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A Reforma

CORVISIER, André. A Reforma. In. História Moderna. São Paulo: DIFEL, 1983. P. 65-81.
• “O conceito de reforma é ainda mais antigo que o de renascença. A história da
Igreja, na Idade Média, é a de uma sequência de reformas suscitadas por papas,
concílios, fundadores de ordens, que procuravam conduzi-la à pureza primitiva
eliminando os abusos causados pela presença do clero na época.” (p.65)

• Wyclif (Inglaterra, 1328-1384)

• João Huss (Boêmia, 1369-1415)

• “(...) a Europa Ocidental estava em mudança. As provações da Peste Negra, as


fomes e as guerras, as transformações econômicas e sociais, a constituição das
nações não podiam deixar de agir sobre a religião. As exigências espirituais de um
maior número de homens, no século XVI, tonavam os abusos mais insuportáveis do
que no passado, tanto mais que o impulso econômico e o progresso das
comunicações aumentavam a sua importância. Foi este conjunto complexo que fez
da Reforma um movimento ao qual, pela primeira vez, a unidade da Igreja do
Ocidente não pode resistir.” (p.65)
As causas religiosas
• “A Reforma, tanto católica quanto protestante, pode ser considerada em certa
medida, como a finalização das inquietações religiosas do término da Idade Média.”
(p.66)
• “No momento em que começa a Reforma, a Igreja continua a lutar contra heresias
não extintas nas quais se encontram inúmeras ideias que formarão o essencial do
protestantismo. Sob os termos ‘heresia boêmia’, Roma confundia, não apenas os
discípulos de João Huss, mas também os de Wyclif (lolardos), e mesmo os
valdenses, que proclamavam a Escritura única fonte de verdade, rejeitando a
autoridade de Roma e da Tradição, os sacramentos, à exceção do batismo e da
comunhão, o Purgatório e o culto dos santos, e que se esforçavam por praticar
fraternidade e pobreza.” (p.66)
• “Todos esses movimentos tendem a rejeitar a tradição católica e a fazer da Bíblia o
fundamento único da crença. O retorno à Bíblia foi auxiliado pela invenção da
imprensa que permitiu a sua difusão nos meios laicos.” (p.67)
• “Enfim, sua confiança no homem punha-os no caminho da livre interpretação das
Escrituras. Não obstante, permaneciam submissos à Igreja, esperando que ela
pudesse reformar-se sem ruptura, e a maioria recusou reunir-se aos protestantes.”
(p.67)
As causas morais
• “Antes de 1520, Erasmo, mais que Lutero, insistira sobre os abusos de que
o clero era prova. Tais abusos enfraqueceram a resistência da Igreja e, uma
vez consumada a ruptura, forneceram argumentos polêmicos aos seus
adversários. No começo do século XVI, se é certo que a religião está
presente em toda parte na vida cotidiana, o profano, inversamente, se
confunde com o sagrado com a maior naturalidade, inclusive nos ofícios.”
(p.67)

• “A Santa Sé, particularmente, estava paralisada. A difícil reconstituição do


Estado pontifício, após o Grande Cisma [1378-1417], o mecenato dos
papas, seu papel político faziam deles príncipes italianos e lhes reduziam a
autoridade sobre a Igreja no momento em que os sentimentos nacionais se
desenvolviam e incitavam os fiéis a afirmarem a autonomia das Igrejas
nacionais.” (p.68)
Causas econômicas, sociais e políticas

• “Desde meados do século XV, o papel crescente do dinheiro é o que mais


suscita indignação. Os pregadores dominicanos votam o usurário à danação.
Todos os atingidos pelas transformações econômicas – pequena nobreza,
artesãos dos ofícios alcançados pelo capitalismo comercial, camponeses de
determinadas regiões – ouvem apaixonadamente essas prédicas.” (p.68)

• “Os príncipes laicos aspiravam reduzir o papel do imperador e substituí-lo


como chefes temporais da Igreja em seus domínios.” (p. 68)
Lutero e a reforma da Igreja
• Wittenberg, 31 de outubro de 1517: 95 Teses de Lutero.

• Obras principais:
• O papado de Roma: “o Reino de Deus está dentro de nós”;
• Apelo à nobreza cristã da nação alemã: conclamava os príncipes, os nobres e
os magistrados a lutar contra a tirania de Roma, a reformar a vida cristã e a pôr
em relevo o sacerdócio universal;
• O cativeiro babilônico da Igreja: insurgia-se contra a hierarquia romana que,
havendo feito dos sacramentos o meio da graça, disso se aproveitava para
dominar as almas. (Reconhecia apenas o batismo, a ceia e a penitência);
• Da liberdade do cristão: a alma iluminada pela fé se tornava livre em relação a
tudo que não fosse Deus.
• “Não obstante, encontravam-se nos escritos e nos propósitos de Lutero
conclusões práticas. Ele reclamava a formação de uma Igreja nacional
autônoma, a supressão das ordens mendicantes e do celibato eclesiástico, a
comunhão sob as duas espécies, medidas contra o luxo e a usura.” (p.70)
• “A atitude dos príncipes foi decisiva. [...] A independência religiosa proposta
por Lutero revelou-se aos olhos dos príncipes como o complemento de sua
independência perante o imperador e o papa.” (p.70)
• “Em 1555, pela paz de Augsburgo, Carlos V reconhecia uma existência oficial
às Igrejas luteranas. Os súditos deveriam seguir a religião de seus países [...],
na realidade de seu príncipe.” (p.71)
• O luteranismo ganhara os dois terços da Alemanha, mas perdera o
dinamismo. Contudo, abriria a porta a outras reformas, obras dos príncipes,
dos patriciados urbanos (sacramentários), ou propostas aos elementos
populares (anabatistas).” (p.71)
Calvino
• “A ideia essencial de Calvino é que Deus nos é transcendente e incompreensível.
Só sabemos dele aquilo que Ele nos quis revelar através da Escritura, nela
compreendido o Antigo Testamento negligenciado por Lutero. Sem a Escritura o
homem só pode ter de Deus uma ideia falsa, pois o pecado original lhe
enfraqueceu a inteligência. A lei só pode ser o efeito da graça divina.” (p.73)
• A predestinação eterna de Deus (1552): “A predestinação é absoluta. Deus por
antecipação, ‘destina alguns à vida eterna, os outros à eterna maldição’”. (p.73)
• “Em 1558, Calvino fundou a Academia de Genebra destinada a formar pastores e
missionários, cujo diretor foi Théodore de Bèze. Genebra torna-se uma capital;
no século XVI, ela foi o centro principal do calvinismo. Sua Igreja servia de
modelo nos países de língua francesa, nos Países Baixos, na Alemanha renana.
Na Boêmia, na Hungria e na Polônia, o calvinismo submergia o luteranismo mas
se chocava com a resistência do catolicismo dominante e, também, com a dos
anabatistas.” (p.74)
A Reforma inglesa
• “Wyclif já havia solicitado um retorno à simplicidade primitiva da Igreja. Os
lolardos, que se valiam do testemunho de Wyclif, mantinham no século XVI, entre
os humildes, uma corrente simultaneamente religiosa e social visando ao retorno
do Evangelho. O humanista John Colet (1519) difundia no seio das elites um
humanismo reformador que influenciou Erasmo e preparou os espíritos para o
erasmismo.” (p.75)
• “Ora, por razões exteriores à religião, a Inglaterra engajou-se num cisma que só não
foi qualificado de erasmiano devido ao apego de Erasmo à Igreja romana. Henrique
VIII, não tendo tido filhos da rainha Catarina de Aragão e estando apaixonado por
Ana de Bolena, solicitara em vão ao papa a anulação de seu casamento. Em 1531,
ele fez-se proclamar pelo Parlamento protetor da Igreja inglesa. As anatas
[impostos], a serem recolhidas para o papa, seriam recebidas pelo rei. O clero
entregou ao rei a chefia da Igreja.” (p.75)
• Em novembro de 1534, o Parlamento votava o primeiro Ato de supremacia, que
estabelecia o rei como ‘Chefe supremo na Terra da Igreja da Inglaterra’”. (p.75)
• Com a morte de Henrique VIII, sobrevinda em 1547, a coroa passou a seu
filho Eduar VI, uma criança débil. Os ‘protetores’ do rei, Somerset, depois
Warwick, o Arcebispo Thomas Cranmer e, finalmente, o próprio rei dirigiram
a Inglaterra para o calvinismo.” (p.76)
• “Em 1553, a Eduardo VI sucedia Maria Tudor, filha de Catarina de Aragão,
que se mantivera católica. A rainha tentou reconciliar a Inglaterra e Roma”.
(p. 76)
• Morrendo Maria Tudor, em 1558, sua meia-irmã Elisabeth, filha de Ana de
Bolena e, por isso mesmo, bastarda aos olhos de Roma, retorna à religião de
Enrique VIII. O Parlamento, sempre dócil, votou o restabelecimento do Ato
de supremacia e o livro de orações de 1542. Em 1563 era definida a
Confissão dos 39 artigos, que mantinha a hierarquia episcopal e um culto de
aparência católico. O dogma situa-se mais próximo do calvinismo que do
catolicismo erasmiano. Nascia, desse modo, uma confissão religiosa original,
o anglicanismo (...)” (p.76)
A Reforma Católica
• “Na atitude do mundo católico é possível distinguir três aspectos: a Contra
Reforma, isto é, a defesa da lei pela apologética e, também, pelas
perseguições; a reforma disciplinar e doutrinal; enfim, a Renascença católica
com o despertar da fé e do impulso missionário.” p. 76.
• “A história da Contra Reforma pertence tanto à história política e à história
das mentalidades quanto à história religiosa. (...) Em toda a parte, a defesa da
ortodoxia era considerada como o dever do Estado; o não conformismo
religioso surgia não apenas como uma subversão, mas como uma traição.”
p.76.
• “Podemos dividi-la [a Contra Reforma] em dois períodos. O primeiro é
caracterizado pela esperança de um retorno à unidade da Igreja. No segundo,
começando em 1541, a Igreja romana, havendo se resignado à ruptura, se
organiza em função de suas únicas perspectivas.” p. 77.
A nostalgia da unidade
• Concílio universal: Papa Paulo III, 1536.

• Melhor formação do clero

• Denúncia contra os abusos da Igreja

• Inquisição Romana: 1542

• Censura de livros pelo Santo Ofício: 1543

• Primeiro Index librorum prohibitorum: 1564

• Novas ordens: teatinos, capuchinhos, jesuítas (Companhia de Jesus, 1540)


Concílio de Trento
• “Iniciado sob uma relativa indiferença, o Concílio de Trento, após uma
existência atormentada, se concluiu no entusiasmo. Reuniu-se de 1545 a
1547, de 1551 a 1552 e, enfim, de 1562 a 1563, sujeito às eventualidades da
política europeia tanto quando à evolução dos espíritos.”

• Duas tarefas: definição do dogma e restauração da disciplina

• Duas tendências opostas: 1- moderada, sustentada pelos soberanos; 2-


ciente da ruptura, se opunha a fazer concessões doutrinárias, representada
pelo papado
• Reafirmação dos dogmas:

1. O dogma está fundado na escritura, que somente a Igreja tem o poder de


interpretar, e na tradição. O papa e os bispos detêm os poderes outorgados
por Jesus Cristo a São Pedro e aos apóstolos.
2. O homem não pode ser justificado sem a graça divina, mas pode conservá-
la ou perde-la e, graças aos sacramentos instituídos por Deus, reencontrá-
la. O livre arbítrio existe na medida em que Deus o permite, e o homem
será julgado, não apenas por sua fé, mas por suas obras pelas quais é
responsável.
3. A missa é um sacrifício que renova, realmente, o do Cristo. Reafirma-se,
assim, a presença real de Jesus no pão e no vinho, presença rejeitada pelos
sacramentários e pela transubstanciação, isto é, a mudança de substância
das duas espécies que se tornam o corpo e o sangue do Cristo, rejeitada
pelo conjunto dos protestantes.
• “O concílio fixou, igualmente, regras disciplinares concernentes à formação e
à vida dos padres (seminários) e dos regulares (clausura), à administração
dos sacramentos.” p.78.

• Renascença católica: “Graças aos dominicanos, aos agostinianos e,


sobretudo, aos jesuítas, que haviam assimilado o ensino dos humanistas, os
estudos teológicos foram renovados.” p.79.
Balanço da Reforma: A partilha confessional da Europa
Ocidental
• “A unidade religiosa da Europa está dividida em dois blocos:
1. Nas penínsulas mediterrâneas, o protestantismo, que não aprofundara suas
raízes, foi eliminado. Foi aí que a Europa católica criou seus fundamentos.
Destarte, o catolicismo renovado parece estar ligado à civilização mediterrânea.
2. No norte, constituindo-se o bloco protestante: luteranos na Alemanha do Norte e
do Leste, nos reinos escandinavos e em suas dependências (Finlândia, Islândia);
calvinista na Escócia; anglicana na Inglaterra. Somente a Irlanda permaneceu fiel a
Roma. Neste país a religião ligou-se ao sentimento nacional.” p.79.
• “Entre esses dois blocos, uma zona em litígio compreendia a França, os Países
Baixos, a Renânia, a Suíça, a Áustria, a Boêmia, a Hungria, a Polônia. (...) As duas
confissões se repartem os países. É neles que se desencadeiam as guerras religiosas
e que se coloca a questão da tolerância.” p.79.

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