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Barragens de Rejeitos no Brasil

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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
Barragens de Rejeitos no Brasil

EDIÇÃO:
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
PIMENTA DE AVILA CONSULTORIA LTDA

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Barragens de Rejeitos no Brasil

COMITÊ BRASILEIRO DE EMPRESAS PROPRIETÁRIAS


BARRAGENS – CBDB DAS BARRAGENS:

BARRAGENS DE REJEITOS ALCOA

NO BRASIL ALUNORTE
EDITORES: ALUMAR
COORDENAÇÃO GERAL:
ANGLO GOLD
Joaquim Pimenta de Avila
CBA
REVISÃO E EDIÇÃO:
KINROSS
Marta Aparecida Sawaya Miranda
MPSA
COORDENAÇÃO DE TEXTOS:
MRN
Marcos de Avila Pimenta Filho
SAMARCO
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
VALE
Marina Hochman
VALE FERTILIZANTES
FOTO DA CAPA:
VOTORANTIM
Marcelo Rosa
Arquivo vale_ae865496 - junho 2011 YAMANA GOLD

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

B25

Barragens de rejeitos no Brasil / [coordenação geral Joaquim Pimenta de Ávila]. -


Rio de Janeiro : CBDB, 2012.
308 p. : il. ; 28 cm
Inclui índice
ISBN 978-85-62967-05-4

1. Barragens e açudes - Brasil. 2. Indústria mineral. I. Ávila, Joaquim Pimenta


de. II. Comitê Brasileiro de Barragens.

12-7437. CDD: 627.80981


CDU: 627.82(81)

15.10.12 22.10.12 039828

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Barragens de Rejeitos no Brasil

CONTEÚDO

PRIMEIRA PARTE:
AS BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL:
SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS ANOS

SEGUNDA PARTE:
DOCUMENTÁRIO SOBRE
BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL

TERCEIRA PARTE:
RELATO DE ACIDENTE E
FECHAMENTO DE BARRAGEM

EDIÇÃO:
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
PIMENTA DE AVILA CONSULTORIA LTDA

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Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

PREFÁCIO

O Comitê Brasileiro de Barragens - CBDB, dentro de sua política


de divulgação do conhecimento tecnológico sobre estudos, projetos e
construção de barragens, apresenta este importante trabalho sobre
Barragens de Rejeitos no Brasil. Esse livro documenta a nossa experiência
integrada ao conhecimento internacional sobre esse tema, principalmente
através da nossa representação na Comissão de Barragens de Rejeitos da
ICOLD, International Commission On Large Dams. Essa publicação
consubstancia importantes tópicos abrangendo uma análise aprofundada
sobre a aplicação da legislação e regulamentação de segurança de barragens
de rejeitos com ênfase na lei 12.334/2010, cuja elaboração e aprovação no
congresso nacional, o CBDB teve um papel relevante. Uma análise funda-
mentada em casos sobre rupturas e incidentes em barragens de rejeitos e a
aplicação de novas metodologias de disposição de rejeitos são destaques
nessa publicação. São relatados também 28 casos sobre o comportamento
das principais barragens de rejeitos do Brasil, apresentados pelas respectivas
empresas proprietárias. A participação das universidades sobre esse tema
é enfatizada com comentários sobre 45 monografias de mestrado e teses
de doutorados apresentadas em quatro das mais importantes universidades
brasileiras.

O CBDB agradece a Pimenta de Avila Consultoria Ltda. pela funda-


mental contribuição na elaboração desta pioneira publicação.

Erton Carvalho
PRESIDENTE DO CBDB

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Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

Parte I
AS BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL:
SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS ANOS
Por: Joaquim Pimenta de Ávila

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Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL

SUMÁRIO Parte I

1 - INTRODUÇÃO 6

2 - FATOS RELEVANTES NA EVOLUÇÃO RECENTE

DA GEOTECNIA DE BARRAGENS DE REJEITOS 10

2.1 - Rupturas e Incidentes em Barragens de Rejeitos 10

2.2 - Implementação de Legislação e Regulamentação

de Segurança de Barragens 12

2.3 - A Lei Federal 12.334/2010, sobre a segurança de barragens 13

3 - DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA ESPECÍFICA

SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS 15

3.1 - Comportamento Geotécnico dos Rejeitos 15

3.2 - Aplicação de Novos Métodos de Disposição de Rejeitos 19

4 - REFERÊNCIAS 25

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Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

1 - INTRODUÇÃO
Este texto apresenta um sumário da Até esta época, a exploração do ouro
experiência brasileira em barragens de contenção utilizava técnicas e ferramentas rudimentares
de resíduos de mineração e de indústria. na lavagem e beneficiamento do minério.
Descreve, de forma sintética, a evolução histórica Eschwege aplicou técnicas modernas para a
das barragens de rejeitos no Brasil, com foco em época, dando inicio a uma profunda galeria para
seu desenvolvimento de tecnologias de esgotamento de água e elaborou o primeiro
disposição e na aplicação das técnicas da plano de lavra subterrânea em Passagem. Em
engenharia de barragens ao projeto e construção 1821, Eschwege deixou o Brasil e desta época
de barragens de rejeitos. em diante a propriedade passou pelas mãos de
vários mineradores, ficando a exploração
As barragens de rejeitos no Brasil surgiram
paralisada em alguns momentos devido à
das atividades de mineração, as quais tiveram seu
conjuntura econômica do Brasil e à baixa
início no Brasil, em épocas que remontam há
cotação do ouro no mercado. Atualmente, a
cerca de 300 anos atrás. Antes até da corrida do
Mina de Passagem foi transformada num
ouro no oeste americano, a atividade de
complexo turístico onde os equipamentos
mineração de ouro no Brasil já havia se iniciado
desativados foram requalificados. Há alguns
com a Mina da Passagem, em Mariana, conforme
anos a mina também passou a ser utilizada para
é descrito adiante neste capítulo. Esta mina é
mergulho nas galerias e túneis inundados pelas
descrita a seguir, pela importância histórica que
águas do lençol freático. O acesso é feito por
tem na mineração brasileira.
meio de um trolley e a estrutura é a mesma
A Mina de Passagem está localizada na Vila utilizada na época de Eschwege. A Mina de
de Passagem, lugar da passagem da estrada entre Passagem é um bom exemplo de iniciativa de
Ouro Preto e Mariana sobre o Ribeirão do valorização e utilização de minas antigas para
Carmo, a sudeste de Belo Horizonte. geoturismo, o que já é bastante difundido na
A mineralização está inserida no Supergrupo Europa. [Ref. 1]
Minas, entre a Formação Cauê, no topo, e o Grupo Em relação aos rejeitos de mineração, as
Caraça (Formação Moeda e Batatal) ou Grupo atividades de mineração, por muito tempo
Nova Lima (Supergrupo Rio das Velhas). descartaram seus resíduos na natureza, em
De acordo com Ruchkys e Renger [Ref. 1], cursos d’água ou lançando-os em terrenos
o ouro primário foi descoberto na região no início adjacentes, formando depósitos sem nenhuma
do século XVIII, sendo que uma lavra rudimentar preocupação de ordenação e sistematização. A
foi iniciada em 1729. Entre 1729 a 1819, vários situação no Brasil, não foi diferente do resto
mineiros obtiveram concessões para explorar a do mundo e a evolução deste assunto no
propriedade mineral de Passagem até que em panorama mundial pode ser percebida por um
1819 ela foi adquirida, junto com algumas levantamento feito pelo USCOLD, em 2004
concessões vizinhas, pelo Barão de Eschwege, que [Ref.2], como a seguir.
criou a primeira companhia mineradora do País Antes do século XV, a geração de rejeitos
de capital privado, com o nome de Sociedade pelas empresas de mineração e os impactos
Mineralógica da Passagem, e instalou um engenho decorrentes de sua disposição no meio ambiente
com nove pilões e moinhos para pedras — até eram considerados desprezíveis. No entanto, com
então não usados no Brasil. a introdução da força a vapor e com o aumento

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Barragens de Rejeitos no Brasil

significativo da capacidade de processamento dos de rejeitos. As barragens construídas no início


minerais de interesse econômico, a geração de do século XIX geralmente eram projetadas
rejeitos aumentou significativamente e estes transversalmente ao curso d’água, com
precisavam ser removidos da área de produção, considerações limitadas apenas para inundações.
sendo então encaminhados para algum local Consequentemente, quando fortes chuvas
conveniente, geralmente próximo aos rios ou ocorriam, poucas destas barragens permaneciam
cursos d’água. estáveis. Raramente existiam engenheiros ou
A partir do século XV, o desenvolvimento critérios técnicos envolvidos na fase de
tecnológico aumentou ainda mais a habilidade de construção e operação.
minerar corpos com baixo teor mineral, resultando Até meados de 1930, equipamentos para
na produção ainda maior de rejeitos, com cada vez movimentação de terras não eram acessíveis para
menor granulometria. Entretanto, as práticas de a construção das barragens. Um pequeno dique
disposição de rejeitos permaneceram inalteradas era inicialmente preenchido com rejeitos
e, como resultado, mais rejeitos estavam sendo hidraulicamente depositados e depois
depositados e transportados para distâncias cada incrementado por pequenas bermas. Esse
vez maiores das fontes geradoras para os cursos procedimento de construção, atualmente
d’água, lagos e oceanos. mecanizado, continua ainda sendo utilizado.
Foi somente a partir do início do século XX, Na década de 40, a disponibilidade de
que os pequenos distritos minerários começaram equipamentos de alta capacidade para
a se desenvolver, atraindo indústrias de apoio e movimentação de terras, especialmente em minas
desenvolvendo a comunidade local. Surgiram a céu aberto, tornou possível a construção de
também conflitos pelo uso da terra e da água, barragens de contenção de rejeitos com técnicas
particularmente por interesses agrícolas, pois os de compactação e maior grau de segurança, de
rejeitos frequentemente acumulados no solo maneira similar às barragens convencionais.
obstruíam os poços de irrigação, além de O desenvolvimento da tecnologia para
contaminar as áreas a jusante. Os produtores rurais construção de barragens de contenção de rejeitos
começaram a associar a diminuição da colheita nas ocorreu de modo empírico, engrenado pelas
terras impactadas por rejeitos e os aspectos práticas de construção e equipamentos
relacionados ao uso da terra e da água conduziram disponíveis em cada época. Esse desenvolvimento
os conflitos iniciais que abriram caminho para ocorreu ainda sem a aplicação das técnicas da
elaboração das primeiras legislações sobre o engenharia de barragens.
gerenciamento de resíduos da mineração.
Na diversidade das condições brasileiras,
Precedentes legais gradativamente trou- embora em algumas minas sejam hoje aplicadas
xeram um fim à disposição incontrolada de tecnologias disponíveis de implantação de
rejeitos na maioria dos países ocidentais, com o barragens, ainda prevalece em minas de tecnologia
cessamento de práticas inadequadas que ocorriam mais rudimentar a construção empírica, que se
até 1930. Entretanto, algumas destas práticas desenvolveu a partir da década de 30, quando o
acontecem até hoje em muitos países em progresso na fabricação dos equipamentos de
desenvolvimento. terraplenagem foi aproveitado nas operações de
Foi a partir da década de 30, que para a lavra e construção de barragens, mas não eram
manutenção da mineração e a mitigação dos usados os conhecimentos sobre a engenharia de
impactos ambientais, as indústrias investiram na barragens, utilizadas em outras áreas como a de
construção das primeiras barragens de contenção geração de energia.

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Barragens de Rejeitos no Brasil

Assim, a construção de barragens de rejeitos barragens estão descritas no livro sobre barragens
no Brasil teve por muitos anos aplicada a prática de rejeitos no Brasil editado pelo CBDB.
de utilizar os equipamentos de lavra, com A partir da década de 80, os aspectos
orientação técnica dos engenheiros de minas,
ambientais também cresceram em importância. A
especializados nas técnicas de lavra, construindo
atenção foi amplamente voltada para estabilidade
aterros com o material estéril removidos da mina
física e econômica das barragens, considerando o
e lançados em forma de aterros, transversalmente
potencial de dano ambiental e os mecanismos de
aos vales, para criar volumes de retenção dos
transporte de contaminantes. Aspectos de
rejeitos do beneficiamento do minério, o qual se
estabilidade física têm permanecido na vanguarda,
resumia a operações de britagem e peneiramento
por causa de recentes acidentes com barragens de
com lavagem, resultando em volumes de lama a
rejeitos que ganharam amplo espaço na mídia, com
serem represados nas barragens de rejeitos.
implicações financeiras severas em muitos casos.
Enquanto estas barragens rudimentares se
Numa primeira fase, o controle da segurança
resumiam a estruturas baixas e de menores
das barragens era basicamente orientado para a
volumes de represamento, as atividades eram bem
segurança estrutural e hidráulico-operacional, em
sucedidas, sem grandes acidentes.
que a característica básica era investir na causa
Entretanto, com o progresso das atividades potencial da ruptura da barragem. A regra era
de mineração e aumento da escala de operações, optar pelo controle rigoroso do projeto,
os problemas estruturais destas barragens construção e operação como forma de garantir à
passaram a representar riscos maiores e rupturas sociedade, em geral, e às populações residentes
significativas começaram a ocorrer. nos vales a jusante, uma segurança satisfatória,
O progresso das tecnologias de implantação compatível com probabilidade de ruptura
de barragens de rejeitos foi sempre entremeado adequadamente baixa.
pelos acidentes com rupturas de barragens, os Posteriormente, as técnicas de observação
quais sempre foram catalisadores do progresso do comportamento das barragens durante a
tecnológico da engenharia de barragens, pela operação vieram reforçar o controle da segurança
exigência da sociedade de eliminação destes em longo prazo. Com o passar do tempo, a
desastres. produção de rejeitos aumentou e as áreas para
Assim, na década de 50, muitos dos princípios disposição se tornaram cada vez mais escassas,
fundamentais de geotecnia já eram compreendidos culminando no desenvolvimento dos projetos de
e aplicados em barragens de contenção de rejeitos. engenharia permitindo a construção de barragens
Em 1965, um terremoto causou rompimento de com alturas cada vez maiores. Esses projetos se
muitas barragens no Chile, recebendo considerável tornaram possíveis com a ampliação contínua do
atenção e tornou-se um fator chave na pesquisa conhecimento e controle dos aspectos de
sobre as causas das rupturas. segurança, tais como melhor compreensão do
comportamento dos materiais, novos
Na década de 70, a maioria dos aspectos
desenvolvimentos na ciência de mecânica do solo,
técnicos (por exemplo, infiltração, liquefação e
introdução de equipamentos cada vez mais
estabilidade da fundação) já eram bem entendidos
robustos para movimentação de terra.
e controlados pelos projetistas. Exemplos desta
aplicação são as barragens de: Pontal da Vale em Entretanto, as falhas ocorrem, muitas vezes
Itabira;Aguas Claras da então MBR em Nova Lima devido à falta de aplicação adequada dos métodos
e Germano da Samarco em Mariana. Estas conhecidos, de projetos mal elaborados, de

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Barragens de Rejeitos no Brasil

supervisão deficiente durante a construção, ou crescente de publicações específicas sobre


negligência das características vitais incorporadas barragens de rejeitos e temas correlatos, o que
na fase de construção. [Ref.2 e 3] tem catalisado uma evolução positiva da própria
A ocorrência destes acidentes tem tido grande tecnologia de rejeitos.
influência na atitude dos profissionais de geotecnia Os métodos de disposição de rejeitos,
de barragens, nas ações preventivas, e no têm também evoluído positivamente, tanto
estabelecimento de regulamentações específicas na direção da redução do potencial de dano
sobre a segurança de barragens de rejeitos, dos reservatórios de rejeitos, como do
aspectos que são abordados resumidamente, em aumento da segurança das estruturas de
suas particularidades principais. As causas destes contenção dos mesmos. O melhor conheci-
acidentes têm sido atribuídas, em grande parte, a mento do comportamento geotécnico dos
não aplicação das tecnologias existentes, embora rejeitos vem permitindo implantar estruturas
seja observado o aparecimento em número mais seguras.

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Barragens de Rejeitos no Brasil

2 - FATOS RELEVANTES NA EVOLUÇÃO RECENTE DA


GEOTECNIA DE BARRAGENS DE REJEITOS

2.1 - Rupturas e Incidentes em Barragens comissão de barragens de rejeitos que, durante


de Rejeitos cinco anos, inventariou os acidentes e incidentes
ocorridos desde 1970. Participaram deste
A apresentação destes fatos relevantes inicia- inventário, cerca de 52 países, que colaboraram
se obrigatoriamente pelos acidentes com com informações sobre acidentes e incidentes.
rupturas, muitas das quais catastróficas, que Cerca de 400 casos foram analisados para
marcaram desde os anos 70 o panorama desta
identificar as causas principais destes eventos.
área da engenharia.
A partir dos resultados apresentados, foram
Em 2001, o ICOLD (International Commis-
sion on Large Dams), publicou um boletim preparadas as duas tabelas apresentadas a seguir.
(Bulletin 121: “Tailings Dams, Risk of Dangerous Na primeira tabela, são mostrados os acidentes
Ocurrences, Lessons Learnt From Practical com maior número de mortes, até 2001, quando
Experiences) com o resultado de um trabalho da esta estatística foi atualizada.

Tabela 1 - Principais Acidentes com Mortes (1970-2001)

ANO BARRAGEM / PAÍS NUM. DE MORTES


1985 Stava / Itália 269
1972 Buffalo Creek / USA 125
1970 Mufilira / Zambia 89
1994 Merriespruit / África do Sul 17
1974 Bakofeng / África do Sul 12
1995 Placer / Filipinas 12
1986 Fernandinho / Brasil 7
2001 Rio Verde / Brasil 5
1978 Arcturus / Zimbabwe 1

(dados segundo ICOLD-2001)

Observa-se que o Brasil comparece na tabela dos rejeitos, sem qualquer engenharia de barragem.
com dois casos: Fernandinho e Rio Verde. Stava foi uma barragem projetada segundo a prática
As duas maiores catástrofes ocorridas: Stava, corrente da engenharia, porém em uma situação
na Itália e Búfalo Creek, nos USA, representaram, de ocorrência de uma geologia complexa, e
à época dois extremos, em termos de aplicação de materiais de fundação com comportamento de
engenharia: Bufallo Creek era uma pilha de estéril difícil análise, atingindo, portanto, o limite do
que estava operando como dique de contenção “estado da arte” vigente à época.

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Barragens de Rejeitos no Brasil

A segunda tabela mostra os acidentes, sem mortes, porém com degradação ambiental significativa.

Tabela 2 - Acidentes Recentes com Contaminação

ANO LOCAL CONSEQUÊNCIA


2007 Mirai / Brasil Vazamento de Rejeitos de Bauxita
Interrupção de Fornecimento de Água
2006 Mirai / Brasil Vazamento de Rejeitos de Bauxita
Interrupção de Fornecimento de Água
2003 Cataguases/ Brasil Lixívia negra Liberada
Interrupção de fornecimento de Água
2000 Kentucky/ Usa Mortalidade de Peixes
Interrupção no Fornecimento De Água
2000 Romênia Contaminação das Águas c/ Metais Pesados
2000 Romênia 100.000m³ de Cianeto Contaminando Águas
1999 Filipinas 700.000 t. de Cianeto Contaminando Águas
1998 Haelva/ Espanha 50.000 m³ de Água Ácida Tóxica Liberada
1998 Aznalcóllar/ Espanha 5,0 milhões de m³ de Água Ácida Liberada
1995 Omai / Guiana 4,2 milhoes de m³ de lama com Cianeto

(dados segundo ICOLD-2001)

Observa-se que o Brasil comparece nova- da não aplicação de ações voltadas a garantir a
mente na tabela, com três casos. segurança de estruturas.
Os acidentes em barragens de rejeitos Esta situação não é exclusiva do Brasil e,
continuam insistentemente a ocorrer no Brasil, com outros países já identificaram as mesmas de-
conseqüências indesejáveis para a sociedade e para ficiências de proprietários e operadores, que
o setor de mineração e indústria, como um todo.Além falham na sua responsabilidade de adotar
destes acidentes ocorrem incidentes, estes mais procedimentos gerenciais de segurança, para
numerosos, onde não ocorre a ruptura, mas ocorre redução de riscos
o vazamento de sólidos para jusante com Várias entidades internacionais têm trabalhado
conseqüências variáveis. Existem ainda numerosos para a conscientização dos proprietários e tem
incidentes que, infelizmente não são informados, produzido excelentes contribuições sobre a
porque os proprietários não os revelam, tirando a segurança das barragens de rejeitos. Alguns são
chance de aprendizado com suas causas. citados a seguir:
As causas destes acidentes incluem, na grande O ICOLD, composto de especialistas de
maioria dos casos, situações já resolvidas pela diversos países, produziu nos últimos anos 10
tecnologia disponível e as deficiências decorrem boletins, em forma de recomendações de boa

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Barragens de Rejeitos no Brasil

prática para projeto, construção e operação de riscos. Nos países mais desenvolvidos, como USA,
barragens de rejeitos: Canadá, diversos países da Europa,Austrália, África
Dentre os 10 boletins, em 2001, a comissão do sul estas ações resultaram em regulamenta-
de barragens de rejeitos do ICOLD publicou o ções sobre a segurança de barragens e estes
boletim 121, já mencionado, onde são países contam com legislação sobre o assunto.
apresentados e analisados os acidentes e No Brasil, entretanto, as tentativas que vem
incidentes com barragens de rejeitos nos últimos sendo feitas há mais 30 anos somente agora em
anos, com recomendações sobre a melhor prática 2010, resultaram em uma legislação federal sobre
para a segurança. segurança de barragens.
O Banco Mundial através do IFC, que financia Embora as ações para implantação de uma
o setor privado, estabeleceu requisitos mínimos legislação federal de segurança de barragens
de segurança, que as barragens de rejeitos devem tenham já cerca de 30 anos no Brasil (basicamente,
atender, para receberem empréstimos daquela ações do CBDB junto ao governo) somente em
instituição. 2010 foi criada uma lei federal de segurança de
A MAC (Mining Association of Canada) barragens (Lei 12.334/2010)
produziu vários trabalhos de interesse aos No Estado de Minas Gerais, constata-se um
procedimentos de segurança de barragens para maior progresso na regulamentação, concentrada
uso de seus associados. nas barragens de rejeitos, com forte influência da
O ICMM (International Counsil on Mining ocorrência de acidentes e da atuação dos órgãos
Metals) criou, com a colaboração do ICOLD, um reguladores e fiscalizadores como o Ministério
website de boas práticas para a engenharia de Público Estadual e a Fundação Estadual do Meio
barragens de rejeitos. (goodpracticemi- Ambiente - FEAM.
ning.com/tailings). Após o acidente com a barragem de
No Brasil, a situação não é diferente. Embora rejeitos da Mineração Rio Verde em 2001, a
existam algumas empresas de grande desempe- FEAM coordenou a elaboração de regulamen-
nho, que conhecem a necessidade de uma boa tação específica, que foi discutida com
gestão da segurança, algumas empresas de menor representantes das empresas mineradoras, do
porte, infelizmente ainda desconhecem os corpo docente de Universidades e de empresas
aspectos principais da técnica de segurança de de engenharia e contou com consultoria
barragens. especializada.
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) As regulamentações resultantes deste
tem incentivado debates sobre o tema de processo estão hoje nas Deliberações
segurança de barragens, promovendo seminários Normativas, DN 62/2002, DN 65/2003, 87/2005
e workshops específicos e instituiu cursos de e 124/2008 que podem ser consultadas através
treinamento para empresas de mineração em do site da FEAM: www.feam.br.
todas as esferas hierárquicas desde diretores até As barragens de rejeitos em MG somente
operadores de barragens de rejeitos. são licenciadas se atenderem aos requisitos das
regulamentações.
2.2 - Implementação de Legislação e
Regulamentação de Segurança de 2.3 - A Lei Federal 12.334/2010, sobre a
Barragens segurança de barragens

Os acidentes em barragens provocaram A Lei 12.334/2010 tem as características a


sempre, reações da sociedade em todo o mundo, seguir listadas.
levando a tentativas diversas de regulamentação
legal, que obrigue os proprietários de barragens • Aplica-se às barragens destinadas à acumulação
a tomarem providências efetivas de redução de de água para quaisquer usos, à disposição final ou

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Barragens de Rejeitos no Brasil

temporária de rejeitos e à acumulação de III - O empreendedor é o responsável legal pela


resíduos industriais que apresentem pelo menos segurança da barragem, cabendo-lhe o
uma das características abaixo: desenvolvimento de ações para garanti-la;
IV - A promoção de mecanismos de
I - Altura do maciço, contada do ponto mais participação e controle social;
baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15 V - A segurança de uma barragem influi
m (quinze metros); diretamente na sua sustentabilidade e no
II - Capacidade total do reservatório maior ou alcance de seus potenciais efeitos sociais e
igual a 3.000.000 m³ (três milhões de metros ambientais.
cúbicos);
III - Reservatório que contenha resíduos • Os instrumentos da Política nacional de
perigosos conforme normas técnicas Segurança de barragens são:
aplicáveis;
IV - Categoria de dano potencial associado, I - O sistema de classificação de barragens por
médio ou alto, em termos econômicos, sociais, categoria de risco e por dano potencial
ambientais ou de perda de vidas humanas, associado;
conforme definido no art. 6º. II - O Plano de Segurança de Barragem;
III - O Sistema Nacional de Informações sobre
• Os fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (SNISB);
Segurança de Barragens – PNSB são: IV - O Sistema Nacional de Informações sobre
o Meio Ambiente;
I - A segurança de uma barragem deve ser V - O Cadastro Técnico Federal de Atividades
considerada nas suas fases de planejamento, e Instrumentos de Defesa Ambiental;
projeto, construção, primeiro enchimento e VI - O Cadastro Técnico Federal de Atividades
primeiro vertimento, operação, desativação e Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
de usos futuros; Recursos Ambientais;
II - A população deve ser informada e VII - O Relatório de Segurança de Barragens.
estimulada a participar, direta ou indiretamente,
das ações preventivas e emergenciais;

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Barragens de Rejeitos no Brasil

3 - DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA
ESPECÍFICA SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS

Vários trabalhos têm sido publicados sobre de disposição, tem resultado em significativa
a tecnologia de projeto, construção, operação e evolução das práticas de engenharia de barragens
fechamento de barragens de rejeitos. Os principais de rejeitos.
estão listados a seguir: Na área da pesquisa as universidades : PUC-
• Tailing Disposal Today (1972). Volume 1: Rio, UFOP, UNB e UFV, já produziram dezenas
de teses sobre o comportamento de rejeitos, com
Proceedings of the First International
importantes contribuições ao conhecimento
Symposium. Edited by C.L.Aplin and George
deste comportamento e possibilitando a
O. Argall, Jr;
implantação de projetos de novos métodos de
• Tailing Disposal Today (1978). Volume 2: disposição.
Proceedings of the Second International Na área de novos métodos de disposição, a
Symposium. Volume 1. Edited by George O. de rejeitos finos com secagem e a aplicação de
Argall, Jr; empilhamento drenado, merecem destaque pelas
• Proceddings: “Tailings and Mine Wastes” características de economia, baixo potencial de
Colorado Univesrsity, vários anos a partir de dano e benefícios ambientais que estes métodos
1978, de início como Uranium Mill Tailings proporcionam.
Management; A disposição de rejeitos em pasta ainda não
conseguiu superar os problemas do seu custo
• ICOLD Committee on Tailings Dams and exagerado, embora tecnicamente este método
Waste Lagoons, 10 boletins a partir de 1982; seja uma solução muito favorável.
• Vick, S. G. ( 1983 ) “Planning, Design and
Analysis of Tailings Dams”; 3.1 - Comportamento Geotécnico
dos Rejeitos
• AMBS, REGEO e COBRAMSEG´s; (1987 e
seguintes); Nos anos anteriores à década de 70, a
disposição de rejeitos era feita sem uma
• Proceedings of an International Bauxite
abordagem de engenharia adequada. Alguns
Tailings Workshop (1992);
projetos simplesmente lançavam os rejeitos nos
• ICMM site: goodpracticemining.com/tailings cursos de água existentes, ou armazenavam os
rejeitos em reservatórios criados por aterros de
Recentemente, a Comissão de barragens de estéril de lavra. Conforme já mencionado, após a
Rejeitos do ICOLD, concluiu o boletim: ocorrência de grandes rupturas com mortes e
“Improving Tailings Dams Safety”, que aborda os grandes impactos ambientais, passou-se a
aspectos relevantes relacionados ao projeto, considerar e, em um número crescente de casos,
construção, operação e fechamento de barragens a aplicação da tecnologia disponível de engenharia
de rejeitos, indicando as principais referências de barragens ao problema.
bibliográficas sobre cada um destes estágios. No Brasil, algumas universidades passaram a
A partir dos anos 80, trabalhos de pesquisa dar atenção à geotecnia de disposição de rejeitos,
nas universidades brasileiras passaram a enfocar elaborando projetos de pesquisas em
o comportamento dos rejeitos, em todos os colaboração com empresas de mineração e
aspectos de seu comportamento geotécnico e indústria. Vários aspectos importantes têm sido
vários projetos com aplicação de novos métodos pesquisados.

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Barragens de Rejeitos no Brasil

Nos aspectos de compressibilidade de Estudos em laboratório sobre secagem de


rejeitos, para a previsão das densidades e cálculos rejeitos (Lúcio Villar) também foram desen-
da vida útil dos reservatórios, um grande volvidos.
progresso foi possibilitado, pela aplicação da teoria Estudos sobre a influência da mineralogia
do adensamento a grandes deformações, com os na resistência ao cisalhamento de rejeitos
modelos de simulação de adensamento por granulares, assim como de potencial de lique-
diferenças finitas, a partir dos trabalhos pioneiros fação, podem ser encontrados em trabalhos
do Prof. Robert Schiffman, na Universidade do
produzidos UNB e UFOP.
Colorado. Os trabalhos listados a seguir podem
Deve ser mencionado que o desenvolvi-
ser citados como exemplos:
Várias teses de mestrado e doutorado foram mento destas pesquisas tem sido aplicado tanto
desenvolvidas, sobre este tema, inicialmente na para determinação de características geotécnicas
PUC-Rio (anos 80), e posteriormente de forma mais dos rejeitos, como para aplicação de métodos de
intensa na UFOP (anos 90 e atual) e UFV, análises dos problemas de disposição.
pesquisando as características de compressibilidade A tabela 3 a seguir não pretende ser com-
de rejeitos com utilização de ensaios de pleta, porém exemplifica as principais teses
laboratório (inicialmente CRD e atualmente HCT). desenvolvidas sobre estes temas.

Tabela 3 - Principais Temas Sobre Rejeitos estudados em Pesquisas Acadêmicas

Ano Título Autor Universidade

1988 Teoria Unidimensional do Adensamento com


Grandes Deformações Waldir Terra Pinto PUC / RIO

1990 Análise do Comportamento de Resíduos Industriais de


Bauxita: Desenvolvimento de Facilidades Experimentais
de Campo e Laboratório Lúcio Flávio de SouzaVillar PUC / RIO

2000 Simulação Física do Processo de Formação dos Aterros


Hidráulicos Aplicado a Barragens de Rejeitos Luiz Fernando Martins Ribeiro UNB

2000 Metodologia Probabilística e Observacional Aplicada a


Barragens de Rejeitos Construídas por Aterro Hidráulico Terezinha de Jesus Espósito UNB

2000 Deposição Hidráulica de Rejeitos Granulares e a Influência


nos seus parâmetros de Resistência. Marilene Christina Oliveira Lopes UNB

2000 Transporte por Arraste de Sedimentos Heterogêneos


Acoplado ao Mecanismo de Tensão-deformação-
poropressão Aplicado às Barragens de Rejeitos André Luis Brasil Cavalcante UNB

2001 Implementação de metodologias de ensaios para


determinação de relações constitutivas de processos
de fluxo em solos com a utilização da bomba de fluxo Ana Paula Diniz Botelho UFOP

20
Barragens de Rejeitos no Brasil

Ano Título Autor Universidade

2002 Influência do Teor de Ferro nos Parâmetros de


Resistência de um Rejeito de Minério de Ferro Ednelson da Silva Presotti UFOP

2002 Caracterização Geomecânica de Rejeitos Aplicada


a Barragens de Aterro Hidráulico Hector Maurício Osório Hernandez UNB

2002 Estudo do Adensamento e Ressecamento de Resíduos


de Mineração e Processamento de Bauxita Lúcio Flávio de SouzaVillar PUC / RIO

2003 Estudos do Processo de Ressecamento de um Rejeito


Fino de Minério de Ferro em uma Área Teste Daviély Rodrigues Silva UFOP

2004 Influência do Teor de Ferro na Condutividade Hidráulica


de um Rejeito de Minério de Ferro Alexandre Gonçalves Santos UFOP

2004 Análise Numérica do Processo de Ressecamento de um


rejeito fino da mineração de ferro Francisco Eduardo Almeida UFOP

2004 Análise do Comportamento Geotécnico de Rejeitos


em Pilhas e Barragens de Contenção através de
Ensaios CPTU Luiz Heleno Alburquerque Filho UFOP

2004 Análise da Compressibilidade e Permeabilidade de


Rejeitos Finos Leonardo Pereira Padula UFOP

2005 Estudo do Potencial de Liquefação de Rejeitos de


Minério de Ferro sob Carregamento Estático Eleonardo Lucas Pereira UFOP

2005 Comportamento Filtro-Drenante de Geotêxteis em


Barragens de Rejeitos de Mineração Elder Antônio Beirigo UNB

2006 Retroanálise da Formação de um Depósito de Rejeitos


Finos de Mineração Construído pelo Método Sub-Aéreo Luciana de Morais Kelly Lima UFOP

2006 Adensamento e Simulação do Processo de Enchimento


de Reservatórios de Barragens para Contenção de
Rejeitos de Ouro Brasileu Agnaldo Pereira UFOP

2006 Caracterização Tecnológica de Rejeitos de Fosfato e


Análises da Estabilidade da Barragem de Contenção
de Rejeitos B5 da Bunge Mineração S.A Rafael Jabur Bittar UFOP

2006 Estudo Experimental do Comportamento Dreno-Filtrante


de Interfaces Rejeitos Finos – Geotêxteis Germano Silva de Araújo UFOP

2006 Projeto do Empilhamento de Rejeito Arenoso à Jusante


da Barragem do Germano Manoel Font Juliá Júnior UFOP

21
Barragens de Rejeitos no Brasil

Ano Título Autor Universidade

2006 Análise do Processo de Reconstituição de Amostras


para Caracterização do Comportamento de Barragens
de Rejeitos de Minério de Ferro em Aterro Hidráulico Joice Gonçalves Milonas UNB

2007 Análise Acoplada entre Consistência e Resistência


Não-Drenada de um Rejeito Fino de Minério de Ferro Daniel Claudino Ramos Penna UFOP

2007 Estudo de Metodologias Alternativas de Disposição de


Rejeitos para a Mineração Casa de Pedra -
Congonhas/MG Marcelo Marques Figueiredo UFOP

2007 Efeitos do Processo de Deposição Hidráulica no


Comportamento de um Rejeito de Mineração de Ouro Enio Fernandes Amorim UNB

2007 Comportamento de Barragens de Rejeito Construídas


por Aterro Hidráulico: Caracterização Laboratorial e
Simulação Numérica do Processo Construtivo Felipe de Moraes Russo UnB

2007 Ensaios de Simulação de Deposição Hidráulica


(ESDH) para a Caracterização de Rejeitos Utilizados
em Barragens de Aterro Hidráulico Hector Mauricio Osório Hernandez UnB

2008 Estudo da Construção de Aterros em Depósitos


Estratificados de Rejeitos de Mineração Lorena Romã Pena UFOP

2008 Estudo do Comportamento Mecânico de Rejeito de


Minério de Ferro Reforçados com Fibras Sintéticas Edmar Fernando Freitas Coelho UFOP

2008 Simulação Numérica do Processo de Alteamento de


Áreas deDeposição de Resíduos pelo Método a Montante Juliano de Lima PUC/RIO

2008 Análise do comportamento Geotécnico da Barragem


Forquilha III para a Geometria Atual e para Alteamentos
Futuros pelo Método de Montante Andréa Leal Loureiro Dornas UFOP

2008 Nova Metodologia para Determinação de Propriedades


de Sedimentação e Adensamento de Rejeitos de
Mineração Wander Rodrigues da Silva UFV

2009 Disposição Compartilhada de Rejeito e Estéril Gerados


no Processo de Extração de Minério de Ferro Aureliano Robson CorgonzinhoAlves UNB

2009 Estudo da Liquefação Estática em Rejeitos e Aplicação


de Metodologia de Análise de Estabilidade João Pimenta Freire Neto UFOP

2009 Caracterização do Rejeito de Minério de Ferro da Mina


de Córrego de Feijão Marcos Antônio Gomes UFOP

22
Barragens de Rejeitos no Brasil

Ano Título Autor Universidade

2009 Uso das Técnicas HCT eTDR no Monitoramento do


processo de Consolidação em Reservatórios de
Barragens de Rejeito Vagner Albuquerque de Lima UFSCAR

2009 Modelagem do comportamento Pós-Sismo de uma


Barragem de Rejeito Fanny Herrera Loayza PUC/RIO

2009 Quantificação de Éter-aminas em Rejeitos daFlotação


de Minério de Ferro em Função daGranulometria Fernanda Mara Fonseca da Silva UFOP

2009 CaracterizaçãoTecnológica no Aproveitamento do


Rejeito de Minério de Ferro Marcos Antônio Gomes UFOP

2009 Metodologia de análise hierárquica aplicada para


escolha do sistema de disposição de subproduto da
mineração com ênfase nos rejeitos de minério de ferro Márcio Fernando Mansur Gomes UFOP

2009 Gestão de Riscos e Plano de Ações Emergenciais


Aplicado à Barragem de Contenção de Rejeitos Casa
de Pedra/CSN Frank Marcos da Silva Pereira UFOP

2009 Caracterização de Rejeitos de Minério de Ferro de


Minas daVale Ana PaulaWolff UFOP

2010 Estudo da Liquefação Estática de uma Barragem de


Rejeito Alteada para MontanteAplicando a
Metodologia de Olson (2001) Washington Pirete da Silva UFOP

2010 Manual de Operação de Barragens de Contenção


de Rejeitos como Requisito Essencial ao
Gerenciamento dos Rejeitos e à Segurança
de Barragens José BernardoV. R de Oliveira UFOP

3.2 - Aplicação de Novos Métodos de e têm o custo de construção e custo operacional


Disposição de Rejeitos distribuído no tempo. Entretanto, tem na água dos
poros do rejeito e do reservatório, o principal
Os métodos mais comuns de disposição de elemento instabilizador.
rejeitos incluem, em geral, a polpa represada em Os novos métodos de disposição procuram
barragem convencional (projetada como reduzir o grau de saturação da polpa de rejeitos
barragem para água) ou como parte do maciço através da drenagem da água dos poros ou da
do barramento, como nos casos de alteamento evaporação. Os objetivos principais dos novos
por linha de centro e alteamento por montante. métodos de disposição são:
Os métodos de alteamento por montante e • Redução do custo;
pela linha de centro têm vantagens econômicas, • Maior capacidade do reservatório;
pois apresentam redução do custo de implantação • Maior aproveitamento da água;

23
Barragens de Rejeitos no Brasil

• Aumento da segurança; mos. No caso dos rejeitos arenosos, a água é


• Vantagens para o fechamento; retirada por drenagem e no caso dos rejeitos
• Menor chance de contaminação. argilosos a evaporação é o principal agente da
retirada da água.
A expressão “novos métodos de disposição”
contem implícita uma expectativa de inovação na 3.2.1 - Empilhamento drenado
técnica de disposição. Entretanto, alguns dos
métodos hoje chamados de novos, embora Neste método, ao invés de utilizar uma estrutura
contenham aspectos de desenvolvimento recente, impermeável de barramento, adota-se uma estrutura
foram iniciados há algumas décadas e vêm sendo drenante, que não retém a água livre que sai dos poros
aprimorados ao longo do tempo de forma que dos rejeitos,mas libera esta água através de um sistema
inovações estão presentes em processos antigos de drenagem interna, de grande capacidade de vazão,
de disposição. ligada aos rejeitos do reservatório. Este método tem
Há também a expressão “métodos alterna- sido utilizado no Brasil, desde a década de 80, embora
tivos”, com a mesma intenção de diferenciar do em poucos casos. É interessante notar que na Europa,
método clássico de bombear lama de alto grau de surgiu recentemente a expressão“pervious dam” para
saturação, para uma barragem impermeável que designar um“novo método”,que está sendo proposto
retém os sólidos e a água. Este tipo de disposição para reduzir o potencial de dano. Os objetivos
é o mais utilizado sendo que a polpa de rejeito principais do método de empilhamento drenado são:
fica retida com praticamente o mesmo grau de
saturação da ocasião do bombeamento. O projeto • Obter um maciço não saturado, portanto
da barragem nestes casos é semelhante ao de uma com maior estabilidade;
barragem para retenção de água. • Obter maior densidade e, portanto, maior
Nos anos mais recentes, o problema da capacidade e vida útil;
segurança das barragens de rejeitos, assumiu uma • Obter menor potencial de dano em uma
expressão maior e vem condicionando várias eventual ruptura;
escolhas na seleção de alternativas. Em • Obter maior facilidade para o fechamento
consequência os métodos que utilizam a dispo- e recuperação ambiental;
sição com menor grau de saturação dos rejeitos • Aplicação segura do método de montante,
têm assumido maior importância por intro- com baixo risco de liquefação e de ruptura.
duzirem situações de menor risco.
Na presente abordagem, o que se pretende Além destas características, a disposição é
apresentar são métodos que priorizam a mais econômica por tonelada de rejeito disposto.
disposição com menor grau de saturação dos São exemplos principais, deste método, no
rejeitos. Desta forma, quanto mais água for Brasil, as pilhas do Xingu (Mina de Alegria)
retirada dos rejeitos, mais vantajoso é o método. Monjolo (Mina de Água Limpa), Pilha da Barragem
São apresentadas aqui duas situações de do Germano da Samarco (altura de 175,0 metros)
projeto, envolvendo os dois tipos básicos de e Pilha da Cava do Germano (altura de 160
rejeitos: a)- os que contêm uma fração expressiva metros) também da Samarco.
de material arenoso/siltoso, com baixo teor de Nas figuras a seguir são apresentadas seções
argila e de grande conteúdo de fração granular e, e fotos das pilhas da Samarco, onde duas áreas
b)- os que contêm maior conteúdo de material são preenchidas com pilha drenada. O dreno de
mais fino, predominando argila e silte, com fração base é implantado no fundo do reservatório e
mínima de areia. recebe toda a água drenada dos rejeitos, que
Os dois tipos de rejeitos podem ser devem ter suas características de drenabilidade
dispostos por métodos que retiram água dos mes- bem estudadas, previamente no projeto.

24
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1 - Empilhamento Drenado Após Drenagem Figura 2 - Aspecto do Rejeito Após a Drenagem

Figura 3 - Superfície Final do Talude da Pilha Figura 4 - Correia Transportadora Implantada


sobre a Pilha de Rejeitos

O maciço de rejeitos obtido ao final é uma


pilha de material arenoso, na umidade natural, sem
risco de ruptura que provoque uma onda de lama
para jusante.

25
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 5 - Vista Geral


da Pilha a Jusante da
Barragem

3.2.2 Disposição de Rejeitos Finos com Em minas de bauxita, os resíduos da lavagem


Secagem do minério é também uma lama com sólidos de
granulometria fina, passando na #400. O Método
O método de disposição chamado de “Dry de Secagem pode também ser aplicado, com
Stacking” é antigo e muito utilizado pelas em- vantagens em relação ao bombeamento
presas de alumínio para disposição econômica convencional de lama. A solução de projeto
de rejeitos de resíduo de produção de alumina depende do comportamento reológico da lama,
(red mud). pois suas características podem inviabilizar em
Neste método o rejeito fino (em geral de custo uma solução, devendo a escolha ser feita
granulometria passando na peneira 400) é pela combinação do menor custo com a
adensado em espessadores até teores de sólidos viabilidade da secagem com menores den-
elevados, acima de 50% e bombeado para um sidades.
reservatório onde sua superfície é exposta à A disposição com secagem apresenta
evaporação com o teor de sólidos crescendo até diferenças em relação ao método de “dry stacking”
valores da ordem de 80%. de lama vermelha.

26
Barragens de Rejeitos no Brasil

Basicamente procura-se bombear a lama na São exemplos deste tipo de disposição os


máxima densidade bombeável com bombas projetos da MRN em Porto Trombetas e da Vale
em Paragominas.
centrífugas, procurando-se obter um teor de As figuras e as fotos a seguir mostram as
sólidos entre 30 e 35% para então ser submetido características de secagem das lamas da MRN e
à evaporação no reservatório final. Paragominas.

Figura 6 - Lançamento de Lama de Bauxita no Reservatório Figura 7 - Lama Lançada, em Processo Inicial de Secagem

Figura 8 - Lama em Estágio Final de Secagem Figura 9 - Aterro Construído sobre Lama Após a Secagem

27
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 10 - Teste Piloto de Secagem

4 - AGRADECIMENTOS 5 - REFERÊNCIAS

O CBDB agradece à Pimenta de Avila 1- AZEVEDO, U. R. Patrimônio Geológico e


Consultoria, pela disponibilização dos recursos, Geoconservação no Quadrilátero Ferrífero,
ao Engo. Joaquim Pimenta de Ávila e à Geóloga Minas Gerais; Potencial Para Criação de Um
Marta Sawaya, pela elaboração do texto.
Geoparque da UNESCO. Tese de Doutorado,
UFMG, 2007.
2- Classificação Das Barragens De Contenção De
Rejeitos De Mineração E De Resíduos Industriais
No Estado De Minas Gerais Em Relação Ao
Potencial De Risco. Anderson Pires Duarte, Ufmg
2008.
3- UNITED STATES COMMITTEE ON LARGE
DAMS – USCOLD.Tailings Dams Incidents. 2004.
82p. Disponível em: http://www.icold.br.

28
Barragens de Rejeitos no Brasil

Parte II
DOCUMENTÁRIO SOBRE BARRAGENS
DE REJEITOS NO BRASIL

29
Barragens de Rejeitos no Brasil

30
Barragens de Rejeitos no Brasil

BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL

SUMÁRIO Parte II
1- ALCOA - UNIDADE POÇOS DE CALDAS 33

2 - ALUMAR - CONSÓRCIO DE ALUMÍNIO DO MARANHÃO 47

3 - ALUNORTE - ALUMINA DO NORTE DO BRASIL 59

4 - ANGLO GOLD ASHANTI - MINA DO QUEIROZ 67

5 - ANGLOGOLD ASHANTI - BARRAGEM DE CÓRREGO DO SÍTIO II 75

6 - KINROSS - BARRAGEM SANTO ANTÔNIO 81

7 - MPSA - MINERAÇÃO PARAGOMINAS 85

8 - MRN - MINERAÇÃO RIO DO NORTE 103

9 - NOVELIS DO BRASIL - BARRAGEM DO MARZAGÃO 107

10 - SAMARCO MINERAÇÃO - UNIDADE OPERACIONAL GERMANO 115

11 - VALE - MINA DO CAUÊ - SISTEMA PONTAL 127

12 - VALE - MINA CONCEIÇÃO 153

13 - VALE - MINA TIMBOPEBA - BARRAGEM TIMBOPEBA 169

14 - VALE - MINA TIMBOPEBA - BARRAGEM DO DOUTOR 175

15 - VALE - MINA DE ALEGRIA - BARRAGEM DO CAMPO GRANDE 181

16 - VALE - MINA DE ABÓBORAS - BARRAGEM VARGEM GRANDE 189

17 - VALE - MINA DO PICO - BARRAGEM MARAVILHAS II 199

31
Barragens de Rejeitos no Brasil

18 - VALE - MINA DA FÁBRICA - BARRAGEM FORQUILHA III 207

19 - VALE - MINA CÓRREGO DO FEIJÃO 215

20 - VALE - MINA DE ÁGUA LIMPA - BARRAGEM DO DIOGO 227

21 - VALE - MINA DE GONGO SOCO 233

22 - VALE – MINA DO SOSSEGO - BARRAGEM DO SOSSEGO 245

23 - VALE - COMPLEXO MINERADOR DE CARAJÁS - BARRAGEM DO GELADO 249

24 - VALE - COMPLEXO MINERADOR DE CARAJÁS - BARRAGEM DO AZUL 253

25 - VOTORANTIM – UNIDADE VAZANTE - BARRAGEM AROEIRA 257

26 - VOTORANTIM/ CBA – UNIDADE MIRAÍ - BARRAGEM MIRAÍ 261

27 - VOTORANTIM METAIS – UNIDADE ITAMARATI DE MINAS -

BARRAGEM SÃO LOURENÇO 269

28 - YAMANA GOLD – MINA DE JACOBINA - BARRAGEM DE JACOBINA 275

32
Barragens de Rejeitos no Brasil

1 - ALCOA - UNIDADE POÇOS DE CALDAS

Fábrica da ALCOA - Sistema de Contenção de Resíduos de Bauxita


Figura 1.1 - Foto Aérea da Fábrica de Alumínio da Alcoa Alumínio S.A. – Unidade de Poços de Caldas-MG
Fonte: Google

33
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.1 Apresentação Tabela 1-1 - Status das ARB’s


O sistema de contenção de rejeitos da Alcoa
Alumínio S.A. – Unidade de Poços de Caldas – Estrutura “Status”
possui 09 estruturas, denominadas Áreas de
Resíduos de Bauxita – ARB. Estas estruturas têm ARB 1 Desativada e Fechada
a finalidade de armazenanamento e contenção dos
ARB 2 Em Operação
resíduos provenientes da Refinaria de Alumina da
Alcoa Aluminío S.A. ARB 3 Desativada e Fechada
A primeira estrutura instalada para esta ARB 4 Desativada e Fechada
finalidade na Fabrica da Alcoa foi a ARB 1, em 1968. ARB 5 Desativada e Fechada
As Áreas de Resíduos de Bauxitas – ARB’s – são ARB 6 Desativada e Fechada
estruturas de contenção de resíduos classificados ARB 6A Desativada e Fechada
que possuem sistemas internos: de impermea-
ARB 7 Em Operação
bilização, de detecção de vazamentos (em
algumas) e de coleta do líquido percolado. Existem ARB 8 Em Operação
09 ARB’s, sendo que 06 se encontram com as
operações finalizadas e fechadas e 03 em
operação. A tabela ao lado apresenta as 09 ARB´s barragem em solo compactado. Em 1971 esta
e o respectivo “status” de operação. barragem foi alteada por jusante até atingir a cota
de 1.280 m e atualmente está nessa cota.
1.2 - Localização do Sistema Em 1978 a capacidade máxima de armazena-
O sistema de Contenção de Rejeitos da mento foi atingida com 682.000 m³ e a ARB 1 foi
Fabrica da Alcoa Alumínio S.A localiza-se na desativada.
rodovia BR-146, Km 10, em Poços de Caldas, MG. Na década de 1980 a região periférica da
A Figura a seguir ilustra a localização do sistema. superfície da área foi reabilitada (cerca de 8 ha
de um total de 13 ha) por meio do espalha-
1.3 - Área de Resíduo de Bauxita – ARB 1 mento de solo local e plantio de vegetação. No
1.3.1- Dados Gerais ano de 2000, a região central da superfície dos
resíduos (restantes 5 ha) foi reabilitada por
A ARB 1 foi implantada em 1968, por meio meio do lançamento e espalhamento de solo
do fechamento de fundo de vale com uma argiloso oriundo da escavação da ARB 7, e fo-

Figura 1.2 - Localização do


Sistema de Contenção de
Rejeitos da ALCOA – Poços de
Caldas - MG

34
Barragens de Rejeitos no Brasil

ram instalados dispositivos para drenagem da gem a percussão SP-01, cujas leituras são execu-
água pluvial. tadas periodicamente.

1.3.2- Etapas de Construção 1.3.5 - Sistema Extravasor


O controle das precipitações locais é
O maciço compactado da ARB 1 foi alteado conduzido por um sistema superficial.
por duas vezes para jusante. A crista da O valor da precipitação usado para
barragem está atualmente na cota 1.280 m – dimensionamento da drenagem superficial foi
(Enviro-Tec, 2001). determinado a partir dos dados disponíveis para
1.3.3- Geologia e Fundações o período 1967/1996 na própria fábrica da Alcoa
e pelos dados referentes a Caxambu, no livro
A fundação apresenta uma camada de “Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto Pfafstetter.
turfa que varia de 2 a 6 metros de espessura,
seguida por uma camada de silte muito are- 1.3.6 - Ficha Técnica
noso variado.
Os principais dados de interesse da ARB 1
1.3.4 - Monitoramento estão resumidos na tabela a seguir:

A estrutura ARB 1 possui um instrumento


do tipo piezômetro instalado no furo de sonda-

Tabela 1-2 8-2 - Ficha Técnica da ARB 1


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Implantação inicial em 1968 e dois alteamentos
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita
Empresas Projetistas -
Data Conclusão 1968-1978
Cota da Crista 1.280,0 m
Altura Máxima 9,0 m
Comprimento da Crista 231 m (somente barragem) e 1.548,7m total pista na periferia ARB
Área do Reservatório 130.000 m2
Volume do Reservatório 682.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Inexistente
Instrumentação 1 (um) piezômetro tipo Casagrande
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de recuperação
Parâmetros da Fundação Argila orgânica: c’ = 15 kPa / φ’ = 17,62

1.4 - Área de Resíduo de Bauxita – ARB 2


fundo e topo de, respectivamente, 1.268m e
1.4.1- Dados Gerais 1.275m (Enviro-Tec, 2001). Com uma capacidade
A ARB 2 foi implantada em 1972, a partir da de 188.000 m³, essa área, que anteriormente era
execução de diques compactados com cotas de utilizada para disposição de resíduos, atualmente

35
Barragens de Rejeitos no Brasil

opera com o objetivo de resfriar água de processo 1.4.3 - Geologia e Fundações


da refinaria e receber resíduo de processamento A fundação apresenta uma camada de
de bauxita em caráter emergencial e temporário. aproximadamente 10 metros de argila siltosa
Nenhum sistema especial de impermeabilização pouco arenosa que varia para um silte muito
ou drenagem de fundo foi implementado na argiloso pouco arenoso.
época de sua implantação.
Em 1995 a capacidade máxima de estocagem 1.4.4 - Monitoramento
foi atingida, permanecendo esta área desativada
São executados periodicamente monitora-
até 2001/2002, quando todo o resíduo foi
mentos dos deslocamentos de marcos superficiais
removido e depositado sobre a ARB 5. Em 2003,
instalados na crista dos diques e na galeria da ARB 2.
foram executadas obras de readequação na ARB
2 para torná-la apta a operar como nova área de 1.4.5 - Sistema Extravasor
resfriamento de água de processo da refinaria,
utilizando os mesmos conceitos das atuais áreas O vertedouro é do tipo flauta, com diâmetro
construídas, instalando sistema interno de de 20" e bocas também com diâmetro de 20",
impermeabilização duplo (camada de argila aproximadamente a cada 30 cm.
compactada e geomembrana de PVC) e sistema Esse sistema está interligado a uma tubulação
de detecção de vazamento. de 14" de diâmetro, que segue através da galeria
sob o dique da ARB 2. Posteriormente, esta
1.4.2 - Etapas de Construção tubulação é conectada ao sistema de bombas, que
A ARB 2 foi construída em etapa única. As retorna o fluxo para a Refinaria.
cotas de fundo e de crista encontram-se nas 1.4.6 - Ficha Técnica
elevações 1.268 m e 1.276 m, respectivamente.
Os principais dados de interesse da ARB 2
estão resumidos na tabela 1-3.
Tabela 1-3 - Ficha Técnica da ARB 2
DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Lago para resfriamento de água de processo da Refinaria e de
disposição de resíduo de bauxita em caráter emergencial.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia
Data Conclusão 2003
Cota da Crista El. 1.276 m
Altura Máxima 7,0 m
Comprimento da Crista 902 m
Área do Reservatório 51.000 m2
Volume do Reservatório 260.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Inexistente
Instrumentação Marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas em maio de 1982, após a construção do lago
Parâmetros da Fundação Silte argiloso: c’ = 10,00 kPa / φ’ = 26,00

36
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.5 Área de Resíduo de Bauxita – ARB 3 1.5.4 - Monitoramento

1.5.1- Dados Gerais Os instrumentos constituintes do moni-


toramento são 03 piezômetros instalados em
A ARB 3 ocupa a mesma região de vale da
furos de sondagens a percussão. Foram projetados
ARB 1, sendo localizada à jusante desta. Foi para auscultação do maciço e fundação.
implantada em 1975 por meio do fechamento do São executados, periodicamente, monitora-
fundo de vale. Como no caso da ARB 1, uma mentos dos recalques e deslocamentos através de
camada de turfa ocorria no fundo do vale e 09 marcos superficiais instalados na crista do dique
nenhum sistema especial de impermeabilização e 04 pontos de deslocamento horizontal instalados
ou drenagem de fundo foi implantado na mesma. a jusante. Existe também controle de recalque em
A ARB 3 operou até 1990, ano em que sua pontos internos da superfície reabilitada da ARB 3.
capacidade de estocagem de resíduos foi
alcançada, com cerca de 1.840.000 m³. 1.5.5 - Sistema Extravasor
Entre 2000 e 2001, a superfície de 26 ha da Não existe um sistema convencional de
ARB 3 foi reabilitada, haja vista a construção extravasão. O controle das precipitações locais é
de camadas de solo (com espessura total conduzido por dois sistemas de drenagens: um
variando de 0,60m a 3,5m) e de drenagem subsuperficial e um superficial.
superficial com diversas funções, além de Na superfície existente do resíduo, foi
camada de impermeabilização com geomem- instalado sistema de drenagem subsuperficial para
brana de PVC. a coleta do licor ascendente da ARB, que é
Atualmente, a superfície encontra-se coletado e bombeado para ARB 2, retornando,
revegetada e a água de chuva é descartada de lá, para a refinaria.
diretamente no meio ambiente. A reabilitação Sobre este sistema, foram implantadas as
da superfície da ARB 3 conta com um sistema de camadas de regularização (a qual provê
recuperação do licor cáustico por ascensão, declividade da superfície), impermeabilização
instalado sob a geomembrana de impermabi- (com camada de argila compactada sob membrana
lização, o qual é direcionado para reutilização na de PVC) e camada de conformação final onde, tal
Refinaria. como na ARB 1, foi instalado um sistema de coleta
de água pluvial constituído basicamente de
1.5.2 - Etapas de Construção
canaletas, sendo a água superficial coletada lançada
A crista da barragem principal foi assentada diretamente no meio ambiente.
na cota aproximada de 1.276,5 m, sendo esta alte- A superfície da ARB 3 foi revegetada com
ada para jusante por duas vezes até atingir a cota espécies nativas da região.
de 1.278 m (Enviro-Tec, 2001), permanecendo O valor da precipitação usado para dimen-
nesta até hoje. sionamento da drenagem superficial foi
determinado a partir dos dados disponíveis para
1.5.3 - Geologia e Fundações o período 1967/1996 na própria fábrica da Alcoa
A fundação desta estrutura é constituída por e pelos dados referentes a Caxambu no livro
um colúvio (argila siltosa vermelho/ marrom “Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto Pfafstetter.
muito mole a média), sobre um solo residual silto
arenoso compacto a muito compacto, com 1.5.6 - Ficha Técnica
ocorrência localizada de uma camada de argila Os principais dados de interesse da ARB 3
orgânica preta (1995, LPSEngenharia). estão resumidos na tabela 1-4 a seguir.

37
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 1-4 - Ficha Técnica da ARB 3


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva 3 etapas
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita
Data Conclusão 1982
Cota da Crista 1.278,00 m
Altura Máxima 18,0 m
Comprimento da Crista 362 m
Área do Reservatório 260.000 m2
Volume do Reservatório 1.840.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Inexistente
Instrumentação 01 (um) piezômetro – tipo Casagrande – e marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas em 1967 a 1993 e 2005
Parâmetros da Fundação Argila orgânica: c’ = 15,00 kPa / φ’ = 17,62
Areia: c’ = 10,00 kPa / φ’ = 35,00

1.6 - Área de Resíduo de Bauxita – ARB 4 1.6.2 - Etapas de Construção

1.6.1- Dados Gerais A ARB 4 foi construída em etapa única sem


alteamentos. As cotas de crista e de fundo
A ARB 4 encontra-se entre a ARB 2 e ARB 3. encontram-se nas elevações 1.274 m e 1.285 m,
É formada por quatro diques de solo compactado respectivamente (Enviro-Tec, 2001).
e apresenta camada interna impermeável
constituída de argila compactada e sistema de 1.6.3 - Geologia e Fundações
drenagem de fundo com camada de areia. Os diques Os estudos geotécnicos para definição das
possuem inclinação de 1,0V: 2,0H para montante condições de fundação da obra constam no
e 1,0V: 2,0 H para jusante, entre bermas. Relatório 1456/43 (Setembro / 1983), da Sondosolo,
Construída em 1986, a ARB 4 operou, entre e no desenho AL-006801-BR, da Natron Consultoria
1990 e 1994, com uma capacidade para cerca de e Projetos S.A.(abril/1984), referente às seções
800.000 m3 de resíduo. A partir de 1994, com um geotécnicas. Segundo interpretação constante do
volume ocioso de 80.000 m3, a ARB 4 passou a Relatório NGA/PUC-Rio Alcoa 02/05, onde
operar como lago de resfriamento de água de constam as análises de estabilidade realizadas para
processo, em substituição à ARB 2. Com a
a ARB 4, a fundação é constituída basicamente por
readequação da ARB 2, em 2003, deu-se início, em
argila siltosa e silte argiloso.
2004, a reabilitação da superfície da ARB 4 a partir
da introdução de um capeamento constituído por 1.6.4 - Monitoramento
camadas de solo compactado, seguido de São executados periodicamente monitora-
revegetação e drenagem superficial. mentos dos recalques por meio de 14 marcos

38
Barragens de Rejeitos no Brasil

superficiais instalados na crista do dique, 20 O controle das precipitações locais é feito por
pontos instalados na galeria e também 30 pontos meio de um sistema superficial.
de controle de recalque em pontos internos da O valor da precipitação usado para dimens-
ARB 4. ionamento da drenagem superficial foi
Foram executadas sondagens no resíduo em determinado a partir dos dados disponíveis para
o período 1967/1996 na própria fábrica da Alcoa
2005 pela Sondosolo para obtenção de parâme-
e pelos dados referentes à Caxambu no livro
tros geotécnicos do resíduo e nível d’água.
“Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto Pfafstetter.
1.6.5 - Sistema Extravasor 1.6.6 - Ficha Técnica
Não existe um sistema convencional de
extravasão, uma vez que o reservatório se Os principais dados de interesse da ARB 4
encontra completamente ocupado por resíduos. estão resumidos na tabela a seguir.

Tabela 1-5 - Ficha Técnica da ARB 4


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de
bauxita e resfriamento de água.
Empresas Projetistas NATRON
Data Conclusão 1986
Cota da Crista 1285,00m
Altura Máxima 20,0 m
Comprimento da Crista 1.190 m
Área do Reservatório 101.000 m2
Volume do Reservatório 840.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados
Instrumentação Marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Natron Consultoria e Projetos
Parâmetros da Fundação Argila siltosa: c’ = 10,00 kPa / φ’ = 26,00
Silte argiloso: c’ = 10,00 kPa / φ’ = 26,00

1.7- Área de Resíduo de Bauxita – ARB 5 Construída em duas fases (em 1993 e 1995),
a ARB 5 operou entre 1994 e 1998 com uma
1.7.1 - Dados Gerais
capacidade para cerca de 1.080.000 m 3 de
A ARB 5 encontra-se a oeste da ARB 3. resíduo. Em 2001 e 2002 o resíduo removido
Formada por cinco diques de solo compactado, a da ARB 2 foi depositado na superfície da ARB 5
ARB 5 apresenta sistema de impermeabilização que, posteriormente, foi reabilitada com o
composto por uma camada interna de argila emprego de solo argiloso compactado,
compactada, geomembrana de PVC e sistema de drenagem superficial e regevetação da
drenagem de fundo com camada de areia. superfície.

39
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.7.2 - Etapas de Construção 1.7.5 - Sistema Extravasor


As cotas de fundo e topo dos diques são de, Não existe um sistema convencional de
aproximadamente, 1.290 m e 1.300,5 m respec- extravasão, uma vez que o reservatório se
tivamente (Enviro-Tec, 2001). encontra completamente ocupado por resíduos.
O controle das precipitações locais é feito por
1.7.3 - Geologia e Fundações dois sistemas de drenagem: um subsuperficial e
Os diques foram implantados em fundação um superficial.
constituída basicamente por solo residual O valor da precipitação usado para dimen-
classificado como silte argiloso. sionamento da drenagem superficial foi
determinado a partir dos dados disponíveis para
1.7.4 - Monitoramento o período 1967/1996 na própria fábrica da
São executados periodicamente monitora- Alcoa e pelos dados referentes à Caxambu no
mentos dos recalques e deslocamentos por meio livro “Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto
de 23 marcos superficiais instalados na crista do Pfafstetter.
dique, 04 pontos instalados a jusante, que medem 1.7.6 - Ficha Técnica
recalques e deslocamentos horizontais, e 18 pontos
Os principais dados de interesse da ARB 5
instalados na galeria.Tembém é realizado controle
estão resumidos na tabela 1-6.
de recalque em 26 pontos internos da ARB 5.
O monitoramento da drenagem de fundo é
feito através de medidor de vazão eletromagnético.

Tabela 1-6 - Ficha Técnica da ARB 5

DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Duas Etapas
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão 1995
Cota da Crista 1.300,50 m
Altura Máxima 17,0 m
Comprimento da Crista 1.325 m
Área do Reservatório 132.000 m2
Volume do Reservatório 1.060.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados
Instrumentação Marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Foram realizadas na fase de projeto, antes da reabilitação e quando
do estudo da PUC-RJ
Parâmetros da Fundação Silte argiloso: c’ = 28,73 kPa / φ’ = 29,00

40
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.8 - Área de Resíduo de Bauxita – ARB 6 1.8.4 - Monitoramento


1.8.1- Dados Gerais Os instrumentos constituintes do
monitoramento são 03 piezômetros, instalados
A ARB 6 encontra-se a sudoeste da ARB 1.
em furos de sondagens a percussão (SP 09, SP 10
Constituída por diques de solo compactado,
e SP 11), cujas leituras são executadas pe-
apresenta, na camada interna, imperme-
riodicamente.
abilizantes de argila compactada e geomem-
São executados periodicamente monitora-
brana de PVC e sistema de drenagem de fundo
mentos de recalques e deslocamentos por meio
com camada de areia. As cotas de fundo e topo dos 15 marcos superficiais instalados na crista do
dos diques são de, respectivamente, 1.302,5 e dique, 04 pontos instalados à jusante, que medem
1.313,50 m. deslocamentos horizontais, 12 pontos instalados
Construída entre 1997 e 1998, a ARB 6 ao lado da parede oeste e 18 ao lado da canaleta
operou entre 1998 e 2000, com uma capacidade central da galeria. Existe também controle de
para cerca de 400.000m3 de resíduo. Ao fim da recalque em 32 pontos internos da ARB 6.
construção, na região central da galeria de O monitoramento da drenagem de fundo é
concreto de recuperação de água do sistema de feito por meio de medidor de vazão eletro-
drenagem de fundo, foi verificado um recalque magnético.
de cerca de 50 cm. Essa ocorrência foi
monitorada e manteve-se estabilizada, notando- 1.8.5 - Sistema Extravasor
se pequenas acomodações durante o processo Não existe um sistema convencional de
de enchimento da ARB com resíduo. A partir do extravasão, uma vez que o reservatório se
ano 2000, a superfície do resíduo foi mantida encontra completamente ocupado por resí-
exposta para consolidação e, em 2003, os 6 duos. O controle das precipitações locais é
hectares da área foram reabilitados por meio da conduzido por meio de um sistema de
compactação de solo argiloso e revegetação da drenagem superficial.
superfície. O valor da precipitação usado para
dimensionamento da drenagem superficial foi
1.8.2 - Etapas de Construção determinado a partir dos dados disponíveis para
o período 1967/1996 na própria fábrica da
A ARB 6 foi construída em etapa única. As
Alcoa e pelos dados referentes à Caxambu no
cotas de fundo e topo encontram-se nas elevações
livro “Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto
1.302,5 e 1.313,50 m, respectivamente (Enviro-
Pfafstetter.
Tec, 2001).
1.8.3 - Geologia e Fundações 1.8.6 - Ficha Técnica

A fundação é constituída basicamente por Os principais dados de interesse da ARB 6


silte argiloso, variando de mole a rijo. estão resumidos na tabela 1-7.

41
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 1-7 - Ficha Técnica da ARB 6


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão 1998
Cota da Crista El. 1313,50 m
Altura Máxima 24,50 m
Comprimento da Crista 1.015 m
Área do Reservatório 60.000 m2
Volume do Reservatório 400.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados.
Instrumentação Marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Foram realizadas na fase de projeto
Parâmetros da Fundação Silte argiloso mole a médio: c’ = 24,43 kPa / φ’ = 30,10
Silte argiloso rijo: c’ = 18,04 kPa / φ’ = 30,70

1.9 - Área de Resíduo de Bauxita – ARB 6A se na cota 1.316,00 m e 1.325,80 m, respec-


tivamente.
1.9.1- Dados Gerais
1.9.3 - Geologia e Fundações
A ARB 6A encontra-se a oeste da ARB 6.
Constituída por diques de solo compactado, A fundação dos diques da ARB 6A é
apresenta camadas de impermeabilização internas constituída basicamente por silte argiloso,
constituídas por argila compactada e variando de mole a rijo, e areia.
geomembrana de PVC, e sistema de drenagem de
fundo com camada de areia. A cota da crista do 1.9.4 - Monitoramento
dique é 1.325,80 m, apresentando altura máxima Os instrumentos constituintes do
de 19,8 m. monitoramento são 02 piezômetros instalados em
Construída entre 1998 e 1999, a ARB 6A furos de sondagens a percussão nos SP 06 e SP 07,
operou entre 2000 e 2003, com uma capacidade para cujas leituras são executadas até o presente momento.
cerca de 795.000 m3 de resíduo. Em 2004, foi iniciado Além disso, são executados periodicamente
um processo de lançamento de um volume adicional monitoramentos dos recalques por meio de 18
de 210.000 m3 de resíduo sobre a superfície marcos superficiais instalados na crista do dique,
existente, haja vista a construção de diques internos 10 pontos instalados na galeria e 04 pontos
com pequena altura, permitindo a extensão da vida instalados à jusante.
útil desta ARB até janeiro de 2006.A reabilitacão da O monitoramento da drenagem de fundo é feito
ARB 6A foi executada em 2006/2007. por meio de medidor de vazão eletro-magnético.
1.9.2 - Etapas de Construção 1.9.5 - Sistema Extravasor
A ARB 6A foi construída em etapa única sem Não existe um sistema convencional de
alteamentos. A crista de fundo e topo assentam- extravasão, uma vez que o reservatório se

42
Barragens de Rejeitos no Brasil

encontra completamente ocupado por resíduos. Alcoa e pelos dados referentes à Caxambu no
O controle das precipitações locais é conduzido livro “Chuvas Intensas no Brasil”, de Otto
por meio de um sistema superficial. Pfafstetter.
O valor da precipitação usado para
1.9.6 - Ficha Técnica
dimensionamento da drenagem superficial foi
determinado a partir dos dados disponíveis para Os principais dados de interesse da ARB 6A
o período 1967/1996 na própria fábrica da estão resumidos na tabela 1-8.

Tabela 1-8 - Ficha Técnica da ARB 6A


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia Ltda
Data Conclusão 1999
Cota da Crista El. 1325,8 m
Altura Máxima 19,8 m
Comprimento da Crista 1.490 m
Área do Reservatório 96.000m 2
Volume do Reservatório 1.005.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo (50 cm) e tubos perfurados
Instrumentação Marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Foram realizadas na fase de projeto
Parâmetros da Fundação Silte argiloso mole a médio: c’ = 24,43 kPa / φ’ = 30,10
Silte argiloso rijo: c’ = 18,04 kPa / φ’ = 30,70

1.10- Área de Resíduo de Bauxita – ARB 7


A ARB 7 passa por obras de alteamento. O
1.10.1- Dados Gerais
alteamento é realizado com a técnica
A ARB 7, situa-se ao sul das ARBs 6 e 6A. “Upstream Stacking” com 5 alteamentos por
Constituída por diques de solo compactado, montante com o primeiro dique de partida
apresenta camada interna de argila compactada e variando de 0,5 a 1,5 m e mais 4 alteamentos
geomembrana de PVC em seu sistema de com diques de 1,00m de altura. Após sua
impermeabilização, bem como um sistema de operação por meio da referida técnica, prevê-
drenagem de fundo com camada de areia. Nos se que esta ARB seja reabilitada.
últimos 5 m do talude externo, foi executado solo
1.10.2- Etapas de Construção
reforçado.
Construída entre 2001 e 2002, a ARB 7 A ARB 7 foi construída em etapa única sem
entrou em operação em 2003 e conta com uma alteamentos. As cotas de fundo e da crista
capacidade para 1.480.000 m³ de resíduos. Essa encontram-se nas elevações 1.310,00 m e
ARB está projetada para operar até 2008. 1.333,00 m, respectivamente.

43
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.10.3- Geologia e Fundações O monitoramento da drenagem de fundo é feito


A fundação dos diques da ARB 7 é constituída por meio de medidor de vazão eletromagnético. O
basicamente por silte argiloso, variando de mole solo reforçado é instrumentado por “tell-tales”.
a rijo, e areia. 1.10.5- Sistema Extravasor
1.10.4- Monitoramento O vertedouro é do tipo flauta, com
Os instrumentos constituintes do monitora- diâmetros 20" e bocas a cada 30 cm, aproxi-
mento são 02 piezômetros instalados em furos madamente, interligados a uma tubulação de 14"
de sondagens a percussão (SP 12 e SP 13), cujas de diâmetro. Essa tubulação passa através da
leituras são executadas periodicamente. galeria de fundo e, posteriormente, é interligada
Além disso, são executados monitoramentos a tubulação de aço que conduzirá o sobrenadante
periódicos dos recalques por meio de 15 marcos para a ARB 2.
superficiais instalados na crista do dique, 11 pontos 1.10.6- Ficha Técnica
instalados na galeria, deslocamentos horizontais
em 04 pontos instalados à jusante e deslocamento Os principais dados de interesse da ARB 7
global dos 15 marcos instalados na crista. estão resumidos na tabela 1-9.
Tabela1-9 - Ficha Técnica da ARB 7
DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão 2002
Cota da Crista El. 1333,0 m
Altura Máxima 23,00
Comprimento da Crista 1.703 m
Área do Reservatório 14.800 m2
Volume do Reservatório 1.480.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo (50 cm) e tubos perfurados
Instrumentação Marcos superficiais, piezômetros, medidor de vazão eletromagnético
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Foram realizadas na fase de projeto
Parâmetros da Fundação Silte argiloso mole a rijo: c’ = 41,19 kPa / φ’ = 25
Silte argiloso duro: c’ = 24,52 kPa / φ’ = 27

1.11- Área de Resíduo de Bauxita – ARB 8 areia. Em sua porção noroeste, parte da
1.11.1- Dados Gerais drenagem de fundo, de areia, foi substituída por
uma seção com geocomposto drenante. Nos
A ARB 8 situa-se a oeste da ARB 6A, na sua últimos 5 m do talude externo, foi executado
parte baixa. Constituída por diques de solo solo reforçado.
compactado, apresenta camada interna de argila
compactada e geomembrana de PVC em seu 1.11.2 - Etapas de Construção
sistema de impermeabilização, bem como um A ARB 8 foi construída inicialmente em etapa
sistema de drenagem de fundo com camada de única, passando por um alteamento (dique Oeste) em

44
Barragens de Rejeitos no Brasil

2008, com a área já em operação.As cotas de fundo e metros do tipo Casagrande, 11 poços de
da crista encontram-se nas elevações 1.268,70 e monitoramento, sendo 2 de câmara dupla, 10
1.287,40 m, respectivamente (Enviro-Tec, 2001). marcos superficiais e 8 inclinômetros.
Os piezômetros elétricos de corda
1.11.3 - Geologia e Fundações vibrante estão instalados no interior da camada
A fundação é constituída por variada drenante de fundo. Já os demais instrumentos
tipologia de materiais, que variam entre zonas localizam-se principalmente no talude leste e
com presença de rocha sã, zonas de rocha nordeste da ARB 8.
alterada, solo residual jovem e solo residual
maduro, além de zonas com colúvio. 1.11.5 - Sistema Extravasor
É interessante destacar que em parte da Diferentemente das demais ARB´s, a ARB 8 não
fundação foram identificadas superficialmente possui estrutura de extravasão por meio de
zonas com presença de solo aluvionar orgânico vertedouro tipo flauta. Como se trata de uma ARB
mole. Estes, bem como as zonas de solo vegetal e cuja posição geométrica não favorece a drenagem
saprolito mole, foram devidamente escavados e por gravidade pelo fundo (galeria de fundo), foi
removidos para assentamento da ARB 8. disposto, para estrutura de drenagem de fundo, uma
Ainda nesses locais, visando a captação das galeria inclinada na face do talude (com bombe-
nascentes, foram executadas trincheiras drenantes amento na base) e, para a estrutura de extravasão, um
em toda a área de assentamento da ARB 8. sistema de captação do sobrenadante em rampa.
1.11.4- Monitoramento 1.11.6 - Ficha Técnica
A instrumentação geotécnica da ARB 8 é Os principais dados de interesse da ARB 8
constituída por 5 piezômetros elétricos, 8 piezô- estão resumidos na tabela 1-10.

Tabela 1-10 - Ficha Técnica da ARB 8


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única, porém o enchimento do reservatório iniciou-se antes da complementação
de alteamento dos diques.
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos de processamento de bauxita.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão Dezembro de 2008
Cota da Crista El. 1.287,40 m
Altura Máxima 18,70. Talude de jusante nas vertentes dos vales com até 29 metros de altura
Comprimento da Crista 1.736,84 m
Área do Reservatório 136.000 m²
Volume do Reservatório 1.505.000 m3
Tipos de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo (50 cm) e tubos perfurados
Instrumentação 5 piezômetros elétricos, 8 piezômetros do tipo Casagrande,
11 poços de monitoramento, 10 marcos superficiais e 8 inclinômetros
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Foram realizadas na fase de projeto
Parâmetros da Fundação c’ = 36,6 kPa / φ’ = 27,5 Ens. Triaxial CIU Amostra PI – 8 – 4 natural
c’ = 6,4 kPa / φ’ = 35,2 Ens. Triaxial CIU Amostra PI – 8 – 4 natural

45
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.12 - Aspectos Operacionais do Sistema 1.15 - Agradecimentos


A disposição dos rejeitos nas ARB’s é O texto apresentado neste capítulo foi
efetuada por meio de calhas (válvula e mangote) elaborado com base nas referências indicadas no
alimentadas por tubulação de aço de diâmetro item seguinte.
de 10", distribuídas no entorno da crista. O O CBDB agradece à Alcoa Alumínio S.A, pela
lançamento também é realizado por meio de autorização concedida na divulgação dos dados,
Torres de Lançamento, instaladas estrategi- à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponi-
camente no interior do reservatório. bilização dos recursos, aos Engos. Paulo André
O líquido sobrenadante é coletado pelo Lemos e Camila Moreira Queiroz, pela
sistema extravasor e direcionada, por tubulação elaboração do texto, e aos Engos Geraldo Paes e
de aço, para a ARB 2, onde se encontra o sistema Márcia Salomão, pela revisão do mesmo.
de bombeamento e recuperação do líquido para
1.16 - Referências
reutilização na fábrica.
Nas estruturas desativadas e em operação (com - Relatório MG-123-003-RT-1995, elaborado pela
LPS Engenharia.
exceção das ARBs 1, 2 e 3) há sistemas de coleta do
líquido percolado, que são também conduzidos para - Desenho 1098.08.05, elaborado pela Sondosolo
Geotecnia e Engenharia Ltda.
a ARB 2, por meio de bombeamento.
- Relatório de projeto de reabilitação da ARB 4
1.13 - Aspectos Ambientais (MG-529-030-RT), elaborado pela LPS Engenharia
em 2004.
O monitoramento da drenagem de fundo é
complementado por inspeções periódicas na água - AC-316-LT-25554 - Laudo Técnico Área de
Resíduos de Bauxita 1 (ARB 1) - Setembro - 2011
subterrânea, aferindo a qualidade do lençol
- Pimenta de Avila Consultoria.
freático comparado ao “background” estabelecido
no entorno do sistema. - AC-316-LT-25555 - Laudo Técnico Área de
Resíduos de Bauxita 2 (ARB 2) Lago 2 - Setembro
1.14 - Plano de Fechamento - 2011 - Pimenta de Avila Consultoria.
- AC-316-LT-25556 - Laudo Técnico Área de
Nas estruturas cujos reservatórios
Resíduos de Bauxita 3 (ARB 3) - Setembro - 2011
encontram-se sem operações de lançamento de
- Pimenta de Avila Consultoria.
resíduos, devido ao seu esgotamento, é aplicado
- AC-316-LT-25557 - Laudo Técnico Área de
um plano de fechamento que consiste em um
Resíduos de Bauxita 4 (ARB 4) - Setembro - 2011
sistema de cobertura e reabilitação. Este sistema - Pimenta de Avila Consultoria.
tem a função de separar e coletar distintamente
- AC-316-LT-25558 - Laudo Técnico Área de
os líquidos ascendentes do resíduo (percolado) Resíduos de Bauxita 5 (ARB 5) - Setembro - 2011
da água infiltrada das chuvas. - Pimenta de Avila Consultoria.
O sistema de cobertura destas estruturas é
- AC-316-LT-25559 - Laudo Técnico Área de
composto em um aterro de regularização sobre Resíduos de Bauxita 6 (ARB 6) - Setembro - 2011
o resíduo, uma camada de material drenante, a - Pimenta de Avila Consultoria.
fim de coletar e conduzir o líquido percolado e - AC-316-LT-25560 - Laudo Técnico Área de
uma camada de aterro de argila compactada acima Resíduos de Bauxita 6A (ARB 6A) - Setembro -
da primeira, a fim de evitar a infiltração das águas 2011 - Pimenta de Avila Consultoria.
de chuva entre em contato com o líquido - AC-316-LT-25561 - Laudo Técnico Área de
percolado existente na área. Resíduos de Bauxita 7 (ARB 7) - Setembro - 2011
Acima destas camadas, existe outra camada - Pimenta de Avila Consultoria.
lançada de argila, com 1 metro de espessura. Espécies - AC-316-LT-25562 - Laudo Técnico Área de
nativas foram utilizadas na revegetação, e a água de Resíduos de Bauxita 8 (ARB 8) - Setembro - 2011
chuva foi direcionada para córregos da região. - Pimenta de Avila Consultoria.

46
Barragens de Rejeitos no Brasil

2 - ALUMAR - CONSÓRCIO DE ALUMÍNIO


DO MARANHÃO

ARB 3 ARB 1
ARB 4 ARB 2
ARB 5

Figura 2.1 – Vista aérea do sistema de disposição de rejeitos da Alumar

47
Barragens de Rejeitos no Brasil

2.1 - Apresentação estruturas principais (ARB’s), as quais são


apresentadas na figura a seguir.
O Consórcio de Alumínio do Maranhão -
Alumar - está localizado na cidade de São Luís,
estado do Maranhão. Inaugurado em 1984, é
atualmente um dos maiores complexos de
produção de alumina e alumínio primário do
mundo. O Consórcio da refinaria da Alumar é
formado pelas empresas Alcoa, BHP-Billiton e Rio
Tinto Alcan.
Em 2007, a Alumar alcançou a marca das
450.000 toneladas de alumínio produzidas, com
a fábrica produzindo aproximadamente 1.500.000
toneladas de alumina, sendo que, com a conclusão
das obras de expansão, a produção de alumina
chega a 3.500.000 toneladas.
Para a obtenção da alumina (Al2O3) é
utilizado o processo Bayer. Resultante deste
processo obtém-se também um resíduo insolúvel,
gerado durante a etapa de clarificação, o qual é
denominado resíduo de bauxita, também
identificado, por vezes, por “lama vermelha”, ou
“red mud”.
O resíduo de bauxita produzido é bombeado
para os locais onde será armazenada, deno-
minados Areas de Resíduo de Bauxita – ARB’s. A Figura 2.2 – Localização
Alumar possui 5 ARB’s (ARB 1,ARB 2,ARB 3,ARB da Alumar, cidade de São
4 e ARB 5), sendo que somente as ARB’s 4 e 5 Luis, estado do
encontram-se em operação. Maranhão
A lama vermelha produzida através do
processo Bayer é transportada através de
tubulações para as ARB’s por uma distância de
até 6 km da fábrica, tendo o resíduo uma A seguir, é feita uma descrição sintética de
concentração de sólidos de 15 a 25%. cada uma das estruturas supramencionadas, que
compõe o sistema de disposição de resíduo da
2.2 - Localização Alumar.

A Alumar está localizada no município de São ARB 1:


Luíz, no estado do Maranhão, conforme O projeto da ARB 1 foi desenvolvido e
apresentado na figura ao lado. implantado em duas etapas, quais sejam:
- A construção da primeira etapa ocorreu
2.3 - Descrição Geral entre abril e dezembro de 1983, com crista
na El. 56 m e volume do reservatório de
2.3.1 - Dados Gerais 1.600.000 m3;
Como mencionado anteriormente, o sistema - A construção da segunda etapa ocorreu
de rejeito da Alumar é composto por cinco entre junho e dezembro de 1987, com o

48
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 2.3 - Planta Geral


do sistema de disposição
de rejeito da Alumar

Figura 2.4 – Seção Típica e


Materiais de construção

alteamento dos diques em 4 m (crista na El. ARB 2:


60 m), gerando um acréscimo no volume de O projeto da ARB 2 foi desenvolvido pelas
800.000 m3. empresas Natron, Engerio e LPS. Este depósito
A operação da ARB 1 ocorreu entre os anos ocupa uma área de aproximadamente 325.000 m²,
de 1984 e 1990 e, em 1996, teve início o processo correspondente a um volume acumulado de
de reabilitação da área. No momento, a ARB 1 se resíduos de cerca de 5.200.000 m3. A operação
encontra reabilitada e com presença de vegetação da ARB 2 se deu basicamente por meio das
em avançado estágio de desenvolvimento. seguintes formas de disposição:
O reservatório da ARB 1 é dotado de um - Disposição convencional, entre 1990 a 1997
sistema de impermeabilização constituído por (volume de 4.000.000 m3);
geomembrana de PVC e dispositivos associados. - Técnica do “upstream stacking”, entre maio
No fundo do reservatório, sobre a geomembrana, de 2000 e março de 2004 (volume de
foi implantado um sistema de drenagem de fundo 1.138.00 m3).
composto por uma camada drenante de areia e A reabilitação da ARB 2 ocorreu no período
por um conjunto de tubos de drenagem em compreendido entre junho de 2004 a março de
formato de “espinha de peixe”, que cobre todo o 2005. O projeto de tal reabilitação foi
fundo do reservatório. desenvolvido pela LPS e contemplou a

49
Barragens de Rejeitos no Brasil

implantação de um sistema de cobertura, De forma similar às demais ARB’s, a ARB 5


drenagem superficial e plantio de vegetação. apresenta sistema de impermeabilização e drena-
gem de fundo.
ARB 3:
A ARB 3 foi implantada em duas etapas, 2.3.2 - Geologia e Fundações
quais sejam:
- Disposição convencional – crista na El. 47,5 A fundação da área em questão é constituída
m e capacidade para volume de 4.000.000 m³; por sedimentos do Cretáceo, Terciário e
- Disposição convencional – alteamento da Quaternário, composta por arenitos, calcários e
crista para a El. 51,5 m, aumentando sua argila. Os solos mais comuns na região das ARB’s
capacidade em 800.000 m³. são compostos por areia fina e média, argilosa a
A área recebeu resíduo pelo método pouco argilosa e, localmente, pedregulhos de
convencional até 2005. A partir de 2007, laterita.
passou a receber resíduo pelo método
alternativo do “upstream stacking”, ficando em 2.3.3 - Monitoramento
operação por este método até março de 2010.
A ARB 3 vem sendo reabilitada conforme ARB 1:
projeto elaborado pela LPS. O sistema de monitoramento da ARB 1
consiste basicamente em inspeções de campo
ARB 4: trimestrais e na medição semanal da vazão da
A ARB 4 foi construída entre abril de 2004 drenagem de fundo.
e fevereiro de 2005. O início de operação desta
estrutura ocorreu em outubro de 2005, por meio ARB 2 e ARB 3:
da disposição convencional dos resíduos (“wet O sistema de monitoramento da ARB 2 e
disposal”). Atualmente, a ARB 4 se encontra em ARB 3 consiste basicamente em:
fase final de operação, por meio de disposição - Medições semanais das vazões do dreno de
convencional, com previsão de operar por fundo;
“upstream stacking” a partir de outubro de 2011. - Medições mensais dos recalques (marcos
Segundo informações da equipe técnica da superficiais e placas de recalque);
Alumar, o referido projeto se encontra em - Realização de inspeções visuais semestrais.
desenvolvimento pela projetista LPS.
A ARB 4 é composta por diques de solo ARB 4:
compactado, dotado de sistema de impermeabili- O sistema de monitoramento da ARB 4
zação constituído por geomembrana de PVC de 0,8 consiste basicamente em:
mm e camada de argila compactada de 0,50 m de - Medições semanais das vazões do dreno de
espessura ao longo de todo o talude interno e base fundo;
do reservatório. No fundo do reservatório, sobre a - Realização de batimetrias trimestrais;
geomembrana, foi implantado um sistema de - Realização de inspeções visuais trimestrais.
drenagem de fundo composto por uma camada
drenante de areia de 0,50 m e por um conjunto de Além dos itens supramencionados espe-
tubos de drenagem em formato de“espinha de peixe”. cificamente para cada ARB, os itens listados a
seguir compõem o sistema de monitoramento da
ARB 5: Alumar.
A ARB 5 foi construída entre os anos de 2008
e 2009 e apresenta capacidade de armazena- - Vistoria de taludes;
- Vistoria em galerias;
mento de 10.400.000 m³.
- Instalação de placas de recalque;

50
Barragens de Rejeitos no Brasil

- Medição de deslocamentos verticais em - Medição de vazão em overflow;


placas de recalque; - Instalação de piezômetros na drenagem de
- Instalação de marcos superficiais; fundo;
- Medição de deslocamentos verticais e - Medição de poro-pressão na drenagem de
horizontais de marcos superficiais; fundo;
- Instalação de perfilômetros; - Vistorias de estruturas metálicas;
- Medição de recalques em perfilômetros; - Vistorias de estruturas de adução e descarte;
- Instalação de bench-mark; - Inspeção e medição de vazão de drenos
- Instalação de pinos e placas em galerias; horizontais e verticais;
- Medição de deslocamento de pinos e placas - Ensaio de granulometria;
em galeria; - Ensaio de palheta;
- Levantamento topográfico; - Sondagem à percussão com medida de spt;
- Levantamento batimétrico;
- Determinação do peso específico e teor de O sistema de monitoramento conta ainda
umidade do resíduo; com 82 poços de monitoramento da nova rede,
- Determinações das poro-pressões no resíduo; sendo 70 nas ARB’s e 12 na área da Planta,
- Determinação de ph, sólidos em suspensão, distribuídos conforme relacionado a seguir e ilus-
teor cáustico e teor alcalino; trado nas figuras 2.5 e 2.6:
- Medição de vazão de drenagem de fundo e
camada de detecção;

ARB 1: 13 poços;
ARB 2: 12 poços;
ARB 3: 13 poços;
ARB 4: 14 poços;
ARB 5: 18 poços.

Figura 2.5 – Poços de


monitoramento do
sistema da Alcoa
Figura 2.6 – Poços de
monitoramento do
sistema da Alcoa

51
Barragens de Rejeitos no Brasil

2.3.4 - Sistema Extravasor norte, que deságua no reservatório da ARB 4.


ARB 1: Ressalta-se que o sistema extravasor implantado
A ARB 1 encontra-se desativada, totalmente permanecerá em operação até a reabilitação final
preenchida com resíduos. Foi reabilitada, da ARB 4.
recoberta por vegetação e conta com um sistema O sistema extravasor da ARB 3 foi di-
de drenagem superficial implantado de acordo mensionado para um tempo de retorno de 100
com o preconizado pela NBR 10157, que anos e verificado para 500 anos.
recomenda a instalação de rede de drenagem ARB 4:
superficial para um evento de chuva com tempo O sistema extravasor da ARB 4 está localizado
de retorno de 25 anos. Como se trata de um na parede norte e descarrega no reservatório da
reservatório do tipo “off-stream” não há riscos de ARB 5. O vertedouro de superfície apresenta seção
enchentes e ruptura por galgamento. retangular (2,1 x 1,75 m).
ARB 2: A recuperação de sobrenadante na ARB 4 é
A ARB 2 encontra-se totalmente preenchida realizada por meio de um sistema de bom-
com resíduos e foi reabilitada com envelopamen- beamento, que é localizado próximo ao talude
to do resíduo com geomembrana impermeável, na curva sudoeste.
solo local, cinza das caldeiras e solo vegetal no O sistema extravasor da ARB 4 foi dimen-
topo do resíduo. Da mesma forma que na ARB 1, sionado para um tempo de retorno de 100 anos
foi implantado sistema de drenagem superficial, e verificado para 500 anos.
de acordo com o preconizado pela NBR 10157,
e revegetada. 2.4 - Aspectos Operacionais
Como se trata de um reservatório do tipo
“off-stream”, não há riscos de enchentes e ruptura Encontra-se em operação apenas as ARB’s 4
por “overtoping”. e 5. Da Refinaria, o resíduo é bombeado e
conduzido por meio de duas tubulações de 12"
ARB 3: diâmetro, a uma concentração de 15% a 25% de
O sistema extravasor da ARB3 é composto sólidos até as ARB’s (distância de 6 km), onde é
por um vertedouro em concreto armado de seção disposto (ver Figura 2.7).
retangular (2,10 x 1,75m), posicionada na parede

Figura 2.7 – Sistema de bombeamento de resíduo da ALUMAR

52
Barragens de Rejeitos no Brasil

O início de operação desta estrutura ocorreu camadas de proteção da geomembrana (solo local
em outubro de 2005, a partir da disposição dos e laterita) nos taludes internos.
resíduos por método convencional (“wet
disposal”). A ARB 4 se encontra em fase final de 2.5 - Plano de Fechamento
operação por disposição convencional. Está ARB 1:
previsto iniciar operação por “upstream stacking” O processo de reabilitação da ARB 1 iniciou
em outubro de 2012. em 1996, recobrindo a área com uma camada de
A ARB 4 saiu de operação em julho de 2011 40 a 50 cm de cinza proveniente da queima de
e a o sistema de disposição por “upstream carvão nas caldeiras da refinaria. Destaca-se que
stacking” encontra-se em fase de projeto não foi executada uma camada impermeabilizante
detalhado, com previsão para inicio de operação sobre a superfície dos resíduos.
para julho de 2012. A área (reservatório e taludes) se encontra
Já com relação à captação de água, cabe com vegetação bastante densa e árvores de
mencionar que o sistema de drenagem de fundo pequeno e médio porte. Foram plantadas mudas
é composto por camada de areia com 0,5 m de de espécies nativas e algumas espécies exóticas.
espessura, espalhada sobre a geomembrana e por
um conjunto de tubos de drenagem em formato ARB 2:
de espinha de peixe, de forma a cobrir toda a área Conforme mencionado anteriormente, a ARB
do fundo do reservatório. 2 se encontra reabilitada. A reabilitação consistiu
A base do reservatório, onde está posicionado na revegetação da área e impermeabilização da
o dreno de fundo, possui uma declividade de 0,5% superfície dos resíduos com geomembrana
de forma a proporcionar um escoamento no (envelopamento), com o objetivo de eliminar o
sentido da galeria. O sistema de coleta é composto contato das águas de chuva com o resíduo,
por dois tubos coletores principais de 12" de obtendo assim run-off livre de contaminação e
diâmetro, com cerca de 580 m de comprimento, pronto para descarte direto no meio ambiente.
aos quais são conectados tubos perfurados de 4" Resumidamente, o projeto de reabilitação da
ARB 2 envolveu os serviços principais:
de diâmetro, em ramificações de 45º, de forma
alternada a cada 8,85 m. – Sistema de infiltração para recuperação de soda;
A água captada segue para o tanque de coleta – Impermeabilização;
das ARB’s por meio de tubo coletor único de aço – Camadas de conformação (solo local, cinzas
carbono de 12" de diâmetro, que fica localizado oriundas das caldeiras da refinaria e solo vegetal);
no interior da galeria de drenagem, que é cons- – Drenagem Superficial.
tituída por tubo tipo ARMCO-MPIS2, com diâ-
metro de 2,15 m. A água coletada é bombeada Na ARB 2 foi projetado e implantado um
para o reservatório da ARB 4, de onde segue sistema para o reaproveitamento da soda cáustica
juntamente com o sobrenadante para a refinaria. existente no resíduo, utilizando injeção
Complementando a drenagem de fundo, controlada de água, por um sistema de infiltração
existe a Rede Coletora de Drenagem Periférica, implantado abaixo da impermeabilização que
a qual é constituída por tubulação em PEAD permite a recuperação da soda pela drenagem de
corrugado, com diâmetro de 4", perfurada, fundo ao longo de todo o ano.
envelopada com geotêxtil disposta aos pés dos ARB 3:
taludes internos (por sobre o selo de argila Conforme mencionado anteriormente,
compactada, na interseção com o talude), envolta encontra-se em fase de implantação as obras de
em areia. A rede coletora tem como principal reabilitação do depósito. A reabilitação prevê a
objetivo a drenagem do licor infiltrado nas revegetação da área e impermeabilização da

53
Barragens de Rejeitos no Brasil

superfície dos resíduos com geomembrana – Camadas de conformação (solo local e solo vegetal);
(envelopamento), com o objetivo de eliminar o – Drenagem Superficial.
contato das águas de chuva com o resíduo, Como no caso da ARB 2, na ARB 3 foi
obtendo assim run-off livre de contaminação e projetado e está sendo implantado um sistema para
pronto para descarte direto no meio ambiente. o reaproveitamento da soda cáustica existente no
Resumidamente, o projeto de reabilitação da ARB resíduo, utilizando injeção controlada de água, por
3 prevê os seguintes itens: um sistema de infiltração localizado abaixo da
– Sistema de infiltração para recuperação de soda; impermeabilização, que permite a recuperação da
– Impermeabilização; soda pela drenagem de fundo.
2.6 - Ficha Técnica

Tabela 2-1 - Resumo das Principais Características da ARB 1


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Duas etapas
Finalidade Disposição de resíduos.
Empresas Projetistas Natron
Data Conclusão 1983 (1ª etapa) e 1987 (2ª etapa)
Cota da Crista 60,0 m
Altura Máxima 22,0 m
Comprimento da Crista 2.360,0 m
Área do Reservatório 220.000 m²
Volume Reservatório 2.400.000 m³
Tipos de Seção Solo Compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados
Instrumentação Medidor de vazão.

Tabela 2-2 - Resumo das Principais Características da ARB 2

DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Única
Finalidade Disposição de resíduos.
Empresas Projetistas NATRON, ENGERIO e LPS
Data Conclusão 1990
Cota da Crista 51,5 m
Altura Máxima 17 m
Comprimento da Crista 2.350 m
Área do Reservatório 320.000 m²
Volume Reservatório – Etapa 1 4.045.000 m³
Volume Reservatório – Etapa 2 1.138.000 m³
Tipos de Seção Solo Compactado e empilhamento “Upstream Stacking”.
Drenagem Interna Camada de areia de 50 cm de espessura e tubos perfurados
Instrumentação Medidores de recalque, marcos e medidor de vazão.

54
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 2-3 - Resumo das Principais Características da ARB 3

DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Duas etapas
Finalidade Disposição dos resíduos.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão 1ª Etapa em 1997 e 2ª etapa em 2000 (construção)
Cota da Crista 51,5 m
Altura Máxima 23,5 m
Comprimento da Crista 2.350 m
Área do Reservatório 360.000 m²
Volume do Reservatório 6.400.000 m³
Tipos de Seção Solo Compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados
Instrumentação Marcos superficiais, placas de recalque e medidor de vazão.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 343.000 m²
Tempo de Concentração 0,331 h
Precipitação (TR=100 anos) 101,72 mm
Vazão Máxima Afluente 10,55 m³/s
Vazão de Projeto 1,654 m3/s
NA Máximo Operacional 50,50 m
Borda Livre (NA máx Max) 0,13 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Tipo calha da ARB 3 p/ ARB 4 – extravasor em desativação.

Tabela 2-4: Resumo das Principais Características da ARB 4


DADOS GERAIS
Etapa Construtiva Uma etapa
Finalidade Contenção e armazenamento dos resíduos.
Empresas Projetistas LPS Consultoria e Engenharia LTDA
Data Conclusão 2005
Cota da Crista 51,5 m
Altura Máxima 23,5 m
Comprimento da Crista 2.420 m
Área do Reservatório 390.000 m²
Volume do Reservatório 5.400.000 m³
Tipos de Seção Solo Compactado
Drenagem Interna Camada de areia no fundo com 50 cm e tubos perfurados
Instrumentação Medidor de vazão

55
Barragens de Rejeitos no Brasil

Cont. Tabela 2-4

HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 393.000,00 m²
Tempo de Concentração 0,250 horas
Precipitação (TR=100 anos) -
Vazão Máxima Afluente 15,82 m³/s
Vazão de Projeto 0,59 m³/s
Borda Livre (NA máx Max) 0,49 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Tipo calha

2.7 - Agradecimentos – Documento s/ n° - “Apresentação das ARB’s


– Lagos e ARB’s – Alumar.
O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no – Desenhos dos Projetos das ARB’s: 1, 2 3 e 4
item seguinte. – projetista: LPS Engenharia
O CBDB agradece ao Consórcio Alumar, – Laudo Técnico - Área de Disposição de
pela autorização concedida na divulgação dos Resí-duos de Bauxita - ARB 1 (AM-102- LT-
dados, à Pimenta de Avila Consultoria, pela 15021-01). Elaborado pela Pimenta de Avila
disponibilização dos recursos, ao Engº. Rafael Consultoria em janeiro de 2009;
Jabur Bittar, pela elaboração do texto, e aos Engos
Geraldo Paes e Márcia Salomão, pela revisão do – Laudo Técnico - Área de Disposição de
mesmo. Resíduos de Bauxita - ARB 1 (AC-312-LT-
20531-00). Elaborado pela Pimenta de Avila
2.8 - Referências Consultoria em maio de 2010;
– Documento s/ n° - “25 Year Masterplan for – Planilha de monitoramento dos underdrains,
Bauxite Residue Disposal 2003-2008 – fornecido pela Alumar em novembro de 2010;
Elaborado pela Alumar”. – Planilha com dados pluviométricos e de
– Relatório MA-579-006-RT. Análise de evaporação, fornecido pela Alumar em
Monitoramento das ARB´s e Lago de Detenção novembro de 2010.
1. Elaborado pela LPS em jan/2007.
– Documento s/n. “Reabilitação da Área de
– Relatório MA-503-001-RT – Volume I – Resíduos de Bauxita 2 – ARB#2 - RELATÓRIO
Descrição. “Plano de Monitoramento das
FINAL”. Elaborado pela LPS em mar/2005.
Áreas de resíduos de Bauxita e Lagos da
Fábrica”. Elaborado pela LPS em jan/2003. – Documento s/n. “Reabilitação da Área de
Resíduos de Bauxita 2 – ARB#2 - RELATÓRIO
– Relatório MA-503-001-RT – Volume II –
FOTOGRÁFICO”. Elaborado pela LPS em mar/
Especificações Técnicas. “Plano de Monitora-
2005.
mento das Áreas de Resíduos de Bauxita e
Lagos da Fábrica”. Elaborado pela LPS em jan/ – Laudo Técnico - Área de Disposição de
2003. Resíduos de Bauxita - ARB2 (AM-102- LT-

56
Barragens de Rejeitos no Brasil

15022-01). Elaborado pela Pimenta de Avila


Consultoria em janeiro de 2009;
– Laudo Técnico - Área de Disposição de
Resíduos de Bauxita - ARB2 (AC-312- LT-
20532-00). Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em maio de 2010;
– Planilha de monitoramento dos underdrains,
fornecido pela Alumar em novembro de 2010;
– Planilha com os dados das placas de
recalque e marcos superficiais, fornecido pela
Alumar em novembro de 2010.
– Resultados dos Ensaios de Laboratório.
Executados e elaborados pela Tecnosonda.
– Laudo Técnico - Área de Disposição de
Resíduos de Bauxita - ARB3 (AM-102- LT-
15023-01). Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em janeiro de 2009;
– Laudo Técnico - Área de Disposição de
Resíduos de Bauxita - ARB3 (AC-312-LT-20533-
00). Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em maio de 2010;
– 15024-01). Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em janeiro de 2009;
– Laudo Técnico - Área de Disposição de
Resíduos de Bauxita - ARB4 (AC-312-LT-20534-
00). Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em maio de 2010;
– Relatório MA-593-017-PR.“Programação das
Investigações Geotécnicas”. Setembro/2006.

57
Barragens de Rejeitos no Brasil

58
Barragens de Rejeitos no Brasil

3 - ALUNORTE - ALUMINA DO NORTE DO BRASIL

Figura 3.1 – Imagem aérea do DRS

59
Barragens de Rejeitos no Brasil

3.1 - Apresentação Já a segunda expansão teve início em julho


A Alunorte - Alumina do Norte do Brasil S.A de 2003, com conclusão no início de 2006,
– obtém alumina (Al2O3) utilizando o processo quando a empresa chegou a uma capacidade de
Bayer. Resultante deste processo, obtém-se produção de 4,4 milhões de toneladas de alumina
também um resíduo insolúvel, gerado durante a por ano.
etapa de clarificação, o qual é comumente Ainda em 2006, a Alunorte iniciou a
denominado de lama vermelha (red mud). terceira expansão. Em agosto de 2008, as obras
Este resíduo é transportado, via caminhões desta expansão foram concluídas, o que
com teor de sólidos próximos de 60%, para uma capacitou a empresa para produzir 6,26 milhões
área denominada Depósito de Resíduos Sólidos de toneladas de alumina por ano, passando a
(DRS), Área 54, localizada a aproximadamente ser responsável por 7% da produção mundial
1500 m da fábrica, e depositado pela técnica de alumina.
conhecida como “dry stacking”.
A fábrica iniciou suas operações em julho 3.2 - Localização
de 1995 e desde então já realizou três grandes A Alunorte - Alumina do Norte do Brasil
expansões, que a colocaram na posição de maior S.A - está localizada em Barcarena, município
produtora de alumina do mundo. situado a 123 km de Belém, no estado do Pará.
Em 2000, iniciou-se o primeiro projeto de O Depósito de Resíduos Sólidos, DRS, está
expansão da refinaria, que foi concluído em 2003. localizado nas coordenadas geográficas UTM:
Com a ampliação, a capacidade produtiva passou 89.828.500 Norte e 754.000 Leste, Fuso 22 -
de 1,6 para 2,45 milhões de toneladas de alumina Datum SAD 69.
por ano, aumentando em 50% a capacidade A Figura a seguir apresenta mapa de
produtiva da empresa. localização da Alunorte.

Figura 3.2 – Mapa de


Situação do
empreendimento

60
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 3.3 – Planta do DRS

3.3 - Descrição Geral


As bacias de controle, por sua vez, possuem
3.3.1 - Dados Gerais
um sistema de bombeamento, que bombeia a água
Em linhas gerais a Área 54, onde se insere o efluente para a Estação de Tratamentos de
DRS, é contornada por diques periféricos Efluentes Industriais (ETEI), Área 82A/B/C. Na
(paredes) em toda a sua extensão. Estas paredes ETEI, a água é tratada, sendo os parâmetros de
são denominadas de parede norte, sul, leste e qualidade definidos pela legislação adequados, de
oeste, em função de sua posição em relação à forma a possibilitar o seu descarte em um corpo
planta de alumina. Nestas paredes, estão instaladas receptor de acordo com a sua classificação.
as estruturas extravasoras, chamadas de rápidos, Todo o depósito, bem como as estruturas
operados por meio de stop-logs. Contornando associadas, é revestido com geomembrana de
todo o reservatório, existem canais (canais de PEAD, com o objetivo de impermeabilizar estas
contorno) que recebem o efluente líquido estruturas.
proveniente da polpa (efluente) e a água de chuva, A Figura acima apresenta a planta do DRS,
conduzindo-os até as bacias de controle (BC’s). destacando suas estruturas.

61
Barragens de Rejeitos no Brasil
das paredes. Estas frentes passam por um rodízio
O DRS é contornado por diques construídos de modo a garantir um período mínimo sem
em solo compactado, com altura média de 14 m. lançamento num mesmo ponto, com o objetivo
O método de disposição de rejeitos de aumentar o teor de sólidos e o ganho de
praticado na Alunorte, dry stacking, foi concebido resistência do material e, desta forma, possibilitar
tendo como principais condicionantes a o avanço da plataforma.
otimização da área de armazenamento e a menor
quantidade de água presente no resíduo. 3.3.2 - Etapas de Construção
Pode-se afirmar que, dentre os métodos de
disposição “a seco”, este é o comumente aplicado Ao todo, o DRS já passou por nove das dez
à lama vermelha (red mud), no qual o lançamento expansões previstas até então. No DRS em
e a disposição do resíduo se dão de forma operação houve sete expansões, correspondentes
planejada, com a formação de uma pilha de rejeito. à implantação das células 1 a 7 (CL1 à CL7). Em
Na Alunorte, o rejeito sofre uma filtragem 2009, foi construída a CL1; em 2010 a CL2.A CL3
com a finalidade de reduzir sua umidade, processo será construída em duas etapas, a primeira em
conduzido pela operação de vinte “filtros tambor”. 2011 e a segunda em 2012. Considerando-se as
Após tal processo, a lama vermelha é transportada referidas expansões, o sistema têm previsão de
por caminhões até a plataforma de lançamento, vida útil para disposição de rejeito até 2016.Após
posicionada a 40 m do fundo do depósito. esta data uma nova área, que já encontra-se em
Os pontos de lançamento de lama são fase de estudo conceitual, deverá ser implantada
delimitados de acordo com a necessidade de para a disposição do rejeito.
avanço da plataforma, distribuição homogênea da A Figura 3.4 apresenta um panorama das
pilha de rejeito e disponibilidade de borda livre expansões do DRS.

Figura 3.4 - Vista geral do DRS e suas Expansões

3.3.3 - Geologia e Fundações constituído de argilas, siltes e areias finas, podendo


apresentar leitos de areias e conglomerados.
Regionalmente, as litologias representativas Os sedimentos Pós-Barreiras são argilo-
constituem-se de sedimentos aluvionares do arenosos, de cor amarela e avermelhada,
Quartenário, sedimentos Pós-Barreira e Barreiras. ocorrendo na porção norte e nordeste de
O Grupo Barreiras é a unidade predomi- Barcarena, nas Ilhas Trambioca, das Onças e do
nante no município de Barcarena, sendo Arapari.

62
Barragens de Rejeitos no Brasil

Os sedimentos aluvionares estão distribuídos alcalinidade; temperatura; demanda bioquímica de


nas zonas de praias e estirâncios, além das várzeas e oxigênio (DBO); demanda química de oxigênio
igarapés. São caracterizados por sedimentos (DQO); sódio; alumínio; cálcio; ferro; magnésio;
compostos de argilas brancas e avermelhadas e areia sílica; sulfato, óleos e graxas (O&G) e oxigênio
branca inconsolidada de granulação fina a média. dissolvido (OD).
Investigações geológicas em áreas próximas O objetivo do programa de monitoramento
mostraram que os solos descritos têm é permitir análises físico-químicas e bacterioló-
comportamento similar ao longo do trecho de gicas em águas superficiais, subterrâneas e em
ocorrência. A camada superior de solo é efluentes presentes na unidade industrial da
geralmente pouco espessa e encontra-se em Alunorte, bem como comparar os resultados com
estado fofo, com baixos valores de SPT. os padrões aceitáveis pela legislação ambiental
A camada abaixo se encontra geralmente vigente (Resolução Conama 357/05).
compacta a muito compacta, e os SPTs atingem
valores compreendidos entre 15 e 25 golpes. Monitoramento da qualidade da água
Os ensaios de laboratório realizados superficial:
indicaram baixa compressibilidade do material e Até 2010, o monitoramento da qualidade da
permeabilidades com ordens de grandeza água superficial contava com quatro pontos de
variando comumente entre 10-3 a 10-5 cm/s. coleta de água, nos seguintes locais: rio Pará;
nascente do rio Murucupi; Clube 1 e Igarapé
3.3.4 - Monitoramento Pramajozinho.
O controle de deformações no talude de Uma recapacitação dos pontos de
jusante é realizado por meio de marcos monitoramento de água superficial está prevista
superficiais de concreto, com medições com a instalação de mais cinco pontos de
topográficas dos deslocamentos. Os marcos monitoramento localizados nos seguintes locais:
superficiais estão instalados na crista dos diques Igarapé Água Verde; Igarapé Pramajozinho; Igarapé
e nas bermas do talude de jusante. Murucupi; Igarapé Murucupi; a leste do DRS.
A figura 3.5 mostra toda a rede de
3.3.5 - Sistema Extravasor monitoramento de água superficial da Alunorte,
O sistema extravasor do DRS é composto existente e a ser implantada.
por um conjunto de extravasores (“rápidos”)
instalados nos diques, operados por meio de stop- Monitoramento da qualidade da água
logs. À medida que o nível do rejeito aumenta, as subterrânea:
placas de stop-logs são inseridas de maneira a Este monitoramento teve inicio em 2004, com
permitir somente a passagem de água. três poços (P1, P2 e P3) nos quais era analisado
De acordo com os estudos e adequações apenas o parâmetro pH. Em 2010, houve uma
realizadas em 2009, a área 54 é capaz de recapacitação dos pontos de monitoramento de
armazenar todo o efluente gerado a partir de água subterrânea, sendo que a rede atual é
eventos de precipitações associadas a tempos de apresentada na figura a seguir.
retorno de 10.000 anos.
3.5 - Plano de Fechamento
3.4 - Aspectos Ambientais As diretrizes para o fechamento das
O monitoramento das águas superficiais e estruturas são voltadas principalmente para a
subterrâneas realizado na Alunorte busca estabilização das condições geoquímicas e
abranger a área de influência do DRS, sendo geotécnicas da área impactada pela disposição dos
monitorados parâmetros relacionados a: resíduos e para a recuperação ambiental do local,

63
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 3.5 - Localização dos pontos de


monitoramento das águas superficiais
buscando o equilíbrio paisagístico. O conjunto
dessas medidas abrange o final da operação e o
descomissionamento do depósito, bem como, a
reabilitação e o monitoramento da área,
Figura 3.6 - Localização dos poços de monitoramento
das águas subterrâneas no entorno do DRS.
assegurando, assim, o sucesso do fechamento. Em
síntese, as atividades de fechamento e reabilitação
devem ser planejadas de maneira a atender aos
seguintes pontos:

- Tornar a área afetada pela operação da


estrutura do DRS capaz de oferecer condições
de estabilidade, segurança e sustentabilidade
ao longo do tempo;
- Preservar o meio ambiente dos agentes de
deterioração química e física;
- Restabelecer a drenagem da área;
- Recompor a vegetação em todos os locais
possíveis;
- Comprovar o sucesso do fechamento;
- Permitir um uso benéfico e sustentável da
área por longo prazo;
- Minimizar os impactos socioeconômicos.

O DRS em operação se encontra em fase


final de vida útil, com início de fechamento previsto
para até 2013.

64
Barragens de Rejeitos no Brasil

3.6 - Ficha Técnica

Tabela 3-1 - Descrição resumida das principais


informações do DRS (Abril/2011).

SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS DA ALUNORTE


SISTEMA (DRS + CL1 + CL2 + CL3)

INFORMAÇÕES GERAIS
Localização Barcarena, Pará Altura máxima 12,00m (EL 21,00 m)
Coordenadas 89.828.500 Norte Parede Leste
e 754.000 Leste Comprimento 985,00 m
Início de construção 1995 Altura máxima 8,00 m (EL 18,00 m)
Previsão de vida útil 2016 Parede Oeste Coincidente com a parede
Área 256,40 hectares leste do DRS atual
Temperatura média anual 26° C CÉLULA LESTE CL2
Precipitação média anual 1.950 mm Parede Norte
RESERVATÓRIO Comprimento 640,00 m
Capacidade de Altura máxima 12,00 m (EL 21,00 m)
armazenamento 21.951.738 m3 Parede Sul
DIQUES Comprimento 420,00 m
DRS ATUAL Altura máxima 13,50 m (EL 23/22,00 m)
Parede Norte Parede Leste
Comprimento 1.270 m Comprimento 600,00 m
Altura máxima 13,00 m (EL 21,00 m) Altura máxima 13,00 m (EL 22,00 m)
Parede Sul Parede Oeste Coincidente com a parede
Comprimento 945,00 m leste da CL1
Altura máxima 17,00m (EL 25,00 m) CÉLULA LESTE CL3
Parede Leste Parede Norte
Comprimento 1.170,00 m Comprimento 1.200,00 m
Altura máxima 15,00 m (EL 25/21,00 m) Altura máxima 13,50 m (EL 21,00 m)
Parede Oeste Parede Sul Coincidente com a parede
Comprimento 800,00 m norte da CL1/2
Altura máxima 14,00 m (EL 23/21,00 m) Parede Leste
CÉLULA LESTE CL1 Comprimento 560,00 m
Parede Norte Altura máxima 13,50 m (EL 21,00 m)
Comprimento 480,00 m Parede Oeste
Altura máxima 10,50 m (EL 25/23,00 m) Comprimento 400,00 m
Parede Sul Altura máxima 13,50 m (EL 21,00 m)
Comprimento 400,00 m

65
Barragens de Rejeitos no Brasil

3.7 - Agradecimentos - RT-3540-54-G-954-R01- Depósito de


Resíduos - Área 54 - Consolidação de dados,
O texto apresentado neste capítulo foi critérios e premissas do Plano de Lançamento
elaborado com base nas referências indicadas no e Manual de Operação - Relatório Técnico..
item seguinte. Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
O CBDB agradece à Alunor te, pela em 2010. Relatório Técnico.
autorização concedida na divulgação dos dados,
- RT-3540-54-G-915-R01- Plano de Curto
à Pimenta de Avila Consultoria, pela
Prazo de Lançamento de Resíduos Sólidos..
disponibilização dos recursos, e à Engª. Luciana
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
Moraes Kelly Lima, pela elaboração do texto.
em 2010. Relatório Técnico.
3.8 - Referências - RT-3540-54-G-101-R01- Plano de Médio
Prazo de Lançamento de Resíduos Sólidos.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
- RT-3540-54-G-881-R02 - Sinopse Climática.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria em 2010. Relatório Técnico.
em 2009. Relatório Técnico. - RT-3540-54-G-085-R00- Plano de Gestão de
- RT-3540-54-G-810-R01 - Depósito de Águas – Relatório de Consolidação de Dados
Resíduos Sólidos - Área 54A - Projeto e Visita de Campo. Elaborado pela Pimenta de
Executivo - Célula Leste - CL-1-Relatório. Avila Consultoria em 2010. Relatório Técnico.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria - AN-501-RL-5413-00 - Plano de Fechamento
em 2009. Relatório Técnico. - Depósito de Resíduos Sólidos – DRS - Área
- RT-3540-54-G-884-R01- Avaliação do DRS 54a. Elaborado pela Pimenta de Avila
Frente a Ocorrência de Cheias. Elaborado pela Consultoria em 2004. Relatório Técnico.
Pimenta de Avila Consultoria em 2009. - RT-3540-54-G-088-R01- Consolidação e
Relatório Técnico. Considerações sobre o Monitoramento dos
- RT-3540-54-G-893-R01 - Regras de Efluentes Gerados na Planta Industrial.
Operação e Alerta dos Reservatórios do DRS Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
e Célula Leste Frente a Ocorrência de Cheias. em 2011. Relatório Técnico.
Relatório Técnico. - RT-3540-54-G-087-R01- Consolidação e
- RT-3540-54-G-873-R01 - Depósito de Considerações sobre o Monitoramento das
Resíduos - Área 54 –Manual de Operação do Águas Superficiais e Subterrâneas da Área de
Sistema de Rejeitos. Elaborado pela Pimenta Influência do DRS. Elaborado pela Pimenta de
de Avila Consultoria em 2010. Relatório Avila Consultoria em 2011. Relatório Técnico.
Técnico. - RT-3540-54-G-086-R01- P Plano de Gestão
- RT-3540-54-G-885-R01 - Avaliação do DRS de Águas – Balanço Hídrico. Elaborado pela
e Expansões Frente a Ocorrência de Cheias. Pimenta de Avila Consultoria em 2004.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria Relatório Técnico.
em 2010. Relatório Técnico. - RT-3540-54-G-016-R01- Célula Leste CL3 -
- RT-3540-54-G-899-R01- Célula Leste – CL1/ Projeto Executivo - Relatório Técnico do
2/3 - Dimensionamento dos Reservatórios - Projeto e Documentos Anexos. Elaborado pela
Nota Técnica. Elaborado pela Pimenta de Avila Pimenta de Avila Consultoria em 2004.
Consultoria em 2010. Relatório Técnico. Relatório Técnico.

66
Barragens de Rejeitos no Brasil

4 - ANGLO GOLD ASHANTI - MINA DO QUEIROZ

Figura 4.1 - Foto aérea das instalações da Mina do Queiroz

67
Barragens de Rejeitos no Brasil

4.1 - Apresentação A partir do ano de 1995, foram sistema-


A Anglogold Ashanti Córrego do Sítio ticamente instituídos procedimentos de
Mineração (AGACSM) opera algumas minas e gerenciamento das atividades de operação e
plantas metalúrgicas para beneficiamento de minério monitoração das barragens de rejeitos integrantes
aurífero na região de Minas Gerais e Goiás. do sistema, inserindo nestes a criação de uma
equipe permanente de fiscalização e controle.
A AGACSM mantém, desde a década de 1940,
um sistema de deposição de seus rejeitos
4.2 - Localização e Acessos
industriais na região do vale do Queiroz.
Inicialmente, tratava-se de uma barragem A Planta Industrial do Queiroz está situada
interposta ao vale do Queiroz, à altura do antigo no Município de Nova Lima-MG, próximo à divisa
bairro do Galo, em Nova Lima (denominada com o Município de Raposos, em região da Bacia
Barragem de Queiroz), a qual assegurou a Hidrográfica do Córrego do Queiroz, afluente do
deposição dos rejeitos da Empresa até meados Rio das Velhas, na região do chamado Quadrilátero
do ano de 1954, com a acumulação, neste período, Ferrífero de Minas Gerais.
de cerca de 2,5 milhões de m³.
A partir de 1981, este sistema foi ampliado
com a construção de mais duas barragens,
Rapaunha e Cocuruto, que passaram a operar no
final do ano de 1982, além da barragem Calcinados,
construída em 1986, de forma a adequar o sistema
às necessidades decorrentes da expansão da
Empresa (Projeto Cuiabá/ Raposos).
Estas barragens, de um modo geral, foram
concebidas com previsão de serem alteadas à
medida que venha a ocorrer a ocupação do seu
reservatório pelos rejeitos lançados. Para tanto,
o programa de deposição previu as seguintes
capacidades, já considerando os alteamentos
supramencionados:
Figura 4.2 – Localização da Planta Industrial do
- Barragem de Cocuruto Queiroz (AngloGold Ashanti)
– capacidade: 4 milhões de m³; (Fonte: IGA - Instituto de Geociência Aplicada)
- Barragem de Rapaunha
– capacidade: 17 milhões de m³;
A Planta Metalúrgica do Queiroz possui uma
- Barragem de Calcinados
área útil de 480.000 m², incluindo, além da planta
– capacidade: 12 milhões de m³;
de beneficiamento industrial propriamente dita,
- Barragem de Queiroz
três barragens e seis valas para disposição de
– capacidade: 12 milhões de m³.
rejeitos. O acesso ao empreendimento, partindo-
Encontram-se sob utilização os reservatórios se de Belo Horizonte, pode ser feito por meio da
das barragens de Rapaunha e Calcinados. rodovia MG-030.
Futuramente, exaurida a capacidade de deposição A planta possui duplo circuito, denominado
na barragem de Rapaunha, virá a ser promovido Cuiabá - Raposos, alimentado pelo minério
o alteamento da Barragem de Cocuruto, o que sulfetado da Mina de Cuiabá, transportado por
dará vez à chamada barragem do Queiroz, o que meio de um teleférico com 15 km de extensão e
irá capacitar aquele reservatório a um incremento capacidade nominal instalada de 830.000
de deposição de cerca de 12 milhões de m³. toneladas de minério por ano. O concentrado do

68
Barragens de Rejeitos no Brasil

minério da Mina de Cuiabá, através das etapas de conjunto de valas de deposição de arsenato
ustulação (que corresponde à oxidação ou férrico (lama de gesso).
queima do minério na presença de oxigênio e O rejeito gerado no processo de
temperatura elevada) e a hidrometalurgia beneficiamento do minério é conduzido para
(responsável pela extração do ouro contido no tanques na unidade industrial e então bombeado
minério). O produto final obtido são os metais para as barragens por meio de tubulações em
ouro e prata, e o ácido sulfúrico.A produção média PEAD ou aço carbono, suportadas por estruturas
mensal (2010) é de 800 Kg de ouro, 60 Kg de metálicas, por caminhamento sempre em nível
prata e 17.500 toneladas de ácido sulfúrico. ascendente.
No Circuito de Cuiabá, para a recuperação Na barragem do Rapaunha, que abriga os
do ouro no processo industrial, foi necessário rejeitos inertes, esses são lançados na posição
introduzir a tecnologia de ustulação. Uma vez que mais a montante possível, de tal maneira que a
o processo de ustulação retém os gases de SO2, formação da praia ocorra no sentido de extremo
foi viabilizada a construção de uma fábrica de ácido montante para o barramento, onde está
sulfúrico. Parte do material resultante da ustulação posicionado o lago e o sistema de captação de
volta para receber o processo de cianetação, e os água para recirculação e aproveitamento nas
resíduos são encaminhados para a Barragem de operações industriais.
Calcinados e para valas de lama arsenical. Na barragem de Calcinados, que abriga
rejeitos não inertes, esses são lançados por meio
4.3 - Descrição do Sistema de espigotes posicionados sobre o barramento,
O sistema de deposição de rejeitos formando a praia no sentido montante-jusante.
industriais processados pela AngloGold Ashanti Na posição de montante, próximo à ombreira
Brasil Mineração, na sua Instalação de esquerda, um lago protegido por dique é formado,
Beneficiamento localizada no Queiroz, é contido e o sobrenadante é bombeado para uma estação
em três reservatórios e mais um sistema de valas de tratamento de efluentes.
fechadas, todos eles localizados no vale do A barragem do Cocuruto, não vem
Queiroz, que se situa na mesma bacia hidrográfica recebendo rejeitos por estar com sua capacidade
da Planta Industrial do Queiroz.A operação deste volumétrica tomada. Quando de sua operação, os
sistema foi iniciada no ano de 1944 com a rejeitos eram conduzidos por gravidade por meio
primitiva barragem ali existente. Nos tempos atais, de canaletas construídas em concreto e lançadas
contempla as seguintes barragens de rejeitos: de tal como em Rapaunha, na posição mais a
Cocuruto; de Rapaunha; de Calcinados; e o montante possível.

Figura 4.3 -
Seção
esquemática
da Barragem
do Rapaunha

69
Barragens de Rejeitos no Brasil

4.3.1 - Barragem do Rapaunha El. 853,50 m. O final de sua vida útil está prevista
A barragem de rejeitos de Rapaunha, para ocorer até o ano de 2025, mantidas as taxas
construída a montante e simultaneamente com a de produção previstas até então. Após este
Barragem de Cocuruto, encontra-se sem receber período, prevê-se disponibilizar a Barragem do
aporte de rejeitos, servindo apenas como Queiroz, como abordado anteriormente.
reservatório de água para suprimento à planta
metalúrgica. O aporte de rejeitos foi interrom- 4.3.2 - Barragem do Cocuruto
pido desde a entrada em operação da Planta A barragem de Cocuruto, que consiste em
Metalúrgica de Cuiabá. um alteamento da antiga barragem da MMV, que
A barragem de rejeitos de Rapaunha situa- veio a operar até o ano de 1957, teve sua
se no vale Queiroz, e foi concebida para que sua construção e início de operação em meados de
construção ocorresse em fases, de acordo com a 1983, havendo sido utilizada até o final do ano de
necessidade de enchimento do reservatório. A 1985, quando teve esgotada a sua capacidade
capacidade total de deposição em seu reserva- adicional do alteamento, sendo que a disposição
tório é de cerca de 17 milhões de toneladas de desses rejeitos passou a ser feita no reservatório
rejeitos, aproximadamente 10 milhões de metros da barragem Rapaunha.
cúbicos. A barragem do Cocuruto tem previsão de
Sua crista encontra-se na El. 856,50 m (topo ser alteada futuramente, a partir de quando terá
do muro de concreto posicionado sobre a crista sua capacidade acrescida em aproximadamente
da barragem), e o nível d’água do reservatório na 12 milhões de metros cúbicos, em decorrência
da elevação de sua crista em mais 20 metros.

Figura 4.4 - Seções da barragem do Cocuruto e Calcinados

4.3.3 - Barragem de Calcinados do excedente da fração líquida do reservatório


de retorno para a Planta Industrial.
A Barragem de Calcinados foi construída em
O maciço original foi construído de um
1986, passando a operar desde então, destinando- núcleo de aterro argiloso compactado, tendo sua
se aos depósitos de rejeitos calcinados crista situada na cota 830 m. Os alteamentos são
processados na Planta do Queiroz. Esta barragem feitos tendo como material de construção os
não descarta efluentes para jusante, contendo rejeitos ciclonados (underflow) provenientes do
para isso dispositivos especiais que lhe asseguram processo da ciclonagem dos rejeitos gerados na
a operação em regime de “circuito-fechado” Planta. O mesmo foi executado pelo método
mantendo bombeamentos dos fluxos internos e construtivo “centerlining” (linha-de-centro), até

70
Barragens de Rejeitos no Brasil

atingir a El. 846 m. A partir desta cota, os do Rejeito da Flotação. Considerando-se as


alteamentos passaram a ser realizados por condições de projeto até então adotadas, prevê-
jusante, utilizando para tanto material ciclonado se que a Barragem de Calcinados atinja a El. 860
do rejeito originário do circuito de Raposos e m após os próximos alteamentos.

Figura 4.5 - Seção típica da barragem do Calcinados

4.4 - Geologia e Fundação do Grupo Nova Lima é localmente cortado por


diques metadiabásicos e veios de quartzo de
O maciço de fundações, excetuado seu espessura métrica, caracterizados geomorfologi-
recobrimento coluvionar e horizontes superficiais camente por cristas ou cordões realçados na
mais alterados, é relativamente homogêneo, topografia, graças a sua maior resistência aos
embora anisotrópico devido à xistosidade. processos de erosão e denudação.
Quanto às propriedades hidráulicas do solo A área é recoberta por espesso manto de
da fundação, o mesmo apresentabaixas permea- intemperismo, proveniente da alteração dos xistos
bilidades, da ordem de 10-5 cm/s, devido à presença metassedimentares. O perfil típico do manto de
de siltes micáceos. intemperismo apresenta, a partir da superfície,
Os filitos apresentam-se alterados, por vezes uma camada de argila pouco arenosa, amarela ou
na forma de solo residual resistente, competentes marrom, pouco espessa, de consistência mole, uma
para garantir a estabilidade das fundações das camada de silte argiloso vermelho, pouco
barragens de terra, apresentandobons parâmetros consistente, com espessura de poucos metros;
de resistência à penetração. uma camada de silte arenoso, pouco compacto,
Os filitos se apresentam menos alterados na geralmente róseo; uma camada de xisto alterado,
ombreira esquerda e na região de descarga das compacto, com coloração variegada (rosa,
vazões. vermelho, marrom, amarelo); e finalmente o xisto
A área da bacia de deposição de rejeitos é são, com coloração esverdeada. A estrutura mais
caracterizada pela ocorrência da série Rio das marcante dos xistos é a foliação, representada
Velhas, com predominância de rochas do Grupo pelos seus planos de xistosidade, que assumem
Nova Lima. Esse grupo é representado princi- localmente direção variando de N10 a N30, com
palmente por xistos e filitos metassedimentares mergulhos acentuados para SE.
e metavulcanicos e, secundariamente, por A margem direita do vale apresenta
Formação Ferrífera laminada e conglomerado de inclinação média, da ordem de 11º, sendo coberta
matriz xística, na forma de camadas descontínuas por manto de intemperismo de espessura de 15
ou lentes de médio porte. O pacote estratigráfico a 25 metros. O perfil do subsolo apresenta

71
Barragens de Rejeitos no Brasil

basicamente uma camada superficial de argila auxiliares, como as “cartas de risco”, entre
siltosa mole, marrom ou amarela, com espessura outras, no conhecimento teórico e na
média de 2 metros. Sobrejacente ao solo residual experiência acumulada, tanto com as atuais
de xisto, constituído inicialmente por uma camada estruturas quanto com estruturas semelhantes;
de silte argiloso de consistência média, sem d) Aplicação de medidas de controle, quando
estrutura preservada, passando gradativamente a for o caso.
rijo e duro com xistosidade preservada, sendo que
o índice de resistência à penetração SPT cresce As estruturas seguintes são objeto de
com a profundidade, até ser alcançado o monitoramento e controle. Cada uma delas
impenetrável, representado pela superfície de abordada de forma conveniente, em destacado,
rocha alterada. na sequência do Manual de Operação:
A calha do rio apresenta material impene- - Barragens;
trável a percussão em profundidades de 5 a 15 - Vertedouro de Emergência;
metros – xisto alterado. Sobre esse material, - Tubulação de Rejeitos;
ocorrem solos silto argilosos de consistência rija - Bombas Flutuantes;
a média, aparecendo ainda uma camada superficial - Tubulação de Recirculação de Água;
descontínua de argila siltosa mole. De uma - Estação de Tratamento de Efluentes;
maneira geral, o coeficiente de permeabilidade - Corta-rio;
dos solos varia de 3 x 10-5 cm/s a 2 x 10-4 cm/s. - Sistema de Coleta e Bombeamento de
A margem esquerda apresenta inclinação Água Percolada;
acentuada, com trechos bastante íngremes. Existe - Reservatórios das Barragens.
uma camada superficial de argila, que se apresenta O monitoramento da segurança da barragem
descontínua em face de escavações anteriormente é feito utilizando-se dos seguintes tipos de
realizadas na área, com espessura média de 2 m. instrumentos:
Sob essa camada, ocorrem solos residuais de xisto, - marcos superficiais;
constituídos de silte argiloso de consistência - edidor de vazão;
média a rija, apresentando índice de resistência à - régua graduada e pluviômetro;
penetração crescente com a profundidade, até a - piezômetros e medidores de nível d’água;
superfície da rocha alterada. O coeficiente de
permeabilidade é da ordem de 10-5 cm/s. Com as informações obtidas nas inspeções
periódicas e na leitura dos instrumentos, e de
posse de outros parâmetros determinados, pode-
se avaliar a segurança da barragem para as
4.5 - Monitoramento e Controle do
condições de ruptura por: erosão interna,
Sistema
cisalhamento ou ao galgamento.
O monitoramento e o controle do sistema Diante das dificuldades de detecção de
de contenção de rejeitos são realizados na problemas pela simples inspeção visual foi
seguinte sequência: preparada uma carta de risco, para avaliação do
a) Inspeções periódicas de campo, onde são potencial de ruptura, seja por erosão interna,
feitas observações superficiais nas várias cisalhamento ou galgamento.
estruturas que constituem o sistema de
contenção de rejeitos; 4.6 - Sistema de Vertimento
b) Leituras sistemáticas dos instrumentos;
c) Avaliação das condições de funcionamento O sistema de disposição de rejeitos do
e/ou de segurança da estrutura, feita com base Queiroz, constituído pelas três barragens e mais
nas inspeções periódicas, nas leituras dos seis valas de lama, tem seu sistema extravasor
instrumentos, na utilização de ferramentas conforme descrito adiante.

72
Barragens de Rejeitos no Brasil

4.6.1 - Barragem de Calcinados vertedouro de superfície, para o fechamento da


É uma barragem em circuito fechado, não barragem.
havendo, portanto, vertimento de seu
4.6.3 - Barragem do Cocuruto
reservatório. A água acumulada no reservatório
é encaminhada ao sistema de tratamento de Tal barramento é dotado de um vertedouro
efluentes por meio de bombeamento e, tipo poço, com orifícios verticais duplos, de
posteriormente, encaminhado ao reservatório da dimensões 2,0 m x 1,3 m, e soleira na elevação
Barragem do Rapaunha. 802,0 m. Muito embora haja outros orifícios
O fluxo oriundo das águas de percolação, seja inferiores a esta elevação, estes se encontram
pelas fundações, seja pelo maciço, é captado a selados por stop-logs em virtude do avanço de
jusante, em poço, e bombeado para o reservatório. rejeitos.
A torre do vertedor acopla-se a uma galeria
4.6.2 - Barragem do Rapaunha em concreto armado, com seção transversal 2,40
m x 1,20 m, e declividade igual a 2,5%, que atravessa
Essa barragem possui a missão de armazenar o maciço e liga-se a uma tubulação em aço, com
rejeitos e água para uso na planta metalúrgica e diâmetro de 1,80 m e declividade de 22%, sendo
utiliza um vertedouro tipo poço, em seção responsável por lançar os vertimentos no córrego
retangular com base de 1,20 m e altura de 1,50 do Queiroz, a jusante da barragem.
m, tendo sido construído na ombreira esquerda
da barragem. 4.6.4 - Valas de Lama
À medida que são dispostos rejeitos no
interior do reservatório, vão sendo adicionadas As valas de lama não possuem sistema de
placas de concreto (stop-logs) na torre de captação vertimento, mas apenas drenagem interna, que é
dessa estrutura para evitar o vertimento de direcionada para jusante, para um poço, onde os
rejeitos. Como foi construído considerando o fluxos são coletados e bombeados para a estação
arranjo inicial do sistema, o vertedouro permite de tratamento de efluentes.
operação para a condição na qual o nível do
rejeito atinge a elevação 859,0 m, garantindo uma 4.7 - Ficha Técnica
borda livre igual a 3,0 metros, suficiente para Os principais dados das Barragens Rapaunha,
amortecimento da precipitação máxima provável, Calcinados e Cocoruto estão resumidos na tabela
sendo que está prevista a construção de outro a seguir.

Tabela 4-1 – Principais dados das Barragens Rapaunha, Calcinados e Cocoruto


Barragem Status Volume Área Construção Altura FS Drenagem Classe
(x10 m³)
6
(km²) (m)

Rapaunha Operação 12 1,6 Aterro compactado 50,50 1, 592 Filtro vertical


e tapete III
Calcinados Operação 4 0,60 Rejeito ciclonado 52 1, 628 Tapete III
Cocuruto Fechada 4,9 4,55 Aterro compactado 41 1, 560 Filtro inclinado
e tapete III

73
Barragens de Rejeitos no Brasil

4.8 - Plano de Fechamento 4.10 - Referências


Com vistas no futuro, a AGACSM contratou, - Manual de Operações do Sistema de Rejeitos
junto a Golder Associates, um plano de da Planta Metalúrgica do Queiroz. Revisado
fechamento para a Planta Metalúrgica do Queiroz, em 2009 pela Pimenta de Avila Consultoria.
incluindo o sistema de disposição de rejeitos. - MMVREPAA – Estudo de Operação dos
Esse plano de fechamento é revisado Reservatórios das Barragens de Calcinados,
periodicamente para adequação da dinâmica das Rapaunha e Cocuruto da CMEC. Elaborado em
operações e atendimento às novas leis ambientais julho de 2002.
que venham a ser aprovadas.
Esse plano de fechamento atende também - RT-039-5133-1310-0007-00-B – Estudos de
ao disposto no Código Internacional de Cianeto, Descomissionamento das Barragens de
aos sistemas de certificações obtidos e Rejeitos da Área da Planta do Queiroz.
implementados pela empresa. Elaborado pela Golder Associates em
Setembro de 2004.
4.9 - Agradecimentos - G3-PR-13-0017/79 – Bacia de Acumulação
O texto apresentado neste capítulo foi de Rejeitos, Barragem do Queiroz – Relatório
elaborado com base nas referências indicadas no Final de Estudos Geológico-Geotécnicos.
item seguinte. Elaborado pela Geotécnica em maio de 1980.
O CBDB agradece à AngloGold Ashanti, pela - PI-PR-130005/78 – Bacia de Acumulação
autorização concedida na divulgação dos dados, de Rejeitos – Barragem do Queiroz –
à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponibili- Programa Preliminar de Estudos Geológico-
zação de recursos, e ao Engº. Murilo Amorim Geotécnicos. Elaborado pela Geotécnica
Costa, pela elaboração do texto. em novembro de 1978.

74
Barragens de Rejeitos no Brasil

5 - ANGLOGOLD ASHANTI -
BARRAGEM DE CÓRREGO DO SÍTIO II

Figura 5.1 – Vista lateral da Barragem de Córrego do Sítio II e parte de seu reservatório

75
Barragens de Rejeitos no Brasil

5.1 - Apresentação desde o ano 1986. Destina-se a receber os rejeitos


da planta metalúrgica, promover a deposição dos
A Barragem de Córrego do Sítio II, antiga sólidos e a clarificação da água para reciclagem.
Barragem São Bento (São Bento Mineração), Desta forma, esta retorna ao processo
atualmente de propriedade e administrada pela metalúrgico ou é descartada, no caso de excesso,
AngloGold Ashanti, encontra-se em operação como efluente tratado (caso necessário).

Figura 5.2 – Vista de satélite da


Barragem de Córrego do Sítio II
(Fonte: Google Earth)

Figura 5.3 - Mapa de acesso


e localização da Barragem
São Bento

5.2 - Localização da Barragem


A Barragem de Córrego do Sítio
II localiza-se no município de Santa
Bárbara-MG, que está a aproximada-
mente 105 km da capital Belo
Horizonte.
A Figura a seguir mostra o mapa
de localização do município de Santa
Bárbara.

76
Barragens de Rejeitos no Brasil

5.3 - Descrição Geral têm inclinação igual a 1V:2H, bermas a cada 10


metros de altura, com 4 metros de largura.
5.3.1 - Dados Gerais A drenagem interna é formada por filtro de
A Barragem é uma estrutura com seção areia, com trechos verticais e inclinados, com
homogênea de aterro compactado, com 83 m de continuidade em tapete drenante horizontal,
altura máxima, com a cota de crista na elevação tendo em sua extremidade um dreno de pé feito
808,50 m. de areia, brita e enrocamento.
A primeira etapa de alteamento da estrutura As Figuras a seguir apresentam a planta geral e
atingiu a elevação 782m. Os taludes entre bermas a seção típica da Barragem de Córrego do Sítio II.

Figura 5.4 - Planta geral da


Barragem de Córrego do Sítio II

Figura 5.5 - Seção típica da Barragem


de Córrego do Sítio II

77
Barragens de Rejeitos no Brasil

5.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da
Barragem de Córrego do Sítio II estão resumidos
na tabela a seguir.

Tabela 5-1 - Resumo dos Dados da Barragem de Córrego do Sítio II (Maio/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Armazenamento de rejeitos e clarificação da água
para reciclagem
Empresa Projetista Geotécnica/ Pimenta de Ávila Consultoria
Construção/ Etapa 4º Alteamento (em construção)
Data Conclusão Previsto para 2013
Cota da Crista 808,50 m
Altura Máxima 85,0 m
Comprimento da Crista 520 m
Área do Reservatório 280.000 m²
Volume do Reservatório 4.800.000 m³
Tipo de Seção Aterro compactado
Drenagem Interna Filtro de areia com trechos verticais e inclinados,
com continuidade em tapete drenante horizontal
Instrumentação Piezômetros elétricos e Casagrande
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 1,3 km²
Cheia de Projeto Volume da VMP= 641.000m3
Vazão Máxima Afluente -
Vazão de Projeto -
NA Máximo Operacional 806,5 m
NA Máximo Maximorum 807,5
Borda Livre (NA máx) 1,0 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Em tulipa
Soleira na cota 806,5 m
Vertedouro de Fechamento A estrutura encontra-se ainda em operação

5.3.3 - Etapas de Construção


inclinação 1V:2H, bermas de 4 metros de largura,
Os alteamentos da barragem foram a cada 10 m de desnível.
executados pelo método de linha de centro da
barragem, atendendo em média a um período de 5.3.4 - Geologia e Fundações
dois anos de produção de rejeitos. No local onde foi implantada a barragem, o
A primeira etapa de alteamento da estrutura topo rochoso está próximo à superfície,
atingiu a El. 782,0 m. Os taludes entre bermas têm especialmente na porção central do vale. Acima

78
Barragens de Rejeitos no Brasil

da rocha, encontra-se uma camada pouco espessa 5.3.7 - Plano de Fechamento


de solo residual, recoberta por colúvio.
A Anglogold Ashanti possui um plano de
Para a construção da barragem, foi feita
fechamento (conceitual) para a Barragem de
limpeza de fundação, escavando-se a camada de
colúvio, além de ter sido implantado um cut-off. Córrego do Sítio II. O mesmo foi elaborado pela
O monitoramento da água subterrânea, pelo lado Pimenta de Ávila Consultoria em 2007.
de jusante da barragem, comprova a eficiência da
solução adotada no controle da impermea- 5.4 - Agradecimentos
bilização. O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no
5.3.5 - Monitoramento item seguinte.
Piezômetros elétricos e Casagrande O CBDB agradece à AngloGold Ashanti, pela
constituem o sistema de instrumentação autorização concedida na divulgação dos dados,
implantado na região da fundação, do tapete, do à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponibi-
aterro, ombreiras e rejeito, com a finalidade de lização dos recursos, ao Engº. Marcos de Ávila
fornecer uma fonte de dados para estudos de Pimenta Filho, pela elaboração do texto, e à Sra.
estabilidade da barragem. Liliane Lana, pela revisão do mesmo.
5.3.6 - Sistema Extravasor
5.5 - Referências
A estrutura de extravasão da barragem possui
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
uma tulipa em concreto armado, com cota da
soleira na elevação 806,50 m (maio/2008). O São Bento Mineração. Elaborado pela Pimenta
dimensionamento dessa estrutura foi feito de tal de Avila Consultoria em maio de 2008.
forma que: - Estudo Conceitual do Plano de Fechamento
- Para cheias de recorrência de até 1.000 da Barragem de Rejeito e Pilha de Estéril.
anos, o deflúvio é totalmente armazenado no Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
reservatório, sem que a cota do mesmo atinja em novembro de 2007.
a cota da soleira da tulipa. Dessa forma,
garante-se que não haverá vertimento da água - Manual de Operação da Barragem de
para jusante. Rejeitos. Elaborado pela Eldorado Gold
- Para cheias cuja recorrência exceda os 1.000 Corporation em agosto de 2001.
anos, até a cheia máxima provável, a tulipa - Desenhos SB-630-DS-12180-0A e SB-630-
existente é capaz de escoar a diferença de
DS-12181-0A. Elaborados pela Pimenta de
vazão entre a cheia de 1.000 anos e a VMP
Avila Consultoria em julho de 2007.
(vazão máxima provável).

79
Barragens de Rejeitos no Brasil

80
Barragens de Rejeitos no Brasil

6 - KINROSS - BARRAGEM SANTO ANTÔNIO

Figura 6.1 – Imagem da Barragem Santo Antônio


(Fonte: Google Earth)

81
Barragens de Rejeitos no Brasil

6.1 - Apresentação A Barragem Santo Antônio foi construída em


A Rio Paracatu Mineração, de propriedade 1984, com a finalidade de conter os rejeitos
do grupo canadense Kinross Gold Corporation, provenientes da etapa de flotação. Trata-se da
está localizada no município de Paracatu-MG e maior barragem de rejeitos do Brasil em termos
tem como finalidade a extração e o benefici- de volume e projeção horizontal.
amento de ouro. Durante os processos de
tratamento do minério são gerados rejeitos que 6.2 - Localização
são dispostos na Barragem Santo Antônio e nos A Figura a seguir apresenta um mapa de
tanques específicos. localização da Kinross, em Paracatu-MG, onde foi
implantada a barragem.

Figura 6.2 - Localização da Kinross Gold Corporation, em Paracatu-MG.

6.3 - Descrição Geral A crista da barragem encontra-se na elevação


672,0 m, com aproximadamente 100 m de altura,
A barragem foi projetada pela empresa taludes com inclinação de 1V:2H e desnível entre
Geohydrotech Engenharia e foi executada em bermas de 7 m.
aterro compactado convencional, sendo os Segundo a Kinross Paracatu, a segurança da
sucessivos alteamentos implantados por método barragem frente à passagem de cheias é garantida
construtivo por jusante. A drenagem interna é atualmente pela manutenção de um volume de
constituída por filtro vertical e tapete horizontal, espera, associado a sistema de bombeamento de
sendo que a drenagem interna é ampliada à água do reservatório, o que permite o amor-
medida que os alteamentos são implantados. tecimento dessas cheias. Tal volume de espera
A barragem se encontra em sua última etapa corresponde a uma borda livre de no mínimo 2,5
de alteamento (20ª etapa) e está previsto o m, para a condição final de alteamento.
término da mesma em 2011, correspondendo a Conforme informação da Kinross Paracatu,
um alteamento de 4 m. está em andamento a implantação de um

82
Barragens de Rejeitos no Brasil

extravasor em superfície, cuja obra é prevista para 1 medidor de vazão; 5 marcos superficiais; 15
ser finalizada em novembro de 2012. placas de recalque; e 12 inclinômetros.
A barragem possui instrumentos de
monitoramento instalados, quais sejam: 30 6.4 - Ficha Técnica
piezômetros de tubo; 42 piezômetros elétricos; As principais informações referentes à Barragem
Santo Antônio estão resumidas na tabela a seguir.

Tabela 6-1 Dados da Barragem Santo Antônio


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e captação de água
Empresa Projetista Geohydrotech Engenharia
Construção – Etapa 20º Alteamento
Data de Construção Em andamento
Cota da Crista 672 m (atual) e 676 m (final)
Inclinação entre taludes 1V:2H
Altura entre bermas 7m
Altura da Barragem Aproximadamente 100 m
Comprimento da Crista Superior a 5 km
Volume do Reservatório 312 Mm3 (Vrejeitos = 302 Mm3 e Vágua = 10 Mm3)
Drenagem Interna filtro vertical e tapete horizontal
Vertedouro de Operação não possui sistema extravasor implantado
Instrumentação 30 piezômetros de tubo, 42 piezômetros elétricos, 1 medidor
de vazão, 5 marcos superficiais, 15 placas de recalque e
12 inclinômetros

6.5 - Agradecimento 6.6 - Referência


O texto apresentado neste capítulo foi - IB-101-RV-22921-0A – Relatório de Visita
elaborado com base nas referências indicadas no Técnica à Barragem Santo Antônio – Rio
item seguinte. Paracatu Mineração. Elaborado pela Pimenta
O CBDB agradece à Kinross Gold Corpo- de Avila Consultoria em fevereiro de 2011.
ration, pela autorização concedida na divulgação
dos dados, à Pimenta de Avila Consultoria, pela
disponibilização dos recursos, e à Engª. Giani
Aparecida Santana Aragão, pela elaboração do
texto.

83
Barragens de Rejeitos no Brasil

84
Barragens de Rejeitos no Brasil

7 - MPSA - MINERAÇÃO PARAGOMINAS

Figura 7.1 – Vista aérea do Sistema de Rejeitos da Mineração Paragominas

85
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.1 - Apresentação Posteriormente, foram realizados os


alteamentos dos diques de partida das Barragens
A Mineração Paragominas (MPSA) é parte
B1 a B4 e da base da Barragem B5. Em 2009, foi
de um sistema integrado de produção de bauxita,
realizado o 2º Alteamento das Barragens B1 a B5
que inclui atividades de mineração,
e em 2010 o 3o alteamento. Atualmente, está em
beneficiamento e transporte do produto, por
execução o 4º Alteamento das Barragens B1 a B5.
meio de Mineroduto, até as Refinarias da Alumina
do Norte do Brasil S.A. – Alunorte e da Refinaria
7.2 - Localização do Sistema
da CAP (a ser construída), em Barcarena/PA.
A MPSA foi concebida para ser implantada em A Mineração Paragominas compreende,
etapas constituídas por módulos similares de atualmente, duas jazidas de bauxita denominadas
beneficiamento. A produção de 4,95 Mtpa iniciou- Miltônia 3 (M3) e Miltônia 5 (M5), situadas a cerca
se em maio de 2007 com a exploração de três de 60 km a sudoeste da sede do município de
frentes de lavra em Miltônia 3 e a operação do Paragominas, região nordeste do estado do Pará.
primeiro módulo de beneficiamento para O acesso ao município de Paragominas, a
suprimento da Expansão II da Refinaria da Alunorte. partir da capital do estado, Belém, é realizado por
A ampliação da estrutura de produção de meio das rodovias federais Pará - Maranhão (BR-
4,95 Mtpa para 9,9 Mtpa já foi realizada e 316), até a cidade de Santa Maria do Pará, em
compreende a exploração de mais 3 frentes de trecho de 105 km; e Belém - Brasília (BR-010),
lavra, além das três já em exploração (4,95 Mtpa) em percurso de 200 km. O acesso à Mineração
no platô Miltônia 3 e implantação e operação do Paragominas (MPSA) é feito a partir do trevo de
segundo módulo de beneficiamento. O início da Paragominas (BR – 010), seguindo pela rodovia
expansão (9,9 Mtpa) ocorreu em julho 2008. PA-256, por 18 km, onde começa a estrada
O sistema de rejeitos (Figura 25.1) foi municipal construída pela Vale, com extensão de
projetado para ser implantado em etapas 37 km.
sucessivas, sendo que no período de 2005 a 2006 O Sistema de Rejeitos está localizado na
foram implantados os diques de partida das porção sudoeste da planta de beneficiamento da
Barragens B1 a B4 para atender à disposição de Mineração Paragominas. O acesso às barragens
rejeitos por um período de 2 anos. Além dessas do sistema de rejeitos é realizado a partir da
estruturas, foram também construídas as planta de beneficiamento, por uma estrada não
Barragens B5 e B6 e os canais de contorno das pavimentada com extensão de 5,5 km.
margens direita e esquerda. A Figura 7.2 apresenta o mapa de acesso e
localização do Sistema Paragominas.

Figura 7.2 - Mapa de acesso


e localização da Mineração
Paragominas

Miltônia / Belém 360 km


Miltônia / Paragominas 67 km
Miltônia / Barcarena 230 km

86
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.3 - Concepção Geral do Sistema A Barragem B1 foi, inicialmente, projetada


O sistema de rejeitos da Mineração para ser alteada por montante, por meio de diques
Paragominas, atualmente em operação, é basica- até a cota final na El.87,70m, alcançando 43,7m
mente composto por seis barragens e um canal de altura na seção máxima.
de contorno. As barragens B1 a B4 visam à Os diques de alteamento teriam 2,50m de
contenção dos rejeitos provenientes do altura cada (exceto o último alteamento), crista
beneficiamento do minério. A barragem B5, com 9,0m de largura, taludes de jusante com
situada mais a montante, tem a função de proteção inclinação 2H:1V e de montante 1,5H:1V.
das nascentes e a barragem B6, situada mais a No total, previu-se a construção de sete
jusante, destina-se à clarificação da água liberada diques de alteamento da El. 70,50m a El. 87,70m,
pelos rejeitos e a evitar o assoreamento e ou seja, da crista do dique de partida (de
contaminação das águas à jusante do sistema de 9,9MTPA) até a cota final da barragem. Os aterros
disposição. Uma estação de bombeamento dos diques de alteamento ficariam assentados
implantada na barragem b6 permite o parte no aterro do dique anterior e parte no
reaproveitamento da água efluente do sistema no rejeito depositado a montante da barragem.
processo industrial. Recentemente a configuração da
O canal de contorno da margem esquerda alteamento foi alterada para o método de jusante
tem como objetivo evitar o escoamento das nas regiões das ombreiras e por linha de centro,
águas pluviais para o interior dos reservatórios com reforço de geogrelha, na região central,
de rejeitos, e ainda desviar para jusante dos atingindo-se a elevação El. 80,00m.
reservatórios de rejeitos o deflúvio prove-
niente da bacia hidrográfica barrada pela Bar- 7.4.1 - Dados Gerais
ragem B5.
Nos itens a seguir estão apresentados O maciço da barragem B1 é constituído de
maiores detalhes referentes às estruturas do material areno-argiloso, compactado, com sistema
sistema de rejeitos da Mineração Paragominas. de drenagem interna composto por filtro vertical
e tapete drenante.
7.4 - Barragem B1 Após as obras do 4º alteamento, a barragem
B1 apresentará a seguinte geometria:
A Barragem B1 foi concebida para ser
construída em etapas. • Crista na El. 80,00m, com 6m de largura e
Inicialmente foi construído o dique de 1558m de comprimento;
partida para 4,95MTPA, com 15 metros de altura • Talude de montante com inclinação
na seção máxima, composto pelo aterro principal, 1,5H:1V;
ensecadeira de montante incorporada e aterro
base para produção de 9,9MTPA, apresentando, • Talude de jusante com inclinação 1,5H:1V e
resumidamente, a seguinte geometria: bermas com 3m de largura a cada desnível de 5,0m.

• Crista na El. 62,0m, com 8,0m de largura e Em função dos diversos alteamentos
372,0m de extensão; sucessivos ainda não foi implantado um sistema
de drenagem superficial definitivo no talude de
• Talude de jusante com inclinação 2H:1V e jusante da barragem. Sendo assim, o fluxo das
berma com 8,0m de largura na El. 57,0m - base águas pluviais tem sido controlado por caimentos
para 9,9MTPA com 34,0m na El. 56m. apropriados na crista e nas bermas. A implan-
• Talude de montante com inclinação 1,5H:1V tação do sistema de drenagem superficial
até a crista da ensecadeira, que compõe uma definitivo está prevista para a ocasião do 4º, e
berma de 3,0m de largura na El. 56m. último, alteamento desta barragem.

• 87
Barragens de Rejeitos no Brasil

As Figuras 7.3 e 7.4 apresentam a planta geral


e seção típica da Barragem B1.

Figura 7.3 - Planta Geral do Sistema Paragominas

Figura 7.4 - Seção Típica da Barragem B1

7.4.2 - Ficha Técnica

Os principais dados da Barragem B1 estão


resumidos na tabela 7.1 a seguir.

88
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 7.1 – Características da Barragem B1

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B1 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Contenção de rejeito
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Construção do 3º alteamento
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.638.791,43 E: 194.181,98 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 75,50m Altura Atual da Barragem: 26,00m Comprimento da crista: 1260,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna: Filtro vertical associado a tapete drenante e dreno de pé.
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 721.294 m²
Volume do reservatório: 7.000.000 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Possui 11 Piezômetros tipo Casagrande e 7 medidores de nível d’água
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 2,86 km²
Tempo de Concentração: 77 min
Tempo de retorno: 10.000 anos
Duração crítica: 10 dias
Precipitação de Projeto: 505 mm
Vazão Máxima Afluente: 17,77 m³/s
NA Máximo Operacional: 74,50 m
Borda Livre: 1,00 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Galeria de concreto interligada à galeria tulipa, com vertimento em todas as faces (com stop-logs).

(Fontes: 525BP-17-5795-R2; RL-525BP-17-5788-R1 e MD-525BP-17-5790-R1)

7.4.3 - Etapas de Construção


Atualmente está em execução o 4º altea-
mento da Barragem B1.
Com o 4º alteamento a barragem atingirá
a elevação 80,00m.

89
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.4.4 - Geologia e Fundações maciço existente, perpendicularmente ao eixo


De um modo geral, a geologia da região é da barragem. Esta galeria está interligada a
constituída por depósitos sedimentares do outra galeria, também de concreto, que é dotada
Terciário e aluvionares do Quaternário. de tulipas (“galeria tulipa”). A “galeria tulipa”
está assentada sobre a face do talude de
Na área dos barramentos, o terreno de fundação
montante da barragem, paralelamente ao eixo
é composto por maciço terroso, com espessura
da mesma.
superior a 100,0m, conforme mostrou os poços de
pesquisa de água, executados nas vizinhanças. As tulipas são providas de stop-logs que têm
a função de impedir a entrada de rejeitos no
Para os seis eixos de barramento (barragens
sistema extravasor e são colocados à medida que
B1 a B6), o terreno de fundação apresenta as
o reservatório vai sendo ocupado. A jusante da
mesmas características. No fundo do vale, ao
galeria principal foi implantado um canal de saída
longo do igarapé, ocorre uma camada de solo mole
em concreto, que conduz o fluxo de água até o
composta de material argiloso e argilo- arenoso
reservatório da barragem B6. Este canal foi
com matéria orgânica. A camada varia de 1,0 a concebido para ser prolongado de forma a
3,5m de espessura e apresenta SPT variando de 1 receber o fluxo de outras estruturas extravasoras
a 4 golpes. a serem implantadas à medida que a barragem B1
Nas ombreiras direita e esquerda predomina vai sendo alteada.
material areno-silto-argiloso, com intercalações Nas obras do 2º alteamento (2009), foi
de horizontes arenosos pouco argilosos. É comum executado o prolongamento da “galeria tulipa”
a presença de intercalações de delgadas camadas com a construção de duas novas tulipas e uma
de material laterítico. O horizonte superficial do espera para a implantação futura de outra
terreno encontra-se fofo até cerca 1,0 a 2,0m de tulipa.
profundidade, com SPT de 2 a 6 golpes.
Em função da expansão do reservatório da
Resumidamente, conclui-se que, para o barragem em direção à ombreira esquerda do
empreendimento em questão, o maciço de vale, durante as obras do 3º alteamento foi
fundação apresentava condições favoráveis quanto construído um novo sistema extravasor, em
às características de resistência, deformabilidade posição mais estratégica, junto a essa ombreira.
e permeabilidade, desde que fosse removido o Esse sistema extravasor foi projetado seguindo-
solo mole presente no leito do igarapé e a camada se o mesmo conceito do extravasor em
de material fofo nas ombreiras. operação, sendo que a principal diferença em
relação ao existente está na existência de duas
7.4.5 - Monitoramento galerias inclinadas dotadas de tulipas (uma de
A instrumentação da barragem B1 é cada lado da galeria de fundo) ao invés de
composta por 11 piezômetros tipo Casagrande e apenas uma.
7 medidores de nível d’água.
7.5 - Barragem B2
7.4.6 - Sistema Extravasor A Barragem B2 foi concebida para ser
construída em etapas.
O sistema extravasor em operação foi
implantado durante as obras do alteamento Inicialmente foi construído o dique de
emergencial, executadas em 2008, e com- partida para 4,95MTPA, com 17 metros de altura
plementado nas obras do 2º alteamento (2009). na seção máxima, composto pelo aterro principal,
É composto por uma galeria de concreto ensecadeira de montante incorporada e aterro
(galeria principal), assentada em terreno natural base para produção de 9,9MTPA, apresentando,
na ombreira esquerda e posicionada sob o resumidamente, a seguinte geometria:

90
Barragens de Rejeitos no Brasil

- Crista na El. 64,50m com 8,0m de largura e Os aterros dos diques de alteamento
426,0m de extensão; ficarão assentados parte no aterro do dique
- Talude de jusante com inclinação 2H:1V e anterior e parte no rejeito com secagem.
berma com 31,0m de largura na El. 59,50m -
base para 9,9MTPA; 7.5.1 - Dados Gerais

- Talude de montante com inclinação 1.5H:1V O maciço da Barragem B2 é constituído de


e berma de 3,0m de largura na El. 60,0m; material areno-argiloso compactado.
A Barragem B2 foi concebida para ser alteada Após as obras do 4º alteamento, a barragem
pelo método da linha de centro, por meio de B2 apresentará a seguinte geometria:
diques, até a cota final na El. 89,0m, onde a - Crista na El. 81,75m (ombreira direita),
estrutura de barramento final deverá atingir 39,5m El. 80,00 (ombreira esquerda) com 6,0m de
de altura na seção máxima. largura e 1361m de comprimento;
Os diques de alteamento terão em média - Talude de montante com inclinação 1,5H:1V;
3,00m de altura cada (reforçados com geossin-
tético), crista com 6,0m de largura, taludes de - Talude de jusante com inclinação 1,5H:1V;
jusante com inclinação 1,5H:1V e de montante
1,5H:1V. A Figura 7.5 apresenta a seção típica da
Barragem B2.

Figura 7.5 - Seção Típica da Barragem B2

7.5.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem B2 estão
resumidos na tabela 7.2 a seguir.

91
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 7.2 – Características da Barragem B2

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B2 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Contenção de rejeito
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Construção do 3º alteamento
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.638.552,79 E: 194.657,79 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 79,01/77,02 Altura Atual da Barragem: 27,00m Comprimento da crista: 919,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna:
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 775.589 m²
Volume do reservatório: 7.230.105 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Inexistente
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 2,1 km²
Tempo de Concentração: 65 min
Tempo de retorno: - anos
Duração crítica: 30 dias
Precipitação de Projeto: 1.062 mm
Vazão Máxima Afluente: - m³/s
NA Máximo Operacional: 76,00 m
Borda Livre: 1,00 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Trechos com seção em canal e galeria em concreto com stop-logs.

(Fontes: 525BP-17-5795-R2, RL-525BP-17-5788-R1 e MD-525BP-17-5790-R1)


1
Elevação na ombreira direita
2
Elevação na ombreira esquerda

7.5.3 - Etapas de Construção O 4º alteamento atingirá a elevação de


Atualmente está em execução o 4º 81,75m (ombreira direita) e 80,00m (ombreira
alteamento (2011/2012) da Barragem B2 e em esquerda) e o 5º alteamento, a elevação de 84,50m
elaboração o projeto para o 5º alteamento (ombreira direita) e 83,00m (ombreira esquerda),
(2013/2014). utilizando-se o método de linha de centro.

92
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.5.4 - Sistema Extravasor A Barragem B3 será alteada pelo método da


O sistema extravasor da barragem B2 é linha de centro, por meio de diques, até a cota
composto por trechos com seção em canal e final na El. 89,40m, onde a estrutura de
galeria, ambos em concreto, assentados em barramento final deverá atingir 39,4m de altura
terreno natural na ombreira esquerda, na seção máxima.
perpendicularmente ao eixo da barragem, com Os diques de alteamento terão em média
um sistema de stop-logs implantado tanto à 3,00m de altura cada (reforçados com
montante quanto à jusante. geossintético), crista com 6,0m de largura, taludes
O sistema extravasor possui cota de topo de jusante com inclinação 1,5H:1V e de montante
faceando a crista da barragem, de forma que a 1,5H:1V.
colocação e retirada dos stop-logs seja realizada Os aterros dos diques de alteamento ficarão
utilizando como acesso a própria crista da barragem. assentados parte no aterro do dique anterior e
parte no rejeito com secagem.
7.6 - Barragem B3
A Barragem B3 foi concebida para ser 7.6.1 - Dados Gerais
construída em etapas.
O maciço da Barragem B3 é constituído de
Inicialmente foi construído o dique de
material areno-argiloso compactado.
partida para 4,95MTPA, com 16 metros de altura
Após as obras do 4º alteamento, a barragem
na seção máxima, composto pelo aterro principal,
B3 apresentará a seguinte geometria:
ensecadeira de montante incorporada e aterro
base para produção de 9,9MTPA, apresentando, - Crista na El. 84,70m (ombreira direita),
resumidamente, a seguinte geometria: El 83,00m (ombreira esquerda), com 6,0m de
largura e 1133m de comprimento;
- Crista na El. 66,0m, com 8,0m de largura e
367,0m de extensão; - Talude de montante com inclinação 1,5H:1V;
- Talude de jusante com inclinação 1.5H:1V - Talude de jusante com inclinação 1,5H:1V;
e berma com 34,15m de largura na El. 61m -
base para 9,9MTPA A Figura 7.6 apresenta a seção típica da
Barragem B3.
- Talude de montante com inclinação 1.5H:1V
até a crista da ensecadeira, que compõe uma
berma de 3,0m de largura na El. 61m;

Figura 7.6 - Seção Típica da Barragem B3

93
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.6.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem B3 estão resumidos na tabela 7.3 a seguir.
Tabela 7.3 – Características da Barragem B3

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B3 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Contenção de rejeito
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Construção do 3º alteamento
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.638.367,66 E: 195.224,89 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 81,51/79,52 Altura Atual da Barragem: 26,50m Comprimento da crista: 842,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna:
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 604.166 m²
Volume do reservatório: 6.773.606 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Inexistente
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 1,31 km²
Tempo de Concentração: 52 min
Tempo de retorno: 10.000 anos
Duração crítica: 20 dias
Precipitação de Projeto: 803 mm
Vazão Máxima Afluente: 1,21 m³/s
NA Máximo Operacional: 78,5 m
Borda Livre: 1,00 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Trechos com seção em canal e galeria em concreto com stop-logs.

(Fontes: 525BP-17-5795-R2, RL-525BP-17-5788-R1 e MD-525BP-17-5790-R1)

1
Elevação na ombreira direita
2
7.6.3 - Etapas de Construção
Elevação na ombreira esquerda
Atualmente está em execução o 4º
alteamento (2011/2012) da Barragem B3 e em
elaboração o projeto para o 5º alteamento
(2013/2014).

94
Barragens de Rejeitos no Brasil

O 4º alteamento atingirá a elevação de - Talude de jusante com inclinação 1.5H:1V


84,70m (ombreira direita) e 83,00m (ombreira e berma com 33,00m de largura na El. 64,0m –
esquerda) e o 5º alteamento, a elevação de 87,90m base para 9,9MTPA;
(ombreira direita) e 86,40m (ombreira esquerda), - Talude de montante com inclinação 1.5H:1V
utilizando-se o método de linha de centro. até a crista da ensecadeira, que compõe uma
berma de 3,0m de largura na El. 62,5m.
7.6.4 - Sistema Extravasor
A Barragem B4 foi concebida para ser
O sistema extravasor da barragem B3, assim
alteada pelo método da linha de centro, por meio
como o da barragem B2, é composto por trechos
de diques, até a cota final na El. 90,40m, onde a
com seção em canal e galeria, ambos em concreto,
estrutura de barramento final deverá atingir 44,9m
assentados em terreno natural na ombreira
de altura na seção máxima.
esquerda, perpendicularmente ao eixo dsbar-
Os diques de alteamento terão em média
ragen, com um sistema de stop-logs implantado
3,00m de altura cada (reforçados com geossintético),
tanto à montante quanto à jusante.
crista com 6,0m de largura, taludes de jusante com
O sistema extravasor possui cota de topo
inclinação 1,5H:1V e de montante 1,5H:1V.
faceando a crista da barragem, de forma que a colo-
Os aterros dos diques de alteamento ficarão
cação e retirada dos stop-logs seja realizada utilizando
assentados, parte no aterro do dique anterior e
como acesso a própria crista da barragem.
parte no rejeito com secagem.
7.7 - Barragem B4
7.7.1 - Dados Gerais
A Barragem B4 foi concebida para ser
construída em etapas. O maciço da barragem B4 é constituído
Inicialmente foi construído odique de partida material areno-argiloso compactado. Com o 4º
para 4,95MTPA, com 16 metros de altura na seção alteamento (obras 2011/2012), a barragem B4
máxima, composto pelo aterro principal, apresentará a seguinte geometria:
ensecadeira de montante incorporada e aterro - Crista na El. 87,00m (ombreira direita), El
base para produção de 9,9MTPA, apresentando, 85,20m (ombreira esquerda), com 6,0m de
resumidamente, a seguinte geometria: largura e 974m de comprimento;
- Crista na El. 67,50, com 8,0m de largura e - Talude de montante com inclinação 1,5H:1V;
372,0m de extensão;
- Talude de jusante com inclinação 1,5H:1V;
A Figura 7.7 apresenta a seção típica da
Barragem B4.

Figura 7.7 - Seção


Típica da Barragem B4

95
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.7.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem B4 estão
resumidos na tabela 7.4 a seguir.

Tabela 7.4 – Características da Barragem B4

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B4 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Contenção de rejeito
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Construção do 3º alteamento
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.638.066,50 E: 195.588,47 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 83,51/81,52 Altura Atual da Barragem: 15,00m Comprimento da crista: 912,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna:
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 664.332 m²
Volume do reservatório: 7.019.151 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Inexistente
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 0,66 km²
Tempo de Concentração: 38 min
Tempo de retorno: - anos
Duração crítica: 20 dias
Precipitação de Projeto: 803 mm
Vazão Máxima Afluente: - m³/s
NA Máximo Operacional: 80,50 m
Borda Livre: 1,00 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Trechos com seção em canal e galeria em concreto com stop-logs.

(Fontes: 525BP-17-5795-R2, RL-525BP-17-5788-R1 e MD-525BP-17-5790-R1)

1
Elevação na ombreira direita
2
Elevação na ombreira esquerda

96
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.7.3 - Etapas de Construção argilosa e uma faixa de material essencialmente


Atualmente está em execução o 4º alteamento argiloso, posicionada ao longo da face do talude
(2011/2012) da Barragem B4 e em elaboração o de montante.
projeto para o 5º alteamento (2013/2014). A Geometria da Barragem B5 apresenta-se,
atualmente, da seguinte forma:
O 4º alteamento atingirá a elevação de
87,00m (ombreira direita) e 85,20m (ombreira - Crista mantida na elevação 86,00m (cota
esquerda) e o 5º alteamento, a elevação de 90,40m atual);
(ombreira direita) e 88,90m (ombreira esquerda), - Plataforma de jusante com elevação igual a
utilizando-se o método de linha de centro. 86,40m e montante com elevação igual a
86,00m.
7.7.4 - Sistema Extravasor - Talude de jusante e montante com
inclinação 2H:1V;
O sistema extravasor da barragem B4, assim
como o das barragens B2 e B3, é composto por
A Barragem B5 possui sistema de drenagem
trechos com seção em canal e galeria, ambos em
interna composto por filtro vertical, tapete
concreto, assentados em terreno natural na
drenante e dreno de pé. Esse sistema tem o
ombreira esquerda, perpendicularmente ao eixo
objetivo de disciplinar o fluxo de água no interior
dsbarragen, com um sistema de stop-logs
do maciço, evitando erosões internas e excesso
implantado tanto à montante quanto à jusante.
de poropressões.
O sistema extravasor possui cota de topo
Nas obras do 2º alteamento foi executada a
faceando a crista da barragem, de forma que a
complementação do sistema de drenagem interna
colocação e retirada dos stop-logs seja realizada
existente, por meio da ampliação do filtro
utilizando como acesso a própria crista da barragem.
vertical.
O sistema de drenagem superficial im-
7.8 - Barragem B5
plantado na barragem B5 é composto por cai-
A Barragem B5 tem por finalidade proteger mentos aplicados à superfície final de terra-
as nascentes e desviar o fluxo de água para jusante plenagem e valetas escavadas em solo nas
das barragens de rejeito. ombreiras.
Ao final do 4º e ultimo alteamento, a crista
7.8.1 - Dados Gerais da barragem B5 alcançará a El. 93,00m. O sistema
A Barragem B5 é constituída de um maciço de drenagem interna será desativado em função
homogêneo compactado, composto por areia- da subida do nível de rejeitos a jusante.
A Figura 7.8 apresenta a seção típica da
Barragem B5.

Figura 7.8 -
Seção Típica da
Barragem B5

97
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.8.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem B5 estão resumidos na tabela 7.5 a seguir.

Tabela 7.5 – Características da Barragem B5

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B5 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Barrar/proteger as nascentes situadas a montante das barragens de rejeitos,
com desvio dos fluxos para jusante
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Construção da etapa 1
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.637.642,65 E: 195.988,72 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 86,00m Altura Atual da Barragem: 32,00m Comprimento da crista: 1020,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna: Na presente etapa a drenagem interna está desativada em função do confinamento
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 2.368.902 m²
Volume do reservatório: 19.845.469 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Possui 16 Piezômetros tipo Casagrande e 8 medidores de nível d’água.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 14,76 km²
Tempo de Concentração: 66,7 min
Tempo de retorno: 10.000 anos
Duração crítica: 20 dias
Precipitação de Projeto: 936 mm
Vazão Máxima Afluente: 17,42 m³/s
Vazão Máxima Efluente: 7,73 m³/s
NA Máximo Operacional: 83,00 m
NA Máximo Maximorum: 85,00 m
Borda Livre Remanescente: 1,00 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Canal escavado em solo (margem esquerda).

(Fontes: 525BP-17-5795-R2 e MD-525BP-17-5790-R1)

98
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.8.3 - Etapas de Construção 7.9 - Barragem B6


Atualmente está em construção o 4º A Barragem B6 tem por finalidade armazenar
alteamento da barragem B5, e a crista está sendo a água efluente dos reservatórios de rejeitos B1/
alteada para a El. 93,00m (cota final). B2/B3/B4 e controlar a sua turbidez, evitando
possível carreamento de material sólido para
7.8.4 - Monitoramento jusante. Uma estação de bombeamento adajacente
a essa estrutura garante a recuperação da água
A instrumentação da barragem B5 é
para área industrial.
composta por 16 piezômetros tipo Casagrande e
A Barragem B6 foi executada em uma única
8 medidores de nível d’água.
etapa com a seguinte geometria:
7.8.5 - Sistema Extravasor - Crista mantida na elevação 61,00m (cota atual);
O sistema extravasor da Barragem B5 está - Talude de montante com inclinação 1,5H:1V;
posicionado na ombreira esquerda, associado ao - Talude de jusante com inclinação 1,5H:1V;
canal de contorno da margem esquerda.
Ao final do 4º alteamento esse extravasor 7.9.1 - Dados Gerais
terá a seguinte configuração: O maciço da barragem B6 é constituído de
material areno-argiloso compactado. O talude de
- canal de aproximação escavado em solo, na montante é protegido com uma camada de rip-
El 90,0m com seção trapezoidal com 3m de rap, o talude de jusante com cobertura vegetal e
largura na base inferior e taludes com a crista e bermas com camada de laterita
inclinação de 1,5H:1V. compactada.
O canal trapezoidal será revestido em A Figura 7.9 apresenta a seção típica da
concreto armado com as obras do 4º alteamento. Barragem B6.

Figura 7.9 - Seção Típica da Barragem B6

99
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.9.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem B6 estão resumidos na tabela 7.6 a seguir.

Tabela 7.6 – Características da Barragem B6

IDENTIFICAÇÃO
Barragem B6 Proprietário: HYDRO
Finalidade: Regular, clarificar e permitir a recuperação da água proveniente das barragens
B1 a B4 para reutilização no processo.
Empresa Projetista: Pimenta de Ávila Consultoria
Etapa Atual de Construção: Etapa Única
Classificação de acordo com a DN COPAM 87/2005: Classe III
Classificação quanto ao Risco e Dano Potencial Associado: Classe C
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 9.639.332,69 E: 193.537,38 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DO MACIÇO PRINCIPAL
Cota Atual da Crista: 61,00m Altura Atual da Barragem: 13,00m Comprimento da crista: 568,00m
Tipo de Seção: Homogênea
Drenagem Interna: Filtro vertical e tapete drenante de areia associado a um dreno de pé de areia e brita.
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do reservatório: 287.935 m²
Volume do reservatório: 1.494,006 m³
INSTRUMENTAÇÃO
Possui 7 Piezômetros tipo Casagrande e 6 medidores de nível d’água.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 1,15 km²
Tempo de Concentração: 25 min
Tempo de retorno: 100 anos
Duração crítica: 7 dias
Precipitação de Projeto: 568 mm
Vazão Máxima Efluente: 1,59 m³/s
NA Máximo Operacional: 55,00 m
NA Máximo Maximorum: 59,50 m
Borda Livre Remanescente: 1,50 m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: O sistema extravasor da barragem é do tipo canal, em concreto armado, associado a uma estrutura de
amortecimento.

(Fontes: MO-525BP-17-3501-R3, 525BP-17-5793-R0 e RL-525BP-17-3152-R2)

100
Barragens de Rejeitos no Brasil

7.9.3 - Etapas de Construção horizontais e complementos e tem por objetivo


A Barragem B6 foi executada em etapa única. recuperar a água efluente do sistema na área
industrial.
7.9.4 - Monitoramento A condução da água é feita por meio de uma
tubulação independente de 14" em aço carbono,
A instrumentação da barragem B6 é perfazendo uma extensão de 3.600m, desde a
composta por 7 piezômetros tipo Casagrande e estação de bombeamento, na barragem B6, até a
6 medidores de nível d’água. área industrial, .
7.9.5 - Sistema Extravasor
7.12 - Agradecimentos
O sistema extravasor da Barragem B6 está
O texto apresentado neste capítulo foi
posicionado na ombreira direita e é basicamente
elaborado com base nas referências indicadas no
composto por canal operado por stop-logs,
item seguinte.
começando com 1,50 x 4,0 m, na El. 55,0 m,
O CBDB agradece à Mineração Paragominas
passando a ter as dimensões de 3,0 m x 2,0 m a
partir da El. 59,0 m. (MPSA), pela autorização concedida na divulgação
dos dados, à Pimenta de Avila Consultoria, pela
7.10 - Canal de contorno da Margem disponibilização dos recursos, ao Engº. Anderson
Esquerda Resende Pereira, pela elaboração do texto, e ao
Engº. João Pimenta, pela revisão do mesmo.
O canal da margem esquerda tem por finalidade
desviar/conduzir para jusante dos reservatórios de 7.13 - Referências
rejeitos (B1 a B4) o deflúvio proveniente da bacia
hidrográfica barrada pela Barragem B5, além de evitar - Dimensionamento dos Sistemas Extra-
o escoamento de águas pluviais para dentro dos vasores das Barragens B1, B2, B3 E B4 para o
reservatórios de rejeitos B1 a B4. 2º Segundo Alteamento, elaborado pela
A seção transversal do canal é trapezoidal Pimenta de Avila Consultoria, de codificação
e ele possui cerca de 3.450,0m de compri- RL-525BP-17-3473, datado de agosto de 2009;
mento, escavado em solo. Nos trechos em que - Estudos Hidrológicos-Hidráulicos para o
atravessa talvegues, foram implantados diques Dimensionamento dos Vertedouros e Desvio
de aterro compactado, com a finalidade de do Igarapé – Sistema de Rejeitos – Barragens
diminuir a extensão contínua dos canais e B1 a B6, elaborado pela Pimenta de Avila
represar/ controlar o fluxo de águas pluviais, Consultoria, de codificação RL-525BP-17-
que é bastante volumoso nestes talvegues. 3006, datado de fevereiro de 2005;
Com as obras de alteamento das barragens
B1 a B5, o nível de rejeito no interior dos - Implantação do Plano de Segurança,
reservatórios alcançará o canal da margem elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria,
esquerda existente, impossibilitando a de codificação RL-525BP-17-5181, datado de
continuidade de sua operação. Em função disto, setembro de 2012;
durante as obras do 4º alteamento, está sendo - Manual de Operação do Sistema de
construído um novo canal da margem esquerda, Rejeitos, elaborado pela Pimenta de Avila
afastado do existente em direção à ombreira Consultoria, de codificação MO-525BP-17-
esquerda do vale, em cota superior. 3501, datado de maio de 2008;
- Manual de Operação – 2º Alteamento –
7.11 - Sistema de Bombeamento de Água
Obra 2009. Elaborado pela Pimenta de Avila
O sistema de bombeamento da Barragem B6 Consultoria, de codificação MA-525BP-17-
é constituído por duas bombas centrífugas 5912, datado de outubro de 2010;

101
Barragens de Rejeitos no Brasil

- Memorial Descritivo do Projeto do 2º


Alteamento das Barragens B1 a B5, elaborado
pela Pimenta de Avila Consultoria, de
codificação MD-525BP-17-3489, datado de
agosto de 2009;
- Memorial Descritivo – 4º Alteamento –
Projeto Conceitual. Elaborado pela Pimenta de
Avila Consultoria, de codificação MD-525BP-
17-9558,datado de março de 2011;
- Plano de Ações Emergenciais – Volume I –
Barragens B1 a B6. Elaborado pela Pimenta de
Avila Consultoria, de codificação RL-525BP-
17-5967, datado de dezembro de 2010;
- Planta do Arranjo Geral do 2º Alteamento
das Barragens B1 a B5 – Fase II, elaborado pela
Pimenta de Avila Consultoria, de codificação
525BP-17-5793, datado de março de 2010;
- Projeto Executivo das Barragens B1 a B6
para 4,95 MTPA – Relatório Técnico,
elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria,
de codificação RL-525BP-17-3117, datado de
fevereiro de 2006;
- Relatório Técnico do Estudo de Bombe-
amento para Controle de Efluentes e Adução
para a Planta – Barragem de Clarificação B6
(Alternativas A E B/C), elaborado pela Pimenta
de Avila Consultoria, de codificação RL-525BP-
17-3152, datado de fevereiro de 2006.

102
Barragens de Rejeitos no Brasil

8 - MRN - MINERAÇÃO RIO DO NORTE

Figura 8.1 - Foto aérea do TP 2 entre as demais estruturas do Sistema de Rejeitos da MRN.
(Fonte: QC5-DEG-00-04-001-RT, DeltaGeo)

103
Barragens de Rejeitos no Brasil

8.1 - Apresentação 8.3 - Descrição Geral


A Mineração Rio do Norte (MRN) faz parte 8.3.1 - Dados Gerais
do Complexo de Porto Trombetas e visa a
A estrutura denominada TP2, projetada pela
extração da bauxita para alimentar a cadeia do
Pimenta de Ávila Consultoria, cuja implantação
alumínio. Seu sistema de rejeitos é formado
foi concluída no ano de 2001, consiste em um
basicamente por lagos denominados “thickening
reservatório que tem por finalidade armazenar o
pounds” (TP’s) e “settling pounds” (SP’s).
rejeito em polpa gerado no processo de
Quanto aos TP’s existentes, encontra-se em
operação o TP2, que recebe os rejeitos oriundos beneficiamento da bauxita, na Mineração Rio do
da planta de beneficiamento, a uma concentração Norte (MRN). Neste reservatório, o rejeito passa
de sólidos de aproximadamente 8%. Do TP2, o por um processo de adensamento, sendo
rejeito é dragado e conduzido, a um teor de sólidos posteriormente dragado e bombeado para os
de cerca de 20%, até os lagos SP’s, em sistema reservatórios de rejeitos adensados. O TP2 recebe
alternado, de forma a proporcionar a secagem dos ainda a contribuição da água recuperada nos
mesmos. No presente descritivo, serão abordadas diversos reservatórios que compõem o sistema
as principais características do TP2. de disposição.
O sistema de disposição de rejeitos praticado
8.2 - Localização da Mineração Rio do Norte na MRN, do tipo “in mine disposal”, utiliza a área
A MRN está localizada no complexo de já impactada pela lavra para a disposição dos
Porto Trombetas, no município de Oriximiná, rejeitos e se baseia nos métodos de lançamento
oeste do Pará, e tem como atividade produtiva convencional e de lançamento com secagem. O
a exploração de bauxita. A figura a seguir rejeito oriundo da usina de beneficiamento da
apresenta o mapa de localização do município bauxita é lançado no TP2 com teor de sólidos da
de Oriximiná. ordem de 8%. Nesse reservatório, a polpa sofre
adensamento, sendo bombeada posteriormente,
por meio de dragas, para os reservatórios de
rejeitos adensados (SP’s), a um teor de sólidos da
ordem de 20% a 30%, onde a partir de então
passará pelo processo de secagem.
O reservatório possui altura variável, entre
15 m e 17 m, crista com largura entre 7,0 m e
15,0 m e comprimento de 5.650,0 m, e um volume
útil de 10 milhões de metros cúbicos.
Os taludes de jusante têm inclinação de
1V:1,5H, com bermas de 5 m de largura a cada 5
m de desnível. O talude de montante tem
inclinação de 1V:1,5H.
A parede norte do reservatório foi executada
utilizando-se da conformação de pilha de estéril
oriundo da lavra, sendo as demais paredes
executadas com aterro compactado. A estrutura
não possui sistema de drenagem interna.
Figura 8.2 - Localização do município de Oriximiná, no Parte do efluente gerado no TP2 é extra-
estado do Pará vasada para um lago adjacente denominado de
(Fonte: www.mrn.com.br) lago L2. No lago L2 há um extravasor do tipo

104
Barragens de Rejeitos no Brasil

tulipa, por meio do qual a água é vertida, para ser piezômetros elétricos (corda vibrante) e 3
reaproveitada no processo, na planta de piezômetros Casagrande, distribuídos em 6 seções
beneficiamento. instrumentadas, instalados desde 2005 nas
paredes norte e sul do reservatório.
8.3.2 - Geologia e Fundações A leitura dos instrumentos é feita com
A fundação é constituída, basicamente, por freqüência semanal, bem como inspeções sobre
material argiloso amarelado, característico da os taludes e estruturas auxiliares.
camada de estéril que recobre o minério, 8.3.4 - Ficha Técnica
sobrejacente a uma camada de argila variegada.
Os principais dados do TP2 estão resumidos
8.3.3 - Monitoramento na tabela 8.1 a seguir.
O sistema de monitoramento geotécnico do
TP2 e do lago L2 adjacente é composto por 26

Tabela 8-1 – Dados do Thickening Pound TP2


DADOS GERAIS
Finalidade Armazenamento/adensamento de rejeitos e recirculação de água
Empresas Projetistas Pimenta de Ávila Consultoria.
Cota da Crista 202,00 m (paredes Sul, Leste e Oeste) e 205,00 (parede Norte)
Altura da Barragem 15 m a 17 m
Comprimento da Crista 5.650,0 m
Área do Reservatório 106,6 ha
Volume útil do Reservatório 10.000.000 m³
Tipos de Seção Solo compactado e aterro lançado sobre pilhas de estéril de material argiloso
Instrumentação 26 piezômetros elétricos e 3 piezômetros Casagrande
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Sondagens SPT realizadas na fase de projeto executivo
Ensaios de Laboratório Realizados na fase de projeto executivo e em outras campanhas já durante a operação
Parâmetros da Barragem Principal Solo argiloso compactado: γ= 18,7 kN/m³; c’ = 25,5 kPa; φ’ = 37,6º;
Pilhas (argila amarelada): γ= 16,8 kN/m³; c’ = 24,8 kPa; φ’ = 23,5º;
Fundação (argila variegada): γ’= 16,2 kN/m³; c’ = 21,1 kPa; φ’= 30,5º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia (km2) Não se aplica, há apenas precipitação direta
NA Máximo Operacional (m) 201,0
Borda Livre (m) 1,0
ESTRUTURASVERTENTES
Vertedouro de Operação Lago L2: Extravasor tipo tulipa em concreto armado, com seção 1,00 x 1,00 m
e soleira na elevação 201,00 m.

105
Barragens de Rejeitos no Brasil

8.4 - Referências
- QC5-JPA-09-20-002-RT-02. Balanço Hídrico
e de Massa do Sistema de Beneficiamento e
Disposição de Rejeitos no Platô Saracá para o
Período de 2009 a 2014. Elaborado pela
Pimenta de Avila Consultoria em abril 2004.
- QB5-JPA-00-54-014-MO-00. Plano de Gestão
de Águas - Área Beneficiamento (TB) Manual
de Operação – Versão 2009. Elaborado pela
Pimenta de Avila Consultoria em agosto de
2010.
- QD5-JPA-26-20-003-MC-00. Determinação
de Parâmetros de Resistência Totais e Efetivos
dos Materiais de Construção – Diques dos
Reservatórios de Rejeito – Mineração Rio do
Norte – Memória de Cálculo. Elaborado pela
Pimenta de Avila Consultoria em outubro de
2010.
- QC5-DEG-00-04-001-RT. Análise Técnica da
Piezometria de Corda Vibrante Instalada nas
Barragens de Rejeito do Complexo de Bauxita
de Porto Trombetas. Elaborado pela DeltaGeo
em maio de 2009.

8.5 - Agradecimentos
À Mineração Rio do Norte (MRN), pela
autorização concedida na divulgação dos dados
do Depósito de Rejeitos TP2.
À Pimenta de Avila Consultoria, pela
disponibilização dos documentos consultados.
Ao Eng. Leonardo José Leite, pela redação
deste texto.

106
Barragens de Rejeitos no Brasil

9 - NOVELIS DO BRASIL - BARRAGEM DO MARZAGÃO

Figura 9.1 – Foto de satélite da Barragem do Marzagão


(Fonte: Google Earth)

107
Barragens de Rejeitos no Brasil

9.1 - Apresentação pela ABNT NBR 10.007, e analisadas seguindo


A barragem do Marzagão foi implantada por de acordo com a ABNT NBR 10.004, por empresa
volta do ano de 1974, para receber os rejeitos do especializada contratada.
beneficiamento de bauxita para produção de Os resultados demonstraram que o resíduo
alumínio pela Novelis (antiga Alcan) na sua é classificado como Classe II-não inerte.
unidade de Ouro Preto, MG. Tem também a
finalidade de clarificação da água do processo. 9.2 - Localização da Barragem
Desde sua construção, tem passado por fases de A Barragem do Marzagão está localizada no
alteamento pelo método de jusante tendo o município de Ouro Preto, estado de Minas Gerais,
último sido concluído em dezembro/07. A crista a cerca de 2 km, em linha reta e a oeste, de
da barragem se encontra na cota 1191,0 m com Saramenha, no córrego homônimo, que corre de
5,00 m de largura e 145,00 m de comprimento. oeste para leste, afluente da margem direita do
Tal resíduo é uma polpa formada principal- córrego Tripuí, com o qual se encontra a
mente por solução diluída e neutralizada de licor aproximadamente 800,00 m a jusante da
Bayer e sólidos compostos por óxidos de ferro, barragem.
alumínio, silício, cálcio e titânio. A Figura 9.2 apresenta um mapa de
Para classificação do resíduo, foram coletadas localização à Barragem do Marzagão.
amostras, conforme procedimentos especificados

Figura 9.2 – Mapa de localização da Barragem do Marzagão, em Ouro Preto, MG


(Fonte: Adaptado de Google Earth)

108
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 9.3 - Planta geral


da Barragem do
Marzagão

Figura 9.4 - Seção típica


da Barragem do
Marzagão

9.3 - Descrição Geral


com o talude de montante apoiando-se no
9.3.1 - Dados Gerais paramento de jusante da barragem de concreto.
Executou-se também um filtro vertical de
A barragem foi construída com diferentes
areia e tapetes drenantes na fundação e nas
materiais para diferentes etapas. A primeira etapa
ombreiras, com camadas de escória e en-
correspondeu à construção de uma barragem de
roncamento. As Figuras acima apresentam planta
concreto em arco gravidade com 25,00 m de altura
geral e seção típica da Barragem do Marzagão.
e crista na El. 1172,00 m. Nas demais etapas, o
alteamento foi feito pelo método de jusante, em
9.3.2 - Ficha Técnica
aterro compactado com material argiloso e silto
argiloso retirado de áreas de empréstimo, a Os principais dados de interesse da barragem
montante, distantes de 3,00 a 8,00 km da barragem, estão resumidos na tabela a seguir.

109
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 9-1 - Características da Barragem do Marzagão (mar/08)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e clarificação de água
Empresa Projetista Promom / Pimenta de Avila Consultoria
Etapa 5º alteamento (elev. 1191,00m), incluindo implantação.
Método de alteamento Jusante
Conclusão do último alteamento 2007
Altura 58,0 m (elevações 1191,00 – 1133,00m)
Elevação da crista 1191,00 m
Comprimento da Crista 145,0 m
Largura da crista 5,0 m
Talude jusante 1V: 2H, com bermas nas elevações, 1186,00; 1181,00; 1169,00; 1159,00; 1149,00 e
1139,00 m, protegido com grama em placas.
Talude de montante 1V: 2H, protegido com enrocamento.
Área do Reservatório na elevação (1188,00m) 350.000 m2
Volume do Reservatório (elevação 1188,00m) 3,87 x 106 m3
Tipos de Seção Homogênea de solo compactado.
Drenagem Interna Drenos no fundo do vale e nas ombreiras, filtro vertical de areia. Na saída do dreno
de fundo existe muro de concreto com medidor de vazão triangular.
Drenagem superficial Canaletas meia-cana de diâmetro igual a 0,40 m nas bermas, canaletas
trapezoidais e escada d’ água nas ombreiras.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens/Batimetrias Ensaios realizados nas áreas de empréstimo em julho de 2000 indicadas no relatório
TLF – 1687-00 elaborados pela Geolabor.
Parâmetros de Resistência
ao Cisalhamento Indicados no Anexo II deste documento.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 3,10 km2
Tempo de Concentração 30 minutos
Precipitação Máxima Provável 288,00 mm (PMP de 24h)
Cheia de Projeto 12,10 m3/s
Vazão Máxima Afluente 12,10 m3/s
Vazão de Projeto 12,10 m3/s
NA Máximo Operacional 1.188,00 m
NA Máximo Maximorum 1.190,00 m
Borda Livre (NA máx) 1,00 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Galeria sub horizontal em concreto estrutural, com 1,70 m de diâmetro e 220 m de
comprimento, descarregando suas vazões em escada d’água de concreto armado.
Soleira controlada por stop logs.
Vertedouro de Abandono -

110
Barragens de Rejeitos no Brasil

9.3.3 - Etapas de Construção as transições foram de escória média, fina e


grossa, além de areia em espessuras variáveis.
Na primeira etapa de construção da
barragem, foi implantada uma barragem de
9.3.5 - Monitoramento
concreto em arco gravidade com 25,00 m de
altura, com a crista na cota 1172,00 m. As demais A barragem possui piezômetros do tipo
etapas consistiram em alteamentos feitos pelo Casagrande instalados, sendo quatro pontos com
método de jusante, em aterro compactado com piezometros duplos e outros quatro pontos com
material argiloso e silto argiloso. Os alteamentos piezômetros simples. Possui ainda medidores de
foram feitos nas elevações 1182, 1186, 1189 e vazão triangulares instalados nas saídas dos drenos
1191,00 m, tendo este último sido concluído em de fundo da barragem e no extravasor da barragem.
dezembro de 2007. Estão previstos alteamentos O monitoramento é complementado por
até a cota 1197,00 m. meio de inspeções periódicas da equipe de
operação da barragem e também por inspeções
9.3.4 - Geologia e Fundações anuais por empresa especializada, com emissão
de laudos técnicos de segurança de barragem,
As investigações realizadas no local da conforme estabelecida pela legislação especifica.
barragem mostram claramente a predominância
total dos xistos e filitos róseos a avermelhados 9.3.6 - Sistema Extravasor
típicos da Formação Sabará, com estreitas
O sistema extravasor encontra-se na ombreira
intercalações lenticulares de quartzito fino. Na direita e a tomada d’água se dá por meio de tulipa
ombreira esquerda, percebe-se a flexão maior das inclinada, construída em concreto armado, sendo
rochas para NE, com ligeiras inversões locais do o controle do nível da soleira feito por placas de
mergulho das mesmas, para N/NW. A aparência concreto (stop logs). A tulipa se conecta à galeria
do maciço, principalmente nos trechos expostos sub-horizontal em concreto (1,70 m de diâmetro
na ombreira esquerda, é de uma rocha compacta e 220,00 m de comprimento), que cruza a barragem
de muito baixa permeabilidade. na ombreira direita para descarregar suas vazões
O maciço da barragem está assentado sobre numa estrutura em escada d’ água.
rocha alterada, em toda sua extensão. Durante as Para a análise da capacidade do extravasor
fases de alteamento, foi executada remoção frente a cheias considerou-se três diferentes
completa da vegetação e camadas superficiais de elevações na soleira do vertedor: 1188,0; 1189,0;
solo. No contato entre o terreno e o aterro e 1190,0 m. Para cada elevação, foi considerado
compactado, foram feitas camadas de transição o NA máximo e a condição de borda livre para
compostas por tapetes drenantes de areia e precipitações com diferentes tempos de retorno.
enrocamento no fundo do vale. Nas ombreiras, Os resultados estão descritos nas tabelas a seguir.

Tabela 9-2 - Principais resultados obtidos da análise da capacidade do extravasor


Tempo de Retorno (ano)
extravasor
Elevação

25 50 100 1.000 10.000


soleira

NA Máx D crit NA Máx Dcrit NA Máx Dcrit NA Máx Dcrit NA Máx Dcrit
(m) (dia) (m) (dia) (m) (dia) (m) (dia) (m) (dia)

1188,0 1.189,13 3 1.189,25 3 1.189,36 3 1.189,73 1 1.190,20 1

1189,0 1.190,08 3 1.190,21 3 1.190,33 3 1.190,72 3 (*)

1190,0 (*) (*) (*) (*) (*)

(*) Indicação de galgamento da barragem.

111
Barragens de Rejeitos no Brasil

A Tabela a seguir apresenta os valores de apresentada. Essas bordas livres também se


borda livre, determinados pela diferença das encontram discriminadas por tempo de retorno
elevações da crista da barragem e dos níveis e cenário analisado.
d’água apresentados na tabela anteriormente

Tabela 9-3 - Valores de borda livre

Tempo de Retorno (ano)


extravasor
Elevação

25 50 100 1.000 10.000


soleira

NA Máx Borda livre NA Máx Borda livre NA Máx Borda livre NA Máx Borda livre NA Máx Borda livre
(m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)

1188,0 1.189,13 1,67 1.189,25 1,75 1.189,36 1,64 1.189,73 1,17 1.190,20 0,80

1189,0 1.190,08 0,92 1.190,21 0,69 1.190,33 0,67 1.190,72 0,28 (*)

1190,0 (*) (*) (*) (*) (*)

(*) Indicação de galgamento da barragem.

Pelo exposto e pelas análises subseqüentes por martelos, seguindo a uma moagem úmida, até
realizadas, verificou-se que o sistema pode a obtenção de um material com a totalidade dos
absorver precipitações com tempo de retorno diâmetros menores que 2,00 mm, permitindo uma
superior a 10.000 anos. Tal condição atende às condição adequada para o processo químico
recomendações da Norma Brasileira ABNT NBR subsequente.
13028 – “Mineração – Elaboração e Apresentação Ao minério moído, é adicionada uma solução
de Projeto de Barragens para Disposição de de soda cáustica. No estágio final do processo, é
Rejeitos, Contenção de Sedimentos e Reservação obtida uma polpa constituída por uma fase líquida
de Água”, a qual recomenda que a barragem - solução de aluminato de sódio - e uma fase
opere em condições nas quais a mesma é capaz sólida, resíduo insolúvel da digestão denominado
de abservoer vazões com tempo mínimo de lama vermelha (red mud).
recorrência de 500 anos (e verificado para 1000 Do processo de decantação em espessador,
anos, sem borda livre). o resíduo insolúvel da digestão é separado da
solução útil do aluminato de sódio. Neste
9.3.7 - Aspectos Operacionais processo, normalmente é adicionado um
floculante para aceleração da sedimentação. A
O material lançado na barragem do Marzagão lama decantada é submetida à nova lavagem e a
é gerado no processo de beneficiamento de bauxita uma filtração final a vácuo.
para extração do óxido de alumínio. Este material Após esta lavagem e filtragem, realizadas em
é disposto nessa barragem, que se encontra em tambores rotativos a vácuo, a lama é descartada
operação desde meados da década 70, utilizando sob a forma de pasta (cake), com teor de sólidos
o método de lançamento contínuo de lama. de 55 a 60%. No processo de disposição atual, a
O processo produtivo de alumina utilizado pasta é submetida a um processo de neutralização
pela Novelis, na Unidade Ouro Preto, é o processo do pH. A lama vermelha gerada no filtro a vácuo
denominado Bayer. Nesse processo, o minério de com teor de sólidos entre 55 e 60% recebe a
bauxita é recebido com uma granulometria adição de água, até atingir uma concentração final
variada, sendo então submetido a uma britagem de sólidos em torno de 20%.

112
Barragens de Rejeitos no Brasil

Essa polpa é então bombeada para a 9.5 - Referências


Barragem do Marzagão, por meio de uma - Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
tubulação com 150 mm de diâmetro. Na barragem Barragem do Marzagão. Elaborado pela Pimenta
são adotados, alternadamente, pontos distintos de de Avila Consultoria em março de 2008.
lançamento localizados em posições mais a
montante do reservatorio, de modo a otimizar a - Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
vida útil da estrutura. Barragem do Marzagão. Elaborado pela Pimenta
A forma de lançamento é feita pelo método de Avila Consultoria em março de 2009.
convencional, por meio de espigotes colocados - Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
ao longo do acesso ao Marzagão, nas posições Barragem do Marzagão. Elaborado pela Pimenta
mencionadas. Desta forma, o resíduo tende a de Avila Consultoria em março de 2010.
ocupar sempre a faixa mais a montande do
- Relatório Final de Engenharia Básica do
reservatório.
Projeto Dry Mud Stacking. Elaborado pela
Pimenta de Avila Consultoria em fevereiro de
9.4 - Agradecimentos
2005.
O texto apresentado neste capítulo foi
- Desenho NO-115-DS-14700-01. Elaborado
elaborado com base nas referências indicadas no
pela Pimenta de Ávila em julho de 2008.
item seguinte.
O CBDB agradece à Novelis do Brasil, pela - Sintese das Informações Sobre a Barragem
autorização concedida na divulgação dos dados, do Marzagão - NO-112-RL-10524 –
à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponibili- Dezembro de 2006.
zação dos recursos, ao Engº. Leonardo Pereira
Padula, pela elaboração do texto, e ao Sr. Caio
Vieira, pela revisão do mesmo.

113
Barragens de Rejeitos no Brasil

114
Barragens de Rejeitos no Brasil

10 - SAMARCO MINERAÇÃO - UNIDADE


OPERACIONAL GERMANO

Figura 10.1 - Vista Geral do Sistema de Disposição de Rejeitos da Samarco

115
Barragens de Rejeitos no Brasil

10.1 - Apresentação os rejeitos gerados pela usina (Planta I) e de onde


a água de recirculação era bombeada para a usina
A Samarco Mineração S.A é uma empresa de beneficiamento. Com a implantação, no final
brasileira de mineração que extrai minério de de 2008, da segunda unidade de beneficiamento
ferro das frentes de lavra do complexo de (Planta II), houve um aumento na geração de
Alegria, na Unidade Operacional Germano, em rejeitos. Esse fato, somado à proximidade do final
Mariana, no estado de Minas Gerais. A empresa da vida útil da Barragem do Germano, fez surgir a
realiza lavra a céu aberto por meio de necessidade de um novo local para a disposição
equipamentos móveis e por correias de bancada, dos rejeitos gerados pelas duas unidades de
alimentando um sistema de correias trans- beneficiamento (Planta I e Planta II).
portadoras de longa distância, que levam o Neste contexto surge o Sistema de Rejeitos
minério até as plantas de beneficiamento para a do Fundão, como uma nova área para a disposição
concentração do minério de ferro. Sua produção, dos rejeitos arenosos e lamas. Este sistema não
em forma de polpa de concentrado, é totalmente faz parte da presente descrição.
escoada por dois minerodutos que levam a polpa A partir da década de 90, houve a necessidade
até o Porto Ponta de Ubu, localizado na Unidade de aumentar o fornecimento de água para o
Operacional Ubu, no município de Anchieta, no beneficiamento do minério. Para tanto, a
estado do Espírito Santo. construção da Barragem do Santarém, localizada
A partir do processo de beneficiamento do a jusante dos reservatórios do Germano e do
minério de ferro, extraído pela Samarco, são Fundão.A Barragem do Santarém, além da função
gerados dois tipos de rejeitos com características de reservação de água, tem como finalidade a
bastante distintas: um rejeito mais fino, contenção dos sedimentos provenientes destes
denominado lama e um rejeito com granulo- reservatórios, localizados a montante. Tal
metria mais grosseira, denominado rejeito estrutura não faz parte da presente descrição.
arenoso. A seguir estão apresentadas as informações
Desde o início das operações da Samarco o do Sistema de Rejeitos do Germano, com base
sistema de disposição de rejeito era composto nos documentos referenciados ao final deste
somente pela Barragem do Germano, que recebia capítulo.

Figura 10.2 – Foto


aérea do sistema de
rejeitos de Germano,
Samarco
(Fonte: Vale)

116
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 10.3 – Foto aérea da Barragem Santarém (Fonte: Vale)

Figura 10.4 – Mapa com a localização da Unidade


10.2 - Localização do Sistema Operacional Germano – Samarco Mineração S.A.

A Figura 10.4 apresenta o mapa de localização


da Unidade Operacional Germano.
O Reservatório do Germano foi formado a
partir da construção da Barragem Principal do
Germano, em 1976.A mesma entrou em operação
em 1977, com a finalidade de receber os rejeitos,
arenosos e lama, provenientes da planta de
beneficiamento de minério de ferro.
Posteriormente, com a subida do nível de
rejeitos no interior do Reservatório do Germano,
foi necessária a construção dos Diques da Sela,
Tulipa e Selinha para o fechamento das três selas
topográficas existentes na região nordeste do
reservatório.
A seguir estão apresentadas as informações
individuais das estruturas de contenção
constituintes do Reservatório do Germano.

117
Barragens de Rejeitos no Brasil

10.3 - Barragem Principal e dique de partida consistia em um filtro inclinado


Empilhamento a Jusante de Germano no talude de montante e na crista do dique,
composto por camadas de oversize fino e grosso,
10.3.1 - Generalidades blocos passados em grelha e blocos de maior
A implantação da Barragem do Germano foi dimensão. O talude de jusante foi protegido com
iniciada com a construção de um dique de partida blocos.
de enrocamento, impermeabilizado por um A partir da construção deste dique de partida
núcleo de material argiloso a montante, com uma foram feitos alteamentos consecutivos para
camada de transição entre o núcleo e o montante, a cada 5 m de altura. O núcleo dos
enrocamento. Este dique foi construído com diques é constituído por rejeito arenoso,
crista na elevação 849,5 m e altura máxima igual protegido na face de jusante por solo argiloso
a 70 m. A partir daí, foram realizados alteamentos compactado Os taludes de jusante possuem
sucessivos para montante, na medida em que se inclinação igual a 1V:2H com um talude médio
elevava o nível de rejeitos lançados no interior global igual a 1V:3H.
do seu reservatório. Os alteamentos foram O sistema de drenagem interna do
realizados através de diques de aterro compactado empilhamento consiste, além do dreno do dique
com altura variável entre 4 e 6 metros, até ser de partida, de um dreno situado no fundo do vale,
atingida a elevação 886 m. desde o dique de partida de enrocamento até o
A partir de 1993 o alteamento da barragem “offset” do empilhamento de jusante da Barragem
principal, por diques a montante junto à crista do do Germano. No contato dos rejeitos do
estágio anterior, passou a ficar inviável por razões reservatório da Pilha a Jusante com o talude de
de estabilidade da barragem. Com o objetivo de jusante da Barragem do Germano há um dreno
garantir a continuidade do lançamento dos interligado ao dreno de fundo.
rejeitos no reservatório, sem comprometer a Com este sistema de drenagem interna, o
estabilidade da barragem, os alteamentos maciço de rejeitos é eficientemente drenado,
subsequentes foram executados com afastamento constituindo-se, portanto, em um maciço não
entre 60 e 100 metros para montante da crista saturado e estável.
existente na elevação 886 m.A crista da barragem O sistema de drenagem superficial é
alcançou a elevação 899 m com aproximadamente constituído por uma descida d’água, em escada,
120 metros de altura. posicionada na ombreira esquerda, disposta
A partir daí, o empilhamento drenado de perpendicularmente às canaletas longitudinais das
rejeitos arenosos, a jusante da Barragem do bermas. O sistema de drenagem superficial é
Germano, foi a alternativa adotada para postergar construído à medida que os alteamentos são
a implantação de uma nova área de disposição de implantados.
rejeitos e melhorar as condições de estabilidade No futuro, o reservatório da Barragem do
da barragem principal, visando a situação de Germano será unificado com o reservatório da
fechamento. Barragem do Fundão na cota 920,00m, pois ambas
O empilhamento de rejeitos a jusante da as barragens ocupam vales contígos. Portanto,
Barragem do Germano teve início a partir de considerando a cota de fundação, em seu ponto
um dique de partida, construído com aterro mais baixo, a altura total da Barragem do Germano
compactado, com inclinação dos taludes igual a será de 175,0 metros.
1V:1,5H e crista na cota 790 m, com o ponto Na Figura 10.6, a seguir, está apresentada uma
mais baixo das fundações na elevação 745,0 seção típica da Barragem do Germano incluindo
metros. O sistema de drenagem interna deste o empilhamento de rejeitos a jusante.

118
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 10.5 – Vista da Barragem do Germano

Figura 10.6 – Seção transversal típica da


Barragem Principal do Germano com o
10.3.2 - Ficha Técnica Empilhamento a Jusante

Na tabela 10.1 a seguir, estão apresentadas


as principais características da Barragem do
Germano.

119
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 10-1 – Características da Barragem do Germano (Maio/2011)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos
Empresas Projetistas Bechtel / Pimenta de Avila Consultoria
Etapa Construtiva Atual Em operação
Data Conclusão -
Cota Atual da Crista 920,0 m
Altura Atual do Maciço 175,0 m (considerando a fundação na El.745m)
Comprimento Atual da Crista 300,0 m
Sistema Extravasor Tipo tulipa com galeria de descarga (Localizado adjacente ao
Dique da Tulipa)

10.3.3 - Geologia e Fundações extremidade de jusante do Dique da Baia 3, em


soleira construída sobre a encosta rochosa; e c)
A fundação da Barragem do Germano é na área imediatamente a montante da tulipa.
composta por filito são, nas porções inferiores O sistema extravasor dos Diques da Sela e
das ombreiras esquerda e direita e em todo o Tulipa é composto por uma galeria ligeiramente
fundo do vale. A parte superior das ombreiras é inclinada associada a uma torre vertical, ambos
formada por filito decomposto. Em toda a região em concreto celular pré-fabricado e um trecho
de fundação da barragem foi removida a camada de galeria em concreto armado, conectada a um
superficial de material orgânico. Na região do canal rápido e uma bacia de dissipação à jusante
fundo do córrego foram removidos blocos de deste.
rocha, matacões, areia e cascalho.
10.4 - Dique da Sela e Dique da Tulipa
10.3.4 - Monitoramento
10.4.1 - Generalidades
O monitoramento da Barragem do Germano
consiste nas inspeções periódicas e na leitura dos Devido à existência de duas selas
20 (vinte) piezômetros tipo Casagrande (ou tipo topográficas na região nordeste do reservatório
Tubo Aberto) instalados no maciço. Na Barragem da Barragem do Germano, foi necessária a
do Germano foram instalados 14 piezômetros construção de dois diques, denominados Dique
localizados no patamar da cota 886,0m e nas da Sela e Dique da Tulipa, para possibilitar a
bermas do talude de jusante. No Empilhamento a continuidade do lançamento de rejeitos no
Jusante da Barragem do Germano, foram interior do reservatório.
instalados 6 piezômetros do tipo Casagrande. À medida que o nível de rejeitos dentro do
reservatório foi sendo elevado, foram necessários
10.3.5 - Sistema Extravasor vários alteamentos, tanto do Dique da Sela, quanto
do Dique da Tulipa.
As condições de amortecimento das cheias, Os maciços de ambos os diques, em geral
no reservatório da Barragem do Germano, supõe são constituídos em seção mista, com utilização
a distribuição dos deflúvios nas várias sub-áreas de uma zona impermeável em aterro argiloso
do reservatório, controladas por soleiras compactado, funcionando como núcleo, e uma
vertentes situadas nas seguintes posições: a) a sul zona em enrocamento (“blocos sujos”) no
do reser vatório do dique auxiliar ; b) na espaldar de jusante.

120
Barragens de Rejeitos no Brasil

No final de 2010 os dois diques foram apenas para dar suporte para a construção do
alteados a partir da El. 910,0m pelo método de alteamento.
montante, com crista na EL.913,0m. Na Nas Figuras 10.8 e 10.9, a seguir, estão
fundação dos alteamentos dos dois diques foi apresentadas as seções transversais típicas do Dique
implantada uma base constituída de material da Sela e do Dique da Tulipa, respectivamente, após
tipo enrocamento, denominado “blocos sujos”, o alteamento para a elevação 913 m.

Figura 10.7 – Vista aérea


dos Diques da Sela e
Tulipa

Figura 10.8 – Seção


transversal típica do
Dique da Sela

Figura 10.9 – Seção


transversal típica do
Dique da Tulipa

121
Barragens de Rejeitos no Brasil

10.4.2 - Ficha Técnica

Nas Tabelas 10.2 e 10.3, a seguir, estão apresentadas as principais características do Dique da Sela e
do Dique da Tulipa, respectivamente.

Tabela 10-2 – Características do Dique da Sela


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas Figueiredo Ferraz / Pimenta de Avila.
Etapa Construtiva Atual Alteamento para EL.913,0m concluído
Data Conclusão Março de 2011
Cota Atual da Crista 913,0 m
Altura Atual do Maciço 41,0 m
Comprimento Atual da Crista 450,0 m

Tabela 10-3 – Características do Dique da Tulipa


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas Figueiredo Ferraz / Pimenta de Avila.
Etapa Construtiva Atual Alteamento para EL.913,0m concluído
Data Conclusão Março de 2011
Cota Atual da Crista 913,0 m
Altura Atual do Maciço 23,0 m
Comprimento Atual da Crista 375,0 m

10.4.3 - Monitoramento lhamento a Jusante da Barragem do Germano


e do acesso à mina de Fábrica Nova (de
O monitoramento do Dique da Sela e do
propriedade da VALE S/A), foi verificada a
Dique da Tulipa consiste nas inspeções periódicas
existência de uma nova sela topográfica, com
e na leitura dos 06 (três) piezômetros tipo
cota de topo posicionada na elevação 901,0m.
Casagrande (ou tipo Tubo Aberto) e 6 indicadores
Dessa forma tornou-se necessário implantar
de nível de água instalados nos Diques..
um dique de sela nesta região, simultanea-
10.4.4 - Sistema Extravasor mente aos alteamentos dos Diques da Sela e
da Tulipa. Esta nova estrutura foi denominada
O sistema extravasor do Dique da Sela e
Dique da Selinha.
Tulipa é o sistema descrito para a Barragem
O Dique da Selinha foi construído utilizando
Principal do Germano no item 10.4.1.
uma seção composta por aterro compactado de
10.5 - Dique da Selinha material argiloso.
O sistema de drenagem interna é composto
10.5.1 - Generalidades
por tapete horizontal de areia, com aproxima-
Na região sudeste do reservatório do damente 1,0m de espessura, acoplado a um filtro
Germano, na confluência do acesso ao Empi- vertical de areia.

122
Barragens de Rejeitos no Brasil

No final de 2010 a crista do Dique da Selinha sujos”, sendo que a sua drenagem interna foi
foi alteada pelo método de montante para a prolongada nesse trecho. Similar à construção
EL.913,0m. Os materiais de construção dos diques Sela e Tulipa, na fundação do
disponíveis para a implantação do maciço de alteamento do dique foi implantada uma base
alteamento do dique conduziu a uma geometria constituída de “blocos sujos”, apenas como
com uma faixa impermeável de material argiloso suporte ao alteamento.
a montante, e um espaldar de jusante em Nas Figuras 10.10 e 10.11, a seguir, estão
enrocamento denominado “blocos sujos”. Afim apresentadas a vista e a seção transversal típica
de aumentar a estabilidade do dique foi do Dique da Selinha, respectivamente, após o
implantada uma berma de equilíbrio em “blocos alteamento para a elevação 913 m.

Figura 10.10 – Vista do Dique da Selinha

Figura 10.11 – Seção transversal típica do Dique da Selinha

123
Barragens de Rejeitos no Brasil

10.5.2 - Ficha Técnica

Na Tabela 10-4 estão apresentadas as


principais características do Dique da Selinha.

Tabela 10-4 – Características do Dique da Selinha


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas Pimenta de Ávila
Etapa Construtiva Atual Alteamento para EL.913,0m concluído
Data Conclusão Março de 2011
Cota Atual da Crista 913,0 m
Altura Atual do Maciço 23,0 m
Comprimento Atual da Crista 135,0 m

10.5.3 - Monitoramento 10.5.4 - Sistema Extravasor


O monitoramento do Dique da Selinha O sistema extravasor do Dique da Selinha é
consiste nas inspeções periódicas e na leitura dos o mesmo sistema descrito para a Barragem
04 (quatro) piezômetros tipo Casagrande (ou tipo Principal do Germano no item 10.4.1.
Tubo Aberto) e 5 indicadores de nível de água.

Figura 10.12 -
Vista da Cava do
Germano

124
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 10.13 –
Seção Transversal
Típica da Cava do
Germano

10.6 - Cava do Germano Em 2006 iniciou-se a implantação da segunda


10.6.1 - Generalidades fase do projeto do empilhamento de rejeito
arenoso, dando continuidade ao projeto de
A Cava do Germano é uma antiga área de reabilitação da antiga Cava do Germano.
lavra, exaurida no final da década de 80. A partir No projeto original a pilha de rejeito atingirá
dessa época a cava passou a ser assoreada pelo a elevação 1.100m, com superfície da fundação na
material proveniente da erosão das suas paredes, elevação 945,00m. A crista do dique de partida foi
sendo desenvolvido um projeto de recuperação. posicionada na elevação 955,00m e os diques de
Esse projeto de recuperação foi divido em duas alteamento da pilha, alteados para montante, foram
partes, denominadas de primeira e segunda fase, projetados com suas bermas tendo 5,00m de
e contemplava a construção de um Empilhamento largura e declividade de 2% para sul, com taludes
Drenado de Rejeito Arenoso. de 5,00m de altura e inclinação média de 1V:3H.
O dique de partida com maciço drenante e O sistema de drenagem superficial do talude
o tapete drenante associado a drenos de fundo de jusante da pilha é composto por canaletas e
são os principais dispositivos de drenagem interna descidas d´água em escadas, confeccionadas em
da pilha em sua primeira fase. A cota de crista do concreto estrutural.
dique de partida foi projetada na elevação
955,00m e o tapete drenante com 30,00m de 10.6.2 - Ficha Técnica
extensão para montante, foi implantado com o
objetivo de manter a linha de saturação afastada As principais informações da Cava do
da face do talude da pilha. Germano estão apresentadas na tabela a seguir.

Tabela 10-5 – Características da Cava do Germano


DADOS GERAIS
Finalidade Empilhamento de Rejeito Arenoso
Empresas Projetistas Pimenta de Ávila Consultoria Ltda
Etapa Construtiva Atual Em operação
Data Conclusão -
Cota Atual da Crista 992,0 m
Altura Atual do Maciço 54,0 m
Comprimento Atual da Crista 325,0 m
Sistema Extravasor Tubo flauta conectado a uma galeria de concreto

125
Barragens de Rejeitos no Brasil

10.6.3 - Monitoramento
O monitoramento da Cava do Germano
consiste nas inspeções periódicas e na leitura dos
10 (dez) piezômetros tipo Casagrande (ou tipo
Tubo Aberto) e 2 indicadores de nível de água
instalados.

10.6.4 - Sistema Extravasor


O sistema extravasor é composto por tubo
flauta acoplado a uma galeria de concreto
posicionada na parede direita da cava (sul).

10.7 - Agradecimentos
O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no
item seguinte.
O CBDB agradece à Samarco, pela auto-
rização concedida na divulgação dos dados, à
Pimenta de Avila Consultoria, pela disponibi-
lização dos recursos, à Engª. Naycie Sirdene
Andrade, pela elaboração do texto, e aos Engos
Germano Lopes e Daviély Rodrigues, pela revisão
do mesmo.

10.8 - Referências
- SA-410-LT-22349-00 - Laudo Técnico de
Segurança de Barragem – Barragem do
Germano. Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em setembro de 2010;
- SA-901-RL-4596-0C – Sistema de Rejeitos
– Rejeito Arenoso – “Manual de Operação da
Barragem do Germano”. Elaborado pela
Pimenta de Avila em dezembro de 2003.
- SA-410-RL-22801-0C – Avaliação do
Trânsito de Cheias nos Reservatórios da
Barragem do Germano – Atualização Base
Topográfica. Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em março de 2011.

126
Barragens de Rejeitos no Brasil

11 - VALE - MINA DO CAUÊ - SISTEMA PONTAL

Figura 11.1 - Foto aérea da fase final da 2ª etapa de construção da Barragem do Pontal
- setembro de 1981

127
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.1 - Apresentação Além da Barragem do Pontal, o Sistem é


composto também por diques auxiliares, que
O Sistema Pontal está localizado no permitem ampliar a capacidade de armazena-
Complexo Itabira, município de Itabira-MG, na mento de rejeito no reservatório, bem como
Mina do Cauê, de propriedade da Vale, e tem a aumentar a eficiência do sistema de captação de
finalidade de armazenamento de água e a água. Os diques que compõem o sistema Pontal
disposição de rejeitos da Usina do Cauê. Os são os seguintes: Diques do Braço 1 (incluindo
rejeitos do Cauê são basicamente dispostos em os Diques do Minervino e Cordão Nova Vista);
duas áreas: na Cava da antiga Mina do Cauê e no Dique do Braço 2; Dique do Braço 3; Dique do
sistema de rejeitos do Pontal. Na Barragem do Braço 4; Dique do Braço 5; Dique do Braço 6; e
Pontal, os rejeitos chegam via Minervino e via Dique do Braço 7.
CB3/ Dique do Braço 4 (as informações A figura a seguir apresenta uma vista de
apresentadas neste capítulo são referentes à data satélite da área do reservatório e a configuração
base de setembro de 2008). das estruturas no Sistema Pontal.

Figura 11.2 – Vista de satélite do Sistema Pontal (Fonte: Google Earth)

O dique encontra-se totalmente submerso 11.3 - Barragem do Pontal


em virtude da elevação do nível d’água do
reservatório da Barragem do Pontal. 11.3.1- Dados Gerais
A Barragem do Pontal foi implantada na
11.2 - Localização do Sistema Pontal década de 70, em maciço inicial, tendo sofrido
Como mencionado no item anterior, o sucessivos alteamentos, pelo método de jusante,
Sistema Pontal se localiza no Município de Itabira- até sua crista atingir a elevação 788 m, condição
MG, na Mina do Cauê, que faz parte do Complexo em que se encontra.
Minerador de Itabira. Encontra-se distante cerca Em sua primeira etapa de construção (El.
de 110 km da capital Belo Horizonte. 755,00 m), a Barragem do Pontal apresentava 36,0
A figura a seguir apresenta mapa de acesso e m de altura em sua seção transversal máxima e
localização à Mina do Cauê, em Itabira, onde se foi construída com aterro compactado em silte
encontra o Sistema Pontal. argiloso. O sistema de drenagem interna foi

128
Barragens de Rejeitos no Brasil

composto por filtro vertical e tapete drenante


lançado sobre a fundação.
Nas figuras a seguir estão apresentadas planta
geral e a seção típica da Barragem do Pontal.

Figura 11.3 - Mapa de


acesso e localização da
Mina do Cauê.

Figura 11.4 - Planta


Geral da Barragem
do Pontal.

Figura 11.5 -
Seção Típica da
Barragem do
Pontal.

129
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.3.2 - Ficha Técnica

As principais características da Barragem do


Pontal estão apresentadas na tabela a seguir.

Tabela 11-1 – Características da Barragem do Pontal (setembro/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Armazenamento de água e contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas Maciço inicial: Milder-Kaiser; 2ª Etapa: Eletroprojetos;
3ª Etapa e 4ª Etapa: ECAD
Construção – Etapa 4º alteamento executado em 2006
Data de construção 4º alteamento: 2005/2006
Cota da Crista 788,0 m
Altura da Barragem 69,0 m
Comprimento da Crista 620,0 m
Largura da Crista -
Área do Reservatório 5.800.000 m2
Volume do Reservatório 122.500.000 m3
Tipo de Seção Homogênea / Zonada.
Drenagem Interna Filtro Vertical associado a tapete trizontal.
Instrumentação 30 piezômetros de tubo aberto, 12 medidores de recalque e
12 marcos superficiais.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto de cada etapa.
Parâmetros dos Materiais Aterro compactado: γ = 19 kN/m3; c’=20 kPa; φ’ = 31º
Barragem existente: γ = 19 kN/m3; c’ = 24 kPa; φ’ = 31º
Solo residual: γ = 17,9 kN/m3; c’ = 10 kPa; φ’ = 28º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 16,30 km2
Tempo de Concentração 34 min
Cheia de Projeto 467,0 mm, com duração de 2 dias, TR: 10.000 anos.
Vazão Máxima Afluente 85,0 m³/s
Vazão de Projeto 46,3 m³/s
NA Máximo Operacional 785,00 m
NA Máximo Maximorum 786,91 m
Borda Livre 1,09 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Extravasor de superfície na ombreira direita da barragem
com soleira apresentando perfil tipo “Creager”

130
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.3.3 - Etapas de Construção 773,50 m. Nesta etapa, a tulipa foi alteada da


A Barragem do Pontal foi implantada na elevação 774,50 m para 776,00 m.
década de 70, em maciço inicial, tendo sofrido Na 4ª Etapa, foi implantado sistema
sucessivos alteamentos, até sua crista atingir a extravasor de superfície na ombreira direita, com
elevação 788 m, condição em que se encontra. soleira na elevação 785,00 m. Na sela existente
Os alteamentos se dividiram em etapas, conforme na ombreira esquerda, foi executado um aterro
descrito a seguir. de reforço, no local onde até então passava o
extravasor em tulipa/ túnel da barragem. Uma
galeria de inspeção também foi implantada na
Etapa de Construção Cota da Crista
continuidade do túnel do extravasor existente
(m) para permitir o acesso durante os serviços de
1ª Etapa – Dique de Partida 755,00 tamponamento da tulipa e da galeria.
2ª Etapa – Alteamento 776,00
3ª Etapa – Alteamento 779,00 11.3.4 - Geologia e Fundações
4ª Etapa – Alteamento 788,00 A investigação geológico-geotécnica da
fundação da Barragem do Pontal foi realizada para
Em sua 1ª Etapa de construção, a Barragem todas as etapas de implantação da barragem.
do Pontal apresentava 36,00 m de altura em sua O terreno de fundação da Barragem do
seção transversal máxima e foi construída com Pontal, após as devidas remoções/ limpezas de
aterro compactado em silte argiloso. O sistema de materiais inadequados, é constituído basicamente
drenagem interna foi composto por filtro vertical por solos residuais provenientes da decompo-
e tapete drenante lançado sobre a fundação. sição de xistos/ gnaisses nas ombreiras e, no fundo
Na 2ª Etapa de construção, correspondente do vale e área da galeria do extravasor, por rocha
ao primeiro alteamento, a Barragem foi alteada biotita-gnaisse sã a pouco decomposta, muito
por jusante, assim como nos alteamentos subse- pouco fraturada e pouco permeável.
quentes. Foi executada com seção homogênea
zonada, tendo seu núcleo composto por silte 11.3.5 - Monitoramento
argiloso compactado e os espaldares por argila O monitoramento da Barragem do Pontal é
siltosa compactada. Sua altura atingiu 58,50 m, com feito por meio de 30 piezômetros, sendo 7
inclinação dos taludes (jusante e montante) de instalados na fundação, 12 no tapete drenante e
1V:3H e bermas de larguras variáveis, no talude 11 no maciço.
de jusante, a cada 10 m de desnível. O talude de
montante foi protegido com rip-rap, apresentando 11.3.6 - Sistema Extravasor
uma berma na elevação 765,00 m.
O sistema extravasor da 1ª Etapa situava-se
Na 3ª Etapa, a Barragem do Pontal teve seu
na margem esquerda e era constituído por um
alteamento implantado a partir da berma
vertedouro de soleira livre tipo Creager,
(elevação 766,00 m) de jusante, com talude de
posicionada na elevação 752,00 m, seguido por
inclinação 1V:1,54H, atingindo a elevação 779,00
um canal a céu aberto, desembocando em um
m. Para a fundação do aterro de alteamento, foi
túnel escavado em maciço rochoso.
executada escavação de 5,00 m de espessura no Posteriormente, foi executado um sistema
talude de jusante existente. O talude de montante extravasor composto por uma estrutura tipo
foi protegido por uma camada de rip-rap, com tulipa com soleira na El. 776,0 m e galeria de
enrocamento e transição, e o talude de jusante descarga.A galeria foi concebida em dois trechos.
foi protegido com grama. Para a drenagem interna, O primeiro em canal com 11,0 m de comprimento,
o filtro vertical foi estendido até a elevação e o segundo em túnel com 100,0 m de extensão.

131
Barragens de Rejeitos no Brasil

Esta estrutura foi tamponada por concretagem de espelho de água com aproximadamente 100 m
toda a tulipa e de trecho da galeria. de raio e volume de 4.000.000 m³.
O extravasor que está em operação na O sistema extravasor implantado no 4º
Barragem do Pontal é de superfície, implantado alteamento foi concebido para evento de cheia
na ombreira direita da barragem, apresentando de PMP, para durações inferiores a 24 horas, ou
os seguintes componentes: canal de aproximação, do quantil de 10.000 anos de período de retorno,
canal de transição, soleira vertente, canal de para durações maiores ou iguais a 2 dias.
escoamento, caixa de transição, rápido e dissi-
pador de energia. 11.4 - Dique 01 – Dique do Minervino
A área da bacia de drenagem da barragem é
de 16,30 km², desprezando-se os efeitos de O reservatório do Braço 1 recebe as
amortecimento nos Diques 5 e 6.A vazão máxima descargas da Usina do Cauê e ainda, em menor
afluente é de 85,00 m³/s e a capacidade vertente escala, sedimentos provenientes da Mina do Cauê,
do canal vertedouro para escoamento das cheias da britagem, da lavagem de pátios e demais
igual a 46,30 m³/s, com sobrelevação do nível instalações do complexo. No reservatório do
d’água até a elevação 786,91 m. Braço 1, encontram-se três estruturas, deno-
A operação simulada de trânsito de cheias minadas Dique do Braço 1, Dique do Minervino
pelo reservatório foi feita mediante aplicação do e Cordão Nova Vista, sendo os dois últimos
Método de Puls Modificado, utilizando os citados aqui como Diques auxiliares do Braço 1.
hidrogramas das cheias de projeto, as curvas cota- O reservatório do Dique do Braço 1 encontra-
volume previstas para a etapa de desativação e a se totalmente assoreado.
respectiva curva de descarga do sistema O Dique do Minervino destina-se à
extravasor, em um processo iterativo de fixação contenção de rejeitos, sendo a maior parte
das dimensões da estrutura e avaliação da proveniente das descargas da usina e, pequena
sobrelevação do nível de água. As curvas cota- parte, da lavagem do pátio, etc. Os rejeitos são
área e cota-volume do reservatório foram conduzidos da Usina até a cabeceira do
determinadas para a situação de final de vida útil reservatório do Minervino, na maior parte, por
do sistema de disposição de rejeitos, prevendo- tubulação de aço, sendo um pequeno trecho em
se a manutenção de um volume mínimo para galeria. A figura a seguir apresenta vista de satélite
amortecimento de cheias, garantido por um do Dique do Minervino.

Figura 11.6 - Vista área


do Dique do Minervino
(Fonte: Google Earth)

132
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.4.1 - Dados Gerais ¾ Corpo do Dique: construído com solo


O maciço foi construído em uma única etapa argiloso coluvionar no espaldar de montante
e apresenta altura máxima de 11,00 m, crista na e solo residual silte-arenoso no espaldar de
elevação 811,00 m e 1.198,00 m de comprimento. jusante. O aterro foi executado com equipa-
O maciço do dique é composto por: mentos apropriados e controle tecnológico de
¾ Base de Partida: construída utilizando o campo e de laboratório.
rejeito da pilha de underflow de uma antiga O sistema de drenagem interna é constituído
ciclonagem situada nas cabeceiras do Dique por um filtro vertical conectado a um tapete
do Braço 2, espalhado e adensado. drenante. Na saída da drenagem interna foi
¾ Vedação da Base de Partida à implantado um dreno de pé constituído por ‘JIG’
Montante: disposição de uma camada de solo ou areia média lavada, brita 1 e 2 e pedra de mão.
argiloso compactado pelo tráfego dos O talude de montante é protegido com
equipamentos de transporte e de espalha- enrocamento fino, e o talude de jusante com
mento, sobre a superfície e face de montante grama em placa.
da base de partida.
11.4.2 - Ficha Técnica
Os principais dados do Dique do Minervino
estão resumidos naTabela a seguir.

Tabela 11-2 - Características do Dique do Minervino (setembro/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos provenientes das atividades de mineração.
Empresas Projetistas Geoestrutural / RDIZ.
Construção - Etapa Única.
Data de construção 2004
Cota da Crista 811,00 m
Altura da Barragem 11,00 m
Comprimento da Crista 1198,00 m
Área do Reservatório 0,56 km²
Volume do Reservatório 6.500.000,00 m³
Tipo de Seção Mista.
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação 16 piezômetros e marcos superficiais.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na etapa de projeto.
Parâmetros dos Materiais Fundação: γ = 22 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 32º
Maciço: γ = 20 kN/m3; c’ = 20,0 kPa; φ’ = 28º
Base de partida: γ = 22 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 35º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 2,48 km²
Tempo de Concentração 50 min
Cont.

133
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 11-2 (continuação)

Precipitação Máxima Provável PMP com duração crítica de 24 horas


Cheia de Projeto 288,00 mm
Vazão Máxima Afluente 43,00 m³/s
Vazão de Projeto 19,90 m³/s
NA Máximo Operacional 808,40 m
NA Máximo Maximorum 809,97 m
Borda Livre (NA máx Max) 1,03 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Torre de queda e galeria de descarga, com bacia de dissipação
em concreto armado.

11.4.3 - Geologia e Fundações


O maciço de fundação é predominantemente - Galeria de descarga retangular bicelular em
constituído pelo depósito de rejeito sedimentado, concreto armado, implantada na base da torre,
exceto nas ombreiras onde ocorre solo descarregando num canal retangular;
coluvionar e residual de granito-gnaisse. - Canal retangular em concreto armado para
11.4.4 - Monitoramento condução do fluxo entre a galeria e o
dissipador;
O monitoramento do Dique do Minervino
é feito a partir das leituras periódicas de 16 - Dissipador em concreto armado capaz de
piezômetros, sendo 6 instalados na fundação, 6 amortecer e permitir a restituição adequada
no tapete drenante e 4 no maciço. Além dos das vazões na praia de rejeito em jusante.
piezômetros, estão instalados marcos superficiais
11.5 - Dique 01 – Cordão Nova Vista
para controle das deformações.
O Cordão Nova Vista foi concebido para
11.4.5 - Sistema Extravasor impedir o fluxo de rejeitos em direção a Vila
O extravasor foi concebido para o Residencial Nova Vista, situada a oeste da
escoamento das vazões afluentes, decorrentes da Barragem do Pontal. Em março de 2004, foi
polpa de rejeitos e da cheia referente à PMP. O elaborado um projeto de reforço do Cordão, de
sistema extravasor é basicamente constituído seu extravasor e de estruturas anexas.
pelos seguintes componentes: Encontra-se em andamento o projeto de
- Canais de aproximação e de restituição, alteamento do Cordão Nova Vista (setembro de
escavados em terreno natural e protegidos 2008). Este alteamento se fez necessário em
com enrocamento fino; virtude da elevação do nível d’água do
reservatório da Barragem do Pontal para a
- Torre de queda em concreto armado: consiste
elevação 785,00 m (soleira do extravasor da
numa torre em quadro fechado, com tomada de
Barragem de Pontal).
água frontal constituída por quatro colunas de
janelas de 1,50 m cada uma, tendo na base um A figura a seguir apresenta foto de satélite
poço de queda, que deságua numa galeria; do Cordão Nova Vista.

134
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 11.7 – Vista aérea do Cordão Nova Vista


(Fonte: Google Earth)

11.5.1 - Dados Gerais A drenagem interna é constituída por um


A base do dique inicial foi construída filtro inclinado de areia média a grossa,
utilizando-se canga laterítica areno-argilosa bem implantada diretamente sobre o talude de
graduada, contendo pedregulhos e blocos jusante do dique inicial. Na saída da drenagem
decimétricos. Sobre a camada de canga, foi interna foi concebido um dreno de pé,
implantado o dique de partida, composto por solo constituído por pedras de mão e brita, para a
argilo-arenoso compactado pelo tráfego dos descarga das vazões percoladas e proteção do
equipamentos. filtro contra o arraste de partículas. O dreno de
Em março 2004, foi elaborado um projeto pé tem também a função de proteger o maciço
de reforço do Cordão, de seu extravasor e das vazões provenientes do reservatório
estruturas anexas.As obras de reforço concebidas localizado a jusante do Dique.
pelo projeto foram implantadas em 2005. A proteção do talude de montante é
O aterro de reforço concebido para o Cordão composta por enrocamento bem graduado, e a
Nova Vista consiste em um aterro compactado, do talude de jusante, por cobertura vegetal.
envelopando o dique inicial, associado a um sistema
de drenagem interna para o controle das
11.5.2 - Ficha Técnica
percolações. Os materiais utilizados na construção
do aterro de reforço foram solo argiloso Os principais dados de interesse do
coluvionar e solo residual silto-areno-argiloso, empreendimento em questão estão resumidos na
disponíveis nas imediações da obra. tabela a seguir.

135
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 11-3 - Características do Cordão Nova Vista (setembro/2008)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos provenientes das atividades de mineração e
impedimento do fluxo de rejeitos em direção a vila residencial Nova Vista.
Empresas Projetistas Dique inicial: sem ref. - projeto de reforço: ECAD.
Construção – Etapa Reforço do Aterro.
Data de construção Aterro de reforço: 2005
Cota da Crista Variável - 788,0 m a 796,0m
Altura da Estrutura Variável - Altura máxima = 7,5 m
Comprimento da Crista 1280,0 m
Largura da Crista -
Área do Reservatório 0,29 km²
Volume do Reservatório -
Tipo de Seção Mista.
Drenagem Interna Dique inicial: Inexistente Aterro de reforço: Filtro Inclinado e
Tapete Drenante.
Instrumentação Piezômetros e marcos superficiais.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto do reforço.
Parâmetros dos Materiais Fundação: γ = 22 kn/m3; c’ = 0,0 kPa; φ’ = 32º
Aterro existente: γ = 19 kN/m3; c’ = 10,0 kPa; φ’ = 28º
Aterro de reforço: γ = 20 kN/m3; c’ = 20,0 kPa; φ’ = 31º

11.5.3 - Geologia e Fundações 11.5.4 - Monitoramento


O maciço de fundação do Cordão Nova Vista O monitoramento é feito por meio de
é constituído quase que totalmente pelo depósito leituras mensais dos piezômetros e anuais dos
de rejeito sedimentado, tendo tal camada uma marcos superficiais.
espessura de aproximadamente 30 m.Apenas nas
ombreiras ocorre terreno natural, representado 11.6 - Dique 02
por colúvio e solo residual de gnaisse.
O aterro de reforço do dique está assentado O Dique do Braço 2 tem como principal
sobre uma camada base de partida (forro) finalidade a contenção dos rejeitos ciclonados
implantada diretamente sobre a praia de rejeitos. (underflow). A figura a seguir apresenta uma
A camada base é composta por rejeito da pilha vista de satélite localizada do Dique 02 do
de underflow de uma antiga ciclonagem. Sistema Pontal.

136
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 11.8 – Vista de Satélite do Dique 2 – Sistema Pontal


(Fonte: Google Earth)

11.6.1 - Dados Gerais O sistema de drenagem interno, implantado


no dique de partida, é constituído de filtro vertical
O maciço do Dique do Braço 2 foi e tapete drenante na fundação. No dique da 2ª
construído a partir de um dique de partida e de etapa (1º alteamento), o filtro vertical foi alteado
três sucessivos alteamentos, totalizando três da elevação 789,5 para a 797,0 m.
etapas de construção, além de um alteamento O sistema de drenagem interno da 3ª etapa
até elevação 801,0 m realizado em novembro foi executado de forma independente em relação
de 2001, que visou prover a segurança do aos demais e é constituído por um filtro vertical
barramento. conectado a um tapete drenante.
As etapas de implantação do dique A proteção do talude de montante foi feita
apresentaram características semelhantes. O com rip-rap de enrocamento, e a proteção da
processo consiste na implantação de uma base plataforma de topo consiste em uma camada de
de partida constituída de itabirito ou rejeito da solo granular tipo pó de pedra ou pedrisco.
pilha de underflow, de modo a criar uma base
estável para a implantação do dique. Na base de 11.6.2 - Ficha Técnica
partida, a montante, é implantada uma camada
de material argiloso compactado para vedação. Os principais dados de interesse do
O maciço do dique consiste em um aterro de empreendimento em questão estão resumidos na
material siltoso compactado com controle. tabela a seguir.

137
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 11-4 - Características do Dique do Braço 2 – Sistema Pontal (setembro/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas 1ª e 2ª Etapas: ECAD / 3ª Etapa: Poente Engenharia.
Construção – Etapa Contrução executada em três etapas
Data de construção 3ª Etapa: 2005
Cota da Crista 802,0 m
Altura do Dique 21,0 m
Comprimento da Crista 620,0 m
Largura da Crista -
Área do Reservatório -
Volume do Reservatório 17.400.000,0 m3
Tipo de Seção Mista
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação 3 piezômetros; marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto de cada etapa.
Parâmetros dos Materiais Fundação: γ = 22,3 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 35º
Aterro: γ = 22,0 kN/m3; c’ = 20 kPa; φ’ = 28º
Base de partida: γ = 22,0 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 34º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 1,6 km2
Tempo de Concentração 0,6 h
Precipitação Máxima Provável 183,0 mm
Cheia de Projeto PMP com duração crítica de 4 horas
Vazão Máxima Afluente 36,2 m3/s
Vazão de Projeto 21,9 m3/s
NA Máximo Operacional 797,0 m
NA Máximo Maximorum 800,95 m
Borda Livre 1,05 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação -
Vertedouro de Abandono Dois vertedouros nas margens direita e esquerda;
com soleiras nas El. 797,0 m e 797,5 m, respectivamente.

11.6.3 - Etapas de Construção


O Dique do Braço 2, do Sistema Pontal, - 1a etapa - El. 791,0 (Dique de Partida);
consiste em uma estrutura implantada em três - 2a etapa - El. 799,0 (1º alteamento);
etapas principais: - 3a etapa - El. 802,0 (2º alteamento);

138
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.6.4 - Geologia e Fundações O monitoramento é feito por meio de


O maciço de fundação é predominantemente leituras mensais dos piezômetros e verificações
composto pelo depósito de rejeitos, que se anuais dos marcos superficiais.
desenvolve ao longo de toda a baixada do
reservatório e pelo terreno natural, nas 11.6.6 - Sistema Extravasor
ombreiras. O sistema extravasor é composto por dois
Nas ombreiras, o terreno constitui-se de solo vertedouros, implantados nas ombreiras
coluvionar argiloso com aproximadamente 0,8 m esquerda e direita, em canais a céu aberto. O
de espessura, sobreposto a solo residual de dimensionamento foi realizado para o
gnaisse silto-arenoso. vertedouro da margem direita e, por medida de
As sondagens realizadas no depósito de rejeito segurança, foi executado um vertedouro na
indicaram valores de SPT variando de 2 a 6 golpes. ombreira esquerda com as mesmas caracte-
Além das sondagens, foram coletadas amostras para rísticas e dimensões do primeiro. Tal dimen-
a determinação da densidade in situ, caracterização sionamento considerou cheia correspondente
geotécnica e determinação dos parâmetros de à Precipitação Máxima Provável com duração
resistência por meio de ensaios triaxiais. igual a 4 horas.
O sistema extravasor foi concebido como um
11.6.5 - Monitoramento vertedouro de soleira espessa, seguido por um
Para a avaliação da segurança operativa da canal, apresentando os seguintes componentes:
estrutura na 3ª Etapa foram implantados trecho inclinado e curvo em seção retangular,
piezômetros na fundação, corpo do dique e tapete trecho em escada com seção retangular e bacia
drenante, além de marcos superficiais. de dissipação.

Figura 11.9 – Vista aérea


dos vertedouros do Dique
02 – Sistema Pontal
(Fonte: Google Earth)

139
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.7 - Dique 03
O Dique do Braço 3 se encontra com seu
reservatório assoreado e não recebe mais rejei-
tos – em situações especiais, pode receber
eventualmente determinada quantidade a ser
disposta. A figura a seguir apresenta vista de saté- Figura 11.10 – Vista aérea do
lite do Dique 03 do Sistema Pontal. Dique 3 – Sistema Pontal
(Fonte: Google Earth)

11.7.1 - Dados Gerais jusante quanto a montante, com solo coluvionar


argiloso, compactado com controle;
A construção do Dique do Braço 3 se deu -O talude de montante tem inclinação
em três etapas, tendo sido os alteamentos 1V:1,5H, enquanto os taludes de jusante têm
executados por montante, sendo as características inclinação 1V:2H e bermas nas elevações
principais dessas descritas conforme segue: 789,5; 795,5 e 801,5 m.
- Camada base de partida feita com aterro de O sistema de drenagem interna, constituído
solo coluvionar, lançada diretamente sobre o de filtro vertical e tapete drenante sobre a base
rejeito. A compactação é obtida pelo tráfego de partida do dique, foi executado com JIG e
de equipamentos durante o lançamento e camada externa de brita, utilizada como transição,
espalhamento dos materiais; além de proteção do pé do aterro, também feita
-O interior do maciço foi construído com aterro com JIG e brita.
compactado de solo residual silto-argiloso, A proteção do talude de jusante foi feita por
revestido por uma camada de vedação, tanto a meio de plantio de grama.

140
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.7.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da estrutura
em questão estão resumidos na tabela a seguir.

Tabela 11-5 - Características do Dique do Braço 3 – Sistema Pontal (setembro/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos
Empresas Projetistas RDIZ e SOLOSCONSULT
Construção – Etapa 3 etapas: dique de partida e 2 alteamentos. Está previsto mais
um alteamento do dique.
Data de construção -
Cota da Crista 801,5 m
Altura do Dique 18,5 m
Comprimento da Crista 560,0 m
Largura da Crista -
Área do Reservatório 415.000,0 m²
Volume do Reservatório 11.000.000,0 m3
Tipo de Seção Mista
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação 9 piezômetros.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas no projeto da SOLOSCONSULT.
Parâmetros dos materiais Rejeito: γ = 22,3 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 35°.
Aterro: γ = 22,3 kN/m3c’ = 196,16 kPa / φ’ = 28°.
Aterro: γ = 22,0 kN/m3c’ = 0 kPa / φ’ = 34°.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 1,19 km2
Tempo de Concentração 0,65 h
Precipitação Máxima Provável 288,0 mm, com duração de 24 horas
Cheia de Projeto PMP
Vazão Máxima Afluente 10,8 m3/s
Vazão de Projeto 3,4 m3/s
NA Máximo Operacional 799,5 m
NA Máximo Maximorum 800,44 m
Borda Livre 1,06 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Vertedouro de superfície com soleira na El. 799,5 m.

141
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.7.3 - Etapas de Construção consistência variando de rija a dura. Abaixo da


Conforme mencionado anteriormente, a camada coluvionar, observa-se uma camada de solo
construção do Dique do Braço 3 se deu em três saprolítico/ residual de filito, constituído por siltes
etapas: dique de partida, com crista na elevação argilosos, de cor vermelha variegada, apresen-
789,5 m; dique da segunda etapa, com crista na tando consistência dura a muito dura.
elevação 795,5 m; e dique da terceira etapa, com
coroamento na elevação 801,5m. 11.7.5 - Monitoramento
A crista do dique encontra-se na elevação O monitoramento do Dique 3 é feito por
801,5 m, tem aproximadamente 560,0 m de meio de leituras mensais em nove piezômetros,
extensão, 18,5 m de altura e apresenta o reserva- sendo três instalados no maciço, três na fundação
tório praticamente assoreado, atingindo a con- e três no tapete drenante.
formação final prevista até o momento.
Está previsto um novo alteamento do dique 11.7.6 - Sistema Extravasor
para a elevação 804,0 m, cujo projeto executivo Em cada etapa do dique foi implantado um
encontra-se concluído. O principal objetivo deste extravasor de superfície que era plugado quando
alteamento de 2,5 m é garantir a borda livre do alteamento da etapa seguinte, sendo o nível
desejada e permitir o encerramento das atividades do reservatório controlado por stop-logs, feitos
dessa bacia de disposição de rejeito. de madeira, que determinam a cota da soleira do
vertedouro.
11.7.4 - Geologia e Fundações O extravasor da terceira etapa possui canal
As investigações realizadas na fundação do de aproximação escavado e protegido com
dique consistiram em cinco sondagens mistas e enrocamento; canal de descarga, em escada de
quinze sondagens a trado, com coleta de amostras concreto armado de seção retangular 2,0 x 1,0 m
em quatro furos. A fundação é constituída (largura x altura). A jusante foi implantado um
basicamente pela praia de rejeitos sedimentados, dissipador feito com caixas de gabião.
com características arenosas. Nas ombreiras, foi Tal sistema extravasor foi dimensionado para
encontrada uma camada de solo coluvionar com evento de cheia decorrente de PMP.
espessura variando de 1,5 a 3,8 m, constituída por O projeto executivo para o próximo
material argiloso, de cor vermelha, apresentando alteamento do dique (elevação 804,0 m) prevê a

Figura 11.11 - Vista parcial do reservatório do Dique do Braço 4, praticamente assoreado.

142
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 11.12 – Foto de satélite do Dique 4 – Sistema Pontal


(Fonte: Google Earth)

implantação de um novo extravasor, na ombreira Sobre a base de partida, foi executado aterro
direita, com 10 m de largura e 96,7 m de compri- compactado (GC > 95% PN) utilizando solo
mento, dimensionado para uma cheia de coluvionar argiloso e solo residual silte arenoso
recorrência decamilenar. de áreas de empréstimo localizadas nas ombreiras.
A crista apresenta largura de 6,0 m e os taludes
11.8 - Dique 4 de jusante e montante apresentam inclinação de
O Dique do Braço 4 tem a finalidade de 1V:2H 1V:1,5H, respectivamente.
conter rejeitos ciclonados, visando otimizar a O sistema de drenagem interno é constituído
ocupação dos braços do reservatório da por filtro vertical em JIG e tapete drenante
Barragem do Pontal e aumentar a vida útil do lago constituído por duas camadas de JIG envelopando
remanescente junto à barragem principal. O uma camada de brita 1 e 2. A saída da drenagem
lançamento do rejeito proveniente da Usina de interna foi protegida por camadas de brita 1, 2 e
Cauê é feito na cabeceira do reservatório do pedra de mão.
Dique 4. As figuras 11.11 e 11.12 apresentam fotos O dique encontra-se na elevação 795,0 m, e
do Dique 4 do Sistema Pontal. apresenta reservatório praticamente assoreado,
atingindo a conformação final prevista até o
11.8.1 - Dados Gerais momento.
A implantação do dique consistiu no
lançamento de uma base em solo arenoso, 11.8.2 - Ficha Técnica
constituído de itabirito, sobre a praia de rejeitos, Os principais dados de interesse do
sendo sua compactação feita pelo tráfego de empreendimento em questão estão resumidos na
equipamentos de lançamento e espalhamento. tabela a seguir.

143
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 11-6 - Características do Dique 04 – Sistema Pontal (setembro/2009)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos provenientes das atividades de mineração.
Empresa Projetista ECAD/RDIZ/Geoestrutural.
Construção - Etapa 2 etapas (dique inicial e 1º alteamento) e um alteamento emergencial.
Data de Construção -
Cota da Crista 795,0 m
Altura do Dique 13,0 m
Comprimento da Crista 410,0 m
Área do Reservatório -
Volume do Reservatório 5.700.000,0 m3
Tipo de Seção Mista.
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação Piezômetros e marcos superficiais.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na etapa de projeto.
Parâmetros dos Materiais Base de partida: γ = 22 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 32º
Fundação: γ = 20 kN/m3; c’ = 0 kPa; φ’ = 32º
Aterro: γ = 20 kN/m3; c’ = 20 kPa; φ’ = 28º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 3,21 km2
Tempo de Concentração 0,7 h
Cheia de Projeto PMP com duração de 24 horas
Precipitação Máxima Provável 288,0 mm
Vazão Máxima Afluente 23,5 m3/s
Vazão de Projeto 5,79 m3/s
NA Máximo Operacional 792,0 m
NA Máximo Maximorum 793,25 m
Borda Livre (NA máx) 1,75 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Desativado.
Vertedouro de Abandono Canal aberto.

11.8.3 - Etapas de Construção m). Na 2ª etapa, foi executado o alteamento do


A construção do Dique 4 se deu em 2 etapas. dique para montante, com crista na elevação 794,0
Na primeira delas, foi executado um dique de m. Posteriormente, foi executado um alteamento
partida, com coroamento na elevação 788,0 m, para montante, em caráter emergencial, de 1,0 m
implantado a partir da praia de rejeitos (El. 782,0 de altura, elevanando a crista para a cota 795,0 m.

144
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.8.4 - Geologia e Fundações conectada a uma tubulação ARMCO, com um


A investigação geológico-geotécnica foi feita dissipador em gabiões. Esse extravasor foi implantado
a partir de sondagens a percussão na ombreira na ombreira direita e encontra-se desativado.
direita, na ombreira esquerda e na praia de rejeitos. O sistema extravasor operante foi concebido
Nas ombreiras, ocorre solo coluvionar argiloso para atender as vazões decorrentes da
de cor marrom avermelhado, com espessura de 1,0 Precipitação Máxima Provável. A estrutura está
a 1,9 m, com SPT variando entre 5 e 9 golpes.Abaixo localizada na ombreira esquerda e é constituída
do solo coluvionar há um horizonte de solo residual por canal aberto em concreto armado com soleira
silte arenoso pouco argiloso e micáceo, com SPT do tipo espessa, tendo um canal de aproximação
variando de 8 a 17 golpes. A sondagem na região em terreno natural, protegido por enrocamento
central do dique indicou que o rejeito é constituído com as devidas transições. O extravasor
por uma areia fina fofa, com resultados médios de descarrega num dissipador em concreto armado,
SPT equivalente a 4 golpes. Além das sondagens à que verte para um canal de restituição protegido
percussão, foram coletadas amostras de rejeito para com enrocamento.
a determinação da densidade in situ e determinação
dos parâmetros de resistência a partir de ensaios 11.9 - Dique 5
triaxiais. O Dique do Braço 5 tem como finalidade
acumular água e preservar a reserva hídrica
11.8.5 - Monitoramento existente no vale do Braço 5, frente ao
O monitoramento do Dique 4 é feito por assoreamento dos rejeitos vindo por jusante. A
meio de marcos superficiais e seis piezômetros, preservação da reserva hídrica existente é de
(2 instalados na fundação, 2 no tapete drenante e grande importância para complementar o
2 no maciço), nos quais são feitas leituras mensais. abastecimento de água do Complexo Cauê,
principalmente na época de estiagem.
11.8.6 - Sistema Extravasor A figura a seguir apresenta foto de satélite
do Dique 5 do Sistema Pontal.
Inicialmente,o sistema extravasor era constituído
por uma torre de queda, em concreto armado,

Figura 11.13 –
Vista aérea do
Dique 5 –
Sistema Pontal
(Fonte:
Google Earth)

145
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.9.1 - Dados Gerais foi implantado um dreno de pé constituído por


Na execução do dique, foi implantada uma brita e pedra de mão.
base de partida constituída pelo próprio rejeito No talude de montante do dique de partida,
disposto no local ou por itabirito friável, há um sistema de proteção contra carreamento
proveniente da Mina do Cauê. Essa base de partida de solo constituído por manta de geotêxtil
serviu de apoio à implantação do corpo do dique, associada a camada de pedras de mão.Tal proteção
em aterro compactado, constituído de solos foi executada em virtude da variação de
provenientes de áreas de empréstimo nas aproximadamente 2,0 m do nível d’água do
ombreiras. reservatório, entre o período chuvoso e o de
O sistema de drenagem interno foi estiagem.
concebido de forma independente para cada
alteamento, sendo o mesmo constituído por um 11.9.2 - Ficha Técnica
filtro vertical em JIG conectado a um tapete Os principais dados de interesse do
drenante formado por camada de brita empreendimento em questão estão resumidos na
envelopada por JIG. Na saída da drenagem interna, tabela a seguir.

Tabela 11-7 - Características do Dique 5 – Sistema Pontal (setembro/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Retenção de água.
Empresas Projetistas RDIZ e Geoestrutural
Construção – Etapa Maciço construído em duas etapas e um alteamento
de emergência de 1,0 m.
Data de Construção -
Cota da Crista 795,0 m
Altura do Dique 13,0 m
Comprimento da Crista 320,0 m
Área do Reservatório -
Volume do Reservatório 7.200.000,0 m3
Tipo de Seção Mista.
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação 3 Piezômetros
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 2,09 km2
Tempo de Concentração 0,7 h
Precipitação Máxima Provável 288,0 mm
Cheia de Projeto PMP com duração de 24 horas
Vazão Máxima Afluente 17,5 m3/s
Vazão de Projeto 7,66 m3/s
NA Máximo Operacional 792,0 m
NA Máximo Maximorum 792,88 m
Borda Livre (NA máx Max) 2,12 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Canal em seção trapezoidal, com soleira na El. 792,0 m.

146
Barragens de Rejeitos no Brasil

11.9.3 - Etapas de Construção marrom arroxeada, apresenta textura silto


arenosa, com pouca argila, consistência entre
A construção do Dique 5 se deu em duas
média a rija e tem baixa permeabilidade.
etapas. Na primeira delas, foi implantado um dique
de partida com crista na elevação 788,0 m. Na
11.9.5 - Monitoramento
segunda, o mesmo foi alteado por montante, com
o rejeito adensado servindo de material de A instrumentação do Dique 5 consiste em
fundação, atingindo coroamento na elevação três piezômetros de tubo, sendo um instalado no
794,0 m. Um alteamento emergencial foi maciço, um no tapete drenante e um na fundação.
necessário e elevou a crista do Dique para a cota
795,0 m (altura máxima de 13,0 m). 11.9.6 - Sistema Extravasor
Como o Dique 5 está implantado na junção
11.9.4 - Geologia e Fundações do Braço 4 com o 5, os extravasores desses
O terreno de fundação do Dique 5 é Diques operam de forma associada. Além disso,
composto por rejeitos, solo coluvionar e solo no reservatório do Braço 5 há uma torre de queda
residual, sendo que quase a totalidade do dique em concreto armado com tomada d’água frontal
está apoiada sobre o depósito de rejeito. Esse regulável, tendo na base um poço de queda, que
rejeito tem granulometria similar à de areia fina, deságua numa galeria e em um canal. A partir
mal graduada e se apresenta fofo e saturado. deste sistema é feita adução da água para o
Nas ombreiras, as duas principais unidades reservatório da Barragem do Pontal.
geotécnicas são representadas por colúvios
11.10 - Dique 6
avermelhados e solos residuais. O colúvio aparece
nas ombreiras capeando o solo residual O Dique do Braço 6 tem o mesmo objetivo
proveniente da alteração de gnaisse.A camada de do Dique 5, ou seja, armazenar água a montante
colúvio tem cerca de 2,0 m de espessura e é e reter os rejeitos a jusante. A figura a seguir
constituída por argila arenosa porosa, de cor apresenta foto de satélite do Dique 6 do Sistema
marrom avermelhada. Já o solo residual, de cor Pontal.

Figura 11.14 – Vista aérea do Dique 6 – Sistema Pontal


(Fonte: Google Earth)

147
Barragens de Rejeitos no Brasil

A figura a seguir apresenta uma vista da crista


do Dique 6, a partir da qual pode-se notar o rejeito
do reservatório de jusante em cota superior ao
nível d’água do lago do Dique 6.
Figura 11.15 - Vista da crista do Dique 6.

11.10.1 - Dados Gerais foi executado com solos provenientes de áreas


Na implantação dos diques foi adotado o de empréstimo localizadas nas ombreiras.
conceito de alteamento por montante. Sobre os Quanto ao sistema de drenagem interno, o
rejeitos, foi executada uma base de partida a partir mesmo foi concebido de forma independente
de um aterro lançado, constituído de material para cada fase do alteamento.
arenoso (rejeito disposto no local ou itabirito
proveniente do estéril da lavra da Mina do Cauê). 11.10.2 - Ficha Técnica
Tal base de partida serviu de apoio à implantação Os principais dados de interesse do empreen-
do corpo do dique em aterro compactado, que dimento em questão estão resumidos na tabela a seguir.

148
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 11-8 - Características do Dique 06 – Sistema Pontal (novembro/2008)

DADOS GERAIS
Finalidade Retenção de água.
Empresas Projetistas RDIZ.
Construção - Etapa 2ª etapa (maciço inicial e 1º alteamento)
Data de Construção -
Cota da Crista 788,0 m
Altura do Dique 11,0 m
Comprimento da Crista 460,0 m
Área do Reservatório -
Volume do Reservatório 4.000.000,0 m3
Tipo de Seção Mista.
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete drenante.
Instrumentação 3 piezômetros
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 1,84 km2
Tempo de Concentração 0,35 h
Precipitação Máxima Provável 288,0 mm
Cheia de Projeto PMP com duração de 24 horas
Vazão Máxima Afluente 16,1 m3/s
Vazão de Projeto 7,42 m3/s
NA Máximo Operacional 786,0 m
NA Máximo Maximorum 786,85 m
Borda Livre (NA máx Max) 1,15 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Canal trapezoidal com soleira na El. 786,0 m
(extravasor ainda não implantado).

11.10.3 - Etapas de Construção 11.10.4 - Geologia e Fundações


O Dique 6 foi executado em duas etapas. Na A fundação do Dique 6 pode ser caracte-
primeira delas, foi implantado um dique de partida rizada de forma similar ao descrito no item
com coroamento na elevação 782,0 m. Na referente ao Dique 5.
segunda, foi executado um alteamento, tendo o
dique atingido coroamento na elevação 788,0 m. 11.10.5 - Monitoramento
Tal alteamento foi implantado pelo método O monitoramento do Dique 6 é feito por
construtivo de montante, ou seja, sendo o maciço meio de leituras periódicas em três piezômetros
apoiado no próprio rejeito, adensado, disposto de tubo aberto, sendo dois instalados na fundação
no reservatório contíguo. e um no tapete drenante. As leituras nos

149
Barragens de Rejeitos no Brasil

piezômetros indicam níveis piezométricos com o intuito de aumentar a vida útil do


aproximadamente na elevação 783 m, que reservatório da Barragem do Pontal.
coincide com o nível d’água do reservatório a O dique encontra-se totalmente submerso,
jusante do dique. em virtude da elevação do nível d’água do
reservatório da Barragem do Pontal, fato que já
11.10.6 - Sistema Extravasor era previsto. A figura a seguir apresenta foto de
O Dique 6 não é dotado de estrutura satélite da região onde foi implantado o Dique 7.
extravasora. No reservatório do mesmo há um
sistema de bombeamento, que é responsável pela 11.12 - Aspectos Operacionais do
adução da água até a Usina de Cauê. Sendo assim, Sistema do Pontal
no reservatório do dique é mantida uma borda Conforme já mencionado, os rejeitos do
livre para absorção do volume de cheia enquanto Cauê são dispostos basicamente em duas áreas:
a estrutura extravasora definitiva não é na antiga Cava Mina do Cauê e no Sistema de
implantada. Rejeitos do Pontal. No reservatório da barragem
do Pontal, os rejeitos chegam via Minervino e via
11.11 - Dique 7 CB3/ Dique do Braço 4. O presente item tem por
A principal finalidade do dique era a objetivo apresentar uma síntese do sistema
contenção dos rejeitos provenientes do Dique 4, operacional do Sistema do Pontal.As informações

Figura 11.16 – Vista aérea do Dique 7 – Sistema Pontal


(Fonte: Google Earth)

150
Barragens de Rejeitos no Brasil

aqui apresentadas são referentes à data de agosto 11.13 - Agradecimentos


de 2008. O texto apresentado neste capítulo foi
A maior parte do volume de rejeito do elaborado com base nas referências indicadas no
Minervino é proveniente das descargas da usina item seguinte.
e, em pequena parte, da lavagem do pátio. Os O CBDB agradece à Vale, pela autorização
rejeitos são conduzidos da usina até a cabeceira concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
do reservatório do Minervino por meio de Avila Consultoria, pela disponibilização dos
tubulação de aço, sendo um pequeno trecho em recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
galeria sob a rua (galeria preta). Filho, pela elaboração do texto.
O rejeito que é encaminhado para a
Barragem do Pontal corresponde ao underflow do 11.14 - Referências
hidrociclone e dos espessadores. - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
Inicialmente, é feita a adução dos rejeitos da – Barragem do Pontal. Elaborado pela Pimenta
ciclonagem até a galeria amarela, por meio de uma de Avila Consultoria em setembro de 2008;
linha em tubos de aço com diâmetros de 12" e - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
comprimentos de 680 m, revestidos internamente – Dique do Minervino. Elaborado pela Pimenta
com borracha. Da galeria amarela até a Casa de de Avila Consultoria em setembro de 2008;
Bombas (CB3), o rejeito é aduzido por uma
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem
extensão de 3.520,0 m por meio de uma tubulação
– Cordão Nova Vista. Elaborado pela Pimenta
de aço, de diâmetro 20", sem revestimento.
de Avila Consultoria em setembro de 2008;
A Casa de bombas CB3 comporta três
bombas de recalque tipo “Warman 14x12”, as - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
quais apresentam as seguintes propriedades: – Dique 02 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
potência de 600cv; rotação de 1775 rpm; e Avila Consultoria em setembro de 2008;
capacidade de vazão de 1500 m³/h. Da CB3 até o - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
ponto de descarga – Braço 4 – o rejeito é – Dique 03 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
encaminhado por meio de uma tubulação de Avila Consultoria em setembro de 2008;
recalque, em aço, sem revestimento, com - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
diâmetro 16" e comprimento de 4.480,0 m. – Dique 04 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
Caso ocorra desligamento da bomba, a Avila Consultoria em setembro de 2009;
descarga da tubulação é lançada no Dique do - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
Braço 3 (Dique Dois Irmão), com auxílio de uma – Dique 05 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
válvula de emergência. No Braço 2, Avila Consultoria em setembro de 2008;
eventualmente, é feita descarga da CB3. - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
Quanto ao sistema de captação de água, na – Dique 06 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
Barragem do Pontal, o mesmo é feito por meio Avila Consultoria em novembro de 2008;
da casa de bomba CB1, composta por três bombas
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem
de recalque 8LN21–E.
– Dique 07 Pontal. Elaborado pela Pimenta de
A adução de água bruta até a CB2 é realizada
Avila Consultoria em setembro de 2009;
por meio de uma linha em tubos de ferro fundido
com diâmetro de 29" e comprimento de 4.650 - Manual de Operação – Barragem do Pontal.
m. A partir da CB2, o fluxo de água é conduzido Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
até o canal por meio de outra tubulação em ferro em agosto de 2008;
fundido, com diâmetro 29" e comprimento de - Manual de Operação – Barragem do Pontal.
1.440 m.A CB2 comporta três Bombas de recalque Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
8LN21–E. em dezembro de 2007.

151
Barragens de Rejeitos no Brasil

152
Barragens de Rejeitos no Brasil

12 - VALE - MINA CONCEIÇÃO

Figura 12.1 – Vista aérea do Sistema Conceição

153
Barragens de Rejeitos no Brasil

12.1 - Apresentação 12.2 - Localização do Sistema


O Sistema de rejeitos da Mina Conceição, A Mina Conceição localiza-se no Município
de propriedade da Vale, faz parte do Complexo de Itabira-MG, no Complexo Minerador de
Minerador de Itabira, e tem a finalidade de conter Itabira. Encontra-se a aproximadamente 110 km
sedimentos e rejeitos e de armazenar e captar da capital Belo Horizonte.
água para recirculação no processo. A Figura 12.2 apresenta o mapa de acesso e
Fazem parte do Sistema Conceição as localização ao Complexo Itabira, Mina Conceição,
estruturas principais: Barragens Conceição, onde se encontra o Sistema Conceição.
Itabiruçu e Rio do Peixe.

Figura 12.2 - Mapa de acesso e


localização da Mina Conceição, dentre
outras de propriedade da Vale.

Os itens seguintes apresentam as principais Mina Conceição e teve sua primeira etapa
característiscas referentes ao Sistema Conceição implantada em 1976/ 1977, atingindo a elevação
e suas barragens de rejeitos. 943,00 m. Sua segunda etapa foi construída no
Os Diques 1A e 1B, bem como o Dique Rio período de 1980/ 1981, quando a crista foi alteada
do Peixe, fazem parte do sistema de rejeitos em para a elevação 972,00 m.
questão, embora não sejam abordados com Em virtude das condições topográficas locais,
detalhes neste capítulo. fez-se necessária a construção de dois diques.
Os aspectos operacionais do sistema são Tratam-se do Dique 1A e do Dique 1B,
abordados de uma forma sucinta e geral para todo construídos com solos silto - argilosos
o sistema, ao final do presente capítulo. compactados, com 6,00 m de largura de crista e
taludes de jusante e montante com inclinação
12.3 - Barragem Conceição 1V:2,5H.
A Barragem Conceição tem a finalidade de As figuras a seguir mostram a Barragem
conter rejeitos e armazenar água proveniente da Conceição e os Diques 1A e 1B.

154
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 12.3 – Vista aérea


da Barragem Conceição
(Fonte: Google Earth)

Figura 12.4 – Reservatório


da Barragem Conceição. Ao
fundo, os diques 1A e 1B

12.3.1 - Dados Gerais uma altura máxima da barragem de aproxima-


O maciço terroso da primeira etapa de damente 60,0 m.
construção da Barragem Conceição é homo- O talude de montante apresenta inclinação
gêneo, constituído predominantemente por solos 1V:3H, tendo uma berma na El. 943,00 m,
silto argilosos. Já o maciço da 2ª etapa, é zonado, correspondente à crista da barragem da 1ª etapa.
composto por materiais com características O talude de jusante apresenta inclinação variável:
argilosas a montante do filtro vertical e materiais 1V:3,5H da fundação até a berma da El. 932,00 m;
siltosos a jusante do filtro. A crista da barragem, 1V:3H da El. 932,00 a El. 962,00 m; 1V:2,5H da El.
em sua 2ª etapa de construção, atingiu coroa- 962,00 a El. 972,00 m. No talude de jusante, há
mento na El. 972,0, com 10,00 m de largura e bermas de 3,00 m de largura a cada 10,0 m de
390,00 m de comprimento, correspondentes a desnível.

155
Barragens de Rejeitos no Brasil

O sistema de drenagem interno da barragem Os taludes de jusante são protegidos com grama
é constituído por filtro vertical e tapete drenante. e a face de montante com rip-rap.
Com relação à drenagem superficial, a mesma é As figuras a seguir apresentam planta e seção
composta por canaletas de concreto implantadas típica da Barragem Conceição.
nas bermas, nos taludes de jusante e ombreiras.

Figura 12.5 - Planta Geral da Barragem Conceição

Figura 12.6 - Seção Típica da Barragem Conceição

12.3.2 - Ficha Técnica

Os principais dados da Barragem Conceição


estão resumidos na tabela a seguir.

156
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 12-1 – Características da Barragem Conceição

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e reservação de água
Empresas Projetistas 1ª Etapa:M. Kaiser / 2ª Etapa: Geotécnica
Construção – Etapa Maciço final construído em 2 etapas (crista na El. 972,00 m)
Data de construção 2ª Etapa: 1981
Cota Atual da Crista 972,00 m
Altura Atual da Barragem 60,00 m
Comprimento Atual da Crista 390,00 m
Área Atual do Reservatório 1.850.000 m2
Volume Atual do Reservatório 40.600.000 m3
Tipo de Seção Homogênea / Zonada
Drenagem Interna Chaminé / Tapete
Instrumentação 14 piezômetros, 3 INAs, 3 medidores de vazão, 11 marcos
superficiais e 1 régua limnimétrica.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Rejeitos: c’ = 0 kPa; φ’ = 31º;
Fundação (solo residual): c’ = 10 kPa; φ’ = 30º;
Aterro da Barragem: c’ = 20 kPa; φ’ = 30º.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 7,00 km2
Tempo de Concentração -
Precipitação Máxima Provável -
Cheia de Projeto TR = 10.000 anos
Vazão Máxima Afluente 112,53 m³/s
Vazão de Projeto 6,00 m3/s
NA Máximo Operacional 969,00 m
NA Máximo Maximorum 970,25 m
Borda Livre 1,75 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Extravasor Atual Vertedouro “creager”, seguido por galeria e canal aberto
com soleira na El. 969,00 m.

12.3.3 - Etapas de Construção Não há mais alteamentos previstos para a


Barragem Conceição.
A primeira etapa de construção foi im-
plantada em 1976 e 1977, atingindo a elevação 12.3.4 - Geologia e Fundações
de 943,00 m, e a segunda etapa em 1980 e 1981, Os estudos da fundação da barragem
atingindo a elevação de 972,00 m. abrangeram mapeamento de superfície e

157
Barragens de Rejeitos no Brasil

sondagens mistas, com ensaios SPT e de capacidade de suporte, sendo que na ombreira
permeabilidade. esquerda, verifica-se uma maior permeabilidade.
De maneira geral, ocorre espessa camada de
solo residual de xisto, capeada por delgada camada 12.3.5 - Monitoramento
de colúvio, especialmente na ombreira esquerda. O monitoramento da barragem é realizado
No leito do córrego Conceição, ocorrem solos por meio de inspeções de campo e da realização
aluvionares. Existe uma camada de rocha alterada, de leituras mensais de 14 piezômetros, 3
de espessura varável (1 a 10 m), entre os horizontes indicadores de nível d’água, 11 marcos superficiais,
de solo e rocha sã, estando o topo desta última em 3 medidores de vazão e 1 régua limnimétrica.
profundidades superiores a 30,00 m.
As estruturas principais dispõem-se quase 12.3.6 - Sistema Extravasor
paralelamente ao eixo da barragem, com
O sistema extravasor, implantado na
mergulhos de 50º a 60º para jusante, cor-
ombreira esquerda, é constituído por uma
respondendo a uma situação favorável com estrutura em perfil “Creager” com soleira na El.
relação à percolação da água pela fundação da 969,0 m, com 2,00 m de largura, 1,00 m de altura
barragem. e 2,70 m de comprimento e uma galeria sob a
Após as escavações, a fundação da crista, seguido de um canal aberto em escada. O
barragem ficou assentada predominantemente canal possui 1,50 m de largura, 2,00 m de altura e
sobre solos residuais de xistos, tanto nas om- comprimento total de 252,00 m.
breiras quanto no fundo do vale. O colúvio e o O sistema extravasor foi dimensionado para
solo aluvionar foram totalmente removidos do uma chuva de recorrência decamilenar,
fundo do vale. correspondente a vazão de projeto de 6,0 m3/s e
A fundação da barragem apresenta carac- sobrelevação do N.A do reservatório de 1,25 m
terísticas adequadas quanto à estanqueidade e (El. máxima 970,25 m).

Foto 12.7 – Vista aérea da Barragem Itabiruçu

158
Barragens de Rejeitos no Brasil

12.4 - Barragem Itabiruçu m, a berma possuía aproximadamente 50,00 m de


A Barragem Itabiruçu foi construída em 1980 largura e foi construída para receber o alteamento
e 1981, com destinação à contenção dos rejeitos da segunda etapa. Nessa fase, a barragem possuía
provenientes da Mina Conceição. um filtro vertical com 2,00 m de espessura a
jusante do núcleo permeável, ligado a um tapete
12.4.1 - Dados Gerais horizontal.
A drenagem interna é realizada por um filtro
O maciço terroso da primeira etapa de inclinado para jusante, com 0,80 m de espessura,
construção da Barragem Itabiruçu é do tipo misto, ligado a um tapete drenante com 1,00 m de
com núcleo impermeável de argila siltosa espessura, executado no contato entre os maciços
compactada e espaldares de silte argiloso da primeira etapa e o do alteamento. O talude de
compactado. montante é protegido com “rip-rap” e o de jusante,
A barragem, em sua fase inicial, possuía crista com grama.
na elevação 812,00 m, com 10,00 m de largura e As figuras a seguir apresentam planta e seção
185,00 m de comprimento. Na elevação 786,40 típica da Barragem Itabiruçu.

Figura 12.8 - Planta Geral da Barragem Itabiruçu

Figura 12.9 - Seção Típica da Barragem Itabiruçu

159
Barragens de Rejeitos no Brasil

12.4.2 - Ficha Técnica


As principais características da Barragem
Itabiruçu são mostradas na tabela a seguir.

Tabela 12.4 – Características da Barragem Itabiruçu

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de Rejeitos
Empresas Projetistas Milder Kaiser/Eletroprojetos/Engecorps
Construção - Etapa 4ª Etapa - El. 833,0 m
Data de construção 1ª Etapa: 1980 a 1981 / 2ª Etapa: 2003 / 3ª Etapa: 2005 /
4ª Etapa: 2008
Cota da Crista El. 833,0 m
Altura da Barragem 68,0 m
Comprimento da Crista 758,0 m
Área do Reservatório -
Volume do Reservatório Atual = 230.000.000 m³
Tipo de Seção Mista
Drenagem Interna 1ª Etapa: Filtro Vertical / Tapete Horizontal
3ª Etapa: Filtro Inclinado / Tapete de Contato
Instrumentação Os instrumentos foram parcialmente instalados.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Fundação Realizadas durante as fases de projeto.
Parâmetros dos materiais Aterro: c’ = 25 kPa; φ’ = 30º;
Solo residual: c’ = 20 kPa; φ’ = 28º;
Saprolito: c’ = 5 kPa; φ’ = 32º;
Rejeito: c’ = 0 kPa; φ’ = 25º.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 20 km²
Duração da Chuva Crítica -
Tempo de Retorno 10.000 anos
Vazão Máxima Afluente 408 m³/s
Vazão Máxima Efluente 175 m³/s
NA Máximo Operacional 828,0 m
NA Máximo Maximorum 830,71 m
Borda Livre (NA máx Max) 2,29 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Vertedouro tipo tulipa.
Vertedouro de Abandono Vertedouro de superfície.

160
Barragens de Rejeitos no Brasil

12.4.3 - Etapas de Construção 12.4.5 - Monitoramento


Como descrito anteriormente, a primeira Atualmente, a instrumentação ainda não está
Etapa da Barragem Itabiruçu foi construída com completamente implantada na barragem. Está
crista na elevação 812,00 m, recebendo em 2003 previsto no projeto do alteamento para a El. 833,0
um pequeno alteamento para a elevação 813,80 m a instalação de 21 piezômetros de tubo aberto,
m. Em 2005, foi alteada para a elevação 817,50 m sendo 11 na fundação, 6 no maciço e 3 no tapete
e 2008 foi executada a última etapa de alteamento drenante. Além dos piezômetros, está prevista a
da barragem, com coroamento na elevação instalação de 29 marcos superficiais e 5 medidores
833,00 m. de recalque magnético.
O monitoramento atual é realizado a partir
12.4.4 - Geologia e Fundações de leituras mensais de 11 piezômetros, do
A investigação geológico-geotécnica da medidor de vazão e da régua limnimétrica. Além
barragem foi feita a partir da realização de 34 disso, são realizadas inspeções periódicas para
sondagens rotativas, 103 ensaios de infiltração, 14 identificação de possíveis anomalias e/ou não
ensaios de perda d’água, 6 ensaios pressiomé- conformidades.
tricos, além da coleta de 4 amostras indeformadas
e 6 amostras tipo “Denison” para a determinação 12.4.6 - Sistema Extravasor
de suas propriedades de resistência e defor- O sistema extravasor é constituído por um
mabilidade. vertedouro do tipo tulipa implantado na ombreira
Na margem direita, ocorre solo coluvionar, esquerda associado a uma galeria de descarga de
constituído por argila pouco siltosa, porosa, com concreto. A soleira da tupila encontra-se na El.
até 6,0 m de espessura, porém diminuindo 821 m, com tubo de descarga em concreto com
sensivelmente em direção ao topo do morro. 1,5 m de raio. A galeria de descarga é de célula
Algumas sondagens, nos horizontes mais dupla de dimensões 1,75 x 2,40 m, apresentando
superficiais, indicaram SPT inferiores a 3. Sob o comprimento de 445,0 m. Esta tulipa será
colúvio, desenvolve espessa camada (35,0 m) de tamponada e passará a atuar como galeria de
solo residual silto argiloso, com fragmentos de drenagem da ombreira esquerda.
rocha. Na margem esquerda, ocorre solo Para o projeto de alteamento da barragem
coluvionar, constituído de argila siltosa, com foi implantado um extravasor de superfície
espessura variável entre 4,0 m e poucos localizado na ombreira esquerda com soleira na
centímetros, no topo do morro. Abaixo deste, El. 828 m e largura de 20 m. O canal de
encontra-se solo residual com espessura entre aproximação do vertedouro tem seção
15,0 a 25,0 m. trapezoidal com largura de base de 20,0 m e
O maciço rochoso é representado, por xistos taludes com inclinação de 1V:1,5H revestido com
e gnaisses, estando o topo rochoso, no fundo do enrocamento.A calha de descarga do vertedouro
vale e na ombreira direita, bastante profundo. foi projetada com largura constante e igual a 20,0
Os materiais aluvionares inconsolidados que m e a bacia de dissipação com comprimento de
ocorriam no fundo do vale e na várzea foram 28,0 m e topo dos muros laterais na El. 768,0 m.
escavados para a implantação da barragem. A Segundo informações de projeto, o sistema
barragem está apoiada em solo saprolítico extravasor foi dimensionado para uma cheia
homogêneo, ora mais argiloso, ora mais arenoso, decamilenar, correspondente a vazão afluente de 408
com índices SPT oscilando entre 10 a 20 golpes. m3/s, defluente de 175 m3/s e sobrelevação para El.
As estruturas de concreto da tulipa e da 830,71 (borda livre de 2,29 m). Destaca-se que o
galeria de descarga estão apoiadas sobre os solos dimensionamento do extravasor foi feito considerando-
residuais de gnaisses e saprolitos. se um comprimento de praia de 300,0 m.

161
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 12.10 – Vista aérea da Barragem e do Dique Rio do Peixe

12.5 - Barragem Rio do Peixe


A Barragem Rio do Peixe foi construída em de espessura, posicionado 4,0 m a jusante do eixo,
1976 e 1977 e é destinada à captação de água conectado a um tapete drenante tipo “sanduíche”,
para recirculação no processo de beneficiamento com 1,5 m de espessura.
da Mina Conceição. Em virtude de sua localização, O tapete descarrega o fluxo por meio de um
recebe descargas esporádicas da usina. tubo de concreto de 20 cm de diâmetro,
conduzindo-o para um poço de medição de vazão
12.5.1 - Dados Gerais e daí para o leito do córrego.
O maciço da Barragem Rio do Peixe é O sistema de drenagem superficial é
homogêneo, composto por solo silto argiloso constituído por canaletas e escadas d’água,
compactado, com materiais obtidos de emprés- distribuídas ao longo da crista e do talude e
timos localizados principalmente na margem bermas de jusante.
esquerda. O maciço possui altura máxima de 31,0 As figuras a seguir apresentam a planta geral
m e crista na El 757,0 m, com 8,0 m de largura e e a seção típica da Barragem Rio do Peixe.
205,0 m de comprimento; No reservatório da Barragem Rio do Peixe,
O talude de montante apresenta inclinação foram implantadas duas estruturas auxiliares: o
de 1V:2,5H e encontra-se protegido por blocos Dique Rio do Peixe, de solo compactado, e um
“pedra de mão”. O talude de jusante apresenta dique de paliçada de madeira.
inclinação de 1V:2H, bermas com 3,0 m de largura O dique de madeira foi implantado em um
nas El 739,0 e 748,0 m e encontra-se protegido trecho da margem direita do reservatório do
com grama. Na crista, foi executada proteção com Peixe com o objetivo de receber material pro-
camada de cascalho. veniente da dragagem do reservatório. As figuras
O sistema de drenagem interna é composto a seguir mostram parte dos diques de paliçadas
por um filtro vertical tipo “chaminé”, com 1,0 m de madeira.

162
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 12.11 - Planta Geral -


Barragem Rio do Peixe

Figura 12.12 – Seção Típica da


Barragem Rio do Peixe.

Figura 12.13 – Vista dos Diques de Madeira

163
Barragens de Rejeitos no Brasil

Devido ao processo de assoreamento, foi


realizada uma dragagem, pois o rejeito estava
barrando o reservatório e interferindo no livre
escoamento das águas em direção à barragem. Por
este motivo foi executado um plano de ação para
a dragagem de um grande canal com 100,00
metros de largura e 3,00 metros de profundidade.
Após drenar o material estocado e alcançar
a cota definida no projeto, os diques construídos
com paliçadas de madeira seriam removidos e o
talude frontal regularizado e conformado com o
trator de esteira para um talude com inclinação
geral de 1V:3H.
Figura 12.14 – Vista dos
Diques de Madeira 12.5.2 - Ficha Técnica

Os principais dados atuais da Barragem Rio


do Peixe estão resumidos na tabela a seguir.

Figura 12.15 – Detalhe dos Diques de Madeira

164
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 12-5 – Características da Barragem Rio do Peixe

DADOS GERAIS
Finalidade Armazenamento de água, contenção de sedimentos e de rejeitos
Empresas Projetistas Milder kaiser
Construção - Etapa Única
Data de construção 1977
Cota Atual da Crista El. 757,00 m
Altura Atual da Barragem 31,00 m
Comprimento Atual da Crista 205,00 m
Área Atual do Reservatório -
Volume Atual do Reservatório 13.110.000,00 m3
Tipo de Seção Homogênea
Drenagem Interna Chaminé / Tapete
Instrumentação 3 medidores de nível de água, 20 piezômetros de tubo aberto,
16 piezômetros elétricos, marcos superficiais e medidor de vazão
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Sondagens executadas na fase de projeto
Parâmetros dos Materiais Aterro: γ = 20 kN/m3 ; c’ = 20 kPa; φ’ = 30º
Fundação: γ = 20 kN/m3 ; c’ = 10 kPa; φ’ = 30º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 41 km2
Tempo de Concentração -
Precipitação Máxima Provável -
Cheia de Projeto TR = 10000 anos
Vazão Máxima Afluente -
Vazão de Projeto -
NA Máximo Operacional El. 754,00 m
NA Máximo Maximorum El. 755,80 m
Borda Livre (NA máx Max) 1,20 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Torre de tomada d’água e vertedouro de superfície
Vertedouro de Abandono -

12.5.3 - Etapas de Construção 12.5.4 - Geologia e Fundações


A Barragem do Rio do Peixe foi construída O maciço rochoso é predominantemente
em uma única etapa, com crista na elevação constituído por xistos. Próximo da superfície, o
757,00m e não há previsão para outros xisto encontra-se alterado a muito alterado, com
alteamentos. espessura variando entre 10,0 m e 15,0 m, na

165
Barragens de Rejeitos no Brasil

margem direita, tendendo a aumentar em direção bombeados por um dos dois conjuntos de bombas,
a margem esquerda, chegando a atingir 30,0 m. CB1, por meio de uma tubulação de diâmetro
Capeando o maciço rochoso, desenvolve-se 0,4064 m (16") por uma extensão de 678,00 m, até
uma camada de solo coluvionar/ residual, com chegar na estação de bombeamento intermediária
espessura média de cerca de 3,0 m. CB2. Essa estação possui dois conjuntos de bombas,
sendo que cada conjunto possui duas bombas em
12.5.5 - Monitoramento série e recalca os rejeitos por meio de uma
O monitoramento da Barragem Rio do Peixe tubulação de diâmetro 0,4064 m (16") por uma
é feito por meio de 20 piezômetros de tubo extensão de 2.472,00 m, até chegar nas instalações
aberto, sendo 9 instalados no maciço, 7 na fundação da ciclonagem 8030, situada no divisor de águas
e 4 nas ombreiras.A barragem ainda é dotada de 3 do Itabiruçu e Conceição.
indicadores de nível d’água, marcos superficiais e A partir daí o underflow segue para o
um medidor de vazão do dreno de fundo. Além reservatório da Barragem Itabiruçu por gravidade,
dos piezômetros de tubo aberto, estão instalados por meio de calhas. O “overflow” vai para um sump,
na barragem 16 piezômetros elétricos. de onde é bombeado para uma calha, escoando
por gravidade até a margem direita do
12.5.6 - Sistema Extravasor reservatório da Barragem Conceição. O
transbordo do sump de “overflow” escoa por
O sistema extravasor é composto de uma gravidade em uma canaleta até o reservatório da
torre de tomada de d’água e vertedouro de Barragem Itabiruçu.
superfície. Quando da parada do sistema de ciclonagem,
A torre de tomada d’água é composta por uma é aberto um “by pass”, e o rejeito total é
torre de captação (tipo tulipa), associada a uma direcionado para o reservatório da Barragem
galeria com alimentação da estação de Itabiruçu.
bombeamento.A tomada d’água é feita na El. 754,00 As descargas da usina são dispostas em duas
m e o N.A máximo maximorum é El. 755,80 m. caixas de resíduos e, em caso de transbordo destas
O vertedouro de superfície em concreto caixas, o material seguirá rumo ao reservatório
armado implantado na ombreira esquerda da Barragem Rio do Peixe.
apresenta as seguintes características: soleira com
Existe um sistema de captação de água
18,00 m de largura; canal com 12,00 m de largura
situado na margem direita do reservatório da
e 2,00 m de altura; ogiva na El. 754,00 m. O sistema
Barragem Conceição. O mesmo é montado sobre
extravasor implantado foi dimensionado para uma
uma plataforma flutuante e composto de duas
chuva de recorrência decamilenar.
bombas 8021 e 8022, com capacidade real de
vazão de 1.500,00 m³/h, com uma bomba
12.6 - Aspectos Operacionais
operando, e 2.300 m³/h, com as duas bombas
Conforme abordado nos itens anteriores, o operando.A água é recalcada em uma única linha,
sistema de rejeitos da Mina Conceição é de diâmetro 24", para uma caixa d’água situada
composto por três barragens para contenção de logo acima desta plataforma e, a partir daí, segue
rejeitos: barragens Conceição, Itabiruçu e Rio do por gravidade até o reservatório 9095 RS, que
Peixe. O transporte de rejeitos da usina até a distribui para a usina de concentração.
barragem se dá por meio de bombeamento e Para alimentar a usina de concentração existe
adução dos rejeitos até a estação de ciclonagem, também uma captação fixa, situada a jusante da
situada no divisor de água das bacias das barragens Barragem do Rio de Peixe. Neste sistema, a água
Conceição e Itabiruçu. é aduzida por meio de uma tubulação associada à
Os rejeitos gerados na Usina de Conceição tulipa instalada no reservatório da barragem, e
são direcionados para o Sump – SU 8082 – e recalcada em uma linha única de tubulação de 24",

166
Barragens de Rejeitos no Brasil

por meio de dois conjuntos de bombeamento


constituídos por três bombas em série cada.
A figura a seguir ilustra a captação e a caixa
d’água acima desta no reservatório da Barragem Figura 12.16– Captação e Caixa
Conceição. D’água – Barragem Conceição

12.7 - Agradecimentos
O texto apresentado neste capítulo foi Pimenta de Avila Consultoria em novembro
elaborado com base nas referências indicadas no de 2011;
item seguinte.
O CBDB agradece à Vale, pela autorização - Manual de Operação – Barragem
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de Conceição. Elaborado pela Pimenta de Avila
Avila Consultoria, pela disponibilização dos Consultoria em agosto de 2008;
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta - Manual de Operação – Barragem Itabiruçu.
Filho, pela elaboração do texto. Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
em agosto de 2008;
12.8 - Referências
- Manual de Operação – Barragem Rio do
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem – Peixe. Elaborado pela Pimenta de Avila
Barragem Conceição. Elaborado pela Pimenta Consultoria em agosto de 2008;
de Avila Consultoria em setembro de 2011;
- Desenho RD-701-DS-13031-00. Elaborado
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem pela Pimenta de Avila consultoria em agosto
– Barragem Itabiruçu. Elaborado pela Pimenta de 2008;
de Avila Consultoria em setembro de 2011;
- Desenho RD-701-DS-13045-00. Elaborado
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem pela Pimenta de Avila consultoria em agosto
– Barragem Rio do Peixe. Elaborado pela de 2008.

167
Barragens de Rejeitos no Brasil

168
Barragens de Rejeitos no Brasil

13 - VALE - MINA TIMBOPEBA -


BARRAGEM TIMBOPEBA

Figura 13.1 – Vista aérea da Barragem Timbopeba

169
Barragens de Rejeitos no Brasil

13.1 - Apresentação aproximadamente 30 km da cidade de Mariana e


A Barragem Timbopeba, na Mina Timbopeba, distante cerca de 140 km da cidade de Belo
foi construída em 1982 e os objetivos originais Horizonte. Basicamente, seu acesso se dá por
da barragem eram a contenção de rejeitos, a meio das rodovias BR-040, MG-356 e MG-129.
recuperação de água industrial, a contenção de As coordenadas geográficas UTM da
sedimentos carreados das áreas de lavra, Barragem Timbopeba são 656.997,40E;
beneficiamento e disposição de estéril. 7.757.994,20N (Datum Córrego Alegre).A Figura
Atualmente, os rejeitos são lançados na Barragem a seguir apresenta o mapa de acesso e localização
do Doutor, construída em 2001, e a Barragem da Mina Timbopeba.
Timbopeba é utilizada somente como
reservatório de água industrial e para retenção 13.3 - Descrição Geral
de sedimentos de todas as pilhas de estéril em
operação na mina. 13.3.1- Dados Gerais
A seção principal da Barragem é do tipo
13.2 - Localização da Barragem mista, de terra e enrocamento, com núcleo
A Barragem Timbopeba se encontra nas inclinado ligeiramente para montante, com base
adjacências da Mina Timbopeba e faz parte do alargada junto à fundação, formando um tapete
Complexo Minerador de Mariana, sendo interno.
localizada no município de Ouro Preto-MG, Os espaldares foram construídos com
próxima ao distrito de Antônio Pereira. Barra o enrocamento no trecho de jusante e, a montante,
Ribeirão Timbopeba, o qual deságua no Ribeirão com canga compactada. O núcleo é composto por
da Natividade que, juntamente com o Córrego solo areno-argiloso obtido nas proximidades do
do Doutor, formam o Rio Gualaxo do Norte. local da barragem.
A Mina Timbopeba fica situada nos A preocupação com a percolação de água
contrafortes da Serra do Espinhaço, a pela fundação fez com que fosse adotado um
tapete “impermeável” de canga argilosa à
montante do núcleo. Na zona central do núcleo
da barragem, foi utilizado solo argilo-arenoso.
A crista da barragem se encontra na elevação
815,00 m e, entre as cotas 800,00 m a 815,00 m, a
barragem possui uma seção transversal mista, com
enrocamento nos espaldares de jusante e
montante. Como a crista da barragem se estende
a uma maior distância na ombreira esquerda, esta
seção simplificada prevalece na maior parte da
ombreira esquerda.
A barragem possui altura máxima de 64,30
m e comprimento da crista de 580,0 m, tendo sido
construída em etapa única. Os taludes da barragem
possuem inclinação de 1V : 1,75H a jusante
(enrocamento) e 1V : 2,25H a montante (canga
compactada) até a cota 800,00 m. Acima desta
cota a inclinação dos taludes são de 1V:1,15H até
a crista.
Figura 13.2 - Mapa de acesso e localização
da Mina Timbopeba, dentre outras de As transições são constituídas de duas
propriedade da Vale. camadas a jusante do núcleo e uma a montante.

170
Barragens de Rejeitos no Brasil

Junto à fundação, as camadas de transição, a superfície de apoio da barragem, a partir do


jusante do núcleo, prolongam-se no contato núcleo argiloso.A transição entre o filtro vertical,
maciço/fundação. o núcleo argiloso e os espaldares de jusante e
O sistema de drenagem interna da barragem montante é feita com materiais granulares.
é composto por um filtro vertical, acoplado a um As figuras a seguir apresentam a planta geral
dreno horizontal tipo tapete, que abrange toda a e as seções típicas da Barragem Timbopeba.

Figura 13.3 – Planta Geral


da Barragem Timbopeba

Figura 13.4 – Seções


típicas da Barragem
Timbopeba

171
Barragens de Rejeitos no Brasil

13.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem Timbopeba estão resumidos na tabela a seguir.

Tabela 13-1 – Características da Barragem Timbopeba (novembro/2008)

DADOS GERAIS
Finalidade Captação de água recirculada, recebimento de descargas da usina e
contenção de sedimentos provenientes das pilhas de estéril.
Empresas Projetistas Eletroprojetos (projeto original), JM Souto (projeto vertedouro de
desativação), Solosconsult (projeto prolongamento do canal do
vertedouro de desativação) e Draconsult (projeto de dragagem)
Construção – Etapa Construída em etapa única.
Data de construção 1982
Cota da Crista 815,00 m
Altura da Barragem 64,30 m
Comprimento da Crista 580,00 m
Área do Reservatório 252.729,00 m2 (Batimetria 2006)
Volume do Reservatório 1.399.251,00 m3 (Batimetria 2006)
Tipo de Seção Mista de Solo Compactado e Enrocamento.
Drenagem Interna Filtro Vertical com continuidade em Tapete Horizontal
Instrumentação Piezômetros, marcos de superfície e medidor de vazão
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Filito: c’ = 1,65 kg/cm² / φ’ = 22º
Quartzo-micaxisto: c’ = 0,10 kg/cm² / φ’ = 43º
Itabirito: c’ = 0,10 kg/cm² / φ’ = 37º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA*
Área da Bacia 18,70 km2
Tempo de Concentração 1,50 horas
Precipitação Máxima Provável 288,0 mm, com duração crítica de 24 horas
Cheia de Projeto PMP
Vazão Máxima Afluente 158,0 m3/s
Vazão de Projeto 158,0 m3/s
NA Máximo Operacional 812,50 m
NA Máximo Maximorum 814,39 m
Borda Livre (NA máx Max) 0,61 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Tipo Tulipa, com diâmetro de 4,0 m, passando a 1,50 m.
Vertedouro de Abandono Tipo soleira livre em canal na ombreira direita.
* Dados referentes ao projeto do vertedouro para desativação.

172
Barragens de Rejeitos no Brasil

13.3.3 - Etapas de Construção 13.3.6 - Sistema Extravasor


A Barragem Timbopeba foi construída em O vertedouro operacional do reservatório
etapa única e não será mais objeto de altea- de Timbopeba é do tipo tulipa, com galeria
mentos. horizontal sob a barragem, que deságua em um
canal de restituição revestido de gabiões, que
13.3.4 - Geologia e Fundações conduz a água ao seu curso natural.
A fundação da Barragem é constituída A tulipa possui capacidade máxima efluente
predominantemente por quartzo–mica–xisto, para uma vazão de 13,10 m³/s, com diâmetro de
alterado a decomposto (saprolito), com exceção descarga igual a 1,50 m. A cota da crista da tulipa
de região onde se localiza o pé de montante da encontra-se na El. 812,50 m.
Barragem, onde a fundação é representada por A galeria de descarga, executada em
itabirito decomposto. concreto armado, é composta de duas seções
Os solos de fundação constituem-se retangulares de 1,75 m de largura por 2,40 m de
superficialmente por uma camada de colúvio, areia altura, tendo área total de 6,94 m², extensão de
fina siltosa, compacta, marrom, de espessura de aproximadamente 250,00 m, com declividade de
até três metros, sobrejacente a um solo residual 1,0%. Em sua extremidade, existe uma estrutura
de quartzo-micaxisto, de pequena espessura, que de dissipação que deságua em um canal de
transiciona gradualmente para uma rocha friável, restituição, que é revestido em gabião tipo
alterada, de permeabilidade baixa, com “colchão Reno”.
xistosidade acentuada (45º), mergulhando para a Em 2001, foi construído um vertedouro para
ombreira esquerda e para jusante. desativação, que é do tipo de superfície, e tem
No fundo do vale, ocorre um depósito soleira livre com perfil tipo creager seguida de
aluvionar de silte-argiloso, de consistência média, um canal em concreto, o qual descarrega em canal
e areia pouco compacta a compacta. As camadas revestido de enrocamento/gabião (“colchão
de colúvio e solo aluvionar pouco compacto Reno”). Posteriormente, foram realizadas obras
foram removidas para a implantação da barragem. de adequação do vertedouro de superfície.A obra
consistiu na remoção do enrocamento no canal
13.3.5 - Monitoramento intermediário e prolongamento do canal de
concreto até a bacia de dissipação.
A barragem foi instrumentada com
A jusante do canal de enrocamento, o fluxo
piezômetros de célula do tipo hidráulico,
é lançado em uma grota cujas paredes laterais são
instalados no núcleo e na fundação. A jusante da
constituídas de rocha alterada e solo.
barragem (pé do talude), foram instalados
A capacidade de descarga do vertedouro de
piezômetros tipo Casagrande, com cota de fundo
superfície é de 158,00 m³/s, correspondente à
correspondente à fundação da barragem.
PMP – 288,00 mm em 24 horas.
O monitoramento do comportamento da
barragem é feito por inspeções periódicas e
13.3.7 - Aspectos Operacionais
leituras dos piezômetros. As inspeções da galeria
da tulipa têm freqüência anual e a de leituras dos Conforme mencionado anteriormente, não
piezômetros tem freqüência mensal para o existe programação para lançamento de rejeito
período de chuva (novembro a março) e bimensal na Barragem Timbopeba. No entanto, o
para o período de estiagem (abril a outubro). reservatório da barragem recebe esporadica-
Periodicamente, é realizado um levanta- mente descargas da usina. Estas descargas são
mento topobatimétrico para acompanhamento do provenientes de limpeza da área industrial e
avanço dos sedimentos e volumes ocupados no minério em processo, que são descartados devido
reservatório. a problemas operacionais (ex.: falta de energia

173
Barragens de Rejeitos no Brasil

na Planta). A figura a seguir apresenta, de forma


sucinta, o fluxograma do sistema de disposição
de rejeito e captação de água da Mina Timbopeba.

Figura 13.5 - Fluxograma esquemático


resumido do sistema de disposição de
rejeito e captação de água da Usina
de Timbopeba

13.3.8 - Plano de Fechamento 13.5 - Referências


Apesar de ainda não contar com um plano de - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
fechamento, já foram tomadas algumas ações que – Barragem Timbopeba. Elaborado pela
constituem etapas de um fechamento, tais como a Pimenta de Avila Consultoria em novembro
implantação do vertedouro de soleira livre e o de 2008;
restabelecimento do volume útil do reservatório - Manual de Operação – Barragem Tim-
por meio de desassoreamento do mesmo. bopeba. Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em agosto de 2008;
13.4 - Agradecimentos
- Desenho RD-701-DS-11280-00. Elaborado
O texto apresentado neste capítulo foi pela Pimenta de Avila Consultoria em fevereiro
elaborado com base nas referências indicadas no de 2008;
item seguinte.
- Desenhos RD-701-DS-13054-00. Elaborado
O CBDB agradece à Vale, pela autorização
pela Pimenta de Avila Consultoria em abril
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
2008.
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
Filho, pela elaboração do texto.

174
Barragens de Rejeitos no Brasil

14 - VALE - MINA TIMBOPEBA -


BARRAGEM DO DOUTOR

Figura 14.1 – Vista aérea da Barragem do Doutor


(Fonte: Google Earth)

175
Barragens de Rejeitos no Brasil

14.1 - Apresentação 14.2 - Localização da Barragem


A Barragem do Doutor, de propriedade da A Barragem do Doutor faz parte do
Vale, situa-se nas adjacências da Mina Timbopeba, Complexo Minerador de Mariana, na Mina
no Complexo Minerador de Mariana. Foi Timbopeba, e localiza-se no município de Ouro
construída em 2001, e entrou em operação para Preto, no Estado de Minas Gerais, próximo à
conter os rejeitos e lamas resultantes da localidade de Antônio Pereira. A mina fica situada
concentração de minério de ferro das minas de nos contrafortes da Serra do Espinhaço, distante
Capanema (MSG) e Timbopeba (Vale), 15 km da cidade de Mariana e 132 km da cidade
substituindo a Barragem Timbopeba. Com a de Belo Horizonte. A Barragem do Doutor possui
exaustão da mina de Capanema, e a entrada, a
as seguintes coordenadas UTM 657.605,64;
partir de 2005, da mina de Fábrica Nova no
7.755.722,48 (Datum WGS84).
circuito da usina, a barragem passou a receber
todos os rejeitos e lamas provenientes do A figura a seguir mostra o mapa de acesso e
tratamento de minério da Usina de Timbopeba, localização da Mina Timbopeba.
que recebe run of mine (ROM) das minas de
Timbopeba e Fábrica Nova.

Figura 14.2 - Mapa de acesso e localização da Mina


Timbopeba, dentre outras de propriedade da Vale.

formando uma praia de extensão variável, com


14.3 - Descrição Geral aproximadamente 1% de inclinação (no mínimo).
A crista da barragem tem elevação variável, e sua
14.3.1- Dados Gerais altura está próxima de 60 m.
A Barragem do Doutor foi implantada para Está prevista a construção de diques de terra
substituir a Barragem Timbopeba na função de compactada, denominados diques auxiliares 1, 2
acumulação de rejeitos. e 3, com a finalidade de cobrir os “pontos de
A barragem é alteada com os próprios fuga” existentes na topografia da região do
rejeitos, a partir de um dique inicial de terra reservatório.
compactada, pelo método de linha de centro, com O dique de partida consiste em um maciço
ciclonagem dos rejeitos, sendo o underflow de solo compactado, com seção homogênea e
lançado no lado de jusante, e o overflow, com a taludes com cinclinações 1,0V:1,8H (montante)
maior quantidade de água, lançado para montante, e 1,0V:2,2H (jusante). Possui crista na El. 770,00

176
Barragens de Rejeitos no Brasil

m e comprimento de 320,00 m. No centro da barragem conta com drenos tipo “sanduiche”. Nas
seção do dique de partida, cuja altura máxima é ombreiras, foram previstos drenos no apoio do
de 25,00 m, foi previsto um cut-off de cinco metros espaldar de jusante, visando captar eventuais
de profundidade. fluxos pela fundação e manter a zona de jusante
A drenagem interna do dique de partida é não saturada.
constituída por um tapete drenante sob o espaldar As figuras a seguir apresentam a planta geral
de jusante do dique. Para as saídas da drenagem, a e a seção típica da Barragem do Doutor.

Figura 14.3 - Planta geral da


Barragem do Doutor (alteamento para
a cota 830,00 m) Figura 14.4 – Seção Típica da Barragem do Doutor
(alteamento para a cota 830,00 m)

177
Barragens de Rejeitos no Brasil

14.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da
Barragem do Doutor estão resumidos na tabela
a seguir.

Tabela 14-1 - Características da Barragem do Doutor (nov/2008)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção e armazenamento dos rejeitos e lamas resultantes da
concentração de minério de ferro.
Empresas Projetistas Geoconsultoria.
Construção – Etapa Intermediária.
Data de construção 2001
Cota da Crista 795,68 a 798,75 m
Altura da Barragem 55,00 a 58,00 m
Comprimento da Crista 830,00 m
Área do Reservatório 1.280.000,00 m²
Volume do Reservatório 12.000.000,00 m³
Tipo de Seção Aterro hidráulico, com dique de partida de solo compactado.
Drenagem Interna Tapete horizontal do eixo do dique de partida para jusante.
Instrumentação Piezômetros, medidores de nível d’água e medidores de vazão
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Fundação: c = 25,00 kPa ; φ = 31,5º
c = 0,00 kPa ; φ = 22,0º
Aterro: c = 25,00 kPa ; φ = 31,5º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 7,50 km2
Tempo de Concentração 1,20 horas
Precipitação Máxima Provável 288,00 mm com duração de 24 horas
Cheia de Projeto TR igual a 1.000 anos *
Vazão Máxima Afluente 45,00 m3/s
Vazão de Projeto 8,00 m3/s
NA Máximo Operacional 785,00 m (Atual)
NA Máximo Maximorum Variável (2,00 m acima do Nível Máximo Operacional)
Borda Livre 5,00 m acima da soleira do extravasor em operação
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Galeria de encosta, galeria de fundo, canal de ligação e vertedouro
tipo rápido.

* Para crista da barragem até a El. 800,00 m. Entre as elevações 800,00 e 830,00 m, correspondente ao
vertedouro da 2ª etapa, o dimensionamento foi feito para a cheia resultante da PMP.

178
Barragens de Rejeitos no Brasil

14.3.3 - Etapas de Construção apoio dos próximos alteamentos (até a cota


790,00 m).
Como já mencionado, a barragem é alteada
com os próprios rejeitos ciclonados, a partir de
14.3.5 - Monitoramento
um dique inicial de terra compactada. Como
também já relatado, a partir de determinadas cotas A barragem está instrumentada com sete
no reservatório, para evitar fuga dos rejeitos para piezômetros, quatro medidores de nível d’água e
outras bacias de drenagem, está prevista em projeto um medidor de vazão de águas percoladas e
a construção de diques de terra compactada, drenadas.
denominados diques auxiliares 1, 2 e 3. Desde a sua construção, em 2001, os alte-
Os sucessivos alteamentos da barragem são amentos da estrutura têm sido inspecionados
feitos com os próprios rejeitos lançados com a periodicamente.
utilização de um conjunto de ciclones sobre a
crista.Tal conjunto se desloca ao longo da mesma 14.3.6 - Sistema Extravasor
em uma plataforma sobre pneus. O underflow é O sistema extravasor é constituído por uma
lançado à jusante e espalhado por trator de esteira galeria de concreto armado, cruzando parcialmente
tipo D6 (até uma compacidade relativa mínima por sob a barragem, e com aberturas a montante
de 55%). Um trator de lâmina é utilizado per- em diferentes elevações, a cada 2,5 a 5 m.
manentemente para espalhar e compactar o Foram previstas em projeto três etapas de
rejeito na crista e no talude de jusante e também implantação do sistema extravasor, sendo duas
executar trabalhos de terraplenagem, como o etapas operacionais e uma de desativação,
canal de aproximação de montante do extravasor. conforme segue.
O overflow é depositado na parte de montante da a) A 1ª etapa, consistida em galeria de encosta,
barragem. galeria de fundo, canal de ligação e vertedouro
Em condições de final de vida útil da barragem, tipo rápido, deve servir a barragem após o
prevê-se crista da mesma na El. 830,00 m. alteamento até a cota 800,00 m.

14.3.4 - Geologia e Fundações b) A 2ª etapa corresponde à operação por


torre controlada por stop-logs, conectada a uma
Nas duas ombreiras, o solo de fundação é galeria de fundo, canal de ligação e vertedouro
constituído por uma camada superficial de argila tipo rápido; e deverá operar até o final da vida
cinzenta, com resultados de SPT variando de 5 a útil da barragem, prevista para a El. 830,00 m.
10 e permeabilidade da ordem de 10-4 cm/seg.
c) A etapa final corresponde às obras de
Subjacente a este solo, ocorre um solo residual
desativação do reservatório, e compreenderá
muito compacto e pouco permeável.
um vertedouro de superfície, com canal tipo
No centro do vale, ocorrem aluviões,
rápido e restituição.
constituídos por areias finas e médias, com argilas
Para o dimensionamento hidráulico do
saturadas moles e permeabilidades da ordem de
vertedouro, e verificação do amortecimento de
10-5 cm/seg. O depósito mais recente é constituído cheias no reservatório, foram adotados os
de areias finas com seixos e permeabilidades da seguintes critérios:
ordem de 10-3 cm/seg.
O projeto previu a remoção dos solos - Hidrogramas de cheias com períodos de
inconsistentes, escavando parte do colúvio das retorno de 500 a 1000 anos para alteamentos
ombreiras e dos aluviões do centro do vale. Essas da barragem (até a El. 800,00 m).
escavações foram feitas para a implantação do - Hidrogramas de cheias resultantes da PMP
dique de partida, estendendo-se a linha de off-set para alteamentos da barragem (El. 800,00 m à El.
das escavações além da fundação deste dique para 830,00 m).

179
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 14.5 - Fluxograma esquemático resumido do


sistema de disposição de rejeito e captação de água
da Usina de Timbopeba

Os resultados dos estudos sobre amor- segundo os testes de ciclonagem feitos previa-
tecimento indicaram um alto potencial de mente à construção.
amortecimento do reservatório, reduzindo os A figura a seguir apresenta, de forma sucinta,
picos das vazões afluentes, de 45,00 m³/s, para o fluxograma do sistema de disposição de rejeito
descargas vertidas máximas da ordem de 8,00 m³/ e captação de água da Mina Timbopeba.
s. Em todas as operações de amortecimento
analisadas, a sobrelevação do nível d’água do 14.4 - Agradecimentos
reservatório foi inferior a 2,00 m. O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no
14.3.7 - Aspectos Operacionais item seguinte.
A Barragem do Doutor foi implantada para O CBDB agradece à Vale, pela autorização
conter os rejeitos e lamas resultantes da concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
concentração de minério de ferro das minas de Avila Consultoria, pela disponibilização dos
Capanema e Timbopeba. Tem previsão de recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
comportar volumes, ao final de sua vida útil, de Filho, pela elaboração do texto.
cerca de 50x106 m³. Os rejeitos possuem grãos
de dimensões inferiores a materiais passantes na 14.5 - Referências
peneira #200. Quanto à concentração de sólidos - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
resultantes da ciclonagem dos rejeitos, o underflow – Barragem do Doutor. Elaborado pela Pimenta
apresenta teor de cerca de 12%, e o overflow 42%, de Avila Consultoria em novembro de 2008.

180
Barragens de Rejeitos no Brasil

15 - VALE - MINA DE ALEGRIA -


BARRAGEM DO CAMPO GRANDE

Figura 15.1 – Vista aérea da Barragem do Campo Grande – Mariana – MG


(Fonte: Google Earth)

181
Barragens de Rejeitos no Brasil

15.1 - Apresentação permanentemente para espalhar e compactar o


A Barragem do Campo Grande situa-se na underflow lançado.
Mina de Alegria, localizada no Município de Na Barragem do Campo Grande, as
Mariana-MG e é componente do Complexo características do rejeito são favoráveis ao
Minerador de Mariana, de propriedade da Vale. método aplicado devido à reduzida presença de
Esta barragem foi implantada na mina de Alegria finos, o que confere ao rejeito características
com a finalidade de disposição dos rejeitos, drenantes.
quando a Pilha do Xingu foi se aproximando do Os itens seguintes apresentam maiores
final de sua vida útil. detalhes referentes à Barragem do Campo Grande
A Barragem do Campo Grande é alteada pelo e sua operação, tendo as informações data base
método de linha de centro, tendo como material de novembro de 2008.
de contrução seu próprio rejeito que, ciclonado,
constitui o próprio maciço.Tal processo se dá de 15.2 - Localização da Barragem
forma que o overflow da ciclonagem é disposto A Barragem do Campo Grande está localizada
no trecho de montante e o underflow no trecho no município de Itabirito-MG, na Mina de Alegria,
de jusante do maciço da barragem. Quando não com o eixo nas coordenadas UTM 658.100,00N e
ciclonados, os rejeitos totais são lançados para 7.768.400,00E (DATUM Córrego Alegre). A
montante. barragem se encontra a 104 km da cidade de Belo
O conjunto de ciclone situa-se na crista da Horizonte, às margens da rodovia MG 129.
barragem e desloca-se para cobrir o comprimento A figura seguinte mostra mapa de acesso e
da crista. Na área do talude de jusante e crista localização da Mina de Alegria, em Mariana-MG,
um trator de esteiras com lâmina opera onde se encontra a Barragem do Campo Grande.

Figura 15.2 - Mapa de acesso e


localização da Mina de Alegria

182
Barragens de Rejeitos no Brasil

15.3 - Descrição Geral média 1,13%, preenchido com material drenante,


de forma a manter o escoamento das águas do
15.3.1- Dados Gerais terreno de fundação. Drenos de brita, envoltos
A barragem inicial (dique de partida) foi em areia, tipo espinha-de-peixe, drenam as
construída em solo compactado, com crista na nascentes do terreno em direção ao canal.Toda a
cota 928,67 m. A partir deste dique, a Barragem área do terreno do talvegue foi recoberta com
do Campo Grande é alteada pelo método da linha uma camada de areia sobreposta de camadas de
de centro com os próprios rejeitos ciclonados, brita e areia, formando um dreno tipo “sanduíche”,
lançando-se o overflow para montante e o underflow responsável pela drenagem das águas dos rejeitos
para jusante para formar o maciço de jusante. A depositados sobre o mesmo.
barragem possui taludes de jusante com inclinação O tapete de brita tem uma espessura de 0,40
de 1V: 3H e deverá atingir a cota 1.000,00 m. m e remonta sobre o enrocamento de pé da
Possui um sistema de drenagem interna que barragem inicial. O enrocamento de pé foi
tem por objetivo controlar os fluxos de executado com pedra-de-mão e tem transições
percolação de água nascente no terreno de para montante, no encontro com o tapete
fundação e daquela que percolará através dos drenante e com os rejeitos ciclonados do
rejeitos, nas etapas de alteamento da barragem. alteamento da barragem.
Este sistema é composto por um canal Nas figuras seguintes estão apresentadas a
trapezoidal, executado no fundo do vale, com 2,00 planta geral e a seção típica da Barragem do
m de base e 1,00 m de profundidade, declividade Campo Grande (setembro de 2007).

Figura 15.3 - Planta


geral da Barragem do
Campo Grande

183
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 15.4 -
Seção típica da
Barragem do
Campo Grande em
Setembro de 2007

15.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da barragem
estão resumidos na Tabela 15-1, tendo as
informações data base de novembro de 2008.

Tabela 15-1 – Características da Barragem do Campo Grande (Nov/2008)


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e armazenamento e captação de água industrial.
Empresas Projetistas Geoconsultoria S/C Ltda
Construção - Etapa Intermediária.
Cota da Crista 979,55 m
Altura da Barragem 76,00 m
Comprimento da Crista 1.750,00 m
Área Atual do Reservatório
430.664,00 m² (Cota N.A. 975,74)
Volume do Reservatório 9.000.000,00 m³
Tipo de Seção Formada a jusante por underflow e a montante por overflow saturado,
com dique de partida em solo compactado.
Drenagem Interna Tapete horizontal do eixo para jusante.
Instrumentação Piezômetros, medidores de nível d’água e medidor de vazão.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Aterro do Dique de partida: c’= 30,00 / φ’ = 30°
Colúvio (fundação): c’= 5,00 kPa/ φ’ = 29°
Saprolito (fundação): c’= 12,00 kPa / φ’ = 29,5°
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 0,784 km2
NA Máximo Operacional 7,00 m abaixo da crista antes de cada período chuvoso, de forma a ser
possível o amortecimento das cheias.
NA Máximo Maximorum 5,00 m acima do NA Máximo Operacional
Borda Livre (NA máx Max) 2,00 m

184
Barragens de Rejeitos no Brasil

15.3.3 - Etapas de Construção esgota a água excedente. Este sistema é auxiliado


Pela curva cota x volume do reservatório, por canais periféricos escavados nas encostas do
preparada na época do projeto, o volume entre reservatório, que desviam o fluxo de cheias, com
as cotas 975,00 m e 1.000,00 m (cota final) seria capacidade de escoar as chuvas máximas para o
de 13,00 x 106 m³, que somados aos 2,00 x 106 m³ período de recorrência (TR) de 100 anos. Os
abaixo desta, resulta no valor de 15,00 x 106 m³. canais periféricos têm também a finalidade de
Adotando-se o valor de 1,80 t/m³ para a coletar as águas que se precipitam ou escoam
densidade aparente seca do rejeito em questão, o externamente à área do reservatório, e conduzi-
volume disponível do reservatório permitirá las para fora do contato com os rejeitos.
armazenar 27,00 x 106 t. A vida útil da Barragem Para que o reservatório seja capaz de
do Campo Grande é prevista para até 2013 a 2014. amortecer as cheias de projeto, conforme
Como mencionado anteriormente, a previsto, o N.A deve estar 7,00 m abaixo da crista
Barragem do Campo Grande é alteada com os antes do início de cada período chuvoso, o que
próprios rejeitos do Complexo, sob a demanda requer um controle apurado no lançamento de
apresentada, já considerando as diferenças entre rejeitos, nível d’água, volume disponível e elevação
o nível d’água do reservatório e a crista da das cristas da barragem principal e dos diques
barragem, capaz de amortecer as cheias de projeto. Norte, Sul e Sela. No período crítico, a borda livre
mínima deverá ser de 2,00 m.
15.3.4 - Geologia e Fundações O controle do reservatório é feito por meio
de topo-batimetrias semestrais e relatórios
Segundo informações da Vale, a fundação na semanais de performance operacional.
área da barragem consiste em aluviões, colúvios
e solos residuais de filito, sendo estes muito 15.3.7 - Aspectos Operacionais
dobrados, com xistosidade regional, mergulhando
no sentido da ombreira esquerda para direita e O sistema de disposição de rejeitos da
de jusante para montante. Barragem do Campo Grande consiste no
No documento de projeto da estrutura, é lançamento dos rejeitos das instalações de
descrita a realização de uma detalhada inspeção beneficiamento IBI, IBII e IBIII, no reservatório por
do terreno de fundação em dois diques de meio de três métodos: Spray bar, ciclone e
fechamento na região próxima à barragem, em emergência (spigots).
julho de 2003. Somente o rejeito da IBIII é ciclonado. Os
Na região dos talvegues, normalmente aflora rejeitos da IBI e IBII são lançados por meio de
solo residual de filito, predominantemente siltoso, spray bar para formação de praia, juntamente com
sempre bem estruturado, com a foliação principal o overflow (OF) da ciclonagem da IBIII.
mergulhando para sul, mas há intensos dobramentos, O sistema de disposição de rejeitos da Usina
alterando bruscamente estas direções. de Alegria está resumido nos itens abaixo:
¾ Tubulação de rejeitos da IBI e IBII (8" de
15.3.5 - Monitoramento diâmetro) é direcionada para a barragem, onde
A rede de monitoramento da barragem é os rejeitos são dispostos por meio de “spray
composta por oito piezômetros, medidores de bar” para a formação de praia;
nível de água e um medidor de vazão no dreno ¾ Sistema de bombeamento e rejeito-duto
de fundo. para adução dos rejeitos da IBIII da usina até a
caixa 55 por tubulação de PEAD. Duas bombas
15.3.6 - Sistema Extravasor são responsáveis por bombear o rejeito até a
Na sua concepção inicial, foi decidido barragem. Da caixa, o rejeito segue para a
implantar um sistema de bombeamento que prancha de ciclonagem;

185
Barragens de Rejeitos no Brasil

¾ Overflow (OF) da ciclonagem é disposto a usina são de 12" de diâmetro e passa em paralelo
montante do maciço da Barragem do Campo à tubulação de rejeitos da IBI e IBII.
Grande, formando uma praia com Nos casos de ocorrência de paralização na
comprimento mínimo de 100,00 m; operação da usina, é necessário fazer a descarga
¾ Underflow (UF) da ciclonagem é disposto a dos rejeitos no reservatório, por uma tubulação
jusante do maciço da Barragem do Campo de emergência.
Grande. O maciço é formado pelo rejeito UF Toda a água captada na Barragem do Campo
lançado e semi-compactado com trator; Grande é recirculada para o processo, sendo que
no reservatório da barragem é captada uma vazão
¾ As descargas da usina são direcionadas para de 1.160,00 m³/h, por meio de um sistema de
o tanque 19, a partir do qual são bombeadas bombas montado sobre uma balsa. A partir daí, a
de volta para a caixa 55. Se houver um água é bombeada até o Reservatório de
transbordo deste tanque, os rejeitos vão para Distribuição Elevado.
a baia. Esta baia para transbordo recebe os A água percolada pelo sistema de drena-
rejeitos do tanque 19, do tanque 01 e a água gem interna da barragem é captada e bombeada
da pilha de minério. Como parte do processo, por meio de uma estação fixa localizada no pé
a água da baia é bombeada para a Barragem da barragem até o Reservatório de Distribuição
do Campo Grande, sendo o material do de Água de Processo Xingu, com vazão de
transbordo removido em seguida. 180,00 m³/h.
Os rejeitos da IBI e IBII são conduzidos na A vazão residual demandada para jusante da
mesma tubulação, para a barragem através de barragem é de 12,00 m³/h.
tubulação de 8" de diâmetro. O rejeito da IBIII é Na figura a seguir estão apresentados os
transportado separadamentede em tubulação de pontos de captação de água na Mina de Alegria e
10" de diâmetro.A tubulação de água das baias da os pontos de controle ambiental.

Figura 15.5 - Pontos de Captação de Água – Mina de Alegria

186
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 15.6 - Sistema de


Abastecimento de Água para
Consumo Humano – Mina de Alegria

15.4 - Agradecimentos 15.5 - Referências


O texto apresentado neste capítulo foi - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
elaborado com base nas referências indicadas no – Barragem Campo Grande. Elaborado pela
item seguinte. Pimenta de Avila Consultoria em novembro
O CBDB agradece à Vale, pela autorização de 2008;
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
Avila Consultoria, pela disponibilização dos - Manual de Operação – Barragem Campo
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta Grande. Elaborado pela Pimenta de Avila
Filho, pela elaboração do texto. Consultoria em agosto de 2008.

187
Barragens de Rejeitos no Brasil

188
Barragens de Rejeitos no Brasil

16 - VALE - MINA DE ABÓBORAS -


BARRAGEM VARGEM GRANDE

Figura 16.1 – Vista aérea da Barragem Vargem Grande – Nova Lima – MG


(Fonte: Google Earth)

189
Barragens de Rejeitos no Brasil

16.1 - Apresentação reciclada para a planta de processos e o seu


A Barragem Vargem Grande situa-se na Mina efluente final, de forma a se enquadrar nos
de Abóboras, localizada no Município de Nova padrões exigidos pelos órgãos de controle
Lima-MG, e é componente do Complexo ambiental.
Minerador Vargem Grande, de propriedade da Vale. O material que chega à Barragem Vargem
O barramento foi projetado para contenção Grande é proveniente de limpeza de pisos,
dos rejeitos gerados na planta de tratamento de transbordos eventuais das caixas de processo e
minérios de Vargem Grande, provenientes das drenagem pluvial (dados de 2007).
Minas Capitão do Mato, Tamanduá, Abóboras, O projeto de concepção do sistema foi
bem como para retenção dos sedimentos elaborado no ano de 1998, e o projeto executivo
erosivos gerados ao longo da área de operação da primeira etapa no ano de 2000.
que se encontra no interior da bacia de As obras de construção do primeiro maciço
contribuição da barragem. Além disso, tem a da Barragem Vargem Grande foram desenvolvidas
finalidade de garantir a boa qualidade da água de julho a dezembro de 2000.

Figura 16.2 - Vista Parcial da Barragem Vargem Grande

16.2 - Localização da Barragem


A Barragem Vargem Grande situa-se a damente 700 m da margem esquerda da rodovia
aproximadamente 40 km de Belo horizonte, na BR-356, sentido Belo Horizonte – Ouro Preto. A
Mina de Abóboras, Complexo Vargem Grande, Barragem se encontra nas proximidades do ponto
Município de Nova Lima-MG. Está localizada no de referência de coordenadas 22º 11’ de latitude
vale denominado Vargem Grande, que se sul e 43º 52’ de longitude oeste, com as coorde-
encontra próximo à Mina do Pico, a aproxima- nadas UTM de 618.517,80 e 7.767.920,95.

190
Barragens de Rejeitos no Brasil

A bacia hidrográfica do Córrego Vargem A Figura 16.3 apresenta a localização da


Grande está situada na região Centro-Oeste do Barragem Vargem Grande em relação ao
Quadrilátero Ferrífero, nas porções Leste da município de Nova Lima e às rodovias BR-040 e
Quadrícula de Lagoa Grande e Oeste da BR-356.
Quadrícula de Itabirito, segundo mapeamento
geológico de Roberts M. Wallace (1960).

Figura 16.3 - Localização do


Município de Nova Lima

16.3 - Descrição Geral

16.3.1 - Dados Gerais


semi-compactados, provenientes das cavas das
As obras de construção da primeira etapa minas de Fernandinho e Andaime I, com
foram executadas de julho a dezembro de 2000 paramento impermeabilizante de montante,
e em setembro de 2009, a crista da barragem já constituído de solos plásticos compactados, assim
havia atingido a elevação 1.307,00 m. como nos sucessivos alteamentos por montante.
A primeira etapa da barragem foi construída O sistema de drenagem interna de cada
do tipo zonada de terra, sendo o maciço alteamento é independente, com as saídas dos
constituído de materiais estéreis heterogêneos drenos nas canaletas da drenagem superficial.

191
Barragens de Rejeitos no Brasil

Para as obras do 3º alteamento, foi adotado excessivos na saída do maciço, de forma a


um sistema composto por um filtro septo vertical proporcionar melhores condições de estabilidade
sob a crista, com um tapete apoiado na fundação, ao talude de jusante.
sob o flanco jusante, tendo como função principal O lançamento do rejeito é feito a partir da
controlar e orientar a percolação através da crista da barragem.
fundação e dessa fase de alteamento, otimizando As figuras seguintes apresentam a planta geral
a rede de fluxo e evitando gradientes hidráulicos e a seção típica da Barragem Vargem Grande.

Figura 16.4 - Planta Geral da


Barragem Vargem Grande –
Mina de Abóboras

Figura 16.5 –
Seção Típica da
Barragem Vargem
Grande

16.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da
Barragem Vargem Grande estão resumidos na
Tabela 16-1.

192
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 16-1 – Características da Barragem Vargem Grande (set/09)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos.
Empresas Projetistas DFConsultoria e DAM Projetos
Construção – Etapa 3º Alteamento
Data de construção 2006
Cota da Crista 1.307,00 m
Altura da Barragem 45,00 m
Comprimento da Crista 750,00 m
Área do Reservatório 667500 m2
Volume do Reservatório 9,5 x 106 m3
Tipo de Seção Maciço inicial de materiais estéreis heterogêneos e alteamentos
com solos plásticos compactados.
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete horizontal do eixo da barragem para jusante,
de forma independente para cada alteamento.
Instrumentação Barragem: Piezômetros (10), Indicador de NA (17), Marco Superficial
(20) e medidor de recalque (04).
Dique: Piezômetros (13), Indicador de NA (05) e Marco superficial (13)
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Fundação Solo Coluvionar: c’ = 25,00 kPa; φ’ = 28,0º
Fundação Solo Residual: c’ = 30,00 kPa; φ’ = 29,5º
Aterro: c’ = 15,00 kPa; φ’ = 40,0º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 2,50 km2
Tempo de Concentração -
Precipitação Máxima Provável -
Cheia de Projeto TR igual a 10.000 anos
Vazão Máxima Afluente 58,50 m3/s
Vazão de Projeto 5,92 m3/s
NA Máximo Operacional 1.304,00 m
NA Máximo Maximorum 1.305,10 m
Borda Livre 1,90 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação O vertedouro de serviço possui um canal de adução de seção
trapezoidal e uma tubulação de aço com Æ 0,60 m. e Q = 0,659 m³/s.
Vertedouro de Abandono O vertedouro de emergência é composto por um canal emissário
de seção trapezoidal, pelo canal do vertedouro da primeira etapa,
com seção trapezoidal e revestida com concreto projetado e pela
bacia de dissipação com viga de impacto. Q = 5,92 m³/s.

193
Barragens de Rejeitos no Brasil

16.3.3 - Etapas de Construção deste material varia entre 2 e 7 golpes. O


horizonte de solo coluvionar laterítico apresenta
As obras de construção da primeira etapa
espessura variável, sendo maior na ombreira
da Barragem Vargem Grande foram executadas
esquerda.
de julho a dezembro de 2000 e trata-se de
Na ombreira esquerda, próximo à pilha de
barragem do tipo zonada, com detalhes de
estéril existente, ocorre ainda uma camada de
contrução conforme descrito anteriormente.
aterro silto-argiloso, com espessura variando
Quanto às demais etapas de contrução, a
entre 2,00 e 5,00 m. Trata-se, provavelmente, de
barragem foi planejada para ser executada em
material escorrido do pé da pilha. Já no alto desta
cinco fases, sendo a primeira um dique inicial, com
ombreira, o terreno de fundação é composto por
coroamento na elevação 1.290,00 m, e as
uma camada de canga, sobreposta ao solo residual
seguintes divididas em quatro alteamentos por
de itabirito.
montante, com coroamento nas elevações
Durante o projeto do 1º alteamento, foram
1.295,00 m, 1.300,00 m, 1.307,00 m e 1.310,00 m,
executados mais 4 furos de sondagem a percussão,
respectivamente. totalizando 80,00 m. As sondagens foram
realizadas na praia de rejeito junto à barragem.
16.3.4 - Geologia e Fundações O rejeito depositado próximo à barragem
A região da barragem corresponde à área possui SPT na faixa de 3 a 4 golpes e o aterro
de ocorrência das litologias do Grupo Piracicaba compactado da barragem existente na faixa de 8
(Formação Cercadinho) e Grupo Itabira a 16 golpes. Junto ao furo SP-03, foi executado
(Formações Gandarela e Cauê). ainda um outro furo para retirada de amostras
O córrego Vargem Grande corre por sobre indeformadas com amostrador Shelby.
as litologias da Formação Gandarela, desde sua Foram retiradas 3 amostras indeformadas de
cabeceira até a altura do eixo da barragem, quando 2,00 a 5,00 m de profundidade no corpo do rejeito
passa a ocorrer a Formação Cercadinho, para a execução de ensaios de laboratório.
conforme mapeamento do USGS, executado em Durante o 2º. alteamento, foram executados
1960, na escala 1:25.000. ensaios in situ para determinação da resistência
Uma grande espessura de depósitos não drenada dos rejeitos depositados no
superficiais recentes, constituídos por argilas reservatório.
arenosas inconsolidadas e parcialmente lateri-
zadas, carapaças duras de canga limonítica e 16.3.5 - Monitoramento
sedimentos colúvio/aluvionares preenchem a A Tabela16-2 apresenta os tipos e
bacia do córrego Vargem Grande. quantidades de instrumentos em operação na
Na região da barragem, durante a 1ª etapa Barragem Vargem Grande (nov/08).
de construção, foram realizados 16 furos de
sondagem a percussão e 03 furos de sondagem Tabela 16-2 – Instrumentos em operação
rotativa, totalizando 323,15 m perfurados. Instrumento Quantidade
As sondagens realizadas na região próxima Na No Dique
ao leito do córrego mostraram a existência de Barragem e Sela
um horizonte de solo aluvionar de baixa
Medidor de NA 17 5
resistência, com espessura máxima sondada de
4,35 m.Abaixo da camada aluvionar ocorre o solo Piezômetro 10 13
residual de filito, de resistência mais elevada. Medidor de recalque 04 —
Na região das ombreiras ocorre uma camada Marco superficial de
de solo coluvionar laterítico, sobreposta ao solo deformação 20 13
residual de filito.A resistência à penetração (SPT)

194
Barragens de Rejeitos no Brasil

16.3.6 - Sistema Extravasor com concreto armado no trecho restante. O


O sistema extravasor é composto por um trecho final de 38,70 m, em concreto armado, foi
vertedouro de serviço e um vertedouro de aproveitado na ocasião do alteamento anterior.
O canal do vertedouro da primeira etapa tem
emergência, ambos situados na ombreira direita.
3 m de largura e taludes 1V: 1,5H. Sua declividade é
O vertedouro de serviço possui um canal de
variável, seguindo aproximadamente a declividade
adução de seção trapezoidal e uma tubulação de
da encosta, até desaguar numa bacia de dissipação
aço com diâmetro de 0,60 m, descarregando numa
com viga de impacto. O comprimento total deste
caixa de passagem interligada à calha do
canal é de 310 m.
vertedouro de emergência. O canal de adução do
Existe também uma tubulação, tipo flauta, na
vertedouro de serviço tem fundo plano na
região da ombreira esquerda do dique, que
elevação 1.303,50 m, com largura de 3,00 m e
funciona para captação de água, conduzida através
taludes 1V: 1,5H.
do corpo do dique até a casa de bomba existente
Como o lançamento do rejeito é feito a partir
entre o dique e a cava. Da casa de bomba, a água
da crista da barragem, a entrada do canal de
é bombeada para a planta.
adução foi posicionada mais a montante, a
O vertedouro de serviço deverá funcionar
aproximadamente 40 m do eixo da barragem, de
durante todo o ano, tendo sido dimensionado
modo a evitar a extravasão de água não clarificada.
para uma vazão Q = 0,659 m³/s. O vertedouro de
Devido às baixas velocidades da água, o canal de
emergência foi dimensionado para uma vazão Q
adução não é revestido.
= 5,92 m³/s, correspondente à cheia decamilenar
A tubulação de aço é posicionada no interior
(58,5 m³/s) amortecida no reservatório, com uma
do canal de adução, com entrada na elevação
borda livre de segurança variável, em função do
1.304,00 m. Para dar maior flexibilidade à
assoreamento do lago.
operação do reservatório, foi projetada outra
boca de entrada para o vertedouro de serviço
16.3.7 - Aspectos Operacionais
(tipo flauta), posicionada na El. 1.305,00 m.
O vertedouro de emergência é composto Sistema Operacional
por um canal emissário de seção trapezoidal,
revestido com concreto projetado, e pela bacia Conforme já mencionado, a planta de
de dissipação, com viga de impacto. Este verte- beneficiamento de Vargem Grande (ITM-VGR)
douro deverá funcionar apenas no período de recebe minério das minas de Capitão do Mato,
chuva. Tamanduá e da Mina de Abóboras. Esse minério é
O canal emissário foi concebido de forma a processado em instalações de britagem e
aproveitar um trecho do canal emissário da etapa peneiramento localizadas nas áreas da própria
anterior e a travessia existente sob a correia mina. Após esse primeiro estágio, o minério é
transportadora. O canal emissário tem largura transportado até a planta de beneficiamento e é
variável e taludes 1V: 1,5H. Na entrada do canal, estocado em pilhas de homogeneização da usina.
a largura vertente é de 10 m, convergindo para 3 Em Vargem Grande, o beneficiamento envolve
m num trecho de 27 m de comprimento. A peneiramento a úmido e classificação por meio
declividade do canal emissário é inicialmente de de hidrociclones.Além das etapas de classificação
0,70%, passando no trecho final a 8,86%, até por tamanho, há as etapas de concentração,
desaguar na caixa de passagem, em concreto realizadas por espirais concentradoras,
armado. O comprimento total do canal emissário concentração gravítica e por colunas de flotação,
é de 195,70 m. ciclonagem, espessamento e filtragem. Inicial-
O canal emissário é revestido com gabião mente, o minério passa pelo peneiramento
tipo colchão Reno no trecho inicial de 27 m e primário (constituído de duas peneiras inclinadas

195
Barragens de Rejeitos no Brasil

de dois “decks”), de onde a fração grossa (retida A filtragem é realizada em filtros de discos,
no primeiro e segundo “deck”) é encaminhada gerando o quarto produto desta instalação: o
como produto final para pátio de estocagem de “pellet feed fines” (PFF).
“lump ore”. O undersize (material passante) do Para a recuperação do overflow da desla-
peneiramento primário segue para o peneira- magem secundária, foi implantada a separação
mento secundário. magnética, de onde o rejeito é encaminhado para
No peneiramento secundário, obtêm-se o espessador de lamas e o concentrado,
outros dois produtos desta instalação. A encaminhado para o espessador de concentrado.
hematitinha é a fração retida nos primeiros O segundo rejeito gerado, rejeito da flotação, é
“decks” das peneiras. Já o “sinter feed” grosso é a bombeado para a barragem de rejeitos, onde se
fração retida nos segundos “decks” das peneiras. junta à lama. A etapa de recuperação de finos
As frações finas, passantes nos segundos “decks”, resulta em uma recuperação mássica do processo
também são encaminhadas para os hidro-ciclones de beneficiamento mineral da planta de Vargem
classificadores. Grande de aproximadamente 82%.
Para evitar a contaminação, por granulome- Posteriormente, os produtos são retomados
tria, da hematitinha, ela é repeneirada. O produto e transportados por correias transportadoras até
desse peneiramento é a própria hematitinha e o o Terminal de Embarque Ferroviário do Andaime.
“sinter feed” grosso. No terminal, os materiais são empilhados,
Os hidrociclones classificadores recebem as retomados e embarcados em composições
frações finas da etapa de peneira-mento ferroviárias.
secundário. Esta etapa gera dois fluxos de polpa,
o underflow, composto por partículas menores que Sistema de Transporte e
1 mm e maiores que 0,15 mm, que constituirá a Disposição de Rejeitos
alimentação das espirais concentradoras, e o
overflow. Composto por partículas abaixo de 0,15 O sistema é constituído de uma planta de
mm, que será bombeado para a ciclonagem. Nas tratamento de minérios, de transportador de
espirais concentradoras, obtém-se um concen- correia de longa distância e de elementos
trado, chamado de fino, que irá compor o produto acessórios, tais como o sistema de disposição dos
final “sinter feed”, e um rejeito que é enviado para rejeitos provenientes do tratamento dos minérios.
a barragem de rejeito. O material que chega à Barragem Vargem
A ciclonagem deslamadora é constituída de Grande é proveniente de limpeza de pisos,
duas etapas, primária e secundária, e tem como transbordos eventuais das caixas de processo e
finalidade deslamar o overflow dos classificadores drenagem pluvial. A Usina de Vargem Grande gera
espirais, preparando o material para a flotação. O dois rejeitos (lamas e rejeito de flotação) que são
underflow, nas etapas de ciclonagem, irá compor a direcionados a Cava de Andaime e Cava de
alimentação da flotação, e as lamas serão Fernandinho (informações referentes ao mês de
encaminhadas para o espessador de lamas, onde agosto do ano de 2008).
se recupera parte da água e se descartam as lamas O rejeito da flotação é direcionado à Cava
que são enviadas para a barragem de rejeitos. de Fernandinho por dois conjuntos de bombas 6
O underflow das etapas de ciclonagem é x 4" em tubulações de PEAD de 6" de diâmetro,
transferido para o espessador de alimentação da apresentando a distribuição granulométrica
flotação, onde é adequado às necessidades do conforme mostrado na Tabela 10-3 e as seguintes
processo de concentração por flotação em características:
colunas. O processo de concentração é realizado ¾ Vazão mássica (base seca): 116,00 t/h.
em seis colunas, de onde a polpa com o ¾ Vazão de polpa (35% sólidos): 246,00 m3/h
concentrado final é encaminhada à filtragem, após ¾ % sólidos em massa: 30 a 35%
regulação de parâmetros como o pH. ¾ Densidade do sólido: 3,80 t/m³

196
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 16-3 - Distribuição Granulométrica Segundo documentação fonte das


do Rejeito da Flotação informações aqui descritas, a partir de maio de
2008, os rejeitos seriam direcionados para a
mm % Massa % Retida % Passante
Barragem Maravilhas II, sendo conduzido por meio
Retida Acumulada Acumulada de rejeitoduto, até então em construção.
0,150 0,10 0,10 99,90
0,106 0,60 0,70 99,40 Sistema de Recirculação de Água
0,075 2,50 3,20 96,80 Existem dois sistemas de água que abastecem
0,053 13,00 16,20 83,80 diretamente a Industria de Tratamento de Minério
0,045 10,50 26,70 73,30 (ITM) Vargem Grande, que são a Captação do Rio
Itabira e o bombeamento proveniente da Cava
0,038 6,40 33,10 66,90
de Fernandinho (água proveniente das lamas
- 0,038 66,90 100,00 0,00 bombeadas), além de três sistemas externos que
alimentam os reservatórios diretamente, sendo
Captação de Trovões, Adutora CMT e Adutora
As lamas são direcionadas para a Cava de Maravilhas.
Andaime, por dois conjuntos de bombas A água proveniente do Rio Itabira recebe
horizontais de 10 x 8" (sendo uma reserva) em tratamento antes de ser lançada no reservatório
uma tubulação de PEAD de 10" de diâmetro, com de Vargem Grande.
opção para direcionar para a Barragem Vargem Além disso, no dique localizado na sela
Grande por meio de espigotamento ao longo da topográfica da Barragem Vargem Grande, que
crista da mesma. Tais lamas apresentam as possui na sua ombreira esquerda uma tubulação
seguintes características de composição e tipo flauta, funciona como captação de água. Água
granulometria: esta que é conduzida através do corpo do dique
¾ Vazão mássica (base seca): 472,00 t/h até a casa de bomba existente entre o dique e a
¾ Vazão de polpa (50% sólidos): 582,00 m3/h cava. Chegando a casa de bomba, a água é
¾ % sólidos em massa: 50 a 55% bombeada para a planta.
¾ Densidade do sólido: 4,30 t/m³
16.4 - Agradecimentos
Como mencionado anteriormente, apenas
O texto apresentado neste capítulo foi
em ocasiões excepcionais estes rejeitos são
elaborado com base nas referências indicadas no
dispostos na Barragem Vargem Grande.
item seguinte.
O CBDB agradece à Vale, pela autorização
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
mm % Massa % Retida % Passante
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
Retida Acumulada Acumulada recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
0,053 0,00 0,00 100,00 Filho, pela elaboração do texto.
0,045 0,00 0,00 100,00
0,038 0,81 0,81 99,19 16.5 - Referências
0,030 0,00 0,81 99,19 - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
0,022 1,10 1,91 98,09 – Barragem Vargem Grande. Elaborado pela
0,016 12,57 14,48 85,52 Pimenta de Avila Consultoria em setembro de
2009.
0,011 27,26 41,74 58,26
0,009 10,82 52,56 47,44 - Manual de Operação - Barragem Vargem
Grande. Elaborado pela Pimenta de Avila
- 0,009 47,44 100,00 0,00
Consultoria em fevereiro de 2007.

197
Barragens de Rejeitos no Brasil

198
Barragens de Rejeitos no Brasil

17 - VALE - MINA DO PICO -


BARRAGEM MARAVILHAS II

Foto 17.1 – Vista aérea da Barragem Maravilhas II – Itabirito – MG


(Fonte: Google Earth)

199
Barragens de Rejeitos no Brasil

17.1 - Apresentação e a clarificação da água do efluente final da mina


A Barragem Maravilhas II faz parte do do Pico.
Complexo Itabiritos e localiza-se no município A Barragem Maravilhas II teve, na 1ª etapa,
de Itabirito-MG, na Mina do Pico, de propriedade seu Projeto Executivo elaborado pela DAM
da Vale. Foi planejada para a disposição dos Engenharia de Projetos.As etapas seguintes foram
rejeitos gerados pelo beneficiamento do minério projetadas pela DF Consultoria. A barragem foi
de ferro, a retenção dos sedimentos erosivos executada pela Construtora Terrayama.
gerados nas áreas de lavra existentes em sua bacia A Figura 17.2 apresenta uma vista da crista
de contribuição, a acumulação de água industrial da Barragem Maravilhas II.

Figura 17.2 – Vista da Barragem Maravilhas II

17.2 - Localização da Barragem 17.3 - Descrição Geral


A Barragem Maravilhas II está localizada no 17.3.1- Dados Gerais
vale do Córrego Maravilhas, no município de A Barragem Maravilhas II é do tipo homo-
Itabirito-MG, imediatamente à jusante da Mina do gênea, de solo compactado, projetada para ser
Pico de Itabirito, com o eixo nas coordenadas construída em etapas com alteamentos para
UTM 615.700,00 e 7.764.300,00. A barragem se jusante, com solos distribuídos de acordo com as
encontra a 47,00 km da cidade de Belo Horizonte. características de plasticidade. A barragem tem
A Figura 17.3 mostra um mapa de acesso e altura máxima de 61,00 metros e volume útil do
localização da Mina do Pico, em Itabirito, onde se reservatório acumulado de 33,60 x 106 m³—-. O
encontra a Barragem Maravilhas II. talude de jusante tem inclinação entre bermas de

200
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 17.3 - Mapa de


acesso e localização da
Mina do Pico

2H;1V, e o talude de montante possui inclinação ¾ Um colchão drenante nas ombreiras


de 1H;1V. esquerda e direita, composto com uma camada
única de areia com espessura de 0,40 m, ao
A drenagem superficial é realizada por longo de todo o espaldar da barragem e até a
canaletas de ombreira, bermas e descidas d’água. elevação 1.268,00 m.
De acordo com os dados gerados nas análises das ¾ Um colchão drenante horizontal
percolações relativas ao alteamento para a composto de 0,50 m de espessura de brita 0
elevação 1.265,00 m, optou-se por: (zero), com transições de areia com 0,20 m de
¾ Um filtro vertical que foi executado com espessura ao longo de aproximadamente 67,00
areia lavada de espessura mínima 0,50 m, m, conforme a geometria constante, descrita
entre as elevações 1.253,00 m e 1.268,00 m, nos desenhos.
¾ O dreno de coleta das surgências no canal
com exceção de um trecho com aproxi-
emissário da 1ª Etapa foi construído em vala
madamente 46,00 m de extensão na ombreira
revestida por geotêxtil, preenchida com brita
esquerda, onde a espessura é de 1,10 m. A
0 (zero) e interligado ao colchão drenante.
conexão com o filtro, já existente, foi
realizada ao longo de toda a sua extensão, As características apresentadas neste item
sendo necessária ainda uma camada são referentes à condição anterior ao inicio das
horizontal de areia também com 0,50 m de obras da 5ª etapa de alteamento.
espessura e largura variável para adequação As Figuras a seguir apresentam planta geral
ao novo eixo do filtro vertical. e seção típica da Barragem Maravilhas II.

201
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 17.4 – Planta geral da Barragem Maravilhas II

Figura 17.5 - Seção típica da Barragem Maravilhas II


referente ao 5º alteamento

17.3.2- Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem Maravilhas
II estão resumidos na Tabela 17-1 a seguir:

202
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 17-1 – Características da Barragem Maravilhas II (nov/08)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos, retenção dos sedimentos e acumulação e
clarificação de água industrial
Empresas Projetistas DFConsultoria e DAM Projetos
Construção – Etapa 5º Alteamento
Data de construção Em andamento
Altura da Barragem 71,00 m
Comprimento da Crista 550,00 m
Área do Reservatório 147,00 hec
Volume do Reservatório 52.600.000,00 m3
Tipo de Seção Terra homogênea
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete horizontal do eixo da barragem para jusante.
Instrumentação Barragem = 08 Piezômetros, 06 Indicadores de NA e 15 Marcos Superficiais
e 01 medidor de vazão.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Fundação Solo Coluvionar: c’ = 10,00 kPa; φ’ = 29,0º
Fundação Solo Residual: c’ = 0,00 kPa; φ’ = 34,0º
Aterro Argiloso: c’ = 13,00 kPa; φ’ =28,0º
Aterro Siltoso: c’ = 15,00 kPa; φ’ = 30,0º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 15,75 km2
Tempo de Concentração 1,67 horas
Cheia de Projeto TR igual a 10.000 anos
Vazão Máxima Afluente 93,40 m3/s
Vazão de Projeto 55,20 m3/s
NA Máximo Operacional 1.276,50 m
NA Máximo Maximorum 1.278,80 m
Borda Livre 1,20 m para TR 10.000 anos
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação O extravasor é composto por um canal emissário trapezoidal, revestido
com concreto e geossintético, com base menor de 6,00 m, altura revestida
de 2,20 m e taludes de 1H/1V, desaguando no canal principal, em calha em
degraus de concreto armado, Q = 55,20 m³/seg.

203
Barragens de Rejeitos no Brasil

17.3.1- Etapas de Construção poroso de baixa resistência na parte onde o


A barragem Maravilhas II vem sendo maciço exerce maiores pressões e onde este
construída em etapas, com alteamentos sucessivos material está situado abaixo do nível d’água local.
para jusante. Na primeira etapa, o maciço foi Quanto às ombreiras, considerou-se
construído até a El. 1.240,00 m, com cerca de necessária a interrupção do fluxo de percolações
30,00 m de altura.As demais etapas de construção nos extratos mais superficiais, onde existem
obedeceram à seguinte cronologia: camadas de solos saprolíticos e coluvionares de
altas permeabilidades. Para tanto, o projeto previu
¾ Em 1998, foi construída uma parte do a execução de cut-offs impermeabilizantes nas
maciço da segunda etapa, com coroamento na ombreiras.
El. 1.245,00 m;
17.3.3- Monitoramento
¾ Em 1999, foi concluída a segunda etapa de
alteamento, com coroamento na El. 1.250,00 m; Para auxiliar na avaliação do comportamento
da barragem após o terceiro alteamento (El.
¾ De junho / 2001 a agosto / 2002, foi
1.270,00 m) foram executados, conforme previsto
construída a terceira etapa de alteamento, com
em projeto, a instalação de piezômetros e
coroamento na El. 1.260,00 m;
indicadores de níveis d’água, além de placa de
¾ Em 2004, foi construída a quarta etapa de indicação das vazões finais efluentes da drenagem
alteamento, com coroamento na El. 1.270,00; interna da barragem e marcos de controle de
¾ De setembro / 2005 a novembro / 2005, deformação do maciço.
foi construída uma parte do maciço de jusante Na Tabela a seguir estão apresentadas as
da quinta etapa (El. 1.280,00), com paralisação quantidades dos instrumentos instalados na
das obras com o coroamento na El. 1.247,00 m; barragem.
¾ Em maio / 2006, foi construída uma outra
parte do maciço de jusante da quinta etapa de Tabela 17-2 – Instrumentos instalados na
alteamento (El. 1.280,00), com paralisação na Barragem Maravilhas II
El. 1.270,00 m;
¾ Em 2010, foi construída a 5ª etapa de Instrumento Quantidade
alteamento até a El. 1.280,00 m. Medidor de NA 06
A barragem objeto deste alteamento Piezômetro 08
(El.1.280,00) tem altura máxima de 71,00 metros Marco superficial de deformação 15
e volume útil acumulado de 52,60 x 106 m³—-. O
Medidor de vazão 01
talude de jusante tem inclinação entre bermas de
2H/1V.
A cada alteamento, a proteção da faixa do
talude de montante da barragem, na zona de 17.3.4- Sistema Extravasor
oscilação da lâmina d’água, é efetivada através de Nesta etapa, o sistema extravasor é com-
camada de solo tratado com 50% de material posto por um canal emissário trapezoidal, na
granular graúdo, da granulometria correspondente ombreira esquerda, revestido com geocélula, com
a brita 0 (zero) ou minério da granulometria base menor de 6,00 m, altura revestida de 2,20 m
correspondente à do “sinter feed”. e taludes de 1H/1V, desaguando no canal principal,
em degraus de concreto armado. O canal
17.3.2 - Geologia e Fundações emissário possui comprimento total de
Os estudos das fundações levaram a aproximadamente 642,00 m, sendo os 72,50 m
considerar a remoção de parte do material finais revestido com concreto e com declividade

204
Barragens de Rejeitos no Brasil

de 2,0% se iniciando na elevação 1.267,00 m, na subsequente de flotação, complementar a


tomada d’água (soleira), e terminando na elevação deslamagem através da dispersão das lamas que
1.264,74 m, na conexão com o canal principal. ocorre em função do aumento do pH da polpa e
recuperar água de processo. O aumento do pH é
A partir deste ponto, o canal emissário
proporcionado pela adição do amido gelatizado
deságua numa calha de concreto armado de seção
(100 a 150 g/t).
retangular, com 6,00 m de largura, até a elevação
1.208,00 m, onde deságua no córrego Maravilhas. O espessador da alimentação da flotação
recebe como alimentação o underflow dos dois
O sistema extravasor desta etapa foi
estágios de ciclonagem e direciona o underflow
dimensionado, tendo seu nível operacional na
para o tanque de polpa através de bombas. O
elevação 1.276,50 m, para uma vazão afluente de 93,4
tanque de polpa direciona o material para o
m³/s, e uma vazão defluente de 55,2 m³/s,
condicionador que alimenta a flotação através de
correspondente a um tempo de recorrência de 10.000
bomba.
anos, com uma borda livre de segurança de 1,20 m.
O produto desta planta é o SF5 - “sinter feed”.
A cada alteamento o sistema extravasor
passa por adequações. A Planta de Beneficiamento B tem o mesmo
processo da Planta A. Porém os produtos da Planta
B são o LO, hematitinha, e SF.
17.3.5- Aspectos Operacionais
A Barragem Maravilhas II destina-se à A Planta de Beneficiamento C é caracterizada
pelo tratamento a seco, não sendo gerados
disposição do rejeito de flotação da Indústria de
rejeitos e/ou lamas durante o processo.
Transformação Mineral (ITM) D, das lamas e
perdas da ITM D, do rejeito da Flotação da ITM As ciclonagens primária e secundária têm
A, da limpeza e desaguadora da ITM A, da limpeza como objetivo diminuir o percentual de lamas
e da desaguadora da ITM B, e também da retenção (frações abaixo de 10µm), favorecendo assim a
dos sedimentos erosivos gerados nas áreas de operação subsequente de flotação em colunas. A
lavra existentes em sua bacia de contribuição, a ciclonagem é realizada em dois estágios, sendo o
acumulação de água industrial e a clarificação da estágio primário composto de duas baterias com
água do efluente final da Mina do Pico. Segue ciclones de 15 polegadas (cada bateria é composta
abaixo uma descrição do processo operacional de 10 ciclones) e o segundo estágio composto
da Mina do Pico. de duas baterias com ciclones de 10 polegadas
(cada bateria é composta de 20 ciclones).
O espessador de concentrado do circuito ITM
A tem por objetivo adequar o percentual de sólidos O overflow dos dois classificadores espirais
da etapa subseqüente de filtragem e recuperar água é direcionado por gravidade para um tanque de
de processo. O espessador de concentrado recebe polpa, que direciona o material para duas
como alimentação o concentrado das colunas de baterias de ciclonagem primária. O underflow do
flotação recleaner. O underflow do espessador é primeiro estágio é direcionado por gravidade
direcionado para o tanque de polpa através de para o espessador da alimentação da flotação e
bomba de polpa e esta direciona o material para a o overflow do primeiro é direcionado por
filtragem através de outra bomba. O overflow do gravidade para a caixa de polpa. Por meio das
bombas, o material é enviado para duas baterias
espessador é direcionado para o espigote de lama
de ciclonagem secundárias. O underflow das
por gravidade.
baterias secundárias junta-se ao underflow das
O espessador da alimentação da flotação baterias primárias e o overflow das baterias
(circuito flotação ITM-A/B) tem por objetivo secundárias é direcionado por gravidade para o
adequar o percentual de sólidos da etapa espessador de lamas.

205
Barragens de Rejeitos no Brasil

O espessador da flotação tem por objetivo A/B. O overflow dos espessadores de concentrado
adequar o percentual de sólidos da etapa e o overflow dos espessadores da alimentação da
subseqüente à de flotação, complementar a flotação também alimentam o espessador de
deslamagem através da dispersão das lamas que lamas. Outros fluxos provenientes de bombas
ocorre em função do aumento do pH da polpa verticais também alimentam este espessador. O
e recuperar água de processo. O aumento do underflow do espessador é bombeado para a
pH é proporcionado pela adição do amido barragem Maravilhas II por meio de
gelatizado (100 a 150 g/t) e pela adição de soda bombeamento. Existe também a possibilidade do
cáustica a 50%. underflow ser bombeado para a Barragem
O espessador da flotação recebe como Maravilhas II através de tubulação independente.
alimentação o underflow dos dois estágios de A água recuperada do espessador de lamas é
ciclonagem e direciona o underflow para o tanque direcionada para dois reservatórios e distribuída
de polpa através de bombas. O tanque direciona para vários pontos da usina.
o material para o condicionador, que alimenta a O processo, na planta E, se dá por meio de
flotação por meio de outra bomba. O overflow do peneiramento.
espessador da flotação é direcionado para o
espessador de lama.
17.4 - Agradecimentos
O espessador de concentrado tem por
objetivo adequar o percentual de sólidos da etapa O texto apresentado neste capítulo foi
subseqüente de filtragem e recuperar água de elaborado com base nas referências indicadas no
processo. item seguinte.
O espessador de alimentação da filtragem O CBDB agradece à Vale, pela autorização
(concentrado) recebe como alimentação o concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
concentrado das colunas de flotação recleaner (a Avila Consultoria, pela disponibilização dos
alimentação é feita por gravidade). O underflow recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
do espessador é direcionado para o tanque de Filho, pela elaboração do texto.
polpa por meio de bombas de polpa e este
direciona o material para a filtragem por meio de
outras bombas. O overflow do espessador é 17.5 - Referências
direcionado para o espessador de lama por - Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
gravidade. Barragem Maravilhas II. Elaborado pela Pimenta
O espessador de lama tem por objetivo de Avila Consultoria em setembro de 2010;
adequar o percentual de sólidos para o - Manual de Operação – Barragem Maravilhas
bombeamento para a barragem de contenção de II. Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
rejeitos e recuperar água de processo. Este em agosto de 2008;
espessador recebe como alimentação o overflow - Desenho RD-701-DS-13051-00. Elaborado
da bateria de ciclonagem secundária (duas pela Pimenta de Avila consultoria em agosto
baterias) do circuito de deslamagem da ITM D e de 2008;
o overflow da bateria de ciclonagem secundária
do circuito de deslamagem do circuito das ITM - Google Earth (dezembro de 2008).

206
Barragens de Rejeitos no Brasil

18 - VALE - MINA DA FÁBRICA -


BARRAGEM FORQUILHA III

Figura 18.1 – Vista aérea da Barragem Forquilha III


(Fonte: Google Earth)

207
Barragens de Rejeitos no Brasil

18.1 - Apresentação Sua construção deu-se início no ano de 2000


A Barragem Forquilha III faz parte do – dique de partida – a partir do qual a barragem
Complexo Itabiritos, localizado no Município de vem sofrendo sucessivos alteamentos, de acordo
Ouro Preto-MG, na Mina de Fábrica, de com o planejamento de disposição dos rejeitos
propriedade da Vale. da mina.
O sistema possui uma operação integrada
por três cavas em operação, uma usina de 18.2 - Localização da Barragem
beneficiamento, uma usina de pelotização e duas A Barragem Forquilha III faz parte do
estações de embarque. Complexo Mina de Fábrica, que está localizado
Na década de 70, com a construção do na porção centro-oeste do estado de Minas
ramal Fábrica da Estrada de Ferro Vitória – Minas Gerais, às margens da BR040, aproximadamente
(EFVM), a Mina de Fábrica passou por um 75 km da cidade de Belo Horizonte em direção a
processo de expansão da produção, incluindo mina cidade do Rio de Janeiro, no município de Ouro
e beneficiamento. Em 1977, foi inaugurada a Usina Preto – coordenadas UTM 621.470,00;
de Pelotização de Fábrica, a única até hoje situada 7.742.680,00 (Datum Sad 69). As concessões e
no interior do país. A Barragem de Forquilha III terrenos estão distribuídos pelos municípios de
localiza-se nesta unidade de produção. Ouro Preto, Congonhas, Belo Vale, Moeda e
A Barragem Forquilha III tem como Itabirito.
finalidade conter rejeitos provenientes da usina A figura a seguir mostra o mapa de acesso
de concentração. Além disso, o reservatório tem e localização da Mina de Fábrica, onde se localiza
função importante no processo de reaproveita- a Barragem Forquilha III.
mento das águas.

Figura 18.2 - Mapa de acesso e


localização da Mina de Fábrica

208
Barragens de Rejeitos no Brasil

18.3 - Descrição Geral O talude de jusante do dique de partida tem


inclinação de 1,0V:2,3H, com bermas de 3,00 m
18.3.1- Dados Gerais de largura nas elevações 1.104,00 m e 1.094,00
A barragem tem cerca de 72,00 m de altura m. Os taludes de jusante construídos nas etapas
e cerca de 700,00 m de comprimento de crista. de alteamento têm inclinação de 1,0V:2,5H.
Foi construída a partir de um dique inicial e por Em setembro de 2010, a barragem
sussessivos alteamentos por montante. encontrava-se na cota 1.151,00 m, após obras do
O maciço inicial foi implantado em 2000. 5º alteamento, executado em 2009. As figuras a
Composto de maciço homogêneo de solo seguir apresentam a planta geral e a seção típica
compactado, atingiu a elevação 1.113,50 m e altura da Barragem Forquilha III.
máxima de cerca de 35,00 m.

Figura 18.3 – Planta Geral da


Barragem Forquilha III (4º alteamento)

Figura 18.4 – Seção Típica


da Barragem Forquilha III

18.3.2- Ficha Técnica


Os principais dados da Barragem Forquilha
III estão resumidos na tabela a seguir.

209
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 18-1 – Características da Barragem Forquilha III (set/10)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos, com reaproveitamento da água
Empresas Projetistas Tecnosolo/Golder Associates/ Geoconsultoria
Construção – Etapa 5º Alteamento (cota 1.151,00m)
Data de construção 2009
Cota da Crista 1.152,80 a 1.151,00m
Altura da Barragem 72,00m
Comprimento da Crista 700,00m
Área do Reservatório 812.785,12m2
Volume Total do Reservatório 14.000.000m3
Tipo de Seção Solo compactado
Drenagem Interna Drenos verticais e horizontais, além de drenos horizontais em
tubos de PVC
Instrumentação 12 Marcos Superficiais, 12 Piezômetros Elétricos, 89 Piezômetros
Casagrande, 4 Indicadores de Nível d’Água e 5 Inclinômetros.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas nas fases de projeto
Parâmetros dos Materiais Fundação: c’ = 0,5 t/m² / φ’ = 30º
Rejeito: c’ = 0,5 t/m² / φ’ = 25º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 1,97 km2
Tempo de Concentração 22 minutos
Precipitação Máxima Provável 340 mm (PMP de 24 horas)
Cheia de Projeto TR= 100 anos e 7 dias de duração
Vazão Máxima Afluente 2,97 m3/s
Vazão de Projeto 1,80 m3/s (vazão máxima efluente)
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Torres de soleira variável operadas com stop-logs, conectadas a
uma galeria de encosta, a qual descarrega numa galeria de fundo e,
em seguida, no antigo extravasor em canal.
Vertedouro de Abandono Há projeto conceitual

prevista para a elevação 1.154,00 m, a barragem


18.3.3- Etapas de Construção terá atingido sua altura máxima de projeto, cerca
Inicialmente foi construído um dique de de 74,00 m.
terra compactada, provido de dreno de fundo e Para o cálculo das etapas de alteamento,
filtro vertical. Em setembro de 2010, a barragem adotou-se como base o assoreamento do
encontrava-se na cota 1.151,00 m, após obras do reservatório e o programa de produção da Vale
5º alteamento, em 2009. Na última etapa, cota final na época em questão.

210
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tomando como base uma razão de alteamento de ¾ Cota 1.123,00 m 1º alteamento - 2002;
6,00 a 7,00 m/ano, considerada elevada para o tipo ¾ Cota 1.113,00 m dique inicial - 2000.
de rejeito (fino) que se opera, e o método de
alteamento por montante, o programa de produção No estabelecimento destas cotas foram
da Vale e a batimetria realizada em Forquilha III, consideradas as seguintes premissas:
em fevereiro de 2008, foram definidas as seguintes a) Cada alteamento deverá ser executado de
cotas de alteamento, prevendo-se preliminarmente modo a ser concluído até o dia 31 de outubro
a diferença de 2,00 m entre a soleira do extravasor de cada ano;
e a crista da barragem. b) O prazo máximo de construção deve ser
¾ Cota 1.154,00 m (final) 6º alteamento - 2009/2010; de seis meses, de maio a outubro de cada ano.
¾ Cota 1.151,00 m 5º alteamento - 2008; O ideal é que se iniciem a partir de março de
¾ Cota 1.144,00 m 4º alteamento - 2007; cada ano;
¾ Cota 1.137,00 m 3º alteamento - 2005; As figuras seguintes mostram a Barragem
¾ Cota 1.130,00 m 2º alteamento - 2003; Forquilha III, vista de uma de suas ombreiras.

Figura 18.5 - Vista da


Barragem Forquilha
III em obras do 4º
alteamento

Figura 18.6 - Vista da


crista da Barragem
Forquilha III em
obras do 4º
alteamento

211
Barragens de Rejeitos no Brasil

18.3.4- Geologia e Fundações Em alguns pontos, a sondagem atingiu o filito


Nas ombreiras direita e esquerda, o terreno alterado, e o projeto previu a escavação da camada
de fundação é composto por solo residual de solo aluvionar do fundo do vale, com espessura
(saprolito) de filito com textura silto-argilosa de de 1,00 a 3,00 m.
cor variegada (vermelha/ amarela/ roxa).
Sobrejacente a este, capeando a superfície do 18.3.5- Monitoramento
terreno, encontra-se solo coluvionar argilo-siltoso, O monitoramento da barragem é feito por
com espessura variando entre 1,00 a 2,00 m. meio da realização de leituras dos instrumentos
relacionados na tabela a seguir.

Tabela 18-2 – Monitoramento da Barragem Forquilha III

Instrumento Qtde. Objetivo Local


1 Marco Superficial 12 Medir possíveis deslocamentos Sobre as bermas dos diques
horizontais e recalques
2 Inclinômetro 5* Medir deslocamentos em Fixo na fundação; seções
profundidade na barragem e principais; parte central da
detectar possíveis círculos de barragem.
ruptura
3 Piezômetro Elétrico 12 Medir pressões neutras Na praia de rejeito em
positivas e negativas profundidades diferentes e na
crista de cota 1137.
4 Piezômetro Casagrande 89 Medir pressões neutras Fundação dos diques; no
aterro de rejeito, nos maciços
dos diques e nas ombreiras.
5 Indicador de nível d’água 4 Medir pressões neutras – Aterro de rejeito e nos
hidrostáticas maciços dos diques

18.3.6 - Sistema Extravasor Esse sistema visa o controle do nível d’água


O sistema extravasor é composto por no reservatório e o melhor controle e
galeria de encosta, com torres de soleira variável, manutenção da largura da praia, necessária para a
operada com ‘stop-logs’, conectado a uma galeria segurança da barragem.
de fundo, descarregando num canal aberto na Na etapa de fechamento, deverá ser
ombreira direita. construído um canal extravasor de superfície.
Esse extravasor tem cerca de 41,00 m de
extensão e seção retangular em concreto armado. 18.3.7 - Aspectos Operacionais
O canal de descarga é em rampa, com seção O bombeamento dos rejeitos compreende
retangular em concreto armado. Há também uma as bombas na área da usina, a tubulação de recalque,
estrutura de amortecimento em gabião no final as canaletas e a distribuição com tubos (tubulação
do canal de descarga. principal, válvulas, espigotes) na barragem.

212
Barragens de Rejeitos no Brasil

Os rejeitos, na forma de polpa, são sentido da ombreira direita, em seqüência, de


bombeados da usina e aduzidos, no trecho inicial, modo a formar uma praia uniforme.
por tubulação e, em grande extensão, por canaleta O lançamento dos rejeitos no reservatório
de concreto até as proximidades da barragem. Nesse deve levar em conta ainda a conceituação
ponto, eles são novamente aduzidos por tubulação estabelecida para o fechamento da barragem,
estendida sobre a crista da barragem. buscando-se descartá-los nas laterais do vale para
Estas caixas são operadas de modo a propiciar conter o espelho d´água em uma pequena área o
o assoreamento do reservatório de maneira mais próximo possível do extravasor.
uniforme e a se aproveitar os volumes das O circuito de processo, de maneira
reentrâncias dos seus braços (vales de drenagem simplificada, compreende as operações unitárias
natural). de britagem, classificação, separação magnética,
Ao longo da crista da barragem a tubulação espessamento e espirais (em parte do circuito).
é provida de vários pontos de descarga – Os rejeitos resultam como underflow de
espigotes – de onde os rejeitos são lançados para espessador, na forma de polpa, com cerca de 55%
montante, propiciando a formação da praia de sólidos, em peso.
emersa. Essa praia emersa é parte integrante do O sistema de aproveitamento das águas
maciço da barragem. opera no lado direito do reservatório, próximo
Para a correta formação da praia a montante, do emboque do extravasor, uma estação de
são necessários espigotes a cada 25,00 m. captação de água flutuante.A captação e a adução
Tal distribuição tem os seguintes benefícios:
de água incluem a plataforma flutuante, bombas e
¾ Os cones de deposição que se formam nos tubulações de recalque, desde a balsa até o
pontos de lançamento dos rejeitos se tocam reservatório da barragem Forquilha II, onde a água
em distâncias menores, evitando a é descartada.
sedimentação do material mais fino junto ao O reservatório de água na barragem de
pé de montante da barragem; rejeitos deve ser de 300.000 a 400.000 m³, para
¾ Como as vazões descartadas nos espigotes atender a demanda de recirculação para a usina
são menores, a capacidade de transporte dos de 400,00 a 450,00 m³/h. Se for necessária a
sólidos é também reduzida, propiciando redução do volume de circulação para
melhor segregação sedimentar e maior atendimento de condicionante ambiental, a vazão
inclinação da praia; complementar deverá ser buscada pelo
Complexo em outra fonte componente do seu
¾ Não há ocorrência de “back ponding”, que
sistema de água.
são as bacias de acúmulo de água nos pontos
de queda dos rejeitos e atrás dos mesmos,
18.4 - Agradecimentos
evitando-se também a deposição de material
fino junto à barragem. O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no
Os espigotes operam com válvulas, que
podem ser do tipo “mangote” ou de gaveta item seguinte.
(guilhotina, ranhura), abertas ou fechadas O CBDB agradece à Vale, pela autorização
manualmente. Eles devem operar em conjuntos concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
de no máximo cinco ao mesmo tempo, iniciando- Avila Consultoria, pela disponibilização dos
se a operação a partir do lado esquerdo da recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
barragem, deslocando-se esta operação no Filho, pela elaboração do texto.

213
Barragens de Rejeitos no Brasil

18.5 - Referências
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem –
Barragem Forquilha III. Elaborado pela Pimenta
de Avila Consultoria em setembro de 2010;
- Manual de Operação – Barragem Forquilha
III. Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
em agosto de 2008;
- Desenhos RD-701-DS-11298-00 e RD-701-
DS-13055-00, elaborados pela Pimenta de Avila
Consultoria em agosto de 2008.

214
Barragens de Rejeitos no Brasil

19 - VALE - MINA CÓRREGO DO FEIJÃO

Figura 19.1 – Vista aérea das Barragens I e VI, do Sistema de


Disposição de rejeitos da Mina Córrego do Feijão.
(Fonte: Google Earth)

215
Barragens de Rejeitos no Brasil

19.1 - Apresentação alteamento da Barragem I ou durante a


manutenção de tubulações, por exemplo).
O Sistema Córrego do Feijão faz parte do
Complexo Minerador Paraopebas, de propriedade 19.2 - Localização do Sistema
da Vale, sendo constituído pelas Barragens I e VI,
que têm como finalidade conter os rejeitos finos O Sistema Córrego do Feijão está localizado
provenientes do tratamento do minério e na Mina Córrego do Feijão, no Alto Curso da Bacia
reservar água para reaproveitamento no processo do rio Paraopebas, nas cabeceiras do ribeirão
industrial, respectivamente. Ferro-Carvão, afluente pela margem direita do
Apesar da Barragem VI ter sido projetada Paraopebas, em terras do município de
para a contenção de rejeitos, sua finalidade foi Brumadinho, Minas Gerais, com coordenadas UTM:
alterada, passando a ser somente a contenção de 591.942,97 E; 7.775.032,00 N (Datum WGS 84).
água. Eventualmente, no entanto, tal barragem A figura a seguir apresenta o mapa de
recebe descargas de rejeitos (durante o localização e acesso à Mina Córrego do Feijão.

Figura 19.2 - Mapa de acesso e


localização da Mina Córrego do Feijão

19.3 - Barragem I 19.3.1- Dados Gerais

A Barragem I foi implantada em 1976 e tem O maciço inicial (dique de partida) é


como finalidade a contenção de rejeitos finos constituído por aterro homogêneo de material
provenientes da instalação de tratamento de mi- drenante. A barragem inicial, com 18,00 m de
nério, com reaproveitamento da água no processo altura máxima, teve coroamente na elevação
industrial. 874,00 m, contando com uma berma na elevação
864,00 m, no talude de jusante.

216
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 19.3 – Vista aérea da Barragem I

Os aterros do 4º ao 9º alteamento foram O sistema de drenagem interna é composto


construídos pelo método de montante, com maci- por filtro vertical associado a um tapete drenante
ço compactado, constituído de materiais proveni- lançado diretamente sobre a praia de rejeitos. Na
entens da praia de rejeitos e das escavações obri- extremidade de jusante, o tapete está conectado
gatórias. a uma trincheira drenante, no fundo da qual
O dique do 9º alteamento com crista na existem tubos tipo PVC perfurados e
elevação 937,00 m, foi contruído com solos posicionados longitudinalmente, com saídas a
argilo-siltosos compactados. cada 20,00 m, de forma a conduzir a água para as
Os taludes de jusante foram protegidos canaletas de superfície.
por uma camada de solo argiloso adubado, O sistema de drenagem superficial é
propício para o desenvolvimento de grama. A composto por canaletas de concreto e descidas
crista e os taludes de montante foram protegidos em degraus, implantadas nas bermas e nos taludes.
por uma camada de cerca de 0,20 m de canga As Figuras a seguir apresentam planta e seção
laterita. típica da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão.

217
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 19.4 – Planta da Barragem I – Mina Córrego do Feijão (set/2005)

Figura 19.5 – Seção Típica da Barragem I – (referente ao 7º alteamento da barragem)

19.3.2 - Ficha Técnica


Os principais dados de interesse da
barragem estão resumidos na tabela a seguir.

218
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 19-1 - Características da Barragem I (Set/2010)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos, com reaproveitamento da água no
processo industrial.
Empresas Projetistas 8ª Etapa: Tecnosolo , 9ª Etapa: Geoconsultoria
Construção – Etapa Início 9ª Etapa: 2007
Cota da Crista 937,00 m
Altura da Barragem 81,00 m
Comprimento da Crista 610,00 m
Área do Reservatório 0,24 km²
Volume Atual do Reservatório 10.000.000,0 m³
Tipo de Seção Homogênea
Drenagem Interna Filtro vertical associado a tapete drenante.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas nas fases de projeto.
Parâmetros dos Materiais Aterro (Rejeito Compactado): c’ = 5,00 kPa / φ’ = 37°
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA*
Área da Bacia 0,88 km2
Tempo de Concentração 22,9 minutos
Cheia de Projeto 10.000 anos de tempo de retorno
Vazão Máxima Afluente 2,61 m³/s
Vazão de Projeto 1,77 m³/s
NA Máximo Operacional 935,00 m
NA Máximo Maximorum 935,69 m
Borda Livre (NA máx Max) 1,31 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Estrutura em torre, com galeria de fundo e canal a jusante
que deságua na Barragem VI

19.3.3 - Etapas de Construção Foram complementadas as obras do 9º


alteamento pelo método de montante, com
A barragem foi inicialmente implantada em maciço de rejeito compactado sobre a praia de
1976, com crista na elevação 874,00 m, sofrendo rejeitos, atingindo a elevação 937,00 m e altura
cinco alteamentos sucessivos de 3,00 m de altura máxima de 81,00 m.
cada, atingindo coroamento na elevação 889,00
m. Posteriormente, teve sua crista alteada até a
elevação 894,00 m, com envelopamento do 19.3.4 - Geologia e Fundações
maciço associado a alteamentos de 5,00 m. A Resumidamente, na região da barragem, o maciço
partir do 4º alteamento, o eixo da barragem foi rochoso é representado por gnaisses bandados,
deslocado para montante do eixo inicial. sendo a área do barramento capeada por

219
Barragens de Rejeitos no Brasil

horizonte de material terroso, constituído de especialmente quanto ao terreno de fundação e


solos saprolitos/ residual/ coluvionar. Esses solos ao sistema de drenagem interna.
apresentam boa capacidade de suporte e
permeabilidade baixa. 19.3.5 - Monitoramento
Em geral, os diques dos alteamentos foram
A instrumentação da Barragem I é
assentados em terreno constituído por solo
basicamente composta de piezômetros tipo
residual/ saprolito, nas ombreiras, e pela praia de
Casagrande, indicadores de nível d’água,
rejeito e aterro do dique subjacente, no trecho
central. Nas fases de tratamento da fundação dos inclinômetros, marcos topográficos e medidores
aterros, a camada de solo superficial de baixa de vazão de percolação pelos tubos de drenagem
consistência/ compacidade e/ ou contaminada foi dos tapetes horizontais.
removida. O monitoramento é feito por meio de
Em todas as fases de alteamento, foram leituras periódicas dos instrumentos. Para o
efetuadas campanhas de sondagens com ensaios controle dos resultados, as leituras são lançadas
SPT e de infiltração, e ensaios de laboratório, para em tabelas e gráficos e comparadas em conjunto
a investigação da fundação. e individualmente com três níveis de segurança:
Recentemente, para análise das condições atenção, alerta e emergência, conforme premissas
de estabilidade física do maciço, foram executadas estabelecidas em projeto.
campanhas de investigações de campo e Na tabela 19-2, apresenta-se um resumo da
laboratório visando pesquisar as características instrumentação instalada na barragem até a
dos maciços de alteamentos, maciço inicial, elevação 930,00.

Tabela 19-2 - Resumo da instrumentação instalada na Barragem I


Instrumento Qtde. Objetivo Local
1 Marco Superficial 18 Medir deformações horizontais Sobre as bermas dos diques
e verticais (recalques)
2 Inclinômetro 2 Medir deformações em Fixo na fundação; seções
profundidade na barragem e principais; parte central da
detectar possíveis superfícies barragem.
de ruptura
3 Piezômetro Casagrande 78 Medir pressões neutras Fundação dos diques;
(poropressões) no aterro de rejeito e nos
maciços dos diques.
4 Indicador de nível d’água 20 Medir pressões neutras - Aterro de rejeito e nos
hidrostáticas maciços dos diques iniciais
5 Drenos controlados com 53 Medir a vazão dos drenos e Taludes de jusante dos
medição de vazão consequentemente a vazão diques da barragem
percolada pela Barragem I
6 Régua de medição de 1 Medir o nível d’água do Próximo ao talude
nível d’água no reservatório reservatório esquerdo do reservatório
7 Pluviômetro 1 Medir o índice pluviométrico Região de Córrego do
da região Feijão - Barragem I

220
Barragens de Rejeitos no Brasil

19.3.6 - Sistema Extravasor - Canal a céu aberto, de seção retangular, com


O atual sistema extravasor, implantado na 1,00 m de largura e 1,50 m de altura, com um
ombreira direita, é um vertedor do tipo torre, com trecho inicial contínuo e outro, final, em
galeria de fundo, soleira variável, por meio de degraus, descarregando a vazão extravasada no
“stop-logs”, e um canal a jusante, para adução da reservatório da barragem VI.
água extravasada até a Barragem VI.
Para o dimensionamento hidráulico do 19.4 - Barragem VI
extravasor, foram desenvolvidos estudos O Projeto Executivo da Barragem VI foi
hidrológicos, considerando-se a vazão de cheia elaborado pela Tecnosolo em Março de 1998. A
para chuva com tempo de retorno decamilenar, barragem destinava-se à contenção de rejeitos finos
tendo em vista o porte da barragem e seu provenientes da Indústria de Transformação Mineral
potencial de dano à jusante, em caso de ruptura. (ITM), com reaproveitamento d’água industrial.
Com base nesses estudos, o sistema A Barragem VI opera exclusivamente como
extravasor foi dimensionado conforme carac- reservatório de água para o fornecimento à planta
terísticas descritas a seguir: de tratamento de minério e para receber a água
- 3 torres, em seção retangular, com aberturas industrial descartada da Barragem I. A barragem
de 1,40 m de largura e 1,00 m de profundidade, também recebe descargas eventuais de rejeitos
com 5,00 m de altura máxima, aberta em um durante o alteamento da barragem I ou emergências
dos lados, onde são instalados os “stop-logs”; operacionais, como manutenção das tubulações.

- Galeria de fundo, com seção retangular, com 19.4.1 - Dados Gerais


1,00 m de lado e 1,40 m de altura, com
extensão de cerca de 310,00 m; O maciço da barragem é composto por
aterro homogêneo de solo silto-argiloso

Figura 19.6 –
Vista aérea da
Barragem VI

221
Barragens de Rejeitos no Brasil

compactado, com dique de partida a jusante, em O tapete drenante, tipo “sanduíche”, apresenta
enrocamento de rochas sã e alterada. O dique dois tipos de seções: a das ombreiras – constituída
de partida tem crista na elevação 866,00 m e por duas camadas de sinter feed, com espessura de
taludes de montante e jusante com inclinação 0,20 m cada, envolvendo camada de 0,30 m de
1V:1,5H. “hematitinha” – e a do fundo do talvegue,
O maciço principal foi construído com crista constituída por duas camadas de areia com 0,20 m
na elevação 894,50 m, atingindo a elevação 895,00 de espessura envolvendo camada de brita 1, com
m após regularização, o que corresponde a uma 0,80 m de espessura.
altura máxima de cerca de 40,00 m. A inclinação O sistema de drenagem superficial é
dos taludes de jusante é de 1V:2,3H, com bermas composto por canaletas de concreto e descidas
de 3,00 m de largura nas elevações 866,00 m, d’água em degraus nas bermas e nos taludes.
876,00 m e 886,00 m. O talude de jusante foi protegido com grama,
O sistema de drenagem interna é composto e o talude de montante e a crista, por material
por um filtro vertical associado a um tapete laterítico e canga.
drenante tipo sanduíche. O filtro vertical é de As Figuras seguintes apresentam a planta
sinter feed, com 0,80 m de largura. geral e a seção típica da Barragem VI.

Figura 19.7 - Planta geral


da Barragem VI

Figura 19.8 -
Seção típica da
Barragem VI

222
Barragens de Rejeitos no Brasil

19.4.2- Ficha Técnica


As principais características da Barragem VI
estão resumidas na Tabela a seguir.

Tabela 19-3 - Características da Barragem VI (Set/2010)


DADOS GERAIS
Finalidade Reservaçãode água e contenção de rejeitos finos (eventual)
Empresas Projetistas Tecnosolo
Construção – Etapa Maciço Inicial
Data de construção 1999
Cota da Crista 895,05 m
Altura da Barragem 40,00 m
Comprimento da Crista 350,00 m
Volume Reservatório – 2006 1.000.000 m³
Tipo de Seção Homogênea
Drenagem Interna Filtro vertical associado a tapete drenante
Instrumentação Piezômetros e medidor de vazão
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na Etapa de Projeto.
Parâmetros dos Materiais Aterro: c’ = 10,00 kPa / φ’ = 30º
Fundação: c’ = 5,00 kPa / φ’ = 30º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 2,74 km2
Tempo de Concentração 37,90 minutos
Precipitação Máxima Provável -
Cheia de Projeto Decamilenar
Vazão Máxima Afluente 18,10 m³/s
Vazão de Projeto 13,70 m³/s
NA Máximo Operacional 892,50 m
NA Máximo Maximorum 894,05 m
Borda Livre (NA máx Max) 1,00 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Canal de superfície em concreto armado de seção retangular.
Soleira na El. 892,50m

223
Barragens de Rejeitos no Brasil

19.4.3 - Etapas de Construção Além dos instrumentos supracitados, também


foi instalado um pluviômetro na crista da barragem.
O Projeto Executivo da Barragem VI foi
elaborado pela Tecnosolo em Março de 1998. 19.4.6 - Sistema Extravasor
Em setembro de 2010, a barragem apre- O sistema extravasor em operação,
sentava crista na elevação 894,50 m, contudo, está implantado na ombreira direita, é basicamente
previsto um alteamento de mais 5,00 m, para composto de:
jusante.
19.4.4 - Geologia e Fundações · Canal de aproximação com seção
trapezoidal, protegido por pedra argamassada;
Na área de implantação da Barragem VI, a
constituição do maciço terroso/ rochoso de · Trecho do extravasor com cerca de 40,00
fundação está distribuída da seguinte forma: m, soleira em concreto armado e seção
- Nas ombreiras direita e esquerda ocorre retangular;
solo residual de filito, com textura silto-
· Canal de descarga em degraus, com seção
argilosa, de consistência média a muito rija,
com espessura de cerca de 3,00 a 4,00 m. retangular, em concreto armado.
Sobrejacentemente a este horizonte, ocorre Para os estudos hidrológicos foi considerada
solo coluvionar argilo-silto-arenoso de cheia com 10.000 anos de tempo de retorno,
consistência mole à média e espessura variável aplicando-se a severidade necessária à análise.
de 2,00 a 3,00 m, na ombreira esquerda, e 3,00
a 5,00 m, na ombreira direita. 19.5 - Aspectos Operacionais
- No fundo do vale, o terreno de fundação é A planta de beneficiamento da Mina
constituído por solo aluvionar/ coluvionar argilo- Córrrego do Feijão é composta pelas etapas de
silto-arenoso, de baixa consistência, com blocos britagem, classificação e concentração magnética,
e com espessura variável de 0,50 a 2,10 m. processando minério de itabirito e hematita e
Os solos de baixa consistência, encontrados gerando os produtos: granulado, sinter feed e
no vale e nas ombreiras, foram removidos. pelled feed.
Para a investigação do terreno de fundação, Os rejeitos da ITM seguem para a Barragem
foram executadas sondagens com ensaios SPT e I. A água proveniente do rejeito escoa, por
de infiltração, trados e poços com coleta de gravidade, por meio do extravasor da Barragem I,
amostras para ensaios de laboratório. para o reservatório da Barragem VI.
19.4.5- Monitoramento Apesar de a Barragem VI ter sido projetada
para contenção de rejeitos, por questões de
O monitoramento é realizado por meio de segurança, sua finalidade passou a ser somente a
leituras dos piezômetros e inspeções visuais contenção de água. Os rejeitos são dispostos na
mensais, gerando relatórios (mensais) de Barragem I, sendo somente a água resultante
acompanhamento. As anomalias eventualmente
direcionada para a Barragem VI.
detectadas são classificadas quanto ao seu grau
A água recuperada no reservatório da
de importância, em três níveis distintos, e, em
seguida, são elaborados planos de ação para Barragem I é captada por meio de uma bomba
correção e manutenção. com tubulação de 12", sendo conduzida por
O sistema de instrumentação é composto gravidade até a Barragem VI. Após o alteamento
por 14 piezômetros, instalados no aterro e na da Barragem I, foi previsto que a água escoasse
fundação, além de um medidor de vazão, instalado pelo extravasor direto para o reservatório da
na saída do dreno de pé. Barragem VI.

224
Barragens de Rejeitos no Brasil

Na Barragem VI, a água é recuperada por - Manual de Operação - Barragem VI.


meio de quatro bombas, com tubulação de 12", Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
sendo três para a usina e uma exclusiva para a em agosto de 2008;
concentração de finos.
- RE.2182/03-Rev1. 8º Alteamento da
19.6 - Agradecimentos Barragem I – Mina Córrego do Feijão – Projeto
O texto apresentado neste capítulo foi Executivo – Relatório do Projeto Executivo.
elaborado com base nas referências indicadas no Volumes 1 e 2. Elaborado pela Tecnosolo em
item seguinte. Janeiro de 2004;
O CBDB agradece à Vale, pela autorização - RE.2186/03. 8º Alteamento da Barragem I –
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de Mina Córrego do Feijão – Projeto Executivo
Avila Consultoria, pela disponibilização dos – Análises de Estabilidade. Elaborado pela
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta Tecnosolo, em Dezembro de 2003;
Filho, pela elaboração do texto. - RE.2178/03. 8º Alteamento da Barragem I –
Mina Córrego do Feijão – Projeto Executivo
19.7 - Referências
– Plano de Contingência. Elaborado pela
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem
Tecnosolo, em Agosto de 2003;
– Barragem I. Elaborado pela Pimenta de Avila
Consultoria em setembro de 2010; - BCV-B-B1-RE-001-B – Avaliação de
Performance/ Parecer Técnico, Barragem I,
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem
– Barragem VI. Elaborado pela Pimenta de Avila Mina Córrego do Feijão. Elaborado pela DF
Consultoria em novembro de 2010; Consultoria e pela DAM Projetos de
Engenharia;
- Manual de Operação - Barragem VI.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria - Desenho RD-501-DS-7311-00. Elaborado
em agosto de 2008; pela Pimenta de Avila em setembro de 2005.

225
Barragens de Rejeitos no Brasil

226
Barragens de Rejeitos no Brasil

20 - VALE - MINA DE ÁGUA LIMPA -


BARRAGEM DO DIOGO

Figura 20.1 – Vista aérea da Barragem do Diogo (maio de 2006)


Fonte: Vale

227
Barragens de Rejeitos no Brasil

20.1 - Apresentação de seu reservatório, captação de água para o


A Barragem do Diogo faz parte do Complexo processo de beneficiamento e disposição de
Minerador Minas Centrais, Mina de Água Limpa, rejeitos do mesmo processo. Seu projeto inicial
de propriedade da Vale. foi elaborado em Agosto de 1991 e executado no
Tem como finalidade receber os sedimentos mesmo ano. A partir de Agosto de 2005 foi iniciado
das cavas de Morro Agudo, Espigão do Pico, pilhas o lançamento de lama do processo de bene-
de estéril de Morro Agudo, sedimentos do entorno ficiamento no reservatório da barragem.

Figura 20.2 – Vista aérea da Barragem do Diogo


(Fonte: Google Earth)

20.2 - Localização da Barragem

A Barragem do Diogo está localizada na Mina A barragem se encontra a 137 km da


de Água Limpa, município de Rio Piracicaba-MG, capital Belo Horizonte. As figuras seguintes
fazendo parte do Complexo Minerador Minas mostram os mapas de localização e acessos
Centrais e com coordenadas UTM 688.804,59; para a Mina de Água Limpa e a Barragem do
7.795.274,65. Diogo.

228
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 20.3 - Mapa de


Localização e Acessos da
Mina de Água Limpa

20.3 - Descrição Geral A altura da estrutura em novembro de 2009


era de 25,00 m. Os taludes possuem inclinação
20.3.1- Dados Gerais 1V:2H, sendo que nos de jusante foram
implantadas bermas a cada 10 m de desnível. Prevê-
Como mencionado anteriormente, a se que os próximos alteamentos sejam exe-
Barragem do Diogo foi concebida com a cutados com os mesmos materiais utilizados na
finalidade de reservar água industrial, conter etapa inicial.
rejeitos finos provenientes das instalações de A drenagem interna é composta por um filtro
concentração e sedimentos do entorno do vertical de rejeito fino com 0,80 m de espessura,
reservatório. A partir de agosto de 2005, foi interligado ao tapete horizontal, de rejeito grosso
iniciado o lançamento de lama do processo de de 2 m de espessura. A saída do sistema é feita no
beneficiamento no reservatório da barragem. Este fundo do vale, por meio de um dreno de pé de
lançamento no reservatório é feito por gravidade, enrocamento com topo na cota 640,00 m, com duas
por meio de tubulação do tipo PEAD, localizada transições em pedra britada de 0,20 m de espessura.
a montante. Para a drenagem superficial, foram construídas
Executado no início da década de 90, o dique escadas de concreto com seção trapezoidal no
inicial teve seu aterro contruído por solo argiloso contato do maciço da barragem com as ombreiras.
homogêneo compactado na porção de montante As Figuras seguintes apresentam a planta
do filtro. geral e a seção típica da Barragem do Diogo.

229
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 20.5 - Planta Geral da Barragem do Diogo

Figura 20.6 - Seção típica da Barragem do Diogo

20.3.2 - Ficha Técnica


As principais características da Barragem do
Diogo estão resumidas na Tabela a seguir.

230
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 20-1 – Características da Barragem do Diogo (2006)

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e sedimentos, acúmulo de água
Empresas Projetistas Dam Projetos de Engenharia
Construção – Etapa 1ª Etapa
Data de construção 1991
Cota da Crista 660,00 m
Altura da Barragem 25,00 m
Comprimento da Crista 83,00 m
Área do Reservatório 435.000,00 m²
Volume do Reservatório 2.400.000,00 m³
Tipo de Seção Maciço homogêneo de solo argiloso compactado
Drenagem Interna Filtro vertical de rejeito fino e tapete drenante de rejeito grosso.
Instrumentação 3 piezômetros e 1 indicador de nível d’água
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Fundação Estudos foram realizados na época do projeto da barragem.
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA *
Área da Bacia 21,20 km2
Tempo de Concentração 2,10 horas
Cheia de Projeto 100 anos
Vazão Máxima Afluente 149,00 m³/s
NA Máximo Operacional 657,00 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Canal lateral com soleira livre, escavado em rocha, com largura
de 7,00 m e muro guia de concreto no trecho final. Crista do
vertedouro na El. 657,00 m.

20.3.3 - Etapas de Construção a junção dos córregos do Elefante e Misael,


formando o córrego do Diogo.
Inicialmente a barragem foi projetada para
ter nove alteamentos, com a crista final na A região se estabelece em um flanco de um
elevação 700,00 m. Em um segundo estudo, em dobramento denominado de Anticlinal do
2004, a cota final da barragem foi estabelecida Elefante, bem próximo ao fechamento da dobra,
para a elevação 692,00 m. que tem seu caimento para nordeste. As om-
Quando da elaboração da documentação fonte breiras são constituídas de um biotita quartzo
dessas informações, a Barragem do Diogo estava em gnaisse da Formação Elefante, membro Bicas, da
obras do 1º alteamento, para a elevação 667,50 m. unidade superior do Super Grupo Minas, de idade
Pré-Cambriana. O gnaisse está no meio de uma
20.3.4 - Geologia e Fundações sequência que tem sotoposto o quartzito Cauê e
A barragem está localizada numa “garganta sobreposto o quartzito Pantame, também da
topográfica” entalhada em rocha gnáissica, após Formação Elefante.

231
Barragens de Rejeitos no Brasil

A ombreira esquerda é formada por um produtos produzidos no Complexo de Água


paredão quase vertical, com aproximadamente 18 Limpa são sinter feed (-10,00 mm) e pellet feed (-
m de altura no local do eixo, formado por rocha 0,15 mm).
maciça, pouco fraturada, com juntas de alívio A planta de beneficiamento do Complexo
subverticais. de Água Limpa produz rejeitos de três tipos de
Foram realizadas investigações na fundação origem distintos: jigue, espiral e lama.
da barragem, na fase de projeto executivo, que A alimentação da planta é realizada por duas
constaram em 18 sondagens mistas, 15 sondagens adutoras que conduzem água de processo e água
à percussão e 3 poços de inspeção. nova para os reservatórios
Anteriormente à execução do maciço, foram A captação da Barragem do Diogo é
removidos da fundação os colúvios, aluviões e constituída de:
solos residuais de baixa resistência. -Três conjuntos moto-bomba instalados em
20.3.5 - Monitoramento paralelo, com vazão nominal de 410 m³/h,
potência nominal de 400 CV e 1775 rpm,
A instrumentação da barragem é composta por adutoras de sucção e recalque em aço-carbono,
três piezômetros e um medidor de nível de água, com diâmetros externos de 14" e 16", respec-
instalados na crista e nas bermas do talude de jusante. tivamente.
São realizados monitoramentos da qualidade -Instalação intermediária tipo Booster,
da água em alguns pontos da Mina de Água Limpa. composta de três conjuntos idênticos aos
instalados na captação, funcionando em série
20.3.6 - Sistema Extravasor na adutora de recalque.
O sistema extravasor, denominado com 20.4 - Agradecimentos
referência à 1ª etapa (de implantação), é cons-
tituído por um vertedouro do tipo superfície livre, O texto apresentado neste capítulo foi
com 7,00 m de largura, escavado na ombreira elaborado com base nas referências indicadas no
esquerda, em rocha, sem revestimento, com um item seguinte.
muro guia de concreto no trecho final. A O CBDB agradece à Vale, pela autorização
capacidade do vertedouro é para cheia cente- concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
nária, com borda livre igual a 1,00 m. Avila Consultoria, pela disponibilização dos
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
Com os alteamentos, está prevista a
Filho, pela elaboração do texto.
substituição do vertedouro existente por outro
na mesma ombreira, dimensionado para cheia
decamilenar. 20.5 - Referências
20.3.7 - Aspectos Operacionais - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
O Complexo de Água Limpa tem previsão – Barragem do Diogo. Elaborado pela Pimenta
de vida útil até o ano de 2013. de Avila Consultoria em novembro de 2008;
A Usina do Complexo de Água Limpa possui - Manual de Operação – Barragem do Diogo.
dois estágios de tratamento, sendo elas, a Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
Instalação de Concentração (IC) e a Instalação em março de 2008;
de Britagem (IB), onde o minério itabirito passa
- Figura “Arranjo Geral da Mina” – Vale e
pelas peneiras vibratórias e é encaminhado a
Golder Associates. Elaborado em março de 2005.
equipamentos de tratamento, tais como
britadores, jigues e espirais concentradoras. Os

232
Barragens de Rejeitos no Brasil

21 - VALE - MINA DE GONGO SOCO

Figura 21.1 - Vista aérea das Barragens Sul Inferior e Superior


(Foto cedida pela Vale em Maio/2006)

233
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.1 - Apresentação liberada dos rejeitos dispostos na Barragem


O arranjo geral da Mina de Gongo Soco é Sul Superior.
composto pelos seguintes elementos principais:
21.2 - Localização
1. Cava – local de onde se extrai o minério de
ferro; A Mina de Gongo Soco está localizada na
sub-bacia do Córrego Capim Gordura, afluente
2. Área Industrial (Usina) – local onde é do Rio São João, bacia do Rio Doce, no
realizado o beneficiamento do minério de município de Barão de Cocais no estado de
ferro extraído da cava; Minas Gerais e está inserida aproximadamente
3. Barragem Sul Superior – esta barragem tem entre as coordenadas geográficas de 19º57’ e
por finalidade básica a disposição dos rejeitos 19º59’ de latitude sul e 43º35’ e 43º37’ de
gerados na usina, além de possibilitar a longitude oeste. As Barragem estão localizadas
drenagem e recuperação de água para a 119 km de Belo Horizonte. A figura seguinte
recirculação; mostra o mapa de acesso e localização da Mina
4. Barragem Sul Inferior – esta barragem tem de Gongo Soco.
por finalidade básica o armazenamento da água

Figura 21.2 - Mapa de acesso e


localização da Mina de Gongo Soco

21.3 - Aspectos Operacionais do Sistema sentada a seguir, são encaminhados para a Barra-
Gongo Soco gem Sul Superior os efluentes (underflow) do
hidrociclone e dos espessadores.
A Barragem Sul Superior, antiga Canta Galo, está
O volume de água utilizado no processo de
em operação há vários anos, e a estrutura inicial, beneficiamento do minério de ferro é obtido de
destina-se à contenção de rejeitos do beneficiamento duas fontes: captação do volume proveniente do
do minério de ferro da Mina de Gongo Soco. rebaixamento do N.A no interior da cava e
Conforme pode ser observado na Erro: captação no reservatório da Barragem Sul Inferior.
Origem da referência não encontrada figura apre- Caso ocorra paralisação no sistema de bombea-

234
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 21.3 - Fluxograma do caminhamento do rejeito

mento da barragem ou da cava, existe uma captação de beneficiamento de minério da planta atual de
no córrego doVieira, também chamada de captação Gongo Soco, com vazão média de 397,00 m³/h.
Fazendinha. Esta captação é a fio d’água, existindo A água proveniente dos rejeitos dispostos
apenas uma pequena soleira para elevação do nível no reservatório da Barragem Sul Superior é
de água, no local da tomada de água. Atualmente, extravasada para o da Sul Inferior, onde é captada
essa captação encontra-se desativada. para recuperação e reaproveitamento. Além da
A água para recirculação é captada na água reaproveitada dos rejeitos é captada água
Barragem Sul Inferior, próximo à ombreira direita nova dos poços instalados na mina. Nas figuras
da barragem, onde existe uma estação flutuante seguintes estão apresentadas as características do
de captação de água que realimenta as instalações sistema de reaproveitamento de água.

Figura 21.4 -
Captações da
Unidade de Gongo
Sogo – Água Nova

235
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 21.5 - Captações da Unidade de Gongo Sogo – Água Recuperada

Figura 21.6 -
Balanço Hídrico
da Unidade
Insdustrial

Figura 21.7 -
Fluxograma do
Balanço Hídrico

236
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.4 - Barragem Sul Superior (antiga implantação da barragem, modificando o conceito


Canta Galo) dos estudos da Pimenta de Avila Consultoria. Em
21.4.1 - Dados Gerais 2003, a Rdiz Projetos elaborou um Projeto
Executivo para a barragem.
A Barragem Sul Superior, antiga Canta Galo, O maciço da barragem foi alteado, sendo
está em operação há vários anos, e a estrutura também ampliado o sistema de drenagem e
inicial, destina-se à contenção de rejeitos do monitoramento, incluindo implantação do
beneficiamento do minério de ferro da Mina de extravasor. A barragem foi construída fechando
Gongo Soco. Ela foi construída em alteamentos o vale do Córrego Canta Galo. A partir daí, até
para montante com diques de itabirito friável, a cota 925,00 m, ela manteve-se encostada na
proveniente da mina e adensado com o tráfego ombreira esquerda em terreno natural, e na
do próprio equipamento de lançamento. Os ombreira direita foi alteada com uma inflexão
diques são apoiados sobre a praia de rejeitos, paralela ao vale, completando 90º com o eixo
proveniente do lançamento hidráulico (informa- principal, tendo como ombreira o morrote a
ções referentes ao mês de agosto do ano de 2008). montante, ocorrendo assim, uma ramificação do
Os projetos originais referentes à implan- dique, o que levou à formação de 3 reserva-
tação da barragem foram elaborados pela DAM tórios: o maior deles, identificado como R1,
Projetos, antes de 2001. Em 2001 foi elaborado localizado no vale principal; o R2 no vale
um projeto conceitual do sistema de disposição tributário do lado direito, e a jusante do R2 e
de rejeitos pela Pimenta de Ávila Consultoria. na lateral direita do R1, denominado R3, repre-
Posteriormente, em 2002, a Geoconsultoria sentando o menor volume que os anteriores.
elaborou novos estudos, considerando premissas A localização de todos os reservatórios está
diferentes de produção de rejeito e sequência de explicitada nas próximas figuras.

Figura 21.8 – Posição dos reservatórios da Barragem Sul Superior

237
Barragens de Rejeitos no Brasil

As Figuras seguintes apresentam a planta


geral e a seção típica da Barragem Sul Superior.

Figura 21.9 - Planta Geral da Barragem Sul


Superior (elevação 960,00 m).

Figura 21.10 - Seção Típica da Barragem Sul


Superior (elevação 960,00 m).

21.4.2 - Ficha Técnica


As principais características da Barragem Sul
Superior estão na Tabela a seguir.

238
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 21-1 – Características da Barragem Sul Superior (Nov/2008)

DADOS GERAIS (1)


Finalidade Contenção de rejeitos
Empresas Projetistas DAM Engenharia (até El. 930,0m) / Geoconsultoria (até El. 940,0m)
/ Rdiz Projetos (até El. 960,0m)
Construção – Etapa 1ª Etapa: DAM Engenharia (até 2001)
2ª Etapa: Geoconsultoria (2002 até 2003)
3ª Etapa: Rdiz Projetos (até atual)
Cota da Crista 955,0 m
Altura da Barragem 85,0 m
Comprimento da Crista 320,00 m
Área do Reservatório 117.000,00 m²
Volume do Reservatório 3.200.000,00 m³
Tipo de Seção Diques de itabirito compactado sobre a praia de rejeitos
Drenagem Interna Tapete drenante/ filtro vertical
Instrumentação 21 (vinte e um) piezômetros e 8 (oito) marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas em 2001 na etapa de estudos conceituais e
posteriormente em 2003 para o projeto executivo.
Ensaios Realizados em 2001 na etapa de estudos conceituais e
posteriormente em 2003 para o projeto executivo.
Parâmetros dos Materiais -
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA (1)
Área da Bacia 1,20 km2
Tempo de Concentração 0,33 horas
Precipitação de Projeto 305,2 mm, com duração de 24 horas
Cheia de Projeto PMP
Vazão Máxima Afluente 9,97 m3/s
Vazão de Projeto (2) 5,68 m3/s
NA Máximo Operacional Variável
NA Máximo Maximorum 1,15m acima do NA Operacional
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Tomada d’água em torre de queda, galeria em ARMCO e canal de
concreto com descida em escada.

Notas:
(1) Dados obtidos do documento RDIZ (2003);
(2) Vazão máxima defluente pelo sistema extravasor, decorrente da propagação da cheia de projeto ao
longo do reservatório.

239
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.4.3 - Etapas de Construção 21.4.4 - Geologia e Fundações


A Barragem Sul Superior é uma estrutura A fundação da barragem foi investigada, em
projetada para quatroa alteamentos por montante, 2001, sendo executadas investigações geológica/
sendo que em cada etapa são construídos diques geotécnica para os estudos conceituais
em aterro de 5,00 metros de altura em itabirito, desenvolvidos no documento Pimenta de Ávila
compactado a 95% do “Proctor Normal”, com Consultoria, 2001. Em março de 2002 a
controle tecnológico de campo e de laboratório. Geoconsultoria elaborou novos estudos
Para o controle das percolações existe um indicando as sondagens executadas até a data
sistema de drenagem interna, sendo filtros (Geoconsultoria, 2002).
constituídos por areia média a grossa lavada e tapete Mais recentemente, no relatório elaborado
completo tipo “sanduíche” constituído por areia pela RDIZ Projetos (Rdiz Projetos, 2003), indica-
lavada envelopando uma camada de brita 1 e 2. se que não há informações sobre o tratamento
O aterro da elevação 945,00 foi apoiado dado à fundação da barragem na época de
sobre uma base de partida constituída por uma implantação da mesma.
camada de itabirito implantada diretamente sobre
a praia de rejeitos saturada. Essa camada somente 21.4.5 - Monitoramento
será adensada com o tráfego dos equipamentos Para a avaliação da segurança operativa foi
de transporte e de espalhamento, e acabada com concebida a implantação de piezômetros, com a
rolo vibro. finalidade de monitorar o desenvolvimento das
Para proteção da base de partida à jusante, pressões hidrostáticas na fundação, tapete
foi concebida uma proteção com itabirito para drenante e corpo da barragem.
confinamento da praia de rejeitos aparente
devido ao afastamento (berma) de 40,00m. 21.4.6 - Sistema Extravasor
O projeto de alteamento da barragem de
O sistema extravasor tem tomada d’água em
rejeito pelo método de montante envolve a
torre de queda retangular e pequeno segmento
construção de diques de pequena altura (cerca
de galeria em bloco retangular conectada a uma
de 5,00m), construídos sobre a praia de rejeitos
tubulação em Armco, implantada na ombreira
e alteados sistematicamente à necessidade de direita, com escavação em terreno natural, e
área para disposição de rejeitos. passando sob o maciço dos diques alteáveis. Segue
O rejeito é lançado perimetralmente, a partir em canal de concreto, com descida em escada.
da crista dos diques e ombreira, formando a praia
de rejeitos, se tornando esta praia a fundação do Extravasor Operacional:
próximo dique de alteamento. Desta forma, a Este extravasor foi concebido como uma
fundação dos alteamentos será sempre o rejeito estrutura provisória para manter o reservatório
lançado na praia, com comportamento geo- deplecionado com o desvio das vazões afluentes
técnico diretamente relacionado às variáveis que provenientes da decantação da polpa de rejeitos
controlam esse lançamento hidráulico (vazão, e das cheias mais freqüentes, para operar durante
concentração, altura de queda, distância entre os a fase construtiva e durante a vida útil da bacia,
canhões, granulometria, densidade real dos grãos estimada em aproximadamente 4 anos.
e composição química). A área da bacia da barragem corresponde a
A barragem está programada para altea- 1,20 km², e o vertedouro foi dimensionado para
mentos sucessivos, de 5,00 m (nas El. 945, 950, uma PMP de 24 horas.
955 e 960) até atingir a altura máxima especificada O extravasor operacional foi concebido para
em projeto (El.960,00) e limite em decorrência permitir a implantação de etapas de alteamento
das descargas dos drenos da Pilha Sudeste, a da barragem, caso a Vale julgue necessário
montante da barragem sul. continuar com a disposição de rejeitos nesta bacia.

240
Barragens de Rejeitos no Brasil

O extravasor operacional é composto pelos b) “Stop - Logs”


elementos a seguir: Para o fechamento das janelas da torre de
queda são utilizados “stop-logs” de madeira de lei,
a) Torre de Queda com peso específico superior a 1,10 tf/m³,
É uma estrutura vertical de concreto armado, compostos de diversas lâminas para cada célula,
monocelular, apresentando como sistema utilizando-se o sistema estrutural de placa apoiada
estrutural em quadro fechado com tomadas de nas suas extremidades. Esse sistema constitui uma
água e comportas tipo “stop logs”. ótima opção para se evitar fugas d’água e de
As tomadas de água consistem da abertura rejeito, visto que apresenta encaixes para melhor
frontal da torre, com elementos de apoio e vedação.
travamento dos “stop-logs” que, após serem
posicionados, efetuam a interrupção do fluxo c) Tubo de Descarga – Galeria Circular
d’água. Esta operação somente é executada Para a descarga das vazões vertidas pela torre
quando da necessidade de alteamento do nível foi instalado um tubo metálico Armco MP152
de água decorrente do avanço das frentes de Circular com diâmetro de 2,15m e chapa
assoreamento. corrugada com 4,7 mm de espessura, que atenderá,
A soleira da primeira janela ou comporta da conforme memória de cálculo, ao carregamento
torre de queda foi posicionada na EL 940,50. Na máximo previsto quando dos alteamentos da
última janela, ou comporta, a soleira foi fixada na barragem. A galeria em tubo armco está
EL 958,00, não havendo elementos estruturais implantada com declividade de 0,5%.
para a fixação dos “stop logs” de fechamento. Desta
forma, evita-ser que a borda seja comprometida d) Canal Trapezoidal de Transição
pelo avanço do rejeito no reservatório. Para regularizar e dirigir o fluxo para o
A torre é conectada ao tubo galeria armco extravasor de abandono foi concebido, na saída
através de um bloco de concreto, vinculado a uma do tubo galeria Armco, um trecho de transição
junta elástica de vedação tipo FUNGENBAND, em canal trapezoidal armado em concreto fck =
para absorver prováveis recalques diferenciais 20 MPa, para conduzir e descarregar as vazões
entre a torre e o tubo galeria armco. efluentes (ver esquema a seguir).

Figura 21.11 -
Esquema do
Vertedouro Torre

241
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.5 - Barragem Sul Inferior Para o controle das percolações foi con-
21.5.1 - Dados Gerais cebido um sistema de drenagem interna,
constituído por um filtro inclinado (areia média
A Barragem Sul Inferior apresenta crista na lavada) de 1,00 m de espessura no contato com o
El. 881,0m (nov/08) e foi implantada pela maciço inicial e, junto ao pé da atual barragem,
Socoimex. Em 2001 foi adquirida pela Vale e um tapete drenante tipo sanduíche com areia
passou por um processo de avaliação de segurança média lavada envelopando uma camada de 0,2 m
(Pimenta de Ávila Consultoria, 2002). A adequação de brita 1 e 2.
obedeceu ao projeto elaborado pela RDIZ Projetos. As figuras seguintes apresentam a planta geral
Nessa ocasião foram executados reforço de e seção típica com detalhes com instrumentação
jusante e novo extravasor. da Barragem Sul Inferior.

Figura 21.12 - Planta e Detalhes da Barragem Sul Inferior

Figura 21.13 - Seção Típica da Barragem Sul Superior.

242
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.5.2 - Ficha Técnica


As principais informações da barragem estão
inseridas na ficha técnica da Barragem Sul Inferior,
apresentada na tabela a seguir.

Tabela 21-2 - Ficha Técnica da Barragem Sul Inferior (Nov/2008)

DADOS GERAIS
Finalidade Captação de água e retenção de sedimentos
Empresas Projetistas Reforço Jusante: Rdiz Projetos
Construção – Etapa Reforço Jusante: 2004
Cota da Crista 881,0 m
Altura da Barragem 35,0 m
Comprimento da Crista 200,0 m
Área do Reservatório 46.000 m²
Volume do Reservatório 170.000 m³
Tipo de Seção Heterogênea
Drenagem Interna Filtro inclinado / Tapete Drenante / Dreno de Pé
Instrumentação 8 (oito) piezômetros; 3 (três) marcos superficiais
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas em 2002 na avaliação de desempenho e em 2003
para o projeto do reforço.
Ensaios Realizados ensaios de infiltração em 2003
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA (1)
Área da Bacia 2,0 km2
Tempo de Concentração 0,33 h
Precipitação de Projeto 128,2 mm, com duração de 1 hora
Cheia de Projeto PMP
Vazão Máxima Afluente 86,0 m³/s
Vazão de Projeto 86,0 m³/s
NA Máximo Operacional 877,00 m
NA Máximo Maximorum 880,93 m
Borda Livre (NA máx Max) 0m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Vertedouro de superfície livre em concreto armado, com calha
em degraus e bacia de dissipação a jusante.

243
Barragens de Rejeitos no Brasil

21.5.3 - Etapas de Construção O novo vertedouro, construído na ombreira


A Barragem Sul Inferior com crista na cota esquerda, possui canal de aproximação (9,0 x 4,0
881,00 m apresenta o talude de jusante com m) escavado em terreno natural e protegido com
pedra de mão, seguido por canal retangular (6,5
inclinação de 1,5H:1,0V e bermas a cada 10,00
m x var.) em degraus de concreto armado,
metros de altura. Passou por adequações em 2004,
dissipador (8,5 x 3,5 m), também em concreto
especialmente por reforço de jusante. Não estão
armado e pedras de mão, e canal de restituição
previstos alteamentos para esta barragem.
escavado e revestido com enrocamento.
21.5.4 - Geologia e Fundações
21.6 - Agradecimentos
A Barragem Sul Inferior possui seu corpo
O texto apresentado neste capítulo foi
assentado principalmente sobre os quartzitos e
elaborado com base nas referências indicadas no
filitos da Formação Cercadinho, em condições
item seguinte.
geomecânicas variáveis, predominando os
O CBDB agradece à Vale, pela autorização
saprolitos. Ocorre ainda em meio aos quartzitos
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
e filitos um nível de rocha metamórfica
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
saprolitizada em produto argilo-siltoso mole,
recursos, e ao Engº. Marcos de Ávila Pimenta
estando situado na fundação da barragem.
Filho, pela elaboração do texto.
21.5.5 - Monitoramento
21.7 - Referências
Em novembro de 2008 os dados de piezometria
- Laudo Técnico de Segurança de Barragem
indicaram que encontram-se em operação 08 (oito)
– Barragem Sul Superior. Elaborado pela
piezômetros. Além de piezômetros, o sistema de
Pimenta de Avila Consultoria em novembro
monitoramento conta com 3 (três) marcos superficiais
de 2008;
para medidas de deslocamento.
O monitoramento da Barragem Sul Inferior é - Laudo Técnico de Segurança de Barragem
feito por meio de inspeções de campo e da realização – Barragem Sul Inferior. Elaborado pela Pimenta
de leituras mensais dos piezômetros operantes. de Avila Consultoria em novembro de 2008;
- Manual de Operação – Barragem Sul
21.5.6 - Sistema Extravasor Superior. Elaborado pela Pimenta de Avila
Juntamente com o reforço de jusante em Consultoria em agosto de 2008;
2004, foi implantado um novo extravasor, - Manual de Operação – Barragem Sul Inferior.
concebido como de fechamento, permitindo o Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
escoamento das cheias decorrentes da PMP. em março de 2008.

244
Barragens de Rejeitos no Brasil

22 - VALE – MINA DO SOSSEGO -


BARRAGEM DO SOSSEGO

Figura 22.1 – Imagem Aérea da Barragem de Rejeitos.

245
Barragens de Rejeitos no Brasil

22.1 - Apresentação 22.2 - Localização da Barragem


A Barragem de Rejeitos da Mina do Sossego A barragem está situada no município de
é de propriedade da empresa VALE e tem como Canaã dos Carajás – PA, distante cerca de 180
finalidade a disposição dos rejeitos provenientes km da cidade de Marabá e 760 km da capital
do beneficiamento do minério de cobre. Esta Belém. Na Figura 22.2 abaixo, está indicada a
estrutura foi construída nos anos de 2002/2003. localização do município de Canaã de Carajás.
Salienta-se que as informações apresentadas
nos itens seguintes referem-se à primeira etapa 22.3 - Descrição Geral
de construção da barragem em consonância com
os documentos referenciados ao final deste 22.3.1- Dados Gerais
capítulo. A Barragem de Rejeitos da Mina do Sossego
está situada a sudoeste da cava, conforme indicado
na Figura 3. A barragem foi implantada no vale do
córrego Sequeirinho e na etapa final de
construção apresentará altura máxima de
aproximadamente 50 m.
O arranjo geral da estrutura é composto
pela barragem principal, um extravasor de
superfície posicionado na margem esquerda e
uma tomada d’água situada na margem direita,
cruzando sob a barragem. O projeto da barragem
prevê três etapas construtivas, sendo os
alteamentos executados pelo método de jusante
em maciço misto (terra e enrocamento).
Os rejeitos são lançados na cabeceira do
reservatório, formando o lago próximo à crista
Figura 22.2 –
Localização do
Município de Canaã
dos Carajás no Estado
do Pará.

Figura 22.3 –
Localização da
Barragem. Fonte:
Google Earth.

246
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 22.4 – Seção Típica da Barragem de Rejeitos.


Fonte: Golder Associates.

da barragem. A adução de água para planta de Para as zonas de transição-filtro previu-se a


beneficiamento é atualmente realizada por execução segundo a mesma concepção e
sistema de balsa, com bomba. A estrutura tipo alinhamento das existentes.
flauta, existente no projeto original, encontra-se As principais características geométricas da
atualmente desativada. barragem, em sua primeira etapa de construção, são:
Na Figura 22.4 está apresentada esque-
maticamente a seção típica da barragem. · Crista na El. 241,8 m (atualmente, a crista da
barragem encontra-se em elevação variável
entre as cotas 251,90 m e 266,60 m);
- Zona 1 – Enrocamento Compactado · Comprimento da Crista: 4770 m;
proveniente das escavações obrigatórias;
· Altura máxima: 32,0 m;
- Zona 1A – Enrocamento fino diâmetro < 30 · Inclinação do talude de montante: 1V:3H;
cm proveniente das escavações obrigatórias; · Inclinação do talude de jusante: 1V:1,3H.
- Zona 2 – Solo Compactado proveniente das
O talude de montante é protegido contra
escavações obrigatórias;
erosão superficial e contra a ação de ondas
- Zona 3 – Filtro de Areia; durante a fase de operação por uma camada de
- Zona 5 – Enrocamento Lançado proveniente rip rap com 0,50 m de espessura colocada sobre
das escavações obrigatórias; uma camada de transição de 0,20 m de espessura.
- Zona 6 – Transição para Rip-rap – Material A crista apresenta proteção com solo silto
processado; arenoso com 0,30 m de espessura.
- Zona 7 – Rip-rap – Blocos de rocha
selecionados nas escavações obrigatórias; 22.3.2 - Etapas de Construção
- Zona 10 – Transição – material passado no grizzly. O maciço inicial da barragem foi execu-
tado nos anos de 2002/2003. Conforme rela-
O núcleo impermeável se apóia sobre o tório de projeto, a barragem está prevista para
maciço de solo compactado existente, enquanto ser executada em 3 etapas, sendo os alte-
que o enrocamento se apóia sobre a estrutura amentos implantados seção mista por jusante.
existente (parte sobre o maciço e o restante A primeira etapa de alteamento foi implantada
sobre o enrocamento simplesmente lançado). no ano de 2006.

247
Barragens de Rejeitos no Brasil

22.3.3 - Geologia e Fundações 22.3.5 - Sistema Extravasor


A fundação na área da barragem é Conforme informação do projeto de
constituída de uma camada delgada de colúvio alteamento da Golder Associates previu-se um
(cerca de 1,0m) na superfície, sobrejacente a uma vertedouro em seção trapezoidal (largura de 12
camada mais espessa de solo residual que m, altura de 2,0 m e comprimento de 517 m) com
transiciona-se gradualmente para um saprolito declividade de 0,3% e taludes com: 1,5H:1,0V, para
que se estende até profundidades maiores de os trechos escavados em solo e 0,3H: 1,0V, para
20m. A camada de solo residual apresenta os trechos em rocha.
características heterogêneas de consistência
com o número de golpes SPT variando entre 3 22.4 - Agradecimentos
e 15. O saprolito apresenta maior resistência à O texto apresentado neste capítulo foi
penetração. elaborado com base nas referências indicadas no
No centro do vale do Córrego Sequeirinho item seguinte.
existe uma camada de solo aluvião com espessura O CBDB agradece à Vale, pela autorização
aproximada de 7,0 m e N.A próximo à superfície. concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
22.3.4 - Monitoramento recursos, ao Engº. Daniel Claudino Ramos Penna,
A instrumentação prevista para o monitora- pela elaboração do texto, e aos Engos Marcelo
mento geotécnico da barragem consiste de: Zacarias e Lucas Brasil, pela revisão do mesmo.
-3 unidades de Marcos Topográficos superficiais
amarrados a marcos de referência, para 22.5 - Referências
medidas de deslocamentos horizontais e - RD-571-RL-9924. Complexo Carajás –
verticais; Mina Sossego – Barragem de Rejeitos – Laudo
-3 unidades de Escala Limnimétrica - instaladas Técnico de Segurança de Barragem. Elaborado
próximo ao vertedouro, para medida do nível pela Pimenta de Avila Consultoria., em
do reservatório. dezembro de 2006.

O sistema de monitoramento piezométrico - RL-528S-17-00016. Projeto Executivo


é atualmente realizado por meio de três seções para Implantação do 1º Alteamento da
instrumentadas (seções 54, 127 e 154), sendo que Barragem para Contenção de Rejeitos.
em cada uma encontram-se 9 piezômetros Elaborado pela Golder Associates, em
instalados. setembro de 2005.

248
Barragens de Rejeitos no Brasil

23 - VALE - COMPLEXO MINERADOR DE


CARAJÁS - BARRAGEM DO GELADO

Figura 23.1 - Vista aérea da Barragem do Gelado


(Fonte: Google Earth)

249
Barragens de Rejeitos no Brasil

23.1 - Apresentação (utilizado como barramento de uma sela


A Barragem do Gelado é de propriedade topográfica existente em um dos braços do
da empresa VALE e tem como finalidade a reservatório), sistema extravasor de superfície
disposição dos rejeitos provenientes do processo localizado na ombreira direita e sistema de
de beneficiamento do minério de ferro, bem captação / adução de água.
como reservação de água para abastecimento da O sistema de drenagem interna da
planta. Esta barragem teve projeto inicial barragem inicial era composto por um filtro
elaborado pela Milderkaiser e os projetos do 1º vertical de areia com continuidade em um tapete
e 2º alteamentos foram desenvolvidos pela horizontal de areia, passando a “sanduíche” no
empresa Ismar Ferrari Consultoria Geotécnica. fundo do vale, apoiado nas fundações do talude
de jusante. No primeiro alteamento foi executado
23.2 - Localização da Barragem outro filtro de areia a jusante, que se inicia vertical,
até encontrar o talude de jusante da barragem
A Barragem do Gelado está situada no inicial, ponto a partir do qual se desenvolve
município de Parauabepas-PA, distante aproxi- apoiado na superfície deste talude até se interligar
madamente 170 km de Marabá e 750 km da capital
com o tapete horizontal, prolongado sobre as
Belém.
fundações do talude de jusante do alteamento.
Na Figura 23.2 está indicada a localização
No 2º alteamento, foi executado um prolon-
do município de Parauapebas-PA.
gamento do filtro vertical do alteamento da 1º
etapa, com espessura de 0,60 m e inclinado para
jusante, com topo na El. 214,0 m. O tapete
“sanduíche” foi prolongado para jusante em areia,
com 1,0 m de espessura, outro trecho em
“sanduíche”, formado por três camadas de 0,20
m cada, sendo a central de brita 0 envolvida por
duas de areia. Na extremidade do tapete foi
executado um dreno de pé de enrocamento com
duas camadas de transição.
O talude de montante é protegido por
enrocamento com 0,35 m de espessura sobre uma
camada de pedrisco com 0,25 m. O talude de
jusante é protegido por cobertura vegetal. A
drenagem superficial é constituída por canaletas
de concreto implantadas nas bermas, associadas
a descidas d’água de concreto nos taludes.
Figura 23.2 – Localização do Município de Os rejeitos são dispostos a partir dos
Parauapebas no estado do Pará. diversos braços existentes no reservatório da
barragem, os quais são gradativamente ocupados
pelos rejeitos. Na margem direita (próxima à
23.3 - Descrição Geral crista da barragem), está implantada uma estrutura
para captação / adução de água para a planta de
23.3.1- Dados Gerais beneficiamento.
A Barragem do Gelado está localizada ao O maciço da Barragem do Gelado é do tipo
norte da planta de beneficiamento. O arranjo geral homogêneo de terra, constituído basicamente de
da barragem consiste basicamente dos seguintes material argiloso compactado com material
elementos: barragem principal, Dique Sela 6 proveniente da área de empréstimo.

250
Barragens de Rejeitos no Brasil

Nas figuras seguintes são mostrados o


arranjo geral da barragem e a seção típica, cabe
lembrar que essas figuras não representam o
ultimo alteamento da barragem.

Figura 23.3 – Planta da


Barragem do Gelado (1º
etapa de alteamento).

Figura 23.4 – Seção Típica


da Barragem da Barragem
do Gelado (seção típica da
1ª etapa de alteamento).

23.3.2 - Etapas de Construção


As principais características geométricas da
barragem são: A Barragem do Gelado entrou em operação
· Crista na El. 217,5 m, com 6,0 m de largura e em 1986 e foi concebida para ser implantada em 3
920,0 m de comprimento; etapas. Na 1ª etapa, a crista teve coroamento na El.
· Altura máxima de 34,0 m; 208 m. Em 1995 foi executada a 1ª etapa de
· Inclinação do talude montante variável alteamento da barragem, o qual consistiu no
(1V:2H a 1V:3H); alteamento do maciço por jusante em 4,5 m e crista
· Inclinação do talude de jusante de 1V:2,2H; com coroamento na El. 212,5 m. A 2ª etapa de
· Bermas com 3,0 m de largura nas El 208,0 m alteamento ocorreu no ano de 2003 a partir do
e 198,0 m. alteamento da crista da barragem para a El. 217,5 m.

251
Barragens de Rejeitos no Brasil

23.3.3 - Geologia e Fundações 23.4 - Agradecimentos


As regiões de fundo do vale apresentam O texto apresentado neste capítulo foi
planície aluvionar quaternária sobreposta ao solo elaborado com base nas referências indicadas no
residual ou ao saprolito da rocha metamórfica, item seguinte.
estendendo-se por uma faixa marginal do antigo
O CBDB agradece à Vale, pela autorização
leito do igarapé com largura da ordem de 60 m
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
na região da barragem. Nesta região não existem
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
afloramentos do gnaisse que forma o principal
recursos, ao Engº. Daniel Claudino Ramos Penna,
embasamento rochoso local. pela elaboração do texto, e ao Engº Ednelson
O depósito aluvionar, que compreende
Presotti, pela revisão do mesmo.
terrenos com superfície abaixo da cota
(aproximada) 195 m, apresenta espessura 23.5 - Referências
relativamente delgada com cerca de 2 m à jusante
e 3 m à montante do eixo da barragem e é - RD-431-LT-13644. Complexo Carajás –
constituído de extratos arenosos, às vezes areias Mina de Ferro – Barragem do Gelado – Laudo
argilosas, com bolsões localizados de matéria Técnico de Segurança de Barragem / 2008.
orgânica, contendo na base horizontal de seixos Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria,
rolados misturados com areia grossa. em dezembro de 2008.
Sotoposto aos sedimentos aprece o solo residual - RL-183k-01-6082.Avaliação das Condições
de gnaisse que se estende até o topo da rocha sã, de Segurança da Barragem, elaborado pela
a profundidade variável de 10 a 15 metros. ISMAR FERRARI Consultoria Geotécnica SCL
em Junho de 2003;
23.3.4 - Monitoramento
- MO-183K-02-6088. Manual de Operação da
O monitoramento da Barragem do Gelado Barragem, elaborado pela ISMAIR FERRARI
é realizado por meio de 10 indicadores de nível Consultoria Geotécnica SCL em Julho de 2004.
d’água, 16 piezômetros, 6 marcos superficiais e 2
- RL-183k-17-11000.Revisão do Plano
medidores de vazão.
Diretor de Disposição de Rejeitos, elaborado
pela ISMAR FERRARI Consultoria Geotécnica
23.3.5 - Sistema Extravasor
SCL em agosto de 2005.
O sistema extravasor está implantado na
ombreira direita da barragem e é composto
basicamente pelos seguintes elementos:
· Vertedouro do tipo soleira livre, com 15 m
de largura;
· Canal de aproximação na El. 212,5 m
revestido em concreto;
· Soleira vertente na El. 214,0 m;
· Calha com inclinação de 3,0V:10,0H, com
muros laterais de concreto armado e altura
variável que se interliga na El.209,0 m com a
estrutura existente.

252
Barragens de Rejeitos no Brasil

24 - VALE - COMPLEXO MINERADOR DE CARAJÁS -


BARRAGEM DO AZUL

Figura 24.1 - Vista aérea da Barragem do Azul


(Fonte: Google Earth)

253
Barragens de Rejeitos no Brasil

24.1 - Apresentação
A Barragem do Azul é de propriedade da
empresa VALE e tem como finalidade a disposição
dos rejeitos provenientes do processo de
beneficiamento do minério de manganês, bem
como reservação de água para abastecimento da
planta. Esta barragem foi prevista para ser
executada em três etapas: um dique inicial e dois
alteamentos pelo método de jusante. O projeto
da referida barragem foi desenvolvido pela
empresa EPC.

24.2 - Localização da Barragem


A Barragem do Azul está situada no
município de Parauabepas-PA, distante aproxima-
damente 170 km de Marabá e 750 km da capital Figura 24.2 – Localização do Município de
Belém. Parauapebas no estado do Pará.
Na figura ao lado está indicada a localização
do município de Parauapebas-PA.
zontal, tipo “sanduíche e um dreno de pé feito
24.3 - Descrição Geral
com enrocamento interligado ao tapete.
Os rejeitos são dispostos a partir da
24.3.1- Dados Gerais
cabeceira e braços do reservatório. Desta forma,
A Barragem do Azul está localizada ao norte ocorre formação de praia na região de montante
da planta de beneficiamento. O arranjo geral da da barragem e formação do lago na região
barragem consiste basicamente de: barragem próxima a crista da barragem.
principal de terra fechando o vale, sistema O maciço da Barragem do Azul é do tipo
extravasor posicionado na ombreira direita e homogêneo de terra, constituído basicamente de
sistema de captação / adução de água. material argiloso compactado com material
Conforme mencionado anteriormente, a proveniente da área de empréstimo. Nas figuras
Barragem do Azul foi prevista para ser executada seguintes são mostrados o arranjo geral da
em três etapas. A barragem inicial é do tipo barragem e a seção típica.
homogênea de terra, constituída de maciço de As principais características geométricas da
solo argiloso compactado, com 25,0 m de altura barragem são:
máxima, 230 m de comprimento e com a crista · Crista na El. 501 m, com 6,0 m de largura;
na El. 496,0 m com largura de 6,0 m. · Altura máxima de 30,0 m;
O talude de montante apresenta inclinação
· Inclinação do talude montante de 1V:2,5H;
de 1V: 2,5H. O talude de jusante tem inclinação
de 1V:2H com bermas intermediárias de 3,0 m · Inclinação do talude de jusante de 1V:2H.
de largura a cada 10 m de desnível. Destaca-se
que os taludes de jusante são protegidos por 24.3.2 - Etapas de Construção
cobertura vegetal. A Barragem do Azul entrou em operação
O sistema de drenagem interno da barra- em 1996 e foi concebida para ser implantada em
gem principal é constituído por dois dispositivos, 3 etapas. Na etapa inicial a crista teve coroamento
um filtro inclinado interligado ao tapete hori- na El. 496 m. O primeiro alteamento da barragem

254
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 24.3 –
Arranjo Geral da
Barragem do Azul
(2ª etapa de
implantação).

Figura 24.4 –
Seção Típica da
Barragem da
Barragem do Azul
(seção típica da 3ª
etapa de
implantação).

consistiu na elevação da crista em 5 m (crista com existente de argila orgânica de cor preta e areia
coroamento na El. 501 m) a partir do método de média a grossa;
jusante. Para a terceira etapa foi previsto um - Embasamento local: formado pelo solo
coroamento da crista na EL. 506 m. residual/saprolítico que ocorre na pro-
fundidade de 10 a 20 m na ombreira esquerda
24.3.3 - Geologia e Fundações e mais superficialmente na direita.
Basicamente, a fundação da barragem é
composta por três tipos de solos sobrejacentes 24.3.4 - Monitoramento
ao embasamento local, conforme indicado a O monitoramento da Barragem do Azul é
seguir: realizado através de 17 piezômetros, 7 marcos
- Solos colúvio-lateríticos: natureza silto- superficiais e 1 medidor de vazão.
argilosa com fragmentos lateríticos que
recobrem os solos residuais; 24.3.5 - Sistema Extravasor
- Solos colúvio-aluvionares: em geral areno- O sistema extravasor encontra-se implan-
siltosos podendo ocorrer com características tado na ombreira direita e é constituído
argilosas; basicamente pelos seguintes elementos:
- Solos aluvionares: possuem espessura · Vertedouro do tipo superfície livre com 5,0
máxima de 6,0 m, sobreposta por camada m de largura, soleira na El. 498,0 m, escavado

255
Barragens de Rejeitos no Brasil

em solo na ombreira direita, com muros


laterais de 2,5 m de altura;
· Canal de aproximação em seção trapezoidal
de 6,0 m de largura na base, revestido em
concreto, soleira vertente, com taludes
naturais de 1V:1H, com muros laterais em
concreto armado com 2,5 m de altura, que
interliga o reservatório com o vertedouro;
· Bacia de dissipação na extremidade inferior
com largura de 5,0 m, extensão de 22,0 m e
muros laterais com 6,1 m de altura.

24.4 - Agradecimentos
O texto apresentado neste capítulo foi
elaborado com base nas referências indicadas no
item seguinte.
O CBDB agradece à Vale, pela autorização
concedida na divulgação dos dados, à Pimenta de
Avila Consultoria, pela disponibilização dos
recursos, e ao Engº. Daniel Claudino Ramos
Penna, pela elaboração do texto, e ao Engo.
Ednelson Presotti, pela revisão do mesmo.

24.5 - Referências
- RD-431-LT-13643. Complexo Carajás –
Mina do Azul – Barragem do Azul – Laudo
Técnico de Segurança de Barragem / 2008.
Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria,
em dezembro de 2008;
- RT-0210R1/04. Barragem de Rejeito do Azul
– Análise de Comportamento da Barragem e
“AS BUILT” – Relatório Técnico Final.
Elaborado pela GEOLABOR, em Dezembro
de 2004;
- MD-583M-00-6200. Complexo Minerador
de Carajás – Barragem de Rejeitos: Manganês
Azul – 1º Alteamento – Memorial Descritivo.
Elaborado pela ISMAR FERRARI, em Março
de 2005.

256
Barragens de Rejeitos no Brasil

25 - VOTORANTIM – UNIDADE VAZANTE -


BARRAGEM AROEIRA

Figura 25.1 – Imagem aérea da Barragem Aroeira.


(Fonte Google Earth)

257
Barragens de Rejeitos no Brasil

25.1 - Apresentação 25.3 - Descrição Geral


A Votorantim Metais – Unidade Vazante está
localizada no município de Vazante-MG e tem 25.3.1 - Dados Gerais
como finalidade a extração e o beneficiamento Atualmente a barragem se encontra na
do zinco. Os rejeitos gerados durante os elevação 620,5m, com previsão de mais um
processos de beneficiamento são dispostos na alteamento de 5m, atingindo a cota 625,50,
barragem denominada Aroeira. totalizando 50m de altura. A sua execução
A Barragem Aroeira foi construída em 2001 consistiu na implantação de um dique de partida
com a finalidade de conter os rejeitos gerados na de solo compactado, atingindo a cota 603,0m, em
usina, bem como recuperação / captação de água. seguida foram realizados dois alteamentos
sucessivos com solo compactado de 5,0m
25.2 - Localização da Barragem atingindo a cota 608m e outro de 2,5 atingindo a
A Barragem Aroeira está localizada na cota 610,5m. Em seguida foi realizado o
Unidade da Votorantim Metais, no Município de alteamento com rejeito ciclonado (underflow)
Vazante. para a cota 613m, com septo de argila no

Figura 25.2 – Localização do


Município de Vazante
Fonte: IGA (Instituto de
Geociência Aplicada)

fechamento do maciço e com deslocamento do sucessivos, nas respectivas elevações: 608; 610,50;
eixo para jusante. Os alteamentos posteriores, 613; 615,50; 618; 620,50 e 625 que é a cota final
cota 615,50, 618,0 e 620,50m também foram prevista no projeto.
realizados com rejeito ciclonado.
O sistema de drenagem interna é 25.3.3 - Geologia e Fundações
constituído por filtro vertical de areia e tapete Segundo o relatório projeto executivo
drenante de areia e brita. elaborado pela Geoconsultoria foram realizadas
investigações para subsidiar o projeto da barragem,
25.3.2. Etapas de Construção sendo realizadas nos horizontes mais superficiais
A barragem foi projetada para ser (sondagem mais profunda atingiu 20,78m),
construída por um dique de partida e alteamentos penetrando apenas no solo residual, com algumas

258
Barragens de Rejeitos no Brasil

intercalações mais endurecidas na base. A rocha A instrumentação / monitoramento da


pouco alterada a sã não foi atingida, estando barragem consiste basicamente de:
provavelmente a profundidades maiores. - Piezômetros e INAs: leituras quinzenais;
Assim, os metassedimentos muito alterados - Marcos superficiais: leituras mensais;
possuem composição silto-argilosa a argilo-siltosa
- Medidores de vazão e régua do reserva-
e são sempre bem estruturados.
tório: diário.
Recobrindo o solo residual nos altos topográficos
e encostas ocorrem sedimentos coluvionares,
25.3.5 - Sistema Extravasor
argilosos, com muitos pedregulhos. Nos talvegues
ocorrem sedimentos aluvionares argilosos. O sistema extravasor está localizado na
Por causa da resisteência muito baixa, ombreira esquerda, sendo constituído de galeria
conforme resultados das sondagens a percussão, de encosta, caixa de controle, galeria sob a
foi realizada a remoção do solo aluvionar na barragem, canal rápido e o trecho final de bacia
região da várzea na área sob o dique inicial e na de dissipação.
zona a jusante do maciço principal. A galeria de encosta foi executada em
No caso do solo residual subjacente, além concreto armado. Devido às sucessivas etapas de
de ser bastante resistente, sua condição de alteamento, os vários emboques da galeria
estanqueidade não demandou tratamentos entrarão em operação e em seguida serão
tamponados.
subsequentes.
A caixa de controle faz a ligação da galeria
Na região das ombreiras o terreno
de encosta com a galeria de fundo, tendo como
apresenta capacidade de suporte elevada, sendo
finalidade regularizar a vazão efluente pelo
necessário, na época somente a limpeza
sistema extravasor.
superficial.
O canal rápido situa-se após a galeria de fundo,
sendo também executado em concreto armado.
25.3.4 - Monitoramento
E por último a bacia de dissipação, com a
A Votorantim possui um sistema de gestão finalidade de dissipar a energia, devido ao
composto por inspeções periódicas/ rotineiras e escoamento da água em alta velocidade.
monitoramento com a leitura dos instrumentos
instalados (INA’s, PZ’s medidor de vazão, marcos 25.4 - Aspectos Operacionais
superficiais e nível do reservatório). Na barragem são lançados rejeitos
As inspeções periódicas são realizadas provenientes de flotação sendo 70% de willemita
com frequência mensal e as inspeções ro- e 30% de calamina. Os rejeitos da willemita são
tineiras com frequência semanal. Na rea- mais grosseiros.
lização das inspeções são preenchidos os Os rejeitos são lançados na cabeceira do
check list de inspeção, descrevendo as ano- reservatório, com teor de sólidos variando de 22
malias encontradas. a 28%, com vazão em torno de 220m3/h. Durante
A leitura dos PZ’s e INA’s são realizados as fases que antecedem o alteamento da barragem,
com frequência quinzenal, os marcos os rejeitos são lançados a partir da crista para
superficiais com frequência mensal, o medido formação de praia e posterior alteamento com
de vazão e o NA do reservatório com os rejeitos ciclonados.
frequência diária. No reservatório da barragem há uma estação
É prática da empresa realizar batimetria de de bombeamento flutuante, que realiza a captação
2 em 2 anos, geralmente acontecendo em agosto e recirculação da água clarificada para a usina
ou setembro. (aproximadamente 1.000 a 1.200 m3/h).

259
Barragens de Rejeitos no Brasil

25.5 - Ficha Técnica


Tabela 25-1 – Dados da Barragem

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos e clarificação e recirculação de água
Empresa Projetista Geoconsultoria
Construção Penúltima etapa de alteamento
Cota atual da Crista 620,50 m
Altura atual 45,0 m
Drenagem Interna Filtro vertical de areia associado a tapete drenate
Instrumentação PZs, INAs, marcos superficiais e medidor de vazão
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto executivo
Ensaios de Laboratório Realizada na fase de projeto executivo
Parâmetros da Barragem Principal Rejeitos: γ = 20,0 kN/m³; c’ = 0 kPa; φ’ = 35º;
Aterro Não Saturado: γ = 20 kN/m³; c’ = 14kPa; φ’ = 30,6º;
Aterro Saturado: γ’= 21 kN/m³; c’ = 0 kPa; φ’ = 26º;
Fundação: γ’= 20 kN/m³; c’ = 20 kPa; φ’ = 30º.
HIDROLOGIA/HIDRÁULICA
Área da Bacia 3,3 km2
Tempo de retorno 100 anos para as etapas intermediárias, e 1.000 anos para
etapa final.
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação Tomada d’água tipo flauta, com galeria e trecho em canal aberto.

25.6 - Agradecimentos
O texto apresentado neste capítulo foi - CM08-RT-01 – Relatório Técnico de
elaborado com base nas referências indicadas no Projeto Executivo de Alteamento para a cota
item seguinte. 610,50m. Elaborado pela Geoconsultoria de
O CBDB agradece à Votorantim Metais, pela Novembro de 2003.
autorização concedida na divulgação dos dados, - CM08-RV-14 – Relatório de Visita de
à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponi- Alteamento para a cota 615,5m, Assessoria
bilização dos recursos, e à Engª. Giani Aparecida Técnica. Elaborado pela Geoconsultoria de
Santana Aragão, pela elaboração do texto. Novembro de 2006.
25.7 - Referências - CM36-RT-01 – Relatório Técnico de
- CM01-RT-04 - Relatório Projeto Executivo Projeto Executivo do Alteamento para a cota
da Nova Barragem de Rejeitos, Obras Iniciais. 618,0m. Elaborado pela Geoconsultoria em
Elaborado pela Geoconsultoria em julho de Outubro de 2006.
2000. - IB-101-RV-22922-0A - Relatório de Visita
- CM05-RT-03 – Relatório Técnico de Técnica a Barragem Aroeira, Unidade
Avaliação de Segurança. Elaborado pela Votorantim Vazante. Elaborado pela Pimenta
Geoconsultoria em fevereiro de 2002. de Ávila Consultoria em janeiro/2011.

260
Barragens de Rejeitos no Brasil

26 - VOTORANTIM/ CBA – UNIDADE MIRAÍ -


BARRAGEM MIRAÍ

Figura 26.6 - Imagem aérea da barragem.


(Fonte: Google Earth)

261
Barragens de Rejeitos no Brasil

26.1 - Apresentação ocorreu em 2005 e no segundo semestre de 2008


A Barragem Miraí de propriedade da CBA a estrutura se encontrava em operação. A
– Companhia Brasileira de Alumínio/Votorantim finalidade da barragem é de contenção dos
Metais foi projetada pela PCE Engenharia Ltda no rejeitos gerados pela planta de beneficiamento
ano de 2004. O início da construção da mesma de bauxita, bem como recirculação de água.

Figura 26.2 - Croqui da Barragem de Rejeitos Miraí

26.2 - Localização da Unidade Miraí 26.3 - Descrição Geral


A Barragem Miraí situa-se no distrito de
26.3.1- Dados Gerais
Santo Antônio do Rio Preto, município de Miraí
– MG, ficando a 310km de Belo Horizonte. O sistema escolhido para a disposição do
O acesso a partir de Belo Horizonte se dá rejeito proveniente do processo é composto por
através da BR-356 sentido Ouro Preto/Mariana, uma barragem principal e dois diques (1 e 2) de
tomando a MG-262 até o trevo para Ponte Nova, terra projetados para aumentar a capacidade de
percorrendo cerca de 50km pela BR-120 até o contenção de rejeito do conjunto.
município de Coimbra, passando por Viçosa. A A altura da barragem é de 52m com uma
partir de Coimbra, toma-se a BR-356 até o crista de 428m de comprimento e o volume do
município de Ervália, e daí percorre-se, aproxima- seu reservatório é de 37 milhões de metros
damente, 15km de estrada de terra até a Fazenda cúbicos. Os diques 1 e 2 têm alturas de 10 e 15m
Chorona, local do empreendimento. A figura respectivamente.
seguinte apresenta o mapa de localização do O talude de montante do maciço executado,
empreendimento. tem inclinação de 1V:2,5H com bermas de 3,0 m

262
Barragens de Rejeitos no Brasil

de largura a cada 10,0 m de desnível. O talude de aterro e corte, localizadas a meia encosta das
jusante apresenta inclinação de 1V:2,0H com ombreiras da barragem, além de descidas d’água em
bermas também de 3,0 m de largura e com degraus localizadas nos taludes de montante e
desnível de 10,0 m. jusante.A condução de toda a água de origem pluvial
O maciço da barragem principal foi captada pelas estruturas descritas acima converge
desenvolvido utilizando solo de características para um bueiro à jusante do dreno de pé.
silto-argiloso, conforme previsto em projeto.Além O Dique 1 é formado por um aterro de solo
disso, foram também utilizados materiais de executado para preenchimento de uma sela
características diferentes, tanto a montante, como topográfica existente na área do reservatório com
a jusante do eixo. A barragem encontra-se com aproximadamente 10m de profundidade abaixo
coroamento na cota 690,00m. da cota da crista da barramento principal. O dique
A barragem é dotada de um sistema de é constituído de sistema de drenagem interna
drenagem interna que é constituído por um filtro composto por filtro vertical de areia e de um
de areia tipo “chaminé”, posicionado a jusante tapete drenante horizontal.
do eixo da barragem, com continuidade através O Dique 2 é formado por um aterro em
de tapete horizontal, também de areia, dotado de solo executado para preenchimento de uma sela
dreno de pé em enrocamento na extremidade de topográfica existente na área do reservatório com
jusante e de duas trincheiras drenantes implan- aproximadamente 15m de profundidade abaixo
tadas respectivamente em cada ombreira. da cota da crista do barramento principal. O dique
O sistema de drenagem superficial é dotado é constituído de sistema de drenagem interna
de canaletas de concreto posicionadas ao longo das composto por filtro vertical de areia, de um tapete
bermas. Existem também valetas de proteção de drenante horizontal e de um dreno de pé.

Figura 26.3 -
Localização do
Empreendimento
(Fonte:
MIRAÍ-B-20-402-RE-0)

263
Barragens de Rejeitos no Brasil

26.3.2 - Etapas de Construção ombreiras, apresentou espessuras maiores para


A construção do maciço da barragem jusante, cerca de 23 m e menor, cerca de 5 m para
principal foi projetada para construção em etapas montante.
distintas. Na 1ª etapa, foi executado um maciço O maciço rochoso de fundação, detectado
de solo homogêneo, com 52,0 m de altura nas sondagens é constituído de rocha granulítica
máxima, com crista na El. 690,00 m. Na 2ª etapa, o de textura fina a grosseira, de coloração cinza,
maciço será alteado pelo método construtivo de com partes maciças e partes ligeiramente
jusante com crista na El. 707,50 m. orientadas.
Na área de implantação do Dique 1 foi
26.3.3 - Geologia e Fundações detectado solo residual, de textura silto-argilo-
arenosa a silte com pouca argila e areia,
A investigação da fundação da barragem apresentando espessura variável: de 0,70 m a 15,81
detectou a presença de solo residual granulítico m, com consistência variando de média a rija.
muito desenvolvido, chegando a 46m localizado Na área do Dique 2 foi encontrada uma
na ombreira esquerda. O perfil desse solo revela, camada superficial de espessura variando de 4 a
a partir da superfície, uma camada de espessura 6 m de solo argilo-siltoso com frações variáveis
média de 4 metros de solo colúvio/ residual de de areia e pedregulhos (tabatinga), de plasticidade
granulometria de argila e silte com pequena fração média a alta e coloração cinza e amarelo-
de areia, de coloração amarelo-avermelhada e de esbranquiçada e de consistência muito mole a
consistência média (SPT variando de 4 a 7). Esta média (SPT de 1 a 5).Abaixo desta camada ocorre
camada é praticamente impermeável e de o solo residual de granulito de granulometria
características texturais e de resistência predominantemente siltosa com baixos
suficientes para proteger a superfície do terreno percentuais de argila e areia, apresentando valores
contra a erosão. de SPT crescentes com a profundidade.
Os primeiros sete metros apresentam
consistência e/ou compacidade de rija e/ou 26.3.4 - Monitoramento
medianamente compacta (SPT de 8 a 15) e a partir
dessa profundidade, de muito rija a dura e/ou Basicamente, o monitoramento geotécnico
medianamente a muito compacta (SPT>15). A da barragem e suas estruturas auxiliares (Dique
permeabilidade, em comparação com solos de 1 e Dique 2) é feito a partir dos seguintes
mesmas características, é considerada baixa. instrumentos, conforme indicado na Tabela
O solo residual possui as mesmas abaixo.
características dos solos já descritos para as

Tabela 26.1 – Instrumentação da barragem.

Instrumentação Quantidade Periodicidade


Barragem Dique 1 Dique 2
Piezômetros 9 1 1 Semanal
Indicadores de nível d’água 17 3 3 Semanal
Marcos Superficiais 12 2 2 Trimestral
Régua do N.A do reservatório* 1 Diário
Pluviômetro* 1 Diário

*Monitoramento realizado diariamente por empresa terceirizada – Brascon.

264
Barragens de Rejeitos no Brasil

Os piezômetros, indicadores de nível d’água Ø1000 mm, e de duas alas laterais, para arremate
e marcos superficiais foram instalados do aterro.
recentemente. A jusante da parede da caixa de transição 1
Os dados de chuva são obtidos a partir de se inicia uma galeria de concreto armado, de
uma estação meteorológica instalada na unidade dimensões internas de 2,0 x 2,0 m, destinada a
da CBA/Votorantim. Segundo informação local, proteger a tubulação do vertedouro no trecho
está prevista a instalação de um evaporímetro o em que esta se encontra sob a ombreira da
qual terá leituras diárias. barragem, além de permitir visitas de inspeção a
As inspeções de rotina são realizadas este trecho da tubulação.
semanalmente pela empresa terceirizada Brascon. Ao final da tubulação, logo após outra
As observações das inspeções são assinaladas na deflexão horizontal, foi executada a caixa de
Ficha de Inspeção de Barragens de Rejeito as quais transição 2. Esta caixa se destina a recolher o fluxo
são entregues à supervisão para análise e da tubulação e lançá-lo no trecho do vertedouro
programação das medidas corretivas que se em degraus.
fizerem necessárias. O trecho do vertedouro em degraus, nesta
etapa, possui 228,0 m de extensão e foi executado
26.3.5 - Sistema Extravasor em concreto armado moldado no local, com
seção retangular de 4,0 m de largura e 2,0 m de
O vertedouro é constituído por uma galeria altura. Posteriormente será complementado para
em concreto armado para abrigar uma tubulação montante, até a cota de implantação da soleira da
de aço. No início da galeria há uma pequena barragem na 2ª Etapa na cota 705,00 m.
bacia de aproximação e uma caixa para captação Este vertedouro está projetado em 8 trechos,
da água. Após percorrer a tubulação, a água é com aproximadamente 30,0 m de extensão cada
lançada numa estrutura em degraus de concreto um, e com juntas de dilatação entre eles. No
armado, passando a bacia de dissipação. trecho inicial desta estrutura, aproximadamente
Finalmente, há um canal de restituição trape- até 50,0 m a jusante da caixa de transição 2, o
zoidal, revestido em Colchão Reno que repõe a terreno apresenta uma declividade acentuada,
água em seu curso natural. diminuindo para jusante até a bacia de dissipação.
O trecho em canal fechado é constituído por A bacia de dissipação está na cota 643,60 m e
uma tubulação de aço Ø1000 mm, com 151,0 m terá 20,0 m de laje nivelada, terminando em uma
de extensão e declividade de 0,03 m/m, envolvida parede de 1,0 m de altura, de maneira a criar um
nos seus 85,0 m iniciais por uma galeria de colchão de água para o amortecimento final da
concreto armado. O fluxo extravasor se inicia energia do fluxo.
numa bacia de aproximação de forma trapezoidal Após a bacia de dissipação existe um canal
(em planta), com fundo em gabião tipo colchão de restituição de 20,0 m de extensão, de seção
Reno, com 30,0 cm de espessura, na cota 687,50 trapezoidal, com fundo de 4,0 m de largura, com
m, e taludes sem revestimento. Na face menor 2,0 m de altura e taludes com declividade 1V:1.5H,
deste trapézio, a jusante da bacia, existe uma revestidos, fundo e taludes, com colchão Reno
estrutura de concreto armado moldado no local, de 30,0 cm de espessura. Ao final deste canal há
denominada Caixa de Transição 1, composta de um enrocamento de pedras de mão para
uma caixa retangular, destinada a fazer a captação proteção dos taludes do canal e do terreno no
de água e seu encaminhamento à tubulação de entorno, incluindo a calha do córrego existente.

265
Barragens de Rejeitos no Brasil

26.3.6 - Ficha Técnica

Tabela 26-2 – Ficha Técnica da Barragem da Unidade de Miraí


DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeito e recirculação de água
Empresas Projetistas PCE Engenharia
Construção – Etapa 1a
Cota da Crista 690,0m
Altura da Barragem 52m
Comprimento da Crista 428m
Área do Reservatório 1.306.814m2
Tipos de Seção Heterogênea
Drenagem Interna Filtro de areia tipo chaminé (tapete horizontal e dreno de pé)
Instrumentação Não possui instrumentação.
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto executivo
Ensaios de Laboratório Realizada na fase de projeto executivo
Parâmetros da Barragem Principal Solo argiloso compactado: γ = 19,0 kN/m³; c’ = 12,0 kPa; φ’ = 30º;
Fundação (solo residual): γ = 18 kN/m³; c’ = 0 kPa; φ’ = 30º;
Fundação (aluvião): γ’ = 16 kN/m³; c’ = 0 kPa; φ’= 26º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA*
Área da Bacia (km2) 3,01
Tempo de Concentração (min) 20
Precipitação de Projeto (mm) 282,57 (24 horas)
Tempo de Retorno (anos) 10.000
Etapas de Construção da Barragem 1ª Etapa
Cota da Crista da Barragem (m) 690,00
Vazão Máxima Afluente (m³/s) 79,10
Vazão Máxima Defluente (m³/s) 14,30
NA Máximo Operacional (m) 687,50
NA Máximo Maximorum (m) 689,14
Borda Livre (NA máx Max) (m) 0,86
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação 1ª Etapa: O sistema extravasor compõem-se de um trecho em
tubo de aço (Ø1000 mm) sob a ombreira, o qual deságua num
trecho em degraus, seguido de uma bacia de dissipação e,
finalmente, de um canal de restituição, devolvendo o fluxo de
água ao córrego existente.

*Os dados referentes à Hidrologia/Hidráulica foram extraídos do relatório “Miraí-G-28-801-RE-1” elaborado


pela PCE em fevereiro de 2004 e dos relatórios “CL-300-RL-11346-0A” e CL-302-RL-12322-00, elaborados
pela Pimenta de Ávila em agosto e novembro de 2007, respectivamente.

266
Barragens de Rejeitos no Brasil

26.4 - Aspectos Operacionais 26.5 - Agradecimentos


O principal objetivo do Projeto Mirai - O texto apresentado neste capítulo foi
Fazenda Chorona é o beneficiamento de bauxita, elaborado com base nas referências indicadas no
constituído de britagem, seguida de um item seguinte.
desagregamento em “scrubers”. Posteriormente O CBDB agradece à Votorantim Metais, pela
acontecem 2 estágios de peneiramento e um autorização concedida na divulgação dos dados,
sistema de recuperação de finos, constituído por à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponi-
2 estágios de ciclonagem e peneiramento em alta bilização dos recursos, e à Engª. Giani Aparecida
freqüência, onde se dará a deslamagem e o Santana Aragão, pela elaboração do texto.
desagüamento do minério.
A lama proveniente do beneficiamento do 26.6 - Referências
minério é espessado formando uma pasta, que
- MIRAÍ-B-20-402-RE-0. Relatório de Projeto
posteriormente é disposta na Barragem de
Executivo da Barragem e Diques. Elaborado
Rejeito, localizada próxima a Planta.
pela PCE Engenharia, em setembro de 2004.
Há dois sistemas de captação de água na
planta. O Sistema Água Nova é responsável - MIRAÍ-E-16-002-RE-0. Relatório do Projeto
pela captação e condução de água do rio Executivo do Vertedouro e Galeria de Desvio.
(adução do rio Preto), manancial que banha a Elaborado pela PCE Engenharia, em 2004.
área de implantação do empreendimento, - Relatório de “Como Construído”. Elabo-
localizado a aproximadamente 740 m a jusante rado pela PCE Engenharia em novembro de
da planta de beneficiamento. O segundo, que 2007.
constitui o Sistema de Bombeamento, foi - CL-300-RL-11346-00. Relatório de
projetado para atuar com cinco bombas (sendo Consolidação de Dados do Plano de Ações
uma de reserva) implantadas em uma estrutura Emergenciais da Barragem de Miraí. Elaborado
de concreto executada na margem direita deste pela Pimenta de Avila Consultoria, em agosto/
rio. Deve-se observar que parte desta água é 2007.
proveniente do aproveitamento do processo
- CL-420-LT-21460-00. Laudo Técnico de
de lavagem do minério, recuperada por
Segurança da Barragem de Miraí. Elaborado
intermédio de espessadores. O sistema
pela Pimenta de Avila Consultoria em Abril/
projetado é composto por uma Captação
2010.
Flutuante, executada em estrutura metálica,
implantada na área do reservatório, abriga cinco - CL-420-DL-21461-00. Declaração de
bombas, sendo uma reserva. Tem capacidade Estabilidade da Barragem de Miraí. Elaborado
para aduzir uma vazão de 800 m³/h. O sistema pela Pimenta de Avila Consultoria em Abril/
adutor é dotado de uma linha de recalque com 2010.
tubulação de Polietileno de Alta Densidade - - IB-101-RV-22928-0A. Relatório de Visita
PEAD, com diâmetro em 450 mm com Técnica a Barragem de Miraí, Unidade de Miraí.
aproximadamente 762 metros de extensão e Elaborado pela Pimenta de Avila Consultoria
uma altura manométrica de 79 metros. em fevereiro/2011.

267
Barragens de Rejeitos no Brasil

268
Barragens de Rejeitos no Brasil

27 - VOTORANTIM METAIS – UNIDADE ITAMARATI


DE MINAS - BARRAGEM SÃO LOURENÇO

Figura 27.1 - Imagem da Barragem de São Lourenço


(Fonte: Google Earth)

269
Barragens de Rejeitos no Brasil

27.1 - Apresentação A figura no início do capítulo apresenta uma


A Barragem de São Lourenço é parte imagem aérea, tendo a montante o reservatório
integrante dos Sistemas de Captação de Água da Barragem de Captação de Água em concreto
e Acumulação de Rejeitos da Planta de gravidade, as instalações da CBA – Companhia
Beneficiamento de minério de bauxita da CBA Brasileira de Alumínio e a calha de lançamento
– Companhia Brasileira de Alumínio/ dos rejeitos no reservatório da Barragem de São
Votorantim Metais. O reservatório situa-se a Lourenço.
jusante da Barragem de Captação de Água do
referido sistema. 27.2 - Localização
O projeto da barragem é de autoria da A Barragem de São Lourenço localiza-se
Geotécnica S/A. A construção esteve ao no km 12 da estrada que liga as localidades de
encargo da Construtora Minas Sul, concluída Itamarati de Minas a Descoberto, no município
em 1991 e o objetivo do reservatório da de Itamarati de Minas, barrando o ribeirão São
barragem é a acumulação de todos os rejeitos Lourenço, pertencente à bacia hidrográfica do
produzidos no processo de beneficiamento de Rio Paraíba do Sul, sub-bacia do rio Pomba,
minério de bauxita. Minas Gerais.

Figura 27.2 – Localização do Município de Itamarati de Minas

27.3 - Descrição da Barragem Os taludes da barragem têm inclinação de


1 V : 3 H a montante, em toda sua extensão e de 1
27.3.1 - Dados Gerais V: 2, 5H a jusante, com duas bermas de 3 m de
A seção tipo da barragem em toda a sua largura nas elevações 380,00 e 370.00 m.
extensão é homogênea de terra. O maciço possui O sistema de drenagem interna é
altura máxima de 38 m sobre as fundações e constituído por um filtro de areia tipo chaminé,
comprimento de 421,50 m pelo coroamento.A crista posicionado a jusante do eixo da barragem, com
fica posicionada na El. 395,00 m, com 10 m de largura. continuidade através de tapete horizontal também

270
Barragens de Rejeitos no Brasil

de areia, dotado de dreno de pé em enrocamento A CBA promoveu em 2005 a desativação


na extremidade de jusante. destes instrumentos e a instalação de novos
O sistema de drenagem superficial aplicado instrumentos, compostos por um medidor de nível
sobre o talude de jusante é constituído por de água (MN-01) e 5 (cinco) piezômetros do tipo
canaletas pré-moldadas de concreto, posicionadas Casagrande (PZ-02 a 06) nas mesmas seções
ao longo das bermas, que descarregam em transversais.
canaletas de pedra argamassada, que se Após sua instalação, foram feitas leituras que
desenvolvem no contato com as ombreiras. serviram de referência na definição das
A proteção superficial dos taludes de poropressões atuantes, utilizadas como dado de
montante e de jusante é feita através de cobertura entrada na realização de verificações de
vegetal. estabilidade dos taludes da barragem para as
O controle de percolação pela fundação em condições existentes nesta ocasião.
solo, na ombreira direita é feito por uma Nesta oportunidade, foram realizadas
trincheira trapezoidal de solo compactado, que análises para definição dos níveis de “Atenção”
intercepta os horizontes superficiais de solo, de e “Alerta” destes instrumentos, que nortearam
maior permeabilidade. o monitoramento das condições de segurança
do maciço.
27.3.2 - Etapas de Construção
A Barragem de São Lourenço é do tipo 27.3.5 - Sistema Extravasor
convencional, homogênea de terra, tendo sido O extravasor fica posicionado na ombreira
executada em etapa única. esquerda, conformado por cortes e rocha
gnáissica com até 30 m de altura.
27.3.3 - Geologia e Fundações É composto por um canal de aproximação,
O maciço da barragem é fundado em rocha estrutura de controle em concreto armado, rápido
gnáissica sã e / ou pouco alterada na ombreira e canal de restituição.
esquerda e fundo do vale, numa extensão de cerca À exceção da estrutura de controle, todo o
de 227,50 m. sistema é conformado em rocha, tirando partido
Nos 185,00 m restantes em direção à da rocha gnáissica sã, próxima da superfície.
ombreira direita, onde o topo rochoso encontra- A soleira foi dimensionada para a cheia
se a grande profundidade, as fundações são milenar, possui 20 m de largura na El. 390,00 m e
constituídas por solo coluvionar de caracte- o nível máximo no reservatório nestas condições
rísticas argilo arenosas. corresponde à El. 392,50 m, o que conduz a uma
borda livre de 2,50 m em relação à crista da
27.3.4 - Monitoramento barragem de terra.
A estrutura foi verificada para a cheia
Na época da construção da barragem foram decamilenar, chegando-se a um valor do nível d’ água
instalados os seguintes instrumentos para as próximo à elevação da crista do aterro.
finalidades descritas a seguir:
· Marcos superficiais ao longo da crista, para 27.4 - Ficha Técnica
medir os deslocamentos superficiais do aterro.
· Piezômetros pneumáticos para medição Os principais dados de interesse da
das poropressões na fase construtiva, Barragem São Lourenço estão resumidos na
estabelecer correlações com a umidade de Tabela a seguir.
colocação do material do aterro e medir o
desenvolvimento das poropressões na
fundação da ombreira direita.

271
Barragens de Rejeitos no Brasil

Tabela 27-1 – Características da Barragem São Lourenço

DADOS GERAIS
Finalidade Contenção de rejeitos de bauxita.
Empresa Projetista GEOTÉCNICA S/A
Empresa Construtora Minas Sul - CMS
Construção – Etapa Única
Ano de construção 1991
Data de Início Operação 01/02/1992
Cota da Crista 395,00 m
Altura da Barragem 38,00 m
Comprimento da Crista 412,50 m
Área do Reservatório 646.000 m2
Capacidade Final do Reservatório 13.820.000 m3
Tipo de Seção Homogênea de Aterro Argiloso Compactado
Drenagem Interna Filtro vertical e tapete horizontal de areia.
Instrumentação Piezômetros Casagrande (5), Indicador de NA (1), Marcos Superficiais (3).
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Sondagens Realizadas na fase de projeto.
Parâmetros dos Materiais Fundação:-
− Solo Coluvionar: γ = 18 KN/m3 ; c’ = 3 kPa; φ’ = 25º
− Solo Saprolítico: γ = 18 KN/m3 ; c’ = 0; φ’ = 30º
Aterro: γ = 20 KN/m3 ; c’ = 13 kPa; φ’ = 28º
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia 16.250.000 km2
Cheia de Projeto TR igual a 1.000 anos; verificado para 10.000 anos
NA Máximo Operacional 390,00 m
NA Máximo Maximorum 392,50 m
Borda Livre 2,50 m
ESTRUTURAS VERTENTES
Vertedouro de Operação ECN (Estrutura de Controle de Nível
Vertedouro de Operação /
Fechamento Soleira Livre na El. 390,00 m; canal de restituição escavado em rocha.

O sistema operacional da barragem é


27.5 - Aspectos Operacionais do Sistema
dotado dos seguintes componentes:
Os rejeitos são lançados no reservatório a - Estrutua de Controle de Níveis (ECN)
montante, em calha, na forma de lama, com - Sistema de Recirculação
descarga imediatamente a jusante da Barragem - Sistema de Desvio
de Captação de Água. - Estação de Tratamento de Água

272
Barragens de Rejeitos no Brasil

Apresenta-se a seguir uma descrição destes de isolar o lago desestratificado e de atender aos
componentes, definindo suas funções. parâmetros de quantidade e qualidade de descarte
da água, estabelecidos na legislação ambiental.
A. ESTRUTURA DE CONTROLE O Sistema de Desvio foi construído em
DE NÍVEIS conduto forçado pela ombreira direita,
constituído por tubos PEAD de diâmetro externo
A estrutura de controle de níveis tem a
de 355 mm e diâmetro interno de 332,8 mm, numa
função de controlar a concentração de sólidos
extensão de 2550 m.
das descargas liberadas pelo sistema para jusante
Como Sistema de Recirculação, foi
da barragem.
construída uma estação de bombeamento
A estrutura em concreto armado é
flutuante com 3 bombas horizontais, atingindo
composta por uma torre de 35 m de altura e
uma demanda total de 504 m3/h. Este sistema foi
galeria de 190 m de comprimento sob o aterro
complementado por uma linha adutora com
da barragem de terra, fundadas em rocha sã.
extensão de 2016m, constituída por tubos PEAD
com diâmetro externo de 355 mm e interno de
B. SISTEMAS DE RECIRCULAÇÃO
302 mm.
E DE DESVIO
A construção dos Sistemas de Recirculação
No ano de 1999, na época mais fria (junho e Desvio resultou num conjunto de benefícios
a setembro), a água do reservatório apresentou operacionais, que cabem ser explicitados a seguir:
muitas variações em relação ao aspecto de
- Respeito às determinações do IGAM e em
turbidez, ocorrendo repentinamente valores da
especial a outorga concedida de 110 l/s, Potaria
turbidez fora dos padrões.Tratava-se do fenômeno
02058/2009;
de “desestratificação” ou de destruição da
estratificação, cujo aparecimento relaciona-se - Atendimento com prioridade, na qualidade
com o aspecto climático e com a mudança na e quantidade requeridas, a demanda total de
granulometria do rejeito, devido à recuperação jusante;
das partículas até #42 para o minério gnáissico e - Atendimento integral à demanda hídrica da
até # 250 para o minério anfibolítico.As partículas Planta de Beneficiamento, atual e futura, em
sedimentadas passaram a sere atingidas por boas condições operacionais.
correntes ascendentes, que acontecem na época
fria decorrente da inversão do perfil térmico e
da densidade do lago antes estratificado. C. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
Diante deste fato, a CBA foi obrigada a DE ÁGUA
fechar a estrutura de controle de nível para evitar No período de estiagem de 2004, entre os
que esta água com excessiva turbidez fluísse para meses de abril a setembro, ocorreram preci-
jusante, onde passa a ser utilizada pelos pitações pluviométricas bem acima das médias
proprietários rurais e/ou moradores ribeirinhos. registradas, juntamente com o fenômeno da
No ano de 1999 a estrutura de controle de desestratificação, gerando a necessidade de
nível ficou fechada durante três meses, quando fechamento da Estrutura de Controle de Níveis
então, a água do reservatório de rejeitos começou em função dos altos níveis de turbidez de até 1600
a clarear e voltou a atender aos padrões de UNT, verificados na água do reservatório.
turbidez exigidos pela legislação ambiental. Para solucionar o problema, foi implantada
A partir de então, o fenômeno passou a se a Estação de Tratamento de Efluente com
repetir anualmente. Diante do fato, a CBA capacidade de tratar vazões superiores a MLT
implantou o “Sistema de Recirculação e de (vazão média de longo termo).
Desvio”, que pode ser visto como upgrade do O sistema de tratamento é composto das
sistema global, que assim passou a ter condições seguintes unidades:

273
Barragens de Rejeitos no Brasil

- Unidade de preparo e dosagem dos produtos 27.6 - Agradecimentos


químicos (Casa de Química); O texto apresentado neste capítulo foi
- Unidade de mistura rápida do coagulante elaborado com base nas referências indicadas no
químico e medição de vazão (Calha Parshall); item seguinte.
- Unidade de mistura lenta (Floculador); O CBDB agradece à Votorantim Metais/
- Unidade de decantação (Decantador). CBA, pela autorização concedida na divulgação
dos dados, à Pimenta de Avila Consultoria, pela
O processo de tratamento utilizado é a disponibilização dos recursos, ao Engº. Octavio
precipitação química através da adição de cal, Vilas Boas Machado Filho, pela elaboração do
polímero sólido ou emulsão e floculante a base texto, e ao Engº. Jonas Machado Pires, pela revisão
de sais férricos, fornecendo no processo, uma do mesmo.
quantidade de energia capaz de promover a
mistura de eletrólito e posteriormente a 27.7 - Referências
aglutinação das partículas.
Numa primeira fase ocorre a coagulação - 109/GEO/9/004/0 - Projeto Bauxita –
das partículas com a quebra das forças de repulsão Cataguases – Sistemas de Captação de Água e
entre elas, seguido da floculação através do Acumulação de Rejeitos – Relatório de
gradiente hidráulico ao qual o líquido será Projeto Básico – Vol. 1 – Memorial Descritivo
submetido. A formação do floco o torna mais – Junho / 87 – Geotécnica.
denso e pesado, sujeito a decantação em ambiente - ITAM-DNA-RE-002 – Reavaliação dos
favorável. Níveis Piezométricos de “Atenção” e “Alerta”
O overflow do reservatório da Barragem de – PCE Engenharia - Maio/2009.
Rejeitos é bombeado para o Sistema de
- ITAM-LVT-RE-012 – Planta de Lavagem de
Tratamento através de uma estação de
Bauxita - Itamarati De Minas - Barragem de
bombeamento flutuante com capacidade de
Rejeitos - Laudo Técnico – PCE Engenharia –
bombear uma vazão de até 1000 m3/h.
Abril / 2011.

274
Barragens de Rejeitos no Brasil

28 - YAMANA GOLD – MINA DE JACOBINA -


BARRAGEM DE JACOBINA

Figura 28.1 - Imagem aérea da Barragem de Rejeitos de Jacobina


(Fonte: Google Earth)

275
Barragens de Rejeitos no Brasil

28.1 - Apresentação Este sistema, bem como todo o sistema de


A Barragem de Rejeitos de Jacobina foi drenagem do pé da barragem tem sido
projetada pela Milder Kaiser em 1982 e operou progressivamente ampliado pela JMC
até o final de 1998, quando a atividade da mina acompanhando o crescimento do maciço e o nível
foi paralisada. A Jacobina Mineração estimou que, do reservatório.
durante este período, foram armazenados em seu
reservatório cerca de 11.000.000 toneladas de 28.2 - Localização da Barragem
rejeitos. A Barragem de Rejeitos de Jacobina
Durante a década de 80 e início da década localiza-se no riacho Santo Antônio, que é
de 90, o barramento foi sucessivamente alteado afluente do rio Itapicuru Mirim1, com coordenadas
por linha de centro com utilização de rejeitos geográficas UTM: 8.756.643 Norte e 333.438 Sul,
ciclonados. Estima-se que o último alteamento Fuso 24 - Datum SAD 69, no município de
por linha de centro atingiu a elevação 636,0m. Jacobina, estado da Bahia, em zona rural, a cerca
A partir da década de 90, o eixo da barragem de 17 km da cidade.
foi deslocado para montante, em função de O acesso ao empreendimento pode ser
alteamentos também para montante. feito por rodovia federal, a partir de Salvador, que
Ainda na fase inicial foi implantado um se situa a aproximadamente 330 km de distância.
sistema de captação da água percolada pelo As Figuras 28.2 e 28.3 apresentam o mapa
maciço da barragem, através de bombeamento, de acesso à Mina de Jacobina e um croqui
permitindo que estes efluentes retornem ao lago. indicando a localização da barragem.

Figura 28.2 - Mapa de


localização de
Jacobina
(Fonte: SC.24-Y-C –
Programa de
Levantamentos
Geológicos do Brasil/
Projeto RADAM)

1
Nomenclatura baseada na cartografia do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em escala 1:100.000.
Folhas de Jacobina e Caldeirão Grande

276
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 28.3 -
Croqui de
localização
das Barragens
Atual e Nova

28.3 - Descrição da Barragem

28.3.1- Dados Gerais


A barragem de rejeitos de Jacobina Com relação aos diques de sela, o solo de
atualmente encontra-se com reservatório na cota fundação é caracterizado por uma camada de solo
644,69 m e crista na cota média 654,55 m. Nessa coluvionar argilo-siltoso ou silto-arenoso.
mesma época a praia da barragem encontra-se A barragem, atualmente, apresenta um
com aproximadamente 468,40 m, a partir do sistema de drenagem interna que consiste em
ponto médio do eixo da crista. drenos lineares ligados a drenos coletores
O talude de jusante é constituído por desenvolvidos ao longo do pé do aterro que
bermas irregulares, com inclinação e altura encaminham a água coletada para um sistema de
variáveis. bombeamento e recirculação.
Além disso, dois diques de sela foram No caso dos diques de sela norte e sul a
também projetados e construídos na região drenagem interna dos maciços é composta por
periférica do reservatório. O dique de sela norte filtro vertical de areia e um tapete drenante de
encontra-se adjacente à barragem principal, a areia e brita associados.
nordeste desta. Já o dique de sela sul encontra-se Atualmente a empresa também tem um
adjacente à barragem principal e a sudeste desta. contrato para sistema de gestão da operação e
A fundação da barragem principal é segurança junto a própria Pimenta de Ávila,
composta por solos residuais de granito, em sua visando o cumprimento dos requisitos técnicos
maioria silto-argilosos ou argilo-siltosos, além de operacionais e de segurança das duas barragens,
camadas de rochas alteradas e rocha sã a pouco além do próprio SIGBAR, sistema corporativo,
alterada. que também dá suporte à gestão da segurança.

277
Barragens de Rejeitos no Brasil

As Figuras 28.4 e 28.5 representam a planta,


a seção típica da Barragem de Rejeitos de
Jacobina.

Figura 28.4 - Planta da Barragem de Rejeitos de Jacobina

Figura 28.5 - Seção típica da Barragem de Rejeitos de Jacobina

278
Barragens de Rejeitos no Brasil

28.3.2 - Geologia e Fundações do nível de água, estando esses níveis


A geologia local é composta por rochas correlacionados a fatores de segurança.
graníticas (granulometria média a grossa) e rochas
básicas, que são recobertos por solos 28.3.4 - Sistema Extravasor
coluvionares e pelo manto de alteração. Os O antigo sistema extravasor da barragem
quartzitos ocorrem na região à montante da era constituído, basicamente, de uma tulipa
barragem em escarpas rochosas e com pouca localizada no interior do reservatório de rejeitos
cobertura de solo no contato com os granitos. conectada a uma galeria de fundo de concreto
No canal periférico ocorrem depósitos armado. Esse sistema extravasor não se encontra
aluvionares e colúvio-aluvionares. A jusante e a mais em funcionamento. A galeria de fundo foi
montante, ocorrem blocos de rocha de granitos plugada em meados de 2006. Atualmente, a cota
e quartzitos. As estruturas geológicas referem-se de emboque plugada encontra-se com
às falhas normais de cunho regional com direção aproximadamente 4,00m de coluna de água sobre
NE-SW a NW-SE e a falha de empurrão N-S a seu ponto mais elevado.
leste, no contato das unidades geológicas. O reservatório da barragem foi projetado
Aspectos de foliação não são bem marcados com
para operar em sistema fechado, ou seja, sem o
a textura das rochas apresentando padrão
vertimento da água do processo para o meio
relativamente isotrópico (granítico). O vale onde
ambiente, visto que toda a agua é consumida no
se encaixa a barragem possui direção geral NW-
processo de beneficiamento. Por esse motivo, a
SE desde a foz até a área do eixo, e, no final do
reservatório, inflexiona para a direção geral E-W barragem conta com uma estrutura de desvio da
até a área do interflúvios (a leste) nos drenagem periférica, denominada corta-rio,
afloramentos da serra, demonstrando o controle implantada em grande parte do contorno do
estrutural da drenagem. reservatório.
O corta-rio tem a função de evitar que a
28.3.3 - Monitoramento água pluvial proveniente da bacia de contribuição
chegue ao reservatório e se contamine. Dessa
A Barragem de Rejeitos de jacobina forma, a área de contribuição de drenagem pluvial
encontra-se instrumentada com 6 piezômetros de da barragem fica reduzida, praticamente, à área
tubo aberto tipo Casagrande, 10 medidores de do reservatório.
nível d’água e um sistema de medição de vazões
Ainda com o objetivo de permitir a
de drenagem interna à jusante da barragem,
operação no sistema fechado, foi implantado o
composto por tubulações que captam a água dos
sistema de captação de água percolada pelo
drenos principais e secundários.
maciço da barragem, através de bombeamento, na
Os piezômetros tiveram suas células
instaladas em diferentes profundidades e camadas fase inicial de operação. Este sistema, situado a
de matérias diversos, de acordo com o relatório jusante da barragem, também capta a água
RS-068/04 emitido pela ETS. proveniente da drenagem do pé da barragem e
A frequência das leituras dos medidores de tem sido progressivamente ampliado, acompa-
vazão, piezômetros e dos medidores de nível nhando o crescimento do maciço e a elevação
d’água é quinzenal. No período chuvoso, as do nível d’água do reservatório. O efluente e o
leituras são realizadas semanalmente. percolado coletados retornam ao lago por
Os níveis de controle são baseados na carta bombeamento. Atualmente, o sistema de
de risco apresentada no Apêndice B. Os valores recirculação bombeia para o reservatório da
de cada uma das faixas dos níveis representam a barragem aproximadamente 1.300m3 de água
estabilidade geotécnica da barragem frente às percolada por dia.
possíveis elevações do nível de água interno no Do reservatório, são captados cerca de
talude de jusante. Os instrumentos instalados na 7.200m3 por dia para alimentação de água do
barragem têm por finalidade detectar elevações processo de beneficiamento da planta industrial.

279
Barragens de Rejeitos no Brasil

28.3.5 - Ficha Técnica

Tabela 2 - Ficha técnica da Barragem de Rejeitos de Jacobina


(Fonte: JM-110-LT-15653-0A)

IDENTIFICAÇÃO
Barragem de Rejeitos de Jacobina Proprietário: YAMANA GOLD INC.
Finalidade: Contenção de Rejeitos
Empresas Projetistas: Milder Kaiser (1982) / Pimenta de Avila (alteamento, 2007)
Ano de Elaboração do Projeto: 1982
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas UTM: N: 8.756.643 E: 333.438 Datum SAD69
INFORMAÇÕES GERAIS DA BARRAGEM PRINCIPAL
Cota Média da Crista: 654,55m Altura Máxima do Maciço: 61,00m Comprimento da crista: 606,76m
Cota da Soleira do Sistema Extravasor – Dique Norte: 645,80m
NA Máximo: 645,00m
Tipo de Seção: Heterogênea
Drenagem Interna: Drenos lineares ligados a drenos coletores
Etapa Atual de Construção: Concluída
DIQUE NORTE
Comprimento da Crista do Dique: 120,66m
Altura do Maciço: 12,00m
Cota da Crista do Dique: 647,9m
NA Máximo: 645,00m
Cota da Soleira do Sistema Extravasor: 645,80m
DIQUE SUL
Comprimento da Crista do Dique: 53,65m
Altura do Maciço: 6,00m
Cota da Crista do Dique: 647,6m
NA Máximo: 645,00m
INFORMAÇÕES GERAIS DO RESERVATÓRIO
Área do Reservatório para a Elevação 647,00: 290.259m²
Volume Útil até o NA Máximo : 868.842m3
INSTRUMENTAÇÃO
Seis medidores de nível de água, dez piezômetros e dez poços de monitoramento
HIDROLOGIA / HIDRÁULICA
Área da Bacia: 0,525km2 (com corta rio) / 1,345km2 (sem corta rio)
Tempo de Concentração: 24 horas
Tempo de retorno: 10.000 anos
Precipitação de Projeto: 285mm
Vazão Máxima Afluente: 3,39m3/s
Vazão de Projeto: 1,11m3/s
NA Máximo Operacional: 646,00m
NA Máximo Maximorum: 646,49m
Borda Livre (NA máx Max): 0,51m
SISTEMA EXTRAVASOR
Tipo: Canal retangular associado à descida d’água em canal trapezoidal.

280
Barragens de Rejeitos no Brasil

28.4 - Aspectos Operacionais definido de acordo com um planejamento prévio


Do ponto de vista operacional e de gestão ao longo do tempo e espaço, procurando sempre
da segurança, a barragem de rejeitos1 atende a utilizar métodos comparáveis e padronizados.
padrões internacionais. A barragem foi projetada O Programa de Monitoramento implantado
e é acompanhada por empresa especializada, incluiu sete (7) pontos de coleta de água
possui manual de operação e possui um plano de superficial e de sedimentos de corrente, ficando
ações em caso de situações emergenciais. Com distribuído da seguinte forma: um ponto à
relação a sua operação, a barragem possui montante da barragem de rejeitos (Branco), um
acompanhamento especializado por meio de no dique de sela norte, um no dique de sela sul e
engenheiro geotécnico residente, que acompanha os demais pontos à jusante da barragem.
sistematicamente o desempenho da estrutura, Os cursos d’água que foram contemplados
bem como orienta as atividades operacionais. com a rede de monitoramento são: rio da Barra
Além disso, a Yamana ainda conta com um sistema com dois pontos de monitoramento, riacho Santo
de gestão de segurança de barragens denominado Antônio com quatro pontos e o afluente do rio
SYGBAR, que fornece todas as bases para o Itapicuruzinho com um ponto.
monitoramento geotécnico das barragens, bem
como fornece periodicamente declarações de 28.6 - Plano de Fechamento
estabilidade da estrutura. As diretrizes para o fechamento da Barragem
Atualmente, em virtude do início de de Rejeitos de Jacobina e áreas de entorno estão
operação da nova barragem, o lançamento de sendo voltadas, principalmente, para a
rejeitos na barragem 1 se resume na ocupação estabilização por longo prazo das condições físicas
de underflow na praia, com fins de reconformação e químicas das áreas impactadas pela disposição
topográfica. dos rejeitos. O conjunto dessas medidas abrange
quatro momentos: o final da operação, o
28.5 - Aspectos Ambientais descomissionamento da barragem, a reabilitação
O monitoramento hidrogeoquímico, e o monitoramento da área, garantindo, assim, o
também denominado monitoramento ambiental, sucesso do fechamento.
visa avaliar as condições no entorno do O Plano de Fechamento, elaborado pela
empreendimento e atender o que é estabelecido Pimenta de Avila Consultoria, inclui as medidas
através da Legislação Ambiental, onde as apresentadas a seguir.
diretrizes e solicitações exigidas são apresentadas
na Licença de Operação – LO, esse monito- 9 Medidas de controle de geração de
ramento é uma importante ferramenta para a drenagem ácida (reconformação topográfica,
administração dos recursos naturais. cobertura e, sistema de drenagem pluvial,
Conforme estabelecido na Licença de incluindo o corta-rio);
Operação – LO concedida pelo Centro de 9 Remediação da área a jusante da barragem
Recursos Ambientais – CRA, em 2006, referente (sistema de interceptação, coleta e tratamento
à Condicionante V que trata do estudo técnico do efluente);
científico e do meio ambiente, foi implantada a
rede de monitoramento em toda a área da 9 Estabilização dos taludes;
Barragem de Rejeitos. 9 Medidas de controle de erosão;
O monitoramento consiste em repetidas 9 Desmontagem de equipamento e
avaliações do meio, procurando avaliar as tubulações;
substâncias químicas e físico-químicas presentes
ou mudanças biológicas, com um propósito 9 Monitoramento.

281
Barragens de Rejeitos no Brasil

A Figura 28.10 ilustra uma perspectiva do Figura 28.10 – Projeção final do


reservatório após a reconformação, que reservatório de rejeitos da barragem 1,
propiciará a implantação da cobertura de já reconformado, com a implantação
isolamento do rejeito. da cobertura.

28.7 - Agradecimentos
O texto apresentado neste capítulo foi - JM-100-EP-9435 - Programa de Monitora-
elaborado com base nas referências indicadas no mento de Água na Área de Influência da
item seguinte. Barragem de Contenção de Rejeitos. Pimenta
O CBDB agradece à Yamana Gold Inc., pela de Avila Consultoria, 2006.
autorização concedida na divulgação dos dados, - JM-111-RL-16214-0A – Nota Técnica,
à Pimenta de Avila Consultoria, pela disponibi-
Procedimentos e Recomendações Operacio-
lização dos recursos, ao Engº. Rafael Jabur Bittar,
nais para a Barragem de Rejeitos. Pimenta de
pela elaboração do texto, e ao Engº Edvaldo
Amaral, pela revisão do mesmo. Avila Consultoria, 2009.
- JM-112-RL-18256-0A – Plano Conceitual de
28.8 - Referências Fechamento da Barragem de Rejeitos de
Jacobina. Pimenta de Avila Consultoria, 2009.
- BLH-E-J3-MA-001-0 JMC02-390-C-MO-
- JM-100-NT-15127-0A - Barragem de
0001 Manual de Operação e Construção da
Rejeito - Relatório de Visita de Inspeção,
Barragem 2
- JM-100-MD-11841 - Projeto Executivo do Pimenta de Avila Consultoria, 2008.
Alteamento da Barragem Principal até a EL. - JM-113-RL-18506-0A– Manual de
650,00 m, Memorial Descritivo da Obra. Operação – Barragem de Rejeitos 1 - Pimenta
Pimenta de Avila Consultoria, 2007. de Avila Consultoria, 2009.

282
Barragens de Rejeitos no Brasil

Parte I I I
RELATO DE ACIDENTE E
FECHAMENTO DE BARRAGEM
Por: Marta Sawaya

283
Barragens de Rejeitos no Brasil

284
Barragens de Rejeitos no Brasil

BARRAGENS DE REJEITOS NO BRASIL

SUMÁRIO Parte III


1- BARRAGEM SÃO FRANCISCO – MINERAÇÃO RIO POMBA 287

1.1 Apresentação 288

1.2 Localização da Barragem 288

1.3 Descrição Geral 289

1.4 Acidentes 292

1.5 Fechamento do Maciço 303

1.6 Agradecimentos 306

1.7 Referências 306

285
Barragens de Rejeitos no Brasil

286
Barragens de Rejeitos no Brasil

1 - BARRAGEM SÃO FRANCISCO –


MINERAÇÃO RIO POMBA CATAGUASES

Figura 1.1 - Imagem aérea da área da barragem


Fonte: GoogleEarth, 2008

287
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.1 Apresentação A figura 1.2 apresenta foto de parte do


A barragem de rejeitos denominada São reservatório em fase fechamento.
Francisco entrou em operação em 1995, fazendo
parte das instalações de extração e 1.2 Localização da Barragem
beneficiamento de bauxita da Mineração Rio A barragem São Francisco localiza-se no
Pomba Cataguases Ltda. (MRPC). Após dois córrego Bom Jardim, na Fazenda São Francisco,
acidentes, o primeiro em março de 2006 e o distante 7km da cidade de Mirai, Estado de Minas
segundo em janeiro de 2007, com ruptura de Gerais (Figura 1.3).
parte do maciço de terra, a barragem foi fechada.

Figura 1.2 - Parte do antigo


reservatório da barragem
na fase de fechamento.

Figura 1.3 - Mapa de situação do


município de Miraí, local da
barragem São Francisco
Fonte: IGA (Instituto de Geociência
Aplicada)

288
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.3 - Descrição Geral pelo consultor da FEAM na ocasião da ruptura


da barragem.
1.3.1- Dados Gerais A barragem foi construída em aterro
As informações sobre as características da compactado, de solo argilo-arenoso, ampla-
barragem antes do acidente, apresentadas a mente disponível na superfície das encostas
seguir, foram obtidas a partir dos Laudos de adjacentes aos vales dos córregos do Fubá e
Vistoria do Ministério Público do Estado de Bom Jardim. Seu sistema de drenagem interna
Minas Gerais, dos Autos de Fiscalização da incluiu um filtro de areia, em chaminé vertical,
Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEAM, combinado a um tapete drenante sub
do Relatório Técnico do Consórcio Mineiro de horizontal, construído no interior do aterro em
Engenheiros Consultores – CMEC e do elevação acima da superfície de fundação
Relatório Sobre Ruptura da Barragem elaborado (Figura 1.4).

Figura 1.4 - Seção típica da


barragem São Francisco
Fonte: Pimenta de Ávila, 2007

1.3.2 - Monitoramento Este tipo de vertedouro é normalmente


De acordo com laudo do Ministério Público, utilizado para descarga da água, após a decantação
em 2005, a barragem contava com três de frações sólidas dentro do reservatório. A cota
piezômetros, para o monitoramento da barragem. de descarga é aumentada gradualmente, ao longo
da vida útil do reservatório, através da colocação
1.3.3 - Sistema Extravasor de placas de concreto, em ranhuras da estrutura
Para descarga do fluxo normal, proveniente principal, à medida que sobe o nível dos rejeitos.
da água não reaproveitada dos rejeitos e das Normalmente, a colocação das placas é requerida
cheias, a barragem possuía um vertedouro em de modo a manter uma profundidade mínima de
torre inclinada (denominado de “tulipa” nos água, acima da superfície submersa dos rejeitos,
documentos de projeto) formado por galeria para promover a decantação dos sólidos e
horizontal conectada à torre inclinada. Esta torre, eliminar água clarificada.
em concreto, possuía duas células abertas no lado Após o acidente de 2006, foi implantada uma
do reservatório para drenagem da água. As modificação na estrutura do trecho inclinado do
aberturas eram fechadas na medida da subida do vertedouro diminuindo a capacidade de vazão. O
nível dos rejeitos. auditor da barragem recomendou a implantação

289
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.5 - Vertedouro de Emergência


implantado na ombreira direita
Fonte: Ministério Público, 2006

do novo vertedouro de superfície, que foi de jusante foram revestidas com placas de
construído em concreto. concreto pré-moldado.
Fazendo parte do sistema extravasor, existia
também um vertedouro, situado na margem 1.3.4 - Etapas de Construção
direita na junção da barragem com a ombreira, O barramento foi construído em três etapas
denominado “vertedouro de emergência”. Este distintas de alteamento, atingindo uma altura de
vertedouro foi construído com o objetivo de 30 metros.
aumentar a segurança para passagem do fluxo, no Em 2005, a barragem encontrava-se na fase
caso de cheias excepcionais. final de operação, com previsão de desativação da
O vertedouro de emergência (Figura 1.5) foi estrutura até o final do referido ano. Devido ao atraso
construído por escavação de um canal em solo, no licenciamento de outra área para a implantação
parcialmente revestido com concreto sem de uma nova barragem, a empresa decidiu pelo
armadura, no piso. As paredes laterais não foram prolongamento da vida útil da barragem, alteando-a
revestidas no trecho de montante e, no trecho em cerca de 2m (Figuras 1.6 e 1.7).

290
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.6 - Vista da crista da


barragem após alteamento de
aproximadamente 2m
Fonte: Ministério Público, 2006

1.3.5 - Aspectos Operacionais

A barragem São Francisco recebia o efluente


gerado no processo de beneficiamento da bauxita.
No local, produzia-se aproximadamente 20.000 t/
mês de minério beneficiado e a capacidade de
armazenamento do reservatório da barragem era Figura 1.7 - Vista do talude de
de aproximadamente 3,5 milhões de m3 do rejeito jusante da barragem após
proveniente da lavagem da bauxita. alteamento
Fonte: Ministério Público, 2006

291
Barragens de Rejeitos no Brasil

A Figura 1.8 apresenta uma vista da unidade Figura 1.8 - Vista geral da
de tratamento da Fazenda São Francisco. planta de beneficiamento da
Fazenda São Francisco
Fonte: Ministério Público, 2005

O rejeito era lançado por bombeamento último alteamento, quando ocorreu rotação de
diretamente no reservatório, sendo então adicionada uma placa do vertedouro “tulipa”, posicionada
a cal (para corrigir o pH), o sulfato de alumínio (como cerca de 10m de profundidade.A abertura de uma
coagulante) e o polímero (como floculante).Após um brecha entre placas já submersas, situadas na base
tempo de retenção na barragem, ocorria a decantação da torre inclinada, deixou vazar lama para o
das partículas. córrego Bom Jardim e cursos d’água subsequentes
Parte da água era bombeada para a planta de (Figura 1.9).
beneficiamento, sendo reutilizada no processo. Outra Os principais danos ambientais observados
parte da água era lançada no leito do córrego, dando foram (Figuras 1.10 e 1.11):
continuidade ao curso d’água a jusante do local. - Destruição dos ecossistemas ribeirinhos;
- Eliminação da fauna aquática devido à falta
1.4 Acidentes de oxigenação da água;
- Inundação de áreas com utilização antrópica
1.4.1- Acidente de 2006 (pastagem e cultivos) e dessedentação bovina;
A barragem São Francisco passou por dois - Alteração da qualidade das águas dos
acidentes em menos de um ano. O primeiro recursos hídricos locais com elevados índices
ocorreu em março de 2006, dois meses após o de turbidez.

292
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.9 - Saída do vertedouro “tulipa” com vazamento de lama.


Fonte: Ministério Público, 2006

Figuras 1.10 e 1.11 - Fotos mostrando impactos ambientais decorrentes do vazamento de lama em março de 2006
Fonte: FEAM, 2006

- Propagação da turbidez da água pelo O tamponamento do vertedouro, para


Córrego Bom Jardim, Rio Fubá e Rio Muriaé, conter a saída da lama, foi feito com o lançamento
causando a mortandade de peixes devido à falta de materiais vedantes no reservatório, a montante
de oxigenação e comprometendo a qualidade da estrutura.
das águas destinadas ao abastecimento público Após o estancamento do vazamento, foi
nas cidades de Lages de Muriaé e Itaperuna, iniciada a construção de uma laje de concreto no
no Estado do Rio de Janeiro. interior do vertedouro, na região do desloca-

293
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.12- Reforço da


placa de concreto do
vertedouro “tulipa”
Fonte: CMEC, 2006

Figura 1.13 - Vista da parte


superior da torre do
vertedouro “tulipa”, com
duas aberturas
Fonte: Pimenta de Ávila,
2006

mento das placas (Figura 1.12). Em seguida, a Gerais, no qual foi prevista a contratação de um
abertura foi preenchida com areia, com exceção especialista para avaliação completa das condições
dos tubos por onde a água passava livremente de segurança da barragem e implantação das
(Figura 1.13). medidas necessárias à melhoria destas condições
Em decorrência desse acidente, foi firmado de segurança, além de medidas emergenciais de
um Termo de Ajustamento de Conduta –TAC entre atendimento às populações afetadas e recuperação
MRP e Ministério Público do Estado de Minas dos danos ambientais ocorridos.

294
Barragens de Rejeitos no Brasil

Dentre as medidas para melhoria da segu- Outras cláusulas do TAC referiam-se às


rança da barragem, cita-se: medidas emergenciais para garantir o
- Reforço da barragem, com a construção de abastecimento de água das populações a jusante
uma berma no pé do talude de jusante; da barragem (incluindo as localidades preju-
- Construção de um novo vertedouro (de dicadas no Estado do Rio de Janeiro) e recu-
superfície) na crista da barragem (figuras 1.14). peração das áreas impactadas pelo vazamento de
O vertedouro “tulipa” foi mantido durante as lama.
obras, para passagem de água.

Figura 1.14 -
Vertedouro de
superfície construído
após o acidente de
2006
Fonte: Ministério
Público, 2007

1.4.2 - Acidente de 2007


Na madrugada de 10 de janeiro de 2007, recém-construído. A água começou a passar pelo
rompeu maciço da barragem São Francisco, vertedouro de superfície ao mesmo tempo que
provocando o vazamento de aproximadamente começou a passar no contato do maciço com a
2 milhões de m3 de lama no córrego Bom Jardim, ombreira direita da barragem, no local do antigo
que deságua no ribeirão Fubá, afluente do rio vertedouro de emergência e da estrada de acesso
Muriaé. O rio Muria, por sua vez, é contribuinte (Figura 1.15).
da Bacia do Paraíba do Sul. Devido ao volume considerável e à velo-
De acordo com os depoimentos das cidade da água, iniciou-se um rápido processo
pessoas que presenciaram o episódio, depois de erosivo próximo à ombreira direita, que culminou
algumas horas de chuva forte, o nível d’água do no colapso da estrutura.
reservatório foi se elevando rapidamente, até a As figuras a seguir apresentam fotos da
água atingir a soleira vertedouro de superfície barragem após a ruptura.

295
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.15 - Vista da estrada


de acesso à barragem, local por
onde a água começou a passar,
na madrugada de
10 de janeiro de 2007
Fonte: Ministério Público, 2005

Figura 1.16 - Vista do maciço


(de jusante para montante)
após a ruptura
Fonte: Ministério Público, 2007

296
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.17 - Descida do


vertedouro de emergência
após a ruptura da barragem
Fonte: Pimenta de Ávila,
2007

Figura 1.18 - Vista da parte do


maciço que permaneceu
intacta após a ruptura da
barragem
Fonte: Ministério Público, 2007

O sinistro envolveu dois estados, Minas Gerais para manter a produção de sulfato de alumínio.Além
e Rio de Janeiro e teve uma grande repercussão na disso, foi multada em 75 milhões de Reais, pelo órgão
imprensa.A empresa proprietária da barragem teve ambiental.
a licença ambiental da Fazenda São Francisco Os danos ambientais decorridos da
cassada definitivamente e foi impedida de lavrar nos ruptura da barragem prolongaram-se a jusante
outros locais por vários meses.Com essa medida, a da mesma, ultrapassando as fronteiras do
empresa precisou recorrer a outras mineradoras Estado de Minas Gerais.

297
Barragens de Rejeitos no Brasil

Um novo TAC foi firmado com a empresa, - Destruição de ecossistemas ribierinhos,


agora envolvendo não só o Ministério Público soterrando vegetação com camada de rejeito
do Estado de Minas Gerais, como também os (Figuras 1.19 e 1.20)
Ministérios Públicos Federal e do Estado do Rio - Isolamento de comunidades pela destruição
de Janeiro, com interveniência dos órgãos de vias de acesso, estradas, pontes e edificações
ambientais dos dois estados envolvidos. O (Figura 1.21).
objeto do TAC consistiu em obrigações com - Inundação dos municípios de Miraí, Muriaé
ações emergenciais, recuperação de áreas e Lage do Muriaé.com a passagem da lama.
degradas, fechamento da mina, cassação da Somente em Miraí foram atingidas cerca de
licença das atividades minerárias na Fazenda quatrocentas moradias, deixando desabrigadas
São Francisco, paralisação de todas as atividades mais de duas mil pessoas. A lama de rejeito
minerárias da empresa, no estado de Minas invadiu ruas, casas, estabelecimentos
Gerais, indenização dos cidadãos diretamente comerciais e industriais (Figura 1.22).
prejudicados com a enchente causada pela lama, - Formação de Áreas de Risco nas Encostas
além do depósito de caução de dois milhões das Margens do Córrego devido ao potencial
de reais. erosivo da onda de lama que ocasionou o
Os principais danos ambientais identificados solapamento da base das encostas marginais
foram: instalando áreas de risco na margem esquerda
- Destruição da biota aquática dos cursos do córrego Bom Jardim (Figura 1.23).
d’água a jusante, com a propagação da turbidez - Perda de terreno de terceiros, com o
da água pelo córrego Bom Jardim, rio Fubá e estabelecimento de áreas de risco, em virtude
rio Muriaé, causando a mortandade de peixes da formação de cunhas de ruptura sucessivas,
e de outras espécies devido à falta de que foram aparecendo ao longo do tempo,
oxigenação. ocorrendo sucessivos deslizamentos.

Figura 1.19 -
Inundação de áreas
ribeirinhas, atingindo
casas isoladas
Fonte: Ministério
Público, 2007

298
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.20 -
Inundação de áreas
ribeirinhas, atingindo
casas isoladas.
Fonte: Ministério
Público, 2007

Figura 1.21 - Destruição de vias de acesso e pontes isolando comunidades


Fonte: Ministério Público, 2007

299
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.22 - Área inundada na


cidade de Miraí
Fonte Ministério Público, 2007

Figura 1.23 - Solapamento da


base das encostas marginais,
instalando áreas de risco com
deslizamentos em cunhas
sucessivas
Ministério Público, 2007

300
Barragens de Rejeitos no Brasil

Os relatórios apresentados pela FEAM e - A ruptura da barragem ocorreu, por erosão


pelo Ministério Público de Minas Gerais do solo, na área do vertedouro de emergência
apresentaram as seguintes conclusões sobre a em sua extremidade de montante, na junção
ruptutra da barragem: com a estrada de acesso existente.
- As erosões intensas que foram observadas
- O levantamento topográfico da área da na parte remanescente da estrada demons-
barragem antes da ruptura, fornecido pela traram que o fluxo passou pela estrada e pelo
mineradora, indicava uma estrada de acesso, antigo vertedouro de emergência antes da
construída ao longo do talude de jusante, ocorrência da ruptura da barragem (Figuras
seguindo pela ombreira direita. Esta estrada 1.25 a 1.27).
atingia a crista da barragem (Figuras 1.15 e - Se o vertedouro de emergência tivesse sido
1.24), continuando para montante, indo em desativado e a área de sua junção com a estrada
direção às instalações de beneficiamento de de acesso tivesse sido aterrada, igualando à cota
minério. da crista da barragem (elevação 477m), muito
- Havia um rebaixamento na crista da provavelmente não teria havido a ruptura da
barragem, coincidindo com a plataforma do barragem, com a cheia ocorrida.
vertedouro de emergência. Este último fazia - Qualquer que tenha sido o caminho do fluxo,
junção com a estrada de acesso. para o leito da estrada, este fluxo teria sido
- A chuva ocorrida em cerca de 4 horas, evitado se o vertedouro de emergência tivesse
correspondeu a um tempo de recorrência de sido desativado e seu canal de aproximação
180 anos, sendo menor que a chuva de projeto de montante tivesse sido bloqueado, ou se a
do vertedouro da barragem. estrutura do vertedouro de emergência tivesse
- O nível d’água do reservatório não atingiu sido remodelada para ser dotada de segurança
a cota máxima da barragem. para a passagem de fluxo.

Figura 1.24 - Vista geral (de


jusante) da área da barragem
após a ruptura
Fonte: Pimenta de Ávila, 2007

301
Barragens de Rejeitos no Brasil

Figura 1.25 – Vista da erosão no trecho


a jusante no nível inferior do
vertedouro de emergência (15/02/
2007)Fonte: Pimenta de Ávila, 2007

Figura 1.26 – Estrada de acesso:


presença de erosão no leito ao lado
das canaletas de drenagem, na
bifurcação da estrada (15/02/2007)
Fonte: Pimenta de Ávila, 2007

Figura 1.27 – Vista de erosão até o


topo do vertedouro (15/02/2007)
Fonte: Pimenta de Ávila, 2007

302
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.4.3 - Plano de Ações Emergenciais - Fornecer reforço da segurança;


Um aspecto notável deste episódio foi a ação - Dar assistência na prevenção de doenças e
emergencial coordenada, no início, pela empresa orientar quanto a insalubridade dos locais
mineradora e pela Prefeitura de Miraí e, em seguida, atingidos;
pela Defesa Civil do Estado de Minas Gerais. - Organizar a limpeza dos locais por onde a
As ações eficientes e bem coordenadas onda já havia passado;
evitaram muitas vítimas, a começar pela chegada - Registrar todas as ocorrências de perdas
da onda gerada com a ruptura nos municípios materiais, para facilitar futuras indenizações,
próximos à barragem, em particular em Miraí. entre outras medidas.
Miraí localiza-se a 7 km a jusante da
1.5 - Fechamento da Barragem
barragem e o tempo entre a ruptura do maciço e
a chegada da onda foi muito curto (pouco mais Após a ruptura da barragem, com a cassação
de duas horas). No início da madrugada de 10 de da licença ambiental e as exigências do TAC, a
janeiro, ao ver o nível da barragem elevando-se empresa promoveu o fechamento da barragem
rapidamente, o vigia responsável avisou a direção de rejeitos.
da empresa sobre o risco de ruptura. Imediata- O uso futuro da área da barragem foi
mente a empresa fez contato com a Prefeitura e definido de forma a integrar a área à atividade
as duas iniciaram uma campanha de avisar a econômica predominante no local, transfor-
população com carros de som e outros recursos, mando-a em área em pastagem. O plano de
de tal forma que por volta das cinco horas da fechamento integrou as seguintes atividades:
- Reconformação da área seguindo a
manhã, quando a cheia alcançou a cidade, as áreas
modelagem natural do relevo;
baixas haviam sido evacuadas e ninguém se feriu.
- Estabilização da parte remanescente do
Estima-se que aproximadamente duas mil pessoas
maciço de terra;
ficaram desabrigadas, em Miraí.
- Redefinição do leito do córrego Bom Jardim
Algumas horas depois, no mesmo dia, a
na área do reservatório e adjacências atingidas;
Defesa Civil já estava posicionada no local e
- Recuperação das áreas de risco imedia-
passou a coordenar as seguintes ações:
tamente a jusante do barramento;
- avisar as localidades a jusante de Miraí sobre
- Revegetação;
a chegada da cheia e orientar as ações;
- Recuperação das áreas ribeirinhas atingidas.
- promover o abastecimento de água para
todas as localidades a jusante, à medida que As figuras a seguir demonstram o sucesso
iam sendo atingidas pela enchente; da implementação do plano de fechamento.

Legenda:
A- Planta de beneficiamento
B e C- Reservatório
Figura 1.28 - Vista
D1- Ombreira direita
aérea da área de
D2- Barramento remanescente beneficiamento, da
barragem e do
reservatório, logo
após o rompimento
da barragem.
Fonte: Ministério
Público, 2008

303
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.5.1- Área B - Reservatório


Figura 1.29 – Área B logo após o
acidente

Figura 1.30 – Área B


em reconformação

Figura 1.31 – Área B após


fechamento, 2008

Figura 1.32 – Área B após


fechamento, 2009

304
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.5.2 - Área D2 - Maciço

Figura 1.33 – Vista do maciço


logo após a ruptura

Figura 1.34 - Maciço em


reconformação

As ações para o fechamento da mina e


recuperação das áreas degradadas pela passagem
da onda de ruptura se tornou um caso clássico
de recuperação ambiental.

Figura 1.35 - Vista


do Maciço após
fechamento
Ministério Público,
2008

305
Barragens de Rejeitos no Brasil

1.6 Agradecimentos
O CBDB agradece à Pimenta de Avila
Consultoria, pela disponibilização dos recursos
e à Geóloga Marta Sawaya, pela elaboração do
texto.

1.7 Referências
- Consórcio Mineiro de Engenheiros
Consultores – CMEC. Medidas Emergenciais:
Relatório Técnico, março de 2006.
- Fundação Estadual de Meio Ambiente –
FEAM. Autos de Fiscalização (período de 2006
e 2007), Belo Horizonte.
- Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Laudo de Vistoria No 321798. Belo
Horizonte, setembro de 2005.
- Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Laudo de Vistoria No 453354. Belo
Horizonte, fevereiro de 2006.
- Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Laudo de Vistoria No 700045. Belo
Horizonte, janeiro de 2007.
- Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Laudo de Vistoria No 885830. Belo
Horizonte, novembro 2007.
- Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Laudo de Vistoria No 1.028.203. Belo
Horizonte, junho 2008.
- Pimenta de Avila Consultoria. Relatório
Sobre a Ruptura da Barragem São Francisco.
Belo Horizonte, março de 2007.

306
Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

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Barragens de Rejeitos no Brasil

dados da gráfica

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