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Resumo
Este trabalho refere-se ao projeto de dissertação em andamento, para tanto realizamos uma
pesquisa exploratória. Ao realizar um estudo das situações decorrentes dentro da sala de aula
percebeu-se que, o que acontece fora do esperado pelo professor são fatos que não estão no
planejamento, que na visão de Silva, 2005, contribuem com o currículo real de forma
implícita na construção do conhecimento do aluno. Este artigo tem como objetivo discutir os
resultados de uma pesquisa realizada com professores universitários que também atuam no
Ensino Básico, sobre questões que perpassam o currículo oculto como instrumento que
norteiam a construção do conhecimento. A pergunta é, como eles agem perante a situações
adversas que caracterizam o currículo oculto, podendo ocorrer durante suas aulas? Que tipo
de metodologias eles desenvolvem para gerenciar esse tipo de situação sem deixar de lado a
relação do processo ensino aprendizagem? O método utilizado para obtenção de respostas foi
um estudo de caso, realizado por meio da aplicação de um questionário semiestruturado para
seis professores, após os dados coletados, foram categorizados as situações que ocorrem com
maior frequência e suas metodologias utilizadas para gerenciar essas situações. Na análise dos
dados nota-se que o método mais praticado pelos docentes no processo da aprendizagem é a
“ação e reflexão” para dar conta do currículo oculto, conclui-se nesta pesquisa que alguns
professores usam da reflexão ou busca de conhecimento da realidade dos alunos, para
tomadas de decisões que poderia fazer como ponto de partida para mostrar o real significado
do aprender para a vida.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Dentro de currículo formal, surge a categoria currículo oculto, tendo como objetivo
aprofundar os estudos sobre o tema e como essa categoria é abordada dentro da sala de aula.
Ao realizar os primeiros analises se cai na fala de Tomas Tadeu Silva que define currículo
oculto como: “O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente
escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explicito, contribuem, de forma implícita,
para aprendizagens sociais relevantes” (Silva, 2010, p. 78). Currículo Oculto é uma
ferramenta que contribui na construção do currículo real, norteando temas adversos que não
estão inclusos formalmente no planejamento do professor. Tendo em vista que para gerenciar
alguns fatos decorrentes da sala de aula, o professor tem que desenvolver competências que
possibilitem ao educando um aprendizado para vida, tais competências se desenvolvem com
as experiências vividas dentro da sala de aula, segundo Perrenoud (2000) o desenvolvimento
de competência implica em exercício e treino.
Na visão de Oliveira o currículo oculto é o currículo real. “O currículo oculto era
aquele transmitido implicitamente, mas não mencionado pela escola e que se fazia de tal
forma poderoso, pois podia propiciar controles sociais, lutas ideológicas e políticas,
provocadoras de mudanças sociais” (OLIVEIRA, 2008).
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Freire (1996) traz como proposta a busca pela igualdade apostando numa educação
que tem como pressuposto o diálogo, em que todos têm direito à voz e se educam
mutuamente. Este diálogo promove uma reflexão que pode conduzir qualquer indivíduo a um
nível crítico elevado que gera uma ação, que é capaz de emancipá-lo(s) em conjunto. Se este
diálogo é estabelecido de uma maneira empática, os resultados são muito mais promissores.
Neste caso Paulo Freire traz como um método o diálogo entre aluno e professor que pode
estar acontecendo no uso como ferramenta do currículo oculto.
Tendo como base essas definições sobre currículo oculto, sentiu-se uma necessidade
de saber qual a reação e ação dos professores universitários que também atuam na rede de
ensino básico, sobre situações adversas que caracterizam o currículo oculto, tais movimentos
que acontecem dentro da sala de aula, que o professor é oportunizado em transmitir valores
culturais e sociais à seus alunos, por exemplo: o professor chega na sala todo empolgado com
seu planejamento e começa sua aula, no processar da aula, pode ocorrer brigas, bullying,
perguntas inusitadas, entre outras. São eventualidades que o professor não tem uma fórmula
pronta para agir e vai obtendo conhecimento e sabedoria no decorrer da sua carreira.
Metodologia
Objetivando estudar a reação de professores nos casos adversos que acontece dentro
do espaço escolar, para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica, obtendo os indicadores
que nortearam o artigo científico sobre a categoria escolhida, tendo como eixos norteadores
da pesquisa “Como agir a imprevisto no cotidiano escolar na construção do conhecimento” e
“Capacidade de desenvolver atitudes que vigorem perante a sociedade”, para se aprofundar do
assunto foi pesquisado em revistas eletrônicas, artigos relacionados, autores que definem esta
categoria. Então foi montado o questionário semiestruturado para ser aplicado. Escolhendo
professores das licenciaturas da universidade X, que atuam na Educação Básica. Esse
questionário foi aplicado com seis professores, na sequência foram tabulados e analisados os
dados, que serão apresentados a seguir.
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O currículo deve estar relacionado com o contexto social e econômico em que o aluno
convive no seu cotidiano, isso se torna verdade se o professor utilizar-se da sua formação e
experiência para relacionar suas práticas pedagógicas com a realidade de seu aluno, como diz
Sacristán (2000, p. 129),
diferentes dos pais educarem seus filhos, recebemos em nossas escolas alunos que parecem
serem diferentes, com outras concepções de vida e interesses que na maioria das vezes não
correspondem as expectativas dos professores. Nesse sentido Silva (1996, p. 183), diz:
[...]Se pensamos na aprendizagem real, do aluno real, não podemos esquecer que há
componentes afetivos, sociais, biológicos, etc., que complexificam ainda mais a
relação de ensino a aprendizagem. Portanto, ainda que seja importante distinguir e
ter presente a aprendizagem e a construção do conhecimento, o professor precisa
buscar compreender que, como toda a realidade a sala de aula, bem como o aluno e
próprio professor estão inseridos em uma rede de relações, em que tudo que está ali
na sua sala de aula faz parte um processo interminável é impossível de ser
terminado. Cabe, portanto ao educador (que é também educando) e ao educando
(que também educador) (cfe. Freire, 1985) saber que precisa participar desse
processo afim de contribuir para que ele se dê da melhor forma possível, ainda que
não saibamos exatamente para onde ele vai.
O professor carrega grande responsabilidade perante a sociedade, por que ele, pode
transformar as mentes de seus alunos, mas, para que isso aconteça ele precisa conhecer do
assunto de sua disciplina e o meio social em que os discentes estão inseridos, onde poderá
prever alguns eventos inesperados neste processo de ensino e aprendizagem.
Tendo em vista que várias situações adversas acontecem no meio escolar, foi
questionado alguns professores atuantes na sala aula, como eles agem perante situações
inesperadas, assim responderam:
Professor A: “Quanto ao aluno que pego colando, prefiro não expor o aluno, porém aviso ele
que tomarei providências. Brigas te provocam uma reação complicada, pois é difícil saber o
que fazer, mas em geral tento acalmar os indivíduos”.
Professor C: “Adverti o aluno quanto a cola e ao plágio e dei nota 0 (zero). Quanto ao
desrespeito, o aluno foi encaminhado para o setor de orientação pedagógica (SOP)”.
Comentário: A ação do professor C é mais comum entre nossas escolas, onde a atitude do
aluno não coerente ao combinado com o professor, ele será punido através de notas, podendo
vir a reprovar por ações dessas maneira.
Note que na fala do professor A, zela pela integridade do seu aluno perante a turma, coloca
sua angustia que passa sobre essas situações, e acaba usando seu bom senso, calma e
tranquilidade para gerenciar a o ocorrido.
Professor E: “Surpresa e sem saber o que fazer, depois de vivenciadas situações parecidas
criei um método para dinamizar o ocorrido. Pesquisa para compreensão dessas vivencias,
buscar entender as pessoas envolvidas no assunto, elaborar formas e métodos
comportamentais para que esses grupos interajam e convivam”.
Professor F: “O professor programa aula buscando chamar a atenção do aluno, buscando
meios de facilitar o processor de ensino aprendizagem e ao deparar com situações de
desrespeito por indisciplina se sente incapaz e busca rever sua forma de atuação”.
Comentário: Professores podem não estar preparados para variadas situações, mas, na
sequência buscar se preparar, por que, quando ocorrer algo parecido novamente esteja
preparado para gerenciar a situação, esse é o caminho do profissional da educação sempre em
busca de métodos para uma boa interação entre os grupos que refletirá mais tarde na
sociedade em que esses indivíduos estão inseridos.
Em termos de discussão, o currículo é o coração da escola, e nos momentos de colocar
em prática os planejamentos, metodologias educacionais criado por estudiosos e pelos
próprios professores, nota-se dois tipos de currículos, o formal que é tudo programado para
ser seguido e o não formal que acontece de forma inesperada dentro da sala de aula, onde o
aluno terá a oportunidade de aprender várias práticas, através de atitudes, comportamentos,
gestos, percepções que prevaleçam no meio social e escolar.
oculto e temos a chance de desoculta-lo, tornar-se consciente da situação e criar atitudes nesse
aluno que provoque mudanças positivas diante a sociedade.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 27. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu. (Org.). Currículo, cultura e
sociedade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
OLIVEIRA, Zélia Maria Freire de. Currículo: um instrumento educacional, social e cultural.
Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 8, n. 24, p. 535-548, Maio-Agosto de 2008.
PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes? Revista Pátio, Porto
Alegre: ARTMED, ano 03, nº 11, jan. 2000.
SILVA, Luis Eron da. Reestruturação Curricular: novos mapas culturais, novas
perspectivas educacionais. Porto Alegre: sulina, 1996.