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1 - Ponto de partida
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2 - Dificuldades
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3 - Erros comuns
A noção de número não inteiro, por vezes não é entendida pelos alunos.
Para algumas crianças 3,19 é maior do que 3,5 e 2,175 é maior do que 4,5. Os
alunos, também tendem a utilizar as regras de funcionamento dos números
racionais inteiros ao resolver operações, apresentando dificuldades na
resolução de algoritmos em que coexistam números racionais inteiros e
números racionais na representação decimal, por exemplo 10 + 0,1 = 1,1.
Quando multiplicam um número racional inteiro por outro, sendo este distinto
de zero ou um, o resultado é sempre maior do que os factores (3 x 4 = 12). O
mesmo não acontece com os números racionais não negativos. Se se pedir
não negativos, porém, é possível que ele seja maior (2: ¼ = 8). Os alunos têm
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Estas situações surgem porque o ensino/aprendizagem, infelizmente,
assenta essencialmente na mecanização de regras e símbolos, sem que o
aluno tenha desenvolvido âncoras que o sustente. A escola tem que ver o
aluno como alguém capaz de aprender e contribuir para a construção do seu
próprio conhecimento (Patricia Sadovsky, 2007).
Assim sendo, o papel do professor é preponderante. Deve o professor,
antes de mais, compreender como os alunos constroem os conhecimentos
matemáticos, prevendo formas mais eficazes de desenvolver competências e
de trabalhar os conteúdos. Todo este processo implica esforço por parte do
docente, obrigando-o a desenvolver estratégias de tipo construtivista, aquando
da sua formação contínua, que o permitam vivenciar, avaliar, teorizar,
apoiando-se em diversas formas de pesquisa-acção e actualizando conceitos
que possam contribuir para a construção de problemáticas didácticas
inovadoras.
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4 - Utilização de diferentes modelos
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Modelos de comprimento ou medida (unidade contínua)
E a barra vermelha?___________
E da barra cor-de-rosa?___________
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Modelos de conjuntos (unidade discreta)
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5 - Diferentes significados das fracções
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• A relação parte-todo de uma unidade discreta.
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• Operador
de 4 =
1. Calcula e completa.
½x6=
½ x 60 =
½ x 600 =
“Números racionais não negativos” Luísa Parreira
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• Medida
• A razão/proporção
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É fundamental discutir com os alunos, aquando da realização das
tarefas, a questão da unidade, chamando a atenção para o todo a que a
fracção faz referência. Dever-se-á fazer sempre uma menção clara à unidade
de referência que serve de contexto, ou seja, especificar com clareza o todo.
Neste sentido, também, é muito importante realizar tarefas que impliquem a
reconstrução da unidade. Por exemplo, se duas bolas representarem metade
de uma colecção de bolas, quantas bolas tem a colecção?
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6 - Abordagem aos números racionais na representação
fraccionária
• Conteúdos
Bloco1 – Números e Operações
• Objectivos
Utilizar a notação ½ x e ¼ x para representar "metade de" e
"quarta parte de”;
Reconhecer como operador ½ x e ¼ x ;
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Os alunos, ao desenvolverem o conceito de fracção, futuramente terão
mais facilidade em compreender os números racionais não negativos na
representação decimal, uma vez que já fizeram um percurso onde foi
desenvolvido o sentido do número racional não negativo com representação
fraccionária, criando condições para uma compreensão enraizada dos números
racionais na representação decimal.
Elaborei uma planificação da unidade (ver anexo nº4), bem como um
pequeno roteiro (ver anexo nº5) orientador a ser utilizado na segunda aula
dedicada à temática.
A selecção das actividades desenvolvidas aquando da Matemática
Colectiva (ver anexo nº1) e as disponibilizadas para o Plano Individual de
Trabalho (ver anexo nº2), bem como a sequência e a intenção das mesmas,
tiveram por base a reflexão produzida após a análise, experimentação e
discussão proporcionada pela pesquisa bibliográfica adoptada. Tive em
consideração os objectivos de aprendizagem que as actividades visavam, se
promoviam articulação com os conhecimentos dos alunos ajudando-os, desta
forma a progredir, proporcionando a diversidade na complexidade, no contexto,
nas representações e materiais a utilizar, no modo como iriam ser
apresentadas aos alunos, como estes as trabalhavam, como serviram de base
a uma discussão e institucionalização de novo conhecimento.
Numa primeira fase não houve preocupação com a simbologia e
formalismos inerentes ao conteúdo, mas sim com os conceitos subjacentes.
Depois, e com o desenvolvimento das actividades, a simbologia foi surgindo de
uma forma enquadrada.
As primeiras actividades propostas foram problemas que implicavam a
partilha equitativa. A primeira meta no desenvolvimento do conceito de fracção
deve ser ajudar os alunos a construírem a ideia de partes do todo, as partes
que resultam quando o todo ou unidade é partilhado em porções do mesmo
tamanho ou repartido em partes iguais (Walle, 2007). As actividades tiveram
sempre presente os aspectos considerados importantes, referidos nos pontos
4:“ Utilização de diferentes modelos” e 5 “Diferentes significados das fracções”,
para o desenvolvimento do sentido do número racional não negativo na
representação fraccionária.
“Números racionais não negativos” Luísa Parreira
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6.1- Resolução de um problema como ponto de partida
Apresentação da tarefa
• Resolver um problema que tinha surgido, ao lanche, aquando de uma
visita à biblioteca.
• Actividade desenvolvida num bloco de 90 minutos.
Objectivo
• Resolução de problemas de partilha equitativa através de estratégias
pessoais.
Desenvolvimento
• Propus que os alunos resolvessem o problema que tinha surgido ao
lanche, aquando de uma visita à biblioteca.
• Os alunos juntaram-se e trabalharam a pares.
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• O responsável pela distribuição do material forneceu o problema em
suporte de papel.
• Apoiei os alunos, nas suas dificuldades, mas sem resolver a tarefa por
eles.
• Os alunos apresentaram à turma as conclusões a que chegaram
(critério para a apresentação - quem tivesse resolvido o problema de
forma diferente das já apresentadas).
• Utilizei questões diversificadas.
• Estimulei situações de argumentação.
• Introduzi vocabulário próprio aquando da explicitação
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Porta-voz do grupo – Ian
“Cada uma come uma sandes
de cada vez.
E depois, o que faço à que sobra?
Esta corto ao meio e cada uma
das meninas come duas sandes e
uma metade.”
(apresentação nº2) *
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CONCLUSÃO
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mais da realidade, uma vez que as sandes eram feitas com pão de forma,
como mostra a ilustração do problema.
6.2 – Roteiro
Apresentação da tarefa
• Actividade desenvolvida num bloco de 90 minutos;
• Roteiro;
• Ficha de trabalho.
Objectivo
• Introdução do vocabulário próprio;
• Comparação de fracções com a unidade;
• Exploração do significado do numerador e do denominador;
• Utilização da notação ½ de e ¼ de para representar "metade de" e
"quarta parte de”.
Desenvolvimento
• Trabalho em grande grupo.
• Exploração da unidade contínua com folhas de diferentes cores;
• O responsável pela distribuição do material forneceu o material
necessário em suporte de papel, ver anexo nº1 ficha nº2.
• Estimulei situações de argumentação.
• Introduzi vocabulário próprio aquando da explicitação.
• Promovi a síntese.
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Roteiro para sistematizar conhecimentos após resolução de uma situação
problemática
Foram mostradas duas folhas de papel à turma, uma azul e outra verde,
representando cada uma delas uma unidade respectivamente.
fig. nº1
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Após esta explicação, dada pelo colega, todos concluíram que depois de
rasgar a folha tínhamos ficado com dois pedaços da folha, a que chamaram de
metade.
• Porquê?
Nesta fase, os alunos desdobraram-se em explicações.
Leonor – “ A folha azul é que ficou dividida em metades porque ficou
dividida igualmente, os bocados eram iguais e com a folha verde não
aconteceu isso.”
Joaquim – “Na folha verde os bocados não são iguais, uma parte não é
igual à outra e assim não é justo!”
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António – “Olhando bem para a folha verde acho que temos a quarta parte.”
Professora – “Por que é que achas?”
António – “Se olhar bem aquele pedaço parece um quarto da folha, se eu
dividir a folha em quatro partes iguais, aquele bocadinho vale um quarto.”
Professora – “ Muito bem! Vamos dobrar a folha verde e verificar se é
verdade.”
Aquele pedaço não era exactamente um quarto, mas aproveitou-se esta
observação para sistematizar o conceito das partes iguais, independentemente
do número em que a unidade está dividida. As partes fraccionárias são
partilhas iguais ou porções de tamanhos iguais de um todo ou unidade.
Perguntar:
E se forem 5 metades?
Leonor – “Ah, esta é fácil! É como o problema das sandes de ontem, dá 2
folhas e meia.”
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Joaquim – “É fácil! 6 são 5 + 1, basta juntar à metade que restou das 5
metades e dá uma folha. Então são 3 folhas.”
Professora – “ Boa!”
• Um de dois (metade)
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dada. A ficha de trabalho não foi feita devido à falta de tempo. A discussão
alongou-se, mas como foi rica em conteúdos não a quis travar.
6.3 - Sistematização
Apresentação da tarefa
Objectivo
Desenvolvimento
• Trabalho a pares.
• O responsável pela distribuição do
material forneceu o material necessário e
as fichas em suporte de papel, ver anexo
nº1 ficha nº2 e 3.
• Estimulei situações de argumentação.
• Promovi a síntese
Fig.4
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Foram distribuídas propostas de
trabalho, em suporte de papel com
diferentes cores, como pode verificar –
se na figura 4. As folhas tinham cores
diferentes para se fazer comparação
entre fracções, sobrepondo-as, isto
para facilitar a verificação das
conclusões obtidas pelos alunos.
Havia um círculo inteiro que era a
unidade, um círculo dividido em duas
partes iguais e um dividido em quatro
partes iguais. Os alunos recortaram o
círculo que representava a unidade e colaram no caderno. Depois foi pedido
que recortassem o círculo que estava dividido em duas partes iguais. Primeiro
tinham que mostrar qual seria, para depois recortarem e colarem, escrevendo a
respectiva notação, ou seja ½ (metade). Finalmente foi pedido que fizessem o
mesmo para o círculo que estava dividido em quarto partes iguais. Os alunos
não tiveram qualquer dificuldade em realizar esta tarefa. Alguns grupos,
autonomamente, fizeram a comparação entre as fracções, adicionaram os
quartos e identificaram fracções equivalentes, 2/4 é igual a ½. Ver figura nº5.
Fig.5
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Mais tarde, foram afixados no quadro, um círculo que representava a unidade,
metades e quartos, tal com se pode ver na figura 4, para que se fizesse a
apresentação das descobertas realizadas. Ao fazerem a apresentação das
descobertas, foram levantadas algumas questões. Quando surgiu a fracção 2/4
como fracção equivalente a ½, a Leonor acrescentou:
Leonor – “ Se preciso de ter 2 quartos para ter uma metade, então um
quarto é metade da metade”.
Os alunos formam verificar através de dobragens e conseguiram visualizar a
conclusão da Leonor.
Prof. – “Muito bem, sim senhora! Vamos verificar fazendo dobragens
com os círculos que vocês têm”.
Joaquim – “Eu também vi que os quartos são mais pequenos do que as
metades.”
Prof. – “Como é possível acontecer isso se o 4 é maior do que o 2”?
Joaquim – “ Olha, porque se dividir o círculo por 2 tenho bocados
maiores do que se for a dividir por 4. Oh professora, pensa numa piza, se for
dividida por duas pessoas dá mais a cada uma do que se fosse dividida por 4
pessoas”.
Prof. – “ Boa! Pois é, quanto mais partes fraccionarias forem usadas
para formar o todo, menores serão elas, ou seja quanto mais dividimos a nossa
piza mais pequenos ficam os pedaços. Fiz-me entender? Ora vejam lá,
peguem numa metade e ponham um quarto por cima. Qual é a porção, fracção,
maior”?
Alunos – “A fracção maior é ½”.
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Prof. – “Se a nossa unidade for uma piza”.
António – “ Mas assim restam 2 fatias. Eu quero saber se posso ter uma
piza dividida em 3 pedaços que seja distribuída por 4 meninos, sem restar
nada”.
Prof. – “Conseguem resolver o problema que o António nos pôs”?
Carolina – “Podíamos dividir uma fatia a meio e assim já dava para
todos”.
António – “ Mas não comiam o mesmo dessa maneira, não é justo, não
comem a mesma quantidade”.
Prof. – “Mariana, o António acha que não é possível. O que é que tu
achas”?
Carolina – “Ops! Enganei-me, a piza dessa maneira não fica dividida em
partes iguais”.
Ninguém foi capaz de solucionar o problema do António. Eu optei por não
explicar visto os alunos não terem bases suficientes para solucionar este
problema e também porque requer um pensamento abstracto, para o qual as
crianças não estão preparadas. Em seguida, o responsável pela distribuição do
material distribuiu a proposta de trabalho nº3, bem como as folhas informativas,
ver anexo nº 2, folhas 1,2,3 e 4, para colarem no caderno diário. Qual não foi a
minha perplexidade quando o António interrompeu o trabalho e disse:
António – “Professora, estive aqui a pensar e descobri como podia
distribuir uma piza, que está dividida em terços, por 4 meninos, sem restar
nada”.
Prof. – “ Então explica como conseguiste fazer isso”.
António – “ A piza está dividida em 3 partes iguais. Se eu dividir os
terços em metades, dá 6 pedaços. Dou 4 pedaços a cada um e sobram 2
pedaços. Volto a dividir esses 2 pedaços ao meio e tenho outra vez 4 pedaços.
Volto a dar um a cada um dos meninos e não sobra nada. Cada um come um
pedaço grande e um pedaço mais pequeno”. Ver anexos, filmagem 3 aula,
filme 4 terços.
Prof. – “Boa! Estás de parabéns.”
Optei por não falar em sextos e doze avos, por achar que seria cedo para fazer
essa explicação em grande grupo. Faria essa explicação, no tempo de estudo
“Números racionais não negativos” Luísa Parreira
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autónomo, em particular ao António. Recomeçámos o trabalho, leu-se a
proposta da actividade e os alunos, a pares, realizaram o mesmo. e
Posteriormente foram apresentar à turma como tinham resolvido e explicar
porque o resolveram da forma que apresentaram.
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Porta-voz do grupo – Beatriz
Beatriz – “Aqui temos que pintar as duas metades”.
Prof. – “ Porquê”?
Beatriz – “Porque aqui tem 1, então tem que se pintar os dois pedaços”.
Prof. – “Porque duas metades juntas formam a unidade”.
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Ver anexo nº 3, filmagem 3ª aula, filme pinta 2
Apresentação da tarefa
de
de
de
de
Objectivo
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Desenvolvimento
• Trabalho a pares.
• O responsável pela distribuição do material forneceu as propostas de
trabalho em suporte de papel, ver anexo nº1 ficha nº5.
• Estimulei situações de argumentação.
• Promovi a síntese.
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* Filmagem da apresentação disponível em suporte digital, ver anexo nº3
(exercício nº3) *
CONCLUSÃO
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dividir a unidade em quatro grupos iguais, para depois contar os elementos e
responder às questões. Dois alunos calcularam a quarta parte através da
estratégia do cálculo da metade da metade, como se pode verificar na resposta
dada pela Leonor. Aos alunos em que subsistiam dúvidas foram
disponibilizados materiais manipuláveis, como
se pode verificar na figura nº 6. Apesar da
realização de diversas actividades recorrendo
à unidade discreta, utilizando diferentes
exemplos e materiais, pude concluir que não
foram as suficientes. Quando os alunos se
deparam com uma actividade onde já era
exigido um raciocínio abstracto, alguns tiveram
dificuldade em dividir a unidade em quatro
Fig.nº6
partes iguais. De uma próxima vez elaborarei,
tal como para a unidade continua, um roteiro com o intuito de tornar as
questões mais intuitivas para os alunos. Enquanto os alunos com dificuldades
utilizavam materiais concretos, os
outros foram, a pares, calculando
livremente a quarta parte e metade
de quantidades escolhidas por eles.
O António tirou algumas
conclusões, como se pode verificar
na figura nº7. Concluiu, numa
primeira fase que podia calcular a
quarta parte de todos os números
pares e chamou-me para dize-lo.
Eu perguntei-lhe se seria verdade.
Ele tinha calculado a quarta parte
de 4, 8, 12 e 16. Foi calcular a
quarta parte de 14 e não
conseguiu, então voltou a chamar-
Fig.nº7
me e disse:
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-“Professora, já descobri! A quarta parte faz parte da tabuada dos
quatro.”
Ora, se não fosse dado espaço a estes alunos para investigarem,
comunicarem, argumentarem e partilharem com os colegas as suas
descobertas, os percursos e conclusões, que fiz referencia anteriormente, não
se tinham realizado. Devemos dar espaço aos alunos para “voarem” e orienta-
los nesses “voos”.
A título de curiosidade não posso deixar de referir as conclusões que a
aluna Leonor chegou quando investigava regularidades na tabuada dos cinco.
A aluna descobriu que cinco vezes um número, era igual à metade desse
número vezes dez. Por exemplo:
5 X 2 = ½ X 2 X 10 5 X 3 = ½ X 3 X 10 5 X 4 = ½ X 4 X 10
= 1 X 10 = 1,5 X 10 = 2 X 10
= 10 = 15 = 20
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Conclusão
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Bibliografia
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