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Introdução ao
Estudo de Pontes
André Baltazar Nogueira
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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2019
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Sumário
Unidade 1
Introdução ao estudo de pontes ����������������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Classificação das pontes��������������������������������������������������������������������� 7
Seção 2
Projeto geométrico e cargas permanentes nas
pontes de concreto����������������������������������������������������������������������������20
Seção 3
Carregamento móvel em pontes de concreto�������������������������������36
Palavras do autor
O
lá, aluno! Seja bem-vindo à disciplina de Pontes e Grandes Estruturas.
Ao longo da jornada, vai ver que muitas áreas de conhecimento da
engenharia que você estudou durante o curso se juntam, dando vida
a incríveis obras, como pontes, barragens, portos etc. Essas construções, além
de serem soluções de engenharia, muitas vezes são citadas como obras de arte,
por embelezarem as cidades e, por vezes, serem o próprio símbolo da cidade.
Em se tratando de um país com a ordem de grandeza continental como
é o Brasil, é de se pensar que haja uma grande necessidade de execução de
grandes obras de infraestrutura. Nesse item, destaca-se a execução de pontes,
viadutos, hidrelétricas, portos e aeroportos, temas sobre os quais vamos nos
debruçar, aprendendo a engenharia relacionada a essas construções. Por
serem obras de grande porte, tanto a etapa de projeto como a de execução
necessita de profissionais altamente especializados, sendo áreas carentes
e de alta importância. Uma formação sólida na disciplina de graduação de
Pontes e Grandes Estruturas trará uma visão específica dessas construções,
criando raízes que poderão auxiliar no futuro para especializações nesse eixo
de atuação do engenheiro civil, diretamente atrelado ao desenvolvimento do
nosso país.
Nesse livro, buscaremos desenvolver a capacidade de analisar e interpretar
um projeto geométrico de uma ponte, identificando seus elementos básicos
e como eles estão relacionados com o sistema construtivo. Lembre-se: na
engenharia não existe apenas uma solução correta. Assim, serão relembrados
conceitos de concreto armado e serão apresentadas as definições de concreto
protendido, visando mostrar possíveis projetos e soluções para a estrutura de
uma ponte de concreto.
Por fim, serão abordados conceitos básicos de hidrelétricas, portos
e aeroportos e como a engenharia civil enxerga e faz a gestão dessas
grandes estruturas.
Nessa disciplina, além da capacidade de resolução de problemas, o
incentivo é também para instigar a curiosidade! Seja proativo e busque
informações além das que serão apresentadas. O campo de estudo das
Pontes e Grandes Estruturas é vasto, e engenheiros civis especializados
nesse tema, como já mencionado, são profissionais diferenciados no
mercado de trabalho. Bons estudos!
Unidade 1
Convite ao estudo
Seja bem-vindo à nossa primeira unidade da disciplina de Pontes e
Grandes Estruturas.
Durante as últimas décadas, o crescimento da infraestrutura brasileira
se deu na utilização, principalmente, do transporte rodoviário. Esse sistema
teve crescimento em meados do século passado até os anos 70, passando
por um período de paralização por causa das crises nacionais. Ao final dos
anos 90, governos como o do estado de São Paulo lançaram programas de
privatizações, possibilitando a retomada de obras no sentido de moder-
nizar e ampliar a malha rodoviária. Assim, houve um grande crescimento
desse setor, levando cada vez mais a necessidade de construção de pontes e
viadutos que pudessem solucionar problemas de engenharia de tráfego. Essas
construções passaram por modernizações, tanto nas ferramentas de projeto,
utilizando softwares, quanto nos métodos construtivos. A exploração de
diferentes materiais, métodos construtivos e equipamentos são campos em
constante estudo e avanço tecnológico.
Nesta unidade você vai conhecer as principais classificações e métodos
construtivos de uma ponte de concreto, os desenhos básicos de projeto e as
principais normas do assunto. Após assimilar todos os conteúdos abordados,
você será capaz de interpretar os desenhos básicos de um projeto de ponte de
concreto e definir a ação do trem-tipo na seção transversal e viga principal.
Para entender esses conceitos básicos do estudo de uma ponte, imagine que
você seja um engenheiro civil recém-formado e foi contratado como trainee em
uma grande empresa de projetos. Logo nas primeiras semanas de trabalho, seu
supervisou gostou da sua postura ativa e curiosa e o colocou em contato com o
mais recente projeto em desenvolvimento da empresa, o projeto de uma ponte.
Como está nas primeiras etapas, ainda são necessários estudos preliminares,
definição de métodos construtivos e do sistema estrutural, desenvolvimento
do projeto geométrico e levantamento das cargas atuantes na viga principal
da ponte. Todo esse processo contempla a etapa do planejamento, ou seja, a
fase antes de entrar efetivamente no dimensionamento. A ponte faz parte de
uma obra em conjunto com a prefeitura de São Paulo e servirá para ligar duas
avenidas separadas por um pequeno rio da cidade, com vão de 25 metros. Na
Figura 1.1 você pode visualizar o croqui desta ponte.
Figura 1.1 | Desenho preliminar da ponte
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Nessa primeira seção da Unidade 1, veremos as principais classificações
das pontes e como vão de encontro com conceitos modernos da engenharia
civil, que é a industrialização da construção. Outro tema de grande impor-
tância que já iniciaremos aqui e que será trabalhado em maiores detalhes na
Unidade 3 serão os conceitos do concreto protendido e qual é sua grande
vantagem em relação ao concreto armado.
Vamos relembrar nosso contexto: você acabou de ingressar em uma
grande empresa como trainee de engenharia civil. Seu superior já identificou
sua proatividade e o colocou em contato com o projeto de uma ponte na
cidade de São Paulo, necessária para atravessar um rio e ligar duas avenidas
importantes, com vão de 25 metros.
Nesta primeira etapa, seu gestor pediu que você explique para a equipe
a diferença entre uma ponte e um viaduto, visto que muitos tiveram essa
dúvida. Considerando que o orçamento para a execução está bem controlado
e enxuto, seu superior solicitou que você também explique para a equipe
como um sistema de ponte em pórtico pode atender bem a esse projeto e sua
diferença para uma ponte em viga (tenha em mente que ele predeterminou
que a ponte será em concreto).
Para passar corretamente as explicações para a equipe, você deve ter os conhe-
cimentos básicos das classificações de pontes e sistemas estruturais envolvidos.
Então, vamos lá!
Fonte: iStock.
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A primeira ponte de concreto armado de que se tem registro é uma que
foi construída por Monier em 1875, feita no castelo de Chazelet. Já as
pontes de concreto protendido começaram a aparecer após a Segunda
Guerra Mundial, valendo destacar que em 1949 foi inaugurada a Ponte
do Galeão, a primeira protendida do Brasil e cujo vão foi recorde mundial
para esse tipo de ponte por alguns anos (veja em Thomaz (1960), p. 2).
Essa ponte possuía proteção completa do concreto, ou seja, não existia
tensão de tração nela.
THOMAZ, E. C. S. Ponte do Galeão / RJ – S.T.U.P. – 1949. Ensaios de vigas
protendidas com cabos de protensão sem aderência. Notas de aula.
Estrutura - Revista Técnica das Construções. 47 p. 1960. Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/
lobocarneiro/ponte_galeao.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018.
Assimile
Pontes em vigas e em pórticos podem ser visualmente semelhantes.
Segundo Fernandes e Correia (2017), a ponte em viga é o tipo de estru-
tura mais simples e mais antiga na construção civil. Do ponto de vista
estrutural, ela é uma estrutura rígida apoiada sobre dois pilares. Dessa
forma, a laje (ou tabuleiro) é solicitada por tração nas fibras inferiores e
por compressão nas superiores. Neste tipo de viga, suas vinculações não
transmitem momentos fletores da viga para a mesoestrutura, porém, no
segundo caso, as pontes em pórticos, as vigas principais são contínuas,
fazendo com que parte da flexão das vigas principais seja transmitida para
os pilares. Isso reduz a carga solicitante nessas vigas, podendo reduzir
suas dimensões, o volume de concreto e a quantidade total de armaduras
dessas vigas e, por isso, tendo a possibilidade de ser mais econômica.
Exemplificando
Deseja-se construir um trecho de ponte estaiada em concreto para
atravessar um rio importante no estado do Amazonas (Figura 1.7). Com
relação à classificação por posição do tabuleiro, qual seria a sua classi-
ficação correta?
Figura 1.7 | Trecho em solução de ponte estaiada
Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=ponte+estaiada&rlz=1C1GGRV_enBR-
774BR774&tbm=isch&source=lnt&tbs=sur:fc&sa=X&ved=0ahUKEwiWyYK5z43eAhXCk-
ZAKHRNDB6MQpwUIHw&biw=1366&bih=657&dpr=1#imgrc=ejUyJ7_lBt3wKM>. Aces-
so em: 14 nov. 2018.
Segundo a classificação por posição do tabuleiro, a Figura 1.7 apresenta
uma ponte com tabuleiro inferior, pois ele está abaixo do sistema que
o suporta (abaixo dos cabos de aço). Na verdade, todo trecho de ponte
em solução estaiada ou pênsil é classificado tabuleiro inferior.
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A metodologia construtiva de balanços sucessivos é bastante utilizada
no Brasil e no mundo. O link abaixo leva a um artigo de Nakamura (2012)
na revista técnica Infraestrutura Urbana sobre esse tipo de sistema. Não
deixe de acessar!
NAKAMURA, J. Pontes por balanço sucessivo. Revista Infraestrutura
Urbana - Transporte. 21. ed., nov. 2012. Editora Pini. Disponível em:
<http://infraestruturaurbana17.pini.com.br/solucoes-tecnicas/21/
pontes Acesso em: 14 nov. 2018.
Já esse segundo vídeo mostra um método executivo de lançamento
sucessivo de vigas pré-moldadas na China. O tamanho do maquinário
utilizado impressiona.
AAANJR57. Impressionante máquina-monstro construtora chinesa em
ação! (awesome monster machine chinese!). 11 abr. 2016. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=wuZn_jysd1w&t=255s>.
Acesso em: 14 nov. 2018. (Vídeo do YouTube)
Reflita
Por qual razão busca-se zerar uma tensão de tração em uma viga de
concreto protendido? O que isso influenciaria na geometria da peça
comparada a uma viga de concreto armado?
Assimile
Pontes de concreto pré-moldado moldadas no canteiro (ou pré-fabri-
cado moldadas em fábrica especializada), em concreto protendido,
podem vencer grandes vãos por minimizarem ou zerarem as tensões
principais de tração e, consequentemente, a fissuração. Além disso, essa
solução, aliada a metodologias construtivas como balanços sucessivos
em aduelas ou vigas, contribui para a industrialização da construção
civil, redução de desperdícios e mais agilidade. Por último, mas não
menos importante, as pontes resolvem problemas de engenharia de
tráfego e de mobilidade, geram empregos e, por serem obras de arte,
valorizam a cidade. Veja a junção de todas essas soluções com a Ponte
do Vale e também a Ponte de Laguna, ambas em Santa Catarina:
PREFEITURA DE GASPAR. Projeto da Ponte do Vale. 22 jun. 2012. Dispo�-
nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5Dd4OSys0ds>. Acesso
em: 14 nov. 2018. (Vídeo do YouTube)
LAGUNA IN FOCO. Ponte de Laguna. 30 jul. 2012. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=XJFM7jfcvcc>. Acesso em: 14
nov. 2018. (Vídeo do Youtube)
Você faz parte de uma equipe técnica de uma grande empresa de projetos.
Seu cargo é de trainee, e seu supervisor pediu para que você esclarecesse
alguns pontos sobre os principais conceitos de pontes e viadutos para a
equipe técnica do projeto, pois alguns membros ainda têm dúvidas. Seu chefe
também solicitou que você justificasse a escolha de uma ponte de concreto
em pórtico para esse projeto.
Primeiramente, a grande diferença de uma ponte para um viaduto é o
obstáculo a ser vencido. Se for um rio, a nomenclatura correta é ponte. Caso
seja uma avenida, uma via ou um vale, o nome geralmente usado é viaduto.
Portanto, como o obstáculo é um rio em São Paulo, o nome correto para se
referir ao projeto é ponte.
A principal razão de escolher a ponte de concreto em pórtico para esse
projeto, é que esta solução é compatível com o orçamento disponível. Você
deve explicar que, devido ao orçamento controlado, deve-se usar um sistema
estrutural comum que possa ser adaptado para concreto moldado in loco ou
pré-moldado. As pontes em elementos metálicos como as em arco, estaiadas
e pênseis são sistemas mais elaborados, envolvendo estruturas de aço, uma
solução mais cara que a de concreto. Pontes em cantiléver, por serem em
aço e não usuais, também não são uma solução viável. Por último, como o
vão a ser vencido é de 25 metros, descartamos também a solução de ponte
treliça, pois essa é recomendada para vãos menores. Poderíamos optar pelas
pontes em viga ou em pórtico. Na ponte em viga, suas vinculações não trans-
mitem momentos fletores da viga para a mesoestrutura. Você deve explicar
para a equipe que uma ponte em pórtico possui melhor redistribuição dos
esforços da viga principal, transferindo uma porcentagem do momento da
viga principal para os pilares. Assim, a melhor solução para este caso, com
o orçamento disponível, será uma ponte de concreto com sistema estrutural
em formato de pórtico.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
As fissuras observadas nas vigas principais, por serem perpendiculares
ao eixo e estarem localizadas majoritariamente no centro do vão, levantam a
suspeita de serem provenientes de tensão de tração por flexão da peça. Ciente
de que as vigas são projetadas em concreto protendido com protensão total
da viga, subentende-se que não deveriam aparecer fissuras durante sua vida
útil. É comum que as vigas de concreto armado trabalhem fissuradas, mas
esse não é o conceito do concreto protendido. Uma microfissura em concreto
protendido pode ser sintoma de uma sobrecarga considerável. Esse ponto
de atenção, com certeza, deve estar em seu relatório de reforma, inclusive
sugerindo estudos mais aprofundados sobre possíveis perdas excessivas de
protensão nessa viga, estiramento mal executado das cordoalhas de aço ou
ainda carregamento excessivo não previsto em projeto.
1. Sobre as obras de arte especiais (OAEs) e seus objetivos, avalie as afirmações abaixo:
I. O nome pontes é atribuído para soluções de engenharia que visam ligar dois
lugares separados por um rio ou rodovia.
II. A classificação das pontes (ou OAEs) são diversas, porém a mais usada é a
classificação por posição do tabuleiro.
IV. Ponte pênsil e ponte estaiada conseguem vencer vãos maiores que uma
ponte em concreto armado, principalmente por serem estruturas proporcio-
nalmente mais leves, envolvendo estruturas de aço.
a. I, IV e V.
b. II, III, IV e V.
c. III, IV e V.
d. III e IV.
e. III e V.
d. Pontes em pórtico podem redistribuir tensões e vencer vãos maiores que uma
ponte pênsil.
PORQUE
Diálogo aberto
Na seção anterior, conhecemos as principais classificações de pontes e
vimos uma introdução importante sobre concreto protendido. Essas infor-
mações foram importantes para chegar no sistema estrutural da ponte que
melhor atende nosso contexto.
Como trainee no departamento de engenharia de uma grande empresa,
você está participando da equipe responsável pelo desenvolvimento de um
projeto de ponte a ser construída na cidade de São Paulo. Para isso, é neces-
sário que você compreenda exatamente o que representa cada elemento
integrante de uma ponte e, além disso, esteja capacitado para o desenvolvi-
mento do cálculo estrutural, iniciado pelo levantamento das cargas perma-
nentes da estrutura.
O sistema estrutural da ponte já foi definido na seção anterior e, para
esse projeto, foi determinado em reunião na empresa que a superestrutura
será em duas vigas longarinas de concreto armado, devido às vantagens
apresentadas e facilidade no processo construtivo. Agora, para o andamento
da construção, é necessário desenvolver o projeto geométrico da obra. Este
projeto contém todas as informações necessárias para facilitar a execução
da obra pelo construtor. O projeto é resultado da definição das dimensões
necessárias das vigas longarinas para vencer o vão. Além disso, conhecendo
a largura do curso d’água e a situação do solo ao redor, no projeto geométrico
também é definido onde serão posicionados os tubulões. Sendo assim, foi
definido que o vão entre os eixos dos pilares é de 25 metros, e a viga longi-
tudinal tem comprimento total de 34 metros. A laje de aproximação mede 3
metros de comprimento, conforme Figura 1.10.
Dessa forma, com algumas medidas em mãos já definidas, seguiremos
para o levantamento das cargas permanentes da superestrutura, como das
vigas longarinas e vigas transversinas, lajes e cortinas, conforme destacadas
em cinza na Figura 1.10.
Figura 1.10 | Seção longitudinal de uma ponte de concreto armado
Reflita
A escolha do processo construtivo pode ter ligação com a capacidade
técnica das empresas responsáveis pela execução do projeto, disponíveis
na região onde será implantada a ponte e aspectos econômicos do local?
Com esses dados em mãos, o próximo passo é entender quais elementos
compõem a estrutura, conforme exemplificado na Figura 1.11.
Com esses dados em mãos, o próximo passo é entender quais elementos compõem a estrutura,
conforme exemplificado na Figura 1.11.
Assimile
Uma estrutura reticulada plana submetida a carregamentos perpen-
diculares ao seu plano é conhecida por grelha. Lembra desse tema
na disciplina de Estruturas Isostáticas? Esse sistema estrutural é
composto por vigas interligadas e perpendiculares (ou não) entre si,
preferencialmente. Sua vantagem está no funcionamento conjunto
de todos os elementos resistentes para quaisquer carregamentos.
Assim é o comportamento da distribuição dos esforços de longarinas
ligadas às transversinas.
(b)
DET.2
Transversina no vão
(a)
DET.3
Transversina no apoio
Exemplificando
Visto que as vigas têm seção transversal simétrica, devemos levantar o
esquema estático para as duas vigas? Ou fazer esse levantamento para
apenas uma já é o suficiente? O esquema estático pode ser resolvido
para uma viga e simplesmente adotado para a outra. Devido à simetria
da ponte, metade das cargas permanentes totais será absorvida por
uma viga longitudinal e apoios e outra metade, pela outra viga longi-
tudinal e apoios.
De acordo com a NBR 7187 (2003), ações permanentes são aquelas cujas
intensidades podem ser consideradas como constantes durante a vida útil da
construção. Essas cargas são representadas pelo peso próprio dos elementos
estruturais e também dos elementos que estão atuando de forma permanente
à estrutura da ponte, por exemplo, barreiras rígidas, pavimentação, passeios,
postes de iluminação, entre outros.
Para o cálculo das cargas permanentes das vigas longarinas principais e
vigas transversinas, será adotado que o peso específico (g ) para estruturas
de concreto armado ou protendido é de 25kN/m² . Portanto, conhecidas as
medidas geométricas dos elementos e o peso específico, tem-se:
G = (Área ou volume de Concreto)´ Peso específico = Carga distribuída ou concentrada
As vigas longitudinais nas regiões próximas aos apoios apresentam seção
transversal conforme destacada na Figura 1.16a durante uma extensão de
4,50 m para cada lado dos apoios. O aumento da seção transversal da viga
nessa região é feito de maneira gradual, portanto a carga distribuída será
representada de forma triangular no esquema estático. Sendo:
G longitudinal apoio = (Área de Concreto)´ Peso específico = Carga distribuída por metro
(a) Seção viga longitudinal nos apoios (b) Seção viga longitudinal no vão
(a) Seção viga transversina nos apoios. (b) Seção viga transversina no vão.
Fonte: elaborada pela autora.
Com o acréscimo de carga devido às mísulas existentes entre as transver-
sinas e as lajes no sentido transversal da obra, conforme é possível analisar
na Figura 1.12b, tem-se:
G mísulas transversina vão / viga = (Volume de Concreto)´ Peso específico = Carga concentrada
Considerando
2
a carga da barreira rígida que tem área de seção transversal
total de 0,18 m ,
G barreira rígida = (Área de Concreto)´ Peso específico = Carga distribuída por metro
Avançando na prática
a. G @ 27,50 kN / m
b. G @ 46,25 kN / m
c. G @ 61,65 kN / m
d. G @ 61,65 kN / m
e. G @ 70,50 kN / m
Com base no texto anterior, assinale a alternativa que cita corretamente os elementos consi-
derados como cargas permanentes a serem considerados no cálculo de pontes e viadutos:
Para o projeto a seguir (Figura 2), com ilustração da seção transversal de uma ponte
em duas vigas longarinas principais, foi necessário a execução de um passeio em um
lado da ponte acompanhando a calçada existente na via e de acostamento e barreira
rígida no outro lado da via. Para o levantamento dos carregamentos permanentes, da
viga longitudinal V1 ou viga V2, determine a carga permanente da viga mais carregada.
a. O caso da viga V1, com G @ 68,82 kN / m por ser o caso de maior carga
permanente.
b. O caso da viga V2, com G @ 61,65 kN / m por ser o caso de menor carga
permanente.
c. O caso da viga V2, com G @ 67,15 kN / m por ser o caso de menor carga
permanente.
d. O caso da viga V2, com G @ 74,31kN / m por ser o caso de maior carga
permanente.
e. O caso da viga V2, com G @ 85,05 kN / m por ser o caso de maior carga
permanente.
Seção 3
Diálogo aberto
Na seção anterior, especificamos os carregamentos permanentes de uma
ponte em duas vigas, de concreto armado, e demonstramos o esquema estático
das cargas solicitantes devido ao peso próprio dos elementos. Nessa etapa,
você deve partir para as cargas móveis que atuam na estrutura para, final-
mente, definir quais os carregamentos solicitantes totais existentes no projeto
da ponte. Na empresa que você trabalha, você ficou responsável por garantir
que todos os elementos estruturais sejam corretamente dimensionados.
Segundo a definição da norma NBR 7188 (ABNT, 2013), uma ponte está
sujeita a uma “ação de carga em movimento, com posicionamento variável,
aqui chamada de carga móvel”. A carga móvel, em vias rodoviárias, é descrita
pelo termo “trem-tipo”, o qual representa um conjunto de carregamentos
móveis composto de um veículo padrão, com dimensões definidas e carga P,
em kN (quilonewtons). O veículo padrão deve assumir qualquer posição em
toda a pista rodoviária, preferencialmente com as rodas na posição mais desfa-
vorável para o cálculo do elemento estrutural em análise. Adicionalmente
a esse veículo padrão, deve-se aplicar uma carga distribuída, descrita pelo
termo multidão, p, em KN/m2 (quilonewtons por metro quadrado), repre-
sentando a presença de veículos menores e pedestres (para casos de obras
com trecho de passeio para pedestres) na região restante da pista rodoviária,
preenchendo a ponte em toda a sua extensão. Uma representação didática
das cargas móveis em uma ponte pode ser observada na Figura 1.23, com um
veículo padrão e um carregamento distribuído, multidão, representado por
veículos menores.
Figura 1.23 | Seção longitudinal de uma ponte de concreto armado
Reflita
As normas passam por atualizações e em cada uma delas, carrega-
mentos de maior intensidade são adotados para novos projetos. Como
se comportam as obras projetadas para normas antigas e veículos mais
pesados trafegando?
Assimile
Vamos posicionar o trem-tipo na obra e, com auxílio da linha de influ-
ência de reações, determinar o trem-tipo transversal para posterior-
mente determinar o trem-tipo longitudinal máximo para esse projeto.
Sendo assim, o trem-tipo longitudinal máximo será a soma das reações
causadas na viga longitudinal devido à presença de carregamentos na
seção transversal sob o tabuleiro.
Pesquise mais
O artigo Histórico das normas brasileiras para cargas móveis em projetos
de pontes e viadutos, publicado na Revista Concreto e Construções, pode
te ajudar a entender melhor os carregamentos e dimensões dos veículos
utilizados em cada período na história do Brasil. Ainda, contém fotos e
tabelas que mostram de forma clara as diferenças entre as normas.
TIMERMAN. J. Histórico das normas brasileiras para cargas móveis em
projetos de pontes e viadutos. Revista Concreto e Construções. São
Paulo, v. 80, p. 123-128, out-dez 2015. Disponível em: < http://ibracon.
org.br/site_revista/concreto_construcoes/ebook/edicao80/files/
assets/basic-html/page123.html>. Acesso em: 7 nov. 2018.
Caso ainda tenha ficado alguma dúvida sobre o roteiro de cálculo para
pontes, o caderno publicado por Fernandes e Correia (2017) também
pode ajudar. Nesse trabalho foi especificado um passo a passo de cada
etapa para o dimensionamento das estruturas principais.
FERNANDES, A. V. B.; CORREIA, V. C. Uma introdução ao estudo das
pontes em viga. Cadernos de Graduação. Sergipe, v. 4, n.1, p. 133-136.
2017. Disponível em: < https://periodicos.set.edu.br/index.php/cader�-
noexatas/article/view/3972/2210>. Acesso em: 10 nov. 2018.
Resolução da situação-problema
Sendo os seguintes carregamentos aplicados:
Figura 1.32 | Carregamentos das cargas móveis em um corte na região do veículo padrão
Para os cálculos das ordenadas h nesse corte, os valores podem ser deter-
minados por relação de triângulos, baseado em:
1 h h h h h h h h
= 1 = 2 = 3 = 4 = 5 = 6 = 7 = 8
530 677,5 652,5 602,5 402,5 352,5 677,5 627,5 352,5
O coeficiente de impacto da norma NB6/60 – Carga móvel em pontes rodovi-
árias (ABNT, 1960) utilizado foi de 1,22, conforme norma vigente da época.
Portanto, as reações em V1 devido às duas rodas do veículo e devido à
multidão são:
Q = (60 ´1,22)´1,14 + (60 ´1,22)´ 0,76 = 139,08kN
é æ1,28 + 1,18 öù é æ 0,66 ´ 3,525 ö÷ù
< q1 = êê(3)´ççç ´ 0,25÷÷ú + ê(3 ´1,22)´çç ÷ú = 5,18 kN / m
è 2 ÷ ú
øû ë ê èç 2 ÷øú
ë û
Para o corte transversal da ponte no restante do tabuleiro, externo ao
veículo padrão, as reações em V1 devido à multidão (representado por q2 ):
1,28 + 1,18 1,18 ´ 6,275
q2 = [(5)´ ( ´ 0,50)] + [(3 ´1,22)´ ( )] = 24, 43kN / m
2 2
1. As pontes e viadutos devem ser projetadas para resistir aos esforços solicitantes
devido às cargas móveis. A norma atual que trata sobre isso é a NBR 7188:2013 –
Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estru-
turas (ABNT, 2013). Dessa forma, a norma abrange os carregamentos móveis e as
verificações a serem consideradas para tais estruturas.
Com base na norma citada, assinale a alternativa que cita corretamente os carrega-
mentos móveis que devem ser considerados para o dimensionamento de uma passa-
rela sobre rodovia.
a. Carga distribuída de 5,0 kN/m² a ser aplicada sobre a laje do vão central,
considerando coeficiente de impacto.
b. Carga distribuída de 3,0 kN/m² a ser aplicada sobre a laje do vão central,
considerando coeficiente de impacto.
c. Carga distribuída de 5,0 kN/m² a ser aplicada sobre a laje da passarela, consi-
derando coeficiente de impacto.
d. Carga distribuída de 3,0 kN/m² a ser aplicada sobre a laje da passarela, consi-
derando coeficiente de impacto.
e. Carga distribuída de 5,0 kN/m² a ser aplicada sobre a laje da passarela, sem
consideração do coeficiente de impacto.
Com base no texto anterior, assinale a alternativa que cita corretamente qual deve ser
a posição do trem-tipo no corte transversal para cálculo de uma ponte de concreto
em duas vigas longarinas:
a. O veículo padrão deve ser posicionado com seu eixo transversal coincidente
com o eixo da viga longarina, para obter os maiores esforços de reações para
a viga longarina.
c. Se o veículo padrão for posicionado com seu eixo transversal coincidente com o
eixo central da pista, as vigas longarinas receberão os mesmo esforços de reações
e, portanto, os maiores esforços que podem receber devido ao veículo padrão.
3. Uma ponte de concreto armado em duas vigas deve ser projetada para ser
construída. De acordo com a norma atual, a NBR 7188:2013 – Carga móvel rodovi-
ária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas (ABNT, 2013),
o veículo padrão utilizado é o TB-450, de 450 kN de peso total. O carregamento
móvel deve ser distribuído na seção transversal da ponte. Como pré-dimensiona-
mento, deve-se determinar inicialmente qual a posição do veículo padrão, de forma
que se escolha, para cálculo, a viga longarina mais solicitada.
Com base no texto e desenho anteriores, determine qual viga longarina, V1 ou V2,
deve ser utilizada para o cálculo da ponte de concreto em duas vigas, mediante a
posição do veículo padrão apenas. Não é necessário considerar coeficiente de impacto.
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