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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

Licenciatura em Fisioterapia – 3º ano


Ano Letivo 2018/2019

Fisioterapia em Condições Músculo-Esqueléticas

Tendinopatia do
Tendão de Aquiles

Docentes: Luís Cavalheiro e Anabela Correia Martins


Discente: Pedro António Geria Cortesão
Índice

Índice .................................................................................................................................... 2

Introdução ............................................................................................................................ 4
Caso Clínico ....................................................................................................................... 5
Revisão de Literatura ...................................................................................................... 6

Fatores de risco ................................................................................................................. 7

Diagnóstico Diferencial ................................................................................................. 7

Contexto Anatómico ........................................................................................................ 8


Código CID-10 ................................................................................................................... 9
Exame Subjetivo
Dados Pessoais .................................................................................. 9
Principal Problema ......................................................................... 10
Localização dos Sintomas ............................................................... 10
Hierarquização dos Sintomas ........................................................... 10
Caracterização dos Sintomas ........................................................... 10
Comportamento dos Sintomas ......................................................... 11
Padrão Diário .................................................................................. 12
História Clínica Atual ...................................................................... 12
História Clínica Anterior ................................................................. 12
Exames Complementares................................................................. 12
Perguntas Especiais ......................................................................... 12
Raciocínio clínico baseado no exame subjetivo ......................................... 13
Exame Objetivo
Observação ...................................................................................... 16
Características Antropométricas ..................................................... 16
Postura ............................................................................................ 16
Marcha ............................................................................................ 17

2
Observação dos Tecidos Moles ....................................................... 17
Palpação .......................................................................................... 17
Movimentos fisiológicos ativos e passivos da tibiotársica direita .... 17
Movimentos acessórios da tibiotársica direita .................................. 18
Força muscular ................................................................................................... 18

Testes Isométricos ........................................................................... 18


Testes Especiais .................................................................................................. 18
Revisão de Sistemas .................................................................................. 19
Padrões de Diagnóstico ............................................................................. 20
Avaliação, Diagnóstico e Prognóstico ....................................................... 21
Objetivos do Tratamento .......................................................................... 22
Plano de Tratamento.................................................................................. 22
Reavaliação ............................................................................................... 26
Conclusão.................................................................................................. 27
Bibliografia ............................................................................................... 27

3
Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular de


Fisioterapia em condições Músculo - Esqueléticas, pertencente ao 3º ano da
licenciatura em Fisioterapia, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de
Coimbra.

O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento do meu


conhecimento relativo ao raciocínio clínico da patologia "Tendinopatia do
tendão de Aquiles", localizada na porção distal do tendão. Assim, foi-nos
dada a oportunidade de escolher um caso clínico para que o pudéssemos
desenvolver. O caso por mim escolhido foi de um indivíduo jovem,
praticante de futsal. Com este trabalho pretendo elaborar o processo clínico
de Fisioterapia adaptado ao mesmo: exame subjetivo, exame objetivo,
avaliação, diagnóstico, prognóstico, plano de intervenção e reavaliação.

Posto isto, eu escolhi um caso acerca de uma tendinopatia do tendão


de Aquiles, num jogador de futsal jovem, que já pratica este desporto desde
criança, uma vez que é uma lesão frequente no desporto de alta
competição. O objetivo desta escolha foi de ficar a conhecer melhor esta
condição, adquirir conhecimentos acerca do papel do fisioterapeuta nesta
condição e na prevenção da mesma.

Ao longo do trabalho é exposto a condição clínica inerente ao utente,


o contexto anatómico em que ele se insere e da patologia, seguindo para o
exame subjetivo e objetivo e raciocínio clínico por forma a chegar à
intervenção e reavaliação, tendo por base alcançar os objetivos pretendidos.

4
Caso Clínico
O utente L.C. de 19 anos de idade, chegou ao ginásio de fisioterapia
com uma dor na região posterior do tornozelo direito, tendo esta aparecido
repentinamente há cerca de 3 semanas durante um jogo. Pratica futsal de
alta competição, sendo um jogador que pertenceu à última convocatória
para a Seleção Nacional sub-21, tendo os seus treinos uma periodicidade de
cinco vezes por semana com duração de 2 horas.

Há cerca de 3 semanas, quando a sua dor apareceu, a mesma piorava


no início do treino e diminuía quando começava o aquecimento fazendo
com que treinasse “normalmente”. Quando a dor começou a ser mais
intensa começou por fazer crioterapia passando a realizar treino adaptado e
muita das vezes não consegui realizar os mesmos. Depois deste esforço
viu-se obrigado a parar a atividade porque a dor era muito desconfortável,
tendo iniciado sessões de fisioterapia. Aquando da chegada ao ginásio,
apresentava algum edema e redução da sensibilidade na região posterior do
tornozelo e que de manhã estava presente rigidez, calor e rubor nessa
região.

É de realçar que já tinha tido a dor anteriormente descrita, mas que


nunca tinha sido tão intensa como nesta situação passada.

A sua dor é forte e intermitente. É mais acentuada de manhã quando


põe, pela primeira vez, o pé no chão e vai variando ao longo do dia,
apresentando um grau 8 na Escala Visual Analógica (EVA). A dor melhora
com o repouso e com a aplicação de gelo. Refere, ainda, que quando
começou a tomar os anti-inflamatórios houve uma redução da dor e do
edema. Menciona, também, que sente que a força do membro inferior
direito, em particular a perna direita ficou diminuída, principalmente ao
nível dos flexores plantares.

O médico recomendou a realização de uma ecografia que comprovou


a tendinopatia do Tendão de Aquiles, pois na parte distal do mesmo
apresentava ligeiro espessamento das fibras.

Encontra-se motivado para a fisioterapia pois quer voltar à alta


competição, com o objetivo de voltar a ser convocado para os seniores da
sua equipa, bem como a presença na próxima convocatória da Seleção
Nacional.
5
Revisão de Literatura1
Os distúrbios do tendão de Aquiles estão entre as lesões de overuse
mais relatadas na literatura. Maioritariamente, as tendinopatias do tendão
de Aquiles atingem indivíduos que praticam atividade física, tanto a nível
amador como em alta competição. À medida que a idade aumenta também
a prevalência de lesões no tendão de Aquiles aumenta, sendo a média de
idades dos indivíduos mais afetados entre os 30 e os 50 anos.

SINTOMAS – normalmente são localizados na porção média do


tendão de Aquiles e consistem em: Dor que surge gradualmente durante
dias ou meses

 Dor intermitente relacionada com o exercício ou atividade


 Presença de crepitação do tendão durante o movimento do pé
 Sensação de rigidez após imobilidade prolongada (como após
dormir)
 Rigidez e dor no inicio de uma sessão de treino físico que
diminui à medida que o exercício continua

Nos estágios iniciais a dor desaparece com o aquecimento


permitindo que o individuo prossiga com a atividade física, no entanto a
dor vai aumentando gradualmente estando presente durante toda a sessão
de exercício, até inibir a atividade. À medida que a lesão vai progredindo a
dor aparece com a atividade física leve, durante as atividades diárias e em
casos mais graves a dor também pode aparece durante a noite.

SINAIS – alguns dos sinais utilizados em diagnóstico incluem:

 Dor à palpação ou ao toque no tendão especificamente


localizada proximamente 2-6 centímetros à sua inserção
 Diminuição da força dos flexores plantares do lado afetado
 Diminuição da endurance dos flexores plantares do lado
afetado quando comparado com o lado não afetado
(capacidade de levantar os calcanhares limitada)

6
Diagnóstico Diferencial1
Quando um indivíduo aparece com uma dor localizada
posteriormente no tornozelo, devem ser consideradas no diagnóstico
diferencial as seguintes condições:

 Rutura aguda do tendão de Aquiles


 Rutura parcial do tendão de Aquiles
 Bursite retro calcaneana
 Irritação ou neuroma do nervo sural
 Síndrome do impacto posterior do tornozelo
 Calcificação tendão de Aquiles
 Doença inflamatória sistémica

Fatores de risco1
Os fatores de risco podem ser classificados como fatores de risco
intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo. Entre os fatores de risco intrínsecos
encontram-se o elevado peso corporal ou desalinhamentos anatómicos tais
como:

 Amplitude de movimento da dorsiflexão alterada


 Diminuição da força dos flexores plantares
 Alterações na estrutura do tendão
 Manter o pé em pronação excessiva
 Encurtamento muscular dos gémeos
 Pé cavo
 Tendinopatia da inserção do tendão de Aquiles

7
Contexto Anatómico
O tendão de Aquiles é o tendão mais forte e maior no corpo humano
e também entre os tendões mais comumente lesados. 2 O tendão de Aquiles
insere-se na superfície posterior do calcâneo, distalmente à tuberosidade
póstero-superior.3
Ele liga-se ao tríceps sural (composto pelo gastrocnémio medial e
lateral, e pelo solear) e na parte posterior do calcâneo (osso do pé), sendo
responsável pela movimentação do tornozelo. O solear juntamente com os
gastrocnémios realizam o movimento de flexão plantar através do tendão .4
O tendão roda cerca de 90º no seu percurso até à inserção no
calcâneo, entre os 12-15 cm, por isso, as fibras localizadas medialmente na
sua porção proximal tornam-se posteriores a nível distal e as fibras
posteriores tornam-se laterais. Esta configuração permite o alongamento,
confere elasticidade e facilita a libertação e posterior absorção elástica de
grande quantidade de energia potencial. Estas características são essenciais
à locomoção.3

Comparativamente a outras áreas do corpo, o aporte sanguíneo para


estrutura é relativamente pobre. O tendão de Aquiles é irrigado por duas
artérias, a artéria tibial posterior que irriga a região proximal e distal e a
artéria peronial que irriga a região medial do tendão. A inervação do tendão
de Aquiles é principalmente feita através de ramos do nervo sural.6

Ainda dentro da anatomia regional é também importante notar a


presença de duas bursas, a qual pode ter patologia associada com lesão do
tendão de Aquiles. A bursa retro calcânea (conhecida como subtendinosa)
está localizada na perto da inserção do tendão de Aquiles, a outra é
chamada de retro aquilínea de Aquiles (também denominada subcutânea) e
está localizado imediatamente na zona dorsal da inserção do tecido do
tendão e subcutâneo da pele.

Em repouso, o tendão tem uma configuração ondulada, que se perde


sob tensão de tração.3 O feixe paralelo de fibras de colagénio tipo I forma a
estrutura principal do tendão de Aquiles. Esse recurso aumenta a
elasticidade do tendão e permite que o tendão se alongue e encurte durante
as atividades diárias.2

8
Fig 1. Legenda do Tendão de Aquiles

Código CID-10
De acordo com a classificação internacional CID 10, a tendinite
aquiliana tem o código M76.6 correspondente ao capítulo de Doenças do
Sistema Osteomusculares e do Tecido Conjuntivo.

Exame Subjetivo
Dados Pessoais

Nome: L. C.
Data de nascimento: 24/10/1999
Sexo: Masculino
Profissão: Estudante
Hobbies: Jogar futebol, jogar no computador

9
Principal Problema
Dor na região do tendão de Aquiles direito.

Localização dos Sintomas

Dor 1: Localizada,
Intermitente, Forte
(8/10 EVA)

Fig 2. Body Chart

Hierarquização dos Sintomas

Dado que o utente refere apenas um sintoma, não é possível


relacionar a dor que ele sente com qualquer outro tipo de dor.

Caracterização dos Sintomas

 Fator Tempo: O paciente refere que a dor é acentuada de


manhã quando põe pela primeira vez o pé no chão e vai
variando ao longo do dia. Alivia com o repouso e com o gelo.

 Origem dos Sintomas: Ao questionar o utente se considerava a


dor profunda ou superficial, respondeu que “parecia que a dor

10
não era funda”, levando me assim a concluir que é uma dor
Superficial.
 Tipo/Intensidade dos Sintomas: O utente refere uma dor
localizada e forte. Segundo a Escala Visual Analógica da Dor,
a dor apresenta um valor de 8.

Fig 3. Escala Visual Analógica (EVA)

Comportamento dos Sintomas

Evolução dos sintomas: A dor tem aumentado progressivamente ao


longo das últimas 3 semanas, tendo aumentado de um grau 5 para um grau
8 na EVA.

Fatores que aliviam: Anti-inflamatórios, gelo e repouso.

Fatores que agravam: O treino, sobretudo a corrida e as mudanças de


direção que faz, visto que é guarda-redes; alongamentos do lado afetado.
Relativamente às AVD`s, ao subir e descer escadas dói, bem como a
marcha e o levantar-se da cadeira. *(sinal subjetivo)

Categoria dos sintomas: ROM

Categoria do problema: Caracterizamos o problema como Misuse


visto que foi a realizar um “sprint” no último jogo, com um gesto técnico
incorreto.

Não é uma situação SIN, porque a dor não obriga a cessar


imediatamente a atividade quando o sintoma surge.

11
Padrão Diário

Fig 4. Gráfico representativo do padrão diário:


On/Off (varia de acordo com a atividade realizada)

História Clínica Atual

Como/Quando começou
A sintomatologia álgica surgiu há três semanas, durante um jogo de
Futsal ao realizar um “sprint” de forma repentina sem motivo aparente.

Medicação
Toma anti-inflamatórios (AINE`s) para alívio da dor e do edema.

História Clínica Anterior


Refere historia clinica anterior, com uma dor parecida, mas não tão
desconfortável e que o obrigasse a cessar a atividade, como agora.
Não refere antecedentes familiares de relevância.

Exames Complementares
Realizou uma ecografia, onde se verificou um espessamento do
tendão na sua parte mais distal, permitindo assim inferir uma tendinopatia
do tendão de Aquiles.

Perguntas Especiais

 Relativamente ao seu estado geral de saúde, apresenta-se


normal, apresenta um bom estado de saúde na generalidade,
sem problemas apesar de ser asmático. No entanto, neste
momento, encontra-se um pouco ansioso mas motivado com o
regresso à fisioterapia.

12
Raciocínio clínico baseado no exame subjetivo
Fonte/Causa dos Sintomas:

Estrutura Evidência Positiva Evidência Negativa


 Dor piora com o
movimento
 Dor melhora com o  Dor forte
Músculo
repouso  Dor superficial

 Dor quando se apoia em

“bicos dos pés"


 Localização
 Piora com a atividade

Tendão  Dor superficial _____________________


 Edema localizado

 Ecografia

 Dor localizada
Vascular  Edema  Não refere para outras

áreas
 Dor localizada
 Edema localizado  Dor intermitente
Bursa
 Melhora com o repouso  Pior com o movimento

 Piora com a atividade

 Não segue o trajeto de


Nervo  Piora com atividade um nervo específico
 Ausência de parestesias

 Dor superficial
 Dor superficial
 Dor localizada
 Dor localizada
Articulação  Presença de rigidez
 Presença de rigidez
matinal
matinal
 Piora com a atividade

 Dor superficial
 Dor localizada

 Não existem alterações


Osso _____________________
radiográficas
 Não existe trauma

 Idade

13
Tendo em conta a tabela anterior é possível constatar que existem
estruturas com maior probabilidade de serem responsáveis pelas queixas do
utente.
Desde logo podemos excluir as hipóteses de osso uma vez que não
apresentam qualquer evidência positiva, apenas têm evidência negativa.
Também podemos excluir nervo porque apresenta bem mais evidencia
negativa e tendo em conta os dados recolhidos até à altura, denotamos logo
que não há características nervosas perante o caso clinico.
Relativamente às estruturas vasculares, estas também podem ser
descartadas pois, apesar de o indivíduo apresentar edema, não existem
evidências positivas suficientes para considerar esta hipótese uma vez que a
dor é localizada e não existe qualquer tipo de dor referida para outras áreas
nem é difusa.
Analisando as evidências positivas e negativas relativas à bursa
podemos também excluir esta possibilidade, embora haja a presença do
edema e o facto de a dor piorar com a atividade, estas características não
permitem concluir que esta estrutura possa causar a dor.
Sendo assim, com o raciocínio acima realizado, é possível concluir
que existem três estruturas que devem ser tidas em conta: músculo, tendão
e articulação.
Relativamente ao tendão, a ausência de evidência negativa e a
presença de vários aspetos que vão de encontro ao principal problema do
doente, sugerem que esta estrutura esteja na origem da dor do indivíduo.
Não podemos descartar a possibilidade de serem as outras duas estruturas
(articulação e músculo), porque apesar da abundancia de evidencia
negativa, a dor tem características que pode ter relação com ambas as
estruturas e temos de terem em atenção.

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Causa/fonte dos sintomas relativos à principal dor do doente

Mecanismo dos
Evidência Positiva Evidência Negativa
Sintomas
 Intermitente  Pior desde o início;
Nocicetiva Mecânica  Localizada  Pior durante o dia

 Edema  Padrão diário

 Pior de manhã

 Edema
 Dor localizada
 Piora com o aumento
 Alívio com o repouso
Nocicetiva da pressão nos tecidos e
 Tempo de evolução
Inflamatória efeito do movimento
 Localizada
 Alívio da dor e edema
 Intermitente
graças a anti
inflamatórios
 Piora com o
movimento
Nocicetiva Isquémica ____________________  Melhora com o

repouso
 Responde à medicação

Melhora com o
Neuropática Periférica  Responde à medicação
repouso

 Responde à medicação
 Tempo de evolução
Central ____________________
da condição (3
semanas)
 Indivíduo motivado
Afetiva ____________________
para volta à competição

Dor Mecânica 0% ______|________________________ 100%


15 %
Dor Inflamatória 0% _________________________|_____ 100 %
80 %

15
Ao analisar a tabela, podemos excluir alguns dos mecanismos, que só
apresentam evidência negativa, tal como neuropática isquémica e afetiva.
Em relação à neuropática periférica e central apesar de
apresentarem evidência positiva e negativa, não se adequam ao caso clínico
inerente.
Em conclusão, existem dois mecanismos, o nociceptivo
inflamatório e mecânico, que têm mais probabilidade de serem os
mecanismos responsáveis dos sintomas. Embora o nociceptivo inflamatório
esteja mais de acordo com este caso, uma vez que se trata de um problema
devido ao desporto praticado e o sintoma aparece após o esforço repetido,
produzindo assim processos inflamatórios cada vez que existe uma pressão
dos tecidos e movimento, não nos podemos considerar ser um processo
mecânico devido ao mecanismo da lesão.
Importa, ainda, referir que será necessário um exame objetivo
detalhado para que dessa forma, consigamos descartar hipóteses e
confirmar estas suposições para que possamos inferir um diagnóstico
diferencial para descobrir melhor planp de tratamento.

Exame Objetivo
Observação
O utente chegou ao ginásio de fisioterapia de forma independente,
vindo a “manquejar”, não conseguindo apoiar totalmente o pé direito no
chão. Ainda assim, apresenta-se motivado para voltar à competição.

Características Antropométricas
Peso: 72 Kg
Altura: 1,75m
IMC: 23,45 kg/m2

Postura
A análise postural, foi realizada com o sujeito em posição anatómica,
observando a vista anterior, posterior e de perfil direito e esquerdo, sendo
que as alterações encontradas foram:
 Pés cavos
 Hiperlordose lombar
 Protração da cabeça
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Marcha
Foi avaliada a marcha ao longo de um percurso em linha reta, na
vista anterior, posterior e de perfil e foram observadas alterações:
 Elevação da anca direita durante a fase de oscilação, de
maneira a não recrutar a flexão plantar (que causa a dor)

Observação dos Tecidos Moles


Apresenta um ligeiro aumento de tónus dos músculos posteriores da
perna, especialmente da perna direita. Na região do tendão afetado,
observação alguns sinais inflamatórios, essencialmente ligeiro edema.
Existe dor à palpação na região posterior da perna e não há aumento da
temperatura na zona em questão.

Palpação
Foi palpada de forma a não realizar muita pressão, a zona do tendão
de Aquiles, que se encontra edemaciada. A dor foi imediatamente
despertada pelo que é de notar uma hiperalgesia.

Movimentos fisiológicos ativos e passivos da tibiotársica direita

Movimento Ativo Movimento Passivo


Dorsiflexão
11º 14º
(normal: 15º)
Flexão Plantar
37º 45º
(normal: 45º)
Inversão
26º 30º
(normal: 30º)
Eversão
15º 15º
(normal: 15º)

Verificou-se uma limitação da amplitude de movimento na


dorsiflexão e flexão plantar, quer ao movimento ativo, quer ao movimento
passivo no membro direito. Estes movimentos causaram dor na zona do
tendão quando alcançávamos a fase final do movimento.

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Movimentos acessórios da articulação tibiotársica
Foram testados os movimentos ântero-posteriores, póstero-interiores,
longitudinais cefálico e caudal, transversos para dentro e para fora, bem
como as rotações e em nenhum movimento, a dor foi o fator limitante,
apesar de a mesma estar presente.

Força muscular
Foi testado usando o Teste Muscular Funcional:

Músculo Força MI esquerdo Força MI direito


Quadricípite 5 5
Isquiotibiais 5 5
Gastrocnémios/Solear 5 4-
Tibial anterior 5 5

Existe portanto uma diminuição da força dos músculos


gastrocnémios e solear no membro inferior direito.

Testes Isométricos
Foram realizados os testes isométricos, sendo estes positivos para os
músculos gastrocnémios e solear. Uma vez que o utente referiu dor, no
movimento de flexão plantar.

Testes Especiais1
 Teste de Thompson
O paciente é colocado em DV com pés fora da
marquesa. O terço médio do tricípite sural é comprimido pelo
examinador, e em caso de ausência de uma flexão plantar
normal, deve-se suspeitar de rutura do tendão.
Resultado: Negativo
 Arc Sign
O paciente em DV, com os pés fora da marquesa,
pedimos para fazer alternadamente, movimentos de
dorsiflexão e flexão plantar. Se o edema, juntamente com o
tendão se mover de proximal para distal, significa “presença
de tendinopatia”.
Resultado: Positivo

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Revisão de Sistemas
A revisão de sistemas tem como objetivo a identificação de alguma
alteração nos vários sistemas do corpo humano, musculosquelético,
cardiovasculares/ pulmonar, tegumentar e neuromuscular e verificar se há
necessidade de reencaminhar o utente para outro profissional de saúde.
 Sistema Músculo-Esquelético: devido ao facto, de haver
diminuição de força dos músculos posteriores da perna direita,
bem como a diminuição das amplitudes articulares
 Sistema Cardiovascular e Pulmonar: devido ao edema (não é
muito considerável)
 Sistema Tegumentar e Neuromuscular: não há nenhum
problema ao nível destes sistemas

Padrões de Diagnóstico

Os padrões de diagnóstico dividem-se em 4 subgrupos: sistema


músculo-esquelético, neuromuscular, cardiovascular e tegumentar.
O caso clínico apresentado, bem como o exame feito chegou-se à
conclusão que o problema referido, advinha do sistema músculo-
esquelético. Posto isto, os possíveis padrões de diagnóstico do caso clínico
são os padrões 4C, 4D e 4E.

 Padrão 4C – Disfunção da performance muscular


 Padrão 4D - Disfunção da mobilidade articular, função
motora, performance muscular e amplitude de
movimento associadas com disfunções do tecido
conectivo
 Padrão 4E - Disfunção da mobilidade articular, função
motora, performance muscular e amplitude de
movimento associadas com processos inflamatórios
localizados

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Padrão de
Critérios de Inclusão Critérios de Exclusão
Diagnóstico
 Incapacidade de
treinar
Padrão 4C –  Subir e descer escadas

Disfunção da Marcha  Inflamação local


performance muscular  Levantar-se da cadeira

 Redução da força no

MI direito
Padrão 4D -
Disfunção da
mobilidade articular,  Diminuição de certas
função motora, amplitudes
performance muscular  Dor _____________
e amplitude de  Diminuição de força

movimento associadas do MI direito


com disfunções do
tecido conectivo
Padrão 4E -
Disfunção da
 Dor
mobilidade articular,
 Edema
função motora,
 Fraqueza muscular
performance muscular  Dificuldade na _______________
e amplitude de realização de atividades
movimento associadas devido à dor
com processos
inflamatórios
localizados.

No fim da realização da tabela, podemos contemplar o padrão 4C,


pois há uma quantidade considerável de atividades que o utente não realiza
devido há condição que apresenta; o padrão 4D pois existem variadas
disfunções presentes na lesão que encaixam neste padrão, não havendo
nenhuma característica que o contraindique; e por fim o padrão 4E pois há
indicação de 2 características presentes nesta categoria não havendo
qualquer critério de exclusão.
20
Avaliação, Diagnóstico e Prognóstico

A avaliação foi realizada tendo por base o raciocínio clínico feito


através dos dados recolhidos pelos exames subjetivo (informação dada pelo
indivíduo) e objetivo (recorrendo aos testes e às hipóteses). As hipóteses
elaboradas inicialmente foram-se confirmando com a realização do exame
objetivo, podendo concluir que se trata de uma Tendinopatia do Tendão de
Aquiles.
Através dos testes realizados anteriormente, denotamos algumas
alterações ao nível da articulação tibiotársica direita, como por exemplo
diminuição da amplitude articular, diminuição da musculatura posterior,
dor essencialmente enquanto caminha e em algumas principais AVD`s,
entre outros.
A duração do tratamento é muito variável, sendo que vai depender da
motivação do utente e dos resultados após cada sessão, podendo ir de
semanas até meses. Para começar, vai se realizar 4 sessões de fisioterapia
por semana, durante 5 semanas, ajustando depois consoante a evolução da
condição.
O prognóstico desta condição varia sempre de utente, para utente,
dado que existem fatores de risco internos e externos inerentes a cada
pessoa. É esperado neste utente, que ao longo das sessões haja diminuição
da dor, normalização das amplitudes articulares e melhorias ao nível da
performance muscular.
A Fisioterapia tem como objetivos melhorar a funcionalidade e a
qualidade de vida do utente, sendo muito importante o diagnóstico para
realizar o tratamento mais adequado possível.
Esperamos que dentro de 10 semanas volte a treinar integrado,
podendo voltar à competição.

21
Objetivos do Tratamento
Curto Prazo
 Diminuir a intensidade da dor
 Eliminar edema
 Eliminar pequenos processos inflamatórios, na região
 Aumentar a amplitude articular

Médio/Longo Prazo
 Eliminação da dor
 Normalização da amplitude articular da tibiotársica
direita
 Normalização do equilíbrio muscular entre os flexores
plantares e dorsais
 Aumentar a flexibilidade dos músculos flexores
plantares
 Aumentar força dos músculos flexores plantares
 Corrigir as alterações posturais
 Adoção de uma postura adequada
 Prevenir reincidências
 Regressar aos treinos de futebol, sem limitações

Plano de Tratamento
O plano de intervenção deve ser ajustado às necessidades de cada
utente, por forma a ir de encontro aos seus objetivos e a motivá-lo até ao
final do tratamento, atingindo a completa funcionalidade e bem-estar do
atleta.
Inúmeras intervenções têm sido empregadas por profissionais para o
tratamento da tendinopatia de Aquiles. Níveis variados de sucesso e as
evidências estão disponíveis para cada uma dessas intervenções poderão ser
encontradas.

22
Banhos de contraste7
A crioterapia/termoterapia poderão ser usadas, de modo a provocar a
vasodilatação na zona do tendão de Aquiles. O objetivo passa por diminuir
o edema na zona, e consequente diminuição da dor. Será a aplicada a razão
de 4:1 min de quente/frio no máximo de 20 min.

Eletroterapia7,8
Laser: laser com uma densidade energética de 3 j/cm2 (efeito
analgésico, anti-inflamatório e circulatório) no ponto de dor e de tensão.
Será utilizado também sempre que possível as ondas de choque, que
recentemente têm mostrado ótimos resultados e melhorias nesta patologia
(6 sessões, 1x por semana).
Em caso de dor podemos recorrer à Estimulação eléctrica nervosa
transcutânea convencional (TENS) (15/20 Min)

Treino excêntrico9,11
Executar 3 séries de 15 repetições, 2x por dia, 7 dias por semana

Joelho esticado – Gastrocnémio

 De pé na borda do degrau, levantar


ambas as pernas e colocando as mãos no
corrimão (A)
 Transferência para perna lesionada, e
LENTAMENTE controle o peso para
baixo para que o calcanhar fique abaixo
do degrau (B)
 Transferir o peso de volta para a perna
não lesionada para levantar ambas as
pernas (A)

23
Joelho fletido – Solear
 De pé na beira do degrau e mãos no
corrimão, levantar ambas as pernas
para ajudar a empurrar a perna afetada
(A)
 Transferir para a perna afetada o peso,
como o joelho fletido a cerca de 45º, e
controlar LENTAMENTE essa descida
ate o calcanhar ficar abaixo do degrau
(C)
 Transferir o peso de volta para a perna
não lesionada para levantar ambas as
pernas (A)

Alongamentos 1
Alongar tem sido muito recomendado fazendo parte de uma
intervenção das tendinopatias do tendão de Aquiles. Surpreendentemente,
pouca evidência suporta que os alongamentos são validos tanto na
prevenção como no tratamento.

Alongamento do tricípite sural: Manter o alongamento durante 20


segundos, e realizar 5 repetições

Na posição de pé o indivíduo deve colocar as suas mãos apoiadas ao


nível dos ombros numa parede à sua frente com as costas alinhadas. A
perna afetada é colocada atrás e a outra dá um passo à frente e colocamos o
joelho em flexão. Nesta posição, o indivíduo deve inclinar-se para a frente
até sentir a musculatura posterior da perna a alongar e manter a posição.

24
Enquanto fisioterapeutas devemos ter em conta, a prevenção de
recidivas e devemos informar o paciente, neste caso sendo um desportista,
para a realização de um bom aquecimento, alongar constantemente e para o
uso de um bom calçado para a prática desportiva. Deverá ainda parar
quando voltar a sentir dor, e procurar com urgência o fisioterapeuta para se
proceder à avaliação.

Comparação de um tratamento com o treino excêntrico com


um tratamento de ondas choque na tendinopatia do tendão de
Aquiles10

Trata-se de um ensaio clinico randomizado controlado que tem


como objetivo comparar estes 2 tipos de tratamento, em 50 pacientes e
verificar a eficácia de ambos os procedimentos exclusivamente em
pacientes com tendinopatia de no tendão de Aquiles.

Intervenção
Os 50 participantes foram divididos em dois grupos aleatoriamente,
sendo que todos receberam injeções locais de anestésicos ou
corticosteroides, e a prescrição de um anti inflamatório.

Grupo 1- 25 pacientes
Os pacientes receberam trabalho excêntrico.
Grupo 2- 25 pacientes
Os pacientes foram administrados com repetitivas ondas de
choque de baixa energia.

Resultados

Após os 4 meses (16 semanas), na escala VISA-A (escala que avalia


os problemas relacionados com o tendão de Aquiles) houve uma melhoria
em ambos os grupos, sendo que o grupo 1 consegui aumentar dos 53 para
os 63 pontos e o grupo 2 dos 53 para os 80 pontos.
Relativamente à dor, no grupo 1 houve uma diminuição de 7 para 5 e
no grupo 2 uma diminuição também de 7 para 3.

25
De salientar, que em ambos os grupos houveram utentes que
afirmaram estarem completamente recuperados ou muito perto da
recuperação, totalizando um numero de 7 pacientes no grupo 1 e 16 no
grupo 2.

Como conclusão chegou se então, a verificar uma melhor evolução


da condição segundo o tratamento por ondas de choque ao invés do treino
excêntrico.

Reavaliação
Durante o processo de reavaliação realizam-se testes e medidas
específicas após a avaliação inicial de forma a avaliar o progresso do
indivíduo e assim modificar ou redirecionar, se necessário, as intervenções.
A reavaliação é feita no início de cada tratamento, durante a
aplicação de uma técnica, após ter sido aplicada uma técnica e no final de
cada sessão de tratamento, para ter informações na evolução do tratamento
e se necessário mudar o tratamento para atingir os objetivos finais. Se os
sintomas melhorarem significa que o tratamento está a ser eficaz e deve ser
mantido, mas se piorarem indica-nos que a intensidade ou o método da
intervenção deve ser reajustado.
Neste caso específico, a reavaliação irá ser efetuada após 5 semanas
de tratamento, observando as diferenças nesse momento e o início do
tratamento e espera-se que os objetivos sejam atingidos.

Conclusão
Após a realização deste trabalho podemos concluir que a
Tendinopatia do tendão de Aquiles é uma patologia bastante comum e que
afeta sobretudo desportistas.
Foi possível aprofundar os conhecimentos sobre a patologia bem
como o tratamento, que deve incluir banhos de contraste, eletroterapia
exercícios de alongamento e o trabalho excêntrico. Por outro lado obrigou a
uma complexa pesquisa através do Google Académico, PEDro e PubMed
26
acerca do tema e da seleção e organização da informação sobre o mesmo o
que foi muito positivo para o treino da nossa capacidade de síntese.
Concluo, portanto, que com base no caso apresentado consegui
efetuar todas as fases do processo da fisioterapia, o que me permitiu
desenvolver o meu raciocino clinico, assim como a capacidade de tomar
decisões ao longo deste processo.
O papel da fisioterapia na tendinopatia do tendão de Aquiles é muito
importante, tanto no tratamento destas patologias como na prevenção de
novas ocorrências e neste caso, dar importância do retorno à prática
desportiva como fase integrante do tratamento.
É fundamental, enquanto estudantes de Fisioterapia e futuros
profissionais, sermos cada vez mais rigorosos e metódicos no exame e na
avaliação clínica do indivíduo.

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Muscle Power Deficits: Achilles Tendinitis. J Orthop Sport Phys
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