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A EFETIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PROTETOR RECEBEDOR POR MEIO DA


POLÍTICA DE INCENTIVOS FISCAIS: uma visão ambiental constitucional1

Beloni Uchoa de Araujo2


Artur Cortez Bonifácio3

RESUMO

Propõe-se no presente trabalho analisar a relação entre o princípio do protetor


recebedor aplicado no Direito Ambiental e a política de incentivos fiscais praticada
pelos poderes públicos, conjugando-os, para que, com base nos ditames das
normas Constitucionais, tal correlação faça frente a uma nova conscientização
aplicada ao meio ambiente, arraigada na dignidade da pessoa humana, com intuito
de promover a qualidade de vida da sociedade, visando garantir uma democracia
ambiental substancial.

Palavras chaves: Protetor recebedor. Incentivos fiscais. Meio ambiente.


Democracia ambiental.

1 INTRODUÇÃO

O Direito Ambiental, no decurso de toda a construção e desenvolvimento do


papel do Estado nas relações vinculadas ao meio ambiente, sofreu e sofre mutações
na sua teoria estrutural, como também na aplicabilidade dos instrumentos postos no
sistema de proteção ambiental. A conjuntura dos fenômenos que afetam o ambiente
determina como irão se moldar os elementos do Direito Ambiental, pois o estudo se
desenvolve a partir da ocorrência concreta dos intemperismos ambientalmente
prejudiciais, levando em conta toda a conexão entre a sociedade e a indústria.

1 Artigo apresentado à Universidade Potiguar – UNP, como parte dos requisitos para conclusão do
Curso de pós-graduação em Direito Constitucional Tributário.
2 Pós-graduando em Direito Constitucional Tributário – UNP.
3 Orientador. Profº Drº em Direito.
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É de se notar que a teoria jurídico-ambientalista é mutante e sempre aponta


como o clímax das relações sociais o interesse coletivo, visando a sustentação dos
direitos fundamentais, que deságua sobre o direito ao meio ambiente saudável e a
dignidade da pessoa humana. Essa característica não estanque propulsiona a
procura de novos princípios e regras ambientais, novos elementos e ferramentas,
novos procedimentos, sempre caminhando atento para as causas e consequências;
reparação e indenização referente à degradação ambiental em todas as suas formas
(sociais, culturais, naturais, artificiais, trabalhistas, etc).

A política ambiental hoje praticada possui inúmeras facetas personalizadas,


direcionadas de acordo com o objeto ameaçado/afetado, de maneira que quase
todas as relações econômicas, culturais e sociais formadas chegam a afetar o meio
ambiente diretamente ou indiretamente. O caráter difuso desse direito o faz abstrato
perante os destinatários, porém bastante concreto quanto ao objeto finalístico, que é
a promoção do ambiente saudável.

Nessa esteira evolucional das normas que formam o “ordenamento


ambiental”, apresentamos aqui o princípio do protetor recebedor, como norma que
se porta na figura de um instrumento jurídico impulsionador de uma nova concepção
acerca da proteção ambiental, buscando modificar o caminho a que tende as
políticas governamentais praticadas na sociedade de hoje, no que tange a incidência
e aplicação de tais na esfera ambiental, corroborando para uma nova lógica da
preservação ambiental substancial.

A trajetória do Estado em atenção à preservação do meio ambiente, como


também à atividade deste organismo político na preocupação com os fatores
ambientais, ainda deve ser muito discutida e acima de tudo remodelada e
reestudada, para que de forma contínua sempre caminhe mais próxima da
valorização do meio ambiente, de modo que o Estado e a sociedade sejam
instruídos e incentivados, tendenciando para uma concepção pró-ambiente.

Entre os vários instrumentos que o Estado possui para conferir a efetividade


do Direito ao meio ambiente saudável, apontamos neste estudo a política de
incentivos fiscais, pois, por meio da estrutura do sistema tributário nacional, os
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órgãos estatais desenvolvem diretrizes que irão incidir sobre o meio ambiente, no
sustento e desenvolvimento da natureza.

Em favor de uma concepção pró-ambiente, é necessário vislumbrar a


aplicação da política de incentivos fiscais coligada com a mutação dos ditames do
Direito Ambiental, para que as formas de incentivos fiscais também sejam mutantes,
adequadas e eficientes. Sob esse viés, o princípio do protetor recebedor se torna
uma ferramenta extremamente apta a fazer um redimensionamento na política de
incentivos fiscais, vindo a dar um novo enfoque acerca do alcance dos incentivos,
colocando tal política como ponto de partida para uma reeducação ambiental.

Assim, verificar-se-á que a aplicação do princípio do protetor recebedor está


intimamente ligada com a política governamental de incentivos fiscais. Dessa forma,
a nossa análise parte para o pressuposto de que o princípio ambiental moderno
possui uma perspectiva de garantia efetiva da esfera ambiental, se utilizando do
sistema da política de incentivos para delinear novas diretrizes e interpretações das
normas ambientais, bem como indicar uma nova maneira de ser desenvolvida no
enfrentamento dos conflitos ambientais.

Inegável o caráter fundamental do Direito ao Meio Ambiente, ainda mais pela


sua amplitude Constitucional, sendo nesta ótica ambiental-constitucional que se
analisará aqui o princípio do protetor recebedor, buscando situá-lo no tempo e no
espaço. Buscamos, ainda, informar como esse princípio se efetiva no ordenamento
jurídico-ambiental através da política de incentivos fiscais, das relações com os
dispositivos da Constituição, com fim de demonstrar o seu potencial caráter benéfico
na sociedade.

2 O PRINCÍPIO DO PROTETOR RECEBEDOR

O princípio do protetor recebedor, quando da soma individual de seus termos,


passa-nos, inicialmente, uma visão lógica de seus significados e propósitos,
remetendo-nos a ideia de que aquele que age como protetor de algo passa a ser
consequentemente o recebedor de algo, denotando a ideia de um benefício pela
prestação efetuada.
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Essa relação de proteção e recebimento se desenvolve com maior


importância na seara ambiental, de forma que o surgimento do princípio do protetor
recebedor esboça maior aplicação na proteção do meio ambiente, por visar uma
contraprestação para uma prestação positiva ambiental. Em outras palavras, é no
âmbito do Direito Ambiental que esse princípio ganha conteúdo e força, sendo
instrumento nobre para efetivação da dignidade da pessoa humana.

2.1 CONCEPÇÃO INICIAL

A concepção inicial do princípio protetivo se enquadra no ordenamento


jurídico como um instrumento normativo que visa garantir uma medida “premial”,
além de incentivar práticas que adotem e desenvolvam medidas ambientalmente
sustentáveis, assim temos um benefício tanto para aquele que protege um bem
natural como para toda a comunidade.

Conforme expõe Maurício Andrés Ribeiro (2009), o princípio do protetor


recebedor serve “para implementar a justiça econômica, valorizando os serviços
ambientais prestados generosamente por uma população ou sociedade, e
remunerando economicamente essa prestação de serviços (...)”, sendo nítido o
caráter contraprestacional do princípio.

No seio de tal princípio, enxerga-se o envolvimento de aspectos sociais,


ambientais e culturais, utilizando-se ainda do cunho econômico, de maneira que o
objetivo maior desse princípio é a preservação do meio ambiente. E em virtude de
criar uma conscientização real do valor da natureza, contribui para protegê-la e
tornar esta atitude mais praticável na sociedade.

O princípio protetivo aqui abordado atinge aspectos sociais porque a


interferência na qualidade do meio ambiente tem consequência direta na qualidade
de vida da população, como forma de promoção à saúde, desaguando na dignidade
da pessoa humana. Toca na seara ambiental ao envolver logicamente os elementos
da natureza, colocando o meio ambiente como clímax do enredo. Ao aplicar o
princípio demostra-se vínculo cultural, pois oportuniza um novo ideal, uma nova
proposta, uma nova educação, um modelo de conduta até então pouco utilizado e
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difundido. Envolve-se ainda o aspecto econômico, pois a “remuneração” dependerá


das ações estabelecidas pela política de incentivos.

Ou seja, trata-se de um princípio amplo que atinge campos jurídicos de


incidência, distintos da sociedade, pregando por uma integração valorativa,
impulsionado pela existência de um constitucionalismo socioambiental, conforme
bem menciona Ingo Wolfgang Sarlet e Tiago Fensterseifer (2010, p. 15), sendo esse
constitucionalismo resultado da:

[...] convergência necessária da tutela dos direitos sociais e dos direitos


ambientais num mesmo projeto jurídico-político para o desenvolvimento
humano em padrões sustentáveis, inclusive pela perspectiva da noção
ampliada e integrada dos direitos econômicos, sociais, culturais e
ambientais. (...) é possível destacar o surgimento de um constitucionalismo
socioambiental (ou ecológico, como preferem alguns) – ou, pelo menos, da
necessidade de se construir tal noção – avançando em relação ao modelo
de um constitucionalismo social, designadamente para corrigir o quadro de
desigualdade e degradação humana em termos de acesso às condições
mínimas de bem-estar.

Quando um ator social age positivamente, adotando condutas protecionistas


relacionadas ao meio ambiente, está indiretamente atingindo toda a sociedade, de
forma indistinta, e não deve se achar estranho se for recompensado ou incentivado
por esse ato, ao passo que não há qualquer óbice para tal prática.

Ao se levar em consideração a atual conjuntura do mundo globalizado, com a


ainda crescente onda das potências industriais e desenvolvimento acelerado da
tecnologia, o meio ambiente encontra-se em estado de alerta máximo diante dos
riscos causados pela sociedade, posto que não se pode ter foco apenas na
reparação do ambiente afetado, mas sim na promoção de uma atitude proativa
ambientalmente, para que se evite a ocorrência de novos danos à natureza e se
desenvolva a conscientização e reeducação ambiental, conforme bem expõe
Fernanda Garofalo, afirmando que o princípio do protetor recebedor:

[...] representa que, aquele que protege o meio ambiente deverá receber
estímulos, de modo que caberá ao Poder Público, pelos instrumentos de
incentivos fiscais adequados, viabilizar a adequada recompensa dos
benfeitores, incentivando este tipo de conduta, inclusive como medida de
educação ambiental.
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Nesse viés, pode-se dizer que o princípio do protetor recebedor é fruto de um


Estado Socioambiental Democrático, tendo nítido caráter instrumental para garantia
do bem-estar ambiental de maneira positiva e duradoura, com fulcro na segurança e
na solidariedade ambiental, sendo, portanto, o Estado “capaz de conjugar os valores
fundamentais que emergem das relações sociais e, através das suas instituições
democráticas, garantir a segurança necessária à manutenção e proteção da vida
com qualidade ambiental”, (SARLET, FENSTERSEIFER, 2010, p. 17). E nesse
âmbito democratizador é que se concebe o princípio do protetor recebedor.

2.2 FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Pela demonstração da concepção e do conceito acerca do princípio aqui


tratado, já se nota o seu caráter benéfico para a sociedade local e global. O princípio
se encaixa perfeitamente nas diretrizes constitucionais, pois a CFRB/88 dispõe em
seu artigo 225 que é dever do Poder Público e da coletividade defender e preservar
o meio ambiente, para que este esteja disponível de maneira ecologicamente
equilibrada, sendo essencial a sadia qualidade de vida.

O princípio do protetor recebedor se apresenta como postulado específico do


Direito Ambiental, com base de fundamentação na Constituição, vindo a dar ao
regramento constitucional um ar de concretude, pois na aplicação do princípio
protetivo se estará efetivando a preservação e defesa da natureza em geral,
propugnando para um ideal de meio ambiente realmente saudável, através da
utilização de incentivos direcionados ao agente protetor.

A pessoa que tem a atitude de proteger o meio ambiente deve ser beneficiada
por isso, como forma de estímulo e conscientização, devendo o Poder Público
fomentar essa prática, fazendo valer o disposto do §1º, I, do art. 225 da CFRB/88, de
maneira que o cidadão incentivador de prestações positivas que atingem o meio
ambiente, estará assegurando a efetividade do meio ambiente, seja preservando,
restaurando ou provendo os processos e manejos ecológicos.

2.3 SURGIMENTO
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Já envolvido na base estrutural do Estado Constitucional Democrático junto


ao Estado Socioambiental, portanto, preconcebido em seu valor ecológico, o
princípio do protetor recebedor se positiva no ordenamento dentro das diretrizes da
Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos.

Além de outras novidades trazidas por essa Lei, o surgimento do elemento


regratório formal que estabelece a figura do protetor recebedor como princípio a ser
seguido deve ser aplaudido, de maneira clara e explícita, conforme se depreende do
texto do artigo 6o, II, da citada Lei. Mesmo já tendo servido de base valorativa para
utilização de algumas políticas públicas ambientais praticadas, é no plano
infraconstitucional que o princípio realmente aparece.

Podemos citar como alguns exemplos de incidência do protetor recebedor,


dentro do âmbito de atuação executiva dos Estado da Federação:
 a implantação do ICMS ecológico (operante no Paraná, Minas Gerais e São
Paulo), que destina percentual de arrecadação do tributo para entes que
cooperem com a conservação da natureza;
 a instituição do programa bolsa verde (Lei Estadual 17.727, de 13 de agosto
de 2008), proposta pelo Estado de Minas Gerais e que propõe incentivos
financeiros para o produtor rural que recuperar, preservar e conservar o meio
ambiente;
 o programa de desenvolvimento socioambiental de produção familiar rural
(Proambiente), que propicia remuneração para serviços de redução de
desmatamento, preservação da biodiversidade, entre outros serviços;
 o bolsa floresta, no Estado do Amazonas;
 o projeto Produtores de água desenvolvido no Estado do Espírito Santo;
 e a Lei 1.277/89, denominada lei Chico Mendes, instituída no Acre.

Todos esse projetos possuem fundamento no princípio do protetor recebedor,


posto que projetam a política garantindo “a remuneração pelos serviços ambientais
prestados como de preservação e conservação é concebida como uma maneira de
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incentivar as pessoas a cumprir as normas ambientais e tentar amenizar os efeitos


da atividade humana no meio ambiente” (COSTA, 2010).

Essas políticas públicas surgem um tanto quanto esparsas, sem cunho


estrutural, sem ordem desenvolvimentista, sem realmente se preocupar com o real
objetivo em massa de preservação do meio ambiente, tornando assim o princípio do
protetor recebedor pouco difundindo.

2.4 POR UMA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA

Conforme exposto acima, a aplicação do princípio do protetor recebedor


envolve valores ambientais, sociais, econômicos e culturais, de forma que a
utilização do princípio como ponto de partida para políticas desenvolvimentistas em
prol do meio ambiente se dá de maneira integrativa, entre normas (do direito civil,
ambiental, econômico, etc) e entre sujeitos (Estado e sociedade).

Nesse aparato interativo faz-se necessário tocar em cada norma de cada


ramo do direito sem esgotá-la, devendo a aplicação do princípio protetor ocorrer
através de um processo sistemático. Dever-se-á buscar extrair a sua essência sob
um enfoque dinâmico, em que as várias normas envolvidas se convergem para
desvendar a sua melhor possibilidade de aplicação, para que esse tenha a própria
razão de ser no sistema.

Assim, defende-se aqui a incidência do princípio do protetor recebedor por


meio de uma interpretação sistemática, para que haja harmonia na proteção do meio
ambiente e em todas as outras garantias de direitos existentes, cumprindo com o
mesmo objeto, obtendo um sistema organizado, conforme bem leciona Maria Helena
Diniz (2001, p. 425):

O processo sistemático é o que considera o sistema em que se insere a


norma, relacionando-a com outras normas concernentes ao mesmo objeto.
O sistema jurídico não se compõe de um único sistema normativo, mas de
vários, que constituem um conjunto harmônico e interdependente, embora
cada qual esteja fixado em seu próprio lugar. (...) É preciso lembrar que
uma das principais tarefas da ciência jurídica consiste exatamente em
estabelecer as conexões sistemáticas existentes entre as normas.
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Assim, conjuga-se o princípio do protetor recebedor a partir da visão


constitucional ambiental, mas levando em consideração os desdobramentos perante
os demais mandamentos normativos, com objetivo de integrar e harmonizar as
normas jurídicas, considerando-as como um conjunto, um todo formado.

3 A POLÍTICA DE INCENTIVOS FISCAIS

As ações governamentais que propõem incentivos fiscais podem ser


consideradas espécies do gênero políticas públicas, de maneira que é a partir do
planejamento e desenvolvimento de uma política pública geral que se incluirá como
objeto específico a adoção de incentivos fiscais, ao passo que esses incentivos se
portam como instrumentos capazes de concretizar tal política pública em qualquer
segmento da sociedade, seja social, cultural, econômico, educacional, bem como o
ambiental – o que nos pertine no presente trabalho.

A política de incentivos fiscais se insere a partir da mobilização do Estado-


Sociedade, quando da idealização de um projeto político-jurídico-administrativo que
pretende desenvolver e garantir os direitos dos cidadãos enquanto seres políticos e
sociais, de acordo com o regramento constitucional vigente. Portanto, surge a
política pública “como uma alternativa de sincronização dos esforços públicos e
privados para a realização de direitos fundamentais”. (NASCIMENTO, 2013, p. 07)

Nesse ínterim, observa-se que o segmento ambiental pode ser o âmbito de


atuação da política de incentivos fiscais. O qual se vislumbrará atuar diretamente na
seara ambiental, mediante o desenvolvimento de estratégias incentivadoras, em
vista de garantir o direito fundamental ao meio ambiente; lógica esta que faz surgir
um vínculo entre o princípio do protetor recebedor e a política de incentivos fiscais,
estando tais institutos aptos a disseminar formas de se proteger o meio ambiente.

Quando da aplicação das políticas públicas, é importante frisar que são


variadas as formas de incentivos fiscais utilizadas, podendo assumir diversas
facetas para garantir o caráter incentivador, pois pode haver incentivos por
compensação, por indução pecuniária, por isenção, por alteração de alíquota
tributária, bem como diminuição ou aumento no repasse de qualquer espécie
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tributária. Dessa maneira, tem-se no incentivo fiscal um caráter amplo, complexo


quanto a sua externalidade formal, que não se esgota nas formas de incentivos já
existentes, conforme bem assevera ASSUNÇÃO (2010, p. 21), ao dizer:

Nessa perspectiva, pode ser considerado incentivo fiscal qualquer


instrumento, de caráter tributário ou financeiro, que conceda a particulares
vantagens passiveis de expressão em pecúnia, com o objetivo de realizar
finalidades constitucionalmente previstas por meio da intervenção estatal
por indução. Essas vantagens podem operar subtrações ou exclusões no
conteúdo de obrigações tributárias ou mesmo adiar os prazos de
adimplemento dessas obrigações.

O princípio do protetor recebedor ganha, assim, mais corpo para a sua


atuação, utilizando-se das diversas maneiras de meios incentivadores e ampliando,
também, a maneira como o recebedor irá ser gratificado pela prestação positiva, a
depender da política pública adotada.

Associado a esse aspecto amplo das formas de incentivos fiscais e,


consequentemente, do campo de incidência do princípio protetivo, alinha-se a tese
de que no atual sistema tributário pátrio não há a existência de tributos específicos
do ramo ambiental, pois as normas constitucionais-tributárias já preveem os
preceitos acerca da competência tributária, sendo a partir dos tributos já existentes
que se devem impor tais finalidades ambientais. Existindo, desse modo, tributos com
fins ambientais, dotados de fiscalidade e extrafiscalidade simultaneamente. Ao
mencionar esse ponto, Denise Lucena Cavalcanti (2012, p. 104) dispõe:

O que deve qualificar o tributo é a produção de seus efeitos na proteção


ambiental e não simplesmente o seu fato gerador, ou a terminologia que se
dê ou, ainda, a sua finalidade no momento da sua concepção. Vemos, pois,
que a extrafiscalidade, por si, não pode justificar a existência de um tributo
ambiental como uma nova espécie, daí a preferência pela expressão tributo
com fins ambientais, que alcança todos os tributos.

Heleno Taveira Torres (2005, p. 109) defende a ideia de que não há


necessidade de inovação das espécies tributárias para atribuí-las caráter genérico
ambiental, devendo de fato ocorrer a inserção de um interesse ecológico no
ordenamento constitucional-tributário, e não uma proliferação de novos impostos,
dispondo o autor que o “fundamental é vir bem assinalada a necessária conexão
entre a medida ambiental natural e o instrumento tributário”. (2005, p. 111)
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A atuação desses tributos com fins ambientais se pauta relevantemente no


caráter da extrafiscalidade do tributo surgido, de forma que através dos tributos
dotados da sua derivação extrafiscal, o “Estado provoca modificações deliberadas
nas estruturas sociais, sendo um fator importantíssimo na dinâmica socioestrutural”.
(TRENNEPOHL, 2007, p. 356)

Ocorre assim uma intervenção Estatal capaz de regular e modificar a relação


existente entre o sistema econômico, o tributário e o ambiental, ao passo aquela
entidade democrática se utiliza das ações de incentivos fiscais (na ótica fiscal e
extrafiscal) como vetor indutor de condutas desejadas, especialmente na seara
ambiental. Nesse sentido bem expõe Terence Dornelles Trennepohl, ao mencionar:

Através das normas jurídicas, pode o Estado, coercitivamente, dirigir alguns


setores da economia e da própria sociedade organizada. Este
direcionamento deve ser perseguido por meio de benefícios trazidos à
coletividade, mormente através de incentivos fiscais para adoção de
condutas desejadas. (2007, p. 355)

Perante a interação existente com a intervenção Estatal, sob o cunho da


extrafiscalidade, na pretensão da adoção de incentivos fiscais que visam uma
consciência ambiental mais efetiva e desejável, ocorre o fenômeno da externalidade
positiva, pois quando se incentiva uma conduta ambientalmente correta estar-se-á
tentando induzir e inserir na normalidade social/cultural/comportamental a realização
efetiva e concreta dessa conduta incentivada.

Essa externalidade positiva deve gerar sempre um vínculo com o interesse


coletivo, deve proporcionar uma unidade de benefícios sem destinatários
específicos, aumento de atividade ambientalmente desejável. O doutrinador Luís
Eduardo Schoueri de forma concisa bem especifica as externalidade positivas e
negativas, ao dizer:

No campo ambiental, é comum a referência à externalidade negativa: a


atividade poluidora gera danos ambientais, que não são suportados por
seus causadores; externalidade positiva, por outro lado, pode surgir quando
uma empresa, para atender a seu mercado, exige de seus fornecedores a
observância de práticas favoráveis ao meio ambiente. (SCHOUERI, 2005, p.
236)
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No intervir do Estado, este se utiliza da extrafiscalidade para criar normas


tributárias com fins ambientais indutoras de comportamentos ambientalmente
desejáveis, no que tange a proteção máxima ao meio ambiente, seja induzindo,
educando, pagando ou compensando. Verifica-se essa intervenção benéfica Estatal
quando, por exemplo, se incentiva e estimula a produção de tecnologias inerentes
ao desenvolvimento e utilização de energia limpas, como a eólica, a derivada de
extratos vegetais e a de gases oriundos de outras produções industriais, bem como
a utilização do biodiesel.

Saliente-se que a forma de incentivos fiscais indutores de comportamentos


ambientalmente corretos utilizados pelo aparelho Estatal no exercício da função
executiva, possui abrangência capilarizada, de maneira que o incentivo visa a macro
e a micro incidência, pois aquele pequeno produtor rural que não incinera os dejetos
e os utiliza para produção de insumos para nova plantação deve ser igualmente
gratificado e ser tratado com igual importância perante a proteção ambiental.

Tem-se, assim, o importante cunho instrumental da política de incentivos


fiscais para a proteção e a preservação do meio ambiente, quando da atuação do
Estado na intervenção socioeconômica. Pode-se, ainda, de maneira multifacetada,
incentivar atuações benéficas à natureza ambiental, funcionando como ferramenta
propulsora de eficácia do princípio do protetor recebedor, através da adoção de
critérios ecológicos, postos na finalidade do tributo e ou na ação indutora de
comportamentos positivos.

4 O PRINCÍPIO DO PROTETOR RECEBEDOR COMO PROPULSOR DO


DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL

Tendo por base a adoção de políticas de incentivos fiscais como principal


ponto de partida para a efetivação do princípio do protetor recebedor, serão
abordados, neste tópico, aspectos ambientais constitucionais que dão estrutura para
a aplicação efetiva do princípio do protetor recebedor, ou seja, a sua fundamentação
perante o conteúdo das normas constitucionais, com fim maior de demonstrar a sua
importância na seara ambiental.
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4.1 VÍNCULO DO PROTETOR RECEBEDOR COM O DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

Em 1972, o postulado que encara a ideia de desenvolvimento sustentável


teve seu nascedouro na Declaração de Estocolmo, ocasião em que vários princípios
foram instituídos com foco na preservação e melhoria do meio ambiente, sendo no
teor do princípio primeiro e do segundo da declaração que se retira a linha de
idealização para o desenvolvimento sustentável, para por a baila a manutenção do
ambiente saudável para as presentes e futuras gerações, se tornando um princípio
internacional do direito ambiental.

No bojo do ordenamento pátrio, o princípio do desenvolvimento sustentável


surge insculpido no art. 225, que trata ainda da responsabilidade do Estado a da
Sociedade a incumbência de defender e preservá-lo, e nesse âmbito é que surge a
interligação com o princípio do protetor recebedor, pois ao efetivá-lo, a partir da
imposição de políticas de incentivos fiscais, observara-se que tanto haverá a
participação do Estado, elaborando e decretando politicas públicas com incentivos
fiscais, e da Sociedade, que será beneficiária dos incentivos, sempre que agir de
maneira benéfica com o meio ambiente.

Nota-se, assim, a ligação entre princípios do direito ambiental, um clássico


que se portou como norte para a inserção do direito ao meio ambiente saudável,
dentro do rol dos direitos fundamentais (desenvolvimento sustentável), e com o
contemporâneo que visa garantir além da sustentabilidade a indução de
comportamentos pró-ambiente (protetor recebedor); ao ponto que ambos se coligam
na busca da qualidade efetiva do meio ambiente com fundamento na dignidade,
conforme bem dispõe José Afonso da Silva (2013, p. 61):

A proteção ambiental, abrangendo a preservação da Natureza em todos os


seus elementos essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio
ecológico, visa a tutelar a qualidade do meio ambiente em função da
qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa
humana.

O ator social que cometer atitude voltada à preservação do meio ambiente,


vindo a se enquadrar nas várias hipóteses de incentivos fiscais propostas pelo Poder
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Público, estará garantido à qualidade de vida das gerações presentes e futuras,


verificando-se assim a participação tanto do Estado como da sociedade,
configurando-se em atitudes convergentes para o mesmo fim.

4.2 ASPECTO SOCIAL – VALOR DA SOLIDARIEDADE

No seio dos instrumentos fiscais incentivadores do meio ambiente saudável, o


princípio do protetor recebedor se encontra vinculado incialmente ao valor da justiça,
posto que é justo retribuir uma prestação fiscal para o indivíduo que age de maneira
positiva para com o meio ambiente, assim, como também, é justo punir aquele que
degradou.

Contudo, vê-se nesse princípio a adoção maior ao valor da solidariedade, pois


se porta como um verdadeiro princípio que promove a concepção de que o direito ao
meio ambiente é um direito difuso e que depende do caráter solidário do conjunto
social, para que se garanta a todos o usufruto equilibrado e igualitário do meio
natural.
Podemos enxergar uma relação de mutualismo entre os atores sociais
(cidadãos, membros detentores do poder e pessoas políticas), quando da
aproximação dos valores da solidariedade com o princípio do protetor recebedor, de
forma que ao se incentivar aquele que contribui para o sustento da vida ambiental
estar-se-á automaticamente beneficiando o outro, a natureza, o mundo,
desenvolvendo assim uma relação harmônica e trilateral que engloba Estado, meio
ambiente e cidadão.

O aspecto indutor-conscientizador do princípio protetivo é regado de valores


morais e éticos, a partir do valor de solidariedade, tendo este o desafio de influenciar
a sociedade a entender que existe uma obrigação moral de defender o direito da
natureza – um raciocínio óbvio de dever ambiental, como bem descreve Ricardo
Lobo Torres (2005, p. 45):

A solidariedade não traz conteúdos materiais específicos, podendo ser


visualizada ao mesmo tempo como valor ético e jurídico, absolutamente
abstrato, e como princípio positivado ou não nas Constituições. É sobretudo
uma obrigação moral ou um dever jurídico. Mas, em virtude da
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correspectividade entre deveres e direitos, informa e vincula a liberdade, a


justiça e a igualdade.

Há, como dito, uma reciprocidade benéfica ambiental arraigada de caráter


solidário quando efetiva-se o princípio do protetor recebedor, por meio das
vantagens fiscais estatalmente instituídas, fato que “solidários são os contribuintes e
os beneficiários das prestações estatais, em conjunto”, indo assim a favor do mesmo
vento que sopra para a observância de um dos objetivos da República Federativa do
Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária (artigo 3 o da Constituição
Federal de 1988).

Desse caráter solidário-participativo do princípio protetivo, extrai-se a visão


conscientizadora por uma educação ambiental, posto que busca-se a interação da
sociedade em geral, atenta a um olhar ecológico que irá beneficiar a todos. De
acordo com Cesar Antônio Pacheco Fiorillo (2011, p. 126), educar ambientalmente
significa:

a) reduzir os custos ambientais, à medida que a população atuará como


guardiã do meio ambiente; b) efetivar o princípio da prevenção; c) fixar a
ideia de consciência ecológica, que buscará sempre a utilização de
tecnologias limpas; d) incentivar a realização do princípio da solidariedade,
no exato sentido que perceberá que o meio ambiente é único, indivisível e
de titulares indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente acessível
a todos; e) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades.

É a partir do cunho solidário que se agirá perante o meio ambiente, com a


participação de todos para todos, visando inserir uma nova ótica acerca da
dignidade ambiental, ao se buscar uma reeducação ecológica.

4.3 POR UMA DEMOCRACIA AMBIENTAL SUBSTANCIAL – UMA RELAÇÃO DE


INVERSÃO ESTRATÉGICA

A efetivação do princípio do protetor recebedor, mediante a aplicação da


política de incentivos fiscais, corrobora uma maior aproximação da visão de
democracia substancial, ou democracia pluralista, como bem aponta Silva (2013):
que aos indivíduos da sociedade são garantidos não somente os direitos imanentes
a sua condição natural (vida, liberdade, igualdade, etc), mas também os oriundos de
sua condição social (liberdade de pensamento, participação política, direito de
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reunião, liberdade de crença...), inserindo-se nesse vasto rol de direitos a garantia


ao meio ambiente saudável.

Com isso, podemos falar que a aplicação incentivadora do princípio, aqui


posta em destaque, faz desenvolver a ideia de uma democracia ambiental, atrelada
a exigência de participação do Poder Estatal e da sociedade como pressuposto
obrigatório do princípio protetivo. Essa aplicação faz surgir uma democracia
substancial ambiental, de forma que envolve cidadãos-gestores e cidadãos-geridos
em uma relação de política pública organizada, através do sistema tributário/fiscal,
em busca da transformação de atitude e consciência perante as relações
ambientais.

Nesse viés substancial, dispõe o exímio doutrinador José Joaquim Gomes


Canotilho (2003, p. 294), ao afirmar que na representação democrática existe um
momento referencial substantivo, que desenvolve a ideia de “actuação (cuidado)
com o interesse dos outros”, sendo um “processo dialético entre representantes e
representados no sentido de uma realização actualizante dos momentos ou
interesses universalizáveis do povo e existentes no povo”.

Tomando por base o caráter ambiental substancial do princípio do protetor


recebedor, faz-se pensar acerca da necessidade de se remodelar o atual modelo de
política frente à degradação ambiental e seus demasiados degradadores, posto que,
deve-se dar ênfase para atividades que visem a antidegradação, que se busquem a
preservação da natureza, que se prezem pela preocupação anterior ao meio
ambiente, afastando-se daquela ideia de apenas punir os que denigrem o meio
ambiente.

Essa remodelação se realiza justamente a partir da inversão estratégica entre


desfavorecer as ações nocivas (princípio do poluidor pagador) e favorecer as ações
vantajosas (princípio do protetor recebedor), ao passo que esta atuação deve
prevalecer sobre aquela, em que pese serem conjuntamente aplicadas, devendo-se
aplicar o brocardo incentivar mais do que penalizar, sendo uma atuação paradigma
para uma política tributária e econômico-financeira vinculada a compromissos
ambientais (YOSHIDA, 2005).
17

Sustenta-se, assim, que a aplicação do poluidor-pagador é incapaz de obter a


garantia efetiva substancial do meio ambiente, faltando para este o caráter da
solidariedade, possuindo apenas os aspectos de justiça, pois não vislumbra uma
concepção consciente, indutiva e incentivadora acerca da qualidade ambiental erga
omnes, como bem aborda o assunto Torres (2005, p. 26):

O problema se agrava quando se traz ao debate a natureza da justiça


tributária, que sendo distributiva, e não redistributiva, pode tornar o rico
menos rico mas não pode melhorar a situação do pobre, assunto objeto da
justiça orçamentária; daí a insuficiência, por exemplo, do princípio do
poluidor-pagador, que necessita ser complementado pela discussão sobre
os incentivos fiscais, item de despesa pública.

Como já dito, a pretensão se pauta na tentativa de se inverter


estrategicamente a aplicação da política utilizada, com foco na preferência das
condutas ambientalmente favoráveis, fundamentado na democracia substancial
ambiental, ao se verificar que o princípio do protetor recebedor está vinculado aos
valores de justiça e solidariedade e funciona como propulsor de ações úteis ao meio
ambiente, ações dotadas de incentivos, visando fixar a conscientização por uma
nova educação acerca da qualidade do meio ambiente, no tempo presente e futuro.

4.4 PROTETOR RECEBEDOR E A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Dentro de uma relação de causa e efeito, verifica-se que o princípio protetivo


induz ações humanas que atingem o meio ambiente, ao ponto que a partir da
concretização do protetor recebedor é que o cidadão propaga ações ambientalmente
positivas (pró-ambiente). E estas ações possuem como destinatário final direto bens
ambientais, ou seja, a propriedade ambiental da qual se tenta proteger. Assim, a
propriedade ambiental sofre efeito direto da atitude defendida pelo princípio do
protetor recebedor.

Em linhas gerais, a propriedade possui limites, quando de sua efetivação,


dentro do rol dos direitos fundamentais. E entre esses limites encontram-se a função
social, que surge como postulado a inserir requisitos de justiça social, para que a
propriedade seja legalmente e justamente exercida, sendo assim, o “direito de
18

propriedade já nasce juridicamente gizado e marcado por uma função social”.


(FIGUEIREDO, 2005, p. 579).

Não há maiores esforços em perceber que ao se desenvolver uma política de


incentivo às atividades ambientalmente corretas e sendo esta política efetivamente
contemplada entre os seres sociais, estar-se-á elevando a função social para um
patamar amplo, ao destrinchar a ideia de que a função social não somente limita a
propriedade, mas que a real e substancial utilização desta promove aquela,
conforme bem assevera Silva (2013), ao informar que a “função social da
propriedade não se confunde com os sistemas de limitação de propriedade. Estes
dizem respeito ao exercício do direito de propriedade; aquela, à estrutura do direito
mesmo, à propriedade”.

Portanto, observa-se que o princípio protetivo aqui tratado, quando


concretizado, vislumbra a função social em sua plenitude, vinculada a valores
ecológicos e socioambientais, indo além do simples caráter limitativo do direito de
propriedade, caminhando próximo da temática da constitucionalização do Direito
Civil, bem demonstrado no artigo 1.228, parágrafo 1 o do Código Civil Brasileiro,
apontando bem a natureza ampla da função social hoje entendida, enveredando
para uma verdadeira função social ambiental (KRELL, 2010).

5 CONCLUSÃO

Diante da atual conjuntura de risco ambiental e da iminente e potencial


possibilidade de ocorrência de danos ambientais, não é suficiente apenas aplicar a
ideia de recuperação do meio ambiente e/ou de aplicar somente a política de punir o
agente degradante, tentando “compensar” o dano causado.

A natureza é composta de recursos não renováveis, suscetível de


esgotamento, muitas vezes se configurando a irreversibilidade diante de danos
graves, de forma que jamais possa retornar ao status quo ante, jamais se reconstitui
na integralidade aquilo que foi degradado. Deve-se afastar dessa visão meramente
retributiva de dano/reparação, pois o meio ambiente clama por ações protecionistas,
que atuem antecipadamente a ocorrência do dano, ainda mais, que desenvolva a
19

ideia de que o dano ambiental é a última opção e que as práticas proativas estão em
primeiro lugar.

Como forma de se adequar a nova ordem ambiental a ser desenvolvida, o


princípio do protetor recebedor aliado à política de incentivos fiscais se encaixa
perfeitamente ao novo propósito, pois visa incentivar os atores sociais que
desempenham papel conservativo e preservativo do meio ambiente, ao tentar tornar
essa prática uma conduta voluntariosa.

O protetor recebedor possui um critério preventivo, pois ao agir de maneira


positiva, está-se, automaticamente, evitando a degradação em massa do meio
ambiente, prevenindo assim o meio ambiente. Mostra-se também o caráter
educativo-indutivo, pois tenta passar a máxima de que a natureza é um bem maior e
dependemos dela para sermos dignos, para vivermos com qualidade, induzindo que
promover o meio ambiente é prática cotidiana e corriqueira, devendo se tornar
normal, com vistas a desestimular as (más) condutas praticadas pelos poluidores,
tentando assim reduzi-las. Esses preceitos estimulam comportamentos positivos.

Nasce, dessa forma, ao abraçar o meio ambiente, a proposta real


desenvolvida pelo princípio protetor. Trata-se de um conjunto de noções que busca
instituir uma conscientização de alteridade, pensando no benefício alheio,
colocando-se no lugar do outro (cidadão) e reforçando que a proteção ao meio
ambiente é atividade intuitiva e voluntária, na busca de um novo paradigma
protecionista.

THE EXECUTION OF THE PRINCIPLE RECIPIENT OF THE PROTECTOR


THROUGH THE TAX INCENTIVE POLICY: a constitutional environmental view.

ABSTRACT

It is proposed in this work to analyze the relationship between the principle recipient
of the protector applied on Environmental law and the tax incentive policy practiced
by the authorities, conjugating them so that, based on the precepts of the
Constitutional norms, such correlation can face a new consciousness applied to the
20

environment, rooted in the dignity of the human person, intending to promote the
quality of life of society, aiming to guarantee a substantial environmental democracy.

Key-words: Principle recipient of the protector. Tax incentives. Environment.


Environmental democracy.

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