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Anais | III Encontro Humanístico Multidisciplinar e II Congresso Latino-Americano de

Estudos Humanísticos Multidisciplinares


07, 08 e 09 de novembro de 2017, Jaguarão/RS, Brasil | claec.org/ehm
Resumos Expandidos

Sagrado e profano: Análise sobre o uso, consumo e significado da


camiseta de banda
Sagrado y profano: Análisis sobre el uso, el consumo y el significado de la
camiseta de banda

Jessica Rodrigues Araujo Cunha1

Resumo

Quando se fala na vida em sociedade, fala-se também em sujeitos que a compõem. A partir disso o trabalho
busca trazer para discussão as formas que as identidades são postas e vistas na nossa sociedade, tendo como
principal objeto para essa análise a camiseta de banda. A camiseta irá se caracterizar como um objeto neutro, ou
seja, ele não tem um significado além do vestir até que algum individuo o caracterize de outra forma. Os
significados que essa vestimenta possui é uma das questões que serão apresentadas durante o trabalho.

Palavras-Chave: camiseta; consumo; identidade; interação; ritual.

Resumen

Cuando se habla de la vida en sociedad, se habla también en sujetos que la componen. A partir de eso el trabajo
busca traer para discusión las formas que las identidades son puestas y vistas en nuestra sociedad, teniendo
como principal objeto para ese análisis la camiseta de banda. La camiseta se caracterizará como un objeto
neutro, o sea, no tiene un significado más allá del vestir hasta que algún individuo lo caracterice de otra forma.
Los significados que esta vestimenta posee es una de las cuestiones que serán presentadas durante el trabajo.

Palabras claves: camiseta; consumo; identidad; interacció; ritual.

1. Introdução
A camiseta caracteriza-se aqui, como um objeto que poderá adquirir diversos sentidos,
tudo dependendo do contexto em que ela é usada.
O consumo e o uso de camisetas de bandas (com estampas do logotipo de uma banda
ou a sua formação) possuem um sentido que ultrapassa o uso comumente designado a uma
camiseta. Ao consumir ou vestir a camiseta, o sujeito está envolto em uma rede de
significados e relações, que ocorrem desde o momento da compra, quando a veste, quando a
guarda como lembrança e até o momento em que se encontra no local em que o uso da
camiseta será percebido como algo que o distingue, ou em um local onde o seu uso dará início
a interações e o indivíduo será percebido como um daqueles que compõe esse ambiente.

2. Entendendo o objeto camiseta


A camiseta de banda caracteriza-se como um objeto que possui num primeiro
momento um pré-significado ligado ao sentido mais útil, ou seja, o de vestimenta. Essa
primeira significação está ligada ao sentido mais comum do que se pensa quando falamos em
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Mestranda em Ciências Sociais; Universidade Federal de Santa Maria - UFSM; Santa Maria, Rio Grande do
Sul, Brasil; cunhaa.jessica@gmail.com.

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Anais | III Encontro Humanístico Multidisciplinar e II Congresso Latino-Americano de
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camiseta, ou qualquer outro tipo de roupa, é aquela atrelada ao seu sentido primordial, o de
vestir. O segundo momento de significação do objeto é aquele no qual o sujeito que o
consome e a utiliza, a determina para um uso, ou melhor, para um significado mais específico,
que ultrapassa o primeiro. Esse significado na maior parte das vezes está atrelado a um grupo
mais especifico da sociedade, que além de significar essa camiseta de forma diferenciada do
resto dos sujeitos, a reivindica como um dos principais símbolos relacionados à identidade e
autoafirmação pessoal e também de grupo. Os grupos que fazem essa reivindicação são na sua
grande maioria aqueles ligados a movimentos ou estilos musicais, como os rockeiros e
headbangers.

2.1. A camiseta de banda e o seu papel interacional


Quando um indivíduo veste uma camiseta relacionada a uma banda, coloca também
nessa peça de roupa um significado relacionado à sua identidade, que pode ser uma forma de
interação ou laço com outros indivíduos que tenham o mesmo tipo de bem. O objeto camiseta
adquire aqui um caráter de demarcação de uma identidade coletiva e os indivíduos passam a
interagir de acordo com esse jogo de significados que o objeto carrega.
A partir disso, é possível trazer para esse debate o trabalho de Goffman (2010) sobre
as formas de interação e regulação que orientam os comportamentos dos indivíduos. Sob essa
perspectiva, considera-se que na interação há uma ordenação social, ou seja, os
comportamentos sociais possuem certas normas de conduta e dentro deste contexto a regra
que se tem é a busca pela interação, porém os atores podem incorporar ou modificar essas
informações e interações que a camiseta irá produzir.
Embora existam inúmeros subgêneros dentro do rock e heavy metal que acabam se
diferenciando através da musicalidade, temática e outros aspectos, os simpatizantes desse
gênero e subgêneros possuem uma semelhança, que é a camiseta de banda como composição
visual. No universo dos headbangers, rockeiros e simpatizantes do estilo a camiseta não
representa simplesmente um modismo, mas é percebida como maneira de autoafirmação e
identificação.

2.2. O caráter ritualístico da camiseta de banda


O caráter ritualístico da camiseta repousa quase que completamente na ideia de
comunicação simbólica proposta por Edmund Leach (1996). O ritual é social, assim como a
possibilidade do sujeito atribuir um significado diferente do esperado a um determinado
objeto, como acontece com a camiseta de banda. Os bens para Mary Douglas (2004) possuem
significados, significados esses que são criados pelos indivíduos que os manipula, por isso ele
é neutro, porque são os indivíduos que vão imprimir o significado nesses bens. Os bens são
acessórios rituais, o consumo e o uso é um processo ritual cuja função primária é dar sentido
ao fluxo incompleto dos acontecimentos. Sendo assim, a camiseta adquire significados
diferentes para os indivíduos a partir das escolhas, estilo de vida, cultura, ideologia e
interações que ocorrem no contexto de suas vidas. A significação e os códigos usados para a
interação e comunicação são tão sociais quanto o ritual.
Dessa forma, a camiseta passa a ter pelo grupo que a reivindica, um caráter também
ritualístico, onde a comunicação simbólica no qual ela (camiseta) transmite, passa a ter um
significado importante, onde apenas quem consegue decodificar essa comunicação são
aqueles que fazem parte desse grupo que a reivindica como parte de sua identidade.

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3. Considerações finais
A intenção não foi em momento algum criar algum tipo de juízo de valor, onde se
defende quem deve ou não usar, ou quem atribui ou não o verdadeiro significado, mas sim de
trazer um olhar critico ao assunto, tratando principalmente da identidade e dos
desdobramentos que essa autoafirmação pode trazer ao individuo.
O trabalho ainda encontra-se na fase inicial de investigação, mas teve desde o seu
início o objetivo de demonstrar os desdobramentos da identidade de grupos urbanos, que
interagem a partir da identidade que carrega e expõe.

Referências

DOUGLAS, Mary; ISHERWOOD, Baron. Os usos dos bens. In: O mundo dos bens: para
uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004, p.101-118.

GENNEP, Arnold Van. Os ritos de passagem. Petrópolis: Ed. Vozes, 2013.

GOFFMAN, Erving. Comportamentos em lugares públicos. Petrópolis: Ed. Vozes, 2010.

LIMA, Diana Nogueira de Oliveira. Consumo: uma perspectiva antropológica. Petrópolis:


Vozes, 2010.

LEACH, Edmund. “Introdução” & “Conclusão” In: Sistemas Políticos da Alta

PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é contracultura – Coleção primeiros passos. São Paulo:
Brasiliense, 1986.

PEIRANO, Mariza. Rituais. Ontem e hoje. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003 Birmânia.
São Paulo: Edusp, 1996.

ROCHA, Everardo. Os bens como cultura: Mary Douglas e a Antropologia do Consumo. In:
DOUGLAS, Mary; ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens: para uma antropologia do
consumo. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004, p.7-18.

ROCHE, Daniel. A cultura das aparências: Uma história da indumentária(sécs XVII-


XVIII). São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2007.

TAMBIAH, Stanley. Culture, Thought and Social Action. Cambridge, Mass., Harvard
University Press, 1985.

TURNER, Victor.“Betwix and between: o período liminar nos ritos de passagem”. In:
Floresta de Símbolos. Aspectos do Ritual Ndembu. Niterói: Ed. UFF, 2005.

TURNER, Victor. “Liminaridade e communitas”. In:O processo ritual: estrutura e


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