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Texto 1
O problema não resolvido é o problema familiar de reconciliar a perspetiva da coletividade com a perspetiva
do indivi ́duo; no entanto, quero abordá-lo não primariamente como uma questão acerca da relação entre
indivi ́duo e sociedade, mas na essência e na origem como uma questão acerca da relação de cada indivi ́duo
consigo mesmo. Isto reflete a convicção de que a ética [...] tem de ser entendida como algo que emerge de uma
divisão em cada indivi ́duo entre duas perspetivas, a pessoal e a impessoal. A última representa as exigências da
coletividade e dela vem a força que essas exigências têm em cada indivi ́duo. Se não existisse, não haveria
moralidade, mas apenas a colisão, o compromisso e a convergência de perspetivas individuais. É porque o ser
humano não ocupa apenas o seu ponto de vista próprio que cada um de nós é sensi ́vel à s exigências dos outros
através da moralidade privada e pública. Assim é a liberdade humana que todos os homens se gabam de possuir
[...].
Thomas Nagel, Equality and Partiality, ed. Oxford, pp. 3-4 (adaptado).
Texto 2
A combinação harmoniosa de um ideal poli ́tico aceitável e de padrõ es aceitáveis de moralidade pessoal é
muito difi ́cil de alcançar. Uma outra maneira de pô r o problema [...] é esta: quando tentamos descobrir
padrõ es morais razoáveis para a conduta dos indivi ́duos, e depois tentamos integrá-los com padrõ es justos
para a avaliação das instituições sociais e poli ́ticas, não parece haver uma maneira satisfatória de os ajustar.
Eles respondem a pressõ es opostas que os levam a separar-se.
[...] A minha posição é que o problema de conceber instituições que façam justiça à igual importância de
todas as pessoas, sem fazer exigências inaceitáveis aos indivi ́duos, não foi resolvido — e que isto é assim
parcialmente porque o problema da relação correta entre a perspetiva pessoal e a perspetiva impessoal no
interior de cada um de nós não foi resolvido.
Thomas Nagel, Equality and Partiality, ed. Oxford, pp. 4-5 (adaptado).