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-18-
CAPITULO XXXI.
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(I'OR ~rn. llii&IJLTON,)
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CAPITULO XXXV.
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CÃPlTULO XXXiX.
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CAPITULO XL VI.
CAPITULO XL VII.
i/
pete, segue-se o exame da sua organisação particu-
lar e da distribuição dessa massa de poder pelas dif-
l1
ferentes partes de que o dito governo se compõe.
Reprehende-se á constituição proposta a infrac-
ção do principio político que exige a separação e
distincção dos poderes legislativo, executivo e judi-
ciario. Esta precaução, tão essencial á liberdade
( dizem ) , foi inteiramente desprezada na organi-
sação do governo federal, onde os differentes po-
deres se achão distribuídos e confnndidos com tal
exclusão de toda a idéa de. ordem e symmetria, que
muitas das suas partes essenciaes ficão expostas a
ser esmagadas pelo peso despropo~cionado de algu-
mas outras.
Não ha verdade política de maior valor intrínseco,
ou ~scorada por melhores autoridades, do que aquel-
•
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Ia em que esta objecção se funda: a accumulação dos
}Joderes legislativo, executivo e judiciario nas mãos
de hum só inclividu{), ou de huma s{> corpePação,
seja pot• effeito de herança, seja por effeito de con-
quista ou de eleição, constitue necessariamente a
tyrannia·. Portanto '· se á,: COilsl!'~iÚção proposta se
p6de fazer a ohjecção ele accumnlar assim os po-
deres, ou ele os misturar Ele maneira que possa vir
a resultar ·~sta accumula~ão, he 1~recis6. rejeit.a..-la
seri1 mais exame; mas mtiito enganado estou eu se
deste capitulo não resultar prova completa de que
a accusação h e seiD fuudameBto, e de que o prin-
~ cipio que lhe serve de _base foi mal entendido, e
ainda peior applicado. Examinemos primeiro em
qu,e s_e ntí(lo he essen cial á lihel'(lade a ·separ)lção dos
t>t·e.s .poderes pt·inc-i paes. ·
- .O Ol'aculo sempre consultá d-o e sempre citado nesta
ma teria he Monlesquieu. Se elle não · h e autor do
inestimavel. preceito _de que fallamos, pelo menos
foi ehlé, quem melhor o des.en·v olveu, .c quem o re-
commen<i!Qu de Jwma maneira mais effectiya ú ~t
tCI~'ção do ~enero lmm ano. Comecem as por de;ter-
.m inar o sentido que se lhe lig.a. ·
· A constituição ingleza- era para MontesqtUietl o
-que he·Honiero para todos o.s Cscri-ptmJ'es -didacti-
.cos sobre poesi-a epica. Do . mesmo modo qme os
:poeu;ta:s do c·antcl'r , de. Troya tem sic1o para os t'Jlti-
Jinos o· :~podelo po-r cx.c ellencill ,. doFuile d('}\leru J~at'~
ti:r 'todos os principias c t.oGlas as r.e g-r:as da ai'te; e
pelo qual todas as obras do mesmo· genero devem
,ser jtüga,das, assim g osérJp~or .ft·ane~z tinha -ej,lca-
--rado ,a co.llstitniçfra jngloza >Como o ·vet:d:acleil'fl Lypo
-1.87-
(ja libe~·dade política, e no~ deu na fót•ma de yerlJ.a"
des ·elementares· os princípios caractct·isticos, des.t~
systema particular: portanto, para termos toda ~'l
certeza de nos nrro enganarmos no verdadeiro sen, .
tii!o do principio que ellc estabeleceu, vamos pro ·;
cura-lo na propria origem doncle o elle tir~ou.
O mais ligeit·o exame da constituição i.ngleza nos
deixar.á coúvenc_idos de que os tres poderes legisla-
tivo, executivo e j ndiciario se não achão nella intei ·
ramente dist.i nctos e separados. A magisLratnr~ e:J':e-
cntiva fórma parte constituinte do podee _leg.islativq_..
A pret·og~tiva de fazer tratados pertence . exclusi,va-
mente ao primeiro poder; porque tod·os.os qúe fizer,
:;alvas pequena s excepções, ficão tendo força de açto.~
legislativos. Por elle são tambeni nomeados todos ·o~
membros da judicatura; por ellc podem .Set' priva~
dos dos seu~ officios, mediante lmi:na mensage,rn das
d~1as camaras do padamct)to; e,. quando lhé apr.az
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con sulta-los, delles fórma hum dos seus consel~1os
constitncionaes . Hnma das can)at·as do corpo legis-
la.tivo he airida hum dos conselhos constilucionáes
elo execut-ivo: do poder judiciat·io, ·em ·caso p~ i~ ;
peacheme'!t, he ell.e -o unico depositaL'ÍO.;. e I'Jll1 Lodo~
os otJirps casos gosa de··jndsdi.cçâo suprema em caso
de nppella·ção. Pot' outl'à pa·I'te os, juizes e~~ã.o ti'i~
cslrcitarnente unidos cOiii o corpo legi.slalivo, •que
mui'tns vezes assistéin e tomão p.arte· nas suas <lcli-
heraçõcs, posto que e~1 u}timo resultado não t.ephão
VDLO deliberativo;
Po·r tanto, visto que estes factos forãc o ngrle d.e
~iemtescpiieu pm·a estabelecer o pl'Ínci'pio de que s~
t_l'aL.a,,p.odemos ~onclu1r que, qnar~d~ ~lle _es~abelec~H
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que não lta. li~erdade todas as vezes qué a mesma pessoa
ou a mesma corporação legisla e executa ao mesmo tem-
po, ou por ·outras palavras, quando o pode1· de j ulga.r
i1ão está bem distincto e separado do legislativo e exe·
cutivo, não quiz proscrever toda a acção parcial, ou
toda a influencia dos differentes poderes huns so-
bre os outros : o que quiz dizer, segundo se collige
dás .suàs expressões, e ainda melhor dos exemplos
que lhe servirão de regra, foi que · quando dous po-
deres, em toda ~sua plenitude, se achãÓ concen-
trados ~'huma só mão, iodos os princípios de hum
governo livre ficão subvertidos. Tal seria realmente
o caso na constituição que elle examina, se o rei, que
he o unico magistrado executivo, possuísse todo o
poder legislativo, ou a suprema administração da jus-
tiça; ou se o corpo legislativo exercitasse ao mesmo
tempo a suprema autoridade judiciaria e o supremo
poder executivo. Este vicio. porém não existe na
constituição ingleza. Se o rei gosa do veto sobre
todas as leis, por si não pódc fazer nenhuma; e se.
lhe compete a nomeação dos que adminisLrão jus-
tiça, não póde por si mesmo administra-la. Domes·
mo modo, ainda que os juizes sejão delegados do
poder execntivo, não execulão funcção alguma exe-
cutiva;. e posto que possãÓ ser constiltad.os pelo cor-
po legislativo, tamhem não tomão parte em func-
ção alguma legislativa. Igualmente, ainda que dous
_dos membros da legislatura possão, reunidos, privar
os juizes dos seus officios, e que mesmo hum dos
tr~s goze do poder judiciario em ultima appellação,
nem por isso a legislatura inteira p'óde fazer aclos,
hum só que seja, judiciarios. Finalmente, ainda que
' .
- 1.89-
n'hum dos membros da legislatura (o rei) resida o
supremo poder e~ecntivo, e que outro, em. caso de
impeachement, possa julgar e eonde.mnar todos os
agentes subordinados ao poder executivo, nem por
isso o corpo legislativo inteiro p6de exercitar func-
ç:io algurria executiva .
. As razões em que Montesquicu funda o seu prin_-·
cipio são huma nova prova do sentido que elle quer
dar-lhe. « Quando na mesma pessoa, diz clle, ou
« no mesmo corpo de magistratura o poder legi~ 4
cc ]ativo está reunido no poder executivo, nào p6dc
« haver liberdade; porque póde temer se que o
4
Importante as~umpto,
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CAPITULO XLVIII.
• I
Çontinuação do mesmo assumpto. Exame dos meios de pOr
· em pratica o principio de que se trata.
·· so h re o povo-
c1a ·• r1 assaz
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nÜ_meros a par expe-
rimentar ' toàas ' a·s paixõe·s ':qlte oht·a~ 'sohr't os hql
méns réÜnidos, C:OS ·emhi\ràçrro 'ele reílectir ~ \Ii'ás
as~im . mesmo não tan~to cfue n-a_o posse\ e~n 1pteg'á~ 'e!ffi
Satisfaze:_,1as OS ÍJ.1CÍ0S'f dieta dos ~~)ela reflexáp11j étYl
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amhem narece uue o podet··execr tiYO não.fot
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·9.~lj . ~qr NJP-Bç~~fi ~~~ ~ 'ft;rp; jfYMR as~? J~ <lil ~ lt~-
htmçao; Jforém a este respmto fie preciso altender
.IJ •• tr~& ,<:ó.tJ§as · .p..r.im.~i~QJ:, ..li~m.mu~ws ,desta&' ·nftac-
ções forão occasionadas pelas exigencias da guerra ,
C?11 recommend~das peJo congresso .e pelo comma~
Jãnte em chefe-; segt1ndÕ; ·cjue em .rÕÚÍtos.Ôutros-ca-
sos o poder executivo não fez mais que conformar-_
11e aos sentimentos,. ou,.dec arados o,.u presumidos, do
corpo legislativo:; te~·ce.it~o ~ qu: o poder executivo
da Pensylvania diffcre do dos ontt·os Estados pelo
grande munerp 11 ~e ,mf!mb~os . qLJe ,o. exf!rcitão; e por
esta razão , nssemelhando-se mais n hnma assem-
bl6a legislntiva que a hum concelho -executivo, o que
põe os seus membros mai'S a &nlvo do receio de
responsabilidade individual- animando -se mutua-
mente pelo exemplo, c pela influencia reunida, po-
tleml arriscar rmediüas :inwpstitucionaes cam ln ais
ISegntiança dtl qne se o'podet' exectitivo 1•esidiSS\ihl1 ;}mm 1
..
CAPITULO XLIX.
I'
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11 mente. »
I'
__; 211-
CAPITULO L.
•
(POR MR, HAAIILTON.)
/
-216
CAPITULO LI.
e
- 2i9-
fereotes empt•egos, que huns sirvão aos Ol,ittlOp qe
correctivo, e que os direito·s publicos tenhão' por
sen.tinella os interesses. populat·es. Esta inven.çao
da p1.1u~encia não póde ser menos necessaria na
distribuiçao dos supremos podet·es do Estado .
.1\'Ias a desg11aça he que, como nos g0vevnos re-
publicanos ·o poder legisla ti vo h a-de necessal'iamen-
te predominai', não bc possivel dat' a cada hum dos
o~1tros meios sufficientcs para a sua propria defensa.
O unico. recut·so consiste .em dividir a legislatut'il
.em muitas fracções, e em desliga-las huma.s das
-outn1s, já pela dilfet·ente maneit'a, de elege-las, já
·pela diversidade ~os seus princípios de abção, tanto
quanto o permittem, a natnl'eza das suas funcçõe!!
communs, e a dependencia commum em que ellas
se achao da sociedade. Porém este mesmo oieio
ainda nao basta pat•a evitar t;odo ,o pet·igo das usur-
pações. Se o excesso da influencia do corpo legis-
( lativo exige .qtle elle seja assim dividido, a fraclue-
za do poder executivo pela sua pai·te p~de que seh1
forLiJicado. O veto absoluto he, á priÚH~it·a vista,, a
arma mais natural que póde dar-se ao poder exe-
cutivo para que se defenda; pot'ém o uso que elle
póde fazer delia póde ser pel'ig~so, e mesmo insuf-
ficiehte. Nas occasiões Ol'dinarias póde não ser em-
p·r egada com a conveniente firmeza; nos casos ex-
traoi·dinarios póde a perfidia abusar della : e pol'-
tant.o he preciso remediar este defeito do veto abso-
luto, substitaindo-lhe eer.tas relações entre o podei·
executivo e a po11çao mais ft·aca do poder legislativo,
as quaes, ao mesmo tempo que disp.ozerem esta ul-
tima a sustentar os direitos constitucionaes do p.ri'-
2'20
~eiro, lhe não permittão abandonar a defensa dos
di11eitos do corpo de que faz parte.
Se os princípios ,que acabo de estabelecer sobre }
estas ohservnções são exactos, como supponho, e
se elles podem servir de pedt·a de toque para jul-
-gar do cnracter das differentes constituições dos
Estados, e elo da constituição federal, achar-se-ha
que se está ultima se nao acha com elles em har-
monia perfeita , a comparação ainda he muito
menos·favoravel áquellas: porém além destas con-
siderações ha ainda outras duas nã0 menos impor-
tantes, particularmente applicaveis ao systema fe-
deral da America, o qual por meio dellas se apre-
senta debaixo de hum novo ponto de vista cheio
de interesse.
PRIMEIRA. N'huma rcpublica simples, toda a au-
toridade delegada pelo povo he confiada a hum
governo unico, cujas usurpações são prevenidas pela
divisão dos poderes; porém na republica composta >
da Am~l'ica, não somente a autoridade delegada
pelo povo está dividida ·em dous governos bem dis-
tinctos, mas a _p orção de podet• confiada a cada hum
delles he ainda subdividida em fracções muito dis-
tinctas e separadas. Daqui dobrada segurança
})ara os direitos do povo; porque cada governo dif-
ferente, retido. por todos os outros nos seus limites
constilucionaes , se dirige e se regula a si mesmo.
SEGUNDA.. Quando n'huma repuhlica se tem ob-
tido os meios ··de defender. ·a nação contra a tyran-
nia dos seus chefes, não estão ainda resolvidas· to-
das as questões sociaes: trnta...:se além disto de. de-
tender hmna parte da sociedade contra a injustiça
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