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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

01/10/2019

Número: 1002237-77.2019.4.01.4100
Classe: PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA
Órgão julgador: 5ª Vara Federal Ambiental e Agrária da SJRO
Última distribuição : 23/05/2019
Assuntos: Estelionato, Crimes contra a Flora, PROMOÇÃO, CONSTITUIÇÃO, FINANCIAMENTO OU
INTEGRAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Objeto do processo: Operação Karipuna
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Polícia Federal no Estado de Rondônia (PROCESSOS
CRIMINAIS) (AUTORIDADE)
EDINEY HOLANDA SANTOS (REQUERIDO) JOSE BRUNO CECONELLO (ADVOGADO)
CRISTIANE GOMES DA SILVA (REQUERIDO) JOSE BRUNO CECONELLO (ADVOGADO)
ANTONIO MACHAJESKI (REQUERIDO) JEFFERSON SILVA DE BRITO (ADVOGADO)
SEBASTIAO QUINTINO ALVES (REQUERIDO)
SIRLENE OLIVEIRA DA SILVA (REQUERIDO) MANOEL RIVALDO DE ARAUJO (ADVOGADO)
NOE DE JESUS LIMA (REQUERIDO) DIMAS QUEIROZ DE OLIVEIRA JUNIOR (ADVOGADO)
DOMINGOS PASCOAL DOS SANTOS (ADVOGADO)
ABRAAO DE OLIVEIRA BRITO (REQUERIDO) MANOEL RIVALDO DE ARAUJO (ADVOGADO)
MARGARETHI ALVES DE MORAIS BRITO (REQUERIDO) MANOEL RIVALDO DE ARAUJO (ADVOGADO)
JOSE PINHEIRO DA SILVA (REQUERIDO) MANOEL RIVALDO DE ARAUJO (ADVOGADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
94928 01/10/2019 19:46 Decisão Decisão
888
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Estado de Rondônia
5ª Vara Federal Ambiental e Agrária da SJRO

PROCESSO: 1002237-77.2019.4.01.4100
CLASSE: PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA (313)
AUTORIDADE: POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DE RONDÔNIA (PROCESSOS CRIMINAIS)

REQUERIDO: EDINEY HOLANDA SANTOS, CRISTIANE GOMES DA SILVA, ANTONIO MACHAJESKI, SEBASTIAO
QUINTINO ALVES, SIRLENE OLIVEIRA DA SILVA, NOE DE JESUS LIMA, ABRAAO DE OLIVEIRA BRITO,
MARGARETHI ALVES DE MORAIS BRITO, JOSE PINHEIRO DA SILVA

DECISÃO

Trata-se de requerimento de revogação de prisão preventiva formulado por ANTÔNIO


MACHAJESKI, por meio de advogado constituído, alegando que tem bons antecedentes, é pessoa idônea e
tem familiares que dele dependem, bem como que a manutenção da prisão preventiva poderia configurar
abuso de autoridade.

É o relatório. DECIDO.

Em primeiro lugar, cumpre rememorar que pedido de idêntico teor já foi apreciado por este
magistrado em 07/08/2019 (ID 75704567), tendo a intimação do réu ocorrido há menos de um mês.

A defesa não apresenta nenhum argumento direcionado à decisão que decretou a prisão
preventiva, limitando-se a alegar primariedade, idoneidade e arrimo de família. Com relação a isso, apenas me
reporto à jurisprudência coerente e estável dos Tribunais Superiores, já citada em decisão anterior, de que a
mera primariedade e residência fixa não são motivos para o afastamento da prisão cautelar.

O réu teve prisão decretada por indícios abordados na decisão originária relacionados à
garantia ordem pública, que sequer foram referidos ou cotejados pela defesa, razão pela qual ainda subsistem.

Ademais, o réu se encontra foragido até o momento, o que indica que tem a intenção de se
furtar à aplicação da lei penal.

Com relação à referência feita pelo advogado à Lei 13.869/2019, em letras garrafais, negritadas
e sublinhadas, permito-me fazer breves pontuações.

Assinado eletronicamente por: SHAMYL CIPRIANO - 01/10/2019 19:46:20 Num. 94928888 - Pág. 1
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Número do documento: 19100119462023900000093991449
Em primeiro lugar, o advogado que profere ameaça contra um juiz para o caso de indeferir seu
pedido esta promovendo um ataque contra o Estado Democrático de Direito, na medida em que criminaliza a
diferença de pensamentos e quer um Poder Judiciário atuando por receio de consequências pessoais.

A vida adulta exige de todos nós (os advogados inclusos) maturidade e equilíbrio suficientes
para respeitar a discordância - sem falar que o sistema brasileiro de justiça possui uma miríade de instrumentos
processuais para que a divergência seja debatida em órgãos colegiados superiores.

Esse estado de coisas é a realidade de vida dos membros do Poder Judiciário, que
diuturnamente veem suas decisões sendo combatidas em instâncias superiores e não raro recebem a
discordância dos tribunais na forma de reformas e anulações - sem que isso impeça o imediato cumprimento
com a manutenção de respeito pelas instituições do País.

Além disso, a alegação deve ser analisada com cautela por este juízo, na medida em que tem a
responsabilidade de assegurar a efetiva defesa técnica ao réu, nos termos do enunciado 523 do Supremo
Tribunal Federal ("No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu").

Causa surpresa que, ao tempo em que o advogado enuncia a presunção de inocência em favor
de seu cliente, indique em sua petição que este magistrado pode ser criminalmente responsabilizado por uma
lei que sequer entrou em vigor, já que ainda obedece período de vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias. Além
disso, passa em branco na sua manifestação que os crimes criados por essa lei dependem de elementos
subjetivos específicos descritos no art. 1º, §1º.

Vejo com cautela e preocupação, destarte, que a defesa técnica de Antônio Machajeski no
processo criminal aparentemente desconheça conceitos tão elementares ao Direito Penal como vigência,
vacatio legis, irretroatividade da lei penal maléfica e dolo específico ou elemento subjetivo específico do tipo.

Por essas razões, OFICIE-SE à Ordem dos Advogados do Brasil para que apure a conduta do
advogado, sob o manto do art. 34, XXIV, da Lei 8.906/94 ("Constitui infração disciplinar: [...] incidir em erros
reiterados que evidenciem inépcia profissional").

ADVIRTO o causídico peticionante que a advocacia é constitucionalmente essencial à justiça na


medida em que eleva o debate processual ao nível técnico e dogmático necessário para que as decisões do
Poder Judiciário possam encontrar sua legitimidade. Não faz parte desse quadro a utilização de ameaças
atécnicas proferidas contra magistrados como argumento de autoridade, da mesma maneira que o advogado
também não quer ter a sua profissão criminalizada.

Além disso, ADVIRTO o advogado de que suas manifestações devem gozar de caráter técnico
adequado, sob pena de o réu ser considerado indefeso e o processo ter nulidade reconhecida, nos termos da
jurisprudência sumulada adrede citada.

Arquivem-se estes autos após as comunicações e intimações necessárias.

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Porto Velho, data da assinatura eletrônica.

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SHAMYL CIPRIANO
Juiz Federal Substituto

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