LEONARDO SEABRA GONÇALVES

COMMEDIA DELL’ARTE
Do século XVI ao XXI.

Rio de Janeiro - RJ
2019
 LEONARDO SEABRA GONÇALVES

COMMEDIA DELL'ARTE
Do século XVI ao XXI.

Resumo do seminário sobre Commedia

Dell'art, ministrado em classe, na aula de
Teatro Moderno da Universidade Estácio
de Sá, sob supervisão da professora
Luciana Mitkiewicz, como parte das
exigências para a obtenção de nota para
Avaliação Parcial.

Rio de Janeiro, Outubro de 2019.

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Prof. Luciana Mitkiewicz
 1. A COMMEDIA DELL’ARTE.

“Surgida entre os séculos XV e XVI, na Itália, país que ainda

mantinha viva a cultura do teatro popular da Antiguidade
Clássica, a “Commedia dell’arte” vem se opor à
“Comédia Erudita”, se afirmando até o século XVII. Também
foi chamada de “Commedia All’improviso” e “Commedia a
Soggetto”.”

(ARAUJO, Lindomar da Silva. Commedia Dell'art)

1.1. Período histórico e influências da época na Commedia Dell’arte.

Tendo início no século XV, a Commedia Dell'arte foi altamente influenciada pela
transição da idade média para a modernidade. Dentre muitos outros pontos, existem
dois que foram primordiais, sendo eles o surgimento e crescimento da burguesia e o
enfraquecimento do poder da igreja sobre o pensamento humano, marcado pelo
surgimento do pensamento antropocêntrica e a volta da influência da cultura Grega
na arte.

Fosse pelo fato de sua estrutura de apresentação se beneficiar das feiras, fosse
pelo fato de existir um ar de crítica ao poder da igreja e da antiga nobreza, a Commedia
Dell'arte foi muito influenciada e incentivada pela burguesia.

Como seus espetáculos não falavam de temas religiosos e não eram feitos
dentro de templos católicos, os grupos de Commedia Dell'arte não tinham o apoio da
igreja, embora alguns atores fossem requisitados pela igreja para participar de suas
apresentações. O fato de romperem com a igreja e com o modelo erudito que existia
naquele período fez com que o movimento fosse marginalizado. Essa marginalização
trazia dificuldades para os grupos e, para sobreviverem, tiveram que adotar um
sistema de grupos familiares etinerantes.

1.2. Estrutura de apresentação e dramaturgia da Commedia Dell'arte.

Aproveitando a grande movimentação da população nas feiras dos burgos, as

companhias se apresentavam em público, fazendo uso de palcos desmontáveis, que
algumas vezes eram parte das próprias charretes usadas pela companhia. Antes de
se apresentarem, as companhias pediam permissão para usar os espaços públicos.
 A grande quantidade de pessoas nas feiras contribuía para que eles sempre
tivessem a casa cheia, mas isso nem sempre era bom para a companhia, já que a
crítica na época era bem mais agressiva do que nós dias atuais. Quando uma peça
não agradava ao público, o mesmo atirava legumes podres e outros objetos nos
atores, interrompendo a apresentação. Essa proximidade com o público obrigava os
atores a serem muitos flexíveis e preparados para todo tipo de reviravolta durante as
apresentações, principalmente porquê eles não tinham falas marcadas.

Os roteiros de Commedia Dell'arte, conhecidos como canovacci, eram

baseados em orientações para os atores em relação aos figurinos, deixas, assuntos
e outros elementos, mas não tinham falas marcadas para se decorar. As falas eram
improvisadas, porém, eles tinham uma rotina de ensaios muitos forte, que lhes
ajudava a entender as possibilidades que lhes apareciam durante a apresentação.

Além de não ter falas fixas, uma característica desse movimento era o tipo de
atuação, onde, além das falas, existia toda uma performance corporal que
acompanhava a atuação, até para compensar a falta de expressões faciais, já que
eles usavam máscaras que cobriam parcialmente seus rostos. Como usavam a
mesma máscara durante todo o espetáculo, usavam movimentos intensos e
exagerados que expressavam as ideias básicas onde são fundamentados seus
personagens e, consequentemente, as máscaras dos mesmos.

Os personagens eram “Personagens Tipo”. Um personagem tipo consiste em

um personagem baseado em um grupo de características e traços de personalidade
imutáveis. Esses personagens tinham uma psicologia rasa, baseada em estereótipos
e não costumavam variar muito durante o espetáculo. Logo, o criado sempre seria
criado e o senhor sempre seria senhor.

1.2.1. Personagens Tipo.

Os Zanni: Os Zanni eram os criados. Pulcinella, Brighella, Arlequim, Pedrolino e

Francisquinha eram exemplos de criados bem populares, mas esses tipos se
apresentavam com nomes diferentes, embora o tipo acompanhasse sempre o ator,
que interpretava o mesmo tipo a vida inteira.

Os Vecci: Os Vecci são os senhores. Velhos, ricos e, na maioria das vezes, mal
intencionados, estão sempre atrapalhando os planos dos innamorati. Os mais
populares são o El Capitano, Dottore e Pantalone.

Os Innamorati: Os apaixonados. Jovens, românticos e passionais, os Innamorati

são os “mocinhos" das estórias, sempre lutando pata ficar juntos e sendo atrapalhados
pelos Vecci, que contrataram os Zanni para cumprir seus planos de interferência. Os
Innamorati mais famosos são o Flávio e a Isabela.
 1.2.2. Características dos “Personagens Tipo".

Isabela: Bela, jovem e sedutora, se apaixona tão facilmente como seduz.

Geralmente é o ponto central de disputas entre o Innamorato e um Veccio. (Não usava
mascaras)

Dottore: Rico, soberbo e intelectual, geralmente está envolvido com Pantalone

em armações. Sua máscara lembra um porco e tem um óculos.

Pantalone: Velho, Rico e avarento, está sempre desenvolvendo planos pra

atrapalhar os jovens Innamorati. Sua máscara tem um nariz pontudo e bastante pelo
nas sobrancelhas e bigode.

Arlequim: Criado inocente e ingênuo. Sempre sendo envolvido por Brighella, ele
constantemente sai na pior. Sua máscara tem as sobrancelhas arqueadas de forma
que passa a impressão de alegria.

Brighella: Criado trapaceiro. Preguiçoso, está sempre arrumando uma forma de

ganhar dinheiro fácil e trapacear seus patrões. Um recorrente complice-vítima-
coadjuvante de seus planos é o Arlequim. Sua máscara tem as sobrancelhas
arqueadas de forma que passa uma impressão de raiva.

Francisquinha: Doce e romântica, Francisquinha geralmente é a criada da

Isabela e par romântico do Arlequim. Não usava máscara.

Flávio: Jovem passional e cheio de vigor, ele está sempre se envolvendo em

conflitos a fim de ter a mão da Isabela. Não usava máscara.

1.3. A Commedia Dell'arte como influência na dramaturgia da era

contemporânea.

O que poucas pessoas sabem, é que a comédia italiana foi a grande precursora
da dita “comédia pastelão”. Como a atenção do público devia ser mantida a todo custo
para que eles conseguissem contribuições, eles tinham que ter sensibilidade e
entender o que estava funcionando e o que não estava e encontrar alternativas para
chamar a atenção do público. Uma alternativa muito usada eram os Lazzi, que serviam
para fazer o público rir de forma gratuita, mas para serem executados de forma
coerente, era necessário muito ensaio e muita sensibilidade para saber quando o
público estará aberto para essa elemento.
 Um outro elemento usado na comédia italiana era na verdade oriundo do teatro
grego antigo. O