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Ana Carla Abrão


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Prioridades
Passamos décadas sem nos preocuparmos com o descontrole fscal

Ana Carla Abrão*, O Estado de S.Paulo


24 de setembro de 2019 | 04h00

No setor público, ao contrário do setor privado, não priorizar uma atividade não signifca
necessariamente deixar de provê-la. Por outro lado, também no setor público transformar exige
estabelecer prioridades. Esse é um dos pontos do livro How to Run a Government (Como
Administrar um Governo), de Michael Barber, ex-chefe da Unidade de Resultados do governo
inglês entre 2001 e 2005, que também escreveu Instructions to Deliver: Fighting to Transform
Britain’s Public Services (Instruções para Entregar: Lutando para Transformar os Serviços
Públicos Britânicos). Mas defnir prioridades exige, além de disciplina, defnir o que não é
prioridade.

Esse é um conceito árido num Brasil que, ao longo de décadas, viveu sem planejamento, sem
atender a restrições fscais, sem avaliar o impacto de políticas públicas e num crescente
loteamento de cargos e, consequentemente, de orçamentos cuja motivação estava longe de ser o
atendimento das nossas tantas carências. Mas há que se reconhecer, o atual colapso fscal
brasileiro tem tido um efeito educativo.

Passamos décadas sem nos preocuparmos com o descontrole fscal, com os custos da má gestão
pública ou da apropriação do Estado por grupos de interesse. Ignoramos que escolhas geram
trade-ofs, ou seja, que em qualquer decisão, há sempre algo que fca preterido. Fizemos de conta

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,prioridades,70003022259[29/09/2019 23:15:07]
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que não havia custos de oportunidade, como se fazer algo não implicasse necessariamente no
custo de deixar outra coisa de lado. Preocupações em avaliar os efeitos das políticas públicas
passaram ao largo. Dobrava-se a meta, e a consequente alocação de recursos, sem sabermos a que
resultados estávamos chegando.

Mas os capítulos educativos surgiram na medida em que a crise se estabeleceu e fcou. O primeiro
deles, e de grande relevância, foi a discussão da reforma da Previdência. Pena que ainda devemos
sucumbir mais um pouco às pressões corporativistas que conseguem sempre justifcar seus
privilégios perante um Congresso claramente menos sensível às mazelas da população do que à
grita das associações de servidores públicos. Mais uma perda, no apagar das luzes da aprovação
fnal. Mas até isso hoje fca mais claro do que no passado. Sabemos quem ganha e quem perde.
Outros exemplos são a discussão do Orçamento de 2020 e os ataques ao teto de gastos. Até artigo
com erros ganhou espaço na mídia – e outro espaço para deixar claro o erro.

Mas o capítulo mais recente foi a liberação de R$ 12,5 bilhões do Orçamento previamente
contingenciado. Há mais a se depreender dali do que parece à primeira vista. As linhas vinculadas
aos gastos com Educação levaram a maior parcela dos recursos liberados. Os quase R$ 2 bilhões
representam pouco perto do orçamento da pasta que tem quase 60% do seu orçamento de mais
de R$ 100 bilhões comprometidos com despesas de pessoal de uma máquina que dobrou o
número de servidores nos últimos anos. Antes que as suscetibilidades avancem sobre a razão,
sim, a contratação de professores universitários responde por parte desse número, mas não
estamos falando só disso. Há questões menos nobres que explicam esse gigantismo, e elas não
atendem pelo nome de educação.

Mas a prioridade ao menos foi clara e justa. Dada a longa lista de pedidos, nada como priorizar a
educação, um pouco no nível superior, mas mais importante ainda, a educação infantil, que
recebeu verbas adicionais originadas nas recuperações da Operação Lava Jato. Nem um centavo
desse recurso vai ajudar a elevar a qualidade do ensino no Brasil, estamos apenas tapando um
buraco. Mas entre tapar o buraco da educação ou continuar fnanciando um programa cheio de
problemas como o Minha Casa Minha Vida, melhor comemorar a escolha.

O segundo lugar da lista fcou com o Ministério da Economia, que recebeu R$ 1,7 bilhão para
apagar incêndios mais prosaicas como cobrir calotes das dívidas “amigas” do BNDES e honrar
compromissos do dia a dia. A Defesa vem em terceiro lugar, seguida de Saúde e Infraestrutura.
Faz falta ver ali o Banco Central. De excelência reconhecida mundialmente, hoje o órgão sofre
com cortes no orçamento ao mesmo tempo que abraça uma agenda importantíssima de
modernização do Sistema Financeiro Nacional. Se houvesse um cálculo do retorno social de cada
real de investimento público para estabelecer prioridades, o BC certamente estaria contemplado.

Enfm, estamos da mão para a boca. É a penúria de quem acumula défcits fscais há tantos anos e
que agora tem de fazer escolhas e estabelecer prioridades. Menos mal.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,prioridades,70003022259[29/09/2019 23:15:07]
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*ECONOMISTA E SÓCIA DA CONSULTORIA OLIVER WYMAN. O ARTIGO REFLETE


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