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PRÁTICA DOS PROFESSORES FRENTE AO CURRICULO OCULTO:

AULA PARA ALÉM DO PLANEJADO NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Rodrigo Branco1 - UNIPLAC


Lucia Ceccato de Lima² - UNIPLAC

Grupo de Trabalho - Cultura, Currículo e Saberes


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este trabalho refere-se ao projeto de dissertação em andamento, para tanto realizamos uma
pesquisa exploratória. Ao realizar um estudo das situações decorrentes dentro da sala de aula
percebeu-se que, o que acontece fora do esperado pelo professor são fatos que não estão no
planejamento, que na visão de Silva, 2005, contribuem com o currículo real de forma
implícita na construção do conhecimento do aluno. Este artigo tem como objetivo discutir os
resultados de uma pesquisa realizada com professores universitários que também atuam no
Ensino Básico, sobre questões que perpassam o currículo oculto como instrumento que
norteiam a construção do conhecimento. A pergunta é, como eles agem perante a situações
adversas que caracterizam o currículo oculto, podendo ocorrer durante suas aulas? Que tipo
de metodologias eles desenvolvem para gerenciar esse tipo de situação sem deixar de lado a
relação do processo ensino aprendizagem? O método utilizado para obtenção de respostas foi
um estudo de caso, realizado por meio da aplicação de um questionário semiestruturado para
seis professores, após os dados coletados, foram categorizados as situações que ocorrem com
maior frequência e suas metodologias utilizadas para gerenciar essas situações. Na análise dos
dados nota-se que o método mais praticado pelos docentes no processo da aprendizagem é a
“ação e reflexão” para dar conta do currículo oculto, conclui-se nesta pesquisa que alguns
professores usam da reflexão ou busca de conhecimento da realidade dos alunos, para
tomadas de decisões que poderia fazer como ponto de partida para mostrar o real significado
do aprender para a vida.

Palavras-chave: Ensino da matemática. Currículo oculto. Prática dos professores.

1Mestrando em Educação: Universidade de Planalto Catarinense – Lages (SC). Professor e Supervisor de


Estágio do curso de Matemática da Uniplac. E-mail: branco_rb@hotmail.com
²Professora do Mestrado em Educação e em Ambiente e Saúde da Uniplac Lider do grupo de Pesquisa GEPES
AMBIENS. E-mail: ceccato@brturbo.com.br

ISSN 2176-1396
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Introdução

Ensinar Matemática é fundamental para desenvolver o raciocínio lógico dos discentes,


onde poderão estar enfrentando situações diárias, tomando a melhor decisão possível, que vão
lhe encaminhar para uma vida plena e justa. Com o passar do tempo o ensino da Matemática
vem se tornando tecnicista e conteudista, onde, o professor segue o programa de conteúdos,
ou seja, pronto e acabado. Segundo Silva (2010, p. 65): “O currículo tradicional era
simplesmente tomado como dado e, por tanto, como implicitamente aceitável. O que
importava era saber se as crianças e jovens eram bem sucedidos ou não nesse currículo”. Com
a nova sociologia da educação (NSE) proposta por Silva (2010), fala que o currículo
tradicional se preocupa com o processamento de pessoas e não com o processamento do
conhecimento. Os profissionais da educação poderão refletir nas formas de ensinar, criando
métodos que sejam coerentes à realidade de seus alunos inserindo esse público com dignidade
na sociedade.

Além disso, um currículo que se fundamentasse nos princípios da nova sociologia da


educação deveria transferir esses princípios para seu interior, isto é, a perspectiva
epistemológica central do conhecimento envolvido no currículo deveria ser, ela
própria, baseada na ideia de “construção social” (SILVA, 2010, p. 69).

Dentro de currículo formal, surge a categoria currículo oculto, tendo como objetivo
aprofundar os estudos sobre o tema e como essa categoria é abordada dentro da sala de aula.
Ao realizar os primeiros analises se cai na fala de Tomas Tadeu Silva que define currículo
oculto como: “O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente
escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explicito, contribuem, de forma implícita,
para aprendizagens sociais relevantes” (Silva, 2010, p. 78). Currículo Oculto é uma
ferramenta que contribui na construção do currículo real, norteando temas adversos que não
estão inclusos formalmente no planejamento do professor. Tendo em vista que para gerenciar
alguns fatos decorrentes da sala de aula, o professor tem que desenvolver competências que
possibilitem ao educando um aprendizado para vida, tais competências se desenvolvem com
as experiências vividas dentro da sala de aula, segundo Perrenoud (2000) o desenvolvimento
de competência implica em exercício e treino.
Na visão de Oliveira o currículo oculto é o currículo real. “O currículo oculto era
aquele transmitido implicitamente, mas não mencionado pela escola e que se fazia de tal
forma poderoso, pois podia propiciar controles sociais, lutas ideológicas e políticas,
provocadoras de mudanças sociais” (OLIVEIRA, 2008).
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Freire (1996) traz como proposta a busca pela igualdade apostando numa educação
que tem como pressuposto o diálogo, em que todos têm direito à voz e se educam
mutuamente. Este diálogo promove uma reflexão que pode conduzir qualquer indivíduo a um
nível crítico elevado que gera uma ação, que é capaz de emancipá-lo(s) em conjunto. Se este
diálogo é estabelecido de uma maneira empática, os resultados são muito mais promissores.
Neste caso Paulo Freire traz como um método o diálogo entre aluno e professor que pode
estar acontecendo no uso como ferramenta do currículo oculto.
Tendo como base essas definições sobre currículo oculto, sentiu-se uma necessidade
de saber qual a reação e ação dos professores universitários que também atuam na rede de
ensino básico, sobre situações adversas que caracterizam o currículo oculto, tais movimentos
que acontecem dentro da sala de aula, que o professor é oportunizado em transmitir valores
culturais e sociais à seus alunos, por exemplo: o professor chega na sala todo empolgado com
seu planejamento e começa sua aula, no processar da aula, pode ocorrer brigas, bullying,
perguntas inusitadas, entre outras. São eventualidades que o professor não tem uma fórmula
pronta para agir e vai obtendo conhecimento e sabedoria no decorrer da sua carreira.

Metodologia

O método abordado foi estudo de caso, enquadrando-se em uma pesquisa exploratória,


que segundo o ponto de vista de Severino (2007, p. 123-4) que,

A pesquisa exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado


objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de
manifestação desse objeto. Na verdade ela é uma preparação para a pesquisa
explicativa.

Objetivando estudar a reação de professores nos casos adversos que acontece dentro
do espaço escolar, para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica, obtendo os indicadores
que nortearam o artigo científico sobre a categoria escolhida, tendo como eixos norteadores
da pesquisa “Como agir a imprevisto no cotidiano escolar na construção do conhecimento” e
“Capacidade de desenvolver atitudes que vigorem perante a sociedade”, para se aprofundar do
assunto foi pesquisado em revistas eletrônicas, artigos relacionados, autores que definem esta
categoria. Então foi montado o questionário semiestruturado para ser aplicado. Escolhendo
professores das licenciaturas da universidade X, que atuam na Educação Básica. Esse
questionário foi aplicado com seis professores, na sequência foram tabulados e analisados os
dados, que serão apresentados a seguir.
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Pressupostos sobre Currículo Oculto

O currículo deve estar relacionado com o contexto social e econômico em que o aluno
convive no seu cotidiano, isso se torna verdade se o professor utilizar-se da sua formação e
experiência para relacionar suas práticas pedagógicas com a realidade de seu aluno, como diz
Sacristán (2000, p. 129),

O contexto social, econômico, político e cultural que o currículo representa, ou


deixa de fazê-lo, deve ser o primeiro referencial em relação a como analisar e avaliar
um currículo. Esse é o primeiro contexto prático externo para entender a realidade
curricular: o exercício de prática políticas, econômicas e sociais que determinam as
decisões curriculares, não podendo se esquecer que o currículo proposto para o
ensino é o fruto das opções tomadas dentro dessa prática. Esquecer isto na formação
de professores/as implicaria reduzi-los a consumidores passivos de algo dado, cujos
valores não se discutem.

Mediante as questões educacionais que os professores enfrentam no seu cotidiano


escolar, geralmente questionados sobre seus métodos de ensinar e construir conhecimento
junto de seus alunos, sempre deve estar com um plano de aula impecável, tudo planejado,
para que sua aula ocorra dentro do programado, mas, sabemos que isso na maioria das vezes
não acontece, quase sempre surgem os imprevistos, situações que o professor ou professora
não realizaram um planejamento esperando que fosse acontecer, o que caracteriza o Currículo
Oculto, segundo Silva: O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do
ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explicito, contribuem, de forma
implícita, para aprendizagens sociais relevantes (SILVA, 2011, p. 78).
Logo o professor deve estar preparado para qualquer situação adversa que possa
acontecer no decorrer de sua aula. Por exemplo um de seus alunos falta com respeito com seu
colega, tendo uma atitude totalmente inversa, então, seu professor vivencia sua ação e sabe
que a ação de seu aluno é inadequado para o momento, mas, como proceder? Brigar com o
aluno? Chamar a atenção perante a classe e humilha-lo? Ou fazer de conta que nada aconteceu
e prosseguir com seu planejamento? Bom, essas são algumas situações que surgem no
decorrer da aula que o professor na maioria das vezes não está preparado para lidar e
gerenciar o ocorrido e acaba pecando e perde momento certo de corrigir de direcionar seu
aluno na construção de um conhecimento consciente que pode encaminha-lo para uma vida
digna e de respeito perante a sociedade. Contudo, várias situações adversas vão acontecendo e
o professor vai criando métodos para gerenciar tal situação e desenvolvendo procedimentos
de ensino aprendizagem mais completo. Entretanto, com a evolução tecnológica, formas
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diferentes dos pais educarem seus filhos, recebemos em nossas escolas alunos que parecem
serem diferentes, com outras concepções de vida e interesses que na maioria das vezes não
correspondem as expectativas dos professores. Nesse sentido Silva (1996, p. 183), diz:

[...]Se pensamos na aprendizagem real, do aluno real, não podemos esquecer que há
componentes afetivos, sociais, biológicos, etc., que complexificam ainda mais a
relação de ensino a aprendizagem. Portanto, ainda que seja importante distinguir e
ter presente a aprendizagem e a construção do conhecimento, o professor precisa
buscar compreender que, como toda a realidade a sala de aula, bem como o aluno e
próprio professor estão inseridos em uma rede de relações, em que tudo que está ali
na sua sala de aula faz parte um processo interminável é impossível de ser
terminado. Cabe, portanto ao educador (que é também educando) e ao educando
(que também educador) (cfe. Freire, 1985) saber que precisa participar desse
processo afim de contribuir para que ele se dê da melhor forma possível, ainda que
não saibamos exatamente para onde ele vai.

O professor carrega grande responsabilidade perante a sociedade, por que ele, pode
transformar as mentes de seus alunos, mas, para que isso aconteça ele precisa conhecer do
assunto de sua disciplina e o meio social em que os discentes estão inseridos, onde poderá
prever alguns eventos inesperados neste processo de ensino e aprendizagem.

Análise dos dados

Perfil dos professores questionados

São professores que atuam na graduação de cursos superiores e na educação básica de


ensino, na sua maioria mulheres, sendo quatro professores/as das exatas e dois da área das
humanas. O tempo de formação, em média 10 (dez) anos e de atuação como professor entre
10 (dez) e 15 (quinze) anos. Todas licenciados para atuarem dentro da sala de aula e com
objetivo comum, ensinar.

Como agir a imprevistos no cotidiano escolar na construção do conhecimento?

Construir um conhecimento critico consciente que o leve a pensar na realidade onde se


está inserido e possa agir de maneira a transformar para se ter uma qualidade de vida, tendo
consciência de suas atitudes, como diz Paulo Freire, p.16: A conscientização nos convida a
assumir uma posição utópica frente ao mundo, posição esta que converte o conscientizado em
“fator utópico”. Tendo em vista que o currículo oculto pode ser uma das ferramentas
importantes na construção do conhecimento consciente. Como define SILVA:
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Currículo Oculto é o termo usado para denominar as influências que afetam a


aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores. O currículo oculto representa
tudo o que os alunos aprendem diariamente em meio às várias práticas, atitudes,
comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no meio social e escolar. O
currículo está oculto por que ele não aparece no planejamento do professor
(MOREIRA; SILVA, 1997).

Tendo em vista que várias situações adversas acontecem no meio escolar, foi
questionado alguns professores atuantes na sala aula, como eles agem perante situações
inesperadas, assim responderam:
Professor A: “Quanto ao aluno que pego colando, prefiro não expor o aluno, porém aviso ele
que tomarei providências. Brigas te provocam uma reação complicada, pois é difícil saber o
que fazer, mas em geral tento acalmar os indivíduos”.

Professor C: “Adverti o aluno quanto a cola e ao plágio e dei nota 0 (zero). Quanto ao
desrespeito, o aluno foi encaminhado para o setor de orientação pedagógica (SOP)”.
Comentário: A ação do professor C é mais comum entre nossas escolas, onde a atitude do
aluno não coerente ao combinado com o professor, ele será punido através de notas, podendo
vir a reprovar por ações dessas maneira.

Note que na fala do professor A, zela pela integridade do seu aluno perante a turma, coloca
sua angustia que passa sobre essas situações, e acaba usando seu bom senso, calma e
tranquilidade para gerenciar a o ocorrido.

Professor D: “Brigas, sempre interferi e procurei que se esclarecessem a situação. Bullyng,


provocava reflexão sobre o assunto levando-os a entender que se a situação fosse contrária
eles não gostariam. As minhas atitudes sempre foram de reflexão, conversa e as vezes até
chamar os pais”.

Professor B: “Sob efeitos de produtos tóxicos - Permiti que fizesse a avaliação e


posteriormente tivemos uma conversa a sós, sobre o ocorrido e as consequências de suas
escolhas”.
Comentário: Olha só a atitude desses professores D e B, eles chamam os alunos e conversa
com eles a sós, fazem refletirem sobre seu futuro, se colocar no lugar um do outro,
perceberem que suas escolhas decidiram seu futuro, Paulo Freire disse que um dos preceitos
básicos para que a conscientização ocorra é a existência de uma relação dialética entre ação e
reflexão.
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Professor E: “Surpresa e sem saber o que fazer, depois de vivenciadas situações parecidas
criei um método para dinamizar o ocorrido. Pesquisa para compreensão dessas vivencias,
buscar entender as pessoas envolvidas no assunto, elaborar formas e métodos
comportamentais para que esses grupos interajam e convivam”.
Professor F: “O professor programa aula buscando chamar a atenção do aluno, buscando
meios de facilitar o processor de ensino aprendizagem e ao deparar com situações de
desrespeito por indisciplina se sente incapaz e busca rever sua forma de atuação”.
Comentário: Professores podem não estar preparados para variadas situações, mas, na
sequência buscar se preparar, por que, quando ocorrer algo parecido novamente esteja
preparado para gerenciar a situação, esse é o caminho do profissional da educação sempre em
busca de métodos para uma boa interação entre os grupos que refletirá mais tarde na
sociedade em que esses indivíduos estão inseridos.
Em termos de discussão, o currículo é o coração da escola, e nos momentos de colocar
em prática os planejamentos, metodologias educacionais criado por estudiosos e pelos
próprios professores, nota-se dois tipos de currículos, o formal que é tudo programado para
ser seguido e o não formal que acontece de forma inesperada dentro da sala de aula, onde o
aluno terá a oportunidade de aprender várias práticas, através de atitudes, comportamentos,
gestos, percepções que prevaleçam no meio social e escolar.

Capacidade de desenvolver atitudes que vigorem perante a sociedade

Nos bancos acadêmicos se aprende a realizar um plano de ensino, plano de aula, um


planejamento completo, no momento em o professor vai para a sala de aula, relacionar a
teoria estudada com a prática, leva material didático organizado e planejado, na maioria da
vezes não se conhece a realidade em que a instituição escolar se encontra, se deparando com
situações adversas que no primeiro momento fica sem saber o que fazer, como cita o
professor A questionado. Com o passar do tempo o professor vai vivenciando situações bem
parecidas, tornando-as rotineiras, com isso, ele busca estudar e entender o espaço e o meio
social que seus alunos estão inseridos, a partir dessa compreensão e entendimento ele poderá
elaborar procedimentos de aulas que possa relacionar a realidade dele com conhecimentos
científicos tentando facilitar o processo de ensino e aprendizagem, como relatam os
professores E e F questionados.
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Segundo Perrenoud (2000) o desenvolvimento de competência implica em exercício e


treino. Acredita-se então, que quanto maior for o tempo de atuação em sala de aula, o
professor terá facilidade e competência para gerenciar situações que definem currículo oculto.
Todo aquele conteúdo que supostamente é aprendido pelo aluno de forma categórica, a
maioria deles acaba sendo inútil, pois o aluno não encontra onde aplica-lo de forma concreta.
Aí está a importância do professor na sala de aula é o momento de contato com o aluno, onde,
se constrói junto dele valores sociais que o mesmo levará para sua vida intima e profissional,
construindo relações de aprendizagem através do currículo oculto, onde nos momentos mais
sensíveis da prática docente o aluno observará as ações praticadas pelo professor e aprenderá
através dessas ações, como: atitudes, comportamentos, equilíbrio, reflexão, entre outros. São
gestos do professor que se associa ao ensino aprendizagem. Bom, isso é relativo a cada
professor de ter competência e habilidade para agir de forma a desenvolver atitudes no aluno
que vigorem perante a sociedade.
Um assunto polêmico que não foi citado a cima são temas relacionados à sexualidade,
sendo tratadas de forma transversal no espaço escolar, como já é previsto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, documento oficial que norteiam os currículos oficiais escolares. Esse
assunto divide muito os docentes, muitos não abordam esse assunto por não fazer parte do
currículo real da sua disciplina, outros acham o assunto irrelevante não gostam de abordar ou
sentem preconceito em falar diante da classe. Sabe-se que por questões culturais a maioria dos
pais não conversam com seus filhos sobre o assunto e se a escola relaciona o assunto em seu
currículo, dizem que a escola incentiva os estudantes a fazerem coisas erradas, LOURO faz a
seguinte pergunta: “A que valores, orientações, e éticas deveria uma educação sexual
socialmente relevante apelar se a cultura não é uma casa ordenada e segura, ou se a cultura
produz seu próprio conjunto de desigualdades ao longo das linhas do gênero, do status sócio
econômico, das práticas sexuais, da idade, de conceitos de beleza, do poder e do corpo?”
(LOURO, 1998)
Há muito que se falar e o que se ouvir dos educandos dentro de uma “educação para a
sexualidade”. Para se falar da temática na escola, há primeiramente vários tabus a serem
desconstruídos por parte de todos da escola para o estabelecimento de um diálogo aberto e
coerente sobre a temática.
No meio cultural que se vive nos dias atuais, chegar na sala e encontrar um menino
fisicamente e menina psicologicamente é meio que inusitado, os questionados a cima não
testemunharam nenhuma situação assim, mas, é nesse momento que identifica-se o currículo
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oculto e temos a chance de desoculta-lo, tornar-se consciente da situação e criar atitudes nesse
aluno que provoque mudanças positivas diante a sociedade.

Considerações Finais

É relevante sabermos a necessidade de conhecermos o espaço cultural em que a escola


está inserida, que tipos de relações sociais os alunos que frequentam essa escola tem perante a
sociedade e partindo desse ponto elabora um plano de ensino direcionado a esse público, é
quase ilusório falar isso, por que, na maioria das vezes o professor nem conhece seu público,
chega na escola e já tem um plano de ensino pronto para ele seguir, entrando para dentro da
sala com grande possibilidades de ocorrências de fatos inesperados e ficar sem saber como
proceder.
Currículo Oculto é ferramenta poderosa na mão de um professor competente, que
saiba manuseá-la com sabedoria. Aproveitando esses momentos de situações não planejados,
o professor pode criar um vínculo de confiança entre ele e seus alunos possibilitando
desenvolver métodos que auxiliem no processo de ensino e aprendizagem, que possam
encaminhar cidadãos ativos, críticos, capazes de melhorar o meio onde vive com ações
humanas e politicamente corretas.
Analisando as falas dos professores questionados, que alguns lidam com algumas
situações adversas seguindo uma metodologia já prescrita no seu plano de aula, e seguindo
adiante com seu planejado, outros, procuram dialogar fazendo com que seus alunos reflitam
sobre suas ações e o próprio professor repensa sua atuação quanto professor, buscando
entendimento, conhecimento mais apurado de alunos, podendo agir e criar formas de ensino.
Para que a aprendizagem ocorra, exige do professor habilidades e competências que nunca
serão as mesma, não terá um modelo ou fórmula que é só aplicar e funciona, deve-se construir
junto de cada aluno que se propõe ensinar.

REFERÊNCIAS

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Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. O corpo educado: pedagogias da sexualidade.


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MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu. (Org.). Currículo, cultura e
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OLIVEIRA, Zélia Maria Freire de. Currículo: um instrumento educacional, social e cultural.
Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 8, n. 24, p. 535-548, Maio-Agosto de 2008.

PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes? Revista Pátio, Porto
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SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez,


2007.

SILVA, Luis Eron da. Reestruturação Curricular: novos mapas culturais, novas
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