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De acordo com alguns estudos realizados, estima-se que cerca de 0,2% a 0,5% do valor do
custo total da obra é destinado para esta fase do projeto. Como pode ser observado, o
investimento que se faz com esse tipo de serviço é razoavelmente baixo, dada a sua
importância, e não compromete o valor total do custo da obra. Além disso, é essa análise que
dará ao projetista, a segurança necessária para a elaboração de um projeto que garanta a
estabilidade da edificação projetada, e principalmente, a integridade de todos os seus
ocupantes.
Objetivos
Após a leitura dos conteúdos apresentados nesse capítulo, espero que você seja capaz de:
1
Esquema
1.1 Investigação Geotécnica
1.2 Prospecções Superficiais
1.3 Planejamento para Investigação do Solo
1.4 Sondagens
1.4.1 Quantidade e Locação das Sondagens
1.4.2 Profundidade das Sondagens
1.5 Sondagem de Simples Reconhecimento a Percursão – SPT
1.5.1 Resistência do Solo - SPT
1.6 Sondagem de Penetração Estática – CPT
1.7 Sondagem Rotativa
1.8 Conclusão
a) Investigação de campo:
Sondagens a trado;
Poços e trincheiras;
Sondagens de simples reconhecimento à percursão;
Sondagens rotativas;
Realização de provas de carga;
Ensaios em geral.
b) Investigação em laboratório:
Caracterização;
Resistência;
Deformabilidade;
Permeabilidade;
Colapsibilidade;
Expansabilidade.
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a) Abertura de poços ou trincheiras: permite a análise direta (táctil-visual) das camadas
do solo;
b) Prova de carga: é utilizada para fins de fundações por sapatas rasas, conforme NBR
6489 – Prova de carga direta sobre o terreno de fundação (1984);
c) Sondagens a trado: tem como finalidade a coleta de amostras deformadas, e deve ser
realizada conforme NBR 9603 – Sondagem a Trado (1986).
1.4 Sondagens
Como já foi falado anteriormente, é fundamental que no início de qualquer tipo de obra seja
feita a realização da investigação do solo, no intuito de obter o conhecimento necessário sobre
as características físicas de uma determinada área. Para isso, são utilizadas as sondagens
do solo.
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As sondagens são realizadas com o objetivo de determinar quais são as condições naturais
do solo. De acordo com Rebello (2008), através desse procedimento é possível determinar o
tipo do solo, as características físicas e sobretudo, a sua resistência. Além disso, a sondagem
permite a determinação do nível do lençol freático.
De acordo com a norma citada, a quantidade de sondagens deve ser, no mínimo, de uma
para cada 200 m² de área da projeção em planta, para até 1200 m² de área. Para áreas cuja
dimensão varie de 1200 m² a 2400 m², é necessário realizar uma sondagem para cada 400
m² que excederem 1200 m². Para terrenos de dimensões superiores a 2400 m², a quantidade
de sondagens deverá seguir um plano particular da construção.
Para quaisquer uma das circunstâncias acima citadas, o número mínimo de sondagens a
serem realizadas deve ser:
A norma ainda estabelece que as sondagens devem ser localizadas em planta, e apresenta
também alguns critérios referentes à locação das mesmas:
Exemplificando
1) Considerando uma residência térrea com uma área de edificação projetada em planta
de 10 por 30 m, determine, de acordo com a NBR 8036, a quantidade mínima de
sondagens a serem realizadas:
Com base nos dados fornecidos, verifica-se que a área de projeção em planta da residência
é de 300 m². Assim, considerando o item 4.1.1.2 (a) da NBR 8036, deverão ser realizadas no
mínimo 3 (três) sondagens.
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2) Considerando um edifício residencial de 12 pavimentos, com uma área de edificação
projetada em planta de 40 por 50 m, determine, de acordo com a NBR 8036, a
quantidade mínima de sondagens a serem realizadas:
Com base nos dados fornecidos, verifica-se que a área de projeção em planta do edifício é
de 2000 m². Assim, considerando o item 4.1.1.2 da NBR 8036, deverão ser realizadas no
mínimo 8 (oito) sondagens.
A norma diz ainda que as sondagens devem ser realizadas até a profundidade na qual o solo
não seja mais solicitado pelas cargas provenientes da estrutura, determinando como critério
a profundidade onde o acréscimo de pressão no solo, em função das cargas estruturas a ele
aplicado, seja menor do que 10% da pressão geostática.
Existem casos em que a edificação pode apresentar uma planta composta por
vários corpos. Nessa situação, a NBR 8036 estabelece que todos os critérios
da norma se aplica a cada corpo da edificação.
A referida norma apresenta alguns critérios específicos em que a sondagem poderá ser
interrompida, antes de atingir a profundidade determinada:
De acordo com o item 4.1.2.5 da norma, em casos de corpos de fundações isolados e muito
espaçados entre si, a profundidade da exploração deve ser determinada a partir da
consideração simultânea da menor dimensão dos corpos de fundação, da profundidade dos
seus elementos e da pressão estimada por eles transmitida.
Para auxiliar na estimativa da profundidade das sondagens a serem realizadas, a NBR indica
a utilização do gráfico a seguir (Figura 01):
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Figura 1: Gráfico para estimativa da profundidade
Fonte: ABNT – NBR 8036 (1983)
Onde:
q = pressão média sobre o terreno (peso específico dividido pela área em planta;
Ƴ = peso específico médio estimado para os solos ao longo da profundidade em
questão;
M = coeficiente decorrente do critério definido no item 4.1.2.2 da NBR 8036;
B = menor dimensão do retângulo circunscrito à planta de edificação;
L = maior dimensão do retângulo circunscrito à planta de edificação;
D = profundidade da sondagem
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Exemplificando
Com base nos dados fornecidos, verifica-se que a área de projeção em planta do edifício é
de 300 m². Assim, considerando o item 4.1.1.2 da NBR 8036, deverão ser realizadas no
mínimo 3 (três) sondagens.
Para a determinação da dimensão das sondagens, deve-se utilizar o gráfico para estimativa
da profundidade (Figura 01). Para isso, devemos identificar as coordenadas nos eixos x e y:
→ eixo y:
q 120
→ = 6,67
Ƴ⋅M⋅B 18 ⋅0,1 ⋅10
→ eixo x:
L 30
→ =3
B 10
D D
→ = 1,8 → portanto, D = 18
B 10
Com base nos dados fornecidos, verifica-se que a profundidade das sondagens deverá ser
de 18 metros, atendendo ao item 4.1.2 da NBR 8036.
Em 2001, a sondagem SPT foi regulamentada no Brasil pela ABNT, através da NBR 6484 -
“Solo: Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio”.
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De acordo com a referida norma, o método de execução de sondagens de simples
reconhecimento – SPT, tem como finalidade:
A sondagem SPT (Figura 02) é realizada através de um equipamento composto por um tripé,
do qual se deixa cair de uma altura padrão de 75 cm um martelo de ferro com peso de 65 Kg,
de forma cilíndrica ou prismática. Esse peso, faz penetrar no solo um tubo de aço (amostrador
padrão), com diâmetro externo de 50,8 mm e diâmetro interno de 34,9 mm (REBELLO, 2008).
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1) Perfuração: esta etapa consiste na abertura de um furo. A NBR 6484 recomenda que
a abertura seja iniciada com um trado concha, para o primeiro metro, e para as demais
profundidades é indicado a utilização de um trado helicoidal.
A cada metro perfurado, deve ser realizado o ensaio de penetração dinâmica, conforme o item
4.3 da NBR 6484. No ensaio, deve ser anotado o número de golpes necessários para fazer
com que o amostrador padrão penetre o solo, numa profundidade de 45 cm, divididos em
segmentos de 15 cm, como pode ser observado através da Figura 03.
Para cada metro perfurado, são coletadas amostras deformadas do subsolo através do
amostrador. Estas amostras são acondicionadas em sacos plásticos, com identificação, para
posteriormente serem classificadas e identificadas táctil-visualmente, segundo os termos
prescritos nas normas NBR 6502 – Rochas e Solos (1995) e NBR 7250 – Identificação e
Descrição de Amostras de Solos Obtidas em Sondagens de Simples Reconhecimento dos
Solos (1982). Estas amostras deverão ficar arquivadas por 30 dias após a data do ensaio, a
disposição do cliente, e posteriormente poderão ser descartadas.
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De acordo com a NBR 6484, existem algumas situações em que a sondagem poderá ser
paralisada:
Segundo Rebello (2008), existem diversas relações que leva em conta a tensão admissível
do solo (σADM) e o número de golpes necessários para cravar os últimos 30 cm (NSPT). A
fórmula abaixo, apesar de não levar em conta o tipo do solo, pode ser utilizada para relacionar
de forma rápida os valores encontrados no ensaio SPT.
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Existe um estudo elaborada por Chiossi (1987), em que é possível a determinação da
resistência do solo através do número de golpes da sondagem SPT (Tabela 02).
Diferentemente da fórmula acima, o tipo de solo é considerado. Nos casos em que o número
de golpes for um valor que esteja entre os citados na tabela, esses valores deverão ser
interpolados para encontrar a resistência do solo correspondente.
Exemplificando
σADM = √N -1 → σADM = √8 -1
Uma das vantagens desse tipo de sondagem em relação a sondagem SPT, é que nesse
método os resultados são registrados durante todo o procedimento, ou seja, por toda a
profundidade, enquanto no segundo método a análise é considerada em apenas 30 cm por
metro.
qc
N= K
A tabela a seguir (Tabela 03), apresenta os valores para K, de acordo com o tipo de solo que
será analisado:
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Tabela 03: Coeficiente K – Sondagem CPT
TIPO DE SOLO K
AREIA 0,60
AREIA SILTOSA * AREIA ARGILOSA * AREIA ARGILO-SILTOSA 0,60
SILTE * SILTE ARENOSO * ARGILA ARENOSA 0,60
SILTE ARENO-ARGILOSO * ARGILA SILTO-ARENOSA 0,38
SILTE ARGILOSO 0,30
ARGILA * ARGILA SILTOSA 0,25
Exemplificando
Considerando uma sondagem cujo qc seja igual a 2Mpa e o solo silte argiloso, determine o
valor de NSTP:
qc 2
N= K → N= → N=7
0,3
A sondagem rotativa também pode ser caracteriza como um tipo de investigação geotécnica
realizada com um tubo (barrilete) que possui uma peça cortante, feita com material que possui
alta dureza (coroa) em sua extremidade, que penetra o terreno por meio de um movimento de
rotação.
Nas sondagens rotativas, é recomendado que o amostrador penetro o solo por pelo menos 4
metros de profundidade, para ter a segurança de que não está atravessando um simples
matacão (REBELLO, 2008).
1.8 Conclusão
Como você pode observar durante a leitura deste capítulo, foram apresentados os
procedimentos mais usuais para a investigação do solo, assim como as formas de
interpretação dos resultados encontrados nesses procedimentos, para a avaliação da
capacidade de resistência do solo.
Nos próximos capítulos, você irá compreender que esta fase inicial é importantíssima para o
projeto das estruturas de fundações. Através de investigações geotécnicas bem realizadas,
você terá as condições necessárias para definir qual o melhor tipo de fundação a ser utilizada
em um determinado projeto.
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Resumo
Neste primeiro capítulo, iniciamos o nosso estudo referente às Estruturas de Fundações
dando destaque:
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e Execução
de Fundações. Rio de Janeiro, 1996.
CHIOSSI, Nivaldo. Geologia Aplicada à Engenharia. 4. ed. São Paulo: Grêmio Politécnico,
1987. 239 p.
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CINTRA, José; AOKI, Nelson. Fundações por estaca: projeto geotécnico. São Paulo:
Oficina de Textos, 2010. 96 p.
DAS, Braja. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6. ed. São Paulo: Thonsom, 2007.
561 p.
OLIVEIRA, Antônio; Brito, Sérgio. Geologia de Engenharia. São Paulo: ABGE, 1998. 586
p.
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