monitoramento, onde o
fluxo de ar captado é direcionado do solo para uma câmara ou tanque de vácuo, e posteriormente
para filtros com carvão ativado. Ao final do processo, o ar recuperado é lançado na atmosfera
(TELSAN, 2014).
A EVS (Figura 21) é uma tecnologia de desenvolvimento rápido e simples em que o
meio subterrâneo onde será instalada, deve ser permeável o suficiente para permitir movimento
de vapor adequado. As taxas de fluxo de vapor são dependentes do vácuo empregado nos poços
e as propriedades da zona insaturada (por exemplo, teor de umidade do solo, textura do solo,
macroporos) (U.S.EPA, 1995).

Figura 21 – Representação da técnica Extração De Vapores Do Solo

Fonte: TRULLI; et al., 2016 (adaptado).

Esta técnica é indicada para grandes quantidades de contaminantes LNAPL’s e seu


desempenho é favorecido pela conjugação com outras técnicas de remediação. O objetivo é
promover a contenção e remoção dos contaminantes através da manipulação da pluma pelo
controle hidráulico, que promove o direcionamento do padrão de fluxo da água subterrânea, de
forma que os contaminantes possam ser direcionados para um ponto específico e têm seu
deslocamento influenciado (TELSAN, 2014).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 60


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 2: Aspectos Teóricos

2.4.3 REMEDIAÇÃO PASSIVA

O sistema de Remediação Passiva remove localmente a fase livre de produto


combustível presente nos poços de monitoramento por meio de mantas absorventes seletivas
para orgânicos. As mantas possuem a finalidade de absorver fluidos não aquosos, evitando o
espalhamento e diminuindo os riscos de contaminação do solo e da água subterrânea através da
retenção e remoção do combustível sobrenadante em fase livre e remoção de voláteis em fase
retida no solo. É adequada para a remoção de produto combustível na forma de fase livre em
poços que apresentem delgadas camadas de hidrocarbonetos (TELSAN, 2014; BFU, 2015).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 61


Capítulo 3

ESTADO DA ARTE
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 3: Estado da Arte

3 ESTADO DA ARTE

3.1 ESTUDOS SOBRE INVESTIGAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL

Ramalho et al. (2013) calcularam o volume de produto combustível presente em uma


área contaminada com fase livre de diesel e gasolina, localizada em um empreendimento de
revenda de combustíveis. Os estudos utilizaram o software CAD SketchUp 8 como suporte para
o cálculo do volume de combustíveis no solo oriundos de vazamentos em tanques subterrâneos
de armazenamento. Os resultados foram estimados através da sobreposição da planta do posto
de combustível a sua imagem georreferenciada do Google Earth. A área foi calculada pelo
software a partir da precisão da imagem obtida por satélite e das espessuras corrigidas de fase
livre. Os volumes de diesel e gasolina sobrenadante no aquífero foram 25,30 m³ e 2,29 m³,
respectivamente. O volume total de produto combustível foi de 27,59 m³.
Ramalho et al. (2014) estudaram a contaminação causada por benzeno proveniente de
vazamento de diesel e gasolina em um posto de revenda de combustíveis, localizado em
Natal/RN. Inicialmente, foi realizada coleta de dados da área e uma pesquisa de vapores
orgânicos no solo do posto. Posteriormente foram instalados poços de monitoramento, com
amostragem de solo e água subterrânea para análise de benzeno por meio da Cromatografia
Gasosa. Os resultados dos trabalhos constataram, tanto na zona insaturada quanto na zona
saturada do solo, contaminação por benzeno na ordem de 80,49 mg/Kg e 2.791,77 μg/L nas
análises das matrizes sólida e líquida, respectivamente. Os valores encontrados foram muito
maiores do que aqueles permitidos pela Resolução CONAMA nº 420/09, a qual estabelece o
valor de investigação para benzeno no solo na ordem de 0,08 mg/Kg e na água em 5,00 μg/L.
Arado et al. (2015) investigaram a classificação das áreas ocupadas por postos de
combustíveis no município de Mogi das Cruzes/SP mediante averiguação dos estágios
relacionados no Procedimento de Gerenciamento de Áreas Contaminadas divulgado pela
CETESB em 2013. Foram identificadas que 39% das áreas são consideradas como
contaminadas em processo de investigação, enquanto 19% das áreas estão em situação de
monitoramento para serem classificadas como reabilitadas no futuro e 42% são áreas
contaminadas. Ou seja, a maioria das áreas ocupadas por postos revendedores de combustíveis
ainda não realizou investigação ambiental para serem inseridas no processo de monitoramento
para reabilitação, demonstrando que essas áreas não executaram integralmente as medidas de

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 63


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 3: Estado da Arte

intervenção propostas pela Resolução CONAMA nº 273/00 ou sequer realizaram o plano de


intervenção para o imóvel.
Lima et al. (2017) por meio da análise dos processos de licenciamento ambiental,
investigaram os passivos dos postos de combustíveis de Cuiabá/MT e apresentaram um
panorama geral dos empreendimentos com algum tipo de contaminação ambiental. Os dados
das investigações das contaminações compreendem os anos de 2005 a 2014 e dos 136 processos
analisados, constatou-se que em 17 deles os laudos ambientais apresentaram algum tipo de
contaminação no solo e/ou água subterrânea. Os principais contaminantes encontrados foram
BTEX e outros VOC’s, além de HPA’s. Os laudos ambientais também demonstraram que a
água subterrânea foi atingida pelas plumas de contaminação oriundas dos postos de
combustíveis na ordem de 76%.

3.2 ESTUDOS SOBRE TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL

Vasudevan e Rajaram (2001) aplicaram a Biorremediação em solo contaminado com


hidrocarbonetos a nível laboratorial. Os experimentos foram realizados na presença de meio
bacteriano, nutrientes inorgânicos e agente de volume (farelo de trigo). Foram utilizadas calhas
de vidro para acompanhamento de todos os processos durante o período de 90 dias. Os
resultados demonstraram que o solo alterado com farelo de trigo atingiu 76% de remoção de
hidrocarbonetos, em comparação com 66% de remoção de hidrocarbonetos para o caso do solo
alterado apenas com nutrientes inorgânicos. Um correspondente aumento do número de
populações bacterianas também foi notado, resultado da biodegradação dos contaminantes.
Marin, Hernandez e Garcia (2005) descreveram um processo de biorremediação de
hidrocarbonetos presentes em solo de clima semi-árido, utilizando a técnica Landfarming. As
análises compreenderam a avaliação da técnica quanto à capacidade de redução do teor total de
hidrocarbonetos. Para isso, parâmetros biológicos (frações de carbono) e bioquímicos
(atividades enzimáticas) foram investigados. Os resultados mostraram que 80% dos
hidrocarbonetos foram eliminados em onze meses, metade desta redução foi verificada durante
os primeiros três meses.
Mater et al. (2006) analisaram a eficiência da Oxidação Química e processos físicos
para tratar e imobilizar os contaminantes presentes em solos contaminados com
hidrocarbonetos. A etapa experimental compreendeu um período de tratamento oxidativo por
80 horas, realizado em diferentes condições do potencial hidrogeniônico (pH): pH 6,5 (20h),
pH 4,5 (20h) e pH 3,0 (40h). Por conseguinte, foi realizada estabilização/solidificação argilo-
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 64
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 3: Estado da Arte

calcária e por cimentação. Os resultados mostraram que a oxidação foi parcialmente eficaz na
degradação dos contaminantes, pois foram encontradas concentrações residuais para os
compostos HPA’s e BTEX. Testes de lixiviação mostraram que a estabilização/solidificação
argilo-calcária e por cimentação foi eficiente na imobilização dos constituintes recalcitrantes e
perigosos. Estes processos de duas etapas são necessários para aumentar a proteção ao
ambiente.
Ayotamuno et al. (2007) determinaram o teor total de hidrocarbonetos em três reatores
de tratamento (X, Y e Z) e em um reator de controle (A). Os reatores foram carregados com
1500g de resíduo orgânico petrolífero e 250g de solo agrícola, o qual serviu tanto como
nutriente quanto como um transportador microbiano. Como resultado, a redução de teor total
de hidrocarbonetos foi de 20,8% no prazo de duas semanas, e de 33,3% no prazo de seis
semanas em aplicação da Biorremediação.
Cameotra e Singh (2008) estudaram a ação de meios microbianos constituídos por
Pseudomonas Aeruginosa e Hodococcal para avaliar a degradação de hidrocarbonetos
provenintes de resíduos de petróleo presentes em solo contaminado. A capacidade de
degradação dos hidrocarbonetos foi testada em dois campos de ensaio separados em razão do
efeito de dois aditivos (mistura de nutrientes e preparação de biossurfactante sólido). Como
resultado, os hidrocarbonetos foram degradados na ordem de 91% em 5 semanas. A utilização
de biossurfactante provocou elevação na taxa de degradação. No entanto, o esgotamento dos
hidrocarbonetos (maior que 98%) só foi possível quando foi usada simultaneamente a cultura
microbinana e os aditivos acima mencionados. Os dados concluem que a utilização de um
biosurfactante funciona de maneira eficiente na remediação de solos contaminados.
Rocha et al. (2010) estudaram o tratamento de hidrocarbonetos através do emprego da
fotocatálise heterogênea (H2O2 / UV / TiO2). Os experimentos envolveram a aplicação de um
reator para averiguar os teores de HPA’s em solo contaminado. Além disso, o efeitos da
concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2) e dióxido de titânio (TiO2), bem como o tempo
de irradiação foram avaliados na análise de remoção de Carbono Orgânico Total (COT) como
uma resposta. Como resultado, a fotocatálise heterogênea forneceu degradação eficiente de
grande parte de orgânicos. Além disso, o método também provou ser um tratamento alternativo
para a remoção de HPA’s, uma vez que estes compostos foram eliminados em 100% após 96
horas de irradiação.
Silva, Alves e França (2012) realizaram revisão das soluções tecnológicas para
tratamento de meios contaminados com produtos de origem petrolífera, além de aplicar o
Landfarming em estudo de caso. A Dessorção Térmica foi apontada como técnica que permite
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 65
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 3: Estado da Arte

remoção de grande espectro de contaminantes, incluindo HPA’s, porém pode ocorrer conversão
de HPA não mutagênico em HPA mutagênico via reação de craqueamento. O Plasma Térmico
foi apontado como técnica de eliminação de contaminantes em curto espaço de tempo,
envolvendo uso de pequenas áreas para instalação dos seus mecanismos, chegando a eliminar
99% da poluição através da passagem de corrente elétrica em meio gasoso, de onde surge uma
fonte de calor e origina o plasma térmico. A Destilação Destrutiva ou Pirólise foi apontada
como técnica capaz de decompor quimicamente uma ampla faixa de compostos orgânicos de
alto peso molecular por meio da aplicação de calor. A Conversão à Baixa Temperatura foi
apontada como técnica que utiliza uma atmosfera de nitrogênio que torna o meio inerte e
promove a recuperação de resíduos contaminados que podem ser reaproveitados em aplicações
industriais, além de tratar água e gases que podem ser recirculados em um sistema de geração
de energia a ser utilizada no próprio tratamento, diminuindo os custos operacionais. As
Biopilhas foram apontadas como uma técnica que empilha solos contaminados, promovendo
aeração com objetivo de degradar os hidrocarbonetos, cuja desvantagem citada envolveu a
ineficiência para altas concentrações de contaminantes. Os Biorreatores foram apontados como
técnica que pode ser empregada para tratamento de contaminantes em fase aquosa por meio de
microorganismos que sofrem agitação mecânica e injeção contínua de ar. A vantagem listada
para os Biorreatores envolve a falta de interferência dos poluentes no ambiente externo.
Landfarming foi estudada enquanto tecnologia de biorremediação para solo contaminado
enriquecido com nutrientes, umidificado, aerado e corrigido o pH, degradando hidrocarbonetos
do petróleo pela ação microbiana estimulada e controlada. As desvantagens da Landfarming
envolveram a necessidade de grandes extensões de terreno, além de elevados tempos de
processo de remoção de contamiantes. Os estudos realizados envolveram uma área de 1000 m²
e 225 dias de tratamento do solo contaminado, alcançando 88,7% de atenuação na concentração
de HPA’s.
Freire, Trannin e Simões (2014) avaliaram a eficiência e eficácia da técnica de
remediação por Bombeamento e Tratamento aplicada à pluma de fase livre de hidrocarbonetos
existente na área de um posto de combustível. Para tal, os poços de monitoramento e as
espessuras da fase livre de óleo foram inspecionados quinzenalmente. A referida técnica obteve
sucesso na remediação da área analisada, uma vez que apresentou total remoção dos poluentes
presentes em fase livre, apesar da baixa eficácia pela necessidade de um período prolongado de
bombeamento. Verificou-se que houve persistência de fase livre por período de 18 meses,
porém, após 6 meses, foi identificado que a espessura das fases livres diminuiu de 5 para 1 cm,
indicando que a técnica de Bombeamento e Tratamento foi eficiente para conter a pluma de
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 66
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 3: Estado da Arte

contaminação, porém não foi eficaz, em decorrência do longo período de bombeamento


necessário para remoção completa das fases livres, que, neste caso, foi de 18 meses, mesmo
sendo aplicada em condições hidrogeológicas favoráveis em solo arenoso e de boa
permeabilidade.
Coutinho e Gomes (2016) realizaram um estudo envolvendo as técnicas de remediação
para solos e águas subterrâneas em áreas contaminadas com derivados de petróleo oriundos das
atividades desenvolvidas por postos de combustíveis, utilizadas em dois estudos de caso. Em
um dos postos foram adotadas as técnicas de remediação ativa MPE/AS (Extração Multifásica
com Air Sparging) e Biorremediação. Foi necessário um prazo de 18 meses de operação para
que fosse removida a fase livre em sua totalidade, demonstrando que a pluma de contaminação
regrediu. Já no outro posto, o sistema de EVS operou durante aproximadamente 10 meses na
área do empreendimento para conclusão da atenuação da concentração de contaminantes, que
obteve constatação de sucesso quando realizado monitoramento das concentrações de
contaminantes, as quais atenderam aos níveis-alvo estabelecidos para a área mediante
realização de Avaliação de Risco.
Trulli et al. (2016) descreveram as ações que foram operadas para remediar a
contaminação mediante um derramamento acidental de diesel que atingiu as águas subterrâneas
e o solo. A contaminação da água foi remediada através do método Bombeamento e
Tratamento, que acoplou a EVS, Bioventing e Biorremediação para eliminar a contaminação na
zona insaturada do solo. Os resultados demonstraram que a aplicação de técnicas sequenciais
de remediação possibilita a obtenção da qualidade do solo e águas, uma vez que produziram
atenuação dos níveis de contaminação.
Yang et al. (2017) realizaram investigação experimental e simulação via software
TMVOC com o objetivo de avaliar e estimar a migração e remoção de contaminação por BTEX
durante aplicação do processo de remediação por EVS a baixas temperaturas. Os resultados da
simulação convergiram com os dados experimentais obtidos, uma vez que por experimentação
foram obtidas taxas de remoção de benzeno, tolueno, etilbenzeno e o-xileno na ordem de 89,8%,
71,3%, 29,7% e 14,4%, respectivamente. A remoção via EVS para o benzeno foi a mais eficaz
em comparação com os quatro contaminantes testados do grupo BTEX. Este software pode
fornecer orientação científica em se tratando da otimização ou encerramento das operações por
meio da EVS, uma vez que estima as taxas de remoção dos contaminates, podendo ser utilizado
para avaliar a migração da contaminação em um meio, determinando a eficácia da técnica EVS,
podendo até mesmo provocar conclusões sobre a substituição por outros tipos de tratamentos
com vistas para remediação em condições de baixas temperaturas.
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 67
Capítulo 4

METODOLOGIA
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

4 METODOLOGIA

Neste capítulo foram descritas as etapas do procedimento metodológico de pesquisa


adotado para a elaboração deste estudo de caso, cujo objetivo foi monitorar e avaliar a eficiência
dos sistemas de remediação aplicados na descontaminação de poços contaminados com
combustíveis em um posto de revenda tomado como um caso real. As informações foram
coletadas no estudo de Investigação de Passivo Ambiental de um posto de revenda de
combustíveis da cidade de Natal/RN.

4.1 ÁREA DE ESTUDO

A escolha do empreendimento deste estudo de caso se deu em virtude da existência de


contaminação por hidrocarbonetos do petróleo, que persiste na área do posto por 7 anos. E,
associado a este fato, existe histórico de vazamento de tanque de diesel.
Instalado no local desde dois de julho de 1979, há aproximadamente 38 anos, possui
registro junto à ANP para Posto Revendedor de Combustíveis e está localizado em Natal/RN
no bairro do Alecrim, zona leste da cidade, pertencendo à Mesorregião do Leste Potiguar e a
Microrregião de Natal, como mostrado na Figura 22.

Figura 22 – Mapa de localização da área do empreendimento

Fonte: BFU, 2016 (adaptado).


Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 69
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Conforme orientação do Termo de Referência para avaliação de Passivo Ambiental da


SEMURB (2010), os estudos sobre a coleta de dados básicos da área envolveu levantamentos
e entrevistas com pessoas informadas sobre a área, visando à obtenção das informações
relacionadas a seguir:

 Operações atuais com combustíveis;


 Sistemas de drenagem existentes na área (água pluvial e esgoto);
 Características e situação (em uso ou desativo) dos tanques de combustíveis;
 Distribuição dos sistemas de abastecimento de combustíveis;
 Plantas da construção e o croqui da área com diagramas esquemáticos do sistema de
abastecimento de combustíveis;
 Caracterização do entorno.

4.1.2 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO

Buscando compreender o contexto do posto no sentido da reconstituição da maneira


como foram desenvolvidas as atividades de produção e armazenamento de combustíveis na
área, foram levantados os dados correspondentes aos estudos desenvolvidos na IPA, com
referência nos relatórios emitidos por empresas de campo. No levantamento histórico do posto
buscou-se detalhar as construções passadas da área, considerando as principais melhorias,
demolições e reformas realizadas. Além disso, os eventos de vazamento também foram
elencados.

4.2 PERÍODOS DE MONITORAMENTO DA FASE LIVRE

O período deste estudo de caso foi subdividido em dois, uma vez que empresas
diferentes atuaram em períodos distintos na área. Sendo assim, o 1º Período (Atuação da
Empresa 1) compreende os meses de julho a dezembro de 2012 e todo o ano de 2013. O 2º
Período (Atuação da Empresa 2) compreende os meses de julho a dezembro de 2015 e de janeiro
a maio de 2016 e de julho a setembro de 2017, conforme apresentado na Tabela 4.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 70


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

Tabela 4 – Períodos de monitoramento da fase livre


PRESTADOR DE SERVIÇO PERÍODO DE ATIVIDADE
Empresa 1 07/2012 – 12/2013
Empresa 2 07/2015 – 05/2016
Fonte: AUTOR, 2018.

O empreendimento não realizou trabalhos de remediação em todo o ano de 2014 e no


primeiro semestre de 2015. Dessa forma, este estudo de caso não avaliou as espessuras de fase
livre quando o sistema esteve parado, interessando apenas os períodos nos quais os sistemas de
remediação estiveram em atividade.

4.3 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Os planos de remediação evidenciam as ações de gerenciamento ambiental a serem


implementadas na área do posto através do desenvolvimento de meios capazes de reduzir ou
eliminar a concentração de compostos oriundos dos combustíveis líquidos nocivos à saúde
humana, tais como BTEX e HPA’s, presentes no solo e água subterrânea.
De acordo com a SEMURB (2010) o plano de intervenção deve ser elaborado contendo
a seleção das medidas de remediação, mapa de intervenção indicando os locais onde essas
medidas serão implantadas, a localização dos pontos de monitoramento, cronograma de
implantação e operação das medidas de intervenção propostas, bem como proposta de
monitoramento da eficiência das medidas de remediação. Todos esses dados foram levantados
quando emitidos os PRAD’s.

4.3.1 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO EMPREGADAS

Os sistemas de remediação empregados na área do empreendimento foram escolhidos


por remover simultaneamente os combustíveis em fase livre sobrenadante, fase dissolvida e
fase retida em forma de vapor presente no solo. Todos os sistemas instalados no
empreendimento operaram 24 horas por dia.

 Empresa 1

Em junho de 2012 foi realizado estudo contendo o primeiro PRAD para a área tomada
como estudo de caso nesta pesquisa. O objetivo principal do plano foi implantar e operar um

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 71


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sistema de remediação denominado como Extração Multifásica, através do qual a pluma de


contaminantes de produto combustível do tipo óleo diesel em fase livre fosse removida. Os
poços bombeados foram PM-01, PM-02, PM-03, PM-06, PM-07, PM-08, PM-09, PM-11, PM-
12, PM-14 e PB-01. O cronograma de execução previu remoção de fase livre em 12 meses,
porém as atividades se estenderam entre julho de 2012 a dezembro de 2013.

 Empresa 2

Com o objetivo de remover as plumas de contaminação reincidentes, em julho de 2015


foi enviado novo PRAD. O objetivo foi instalar e operar o sistema de remediação Dual Phase
(Figura 23) que conjuga as técnicas denominadas como Bombeamento e Tratamento e Extração
de Vapores do Solo (EVS), dois sistemas individuais que atuam de maneira concomitante. Os
poços bombeados foram PM-40, PM-42, PM-43, PM-44, PM-46, PM-48, PM-50, PM-51, PM-
53, PM-54 e PB-01. O cronograma de execução previu remoção de fase livre em 12 meses. As
atividades dessa empresa se estenderam entre julho de 2015 a maio de 2016.

Figura 23 – Sistema Dual Phase instalado no posto

Fonte: AUTOR, 2018.

Uma técnica auxiliar denominada como Remediação Passiva, por meio de mantas de
polipropileno absorventes (Figura 24), também foi empregada com o intuito de remover a fase
livre em pequenas espessuras através da afinidade com os contaminantes orgânicos. Os poços
nos quais essa técnica foi instalada foram PM-02, PM-08, PM-09 e PM-27.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 72


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Figura 24 – Manta absorvente retirada de um poço do empreendimento estudado

Fonte: AUTOR, 2018.

Como mecanismo para auxiliar o processo de remediação da fase livre, e Empresa 2


removeu a fase livre manualmente (por meio de bailer) diretamente nos poços, contabilizando
o volume de produto combustível recuperado nos seus respectivos relatórios. Na Tabela 5 estão
os dados referentes às técnicas de remediação empregadas por empresas prestadoras de
serviços, bem como os poços nos quais foram alocadas as bombas dos sistemas.

Tabela 5 – Técnicas de remediação e poços bombeados por empresa


PRESTADOR TÉCNICA DE POÇOS
DE SERVIÇO REMEDIAÇÃO BOMBEADOS
Extração Multifásica PM-01, PM-02, PM-03, PM-06, PM-07, PM-
Empresa 1
(MPE) 08, PM-09, PM-11, PM-12, PM-14 e PB-01
Dual Phase;
PM-40, PM-43, PM-43, PM-44, PM-46, PM-
Empresa 2 Remediação Passiva; 48, PM-50, PM-51, PM-53, PM-54 e PB-01
Remoção Manual (bailer)
Fonte: AUTOR, 2018.

4.4 MONITORAMENTO DA REMEDIAÇÃO

4.4.1 MEDIÇÕES DO NÍVEL D’ÁGUA E ESPESSURA DAFASE LIVRE

O nível d’água local foi obtido utilizando-se um medidor eletrônico composto por um
cabo elétrico revestido por uma fita (trena) com marcação milimétrica conectado a um sensor
de interface em sua extremidade inferior. O sensor de interface, quando atinge o nível d’água,

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 73


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

emite um sinal sonoro intermitente que permite a identificação do nível d’água, conforme
orientação da NBR 15.495-1/07, Construção de Poços de Monitoramento em Aquíferos
Granulares: Parte 1: Projeto e construção, empregada na construção de poços de
monitoramento. No caso de ocorrência de fase-livre sobrenadante, o equipamento acusa sua
existência através da emissão de um sinal sonoro contínuo, o que possibilita determinar a
espessura da fase livre.
A verificação visual da fase livre nos poços de monitoramento é usualmente realizada
através de um amostrador (bailer) transparente (Figura 25), que possibilita a identificação
visual da eventual presença de substâncias menos densas que a água nos poços, característica
específica dos hidrocarbonetos parcialmente miscíveis com a água subterrânea (LNAPL). Após
a sua utilização dos bailer’s devem ser devidamente descartados para evitar a contaminação
cruzada dos poços de monitoramento.

Figura 25 – Monitoramento da espessura de fase livre via amostrador (bailer)

Fonte: BFU, 2014.

Através dos dados de monitoramento do nível do lençol freático de cada região, obtidos
durante a operação do sistema de remediação, foi possível verificar a variação do nível do lençol
freático em cada região com o tempo como também analisar a evolução da remoção dos
hidrocarbonetos em fase livre. Os quais foram apresentados em boletins de operação mensais.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 74


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4.4.2 MONITORAMENTO NA SAÍDA DA REMEDIAÇÃO

A Resolução CONAMA nº 430/11 resolve sobre as condições e padrões de lançamento


de efluentes, estabelecendo a concentração máxima de 20 mg/L para Óleos e Graxas (OG). O
Valor Máximo Permitido (VMP) para TPH foi estabelecido como 600 μg/L pela Decisão de
Diretoria da CETESB nº 010-2006-C, que dispõe sobre os novos procedimentos para o
licenciamento de postos e sistemas retalhistas de combustíveis e dá outras providências.
Para monitorar a qualidade do efluente lançado na rede pluvial, na CSAO do posto de
combustível ou na ocasião da reinjeção dos efluentes nos poços após a passagem pelo sistema
de remediação, a água tratada coletada na saída da caixa separadora do sistema (Figura 26, a
esquerda) foi monitorada para a análise dos OG. Os TPH’s foram determinados via coleta dos
efluentes na saída do filtro de carvão ativado (Figura 26, a direita). Os resultados dos
monitoramentos foram apresentados nos relatórios operacionais mensais.

Figura 26 – CSAO e filtro de carvão ativado do sistema de remediação

Fonte: AUTOR, 2018.

O preparo das amostras para análise de OG seguiu a norma ASTM D3921, utilizada
para óleo, graxa e hidrocarbonetos de petróleo em água, que se deu através do emprego da
Extração Líquido-Líquido, em que ocorre partição da amostra entre duas fases imiscíveis
(orgânica e aquosa). A amostra orgânica foi extraída do meio aquoso através do contato
estabelecido em um funil de separação com um solvente apolar, o n-hexano. Por diferença de
densidade entre a fase aquosa e a orgânica, e extrato foi coletado e lido através da técnica
espectroscopia na região do infravermelho próximo, através do analisador Infracal TOG/TPH,
Modelo HATRT2 and CH da Wilks Enterprise (Figura 27), que detecta e quantifica as ligações
dos grupos C-H.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 75


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

O procedimento ocorreu da seguinte forma: 100 mL de amostra foram adicionados a


uma proveta e posteriormente 10 mL de n-hexano foi adicionado. O conteúdo da proveta foi
transferido para uma funil de separação, que foi submetido a agitação mecânica por 30 segundos
e deixado em repouso para que ocorra a separação das fases. O líquido sobrenadante (fase
orgânica) foi extraído na extremidade do funil com o auxílio de aproximadamente 1g de sulfato
de sódio para que o excesso de água fosse retirado. O extrato orgânico final foi transferido para
um vial, sendo levado ao analisador.

Figura 27 – Analisador Infracal TOG/TPH

Fonte: AUTOR, 2018.

A metodologia analítica empregada para determinação de TPH nas amostras de água foi
a U.S.EPA 8021B, utilizada para aromáticos e halogenados voláteis por Cromatografia Gasosa
utilizando fotoionização. No preparo das amostras foi empregada a técnica denominada como
Extração em Fase Sólida, na qual fez-se uso de cartucho de extração com a fase sólida apolar
(adsorvente) em seu interior, o C-18-octadecilsilano. A extração foi realizada no equipamento
de nome Autotrace 280, da marca Dionex.
A extração da fase orgânica teve início com adição de 5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4)
às amostras, seguido de filtração comum de 1000 mL, utilizando-se balões volumétricos, funis
e papéis de filtro. As amostras filtradas foram levadas ao equipamento extrator, Autotrace 280,
no qual os cartuchos C-18 foram condicionados com 10 mL de metanol (CH3OH), 5,0 mL de
acetato de etila (CH3COOCH2CH3), 5,0 mL de diclorometano (CH2Cl2) e 10 mL de água
ultrapura. Sendo assim, as amostras foram passadas através dos cartuchos, sendo o analito retido

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 76


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 4: Metodologia

por afinidade entre os compostos orgânicos presentes nas amostras e o adsorvente presente no
interior dos cartuchos. A fase orgânica foi eluída com 5,0 mL de acetato de etila
(CH3COOCH2CH3) e 2 mL de diclorometano (CH2Cl2). Os cartuchos foram secos com
nitrogênio até a obtenção de aproximadamente 2 mL do extrato, transferido para vial e levado
para Cromatógrafo Gasoso, Focus GC da Thermo Electron Corporation (Figura 28), com
detector FID (Photoionization Detector), detector por fotoionização.

Figura 28 – Cromatógrafo gasoso com detector FID

Fonte: AUTOR, 2018.

4.4.3 DADOS DE PRECIPITAÇÃO

Com intuito investigativo buscou-se fazer correlações da fase livre sobrenadante na água
subterrânea e do nível d’água com as chuvas locais. Os dados de precipitação utilizados neste
trabalho tiveram como base o banco de dados de meteorologia da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). Para o cálculo das chuvas mensais, se fez
um somatório das chuvas diárias. O período de levantamento dos dados de precipitação foi de
julho de 2012 a maio de 2016.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 77


Capítulo 5
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A ênfase deste capítulo se deu na discussão das espessuras de fase livre e as implicações
desta com a pluviometria mediante a relação estabelecida com o nível d’água. Nesse sentido,
foi avaliada a recuperação da área contaminada pelo posto mediante a aplicação de sistemas de
remediação ambiental. Também foram investigados os volumes de água bombeada e tratada e
os volumes de produto combustível recuperados ao longo dos meses de remediação, tendo como
referência os trabalhos elaborados pelas empresas de campo e cedidos pelo MPRN.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A área ocupada total edificada é de 2.000 m2, compreendido pela cobertura sobre a pista
de abastecimento, sistema de armazenamento subterrâneo de combustível, área predial que
abriga o escritório administrativo e instalações sanitárias.
Os serviços oferecidos pelo empreendimento incluem a comercialização de
combustíveis líquidos, tais como a Gasolina Comum (GC), Gasolina Aditivada (GA), Etanol
Comum (EC), Diesel S10 (D-S10) e Diesel Comum (DC), além do Gás Natural Veicular
(GNV). Além disso, há também loja de conveniência, banheiros, área administrativa, calibração
de pneus, loja de revenda e depósito de pneus e troca de óleo (BFU, 2015). O SASC do
empreendimento é constituído por sete tanques subterrâneos para o armazenamento de
combustíveis, como apresentado na Tabela 6.

Tabela 6 – Características dos tanques do posto


ANO DE
TANQUE TIPO SITUAÇÃO PAREDE INSTALAÇÃO CAPACIDADE PRODUTO

01 Pleno Operante Jaquetado 2012 15 m³ GC


02 Pleno Operante Jaquetado 2012 15 m³ GA
03 Pleno Operante Jaquetado 2012 15 m³ EC
04 Pleno Operante Jaquetado 2012 15 m³ GC
05 Pleno Operante Jaquetado 2012 30 m³ GC
06 Bipartido Operante Jaquetado 2006 20 m³/10 m³ DC/D-S10
06 Pleno Operante Jaquetado 2006 15 m³ GA
07 Pleno Operante - 2006 2 m³ Óleo Queimado
Fonte: FULLGEO, 2017 (adaptado).

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Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

O SASC do posto se encontra em atendimento a norma que orienta a construção de


tanque atmosférico de parede dupla (aço carbono/fibra de vidro), jaquetado, NBR 13.785/03,
uma vez que seus tanques são desse tipo com paredes duplas, sendo a parte interna construída
em aço-carbono e a externa em material não metálico, conforme sugestão da norma para novas
instalações de tanques.
Os tanques apresentam descarga remota e selada, que evita a entrada de elementos
indesejados no tanque (água ou sujeira) e permite a operação estanque da descarga de
combustível. De acordo com a NBR 13.786/05, deve haver uma câmara ligada ao tanque que
possibilite tanto o acesso às tubulações e suas conexões, como a retirada do flange (peça
localizada na ponta da conexão para se juntar a outra extremidade similar) da boca de visita.
Essa câmara de acesso deve ser estanque (não permitindo nem a infiltração de água vinda do
solo, e tampouco a contaminação do solo por produto), isto é, a ligação ao tanque e a passagem
das tubulações devem ser herméticas. Sendo assim, o empreendimento se encontra em
atendimento ao estabelecido, uma vez que os tanques possuem câmara de acesso à boca de
visita e spill containers (uma câmara de contenção que torna a descarga de combustível
estanque) na boca de descarga.
Em junho de 2010 foi realizado teste de estanqueidade nos tanques de combustíveis
existentes no empreendimento com a finalidade de verificar possíveis falhas ou vazamentos,
constatando conformidade no SASC (GREEN, 2010).
A NBR 13.786/05 orienta que todos os postos de combustíveis devem utilizar pelo
menos um dos sistemas de detecção de vazamento: controle de estoque ou ensaio de
estanqueidade. Inicialmente, para detectar vazamentos no SASC o empreendimento fez uso de
ensaios de estanqueidade e posteriormente realizou a mesma atividade por meio de controle de
estoque eletrônico.
Para o abastecimento dos veículos são utilizadas dez bombas de abastecimento, sendo
que todas possuem sump de contenção (dispositivo que evita vazamento).
A troca de óleo é realizada em um box próprio e em valeta por meio de gravidade. A
área é pavimentada em cerâmica e possui canaletas de drenagem. O óleo queimado é
armazenado em tanque subterrâneo com capacidade de armazenamento de 2,00 m³, até ser
recolhido para reciclagem.
O posto em estudo se encontra em atendimento a Resolução CONAMA nº 273/00, que
dispõe que o espaço do empreendimento deve ser totalmente impermeabilizado nas áreas de
abastecimento e descarga de combustíveis com canaletas de contenção na projeção da cobertura
de bombas devidamente interligadas ao Sistema de Separação de Água e Óleo (SSAO). Sendo
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 80
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

assim o empreendimento está em conformidade com a Resolução, pois as áreas de


abastecimento e tancagem do posto são pavimentadas por concreto, sendo que a área de
abastecimento é circundada por canaletas de drenagem para captação de efluentes derramados
na pista de abastecimento, que direcionam os efluentes até as CSAO (que são duas: uma para
pista de abastecimento e descarga e a outra destinada a troca de óleo) para tratamento adequado.
Na área do posto existe um poço tubular inoperante. O abastecimento de água da região
é realizado pela CAERN, concessionária pública local. A Figura 29 demonstra a área do posto
com localização dos equipamentos componentes do SASC e do sistema de remediação.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 81


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Figura 29 - Planta detalhada do empreendimento

Fonte: BFU, 2016 (adaptado).

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5.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO

O empreendimento está localizado em uma área plana e inserido na zona urbana com
ocupação mista residencial e predominantemente comercial. De acordo com a NBR 13.786, a
área investigada foi classificada como Classe 3 (de maior risco), uma vez que a água subterrânea
da região é utilizada para o abastecimento público da cidade. A Figura 30 apresenta o entorno
do empreendimento.

Figura 30 – Área do empreendimento e entorno imediato

Fonte: BFU, 2015 (adaptado).

Para o levantamento da localização dos possíveis poços de captação no local e seu


entorno, foi realizado levantamento nas edificações existentes localizadas em um raio de
influência de até 100 m do empreendimento, de modo que não foram encontrados registros da
existência de poços tubulares além de um poço de captação de água subterrânea na área do
próprio empreendimento, porém esse poço se encontra inativo (BFU, 2015).
Pode-se observar também que no entorno imediato destaca-se a presença rede de
drenagem de águas pluviais, rede subterrânea de serviços, edifício multifamiliar com até quatro

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andares, poço de água tubular (inoperante), templo religioso, clube esportivo, duas oficinas e
escola (escola e igreja foram identificadas como receptores sensíveis no local em virtude da
proximidade que exercem em relação ao posto).

5.1.2 GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA

Foram realizadas duas sondagens (ST-01 e ST-02) durante o processo de Investigação


de Passivo Ambiental no posto, escolhidas a partir do levantamento dos pontos de maior
concentração de VOC’s. Os pontos foram usados para avaliar o solo geologicamente e
hidrogeologicamente, de modo que também pudesse observar o mapa potenciométrico e o
sentido da água subterrânea. Na Figura 31 estão apresentados os locais das sondagens, assim
como o sentido do fluxo de água subterrânea.
O solo da área do empreendimento apresentou característica arenosa até a profundidade
de 2,40 m, e argilo-arenoso até aproximadamente 8,00 m. De maneira geral, o solo foi
caracterizado por uma geologia constituída por depósitos arenosos a conglomeráticos.
Os variados estudos hidrogeológicos realizados na cidade de Natal indicaram que as
formações dunares e os sedimentos do Grupo Barreiras, denominado sistema Dunas/Barreiras,
formam um sistema hidráulico único, que se comporta com um sistema do tipo livre. O aquífero
de Natal, portanto, é muito complexo e indiferenciado, apresenta semiconfinamentos apenas
em algumas áreas e as dunas exercem a função de uma transferência das águas de infiltração
em direção aos estratos arenosos do Barreiras. Diante dessa particular fragilidade do aquífero
da cidade de Natal e da relação direta da qualidade o aquífero com a potabilidade da água de
abastecimento da população local, tornou-se necessária a proteção do aquífero da contaminação
que pode ser gerada pelas atividades e serviços existentes em postos de combustíveis (DIAS,
2012).

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Figura 31 – Mapa potenciométrico, fluxo da água subterrânea e localização das sondagens

Fonte: GREEN, 2010 (adaptado).

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Segundo Arado et al. (2015) o tipo de solo arenoso e areno-argiloso promovem maior
comprometimento ambiental, pois nele existe a possibilidade de maior deslocamento das
plumas de contaminação uma vez que esse tipo de solo é característico por possuir alta
condutividade hidráulica ou permeabilidade, a qual é diretamente proporcional ao transporte de
elementos químicos no lençol freático.
A CETESB (2001) afirma que a migração dos contaminantes nos meios físicos
obedece ao sentido do fluxo da águas subterrâneas, sofrendo advecção na medida em
que a água se desloca. Nesse sentido, a velocidade de transporte das substâncias
químicas no solo está intimamente relacionada com a velocidade do fluxo, de modo que
as plumas de contaminação favoravelmente terão velocidade de propagação semelhante,
bem como o sentindo de propogação das plumas fará relação com o sentido do fluxo
das águas, isto é, de sul para norte na área do empreendimento.

5.2 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO

5.2.1 HISTÓRICO DAS REFORMAS

O empreendimento foi instalado no local em 1979, apresentando apenas 25% da área


atual. A área do posto foi anteriormente ocupada por residência e comércio.
O posto passou por reforma para adequação ambiental do SASC no ano 2006, com
substituição dos tanques de aço por tanques ecológicos. Em 2012 foi complementada a
substituição da tancagem subterrânea, tubulações e conexões. Nessa ocasião foram removidos
tanques de gasolina e de etanol para substituição por novos tanques ecológicos (ANTARES,
2013; TELSAN, 2014). Na Figura 32 pode ser observada a localização dos tanques existentes
na área antes dos trabalhos de adequação realizados em 2012.

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Figura 32 – Croqui das instalações do posto

Fonte: Ramalho, 2013 (adaptado).

Os tanques 1, 2, 4, 6 e 8 foram removidos e os tanques 3, 5 e 7 atualmente são nomeados


como 2, 3 e 4, respectivamente.

5.2.2 HISTÓRICO DAS INVESTIGAÇÕES DE PASSIVO AMBIENTAL

Foi relatado histórico de vazamento em tanque de diesel comum com capacidade de


15,00 m³, identificado no momento da remoção do tanque, no ano de 2006 (ENVITEK, 2011;
ANTARES, 2012; TELSAN, 2014).
No ano de 2010 (mês de agosto) foi realizado um estudo de Passivo Ambiental,
nomeado de Investigação Geoambiental Preliminar, no qual foram executadas 15 sondagens
com uma perfuratriz (Figura 33), nas profundidades de 0,5, 1,0 e 1,5 m, a fim de avaliar a
presença de VOC’s nas possíveis áreas fontes de contaminação do solo, bem como auxiliar na
locação dos pontos para amostragem de solo e água. Os pontos de leitura foram situados em
áreas desobstruídas e preferencialmente a jusante dos equipamentos, afastados no mínimo a 1m
de qualquer utilidade (tanques, filtros, bombas, descarga, separador água-óleo, respiro e etc.),
conforme a seguinte sequência de priorização baseado nos Termos de Referência da SEMURB
(SEMURB, 2010a e 2010b).

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Figura 33 – Pluma e malha de VOC’s à 1,0 m

Fonte: GREEN, 2010.

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Na localização das sondagens S-03 e S-09 foram realizadas sondagens nomeadas de ST-
01 e ST-02 (Figura 31), local onde foi detectada contaminação no solo acima dos valores
orientadores estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 420/09. Também foi detectado fase
livre no lençol freático na área do empreendimento, sendo necessário realização de uma
remediação em caráter emergencial visando à remoção de fase livre de diesel (executada nos
meses de julho a outubro do ano de 2011). Recuperou-se cerca de 160,00 L de produto
combustível por bombeamento. Na Figura 34 estão destacadas as áreas nas quais possivelmente
haveria presença da contaminação.

Figura 34 – Área do posto suspeita de contaminação

Fonte: Ramalho, 2013 (adaptado).

A partir dos indícios de contaminação, a área passou a ser classificada como área
contaminada (AC). No fluxograma abaixo (Figura 35) estão representadas as constatações
obtidas sobre o Modelo Conceitual Inicial.

Figura 35 – Modelo Conceitual Inicial da área do posto

Indícios de
Contaminação Área Contaminada Remediação
(Vazamento e Fase (AC) Emergencial
Livre)

Fonte: AUTOR, 2018.

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Em novembro de 2011 foi realizado um estudo de Diagnóstico Ambiental e


Avaliação de Risco à Saúde Humana RBCA Tier 2, quando foi feita uma varredura de vapores
orgânicos no solo por meio de quarenta pontos, além da realização de doze sondagens e
instalação de doze poços de monitoramento, com coleta de amostras de solo e água subterrânea
para análises de BTEX e HPA’s. Neste estudo foi identificada a ocorrência de fase livre nos
poços PM‐01 a PM‐03, PM‐06, PM‐07, PM‐09 a PM‐12, PM‐18 e PB‐01. As análises
identificaram concentrações de benzeno e xilenos acima dos valores orientadores da Resolução
CONAMA nº 420/09 nas sondagens S‐01, S‐03 e S‐07. As análises das amostras de água
subterrânea indicaram concentrações de benzeno nos poços PM‐04, PM‐13, PM‐14, PM‐17,
PM‐20 e PM‐22, de tolueno e xilenos nos poços PM‐04, PM‐13, PM‐14, PM‐17 e PM‐22, de
etilbenzeno nos poços PM‐04, PM‐13, PM‐17 e PM‐22 e de naftaleno nos poços PM‐04, PM‐
13 e PM‐17, acima dos valores de investigação da legislação adotada. Foi recomendada a
remoção da fase livre com a instalação de um sistema de remediação por Extração Multifásica
(MPE), além do tamponamento do poço tubular existente no empreendimento.
Em julho de 2012 foi realizado um estudo de Diagnóstico Ambiental Complementar,
quando foram realizadas seis sondagens e instalados seis poços de monitoramento, sendo quatro
deles com o objetivo de substituir poços existentes. Foram locados mais dois poços de
monitoramento (PM‐30 e PM‐31) que ainda serão futuramente instalados. Neste estudo foi
identificada a ocorrência de fase livre nos poços PB‐01, PM‐01, PM‐02, PM‐03, PM‐06 a PM‐
12, PM‐14, PM‐17, PM‐18, PM‐24 a PM‐27 e PM‐29. Também foi instalado um sistema de
remediação denominado como Extração Multifásica (MPE) que operou até dezembro de 2013
obtendo total remoção da fase livre, de acordo com os dados da empresa responsável. A Figura
36 demonstra a espessura de fase livre no PM-10 construído no posto.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 90


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Figura 36 – Fase livre encontrada no PM-10

Fonte: ANTARES, 2012.

Em novembro de 2012 foi emitido o relatório de Diagnóstico Ambiental Complementar,


cujos serviços compreenderam a execução de 7 sondagens, instalação de 7 poços de
monitoramento (PM‐32 ao PM‐38), coleta de amostras de solo e água subterrânea para análises
químicas de BTEX e HPA’s e medição de vapores em espaços subterrâneos. Foi identificada a
existência de produto combustível em fase livre sobrenadante nos poços PM‐01, PM‐07, PM‐
08, PM‐09, PM-10, PM‐12, PM‐14, PM‐26, PM‐27 e PM‐29. A comparação dos resultados
analíticos das amostras de solo com os valores orientadores não indicou a presença de anomalias
geoquímicas. Foi identificada a ocorrência de benzeno, etilbenzeno, xilenos e naftaleno em fase
dissolvida na água subterrânea em concentrações superiores aos valores de investigação da
Resolução CONAMA nº 420/09.
Em dezembro de 2013, a Empresa 1 encerrou os seus trabalhos, iniciados em julho de
2012, na área do empreendimento, declarando remoção total de fase livre em todos os poços
instalados, com montantes de 348,3 m³ de água subterrânea bombeada e tratada e 1.549,8 L de
óleo recuperado.
Em 2014 e 2015, antes da instalação do sistema do novo sistema de remediação, foram
realizados o monitoramentos ambientais do solo e da água subterrânea. Esses estudos indicaram
os seguintes parâmetros acima dos valores de investigação: Benzeno no solo, na sondagem S-
09. Na água subterrânea foi detectado benzeno nos poços PM-03, PM-12, PM-17, PM-20, PM-
25, PM-28 e PM-34. Tolueno foi encontrado nos poços PM-12, PM-25 e PM-28. Etilbenzeno
nos poços PM-12, PM-20, PM-25 e PM-34. Xilenos nos poços PM-03, PM-12, PM-17, PM-

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 91


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20, PM-25, PM-28 e PM-34. Naftaleno nos poços PM-03, PM-12, PM-19 e PM-25. Além disso,
foram instalados novos poços de monitoramento (PM-39 ao PM-54).
Entre julho de 2015 e maio de 2016 foi operando o sistema da remediação do tipo Dual
Phase na área do empreendimento. Durante o período, foram bombeados 2.897,3 m³ de fluidos
do aquífero em estado líquido, nos quais se encerraram 920,0 L de produto combustível.
Durante o período, foi identificada a existência de combustível em fase livre nos poços PM‐01,
PM‐02, PM‐03, PM‐06, PM‐07, PM‐08, PM‐09, PM‐10, PM‐11, PM‐12, PM‐14, PM‐18, PM‐
19, PM‐24, PM‐26, PM‐27, PM29, PM‐40, PM‐41, PM‐42, PM‐43, PM‐44, PM‐46, PM‐48,
PM‐49, PM‐50, PM‐51, PM‐52, PM‐54 e PB‐01. Sendo recomendada a continuidade da
remediação ambiental para remoção da fase livre.
Os resultados dos monitoramentos estão apresentados abaixo. As análises de solo que
ultrapassaram os valores de investigação residencial presentes na Resolução CONAMA nº
420/09 sugerem os compostos orgânicos existentes na fase retida, como apresentado na Tabela
7.

Tabela 7 – Monitoramento ambiental para matriz solo


PARÂMETRO CONAMA (420/2009) ANO - 2010 ANO - 2011 ANO - 2015
SOLO (mg/Kg) VI RESIDENCIAL ST-01 ST-02 S-01 S-03 S-07 S-09
Benzeno 0,08 - - 7,60 16,91 18,33 2,23
Tolueno 30,00 - - 34,18 59,08 64,05 -
Etilbenzeno 40,00 95,38 578,05 - - - -
Xilenos 30,00 454,63 1391,21 154,67 163,60 133,35 -
Fonte: AUTOR, 2018.
* ST e S representam os pontos nos quais foram realizadas as sondagens.
- Valores abaixo dos VI residencial estabelecidos pela resolução CONAMA (420/2009).

A análise geral da contaminação no solo evidencia atenuação de todos os


parâmetros do grupo BTEX na medida em que são realizados trabalhos de remediação
ambiental na área ao longo dos anos. Ou seja, a contaminação em fase retida demonstrou
resposta positiva para os trabalhos de remediação ambiental. Nos monitoramentos de
solo não foram detectadas concentrações acima dos VI na matriz solo para os parâmetros
do grupo HPA’s.
Os resultados que ultrapassaram os valores de investigação presentes na
Resolução CONAMA nº 420/09 para matriz água sugerem os compostos orgânicos
existentes na pluma de fase dissolvida, como apresentado na Tabela 8.

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Tabela 8 – Monitoramento ambiental para matriz água


CONAMA
ANO - 2011 ANO - 2012
PARÂMETRO (420/2009)
VI PM-04 PM-13 PM-14 PM-17 PM-20 PM-22 PM-33
BTEX ÁGUA (μg/L)
Benzeno 5,00 3326,40 126,40 139,40 458,10 47,6 1820,30 43,90
Tolueno 700,00 5271,10 - - - - 1233,20 -
Etilbenzeno 300,00 1530,30 676,60 - 1151,40 - 468,20 782,80
Xilenos 500,00 9549,80 2768,70 1367,40 8214,20 - 4151,50 1372,80
HPA'S
Naftaleno 140,00 184,41 347,28 - 240,30 - - 169,60
CONAMA
ANO - 2014
PARÂMETRO (420/2009)
VI PM-03 PM-12 PM-17 PM-19 PM-20 PM-25 PM-28 PM-34
BTEX ÁGUA (μg/L)
Benzeno 5,00 144,00 4870,00 47,80 - 31,50 343,00 2250,00 43,90
Tolueno 700,00 - 19000,00 - - - 770,00 2090,00 -
Etilbenzeno 300,00 - 2380,00 - - 1310,00 452,00 - 546,00
Xilenos 500,00 4760,00 12890,00 1483,00 - 3552,00 3540,00 6010,00 1397,00
HPA'S
Naftaleno 140,00 279,00 431,00 - 235,00 - 1740,00 - -
Fonte: AUTOR, 2018.

Foi constatado que as anomalias identificadas nas águas subterrâneas coletadas na área
do posto possuem origem antrópica associada ao aporte acidental de combustíveis ao solo na
área do empreendimento e desqualificam a água subterrânea para quaisquer usos, inclusive para
ingestão, sem prévio tratamento.
A pluma de fase livre referente ao período do início dos trabalhos de remediação se
concentra na região de tancagem subterrânea do empreendimento, indicando contaminação
proveniente do SASC, conforme pode ser observado na Figura 37.

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Figura 37 – Pluma de fase livre em 2011

Fonte: ENVITEK, 2011 (adaptado).


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5.3 MONITORAMENTO DA REMEDIAÇÃO

Diante das fases livre, dissolvia e vapor detectadas na área do empreendimento em


estudos ambientais da IPA, a escolha das técnicas fez-se apropriada para o posto, pois os
pressupostos teóricos da MPE e Dual Phase apontam para a eficiência na remoção de
contaminantes nas fases mencionadas para o tipo de solo arenoso e de alta permeabilidade,
caracterizado em estudos exclusivos para a zona pertencente a este estudo de caso.

5.3.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO

O sistema de remediação implantado pela Empresa 1 (MPE), operado nos anos 2012 e
2013, tinha previsão para funcionar por 12 meses com o objetivo de remover a fase livre, prazo
acordado mediante assinatura do TAC. Porém o prazo determinado não foi cumprido, e a
empresa operou de julho de 2012 até a data 28/12/13. O sistema operou por 554 dias, 24 horas
por dia, salvo o mês de novembro de 2013, no qual houve parada do sistema por 2 horas para
manutenção. As horas trabalhadas nesse período podem ser verificadas na Tabela 9.

Tabela 9 – Quantidade de horas trabalhadas pela Empresa 1


MÊS/ANO HORAS MÊS/ANO HORAS MÊS/ANO HORAS
06 e 07/12 960,00 01/13 744,00 07/13 744,00
08/12 744,00 02/13 672,00 08/13 744,00
09/12 720,00 03/13 744,00 09/13 720,00
10/11 744,00 04/13 720,00 10/13 744,00
11/12 720,00 05/13 744,00 11/13 718,00
12/12 744,00 06/13 720,00 12/13 672,00
Fonte: AUTOR, 2018.

O sistema de remediação implantado pela Empresa 2 (Dual Phase), operado nos anos
de 2015 e 2016, estava previsto para funcionar por mais 12 meses para remover a fase livre,
prazo em acordo mediante assinatura de novo TAC. Porém esse prazo determinado também
não foi cumprido, e a empresa continuou seus trabalhos até maio de 2016. O sistema foi operado
24 horas por dia, salvo o mês de janeiro de 2016, no qual houve falta de energia. As horas
trabalhadas nesse período podem ser verificadas na Tabela 10. É importante ressaltar que
durante o ano de 2014 o empreendimento ficou sem nenhuma empresa remediando a área.

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Tabela 10 – Quantidade de horas trabalhadas pela Empresa 2


MÊS/ANO HORAS MÊS/ANO HORAS
06 e 07/15 744,00 12/15 720,00
08/15 744,00 01/16 0,00
09/15 744,00 02/16 744,00
10/15 720,00 03/16 720,00
11/15 744,00 04 e 05/16 744,00
Fonte: AUTOR, 2018.

5.3.2 RELAÇÃO DA PLUVIOMETRIA COM O NÍVEL D’ÁGUA

Faz-se necessária a compreensão da variação do nível d’água, que sofre influência da


pluviometria, para entender o comportamento das espessuras de fase livre na medida em que os
meses de remediação se procederam.
Para o cálculo das chuvas por mês, se fez um somatório das chuvas diárias com base no
banco de dados da EMPARN. A Tabela 11 apresenta o somatório das precipitações mensais.

Tabela 11 – Precipitações mensais nos meses de remediação


PERÍODO DA Σ PRECIPITAÇÃO PERÍODO DA Σ PRECIPITAÇÃO
REMEDIAÇÃO MÉDIA MENSAL (m) REMEDIAÇÃO MÉDIA MENSAL (m)
07/2012 0,70 10/2013 0,01
08/2012 0,06 11/2013 0,01
09/2012 0,03 12/2013 0,01
10/2012 0,00
11/2012 0,00 07/2015 0,62
12/2012 0,00 08/2015 0,36
01/2013 0,02 09/2015 0,07
02/2013 0,06 10/2015 0,03
03/2013 0,04 11/2015 0,01
04/2013 0,18 12/2015 0,07
05/2013 0,25 01/2016 0,22
06/2013 0,40 02/2016 0,22
07/2013 0,43 03/2016 0,22
08/2013 0,24 04/2016 0,32
09/2013 0,20 05/2016 0,37
Fonte: AUTOR, 2018.

Quando se fez a relação entre o nível d’água com a pluviometria, de maneira geral, em
todos os poços, essa relação se manteve diretamente proporcional, pois foi observado que nos
meses em que houve maior incidência de chuvas, os poços tiveram aumento de carga hidráulica,
conforme pode ser observado nas Figuras 38, 39 e 40.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 96


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Após os primeiros meses de funcionamento do sistema, os poços com bombas operados


pela Empresa 1 (Figura 36) apresentaram comportamentos semelhantes, pois sofreram
rebaixamento do nível d’água em função do mal dimensionamento do sistema. Além disso, o
período de seca contribuiu para que o aquífero não sofresse recarga, por isso estes poços se
apresentaram secos, restabelecendo os NA em torno de 7,00 m após período chuvoso (meses
de junho e julho). A exceção do comportamento do PM-12 está relacionada a localização do
poço (Figura 27) em uma área na qual não há influência de outros poços de bombeamento, e
por isso, esse poço esteve seco em apenas um mês.
Os poços nos quais não foram instaladas bombas (Figura 37), no sistema operado pela
Empresa 1, não apresentaram rebaixamento do nível de água a ponto de secar, de forma que o
comportamento foi diretamente proporcional ao índice pluviométrico. Sendo assim, o nível
d’água seguiu a média de 7,00 m. As exceções foram os poços PM-04 e PM-29, que
apresentaram comportamento semelhante com relação ao nível d’água em comparação com os
poços que estiveram em bombeamento neste período, fato que se explica pelas proximidades
(Figura 27) com os vários poços com bombas em seu interior, cuja consequência foi o
rebaixamento do aquífero até a secura.
Durante os trabalhos da Empresa 2, foi observado que o nível d’água nos poços só
diminui no mês mais crítico de chuvas (11/15), evidencia de que que a recarga do aquífero está
intimamente ligada a pluviometria. Entretanto alguns poços (PM-02, PM-06, PM-08 e PM-18)
secaram em 01/16, mês em que o sistema esteve submetido a uma parada forçada por motivo
de falta de energia. A hipótese dada para este fato é a possibilidade da água presente no interior
desses poços de monitoramento ter migrado para os poços de bombeamento.
O sistema operado pela Empresa 2 demonstrou melhor dimensionamento em relação a
Empresa 1 em termos do comportamento do nível d’água, que seguiu uma média de 7,00 m por
todo o período de trabalho, sendo que os poços dificilmente secaram, conforme foi observado
na Figura 38.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 97


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Figura 38 – Relação entre o IP e NA dos poços com bombas operados pela Empresa 1
Nível de Água e Índice Pluviométrico - Poços com bombas - Empresa 1
0,80 12,00

0,70
10,00

0,60
Índice Pluviométrico (m)

8,00
0,50

Nível de Água (m)


0,40 6,00

0,30
4,00

0,20

2,00
0,10

0,00 0,00
07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 01/13 02/13 03/13 04/13 05/13 06/13 07/13 08/13 09/13 10/13 11/13 12/13
Mês/Ano
Índice Pluviométrico PM-01 PM-02 PM-03 PM-06 PM-07
PM-08 PM-09 PM-11 PM-12 PM-14 PB-01

Fonte: AUTOR, 2018.

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Figura 39 – Relação entre o IP e NA dos poços sem bombas operados pela Empresa 1
Nível de Água e Índice Pluviométrico - Poços sem bombas - Empresa 1
0,80 12,00

0,70
10,00

0,60

8,00
Índice Pluviométrico (m)

0,50

Nível de Água (m)


0,40 6,00

0,30
4,00

0,20

2,00
0,10

0,00 0,00
07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 01/13 02/13 03/13 04/13 05/13 06/13 07/13 08/13 09/13 10/13 11/13 12/13
Mês/Ano

Índice Pluviométrico PM-04 PM-10 PM-13 PM-18 (NA) PM-24 PM-25 PM-26 PM-27 PM-28 PM-29

Fonte: AUTOR, 2018.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 99


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Figura 40 – Relação entre o IP e NA em todos os poços monitorados pela Empresa 2


Nível d’água e Índice Pluviométrico - Poços de Monitoramento - Empresa 2
0,80 10,00

9,00
0,70
8,00
0,60
7,00
ìndice Pluviométrico (m)

0,50

Nível d’água(m)
6,00

0,40 5,00

4,00
0,30
3,00
0,20
2,00
0,10
1,00

0,00 0,00
07/15 08/15 09/15 10/15 11/15 12/15 01/16 02/16 03/16 04/16 05/16
Mês/Ano

Índice Pluviométrico (IP) PM-01 PM-02 PM-06 PM-07


PM-08 PM-09 PM-10 PM-11 PM-18
PM-24 PM-27 PM-28 PM-29 PM-40
PM-41 PM-42 PM-43 PM-46 PM-48
PM-50 PM-51 PB-01

Fonte: AUTOR, 2018.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 100


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5.3.3 MONITORAMENTO DA ESPESSURA DE FASE LIVRE

De acordo com Oliveira (2016), o poço de monitoramento é uma ferramenta importante


nos trabalhos de hidrogeologia de contaminação. Quando se trata de produto menos denso do
que a água (LNAPL), a medida da espessura da lâmina de fase livre no interior do poço é
fundamental na avaliação do efeito de um projeto de remediação. Sendo assim, as espessuras
de livre foram monitoradas mensalmente durante o estudo de caso, com o objetivo de avaliar o
volume recuperado e a eficiência do sistema de remediação.
Embora Anjos (2015) tenha percebido relação diretamente proporcional entre
precipitação e concentrações de contaminantes via processo de lixiviação, a mesma relação não
se constrói entre altos índices de chuvas e espessura de fase livre.
Variações sazonais do nível d’água podem provocar o eventual desaparecimento e
reaparecimento da fase livre, mascarando a sua existência (OLIVEIRA; BARKER; BANKS,
1998). Nesse sentido, foi observado que após períodos com baixa pluviometria ou de secura
dos poços, houve aumento nas espessuras de fase livre medidas, fato coerente com fenômeno
do trapeamento.

Em regiões tropicais, como no Brasil, a estação chuvosa é bem definida,


permitindo uma rápida elevação do nível d’água dos aquíferos livres
impactados, o que leva ao fenômeno de trapeamento do óleo presente no meio
poroso e afeta diretamente o processo de remediação (PEDE, 2009, p. 16).

O mecanismo de trapeamento de LNAPL, denominado bypassing, ocorre durante o


processo de embebição em que a água desloca o fluido não molhante (LNAPL) através do poro
menor mais rapidamente que pelo poro maior, fazendo com que o LNAPL fique aprisionado
no topo da camada arenosa (PEDE, 2009). Dessa forma pode-se fazer relação com o processo
reverso: após baixos regimes de chuvas, a fase livre nos poços aumenta, pois os poros ocupados
preferencialmente por água passam a ser ocupados por óleo.
Ferreira, Oliveira e Duarte (2004) explicam que a época chuvosa provoca variação
ascendente acima do nível d’água original. Como consequência, quantidades consideráveis de
produto presente em fase livre ficam trapeadas abaixo do nível d’água, passando para a fase
residual, causando diminuição da espessura de LNAPL. Este fato ocorre devido ao
deslocamento da porção inferior de fase livre, pois o produto nesta fase vai sendo levado para
cima pelo movimento ascendente do nível d’água, e o ar presente vai sendo gradativamente
eliminado pelo processo de embebição. Da mesma forma, após épocas de seca, há variação

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 101


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descendente da carga hidráulica, e parte do produto residual que foi trapeado abaixo do nível
d’água torna-se móvel e, consequentemente, uma lâmina de fase livre mais espessa é formada.
De maneira geral, nos primeiros meses de remediação foi observado aumento na
espessura de fase livre, fator associado ao bombeamento, que capta a fase livre
sobrenadante no nível d’água diretamente para o interior dos poços, fazendo com que
aumente o valor das espessuras medidas, dado real coerente com a literatura: “À medida
que se bombeia para a retirada da fase livre, mais LNAPL migra para o poço. O
bombeamento continua até que não haja mais produto no interior do poço sobre
nenhuma forma, quando então a remediação da fase livre termina.” (OLIVEIRA, 2016,
p. 121).
Durante os trabalhos da Empresa 1, os poços com bombas instaladas apresentaram-se
secos após os primeiros meses de atividade do sistema MPE, impossibilitando o monitoramento
do combustível sobrenadante. Entretanto, as espessuras da fase livre apresentaram aumento
após a recarga do aquífero, pelo efeito do trapeamento. A medida em que se procedeu a
remediação, a fase livre diminuiu, enquanto resultado do sistema. Na Figura 41 estão os dados
monitorados no PM-01.

Figura 41 – Nível d’água e fase livre no PM-01


PM-01/PB - Empresa 1
10,00 0,50
9,00 0,45
8,00 0,40
Espessura de FL (m)

7,00 0,35
6,00 0,30
NA (m)

5,00 0,25
4,00 0,20
3,00 0,15
2,00 0,10
1,00 0,05
0,00 0,00
10/13
11/13
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13

12/13

Mês/Ano
Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Fonte: AUTOR, 2018.

Outro agente que influencia na espessura de fase livre nos poços é o resultado do próprio
sistema de remediação, que tende a atenuar a contaminação até a extinção. A partir de novembro
de 2012 este comportamento foi observado, e a empresa responsável pela remediação não

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 102


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detectou fase livre em nenhum dos poços em dezembro de 2013. Na Figura 42 pode-se observar
esse comportamento no PM-26.

Figura 42 – Nível d’água e fase livre no PM-26


PM-26 - Empresa 1
10,00 0,50
9,00 0,45

Espessura de FL (m)
8,00 0,40
7,00 0,35
6,00 0,30
NA (m)

5,00 0,25
4,00 0,20
3,00 0,15
2,00 0,10
1,00 0,05
0,00 0,00
12/12
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12

01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Fonte: AUTOR, 2018.

Em 2014 os trabalhos de remediação foram interrompidos por não ser mais detectada
fase livre nos poços de monitoramento. O risco que a migração da fase livre representava foi
eliminado em sua maior problemática, entretanto, ainda haverá transferência de produto para a
fase vapor na zona não saturada, pois no aquífero ainda existe uma lâmina de LNAPL que
precisa ser remediada nessa ocasião (OLIVEIRA, 2016).
Por isso a continuação de remoção de contaminantes é importante, devendo ser utilizada
técnica capaz de remover apenas os vapores da zona vadosa, tal qual a Extração de Vapores do
Solo. Uma vez que os trabalhos foram interrompidos, foi detectada contaminação em forma de
fase livre em anos posteriores, conforme foi observado na Figura 43.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 103


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

Figura 43 – Nível d’água e fase livre no PM-07


PM-07 - Empresa 2
10,00 1,00
9,00 0,90

Espessura de FL (m)
8,00 0,80
7,00 0,70
NA (m) 6,00 0,60
5,00 0,50
4,00 0,40
3,00 0,30
2,00 0,20
1,00 0,10
0,00 0,00

Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Fonte: AUTOR, 2018.

Em julho de 2015 foi novamente constatada presença de fase livre nos poços da área, e
a hipótese relacionada a este fato indica nova fonte de contaminação, talvez associada a falhas
no controle de estoque de combustível nos tanques, que é realizado por meio eletrônico,
fazendo-se necessários testes de estanqueidade e/ou verificação da exatidão com que esse
monitoramento vem sendo realizado no SASC do empreendimento.
Outra hipótese está relacionada ao monitoramento da espessura de fase livre realizado
no final de 2013, que pode ter se equivocado ao afirmar que toda a fase livre existente na área
fora removida. Essa afirmação teria mais sentido se o sistema tivesse passado alguns dias sem
realizar bombeamento, conforme sugestão do perito do MPRN, promovendo uma pausa na
perturbação do aquífero causada pela ação das bombas. Dessa forma, a conclusão sobre o
cenário ambiental teria maior exatidão e confiabilidade.
No período de atividade da Empresa 2, a maioria dos poços que não estiveram em
bombeamento apresentou aumento da fase livre após o mês de janeiro de 2016 (Figura 41), mês
no qual o sistema de remediação parou por motivo de falta de energia. Esse fato se mostrou
como algo extremamente negativo para o processo de tratamento, pois a atenuação da espessura
de fase livre foi interrompida, o que provocou atrasos na remoção do contaminante.
Semelhantes comportamentos foram observados nos gráficos dos poços individuais
durante os trabalhos de ambas as empresas, conforme Anexo 2.
Na pluma de fase livre (Figura 44), fruto do trabalho de remediação realizado no mês
05/16, foi constatada diminuição da área impactada pelo produto sobrenadante no aquífero,

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 104


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

demonstrando eficiência dos sistemas empregados na área, porém ainda evidencia os esforços
necessários para que o objetivo de remover o combustível capaz de contaminar os recursos
hídricos seja cumprido.
Os sistemas de remediação começaram a funcionar no final de junho de 2012 e se
mantêm em funcionamento até a data atual deste trabalho, sendo sustentado também por
período posterior até que seja removida todas as fases de contaminantes, de modo que o
monitoramento ambiental indique que as concentrações das SQI’s estejam obedecendo aos
padrões ambientais de salubridade do solo e águas subterrâneas. Ou seja, após a parada dos
processos de remediação ambiental, as concentrações de BTEX e HPA’s devem ser menores
que os valores de investigação estabelecidos na Resolução CONAMA nº 420/09.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 105


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

Figura 44 – Pluma de fase livre em 2016

Fonte: BFU, 2016 (adaptado).


Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 106
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

5.3.4 VOLUMES DE ÁGUA BOMBEADA E PRODUTO COMBUSTÍVEL RECUPERADO

O volume de água bombeada e tratada é diretamente proporcional ao volume de óleo


recuperado, sendo assim, a Figura 45 demonstra graficamente essas medidas avaliadas a partir
dos dados obtidos nos relatórios das empresas de campo.

Figura 45 – Volume de líquidos e produto combustível tratado por mês


Volume de Líquidos e Produto Combustível Tratados por Mês
700,00 600,00

Volume de Produto Combustível Recuperado (L)


600,00
500,00
Volume de Líquidos Tratados (m³)

500,00
400,00

400,00
300,00
300,00

200,00
200,00

100,00
100,00

0,00 0,00
08/12

06/13
07/12

09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13

07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
07/15
08/15
09/15
10/15
11/15
12/15
01/16
02/16
03/16
04/16
05/16

Mês/Ano

Volume de Líquido Bombeado Volume de Produto Recuperado

Fonte: Autor (2018).

A análise do comportamento dos gráficos sugere que na medida em que é bombeado


maior volume de água também é estabelecido aumento no volume de óleo recuperado, pois os
métodos captam os líquidos de forma única do meio físico diretamente para o sistema de
tratamento em superfície.
O funcionamento do sistema de remediação é a condicionante observada para o volume
de água tratada, medida através de hidrômetro. Foi observado aumento do volume de líquidos
(água) em 2015, supondo que a Empresa 2 rebaixa o aquífero com o intuito de proporcionar a
migração da pluma de fase livre para os poços em bombeamento, com o objetivo de tornar o
sistema mais eficiente, uma vez que a área já havia sofrido influência do emprego de técnica de
remediação no passado removendo grande quantidade de produto combustível. As Figuras 46

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 107


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

e 47 abaixo demonstram a quantidade acumulada de líquidos tratados em comparação com os


dados mensais.

Figura 46 – Volume de líquidos tratado por mês e acumulado


Volume de Líquidos Tratado por Mês e Acumulado
1000,00 3500,00

Volume de Líquido Bombeado Acumulado (m³)


Volume de Líquido Bombeado por Mês (m³)

900,00
3000,00
800,00

700,00 2500,00

600,00
2000,00
500,00
1500,00
400,00

300,00 1000,00
200,00
500,00
100,00

0,00 0,00
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
07/15
08/15
09/15
10/15
11/15
12/15
01/16
02/16
03/16
04/16
05/16
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13

Mês/Ano

Volume de Líquido Bombeado Acumulado Volume de Líquido Bombeado por Mês

Fonte: Autor (2018).

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 108


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

Figura 47 – Volume de produto combustível recuperado por mês e acumulado


Volume de Produto Combustível Recuperado
600,00 3000,00

Volume de Produto Recuperado Acumulado (L)


Volume de Produto Recuperado por Mês (L)

500,00 2500,00

400,00 2000,00

300,00 1500,00

200,00 1000,00

100,00 500,00

0,00 0,00

11/15
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
07/15
08/15
09/15
10/15

12/15
01/16
02/16
03/16
04/16
05/16
Mês/Ano

Volume de Produto Recuperado por Mês Acumulado Volume de Produto Recuperado por Mês

Fonte: Autor (2018).

A Empresa 2 trabalhou grandes volumes de líquidos, entretanto percebe-se que, mesmo


em face de volumes muito altos de água bombeada, os poços não chegam a secura, como
observado nos trabalhos realizados pela Empresa 01. Fator que evidencia o mal
dimensionamento do sistema operado em 2012 e 2013. A Figura 48 sintetiza as quantidades
totais de água e produto trabalhados nas atividades das duas empresas.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 109


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

Figura 48 – Volume total de líquidos trabalhados por ambas as empresas


Volume Total de Líquidos Tratados

Volume de Produto Recuperado (L)


Volume de Água Tratada (m³)

3500,0 1800,0
1549,8 1600,0
3000,0 2897,3
1400,0
2500,0
1200,0
2000,0 920,0 1000,0
1500,0 800,0
600,0
1000,0
400,0
500,0 200,0
348,3
0,0 0,0
07/12 - 12/13 (18 meses) 07/15 - 05/16 (11 meses)
Período de Remediação

Volume de Produto Combustível Recuperado (L) Volume de Água Tratada (m³)

Fonte: Autor (2018).

A disparidade da quantidade de água tratada está relacionada com a adaptação do


sistema para se tornar mais eficiente, conforme mencionado anteriormente, juntos os sistemas
trataram 3.245,6 m³ de água. A quantidade de produto combustível total recuperado através dos
trabalhos de remediação demonstraram o montante de 2.469,8 L de óleo sobrenadante extraído
do aquífero, caracterizando avanços nos esforços de remediar a área, porém o histórico de
vazamento em tanque de diesel com capacidade de 15.000 L evidencia a disparidade entre o
volume aproximado possivelmente vazado e o recuperado, comprometendo o empreendimento
com os trabalhos de remediação em busca da cobrança dos passivos originados pelas suas
atividades.

5.3.5 MONITORAMENTO NA SAÍDA DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO

As amostras da água subterrânea bombeada e tratada também devem analisadas


quimicamente antes de serem re-injetadas em subsuperficíe, conforme orienta as normas
relacionadas a remediação ambiental no âmbito dos postos de combustíveis e conforme Freire,
Trannin e Simões (2014) que descrevem este monitoramento enquanto um meio capaz de
avaliar o a eficácia do tratamento do sistema de remediação.
Dessa forma, pode-se estabelecer ligação entre as concentrações desses efluentes e
possíveis novas fontes de contaminação para o aquífero, pois caso os limites excedidos para
OG e TPH sejam ultrapassados, pode estar havendo recontaminação do meio físico.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 110


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 5: Resultados e Discussões

A Tabela 12 expõe os valores ultrapassados acima dos VMP nos meses em que os
sistemas de remediação estiveram em funcionamento.

Tabela 12 – Valores de OG e TPH medidos acima dos VMP


MÊS/ANO OG (mg/L) TPH (μg/L)
07/12 183,50 8886,30
08/12 - 54582,00
09/12 65,12 15985,80
10/12 92,80 5265,50
01/13 9263,00 20000,00
02/13 67,00 12000,00
04/13 768,00 8400,00
06/13 - 34000,00
07/13 - 2700,00
09/13 - 1900,00
10/13 - 37000,00
11/13 - 730,00
07/15 41,00 2524,00
09/15 54,00 -
Fonte: Autor, 2018.
- Valores encontrados a partir das análises estiveram dentro dos VMP.

A partir do monitoramento realizado em 29 meses de remediação foi observado que em


27,59% os valores de OG estiveram acima dos VPM, enquanto quem em 44,83% as
concentrações de TPH ultrapassaram os limites. Quando os sistemas de remediação possuem
dificuldades para inserir essas concentrações dentro dos VMP, significa que os mecanismos de
adsorção da concentração de contaminantes, que têm como objetivo diminuir a concentração
dos compostos poluidores, no caso os filtros de carvão ativado, estão funcionando de maneira
insatisfatória, pois efluentes lançados no meio ambiente com altas concentrações de OG e TPH
podem se configurar como novas fontes de contaminação.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 111


Capítulo 6
CONCLUSÕES
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Capítulo 6: Conclusões

6 CONCLUSÕES

Os sistemas de remediação ambiental foram instalados conforme determinado em TAC,


possibilitando a atenuação da fase livre medidas nos poços de monitoramento na medida em
que os meses de remediação se procederam.
A pluviometria apresentou relação diretamente proporcional com o nível d’água. Foi
constatada que nos meses de seca, o NA no aquífero diminui como consequência do baixo
Índice Pluviométrico e a fase livre nos poços de monitoramento aumenta, comprovando o
fenômeno descrito na literatura como trapeamento.
A qualidade dos efluentes tratados foi avaliada a partir do monitoramento realizado na
saída dos sistemas, onde em 27,6% e 44,8% dos meses acompanhados, os VMP para OG e
TPH’s, respectivamente, indicaram saturação dos filtros de carvão ativado e/ou baixa eficiência
de remoção das caixa separadoras utilizadas nos sistemas de remediação.
Embora a pluma de fase livre tenha sido considerada como removida no final de 2013,
culminando com o fim do primeiro período de remediação, estudos da IPA detectaram
ressurgência de fase livre na área, cujas explicações estão associadas a possíveis novas fontes
de contaminação, tais como lançamento de efluentes em subsuperfície contendo resíduo de
óleo, falha no controle de estoque do SASC, bem como não conformidades na sistemática em
que se deram as últimas medidas da espessura de fase livre, ocasião em que foi declarada
eliminação dessa forma de contaminação.
Após 29 meses de monitoramento nos quais os sistemas de remediação estiveram em
funcionamento, foi bombeado e tratado o volume de 3.245,6 m³ de água e foram recuperados
2.469,8 L de produto combustível antes presente no solo e na água subterrânea, representando
risco à saúde humana.
Chegou-se a conclusão de que falhas poderiam ser evitadas se, mesmo em face de
atenuação a nível laminar de fase livre no final de 2013, o sistema de remediação viesse a
continuar em funcionamento para eliminar resíduos de LNAPL, além disso, o bombeamento no
campo deve estabelecer período de pausa para avaliar o comportamento da contaminação na
área. Testes de estanqueidade e/ou o controle de estoque por meio eletrônico devem ser
reavaliados quanto à sua exatidão, sobremaneira os efluentes com teores de OG e TPH acima
do VMP devem ser veementemente mantidos foram do meio físico, não podendo ser re-
injetados, pois são nova fonte de contaminação para uma área em processo de remediação.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 113


REFERÊNCIAS
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Referências

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Química) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2015.

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complementar. Governador Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº 01 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº02 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº 03 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº 04 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº 05 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2012.

__________. Boletim de operação nº 06 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 07 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 08 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 09 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 10 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 11 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 12 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 13 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 14 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 115


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Referências

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Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 16 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

__________. Boletim de operação nº 17 do sistema de remediação – MPE fixo. Governador


Valadares, 2013.

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__________. Relatório anual (13 operações) do sistema de remediação – MPE fixo.


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FREIRE, Priscyla Aparecida de Campos; TRANNIN Isabel Cristina de Barros; SIMÕES,


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FULLGEO DIAGNÓSTICO E REMEDIAÇÃO AMBIENTAL. Relatório de Operação nº 2


do Sistema de Remediação. [s.l], 2017.
Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 118
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Referências

FULLGEO DIAGNÓSTICO E REMEDIAÇÃO AMBIENTAL. Relatório de Operação nº 3


do Sistema de Remediação. [s.l], 2017.

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MINISTÉRIO PÚBICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPRN). Selo verde.


Natal: MPRN, 2017. Disponível em: <http://
http://www.mprn.mp.br/portal/inicio/noticias/8196-selo-verde-angicos-conta-com-primeiro-
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Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 119


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Referências

PEDE, Marco Aurélio Zequim. Flutuação do lençol freático e sua implicação na


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RAIMUNDO, Joana Raquel Lopes. Remediação de solos contaminados com fases líquidas
não aquosas (NAPL’s) através de oxidação química in situ. 74 p. Dissertação (Mestrado em
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RAMALHO, Adriana Margarida Zanbotto; et al. Delimitação de área de fase livre através do
software SketchUp 8 como suporte para cálculo de volume de vazamentos de combustíveis no
solo. Engenharia Ambiental – Espírito Santo do Pinhal, v. 10, n. 4, p. 148-157, 2013.

RAMALHO, Adriana Margarida Zanbotto. Investigação e gerenciamento de áreas


contaminadas por postos revendedores de combustíveis em Natal. 2013. Tese (Doutorado
em Ciência e Engenharia de Petróleo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal,
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SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO (SEMURB). Anuário Natal 2016.


Natal, 2016.

__________. Termo de referência para Investigação de Passivo Ambiental - Fase 1.


Procedimento a ser adotado na identificação de passivos ambientais decorrentes de vazamentos
ou derrames de combustíveis e lubrificantes em postos ou sistemas retalhistas que utilizam
predominantemente SASC. Natal, 2010a.

__________. Termo de Referência para Investigação e Avaliação Detalhada de Passivo


Ambiental - Fase 2. Roteiro e orientações necessárias para que o responsável técnico execute
de forma adequada a etapa de investigação detalhada em áreas contaminadas sob investigação
(AIs) decorrentes de vazamentos ou derrames de combustíveis e lubrificantes em postos ou
sistemas retalhistas de combustíveis. Natal, 2010b.

SILVA, L. J.; ALVES, F. C.; FRANÇA, F. P. A review of the technological solutions for the
treatment of oily sludges from petroleum refineries. Waste Management & Research, v. 30,
p. 1016-1030, 2012.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 120


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Referências

SOUZA, Renata Buzeti Garcia. Avaliação da contaminação por hidrocarbonetos o solo e


da água da região de Avaré. 168 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental)
– Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2016.

SPIRO, Thomas G.; STIGLIANI, William M. Química ambiental. 2 ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009.

TAVARES, Silvio Roberto de Lucena. Remediação de solos e águas contaminadas por


metais pesados: conceitos básicos e fundamentos. Rio de Janeiro, 2013.

TELSAN. Plano de remediação ambiental. Rio de Janeiro, 2014.

TRULLI, Etore. et al. Remediation in situ of hydrocarbons by combined treatment in a


contaminated alluvial soil due to an accidental spill of LNAPL. Sustanaibility. v. 8, n. 1086,
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<http://www.publications.usace.army.mil/Portals/76/Publications/EngineerManuals/
EM_1110-1-4010.pdf >. Acesso em: 17 de agosto de 2016.

__________. A citizen’s guide to pump and treat. Washington, DC: U.S.EPA, 2001. 2
p.Disponível em: <http://www.clu-in.org/download/citizens/pump_and_treat.pdf>. Acesso em:
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Amoco Refinery, Sugar Creek, MO. 47 p. Washington, DC: U.S.EPA, 2005. Disponível em:
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VOLLHARDT, Peter; SCHORE, Neil. Química orgânica: estrutura e função. 6. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.

YANG, Yang; et al. Modeling BTEX migration with soil vapor extraction remediation under
low-temperature conditions. Journal of Environmental Management. v. 203, p. 114-122,
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ZAGATOO, Pedro A.; BERTOLETTI, Eduardo. Ecotoxicologia aquática: princípios e


aplicações. São Carlos: RiMa, 2008.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 121


ANEXOS
Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

ANEXO 1 – BASES LEGAIS NORTEADORAS PARA OS PRC’s


LEGISLAÇÃO DESCRIÇÃO/ASSUNTO
Lei Federal nº
Define a Política Nacional do Meio Ambiente.
6.938/1981
Altera a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
Lei Federal nº
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº 7.735/89, a Lei nº
7.804/1989
6.803/80, e dá outras providências.
Lei Federal nº Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de
9.433/1997 Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Lei Dos Crimes Ambientais: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
Lei Federal nº
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
9.605/1998
providências.
Lei Federal nº Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605/98, e dá
12.305/2010 outras providências.
Decreto Federal
Regulamenta a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.
nº 99.274/1990
Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece
Decreto Federal
o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras
nº 6.514/2008
providências.
RESOLUÇÃO
DESCRIÇÃO/ASSUNTO
CONAMA
nº 06/1986 Estabelece os modelos de publicação dos pedidos de licenciamento ambiental.

nº 09/1993 Dispõe sobre o uso, gerenciamento e reciclagem de óleo lubrificante.


Revê aspectos do licenciamento ambiental, estabelecendo competência para o
nº 237/1997 órgão ambiental municipal no que se refere a atividades e empreendimentos de
impacto ambiental local.
Referente ao licenciamento de Postos de Abastecimento, dispondo sobre a
nº 273/2000
prevenção e controle da poluição em postos de combustíveis e serviços.
Dispõe sobre a avaliação das ações de controle e prevenção e do processo de
nº 265/2000 licenciamento ambiental das instalações industriais de petróleo e derivados
localizadas no território nacional.
Dá nova redação aos dispositivos da Resolução CONAMA nº 273/00, que dispõe
n.º 319/2002
sobre prevenção e controle da poluição em postos de combustíveis e serviços.

nº 362/2005 Dispõe sobre o rerrefino de óleo lubrificante.


Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
nº 357/2005 enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências.
Prorroga o prazo da Resolução CONAMA nº 273/00 sobre postos de
nº 276/2001
combustíveis e serviços por mais 90 dias.
Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado
nº 362/2005
ou contaminado.
Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das
nº 396/2008
águas subterrâneas e dá outras providências.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Dezembro/2017 123


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à


presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
nº 420/2009
ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de
atividades antrópicas.
Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e
nº 430/2011
altera a Resolução CONAMA nº 357/05.
Altera os arts. 9º, 16º, 19º, 20º, 21º e 22º, e acrescenta o art. 24-A à Resolução
nº 450/2012 CONAMA nº 362/05, que dispõe sobre recolhimento, coleta e destinação final de
óleo lubrificante usado ou contaminado.
PORTARIA/RE
DESCRIÇÃO/ASSUNTO
SOLUÇÃO
Portaria ANP nº Regulamenta o exercício da atividade de revenda varejista de combustíveis
116/2000 automotivo.
Estabelece a regulamentação para a construção, a ampliação e a operação de
Portaria ANP nº
instalações de transporte ou de transferência de petróleo, seus derivados, gás
170/1998
natural, inclusive liquefeito, biodiesel e misturas óleo diesel/biodiesel.
Estabelece as especificações para a comercialização de gasolinas automotivas em
Portaria ANP nº
todo o território nacional e define obrigações dos agentes econômicos sobre o
309/2001
controle de qualidade do produto.
Resolução ANP
Gás Natural.
nº 27/2005
NORMA ABNT
DESCRIÇÃO/ASSUNTO
NBR
Armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis Parte 1: Armazenagem em
nº 7505-1/2000
tanques estacionários.
Requisitos gerais para fabricação de tanques de aço-carbono, cilíndricos, com
parede dupla, sendo a externa não metálica (jaquetados) para instalação em
nº 13.785/2003
posição horizontal, operando à pressão atmosférica, destinados a postos
revendedores e postos de abastecimento.
Posto de serviço - Seleção dos equipamentos para sistema para instalações
nº 13.786/2005
subterrâneas de combustíveis.
Apresenta métodos e procedimentos aplicáveis no desenvolvimento de poços de
nº 15.495-2/2008 monitoramento instalados em aquíferos granulares, construídos e instalados de
acordo com as condições definidas na NBR 15495- 1.
Fixa as condições exigíveis para o projeto de redes de monitoramento e
nº 15.495-1/2007
construção de poços de monitoramento em aquíferos granulares.
Estabelece princípios gerais e condições mínimas exigíveis para manuseio e
nº 13.781/2009 instalação de tanques atmosféricos subterrâneos horizontais em postos de serviço,
fabricados conforme as NBR 13312 ou NBR 13785.
Estabelece exigências mínimas para a construção de tanque atmosférico
nº 13.312/2009
subterrâneo em aço-carbono.
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis, desativação, remoção,
nº 14.973/2010
destinação, preparação e adaptação de tanques subterrâneos usados.
Estabelece os princípios gerais para os Sistemas de proteção externa para tanque
nº 13.782/2011
atmosférico subterrâneo em aço-carbono
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis — Seleção de métodos
nº 13.784/2011
para detecção de vazamentos e ensaios de estanqueidade em SASC.
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis - Tubulação não metálica
nº 14.722:2011
subterrânea – Polietileno.

Evelyne Nunes de O. Galvão, Dezembro/2017 124


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis — Procedimento de


nº 13787/2013
controle de estoque dos SASC.
nº 16.161/2013 Posto de Serviço - Construção de tanque atmosférico de parede dupla, jaquetado.
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis — Instalação dos
nº 13.783/2014
componentes do SASC.

nº 13.212/2004 Posto de serviço – Construção de tanque atmosférico subterrâneo em resina


termofixa reforçada com fibras de vidro, de parede simples ou dupla.
nº 13.895/2000 Construção de Poços de Monitoramento e Amostragem - Procedimentos.
nº 14.605/2000 Sistema de drenagem oleosa.
nº 14.606/2000 Entrada em espaço confinado.
nº 14.639/2001 Instalações elétricas.
nº 14.867/2002 Tubos metálicos flexíveis.
nº 15.005/2003 Válvula antitransbordamento.
nº 15.015/2006 Válvulas de esfera flutuante.
Construção de tanque atmosférico subterrâneo ou aéreo em aço-carbono ou resina
nº 15.072/2004
termofixa reforçada com fibra de vidro para óleo usado.
nº 15.118/2004 Câmaras de contenção construídas em polietileno.
nº 15.138/2004 Armazenagem de combustível - Dispositivo para descarga selada.
Armazenagem de combustível - Válvula de retenção instalada em linhas de
nº 15.139/2004
sucção.
Fonte: MARANHÃO; et al., 2007 apud SOUZA, 2016; MPBA, 2014

Evelyne Nunes de O. Galvão, Dezembro/2017 125


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

ANEXO 2 – ESPESSURA DA FASE LIVRE E NÍVEL D’ÁGUA POR POÇO

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 126


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-02/PB - Empresa 01 PM-03/PB - Empresa 01


10,00 0,50 10,00 0,50

9,00 0,45 9,00 0,45

8,00 0,40 8,00 0,40

7,00 0,35 7,00 0,35

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,30 6,00 0,30

(NA (m)
NA (m)

5,00 0,25 5,00 0,25

4,00 0,20 4,00 0,20

3,00 0,15 3,00 0,15

2,00 0,10 2,00 0,10

1,00 0,05 1,00 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 127


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-06/PB - Empresa 01 PM-07/PB - Empresa 01


10,00 0,50 10,00
1,40
9,00 0,45 9,00

8,00 0,40 8,00 1,20

7,00 0,35 7,00

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
1,00
6,00 0,30 6,00
NA (m)

NA (m)
0,80
5,00 0,25 5,00

4,00 0,20 4,00 0,60

3,00 0,15 3,00


0,40
2,00 0,10 2,00
0,20
1,00 0,05 1,00

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 128


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-08/PB - Empresa 01 PM-09/PB - Empresa 01


10,00 1,00 10,00 0,50

9,00 0,90 9,00 0,45

8,00 0,80 8,00 0,40

7,00 0,70 7,00 0,35

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,30
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,25

4,00 0,40 4,00 0,20

3,00 0,30 3,00 0,15

2,00 0,20 2,00 0,10

1,00 0,10 1,00 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 129


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-12/PB - Empresa 01 PM-14/PB - Empresa 01


10,00 0,50 12,00 0,50

9,00 0,45 0,45


10,00
8,00 0,40 0,40

7,00 0,35 0,35

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
8,00
6,00 0,30 0,30
NA (m)

NA (m)
5,00 0,25 6,00 0,25

4,00 0,20 0,20


4,00
3,00 0,15 0,15

2,00 0,10 0,10


2,00
1,00 0,05 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 130


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PB-01 - Empresa 01 PM-04 - Empresa 01


12,00 1,60 10,00 0,50

9,00 0,45
1,40
10,00
8,00 0,40
1,20
7,00 0,35

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
8,00
1,00
6,00 0,30
NA (m)

NA (m)
6,00 0,80 5,00 0,25

4,00 0,20
0,60
4,00
3,00 0,15
0,40
2,00 0,10
2,00
0,20
1,00 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 131


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-18 - Empresa 01 PM-10 - Empresa 01


12,00 0,50 10,00 1,00

0,45 9,00 0,90


10,00
0,40 8,00 0,80

0,35 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
8,00
0,30 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
6,00 0,25 5,00 0,50

0,20 4,00 0,40


4,00
0,15 3,00 0,30

0,10 2,00 0,20


2,00
0,05 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 132


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-13 - Empresa 01 PM-24 - Empresa 01


10,00 0,50 12,00 0,50

9,00 0,45 0,45


10,00
8,00 0,40 0,40

7,00 0,35 0,35

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
8,00
6,00 0,30 0,30
NA (m)

NA (m)
5,00 0,25 6,00 0,25

4,00 0,20 0,20


4,00
3,00 0,15 0,15

2,00 0,10 0,10


2,00
1,00 0,05 0,05

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 133


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-25 - Empresa 01 PM-27 - Empresa 01


10,00 0,50 10,00 1,00

9,00 0,45 9,00 0,90

8,00 0,40 8,00 0,80

7,00 0,35 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,30 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,25 5,00 0,50

4,00 0,20 4,00 0,40

3,00 0,15 3,00 0,30

2,00 0,10 2,00 0,20

1,00 0,05 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 134


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-28 - Empresa 01 PM-29 - Empresa 01


10,00 1,00 10,00
1,40
9,00 0,90 9,00

8,00 0,80 8,00 1,20

7,00 0,70 7,00

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
1,00
6,00 0,60 6,00
NA (m)

NA (m)
0,80
5,00 0,50 5,00

4,00 0,40 4,00 0,60

3,00 0,30 3,00


0,40
2,00 0,20 2,00
0,20
1,00 0,10 1,00

0,00 0,00 0,00 0,00


07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13

07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
08/13
09/13
10/13
11/13
12/13
Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 135


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-40/PB - Empresa 02 PM-42/PB - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90


8,00 0,80
8,00 0,80
7,00 0,70

Espessura de FL (m)
7,00 0,70
6,00 0,60
NA (m)

6,00 0,60
5,00 0,50

4,00 0,40 5,00 0,50

3,00 0,30 4,00 0,40


2,00 0,20 3,00 0,30
1,00 0,10
2,00 0,20
0,00 0,00
1,00 0,10

0,00 0,00
Mês/Ano
07/15 08/15 09/15 10/15 11/15 12/15 01/16 02/16 03/16 04/16 05/16

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) PM-42 Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 136


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-43/PB - Empresa 02 PM-46/PB - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 137


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-48/PB - Empresa 02 PM-50/PB - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 138


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-51/PB - Empresa 02 PB-01 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 139


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-01 - Empresa 02 PM-02 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 140


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-06 - Empresa 02 PM-08 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 141


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-10 - Empresa 02 PM-11 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 142


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-18 - Empresa 02 PM-24 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 143


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-27 - Empresa 02 PM-29 - Empresa 02


10,00 1,00 10,00 1,00

9,00 0,90 9,00 0,90

8,00 0,80 8,00 0,80

7,00 0,70 7,00 0,70

Espessura de FL (m)

Espessura de FL (m)
6,00 0,60 6,00 0,60
NA (m)

NA (m)
5,00 0,50 5,00 0,50

4,00 0,40 4,00 0,40

3,00 0,30 3,00 0,30

2,00 0,20 2,00 0,20

1,00 0,10 1,00 0,10

0,00 0,00 0,00 0,00

Mês/Ano Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL) Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 144


Dissertação de Mestrado PPGCEP/UFRN Anexos

PM-41 - Empresa 02
10,00 1,00

9,00 0,90

8,00 0,80

7,00 0,70

Espessura de FL (m)
6,00 0,60

NA (m)
5,00 0,50

4,00 0,40

3,00 0,30

2,00 0,20

1,00 0,10

0,00 0,00

Mês/Ano

Nível da Água (NA) Fase Livre (FL)

Evelyne Nunes de O. Galvão, Janeiro/2018 145

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