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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA

VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO

ÁREA DAS CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA

RESISTÊNCIA DOS
MATERIAIS I

Prof. Douglas Roberto Zaions, MSc.

Joaçaba, 15 de Abril de 2011


Resistência dos Materiais I ii
Prof. Douglas Roberto Zaions
Este material foi elaborado para a disciplina de Resistência dos Materiais I do curso de
Engenharia de Produção Mecânica oferecido pela Universidade do Oeste de Santa Catarina
Campus de Joaçaba
O trabalho apresenta citações dos autores pesquisados e referências bibliográficas, constituindo-
se em uma ótima fonte para aprofundamento do conhecimento sobre resistência dos materiais.

No mesmo são tratados assuntos como: “Solicitações internas. Reações, solicitações, diagramas.
Tensões e Deformações: Estados de tensão, Lei de Hooke, trabalho de deformação. Solicitações
Axiais. Flexão simples. Cisalhamento em vigas longas. Torção. Solicitações compostas: Flexão
desviada. Análise de tensões em um ponto. Círculo de Mohr. Teorias de colapso para materiais
frágeis e dúcteis.

Tem a finalidade de proporcionar aos acadêmicos o conteúdo básico da disciplina, com o intuito
de melhorar o aproveitamento dos mesmos, principalmente em sala de aula. No entanto não deve
ser usado como única fonte de estudo.

Qualquer sugestão com referência ao presente trabalho, serão aguardadas, pois assim pode-se
melhorá-lo com futuras modificações.

Prof. Eng. Douglas Roberto Zaions, MSc.


DOUGLAS ROBERTO ZAIONS

Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Maria em 1993. Em 1994 iniciou
o curso de especialização em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina obtendo o
grau de Especialista em Engenharia Mecânica. Em 2003 concluiu o curso de Mestrado em Engenharia de
Produção na Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de concentração de Gerência,
desenvolvendo o trabalho intitulado Consolidação da Metodologia da Manutenção Centrada em
Confiabilidade em uma Planta de Celulose e Papel. Atualmente é doutorando do curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina na área de concentração de Projeto de Sistemas
Mecânicos.
Foi Coordenador do Curso de Engenharia de Produção Mecânica de março/2000 até março/2006 e do
Curso de Tecnologia em Processos Industriais – Modalidade Eletromecânica de março/2000 até
Junho/2002 da UNOESC – Joaçaba.
Conselheiro Estadual e membro da Câmara Especializada de Engenharia Industrial do Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Santa Catarina, CREA – SC no período
de janeiro de 2001 até dezembro de 2003. Também foi Diretor do CREA – SC no período de janeiro de
2002 até dezembro de 2002.
Quinze anos de docência em cursos técnicos, tecnológicos, engenharia e especialização na área
mecânica.
Professor de várias disciplinas da área de projetos nos cursos Técnico em Mecânica e Eletromecânica
do SENAI – CET Joaçaba.
É Professor do curso de Engenharia de Produção Mecânica da UNOESC – Joaçaba onde atua nas
disciplinas de Resistência dos Materiais, Elementos de Máquinas, Mecanismos, Processos de Usinagem e
Comando Numérico, Pesquisa Operacional, Projeto de Sistemas Mecânicos e Manutenção Mecânica. É
também pesquisador nas áreas de Projeto e Manutenção Industrial.
Professor dos cursos de Especialização em Engenharia de Manutenção Industrial e Engenharia de
Produção da Universidade do Oeste de Santa Catarina ministrando respectivamente a disciplina de
Manutenção de Elementos de Máquinas, Técnicas e Procedimentos de Mantenção e Gestão da
Manutenção. No curso de Especialização em Projetos de Sistemas Mecânicos atua nas disciplinas de
Metodologia de Projeto de Sistemas Mecânicos e Projeto para a Confiabilidade e Mantenabilidade.
É perito técnico judicial, desenvolvendo trabalhos nas áreas automotiva e industrial na busca de causa
raiz de falhas.
Contato: Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus de Joaçaba
e-mail: douglas.zaions@unoesc.edu.br
Fone/Fax: (49) 3551 - 2216
Resistência dos Materiais I iv
Prof. Douglas Roberto Zaions

ÍNDICE

1 TENSÕES ....................................................................................................................................................................... 7

1.1 INTRODUÇÃO A RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ......................................................................................................... 7


1.2 TIPOS DE CARGAS .................................................................................................................................................... 8
1.3 EQUILÍBRIO DE UM CORPO DEFORMÁVEL ................................................................................................................ 9
1.4 CARREGAMENTO RESULTANTE INTERNO ............................................................................................................... 10
1.5 TENSÃO ................................................................................................................................................................. 14
1.5.1 Tensão normal ............................................................................................................................................ 14
1.5.2 Tensão cisalhante........................................................................................................................................ 14
1.5.3 Estado geral de tensões .............................................................................................................................. 15
1.5.4 Tensão normal média .................................................................................................................................. 16
1.5.5 Tensão cisalhante média ............................................................................................................................. 19
1.6 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 20

2 DEFORMAÇÕES ........................................................................................................................................................ 23

2.1 DEFORMAÇÃO NORMAL ........................................................................................................................................ 23


2.2 DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO ...................................................................................................................... 26
2.3 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 29

3 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS ............................................................................................. 30

3.1 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO ...................................................................................................................... 31


3.1.1 Ductilidade.................................................................................................................................................. 34
3.1.2 Maleabilidade ............................................................................................................................................. 35
3.1.3 Dureza......................................................................................................................................................... 35
3.1.4 Resiliência ................................................................................................................................................... 35
3.1.5 Tenacidade .................................................................................................................................................. 35
3.2 LEI DE HOOKE ....................................................................................................................................................... 36
3.3 COEFICIENTE DE POISON ....................................................................................................................................... 37
3.4 LEI DE HOOKE GENERALIZADA ............................................................................................................................. 39
3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS DE ALGUNS MATERIAIS ............................................................................................. 40
3.6 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 41

4 CARGA AXIAL ........................................................................................................................................................... 45

4.1 TENSÃO NORMAL MÉDIA ....................................................................................................................................... 45


4.2 PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT ............................................................................................................................... 46
4.3 DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DE UM ELEMENTO SUBMETIDO A CARGA AXIAL ............................................................. 47
4.3.1 Deformação em barras de área de seção transversal constante e carga constante ................................... 48
4.3.2 Fórmulas para deslocamento total para alguns casos ............................................................................... 49
4.4 TENSÕES TÉRMICAS............................................................................................................................................... 52
4.4.1 Peça livre para deformar ............................................................................................................................ 53
4.4.2 Peça impedida de deformar ........................................................................................................................ 53
4.5 CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES ............................................................................................................................... 55
4.5.1 Efeito da Concentração de Tensões em materiais dúcteis .......................................................................... 56
4.5.2 Efeito da Concentração de Tensões em materiais frágeis .......................................................................... 57
4.6 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS E ESTRUTURAS CARREGADAS AXIALMENTE PELO CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA........ 61
4.7 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS E ESTRUTURAS CARREGADAS AXIALMENTE PELO CRITÉRIO DA RIGIDEZ ............... 62
4.8 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 63
4.8.1 Tensão e deformação .................................................................................................................................. 63
4.8.2 Tensões térmicas ......................................................................................................................................... 65
4.8.3 Concentração de Tensões ........................................................................................................................... 67

5 SOLICITAÇÕES CORTANTES ............................................................................................................................... 69

5.1 CISALHAMENTO SIMPLES ...................................................................................................................................... 69


5.1.1 Dimensionamento de peças submetidas ao cisalhamento simples .............................................................. 70
5.2 ESMAGAMENTO - PRESSÃO DE CONTATO (TENSÃO NORMAL) ................................................................................ 71
5.3 EXERCÍCIOS CISALHAMENTO SIMPLES E ESMAGAMENTO ...................................................................................... 72

6 FLEXÃO ....................................................................................................................................................................... 77

6.1 CLASSIFICAÇÃO DA FLEXÃO .................................................................................................................................. 77


6.2 CONVENÇÃO DE SINAIS DA FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR ...................................................................... 78
6.3 CÁLCULO DA FORÇA CORTANTE „V‟ E DO MOMENTO FLETOR „M‟ ........................................................................ 79
6.3.1 Força cortante ‘V’ ...................................................................................................................................... 79
6.3.2 Momento fletor ‘M’ ..................................................................................................................................... 79
6.4 FLEXÃO PURA E SIMPLES ...................................................................................................................................... 80
6.4.1 Flexão Pura ................................................................................................................................................ 80
6.4.2 Flexão Simples ............................................................................................................................................ 81
6.5 TENSÃO GERADA NA FLEXÃO ............................................................................................................................... 81
6.6 FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA FLEXÃO ........................................................................................ 83
6.7 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A FLEXÃO PELO CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA ...................................... 86
6.7.1 Tensões admissíveis .................................................................................................................................... 86
6.8 FLECHA PRODUZIDA NA FLEXÃO ........................................................................................................................... 87
6.9 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 90

7 TORÇÃO ...................................................................................................................................................................... 94

7.1 FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA TORÇÃO ........................................................................................ 96


7.2 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A TORÇÃO PELO CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA ..................................... 98
7.3 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A TORÇÃO PELO CRITÉRIO DA RIGIDEZ ............................................. 98
7.4 EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................... 99

8 TRANSFORMAÇÕES DE TENSÕES .................................................................................................................... 103

8.1 TENSÕES EM SEÇÕES INCLINADAS ....................................................................................................................... 103


8.1.1 Estado uniaxial de tensões ........................................................................................................................ 103
8.1.2 Estado biaxial de tensões .......................................................................................................................... 104
8.1.3 Estado plano de tensões ............................................................................................................................ 105
Resistência dos Materiais I vi
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8.2 EXERCÍCIOS ......................................................................................................................................................... 106
8.2.1 Estado plano de tensões ............................................................................................................................ 106

9 TENSÕES PRINCIPAIS ........................................................................................................................................... 109

9.1 SÍNTESE DAS PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES E SUAS TENSÕES .................................................................................... 109


9.1.1 Tensão Normal de Tração ou Compressão ............................................................................................... 109
9.1.2 Tensão de Corte devido ao Cisalhamento Simples ................................................................................... 110
9.1.3 Tensão Normal na Flexão ......................................................................................................................... 111
9.1.4 Tensão de Cisalhamento na Torção .......................................................................................................... 111
9.1.5 Tensão de Cisalhamento na Flexão .......................................................................................................... 112
9.2 ANÁLISE DE TENSÕES ......................................................................................................................................... 113
9.2.1 Tensões Principais .................................................................................................................................... 115
9.2.2 Círculo de Mohr ........................................................................................................................................ 118
9.3 EXERCÍCIOS ......................................................................................................................................................... 119

10 TEORIAS PARA FALHAS ESTÁTICAS .......................................................................................................... 122

10.1 PRINCIPAIS VARIÁVEIS UTILIZADAS NESTE CAPÍTULO ......................................................................................... 122


10.2 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 122
10.3 TEORIA DA TENSÃO NORMAL MÁXIMA .............................................................................................................. 124
10.4 TEORIA DA TENSÃO MÁXIMA DE CISALHAMENTO .............................................................................................. 126
10.5 TEORIA DE HUBER-VON MISES - HENCKY OU DA MÁXIMA ENERGIA DE DISTORÇÃO ......................................... 130
10.5.1 Comparação entre as três teorias aplicadas a materiais Dúcteis ............................................................ 132
10.6 TEORIA DE COULOMB MOHR .............................................................................................................................. 132
10.7 TEORIA DE MOHR MODIFICADA .......................................................................................................................... 133
10.8 EXERCÍCIOS ......................................................................................................................................................... 137

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 140


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 7
Prof. Douglas Roberto Zaions

1 TENSÕES

1.1 INTRODUÇÃO A RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

A resistência dos materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações entre cargas externas
aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas que atuam dentro do corpo. Esse
assunto abrange também o cálculo da deformação do corpo e o estudo de sua estabilidade, quando ele esta
submetido a forças externas.

No projeto de qualquer estrutura ou máquina é necessário primeiro usar os princípios da estática


para determinar as forças que atuam tanto sobre como no interior de seus vários membros. As dimensões
dos elementos, sua deflexão e sua estabilidade dependem não só das cargas internas como também do
tipo de material do qual esses elementos são feitos. Assim, a determinação precisa e a compreensão do
comportamento do material são de vital importância para o desenvolvimento das equações usadas na
resistência dos materiais.

O principal objetivo da Resistência dos Materiais é propiciar ao Engenheiro os meios que o


habilitem para a análise e projeto de várias estruturas de máquinas, sujeitas a diferentes carregamentos.
A Resistência dos Materiais visa a determinar as dimensões dos elementos de uma construção e que lhes
possibilitem suportar os carregamentos ou forças a que provavelmente estarão sujeitos.

Figura 1.1 – Objetivos da resistência dos manteriais


Resistência dos Materiais I 8
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Muitas fórmulas e procedimentos de projeto, definido nas normas técnicas de engenharia e usados
na prática, baseiam-se nos fundamentos da resistência dos materiais e, por essa razão, compreender os
princípios dessa matéria é extremamente importante.

A Resistência dos Materiais I estuda o comportamento dos materiais sob esforços considerando como
típicos: tração, compressão, flexão e torção.

A Figura 1.2 ilustra a evolução da Resistência dos Materiais.

Figura 1.2 – Origem da Resistência dos Materiais

1.2 TIPOS DE CARGAS

Um corpo pode estar sujeito a diferentes tipos de forças externas (Figura 1.3). As cargas podem ser:
(i) Cargas concentradas; (ii) cargas distribuídas linearmente; e (iii) cargas distribuídas em uma superfície.

Força de superfície: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
________________________________________________________
Força de concentrada: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
________________________________________________________
Força de distribuída: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
________________________________________________________
Força resultante (FR): _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
________________________________________________________
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Idealização de uma força


concentrada

Idealização de
uma força de
superfície
FR

Idealização de uma
carga distribuída
linear

Figura 1.3 – Forças externas

O que se pretende na Engenharia é projetar e construir estruturas que resistam aos esforços externos.

1.3 EQUILÍBRIO DE UM CORPO DEFORMÁVEL

Na resistência dos materiais chamamos de vínculo, apoio ou ligação a qualquer elementos que impeça
de alguma forma o livre movimento de um ou mais pontos de uma estrutura.

Os apoios podem ser simples, duplos ou triplos (engaste perfeito). O apoio simples (a) impede a
translação na direção normal da reta de vinculação. O apoio duplo (b) impede a translação nos eixos
cartesianos x e y e o apoio triplo(c) ou engaste impede os movimentos de translação e também a rotação.

Reações de apoio: _ _ _ _ _ _
(a) Apoio simples
________________
________________
________________
________________
________________
(b) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ________________

(c) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Figura 1.4 – Tipos de apoios


Resistência dos Materiais I 10
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O vínculo, impedindo uma translação numa direção, deve ser capaz de introduzir pelo menos uma
força que anula a componente da resultante final na mesma direção.
No caso de um sistema coplanar de forças
O equilíbrio de um corpo requer:
(plano x-y) as condições de equilíbrio são:
1 – Equilíbrio de forças;
________________________
2 – Equilíbrio de momentos

Matematicamente significa que : F  0 M o 0

As equações de equilíbrio requerem a especificação completa de todas as forças que atuam sobre o
corpo. “A melhor maneira de considerar essas forças é desenhando o diagrama de corpo livre”

1.4 CARREGAMENTO RESULTANTE INTERNO

Para obtermos as forças internas atuantes em uma região específica dentro de um corpo, é necessário
utilizar o método das seções. Este método requer que um corte imaginário seja feito onde as forças
internas devam ser determinadas. A (Figura 1.5) ilustra um corpo mantido em equilíbrio por quatro forças
externas. Sob uma seção do corpo é então realizada um corte imaginário (Figura 1.5a) e então as duas
partes são separadas e sobre uma delas é realizado o diagrama de corpo livre(Figura 1.5b). Este diagrama
ilustra que existe, na realidade, uma distribuição das forças internas atuantes sobre a área da seção
exposta. Estas forças representam os efeitos do material da parte superior do corpo atuantes sobre o
material adjacente da parte inferior

F4
Fy F
F3
FR
Diagrama de Corpo Livre MRO
Fx
F
(e)
O
A

F2 F2
F2
F1 F1 F1 F2
F1
(a) (b) (c) (d)

Figura 1.5 – Método das seções


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O método das seções é usado para determinar a resultante das cargas internas em um ponto localizado
na seção de um corpo. A aplicação do método das seções requer os seguintes passos para obter tais
resultantes:

Para o caso de cargas coplanares, Hibbler (2004) apresente o seguinte procedimento para avaliar o
carregamento interno:

1 - Reações de Apoio
- Decidir primeiro qual segmento do corpo será considerado. Se esse segmento tiver um apoio ou
elemento de ligação com outro corpo (tipo rótula), então antes de secionar o corpo será necessário
determinar as reações que atuam sobre o segmento escolhido. Desenhar o diagrama livre de todo o
corpo e aplicar então as equações de equilíbrio requeridas para obter as reações de apoio no
segmento escolhido.
2 - Diagrama de corpo livre
- Manter todas as cargas externas distribuídas, momentos binários, torques e forças que atuam sobre
o corpo em suas localizações exatas; traçar então uma seção imaginária através do corpo no ponto
em que a resultante das cargas internas será determinada.
- Se o corpo representa o elemento de uma estrutura ou dispositivo mecânico, a seção é, em geral,
perpendicular ao eixo longitudinal do elemento.
- Desenhar o diagrama de corpo livre de um dos elementos „cortados‟, indicando as resultantes
desconhecidas N, V, M e T na seção. Essas resultantes normalmente são colocadas no ponto que
representa o centro geométrico ou centróide da área secionada.
- Se o elemento esta submetido a um sistema de forças coplanares, somente N, V e M atuam sobre
o centróide.
- Definir os eixos de coordenadas x, y, z com origem no centróide e mostrar os componentes da
resultante que atuam ao longo dos eixos.

Existirão esse
componentes

Equações de
equilíbrio

Figura 1.6 – Método das seções aplicado a cargas coplanares


Resistência dos Materiais I 12
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Para o caso de cargas tridimensionais, a Figura 1.7 ilustra o procedimento. Neste caso os componentes
de FR e MRo atuam tanto normal como no plano da área.

Figura 1.7 – Método das seções aplicado ao caso de forças tridimensinais


Fonte: Hibbler (2004)
São definidos 4 tipos diferentes de cargas:

Força normal “N”: atua perpendicularmente a área (empurram ou puxam as duas partes);
Força de cisalhamento “V”: localiza-se no plano da área e tende a provocar um deslizamento das
duas partes;
Momento de torção, ou Torque “T”: este efeito é criado quando as cargas externas tendem a torcer
uma parte do corpo em relação a outra;
Momento Fletor “M”: é provocado pelas cargas externas que tendem a fletir o corpo em relação ao
eixo localizado no plano da área.

Exemplo 1: Hibbeler (2004)


Determinar a resultante das cargas internas que atuam na seção transversal em C do eixo de uma máquina
(Figura 1.8). O eixo é apoiado por rolamentos em A e B.

Figura 1.8 – Exemplo 1. Fonte: Hibbeler (2004)

a) Reações de apoio:

A Figura 1.8b mostra um diagrama de corpo livre do eixo inteiro. Determinaremos a reação em A e
posteriormente em B
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Equilíbrio de forças na direção y

Para + Para
-
cima (+) baixo (-)
Convensão de sinais de forças na direção y:
 Fy  0 Ay  120 N  By  225N  0 Ay  By  345N (1)

Equilíbrio dos momentos

+ -
Anti-horário (+) Horário (-)
Convensão de sinais de momentos:
MB  0 O sinal negativo para Ay indica
que Ay age no sentido contrário ao
 Ay  (0,400m)  120 N  (0,125m)  225N  (0,100m)  0 mostrado no diagrama de corpo
Ay  18,75N (2) livre (Figura 1.8b)

Substituindo a resposta (2) “ Ay  18,75N ” na equação (1) “ Ay  By  345N ” temos:


 18,75  By  345N Como a equação (1) já havia sido definida
anteriormente com o sentido de Ay para cima,
By  363,75N simplesmente substituimos a resposta obtida
Ay =-18,75N (com sinal negativo) em (1)
b) Diagrama de corpo livre em C
Se passarmos uma região imaginária perpendicular a linha de centro do eixo em C, obteremos o
diagrama de corpo livre do segmento AC mostrado na Figura 1.8c ou repetida ao lado.

Equilíbrio de forças na direção x

Para + Para
-
direita (+) esquerda (-)
Convensão de sinais de forças na direção x:
 Fx  0 NC  0
Equilíbrio de forças na direção y

Para + Para
-
cima (+) baixo (-)
Convensão de sinais de forças na direção y:
 Fy  0  18,75N  40 N  VC  0
VC  58,75N
Equilíbrio de momentos

+ -
Anti-horário (+) Horário (-)
Convensão de sinais de momentos:
 M C  0 M C  40N  (0,025m)  18,75N  (0,259m)  0
M C  5,69 N  m

Obs.: Os sinais negativos para VC e MC indicam que agem em sentidos opostos às mostradas no
diagrama de corpo livre.
Resistência dos Materiais I 14
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1.5 TENSÃO

Considere que a seção da área seja subdividida em áreas pequenas (A). Supõe-se duas hipóteses(
material contínuo e material coeso). A força F subdivide-se nas três componentes (x, y e z).

z z
F Fz
F

Fx Fy
A
x y

F2
F1

x y

Figura 1.9 – Componentes da força F

Quando A  0 , F  0

F
mas  finito . A relação entre a força e a área é chamada tensão
A

1.5.1 Tensão normal

A intensidade da força por unidade de área que atua no sentido perpendicular a A, é definida como
tensão normal,  (sigma). Visto que Fz é normal à área, então:
O índice z é usado para
indicar a direção que afasta da
Fz
 z  lim reta normal, a qual especifica
A0 A a orientação da área A.

1.5.2 Tensão cisalhante

A intensidade da força por unidade de área que atua no sentido tangente a A, é definida como tensão
de Cisalhamento,  (tau). Os componentes de tensão de cisalhamento são:O eixo z especifica a
orientação da área enquanto x e y
Fx referem-se às retas de direção das
 zx  lim tensões de cisalhamento
A0 A

Fy
 zy  lim
A0 A
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1.5.3 Estado geral de tensões

Se o corpo for secionado por planos paralelo ao plano x-z e ao plano y-z podemos então cortar um
elemento cúbico do volume do material que representa o estado de tensão.

Figura 1.10 - Estado geral de tensões


Fonte: Hibbeler (2004)
O índice z é usado para indicar a direção que afasta da reta normal, a qual especifica a
orientação da área A. O eixo z especifica a orientação da área enquanto x e y referem-se às retas
de direção das tensões de cisalhamento

Figura 1.11 - Estado geral de tensões


Fonte: Hibbeler (2004)
As unidades de tensão são ilustradas na Figura 1.12.
Resistência dos Materiais I 16
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Unidades de Tensão
No sistema internacional de unidades:
N N
Na mecânica:
 Pa mm2
m2
Usam-se prefixos
k – quilo (103) 1 N mm2  1MPa
M – mega (106)
G – giga (109)
Na indústria: kgf kgf 1000lb  kip  1 quilolibra
2 2
cm mm
No sistema inglês: lb 1000lb
2
 psi 2
 ksi
in in
Figura 1.12 – Unidades de tensão

1.5.4 Tensão normal média

Freqüentemente há elementos mecânicos ou estruturais que são submetidos a cargas axiais.

Caso todas as seções transversais da barra


P sejam iguais a barra é denominada prismática

Hipóteses para determinação da


distribuição média de tensões
P - A barra deve permanecer reta (antes e
depois da aplicação da carga;
- A seção transversal deve permanecer
plana

Se as duas hipóteses ocorrerem então _ _ _ _


_________________________
_________________________
_________________________
_____________________
P P

Figura 1.13 – Barra submetida a força axial

Visto que a barra esta submetida a uma deformação uniforme constante, a deformação é o resultado de
uma tensão normal constante .
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O resultado que cada área A esta submetida


a uma força F=.A, e o somatório destas
forças deve ser equivalente a P.

Se: A  dA e F  dF

Admitindo que  é constante:  dF    dA


A

P   A

P

A

Figura 1.14 – Tensões. Fonte: Hibbeler (2004)


O equilíbrio no elemento de volume só é conseguido quando os dois componentes da tensão normal
devem ter intensidade igual mas sentidos opostos (Figura 1.15a). Essa condição é denominada tensão
uniaxial e se aplica tanto a a tração como a compressão (Figura 1.15a).

(a) (b)
Figura 1.15 – Equilíbrio no elemento de volume (elemento infinetesimal). Fonte: Hibbeler (2004)
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Exemplo (Tensão normal média)

A barra mostrada na Figura 1.16 tem uma largura constante de b = 40 mm e uma altura constante de h =
10 mm. Determine a tensão média máxima atuante na barra quando esta submetida ao carregamento
indicado.

Figura 1.16 – Barra submetida a um carregamento axial


O primeiro passo para a solução do problema é
construir o diagrama de força axial. Neste caso
Solução: poderemos adotar que forças com o sentido
orientado para a esquerda são positivas ( +) e
forças com o sentido orientado para a direita são
negativas ( -). O diagrama de forças axiais irá
em cada seção somar ou subtrair as forças
aplicadas. Assim temos que:

A região da barra que apresenta a


máxima força de tração é a região BC.
Assim, uma vez que a área da seção
transversal reta da barra é constante, a maior
tensão média também ocorrerá nesta região
da barra.

Assim temos que:


P
 xBC  BC
A
28.000 N
 xBC 
(0,040m  0,010m)
 xBC  70  10 6 Pa
 xBC  70MPa
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1.5.5 Tensão cisalhante média

A tensão de cisalhamento média distribuída sobre cada área secionada que desenvolve a força de
cisalhamento (V=F/2) é definida por:

V V – resultante interna da força de cisalhamento;


 méd  A – Área da seção.
A
Onde:

Figura 1.17 – Tensão de cisalhamento média. Fonte Hibbeler (2004)

O equilíbrio é realizado na direção y e x (F=0) chegando ao ilustrado na Figura 1.18. Para que ocorra o
equilíbrio as quatro tensões de cisalhamento devem ter intensidades iguais, e ser direcionadas no mesmo
sentido ou em sentido contrário uma da outra nas bordas opostos do elemento

Figura 1.18 – Equilibrio de tensões cisalhantes. Fonte Hibbeler (2004)


Resistência dos Materiais I 20
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Exemplo 2 (Tensão de cisalhamento média)
A escora de madeira está suportada por uma haste de aço de 10 mm de diâmetro presa na parede. Se a
escora suporta uma carga de 5 kN. Qual a tensão de cisalhamento médio na haste?

NA HASTE

Figura 1.19 – Figura do exemplo 2. Fonte: Hibbeler (2004)

Como mostra o diagrama de corpo livre da Figura 1.19, a haste resiste à força de cisalhamento de 5 kN no
local onde esta presa à parede.

Assim, a tensão de cisalhamento média na haste é:

V 5000 N N
 méd   méd   méd  63661977,24  méd  63,7MPa
A   (0,01m) 2 m2
4

1.6 EXERCÍCIOS

1) Considerando que g = 9,81 m/s2 ou seja 1 kgf = 9,81 N, transforme faça as transformações de unidade
solicitadas abaixo:

a) 1 m para mm:

b) 1 mm para m:

c) 75 MPa para N/mm2:

d) 75 MPa para kgf/cm2:

e) 123.000.000 N/m2 para kgf/mm2:


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 21
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v t2
2) Faça uma análise dimensional da seguinte expressão: X  . sabendo-se que as unidades das
F T  J
variáveis são: F(N), J(m4), T(N.m), t(s), v(m/s).

3) (A) Identifique na figura (a) qual a tensão normal () aplicada em cada uma das faces do elemento de
volume (elementos infinitesimal). (B) Identifique na figura (b) qual a tensão cisalhante () aplicada em
cada uma das faces do elemento de volume (elementos infinitesimal).
(a) z (b) z
A
y y
A
x x B
B E
D
C C F

4) Se a peça ilustrada na figura abaixo, apresenta um diâmetro d = 30 mm e seção constante determine:


a) Faça o diagrama de esforço axial;
b) Calcule a tensão média aplicada na seção DE.
e) Calcule a tensão média máxima aplicada sobre a barra.
A B C D E
10kN 10kN 5 kN 10 kN 5kN

Diagrama de
esforço axial

5) Para a prensa esquematizada na figura abaixo, determine a força axial e a tensão normal aplicada sobre
a barra CB que apresenta um diâmetro dCB = 5 mm = 0,005 m.
Resistência dos Materiais I 22
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6) O guindaste da figura abaixo é composto pela viga AB e roldanas acopladas, além do cabo e do motor.
(a) Calcule as reações de apoio em B se o motor levanta a carga W de 2000N com velocidade constante;
(b) Determinar a resultante das cargas internas que atuam na seção transversal em C se o motor levanta a
carga W de 2000N com velocidade constante;
(c) Se a velocidade de içamento da carga deve ser de v = 3m/s, calcule o torque, a potência e a rotação do
motor necessária para o acionamento. Fórmulas necessárias para este item:
T ( N .m)  FT ( N )  r (m) T N .m  9,5493  N W  i  2  2  1 1HP  746W
  d (m)  n(rpm) d z n
v(m / s ) 
60 nrpm d1 z1 n2

1,0 m 1,5 m 0,5 m


125 mm

r =125 mm

r =100 mm
W = 2000 N

Redutor
i= ?
FT vT
z2 = 60 dentes

rE = 100 mm
N = ? (potência)
mm
Nmotor = ? (rotação)

z1 = 20 dentes
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2 DEFORMAÇÕES

Quando uma força é aplicada a um corpo, tende a mudar a forma e o tamanho dele. Essas mudanças
são denominadas de deformação.

Perceptível Força
Uma borracha pode ser
submetida a uma carga provocada
pode ser

Deformação
Praticamente pode ser Mudança de
provocada
imperceptível Temperatura
A estrutura de um prédio Expansão e contração de
submetida ao carregamento das peças, telhados, estruturas
pessoas

Figura 2.1 – Deformação

2.1 DEFORMAÇÃO NORMAL

O alongamento ou contração de um segmento de reta por unidade de comprimento é denominado


deformação normal.

Considere a reta Os pontos A e B são deslocados


AB contido no para as posições A‟ e B‟ e a
interior do corpo reta torna-se curva com
comprimento S‟
A mudança de
comprimento da
Após reta é S‟ - S
deformação

Figura 2.2 – Deformação normal em um corpo. Adaptado de Hibbeler (2004)


Resistência dos Materiais I 24
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A partir da Figura 2.2, a deformação normal média é:

S 'S
 méd 
S

Como o ponto B é escolhido cada vez mais próximo do ponto A, o comprimento da reta torna-se cada
vez menor de modo que S→0.

Além disso, isso faz com que B‟ se aproxime cada vez mais de A‟ tal que S‟→0

Como conseqüência, no limite, a deformação no ponto A e na direção de n é:

S 'S
 Lim
B  A eixo n S

Se a deformação normal for conhecida, podemos usar a equação anterior para obter o comprimento
final aproximado de um segmento de reta menor, na direção de n depois da deformação:

S '  (1   )  S

Se  é positivo a reta inicial alonga-se;


Se  é negativo a reta inicial contrai-se;
As unidades principais de deformação normal utilizadas são:

No SI: m/m – metro/metro;

Como na maioria das aplicações  é muito pequeno usa-se: m/m - micrometro/metro;

Exemplo 1: Fonte: Hibbeler (2004)

A haste delgada mostrada na Figura 2.3 é


submetida a um aumento de temperatura ao
longo de seu eixo o que cria uma deformação
normal na haste de z = (40x10-3).z1/2, onde z é
dado em metros. Determine: (a) o deslocamento
da extremidade B da haste devido ao aumento da
temperatura; e (b) a deformação normal média
da haste. Figura 2.3 – Figura do exemplo 1. Fonte:
Hibbeler (2004)
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(a) o deslocamento da extremidade B da haste devido ao aumento da temperatura.

Visto que a deformação normal é dada em cada ponto ao longo da haste, um segmento diferencial dz,
localizado na posição z, terá um comprimento deformado que pode ser determinado pela eq.
S '  (1   )  S , isto é:

dz '  (1  (40 103 )  z1 / 2 )  dz

A soma total desses segmentos ao longo do eixo da como resultado o comprimento deformado da haste,
isto é:

 1  (40  10  dz
0, 2 m 0, 2
3  2 
z ) z 1/ 2
z   z  (40 103 )  ( z 3 / 2 ) z  0,20239m
0  3 0

Portanto, o deslocamento da extremidade da haste é:

 AB  0,20239m  0,2m  AB  0,00239m  AB  2,39mm

(b) a deformação normal média da haste.

S 'S
A deformação normal média da haste é determinada pela expressão  méd  , a qual considera que
S
a haste ou “segmento de reta” tem um comprimento original de 200 mm e uma mudança no comprimento
de 2,39 mm. Assim,

S 'S 2,39mm
 méd   méd   méd  0,0119 mm mm
S 200mm

Exemplo 2: Fonte: Hibbeler (2004)


Uma força que atua na empunhadura do cabo da alavanca mostrada na Figura 2.4 provoca uma rotação no
cabo da alavanca de  = 0,002 rad em sentido horário. Determine a deformação normal média
desenvolvida no cabo BC.

Figura 2.4 – Figura do exemplo 2. Fonte: Hibbeler (2004)

Visto que  = 0,002 rad é um ângulo pequeno, o alongamento do cabo CB é BB´= (0,5m)., ou seja
BB´= (0,5m).0,002rad = 0,001m e desta forma, a deformação normal média no cabo é:

BB ' 0,001m
 méd   méd   0,001m / m
CB 1m
Resistência dos Materiais I 26
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2.2 DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO

A mudança de ângulo ocorrida entre dois segmentos de reta originalmente perpendiculares entre si
(Figura 2.5) é denominada de deformação por cisalhamento. O ângulo é designado por  (gama) e é
medido em radianos.

Define-se a deformação por cisalhamento no ponto A associada aos eixos n e t como:


 nt   Lim  '
2 B  A eixo n
C  A eixo t

Considere a reta AB e AC Após a deformação, as


com origem no mesmo extremidades das retas são
ponto A de um corpo e deslocadas e as próprias
direcionados ao longo dos retas transformam-se em
eixos perpendiculares n e t curvas de modo que o
ângulo entre elas em A é ‟

Figura 2.5 - Deformação por cisalhamento 

Se ‟ é menor que /2 ,  é positivo. Se ‟ é maior que /2 ,  é negativa.

A Figura 2.6 ilustra as componentes cartesianas da deformação;


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É formado por Contêm dimensões não


vários deformadas x, y e z
elementos Supondo que suas dimensões sejam muito
iguais a: pequenas, seu formato deformado será um
paralepípedo , uma vez que segmentos de reta
muito pequenos permanecem aproximadamente
retos após a deformação do corpo

OBS.:
A deformação normal muda os comprimentos do elemento
retangular e
A deformação por cisalhamento muda o ângulo de cada lado

Figura 2.6 – Componentes cartesianas da deformação. Adaptado de Hibbeler (2004)

Usando-se a expressão: S '  (1   )  S

em relação as retas x, y e z temos o comprimento aproximado dos lados do paralepípedo:

(1   x )  x (1   y )  y (1   z )  z

Os ângulos aproximados entre os lados, originalmente definidos pelos lados x, y e z são:

  
  xy   yz   xz
2 2 2

Observações:

1-Deformações Normais provocam mudança de volume do elemento retangular;

2-Deformações por Cisalhamento provocam mudança no formato do elemento retangular

Obs.: Ambos os efeitos ocorrem simultaneamente durante a deformação

Resumindo, o estado de deformação em um ponto do corpo, requer a especificação de três


deformações normais x, y e z e três deformações por cisalhamento xy, yz e xz .
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Exemplo 3: Fonte: Hibbeler (2004)

A chapa é deformada até a forma representada pela Figura 2.7a. Se, nessa forma deformada, as retas
horizontais na chapa permanecerem horizontais e seus comprimentos não mudarem, determine (a) a
deformação normal ao longo do lado AB; e (b) a deformação por cisalhamento média da chapa em
relação aos eixos x e y.

Figura 2.7 – Figura do exemplo 3. Fonte: Hibbeler (2004)

(a) a deformação normal ao longo do lado AB

A reta AB, coincidente com o eixo y, torna-se a reta AB‟ após a deformação, como mostra a Figura 2.6b.
O comprimento desta reta é

AB´ 250  22  32 AB´ 248,018mm

AB ' AB 248,018mm  250mm


Portanto, a deformação normal média para AB é ( AB ) méd  ( AB ) méd 
AB 250mm

( AB )méd  7,93 103 mm / mm

O sinal negativo indica que a deformação causa uma contração de AB

(b) a deformação por cisalhamento média da chapa em relação aos eixos x e y.

Como observamos na Figura 2.6c, o ângulo BAC entre os lados da chapa, em relação aos eixos x, y que
antes era de 90o, muda para ´devido ao deslocamento de B para B´.

Visto que xy=/2-´, então xy é o ângulo mostrado na figura. Assim,

 3mm 
 xy  tg 1    0,0121rad
 250mm  2mm 
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2.3 EXERCÍCIOS

1) A viga rígida é sustentada por um pino em A e pelos cabos BD e CE. Se a deformação normal
admissível máxima em cada cabo for max=0,002 mm/mm, determine o deslocamento vertical máximo da
carga P.

Resposta= lP = 14 mm

2) Os dois cabos estão interligados em A. Se a força P provocar um deslocamento vertical de 2 mm no


ponto A, determine a deformação normal desenvolvida em cada cabo.

Resposta: a) lAB = 1,73mm; b) = -,00433mm/mm

3) A chapa retangular é submetida à deformação mostrada pela linha tracejada. Determine a deformação
por cisalhamento média xy da chapa.
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3 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS

A resistência de um material depende de sua capacidade de suportar a carga sem deformação


excessiva ou ruptura.

As propriedades mecânicas dos materiais são obtidas a partir de ensaios de tração ou compressão. O
corpo de prova ilustrado na Figura 3.1 com dimensões padronizadas é submetido a uma tração na
máquina de tração Figura 3.2.

Figura 3.1 – Corpo de prova

Figura 3.2 – Máquina para ensaio de tração


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3.1 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

Quando um corpo de prova é submetido a um ensaio de tração a máquina de ensaio fornece um


gráfico (Figura 3.3) que mostra as relações entre a força aplicada e as deformações ocorridas durante o
ensaio.

Para determinar as propriedades do material o que interessa é a relação entre tensão e deformação.

Figura 3.3 - Diagrama Tensão x Deformação

No gráfico tensão x deformação, os valores de deformação estão representados pela letra grega  no
eixo das abscissas (x) e os valores de tensão ou força indicados no eixo das ordenadas (y).

Com os dados registrados, determina-se a tensão nominal dividindo-se a carga aplicada P pela área da
seção transversal inicial do corpo.

P

A0

Da mesma forma, calcula-se a deformação nominal, obtida diretamente pela leitura do extensômetro, ou
dividindo-se a variação no comprimento de referência, , pelo comprimento de referência Lo.



L0

A curva de Tensão x Deformação de um dado material é obtida, submetendo corpos de prova (Figura
3.1) padronizados deste material a um ensaio de tração em uma máquina de ensaio (Figura 3.2), que
possui um sistema de processamento o qual por meio de sensores/transdutores mede a força aplicada no
Resistência dos Materiais I 32
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corpo de prova e a respectiva deformação, processa essas informações e emite um gráfico Tensão x
Deformação.

A curva resultante apresenta certos pontos características que são comuns a diversos tipos de materiais
usados na área engenharia mecânica(Figura 3.4).

Tensão Limite de
Resistência
B
Sut
Limite de
Ruptura
C
Sy
A‟
A Escoamento
Limite de
Elasticidade

Limite de
Proporcionalidade

Fase Elástica Fase Plástica 


Deformação

Figura 3.4 - Diagrama Tensão x Deformação

Os pontos comuns ilustrados na Figura 3.4 são:

Limite de Proporcionalidade:

A lei de Hooke só vale até um determinado valor de Tensão, denominado Limite de


Proporcionalidade, que é o ponto representado na figura 6 pela letra A, a partir do qual a deformação
deixa de ser proporcional à carga aplicada.

Exemplo: Se aplicarmos uma tensão de 10 MPa e a peça se alongar 0,1%, quando aplicamos uma
tensão de 100 MPa, a peça se deformará 1%.

Limite de Elasticidade:

O limite elástico representado no diagrama acima pela letra A‟. Este ponto representa a tensão
máxima que pode ser aplicado a uma barra sem que apareçam deformações residuais, ou permanentes,
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 33
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após a retirada integral da carga externa. Para muitos materiais, os valores dos limites de elasticidade e
proporcionalidade são praticamente iguais e esses termos são então empregados como sinônimos. Nos
casos em que são diferentes, em geral o limite de elasticidade é maior do que o de proporcionalidade.

Fase Elástica:

O trecho da curva tensão-deformação, compreendido entre a origem e o limite de elasticidade recebe o


nome de fase elástica ou região elástica.

Fase Plástica:

Chama-se de fase plástica ou região plástica o trecho do diagrama compreendido entre o limite de
elasticidade e o ponto correspondente à ruptura do material.

Resistência ao Escoamento:

Terminada a fase elástica, tem início a fase plástica, na qual ocorre uma deformação permanente no
material, mesmo que se retire a força de tração.

Em um ponto pouco acima do limite de elasticidade, aumentam as deformações sem que se altere,
praticamente o valor da tensão. Quando se atinge o limite de escoamento, diz-se que o material passa a
escoar. Durante o escoamento, a carga ou a tensão oscila entre valores muito próximos uns dos outros.

Este ponto do gráfico é simbolizado por Sy e chamado Resistência ao Escoamento por tração, quando
o respectivo ensaio é o de tração.

Strength (Resistência)

Sy
Yield ( Escoamento)

Limite de Resistência:

Após o escoamento ocorre um encruamento que é um endurecimento causado pela quebra dos grãos
que compõem o material quando deformado a frio. O material resiste cada vez mais a tração externa,
exigindo uma tensão cada vez maior para se deformar.

Nessa fase, a tensão recomeça a subir, até atingir um valor máximo num ponto chamado de limite de
resistência caracterizado no gráfico pelo ponto B.

Este ponto do gráfico é simbolizado por Sut e chamado Limite de Resistência a Tração, quando o
respectivo ensaio é o de tração.
Resistência dos Materiais I 34
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Strength (Resistência)

Sut
Ultimate Tensile ( Limite de Tração)

Limite de ruptura

Continuando a tração, chega-se à ruptura do material, que ocorreu num ponto chamado de Limite de
ruptura caracterizado no gráfico pelo ponto C.

Note que a tensão no limite e ruptura é menor que no limite de resistência, devido à diminuição da
área que ocorre no corpo de prova depois que se atinge a carga máxima.

Estricção:

É a redução percentual da área da seção transversal do corpo de prova na região onde vai se localizar a
ruptura.

A estricção determina a ductilidade do material. Quanto maior for a percentagem de estricção, mais
dúctil será o material.

Módulo de Elasticidade:

Na fase elástica, se dividirmos a tensão pela deformação, em qualquer ponto obteremos sempre um
valor constante.

Este valor constante é chamado módulo de elasticidade. Quando relacionado com tensões normais, é
chamado de módulo de elasticidade longitudinal e simbolizado pela letra E. Quando relacionado com
tensões tangenciais, é chamado módulo de elasticidade transversal e simbolizado pela letra G.

O módulo de elasticidade é a medida da rigidez do material. Quanto maior for o módulo, menor será a
deformação elástica resultante da aplicação de uma força ou tensão e mais rígido será o material.

3.1.1 Ductilidade

Ductilidade é a propriedade que apresentam certos materiais de absorverem sobrecargas por um tempo
maior que o normal, a custa de uma maior deformação plástica, antes de haver ruptura.

A ductilidade é medida pela percentagem de elongação (deformação) que o material apresenta no


momento da ruptura.

Materiais são ditos frágeis para elongação até 5%.


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Materiais são ditos dúcteis para elongação maior que 5%.

Esta propriedade é muito importante nos casos em que trabalhamos o material a frio (Trefilação,
Forjamento, etc..).

T T

Fratura Fratura

Deformação Deformação
(a) Frágil (b) Dúctil

Figura 3.5 - Exemplo de materiais de mesma dureza e resistência

3.1.2 Maleabilidade

Quando a ductilidade é referida em função da carga de compressão, passa a ser chamada de


maleabilidade.

3.1.3 Dureza

Quando o material é resistente ao desgaste, a erosão, a deformação plástica é dito duro. Os testes de
dureza mais usados são: BRINELL, ROCKWELL, VICKERS e SHORE.

3.1.4 Resiliência

A resiliência de um material é sua capacidade de absorver energia no campo elástico das


deformações, ou seja, é a energia armazenada por um corpo solicitado até o seu limite elástico.

3.1.5 Tenacidade

Tenacidade é a habilidade de um material de absorver energia no campo plástico. A maioria das


autoridade no assunto estão de acordo com esta definição, mas há muito desacordo a respeito de como se
pode medir a tenacidade. Alguns dizem que a resistência ao impacto do material é a melhor medida,
outros preferem usar o diagrama tensão - deformação de várias maneiras. O diagrama, contudo é uma
Resistência dos Materiais I 36
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avaliação das propriedades estáticas, enquanto tenacidade é uma propriedade desejável em peças sujeitas
a choques e impactos, o que implicaria em ser ela medida dinamicamente.

A Figura 3.6 ilustra um diagrama tesnão-deformação convencional e real para um material dúctil e a
respectiva terminologia adotada por Hibbeler (2004).

Figura 3.6 – Diagrama tensão-deformação convencional e real para material dúctil (aço) (sem escala).
Fonte Hibbeler (2004)

3.2 LEI DE HOOKE

O diagrama tensão deformação, para a maioria dos materiais de engenharia apresenta relação linear
entre tensão e deformação na região de elasticidade.

Esse fato foi descoberto por Robert Hooke em 1676:


  E  
E
Onde E = Módulo de Young (de elasticidade longitudinal) e representa a inclinação da reta e para
todos os aços de maneira geral E=200GPa

Tensão Limite de
Resistência
B
Sut
Limite de
Ruptura
C
Sy
A‟
A Escoamento
Limite de
Elasticidade

Limite de
Proporcionalidade

Fase Elástica Fase Plástica 


Deformação

Figura 3.7 – Módulo de Young (E).


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 37
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3.3 COEFICIENTE DE POISON

Quando um corpo é submetido a uma força axial de tração, ele se alonga e também se contrai.

Se uma força de
compressão atua
sobre um corpo,
o corpo se
contrai na
direção da força
e se expande
lateralmente

Figura 3.8 – Alongamento e contração de um corpo. Adaptado de Hibbeler (2004).

Quando uma carga P é aplicada à uma barra circular, ocorre uma deformação  no seu comprimento e
‟ no seu raio.

Figura 3.9 – Deformações longitudinais e transversais em uma barra. Adaptado de Hibbeler (2004).

As deformações percentuais são:

 
Deformação longitudinal  long  
L L
´ ´
Deformação lateral (transversal):  transv  t 
r r
No século XIX, Poisson percebeu que na faixa de elasticidade, a razão entre as deformações
percentuais era constante. A esta razão chamou-se Coeficiente de Poisson, representado por  (nu):
Em geral, para a maioria
  dos materiais  varia entre
   transv  t ¼ a 1/3
 long 

Sinal (-) é usado para alongamento longitudinal, provocando contração lateral e vice-versa.
Resistência dos Materiais I 38
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Quando um material é submetido a um ensaio com tensão de cisalhamento simples apresentará um
gráfico semelhante ao identificado na Figura 3.10.

Distorção angular

Strength (Resistência)

Sus Shear ( Corte, cisalhamento)

Ultimate ( última)

Strength (Resistência)

Sys Shear ( Corte, cisalhamento)

Yield ( Escoamento)
Distorção angular

Figura 3.10 – Gráfico tensão-deformação para cisalhamento simples

Para a maior parte dos materiais de engenharia, o comportamento elástico é linear e desse modo a lei de
Hooke para o cisalhamento é expressa por:


G   G 

Onde G também é conhecido por módulo de rigidez ou módulo de elasticidade transversal. [GPa].

A relação entre o Módulo de elasticidade longitudinal, Módulo de elasticidade transversal e Coeficiente


de Poisson pode ser expressa pela seguinte fórmula:

E
G
2  1   
onde:
G – Módulo de elasticidade transversal [Pa];
E – Módulo de elasticidade longitudinal [Pa];
- Coeficiente de Poisson [adimensional].

Tabela 3.1 apresenta o coeficiente de Poisson para alguns tipos de materiais comuns em engenharia.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 39
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Tabela 3.1 – Coeficiente de Poisson

Material Módulo de Coeficiente de


Elasticidade [GPa] Poisson
Aço ao Carbono 207 0,292
Aço Inoxidável 180 0,305
Aço Níquel 207 0,291
Alumínio 71 0,334
Bronze 111 0,349
Cobre 119 0.326
FoFo Cinzento 100 0,211
Latão 106 0,324
Magnésio 44,8 0,350
Concreto ~0,200

3.4 LEI DE HOOKE GENERALIZADA

Na Figura 3.11, observa-se o caso de tensões uniaxiais. Nesta figura verifica-se a tensão x, aplicada
no eixo x. Esta tensão provoca um alongamento no eixo x, e contrações nos eixos y e z.

z
y y y
x

Figura 3.11 – Estado uniaxial de tensões

As deformações para a situação da Figura 3.11 são:

y
eixo y (alongamento) -  
E
   x
eixo x (contração) -  t     
E
   x
eixo z (contração) -  t     
E
Na Figura 3.12, observa-se o caso de tensões triaxiais. Nesta figura verifica-se a tensão x,
aplicada no eixo x, y, aplicada no eixo y e z, aplicada no eixo z.
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x
z z
y
y y x

x
z

Figura 3.12 - Estado triaxial de tensões

As tensões aplicadas x, y, e z, provocam deformações x, y e z.

As deformações para a situação da Figura 3.12 são:

x y z
eixo x -  x     
E E E
y x z
eixo y -  y     
E E E
z x y
eixo x -  z     
E E E
As expressões abaixo constituem-
As expressões acima podem ser rearranjadas na seguinte forma: se na lei de Hooke generalizada.

x 
1
E

 x    ( y   z )  y 
1
E

 y    ( x   z )  e z 
1
E

 z    ( x   y ) 
Obs.: As expressões acima são válidas para tensões de tração. Caso forem de compressão, deve-se usar
sinal negativo.

3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS DE ALGUNS MATERIAIS

A Tabela 3.2 apresenta as propriedades mecânicas de alguns materiais utilizados na engenharia


mecânica.

Tabela 3.2 - Propriedades Mecânicas dos Aços Comuns

Classificação Estado Limite de Resistência ao Alongamento Estricção Dureza


SAE/ANSI Resistência à Escoamento em 50,0 mm (%) Brinell
Tração Sy (%) HB
Sut MPa
MPa
1015 Laminado 420,6 313,7 39,0 61,0 126
Normalizado 424,0 324,1 37,0 69,6 121
Recozido 386,1 284,4 37,0 69,7 111
1020 Laminado 448,2 330,9 36,0 59,0 143
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Normalizado 441,3 346,5 35,8 67,9 131
Recozido 394,7 294,8 36,5 66,0 111
1030 Laminado 551,6 344,7 32.,0 57,0 179
Normalizado 520,6 344,7 32,0 60,8 149
Recozido 463,7 341,3 31,2 57,9 126
1040 Laminado 620,5 413,7 25,0 50,0 201
Normalizado 589,5 374,0 28,0 54,9 170
Recozido 518,8 353,4 30,2 57,2 149
1050 Laminado 723,9 413,7 20,0 40,0 229
Tabela 3.1 - Continuação
1050 Normalizado 748,1 427,5 20,0 39,4 217
Recozido 636,0 365,4 23,7 39,9 187
1095 Laminado 965,3 572,3 9,0 18,0 293
Normalizado 1013,5 499,9 9,5 13,5 293
Recozido 656,7 379,2 13,0 20,6 190
1118 Laminado 521,2 316,5 32,0 70,0 149
Normalizado 477,8 319,2 33,5 65,9 143
Recozido 450,2 284,8 34,5 66,8 131
3140 Normalizado 891,5 599,8 19,7 57,3 262
Recozido 689,8 422,6 24,5 50,8 197
4130 Normalizado 668,8 436,1 25,5 59,5 197
Recozido 560,5 360,6 28,2 55,6 156
4140 Normalizado 1020,4 655,0 17,7 46,8 302
Recozido 655,0 417,1 25,7 56,9 197
4340 Normalizado 1279,0 861,8 12,2 36,3 363
Recozido 744,6 472,3 22,0 49,9 217
6150 Normalizado 939,8 615,7 21,8 61,0 269
Recozido 667,4 412,3 23,0 48,4 197
8650 Normalizado 1023,9 688,1 14,0 48,4 302
Recozido 715,7 386,1 22,5 46,4 212
8740 Normalizado 929,4 606,7 16,0 47,9 269
Recozido 695,0 415,8 22,2 46,4 201
9255 Normalizado 932,9 579,2 19,7 43,4 269
Recozido 774,3 112,3 70,5 41,1 229

3.6 EXERCÍCIOS
01 - Um cubo de aço com 50 mm de lado é submetido a uma pressão uniforme de 200.000 kN por m 2
agindo sobre todos as faces. Determinar a variação da dimensão entre duas faces paralelas do cubo.
Admitir: E = 200 x 106 KN/m2 e  = 0,25
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Resposta: a) x= -5x10-4 mm/mm MPa; b) x = y = z = -2,5x10-5 m

02 - Uma peça constituída por uma placa de aço de 50 mm x 250 mm x 10 mm acha-se sujeita as forças
Px = 100 kN e Py = 200 kN
a. Que variação de espessura ocorre em conseqüência da aplicação destas forças?
b. Para provocar a mesma variação de espessura (a mesma que em “a”) pela ação isolada de P x, qual
deve ser o seu valor?
E = 200.000 MN/m2 e  = 0,25
Py
250mm

50 mm

Px Px

Py

Resposta:

a) z= -3,5x10-4 mm/mm;

b) z = -3,5x10-6 m

c) Px = 140 KN

03 - Um bloco retangular de aço tem as seguintes dimensões : a = 50 mm b =75 mm c = 100 mm. As


faces deste bloco estao sujeitas as forças Px = 180 kN (tração) Py = 200 kN (tração) Pz = 240 kN
(compressão). Determinar o valor de um único sistema de forças agindo somente na direção y que
provocaria a mesma deformação na direção y que o sistema de forças iniciais. Adotar:  = ¼ e E = 200
GPa
Dica: Calculem x, y, z para as três cargas. Depois
calculem y usando a lei de Hooke generalizada. Em
seguida usem a mesma expressão de y considerando
x=0 e z=0. Encontrarão y. Então Py=y.A .

Resposta:

a) x = 24 MPa; b) y = 40 MPa; c) z = -64 MPa; y= 2,5x10-4 mm/mm (Agindo as três cargas juntas)

b) (para a condição z = 0 MPa e x = 0 MPa) y = 50 MPa e então Py = 250 KN


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04 - Um cilindro A de borracha de diâmetro d = 5 cm é comprimido em uma forma cilíndrica B de aço


por uma força P. Determinar a tensão sigma entre a borracha e o aço quando P = 500 Kgf e  = 0,45

Resposta:

a) z = -20,83 MPa;

b) y = -20,83 MPa;

05 - Determinar as tensões x e y para um elemento em estado duplo de tensão (Biaxial) se x = 0,001 e


y = 0,0007 E = 21.000 kgf/mm2 0,3

Resposta:

a) z = 18,23 kgf/mm2;

b) y = -9,23 kgf/mm2;
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06 - Dado o bloco de dimensões a = 18 cm b = 12 cm c = 10 cm encaixado na peça conforme a figura
submetido a uma tensão  = 400 Kgf/cm2 de compressão, pede-se: x;z; e a variação total das arestas a
e b. E = 2 x 105 MPa e = 0,33


b
a

Resposta:

a) x = -132 Kgf/cm2;

b) b = 1,053x10-5 m;

07 - Um bloco retangular de aresta 0,4 cm; 0,2cm; 0,3 cm deforma-se de modo que seus comprimentos
chegam a valer 0,4004 cm; 0,020006 cm e 0,29985 cm. Achar a dilatação cúbica total.
Resposta:

a) V=0,0000192 cm3;
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4 CARGA AXIAL

Antes de iniciarmos este capítulo é importante fazer algumas considerações:

- Tensão é um meio para medir a distribuição de força no interior de um corpo;


- Deformação é a maneira de medir a modificação na geometria do corpo;
- A relação entre tensão e deformação depende do tipo de material do qual o corpo é feito;
- Aplicando-se a lei de Hooke há uma relação proporcional entre tensão e deformação.

4.1 TENSÃO NORMAL MÉDIA

Quando os elementos mecânicos ou estruturais estão submetidos a cargas axiais, surge a tensão
normal média (conforme já estudada):

P

A
Onde:
P – Força (N);
A – Área da seção transversal (m2);
 - Tensão normal média (N/m2)

P P

Figura 4.1 – Barra submetida a força axial


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4.2 PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT

Considere como o corpo ilustrado na Figura 4.2 se deforma elásticamente quando submetido a uma
força P aplicada o longo de seu centróide. Devido ao carregamento, a barra deforma-se como indicam as
distorções das linhas da grade desenhadas sobre a barra, que antes eram horizontais everticais. Observe a
deformação localizada que ocorre em cada extremidade. Esse efeito tende a diminuir conforme as
medições são feitas mais distante das extremidades. Além disso, as deformações vão se nivelando e
tornam-se uniformes em toda a seção média da barra.

Barra retangular deforrmando-se


elásticamente quando submetida a uma
carga P

Deformação diminui nas


regiões mais distantes

A partir de observação
experimental

Em geral a seção c-c é igual


a largura da peça

A partir daí a tensão é


aproximadamente constante
Barra fixada rigidamene

Figura 4.2 – Princípio de Saint-Venant. Fonte: Adaptado de Hibbeler (2004)

Observem que a tensão é proporcional a deformação. Assim, regiões que apresentam maior
deformação apresentarão maior tensão. Observem na Figura 4.2 (lado direito), as seções a-a, b-b e c-c,
com a distribuição de tensões.

O fato de a tensão e a deformação comportarem-se dessa maneira é denominado princípio de Saint-


Venant, observado pela primeira vez pelo cientista francês Barré de Saint-Venant.

O princípio de Saint-Venant diz que a tensão e a deformação produzidas em pontos do corpo


suficientemente distantes da região de aplicação da carga (geralmente a largura) serão as mesmas
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produzidas por quaisquer cargas aplicadas que tenham a mesma resultante equivalente e que sejam
aplicadas na mesma região do corpo (Figura 4.3)

Mesma resultante

a
b
c

Mesma tensão e deformação

Os efeitos localizados provocados por qualquer


carga que atua sobre o corpo dissipam-se ou
ajustam-se nas seções suficientemente distantes
da carga
Figura 4.3 – Princípio de Saint-Venant. Fonte: Adaptado de Hibbeler (2004)

4.3 DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DE UM ELEMENTO SUBMETIDO A CARGA AXIAL

Usando a lei de Hooke e as definições de tensão e deformação, desenvolve-se uma equação que pode
ser usada para determinar a deformação elástica de um elemento submetido a cargas axiais. Para
generalizar, considere a barra ilustrada na Figura 4.4. que apresenta uma variação gradual da seção ao
longo do comprimento L. A barra esta sujeita a cargas concentradas em suas extremidades e a uma carga
variável distribuída (atrito ou peso próprio) ao longo de seu comprimento.

Figura 4.4 – Barra com variação gradual da seção ao longo do comprimento. Fonte: Hibbeler (2004)
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Quer-se determinar o deslocamento relativo  (delta) de uma extremidade da barra em relação ao


outra.

Usando o método das seções, isola-se um elemento diferencial da barra de comprimento dx e área de
seção transversal A(x) em uma posição arbitrária x. o qual é mostrado na Figura 4.4b. A força axial
interna é denotada por P(x). Essa carga deformará o elemeto até a forma indicada pela linha tracejada e
portanto o deslocamento de uma extremidade do elemento em relação à outra extremidade será . A
tensão e a deformação no elemento diferencial são:

P( x) d
 
A( x) dx

Contanto que essas quantidades não ultrapassem o limite de proporcionalidade, podemos relacioná-las
usando a lei de Hooke:

P( x) d P( x)dx
  E   E d 
A( x) dx A( x) E

Para o comprimento total da barra, L, devemos integrar essa expressão para determinar o
deslocamento da extremidade exigido:

L P( x)dx
 
0 A( x) E
Onde:
 - deslocamento de um ponto na barra relativo a outro ponto;
L – distância original entre dois pontos;
P(x) – força axial interna na seção, localizada a distância x de uma extremidade;
A(x) – área da seção transversal da barra, expressa em função de x;
E – Módulo de elasticidade longitudinal para o material.

4.3.1 Deformação em barras de área de seção transversal constante e carga constante


Muitos casos apresentam seção transversal constante A; material homogêneo, logo E é constante.

Figura 4.5 – Barra com seção transversal constante A e material homogêneo. Fonte Hibbeler (2004)
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O resultado da integração da expressão anterior fornece:

PL

AE
Se a barra for submetida a diversas forças axiais diferentes, ou se a área da seção transversal ou
módulo de elasticidade mudar, de uma seção para outra, a expressão anterior poderá ser aplicada para
cada segmento, e posteriormente realizando a adição algébrica dos deslocamentos. Para esse caso geral:

PL
 
AE
Convenção de sinais:
1 - Considera-se força e deslocamento positivos se provocarem respectivamente tração e alongamento
2 - Considera-se força e deslocamento negativos se provocarem respectivamente compressão e
contração

Figura 4.6 – Convesões de sinal para o deslocamento. Fonte: Hibbeler (2004)

4.3.2 Fórmulas para deslocamento total para alguns casos


As estruturas e peças carregadas axialmente podem apresentar ao longo de seu comprimento seções
(áreas) diferentes, serem confeccionadas de materiais diferentes bem como estarem submetidas a cargas
internas diferentes. Assim, a deformação total será proporcional a seus comprimentos, seções, cargas e
materiais.

4.3.2.1 – Deslocamento em peças com comprimento e seções diferentes

Para o caso de uma barra de mesmo material e seções e comprimentos diferentes tal como ilustrado na
Figura 4.7 teremos que:

Total  1   2
L1 1
ou L2

2
P  L1 P  L2
  
Total
E  A1 E  A2 P

Figura 4.7 – Barra transversal com seções e


comprimentos diferentes
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4.3.2.2 Deslocamento total em peças com comprimento, seções diferentes e materiais diferentes

Quando temos materiais diferentes bem como seções e comprimentos diferentes tal como mostrado na
Figura 4.8, tem-se:

 Total
  Aço   Alumínio
Aço Laço 
aço

ou
Alumínio Lalumínio
alumínio
P  LAço P  LAlumínio
  
Total
E Aço  AAço E Alumínio  AAlumínio P

Figura 4.8 - Barra com seções transversais


diferentes e materiais diferentes

4.3.2.3 Deslocamento total em peças com comprimento, seções diferentes e esforços internos
diferentes

Quando temos peças ou estruturas com comprimentos, seções e esforços internos diferentes tal como
mostrado na Figura 4.9, usaremos as seguintes expressões para determinar o deslocamento total:

 Total
 12   23   34 4

Ou 3 P3
2 P2

P12  L12 P23  L23 P34  L34


 Total    1
T
E  A12 E  A23 E  A34
P1

Figura 4.9 - Barra com comprimento diferente


seções transversais diferentes e materiais
diferentes
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Exemplo 1 – Fonte: Hibbeler (2004)

Considere as forças aplicadas sobre a peça abaixo.

O deslocamento total será:

PL 5kN  LAB  3kN   LBC  7kN   LCD


 AD     
AE AE AE AE

Exemplo 2 – Fonte: Hibbeler (2004)

Uma haste de aço de 10 mm de diâmetro esta acoplado a um colar em B que passa no interior de um
tubo de alumínio AB com área 400 mm2. Se for aplicada a força de 80 kN em C, qual será seu
deslocamento?
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a) Deslocamento CB (tração):

PL (80000 N )  (0,6m)
 CB    0,003056m
AE  (0,01m) 2 9 N
 200 10 2
4 m

O sinal positivo indica que a extremidade C se alonga e move-se para a direita.

b) Deslocamento BA (compressão):

PL (80000 N )  (0,4m)
 BA    0,001143m
AE  10 6 m 2  9 N
400mm  ( mm2   70 10 m 2
2

 

c) Deslocamento C:

 C   BA   CB  0,001143  0,003056

 C  0,00420m  4,2mm

4.4 TENSÕES TÉRMICAS

No caso geral, se a temperatura varia ao longo do comprimento “L”(T = T (x)) ou se  varia ao


longo do comprimento,então:

L
 T     T  dx
0

Onde:
 - Coeficiente linear de dilatação (expansão) térmica (1/ 0C);
T – Mudança de temperatura (0C);
L – Comprimento original do elemento (m);
 T – Deformação no elemento (m);
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Há dois casos específicos que devem ser analisados durante uma variação de temperatura: (i) quando a
peça é livre para se deformar; e (ii) quando a peça é impedida de se deformar.

4.4.1 Peça livre para deformar

Quando a peça é livre para se deformar, como ilustrado na Figura 4.10 a deformação (ou
deslocamento) é dado pela seguinte expressão:

 T    T  L

Onde:
 - Coeficiente linear de dilatação (expansão) térmica (1/ 0C);
T – Mudança de temperatura (0C);
L – Comprimento original do elemento (m);
 T – Deformação no elemento (m);

T
A B

Figura 4.10 – Barra livre para se deformar (com variação de temperatura)

4.4.2 Peça impedida de deformar

Quando a peça é impedida de se deformar, como ilustrado naFigura 4.11, tem-se a seguinte
condição:

 AB  0   T   F
T   F  0
FL
Como:  T    T  L e  F  temos que:
EA
FL F L
  T  L  0   T  L 
EA EA
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F F 1 F 1
  T    T   como   temos que:   T   
EA A E A E
Ou seja:

    T  E
Onde:
 - Coeficiente linear de dilatação (expansão) térmica (1/ 0C);
T – Mudança de temperatura (0C); É como se houvesse uma força F (da
parede) que empurasse a superfície de F de
E – Módulo de elasticidade longitudinal (N/m2)
modo a manter AB = 0.

T
A B
F

L
F

Figura 4.11 – Barra impedida para se deformar (com variação de temperatura)

Exemplo 3 – Fonte: Hibbeler (2004)

Uma barra de aço A-36 ilustrada na figura ao lado esta confinada entre dois apoios em uma temperatura
inicial T1 = 15,6 oC; Se a temperatura aumentar para T2 = 48,8 oC, qual a tensão térmica normal
desenvolvida na barra?

12,5 mm

12,5 mm

N
Eaço  200 109
m2
1
 aço  12 106 o
C
610 mm
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Solução:

a) Equilíbrio: O diagrama de equilíbrio da barra é ilustrado ao lado

F y 0 FA  FB  F

O problema é estaticamente indeterminado visto que a força não pode ser determinada somente pelo uso
das equações de equilíbrio.
b) Compatibilidade: O deslocamento térmico é equilibrado pela força F.
A condição de compatibilidade em A leva:
 AB  0  T   F
Aplicando-se as relações térmicas e de carga-deslocamento tem-se:
F L
0    T  L 
A E
Conhecendo-se F determina-se :
F

A

4.5 CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES

No desenvolvimento das equações básicas da resistência por tração presume-se que nenhuma
irregularidade ocorra nas peças em consideração. No entanto é muitíssimo difícil projetar uma máquina
que não tenha nenhuma variação da seção. Eixos rotativos, geralmente tem rasgos de chaveta, que
possibilitam a fixação de engrenagens e polias. Qualquer variação na seção das peças das máquinas,
altera a distribuição de tensão nos arredores da descontinuidade. Estas descontinuidades são chamadas de
criadores de tensão, e a região na qual ela ocorre é chamada de área de concentração de tensão. Um fator
teórico ou geométrico de concentração de tensão é usado para definir o aumento da tensão na
descontinuidade. Este fator é definido pela seguinte expressão:

 max  K t   nom

F
 max  K t 
A

onde:

Kt - Fator de concentração de tensão ou fator de forma aplicado a tensões normais;


nom - Tensão nominal normal;
max - Tensão máxima normal;
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 max  Kt   med

Kt – Fator de concentração
de tensões

P
 med 
A

Figura 4.12 - Concentração de tensões em uma barra com furosubmetida a um esforço axial. Fonte:
Adaptado de Hibbeler (2004).

O valor de Kt é obtido através de ensaios, sendo seu valor é sempre maior que a unidade, e no mínimo
igual a esta. É um fator puramente geométrico, isto é, sua variação depende exclusivamente da forma do
entalhe e do tipo de solicitação. Seu valor aumenta com a profundidade do entalhe e com a curvatura do
mesmo.

Os valores de Kt são obtidos através de tabelas conhecendo-se a geometria da peça (raio do entalhe) e
forma de aplicação da carga em relação a peça.

Os materiais dúcteis e frágeis possuem efeitos (respostas) diferenciados quando submetidos a


concentração de tensões e cargas estáticas.

4.5.1 Efeito da Concentração de Tensões em materiais dúcteis

Segundo Stemmer (1974) no caso de solicitação estática e materiais dúcteis, a aplicação de esforços
crescentes leva ao escoamento do material localizado nas com acréscimo de tensão. Aumentando mais a
carga, vão entrando em escoamento às fibras adjacentes a concentração de tensões, até que a tensão fica
distribuída de modo bastante uniforme sobre a seção solicitada. Com o escoamento das fibras externas,
ocorrerá um encruamento desta região e conseqüente aumento da resistência do material.

Por isso, não há necessidade de levar em consideração no cálculo o fator Kt.

Porém, segundo Norton (1997), a redução da seção transversal, devido a propagação de uma fissura
pode produzir tensões que ultrapassem as tensões admissíveis.
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4.5.2 Efeito da Concentração de Tensões em materiais frágeis

Para Stemmer (1974), no caso de materiais frágeis como não há escoamento na região entalhada, não
há acréscimo de resistência na peça e esta rompe-se quando a tensão ultrapassar a tensão de ruptura. Para
este caso é imprescindível aplicar o fator de concentração de tensões e calcular a tensão máxima.

A única exceção é com o ferro fundido. Ferros fundidos são de baixa resistência a tração, mas no caso
do uso deste material, o valor de Kt não é levado em conta. Isto porque no seio do mesmo, vem
incrustação de escória, laminas de grafita, etc.., as quais agiriam como se fossem pequenos entalhes
originando pontas de tensão microscópicas. Como na determinação de Kt todos estes valores já foram
levadas em conta, toda vez que neste material fizermos um entalhe, as modificações ocasionadas por estes
será desprezível.

Para qualquer outro material frágil, deve-se levar em consideração o fator de acréscimo de tensões.

Uma forma de diminuir a concentração de tensões é elaborar o desenho da peça que tenha a transição
mais suave entre uma seção e outra. Um exemplo é esquematizado na Figura 4.13.

Pior Condição

Condições
Melhoradas

Figura 4.13 – Otimização do projeto: redução da concentração de tensões

As Figura 4.14 a Figura 4.20 ilustram fatores de concentração de tensões para diversas condições
especificadas em cada figura. Para implementação computacional, as figuras apresentam as expressões
matemáticas que geram os respectivos gráficos.
Resistência dos Materiais I 58
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Kt 

Kt

Figura 4.14 - Fator de concentração de tensões de eixo escalonado submetido a tração

Kt 

Kt

Figura 4.15 - Fator de concentração de tensões de eixo com gola submetido a tração

Kt 

Kt

Figura 4.16 - Fator de concentração de tensões de barra escalonada submetido a tração


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 59
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Kt 

Kt

Figura 4.17 - Fator de concentração de tensões de barra com entalhe submetido a tração

Kt 

Kt

Figura 4.18 - Fator de concentração de tensões de barra submetido a tração ou compressão


Resistência dos Materiais I 60
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Kt

Figura 4.19 - Fator de concentração de tensões para chapa com furo submetida a tração

Kt

Figura 4.20 - Fator de concentração de tensões para suporte T submetido a tração


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4.6 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS E ESTRUTURAS CARREGADAS AXIALMENTE
PELO CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA

As estruturas e peças carregadas axialmente são submetidas a tensões normais que são determinadas a
partir da seguinte expressão:

P
  Kt
A
Onde:

 = tensão normal média;


Kt = fator de concentração de tensões estático;
P = força normal interna resultante, aplicada no centróide da área da seção transversal;
A = Área da seção transversal da barra.

Para realizarmos o dimensionamento de uma estrutura ou peça sujeito a cargas axiais, devemos
comparar a tensão desenvolvida com a tensão admissível do material:

 adm  

onde:

adm – tensão admissível do material;


 - tensão de trabalho

Assim, tem-se que:

Kt  P
A
 adm

onde:
P – carga axial;
adm – tensão admissível do material;

Para os materiais dúcteis, tem-se que (Na engenharia mecânica geralmente a falha é o escoamento.
Não queremos deformações permanentes nas peças. Isso prejudica as folgas de projeto):

Sy
 adm   
N st

onde:

Sy = e = tensão de escoamento; e Nst = Coeficiente de segurança (estático);


Resistência dos Materiais I 62
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Para os materiais frágeis, temos que:

S ut
 adm   
N
onde:

Sut = ut = rt – tensão de resistência a tração ou tensão última;

Nst – Coeficiente de segurança (estático);

4.7 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS E ESTRUTURAS CARREGADAS AXIALMENTE


PELO CRITÉRIO DA RIGIDEZ

As estruturas e peças carregadas axialmente são submetidas a deformações que são determinadas a
partir das expressões:

 P
  E   
L A
fazendo as substituiçõs tem-se que:
P 
 E
A L

PL
A
E 

Onde:

 = deslocamento;
L= comprimento inicial da peça;
P = força normal interna resultante, aplicada no centróide da área da seção transversal;
E = módulo de elasticidade longitudinal do material;
A = Área da seção transversal da barra.

Para realizarmos o dimensionamento de uma estrutura ou peça sujeito a cargas axiais pelo critério da
rigidez, devemos substituir na expressão anterior o deslocamento “” por deslocamento admissível
“adm”, resultando na seguinte expressão:

PL
A
E   adm
Onde: adm = deslocamento máximo admissível para a peça.
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4.8 EXERCÍCIOS

4.8.1 Tensão e deformação


1 – Uma barra de controle de aço com 1,7 m de extensão não pode se alongar mais de 0,5 mm quando
suporta uma força axial de tração de 10.000N. Sabendo-se que o E = 200 GPa determine:
a) O menor diâmetro que pode ser adotado para a barra;
b) A tensão normal causada pelo carregamento.
Resposta: a)  = 58,82 MPa; b) d = 14,7 mm
2 – Em uma barra de alumínio de 12 mm de diâmetro são feitas 2 marcas distanciadas de 250 mm.
Determinar o módulo de elasticidade do alumínio usado se para a força de 6.000 N a distância entre as
marcas é de 250,18 mm.
Resposta: a) E = 73,68 GPa
3 – Um fio de aço de 5 mm de diâmetro e 18 m de extensão é usado para confecção de uma viga de
concreto protendido. Quando se aplica a força P, o fio se alonga 45 mm. Sabendo-se que E=200 GPa
pede-se determinar:
a) A intensidade da força P; b) A correspondente tensão normal no fio.
b) Resposta: a) P = 9817,5 N; b)  = 50,00 MPa
4 – Uma Barra de alumínio deve distender 2 mm quando se aplica a ela uma força de tração de
2.200N. Conhecendo-se os valores de: adm = 150 MPa e E = 70GPa, determinar diâmetro e o maior
comprimento que devem ser adotados para a barra.
Resposta: a) d = 4,3 mm; b) L = 0,93 m
5 - Uma força de tração de 9 kN vai ser aplicada a um fio de aço (E = 200 GPa) de 50 m de
comprimento. Determinar o menor diâmetro a ser adotado para o fio se a tensão normal não pode exceder
a 150 MPa e a deformação no fio deve ser no máximo 25 mm.
Resposta: a) Pelo critério da resistência d = 8,7 mm; b) Pelo critério da rigidez d = 10,7 m

6 – Uma peça tracionada tem o diâmetro de 1,25 cm. O aumento do comprimento registrado pelo
extensômetro longitudinal para uma carga de 4,5 kN é de 0,0025 cm, relativo a um comprimento original
L = 5 cm. A redução do diâmetro medido pelo extensômetro lateral, é de 0,000125 cm. Qual a tensão de
cálculo? Calcular o módulo de elasticidade. Determinar o coeficiente de Poisson. (Shames, p. 82, 41)
Resposta: a)  = 36,66 MPa; b) E = 73,6 GPa; c)  = 0,2.
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7 – Uma barra de aço de comprimento l=1,5 m e seção quadrada, de lado a = 5 cm, é submetida à
força axial de tração P = 29 tf. Determinar a diminuição de “a” provocada por esse carregamento. São
dados: E=2,1x106 kgf/cm2 e  = 0,3. (Nash, p. 91, 1-17)
Resposta: a)  = 5,52x10-4 mm/mm; t = -1,657,52x10-4 mm/mm; b) A = -8,28x10-4 cm

8 – Uma barra prismática com seção retangular ( 25 mm x 50 mm) e comprimento l = 3,60 m, esta
sujeita a uma força axial de tração de 10 tf. O alongamento da barra é de 1,2 mm. Calcular a tensão de
tração e a deformação unitária da barra. (Timoshenko, p. 27, 1.2-2)
Resposta: a)  = 80 MPa; b)  = 3,33x10-3 mm/mm

9 – Considere uma corda de nylon com o diâmetro de 0,6 cm e o comprimento de 1,50 m. Se o


módulo de elasticidade deste material é 211 MPa e o coeficiente de Poisson vale 0,4, qual é á tensão e
qual o diâmetro, quando solicitada por uma força de tração de 2,25 kN. (Shames, p. 83, 4.4)
Resposta: a)  = 80 MPa; b)  = 0,380 mm/mm, d = 5,08 mm

10 – Uma barra de alumínio de seção circular, de diâmetro igual a 11/4” está sujeita à força de tração de
5000 kgf. Determinar:
a) a tensão normal;
b) a deformação longitudinal;
c) o alongamento em 8”;
d) a variação do diâmetro;
e) a variação da seção. Admita-se E=0,8x108 kgf/cm2 e  = 0,25 (Nash, p. 29, 1-45)
Resposta: a)  = 631,52cm2; b) 7,89x10-4 mm/mm, c) = 1,63x10-4 m d = 6,26x10-6 m
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4.8.2 Tensões térmicas


11- Determine a tensão na barra redonda de aço ilustrada, quando submetida a uma mudança de temperatura T =
50oC sob as seguintes condições.
a) A barra é completamente impedida de se expandir

A L = 127 cm B

aço = 1,2x10-5/oC
Eaço = 200 GPa

b) A barra é parcialmente impedida de se expandir de modo que seja possível uma deformação de 0,025
cm = 2,5x10-4m

A L = 127 cm B

aço = 1,2x10-5/oC 2,5x10-4m


Eaço = 200 GPa

Resposta: a)  = 120MPa; b)  = 80,62 MPa;

12- Considere que os trilhos de aço de uma ferrovia são colocados com juntas de 6 mm entre eles
conforme indicado. Além disso, considere que eles sofrem uma dilatação térmica livres, exceto quando
são impedidos um pelo outro. Encontre a tensão nos trilhos quando:

a) T = 125oC b) T = 50oC

6 mm
A 15 m B

aço = 11,7x10-6/oC Eaço = 205 GPa

Resposta: a)  = 217,8 MPa; b)  = 37,9 MPa;


Resistência dos Materiais I 66
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13 - O tubo de alumínio é totalmente preenchido pelo cilindro de latão e o conjunto se encontra sem
efeitos de tensão na temperatura de 15 oC. Determinar as tensões no alumínio quando a temperatura for de
195 oC. Considerar apenas deformações axiais. Considere que:

25 mm Alumínio
EAlum = 70 GPa
Alum = 23x10-6/oC

Latão
ELat = 105 GPa
Lat = 19x10-6/oC

60 mm

Resposta: a) FAlum=28229,7 N (compressão); b) FLatão =28229,7 N (Tração);

14 – O poste de concreto armado da figura sofre um aumento de temperatura de 40 oC. Determinar as


tensões provocadas no aço e no concreto por essa variação de temperatura. Dados:

Aço = 1,2x10-5/oC; EAço = 200 GPa;

Concr = 1,015x10-5/oC; EConcr = 20 GPa;

25 mm 6 barras de aço
dAço = 22mm =0,011m

EAço = 200 GPa;


Aço = 1,2x10-5/oC;
1,5m

Concr = 1,015x10-5/oC
250 mm
250 mm
EConcr = 20 GPa;

Resposta: a) Aço = 10,84 MPa; b) Concr = 0,39 MPa;


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15 – Uma barra acha-se engastada em A e carregada por uma força F = 40000N conforme ilustra a figura.
Antes do carregamento existe uma folga de 0,20 mm entre as extremidades da barra e a parede rígida C.
Sendo E = 200 GPa, qual a tensão na barra AB.

AAB =200 mm2


EAço = 200 GPa;
ABC =100 mm2

40000 N
A
B C C
250 mm 250 mm 0,2 mm

Diagrama de esforço axial

Resposta: a) Rc=2.666,7 N;

Cobre:
E = 10500 kgf/mm2
4.8.3 Concentração de Tensões  = 16,74 x 10-6/oC

16- Para a peça esquematizada na figura abaixo identifique o ponto onde ocorre a máxima tensão normal
Alumínio:
2 e50determine-a.
mm Utilize o gráfico ao lado para determinar o fator de concentração
E = 7000 kgf/mm2de tensões.
P = 120.000N (carga aplicada na junta)  = 21,6 x 10-6/oC Alumínio

e =5 mm
P = 80.000 N

d = 25 mm
200 mm

mm P P
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17- Para P = 100.000 N, w = 150 mm, h = 75 mm, t = 5 mm e r = 10 mm determine a máxima tensão
normal na peça. Utilize o gráfico ao lado para determinar o fator de concentração de tensões.
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Não se esqueça de estudar também o


Capítulo 4 – Cisalhamento Simples p. 70 do
Willian Nash
5 SOLICITAÇÕES CORTANTES

5.1 CISALHAMENTO SIMPLES

Conforme já estudamos no capítulo 1, considere que a seção da área seja subdividida em áreas
pequenas (A). A força F subdivide-se nas três componentes (x, y e z).

z z
F F z
F

Fx F y
A
x y

F2
F1

x y

Figura 5.1 – Componentes da força F


F
Quando A  0 , F  0 mas  finito . A relação entre a força e a área é chamada tensão
A

A intensidade da força por unidade de área que atua no sentido tangente a A, é definida como tensão
de Cisalhamento,  (tau). Os componentes de tensão de cisalhamento são:

Fx Fy
 zx  lim e  zy  lim
A0 A A0 A
A tensão de cisalhamento média distribuída sobre cada área secionada que desenvolve a força de
cisalhamento (V=F/2) é definida por:

V
 
A

Onde:
 - Tensão de cisalhamento média;
V – Esforço cortante;
A – Área da seção transversal da peça.

Figura 5.2 – Tensão de cisalhamento média.


Fonte Hibbeler (2004)
Resistência dos Materiais I 70
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O equilíbrio é realizado na direção y e x (F=0) chegando ao ilustrado naFigura 5.3. Para que ocorra o
equilíbrio as quatro tensões de cisalhamento devem ter intensidades iguais, e ser direcionadas no mesmo
sentido ou em sentido contrário uma da outra nas bordas opostos do elemento

Figura 5.3 – Equilibrio de tensões cisalhantes. Fonte Hibbeler (2004)

5.1.1 Dimensionamento de peças submetidas ao cisalhamento simples

Nas estruturas e peças submetidas ao cisalhamento simples as tensões de cisalhamento pode ser
determinada a partir da seguinte expressão:

V

A
Onde:

 = tensão cisalhamte média;


V = força cisalhante;
A = área da seção transversal da barra/peça.
Para realizarmos o dimensionamento de uma estrutura ou peça sujeito a cargas axiais, devemos
comparar a tensão desenvolvida com a tensão admissível do material:

 adm  

onde:

adm – tensão admissível (cisalhante) do material;


 - tensão de trabalho
Assim, tem-se que:

V
A
 adm
onde:
V – carga atangencial (cisalhante); e adm – tensão admissível do material;
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 71
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Para os materiais dúcteis, tem-se que:

S ys
 adm   
N st
onde:

Sys = e = tensão de escoamento tangencial; e Nst = Coeficiente de segurança (estático);

5.2 ESMAGAMENTO - PRESSÃO DE CONTATO (TENSÃO NORMAL)

Embora este não seja o capítulo ideal para apresentar este conteúdo, iremos introduzi-lo aqui, pois
geralmente quando são realizados cálculos de dimensionamento baseados no cisalhamento simples
também são realizados os cálculos devido ao esmagamento (pressão de contato).

A Figura 5.4 ilustra uma situação típica em juntas rebitadas e parafusadas em que o esforço gera o
esmagamento entre parafuso/rebite e chapa.

P
t
P

Área de esmagamento

P P
d

Área de esmagamento (pressão de contato)  tensão de compressão entre


parafuso e chapa

Figura 5.4 – Tensão de contato

O esmagamento gera pressão de contato e provoca tensões normais na peça dadas pela seguinte
expressão:

P
d 
t d
Onde:
d – tensão de contato; t – espessura da chapa;
P – Força; d – diâmetro do parafuso; t.d – área projetada;
Resistência dos Materiais I 72
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5.3 EXERCÍCIOS CISALHAMENTO SIMPLES E ESMAGAMENTO
01 - Determine a tensão de cisalhamento que atua no plano EDB da figura ilustrada:
F = 300 kN
37o

50 mm

100 mm
100 mm 120 mm

Resposta:  = 19,13 MPa


02 – O conjunto representado na figura abaixo é formado por: (1) Parafuso sextavado M12 (diâmetro 12
mm); (2) Garfo com haste de espessura 6 mm; (3) Chapa de aço ABNT 1020 com espessura de 8 mm; e
37o rosca no parafuso
(5) Porca M12. Supor que não haja 50 mm nas regiões de cisalhamento e esmagamento. A
100 mm
carga P que atua no conjunto é de 6 kN. Determinar:
120 mm 100 mm
a) A tensão de cisalhamento atuante no parafuso;
b) A pressão de contato na chapa intermediária;
c) A pressão de contato nas hastes do garfo;
(1)

P=6 kN P= 6kN
(2)
(4)

(3)
(5)

Resposta: a)  = 26,52 MPa; b) d = 62,50 MPa; c) d = 41,66 MPa;


03 - Três peças de madeira são coladas na disposição vista na figura. Todas tem a mesma seção
transversal de 200 mm de comprimento na direção perpendicular ao plano da figura. Para P=10 tf, qual a
tensão de cisalhamento nas juntas coladas.
P = 10 tf

50 mm

Resposta:  = 50 Kgf/cm2
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04 – Uma barra de alumínio de seção circular com diâmetro de 44 mm ajusta-se no interior de um tubo de
cobre de igual comprimento. O diâmetro externo do tubo é de 50 mm e o interno de 45 mm. Na
extremidade, um pino metálico de 5 mm de diâmetro atravessa a montagem radialmente. Calcular a
tensão média de cisalhamento do pino quando a temperatura aumentar de 30 oC.

Alumínio:
E = 7000 kgf/mm2
 = 21,6 x 10-6/oC

Cobre:
E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC
Cobre Alumínio

Resposta: F = 417,47 kgf e  = 1060 Kgf/cm2


05 – Um acoplamento entre dois eixos transmite um momento de torção de 5,8 kN.cm (580 kgf.cm) e
uma carga axial de 4,5 kN (450 kgf). Quatro parafusos com diâmetro de 1,25 cm cada estabelecem a
mm 37o Alumínio:
ligação entre as duas peças e antes do carregamento do eixo apresentamEforças dekgf/mm
= 7000 tração desprezível.
2
120 mm
 = 21,6 x 10
Admitindo que cada parafuso suporta a mesma carga, qual é a tensão de cisalhamento
-6 o
/ Cna seção de
média
cada parafuso entre as flanges do acoplamento e qual a tensão normal nesta seção?
Cobre:
F = 4,5 kN T = 5,8 kN.cm E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC

Resposta: a)  = 1,18 MPa; b)  = 9,167 MPa;


06 – Projetar uma junta rebitada representada na figura para as tensões admissíveis indicadas na figura.

P e = 8 mm
P

d = ? mm

P = 120.000N (carga aplicada na junta)

P P

d adm=225 MPa adm=105 MPa

Resposta: a) (pelo cisalhamento no pino) d > 17,05 mm; b) (pelo esmagamento) d > 13,00 mm
50 mm Alumínio:
E =I 7000 kgf/mm2
Resistência dos Materiais 74
Prof. Douglas Roberto  = 21,6 x 10-6/oC Alumínio
Zaions
07 – Projetar uma junta rebitada representada na figura para as tensões admissíveis indicadas na figura.

P = 120.000N (carga aplicada na junta)

e = 8 mm
P
P

d = 8 mm

P
P

d adm=280 MPa adm=105 MPa

Resposta: a) (pelo cisalhamento no pino) d > 12,0 mm; b) (pelo esmagamento) d > 10,7 mm

Cobre:
E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC
08 – Uma placa suporta uma carga de 15 kN e esta segura por 3 parafusos de 14 mm de diâmetro

50 mm conforme ilustra a figura. Pede-se: Alumínio:


E = 7000 kgf/mm2
a)120.000N
P= Qual o parafuso que suporta
(carga aplicada na junta)a maior carga?  = 21,6 x 10-6/oC Alumínio
b) Determine a tensão de cisalhamento que ocorre no parafuso mais carregado.

A
75 mm
B
75 mm P=15 kN
C

Resposta: a) O parafuso “C” é o mais carregado b)  = 81,2 MPa.


E = 10500 kgf/mm
 = 16,74 x 10-6/oC

UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 75


50 mm Alumínio:
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E = 7000 kgf/mm2
09 – PDada a ligação parafusada
aplicada nada figura abaixo, determine a tensão de cisalhamento no parafuso A.
= 120.000N (carga junta)  = 21,6 x 10-6/oC Alumínio
Todos os parafusos tem diâmetro d = 25 mm.

A B 100 kN
200 mm

C D

150 mm

Resposta:
a) Os parafusos “A e B” são os mais carregados;
b)  = 87,03 MPa.

10 – Uma carga P esta aplicada na placa rebitada a um suporte como mostra a figura. Determine o valor
máximo de P se a tensão tangencial admissível nos rebites for de adm= 85 MPa. Todos os rebites tem
diâmetro d= 25 mm.

75 mm 75 mm 150 mm P

1
100 mm
4
2
100 mm
3

Resposta: a) O rebite “2” é o mais carregado;


b) P = 52,815 kN.
Resistência dos Materiais I 76
Cobre:
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E = 10500 kgf/mm2
11 – Considere a ligação chavetada entre um eixo e =um cubo conforme indicado abaixo. É transmitido um
16,74 x 10-6/oC
torque T = 336 N.m entre cubo e eixo. Sabendo que: l = 30 mm, b = 10 mm e h = 8 mm pede-se:
a) Calcule a força tangencial “Pt”desenvolvida na chaveta;
Alumínio:
b) Calcule a tensão de cisalhamento desenvolvida na chaveta; E = 7000 kgf/mm2
P = 120.000N (carga aplicada na junta)  = 21,6 x 10-6/oC Alumínio
b) Calcule a tensão de esmagamento desenvolvida na chaveta;

B cubo
chaveta
eixo
Pt
h
d =40 mm

b
l

Resposta: a) Pt = 16800N; b)  = 56 MPa; c)  = 140 MPa.


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 77
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6 FLEXÃO

Confome Hibbeler (2000), as vigas e os eixos são elementos estruturais e mecânicos muito
importantes na engenharia e grande parte destes podem estar submetidos a efeitos de flexão.

Neste capítulo trataremos do efeito da flexão e como determinar as tensões desenvolvidas. O capítulo
inicia com uma breve classificação da flexão e em seguida discute-se sobre a força cortante e sobre os
momentos fletores e como desenvolver os diagramas de esforço cortante e momento fletor. O objetivo em
desenvolver tais diagramas é determinar os maiores esforços desta natureza em um elemento e o local
onde ocorrem. Desta forma será possível determinar nos pontos críticos da peça a tensão de flexão
desenvolvida ou então dimensionar a seção transversal para resistir ao carregamento aplicado.

6.1 CLASSIFICAÇÃO DA FLEXÃO

A flexão pode ser classificada quanto ao tipo de esforço solicitante em: (i) flexão pura; (ii) flexão
simples; e (iii) flexão composta.

A flexão pura ocorre quando a única solicitação é de momento fletor. A flexão simples ocorre
quando além do momento fletor, existe esforço cortante. A flexão composta ocorre quando além do
momento fletor, tem-se esforço cortante, esforço normal e momento torçor.

Quanto ao plano de atuação das cargas, a flexão pode ser classificada em: (i) flexão normal ou reta; e
(ii) flexão oblíqua ou desviada.

A flexão é dita normal ou reta quando o traço do plano que contém as cargas coincide com um dos
eixos principais de inércia. Na Figura 6.1 pode-se observar os casos onde ocorre a flexão normal ou reta.

Eixo principal
de Inércia
Plano que contém
as cargas

Figura 6.1 – Flexão normal ou reta


Resistência dos Materiais I 78
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A flexão oblíqua ou desviada ocorre quando o plano que contém as cargas faz um ângulo com um
dos eixos principais de inércia conforme se pode verificar na Figura 6.2.

Plano que contém


as cargas

Eixo principal
de Inércia

Figura 6.2 – Flexão oblíqua ou desviada

6.2 CONVENÇÃO DE SINAIS DA FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR

A convenção de sinais a ser adotada para o esforço cortante e momento fletor é indicada naFigura 6.3.

M + M M - M
V V V V
E D N E D N
N N

Figura 6.3 – Convenção de sinais do esforço cortante e momento fletor

Considerando que a análise seja feita da esquerda para direita, a força cortante será positiva, quando
provocar na peça momento fletor positivo e este ocorre quando as cargas cortantes atuantes na peça
tracionam as suas fibras inferiores.

O momento fletor é considerado negativo quando as forças cortantes atuantes na peça comprimirem as
suas fibras inferiores conforme ilustra a Figura 6.4.

P Compressão Fibras
superiores Tração
L N P
A B RB
LN
RA Fibras RB
inferiores Tração Fibras Compressão
inferiores
Momento Positivo Momento Negativo

Figura 6.4 - Momento fletor positivo e negativo.


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Em geral, vigas e eixos, são elementos estruturais e mecânicos que estão submetidos a esforços de
cisalhamento e flexão. Para dimensionar uma peça ou estrutura sujeita a esforços de flexão e de
cisalhamento, é necessário determinar seus valores ao longo da peça para posteriormente utilizá-las nas
fórmulas específicas de dimensionamento.

6.3 CÁLCULO DA FORÇA CORTANTE „V‟ E DO MOMENTO FLETOR „M‟

6.3.1 Força cortante „V‟

A força cortante atuante em uma dada seção transversal de uma viga é obtida através da resultante das
forças cortantes atuantes à esquerda da seção transversal estudada. A Figura 6.5 ilustra um exemplo do
cálculo das forças cortantes em varias seções de uma viga.

P1 P2 P3
Seção AA V = RA
A B C
Seção BB V = RA – P1

Seção CC V = RA – P1 – P2
A B C
RA RB

Figura 6.5 - Cálculo do esforço cortante.

6.3.2 Momento fletor „M‟

O momento Fletor atuante em uma determinada seção transversal da peça é determinado através do
cálculo da resultante dos momentos atuantes à esquerda da seção estudada. A Figura 6.6 ilustra um
exemplo do cálculo de momentos fletores em varias seções de uma viga.
d
P1 P2 P3
a b c
Seção AA M = RA.x1
A B C
Seção BB M = RA.x2-P1.(x2-a)

Seção CC M = RA.x3-P1.(x3-a)– P2.[ x3-(a+b)]


A B C
RA RB
x1
x2
x3

Figura 6.6 - Cálculo do momento Fletor.


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Para melhor visualizar o efeito dos momentos fletores e esforço cortante, deve-se sempre desenvolver
os diagramas de esforço cortante e diagrama de momento fletor. A figura abaixo, mostra estes
diagramas.

P
a b

RA x RB
x

V = RA +
Linha zero V
- V = -RB

Mmax=RA.a

Figura 6.7 - Cálculo do momento fletor.

6.4 FLEXÃO PURA E SIMPLES

6.4.1 Flexão Pura

Quando a peça submetida à flexão, apresenta somente momento fletor nas diferentes seções
transversais, e não possui força cortante atuante nestas seções a flexão é denominada de flexão pura. Na
figura abaixo, podemos notar que entre os pontos C e D há somente momento fletor ou seja a força
cortante entre estes pontos é nula.
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a b a

A B
C D

RA x RB

OBS. 2: Onde o esforço cortante é


+ nulo, o momento fletor é constante

OBS. 1: Onde o esforço cortante é -


nulo, o momento fletor é máximo

Figura 6.8 - Flexão Pura e Simples.

6.4.2 Flexão Simples

A flexão é denominada simples, quando as seções transversais da peça estiverem submetidas


simultaneamente a esforços cortantes e momento fletor. Na figura acima os intervalos onde ocorre a
flexão simples é entre os pontos AC e DB.

6.5 TENSÃO GERADA NA FLEXÃO

Para o estabelecimento das expressões básicas associadas a tensões de flexão, as seguintes hipóteses
básicas da Resistência dos Materiais devem ser observadas:

1. As seções planas da viga antes da deformação permanecem planas após a deformação.

2. O material de que é constituída a viga é homogêneo e isótopos.

3. O material é elástico obedecendo a Lei de Hooke com módulos de elasticidade iguais a tração e a
compressão.

4. A viga é de seção constante e qualquer, e de eixo inicialmente reto.

5. O plano que contém o carregamento coincide com um dos eixos de inércia da seção e as cargas atuam
perpendicularmente ao eixo longitudinal da viga (condição de flexão normal).
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6. O material é constituído de uma série de fibras longitudinais que se supõem não exerçam pressões
umas sobre as outras, sendo independentes e unicamente solicitadas aos esforços normais de flexão.

Conforme já mencionado, as tensões produzidas na flexão são do tipo tensões normais com
distribuição não uniforme ao longo da seção transversal da peça. As máximas tensões de tração ou
compressão ocorrem sempre na parte mais afastada da linha neutra conforme ilustra a Figura 6.9.

P Fibras A
comprimidas
c máx
S N a
A B b
t máx
RA Fibras RB
inferiores
Fibras
tracionadas

Figura 6.9 – Tensões na Flexão.

Para calcularmos as tensões de tração e compressão agindo em uma peça, podemos usar as fórmulas
abaixo:

MF  y

I

onde:

MF – Momento fletor atuante;

y (c) – Distância da Fibra neutra à fibra em que se deseja calcular a tensão;

I – Momento de inércia (Este fator depende do tipo de seção isto é, circular, quadrada, retangular, etc..
e pode-se retirá-lo de tabelas)

 - Tensão normal de flexão atuando a uma distância y da fibra neutra.

Podemos também, utilizar a fórmula abaixo, para calcular a tensão máxima de tração ou de
compressão agindo na seção transversal da peça, utilizando-se do módulo de resistência a flexão denotado
por WF.
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MF
 max 
WF

onde:

MF – Momento fletor atuante;

WF – Módulo de resistência a flexão (Este fator depende do tipo de seção isto é, circular, quadrada,

I
retangular, etc. e pode-se retira-lo de tabelas). WF 
y

max - Tensão normal de flexão atuando a uma distância y da fibra neutra.

A Figura 6.18 ilustra as propriedades “I” para algumas seções comuns de serem encontradas. Estas
propriedades para outras seções podem ser encontradas em outros livros.

6.6 FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA FLEXÃO


nom
nom
max h
Distribuição de Distribuição de
tensões para tensões para
D seção entalhada seção linear
d

Figura 6.10 - Concentração de tensões em uma barra entalhada submetida a um momento fletor

As Figura 6.11 a Figura 6.16 ilustram fatores de concentração de tensões para diversas condições
especificadas em cada figura. Para implementação computacional, as figuras apresentam as expressões
matemáticas que geram os respectivos gráficos.
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Kt 

Kt

Figura 6.11 - Fator de concentração de tensões de eixo escalonado submetido a flexão

Kt 

Kt

Figura 6.12 - Fator de concentração de tensões de eixo com gola submetido a flexão

Kt

Kt 

Figura 6.13 - Fator de concentração de tensões de eixo com furo submetido a Flexão
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Kt 

Kt

Figura 6.14 - Fator de concentração de tensões de barra escalonada submetido a flexão

Kt 

Kt

Figura 6.15 - Fator de concentração de tensões de barra com entalhe submetido a flexão

Kt 

Kt

Figura 6.16 - Fator de concentração de tensões de barra submetido a Flexão


Resistência dos Materiais I 86
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6.7 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A FLEXÃO PELO CRITÉRIO DA
RESISTÊNCIA

Para realizar o dimensionamento de peças sujeitas a esforços de flexão, devemos considerar a tensão
admissível e as cargas atuantes na peça. Após determinado o diagrama de momento fletor, encontra-se o
máximo momento fletor atuante na viga. Determina-se também o fator de concentração de tensões
estático. Conhecendo o tipo de material e as condições nas quais as cargas estão sendo aplicadas,
determina-se a tensão admissível que pode ser utilizada. Após, substitui-se os valores na fórmula abaixo e
determina-se o módulo de resistência a flexão mínimo que deve a peça possuir para suportar o
carregamento.

K t  M F max K t  M F max  y
WF  ou I
 adm  adm
onde:
Kt – Fator de concentração de tensões estático (flexão);
MFMax – Momento fletor máximo atuante;
WF – Módulo de resistência a Flexão mínimo que a peça deve ter;
y – Distância da Fibra neutra à fibra em que se deseja calcular a tensão;
I – Momento de inércia (Este fator depende do tipo de seção isto é, circular, quadrada, retangular, etc..
e pode-se retira-lo de tabelas)
adm - Tensão admissível a ser utilizada no dimensionamento.

6.7.1 Tensões admissíveis

Considerando em uma peça, a ocorrência de “Somente tensão de flexão”, as tensões admissíveis


podem ser calculadas pelas fórmulas abaixo especificadas.

Sy
Para os materiais dúcteis, tem-se que :  adm    onde:
N st

Sy = e = tensão de escoamento; e Nst = Coeficiente de segurança (estático);

Sut
Para os materiais frágeis, temos que:  adm    onde:
N st

Sut = ut = rt – tensão de resistência a tração ou tensão última;

Nst – Coeficiente de segurança (estático);


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6.8 FLECHA PRODUZIDA NA FLEXÃO

A aplicação de cargas às vigas, dão origem não só a tensões normais e de cisalhamento, mas também a
deslocamentos lineares “ y ”dos pontos dos eixos das barras.

Figura 6.17 – Flecha produzida na flexão. Fonte: Nash

O cálculo da flecha, envolve procedimentos complexos que serão abordados em detalhes em


Resistência dos Materiais II. Para algumas aplicações simples, podemos encontrar em tabelas as fórmulas
para calcular a flecha.

Figura 6.18 - Propriedades de algumas seções transversais. Fonte: Norton, 2000


Resistência dos Materiais I 88
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A fim de ilustrar as propriedades de alguns perfis estruturais, na Figura 6.19, Tabela 6.1 e Tabela 6.2
presentam-se as tabela de perfis I e H fornecidos pela empresa “Comercial Fernandes Ltda” referentes a
Peris I e H Laminados a Quente. Os perfis produzidos por esta empresa apresentam as seguintes
características técnicas:
- Padrões e especificações de acordo com a Norma ASTM;
- Ampla variedade de bitolas, de 6 a 24 polegadas (de 150 mm a 600 mm);
- Produzidos em diferentes especificações - ASTM A 36, A 5772 Grau 50, A 588, entre outras;
- Abas paralelas e retilíneas que permitem melhores soluções de ligações, encaixes e acabamentos
estruturais;
- Vigas inteiriças, sem tensões localizadas;
- Laminados, nas formas I e H;
- Mais leves que os perfis tradicionais. Menor massa linear (kg/m);
- Precisão na concordância entre a alma e as abas;
- Uniformidade da composição química e das propriedades mecânicas;
- Material certificado e com garantia de qualidade.

Figura 6.19 – Terminologia dos Perfis I e H. Fonte: www.comercialfernandes.com

PERFIS H
PESO ESPESSURA EIXO X - X EIXO Y - Y
BITOLA Massa Linear d bf d' h tw tf Ix Wx Rx Iy Wy ry S
Kg/m mm mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm4 cm3 cm cm2
W 150 x 22,5 22,5 152 152 119 139 5,8 6,6 1.229 161,7 6,51 387 50,9 3,65 29,0
W 150 x 29,8 29,8 157 153 118 138 6,6 9,3 1.739 221,5 6,72 556 72,6 3,80 38,5
W 150 x 37,1 37,1 162 154 119 139 8,1 11,6 2.244 277,0 6,85 707 91,8 3,84 47,8
W 200 x 35,9 35,9 201 165 161 181 6,2 10,2 3.437 342,0 8,67 764 92,6 4,09 45,7
W 200 x 46,1 46,1 203 203 161 181 7,2 11,0 4.543 447,6 8,81 1.535 151,2 5,12 58,6
HP 200 x 53,0 53,0 204 207 161 181 11,3 11,3 4.977 488,0 8,55 1.673 161,7 4,96 68,1
HP 250 x 62,0 62,0 246 256 201 225 10,5 10,7 8.728 709,6 10,47 2.995 234,0 6,13 79,6
W 250 x 73,0 73,0 253 254 201 225 8,6 14,2 11.257 889,9 11,02 3.880 305,5 6,47 92,7
W 250 x 80,0 80,0 256 255 201 225 9,4 15,6 12.550 980,5 11,10 4.313 338,3 6,51 101,9
HP 250 x 85,0 85,0 254 260 201 225 14,4 14,4 12.280 966,9 10,64 4.225 325,0 6,24 108,5
W 250 x 89,0 89,0 260 256 201 225 10,7 17,3 14.237 1.095,1 11,18 4.841 378,2 6,52 113,9
HP 310 x 79,0 79,0 299 306 245 277 11,0 11,0 16.316 1.091,3 12,77 5.258 343,7 7,25 100,0
HP 310 x 93,0 93,0 303 308 245 277 13,1 13,1 19.682 1.299,1 12,85 6.387 414,7 7,32 119,2
W 310 x 97,0 97,0 308 305 245 277 9,9 15,4 22.284 1.447,0 13,43 7.286 477,8 7,68 123,6
W 310 x 107,0 107,0 311 306 245 277 10,9 17,0 24.839 1.597,3 13,49 8.123 530,9 7,72 136,4
HP 310x110,0 110,0 308 310 245 277 15,4 15,5 23.703 1.539,1 12,97 7.707 497,3 7,39 141,0
W 310 x 117,0 117,0 314 307 245 277 11,9 18,7 27.563 1.755,6 13,56 9.024 587,9 7,76 149,9
HP 310x125,0 125,0 312 312 245 277 17,4 17,4 27.076 1.735,6 13,05 8.823 565,6 7,45 159,0
W 360 x 110,0 110,0 360 256 288 320 11,4 19,9 33.155 1.841,9 15,36 5.570 435,2 6,29 140,6
W 360 x 122,0 122,0 363 257 288 320 13,0 21,7 36.599 2.016,5 15,35 6.147 478,4 6,29 155,3
I = momento de inércia W = módulo de resistência r = raio
Tabela 6.1 - Perfis H - Laminados a Quente. Fonte: www.comercialfernandes.com
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PERFIS I
ESPESSURA EIXO X - X EIXO Y - Y
BITOLA Massa d bf d' h tw tf Ix Wx Rx Iy Wy ry S
Linear
Kg/m mm mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm4 cm3 cm cm2
W 150 x 13,0 13,0 148 100 118 138 4,3 4,9 635 85,8 6,18 82 16,4 2,22 16,6
W 150 x 18,0 18,0 153 102 119 139 5,8 7,1 939 122,8 6,34 126 24,7 2,32 23,4
W 200 x 15,0 15,0 200 100 170 190 4,3 5,2 1.305 130,5 8,20 87 17,4 2,12 19,4
W 200 x 19,3 19,3 203 102 170 190 5,8 6,5 1.686 166,1 8,19 116 22,7 2,14 25,1
W 200 x 22,5 22,5 206 102 170 190 6,2 8,0 2.029 197,0 8,37 142 27,9 2,22 29,0
W 200 x 26,6 26,6 207 133 170 190 5,8 8,4 2.611 252,3 8,73 330 49,6 3,10 34,2
W 200 x 31,3 31,3 210 134 170 190 6,4 10,2 3.168 301,7 8,86 410 61,2 3,19 40,3
W 250 x 17,9 17,9 251 101 220 240 4,8 5,3 2.291 182,6 9,96 91 18,1 1,99 23,1
W 250 x 22,3 22,3 254 102 220 240 5,8 6,9 2.939 231,4 10,09 123 24,1 2,06 28,9
W 250 x 25,3 25,3 257 102 220 240 6,1 8,4 3.473 270,2 10,31 149 29,3 2,14 32,6
W 250 x 28,4 28,4 260 102 220 240 6,4 10,0 4.046 311,2 10,51 178 34,8 2,20 36,6
W 250 x 32,7 32,7 258 146 220 240 6,1 9,1 4.937 382,7 10,83 473 64,8 3,35 42,1
W 250 x 38,5 38,5 262 147 220 240 6,6 11,2 6.057 462,4 11,05 594 80,8 3,46 49,6
W 250 x 44,8 44,8 266 148 220 240 7,6 13,0 7.158 538,2 11,15 704 95,1 3,50 57,6
W 310 x 21,0 21,0 303 101 272 292 5,1 5,7 3.776 249,2 11,77 98 19,5 1,90 27,2
W 310 x 23,8 23,8 305 101 272 292 5,6 6,7 4.346 285,0 11,89 116 22,9 1,94 30,7
W 310 x 28,3 28,3 309 102 271 291 6,0 8,9 5.500 356,0 12,28 158 31,0 2,08 36,5
W 310 x 32,7 32,7 313 102 271 291 6,6 10,8 6.570 419,8 12,49 192 37,6 2,13 42,1
W 310 x 38,7 38,7 310 165 271 291 5,8 9,7 8.581 553,6 13,14 727 88,1 3,82 49,7
W 310 x 44,5 44,5 313 166 271 291 6,6 11,2 9.997 638,8 13,22 855 103,0 3,87 57,2
W 310 x 52,0 52,0 317 167 271 291 7,6 13,2 11.909 751,4 13,33 1.026 122,9 3,91 67,0
W 360 x 32,9 32,9 349 127 308 332 5,8 8,5 8.358 479,0 14,09 291 45,9 2,63 42,1
W 360 x 39,0 39,0 353 128 308 332 6,5 10,7 10.331 585,3 14,35 375 58,6 2,73 50,2
W 360 x 44,0 44,0 352 171 308 332 6,9 9,8 12.258 696,5 14,58 818 95,7 3,77 57,7
W 360 x 51,0 51,0 355 171 308 332 7,2 11,6 14.222 801,2 14,81 968 113,3 3,87 64,8
W 360 x 57,8 57,8 358 172 308 332 7,9 13,1 16.143 901,8 14,92 1.113 129,4 3,92 72,5
W 360 x 64,0 64,0 347 203 288 320 7,7 13,5 17.890 1.031,1 14,80 1.885 185,7 4,80 81,7
W 360 x 72,0 72,0 350 204 288 320 8,6 15,1 20.169 1.152,5 14,86 2.140 209,8 4,84 91,3
W 360 x 79,0 79,0 354 205 288 320 9,4 16,8 22.713 1.283,2 14,98 2.416 235,7 4,89 101,2
W 410 x 38,8 38,8 399 140 357 381 6,4 8,8 12.777 640,5 15,94 404 57,7 2,83 50,3
W 410 x 46,1 46,1 403 140 357 381 7,0 11,2 15.690 778,7 16,27 514 73,4 2,95 59,2
W 410 x 53,0 53,0 403 177 357 381 7,5 10,9 18.734 929,7 16,55 1.009 114,0 3,84 68,4
W 410 x 60,0 60,0 407 178 357 381 7,7 12,8 21.707 1.066,7 16,88 1.205 135,4 3,98 76,2
W 410 x 67,0 67,0 410 179 357 381 8,8 14,4 24.678 1.203,8 16,91 1.379 154,1 4,00 86,3
W 410 x 75,0 75,0 413 180 357 381 9,7 16,0 27.616 1.337,3 16,98 1.559 173,2 4,03 95,8
W 460 x 52,0 52,0 450 152 404 428 7,6 10,8 21.370 949,8 17,91 634 83,5 3,09 66,6
W 460 x 60,0 60,0 455 153 404 428 8,0 13,3 25.652 1.127,6 18,35 796 104,1 3,23 76,2
W 460 x 68,0 68,0 459 154 404 428 9,1 15,4 29.851 1.300,7 18,46 941 122,2 3,28 87,6
W 460 x 74,0 74,0 457 190 404 428 9,0 14,5 33.415 1.462,4 18,77 1.661 174,8 4,18 94,9
W 460 x 82,0 82,0 460 191 404 428 9,9 16,0 37.157 1.615,5 18,84 1.862 195,0 4,22 104,7
W 460 x 89,0 89,0 463 192 404 428 10,5 17,7 41.105 1.775,6 18,98 2.093 218,0 4,28 114,1
W 530 x 66,0 66,0 525 165 478 502 8,9 11,4 34.971 1.332,2 20,46 857 103,9 3,20 83,6
W 530 x 72,0 72,0 524 207 478 502 9,0 10,9 39.969 1.525,5 20,89 1.615 156,0 4,20 91,6
W 530 x 74,0 74,0 529 166 478 502 9,7 13,6 40.969 1.548,9 20,76 1.041 125,5 3,31 95,1
W 530 x 82,0 82,0 528 209 477 501 9,5 13,3 47.569 1.801,8 21,34 2.028 194,1 4,41 104,5
W 530 x 85,0 85,0 535 166 478 502 10,3 16,5 48.453 1.811,3 21,21 1.263 152,2 3,42 107,7
W 530 x 92,0 92,0 533 209 478 502 10,2 15,6 55.157 2.069,7 21,65 2.379 227,6 4,50 117,6
W 610 x 101,0 101,0 603 228 541 573 10,5 14,9 77.003 2.554,0 24,31 2.951 258,8 4,76 130,3
W 610 x 113,0 113,0 608 228 541 573 11,2 17,3 88.196 2.901,2 24,64 3.426 300,5 4,86 145,3
W 610 x 155,0 155,0 611 324 541 573 12,7 19,0 129.583 4.241,7 25,58 10.783 665,6 7,38 198,1
W 610 x 174,0 174,0 616 325 541 573 14,0 21,6 147.754 4.797,2 25,75 12.374 761,5 7,45 222,8
I = momento de inércia W = módulo de resistênciar = raio
Tabela 6.2 - Perfis I - Laminados a Quente. Fonte: www.comercialfernandes.com
Resistência dos Materiais I 90
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6.9 EXERCÍCIOS

01 – Dimensionar a viga de madeira de seção retangular que deverá suportar o carregamento

representado na figura. Dados:  Madeira = 10 MPa e h = 3b.

1000 N 1000 N 1000 N


h
A B
b
1m 1m 1m 1m

02 – Dimensionar o eixo para que suporte com segurança N = 2 o carregamento representado. O


material a ser utilizado é o ABNT com Sy = 280 MPa (Tensão de escoamento normal)

Resposta: Mmax = 2500Nm; d=0,057m

03 – Dimensionar o eixo vazado para que suporte com segurança N = 2 o carregamento representado
na figura abaixo. O material utilizado é o ABNT 1040 L com S y = 400 MPa (Tensão de escoamento
normal) e a relação entre os diâmetros é de d = 0,6D

Resposta: Mmax = -240Nm; D = 0,02412m d=0,014m


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04 – Dimensionar o eixo para que suporte com segurança N = 1,5 o carregamento representado. O
material a ser utilizado é o ABNT com Sy = 350 MPa (Tensão de escoamento normal)

Resposta: Mmax = 1000Nm; D = 0,035m

05 – Determinar a máxima tensão normal desenvolvida no eixo esquematizado abaixo. O eixo possui
diâmetro d = 25 mm. Considerando que o material utilizado é o ABNT com Sy = 300 MPa (Tensão de
escoamento normal), que conclusões você teria quanto a dimensão d ?

Resposta :Mmax = 33,22Nm;  = 21,65MPa. Há um N = 13,8.


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6 – Dimensionar o eixo para que suporte com segurança N = 1,5 o carregamento esquematizado que
representa seu peso próprio. O material a ser utilizado é o ABNT com Sy = 280 MPa (Tensão de
escoamento normal)
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07 – Dimensionar o eixo para que suporte com segurança N = 2,5 o carregamento esquematizado que
representa seu peso próprio. O material a ser utilizado é o ABNT com Sy = 400 MPa (Tensão de
escoamento normal)

08 – Dimensionar o eixo para que suporte com segurança N = 2,0 o carregamento esquematizado que
representa seu peso próprio. O material a ser utilizado é o ABNT com Sy = 350 MPa (Tensão de
escoamento normal)
Resistência dos Materiais I 94
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7 TORÇÃO

Peças submetidas a torção são muito encontradas nas aplicações práticas de engenharia. O caso mais
comum de aplicação é o de eixos de transmissão. Os momentos de torção, momentos torcionais ou torque
simbolizados por T ou MT são grandezas vetoriais e tendem a torcer as peças.

Torque é um momento que tende a torcer um elemento em torno de seu eixo longitudinal.

O efeito do torque é uma preocupação primária em projetos de eixos de acionamento utilizados em


veículos e nas mais diversas estruturas.

A torção faz com que os círculos continuem círculos e cada linha longitudinal da grade tende a se
deformar na forma de uma hélice que intercepta os círculos em ângulos iguais.

Figura 7.1 – Deformação na torção. Fonte: Hibbeler (2004).

A tensão desenvolvida na torção é do tipo tangencial ou cisalhante e apresenta uma distribuição não
uniforme (Figura 7.2). Esta tensão é tangente a seção da peça.
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Figura 7.2 - Distribuição da tensão tangencial na torção

A tensão Cisalhante devido ao momento torçor é calculada a partir da equação:

T r

J
onde:
T – Momento torçor (N.m);

r – Raio de giração(m);

J – Momento de inércia polar(m4);

Um eixo circular esta fixado a um suporte indeslocável por uma das extremidades. Aplicando-se à
extremidade livre o momento de torção T, o eixo girá e a seção transversal da extremidade apresenta uma
rotação representada pelo ângulo  que é função de x, conforme ilustrado na Figura 7.3.

Figura 7.3 – Ângulo de torção. Fonte: Hibbeler (2004)


Resistência dos Materiais I 96
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O ângulo de torção  ilustrado na Figura 7.3 pode ser determinado a partir da seguinte expressão:

T x

GJ

Onde:

T – momento torçor (N.m);

x – comprimento do eixo/peça submetido a torção (m);

G – módulo de elasticidade transversal (N/m2);

J – momento de inércia polar (m4).

A expressão anterior também é comumente representada pela expressão abaixo sendo L o


comprimento do eixo (m).

T L

GJ

7.1 FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA TORÇÃO

As Figura 7.4 a Figura 7.6 ilustram fatores de concentração de tensões para diversas condições
especificadas em cada figura. Para implementação computacional, as figuras apresentam as expressões
matemáticas que geram os respectivos gráficos.

Kts 

Kts

Figura 7.4 - Fator de concentração de tensões de eixo escalonado submetido a torção


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Kts 

Kts

Figura 7.5 - Fator de concentração de tensões de eixo com gola submetido a torção

KtsA 

Kts

KtsB 

Figura 7.6 - Fator de concentração de tensões de eixo com furo submetido a torção

Levando-se em consideração o fator de concentração de tensões cisalhantes Kts a tensão Cisalhante


máxima devido ao momento torçor é calculada a partir da equação:

T r
  K ts 
J
onde:
T – Momento torçor (N.m);

r – Raio de giração(m);

J – Momento de inércia polar(m4);

Kts = Fator de concentração de tensões cisalhantes (s – shear – corte – cisalhamento);


Resistência dos Materiais I 98
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7.2 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A TORÇÃO PELO CRITÉRIO DA
RESISTÊNCIA

Para realizar o dimensionamento de peças sujeitas a solicitações de torção, devemos considerar a


tensão admissível e a intensidade do momento torçor aplicado na peça. Após determinado o diagrama de
momento torçor, encontra-se o máximo momento torçor atuante na viga. Determina-se também o fator de
concentração de tensões cisalhantes estático (Kts) . Conhecendo o tipo de material e as condições nas
quais as cargas estão sendo aplicadas, determina-se a tensão admissível que pode ser utilizada. Após,
substitui-se os valores na fórmula abaixo e determina-se o módulo de resistência a torção mínimo que
deve a peça possuir para suportar o carregamento.

K ts  Tmax K ts  Tmax  r
WT  ou J
 adm  adm
onde:
Kts – Fator de concentração de tensões cisalhantes estático (torção);
TMax – Momento torçor máximo atuante;
WT – Módulo de resistência a torção mínimo que a peça deve ter;
r – Raio de giração
J – Momento de polar (Este fator depende do tipo de seção isto é, circular, quadrada, retangular, etc..
e pode-se retira-lo de tabelas)
adm - Tensão admissível cisalhante a ser utilizada no dimensionamento.

7.3 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS SUBMETIDAS A TORÇÃO PELO CRITÉRIO DA


RIGIDEZ

Pelo critério da rigidez, utiliza-se a seguinte expressão para o dimensionamento:

T L
J
G  adm
onde:
T – Momento torçor atuante (N.m);
L – Comprimento da peça submetido a torção T (m);
G – Módulo de elasticidade transversal (N/m2)
J – Momento de polar (Este fator depende do tipo de seção isto é, circular, quadrada, retangular, etc..
e pode-se retira-lo de tabelas)
adm – Ângulo de torção admissível (rad).
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7.4 EXERCÍCIOS

01 – Qual a máxima tensão de cisalhamento no eixo maciço representado na figura. Qual o ângulo de
torção total em A. Considerar que: G = 10,5x104 MPa e L = 3m

d = 7,5 cm
E
A

MT= 0,675 kN.m

02 – O eixo indicado na figura esta submetido aos momentos de torção T1=50 N.m e T2=250 N.m.
Determine as tensões de cisalhamento interna e externa para a seção anelar BC e as tensões externas para
a seção cheia AB.

3 cm 3 cm
C B T2 T1
A

4 cm

Resposta: P = 286,63 kW

03 – Representado na figura acha-se o eixo maciço formado por dois trechos soldados em “B”. Os
materiais de cada trecho tem módulos de elasticidade transversal diferente. Qual o ângulo de torção em A
(Extremidade do eixo)

G = 7x104MPa G = 10,5x104MPa
0,675 kN.m
D C B A
1,35 kN.m

1,5 m 1,5 m 3,6 m d =7,5 cm

Resposta:max = 0,16 MPa e AB = -0,02889 rad


Resistência dos Materiais I 100
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04 – Determinar o comprimento de um eixo de aço (G=8,4x103 kgf/mm2) de diâmetro d=50mm se a
tensão de cisalhamento máxima for de 9,45 Kgf/mm2 quando o ângulo de torção for de 6 graus.

Resposta: MT = 2311937,9 kgf.mm e L = 2333,3 mm

05 – Uma barra em torção tem diâmetro d1 = 50 mm ao longo da metade de seu comprimento e


diâmetro d2 = 75 mm ao longo da outra metade. Qual o torque permissível MT se o ângulo de torção  não
deve exceder 0,01 rad. Considerar G=8,4x103 kgf/mm2.

C B
A
MT
MT

1250 mm 1250 mm

Resposta: T = 3,443x104 Kgf.mm

06 – Calcular o diâmetro necessário da seção transversal da barra. Traçar o diagrama de ângulo de

torção sendo G = 8,4x103 kgf/mm2 e fixando o ponto D. Considerar que n = 400 rpm e  max = 800
kgf/cm2.
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07 – Calcular o diâmetro necessário da seção transversal da barra, sendo n = 360 rpm e e  max = 200
kgf/cm2 sendo G = 8,4x103 kgf/mm2. Traçar o diagrama de momento torçor e de ângulo de torção fixando
o ponto A.

No A d2
B 45kW 30 kW
C

d1

08 – Um eixo de aço vazado com 3 m de comprimento tem um diâmetro externo de 100 mm e o

diâmetro interno de 60 mm. A máxima tensão tangencial no eixo é  max = 80 MPa e a velocidade
angular é 200 rpm. Determine a potência que esta sendo transmitida pelo eixo.

A) Resposta: P = 286,63 kW

09 – O eixo circular maciço de aço tem 80 mm de diâmetro e mede 1,5 m de comprimento. O ângulo

de torção máximo permissível é 0,036 rad. A tensão tangencial máxima é  max = 70 MPa. Determine a
potência máxima que o eixo pode transmitir quando gira a 225 rpm e G = 80x109 N/m2

Resposta: P = 165,97 kW
Resistência dos Materiais I 102
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10 – Um eixo maciço de aço com 3 m de comprimento transmite 220 kW a 1800 rpm. A tensão

tangencial admissível no eixo é e  = 60 MPa e o ângulo de torção admissível é  = 0,04 rad.


Determine o diâmetro mínimo admissível para o eixo. Considerar G = 80x109 N/m2.

Resposta:

d = 0,97 m (Pelo critério da resistência)

d = dminimo = 0,102 m (Pelo critério da rigidez) (Este é o mínimo diâmetro)

11 – Qual a potência máxima em hp que um eixo de aço de 5,72 cm de diâmetro pode transmitir com

n = 250 rpm, sabendo-se que a tensão tangencial admissível é de  = 774 Kgf/cm2.

Resposta: P = 97,86 hp
A
75 mm
B
75 mm P=15 kN P=15dekN
UNOESC – Curso Engenharia de Produção Mecânica 103
C Prof. Douglas Roberto Zaions

Cobre: Cobre:
E = 10500 kgf/mm2 E = 10500
 = 16,74 x 10-6/oC  = 16,74
8 TRANSFORMAÇÕES DE TENSÕES

8.1 TENSÕES EM
o
60 SEÇÕES INCLINADAS P = 60 o
13.000 kgf Alumínio: P=
E = 7000 kgf/mm2
 = 21,6 x 10-6/oC Alumínio
8.1.1 Estado uniaxial de tensões  cm2
A=12,50


Ax
Area 
cos 
p  p A
  x
A
  x cos 
  x Ax sen cos 
x x
 Ax 
 x Ax
 x Ax cos 

q q
gf/mm2 E = 21x103 kgf/mm2 x´
/oC  = 3,6 x 10-6/oC
Estado uniaxial de tensões

F y´ 0

Ax
    x  Ax  cos   0
cos 

    x  cos 2  --------------------------------     x  cos 2 

F x´ 0
Ax
    x  Ax  sen  0
cos 
    x  cos   sen
1
Como cos   sen  sen2 temos então que:
2

x x
   sen2 --------------------------------     sen2
2 2
 = 16,74 x 10-6/oC E = 10500 kgf/mm2 E
 = 16,74 x 10-6/oC 

60o Resistência doskgf


P = 13.000 Alumínio:
Materiais I 104
o
Prof.
60 Douglas Roberto 7000 kgf/mm2 60o P = 13.000 kgf Alumínio:
E = Zaions Alumínio:
 = 21,6 x 10-6/oC Alumínio E = 7000
E =kgf/mm
7000 k
8.1.2 Estado biaxial de tensões  = 21,6
 =x 21,6
10-6/oxC
A área refere-se2 a
A=12,50
 do planocmy 
área

A=12,
y y´ Area 
Ay y´´
cos 90
Ax
p  Area 
cos  p  Ay
 ´´ 
p cos  90 
A
 ´  x  ´´ 
Ay

A
 ´  x cos  cos   90 
cos 
x x
  x Ax 
Ax 

 x Ax cos 
 y Ay
Ay
90- q
q q  y Ay cos90    A sen90    x´´
kgf/mm2 y E = 21x10 3
kgf/mm 2
E = 21x10 kgf/mm2x´
3
 y Ay sen   y Ay cos 
y y
´
0-6/oC  = 3,6 x 10-6/oC  = 3,6 x 10-6/oC
(...do caso 1 – estado uniaxial)
 Fy´  0 F y´´ 0
Ay
  ´
Ax
  x  Ax  cos   0   ´´   y  Ay  sen  0
cos  cos  90
Como: cos  90  sen
A
  ´´ y   y  Ay  sen  0
sen
1
  ´´   y  sen   ´´  y  sen 2
  ´  x  cos 2  sen
F x´´ 0
Ay
  ´´   y  Ay  cos   0
 Fx´  0 cos  90 
Ax Como: cos  90  sen
  ´   x  Ax  sen  0
cos  A
  ´´ y   y  Ay  cos   0
  ´  x  cos   sen sen
1 1
Como cos   sen  sen2 temos então   ´´   y  cos 
2 sen
que:
  ´´  x  cos   sen
1
Como: cos   sen  sen2 temos:
2
x y
  ´  sen 2   ´´   sen 2
2 2

Então temos que:


1 -     ´  ´´ e 2 -    ´  ´´
1 -     ´  ´´

    x  cos 2    y  sen2 ------------------     x  cos    y  sen2


2

2 -      ´  ´´
x y
   sen2   sen2
2 2
 x  y  x  y
   sen2 ------------------------------     sen2
2 2
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 105
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8.1.3 Estado plano de tensões

y yx
p 
xy  xy

x x

q
yx y

Convenção de sinal positivo

Hibbeler (2009) apresenta na página 325 a dedução das equações para calcular as tensões em seções
inclinadas para o estado plano de tensões.

As expressões para  e  são respectivamente:

x  y x  y
   cos 2   xy sen2 (1)
2 2
e

x  y
    sen2   xy cos 2 (2)
2
Resistência dos Materiais I 106
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8.2 EXERCÍCIOS

8.2.1 Estado plano de tensões

(Transformação de Tensões – Estado Plano de Tensões)

01- Qual a tensão de cisalhamento máxima numa barra circular de 25 mm de diâmetro sujeita a carga
de tração axial de P=8000kgf.

Resposta: max=814,9 kgf/cm2.

02 – Determinar a carga de tração admissível máxima P numa barra de aço de seção reta quadrada de
50x50mm sendo que a tensão normal admissível de tração é igual a 15 kgf/mm2 e a tensão de
P=15 kN
cisalhamento admissível é de 10 kgf/mm2.

Resposta: P=37.500kgf (pela tensão admissível normal)

Cobre:
E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC
03 – Uma barra de metal se encaixa entre 2 suportes rígidos a temperatura ambiente (21oC) como se
observa na figura. Calcular as tensões normal e de cisalhamento na seção inclinada quando a temperatura

50 mm para 95 C. Admitir: =3,6x10 / C; E=21x10 Kgf/mm .


o -6 o 3 2
aumentar Alumínio:
E = 7000 kgf/mm2
P = 120.000N (carga aplicada na junta)
Resposta:  =-5,59 kgf/mm2;  =-2,43 kgf/mm2.
 = 21,6 x 10-6/oC A

60o p

=30o

q
E = 21x103 kgf/mm2
 = 3,6 x 10-6/oC

04 – As tensões num plano inclinado pq de uma barra tracionada são  =900 kgf/cm2; =300
kgf/cm2. Achar a tensão x e .
P=15 kN

UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 107


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Resposta: x = 1000 kgf/cm2; = 18,43o Cobre:


E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC

05 – Uma barra prismática comprimida com área de seção transversal A = 12,50 cm 2 suporta uma
60o Alumínio:
carga P=16.000 kgf. Determinar as tensções nos lados de um elemento para o qual  = 30 o
7000 kgf/mm2
E =conforme
figura.  = 21,6 x 10-6/oC Al

p
P = 13.000 kgf

=30o

q
A=12,50 cm2

A
06 – Uma barra tracionada é composta por dois pedaços de material que são colados ao longo da linha
B o
MM. Por razões práticas, o ângulo é limitado a faixa
P=15 kN de 0 a 60 . A tensão de cisalhamento admissível na
C junta colada é de 70 kgf/cm2 e a tensão admissível de tração PE de 140 kgf/cm2 . (a) Qual deve ser o valor
do ângulo  , a fim de que a barra suporte o máximo de carga P. (b) Qual o valor da carga máxima
permitida se a área da seção reta for de 10 cm2. Resposta: = 26,56o; P = 1750 kgf. Cobre:
E = 10500 kgf/mm2
 = 16,74 x 10-6/oC

07 - Encontrar as tensões  , ´,  e ´ para o elemento mostrado na figura se x = 8,5 kgf/mm2 e
60o P = 13.000 kgf Alumín
y= -4,5kgf/mm2 e =30o. Resposta:  =5,25 kgf/mm2; ´ =-1,25 kgf/mm2;  =5,63 kgf/mm2; ´ =- E = 700
5,63 kgf/mm2.  = 21,

y
p

x x
=30o

E = 21x103 kgf/mm2 y q
 = 3,6 x 10-6/oC
Resistência dos Materiais I 108
Prof. Douglas Roberto Zaions Cobre:
E = 10500 kgf/mm2 2
08 - Encontrar as tensões  ,  ,  e  para o elemento mostrado na figura se x = 12 kgf/mm
´ ´
e
 = 16,74 x 10-6/oC
y= 4,0kgf/mm2 e =20o.

Resposta:  =-10,13 kgf/mm2; ´ =2,13


60o kgf/mm ;  =-5,14 kgf/mm ;  =5,14 kgf/mm
2 2 ´ 2
. kgf Alumínio:
P = 13.000
E = 7000 k
 = 21,6 x

y = 4 kgf/mm2
p

x x = 12 kgf/mm2

=20o

E = 21x103 kgf/mm2 y q
 = 3,6 x 10-6/oC

09 – Um elemento em estado duplo de tensões é sujeito as tensões normais x = 12 kgf/mm2 e y= -4


kgf/mm2 .

(a) Achar as tensões em um elementos girado de um ânguloe =30o no sentido anti-horário;

(b) Localizar os planos de tensão máxima de cisalhamento e determinar as tensões normal e de


cisalhamento nestes planos

Respostas:

(a)  = 8 kgf/mm2; ´ =0 kgf/mm2;  =6,93 kgf/mm2; ´ =-6,93 kgf/mm2.

(b) max = 8 kgf/mm2; max= 26,56o; max = 4 kgf/mm2.


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9 TENSÕES PRINCIPAIS

Nesta seção, analisaremos as tensões desenvolvidas em um elemento mecânico sujeito a cargas


externas e as tensões principais originadas em outros planos devido as tensões aplicadas.

9.1 SÍNTESE DAS PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES E SUAS TENSÕES

9.1.1 Tensão Normal de Tração ou Compressão

A tensão Normal é originada pela aplicação de uma carga normal P de tração ou compressão. A
direção dos vetores da tensão normal são perpendiculares a superfície da peça sujeita ao esforço de tração
ou compressão. A distribuição da tensão ao longo seção da peça é uniformemente distribuída.(Figura 9.1)

A tensão normal desenvolvida para o caso de tensão axial simples pode ser calculada por:

P
Equação 9.1 x 
A
Onde:
P – Força aplicada (Tração ou Compressão);
A – Área da seção transversal;
Este tipo de solicitação pode ser encontrado em diversos elementos mecânicos tais como: parafusos,
rebites, elementos estruturais, treliças, eixos, cabos de aço, etc...

Figura 9.1 - Distribuição da Tensão normal


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9.1.2 Tensão de Corte devido ao Cisalhamento Simples

Este tipo de tensão ocorre principalmente em pinos, parafusos ou rebites. Também é conhecida
simplesmente por tensão de cisalhamento.

A tensão de corte devido ao cisalhamento simples ocorre em situações onde não há flexão presente. A
Figura 9.2 ilustra duas situações: (a) Cisalhamento Simples e (b) Cisalhamento com Flexão.

Figura 9.2 - Comparação entre o cisalhamento simples e com flexão

A tensão de cisalhamento é do tipo tangencial, pois os vetores que representam à tensão são tangentes
a superfície da peça. As tensões tangenciais originadas com os esforços de Cisalhamento são
uniformemente distribuídas pela área e são representadas Figura 9.3.

Figura 9.3 - Distribuição das Tensões Tangenciais devido ao Cisalhamento Puro


UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 111
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A tensão cisalhante desenvolvida pode ser calculada por:

P
Equação 9.2  xy 
ACorte

Onde:
P – Força aplicada;
ACorte – Área de corte;

9.1.3 Tensão Normal na Flexão

A tensão desenvolvida na Flexão é também do tipo Normal, porém, sua distribuição não é uniforme
ou seja: A tensão máxima ocorre na periferia da peça, enquanto sobre a linha neutra, a tensão é
nula.(Figura 9.4)

Figura 9.4 - Distribuição de Tensões devido a Flexão

A tensão normal devido ao momento fletor é calculada a partir da equação:

M c
Equação 9.3 
I
onde:
M – Momento Fletor;
c – Distância da Fibra Neutra a fibra que se deseja calcular a tensão;
I – Momento de inércia;

9.1.4 Tensão de Cisalhamento na Torção

A tensão desenvolvida na torção é do tipo tangencial ou cisalhante e apresenta uma distribuição não
uniforme (Figura 9.5). Esta tensão também, assim como a de cisalhamento é tangente á seção da peça.
Resistência dos Materiais I 112
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Figura 9.5 - Distribuição da Tensão de Cisalhamento na Torção

A tensão Cisalhante devido ao momento torçor é calculada a partir da equação:

T r
Equação 9.4 
J
onde:
T – Momento torçor;
r – Raio de giração;
J – Momento de inércia polar;

9.1.5 Tensão de Cisalhamento na Flexão

Quando a força cortante e uma viga não for zero, desenvolve-se uma tensão cisalhante cuja
intensidade máxima depende da forma geométrica de sua seção transversal. A tensão cisalhante máxima
devido a flexão ocorre em pontos onde a tensão normal devido a flexão é nula.

A Figura 9.6 ilustra a distribuição de tensões cisalhantes na flexão para uma seção transversal circular.
Observe que a máxima tensão cisalhante ocorre no eixo x (linha neutra).
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Figura 9.6 - Distribuição de tensões cisalhantes na flexão para seção circular.

Para uma seção retangular, a tensão cisalhante máxima na flexão é calculada a partir da Equação 9.5.

3 V
Equação 9.5  max 
2 A

Para uma seção circular, a tensão cisalhante máxima na flexão é calculada a partir da Equação 9.6.

4 V
Equação 9.6  max 
3 A

Para uma seção circular oca, a tensão cisalhante máxima na flexão é calculada a partir da Equação 9.7.

2 V
Equação 9.7  max 
A

Onde:

V – Esforço de Corte;
A – Área da seção transversal;

9.2 ANÁLISE DE TENSÕES

Conforme já definido, tensão é força por área. Qualquer elemento infinitesimal de um material pode
estar submetido a diversos tipos de tensões ao mesmo tempo. Este elemento infinitesimal, geralmente é
modelado como paralelepípedo, conforme ilustrado na Figura 9.7.
Resistência dos Materiais I 114
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y
y
x yx
yz xy
z
zy x
zx xz
z
Figura 9.7 - Paralepípedo elementar, suas superfícies e componentes de tensão

Para o estado plano de tensões, considera-se o retângulo ilustrado na Figura 9.8.

y
y yx
x
x xy

xy x
yx y
Figura 9.8 - Componentes de tensão no estado biaxial

Considera-se que as tensões agem nas faces destes cubos, de duas maneiras:

1. Tensões Normais: Agem perpendicularmente as faces. Tendem a puxar o elemento ( tensão


normal de tração) ou a empurrá-lo (tensão normal de compressão).

2. Tensões Cisalhantes: Agem paralelamente as faces do cubo aos pares e em faces opostas. As
tensões cisalhantes são positivas, se atuam no sentido positivo de um eixo de referência estas
tensões tendem a distorcer o cubo na forma romboédrica.

O primeiro índice representa a coordenada normal à face do paralepípedo. O segundo índice indica o
eixo paralelo a tensão representada.

Muitos elementos de máquinas estão sujeitos ao estado tridimensional de tensão, porém outros casos
podem ser tratados como estado de tensões bidimensional ou estado plano de tensões.
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9.2.1 Tensões Principais

Para qualquer combinação de tensões aplicadas no paralelepípedo elementar (Figura 9.9), haverá
sempre uma distribuição de tensões ao redor deste ponto. As tensões normais e cisalhantes irão variar.
Haverá planos onde a tensão cisalhante será nula. As tensões normais agindo nestes planos são chamadas
tensões principais (Figura 9.10) e os planos são chamados de planos principais. O eixo normal ao plano
principal é chamado de eixo principal. Há outro conjunto de eixos ortogonais no qual a tensão cisalhante
será máxima. A tensão principal de cisalhamento ocorre em um plano a 45o do plano principal.

y yx

x xy

xy x
yx y
Figura 9.9 - Combinação de tensões normais e tangenciais em um cubo elementar

2
1


1
2
Figura 9.10 - Tensões Principais e Planos Principais

21
12

12
21
Figura 9.11 - Tensões Principais de Cisalhamento
Resistência dos Materiais I 116
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 x  y  x  y
Se derivarmos a equação 1 do capítulo anterior (     cos 2   xy sen2 ) em
2 2
função de , e igualarmos a zero, poderemos obter uma expressão que leva ao cálculo do plano (p) onde
ocorrem as tensões principais:

 x  y  x  y 2 xy
2 sen2  2 xy cos 2  0 sen2   xy cos 2  0 tan 2 p 
d 2 2  x  y

Onde p – plano onde ocorre a tensão principal

 x  y
Se derivarmos a equação 2 (      sen2   xy cos 2 ) em função de , e igualarmos a
2
zero, poderemos obter uma expressão que leva ao cálculo do plano (s) onde ocorrem as tensões de
cisalhamento máximas:

  x  y  x  y x  y
 2  cos 2  2 xy sen2  0  cos 2   xy sen2  0 tan 2s  
d 2 2 2 xy

Onde s – plano onde ocorre a tensão a tensão de cisalhamento máxima (s – shear=corte)

Substituindo p e s respectivamente na equação (1) e (2), obtém-se as fórmulas para calcular as


tensões principais e tensões máximas de cisalhamento:

x  y   y  2 xy
2

1, 2    x    xy2 tan 2 p 


2  2  x  y

  y 
2
x  y
 max , min    x    xy2 tan 2s  
 2  2 xy

Obs.:

1 - tan(2s) é o recíproco negativo de tan(2p). Isso significa que (2s) e (2p) são ângulos separados
um do outro por 900 de modo que o ângulo entre as duas superfícies que contém as tensões de
cisalhamento máximas e as superfícies contendo as tensões principais são de 45o.
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Do ponto de vista da engenharia, procuraremos sempre projetar os elementos de máquinas de modo a
não falharem. Para isto, sempre necessitaremos calcular a maior tensão, seja ela normal ou tangencial, nos
pontos mais críticos da peça que faz parte da máquina.

A expressão que relaciona as tensões aplicadas com as tensões principais para o estado tridimensional
é (Obs.: este método pode ser amplamento utilizado, principalmente quando se quer desenvolver soluções
numéricas utilizando computador. O método é apresentado em Norton (1997)):

Equação 9.8  3  C2   2  C1    C0  0

onde:

Equação 9.9 C2   x   y   z

Equação 9.10 C1   xy2   yz2   zx2   x   y   y   z   z   x

Equação 9.11 C0   x   y   z  2  xy  yz  zx   x  yz2   y  zx2   z  xy2

As três tensões normais principais 1, 2 e 3, são as três raízes deste polinômio (Figura 9.1) de
terceiro grau. As raízes deste polinômio são sempre reais de modo que 1>2>3.

As tensões principais de cisalhamento podem ser encontradas a partir das tensões principais normais
usando:

1   3
Equação 9.12  13 
2
 2  1
Equação 9.13  21 
2
3  2
Equação 9.14  32 
2
As direções dos vetores das tensões principais podem ser encontrados substituindo cada uma das
raízes na matriz abaixo (Equação 9.15) e resolvendo nx, ny e nz. A direção das três tensões principal são
mutuamente ortogonais.

 x    xy  xz   nx 
 
  yx  y   yz  n y   0
Equação 9.15
  zx  zy  z     nz 

Resistência dos Materiais I 118
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onde:

 - Intensidade das tensões principais;

nx, ny, nz - Coseno da direção do vetor unitário n o qual é normal ao plano principal.

Equação 9.16 nˆ  nˆ  1

Equação 9.17 nˆ  nx  iˆ  n y  ˆj  nz  kˆ

9.2.2 Círculo de Mohr

Tomando-se um eixo de coordenadas cartesianas, toma-se a tensão normal sobre o eixo das abcissas e
as tensões de corte ou cisalhamento sobre o eixo das ordenadas. A determinação dos pontos é feita através
de suas coordenadas que tem para valores,x, y, xy e .

São dados os seguintes valores: Ponto D (x, xy) e Ponto E (y, yx)

Sendo x e y tensões normais e ortogonais entre si e xy=-yx


x

D
 max xy
0 G 2 
F 
2 B
 min  yx
y E

1
Figura 9.12 - Círculo de Mohr
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9.3 EXERCÍCIOS
1 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m e
F = 2000 N calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste (pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

d
a

F
2 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m e
P = 2500 N calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste (pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

B P
d
a

3 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m e
T = 250 N.m calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste (pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

a
T d
Resistência dos Materiais I 120
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4 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m, P
= 2500 N e T = 250 N.m calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste
(pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

B P
a
T d

5 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m, F
= 2000 N e T = 250 N.m calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste
(pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

a
T d

F
6 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m, P
= 2500 N, F = 2000 N e T = 250 N.m calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no
engaste (pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

B P
a
T d

F
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7 – Para o elemento de máquina mostrado na figura abaixo, considerando que a = 0,25 m, d = 0,020 m, P
= 2500 N e F = 2000 N calcular as tensões principais e esboçar as tensões desenvolvidas no engaste
(pontos A e B).

A
EPM
UNOESC - Joaçaba

B P
d
a

F
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10 TEORIAS PARA FALHAS ESTÁTICAS

10.1 PRINCIPAIS VARIÁVEIS UTILIZADAS NESTE CAPÍTULO


Símbolo Descrição da variável Unidade Descrição da variável em inglês
~ Tensão efetiva de Mohr modificada Pa Modified-Mohr efective stress
Kt Fator de concentração de tensões aplicado a - Geometric stress concentration
tensão normal factor – normal stress
Kts Fator de concentração de tensões aplicado a - Geometric stress concentration
tensão cisalhante factor – shear stress
Suc Limite de resistência a compressão Pa Ultimate compressive strenght
Sus Limite de resistência ao cisalhamento Pa Ultimate shear strenght
Sut Limite de resistência a tração Pa Ultimate tensile strenght
Sy Resistência ao escoamento a tração Pa Tensile yield strenght
Sys Resistência ao escoamento ao cisalhamento Pa Shear yield strenght
 Coeficiente de Segurança - Safety factor
 Tensão normal Pa Normal stress
‟ Tensão efetiva de von-Misses Pa Von Mises effective stress
1 2, 3 Tensões principais Pa Principal stresses
max Tensão normal máxima aplicada Pa Maximum applied normal stress
min Tensão normal mínima aplicada Pa Minimum applied normal stress
x Tensão normal na direção x Pa
y Tensão normal na direção y Pa
 Tensão tangencial ou cisalhante Pa Shear stress
max Tensão de corte máxima aplicada Pa
xy Tensão cisalhante aplicada no plano x e na Pa Shear stresses that act on the x
direção y face and whose direction of action
are paralel to the y axes
yx Tensão cisalhante aplicada no plano y e na Pa Shear stresses that act on the y
direção x face and whose direction of action
are paralel to the x axes

10.2 INTRODUÇÃO

Porque as peças falham?

Essa é uma pergunta que tem instigado o estudo de cientistas e engenheiros a séculos. Atualmente se
possui muito mais conhecimento para responder a esta pergunta do que algumas décadas atrás. Isso se
deve ao grande número de ensaios em materiais que se desenvolveu até o momento e também devido ao
melhoramento nas técnicas de medição.
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Se você respondesse a pergunta acima provavelmente diria que a peça falhou porque a tensão aplicada
ultrapassou o limite de resistência da peça e certamente você não estaria errado porém, devido a qual tipo
de tensão? Compressão? Tração? Cisalhamento? A resposta para esta pergunta é o tradicional “depende”.
A falha depende do material em questão e de sua resistência a compressão, a tração, ao cisalhamento.
Depende também das características do carregamento (estático ou dinâmico) e certamente da presença ou
ausência de trincas ou fissuras no material.

Neste capítulo estaremos preocupados em estudar as solicitações estáticas, especificamente as teorias


usadas no dimensionamento de peças mecânicas sujeitas a carregamentos estáticos. Também daremos
atenção a concentração de tensões.

A solicitação estática é aquela caracterizada pelo valor constante da tensão ao longo do tempo, ou
então com variação tão lenta ao longo do tempo que o efeito de massa ou inércia é desprezível. No caso
de haver variação, a mesma chega a um máximo e então permanece constante conforme ilustrado na
Figura 10.1.

Nível de Tensão constante no


Tensão

tempo

Tempo
Figura 10.1 - Solicitação Estática

Este tipo de solicitação geralmente ocorre em estruturas de sustentação de máquinas e equipamentos.

Durante os últimos seculos, inúmeros cientistas, engenheiros e pesquisadores tentaram explicar os


fenômenos das falhas estáticas. Após muito trabalho, foram determinadas algumas teorias que são até o
momento muito utilizadas no dimensionamento de elementos mecânicos. As teorias são divididas para
materiais dúcteis e frágeis, uma vez que os mecanismos que originam a falha são diferentes.

Apresentaremos aqui, as teorias para materiais dúcteis e para materiais frágeis.


Resistência dos Materiais I 124
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10.3 TEORIA DA TENSÃO NORMAL MÁXIMA

Esta teoria, estabelece que a falha ocorre sempre que a maior tensão principal se iguala ao limite de
escoamento ou à resistência a ruptura do material.

Se estabelecermos que 1 é a maior das tensões principais, esta teoria estabelece que a falha por
escoamento ocorrerá sempre que 1 = e e a falha por ruptura ocorrerá sempre que 1 = r.

Esta teoria estabelece que somente a maior tensão principal conduz à falha e deve-se desprezar as
demais.

Devido a este fato, esta teoria é importante somente para fins de comparação. Suas previsões não
concordam com a experiência e ela pode conduzir a resultados inseguros.

Elaborando-se um gráfico com as tensões e t e e c e marcando-se as tensões 1 e 2, num sistema de


eixos ortogonais, esta teoria estabelece que a falha ocorrerá sempre que um ponto cujas coordenadas
sejam 1 e 2 cai sobre ou fora do gráfico. Os pontos situados no primeiro e terceiro quadrantes estão na
região segura, enquanto que os pontos nos demais quadrantes estão numa região insegura.

Neste critério, nota-se que só se obtém um verdadeiro ponto de teste onde o diagrama corta o eixo

2

Sut

Sy

1 Suc Sy Sy Sut 1

Sy
Critério de escoamento
Suc
Critério de ruptura
2

Figura 10.2 - Gráfico da Teoria da Tensão Normal Máxima

Conforme o critério de falha escolhido (escoamento ou ruptura), a teoria da tensão norma máxima
estabelece que a falha ocorrerá quando:
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 125
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Equação 10.1 1 = Sy ou 1 = -Sy e 1 = Sut ou 1 = Suc

Se o critério de falha for o escoamento, o fator de segurança N pode ser determinado por:

Sy  Sy
1  ou 1 
N N

Se o critério de falha for a ruptura, o fator de segurança N pode ser determinado por:

Sut Suc
Equação 10.2 1  ou 1 
N N

Exemplo 1 - Um certo componente mecânico é fabricado com um aço SAE 1015 onde sua resistência
a tração Sut= 400 MPa e seu limite de escoamento a tração é y=300 MPa. Suponha que a peça esteja

submetida a um nível de tensão 1=300 MPa e 2=200 MPa. Calcular o coeficiente de segurança usando
o critério da ruptura, utilizando a teoria da máxima tensão normal.

Solução:

Inicialmente deve-se montar o gráfico com as tensões Sut e Suc Lembre-se que para os aços, Sut = -Suc

. Neste gráfico, as tensões principais 1 são plotadas no eixo x e as tensões principais 2 são plotadas no
eixo y.
2

Sut = 400 MPa


Suc = -400 MPa

P
2 = 200
N

1
Sut = 400 MPa
1 = 300

Suc = -400 MPa

Determine o ponto P com as coordenadas 1 e 2. Trace uma reta a partir da origem, passando pelo
ponto P até interceptar a curva envelope do diagrama da tensão normal. Assim, usando a Equação 10.2
temos que:
S ut 400
N ou seja, N  N  1,3333
1 300
Resistência dos Materiais I 126
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10.4 TEORIA DA TENSÃO MÁXIMA DE CISALHAMENTO

Esta teoria se aplica somente a materiais dúcteis. Ela estabelece que o escoamento começa sempre que
a tensão cisalhante máxima em uma peça for igual a tensão cisalhante máxima do corpo de prova quando
Sy
este inicia o escoamento. Assim, o escoamento inicia quando  max  .
2

Para um estado duplo de tensões, sabe-se que a máxima tensão de corte é:

1  3
Equação 10.3  max 
2

IMPORTANTE: Nesta teoria 1>2>3

Aqui é importante lembrar que no estado duplo de tensões, a menor tensão 3 = 0;

 x  y
2

Equação 10.4  max      xy2
 2 

Deve-se notar que esta teoria prevê que o limite de escoamento ao cisalhamento seja a metade do
Sy
limite de escoamento à tração, isto é S ys 
2

Assim, se igualarmos as equações acima e aplicarmos um coeficiente de segurança N, obteremos a


seguinte expressão:

  x  y
2
Sy  Sy
Equação 10.5      xy2 ou N 
2 N  2    x  y 
2

2      xy2
 2 

A Figura 10.3 ilustra o gráfico da teoria da tensão cisalhante máxima para tensões biaxiais. Nota-se
que o gráfico é o mesmo da teoria da tensão normal máxima, quando as duas tensões principais tem o
mesmo sinal.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 127
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3

Sy

Sy Sy 1

Sy

Figura 10.3 - Gráfico da Teoria da Tensão Cisalhante Máxima.

Exemplo 2 - Um certo componente mecânico é fabricado com um aço SAE 1015 onde sua resistência
a tração Sut = 400 MPa e seu limite de escoamento a tração é Sy=300 MPa. Calcular o coeficiente de
segurança, utilizando a teoria da máxima tensão de cisalhamento para as dois casos seguintes:

Quando : 1=200 MPa e 2=150 MPa e 3=0 MPa

Quando : 1=100 MPa e 3=-100 MPa. E 2=0 MPa


Solução:
Inicialmente deve-se construir a curva envolvente do diagrama da tensão máxima de cisalhamento
com Sy =300 MPa e -Sy = -300 MPa.

a) Determine o ponto P1 com as coordenadas 1 e 3. Trace uma reta a partir da origem, passando
pelo ponto P1 até interceptar a curva envolvente do diagrama da tensão máxima de cisalhamento.

3

Sy =300 MPa

N1
P1 = A
1 x 1
-Sy = -300 MPa

Sy = 300 MPa

-Sy= -300 MPa


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O coeficiente de segurança N1 é a razão entre a componente “x” do ponto A com a componente 1 do


ponto P1 ou seja:

x
N1 
1

Neste caso, nota-se que a componente x = Sy = 300 MPa. Como a componente 1=200 MPa tem-se
que:

300MPa
N1 
200MPa

Assim, tem-se que:

N1  1,5

b) Determine o ponto P2 com as coordenadas 1 e 3 (Neste exemplo a menor tensão continua sendo 3).
Trace uma reta a partir da origem, passando pelo ponto P2 até interceptar a curva envolvente do diagrama
da tensão máxima de cisalhamento.

3
-Sy = -300 MPa

Sy =300 MPa

N2

1 x

2 P2 1
Sy = 300 MPa

y B
N2

-Sy = -300 MPa

O coeficiente de segurança N2 é a razão entre a componente “x” do ponto B com a componente 1 do

ponto P2 ou a razão entre a componente “y” do ponto B com a componente 3 do ponto P2 ou seja:
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x y
N2  N2 
1 ou
3

Neste caso, a coordenada “x” não pode ser determinada diretamente pela observação do gráfico. Aqui
o ponto “x” só pode ser determinado pela interseção de duas retas: uma que passa pela origem e pelo
ponto P2 outra que passa pelas coordenadas (300,0) e (0,-300).

A equação de uma reta que passa pela origem é calculada a partir de:

y  axb

Onde “a” é o coeficiente angular da reta e vale:

3  100
a a
1 100

Assim, temos que a equação da reta que passa pela origem é:

 100
y x ou y  1  x (1)
100

A equação da curva envolvente no ponto “B” é calculada a partir da equação da reta que passa por
dois pontos:

y2  y1
y  y1  x  x1 
x2  x1

Ponto 1

(300, 0 )
(x1 , y1)

(0, -300)
(x2 , y2 )
Ponto 2
Substituindo as coordenadas (x1 , y1) e (x2 , y2) na equação acima tem-se:
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 300  0
y0 x  300
0  300
 300
y x  300 ou y  1  x  300
 300
y  x  300 (2)
Substituindo a equação 1 na equação 2 e resolvendo-as simultaneamente tem-se:

 1  x  x  300 ou  2  x  300
 300
x ou x  150
2
Assim, tem-se que:

x 150
N2   N2   N 2  1,5
1 100

Assim, conclui-se que o coeficiente de segurança é N2 = 1,5 considerando a teoria da máxima tensão
cisalhante

10.5 TEORIA DE HUBER-VON MISES - HENCKY OU DA MÁXIMA ENERGIA DE


DISTORÇÃO

Esta teoria também é conhecida por teoria da energia de distorção. Esta teoria é um pouco mais difícil
de ser aplicada do que a teoria da tensão máxima de cisalhamento, e é melhor no emprego para materiais
dúcteis. É empregada para definir o início do escoamento, tal como a teoria da tensão máxima de
cisalhamento.

Huber-von Mises-Hencky postularam que o escoamento não era um simples fenômeno de tração ou
compressão, mas, ao contrário, era relacionado de algum modo à distorção angular do elemento
tensionado.

Esta teoria surgiu a partir da Teoria da máxima energia de deformação que previa que o escoamento
começaria sempre que a energia total de deformação armazenada no elemento tensionado se tornasse
igual à energia total de deformação de um elemento de um corpo de prova submetido a um teste de
tração, na ocasião do escoamento.
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A teoria da máxima energia de distorção não é mais usada, porém e a precursora da teoria de von
Mises-Hencky. Assim pensou-se em subtrair da energia total de deformação a energia usada para
provocar uma variação de volume, resultando na energia da distorção.

Aqui abordaremos somente as equações finais, ficando ao aluno encarregado de pesquisar suas
deduções.

Para fins de análise e projeto, é importante definir uma tensão de von Mises (tensão efetiva) dada pela
equação abaixo:

Equação 10.6  ,  12  1   2   22

À teoria de von Mises prevê que a falha por escoamento ocorre sempre que:

Equação 10.7  ,  Sy

Assim, se igualarmos as equações acima e aplicarmos um coeficiente de segurança N, obteremos a


seguinte expressão:

Sy Sy
Equação 10.8   12   1   2   22 ou N
N  12   1   2   22

Na Figura 10.4 podemos observar o gráfico das tensões de von-Mises.

2

Sy

Sy Sy 1

Sy

Figura 10.4 - Grafico da Teoria da energia de distorção


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Conforme estudos desenvolvidos, relatado por Shigley (1984), a teoria da energia de distorção prevê o
escoamento com maior precisão em todos os quadrantes. Considerando então esta teoria como a mais
correta, nota-se pela figura abaixo que a teoria da tensão cisalhante máxima sempre conduzirá a
resultados do lado da segurança (gráfico esta contido dentro do gráfico da teoria da energia de distorção).
Por outro lado, nota-se que a teoria da tensão normal máxima conduz a resultados seguros somente se o
sinal das duas tensões principais for igual. Para a torção pura utiliza-se a teoria da energia de distorção ou
a teoria da tensão cisalhante máxima.

10.5.1 Comparação entre as três teorias aplicadas a materiais Dúcteis

2

Sy

Sy Sy 1

Sy

Teoria de von-Mises
Teoria da tensão cisalhante máxima
Teoria da tensão normal máxima

Figura 10.5 - Comparação das três teorias de falhas estáticas para materiais dúcteis e tensões biaxiais

10.6 TEORIA DE COULOMB MOHR

A teoria de Coulomb Mohr deve ser usada como critério de falhas quando o material é frágil, as
cargas aplicadas são estáticas e principalmente quando as tensões de resistência a tração forem iguais as
de compressão, isto é:  S ut  S uc

Conforme Shigley (1984), a teoria de Coulomb-Mohr às vezes é denominada de teoria do atrito


interno e baseia-se nos resultados de dois testes, o de tração e o de compressão.

Esta teoria é mais conservadora principalmente no quarto quadrante.


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A

Figura 10.6 ilustra a teoria de Coulomb-Mohr com seus pontos característicos

2

Sut

Suc Sut 1

Suc

Figura 10.6 – Gráfico da Teoria de Coulomb-Mohr

10.7 TEORIA DE MOHR MODIFICADA

As observações deixadas pela teoria de Mohr modificada para materiais frágeis são uma adaptação da
teoria da máxima tensão normal. Conforme Juvinall (1983), esta teoria representa resultados mais
confiáveis do que a teoria da máxima tensão normal.

Esta teoria é usada preferencialmente quando o material frágil não apresenta as tensões de resistência

a tração e compressão iguais ou seja é preferível quando S ut  S uc

Algumas características dos materiais frágeis segundo Shigley (1984) são: (i) O diagrama tensão x
deformação é uma linha contínua até o ponto de falha; a falha ocorre por fratura; estes materiais não
possuem limite de escoamento; (ii) A resistência a compressão é geralmente, muitas vezes maior que a
resistência à tração; (iii) O limite de ruptura à torção é aproximadamente o mesmo que o limite de
resistência a tração;

A Figura 10.7 ilustra um caso de tensões biaxial no qual estão indicados dois eixos ortogonais, 1 e
2.
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2

(-Sut, Sut)
Sut

Suc 1

(Sut, -Sut)
2
 1
Suc 1
Figura 10.7 - Gráfico representativo da teoria de Mohr modificada para materiais frágei

A teoria de Mohr modificada é melhor explicada através de uma abordagem gráfica.

-

Sut A A’
o +
B
B’
C
-Sut
C’
Suc
-
Figura 10.8 - Gráfico representativo da teoria de Mohr modificada para materiais frágeis no 1o e 4o
quadrantes
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Considerando três casos de estado plano de tensões, chamados A, B, C, conforme indicado na Figura
10.8 e utilizando-se um coeficiente de segurança N as tensões e resistências relacionam-se conforme os
casos abaixo(Norton, 1997):

a) Para o ponto A, onde o prolongamento da reta OB intercepta a curva envelope no ponto A'
teremos:

Sut
N
Equação 10.9
1

b) Para o ponto B, onde o prolongamento da reta OB intercepta a curva envelope no ponto B'
teremos:

Sut
N
Equação 10.10
1

c) Para o ponto C, onde o prolongamento da reta OC intercepta a curva envelope no ponto C'
teremos:

Suc  Sut
N
Equação 10.11
Suc   1  Sut   1   2 

Segundo Norton (1997) Dowling desenvolveu um conjunto de expressões para determinar as tensões
efetivas envolvendo as três tensões principais:

1  S  2  Sut 
Equação 10.12 C1     1   3  uc   1   3 
2  Suc 

1  S  2  S ut 
Equação 10.13 C2     3   2  uc   3   2 
2  S uc 

1  S  2  S ut 
Equação 10.14 C3     2   1  uc   2   1 
2  S uc 

O maior dos seis valores (C1, C2, C3, 1, 2, 3) é a tensão efetiva sugerida por Dowling.

Equação 10.15 ~  MAX (C1 , C2 , C3 ,  1, 2, 3 )

Assim, o coeficiente de segurança pode ser determinado por:


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S
Equação 10.16 N  ~ut

Se todos os valores forem negativos, então a tensão efetiva será zero. Note porém que devido a este
fato, não poderemos utilizar a equação acima para calcular o coeficiente de segurança pois
N .

A teoria de Mohr modificada explica melhor a falha no quarto quadrante.

A escolha da teoria para determinação de falhas estáticas dependerá do projetista. A análise do tipo de
carregamento e do material são fatores importantes na seleção.
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10.8 EXERCÍCIOS

1 - Projetou-se um pequeno pino de 6 mm de diâmetro, de um ferro fundido cujas tensões tensões de


ruptura a tração e a compressão são respectivamente Sut=293 MPa e Suc =965 MPa. Este pino suportará
uma carga compressiva de 3500 N combinada com uma carga torcional de 9,8 Nm. Calcular o fator de
segurança usando a teoria da Tensão Normal Máxima, teoria de Mohr Modificada e teoria de Coulomb-
Mohr.

2- O elemento de máquina mostrado na figura abaixo esta submetido a duas força F=3000 N e P =
1500 N. A força F é aplicada a uma distância de c = 40 mm da linha neutra x-x. A carga P é aplicada a
uma distância d = 100 mm do engaste.O elemento de máquina é confeccionado com um aço cuja tensão
de escoamento é Sy = 350 MPa e tensão de resistência a tração Sut = 520 MPa. Calcular o coeficiente de
segurança usando a teoria de Von-Mises para o ponto crítico da seção A-A, cujas dimensões são
b=6,5mm e a=50mm.

F
b
A
c

x
a x

d A

2 – Determine o fator de segurança “N” para o suporte esquematizado na figura abaixo baseando-se na
teoria da máxima energia de distorção.

Material: Alumínio com Sy =324 MPa


Comprimento da haste: L = 150 mm
Comprimento do braço: a = 200 mm
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Diâmetro externo da Haste: 45 mm
Carregamento : F = 4450 N

Parede
L

F a
3 – Determine o fator de segurança para o suporte esquematizado na figura acima baseando-se na
teoria de Mohr modificada.

Material: Ferro fundido cinzento com Sut =360 MPa e Suc = 1130 MPa
Comprimento da haste: L = 150 mm
Comprimento do braço: a = 200 mm
Diâmetro externo da haste: 38,10 mm
Carregamento : F = 4450 N

4 – Determinar os fatores de segurança, correspondentes às falhas pelas teorias da tensão normal


máxima, da tensão cisalhante máxima, e da teoria de von-Mises (energia da distorção) respectivamente
para um aço 1020 Laminado, para cada um dos seguintes estados de tensão:

a) x =70 MPa e y = -28 MPa.


b) x =70 MPa e y = 35 MPa.xy = 70 MPa. (sentido horário).

5 – Usando os valores típicos das resistências do ferro fundido ASTM 40, determinar os fatores de
segurança correspondentes à fratura, pelas teorias da tensão normal máxima, de Coulomb-Mohr e Mohr
modificada, respectivamente, para cada um dos seguintes estados de tensão:

a) x =70 MPa e y = -28 MPa.


b) x = -14MPa , y = -56 MPa e xy = 28 MPa. (sentido anti-horário).
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6 – Uma força F aplicada em D, perto da extremidade de uma alavanca de 375 mm de comprimento,
mostrada na figura abaixo, resulta em certas tensões na barra engastada OABC. A barra é feita de aço
SAE 1035 Recozido. Que força F causaria o escoamento na barra.

7 – Um tubo de alumínio com Sy =290 MPa e Sut = 441 MPa tem 75 mm de diâmetro externo e
espessura de parede de 1,25 mm e esta sujeito a uma pressão estática interna de 8,5 MPa. Calcular o fator
de segurança, contra o escoamento, aplicando as três teorias para materiais dúcteis.

8 – Um cilindro de paredes grossas deve ter um diâmetro interno de 15 mm, ser feiro de um aço SAE
4140 normalizado e deve resistir a uma pressão interna de 35 MPa baseado num fator de segurança de 4.
Especificar um diâmetro externo satisfatório, baseado a decisão no escoamento, de acordo com a teoria da
máxima tensão cisalhante.
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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HIBBELER R.C. – Resistência dos Materiais – São Paulo: Prentice Hall, 2004, 670 p.

JUVINALL, Robert C. - Fundamentals of Machine Component Design - John Wiley & Sons - NeW
York, 1983.

NORTON, Robert L. - Machine Design - An Integrated Approach - Prentice-Hall, New Jersei, USA,
1997.

NORTON, Robert L. – Projeto de Máquinas. São Paulo - SP: Artmed Editora S.A., 2004. 931 p.

SHIGLEY Joseph E., MISCHKE Charles R., BUDYNAS Richard G. – Projeto de Engenharia
Mecânica. Porto Alegre: Bookman, 2005. 960 p.

SHIGLEY, Joseph E. - Elementos de Máquinas 1. São Paulo – SP: Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A. -, 1984.

SHIGLEY, Joseph E. - Elementos de Máquinas 2 - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. - São
Paulo - SP, 1981.

SHIGLEY, Joseph E., MISCHKE Charles R. – Mechanical Engineering Design ..New York: McGraw-
Hill Book Company, 1989.

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