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Bem-vindos de volta!
FILOSOFIA , ÉTICA E
DESENVOLVIMENTO HUMANO 1
Eles oferecem os alicerces teóricos que sustentam as bases
de vários conhecimentos que hoje utilizamos. Para a Ética,
principalmente, esses autores são àqueles que vão lançar as
primeiras questões que guiarão a discussão posterior.
Então, vamos iniciar nossa explicação com uma exposição
sobre a figura enigmática de Sócrates e seu papel para o
nascimento da Filosofia, apresentando uma postura ética em
relação à sociedade, aos outros seres humanos e no trato com o
conhecimento.
Sócrates inventa uma espécie de atitude que define um
modelo do que é ser filósofo. Em seguida, trataremos de Platão,
que lança as bases da ética e da filosofia que, posteriormente,
servirá de base para uma moral que, mesmo modificada, persiste
até hoje. Depois conversaremos sobre Aristóteles, um autor
crucial para o nascimento das ciências e, mais tardiamente,
também para a ética. Estão curiosos? Vamos começar?
Na nossa leitura passada tratamos do percurso do mito
para a filosofia e aprendemos sobre o pensamento mitológico,
fundamentado em narrativas sobre os deuses e sobre o modo
como eles manipulavam as forças da natureza e o destino dos
homens. Vimos como esse pensamento foi fundamental para
o surgimento de uma outra concepção, de um modo de lidar
com a realidade baseado na capacidade do homem de conhecer
por si mesmo e compreender a realidade de forma racional,
sistematizando esse conhecimento no formato de argumentos.
Os chamados pré-socráticos abrem caminho para a
formulação do pensamento sistemático dos autores que os
sucederam e que conheceremos nesse material.
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que naquela época eram os homens aristocratas, excluindo os
escravos e servos e também as mulheres dessa função) reuniam-
se e discutiam sobre as questões políticas que surgiam no
convívio social e votavam para decidir como resolvê-las. Então,
o debate era uma prática muito usual e um elemento central da
vida pública da Grécia. Mas Sócrates inventa um modo diferente
de dialogar, um método, que marca o surgimento da filosofia.
Esse método inovador de Sócrates é o que chamamos de
maiêutica. Vejamos como funciona. Sócrates vivia andando pela
cidade e abordando as pessoas que encontrava pelo seu caminho.
Então, ele iniciava uma conversa sobre um tema aparentemente
banal elaborando uma questão como, por exemplo, “o que é
felicidade?”.
O interlocutor de Sócrates então, respondia à questão a
partir dos seus conhecimentos e experiências, acreditando
com certeza que sabia a resposta da pergunta proposta. Diante
disso, Sócrates se colocava sempre na posição daquele que não
sabe e permanecia perguntando ao seu interlocutor e, para
cada resposta dada, Sócrates aprofundava o debate com mais
perguntas, fazendo o seu interlocutor repensar algo que era
supostamente óbvio.
O que a maiêutica de Sócrates produzia era um processo de
exame da alma e da conduta daquele com quem ele conversava.
Isso acontecia não porque Sócrates afirmava alguma coisa sobre
a conduta ou as verdades que o seu interlocutor acreditava. Mas
pela forma como ele se colocava, como aquele que não sabe,
e pelo modo como perguntava, fazendo o seu interlocutor,
durante o diálogo, perceber que também não sabe o que pensava
saber e, assim, se ver obrigado a pensar sobre aquela questão
através de um novo ângulo.
Ao assumir a posição daquele que não sabe, Sócrates assume
o papel daquele que vive perguntando. Interessante, não é? O
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Figura 2 – Pintura “A morte de Sócrates” de Jacques-Louis David,
executada em 1787.
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apego aos sentidos e às partes mais baixas da alma, até o contato
com sua parte racional. Essa alegoria expõe também sua teoria
das ideias, que vamos conhecer agora.
O mito da caverna
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animais, mesmo com suas características particulares, são todos
cavalos. Essa é a ideia de cavalo, ela define o cavalo real que
vemos, montamos, tocamos, alimentamos, mas não se reduz a
essa representação sensível. Esse conceito é universal, podendo
ser aplicado a objetos distintos, e imutável, apesar de sua
representação sensível estar em constante mudança. O mundo
das ideias abriga toda espécie de ideias que são anteriores e
independentes do mundo físico, mas que o definem.
Voltemos para a alegoria da caverna. Agora fica mais claro
porque as pessoas presas que enxergam apenas as sombras
projetadas na parede estão acessando apenas o mundo sensível?
Para Platão, elas não conseguem ver as coisas em si, apenas
a representação sensível das coisas, ou seja, sua apresentação
imperfeita e transitória, como sombras que são apenas silhuetas
dos objetos reais projetados pela luz. Isto é, são representações
ilusórias. Para alcançar o mundo das ideias é preciso romper as
correntes que prendem o homem à mesma posição, permitindo
apenas a visão de uma perspectiva, e virar-se para entender o
mecanismo que gera as sombras na parede.
Ao homem que romper as correntes, será possível também
escalar para fora da caverna e ver, com os próprios olhos, o
mundo lá fora. Esse processo Platão chama de educação, é
o empenho para desenvolver a razão, se desvencilhando das
ilusões dos sentidos e escalando em direção à uma percepção
mais ampla e verdadeira sobre as coisas. Esse homem que decide
mover-se e romper as correntes é o filósofo.
Após vencer os estágios da escalada para fora da caverna
que limitava sua percepção das coisas, o filósofo então volta
à caverna com o intuito de avisar aos outros homens sobre o
caráter ilusório das sombras que eles viram projetadas na parede
durante toda a vida. No entanto, segundo Platão, o filósofo
não é compreendido por todos que, apegados ao que veem e
Figura 4 - Platão
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No vocabulário dos navegantes da época, a segunda
navegação é aquela que acontece quando cessam os ventos e,
desse modo, o barco não pode mais navegar usando as velas,
é necessário que se recorra à força dos remos para mover a
embarcação. O impulso do vento, que leva o barco ao sabor de
sua força e intensidade constantemente mutável, representa,
na metáfora apresentada por Platão, a atenção aos sentidos, ao
mundo natural e a sua representação real sensível.
Figura 5 – O mito da caverna
Mundo sensível
Objetos sensíveis
Mutáveis
Falíveis
Particulares
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Figura 5 – Academia de Filosofia
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constitui seu corpo: carne, osso, pele, órgãos. A causa formal
seria sua essência, sua alma. Se perguntarmos sobre quem gerou
esse homem, estaremos perguntando pela causa eficiente. E se
quisermos entender a que se destina a existência desse homem,
qual seu objetivo, perguntaremos pela causa final.
Com essa divisão colocada, Aristóteles pergunta o que
é a substância e como defini-la. Os pré-socráticos definiam
a substância através dos elementos materiais, como Tales,
que considerava que a água é a origem (arché) da natureza
(physis). Platão disse que a substância é a forma, ou ideias,
que são universais e estáveis, e que definem as coisas em sua
multiplicidade no mundo sensível. Quem teria razão, para
Aristóteles?
Ninguém tem razão, para ele. Porque, se tomadas
individualmente, essas respostas apontam para elementos
parciais, mas não para o todo da questão. É preciso pensar em
um conjunto. A matéria é o princípio constitutivo de todas as
coisas sensíveis. Se eliminássemos a matéria não haveria coisas
sensíveis. Porém, Aristóteles argumenta que a matéria sozinha
é indefinida e somente a substância lhe oferece determinação.
A forma é o princípio que concretiza e realiza a matéria.
Ela define o que é cada coisa, a substância. Diferente de Platão,
Aristóteles não separa a matéria e a forma (ou substância) como
duas realidades separadas. Ao contrário, para ele as duas coisas
coexistem no ser. Os seres seriam compostos de forma e matéria,
mas a substância, o ser em si, estaria determinado pela forma.
Assim, em sentido impróprio apenas pela matéria e em sentido
mais próprio pela junção entre matéria e forma.
Porém, a definição mais basilar e mais fundamental do
ser que o define por excelência é a substância. Esse é o objeto
da metafísica, a ciência primeira justamente porque trata das
Teoréticas
Física e Metafísica
Práticas
Ética e Política
Poiéticas
Técnica
O objeto da Metafísica
I. Pergunta pela causa ou princípios supremos;
II. Indaga pelo ser enquanto ser;
III. Pergunta sobre a substância;
IV. Por Deus e a substância supra-sensível.
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AS CAUSAS
Formal
a alma ou essência
Material
refere-se à matéria que compõe o corpo
Eficiente
aquilo que gera, força motriz
Final
a finalidade ou objetivo
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