Sie sind auf Seite 1von 26

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Escola de Medicina
Departamento de Medicina de Família, Saúde Mental e Saúde Coletiva

RECUROS SEMIOTÉCNICO PARA O


ATENDIMENTO EM PSIQUIATRIA
Material de auxílio para a consulta em psiquiatria
ambulatorial

Disciplina: Nosologia e Terapêutica Psiquiátrica


Atividade de Monitoria 19.1
Orientador: Prof. Alexandre Costa Val
Aluno: Lucas Camarano Leal

OuroOuro
PretoPreto
Abril/2019
Abril/2019
RECURSO SEMIOTÉCNICO PARA O ATENTIMENTO EM PSIQUIATRIA

Em todo roteiro há o risco de se induzir respostas, de se moldar a construção da narrativa do paciente.

Esteja atento para que a sequência abaixo não se sobreponha as características singulares do relato do paciente. Nesse sentido,
procure descrever incluindo as expressões e as emoções manifestadas e, caso algum tópico seja evocado fora da ordem aqui
proposta, siga a espontaneidade do diálogo, aproveitando os momentos de abertura oferecidos.

Não é preciso obter todas as informações em uma única consulta.

O objetivo principal deste roteiro é dar um suporte mnemônico para aqueles momentos em que nos sentimos perdidos e
arrastados em uma enxurrada de informações.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

 A demora na consulta pode ser antiterapêutica;

 A queixa somática pode ser um subterfúgio para a verdadeira  Não objetifique o paciente. Há ali um sujeito ativo que deve ser
queixa emocional, portanto, evite a preocupação excessiva com considerado;
os fatores orgânicos;
 O excesso de insistência pode provocar um aumento da
 Cuidado com reações intensas de pena e compaixão; com resistência; respeito o tempo e o silêncio do paciente;
comentários valorativos ou julgamentos; com demonstrações de
frieza e neutralidade;  Avaliação do paciente começa a partir do primeiro contato, antes
mesmo, em certas situações, de entrar no consultório. A todo
 Reflita sobre a possibilidade e a sua reação ao um ato de momento esteja atento aos itens da súmula patológica para uma
hostilidade do paciente; em alguns casos, risos e perguntas sobre descrição mais fidedigna e completa do paciente;
o entrevistador, com a intenção de descredibilizá-lo, são
mecanismos de defesa desenvolvidos pelo paciente para reduzir  Evite o excesso de escrita durante a entrevista; a prioridade é a
a sensação de inferioridade e impotência, além de ser uma ato de encontro e comunicação com o paciente.
maneira de evitar o contato com sua própria história;
“A maior descoberta de Freud, aquela que se acha na raiz da psicodinâmica, é que a grande causa de muita doença psicológica é o
medo do autoconhecimento – do conhecimento de nossas emoções, nossos impulsos, nossas recordações, capacidades,
potencialidades, nosso destino... Nossa tendência é temer qualquer conhecimento que faça com que desprezemos a nós mesmos ou
com que nos sintamos inferiores, fracos, inúteis, maus, vergonhosos. Nós nos protegemos e protegemos a imagem ideal de nós
mesmos por meio da repressão e de defesas semelhantes, que são essencialmente técnicas pelas quais evitamos a consciência de
verdades desagradáveis e perigosas. ”
(Maslow apud Ernest Becker, in “A Negação da Morte”, p.76. Grifos meus)1

“O que há de mais próprio no conhecimento do psicopatologista, advém do trato com as pessoas. O que, então, apreende, depende
do modo com que ele se relaciona na respectiva situação e da maneira com que colabora terapeuticamente no processo de encontro,
esclarecendo, ao mesmo tempo, a si mesmo e o outro. Não percebe indiferentemente como na leitura de um dado. Exerce uma
compreensão perceptiva na visão da alma.
O psicopatologista depende do alcance, da abertura e da plenitude de sua capacidade de vivenciar e perceber. Há uma grande
diferença entre as pessoas que andam cegas de olhos abertos pelo mundo dos doentes e a segurança que a sensibilidade da
participação confere a uma percepção clara.
A repercussão na própria alma do que acontece no outro, exige, então, do pesquisador que objetive pelo pensamento suas
experiências. Comover-se ainda não é conhecer, mas apenas a fonte de intuições que trazem o material indispensável ao
conhecimento... Frieza e empatia não se devem se opor e sim completar uma a outra. Somente a observação fria não vê o essencial.
Ambas numa ação recíproca é que podem conduzir ao conhecimento. ”
(Karl Jaspers, in “Psicopatologia Geral”, vol. 1, p. 35. Grifos meus)2

1
BECKER, Ernest. A Negação da Morte. 7. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.
2
JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral. Vol. 1. São Paulo, SP: Livraria Atheneu, 1987
4

ABORDAGEM INICIAL – SEMIOLOGIA GERAL

IDENTIFICAÇÃO + ACOLHIMENTO QUEIXA DO PACIENTE – MOTIVO DA HISTÓRIA DO PROBLEMA ATUAL


CONSULTA
Os momentos iniciais são essenciais. O Atenção para as datas e a ordem dos eventos para
paciente deve se sentir confortável e  Inicie com perguntas abertas: “O que lhe traz um melhor entendimento da sequência dos
seguro quanto a sua disposição de acontecimentos
aqui hoje? ”; “Em que posso te ajudar? ”; “O que
ouvi-lo; demonstre respeito e está acontecendo com o senhor(a)?”;  Aborde o paciente com cuidado: “Se fosse para
interesse; garanta a privacidade das  Ouça a declaração inicial sem interromper o você me falar um pouco do seu momento atual,
informações fornecidas. paciente ou dirigi-lo; o que você me diria?”; “Essas coisas que você
 Faço o registro com a terminologia do paciente; está me dizendo te deixam
 Receba o paciente, apresente seus
 Confirme os motivos principais e pergunte chateado/angustiado/triste?”; “Você pode me
colegas e explique sobre o
sobre a possibilidade de outros não explicar o está chamando de depressão?”;
funcionamento do atendimento no
“Como o problema de desenvolveu?”;
CSUFOP; mencionados;
 Caso haja informações sobre o  Início dos sintomas;
 Nome; encaminhamento, não esqueça de lê-las e  Características dos sintomas;
 Endereço;  Frequência e Duração;
registrar no prontuário.
 Sexo;  Intensidade;
 Profissão.  Fatores Agravantes e Atenuantes;
 Destacar os medicamentos usados para alívio;
 Antecedência ou Ineditismo: “Já havia sentido
ou percebido algo semelhante antes?”; “É a
primeira vez que isso aconteceu com o senhor
Pergunte sobre os objetivos do paciente em relação ao tratamento, (a)?”;
considerando suas expectativas quanto a resolução, melhora ou cura dos  Avaliar o impacto na vida da pessoa;
sintomas.  Pergunte sobre o que o paciente entende/acha
sobre os acontecimentos. Respeito suas crenças
Explore o conhecimento prévio do paciente sobre os medicamentos e o e opiniões, utilizando-as como oportunidade
atendimento psiquiátrico (por exemplo, se ele conhece pessoas que já para aprofundar temas e incentivá-lo a se
expressar.
passaram por esta experiência0.
5

ANMENESE PSIQUIÁTRICA – HISTÓRICO PSIQUIÁTRICO E MEDICAÇÃO

MEDICAMENTOS EM USO E JÁ UTILIZADOS


ANTECEDENTES MÉDICOS
 Diagnóstico prévios de doenças  Identificar o nome, quando for possível;
não-psiquiátricas; Medicação  Dosagem utilizada;
prescrita;  Frequência do uso;
 Diagnósticos prévios de doenças  Duração do uso;
psiquiátricas;  Experiências e sensações em relação ao uso; BENEFÍCIOS/EFEITOS COLATERAIS*;
 Internações hospitalares prévias; dificuldades para seguir a prescrição;
 Acompanhamento prévio em  Impacto dos medicamentos nas relações interpessoais e no trabalho;
serviço de saúde mental;  Expectativa sobre a ADIÇÃO/RETIRADA de drogas;
 Hábitos de vida: uso álcool,  Expectativa sobre o AUMENTO/REDUÇÃO das doses;
tabaco e drogas.

Sono:
* Apetite;
EFEITOS COLATERAIS
 Início dos sintomas; Gastrointestinais:
 Características dos sintomas; Motricidade;
Principais alterações
 Frequência e Duração dos sintomas; Atenção;
 Intensidade; Humor e Afeto;
 Fatores Agravantes e Atenuantes; Memória;
 Comprometimentos da profissional e das relações
Sensopercepção;
interpessoais.
Comportamento;
Relações interpessoais.
6

ANMENESE PSIQUIÁTRICA – BIOGRÁFICOS, HISTÓRIA FAMILIAR E


PERSONALIDADE
1 - Trabalho:
 Tipo de trabalho, rotina, local, jornada de trabalho;
exposição a riscos físicos, químicos e biológicos;
 Sempre trabalhou na mesma atividade?
ANMENESE PSIQUIÁTRICA – BIOGRÁFICOS, HISTÓRIA
 Histórico de admissões/demissões; Existe algum padrão?
FAMILIAR E PERSONALIDADE Tem dificuldade me permanecer por muito tempo no
mesmo local?
 Satisfação atual? Quais são os principais
Em todas as fases do ciclo vital, perguntar sobre: incômodos/queixas?
 Estrutura familiar;  Quais são as perspectivas futuras?
VIDA ADULTA
 Comportamento;  A alguma emoção/expressão associada ao trabalho?
 Relacionamento com familiares e comunidade;  Quais expressões são usadas pelo paciente para descrever
o seu trabalho?
 Relação com colegas de trabalho.
INFÂNCIA3 ADOLESCÊNCIA
2 - Vida familiar e conjugal:
 Relacionamentos anteriores; números de parceiros; tem
 Aprendizagem da linguagem;  Interesses, aspirações e modelos de
dificuldade em manter relações?
 Desenvolvimento admiração;  É ciumento? É possessivo? Brigas são frequentes?
neuropsicomotor:  Desempenho escolar;  Status da relação(es) atuais;
 Interações sociais;  Amizades;  Satisfação no relacionamento atual;
 Parassonias: bruxismo,  Relação com os pais;  Gestações;
sonambulismo, terror noturno,  Sexualidade: identidade de gênero,  Características do parceiro (a); Como descreve o parceiro?
orientação sexual; 1as experiências sexuais;  Filhos; problemas de relacionamento; problemas de
pesadelos, sonilóquios, insônia,
saúde; problemas no desenvolvimento neuropsicomotor;
sono agitado; parceiros passados e atuais;
insatisfações afetivas;
 Alterações esfinctéricas;  Relação com o próprio corpo;
3 - Atuação e posição dentro comunidade;
 Distúrbios alimentares;  Observações sobre a sua autoimagem;
 Fobia escolar.  Expectativas sobre o futuro; 4 - Crenças/Religiosidade;
 Uso de álcool e drogas; 5 - Situação socioeconômica
 Crenças/Religiosidades.
7

ANMENESE PSIQUIÁTRICA – BIOGRÁFICOS, HISTÓRIA FAMILIAR E PERSONALIDADE

É essencial caracterizar os antecedentes biográficos.


Evite uma atitude policialesca. A verdade subjetiva do paciente pode ser um elemento
estruturante da personalidade do sujeito.

Em relação ao paciente ao relatar: Linha temporal Em relação aos objetos do relato:

 Qual é a expressão afetiva durante o relato?  Quem são os envolvidos?


 Qual a atitude/postura durante o relato?  Descrição do paciente sobre os envolvidos
Evento Marcante/Relevante:

Infância
Data (utilize as expressões do próprio paciente);
 Existe um papel identificável na narrativa em que o
paciente se coloca (p.ex. sofredor – “carregador de  Falecimentos;  Há predominância/repetição de alguém no
cruz”, vítima inerme, herói, onipotência, observador  Acidentes; relato? Quem? Existe alguma emoção
crítico distante/indiferente, autorreferente –  Traumas; perceptível associada?
“centro de todas as atenções”)?  Separação de pais;  Alguém nunca é mencionado no relato?

Adolescência
 Quais termos/expressões o paciente usou para se  Amizades/Relacionamentos  A descrição de alguém provoca
autodescrever? (início, término, casamentos); manifestações/alterações emocionais
 Existe uma estrutura na narrativa perceptível?  Trabalho (início, demissão); perceptíveis no paciente? Quem? Qual reação
 Existem omissões ou saltos temporais que lhe  Experiências e hábitos de vida foi desencadeada?
chamaram a atenção? (relações sexuais, uso de  A menção ou pergunta sobre alguém deixa o
Vida Adulta

 Algum assunto deixou o paciente desconfortável? entorpecentes) paciente desconfortável? Quem?


 Ele se negou a esclarecer sobre algum ponto da  Há predominância/repetição de algum local
narrativa? Qual? Qual era a emoção associada? específico no relato? Qual? Existe alguma
 A narrativa foi longa ou curto? Foi preciso fazer emoção perceptível associada?
interrupções para dar continuidade a consulta?  A predominância/repetição de algum
objeto/atividade no relato? Qual? Existe
alguma emoção perceptível associada?
8

ANMENESE PSIQUIÁTRICA – BIOGRÁFICOS, HISTÓRIA FAMILIAR E PERSONALIDADE

PERSONALIDADE: configuração de características coerente e CONSTITUIÇÃO CORPORAL 1


organizada que inclui uma maneira regular e consistente de pensar,
perceber, sentir e agir.5
Forma mais completa da integração psíquica, refletida em particular
pelo sentimento do “eu”, de sua unidade e identidade, e pela sua TEMPERAMENTO: conjunto de particularidades psicofisiológicas e
conduta individualizada. É o resultado de uma atividade psíquica psicológicas inatas, que diferenciam um indivíduo do outro.1
autônoma e dirigida. Pertence a história biológica e social do indivíduo,
resultante a interação entre o inato e o adquirido. Dificilmente pode ser
concebida como um sistema rígido, fixado de uma vez por todas; se
CARÁTER: soma de traços de personalidade, expressos no modo
apresenta antes de tudo como uma “criação continuada”, em relação
básico de o indivíduo reagir perante a vida, seu estilo pessoal, suas
com os dinamismos do ser vivente.2
formas de interação social. Reflete o temperamento moldado,
Tende a canalizar o potencial energético e a restringir a disponibilidade
modificado e inserido no meio familiar e sociocultural. Resultante
do indivíduo, limitando seus possíveis comportamentos em benefício
da interação entre o temperamento e exigências conscientes e
daqueles mais plenamente desenvolvidos e sustentados. Ela aponta a
inconsciente. Em certos casos, pode se desenvolver em sentido
continuidade histórica do ser.2
oposto ao do temperamento.1
São aspecto da personalidade: a constituição corporal, o temperamento
e o cárater.1
9

PERSONALIDADE PRÉ-MÓRBIDA: mudanças comportamentais que antecedem o início dos primeiros sintomas que motivaram a
consulta psiquiátrica.5
Um padrão pré-mórbido de sintomas pode ser a primeira evidência da doença, embora a importância dos sintomas geralmente
seja reconhecida apenas de maneira retrospectiva.4
Sinais e sintomas prodômicos, por outro lado, são aqueles manifestos ao início do transtorno, representam de fato a fase
precoce, inicial do adoecimento.1

CONDUTAS, TRAÇOS DE TEMPERAMENTO E COMPORTAMENTO PRÉ-MÓRBIDOS

 A criança de irrita facilmente, apresentando acesso de raiva;


LABILIDADE EMOCIONAL
 Baixa tolerância a frustrações.

 Crianças extremamente inquieta e agitada, facilmente estimulável e com difícil controle motor;
INSTABILIDADE PSICOMOTORA
 É desajeitada e hiperativa;

 Em situações simples, a criança/adolescente se descontrola, tem atitudes violentes em diferentes


AUTO ou HETEROAGRESSÃO locais (casa, escola);
 Envolve-se em brigas facilmente ou se automutila quando tomada por sentimentos ruins.

 Crianças/adolescente bastante preocupada, ansiosa, teme ser criticada ou até mesmo avaliada;
SINTOMAS ANSIOSOS  Evita situações consideradas ansiogênicas, sendo bastante insegura e dependente;
 Timidez excessiva.

 Necessidade constante de aprovação;


ATITUDES IMATURAS  Atitudes infantis diante de conflitos, age como criança menor;
 Dependência constante dos pais.

MEDO DE TUDO  Medos exagerados e infundados;


 Medo de dormir sozinha, no escuro ou em seu quarto;
10

 Medo de animais e situações cotidianas.

 Crianças mais triste, emburrada e chorona;


 Adolescente complexado com o corpo, sente-se feio e desinteressante;
 Declara que ninguém lhe tem apreço;
TENDÊNCIA A DEPRESSÃO
 Chora por qualquer motivo;
 Tem poucos amigos e acidenta-se com frequência;
 Recusa-se a experiências novas.
Rivalidade excessiva com irmãos e outras crianças pela atenção e objetos;
MANIFESTAÇÕES DE CIÚME
Não aceita dividir nada do que é seu.
Rigidez no comportamento, necessidade de uniformidade, rigor com a forma e a ordem;
TRAÇOS OBSESSIVOS Não brinca para não se sujar;
Sofre excessivamente com as mudanças e com as críticas.
Não volta para casa para dormir;
FUGAS DE CASA
Passa o dia todo na rua.
 Pequenos furtos, ameaças e brigas;
ATOS ANTISSOCIAIS  Mentiras com finalidade de fugir das responsabilidades;
 Não assume seus erros.

 Relata fatos irreais, vivenciando-os por vezes sem a crítica adequada;


MITOMANIA
 Vive no mundo da fantasia.

 Não consegue se inserir em um grupo novo, pois teme ser rejeitado ou desprezado;
 Consegue iniciar o contato com crianças novas, mas é incapaz de manter e consolidar a amizade por
não tolerar ser confrontado ou desacatado;
 Quer que tudo seja do seu jeito sempre;
DIFICULDADES DE SOCIALIZAÇÃO  Inabilidade no contato social;
 Não consegue lidar com a diferença;
 Ausência de contato visual ou verbal;
 Não aceita contato físico; não se aconchega no colo;
 Seus interesses são particulares e restritos, não se encaixa no contexto do grupo.
Fonte: MIGUEL, 2011
11

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

1. Aparência 5. Nível de Consciência 9. Humor 12. Inteligência


2. Atitude/Postura 6. Orientação 10. Afeto 13. Linguagem
3. Cooperação/Vínculo - Autopsíquica 11. Volição 14. Pensamento
4. Psicomotricidade - Alopsíquica (tempo e espaço) - Curso
7. Atenção - Forma
- Tenacidade - Conteúdo
- Vigilância 15. Sensopercepção
8. Memória 16. Juízo crítico
17. Consciência do Eu

“Se tivéssemos conceitos claros, a terminologia seria fácil. Parece de todo impossível elaborar-se
agora, por uma comissão, uma terminologia uniforme. Para isso faltam inteiramente conceitos
fixos, universalmente válidos. Deve-se exigir apenas de quem trabalha em psicopatologia que
conheça os conceitos dos grandes pesquisadores e que exprima conscientemente, com suas
próprias palavras, determinados conceitos. ” 3
12

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

1. APARÊNCIA 2. ATITUDE/POSTURA 3. COOPERAÇÃO/VÍNCULO 4. PSICOMOTRICIDADE


Impressão geral da aparência física
 Adequação das roupas para a  Afetada;  Amigável;  Agitação:
idade e o local;  Arrogante;  Cooperativa/Colaborativa;  Lentificação;
 Autocuidado;  Amaneirada;  Simpática;  Estereotipias;
 Expressão facial;  Confusa;  Hostil;  Tremores;
 Características extravagantes;  Deprimida;  Resistente;  Maneirismo: tipo de estereotipia
 Desconfiada/Suspicaz;  Agressiva; caracterizado por movimentos bizarros
 Dissimuladora;  Solicita; e repetitivos, geralmente complexos;
 Desinibida;  Tiques: geralmente são reflexos
 Evasiva; condicionados
 Expansiva:  Apraxia;
 Indiferente;  Catalepsia: perda abrupta do tônus
 Irônica; muscular;
 Inibida;
 Lamuriosa/Queixosa;
 Manipuladora;
 Oposicionista/Negativista;
 Perplexa;
 Reservada:
 Sedutora;
 Submissa;
 Tímida;
13

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

5. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 1,6  Delirium: síndrome orgânica cerebral aguda, de etiologia inespecífica;
Definição neuropsicológica: sentido de estado vígil, em que consciência transitório e de intensidade flutuante; rebaixamento leve a moderado,
equivale ao grau de clareza sensório; trata-se do nível de consciência.1 acompanhado de desorientação temporoespacial, dificuldade de
concentração, perplexidade, ansiedade em graus variados, agitação ou
 Desperta;
lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e
 Lúcido;
ilusões/alucinações, quase sempre visuais.
 Responsiva;
 Delirium tremens: síndrome de abstinência com delirium; estado
 Consciente/Cônscio;
psicótico agudo; geralmente ocorre 48h após a retirada/diminuição do
 Sonolenta;
consumo de álcool;
 Desacordada;
 Estados crepusculares: estreitamento do campo da consciência de
 Confusão: geralmente relacionada doença orgânica; caracterizado por
surgimento abrupto; conservação da atividade psicomotora; podem
desorientação, lentificação dos processos cerebrais, perda de iniciativa,
ocorrer neste estado atos explosivos/violentos e episódios de
comprometimento da atenção;
descontrole emocional
 Obnubilação/Turvação: rebaixamento em grau leve ou moderado;
 Estado segundo: atividade psicomotora que permanece estranha à
diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração
consciência; atos incongruentes e extravagantes;
de impressões sensoriais;
 Dissociação da consciência: fragmentação ou divisão do campo da
 Estupor: manifestações da atividade estão reduzidas ao grau mínimo ou
consciência em razão da perda da unidade psíquica; desencadeada por
mesmo abolidas; falta mais ou menos completa de iniciativa e uma
acontecimentos psicologicamente significativos; curta duração;
fundamental ausência de reações diante dos estímulos externos.
 Transe: estado de dissociação da consciência que se assemelha a
 Sopor: estado de marcante turvação da consciência, no qual o paciente
sonhar acordado; presença de atividade motora automática e
só pode ser despertado por estímulo doloroso, enérgico; sem qualquer
estereotipada acompanhada de suspensão parcial de movimentos
ação espontânea;
voluntários;
 Coma: grau mais profundo de rebaixamento; não é possível qualquer
 Estado hipnótico: estado de consciência reduzida e estreitada e de
atividade voluntária consciente; ausência de qualquer indício de
atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa.
consciência; alteração de reflexos neurológicos;
14

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

6. ORIENTAÇÃO 1,6 7. ATENÇÃO 6


Complexo de funções psíquicas em virtude das quais temos consciência, em Processo psicológico, mediante o qual concentramos a nossa atividade
cada momento de nossa vida, da situação real em que nos encontramos. 6 psíquica sobre o estímulo que a solicita, seja este uma sensação,
 AUTOPSÍQUICA: orientação do indivíduo em relação a si mesmo e ao percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e
ambiente em torno. selecionar as percepções, as representações, os conceitos e elaborar o
 Saber o próprio nome; idade, profissão, data de nascimento; pensamento.6
 Reconhecimento de pessoas do seu meio imediato; O ato de concentrar apresenta dois aspectos: 1 – escolher um tema no
campo da consciência e elevá-lo ao primeiro plano do mesmo; 2 – manter
 ALOPSÍQUICA: orientação em relação ao tempo e ao espaço; depende esse tema rigorosamente perfilado sem deixar-se desviar pelas influências
estritamente da percepção, da memória e da contínua elaboração dos setores excêntricos do campo da consciência e modificar o tema
psíquica dos acontecimentos. escolhido com plena liberdade.6
 Datas, estações do ano, marcos temporais;  TENACIDADE: consiste na capacidade do indivíduo de fixar
 Onde se encontra no momento, nome de ruas, cidades etc.; voluntariamente sua atenção sobre determinado objeto;
 Desorientação: distinguir a possível causa  VIGILÂNCIA: qualidade da atenção que permite ao indivíduo mudar seu
o Redução do nível de consciência; foco de um objeto para outro.
o Déficit da memória imediata ou recente;
o Apática/abúlica: indivíduo completamente lúcido com clareza perceptiva,  Hipoprosexia: diminuição global da atenção; perda básica da
mas com falta de interesse, inibição psíquica ou insuficiência de energia capacidade de concentração;
psíquica para elaborar percepções, raciocínios e juízos;  Aprosexia: total abolição da atenção;
o Delirante;  Hiperprosexia: tendência incoercível a obstinar-se, a deter-se
o Déficit intelectual; indefinidamente sobre certos objetos;
o Dissociação: alteração temporária da consciência não devido à doença  Distração: superconcentração ativa sobre determinado conteúdo;
mental orgânica; HIPERTENACIDADE + HIPOVIGILÂNCIA;
o Desagregação: pacientes psicóticos crônicos e graves, em que a  Distraibilidade: contrário da distração; incapacidade para manter a
desagregação profunda do pensamento desorganiza toda a atividade atenção;
mental.  Desatenção seletiva: desatenção frente a temas que geram ansiedade;
15

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

8. MEMÓRIA 1,6, 7  Paramnésias: lembranças deformadas que não corresponde à


sensopercepção original;
Capacidade de registrar, manter e evocar as experiências e os fatos já
o Ilusões mnemônicas;
ocorridos. A capacidade de memorizar relaciona-se intimamente com o nível de
o Alucinações mnemônicas;
consciência, com a atenção e com o interesse afetivo.1
o Fabulações: lacunas na memória são completadas;
 REMOTA: meses até muitos anos; o Criptomnésias: lembranças como fatos novos;
 RECENTE: poucos minutos até 3 a 6 horas; o Ecmnésia: recordação condensada do passado;
 IMEDIATA: 1 a 3 minutos precedentes; o Lembrança obsessiva;
 Agnosias:
 TRABALHO: combinação de habilidades de atenção e da memória imediata,
o Prosopagnosia: incapacidade de reconhecimento de um grupo
que permitem manter e manipular informações novas.
específico de coisas;
 EPISÓDICA: memória explícita e declarativa relacionada a eventos
o Anosognosia: incapacidade de reconhecer uma doença/déficit em si;
específicos da experiência pessoal do indivíduo;
o Anasodiaforia: não reconhece o seu estado afetivo;
 SEMÂNTICA: aprendizado, conservação e utilização de alfo que poder ser
o Simultanagnosia: não reconhece mais um objeto ao mesmo tempo;
designado como o arquivo geral de conceitos e conhecimentos factuais do
indivíduo; diz respeito ao registro e à retenção de conteúdos em função do  Síndrome de Capgras: parente próximo é um sósia;
significado que têm; componente da memória remota;  Síndrome do duplo subjetivo: duplo perfeito; outra pessoa vira ele;
 PROCEDIMENTOS: tipo de memória automática, geralmente não-  Síndrome de Fregoli: pessoa estranha como íntima
consciente; é quase sempre implícita, pois manifesta-se tipicamente por - Déjà-Vu
ações motoras e desempenho de atividade e dificilmente expressáveis
conscientemente.  ESQUECIMENTOS:
 Hiper/hipomnésia  Normal ou fisiológico: por desinteresse ou por desuso;
 Amnésias: perda de memória  Repressão [Freud]: conteúdo desagradável ou pouco importante para
o Psicogênica; o indivíduo, podendo o sujeito, por esforço próprio, voltar a recordar
o Orgânica: menos seletiva; certos conteúdos reprimidos;
o Anterógrada: a partir do evento que causou danos;  Recalque [Freud]: certos conteúdos mnêmicos, devido ao fato de
o Retrógrada: antes do trauma serem emocionalmente insuportáveis, são banidos da consciência,
o Retroanterógrada; podendo ser recuperados apenas em circunstâncias especiais.
16

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

9. HUMOR 6,7
É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica,
 Euforia ou Alegria patológica: alegria desproporcional as
a lente afetiva que dá às vivências do sujeito, a cada momento, uma cor
circunstâncias, sentimento morbidamente exagerado de bem-estar
particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais e,
físico e emocional;
muitas vezes, modificando a natureza e o sentido das experiências
vivenciadas.1  Puerilismo: regressão ao nível infantil - reações de impaciência e de
Disposição afetiva fundamental, rica em todas as instâncias emocionais e obstinação fúteis por seus motivos, ingênuos em sua expressão e
instintivas, que dá a cada um dos nossos estados de ânimo uma desproporcionados por sua intensidade; sugestibilidade extrema na
tonalidade entre dois pólos, um patético e outro apático.6 conversação;
 Irritado;
 EMOÇÃO: podem ser definidas como reações afetivas agudas,
 Elação: sensação subjetiva de grandeza poder; ALEGRIA PATOLÓGICA
momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos; reação ao
+ EXPANSÃO DO EU;
mesmo tempo psíquica e orgânica;
 SENTIMENTO: são estados e configurações afetivas estáveis; são mais  Mania: exaltação do humor, em discordância com as circunstâncias
atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos em que o indivíduo se encontra e que pode variar desde uma
passageiros; comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, jovialidade despreocupada até uma excitação incontrolável;
representações.
 Eutimia;
 Distimia:
o Hipotímica ou Melancólica: “Triste”; “Deprimido”; “Rebaixado”;
aumento da reatividade para os sentimentos desagradáveis; tristeza
profunda e imotivada acompanhada de lentidão e inibição de todos os
processos psíquicos
o Hipertiímica ou Eufórica;
o Disforia: distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva
desagradável;
17

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

10. AFETO 1,6,7


Inclui a expressividade, o controle e a adequação das manifestações de
 Paratimia: reações completamente incongruentes a situações
sentimentos, envolvendo a intensidade, a duração, as flutuações do humor
existenciais ou a determinados conteúdos ideativos;
e seus componentes somáticos.5
 Anedonia: incapacidade de sentir prazer
 PAIXÃO: tendência predominante e geralmente exclusiva, que exerce, de  Neotimia: designação para sentimentos e experiências afetivas
maneira mais ou menos constante, uma ação diretriz sobre a conduta e inteiramente novos, vivenciados por pacientes em estado psicótico;
o pensamento, dirigindo os juízos de valor e impedindo o exercício de  Tenacidade afetiva: persistência anormal de certos estados afetivos,
uma lógica imparcial. como o ressentimento, o ódio e o rancor; fixação prolongada de
sentimentos desagradáveis;
 MODULAÇÃO: controle sobre os afetos
 Instabilidade afetiva: mudança rápida e imotivada do HUMOR,
o Normomodulado; “Bem modulado”;
acompanhada por uma reação afetiva de intensidade extraordinária;
o Hipomodulado: rigidez afetiva, manutenção de uma certa fixidez no
forma súbita de reação aos diferentes estímulos do meio exterior; revela
afeto externalizado.
enfraquecimento dos mecanismos de inibição e de controle;
o Hipermodulação: associada à labilidade afetiva; oscilações marcantes no
 Moria: estado de excitação alegre associado a certo puerilismo mental;
humor manifesto.
bufonarias, caretas, gargalhadas, inquietação;
 Catitimia: influência que a vida afetiva, o estado de humor, as emoções,
 Síntome: corresponde com o humor os sentimentos e as paixões exercem sobre as demais funções psíquicas;
 Ambivalente: experiência de sentimentos opostos, simultaneamente, e  Irradiação afetiva: capacidade que o indivíduo tem de transmitir, irradiar
em relação ao mesmo motivo”; ou contaminar os outros com seu estado afetivo momentâneo; por meio
 Apatia ou Indiferença Afetiva: aparência de estoicismo diante de da irradiação afetiva, faz com que os outros entrem em sintonia com ele.
situações que se tornariam desagradáveis e até insuportáveis para um
indivíduo são; associada a inação (“não fazer nada”); incapacidade para
sentir emoções delicadas; ausência de sensibilidade moral;
 Distanciamento afetivo;
 Embotamento afetivo ou Afeto plano: afeto que não modulo; “Fácies
em máscara”;
18

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

10. AFETO 1,6,7 10. VOLIÇÃO 6


 ANGÚSTIA: “Sentimento frequente e torturante é a angústia. O ato voluntário se compõe basicamente de três fases: 1 - deliberação; 2 – resolução; e
O medo se refere a alguma coisa. A angústia é sem objeto” 3 – execução. A deliberação é o componente intelectual do ato volitivo; a resolução
(Jaspers)6 inclui a escolha entre executar ou inibir o ato; a execução é consequência lógica da
Condições essenciais: 1 – sentimento de iminência de um resolução.
perigo indeterminado, acompanhado da elaboração de temas O ponto de partida de partida de um ato voluntário é constituído pela representação de
trágicos, os quais ampliam as imagens compondo um drama; 2 uma finalidade próxima ou remota, que tem por objetivo determinar uma modificação
– estado de alerta frente uma catástrofe iminente; 3 – em nós mesmos ou no ambiente.6
convicção da incapacidade absoluta e sentimento de
desorganização levam a prostração diante do perigo;  Debilitação da vontade: Hipobulia e Abulia – afrouxamento e insuficiência volitiva,
o Angústia vital: elemento básico da personalidade humana; especialmente na passagem do pensamento para a ação;
condições corporais íntimas ameaçadoras; apresenta-se ao  Negativismo: tendência permanente e instintiva a reagir contra toda solicitação do
consciente no consciente sob a forma de sensações viscerais; mundo exterior, qualquer que seja sua natureza;
o Angústia real: origem em uma ameaça externa  Suscetibilidade volitiva: tendência geral, permanente e instintiva, a adotar qualquer
conscientemente percebida; solicitação vida do exterior, seja qual for a sua natureza;
o Angústia moral: conflita dentro da própria psique entre  Impulsividade: ações isoladas, súbitas, involuntárias e desprovidas de finalidade;
tendências primitivas e outras superiores; podem apresentar explosões emocionais; em alguns casos, se caracterizam pela
impetuosidade, rapidez e falta de consideração para com o próprio indivíduo ou para
 FOBIA: temor insensato, obsessivo e angustiante, que certos com os demais.
doentes sentem em determinadas situações;  Atos automáticos: sem a interferência da vontade e, muitas vezes, sem que o
Escapa a razão e resiste a qualquer objeção; refere-se acertos paciente saiba que está realizando;
objetos, atos ou situações;  Tiques: movimentos reflexos, de defesa ou de expressão, que acabam por
A presença sensorial direta da coisa ou do ser sobre o qual a degenerar em atos automáticos; são semiconscientes; pode ser a expressão motora
fobia se sistematiza não é necessária ao desencadeamento da de um conflito psíquico – representa um impulso reprimido, um ato inibido por
reação ansiosa; representações mentais contrárias, derivadas da personalidade do indivíduo; o
sentido original pode perder-se gradualmente, persistindo somente vestígios do
movimento primitivamente intencional; lugar do ato aparece a intenção do ato.
19

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

12. INTELIGÊNCIA 7 13. LINGUAGEM 6,7


Estimativa do nível de desempenho intelectual esperado,
em função da escolaridade e do nível sociocultural, Processo mental de caráter essencialmente consciente, significativo e orientado para o
enquanto capacidade compreensão e integração de social.6
experiências.7
 Afasia: é a perda da linguagem, falada e escrita, por incapacidade de compreender
utilizar os símbolos verbais; é sempre a perda de habilidade linguística que foi
 Vocabulário (quantidade, qualidade e complexidade);
previamente adquirida no desenvolvimento cognitivo do indivíduo.
 Articulação de conceitos;
o Afasia de expressão ou de Broca: não consegue falar ou fala com dificuldades,
 Capacidade abstrativa e de generalizar;
apesar do órgão fonador preservado; afasia não-fluente; fala monótona,
 Autodomínio e expressão da própria experiência;
pronunciamentos curtos, com latência aumentada nas respostas e sem contorno
 Resolução de problemas;
melódico; compreensão relativamente preservada; lesões dos giros frontais
 Prejuízo intelectual/Déficit cognitivo;
póstero-inferiores esquerdos;
 Estados demenciais.
o Afasia de compreensão ou de Wernicke: não consegue compreender a linguagem
(falada e escrita) e tem dificuldades para a repetição; fala defeituosa; afasia fluente;
lesões das áreas temporais esquerdas póstero-superiores;
o Afasia global: grave, não-fluente, acompanhada por hemiparesia direita;

 Parafasia: deformação de determinadas palavras; p.ex. “cameila” = cadeira;


 Agrafia: perda por lesão orgânica;
 Alexia: perda da capacidade já adquirida de leitura;
 Disartria: incapacidade na articulação; fala “embriagada”; alterações neurológicas
do aparelho fonador;
 Disfonia: alteração na sonoridade das palavras; disfunção do aparelho fonador ou
falha a respiração durante a fala;
20

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

13. LINGUAGEM 6  Mutismo: ausência de resposta verbal oral por parte do doente; pode
ser uma forma de negativismo verbal, de tendência automática a se
 Disfemia: alteração da linguagem falada; sem lesão ou disfunção opor às solicitações do ambiente;
orgânica; associada a estados emocionais intensos; o Eletivo: base emocional; habilidade em certas situações e fracasso em
o Gagueira: dificuldade ou impossibilidade de pronunciar certas outras específicas;
sílabas; fenômeno análogo ao tique; o Seletivo: fracasso persistente em situações sociais específicas;
associado a conflitos interpessoais, ansiedade social, timidez ou
 Dislalia: deformação, omissão ou substituição dos fonemas; hostilidade não-elaborada por meio de uma comunicação mais clara;
 Logorréia = Taquifasia: fluxo incessante de palavras ou frases, o Acinético: coma vigil; completa não-responsividade com manutenção
frequentemente associado ao taquipsiquismo geral, podendo dos olhos abertos;
haver perda da lógica do discurso; “pressão para falar”;
 Bradifasia: associada a quadros depressivos graves, estados  Tiques verbais: produção de fonemas ou palavras de forma
demenciais e esquizofrenia crônica ou com sintomas graves; recorrente, imprópria e irresistível.
 Loquacidade: aumento da fluência verbal sem qualquer prejuízo da o Coprolalia: repetição de palavras vulgares, obscenas ou relativas a
lógica do discurso; excrementos;
 Estereotipia verbal; o Verbigeração: repetição, de forma monótona e sem sentido
 Neologismos; comunicativo aparente, de palavras, sílabas ou trechos de frases;
 Ecolalia: repetição da última ou últimas palavras dirigidas ao associada a esquizofrenia;
paciente o Mussitação: repetição de uma voz muito baixa, murmurada;
 Glossolalia: fala gutural associada a esquizofrenia;
 Jargonofasia: “salada de palavras”; afrouxamento das associações;
 Palilalia: repetição automática e estereotipada da última ou últimas  Para-respostas: inflexão verbal correta de uma resposta, mas
palavras; desestruturação do controle voluntário da linguagem; conteúdo alheio a pergunta feita; relacionada as psicoses; diferenciar
 Logoclonia: repetição automática e involuntária das últimas sílabas; de uma atitude voluntária, como birra, ironia e escárnio.
desestruturação do controle voluntário da linguagem;
21

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

14. PENSAMENTO 1, 6, 7
 Dissociação: perda progressiva da organização, da sequência lógica e
O pensamento se compõe, classicamente, da articulação entre
da articulação dos juízos;
conceitos (formados a partir das representações intelectuais de
 Afrouxamento das articulações: perda dos enlaces associativos;
experiências sensórias e da imaginação), juízos (relação entre dois
 Descarrilhamento: associado a distraibilidade; pensamento escapa
conceitos) e o raciocínio (sequência de juízos).1
do curso normal, se desviando ou retomando;
 Desagregação: perda total dos enlaces associativos; sobram apenas
 CURSO: é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e seu fragmentos, muitas vezes irreconhecíveis;
ritmo ao longo de tempo:  Perseveração: repetição da mesma resposta para várias questões
 Acelerado: mania; esquizofrenia; ansiedade intensa; psicoses diferentes;
tóxicas;
 Lentificado: depressão grave; intoxicações;  CONTEÚDO: aquilo que dá substância ao pensamento, os seus temas
 Bloqueio: interrupção brusca e repentina do pensamento, sem predominantes, o assunto em si.
motivo aparente; esquizofrenia;  Ansiosos; Depressivos;
 Roubo do pensamento: sensação de que seu pensamento foi  Fóbico;
roubado de sua mente por um agente externo; associado ao delírio  Obsessivos: pensamentos recorrentes, invasivos e sem sentido, que
de influência; esquizofrenia; a pessoa reconhece como produtos de sua própria mente; podem ser
acompanhados de comportamentos repetitivos;
 FORMA: é a estrutura básica, a “arquitetura” do pensamento,
 Persecutório;
preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do
 Depreciativo; Ruína; Culpa;
indivíduo; organização formal; continuidade e eficácia em atingir
 Hipocondríaco;
um determinado objetivo:
 Religioso;
 Fuga de ideias: as associações entre as palavras passam a ocorrer
 Sexuais;
inadequadamente, por assonância (associações ressonantes) e por
 Poder; Riqueza; Prestígio; Grandeza;
estímulos externos contingentes; secundária à aceleração do
 Concreto
pensamento;
22

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

14. PENSAMENTO 1, 6, 7

 TIPOS DE PENSAMENTO:
 Pensamento oligofrênico: pobre e rudimentar; sem distinções precisas
 Pensamento mágico: relação puramente subjetiva de ideias –
entre as categorias, nas relações de causa e efeito, entre real e
ligações ocasionais e aleatórias - assumida como uma associação
imaginário;
objetiva dos fatos;
o Ilhotas de memória: memorização extensa de determinado conteúdo de
 Pensamento dereístico: realidade adaptada aos anseios do enfermo; forma mecânica e rígida (p. ex. números de telefones); autistas
tudo lhe é possível, tudo lhe é favorável;
 Pensamento demencial: empobrecimento desigual entre as áreas;
 Pensamento concreto: sem distinção entre a dimensão abstrata e
 Pensamento confusional: associado a turvação da consciência;
simbólica e a dimensão concreta e imediata fatos; pensamento
incoerente, tortuoso; dificuldade de estabelecer relações;
aderido ao nível sensorial; incapacidade de compreender metáforas;
 Pensamento desagregado: mistura aleatória de palavras, radicalmente
 Pensamento inibido: ambiguidade; obscuridade dos conceitos; falta incoerente;
de clareza e precisão;  Pensamento obsessivo: ideias ou representação com conteúdo absurdo
 Pensamento prolixo: dificuldade para concluir ou repulsivo, se impõe a consciência de modo persistente e
o Circunstancialidade: o objetivo final é longamente adiado pela incontrolável.
incorporação de detalhes irrelevantes;
o Tangencialidade: fala de forma vaga, sem atingir um objetivo ou com
objetivo mal definido; pobreza do conteúdo do pensamento;
23

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

15. SENSOPERCEPÇÃO1, 6  Auditivas: em geral, expressa inquietações e temores;


o Sonorização do próprio pensamento;
As impressões sensoriais deixam a marca se sua ação, o efeito
o Sonorização de pensamentos como vivência alucinatória-delirante:
mnêmico, que pode ser revivido sob a forma de representação.
pensamentos introduzidos por um agente externo;
No ato preceptivo, o objeto se impõe por sua presença, por seu caráter
de objetividade; na representação, o objeto não se acha presente, a  Visuais:
imagem é projetada no subjetivo.6 o Liliputianas: visão de personagens minúsculos; geralmente, associação à
afetos agradáveis;
o Autocóspica: visão do próprio corpo; associadas a estados de
 REPRESENTEÇÃO: ato de conhecimento que consiste na reativação
obnubilação de origem infecciosa ou no uso de alucinógenos;
de uma lembrança ou imagem mnêmica, sem a presença real do
o Extracampinas: localizadas fora do campo sensorial correspondente;
objeto correspondente;
 IMAGINAÇÃO: capacidade da mente humana de criar e produzir  Olfativas e gustativas: cheiros, em geral, repugnantes e cadavéricos;
imagens; na atividade criadora se associam representações e ideias; sabor estranho, metálico ou não identificável;
 ILUSÃO: há sempre a presença de um objeto externo real, gerador
 Táteis: sensações desagradáveis – pequenos insetos pelo corpo;
do processo de sensopercepção, mas tal percepção é deformada por
queimação, líquidos escorrendo, prurido, especialmente em zonas
fatores patológicos;
erógenas;
 ALUCINAÇÃO: imagem representativa ou fantástica que adquire as  Cenestésicas: sensibilidade interna; aumento de partes do corpo e da
características de sensorialidade necessárias para ser aceita pelo pressão interna; perda de órgãos – associada a ideias delirantes de
juízo de realidade como proveniente de um objeto exterior; possui: influência;
1) Nitidez sensorial;  Equilíbrio;
2) Projeção para o exterior;
3) Intensidade;  ALUCINOSE: síndrome caracterizada por alucinações auditivas, dotadas
4) Impressão de realidade; de grande nitidez sensorial, estado de ânimo angustioso, conservando o
5) Valor emocional; doente plena lucidez da consciência, orientação e capacidade de crítica.
24

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

16. JUÍZO CRÍTICO 2, 4  DELÍRIOS: ideias delirantes são juízos patologicamente falsos que
Juízos são atos noéticos (intelectuais/mentais) em que se exprimem os possuem, em variados graus, a seguintes características:
vínculos e as relações existentes entre os objetos e fenômenos da 1 - Convicção extraordinária – certeza subjetiva incomparável;
natureza. Pode expressar a verdade ou o erro, conforme suas 2 - Impossibilidade de influenciamento – seja pela experiência ou pela via do
afirmações correspondam ou não a realidade. discurso/raciocínio;
Todo juízo implica um julgamento que é, em parte, subjetivo, singular, 3 - Impossibilidade/Inverossimilhança do conteúdo;
mas também socialmente e historicamente produzido e compartilhado. “O sujeito da vivência persiste no juízo falso da realidade, apesar de conhecer
as razões em contrário, apesar de todas as reflexões, sem alimentar a menor
 ERRO SIMPLES: corrigido pela experiência; relacionado a ignorância, dúvida, até mesmo diminuído as dúvidas iniciais. ”
pressa no julgamento, premissas falsas, preconceitos, confusão,
 Delírio de Perseguição: Inquietação e Insegurança -> Desconfiança ->
consideração de coincidências como relações de causa e efeito;
Hipocrisia e Hostilidade -> Dissimulação -> Círculo íntimo como
perseguidor;
 PERCEPÇÃO DELIRANTE: quando se atribui a uma percepção normal  Delírio de Relação: o que acontece no mundo exterior está de maneira
um significado anormal, que parece surgir sem um motivo especial relacionado com o enfermo; relações egocêntricas anormais;
compreensível para um observador; geralmente no sentido de  Delírio de Influência: o paciente se sente vítima de influências
autorreferência; habitualmente aparece como comovente, telepáticas, radiações, que lhe são aplicados a distância;
transcendental, implicando sempre, em certo sentido, uma alusão  Delírio de ciúme;
pessoal; vislumbre de uma “realidade superior”, “revelação” que  Delírio de grandeza: superioridade em relação aos demais; apreciação
domina e subjuga o eu (“vivência numinosa; a alteração se encontra exagerada da própria personalidade, adoção de atitudes solenes,
no ato de doar sentido; alteração da estrutura da vivência linguagem rebuscada (delírio ambicioso); invenção e descobertas
perceptiva; mundo povoado de significações mágicas; surpreendentes (delírio de invenção); reformador moral e social, com
intenso empenho na propagação de suas ideias (delírio de reforma);
paixão com certeza de correspondência, que vai desde uma atitude
platônica a atos violentos de posse (delírio erótico).
25

EXAME PSIQUIÁTRICO – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA

16. CONSCIÊNCIA DO EU 1, 3
 DESPERSONALIZAÇÃO: vivência profunda de estranhamento e
A consciência do eu possui quatro características: 1 – sentimento de infamiliaridade consigo mesmo; sentimentos angustiosos de profunda
atividade, uma consciência da ação; 2 – a consciência da unidade: sou perplexidade; pode ocorrer em crises intensas de ansiedade, nas crises
um no mesmo momento; 3 – a consciência da identidade: sou o mesmo de pânico, nas psicoses tóxicas por alucinógenos, nos episódios agudos
que antes; 4 – a consciência do eu em oposição ao exterior e aos outros de esquizofrenia e em formas graves de depressão;
[alteridade].3
 DESREALZAÇÃO: perda da relação de familiaridade com o mundo
 PERSONALIZAÇÃO: tom especial de “meu”, do “eu”, de “pessoal”, comum, no sentido de uma relação de profunda estranheza daquilo, que,
de atividade própria em todo o ato psíquico. cotidianamente, é comum e familiar; associada a despersonalização;

 Alteração da consciência da existência: enfermos relatam que se  Alterações da imagem ou esquema corporal: p.ex. hipocondríaco,
sentem modificados, estranhos a si mesmos; “sou uma máquina”; anoréxico, membros fantasmas
“sinto-me com um morto”;
 Alteração da consciência de execução: autoria atribuída a um agente
externo; possessão por um poder estranho;
 Alteração da consciência de identidade: perda da continuidade
histórica, como o eu passado sendo interpretado com uma outro;
 Alteração da consciência de alteridade: expansão do eu para o
 NARCISISMO: direcionamento do indivíduo para si próprio. A libido
mundo exterior, com perda da diferenciação entre ambos;
volta-se para o próprio eu, deixando de investir no mundo e nas pessoas;
identificação em objetos inanimados;
não é necessariamente positivo ou negativo;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
2. DESHAIES, Gabriel. Psicopatología General. Buenos Aires, Argentina: Editora Kapelusz, 1961
3. JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral. São Paulo, SP: Livraria Atheneu, 1987
4. KAPLAN, 2017. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2017
5. MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid. Clínica psiquiátrica – A visão do Departamento e do Instituto
de Psiquiatria do HCFMUSP. Barueri, SP: Manole, 2011.
6. PAIM, Isaías. Curso de Psicopatologia. 8. ed. São Paulo, SP: Livraria Editora de Ciências Humanas, 1980.
7. ZUARDI, A.W. e LOUREIRO, S.R. Semiologia psiquiátrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, jan. /mar. 1996.

Das könnte Ihnen auch gefallen