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O EXÉRCITO BRASILEIRO
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão de Informação e Documentação
Casale, Douglas Estevam
Estudo conceitual de uma constelação de pequenos satélites de comunicações de banda estreita para
o Exército Brasileiro/ Douglas Estevam Casale.
São José dos Campos, 2019.
170f.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
__________________________________
Douglas Estevam Casale Nome Completo do Segundo Autor
Praça Marechal Eduardo Gomes, 50
12228-900, São José dos Campos - SP
iii
ITA
iv
Agradecimentos
Resumo
Abstract
Sumário
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 Objetivos .................................................................................................................. 16
1.2 Delimitações do trabalho........................................................................................ 16
1.3 Estrutura do texto ................................................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................... 19
2.1 O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) ............................................ 19
2.2 Engenharia de sistemas .......................................................................................... 29
2.2.1 Sistema...................................................................................................................... 29
2.2.2 Definições para engenharia de sistemas ................................................................... 32
2.2.3 Abordagens de engenharia de sistemas .................................................................... 35
2.2.4 Estudo conceitual de sistemas .................................................................................. 41
2.3 Engenharia de sistemas aplicada a sistemas espaciais ........................................ 46
2.4 Pequenos satélites ................................................................................................... 53
2.5 Posicionamento do trabalho .................................................................................. 55
3 MÉTODO ........................................................................................................................ 60
3.1 Etapa 1: Iniciação ................................................................................................... 64
3.1.1 Atividade 1.1: Alinhamento entre os principais stakeholders .................................. 65
3.1.2 Atividade 1.2: Definição e mobilização da equipe de projeto .................................. 66
3.2 Etapa 2: Benchmarking .......................................................................................... 67
3.2.1 Atividade 2.1: Definição dos critérios de benchmarking ......................................... 68
3.2.2 Atividade 2.2: Pesquisa de benchmarking................................................................ 69
3.3 Etapa 3: Objetivos e metas .................................................................................... 71
3.3.1 Atividade 3.1: Síntese das expectativas dos stakeholders ........................................ 72
3.3.2 Atividade 3.2: Definição dos objetivos e metas do projeto ...................................... 73
3.3.3 Atividade 3.3: Captura de requisitos de alto nível.................................................... 74
3.4 Etapa 4: Conceito de operações ............................................................................. 75
3.4.1 Atividade 4.1: Determinação dos parâmetros chave de desempenho (KPPs) .......... 77
3.4.2 Atividade 4.2: Desenvolvimento do contexto e arquitetura operacionais ................ 78
3.4.3 Atividade 4.3: Identificação das condições ambientais ............................................ 79
3.5 Etapa 5: Arquiteturas funcional e física ............................................................... 80
3.5.1 Atividade 5.1: Identificação de funções do sistema ................................................. 82
3.5.2 Atividade 5.2: Definição da arquitetura física .......................................................... 84
x
1 Introdução
Uma vantagem desta solução é o fato de a difusão da radiofrequência ficar restrita a uma
área menor do terreno, com alcance limitado pela potência utilizada nas antenas e pela
sensibilidade dos receptores. Isto favorece as medidas de guerra eletrônica, por diminuir os
riscos de interceptação do sinal pelo inimigo. Por outro lado, isto também se constitui em
desvantagem, por fornecer cobertura apenas local e não permitir a ligação direta com grandes
comandos localizados a maior distância.
Além disso, com o aumento do uso de VANTs para prática de crimes, recentemente
foram desenvolvidos diversos meios para interferir ou derrubar esses veículos, como por meio
de radiofrequência (DEFESANET, 2018), lançadores de redes similares às de pesca
(WALTRICK, 2016), VANTs que perseguem e destroem outros VANTs (ALECRIM, 2016), e
até mesmo águias treinadas (HIRATA, 2017), tornando este tipo de solução vulnerável para
atender à demanda de cobertura persistente em toda a região amazônica, embora possa ter
aplicação militar para operações pontuais, de duração determinada e que demandem a uma área
de cobertura menor.
Desta forma, uma solução possível para o problema de comunicação em locais remotos,
como a região de selva amazônica, é a utilização de comunicações baseadas em satélites
(RAUPP, 2012). Sá (2015) observou que o emprego destes sistemas espaciais contribuirá para
a redução dos custos estatais decorrentes de ações do crime organizado, devido ao aumento
proporcionado na eficiência da vigilância e ações de polícia nas fronteiras.
Alinhado a este contexto, o decreto 6.703, de 18 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2008),
que aprovou a Estratégia Nacional de Defesa, prevê a promoção da presença do Estado na
região amazônica e o fomento da atividade espacial, com ênfase em satélites
“geoestacionários”. A Estratégia Nacional de Defesa é vinculada à Estratégia Nacional de
Desenvolvimento, de modo que as questões econômicas e industriais relacionadas aos assuntos
de defesa foram associadas.
Atualmente as Forças Armadas brasileiras utilizam os satélites geossíncronos (GEO) de
empresas privadas, chamados Star One C1 e Star One C2, cuja vida útil se encerrará por volta
de 2020, e o estatal Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC)
(GUNTER’S SPACE, 2018a; BONINO, 2017). Utilizando a banda destinada a emprego militar
(banda X), contudo, o SGDC não atende às tropas que realizem deslocamento a pé pela selva
amazônica. Isto porque equipamento em banda X necessário para comunicação militar com o
SGDC tem dimensões de cerca de um metro cúbico, inviável de ser transportado em mochilas
militares. Em geral, os satélites em operação atualmente são usados para contato com tropas
13
em bases fixas, mas não atendem usuários em desvantagem (móveis, embarcados, em áreas
remotas) (GUNTER’S SPACE, 2018c), justamente aqueles que estão executando as missões
de patrulhamento de selva e/ou fronteira.
Além disso, a contratação de serviço de comunicações provido por empresas privadas,
como os Star One C1 e Star One C2, apresenta a desvantagem adicional de vulnerabilidade
estratégica reconhecida pela Força Aérea Brasileira (COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E
IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ESPACIAIS, 2017), uma vez que não há garantia de que o
operador do satélite não irá interromper o serviço ou mesmo compartilhar as mensagens com
possíveis oponentes, em caso de conflito. Os altos custos de fabricação e lançamento e o longo
tempo de desenvolvimento são outras desvantagens dos satélites geossíncronos.
No entanto a evolução da tecnologia espacial tem tornado possível a miniaturização dos
outrora grandes e pesados satélites para diversas aplicações, de modo a torná-los mais atrativos
do ponto de vista econômico e de tempo de desenvolvimento, como se pode notar nos trabalhos
de Selva e Krejci (2012), Sandau, Brieß e D'Errico (2010) e Crisp, Smith e Hollingsworth
(2015). Para se ter um comparativo das diferenças dos custos, o SGDC custou R$ 2,8 bilhões
aos cofres públicos (KAFRUNI, 2017), enquanto pequenos satélites de comunicações não-
geossíncronos costumam custar cerca de R$ 2,5 milhões a unidade (GUNTER’S SPACE,
2018c; SKY AND SPACE GLOBAL, [s.d.]; CASALE; LOURES DA COSTA, 2018).
Embora satélites geossíncronos possam comunicar-se com tropas a pé utilizando a
banda UHF, satélites geossíncronos apresentam maior vulnerabilidade eletromagnética em
relação aos satélites de baixa órbita, podendo ser interferidos mais facilmente por possíveis
forças oponentes. Além disso, seu alto custo individual dificulta a construção e lançamento de
mais satélites para se obter resiliência por meio de satélites de reserva em órbita (MINISTÉRIO
DA DEFESA, 2018), visto que países como EUA (TERRA, 2008), China (FOLHA DE SÃO
PAULO, 2007) e Índia (GNIPPER, 2019) já demonstraram capacidade de destruí-los. Os EUA,
inclusive, criaram em 2018 uma Força Espacial em seu Departamento de Defesa (DoD),
visando ao controle militar do espaço (G1 GLOBO, 2018).
Diante, principalmente, das questões relativas à viabilidade econômica, Vital e Kenji
(2012) estimaram os ganhos financeiro e socioeconômico que justificaram o investimento na
implantação de constelações de satélites em baixa órbita (órbita não-geossíncrona) para o
Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que está inserido no âmbito da Estratégia
Nacional de Defesa.
14
Assim, emerge a questão central de pesquisa deste trabalho: como identificar e quais
são os conceitos para configuração de uma constelação de pequenos satélites não-geossíncronos
para prover comunicações a forças táticas móveis do Exército Brasileiro atuando na região
amazônica?
1.1 Objetivos
SWINERD; STARK, 2011; WERTZ, EVERETT E PUSCHELL, 2011). Contudo, este trabalho
tem como cerne o estudo conceitual, abrangendo somente sua análise de necessidades e
exploração de conceitos.
Questões relativas ao planejamento e gerenciamento de projetos, tais como as
apresentadas por PMI (2013), como cronograma, aquisições, contrato, propriedade intelectual
e análise de riscos, não fazem parte do escopo do presente trabalho. Os processos para escolha
de qual modelo de classificação de importância de stakeholders utilizar também não são
objetivo deste trabalho. As revisões de projetos não são contempladas neste trabalho. Ainda, o
processo decisório de se engajar ou não no projeto pode envolver análise do portfólio do
desenvolvedor, seus objetivos e questões políticas, que não são objeto de estudo deste trabalho.
Este trabalho objetiva desenvolver um caso de estudo específico, aplicando o método
proposto para o desenvolvimento de uma constelação de pequenos satélites de comunicações
para o Exército Brasileiro, sem, contudo, pretender realizar o processo de validação do método.
Embora se reconheça que as estações de controle em solo e os equipamentos de
comunicação utilizados pelas forças táticas móveis (rádios) imponham requisitos de interface
ao sistema, este trabalho não visa a tratar destes componentes, e se restringe ao estudo dos
satélites e sua constelação.
A fim de viabilizar o trabalho e como demonstração da proposta, o estudo de caso foi
aplicado apenas ao levantamento de requisitos oriundos do stakeholder principal, o Exército
Brasileiro.
2 Revisão da literatura
Este capítulo apresenta a revisão da literatura para os principais temas deste trabalho:
engenharia de sistemas e pequenos satélites.
A primeira seção contextualiza a engenharia de sistemas no processo de
desenvolvimento de produtos, e apresenta um breve histórico do mesmo. A segunda seção
apresenta as principais abordagens e conceitos utilizados em engenharia de sistemas. A terceira
seção refere-se à engenharia de sistemas aplicada a sistemas espaciais. A quarta seção trata de
pequenos satélites. Ao final do capítulo, é discutido o posicionamento do presente trabalho
perante a literatura.
Este modelo sequencial, contudo, recebeu críticas. Sage e Cuppan (2001) apontam que
a abordagem waterfall é apropriada somente quando os requisitos estão claros desde o início
do desenvolvimento. Larson et al. (2009) afirmam que a realização de fases sequenciais não é
adequada, defendendo a adoção de um processo iterativo e com foco variando ao longo do
processo. A representação desta abordagem é apresentada na Figura 2, em que a extensão
horizontal de cada atividade representa sua duração, enquanto a altura representa sua
intensidade ao longo do ciclo. Assim, no início do desenvolvimento o foco está na política. A
política de gerenciamento refere-se ao modo como o projeto será gerido, incluindo os contratos
e suas alterações, e persiste mesmo após o fim das operações, mas com menor foco. Depois da
ênfase inicial em política, o foco vai gradualmente passando aos requisitos e especificações,
bem como ao design. Estas etapas se sobrepõem à integração e testes, e ao final as operações
recebem ênfase.
21
sistemas disponíveis naquele período atingiram o seu limite, de modo que as taxas de falha dos
sistemas desenvolvidos elevaram-se significativamente (LOUREIRO, 1999; KOSSIAKOFF;
SWEET, 2003). Estudos realizados nos EUA e Inglaterra na década de 1980 indicaram que
deficiências na qualidade de projeto estavam levando a perda na competitividade de seus
produtos (BACK et al., 2008).
Assim, o processo de desenvolvimento de produtos teve de se modernizar para atender
a nova realidade de maiores complexidades econômica, tecnológica, social e regulamentar, e
ainda na década de 1980 surgiu a engenharia simultânea (ROZENFELD et al., 2006), que prevê
o desenvolvimento de produtos de maneira integrada e concomitante. Sua finalidade é permitir
que, desde o início do desenvolvimento do produto, todas as fases do ciclo de vida do produto
sejam consideradas, da concepção ao descarte, englobando também custo, cronograma,
requisitos e qualidade (IDA, 1988, apud LOUREIRO, 1999).
Paralelamente, Cooper (1983, 1988, apud PINTO, 2014) propôs um modelo em que são
previstos momentos de decisão ao longo do projeto para deliberar sobre sua continuidade ou
cancelamento, de acordo com suas perspectivas de retorno. Este modelo, conhecido como
Stage-Gates, contempla desde o pré-projeto até o fim do ciclo de vida, com garantia de
qualidade e monitoramento do pós-lançamento (COOPER e KLEINSCHMIDT, 2001, apud
PINTO, 2014).
Com uma filosofia de priorização de recursos, Wheelwright e Clark (1992)
representaram o processo de seleção de ideias, detalhamento de projetos e desenvolvimento de
produtos como um funil, de modo que, em cada etapa, as alternativas consideradas menos
promissoras sejam descartadas. A abordagem de funil promoveu ainda o alinhamento entre o
processo de desenvolvimento de produtos e o planejamento estratégico da empresa
(ROZENFELD et al., 2006).
Rozenfeld et al. (2006) classificam as abordagens de Cooper, Wheelwright e Clark e a
engenharia simultânea como integrantes da “era do Desenvolvimento Integrado de Produtos”.
Entre as principais características desta era destacadas pelo autor, encontram-se:
• Visão do desenvolvimento de produtos como um processo e também inserido na
estratégia geral e na cultura da empresa;
• Simultaneidade e superposição de informações e atividades;
• Maior intensidade de comunicação entre as áreas;
• Times multifuncionais e maior mobilidade dos profissionais na carreira,
inclusive entre áreas diferentes;
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tardias muitos mais dispendiosas. Por outro lado, os custos já incorridos nas fases iniciais são
baixos em relação ao custo final, conforme pode-se ver na Figura 6. Deste modo nota-se que,
embora representem diretamente um pequeno custo para o projeto, as atividades de
desenvolvimento são determinantes para definir a sua viabilidade futura (ROZENFELD et al.,
2006).
O PMI (2013) apresenta um guia para gestão de projetos e descreve o ciclo de vida dos
projetos e da gestão de projetos. Para o PMI (2013), esta gestão é dividida em cinco processos:
• Iniciação: desempenhado para definir um novo projeto ou fase, obtendo
autorização para tal. Compreende a definição dos objetivos do projeto, seu
escopo, a justificativa do projeto escolhido face à necessidade do stakeholder,
além da estimativa de custo e prazo para sua concretização. Assim, o processo
de iniciação é necessário para que se autorize a alocação de recursos
(financeiros, pessoal, estrutura) para um projeto;
• Planejamento: processo de estabelecer as atividades necessárias para definir o
escopo, melhor alinhar os objetivos e estabelecer a linha de ação necessária para
alcançar os objetivos do projeto;
• Execução: processo de execução das atividades estabelecidas nos processos de
iniciação e planejamento;
• Monitoramento e controle: processo referente ao monitoramento e revisão do
projeto, identificando possíveis necessidades de modificações;
27
Figura 7 – Interação dos processos durante projeto ou fase de projeto (PMI, 2013).
Figura 8 – Ciclo de vida de sistemas espaciais segundo a ECSS (2009a). Adaptado pelo autor.
A NASA nomeia sua primeira fase como pré-fase A (estudos conceituais), que tem
basicamente os mesmos objetivos da fase 0 da ESA. As demais fases do ciclo de vida da NASA
(de A a F) também apresentam atividades e objetivos semelhantes às homônimas da ESA. Uma
variação a se destacar é que a NASA considera que as atividades relativas ao lançamento se
enquadram na fase D, juntamente com a montagem, integração e testes (NASA, 2016),
enquanto a ESA as classifica na fase E, com a utilização (ECSS, 2009a).
Kossiakoff e Sweet (2003) afirmam que, devido ao grande esforço envolvido no
desenvolvimento de um novo produto complexo, é necessária uma equipe para liderar e
coordenar sua execução. Esta equipe é dirigida pelo gerente de projeto. Os autores dividem o
gerenciamento de um projeto de desenvolvimento em duas esferas. A primeira esfera é a
engenharia de sistemas, que inclui as atividades mais técnicas, como a definição de arquitetura
do sistema, a coordenação técnica e a integração do sistema. A engenharia de sistemas é assunto
da Seção 2.2 desta revisão da literatura. A segunda esfera é o planejamento e controle de
projetos, integrado pelas atividades de planejamento do projeto, alocação de recursos e
gerenciamento financeiro e de contratos. As atividades de gerenciamento de risco, divisão de
29
tarefas e interação com os stakeholders são compartilhadas entre ambas as esferas. A Figura 9
apresenta o diagrama de Venn para o gerenciamento de projeto, segundo Kossiakoff e Sweet
(2003).
Esta seção apresenta definições para sistema, engenharia de sistemas e as suas principais
abordagens e conceitos relacionados. Ao final desta seção é dado enfoque à fase de estudo
conceitual do sistema, por ser a fase na qual o presente trabalho está inserido.
2.2.1 Sistema
funções, comportamento e desempenho) não alcançados por nenhum dos elementos isolado.
Blanchard (2003) define sistema como um conjunto de elementos organizados para executar
uma função e assim atender a uma necessidade.
Complementando as definições anteriores, o Departamento de Defesa dos Estados
Unidos da América (DoD) afirma que um sistema é composto por pessoas, produtos e processos
que fornecem a capacidade de satisfazer a uma necessidade ou atender a um objetivo
(DEPARTMENT OF DEFENSE SYSTEMS MANAGEMENT COLLEGE, 2001).
Também de acordo com as definições apresentadas, os sistemas podem ser divididos em
elementos constituintes, compondo uma estrutura hierárquica. Exemplos de estruturas
hierárquicas de sistemas são apresentados por INCOSE (2004), NASA (2018a) e Kossiakoff e
Sweet (2003) na Figura 10.
Sistemas são, ainda, delimitados por fronteiras, que definem o que é interno e
pertencente ao mesmo e o que está inserido em um contexto maior. Por exemplo, quando se
trata do sistema de distribuição de combustível (inserido na elipse do sistema de transporte
aéreo), na Figura 11, a elipse que o circunda representa sua fronteira. Os elementos externos a
esta fronteira (ex. sistema de aeroportos, sistema de controle de tráfego aéreo) representam o
contexto maior (KOSSIAKOFF; SWEET, 2003; INCOSE, 2015).
31
A quarta fase compreende os estudos durante o desenvolvimento (ou fase de ação I),
com aumento da equipe envolvida no projeto. Os engenheiros de desenvolvimento assumem
uma carga de trabalho maior e, enquanto é realizado o desenvolvimento de engenharia, o
documento de requisitos continua a evoluir. Nesta fase também ocorre a construção de
protótipos e de testes com participação dos clientes.
A última fase é chamada de engenharia atual (ou fase de ação II), que se inicia quando
é finalizado o desenvolvimento do sistema e iniciada a produção do mesmo, persistindo
enquanto o sistema ainda estiver em uso. Esta fase também compreende o acompanhamento
para atualização ou expansão das funcionalidades do sistema.
A Figura 14 apresenta a relação destas fases com as demais atividades do processo de
desenvolvimento. A pesquisa influencia todo o processo, mas seus efeitos são mais
significativos nas fases iniciais, o que é representado pela seta apontando na diagonal para
baixo. Os estudos do sistema costumam ter intensidade constante, e influenciam pouco a
pesquisa. Apesar de o modelo ser aparentemente sequencial, as fases e atividades representadas
por linhas tracejadas podem se sobrepor, ou seja, podem ser realizadas em paralelo (HALL,
1962).
Ao longo do tempo foram propostas outras abordagens para engenharia de sistemas,
materializadas inclusive por normas como a Militar Standard 499, o Manual de Campo do
Exército dos EUA 770-78 e o ISSO/IEC 15288 (INCOSE, 2015).
Kossiakoff e Sweet (2003) compararam os modelos de ciclo de vida de sistemas das
normas do DoD (série 5000), ISO/IEC 15288, e Sociedade Nacional dos Engenheiros
Profissionais (NSPE), conforme mostrado na Figura 15.
A partir dessa comparação, os autores concluíram que as transições entre os estágios
principais para os três modelos analisados coincidem, embora a nomenclatura possa apresentar
alguma variação. Desta forma, Kossiakoff e Sweet (2003) propuseram o seu modelo, composto
por três estágios, descritos a seguir, e subdivididos em oito fases:
• O primeiro estágio é o desenvolvimento conceitual, cujos objetivos principais são
o estabelecimento da necessidade motivadora para a construção de um sistema
viável de ser produzido, a exploração de possíveis conceitos de sistemas, a validação
de requisitos de desempenho, e a seleção do conceito mais apropriado, definindo
suas características funcionais e planejando os estágios subsequentes.
• O segundo estágio é o desenvolvimento de engenharia, que visa a desenvolver e
validar tecnologias que sejam necessárias ao conceito de sistema selecionado
38
Assim, alguns autores relatam que a MBSE vem sendo aplicada de forma limitada aos
projetos, resultando em abordagens mistas de MBSE e engenharia de sistemas baseada em
documentos. Ainda não existe um modelo único para integração destas duas abordagens que
tenha aplicação direta a todos os tipos de projeto, de modo que esta transição tem ocorrido de
forma desigual, de acordo com organizações e setores da indústria envolvidos (SEBOK
CONTRIBUTORS, 2016; INCOSE, 2014).
Neste sentido, Scheeren (2013) realizou um estudo em que apresenta uma comparação
entre diferentes perspectivas de desenvolvimento de sistemas, incluindo o modelo centrado em
documentos, MBSE e engenharia de domínio, além de utilizar aspectos destas abordagens de
maneira integrada. Em relação às abordagens utilizando criação de modelos (MBSE e
engenharia de domínio) o autor concluiu que, embora a modelagem e simulação com SysML
tenha permitido modelar diversos aspectos do sistema, devem-se selecionar as atividades a se
modelar e simular, restringindo-se apenas a partes do projeto onde os modelos podem trazer
benefícios ao funcionamento e reduzir custos do projeto (WEILKIENS, 2011, apud
SCHEEREN, 2013), visto que estes processos demandam muito tempo da equipe. Não se
mostrou viável aplicar a modelagem de modo generalizado. Scheeren (2013, p. 86) afirma,
ainda, que, “mesmo utilizando métodos baseados em modelos, a engenharia de sistemas
necessita de uma etapa de geração de documentos para aquisição ou produção dos
componentes”.
Deste modo, conforme apresentado por INCOSE (2014), Scheeren (2013) e Estefan
(2008, apud SEBOK CONTRIBUTORS, 2016), o surgimento e popularização da engenharia
de sistemas baseada em modelos não fizeram com que a engenharia de sistemas baseada em
documentação fosse considerada obsoleta, mas sim combinada com MBSE, levando ao
emprego de métodos híbridos. Deve-se considerar, contudo, que as abordagens híbridas podem
apresentar problemas relacionados à transcrição das informações de uma linguagem para a outra
(de documento para modelos e vice-versa), o que pode resultar em erros ou desperdício de
tempo devido a essa necessidade de transcrição.
será construído, isto é, sua arquitetura física e design (BACK et al., 2008; LARSON et al.,
2009; INCOSE, 2015), incluindo alguns sistemas, subsistemas e componentes (ROZENFELD
et al., 2006). Esta fase é importante pois suas decisões implicam o comprometimento da maior
parte do custo e competitividade do produto, e falhas que impliquem em modificações em fases
posteriores mostram-se dispendiosas (HUTHWAITE; SCHNEBERGER, 1992, apud BACK et
al., 2008).
Antes da realização do estudo conceitual, é necessário que tenham sido desempenhadas
as atividades de pré-desenvolvimento, ligadas ao planejamento estratégico da organização (isto
é, a relação do projeto com os demais projetos do portfólio da organização e suas estratégias de
mercado) (ROZENFELD et al., 2006; HALL, 1962).
Para se iniciar o estudo conceitual, deve-se ter reconhecido uma necessidade devido a
qual se decida pelo desenvolvimento ou modificação de um sistema de interesse (SoI) (ISO/IEC
TR 24748-1, 2010, apud INCOSE, 2015).
Na literatura, encontram-se diferentes modelos para se desenvolver o estudo conceitual.
Em geral, esses modelos são similares em termos de conteúdo, mas apresentam variações na
forma em que são apresentados. Para sistematizar esta análise, foi construída a Figura 16, que
compara diferentes formatos de modelos de estudo conceitual, derivados dos trabalhos dos
autores Larson et al. (2009), Kossiakoff e Sweet (2003), Rozenfeld et al. (2006), Back et al.
(2008), INCOSE (2015) e Hall (1962), evidenciando as sobreposições e equivalências entre as
fases / etapas desses modelos.
al., 2009). Os valores numéricos das metas podem ser relacionados tanto a uma taxa ou
quantidade verificável por “teste, análise, simulação e modelagem, inspeção ou demonstração”
(LARSON et al., 2009, p. 444), ou quanto ao nível de satisfação do stakeholder (FULINDI,
2017). Rozenfeld et al. (2006) e Back et al. (2008) tratam o documento que apresenta a
justificativa para o desenvolvimento do sistema e desempenho que ele deve apresentar (seus
objetivos e metas) como escopo do produto, e em seu modelo este escopo é definido durante a
fase de planejamento do projeto.
Após a definição dos objetivos e metas do projeto, Larson et al. (2009) propõem a
identificação do conceito de operações (ConOps) do sistema. O conceito de operações esclarece
e documenta como os stakeholders utilizarão o sistema em diferentes estágios e ambientes
(INCOSE, 2015), e apresenta o contraste entre como os sistemas atuais se relacionam
operacionalmente e os processos em vigor (“As-is”) e o que se pretende obter uma vez que o
sistema a ser desenvolvido esteja em operação (“To-be”). O conceito de operações é realizado
com intuito de melhorar a qualidade do processo de tradução das necessidades dos stakeholders
em requisitos e entender os requisitos que a arquitetura deve satisfazer, de acordo com
necessidade de missão identificada (LARSON et al., 2009).
O Department of Defense Systems Management College (2001) afirma que o conceito
de operações deve conter as seguintes informações: definição da necessidade de missão, análise
da missão do sistema, linhas do tempo de operação, ambientes operacionais, condições e
eventos a que o sistema deve responder, restrições operacionais, requisitos de desempenho,
funções dos usuários e mantenedores dos sistemas, estrutura das organizações que irão operar
e manter os sistemas e interfaces operacionais com outros sistemas. Larson et al. (2009)
apresentam ainda mais duas sugestões com algumas diferenças para o conteúdo do ConOps,
uma própria e a outra oriunda da norma ANSI/AIAA G-043-1992 (ANSI; AIAA, 1993, apud
LARSON et al., 2009).
Kossiakoff e Sweet (2003) observam que no desenvolvimento de projetos, em geral, a
necessidade que se busca atender é, ao menos em parte, atendida por um sistema já existente.
Desta forma, defende a realização de uma pesquisa e análise de sistemas concorrentes ou
predecessores como atividade auxiliar na exploração de conceitos. Este tipo de pesquisa,
conhecida como benchmarking, é definida por Spendolini (1994, p. 11) como “um processo
contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processo de trabalho de organizações
que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a finalidade de melhoria
organizacional”. Consoante com esta definição, Araújo (2001, p. 185) apresenta que o estudo
45
Outros autores, como Larson et al. (2009) e Kossiakoff et al. (2011), por outro lado,
defendem que o processo de validação da satisfação das necessidades dos stakeholders é
abrangido pela engenharia de sistemas no ciclo de vida de um produto (conforme apresentado
no modelo Vee do ciclo de vida de sistemas, representado na Figura 17), evidenciando que há
divergências com relação aos limites de cada campo do conhecimento para diferentes autores.
um satélite voltado a detecção de incêndios florestais nos EUA e Canadá. O FireSAT, que foi
concebido como estudo de caso didático e não se efetivou em um satélite real, teve seu conceito
explorado inicialmente em Space Mission Analysis and Design (SMAD) (LARSON; WERTZ,
1999) e Understanding Space (SELLERS, 2004).
Posteriormente, em Space Mission Engineering: The New SMAD, Wertz, Everett e
Puschell (2011) voltam a tratar do FireSAT e fazem considerações a respeito de seu elevado
custo, propondo uma abordagem alternativa para viabilizar seu desenvolvimento e lançamento:
o FireSAT II. O FireSAT II foi concebido para atender à mesma necessidade de missão que o
FireSAT original, mas com o objetivo adicional de ser de baixo custo. Para atender a este escopo
de missão, os autores exploram o aumento da capacidade dos pequenos satélites para viabilizar
o FireSAT II, tanto em termos financeiros (menores custos de desenvolvimento, produção e
lançamento) quanto de tempo de desenvolvimento.
Esta capacidade de viabilizar missões espaciais tem causado o aumento na quantidade
de pequenos satélites lançados anualmente, constatado por Ekpo e George (2013). Os autores
afirmam que este aumento demanda uma reavaliação da engenharia de sistemas aplicada a
seus projetos, dadas as condições especiais de desenvolvimento e operação dos pequenos
satélites. Neste sentido, Chang, Hwang e Kang (2007) propuseram a utilização do software
SEDT para reduzir tempo e custo de desenvolvimento de pequenos satélites.
Outro exemplo de missão hipotética oferecido por Wertz, Everett e Puschell (2011) é o
Supplemental Communications System (SCS), que visa a oferecer melhor comunicação a
militares e equipes de resgate em áreas remotas. Questões relativas a seleção de órbita,
lançamento e operações também são tratadas. Com relação aos satélites em si, aborda-se seu
design e seus diferentes subsistemas, com um capítulo dedicado a abordagens alternativas aos
grandes satélites, entre as quais pequenos satélites e CubeSats.
Loureiro (1999) propôs um modelo de referência para o desenvolvimento de sistemas
complexos (Figura 18), a partir de uma abordagem de engenharia simultânea de sistemas,
buscando integrar o sistema, os processos desempenhados ao longo de seu ciclo de vida e as
organizações envolvidas, desde seu desenvolvimento até o descarte. Este modelo evoluiu com
sua aplicação ao longo de vinte anos, principalmente no Laboratório de Engenharia Simultânea
de Sistemas (LSIS) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde é aplicado para
o desenvolvimento de sistemas espaciais, e une o escopo de duas abordagens (INPE, [s.d.];
LOUREIRO; PANADÉS; SILVA, 2018):
50
Neste trabalho, propõe-se que este método integre atividades de engenharia de sistemas
(pautada nas abordagens baseada em documentação e baseada em modelos), a partir de
abordagens estabelecidas por diferentes autores e adaptado às características do
desenvolvimento de constelações de pequenos satélites.
A aplicação de métodos de engenharia de sistemas é consolidada entre as principais
organizações que realizam desenvolvimento ou aquisição de sistemas complexos, como o DoD,
a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA). Diversos autores, como Sage e Rouse (2009),
Larson et al. (2009), Kossiakoff e Sweet (2003) e INCOSE (2015), defendem sua importância
para assegurar que o sistema desenvolvido efetivamente atenda às necessidades dos
interessados no projeto, além de permitir maior previsibilidade de custos do projeto.
Como já apresentado nesta revisão da literatura (Seção 2.2.3), a engenharia de sistemas
tem passado por uma transição, de um modelo baseado em documentos para modelos baseados
em modelos, como MBSE (DOUGLASS, 2016; DELLIGATTI, 2014; FRIEDENTHAL;
MOORE; STEINER, 2015). No entanto, a MBSE está ainda em um estágio inicial de
maturidade. Em geral, a MBSE não tem sido aplicada de maneira exclusiva, mas sim em
conjunto com processos de engenharia de sistemas tradicional (ESTEFAN, 2008, apud SEBOK
CONTRIBUTORS, 2016; INCOSE, 2014).
Conforme apresentado na Seção 2.3 deste trabalho, diversos autores propuseram
modelos de desenvolvimento de produtos baseados em engenharia de sistemas. A tabela
sinótica (Tabela 1) sintetiza alguns dos principais trabalhos de engenharia de sistemas que
contemplam o estudo conceitual e podem ser aplicados para o desenvolvimento de sistemas
espaciais, comparados quanto aos seguintes critérios:
• Abordagem de engenharia de sistemas: é apresentada a abordagem de
engenharia de sistemas adotada em cada um dos trabalhos (baseada em
documentação, em modelos, combinada com engenharia simultânea, etc.);
• Orientação do modelo: descreve os sistemas para os quais cada modelo foi
desenvolvido;
• Estudo de órbitas, constelações e subsistemas para satélites: indica se o
modelo contempla totalmente, parcialmente ou não contempla o estudo de
órbitas, constelações e subsistemas para satélites.
58
Tabela 1 – Tabela sinótica dos principais modelos encontrados na literatura e deste trabalho.
3 Método
permitirão selecionar o conceito que deverá ser desenvolvido. Assim, as Etapas de 1 a 5 podem
ser aplicadas tanto para o desenvolvimento de satélites, quanto para mísseis e outros sistemas
complexos, enquanto a Etapa 6 é específica para satélites.
Conforme apresentado, o método proposto é híbrido, combinando elementos de
engenharia de sistemas baseada em documentação e engenharia de sistemas baseada em
modelos (MBSE). O emprego de engenharia de sistemas baseada em documentação em
conjunto com MBSE é alinhado com a forma como a MBSE vem sendo aplicada atualmente
(SEBOK CONTRIBUTORS, 2016; INCOSE, 2014). Apesar das vantagens da MBSE
apresentadas na Seção 2.2.3 da revisão da literatura deste trabalho (tais como precisão e
consistência dos dados de engenharia, melhor visualização dos dados de engenharia e facilidade
em seu gerenciamento (DOUGLASS, 2016)), Weilkiens (2011, apud SCHEEREN, 2013)
destaca que o emprego de modelos deve restringir-se apenas a partes do projeto em que pode
reduzir custos ou beneficiar o funcionamento do sistema.
Desta forma, as duas primeiras etapas do método proposto neste trabalho utilizam a
abordagem de engenharia de sistemas baseada em documentação. Para a Etapa 1 (iniciação),
mais ligada ao planejamento e controle do projeto, isto se deve ao fato de as informações
referentes ao projeto ainda serem reduzidas, não demandando modelos e podendo ser expressas
e formalizadas com mais clareza em termos textuais. Este formato textual favorece também a
revisão por parte dos departamentos jurídicos das entidades envolvidas, que provavelmente
serão consultados. Para a definição e mobilização da equipe de projeto, também se julgou que
não haveria aplicabilidade para a utilização de modelos.
Com relação ao benchmarking (Etapa 2), por consistir em uma pesquisa acerca de
características técnicas que, em geral, resulta em tabelas comparativas, não se vislumbram
benefícios que justifiquem o emprego de modelos. Por outro lado, verificou-se que, embora
algumas das obras de engenharia de sistemas estudadas defendessem que fosse realizada a
pesquisa de campo acerca de sistemas semelhantes já desenvolvidos ou em desenvolvimento,
estas obras não estruturavam o modo como se deveria realizar esta atividade. Este trabalho
pretende contribuir para sanar esta lacuna, com um direcionamento sistematizado para realizar
a atividade de benchmarking.
Já para a terceira etapa (objetivos e metas), propõe-se que seus resultados sejam
incorporados aos modelos em SysML gerados para gerenciamento de requisitos, com o objetivo
de manter a consistência e a rastreabilidade nos documentos. Assim, sugere-se a utilização de
63
elementos de MBSE para contribuir com a segunda e terceira atividades (definição dos
objetivos e metas do projeto e requisitos de alto nível) desempenhadas nesta etapa.
Para a quarta etapa (conceito de operações), propõe-se a utilização de diagramas para
representar os contextos e sequências de operações referentes ao sistema. Embora estes
diagramas sejam modelos, não há consenso na literatura para se classificar esta etapa como uma
abordagem a partir de MBSE. Os próprios autores em que se baseou a estruturação desta etapa,
Larson et al. (2009), apresentam estes diagramas em sua obra sem relacioná-los à MBSE. Desta
forma, neste trabalho, esses diagramas também não foram classificados como integrantes da
abordagem MBSE.
A maneira proposta neste trabalho para estruturar a quinta etapa (arquiteturas
funcional e física) prevê a utilização de elementos de MBSE, na forma dos diagramas de
sequência e em SysML. A intenção ao se utilizar estas ferramentas nesta etapa é beneficiar-se
de uma visualização mais intuitiva da operação do sistema, além da automatização na geração
de representações alternativas (modelos ou textuais) e da rastreabilidade dos requisitos,
melhorando sua consistência e controle, conforme defende Douglass (2016). Por exemplo, no
caso de se excluir um requisito de mais alto nível, os requisitos derivados exclusivamente dele
podem ser excluídos automaticamente, evitando problemas de desatualização devido à presença
de requisitos que tenham perdido sua rationale, isto é, sua razão de existir no projeto.
A sexta etapa se diferencia das demais por ser específica para satélites, exigindo um
elevado apoio técnico das disciplinas específicas de engenharia aeroespacial, não empregando
o que a literatura classifica como MBSE.
Cabe ressaltar que, dado o caráter iterativo dos processos baseados em engenharia de
sistemas, a estruturação em etapas não significa que o modelo seja sequencial. Ocorre, ao longo
do processo de desenvolvimento, flexibilidade para sobreposição de etapas, interação entre os
stakeholders (que não é restrita às entrevistas com os stakeholders) e possíveis mudanças e
alterações que levem à revisão de etapas anteriores.
Assim, o método proposto é alinhado com o Manifesto Ágil (AGILE, 2001), na medida
em que, na busca pelo desenvolvimento eficiente de um pequeno satélite, são valorizados os
indivíduos e suas interações acima dos processos e ferramentas, requisitos corretos e
verificáveis acima da documentação completa, a colaboração entre os stakeholders acima da
negociação de contratos, e a adaptabilidade a mudanças acima de seguir um plano.
64
A fim de se iniciar o projeto, são necessárias informações para definição de seu escopo,
isto é, qual a finalidade do projeto, qual o prazo para lançamento do produto ou início de
operação do sistema e qual a disponibilidade de recursos ou estimativa de custo. Estas
atividades estão contempladas nas obras de Back et al. (2008) e Rozenfeld et al. (2006) na fase
de planejamento do projeto. Estes autores também elencam outras atividades para esta fase,
como definição de cronograma estabelecendo prazos para os principais marcos do processo de
desenvolvimento (datas das revisões de projeto, entre outros), elaboração do plano de gestão de
riscos, plano de segurança, plano de suprimentos e gerenciamento das comunicações. Tendo
em vista que estas últimas atividades estão mais relacionadas ao planejamento e controle do
projeto (na definição de gestão de projetos de Kossiakoff e Sweet (2003), apresentada na Seção
2.1 da revisão da literatura deste trabalho), elas não serão tratadas neste trabalho, que foca nos
aspectos mais vinculados à engenharia de sistemas.
Propõe-se que esta etapa seja dividida em duas atividades, a Atividade 1.1 e a Atividade
1.2. Na Atividade 1.1 é realizado o alinhamento entre os principais stakeholders. A Atividade
1.2 tem como objetivo definir e mobilizar a equipe de projeto. A Tabela 2 apresenta os
objetivos, informações de entrada, métodos e ferramentas, envolvidos e resultados obtidos após
a finalização desta etapa.
Informações de Métodos e
Atividade Objetivos Envolvidos Resultados
entrada ferramentas
1.1: -Definir o -Informações -Reuniões -Responsáveis -Escopo do
Alinhamen- escopo do preliminares sobre designados projeto
to entre os projeto os stakeholders e pela
principais suas funções organização -Autorização
stakehol- -Decidir desenvolve- para início do
ders pelo início -Informações dora projeto
do projeto preliminares sobre
a necessidade dos -Stakeholders
stakeholders externos
externos
65
Informações de Métodos e
Atividade Objetivos Envolvidos Resultados
entrada ferramentas
1.2: -Definir a -Escopo do -Reuniões -Responsáveis -Equipe de
Definição e equipe de projeto designados projeto definida
mobilização projeto pela e mobilizada
da equipe do organização
projeto -Mobilizar a desenvolve-
equipe de dora
projeto
Para isso, propõe-se uma reunião entre os decisores da organização desenvolvedora, que
devem determinar as funções (gerente de projeto, engenheiro de sistemas, especialistas, etc.) a
serem desempenhadas pela equipe para o desenvolvimento do projeto e elencar as pessoas da
organização (ou contratar outras pessoas) para assumir cada uma das funções (Tabela 3).
Ressalte-se a importância de se constituir uma equipe de projeto multidisciplinar, para o
desenvolvimento de sistemas complexos.
Para finalizar a etapa de iniciação, propõe-se a realização de uma reunião para apresentar
o escopo preliminar do projeto à equipe, as funções de cada pessoa e oficializar o início do
desenvolvimento.
comparação dos sistemas e tecnologias. Durante esta etapa ainda é possível levantar restrições
intrínsecas que sistemas similares apresentam, sejam elas devidas a imposições legais ou
normativas, sejam devidas às capacidades tecnológicas do período do desenvolvimento.
Uma vez que a equipe seja informada a respeito do escopo preliminar do projeto,
propõe-se que ela se reúna para estabelecer os critérios de seleção de sistemas a serem
estudados no benchmarking e quais as características técnicas de cada sistema que devem ser
analisadas.
Os critérios de seleção de sistemas são aqueles que estabelecem se um sistema será
usado como modelo comparativo no benchmarking. Um exemplo de critério é a data de
desenvolvimento do sistema, para filtrar apenas soluções mais recentes. Outro critério poderia
ser a quantidade de informações disponíveis a respeito dos sistemas.
Características técnicas relevantes são ligadas à arquitetura ou desempenho dos
sistemas, como massa, alcance de transmissão, tipo de motor utilizado em uma aeronave e de
69
computador de missão. Estas características servirão para que, após realizar a seleção dos
sistemas alvo de estudo, a equipe possa compreender e comparar cada um deles.
Para a realização desta atividade, propõe-se que sejam empregados métodos intuitivos
de geração de concepções e ideias, como brainstorming (BACK et al., 2008).
Ao final desta atividade deve-se confeccionar uma lista com os critérios para seleção
dos sistemas que serão estudados e uma tabela com as características técnicas julgadas
relevantes, que serão os parâmetros de comparação entre os sistemas elencados. Deve-se ainda
justificar a eleição de cada característica técnica, mostrando sua importância para o sucesso do
sistema. Desta forma, a intenção é estabelecer um ambiente fundamentado para a análise e
comparação das soluções pesquisadas no benchmarking. A Tabela 5 e a Tabela 6 são modelos
de saídas desta atividade.
Característica/
Sistema A Sistema B Sistema C
Sistema
Característica Utiliza 2 sensores de Utiliza 3 sensores de
Não utiliza sensores
técnica 1 velocidade velocidade
Característica Possui tratamento Não possui tratamento Não demanda
técnica 2 antichamas antichamas tratamento antichamas
Suporta temperaturas Suporta temperaturas Suporta temperaturas
Característica
entre 1000°C e 1100°C entre 500°C e 530°C por entre 1500°C e 1800°C
técnica 3
por T segundos 2T segundos por 3T segundos
por Larson et al. (2009), antevendo requisitos de interface e restrições impostas pelos demais
subsistemas.
Para consolidar o entendimento sobre os sistemas estudados e finalizar a etapa de
benchmarking, propõe-se a realização de uma reunião da equipe para análise comparativa dos
sistemas selecionados (trade-off analysis) e discussões. Esta análise trade-off é uma abordagem
defendida por Kossiakoff e Sweet (2003), em que os resultados da avaliação de um sistema são
avaliados não exclusivamente pelo nível de desempenho atingido para cada parâmetro, mas
também pelo equilíbrio entre eles, e em geral conduz a soluções mais consistentes e viáveis.
A terceira etapa tem como objetivo consolidar o entendimento das necessidades dos
stakeholders, seguindo a característica iterativa do processo de engenharia de sistemas, além de
identificar as expectativas dos stakeholders e definir os objetivos, metas e requisitos de alto
nível do projeto. A importância desta etapa consiste na possibilidade de avaliar
quantitativamente o nível de desempenho requerido do sistema. Para isso, propõe-se a
realização das atividades expostas na Tabela 9.
Nesta etapa, bem como ao longo de todo o processo de desenvolvimento, é possível que
sejam excluídos stakeholders (por saírem do projeto, por exemplo) ou identificados novos
stakeholders, demandando atualização da relação de entidades envolvidas no projeto, conforme
propõem Larson et al. (2009). Esta medida reduz a possibilidade de não se envolver todos os
principais stakeholders no processo, o que poderia resultar em uma posterior formulação de
requisitos incompleta.
É possível ainda que as necessidades para alguns dos stakeholders sejam reavaliadas.
Como consequência, pode ser que atividades anteriores tenham de ser realizadas novamente
com os novos stakeholders, ou para esclarecer demandas que tenham surgido, o que está
compreendido no caráter iterativo do método proposto. No entanto, isto não significa que as
etapas posteriores serão adiadas, pois o modelo de desenvolvimento, coerente com o proposto
por Larson et al. (2009) e apresentado na revisão da literatura, é favorável ao desempenho
simultâneo das atividades.
Ainda, conforme apresentado por PMI (2013), é importante que cada alteração na
documentação proposta pelos envolvidos seja registrada, com a indicação de quem foi seu
demandante, para evitar contestações futuras. Isto porque, embora o método utilize princípios
do Manifesto Ágil, aspectos relativos ao cumprimento de contratos e garantias para os
envolvidos no projeto não podem ser negligenciados.
Assim, para a execução da atividade de síntese das expectativas dos stakeholders,
propõe-se que a equipe de projeto, partindo da lista consolidada dos principais stakeholders,
selecione, por meio de reuniões internas, quais deverão ser entrevistados. Isto porque nem todos
os stakeholders precisam, obrigatoriamente, ser consultados.
A equipe de desenvolvimento deve ter consciência de que há diversos interesses
conflitantes durante um projeto, e deve manter contato com os diversos departamentos de sua
73
Uma vez conhecidas as necessidades dos stakeholders propõe-se que, com a finalidade
de esclarecer, detalhar e traduzir em linguagem de engenharia as expectativas dos stakeholders
com o projeto, sejam definidos os objetivos e metas do projeto, conforme defendem Larson et
al. (2009).
Assim, propõe-se que, partindo do escopo do projeto, das informações a respeito das
expectativas dos stakeholders e das referências para o projeto obtidas no benchmarking, a
equipe realize entrevistas com os stakeholders para definir, qualitativamente (objetivos) e
também por meio de valores numéricos (metas), as medidas que expressem a satisfação da
necessidade de missão e das expectativas dos stakeholders. Sugere-se que deve haver um
membro responsável por verificar e gerenciar este documento, de modo a manter o controle
74
sobre as versões do documento. Larson et al. (2009) propõem que este responsável seja o
engenheiro de sistemas.
Para realizar a definição quantitativa de algumas metas é possível que sejam necessárias
informações e estudos adicionais, demandando consulta a especialistas em diferentes áreas
relacionadas ao projeto e/ou modelagem computacional.
Ao final desta atividade deve-se obter um documento registrando a necessidade de
missão, os objetivos e metas para o projeto, que servirá de base para as etapas posteriores e
poderá ter valor, inclusive para questões contratuais.
sistema aumenta. Os requisitos de mais alto nível, em geral, devem ser os primeiros a serem
capturados, sendo decompostos em níveis mais baixos à medida em que o projeto avança.
-Sequenciamento
operacional dos
cenários
-Definição da(s)
referência(s) para
o projeto
-Literatura
77
atividades definidas no cenário, para entender como os stakeholders devem interagir com os
elementos do sistema. Durante toda esta atividade sugere-se a utilização de métodos intuitivos
de geração de ideias.
Finalizando esta atividade, considera-se importante que as entidades envolvidas no
projeto identifiquem as atividades a serem desenvolvidas por cada uma, durante o ciclo de vida
do sistema. Propõe-se que sejam determinadas também as relações entre as entidades. Tal
medida visa a deixar claras as atribuições de cada stakeholder e documentar suas
responsabilidades,
Para isto, propõe-se que os stakeholders realizem negociações com o intuito de
consolidar, contratualmente, as atividades dos nós operacionais, que são as entidades
envolvidas na operação do sistema, e o diagrama NxN (conforme exemplo na Tabela 12), por
meio do qual se estabelece como cada elemento do sistema se relaciona com os demais.
seu ciclo de vida (incluindo, para o caso de um satélite, atividades como transporte,
armazenamento e lançamento).
Para isto podem ser necessárias, por exemplo, análise térmica, de exposição à radiação
e à vibração. Conhecimento técnico e experiência da equipe são os fatores principais para
definir quais as condições críticas, que podem variar para cada projeto. Por exemplo, o arrasto
aerodinâmico apresenta maior influência sobre satélites em baixa órbita, tendo seus efeitos
reduzidos à medida em que se opera a altitudes mais elevadas.
Ao final desta atividade deve-se consolidar o registro das condições ambientais a que o
sistema estará exposto durante sua operação.
Douglass (2016) sugere a identificação e análise das funções do sistema como forma de
verificar requisitos novos, inconsistentes ou incorretos. Em consonância, neste trabalho propõe-
se também que sejam identificadas as arquiteturas funcional e física do sistema. O método
apresentado para esta etapa constitui-se de uma adaptação do proposto por Douglass (2016).
Na abordagem de Douglass (2016), inicialmente são identificados os subsistemas, para em
seguida determinar requisitos aos mesmos e só então alocar funções. Assim, os subsistemas são
definidos antes das funções que motivam sua existência.
Contudo, este trabalho, concordando com as abordagens de Loures da Costa e Fulindi
(2018), Friedenthal, Moore e Steiner (2015) e Back et al. (2008), propõe que, a partir da análise
do conceito de operações (Etapa 4), sejam inicialmente identificadas as funções que o sistema
deve desempenhar (Atividade 5.1). Os elementos físicos e subsistemas são determinados na
sequência, para atender às funções elencadas (Atividade 5.2).
O objetivo de se estruturar a etapa desta forma é não vincular as funções a um tipo de
solução ou componente específicos. As funções devem ser desempenhadas independentemente
de qual elemento físico selecionado. Assim, o foco está nas funções, e os subsistemas e
componentes são os elementos físicos que possibilitam desempenhar estas funções.
Para finalizar esta etapa, alinhado com os autores citados nesta seção, propõe-se a
alocação de requisitos aos subsistemas (Atividade 5.3). A descrição desta etapa consta da
Tabela 13.
81
-Requisitos de alto
nível
A utilização de MBSE nesta etapa é motivada pelo benefício propiciado pelos modelos
quanto ao entendimento das relações das entidades durante a execução das funções do sistema.
Diagramas, como os funcionais, possibilitam uma compreensão mais intuitiva e rápida da
operação do sistema, e evidenciam suas interfaces.
Com relação ao documento que consolida requisitos, a automatização em controlar a
rastreabilidade e gerar as representações para as formas textuais ou gráfica provida pelo
software de SysML permite que cada integrante da equipe de engenharia de sistemas edite o
documento utilizando a interface com que se sente mais familiarizado, enquanto o próprio
software converte o modelo para outros formatos. Isto pode favorecer a prevenção de problemas
causados pela má interpretação dos requisitos por parte de algum integrante da equipe.
Subsistemas Componentes
Componente 1
Subsistema 1
Componente 2
Por fim, utilizando software para criação de modelos, a equipe deve decompor os
diagramas funcionais, desenvolvidos na Atividade 5.1, para os níveis subsistema e componente,
de modo a se entender a atuação dos subsistemas integrados e se identificar as interfaces
internas do sistema. A construção dos diagramas funcionais para subsistemas segue a mesma
lógica que para sistemas, porém, ao invés de se tratar o sistema a partir de uma visão externa,
são identificados seus elementos internos responsáveis pelos principais aspectos de seu
funcionamento, conforme exemplo na Figura 24.
Como informações de entrada para esta atividade, devem ser utilizados os objetivos e
metas do projeto e todas as informações referentes às arquiteturas funcional e física dos
satélites. Também devem ser conhecidas as configurações de órbita e constelação, visto que,
por exemplo, de acordo com a altitude pode-se precisar de um sistema para auxiliar no descarte
dos satélites e constelações com maior número de satélites podem exigir controle de atitude e
propulsão mais robustos para manter a posição relativa entre os satélites. A Figura 25 representa
o sequenciamento de ações para a execução da Atividade 6.2.
Estes parâmetros podem variar de acordo com a alternativa de conceito estudada (por exemplo,
satélites de dimensões diferentes podem demandar subsistemas de determinação e controle de
atitude diferentes, caso se opte por realizar o estudo direcionado aos elementos físicos), e
servem de base para a determinação dos requisitos de desempenho relacionados a cada
função, que devem ser calculados de forma analítica ou por meio de programas
computacionais. Os requisitos estabelecem um valor ou nível para os parâmetros. No caso do
apontamento, por exemplo, para o parâmetro “acurácia de determinação e controle de atitude”,
um requisito poderia ser “acurácia de determinação e controle de atitude inferior a 5°”.
Uma vez que a equipe disponha dos requisitos de desempenho, a equipe deve
dimensionar os direcionadores de desempenho (subsistemas e componentes associados às
funções) de acordo com seus níveis de desempenho, que são requisitos para os subsistemas
(para o exemplo do ADCS, o dimensionamento pode incluir o torque gerado pelo subsistema
acima de 1∙10-5 N∙m). Assim, pode-se realizar uma pesquisa de mercado a fim de identificar
elementos físicos que atendam aos valores de dimensionamento exigidos (por exemplo, rodas
de reação, sensores, rádios). Ao se identificar os componentes necessários para cada alternativa
(avaliando também questões relativas à confiabilidade ou nível de prontidão tecnológica (TRL)
dos mesmos), pode-se comparar os custos dos diferentes satélites estudados, o que subsidiará a
posterior seleção de conceito por parte dos stakeholders.
Desta forma, ao final da Atividade 6.2, devem ser reunidos os valores associados ao
desempenho que deverão ser atingidos pelos principais direcionadores de desempenho de cada
um dos conceitos estudados e, se for o caso, identificados os elementos físicos que atendam ao
desempenho exigido. Propõe-se ainda que esta atividade seja consolidada por meio de reuniões
entre os membros da equipe de projeto, para se discutir os resultados obtidos. A Tabela 18
apresenta um exemplo de resultado para esta etapa, com a identificação de dois conceitos
hipotéticos, em que se estudou somente a função de apontamento, com o estudo direcionado ao
elemento físico (subsistema ADCS).
Os resultados produzidos nesta atividade contribuem para a identificação dos riscos
tecnológicos envolvidos no projeto, tais como a não disponibilidade de elemento físico capaz
de atingir algum dos níveis de desempenho demandados pelo sistema, permitindo antecipar
medidas para mitigar os riscos (mudança de abordagem de projeto, desenvolvimento de novas
tecnologias, acordos para retirada de bloqueios de compra, etc.).
92
Conceito 1 Conceito 2
Inclinação 5° 15°
Órbita
Altitude 600 km 500 km
Configuração da
constelação
(número de planos orbitais 2x4 3x6
x número de satélites por
plano orbital)
Estrutura dos satélites 6U 3U
Massa mínima 8 kg 3 kg
Dispositivo de
Sim Não
incremento de arrasto
Atitude
(face na direção do vetor 2U 3U
velocidade)
Torque: 0,50 ∙ 10-5 N∙m Torque: 0,10 ∙ 10-5 N∙m
Rodas de reação
Momento armazenado: 0,006 N∙m∙s Momento armazenado: 0,005 N∙m∙s
ADCS
Magneto
Dipolo: 0,21 A∙m² Dipolo: 0,17 A∙m²
torqueador
Como próximo passo, os estudos devem ser apresentados aos stakeholders em reunião,
de modo que os stakeholders possam selecionar um ou mais conceitos para serem estudados de
forma mais detalhada em um novo ciclo. Ao final de um ou mais ciclos adicionais, deve ser
escolhido um conceito definitivo, encerrando o estudo conceitual do sistema. Este conceito
definitivo prosseguirá para o estágio que Kossiakoff e Sweet (2003) denominam
desenvolvimento de engenharia, dando continuidade ao projeto.
Encerra-se, assim, a descrição do método proposto para a análise funcional de uma
constelação de pequenos satélites de comunicações para o Exército Brasileiro. No próximo
capítulo será apresentado um caso de estudo deste método aplicado à realização do estudo
conceitual de uma constelação de pequenos satélites para prover comunicações a tropas a pé do
Exército Brasileiro na região amazônica.
93
4 Caso de estudo
Stakeholder Função
Exército Brasileiro (EB) Patrocinador
Centro Espacial ITA (CEI) Organização desenvolvedora
Possível cedente de instalações para montagem,
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) integração e testes dos satélites; possível parceria
para operação dos satélites
Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) Parceria para operação dos satélites
Ministério da Defesa (MD) Usuário do sistema
Sociedade brasileira Stakeholder passivo
Fornecedores de equipamentos e componentes Fornecedores
95
Stakeholder Função
Força Aérea Brasileira (FAB) Usuário do sistema
Marinha do Brasil (MB) Usuário do sistema
Polícias Militares e Civis dos estados Usuário do sistema
Polícias Federal e Rodoviária Federal Usuário do sistema
Receita Federal Usuário do sistema
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) Usuário do sistema
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Usuário do sistema
Recursos Naturais (IBAMA)
Indústria nacional Usuário do sistema
Organização lançadora Responsável pelo lançamento do satélite
Agência Nacional de Telecomunicações Responsável pelo cadastramento da frequência do
(ANATEL) satélite junto à UIT
Responsável pelo cadastramento da frequência do
União Internacional de Telecomunicações (UIT)
satélite
Responsável pelo cadastramento do satélite junto
Agência Espacial Brasileira (AEB)
à ONU; possível parceira no desenvolvimento
Organização das Nações Unidas (ONU) Responsável pelo cadastramento do satélite
Contrabandistas e traficantes Stakeholder negativo
Nações com interesses contrários aos brasileiros Stakeholder negativo (possíveis futuros
na região amazônica oponentes)
O PESE estabelece que “o segmento orbital deverá ser composto por uma constelação
de satélites de baixa órbita em operação e satélites de reserva em órbita” (MINISTÉRIO DA
DEFESA, 2018, p. 57), de modo que o tipo de solução já está definido como constelação de
baixa órbita.
Neste momento o CEI, alinhado com as competências que possui e sua especialização
na construção de satélites de até 100 kg, apresentou a opção pelo desenvolvimento de uma
constelação (conjunto de satélites operando coordenadamente) de pequenos satélites não-
geossíncronos, dada sua viabilidade técnica para comunicações de banda estreita como proposto
no PESE (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2018), conforme discutido na Seção 2.4 (pequenos
satélites) da revisão da literatura deste trabalho. O baixo custo de construção de cada pequeno
satélite permite que, posteriormente, sejam construídos satélites adicionais para composição de
constelação, com consequente aumento de cobertura.
Desta forma, o CEI explicou ao Exército Brasileiro que é possível obter diferentes níveis
de cobertura em órbitas não-geossíncronas (por exemplo, em baixa órbita), em função do
número de pequenos satélites presentes na constelação. O CEI esclareceu ao Exército Brasileiro
que, em linhas gerais, para uma aplicação em que não seja demandada cobertura 100% do tempo
(por exemplo, um sistema de troca de mensagens de texto que envie e receba informações
durantes as janelas de cobertura a cada órbita), pode-se utilizar um número mais reduzido de
satélites, que deve ser incrementado à medida em que se objetive menor tempo médio de espera
pelas comunicações e/ou maior cobertura.
Neste trabalho, embora a solução possa envolver uma constelação de satélites, o sistema
de interesse frequentemente será referido como “satélite”, no singular, dada a premissa de que
os satélites implementados inicialmente serão similares entre si. Lançamentos posteriores, para
completar ou expandir a constelação, podem envolver satélites diferentes ou com capacidades
ampliadas (ex. com capacidade de fazer imageamento), para atender a evoluções dos requisitos
dos stakeholders ou novos requisitos surgidos ao longo do tempo.
Por fim, como resultado desta atividade, os envolvidos nas reuniões definiram o escopo
do projeto, apresentado na Tabela 20. Os custos e o prazo de desenvolvimento foram calculados
preliminarmente com base no trabalho de Casale e Loures da Costa (2018) e da estimativa de
orçamento do Exército Brasileiro para o projeto.
97
Até o momento, não foi assinado contrato entre o CEI e o EB, contudo o CEI decidiu
continuar o desenvolvimento visando a um acordo futuro. Conforme apresentado na Seção 3.1.1
deste trabalho, questões contratuais não serão tratadas no presente trabalho.
Uma vez definido o escopo do projeto e decidido seu início por parte do CEI, mobilizou-
se a equipe multidisciplinar de desenvolvimento. Para isso, reuniram-se os responsáveis pelo
CEI, que definiram as funções e especialidades que o projeto iria exigir e, em seguida,
escolheram os integrantes da equipe de trabalho (Tabela 21). Os nomes foram omitidos em
razão de confidencialidade. A equipe foi então reunida, informada sobre o escopo do projeto e
mobilizada para iniciar seu desenvolvimento.
Uma vez iniciado o projeto, foi realizado o benchmarking, a partir das seguintes
atividades, descritas na Tabela 4:
• Atividade 2.1: Definição dos critérios de benchmarking
• Atividade 2.2: Pesquisa de benchmarking
Para a definição dos critérios de seleção, partiu-se do escopo do projeto obtido na Etapa
1 e, por meio de discussão em reunião com a equipe, foram elencados os critérios para seleção
de sistemas (Tabela 22) e as características técnicas relevantes (Tabela 23) a serem estudadas
no benchmarking.
Assim, o primeiro critério era que os sistemas fossem pequenos satélites (satélites até
100 kg, conforme a definição apresentada na seção pequenos satélites, da revisão da literatura
deste trabalho). Com o objetivo de pesquisar apenas os sistemas mais recentes, outro critério
foi que os sistemas deveriam ter sido desenvolvidos ou lançados a partir de 2008.
Dado que os sistemas de interesse para estudo podem ter aplicação militar e serem
difíceis de se obter informações, identificou-se, inclusive, que a disponibilidade de
informações era um critério importante para sua seleção. Conhecer os componentes do sistema
é importante para que se possa identificar posteriormente, por exemplo, a utilização de
componentes COTS (comercial-off-the-shelf – componentes disponíveis para venda no
mercado, dispensando desenvolvimento próprio) e ITAR (International Traffic in Arms
Regulations – legislação estadunidense que restringe o fluxo de informações e a venda de certos
equipamentos). Conhecer os serviços oferecidos aos usuários (por exemplo, ligação entre
satélites da constelação) também foi definido como característica relevante para estudo.
Como pode-se observar, não houve exigência de que os objetos de estudo fossem
voltados à aplicação militar, pois julgou-se que nesta etapa tanto soluções civis quanto militares
poderiam contribuir igualmente para a compreensão do nível atual de tecnologia que está sendo
utilizada.
Dentre as características técnicas relevantes, a órbita é uma das principais, relacionada
ao tempo de vida útil (tanto por razões de decaimento quanto em função de perda de
confiabilidade devida à radiação), cobertura e potência necessária para comunicação. As
características identificadas são apresentadas na Tabela 23.
Tabela 25 – Tabela comparativa de características técnicas (os valores marcados com (*)
foram deduzidos pela equipe com base nas imagens ou demais informações técnicas).
Stakeholder Função
Exército Brasileiro (EB) Patrocinador
Centro Espacial ITA (CEI) Organização desenvolvedora
Instituto Nacional de Pesquisas Possível cedente de instalações para montagem, integração e testes
Espaciais (INPE) dos satélites; possível parceria para operação dos satélites
Comando de Operações Parceria para operação dos satélites
Aeroespaciais (COMAE)
Ministério da Defesa (MD) Usuário do sistema
Força Aérea Brasileira (FAB) Usuário do sistema
Marinha do Brasil (MB) Usuário do sistema
Agência Espacial Brasileira Responsável pelo cadastramento do satélite junto à ONU; possível
(AEB) parceira no desenvolvimento
Stakeholder Expectativa
Obter um meio confiável e seguro de comunicação com tropas a pé
isoladas na região amazônica e a leitura dos sensores de guerra eletrônica
Exército Brasileiro (EB) instalados na região amazônica; interesse em poder ampliar a cobertura
para todo o território nacional e cobertura para dados de sensores do
Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON)
Desenvolver uma plataforma viável para atender a diferentes necessidades
CEI no setor espacial, projetando-se como referência no setor para futuros
clientes; inserir seus alunos em projetos reais de engenharia
Obter maior cobertura de comunicações e integração na região amazônica;
Ministério da Defesa
obter autonomia na área espacial voltada à defesa; estimular agentes
(MD)
nacionais a desenvolver tecnologias para a área de defesa
Melhoria nas ações das Forças Armadas nas fronteiras, reduzindo o tráfico
que abastece de armas ilegais e drogas as cidades de todo o país; aumento
Sociedade brasileira da capacidade de defesa externa; integração do território nacional;
desenvolvimento tecnológico e científico do país; geração de demanda por
profissionais qualificados na área tecnológica
Fornecedores de Prover instrumentos, componentes, equipamentos e GSE (Ground Support
equipamentos e Equipments - Equipamentos de Suporte em Solo) para os satélites e apoio
componentes em solo
Aumentar a efetividade na detecção de aeronaves ilegais na região
Força Aérea Brasileira amazônica, bem como melhores comunicações em operações em regiões
(FAB); Marinha do isoladas ou para navegação a baixa altura; interesse em poder ampliar a
Brasil (MB) cobertura para todo o território nacional e cobertura para dados de sensores
do SISFRON
Polícias Militares, Civis, Aumento de capacidade de coordenação das ações de fiscalização
Rodoviária e Federal; ambiental e das regiões de fronteira no contexto do SISFRON, por meio da
Receita Federal; ABIN; integração e cooperação entre as instituições, corporações e órgãos
IBAMA usuários do sistema satelital de comunicações
Prover instrumentos, componentes, equipamentos e GSE para os satélites e
Indústria nacional
apoio em solo
Espera que o sistema cumpra as normas de lançamento (expectativa não
Organização lançadora
ligada à operação do sistema)
ANATEL Espera que o sistema cumpra as frequências estabelecidas
UIT Espera que o sistema cumpra as frequências estabelecidas
AEB Espera que ocorra fomento da atividade espacial no Brasil
ONU Espera que o sistema cumpra as normas para utilização do espaço
implicam responsabilidade civil, inclusive para evitar que haja interferência em serviços
primários de outros sistemas, por utilizar frequência eventualmente já alocada.
Desta forma, as expectativas dos stakeholders foram identificadas e pode-se prosseguir
para a definição dos objetivos e metas do projeto.
SysML que garantisse a segurança dos dados, de modo que os documentos textuais e os
modelos foram gerados manualmente, por meio de outros programas.
A hierarquização de requisitos usada neste trabalho foi a adaptada da sugerida pela
NASA (2018a) (Figura 26), pois esta estrutura foi considerada adequada à complexidade de
projetos de pequenos satélites, tendo sido utilizada com sucesso em desenvolvimentos
anteriores do CEI.
Requisitos de missão
MisReq_01- A missão deve prover comunicações para tropas na região amazônica
MisReq_02- A missão deve prover segurança às comunicações
MisReq_03- A missão deve cobrir cada região a cada 10 minutos (limite) 5 minutos (objetivo)
MisReq_04- A missão deve utilizar satélites capazes de operar por ao menos 6 anos sem demandar
substituição de satélites
MisReq_05- A missão deve usar estações de solo existentes no COPE
MisReq_06- A missão deve ter uma estratégia de final de vida, com descarte de cada satélite em até 25
anos após o fim de sua vida útil
Requisito de sistema
SysReq_01- O sistema deve estabelecer o enlace entre usuários
Por fim, os requisitos foram discutidos em reuniões, a fim de consolidar uma versão
basilar do documento de requisitos de mais alto nível.
113
28). Para os satélites geossíncronos que se encontram em órbita atualmente, não foi considerado
o relacionamento com o lançador, que garantirá a reposição da constelação de pequenos
satélites. A operação dos satélites é realizada a partir das estações de solo. Os usuários (tropas
militares dos diferentes níveis) e os sensores de defesa encontram-se fora das fronteiras do
sistema de sistemas (elipse externa), sendo entidades externas ao sistema.
oponentes (nações) podem ter capacidade de interferir nos sistemas satelitais, enquanto os
elementos adversos (ex. contrabandistas e traficantes) não apresentam esta potencialidade. O
Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CComGEx) é o responsável por
assessorar o Comando de Operações Terrestres (COTER) ou o Comando do EB na utilização
dos recursos satelitais, coordenando com as estações de solo sua operação. Cabe ressaltar que,
de acordo com as dimensões da operação, outros níveis de comando podem estar presentes,
como forças-tarefa, divisões, e exércitos de campanha, contudo os diagramas desta seção visam
a apresentar o contexto operacional enfatizando os elementos de nível batalhão e inferior, que
são o foco do projeto.
A solução proposta pela equipe para o presente projeto é esboçada no modelo “To-be”
(Figura 30), relativo à constelação de pequenos satélites de comunicação.
118
intervalos conhecidos de indisponibilidade pode ser aproveitado por elementos que se planejem
para executar suas ações nas áreas e horários de não cobertura.
Desta forma, os sistemas espaciais para atender a esta ligação podem ser satélites
geossíncronos, que atendem ao requisito de cobertura 100% do tempo, ou constelações de
pequenos satélites, de acordo com o número de pequenos satélites e órbitas. Com relação à taxa
de transmissão disponível, satélites GEO, dadas as suas dimensões, em geral, oferecem espaço
para instalação de cargas úteis com uma capacidade maior, enquanto pequenos satélites
demandam um estudo mais aprofundado para dimensionar suas cargas úteis.
A comunicação entre usuários de diferentes níveis refere-se àquela realizada entre as
tropas e seus respectivos comandos. Os níveis podem ser esquadras, grupos de combate,
pelotões, companhias, batalhões, brigadas e divisões, além de forças-tarefa e exércitos de
campanha. As tropas dos diferentes níveis precisam ter suas necessidades de comunicação
atendidas para permitir um exercício eficaz de Comando e Controle, mas, dadas as diferentes
demandas de banda, cobertura e tempo de resposta, as soluções empregadas para cada nível
podem ser diferentes.
Usuários de nível menor, por demandarem menor taxa de transmissão, podem ser
atendidos por pequenos satélites, podendo inclusive não demandar cobertura 100% do tempo
ou em tempo real (os protocolos operacionais atuais, inclusive, recomendam o estabelecimento
de horários predeterminados para estabelecer contato). Já usuários de nível mais elevado, como
batalhões e brigadas, podem exigir fluxo de dados maior e maior cobertura, para estarem
disponíveis durante as janelas de cobertura das diferentes frações subordinadas. Neste contexto,
a cobertura para comunicações por voz pode também ser atendida pelos satélites GEO.
A seguir, a equipe desenvolvedora e o EB identificaram dois cenários operacionais para
uma comunicação de dois usuários de níveis diferentes. O primeiro cenário identificado foi de
tentativa de comunicação em condições ambientais (incluindo as condições climáticas terrestres
e espaciais) favoráveis (ex. terreno com pouca cobertura vegetal, sem nuvens, sem tempestade
solar, sem cintilações e bolhas de plasma ionosféricas). O segundo cenário foi para tentativa de
comunicação em condições ambientais desfavoráveis (ex. terreno com densa cobertura vegetal,
com nuvens, com tempestades solares). Para estes cenários, foram construídas sequências
operacionais para cada um dos serviços (comunicação entre sensores de defesa e usuários e
comunicação entre usuários de diferentes níveis). Nesta seção, somente serão apresentadas duas
sequências operacionais para os cenários de condições ambientais favoráveis, de modo que
todas as atividades acontecem conforme previsto. Para o cenário de condições ambientais
121
identifica a ameaça e, se for o caso, inicia contato para solicitar ou providenciar uma
interceptação.
Em reunião envolvendo a equipe de projeto e o EB foi elaborada a Tabela 32, que mostra
as atividades das principais entidades envolvidas na operação do sistema (nós operacionais).
Nó operacional Atividades
Satélites de comunicações * Detectam dados de comunicação dos usuários (voz/texto)
* Detectam dados de missão dos usuários
* Detectam dados de sensores de Guerra Eletrônica
* Enviam dados de comunicação aos usuários (dados/texto)
* Geram e enviam dados de telemetria do satélite
* Recebem e executam comandos operacionais
Estação de solo (COMAE) * Recebe status dos satélites
* Envia telecomando para os satélites
CComGEx (EB) * Recebe os dados de missão para os satélites do controle de missão
* Analisa os dados de status/telecomando dos satélites
* Gera os comandos operacionais dos satélites
* Registra o conjunto de dados de status/telecomando dos satélites
* Envia dados de missão dos satélites para o controle de missão
Usuários (tropas) * Recebem dados de comunicação dos satélites
* Recebem dados de missão dos satélites
* Recebem dados de sensores de Guerra Eletrônica dos satélites
* Enviam dados de comunicação para os satélites
123
Nó operacional Atividades
Controle de missão * Analisa os dados de comunicação dos satélites
* Analisa os dados de missão dos satélites
* Analisa os dados dos sensores de Guerra Eletrônica
* Gera os dados de comunicação dos satélites
* Gera os dados de missão dos satélites
* Gera relatórios de missão
Usuário (Comando) * Recebe e solicita relatórios de missão
* Gera plano de missão
Como se pode observar, as partes elencaram apenas atividades e relações para a fase de
operações do sistema, e não para todo o ciclo de vida do mesmo (que inclui, por exemplo,
montagem, integração e teste, transporte, lançamento). Além disso, tais atividades não foram
registradas contratualmente. Isto porque ainda não havia, naquele momento, a contratação do
desenvolvimento, de modo que as reuniões entre a equipe de projeto do CEI e os representantes
do EB visavam a amadurecer o conceito do sistema, com a expectativa de contratação futura.
Assim, a identificação das sequências operacionais foi realizada de forma simplificada.
Encerrando esta atividade, a equipe desenvolvedora e o EB estudaram a lista com as
funções dos principais stakeholders e as sequência de operações para cada cenário. As partes
identificaram, então, as relações entre as entidades envolvidas no projeto e os sistemas no
diagrama NxN dos elementos do sistema de sistemas (Tabela 33). Neste diagrama, cada volta
no sentido horário apresenta, respectivamente, o elemento que uma entidade provê para outra,
e o que ela recebe da mesma.
Dados de
SATÉLITE DE
Status do comunicação
COMUNI-
satélite (usuários) e/ou
CAÇÕES
dados sensores
ESTAÇÃO DE Telemetria
Comando do
SOLO operacional do
satélite
(COMAE) satélite
Comandos Conjunto de
CCOMGEX Relatório de
operacionais do dados de
(EB) desempenho
satélite operação
Dados de Dados de
USUÁRIOS
comunicação comunicação e
(TROPAS)
para os usuários sensores
Dados de
Dados de Solicita dados CONTROLE Relatório de
comunicação para
missão operacionais DE MISSÃO missão
os usuários
Análise de Análise e escopo USUÁRIO
desempenho da missão (COMANDO)
124
Figura 35 – Diagrama de sequência funcional para a função “comunicar com tropas”, em que
o comando envia uma mensagem para tropa, no cenário de condições ambientais favoráveis.
Conforme foi possível identificar no modelo para as funções “comunicar” (Figura 34),
a demanda do EB pelo envio da localização do usuário que transmite a mensagem, visando a
facilitar o apoio às tropas em caso de necessidade de evacuação aeromédica, por exemplo,
implica a função “informar localização dos usuários”, para os equipamentos de comunicação
em solo. Esta localização pode ser identificada automaticamente pelo equipamento, ou ser
inserida pelo próprio usuário, o que implica as subfunções “identificar localização”, “digitar
localização” e ainda “alternar modo de identificação de localização (automática/manual)”. Por
fim, o equipamento precisa “transmitir localização” para os satélites.
Para os satélites, receber e transmitir esta localização são subfunções da função
“comunicar”. Desta forma, da perspectiva dos satélites, a localização é apenas mais um dado a
ser recebido e enviado juntamente com a mensagem, enquanto para os equipamentos em solo
existe a necessidade de uma nova função, pois além de “comunicar” os equipamentos precisam,
de alguma forma, identificar sua localização ou aceitar uma localização como entrada. Esta
função demanda um receptor de posicionamento e/ou uma interface por meio da qual o usuário
possa inserir manualmente no sistema sua localização, o que, em geral, é realizado por meio de
um teclado (com botões ou virtual).
Com relação ao sistema propulsivo, que está relacionado à função “gerenciar o sistema
durante a operação”, seu emprego deve ocorrer majoritariamente durante início de operação ou
em caso de perda de um dos satélites, para corrigir a defasagem entre os mesmos na constelação.
As demais funções foram decompostas seguindo o mesmo processo mental, podendo
estar relacionadas de forma diferente para os satélites e os equipamentos de comunicação em
solo. Observa-se que o mesmo elemento físico pode estar associado à execução de mais de uma
132
função, como os “botões para digitação (ou teclado virtual)”, relacionados a “receber mensagem
do usuário” e “informar localização dos usuários”.
Em seguida, a equipe identificou, preliminarmente e sem especificar fabricantes ou
modelos, os componentes dos subsistemas de cada satélite (Tabela 38).
Tabela 38 - Identificação dos principais componentes dos subsistemas para o(s) satélite(s).
Subsistemas Componentes
-Painéis solares
Subsistema de potência e energia (EPS) -Baterias
-Unidade de condicionamento e distribuição de energia
-Sensores
Subsistema de determinação e controle de
-Atuadores
atitude (ADCS)
-Computador de controle
Subsistema de status/ telecomando e -Rádios
controle (TT&C) -Antenas
Subsistema de gerenciamento de bordo
-Computador de bordo
(OBDH)
-Estrutura externa
Subsistema estrutural
-Estrutura Interna
-Computador de encriptação
Subsistema de comunicação (carga útil) -Rádios
-Antenas
Subsistema propulsivo -Propulsores
TT&C. Estas decisões demandam estudos posteriores, e irão depender do nível de desempenho
exigido pelos stakeholders.
O sistema propulsivo é o responsável por corrigir a defasagem dos satélites, caso seja
necessário, no início ou durante a operação, conforme tratado na Seção 4.5.1.
Com relação aos equipamentos de comunicação em solo, a interface com o usuário pode
ser feita através de botões convencionais ou por meio de telas de toque e teclado virtual (Tabela
39). Independente da solução de projeto definida posteriormente, o sistema deve fornecer a
possibilidade de leitura e digitação de mensagens de textos, conforme estabelecido do conceito
de operações.
Subsistemas Componentes
-Baterias
Subsistema de potência e energia -Unidade de condicionamento e distribuição de energia
(EPS) -Porta para carregamento elétrico
-Carregador elétrico
-Tela
-Botões para digitação (ou teclado virtual)
Subsistema de interface com o
-Controles de volume
usuário
-Controles de frequência
-Microfone
-Estrutura Externa
Subsistema estrutural
-Estrutura Interna
-Computador de encriptação
Subsistema de comunicação
-Antenas
(carga útil)
-Memória
Subsistema de localização
-Receptor de localização
(carga útil)
Tabela 40 – Extrato dos requisitos do(s) satélite(s), nos níveis sistema e subsistema.
Subsistema Requisitos
O software de simulação de missões espaciais utilizado foi o AGI STK, e para otimizar
o emprego de esforço computacional, simulou-se inicialmente, para cada combinação de
inclinação e altitude, um único satélite. Foram registrados os parâmetros relativos a tempo
máximo e médio de revisita, quantidade mínima de acessos por dia, duração média dos acessos,
porcentagem média do tempo de cobertura, tempo de cobertura diária mínima. O tempo de
simulação estabelecido foi de um ano.
A partir dos resultados encontrados para um único satélite, selecionaram-se as
configurações mais apropriadas para a missão. Dentre os satélites que as simulações mostraram
cobrir 100% da área de interesse, foram priorizados os que apresentaram os menores tempos
médio e máximo de revisita, e os maiores percentuais de cobertura. Os demais critérios foram
considerados na comparação para tentar identificar possíveis comportamentos inadequados de
determinadas órbitas. Por exemplo, para se garantir que, além da realização do acesso, o acesso
seja mantido por tempo adequado à transmissão de mensagens, foram excluídas as
configurações que apresentaram menos de 200 segundos de tempo médio de acesso.
Desta forma, as configurações de inclinação e altitude selecionadas são apresentadas na
Tabela 41, com as altitudes de 550, 600 e 800 km como referência.
138
altitude e configuração 3 x 4 passaria a atender aos novos requisitos. Caso estudos posteriores
mostrem a viabilidade da constelação a altitudes maiores que 450 km, espera-se também o
aumento de cobertura para o mesmo número de satélites, de modo que as opções com menos
satélites poderiam ser consideradas.
A variedade de soluções estudadas permite ainda estimar o nível mínimo de serviço em
caso de perda ou falha de algum dos satélites da constelação, destacando-se que as soluções
com número maior de satélites por plano apresentam maior resiliência nestes casos. Por
exemplo, no caso de uma constelação 3 x 4 perder um satélite, ainda assim é possível ajustar
sua configuração de modo que ela continue oferecendo serviços com tempo de revisita e
coberturas melhores que uma constelação 3 x 3. Para isto destaca-se novamente a importância
de os satélites disporem de sistema propulsivo, para poderem se redistribuir no plano orbital em
caso de necessidade. Os valores iniciais estudados para constelações e altitudes permitem
oferecer uma referência de nível de desempenho entregue aos stakeholders. Deste modo, após
apresentados estes resultados às partes interessada no projeto, é de se esperar que os
stakeholders, com incremento de conhecimento acerca do serviço que se pode obter das
diferentes configurações e suas limitações, redefinam seu desempenho pretendido. Assim, a
realização de ciclos iterativos com os envolvidos discutindo as questões relativas a órbitas pode
contribuir para um projeto que melhor atenda aos usuários da constelação.
Ainda, o relativamente baixo custo de construção de cada pequeno satélite permite que
posteriormente, com aditivo no orçamento, sejam construídos satélites adicionais para
composição de constelação, o que apresenta como vantagem, além do aumento da cobertura,
incremento em confiabilidade devido a efeitos de redundância e menor perda de eficácia, em
caso de falha de um dos sistemas (FORTESCUE; SWINERD; STARK, 2011).
Uma vez definidas as alternativas iniciais de constelações e altitudes, procedeu-se ao
estudo do modo de descarte dos satélites e seu tempo em órbita. Devido a questões relativas aos
elevados volume, massa e custo do sistema propulsivo necessário para transferir um pequeno
satélite para uma órbita de descarte, a solução adotada para este projeto foi a de reentrada na
atmosfera, que é a solução mais usual para missões abaixo de 1400 km de altitude (WERTZ;
EVERETT; PUSCHELL, 2011). O tipo de reentrada escolhido foi o decaimento descontrolado
dos satélites pelo arrasto atmosférico, dispensando assim propulsão para controle da reentrada
ou sistemas de recuperação.
Para realizar o estudo do tempo de reentrada dos satélites utilizou-se o Debris
Assessment Software (DAS), da NASA. Esta escolha é motivada pelo estudo de Santos (2018),
141
que concluiu que embora outros software, como o AGI STK, o Basic Propagator of the Semi-
major axis Decay rate (BPSD) e o Satellite Aeroassisted Maneuver Simulator (SAMS) também
permitam cálculos de decaimento, o DAS apresenta resultados com menor erro.
Três parâmetros foram variados para se realizar um estudo inicial e se identificar quais
conceitos atendem ao tempo mínimo de missão por satélite de 6 anos estabelecido para o ciclo
de reposição no PESE (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2018) e ao requisito de reentrada em 25
anos pós-missão, bem como quais conceitos demandam mecanismos para acelerar a reentrada
após o fim de sua operação. Os parâmetros variados foram altitude, massa e a área do satélite
perpendicular ao vetor velocidade (área de arrasto).
Para a altitude, utilizaram-se os valores de 450, 550, 600, 650, 700, 750 e 800 km, por
estarem compreendidos no intervalo em que costumam operar sistemas similares. Isto porque,
conforme exposto anteriormente, no limite inferior desta faixa (450 km) a cobertura oferecida
pelos transmissores embarcados é menor, dada a maior proximidade do solo, e o tempo de
reentrada dos sistemas é reduzido, o que pode limitar a vida útil (especialmente no caso de
satélites de menor massa), embora o custo de lançamento e a potência necessária para
comunicação a altitudes mais baixas também
A massa e área de arrasto estão relacionadas ao tipo de satélite. Identificaram-se quatro
configurações de satélites para servir de referência aos estudos:
• CubeSat 3U;
• CubeSat 6U (2x3U);
• CubeSat 12U;
• CubeSat 27U.
A configuração 3U foi selecionada para estudo com base nos resultados do
benchmarking, enquanto as demais foram escolhidas com o intuito de explorar conceitos que
possam oferecer diferentes níveis de desempenho para o EB. Isto porque nos satélites maiores
(6U, 12U e 27U) pode-se embarcar uma maior variedade de cargas úteis, além de controles de
atitude mais robustos e sistemas propulsivos para manutenção de órbita (necessários para se
manter o posicionamento dos satélites em constelações mais numerosas). Como as
configurações são apenas referências para massa e dimensões, e a estrutura interna dos satélites
não é levada em consideração no estudo de decaimento, os valores encontrados são válidos para
pequenos satélites de dimensões similares, ainda que não baseados na plataforma CubeSat.
Satélites com massas maiores tendem a demandar maior tempo para reentrar na
atmosfera. Para o CubeSat 3U foram simuladas massas de 5 e 6 kg, correspondentes aos valores
142
Tabela 43 – Tempos de decaimento para diferentes altitudes órbita para inclinação de 0º.
Área de Área de
Tipo de Massa Tempo de vida em função da altitude (anos)
arrasto arrasto/massa
satélite (kg)
(m²) (m²/kg) 450 km 500 km 550 km 600 km 650 km
0,03 5,00 0,00600 1,96 7,95 11,43 24,84 51,66
3U
0,03 6,00 0,00500 2,65 8,55 14,66 30,80 61,87
0,02 9,00 0,00222 8,30 15,08 31,73 65,37 >100
0,02 12,00 0,00167 9,45 20,13 42,14 86,87 >100
0,03 9,00 0,00333 6,57 10,20 21,24 43,66 90,23
6U
0,03 12,00 0,00250 7,86 12,30 29,81 60,85 >100
0,06 9,00 0,00667 1,68 7,60 10,71 21,91 44,31
0,06 12,00 0,00500 2,65 8,55 14,66 30,80 61,87
0,04 16,00 0,00250 7,86 12,30 29,81 60,85 >100
0,04 20,00 0,00200 8,70 18,17 34,26 73,94 >100
0,04 24,00 0,00167 9,45 20,13 42,14 86,87 >100
12U
0,06 16,00 0,00375 5,35 9,65 20,03 40,93 81,82
0,06 20,00 0,00300 7,14 10,77 22,79 50,99 99,81
0,06 24,00 0,00250 7,86 12,30 29,81 60,85 >100
0,09 36,00 0,00250 7,86 12,30 29,81 60,85 >100
27U 0,09 45,00 0,00200 8,70 18,17 34,26 73,94 >100
0,09 54,00 0,00167 9,45 20,13 42,14 86,87 >100
Inicialmente, a partir das informações acerca das funções, arquitetura física e dos
conceitos de órbitas e configurações de constelação, a equipe identificou as funções e
subfunções-chave que deveriam ter seus parâmetros dimensionados. Estas funções e
subfunções selecionadas foram: manter atitude, comunicar, gerar energia e armazenar
energia.
Como para o projeto de pequenos satélites é possível realizar o relacionamento direto
entre algumas funções e elementos físicos (subsistemas e componentes) (MENDES, 2018),
optou-se por trabalhar diretamente com os elementos físicos associados às funções. Desta
forma, identificou-se que os subsistemas que deveriam ser dimensionados (subsistemas mais
impactantes para o projeto) eram o subsistema de determinação e controle de atitude (ADCS,
relacionado à subfunção “manter atitude”), o subsistema de comunicação (carga útil,
relacionado à função “comunicar”) e o subsistema de potência e energia (EPS, relacionado às
funções “gerar energia” e “armazenar energia”).
A equipe, então, identificou e calculou os parâmetros relacionados ao desempenho de
cada um dos três subsistemas selecionados. Uma vez calculados, estes parâmetros serviram de
base para a determinação dos requisitos de desempenho dos diferentes subsistemas. Embora no
estudo de órbitas e constelações tenha se priorizado a altitude de 450 km, o estudo de
subsistemas foi realizado para altitudes de 450 até 800 km, com o intuito de permitir uma
comparação do impacto da altitude no dimensionamento dos subsistemas.
Com relação ao ADCS, para verificar a viabilidade técnica em se cumprir os requisitos
de missão, foi adotado o processo de cálculo apresentado por Wertz, Everett e Puschell (2011)
e Santos e Albuquerque (2018), baseado nos agentes perturbadores, propriedades geométricas
146
e de massa dos satélites e modos de controle de atitude, que permite identificar os requisitos de
desempenho para o ADCS, isto é, o tipo de apontamento, a acurácia de determinação e controle
de atitude e o tempo para executar manobra de reorientação. Como os atuadores em geral são
mais críticos que os sensores para o ADCS, este estudo não tratou dos sensores. Os requisitos
de desempenho a se atingir constam da Tabela 45.
Por meio de uma pesquisa de mercado a equipe verificou que existem componentes
COTS com dimensões e massa compatíveis com nanossatélites (inclusive 3U) e capazes de
atender aos requisitos apresentados na Tabela 46, como rodas de reação COTS capazes de gerar
torque superior a 100∙10-5 N∙m e momento de 0,01 N∙m∙s e magneto torqueadores que geram
147
um dipolo maior que 0,31 A∙m2. Se optou por não tratar das questões relativas à dessaturação
das rodas de reação relativas às órbitas de baixa inclinação neste ciclo do estudo, pois este
problema não foi considerado crítico neste momento visto existirem soluções adequadas em
uso por satélites similares. Desta forma, para esta fase de projeto, o estudo do ADCS mostrou
a viabilidade dos satélites em relação ao controle de atitude.
Para dimensionar a potência demandada pelo subsistema de comunicação para
transmissão a diferentes altitudes, a equipe de projeto empregou a planilha
SMAD_Design_Worksheet_Ver_6_1_-_Participant_1_, que é um complemento do livro Space
Mission Engineering: The New SMAD (WERTZ; EVERETT; PUSCHELL, 2011), e contém as
principais fórmulas do livro implementadas, sendo comumente utilizada na fase de estudo
conceitual de sistemas. Para todas as simulações foi considerado o erro de apontamento de 1º
para os satélites e probabilidade de erro de bit (BER) de 10-6.
Foram calculadas as potências necessárias para transmissão entre os satélites e o solo.
Os valores utilizados foram 10º para o ângulo de elevação, atenuação de 3 dB devido a
condições climáticas, ganho das antenas de 15 dB para os equipamentos de comunicações em
solo e diâmetro equivalente das antenas dos satélites de 30 cm. As faixas de frequência
estabelecidas no PESE para a constelação de satélites de comunicações de banda estreita são de
291 a 318 MHz para uplink em UHF, e de 243 a 270 MHz para downlink em VHF
(MINISTÉRIO DA DEFESA, 2018, p. 57). Foram utilizados nos cálculos os limites superiores
das frequências de uplink e downlink estabelecidas no PESE com taxa de transmissão de 56
kbps. Para fins de comparação, foram calculadas também as potências necessárias para
transmissão a uma taxa de 100 Kbps utilizando banda S, com frequência de 2,2 GHz. Os
resultados são apresentados na Tabela 47, e correspondem a valores de potência suficientes para
atingir uma margem de energia do bit dividida pela densidade espectral do ruído de ao menos
3,00 dB.
148
altitudes limites encontradas, o que justificou a opção conservativa pela órbita a 450 km para a
constelação.
Para o downlink, verificou-se que existe viabilidade técnica de para se construir os
sistemas de comunicação dos satélites tanto para a banda VHF à taxa de transmissão de 56 Kbps
quanto para a banda S à taxa de transmissão de 100 Kbps.
Ainda, uma vez identificadas as demandas energéticas necessárias para atender à
missão, a equipe de projeto concluiu que, dentre as configurações de satélite estudadas, as
configurações 3U e 6U eram suficientes para atingir aos níveis de desempenho exigidos, com
as configurações 12U e 27U sendo consideradas ineficientes economicamente, devido a seu
superdimensionamento para o projeto. A equipe considerou ainda que a configuração 6U tem
vantagem sobre a 3U pois, embora de maior custo, é mais flexível a alterações nas necessidades
dos usuários, como a possível inclusão de uma carga útil de imagem nos satélites ou aumento
nas taxas de transmissão. Desta forma, mudanças ocorridas antes do lançamento dos primeiros
satélites ou mesmo aquelas que requeiram alterações nos satélites lançados para repor a
constelação podem ser mais facilmente incorporadas ao projeto, reduzindo seu custo total.
Para os cálculos relativos ao subsistema de potência e energia (EPS), a equipe de
projeto empregou o processo proposto por Larson e Wertz (1999), utilizando inicialmente as
informações de mais alto nível obtidas nas etapas anteriores do trabalho para dimensionar as
necessidades de geração de energia. As dimensões dos satélites impactam nas cargas úteis e
demais subsistemas que os mesmos podem levar embarcados, de modo que, em geral, satélites
de maior massa apresentam maiores demandas energéticas. Para este trabalho, o cálculo para o
EPS restringiu-se à configuração 6U, por ser esta a configuração julgada pela equipe a mais
adequada ao projeto. Utilizando dados de missões similares e realizando a conversão de
potência segundo a equação (1):
𝑃𝑟𝑒𝑓 ⋅ 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (1)
𝑚𝑟𝑒𝑓
Em que 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é a potência total a ser demandada do EPS, 𝑃𝑟𝑒𝑓 é a potência demandada
pelo satélite de referência, 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é a massa do satélite sendo projetado e 𝑚𝑟𝑒𝑓 é a massa do
satélite referência. O valor encontrado para 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 foi de 11 W.
Empregou-se novamente a planilha do Space Mission Engineering: The New SMAD
(WERTZ; EVERETT; PUSCHELL, 2011). Como dados de entrada, utilizou-se tempo de vida
150
de 6 anos para os satélites, com degradação dos painéis solares de 0,5% ao ano e degradação
inerente (dependente da construção dos painéis) de 77%, considerando painéis multijunção com
eficiência teórica de 28% (η). O fluxo solar (Φ) utilizado nos cálculos foi de 1367 W/m2, de
modo que a potência por área de painel solar (𝑃0 ) é:
𝐸𝑃𝑆 = 𝐸𝑛 + 𝐸𝑑 (3)
Em que 𝐸𝑃𝑆 é a energia gerada pelos painéis solares, 𝐸𝑛 é a energia consumida durante
a noite e 𝐸𝑑 é a energia consumida durante o dia. Assim, como a energia é o produto de potência
pelo tempo, e a energia é gerada pelos painéis solares exclusivamente durante o período de
iluminação solar, tem-se que:
𝑃𝑛 𝑇𝑛 𝑃𝑑
𝑃𝑃𝑆 = + (4)
𝑋𝑃𝑆2𝐵 𝑋𝐵2𝐿 𝑇𝑑 𝑋𝑃𝑆2𝐿
Sendo 𝑃𝑃𝑆 é a potência gerada pelos painéis solares, 𝑇𝑑 o tempo de incidência solar
(dia), 𝑃𝑛 a potência consumida durante o eclipse (noite), 𝑇𝑛 o tempo de eclipse e 𝑃𝑑 a potência
demandada durante o dia, 𝑋𝑃𝑆2𝐵 a eficiência de transferência dos painéis solares para as
baterias, 𝑋𝐵2𝐿 a eficiência de transferência das baterias para cargas noturnas e 𝑋𝑃𝑆2𝐿 a eficiência
de transferência dos painéis solares para cargas diurnas.
As potências no início (𝑃𝐵𝑂𝐿 ) e fim da operação (𝑃𝐸𝑂𝐿 ) são dadas por:
𝑃𝑃𝑆
𝐴𝑃𝑆 = (7)
𝑃𝐸𝑂𝐿
151
Com relação às baterias recarregáveis, que fornecem energia aos satélites durante picos
de energia e eclipses, para um período de operação de 6 anos, identificou-se que o número de
ciclos seria superior a 31000 (trinta e um mil). A partir deste resultado, e consultando curvas de
ciclo de vida em função da profundidade de descarga de bateria (PD) presentes na literatura
(WERTZ; EVERETT; PUSCHELL, 2011), verificou-se que, para se poder dispor de uma
margem de PD de 41,5%, seria necessário utilizar baterias de Níquel-Hidrogênio (Ni-H2).
Contudo não se encontrou no mercado bateria COTS de Ni-H2 para CubeSats. Deste modo,
confrontando-se os dados presentes nas curvas de ciclo de vida em função de PD com as
informações referentes a baterias, decidiu-se por empregar baterias de Lítio Íon Polímero (Li-
Po) por elas serem, dentre as baterias COTS com alta variedade e disponibilidade para
CubeSats, aquelas com maior vida útil. Para se atingir a durabilidade pelo número de ciclos
necessários, a estratégia adotada foi aumentar a capacidade das baterias, de modo a reduzir sua
PD.
Assim, utilizando baterias de Lítio Íon Polímero (Li-Po), com densidade energética de
100 Wh/kg (valor conservativo, baseado na densidade energética das baterias existentes no
mercado para CubeSats (YOST, 2019; PAVLOVSKIS; BRYSON; KANE, 2017)) e limitando
a profundidade de descarga (PD) a 10%, foram encontrados os valores apresentados na Tabela
49 para os valores de altitude estudados, considerando uma tensão de barramento de 14 V.
152
Tabela 49 – Quantidade de ciclos, profundidade de descarga e massa das baterias, para 6 anos
de operação de um satélite.
Com base nos cálculos realizados, a equipe concluiu que as necessidades energéticas
podem ser atendidas por satélites 6U com painéis solares de abertura, e a massa das baterias é
compatível com esta configuração de satélite, de modo que a missão é também tecnicamente
viável do ponto de vista energético para qualquer das altitudes estudadas (entre 450 e 800 km).
Ao final desta atividade, os resultados foram discutidos em uma reunião com a equipe de
desenvolvimento, de modo que se tratou do dimensionamento dos principais subsistemas,
permitindo a determinação de quais modelos de componentes e fabricantes eram capazes de
atender ao projeto da constelação. Os fabricantes, modelos e custos de componentes não são
apresentados neste trabalho, dado seu caráter acadêmico.
Desta forma, a equipe definiu os níveis de desempenho associados aos principais
subsistemas para as diferentes altitudes estudadas para a missão, encerrando a etapa de
exploração de conceitos com a conclusão de que existem componentes COTS no mercado que
permitem cumprir os requisitos de desempenho. Os resultados obtidos neste estudo foram
reunidos na Tabela 50, em que constam os conceitos identificados por meio do presente
trabalho. Optou-se por não apresentar a descrição de fabricantes ou modelos de componentes.
Uma observação importante a ser feita é que, dado o elevado tempo de vida útil dos
satélites (6 anos), pode ser necessário empregar componentes de elevada resistência à radiação,
cuja venda sofre restrições. A nacionalização deste tipo de componente representa também um
desafio técnico adicional, dificultando a obtenção de autonomia para construção dos satélites.
Deste modo, o requisito de tempo de vida útil de 6 anos pode representar um risco tecnológico
identificado neste ciclo do estudo conceitual para o projeto.
153
Inclinação 8° a 10°
Órbita
Altitude 450 km*
Configuração da constelação
(número de planos orbitais x número 3 x 5 ou 3 x 6
de satélites por plano orbital)
Estrutura dos satélites 6U
Dispositivo de incremento de arrasto Não**
Atitude 2U ou 3U
(face na direção do vetor velocidade)
6 kg (para face 2U na direção do vetor
Massa mínima*** velocidade) ou 9 kg (para face 3U na
direção do vetor velocidade)
Torque: 0,90 ∙ 10-5 N∙m
Rodas de reação
ADCS Momento armazenado: 0,008 N∙m∙s
Magneto torqueador Dipolo: 0,28 A∙m²
Uplink (UHF): 291 a 318 MHz
Frequência
Subsistema de Downlink (VHF): 243 a 270 MHz
comunicação Taxa de transmissão 56 kbps
Potência para transmissão 2,5 W****
Potência total 11 W
Área de painéis solares 0,10 m²
EPS Massa de baterias 0,732 kg
Taxa de descarga das baterias 5,2 Ah
Tipo de baterias Lítio Íon Polímero (Li-Po)
* Altitudes limitadas pela capacidade de comunicação através da vegetação amazônica. Estudos
adicionais sobre a interferência ambiental nas comunicações podem provar a viabilidade de extensão da
altitude.
** Entre 450 e 550 km a maioria das atitudes de satélites 6U não demanda dispositivos passivos para
aumento de arrasto.
*** A massa mínima visa a garantir que os satélites permaneçam mais de 6 anos em órbita para a
altitude de 450 km. Ocorrendo aumento de altitude, pode-se reduzir a massa mínima.
**** Optou-se por utilizar um valor conservativo para os equipamentos em solo, dado que se verificou
que existe margem no EPS para fornecer tal potência de transmissão e com maior potência existe
flexibilidade para os satélites operarem a altitudes maiores.
Durante a aplicação do método proposto neste trabalho, foram notados pontos fortes,
bem como limitações do mesmo. A seguir, serão analisadas estas questões para cada uma das
etapas propostas, sem, contudo, pretender realizar o processo de validação do método.
Foi importante desenvolver um método próprio para este trabalho, considerando as
especificidades do sistema de interesse (constelação de pequenos satélites, com prazos e
orçamentos reduzidos), da organização desenvolvedora (possui uma estrutura ágil e reduzida,
de modo a trabalhar melhor com processos enxutos) e da situação de contratação (o projeto
ainda não foi contratado, portanto não estavam disponíveis recursos específicos para o seu
desenvolvimento).
Neste trabalho, os princípios do Manifesto Ágil não foram empregados em sua
totalidade. Tendo em vista questões relacionadas à garantia para os envolvidos, foram adotadas
medidas burocráticas em alguns momentos (ex. registro das alterações na documentação de
requisitos dos stakeholders para evitar contestações futuras).
A utilização dos diagramas de MBSE contribuiu para melhorar a visualização dos dados
de engenharia (tanto para a equipe, quanto para os demais stakeholders) e ressaltar a
importância da rastreabilidade dos requisitos e da consistência da documentação (isto é, ao se
alterar determinado requisito ou função, todos os requisitos ou funções derivados devem ser
revistos).
Observou-se que a característica não sequencial do método permite uma maior interação
entre os stakeholders e melhor utilização do tempo. No Capítulo 4 (Caso de estudo), foram
apresentados apenas os resultados finais das iterações realizadas, porém, para se atingir estes
resultados, foram realizados diversos ciclos.
Buscou-se também estruturar o método de forma clara e didática, para que pudesse ser
usado e adaptado para projeto conceitual de outros tipos de sistemas complexos. As Etapas de
1 a 5 são gerais e podem ser aplicada para diversos sistemas, enquanto a Etapa 6 é específica
para satélites, agregando elementos de engenharia aeroespacial. Desta forma, este método visa
a fornecer subsídios para a seleção ou definição do conceito de sistema a ser desenvolvido, de
modo que apresenta algumas atividades além do que se costuma realizar em estudos conceituais
(como a identificação de alguns componentes e seus requisitos, caso a equipe julgue necessário
para antever riscos tecnológicos, por exemplo) ao mesmo tempo em que deixa de contemplar
155
outras atividades que alguns autores realizam na fase conceitual (como a identificação dos
riscos).
Neste trabalho, a aplicação do método não considerou uma importante limitação técnica:
a dificuldade de transmissão através da selva amazônica, haja vista suas características de
vegetação e climáticas que podem interferir nas comunicações com os satélites. Tais
particularidades podem influenciar, inclusive, em parte dos resultados obtidos neste estudo.
Por questões de proteção à informação, neste trabalho foram apresentados apenas
extratos dos resultados obtidos, de modo a exemplificar a aplicação do método e permitir a
compreensão da arquitetura operacional da constelação de satélites.
5 Conclusões
entre os requisitos de diferentes níveis. Isso permitiu um melhor entendimento do projeto por
parte dos membros da equipe de desenvolvimento, favorecendo a execução de suas atividades.
Com relação à aplicação, um ponto forte observado em todas as etapas foi o alinhamento
dos estudos realizados com o documento da “Necessidade Operacional de Comunicações
Militares por Satélite” (COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE
SISTEMAS ESPACIAIS, 2017) e o PESE (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2018), de modo a
buscar o atendimento às necessidade e requisitos já identificados pelas Forças Armadas, por
meio de estudos anteriores.
Quanto às dificuldades encontradas, verificou-se que a não disponibilidade de um
software de MBSE fez com que os modelos fossem criados manualmente, impossibilitando a
automatização da rastreabilidade do documento de requisitos e dificultando a manutenção de
sua consistência. Dado o volume de requisitos de um pequeno satélite ser reduzido em relação
a satélites de maior porte, a falta do software, embora tenha exigido trabalho adicional, não
comprometeu as atividades. Contudo, em projetos de maior complexidade, a não
disponibilidade de recursos computacionais pode implicar em atrasos no cronograma e
dificuldade em gerenciar os requisitos.
As contribuições deste trabalho ficam restritas às delimitações expressas na Seção 1.2,
de modo que o planejamento, gerenciamento, revisões de projeto, aquisições, contrato,
propriedade intelectual e análise de riscos, não foram contempladas no escopo deste trabalho,
que também não pretendeu realizar a validação do método. Observou-se que estas delimitações
foram adequadas para se atingir os objetivos propostos no presente trabalho. Contudo os
aspectos citados acima como externos ao escopo do trabalho deveriam ser considerados na
situação de um projeto real.
Dadas as limitações apresentadas e o fato de o presente trabalho não ter a pretensão de
realizar o desenvolvimento completo da constelação, propõem-se novos trabalhos para
contribuir com o projeto do sistema:
• Estudo contemplando o gerenciamento da missão (análise de risco, gestão de
pessoal, etc.);
• Realização do estudo conceitual apresentado neste trabalho utilizando
exclusivamente engenharia de sistemas baseada em documentação, com o
intuito de permitir a comparação com o modelo híbrido proposto;
• Realização de estudos adicionais buscando conceitos alternativos ao proposto,
considerando a mudança de requisitos e premissas frente aos cenários de risco,
162
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170
Estudo conceitual de uma constelação de pequenos satélites de comunicações de banda estreita para o Exército
Brasileiro
6.
AUTOR(ES):
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias
Espaciais. Área de Gestão Tecnológica. Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo Vergueiro Loures da Costa;
coorientador: D. Sc. Jonas Bianchini Fulindi. Defesa em 17/05/2019. Publicada em 2019.
11.
RESUMO:
12.
GRAU DE SIGILO: