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E RESPONDEREMOS Ja... Ainda nado “Eles voltaram da morte” (SUPERINTERESSANTE) “A Luz do Além” (R, Moody Jr.) “Eu te digo hoje estaras comigo no Paraiso” (Le 23, 43) Antigreja. Um site ateu Educag&o Sexual: como proceder? Por que nao legalizar 0 aborto? A defesa do nascituro é questéo religiosa apenas? “Abortista’: Palavra proibida? Carta enderegada aos jovens O Catolicismo e as demais denominag6es cristas Compéndio da Doutrina Social da Igreja Indice Geral de 2005 PERGUNTE E RESPONDEREMOS DEZEMBRO 2005 Publicagdo Mensal N° 522 — SS — Diretor Responsével SUMARIO Estévao Bettencourt OSB . Ainda nie... 528 Autor e Redator do toda am No limiar da morte: publicada neste periédico “Eles voltaram da mo! (SUPERINTERESSANTE) stata 690 Administragia e Distribuigao: Tentande desvendar o mistério: Edigées Lumen Christi "A Luz do Além” (R. Moody Ji 633 Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro Rua Dom Gerardo, 40 — 5° ander — sala 501 comigo no Tal.: (OXX21) 2206-8283 Paraiso” (Le 23, 43)... 541 {OXx21) 2206-8327 peoapestae: Fax (OXX21) 2263-4420 Antigreja, Um site atau... 548 Enderege para Corrospondéncia: Sim ou Nao? Ed, Lumen Christi Educagio Sexual: como procedor? ........ 657 Rua Dom Gerardo, 40 - sala §01 Debate candent: Centro Por que nao legalizar 0 aborto? ......... 559 CEP 20090-030 - Rio de Janeiro - RJ Em defesa da vida: A dofesa do nascituro niio @ questio Site: www.lumenchristi.com.br religiosa apenas? © ee 562 e-mail: lumen.christi@osb.org.br Respeilo & Vide: “Abortista”: palavra proibida? 0... 565 Depoimento de uma jovem: Carta enderegada aos jovens .. 568 © Catolicismo @ as demais denominagées CHISTES oer 871 Compéndio da Doutrina Social da Igroja. 672 indice Geral de 2005 - 877 COMAPROVAGAO ECLESIASTICA NOPROXIMO NUMERO: “Deus na Histéria’, por Renold Blank. — “A Biblia na linquagem de hoje”. - Genoma humano genoma do chimpanzé. - Homem e macaco. — Populismo Evangélico. — “O codigo da i “A Inquisigao” — “27 raz6es para nao ser catélico”, por um . R$ 50,00. .. RS 5,00. PARA RENOVACAO OU NOVAASSINATURA (12 NUMEROS) NUMERO AVULSO..... O pagamento podera ser a sua escolha: ‘4. Depésite em qualquer ag@ncia do BANCO BRADESCO, agéncia 2579-8, CIC 840-0 em nome do Mosteiro de Sao BentofRJ, CNPJ 33.439.092/0001.60, enviando em seguida por carta, e-mail ou fax comprovante do depésito, pare nosso controle. 2. Cartao de Crédito: VISA e MASTERCARD (favor informar n*, validade do cartao e codigo de seguranga). 3, Bolota Banearia (favor Obs: rar em contato mencionando a op¢o). Correspondancia pare: Edigées Lumen Christi Rua Dom Gerardo, 40 — sala 501 Centro CEP 2090-030 - Rio de Janeiro - RU e-mail: lumen.christi@osb.org.br JA... AINDA NAO Ja... ainda nao... Esta formula ambigua ou contraditéria parece retra- tar bem a caracteristica principal da vida do cristéo sobre a Terra. Com efeito, o fim de um ano da origem a novo ano, novo ano que sera assinalado pelos mesmos marcos do ano anterior: 1° de janeiro, Carnaval, Semana Santa... Esta verificagao sugere a muitos a tese do eterno retomo: a historia constaria de ciclos que retornam periodicamente e Parecem agri- thoar o homem. Este se torna entio ansioso por libertar-se do curso da his- toria monétono e destituido de sentido. —A imagem que traduz tal concep- Gao da historia, é a da serpente que se enrosca e enrosca, mas nao chegaa fermo algum, pois a cabeca acaba mordendo a cauda. Esta nogao depreciativa da histéria nao é crist. O cristo reconhece que a historia é repetitiva: fim de ano — comego de ano indefinidamente. Mas ele sabe que a repetigao é prenhe de sentido; uma forte tendéncia dinamica a perpassa, e a leva a um grandioso termo final ou A plena vitéria de Cristo sobre o pecado e a morte. Sao Palavras de S. Agostinho: “Passam os dias que vém chegando, passam e voltam e anunciam o dia que ndo veio ainda nem passard, dia que ndo 6 anunciado pelo dia de ontem nem seré expulso pelo de amanha. Quando chegarmos a esse dia, unit-nos-emos a ele e também nos néo Passaremos mais”. A imagem que exprime a dinamica da histéria 6 a de um cone que se vai abrindo regularmente. Nesa dinamica do cone que se abre, voltam as mesmas grandes solenidades do passado, mas o crist&o as vivencia cada ano com mais maturidade e profundidade: Natal, Pascoa, Pentecostes ftetomam sempre, iguais e nao iguais a si mesmos, pois, cada ano estando Mais préximo do termo final, o cotidiano se torna mais lticido, mais penetra- do pela eternidade. Voltando a imagem do cone, diremos que ele comeca num ponto fra- gil: 0 primeiro Ado, que reproduzia em miniatura os tragos do segundo Adao (ver Rm §, 14). Este vai-se formando através dos tempos. Sim; vai-se for mando na historia da humanidade inteira, que Ele recapitula e entregara ao Paino fim dos tempos (ver 1Cor 15, 24-28). - Ele vai-se formando outrossim na pessoa de cada cristdo: “Meus filhos, Por quem sofro de novo as dores do Parto até que Cristo seja formado em vos...” (GI4, 19). Na base destas Ponderacées, podemos dizer que o nosso Natal 2005 Sera € no sera o mesmo que em 2004, 2003, 2002... Os textos e os simbo- los sero os mesmos, mas através desses intermediarios apreenderemos. mais densamente o mistério do Amor que primeiro nos amou (ver 1Jo 4, 19) © que pede uma disponibilidade a altura do Grande Dom. Vem, Senhor Jesus, e completa a tua obra em cada um de nés! ATODOS FELIZ NATAL E ABENCOADO ANO NOVO! E.B. 529 PERGUNTE E RESPONDEREMOS Ano XLVI — N° 522 Dezembro de 2005 No limlar da morte: “ELES VOLTARAM DA MORTE” (SUPERINTERESSANTE) Em sintese: A revista SUPERINTERESSANTE, agosto 2005, apre- senta a reportagem de Marcos Nogueira referente a depoimentos de pes- soas que em coma dizem ter saido do seu corpo e viajado no espaco antes de voltar ao corpo. O presente artigo reproduz textos que descre- vem o fenémeno, que sera elucidado no seguinte artigo deste fasciculo. Arevista SUPERINTERESSANTE, de agosto 2005, aborda em suas paginas 48-55 a tematica relativa a quem entra em coma profundo: a alma sairia do corpo, conforme relatam varios pacientes, e viajaria pelo espago antes de retornar a0 corpo. O assunto é apto a causar sensacio- nalismo e provocar a imaginagao com seus devaneios. Eis por que neste artigo apresentaremos sumariamente 0 contetido da reportagem, fican- do a elucidag&o do fendmeno para o subsequente artigo deste fasciculo. ELes VOLTARAM DA MORTE Aciéncia finalmente comega a desvendar as experiéncias de quase- morte. E a compreender o que acontece quando a vida termina Pioneiro nesta area de investigages 0 Dr. Raymond Moody Jr., que ouviu 0s depoimentos de 150 ou mais pessoas que estiveram em coma profundo e narraram as suas experiéncias de quase-morte (EQM). Estas foram publicadas em dois livros: “vida depois da vida” e “A Luz do Além”. Observa Marcos Nogueira: “A veracidade desses relatos nunca pode ser provada. Mas os pontos comuns a todas as narragGes trouxeram a des- confianga de que se tratava de algo além de mentiras ou delirios” (p. 49). Eis trés depoimentos significativos: 530 “ELES VOLTARAM DA MORTE” 3 1. Inés de Chagas Lima “Percorti os corredores do hospital. Parecia que eu estava flutuan- do, como se nao tivesse meu corpo. Passei por varias portas e via as pessoas, mas elas pareciam distantes. Tudo era claro, muito claro! Vi uma luz muito forte que estava I4 no fundo. Quando cheguei, era um lugar diferente de tudo o que ja tinha visto. Era o céu, de alguma forma eu Sabia. Havia alguém me acompanhando, mas eu nao sabia quem era. Estava acima de outras pessoas, como em uma nuvem, quando de re- pente vi meu pai, ja falecido, Fiquel feliz e disse Para ele: ‘pai, traz uma escada que eu vou descer', mas ele disse: ‘nao, filha, vocé ndo pode!”. E foi ent&o que eu acordei”, Inés de Chagas Lima é agente de saude em Pindamonhangaba, SP. Ela entrou em coma apés complicagées na retirada de um cisto ovariano. 2. Maria Aparecida Cavalcanti “No momento do acidente, eu me senti tragada por um ‘tinet de vento. Fiquei flutuando no asfalto e vendo o carro capotar num barranco. Outro carro parou e 3 homens sairam dele. Um deles desceu o morro e disse: ‘Tem uma muther morta ali’. Era eu. N3o tive nenhum choque ao ver 0 Corpo ~ apenas lamentei, em pensamento, o que tinha sofrido. Fora do corpo, conseguia enxergar em todas as diregdes ao mesmo tempo. Entdo eu avistei 2 pessoas flutuando acima do morro. Uma delas era uma mulher morena. A outra, a silhueta de um homem alto, me pareceu conhecida — apesar de ser transparente. A moga esticou o brago direito e disse, sem mexer a boca: ‘tenha calma; isso esté na sua programagao'. Essa frase funcionou para mim como uma senha. Era como se eu resga- tasse toda a minha meméria. Destizei em diregéo 4 dupla, mas lembrei que meu unico filho de 12 anos estava sozinho num chalé sem vizinhos e “sem telefone. Alguém precisava resgata-lo. Nesse mesmo instante, fui tragada de novo pelo tine! e voltei ao corpo. Dai senti uma dor horrivel. Foi 0 Unico jeito de avisar a familia sobre 0 acidente e resgatar meu fitho”. Maria Aparecida Cavalcanti é radialista universitaria em Sao Paulo, Diz ter passado por 3 experiéncias de quase-morte. O relato acima se refere 4 segunda dessas experiéncias, ocorrida depois de um desastre automobilfstico em Santa Catarina, em 1994. 3. José Carlos Ramos de Oliveira “A bltima coisa que ouvi foi o médico dizer: fibrilou’. Eu estava mor- rendo @ me ressuscitaram. Como se fosse um sonho, entrei em um tunel escuro. Era uma sensagao de prazer, de paz ede bem-estar que no tem explicagéo. Acho que so quem passou por isso sabe do que estou falan- 831 4 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 522/2005 do. E, de repente, comecei a ver tudo de tras para frente, como uma camera de cinema num triho. Via faces em preto-e-branco na parede do tinel, Nao eram rostos de pessoas conhecidas. Eo ‘trem’ da camera de cinema voltando para tras em uma velocidade espetacular’. José Carlos Ramos de Oliveira é médico cardiologista em Sao Paulo e sofreu uma parada cardiaca em 1989. Cinco Etapas Os observadores apontam cinco etapas da EQM: 1) Safda do corpo O nicleo da personalidade (ou a alma) sai do corpo e experimenta grande paz. Perde as noges de espaco € de tempo. 2) AViagem O sujeito se pée a flutuar nos corredores do hospital em que esta, e@ passa para o espaco aberto, podendo chegar a lugares distantes e fazer viagens espaciais. 3) O Tanel O viajante passa por um tunel muito escuro em grande velocidade como se estivesse sendo tragado por um aspirador de pd gigante. 4) ALuz, o Jardim ameno, os familiares e amigos O tunel desemboca num parque luminoso, em que se encontram familiares e amigos do viajante. Aparece uma Entidade bondosa e aco- Ihedora, a qual recebe o nome que 0 sujeito Ihe queira dar. 6) O Retorno De repente o viajante € puxado para tras e se vé obrigado a voltar ao seu corpo. Eis sumariamente o que Marcos Nogueira transmite aos leitores de SUPERINTERESSANTE. As noticias sugerem a pergunta: QUE DIZER? Em resposta analisaremos a obra “A Luz do Além” do Dr. Moody Jr., que € a fonte donde se origina a reportagem da revista citada. Veja-se 0 artigo que se segue. 832 Tentando desvendar o mistério: “ALUZ DO ALEM” bor Raymond A. Moody Jr. Em sintese: O Dr. Raymond. Moody Jr. tem-se dedicado aos depoi- mentos de pessoas que fizeram a experiéncia de quase-morte, Dizem que, em seu estado de coma, a alma ou o niicleo da personatidade, dota- do de corpo espiritual, saiu do corpo fisico, vagueou pelo espago, atra- vessou um tdnel e compareceu diante de seres luminosos, em meio aos quais havia um Ser de Luz por exceléncia; foram induzidas a fazer uma recapitulagao de sua vida e, depois, obrigadas a retornar ao corpo fisico. — O proprio Dr. Moody Jr. apresenta explicagdes cientificas para tals ex- periénclas, as quais dissipam a tese de que a alma sai fora do corpo. Cré, porém, que nenhuma delas elucida devidamente o fenédmeno, que ele julga ser um passeio pelo além. - O presente artigo, apos relatar os de- poimentos de pacientes e a interpretagaéo dada pelo Dr. Moody Jr., tenci- ona dissipar a concepcao segundo a qual a alma possa vaguear fora do corpo, entrar num tunel e num jardim e, finaimente, voitar ao corpo. O Dr. Raymond A. Moody Jr. M.D. € 0 autor de uma obra intitulada “Vida depois da Vida". Publicou posteriormente “A Luz do Além. Novas Revelagées”, livro editado em tradugao brasileira no ano de 1990 (2? edi- G0) pela Ed. Nordica. O livro refere depoimentos de pessoas que passa- ram pelo estado de quase-morte (EQM) e dele retornaram; dizem ter va- gueado pelo espaco. O Dr, Moody Jr. da crédito a esta alegagdo, que ele Propée como veridica em seu livro. Vamos, a seguir, passar em revista o Contetido de “A Luz do Além” € apresentar algumas reflexdes sobre tal obra. 1. O contetido do livro Por duas décadas o Dr. Moody Jr. se dedicou & ausculta de depoi- Mentos emitidos por pessoas qué passaram por estado comatico e dele retornaram. Esta convicto de que “existem varias Pessoas comuns que estiveram a beira da morte e que relatam vistumbres miraculosos de um mundo além, um mundo fulgurante de amor e compreensdo, que somen- te pode ser alcangado por meio de uma excitante viagem através de um tunel ou passagem. Esse mundo é habitado por pessoas ja falecidas, parentes e ami- gos, todas envoltas em uma gloriosa aura de luz, e governado por um 533 6 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 Ser Supremo, que orienta 0 recém-chegado numa recapitulagao de sua vida, antes de envia-lo de volta para a terra. Apés 0 retorno, as pessoas que ‘morreram’, nunca mais foram as mesmas. Elas retomam a vida em sua totalidade, e exprimem a crenga de que 0 amor e 0 conhecimento s3o as coisas mais importantes dentre todas, pois s4o as Unicas que podemos levar conosco” (pp. 11S). Eis alguns dos relatos mais interessantes: “Eu ouvi eles dizendo que meu coragao havia parado, mas eu esta- va [4 em cima, observando. Eu flutuava perto do teto, e, quando vi o corpo, nao sabia que era o meu. Mas, depois, o reconheci. Sai da sala e vi minha mae do lado de fora. Perguntei a ela por que estava chorando, mas nao péde me ouvir. Os médicos pensaram que eu estava morta. Entao, uma linda senhora surgiu e me ajudou, pois ela sabia que eu estava amedrontada. Nos passamos porum tanel e chegamos no céu. Havia flores lindas por /é. Eu estava com Deus e Jesus. Eles disseram que eu teria de voltar para junto de minha mée, porque ela estava muito triste. Disseram que eu tinha de vivera minha vida. Ent&o, voltei e acor- dei. O tanel que atravessei era longo @ muito escuro. Passel por ele numa grande velocidade. Havia uma luz, no fim. Quando a vi, fiquei muito contente. Gostaria de voltar para /a, por algum tempo. Quero voltar para 2 Juz, quando morrer... A luz era muito brithante” (p. 60s). Eis outro relato: “Eu estava terrivelmente doente, com problemas cardfacos, a0 mesmo tempo em que minha irma se encontrava em coma diabético em outra parte do mesmo hospital. Deixei o meu corpo & fui para o alto da sala, onde fiquei observando os médicos trabalharem. De repente, dei-me conta de que conversava com minha irma, que ela estava [a em cima, junto comigo. Nés éramos muito ligados, e ficamos conversando sobre o que acontecia la embaixo, até que ela comegou 2 afastar-se de mim. Tentei segui-la, mas ela me disse para permanecer onde estava. ‘ainda ndo é a sua hora’, disse ela. ‘Vocé nao pode ir junto comigo, por- que ainda nao 6 a sua hora’. Entdo, foi se afastando cada vez mais, desa- parecendo numa espécie de tunel, e eu fiquei 14, sozinho. Quando acordel, disse aos médicos que a minha irma tinha morrido. Eles negaram, mas, como insistisse, mandaram uma enfermeira verificar. Ela realmente havia morrido, como eu ja sabia” (p. 150). 534 “ALUZ DOALEM" 7 Ha também o caso de quem foi parar no inferno por engano: “Um homem relatou que, durante a segunda de suas trés EQui, ic? Jevado, por engano, para o inferno. Sua entrevista foi bastante interes- sante e esclarecedora: ‘Resposta: A segunda experiéncia foi diferente, eu desci por uma escadarial LA embaixo era escuro, havia pessoas berrando e gemendo, era quente, elas queriam beber agua... Ent&o, alguém aproximou-se de mim, n&o sei dizer quem era, pu- xou-me de lado e disse: ‘Vocé néo tinha gue estar aqui. Vocé vai ter que Subir de vofta’. Pergunta: Foram essas as palavras que ele usou? Resposta: Sim. ‘Vocé vai ter que subir de volta. N3o queremos vocé aqui embaixo, porque ndo é malvado o bastante’. Pergunta: Vocé primeiro experimentou a escuridao e, entao... Resposta: Escuridao total. Primeiro, nos descemos... a escuridao era total, Pergunta: Vocé desceu por um tinel? Resposta: Nao era um tunel, era mais do que isso, era algo imen- So. Eu flutuava para baixo... Havia um homem esperando. Ele disse: ‘N50 6 este’. Pergunta: Vocé podia ver as pessoas que estavam gritando? Resposta: Vi uma Porgdo de gente /é embaixo, berrando, gemendo... Pergunta: Elas também estavam vestidas? Resposta: Nao, néo, ndo. Nenhuma roupa. Pergunta: Estavam nuas? Resposta: Sim. Pergunta: E vocé pode calcular quantas pessoas havia |&? Resposta: Oh, Cristo, era impossivel conta-las. Pergunta: Mithares? Resposta: Eu diria que, Para mim, eram quase um milhao. Pergunta: Oh, deveras? E todas elas pareciam realmente infelizes? . Resposta: Estavam infelizes e cheias de 6dio. Elas me pediam Agua. Nao tinham agua. 635 8 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 6522/2008 Pergunta: E havia alguém que as ficava observando? Resposta: Sim, ele estava 18. Com os seus chifrinhos... Pergunta: Ele tinha chifres! Vocé... quem vocé acha... vocé reco- nheceu esse ser? Resposta: Oh, sim! Euo reconheceria em quatquer parte. Pergunta: Quem era ele? Resposta: O diabo em pessoal” Experiéncias como esta sdo raras. Os pesquisadores de Evergreen compararam sua pesquisa com a minha e a de Ring, e verificaram que apenas 0,3% de toda a amostragem descreveu sua experiéncia de qua- se-morte como sendo ‘infernal’ (p. 32s). 1.2. Noticias complementares $40 trés as principais notas que completam os relatos atras trans- critos: 1.2.1, Corpo espiritual Em estado de coma, dizem, o nucleo da personalidade do paciente ou o seu corpo espiritual deixa 0 corpo fisico. Esse corpo espiritual € capaz de falar, de tocar corpos fisicos. Acontece, porém, que ninguém ouve o que diz como ninguém é afetado pelo toque fisico; “quando tenci- onam tocar fisicamente, as mos de quem vagueia atravessam o brago da pessoa que ficou na terra, como se alinada existisse” (p. 17), ou“como se tivesse a consisténcia de uma gelatina muito rarefeita, cujo interior parecia ser percorrido por uma corrente elétrica” (p. 17). “Uma pessoa a quem entrevistel ha varios anos, disse que exami- nou, com todo cuidado, suas maos, enquanto permanecia nesse estado, e viu que elas pareciam ser formadas de luz, com minusculas estruturas no seu interior. Ela pode ver as delicadas linhas de suas impressées digi- tais e tubos de luz dentro dos seus bragos” (p. 19). Para corroborar suas idéias acerca do “corpo espiritual”, Moody Jr. cita S40 Paulo, que em 1Cor 15, 35-52 se refere a soma pseumatikon no sentido, porém, de corpo penetrado pelo Espirito Santo (nogao inexistente nos relatos de Moody Jr.). 1.2.2. A arquitetura do Além O Além parece ser, segundo os relatos em pauta, uma nova edi¢ao do aquém, melhorada e ampliada: “Comecei a persuadi-lo a contar-me sua experiéncia. Entéo, ele me disse que, apos ter morrido, flutuou fora do seu corpo e viu, embaixo, 536 “ALUZ DO ALEM” 9 0 médico massageando o seu peito para fazer seu coracao funcionar novamente. Sam, neste estado alterado, tentou pedir ao médico que pa- rasse de golped-lo, mas ele nao the deu nenhuma atengéo. Neste ponto, Sam teve a experiéncia de mover-se, fapidamente, para cima, vendo a Terra distanciar-se cada vez mais. Ele, entéo, atravessou um tdnel escuro e foi recebido, no outro lado, Ror um grupo de ‘anjos’. Perguntei-lhe se esses anjos possutam asas e ele respondeu que nao. ‘Eles brithavam’, disse, ‘eram luminescentes, @ todos pareciam ter muito amor por ele’. ‘Tudo, naquele lugar, estava cheio de luz’, disse. E, por toda Parte, viu lindas cenas campestres. Esse lugar celestial tinha uma cerca em forno. Os anjos disseram-the Que, se ele atravessasse aquela cerca, ndo mais poderia retornar a vida. De; » uM ser de luz (Sam chamou-o de Deus) disse-the que teria de voltar @ retornar a0 seu Corpo. ‘Eu n&o queria voitar, mas ele me obrigou’, disse Sam” (p. 58). Estas concepgées diferem radicalmente do que diz 0 texto biblico, Onde lemos as palavras de S40 Paulo: “O que os olhos nao viram, os ouvidos nado ouviram, eo coragao do homem néo percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O amam’ ({Cor 2, 9). - Nemo inferno é um precipicio requentado por fogo escaldante. Vera Propésito nosso Curso de Escatologia, Médulos 15, 16 e 17. 1.2.3. Concepgées religiosas O autor do livro afirma que relatos semelhantes ou mesmo idénti- Cos foram proferidos tanto por Pessoas de fé como por incrédulos. Toda- via os mérmons sdo especialmente Propensos a aceitar a veracidade de tais depoimentos e a emitir impress6es desse tipo. Diz R. Moody: “Existem muitas refigides no mundo que aceitam prontamente as EQM como um portal para 0 mundo espiritual. A mais proeminente das religibes ocidentais a fazer isso 6 a ‘greja dos Santos dos Uttimos Dias, mais comumente conhecida como igreja Mérmon. A doutrina mormon considera a EQM um pequeno vislumbre do mundo dos espliritos. Eles acreditam que o mundo dos espiritos 6 uma dimens&o que nao pode ser Percebida pelos vivos, sendo habitada por aqueles que deixaram o seu corpo fisico. O Journal of Discourses, um comentario sobre as crengas mormons, escrito pelos membros mais velhos da igreja, diz que o corpo espiritual 537 410 PERGUNTE £ RESPONDEREMOS. 522/2005 mantém os cinco sentidos do corpo fisico (viséo, audigao, tato, paladar e olfato), embora tenha outras ‘faculdades excepcionais’ e a capacidade de considerar muitas idéias diferentes, ao mesmo tempo. Ele também pode mover-se com a velocidade da fuz, verem muitas e diferentes diregdes ao mesmo tempo, e comunicar-se de outros modos que nao a palavra. E imune a doengas e ferimentos” (p. 82). Segundo Moody Jr., a experiéncia de quase-morte ensina a relativizar os Credos religiosos: “Religiao diz respeito a capacidade de amar, e nao a doutrinas e seitas” (p. 81). Em suma, tal é 0 contetido do livro “A Luz do Além” de Raymond Moody Jr.. Sugere algumas 2. Reflexes Proporemos trés consideracées. 2.1. O Pressuposto Antropoldgico Segundo Moody Jr., 0 ser humano tem dois corpos: o material e 0 espiritual, sendo este ultimo penetrado por luz brilhante. — Ora tal con- cepedo difere da nogao crista, que, sem duvida, é mais racional e menos fantasiosa. Em perspectiva crista, diz-se que 0 homem consta de corpo mate- rial e alma espiritual. A alma é 0 principio vital do corpo. Este consta de elementos minerais (calcio, ferro, potassio, hidrogénio, oxigénio...) que no funcionam como tais, isoladamente, mas como elementos integran- tes da came, dos ossos, da cartilagem... do corpo humano; sao reduzi- dos, pelo principio vital que os anima, a unidade do organismo, é a alma ou 0 principio vital que da o modo especificamente humano as agoes e reag6es de tais elementos. Se a alma se separa do corpo fisico, ainda que por alguns instantes, o organismo perde a sua unidade e se decom- p6e em seus elementos integrantes isolados. Nos casos de coma pro- fundo, a alma no se separa do corpo, mas nele permanece latente, in- capaz de se manifestar porque 0 organismo esta afetado por grave enfer- midade. Somente a fantasia (alias, muito compreensivel e esponténea) pode dizer que o eu do homem se separa do seu involucro fisico ou se “liberta das suas amarras” (p. 18) para pairar no ar “como um baléo que voa livre depois que o seu cord&o é cortado” (p. 18). Na verdade o ser humano nao € um anjo que pilota a nave do seu corpo nem é um atleta que dirige o seu coche, mas € um todo uno, em que corpo e alma se integram e se complementam mutuamente, embora a alma, sendo espi- ritual, seja imortal e possa continuar a viver sem corpo, desde que este se ache mortalmente lesado e incapaz de ser sede da vida humana. 538 “ALUZ DOALEM" 1 Por estas raz6es sao inaceitaveis as concepgées antropolégicas de Moody Jr; 0 corpo no é, como se lé a Pp. 79, “uma casa Para 0 espi- tito”. 2.2.0 Além E espontaneo ao ser humano conceber o Além & semelhanga do aquém; seria uma nova edi¢o revista e corrigida do aquém, Ninguém tem clara nog&o de algo que transcenda os limites da corporeidade. Diza Filosofia que “nada ha no intelecto que nao tenha Passado pelos senti- dos"; por isto mesmo as nossas mais elevadas e puras concepcées tra- 2.3. A elucidagao do fenémeno Se a explicagdo dos relatos ndo pode ser deduzida da hipdtese de uma viagem fora do corpo, Pergunta-se: como ent4o elucidar o fenéme- no de tais depoimentos? O préprio Dr. Moody Jr., as Pp. 147-166 do seu livro, analisa expli- Cagées diversas para 0 fenémeno; todavia nao as endossa. Eis, porém, que, dentre todas, merece especial aten¢ao a que Parte do inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung, que Moody Jr. nao aceita, mas que parece muito plausivel e cabal Para esclarecer os fatos relatados. Ei-la: “O grande Psicoterapeuta Cart Jung observou que muitos mitos e crengas semelhantes podem existirem Culturas diferentes, ainda que estas nao tenham nenhuma ligagao entre si. Por exemplo, a historia da criagao 6 quase a mesma Para os indios papagos e para Os antigos gregos. Jung denominou a teoria global de inconsciente coletivo e as ins- tancias individuais de arquétipos. S40 respostas Programadas de todos OS seres humanos. Um exemplo simples de um arquétipa 6 ‘mae’. Em qualquer cultura, 0 emprego desta palavra evocar4 significativos bastan- fe similares, uma universalidade basica. Embora o proprio Jung tivesse passado por uma EQM, ele ndo correfacionou a experiéncia ao inconsciente coletivo. Mas seus seguido- res estabeleceram uma ligagdo entra as EQM e OS arquétipos, j4 que se 539 12 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 522/2005 trata de uma experiéncia que ultrapassa as barreiras culturais e raciais, contendo, essencialmente, os mesmos elementos, para homens e mu- theres de todas as épocas. Aexperiéncia arquetipica por exceléncia poderia dar-se deste modo: uma pessoa tem um sonho que contém elementos ausentes da sua ex- periéncia consciente, mas que sdo similares a outros, encontrados na mitologia ou em antigos ritos. Estes elementos inexplicaveis S&O OS ar- quétipos. Alguns dos seguidores de Jung acreditam que a proximidade da morte, ou uma experiéncia de quase-morte, faz com que essas imagens arquetipicas, que se encontram no subconsciente profundo, sejam evocadas. Essas imagens sdo basicamente as mesmas para toda a hu- manidade: experiéncias de tunel, seres de luz, recapitulagdes de vida, etc.” (p. 162s). Apés expor 0 raciocinio, observa Moody Jr.: “Esta 6 uma teoria dificil de refutar, especialmente porque nao pas- sa disso: uma teoria. E, como as outras aqui apresentadas, tem um grao de verdade. Mas o maior problema 6 que ela nao explica as experiéncias de separagao do corpo. Enquanto isto nao for feito, nenhuma teoria sera totalmente valida para mim’ (p. 163). Na verdade, a impressdo de que a alma ou 0 nucleo da personalt- dade se separa do corpo nao 6 dificil de se explicar. Com efeito; é muito espontaneo ao ser humano imaginar que esta planando no espago, prin- cipalmente se consideramos que vivemos numa época em que a aero- nautica se tem desenvolvido a ponto de permitir a astronautica e até... a asa-delta. O adolescente se diverte langando seus papagaios e seus baldes ao ar. Além do qué, é muito frequiente ouvir-se dizer que “o céu esta la em cima eo inferno la em baixo”. Tais concepgdes, embora sejam tejeitadas pela razdo do adulto, nao deixam de habitar o seu inconscien- te e bem podem vir 4 tona numa fase de perda do controle do individuo sobre simesmo, como € geralmente o estado patolégico. Mais: a idéia de um tunel que separa o mundo menos bom do melhor, também é esponta- nea. Desta maneira os maravilhosos relatos de experiéncia de quase- morte perdem seu carater fantasioso e contribuem para corroborar a no- gao de que 0 inconsciente € muito rico em idéias e imagens e também muito poderoso para orientar ou desorientar 0 comportamento do ser humano. Como? “EU TE DIGO HOJE ESTARAS COMIGO NO PARAisO” (Le 23, 43) Em sintese: O artigo demonstra que a pontuagao correta 6 “‘Digo: Hoje estaré: 10 tanto em virtude da légica do texto quanto elo teste- munho da tradigao. Aresposta de Jesus 20 bom ladrao em Lc 23, 43 é classicamente entendida como sendo “Hoje estaras comigo no paraiso”. Eis, porém, que, a partir do século XIX, ha quem a queira entender como se segue: “Eu te digo hoje: Estaras comigo no paraiso”. Examinaremos a questao depois de abordar a tematica correlativa que € a da “fé sem as obras". 1. Fé sem obras? Resumindo o ensinamento da S. Escritura a tal respeito, diremos: Na verdade, tanto a fé como as obras sao necessérias a Salvagao apenas de modos diversos. A fé é dom gratuito de Deus; nao vem concedida, portanto, em Tecompensa de boas obras praticadas pelo homem Pagao, pois qualquer esforgo anterior ao dom de Deus é inadequado para atingir a ordem so- brenatural 4 qual o Senhor quer elevar o homem e A qual pertence a fé (é Claro, porém, que um Nao-cristéo, vivendo dignamente, se vai Preparan- do ou dispondo Para receber o dom de Deus). Uma vez abracada, a fé leva a pratica de boas obras. Estas entdo Se tornam necessérias Para que a fé nao seja morta e inutil. Eo que a Sagrada Escritura ensina explicitamente: “De que serve, meus irméos, alguém dizer que tem f6, se n&o pra- tica as obras? Pode Porventura a [6 salvé-Io?” (Tg 2, 14). “Assim como 0 Corpo sem alma esta morto, assim também a fé sem obras esté morta” (Tg 2, 26). A arvore frutifera tem que dar frutos; sem estes, nem seria drvore frutifera. De forma andloga, quem possui a fé tem Que praticar boas obras, Sem as quais nem possui a fé viva, O famoso exegeta Comélio a Lapide (+ 1637) ilustra bem a inseparabilidade de fé e obras mediante a seguinte comparac&o: um doen- 541 14 PERGUNTE E RESPONDEREMOS: 22/2005 te recém-curado de sua enfermidade pode dizer: ‘Este médico me sal- vou’. Na verdade, porém, nao foi o médico so quem o salvou da moléstia, mas 0 médico por meio dos remédios, da dieta, do tratamento que ele prescreveu € que O enfermo observou voluntariamente. Assim 2 fé se assemelha ao médico: indica, “receita” as outras virtudes, as obras, OS sacramentos como meios necessarios a salvagao; a ninguém sera licito separar a agdo da fée a desses meios de santificagazo, como a ninguem é licito separar a orientagao do médico e a eficacia dos remédios, atribu- indo toda a cura exclusivamente a palavra do médico. Na verdade, tanto ‘o médico como o remédio concorreram para a cura; da mesma forma, fé e obras colaboram para a salvacao eterna. - O fato de dizer o doente: “Este médico me salvou" nao impede que diga também: “Otimo remédio, esse; a ele devo a minha cura” Estas proposicdes parecem bem claras. Por que entao hesitam os irmos evangélicos em aceita-las? A sua hesitagdo deve-se, em grande parte, ao receio de que a valorizagdo das obras humanas derrogue a0 sacrificio e a obra salvifica de Cristo; tal valorizagdo poderia sugerir que o homem produz de per si, independentemente de Jesus, alguma coisa que Ihe merega a vida eter- na, — Eis, porém, que também a doutrina catdlica repudia tal conclusao; para ela, o valor das boas obras se deve exclusivamente aos méritos de Cristo aplicados aos fiéis; & Cristo quem, apos haver dado a graga da fé, da ao cristao a graga de produzir os frutos dessa fé ou as obras boas. Tudo, portanto, se reduz por tramites diversos, ao dom do Salvador, 0 homem, sem este, nada pode fazer (cf. Jo 15,5). Esclarecido este ponto, parece que nao resta mais motivo de divergéncia entre catélicos € pro- testantes no tocante ao papel da fé e das obras na santificagao; a Sagra- da Escritura ensina peremptoriamente a necessidade daquela e destas. 2. Mas entSo que dizer do bom ladrdo, que se salvou sem obras boas, convertido na hora da morte? N&o se pode dizer que essa alma arrependida nao tenha praticado alguma obra boa. Proclamou, sim, publicamente a inocéncia de Cristo e, com profunda humildade, reconheceu as suas culpas. Estas ja so obras boas. Nao se queira restringit 0 conceito de atos bons & pratica da esmo- la e da assisténcia social. Na verdade, o bom ladrdo traduziu a sua fé em uma atitude pratica, repudiando os seus pecados e colocando-se a dis- posigéo do Senhor Deus para fazer o que Este Ihe mandasse. Ora isto é essencial para a salvago. Seo Senhor Ihe tivesse concedido a oportunt- dade de viver mais tempo sobre a terra, haveria feito frutificar a sua fé em outras muitas obras. S6 nao 0 fez, porque a Providéncia houve por bem transferi-lo para outra vida. Donde se vé que o episédio do bom ladrao 542 “EU TE OIGO HOJE ESTARAS COMIGO NO PARAISO” 15 nao derroga ao principio de que as boas obras sao necessarias a salva- Gao (necessarias, é claro, desde que o Senhor Deus dé a possibilidade fisica de as praticarmos; se n&o a da, vale-nos a disposig&o interior). 2. “Digo-te: hoje estards...” ou “Digo-te hoje: estaras..."? Escreve um leitor: “Tenho ultimamente me defrontado com uma questao referente as palavras de Jesus na Cruz. Trabalho numa academia de gindstica (a malor de Curitiba / Parana 2200 alunos) e tenho alunos de varias crengas. Conversando com alu- nos adventistas fui questionado sobre a frase EM VERDADE TE DIGO HOJE ESTARAS COMIGO NO PARAISO. Me questionam afirmando so- bre a virguta ou dois pontos ficaria: EM VERDADE TE DIGO HOJE: ES- TARAS COMIGO NO PARAISO. Me dizem sobre a mé tradugao do texto sem a devida atengdo a Pontuagao correta e referem-se ao texto grego. “Em verdade te digo, hoje estarés comigo no Paraiso”. Isto Indica- tia que Jesus iria para o Paraiso naquele dia, e [4 encontrariao chamado “bom ladrao” no mesmo dial E isto nao esté de acordo com 0 contexto da Biblia, que revela o estado da morte como um sono, @ que os mortos ndo sabem que o préprio Cristo ao ressuscitar, no permitiu que Maria o to- casse, pols Ele ainda nao tinha subido ao Pai. S. Jodo 20, 17. A frase correta, de acordo cam todo o ensinamento biblico, 6 as- sim: “Em verdade te digo hoje, (virgula) estaras comigo no paraiso”. 1. A questo da pontuagao do texto acima teve origem no século XIX, suscitada pelo credo dos Adventistas e das Testemunhas de Jeova. Estas denominag6es, professando que a alma morre no fim da vida pre- sente, quiseram remover a objegdo que contra esta sua cren¢a se pode- ria levantar a partir do citado texto de Le 23, 43. Por conseguinte, em vez da forma tradicional: “Digo-te: hoje estaras...”, Propuseram novo modo. de ler: “Digo-te hoje: estaras...”, novo modo que permitira admitir a morte da alma ao se separar do corpo e fessurreigéo da mesma em época posterior. 2. Como dirimir a questéo? a) Em primeiro lugar, é preciso lembrar que nem os autégrafos nem as copias mais antigas da Sagrada Escritura traziam sinais de pontuagao; os antigos, ao escrever, por vezes nem separavam as palavras entre si. A pontuagao do texto, por conseguinte, foi (e devia ser) introduzida pelos leitores do S. Evangelho. 543 16 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 b) Desde que, no decorrer da historia, os cédigos comecam a apre- sentar divisées de palavras e frases, colocam dois pontos entre “Em ver- dade digo-te” e “hoje estaras”; assim a circunstancia “hoje” é relacionada com “estaras", e n3o com “digo-te". Durante dezoito séculos ninguem discordou desse modo de entender o texto sagrado; fol o Adventismo que no século passado (inspirando-se de critérios doutrinarios preconce- bidos, e nado de regras exegéticas) tentou pela primeira vez modificar a pontuagao. Que dizer dessa atitude? c) J&o fato de se tratar de inovagao tdo tardia torna muito suspeita a posigado adventista. Sera que durante 1.800 anos ninguém entendeu devidamente tal passagem do S. Evangelho? Além dessa circunstancia histérica, merece ser ponderada a légica mesma do texto. Com efeito, d) Nao era necessario que Jesus declarasse estar falando “hoje”, pois ninguém suporia que, respondendo ao bom ladrao do alto da cruz, Ele estivesse falando “ontem" ou “amanha”... Torna-se irrisdrio, portanto, rela- cionar “hoje” com “digo-te”. Este advérbio s6 tem significado na frase se € ligado a “estaras”, pois na verdade poderia o bom ladr&o estar com Cristo no paraiso “amanha” ou ainda mais tarde. Precisamente a énfase da de- claragdo de Jesus esta no “hoje”, é essa prontidao em atender ao pecador arrependido que Jesus e o Evangelista Sao Lucas querem realgar. A légica do texto, portanto, pede, sem deixar margem a hesitagao, que se coloque o “hoje” do lado de “estaras” (apés os dois pontos) e nao do lado de “digo-te” (antes dos dois pontos). e) Note-se também 0 seguinte: os inovadores afirmam que o bom ladr&o morreu (em corpo e alma) no dia em que Jesus the falou; esta agora no sepulcro, devendo ser ressuscitado em breve, quando Cristo instaurar um reino de mil anos na terra. Sera entéo submetido a nova provagdo, a fim de “decidir se ficaré com Jesus ou nao. Caso deseje ficar com Jesus, 0 Rei legitimo, o bom ladrao obter4 a vida eterna sobre a terra” (‘The Kingdom is at hand", 1944, publicagao das Testemunhas de Jeova). Como se vé, segundo esta explicagao, a felicidade do bom ladréo ficava dependente de nova provagao, que teria lugar cerca de 2.000 anos depois que Jesus lhe disse na cruz: “Estaras comigo no paraiso”. Ora uma tal promessa, assim condicionada, deslocada para um futuro tao remoto, ja perdia a sua nota de palavra consotadora e misericordiosa; ndo corresponderia ao sentido geral deste episédio, que visa a incutir a surpreendente misericérdia com que Jesus atende ao pecador contrito. 544 “EU TE DIGO HOJE ESTARAS COMIGO NO Paraiso” 17 As palavras de Jesus ficariam, por conseguinte, diluidas ou mesmo des- tituidas de sentido. Para confirmar a classica interpretagao, seja citada a apécrifa “De- claragao de José de Arimatéia”, em que se lé uma frase que sé permite ligar “hoje” com “estaras". Assim, no paragrafo 4°: “Em verdade te digo, Dimas, que hoje estaras comigo. — Amen lego soi, Dima, héti sémearon met’'emou esei” (em grego). f) Pergunta-se, porém: como pdde o bom ladrao estar no paraiso ou na bem-aventuran¢a celeste a partir do dia mesmo em que Cristo morreu? A alma de Jesus no “desceu ao limbo” antes de ressuscitar ao terceiro dia? — Jesus nao prometeu a vis4o face a face Para aquele mesmo dia, mas assegurou ao ladrdo arrependido a sua unido definitiva com o Re- dentor. Ora estar unido a Cristo 6 ser feliz, equivale a estar no Paraiso. Como diz S. Ambrdsio, “viver é estar com Cristo; por isto, onde esta Cris- fo, af esta a vida, af 0 reino” (In Lc, ed. Migne XV 1834). 3. E os textos do Eclesiastes? 1. Desejosos de provar que a alma humana morre no fim desta sua existéncia terrestre, os adventistas e Testemunhas de Jeova apelam freqientemente para o seguinte texto do Antigo Testamento: ‘A sorte dos filhos do homem e a sorte dos animais séo idénticas. Como um morte, assim morre 0 outro; Ambos possuem o mesmo sopro; Nao hé vantagem do homem sobre o animal. Pois tudo é decepcao. Tudo vai para o mesmo jugar; Tudo vem da poeira. E tudo volta para a poeira, Quem pode dizer se o sopro dos filhos dos homens se dirige para o alto Eo sopro dos animais desce as regiées subterréneas?” (Ec! 3, 1 9-21) a) Para entender esta Passagem, sera preciso reconstituir a men- talidade do autor sagrado (sabemos que a Palavra de Deus na Biblia utilizou sempre o modo de pensar e falar dos homens de cada época, sem contudo ceder ao erro). Foi somente aos poucos que o Senhor Deus revelou as verdades concernentes a sorte péstuma do homem, Qs judeus apenas tinham cer- teza de que a alma ou 0 nticleo da personalidde sobrevive ao corpo; separando-se deste, julgavam que ela ia para o “cheol”, lugar subterra- 545 18 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 i CO PERCUNTEE Re ES Se = = neo onde ficava em estado de sonoléncia ou inconsciéncia (cf. E. Bettencourt, Para entender o Antigo Testamento c. Xil). Ora 0 autor do Eclesiastes nao quis sondar os mistérios do Além, ainda n&o desvendados pelo Senhor; nao quis também escrever uma obra de filosofia ou metafisica; tal nao era a sua Indole pessoal. Por isto, no seu optsculo limitou-se a indicar um roteiro pratico, baseado no bom senso ou na experiéncia cotidiana, a fim de auxiliar os seus leitores a viver dignamente a vida presente. Apdés muitas divagagées, ele formula em poucas palavras esse roteiro no fim do livro: “Conclusdo: bem ponderadas todas as coisas, Teme a Deus e observa os seus mandamentos, Pois nisto consiste o ideal de todo homem. Deus fevara a juizo todas as obras, Tudo que est cculto, tanto o bem como o mal” (Ecl 12, 13s) b) E dentro de tal perspectiva que se deve entender 0 texto de Ecl 3, 19-21. Como diziamos, o autor ndo tinha a intengdo de propor sentengas de filosofia a respeito da alma humana. Apenas queria falar na qualidade “de observador que leva em conta a realidade como ela aparece imedia- tamente, a fim de tirar dai algumas conclusdes praticas. Ora é inegavel que tanto 0 homem como 0 animal irracional morrem, sem que Se possa perceber o que é feito do seu principio vital apés a morte. “Ambos possuem 0 mesmo sopro” diz o autor (Ecl 3, 19): a palavra “sopro” aqui é tradugao do vocabulo hebraico ruah, que significa o respiro das nari- fas ou a respiragao; € certo que tanto o homem como 0 animal irracional fespiram e que a respiragdo cessa apés a morte. Segundo a observacao popular, “ndo ha neste particular vantagem do homem sobre o animal". E somente a filosofia (corroborada, alias, pela teologia) que ensina ao estudi- oso que, apesar da identidade de aparéncias, a sorte péstuma do homem difere da do irracional, pois 0 principio vital do homem ou a alma humana & imortal (a alma humana, sendo espirito, nao se compde de partes; por isto também nao se decompée, n&o morre), ao passo que 0 prinefpio vital do irracional, sendo material, € composto e morre. O autor sagrado, que, se- gundo dissemos, nao escrevia na qualidade de fildsofo, mas na de observa- dor popular, sé tinha em vista os sinais exteriores e sensiveis da vida, que, sem duvida, cessam do mesmo modo em todos as viventes; dai as suas afirmativas, a primeira vista, desconcertantes. — Verificando essas coisas, porém, o autor nao intencionava negar a sobrevivéncia da alma humana. Em outras passagens do Ecl, ele a professa explicitamente, asseverando, por exemplo, que a alma vai para o “cheol” (cf. 9, 40) e mencionando 0 juizo de Deus sobre 0 individuo apés a morte (cf. 8, 12; 11, 9, 12, 13). 546 “EU TE DIGO HOJE ESTARAS COMIGO NO PARAISO” 19 Donde se vé que erréneo seria querer negar a imortalidade da alma na base do citado texto de Eclesiastes. O escritor a admitia, sem duvida, apenas desconhecia as suas modalidades. 2. Outro trecho muito explorado ao lado do anterior é 0 seguinte: “Para 0 homem, enquanto permanece agregado a sociedade dos vivos, hé esperanga; mais vale um co vivo do que um ledo morto. Os vivos, com efeito, sabem que hdo de morrer, ao Passo que os mortos nada sabem; nao recebem mals salario, pois ja nao ha recordagao deles” (Ec! 9, 4s). Ap6s quanto foi dito atras, esses versiculos J& n&o causam dificulda- de ao intérprete. O autor, como sabemos, compartilha a opiniéo dos seus contemporaneos, segundo os quais a morte introduz o cerne do individuo (0 refaim) em estado de inconsciéncia. Sendo assim, ele quer incutir que na vida presente, servindo fielmente a Deus e utilizando moderadamente as ocasi6es que Este Ihe concede, que o homem deve procurar a felicida- de, Para os vivos, qualquer que seja a sua condi¢ao (0 cao simboliza o género de vida mais duro possivel), fica sempre a esperanga de conquistar certo bem-estar neste mundo, ao passo que para os mortos, mesmo para Os mais nobres (simbolizados pelo leao), ja nao resta possibilidade de ob- ter algum bem (pois, julga o autor, estao levando vida inconsciente). Assim se vé que o Eclesiastes constitui uma etapa no caminho da revelagéo sobrenatural, etapa que deveria ser completada pelos ultimos livros do Antigo Testamento (Daniel, Macabeus, Sabedoria) e pelos do Novo Testamento, onde é explicitamente professada a bem-aventuranga pdstuma. O autor do Eclesiastes mostra apenas nao ter conhecimento desta ulterior etapa, mas nada diz que no se concilie coma doutrina dos demais escritos do Antigo e do Novo Testamento, pois em absoluto ele n&o nega a imortalidade da alma. _-— Minha pequena Fildsofa, Minha pequena Filosofia, por Achyife Alexio Rubin; Ed. Palfotti, Santa Maria 2002 (2? edic&o) 376 pp. O Prof. A. A. Rubin 6 Doutor em Filosofia pela Universidade de Friburgo, Suiga, e durante fongos anos fecionou Filosofia na Universida- de Federal de Santa Maria (RS). Entregou ao publico 0 fivro acima apre- sentado, que 6 uma Introduc¢déo ao Penar; percorre 2 tematica da Criteriologia no estilo de uma aula ficticia ministrada a uma sobrinha, de modo que os problemas mais dificeis sio abordados de maneira suave e clara. O livro desperta 0 interesse pela reflexéo filoséfica, que ja existe embrionariamente em qualquer ser humano mentalmente sadio. Eis o depoimento da “pequena filosofia’: ‘Tio, acabo de ler seu livre. Meu entu- sSiasmo & grande, encontro-me espelhada nele” {p. 12). 547 Respostas a ANTIGREJA. UM “SITE” ATEU Pela internet tem-se propagado uma campanha de ateismo que, citando frases de pensadores diversos, ridiculariza a Religiao e, de modo especial, o Catolicismo. Visto que tais objegdes sdo 0 eco de quanto se ouve, por vezes na conversa de cada dia, as paginas subseqtientes con- siderarao as principais de tals afirmagées e Ihes apresentarao resposta. 1, Deus e o mal O ateu: “Se Deus no sabe que existe o mal, Ele nao é oniciente. Se Deus sabe que existe o mal, mas nao o pode evitar, Ele nao 6 onipo- tente. Se Deus sabe que existe o mal, pode evité-lo, mas decide nado o evitar, Ele n&o 6 onibondoso. Se Deus 6 oniciente, Ele sabia que Addo e Eva iam pecar. Se é onipotente, podia té-lo evitado. Se é misericordioso, sem dtivida alguma 16-lo-ia evitado... Nenhuma destas trés qualidades Deus a tem. Se existisse um Deus todo-poderoso e bom, teria feito exclusiva- mente o bem”. O cristdo: Procederemos por etapas: a) Deus, por definigao filoséfica ou meramente racional (nao ape- nas pela fé), 6 o Ser Perfeito, que tudo conhece e tudo pode. Nao esté sujeito a criticas da criatura, como se 0 homem fosse mais perfeito do que Deus. Mas ent&o como se explica a existéncia do mal no mundo? b) O mal nao é uma entidade positiva ou um ser subsistente em si mesmo. O mal é a caréncia de um bem que deveria existir e nao existe, a semelhanga das trevas, que nado s&o ondas negras, mas sao simples- mente a auséncia de luz. O maniqueismo na antigiiidade julgava que havia dois principios antagénicos — 0 Bem e o Mal — disputando a hegemonia deste mundo. S. Agostinho (+ 430) chegou a aderir a tal teo- tia, mas abandonou-a. c) Em conseqiiéncia vé-se que o mal nao tem causa direta: nin- guém causa o nada. Sé pode ser causado indiretamente por uma causa que produza o bem inacabadamente ou imperfeitamente, ou seja, por uma criatura limitada como ela é. 548 ANTIGREJA. UM “SITE” ATEU 21 d) Esta claro assim que Deus nao Pode ser causa do mal; nado se Ihe podem atribuir as desgracas da historia dos homens. e) O que Deus fez, foi criar seres necessariamente limitados em suas perfeigées. Nao seria ldgico dizer que Deus podia criar um ser dota- do de perfeigées ilimitadas, pois este seria um outro Deus; nao pode haver dois Infinitos. Por conseguinte, se Deus quis criar, nao podia criar seres infaliveis; a falibilidade é inerente ao concelto de criatura. f) Ora onde ha falibilidade, compreende-se que as falhas ocorram. Foi o que aconteceu e acontece em nosso mundo. g) Deus no quer evitar as falhas das criaturas, pois é mais nobre deixar que elas procedam de acordo com as leis de sua natureza. Isto é especialmente veridico quando se trata da liberdade de arbitrio do ho- mem, prerrogativa que dignifica singularmente a natureza humana; Deus, que a deu, respeita-a. h) Entao qual é 0 papel de Deus diante dos males dos homens? Deus no |hes 6 indiferente. Diz S. Agostinho que Deus nunca per- mitiria o mal se nao tivesse recursos para tirar do mal bens ainda maio- res. Esta afirmagdo se baseia Precisamente na perfeigdo divina: Ele res- peita a liberdade humana, mas néo é indiferente 0S seus acidentes; Ele sabe remediar-thes como sé Deus o sabe. O caso mais evidente dessa intervencao medicinal de Deus é a Encarnacao de Deus Filho, que se tornou o segundo Addo para resgatar a fungéo mal desempenhada pelo primeiro Adao; este foi até a morte por de- sobediéncia ou por desamor; aquele foi até a morte por obediéncia ou amor. i) Nem sempre vemos os bens que resultam de algum mal, mas em alguns casos eles sao evidentes. Com efeito; uma pessoa de vida muito ativa que frature uma perna, vera nisto uma desgraca, mas, uma vez recuperada, percebera que foi uma graga, pois parou um pouco, refletiu sobre sua vida e reajustou os ponteiros... Eis como se compatibilizam entre si Deus e a existéncia do mal. Deus nio é a causa do mal, mas é 0 Médico que lhe prope o necessario remédio. 2.AFé O ateu: “A Fé pode ser definida brevemente como uma crenga ilé- gica na ocorréncia do improvavel”. “Nao sou um ateu total: todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente n&o 0 encontro” (José Saramago). $49 22 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 522/2005 “Nao acredito em Deus, porque nunca 0 vi. Se ele qu'sesse que eu acreditasse nele, sem duvida viria falar comigo e entraria pela minha por- ta adentro, dizendo-me: Aqui estou!” (Femando Pessoa). “Quando o primeiro espertathéo encontrou 0 primeiro imbecil, nas- ceu o primeiro Deus” (Millor Fernandes). O cristo: Distingamos entre fé e crendice ou supersti¢ao. Fé 6 um ato da razdo (faculdade nobre) que toma consciéncia de que a verdade no acaba quando acaba o alcance do intelecto, por isto, diz Sim ao Invisivel devidamente credenciado. A fé portanto nao éumato cego, meramente sentimental, mas é a expressdo da racionalidade do homem que se aplica ao Ser mais digno. Ela se baseia em credenciais, que Ihe indicam por que crer... por que crer nisso ou naquilo... A fé se segue a uma investigagao movida pela inteligéncia. b) Acrendice e a superstic¢ao é que $40 atitudes cegas, derivadas do senso religioso inato no homem, mas desligado da raz3o; esta é 0 crivo para distinguir o que merece ser acreditado e o que nado o merece. Todavia, mesmo deficiente como 6, a crendice atesta 0 senso religioso inato em todo homem; este é, como a agulha magnética, agitado en- quanto nZo repousa no Norte que o atrai e que é Deus. c) Deus permanece invisivel e nao bate & porta do escritério do homem... Na verdade Deus permanece invisivel aos olhos do corpo, mas é patente aos olhos da mente. Sim, pode-se provar a existéncia de Deus sem apelar para a fé; a raz&o atinge Deus como o Grande Relojoeiro que fabricou este mundo, comparavel a um reldgio (nao ha relégio sem re- lojoeiro). Quanto mais a ciéncia progride, tanto mais ela desvenda as ma- ravilhas do makro-kosmos e do mikrokosmos; assim Deus dé sinais de Si. 3. A imutavel Palavra de Deus © ateu: ridiculariza a Escritura Sagrada, valendo-se da Lei de Moisés: “Levitico 25, 44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nagdes vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos, mas ndo a canadenses. Vocé pode esclarecer isso? Por que eu nao posso possuir canadenses? Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sabados. Exodo 35, 2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obri- gado a matd-lo eu mesmo? Um amigo meu acha que mesmo que comer moluscos seja uma abominagSo (Levitico 11, 10), é uma abominagao menor que a homosse- xualidade. Eu nao concordo. Vocé pode esclarecer esse ponto? 650 ANTIGREJA. UM “SITE” ATEU 23 Levitico 21, 20 afirma que eu nao posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na viséo. Eu admito que uso Oculos para ler. A minha viséo tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho? A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das témporas, mesmo que isso seja expressamente Proibido em Levitico 19, 27. Como eles devem morrer? Eu sei que tocar a pele de um Porco morto me faz impuro (Levitico 11, 6-8), mas eu posso Jogar futebol americano se usar luvas? (as bolas de futebol americano sdo feitas com pele de porco). Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levitico 19, 19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua esposa também viola Levitico 19, 19, porque usa foupas feitas de dois tipos diferentes de teci- do (algodao e poliester). Ele também tende a xingar e blasfemar muito. £ realmente necessario que eu chame toda a cidade Para apedreja-los (Levitico 24, 10-16)? Nés nao poderiamos simplesmente queima-los em uma ceriménia privada, como deve ser feito com as pessoas que man- tém relagées sexuais com Seus sogros (Levitico 20, 14)? Eu sei que vocé, Dra. Laura Schlessinger, estudou essas coisas a fundo; entdo estou confiante que possa ajudar. Obrigado novamente por nos lembrar que a palavra de Deus € eterna e imutavel. Para quem pensa em argumentar que Jesus veio Para mudar tudo. isso, € sempre bom lembrar o que 0 Filho falou sobre mudar a Palavra do Pai: 'N&o penseis que vim destruir a lei ou os Profetas; nao vim destruir, mas cumprir’ (Mateus 5, 17)". O cristao: A palavra de Deus é certamente imutavel... Imutavel dentro do seu género literario. Ora Os preceitos citados pelo interlocutor ateu s8o normas de comportamento dadas a um Povo de dura cerviz ou tude e infantil. O Senhor Deus faz-se de Pedagogo e impée a esse povo diretrizes condizentes coma Sua capacidade de compreensao; por con- Seguinte s&0 normas provisorias que visam a levar o povo de Israel a um nivel superior a partir das condigées em que se acha. Jesus nao veio abolir a Lei de Moisés na sua dinamica e na sua expectativa, mas, ao contrario, veio levar a termo e realizar plenamente @S promessas feitas a Israel. O progresso da Pedagogia divina é evidente no caso da lei do taliao. Esta, prescrevendo “dente por dente, otho por olho...”, era uma forma pri- mitiva de garantir a justiga. A pessoa lesada nao “faria justic¢a com as pré- Prias mos", arbitrariamente, mas tinha o Padrdo indicado para se ressar- cir. No Novo Testamento persiste o taliéo, mas em termos Novos € nobres: 551 24 PERGUNTE E RESPONDEREMOS §22/2005 “Dai e vos sera dado. Sera derramada no vosso regago uma boa medida calcada, sacudida, transbordante, pois, com a medida com que medirdes, sereis medidos também vos” (Le 6, 38). 4. A Biblia, livro inspirado O ateu: “A inspiracdo da Biblia depende da ignorancia da pessoa que a lé. As mulheres ainda sentirao orguiho por jamais terem contribuido com uma linha sequer na redacao da Biblia. Quando se fhes pergunta se aceitam a evolugdo, 45% dos ameri- canos dizem que sim. A propor¢ao 6 de 70% na China. Quando o filme ‘Parque dos dinossauros’ foi exibido em tsrael, foi condenado por rabinos ortodoxos, porque propée a evolucao das espéci- es @ ensina que os dinossauros viveram centenas de milhdes de anos atras, quando toda cerim6nia de casamento judaica proclama que 0 uni- verso tem menos de 6.000 anos de existéncia. cristo: Notemos bem: inspiragao biblica nao é revelagao, nao comunica ao autor sagrado nogées novas, nao contidas na cultura do seu tempo. Consiste em que O Espirito Santo ilumine a mente do escritor para que, utilizando os conceitos que ele tem, escreva uma mensagem fiel ao pensamento de Deus ou uma mensagem divino-humana com fina- lidade religiosa e no profana. Isto significa que — a idade do mundo nao pode ser calculada a partir dos anos ou séculos de vida atripuidos aos Patriarcas em Gn 4. Esses séculos de vida nao tém valor aritmético, mas simbolizam venerabilidade, autorida- de, capacidade de manter e transmitir as tradigoes. ~ a Biblia tem seus géneros literarios {prosa, poesia, parabolas, apocalipses, midrachim ou histéria descrita sapiencialmente...). O leitor éconvidado a discernir esses géneros literarios a fim de no tomar ao pé da letra o que exige entendimento metaforico. Alem do mais, leve-se em conta que a cultura dos judeus pré-cristaos diferia da moderna em varios aspectos e deve ser reconhecida como tal. 5. A origem de Deus O ateu: “Deus existiu sempre? Que 6 sempre? Deus criou-se a Si proprio para depois comecar a criaro universo? Onde é que estava quando ‘se criou a si proprio? E como & que alguém se cria a si proprio? Do nada, passando do nada ao ser? Se o nada existiu, tudo que veio depois estava contido no nada. Mas se estava contido no nada, entao 0 nada nao exis- tia”. José Saramago, Playboy de Ouv/98. 552 ANTIGREVJA, UM “SITE” ATEU 25 questo esta mal colocada. Deus nao € criado. Criar a simesmo é ilégico, bois significa ter e ndo ter existéncia ao mesmo tempo. Deus € 0 Absoluto necessario para explicar o Conjunto de seres 6. Diversos 6.1. O ateu: “‘Dizer que um crente 6 mais feliz do que um cético 6 como dizer que um bébado 6 mais feliz que um sébrio”, O cristao: O interlocutor Compara 0 fie! a um embriagado... Isto sé Pode decorrer da falta de experiéncia do que é a vida de fé. Dizemos que ela 6 0 antegozo da vida celeste; 0 Deus que faz a felicidade dos justos NO céu 6 0 mesmo que o fiel encontra na terra. Feliz quem se abre gene- rosamente as suas inspiragées! . Verdade é que o comportamento do cristao Pode as vezes parecer 0 de um enlouquecido, Pois os critérios do fiel nao sao simplesmente os da razao, mas os da Cruz e do Sobrenatural. Diz Sao Paulo: “O que é loucura no mundo, Deus 0 escolheu para confundir os sabios” (1Cor 1, 27). “Os judeus pedem Sinais; os gregos andam em busca de sabedo- tia, Nos, porém, anunciamos Cristo crucificado, que para os judeus 6 escaéndalo e para os gentios & Joucura” (1Cor 4, 22s). 6.2. O ateu: “Se as pessoas sao boas sé por temerem o Castigo e almejarem uma recompensa, entéo realmente somos um grupo muito desprezivel”. Ocristado: A religiao do temor é religiao infantil. O fiel amadurecido ama a Deus porque Ele é 0 Sumo Bem e o Amor que nos amou por primeiro (cf. 1Jo 4, 19). E claro, porém, que servir a Deus é Nobilitar-se e auto-realizar-se, de modo que ndo é possivel uma vivéncia cristé que nado almeje também a Consumacao do individuo na santidade e na con- seqiente bem-aventuranga celeste. O amor a Deus foi tao forte em alguns Santos que julgaram poder dispensar o interesse pela recompensa eterna. E O que se exprime no seguinte soneto-orag3o atribuido a Santa Teresa de Avila: N&o me move, Senhor, para querer-te, O céu que me tens prometido. Nem me move o inferno t&o temido, Para deixar por isso de Ofender-Te. Tu me moves, Senhor, move-me o ver-Te Cravado nessa cruz e escarnecido. 553 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 26 Move-me ver teu corpo tao ferido. Move-me tua dor e tua morte. Move-me, enfim, teu Amor de tal maneira, Que, ndo havendo céu, eu Te amara E, nao havendo inferno, eu Te temera. Nada tens que me dar para que te queira, Porque, se 0 que ouso esperar, nao esperara, CO mesmo que Te quero, Te quizera. 6.3. O ateu: “As instituigdes religiosas Sé0 a cegueira do pensa- mento critico”. O cristdo: Distingamos sempre a auténtica Religido e as crend- ces institucionalizadas. A auténtica Religiao é inspirada por um ato da inteligéncia que re- conhece o Transcendental e o proclama. Muitos homens e€ mulheres de alto valor cultural aderiram e aderem a genuina Religiao, exercendo cri- fica construtiva onde seja pertinente; entre eles assinalam-se cientistas de renome internacional. Acrendice, porém, e a supersticao deturpam o conceito de Religiao. N&o poucos governantes e dirigentes se aproveitaram do fraco senso reli- gioso de muitos crentes para os ‘dominar em nome da propria religiao, 2) que se manifesta nos dizeres atribuidos ao Imperador Napoledo Bonaparte: “Religido 6 algo de excelente para manter as pessoas comuns qui- etas”. £m nossos dias pode-se mesmo dizer que a religiao tem sido 0 esteio (ou 0 pretenso esteio) para fomentar reivindicagdes em prol de uma sociedade mais justa e fraterna. Fazendo eco as palavras acima, temos 0s dizeres de Séneca, filé- sofo estoico falecido em 65 d.C.: "A religido 6 vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos inteligentes como falsa e pelos governantes como util”. A afirmagao so pode referir-se Areligiosidade mal instruida e defor- mada. A Religido é por sium fator que desenvolve as mais nobres quali- dades da pessoa humana. 6.4, O ateu: “Salmos da realidade e criamos perspectivas que nos levaram a imagem de Deus e de uma ‘alma humana imortal, concepgdes to fiteis e vazias quanto as da velha mitologia” (Silva Mello). O cristdo: Esta em jogo 0 conceito de ser humano; tera sido feito para se contentar apenas com os bens materiais, bens que seriam a 554 ANTIGREJA. UM “SITE” ATEU _27 resposta cabal aos seus anseios? Ou o ser humano existe para ultrapas- Sar constantemente a si mesmo (como dizia Pascal t 1662), chegando a atingir 0 Infinito? A segunda altemativa tem sido a dos homens de todos os tempos; a Religido (bem ou mal concebida) tem sido uma constante espontanea na historia dos homens. Até mesmo nos Paises sujeitos a regimes de ateismo militante, que procuraram erradicar 9 senso religioso da populagao, a teligiosidade tem tessurgido normalmente dos seus es- conderijos, como se pode fegistrar na Russia Soviética e nos seus Saté- lites. Dir-se-ia que os bens Materiais nao bastam Para preencher os anseios do homem (nem dinheiro, nem gléria, nem poder...). O Fabrican- te do homem colocou nele o seu sinete, que 6 um apelo ao Transcenden- te e Absoluto. O ser humano é inquieto enquanto nao se volta para o Infinito, que consciente ou inconscientemente o atrai, Muito importa que essa demanda do Infinito nao Seja desligada da raz4o para no cair nos devaneios da fantasia, como aconteceu no caso do interlocutor abaixo: “Através dos anos percebi que o deus pra quem eu rezava era o deus que eu inventei. Quando eu falava com ele, falava comigo mesmo. Ele no tinha conhecimento ou qualidades que eu nao tenho. Quando per- Cebi que deus era uma extens&o da minha imaginagao, parei de rezar pra ele”. Howard Kreisner, ancora do Programa “The American Atheist Hour’. CONCLUSAO Na verdade, verifica-se que muitos problemas religiosos so colo- cados sem fundamento ou em virtude de falsa informaga&o sobre o con- teudo da Religido. Em nossos dias torna-se imprescindivel que cada fiel saiba dar contas da sua esperanca (cf. 1Pd 3, 15) mediante o estudo aprofundado do Credo. Para tanto existem no somente o Catecismo, mas também o Compéndio do Catecismo da Igreja Catdlica', que assimse abre: CAPITULO PRIMEIRO O homem é “capaz” de Deus “Tu és grande, Senhor, e muito digno de louvor [...}. Tu nos fizeste para ti @ 0 nosso Coracdo n&o descansa enquanto n&o repousar em ti” (Santo Agostinho), 2. Por que ha no homem o desejo de Deus? O proprio Deus, ao criar o homem @ propria imagem, inscreveu no coragao dele o desejo de o ver. Ainda que esse desejo seja com freqiién- cia ignorado, Deus nao cessa de atrair 0 homem a si, para que viva e encontre nele aquela plenitude de verdade e de felicidade que procura sem descanso. Por natureza e Por vocagao, o homem é, portanto, um ser peveeeeesbenniniey ' Ver pp. 571-573 deste fasciculo. 555 28 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 teligioso, capaz de entrar em comunhao com Deus. Essa intima e vital ligagao com Deus confere ao homem a sua fundamental dignidade. 3. Como se pode conhecer a Deus apenas com a luz da razao? Partindo da criagdo, ou seja, do mundo e da pessoa humana, 0 ho- mem pode, simplesmente coma razo, conhecer comcerteza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita. 4. Basta apenas a luz da razdo para conhecer o mistério de Deus? Ohomem, ao conhecer a Deus apenas coma juz da razao, encon- tra muitas dificuldades. Além do mais, nao pode entrar sozinho na intimi- dade do mistério divino. Por isso, Deus quis ilumina-lo com a sua Reve- lago, nao somente sobre verdades que superam a compreensao huma- na, mas também sobre verdades religiosas e morais que, embora aces- siveis de per si a razao, podem ser assim conhecidas por todos sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro. 5. Como se pode falar de Deus? Pode-se falar de Deus a todos e com todos a partir das perfeig6es do homem e das outras criaturas, as quais s&o um reflexo, embora limita- do, da infinita perfeigao de Deus. E preciso, todavia, purificar continua- mente a nossa linguagem de tudo 0 que contem de imaginativo e de imperfeito, sabendo-se que nao se podera jamais exprimir plenamente o infinito mistério de Deus. Continuagao da p. 571 quer hesitar no tocante a autenticidade singular do Credo por ela profes- sado. Tais condigdes parecem ser de dificil realizagao. Pergunta-se entdo: se assim &, como se explica que a Igreja Caté- lica tenha parte no CONIC ou Conselho Nacional de Igrejas Cristas? Eis a resposta: a Igreja Catélica entrou no CONIC nao a titulo de quem pro- cura a Verdade (e isto deve ficar bem claro ao publico observador), mas atitulo de quem deseja dialogar no didlogo ecuménico. Este exige conta- to pessoal que dissipe preconceitos e abra caminhos que levem a unida- de almejada por Jesus (cf. Jo 17, 21s). O fato de que outras denomina- gées cristas participem da Campanha catélica da Fraternidade em cada Quaresma é um fruto positive da convivéncia do CONIC, que nao implica relativismo doutrindrio. Ecumenismo exige coragem para vencer precon- ceitos indevidos € cautela para nao cair no relativismo. Os cristdos de boa vontade dao passos necessarios para atingir a meta proposta pelo Senhor Jesus, mas 50 Ele pode dar eficdcia a esses esforgos. 556 Sim ou néo? EDUCAGAO SEXUAL: COMO PROCEDER? Em sintese: Frente a malogradas experiéncias de educagdo sexu- al nas escolas, deve-se notar que essa modalidade de educagao hd de comegar no far, por parte dos genitores: so estes os educadores por exceléncia nessa tarefa delicada que toca o intimo dos adolescentes em seu desenvolvimento fisico e psiquico. A escola continuaré essa tarefa de acordo com a orientagdo apregoada pela familia, respeitando sempre o grau de evolugdo dos educandos a fim de nao criar problemas prematuros. Educagéo sexual é a formagao do adolescente e do jovem para que aplique sua genitalidade de modo correto, segundo as leis da natu- feza, que sao as do Criador. As experiéncias realizadas em sala de aula para dezenas de educandos tém resultado em efeitos indesejados, como a gravidez prematura de muitas meninas e a libertinagem de adolescen- tes. Dai a conveniéncia de propormos validos principios que assegurem © éxito almejado pelos educadores. Que 6 educagao sexual? Educagao sexual é a formacaéo do adolescente e do jovem para que faga uso de sua genitalidade de maneira construtiva ou segundo as leis da natureza, que s4o as do Criador. Como diz 0 nome, educago sexual nao 6 mera instrugdo de biolo- gia ou anatomia, mas, além de incluir este Programa, implica também a transmissdo de uma escala de valores que coloque a sexualidade no seu lugar certo. Com efeito; a sexualidade vem a ser uma fungdo complexa e misteriosa, que se vai desenvolvendo aos poucos e tem repercussdo em toda a vida do educando. Disto se segue a necessidade de mostrar ao discipulo qual o papel que a sexualidade pode e deve desempenhar no seu futuro; torne-se ele consciente de que a sexualidade nao é um impe- fativo violento e cego, mas, ao contrario, ela deve harmonizar-se com outras tendéncias da pessoa humana para construir uma personalidade desabrochada e equilibrada, sem vicios nem dependéncias. Por conseguinte, educagdo sexual nao é simplesmente ensinar como utilizar preservativos, DIUe anticoncepcionais para se poder prati- Car “sexo livre e seguro” (o que, na verdade, ndo existe). Diga-se ao educando que o apetite sexual tem seu valor; é dado pela natureza para 557 30 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 522/2005 favorecer a reprodug3o da espécie humana, o prazer que Ihe esta anexo ndo é uma finalidade, mas um estimulo, que deve estar subordinado & finalidade primeira da cépula sexual, que é a fecundidade, quando a na- tureza é fecunda. Nos dias estéreis a copula sexual nao fere a natureza, pois esta mesma se fecha a fecundidade. 2. Quem deve ministrar a educagdo sexual? Ninguém melhor do que os genitores pode acompanhar o desabro- char e a paulatina evolugéo do instinto sexual dos adolescentes; nin- guém melhor do que eles sabe entender os questionamentos dos ado- lescentes. Por isto devern ser os primeiros educadores da sexualidade dos filhos. Muitos casais alegam nao ter competéncia para desempenhar tal tarefa; conseqdentemente entregam-na a escola, a0s amigos ou (talvez inconscientemente) aos “coleguinhas de rua” - 0 que facilmente redunda em desastres, pois em tais casos costuma haver informagao (por vezes. superficial e tendenciosa) e nao formagao. Atarefa dos genitores é inalienavel; faz parte de outra tarefa mais abrangente ainda que é transmitir a vida. Respondam com clareza as perguntas de seus filhos, pondo em relevo a pratica da castidade como elemento integrante de uma personalidade harmonizada. A escola cabe o papel de prolongar a educagao ministrada pelos pais. E para desejar que isto nao seja feito em sala de aula, onde ha alunos de diversos graus de amadurecimento, haja, antes, atendimento pessoal oferecido por profissionais respeitosos das leis da natureza, que sao as de Deus. 3. Educagdo ao pudor Um aspecto importante da educagao sexual € 0 da educagéo ao pudor. © pudor consiste em reconhecer o valor da intimidade de cada educando e respeitar a dignidade do préprio corpo. Quem n&o respeita o préprio corpo, dificilmente respeitara 0 corpo alheio. O pudor implica coi- bir 0 proprio corpo, de modo a significar que este nao é coisa ou objeto oferecido em partilha a todos os homens; 0 individuo, cobrindo o seu corpo, reserva-o para aquele (a) a quem ele quiser unir-se em amor. Este deve preceder 0 uso da sexualidade, pois € mais digno ainda e mais amplo do que a fungSo sexual. E na base destas ponderag6es que a moga se veste com recato e 0 rapaz pode pedir-Ihe que nao deixe de o fazer. Esteja claro que entregar o corpo sem dar amor é reduzir 0 corpo a coisa ou objeto a ser manipulado em troca de uma taxa de aluguel. 558 Debate candente: POR QUE NAO LEGALIZAR O ABORTO? Em sintese: O Dr. Hugo Hideo Kuni, pediatra, enumera diversas raz6es contra a legalidade do aborto. A sua voz tem @ autoridade de um profissional do assunto, que nao apela para motivos religiosos. O debate em torno do aborio no Brasil tem sido movido nao sO- mente em nome da religido e da contra-religiao. Também em nome da ciéncia e da razdo natural tem sido apresentados argumentos contra o aborto. © pediatra Dr. Hugo Hideo Kunii faz uma sintese de tais argu- mentos, que vo disseminados pela internet e que PR reproduz nas pagi- nas subseqiientes. RAZOES PARA NAO LEGALIZAR O ABORTO Hugo Hideo Kunii — médico pediatra 1) Raz6es cientificas: Desde a concepcao, o embrido J8 carrega todo o patrim6nio gené- tico que 0 caracteriza como um novo ser humano (cor dos olhos e da pele, tom de voz, tragos da personalidade, etc.). Pesquisas recentes evidenciaram a presenga de células com ativi- dade neural a partir do 14° dia de vida. Este dado é importante, pois significa um sistema nervoso formado, marco aceito universalmente como @ presenca de uma nova vida humana. Sabemos que, quando a mulher Se identifica como gestante, apds alguns dias de atraso menstrual, estes 14 dias j& foram ultrapassados. Com o advento do ultrassom 3D, desco- brimos que ja com 26 semanas de gestacao 0 feto sorri, chupa o dedo e boceja. Hé pouco tempo acreditava-se que ele s6 sorriria com um més de vida extra-uterina. 2) Raz6es éticas: Quando uma pessoa apresenta um disturbio psicolégico devido a dificuldades sociais ou econémicas e deseja tirar a sua propria vida, pro- curamos ajuda-la de alguma forma. Da mesma forma, quando a gestante se encontra frente a uma dificuldade em relagao a matemidade, cabe a sociedade dar-lhe apoio. 559 32 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 3) Razdes econémicas: Nos EUA, apés a legalizag4o do aborto, o numero de abortos pas- sou de 193.491, em 1970, a 1.430.000, em 1990, um aumento de 640%. © custo médio do aborto foi de US$ 350,00 a 450,00. Neste pais, onde existe um elevado indice de utilizagao de métodos contraceptivos, ve- mos 0 aborto sendo utilizado como um método anticoncepcional. Imagi- nemos 0 que ocorreria no Brasil, pois nao existe planejamento familiar e ha falta de recursos para as necessidades mais basicas de saude. Na India, estimava-se que o numero de abortos na década de 70 fosse de cerca de 3 milhdes anuais. Apds sua legalizagao, em poucos anos saltou para a extraordinaria marca de 7 milhdes anuais. Em todos os paises em que ele foi legalizado, houve um aumento expressivo do seu numero. 4) Raz6es demograficas: Os paises que legalizaram 0 aborto enfrentaram sérios problemas em relacSo 4 populagao jovem e economicamente ativa. Cuba, o Unico pais latino-americano em que o aborto @ legalizado, apresenta um baixissimo indice de natalidade (0,72 crianga por mulher), causando pre- ocupacao nas autoridades cubanas. Na Russia, estima-se que o nimero de abortos seja o dobro do numero de nascimentos, com um indice de 1,4 crianca por mulher. Recentemente, a BBC de Londres divulgou que as autoridades russas estao preocupadas, pois caso persista a atual situ- acao, em 2050 a populacao russa sera um tergo da atual. O mesmo ocor- te nos EUA, Japao, Coréia e varios paises da Europa, cada vez mais dependentes da mao de obra imigrante. Cabe ressaltar que a taxa de fertilidade para manuten¢ao da populagao é de 2,2 criangas por mulher e no Brasil esta taxa ja é de 2,5, segundo o Ultimo censo. 5) Razdes médicas: Em paises com o nosso perfil, nao ocorreu uma methora nas con- digdes em que sao realizados os abortos, e nao houve diminuigso do numero de abortos tlegais. Na India, onde o aborto é legalizado desde 1971, estima-se que dos cerca de 7 milhées de abortos anuais, somente 10% sejam realizados legalmente. Apesar da legalizag4o, o aborto ainda @ responsavel por 12% das mortes matemnas. Em Cuba, dados da ONU, em 1996, mostram que 60% dos abortos ainda sao ilegais. No Vietna, pela falta de recursos, mesmo os abortos legais sao realizados em con- dig6es desfavoraveis. Outro argumento utilizado pelos abortistas seria a alta taxa de mortalidade em abortos ilegais. Dados da Organiza¢ao Mun- dial da Saude, de 1995 a 2000, indicam um baixo indice de morte mater- na devido ao aborto ilegal na América Latina: cerca de 1 por 1.000 abor- tos, numero que deve diminuir com 0 uso crescente de medicagGes para induzi-lo. O aborto ilegal praticado hoje no Brasil é realizado principal- 560 POR QUE NAO LEGALIZAR 0 ABORTO? 33 mente como uso do misoprostol ou pilulas com altas dosagens hormonais, n&o ocorrendo as graves complicagbes infecciosas que sao a grande causa de morte apés a sua realizacdo. Sabemos que o aborto legal tam- bém comporta riscos como a perfuragéo uterina, perfuracdo intestinal, hemorragias, reagao a anestesia, infecgao, infertilidade, incompeténcia cervical uterina com abortamentos espontaneos e risco de prematuridade. 6) Razées psicolégicas: Tém-se dado atengdo a problemas Psicoldgicos apés o aborto in- duzido, especialmente depress. Um estudo em Campinas (1996), da UNICAMP, mostrou que de 103 mulheres que disseram ter pensado em abortar, 83% das que terminaram por nao fazer 0 aborto disseram ter-se sentido felizes, aliviadas e nao arrependidas da decisao. Por outro lado, quase metade das que abortaram referiu ter-se sentido mal emocional e/ ou fisicamente. 7) Raz6es politicas: Todos que estudam de alguma maneira o aborto, sabem do famo- so relatorio Kissinger, criado pelo entao secretario de Estado dos EUA, afirmando que o crescimento da Populagao de outros paises colocaria em tisco as reservas naturais existentes no mundo, necessarias para os EUA. Recomenda uma campanha agressiva para a tealizacao de esterilizacao, distribuigéo de anticoncepcionais e estimulo ao aborto nos paises do ter- Ceiro mundo. Vemos claramente uma intromissao em nossa soberania. 8) Raz6es do verdadeiro feminismo: Dizem que o aborto ilegal 6 responsavel por 10% das mortes ma- ternas na gestagao (dados n&o confirmados por alguma estatistica ofici- al). Mas sabemos que outras patologias nao diagnosticadas ou tratadas (90% das causas de morte relacionadas & gestacao), pela falta de um pré-natal e/ou por falta de formacao médica adequada, nao so priorida- de para 0 atual governo. Nao vemos alguma campanha pelo pré-natal, nem das que se intitulam “feministas”. INDICE GERAL DE PR 1957 4 2004 AS VEZES O LEITOR PROCURA DETERMINADO CONCEITO NAS CINCO CENTENAS DE FASCICULOS DE PR, PERDENDO TEM- PO ENORME NESSA BUSCA, QUE NAO RARO E MAL SUCEDIDA. A FIM DE EVITAR ESTE TRANSTORNO, FOI EFETUADO UM INDICE GERAL DE PR 1957-2004; ENCONTRA-SE NAS EDICOES “LUMEN CHRISTI” AO PRECO DE R$ 20,00 (0 VOLUME) MAIS A EVENTUAL TAXA DO CORREIO (R$ 8,00) 561 Em defesa da vida: A DEFESA DO NASCITURO E QUESTAO RELIGIOSA APENAS? A Dra. Claudia Léw, jurista de Porto Alegre, escreveu 0 seguinte artigo, em que mostra ser o combate ao aborto uma questao de direito natural, nao necessariamente ligada a Religiao. “O Editorial da Folha de Sdo Paulo do dia 31 de julho proximo pas- sado abordou quest4o que nao é nova, mas que vem ensejando acirra- dos debates nos diversos setores da sociedade. Mais precisamente, tra- tou da elaboragao, por uma comissao tripartite, de um anteprojeto de lei que visa a ampliar 0 rol de excludentes de criminalidade ja existentes no Cédigo Penal Brasileiro acerca do aborto. Em outras palavras, objetiva descriminalizar 0 aborto realizado até a 12° semana de gestacao e ainda aumentar 0 prazo para a interrupgao da gravidez nos dois casos permiti- dos por lei (estupro e risco de vida para a gestante). Tal intento encontra, porém, Obices de ordem constitucional e legal, como se vera a seguir: © Cédigo Penal Brasileiro no faz distingdo entre o évulo fe- cundado, o embriao ou 0 feto: interrompida a gravidez antes do ter- mo normal, ha o crime de aborto. Também 0 novo Cédigo Civil, em seu art. 2°, estabelece que a per- sonalidade civil da pessoa comeca com o nascimento com vida, mas a lei pde a salvo, desde a concepcao, os direitos do nascituro. E claro que © feto nao tem os mesmos direitos do j4 nascido. O menor também nao os tem, com relagéo ao maior de idade; mas dai a negar-Ihe 0 direito & vida é outra questao. No plano Constitucional, 0 art. 5°, “caput” garante a inviolabilidade do direito A vida, que € 0 mais fundamental de todos por ser a conditio sine qua non para o exercicio dos demais direitos. No dizer de José Afon- so da Silva, “é a fonte primaria de todos os outros direitos” {in Curso de Direito Constitucional Positivo, Ed. Malheiros, 19? ed.). Para a Constitui- 40 Federal Braslleira, 0 conceito de dignidade humana val além da idéia de integridade fisica, psiquica e moral do ser humano; ela é considerada como “fundamento da Republica’. Ainda, 0 Brasil é signatario da Convengao Americana sobre Direi- tos Humanos (Pacto de S40 José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969, o qual assegura, em seu art. 4°, 0 direito 4 vida desde o momento da concepgao. 562 A DEFESA DO NASCITURO E QUESTAO RELIGIOSA APENAS? 35 Como é de ver, o nascituro, que ja possui Capacidade juridica, é também revestido da dignidade humana, com a Protegao do sistema juri- dico constitucional e legal que Ihe assegura os mesmos direitos funda- mentais da mae. Dentro de uma linguagem juridica se pode dizer que a concep¢ao € 0 suporte fatico Para 0 fato juridico que se seguir, qual seja a aquisi¢éo da personalidade Juridica através do nascimento com vida, Nelson Hungria escreve: “Na €poca atual generalizou-se, entre os Povos civilizados, a incriminagao do aborto Provocado, seja qual for a fase de gestacao, nao tendo Passado de efémera e deploravel experién- cia, em alguns paises, da legislagdo permissiva de tal pratica” (comenta- tios ao Cédigo Penal, ed. Forense, 2° ed. vol V, pag. 262). A defesa do nascituro nao é uma questao religiosa, mas sim de direitos humanos. A afirmagao de que a vida comeca na concepco nao € dogma religioso, é algo que a esmagadora maioria dos manuais de embriologia e genética dao como questo indiscutivel. Citado pelo Ministro Néri da Silveira, no Parecer langado na Argiii- ¢40 de Descumprimento de Preceito Fundamental n° 54, proposta peran- te o Supremo Tribunal Federal, Diego Leén Rabago, in “La Bioética para el Derecho”, explica demonstrar a genética suficientemente que, desde o momento em que surge a vida o zigoto, ja ha um ser humano, iniciando- S€ 0 processo continuo do desenvolvimento, convertendo-se o zigato em Preembrigo, em embrido, em feto, em crianga, em jovem, em adulto e em velho, existindo uma identidade absoluta entre todas as etapas, pois tra- ta-se do mesmo ser Que passa por diversos estagios do desenvolvimen- to. Também Keith L. Moore, define o Zigoto como a célula resultante da fecundagdo de um évulo pelo espermatozdide e acrescenta que um zigoto € “o comego de um novo ser humano”. Ainda, a geneticista Eliane S. Azevédo, in “A biotética no século XX” refere que existe identidade gené- tica absoluta em todas as células somaticas do organismo humano e entre estas e a célula somatica inicial, 0 zigoto. Acrescenta que, nao obstante a grande freqiiéncia de multiplicagao celular experimentada por Nosso organismo desde o estagio unicelular pOs-fertilizagao até a morte Por extrema idade, 0 DNA de todas as Células permanece 0 mesmo. Conclui-se, Portanto, que a vida é algo dinamico que se transforma in- cessantemente sem, contudo, perder sua identidade. Em 1940, quando editado o Cédigo Penal Brasileiro, nao havia ° conhecimenta de embriologia que existe hoje. Por isso, para acompa- nhar 0 progresso, os casos de legalizagao do aborto deveriam ser res- tringidos, e n&o ampliados. Existem os que sustentam que somente passaria a existir vida no ventre materno no momento em que o cérebro do feto comecasse a emi- 583 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 22/2005 tir ondas cerebrais; esta linha de argumentagao parte do pressuposto de que a vida termina quando se encerra a atividade elétrica cerebral. Tal raciocinio nao se sustenta, pois o embrido possui capacidade e auto- suficiéncia para fazer iniciar, em dado momento, a atividade cerebral, 0 que é impossivel em um organismo sem vida, posto que nao pode tornar a viver por suas proprias forgas. Vale ressaltar que a Moral, a0 contrario do que muitos pensam, nao foi inventada pelo cristianismo. Existe uma percepgao comum sobre os principios fundamentais, que coincide mesmo nas culturas mais dis- tantes... € uma idéia quase instintiva do que é0 bem para o ser humano. Assim, ha que se ter cautela antes de se falar, como no Editorial em questao, em “defasadas disposicdes do Codigo Penal”, pois 0 que varia com 0 tempo sao 0 contexto onde se aplicam os principios e a sensibili- dade coletiva frente a alguns valores, os quais nunca desaparecem de todo, Hoje, por exemplo, ja nao se considera como um delito a sedugao, mas a pedofilia continua sendo um crime; os tempos mudaram, mas 0 principio € 0 mesmo: aproveitar-se da inocéncia do mais fraco. Outra questao importante a ser considerada é 0 fato de que a mai- oria das mulheres aborta porque estao sendo forgadas a isso pelos ho- mens. Legalizar o aborto € legitimar uma das piores formas de opressao da mulher. Ndo € por acaso que as primeiras feministas eram contra 0 aborto! Ainda, esta comprovado que 0 aborto provocado, mesmo feitoem clinicas especializadas, faz crescer a taxa de infertilidade e outras compli- cages na mulher, como por exemplo, a “sindrome pos-aborto” que onera 0 sistema de satide com a necessidade de tratamentos psicoldgicos. Por oportuno, finalizo citando trecho do mencionado Parecer, cujo tema versa sobre aborto de anencefalico, onde o Ministro Néri da Silveira, ao concluir, refere, com singular propriedade, o seguinte: «.,. Revestida a gestante do valor constitucional que se confere & maternidade, cumpre vé-la mais respeitada e admirada por seus concidadaos, porque soube amar até o fim e 6 somente pelo amor que se constréi e o ser humano pode realizar sua perfeigao e felicidade, e nunca pelos simples sentimen- fos de prazer, bem-estar, comodismo ou indiferenca a vida dos outros, a comegar pela dos mais proximos a nés, que so os filhos. Amaternidade, como valor também protegido constitucionalmente, enobrece a gestante; no a priva da liberdade, nem da invocada “autonomia da vontade", ambas exercitaveis sempre com respeito ao direito e dignidade dos demais, como é proprio da ordem democratica e do regime das liberdades”. Dra. Claudia Low 564 O direito a vida: “ABORTISTA”: PALAVRA PROIBIDA? A tal respeito o Dr. Olavo de Carvalho @screveu 0 artigo abaixo, Publicado no DIARIO DO COMERCIO de 22/08/05, A linguagem 6 vee- Mente, tencionando P6r em relevo o despropésito da Sentenga judiciaria. Absurdo monumental Olavo de Carvalho, de Washington DC Enquanto 0 povo inteiro se emociona com a mirabolante sucesso de escandalos do Mensalo, outros acontecimentos, mais discretos po- rém ainda mais reveladores da ruina moral e intelectual da Nagao, po- dem passar totalmente despercebidos. Escolhi este porque é, em si, um monumento ao desastre. Oleitor sabe que quem torce pelo Flamengo é flamenguista, quem vota no Maluf é malufista, quem se déi de amores por Luta é lulista, quem quer ver 0 comunismo implantado no mundo 6 comunista. Mas, segundo decisdo unanime da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do OF, quem defende a Pratica do aborto nio pode ser chamado de abortista. Ah, isso nao. O Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, do Pré-Vida de Anéapolis, GO, entidade que luta contra a legalizagao do aborto, foi condenado a Pagar R$ 4.250,00 de multa Por ter designado com esse termo uma not6- tia defensora (bem subsidiada pela fundagao MacArthur, 6 claro) do di- relto de matar bebés no ventre de suas maes, em quantidade ilimitada, a mero pedido das ditas cujas. Pior: 0 sacerdote foi informado Pela autori- dade judicial de que doravante deve abster-se de usar a Palavra proibida nao s6 ao falar da mencionada senhora, ou senhorita, mas de qualquer outra pessoa, por mais abor(CENSURADO)ista que seja. 565 3 PERGUNTE E RESPONDEREMOS §22/2005 goes de magistrados € se autopromoveram a legisladores, com O agra- vante de que usaram dessa inexistente prerrogativa para instaurar, pela primeira vez na Historia universal da jurisprudéncia, a proibigao de pala- yras (e logo de um termo banal do idioma, consagrado em dicionarios & em pelo menos 24 mil citagdes NO Google). Na segunda, terdo negado a um cidadao em particular 0 direito de livre expressao desfrutado por to- dos os demais, configurando 0 mais descarado episédio de discrimina- Gao pessoal ja registrado nos anais do hospicio judicial brasileiro. Num caso, usurpam a autoridade do Congresso & a usam para baixar uma lei digna da Rainha de Copas. Noutro, infringem a Constitui- ao que Ihes incumbe defender. Bem, uma ordem que tem dois significados possiveis, antag6nicos entre sie cada um absurdo em si mesmo, 6, com toda a evidéncia, uma ordem sem significado nenhum. Como obedecé-la, portanto? Obedecer a uma ordem € traduzir 0 seu significado em atos. Nao havendo significado, a obediéncia é impos- sivel. Ninguém pode se curvar a ela sem anular, no ato, oS principios constitucionais e legais que fundamentam a ‘autoridade mesma de quem a emitiu. Aos juizes da Turma Recursal cabe, portanto, a invengdo desta novidade juridica absoluta: a sentenga auto-anulatoria. Se pretendem seriamente que ela seja cumprida, portanto, os ma- gistrados brasileiros violam nao somente um dos principios fundamen- tais do Direito, que reza “ad impossibilia nemo tenetur” (ninguém € obri- gado a fazer o impossivel), mas também as leis da légica elementar, a ordem causal da a¢éo humana e, enfim, a estrutura inteira da realidade. Perto disso, aquele famoso prefeito de cidade do interior que mandou revogar a lei da gravidade foi um primor de modéstia, j& que suspendeu somente uma das leis da mecanica classica, deixando o resto da ordem universal em paz. O proprio Deus jamais sonhou remexer tao fundo os pilares do cosmos como 0 pretenderam os meritissimos, ja que anunciou desfazer no Juizo Final {Zo-somente o universo corporeo presentemente conhecido, conservando intactos 0 principio de identidade e os nexos de causa e efeito, sem o que nao poderia julgar os vivos e muito menos OS mortos. Sto. Tomas de Aquino ensinava que a onipoténcia divina nao tem limites externos, mas os tem internos: nao pode anular-se a si propria, decretando uma absurdidade intrinseca. Para os juizes da Turma Recursal, isso nao é obstaculo de maneira alguma. Se os leitores pensam que a comédia parou por ai, enganam-se. Uma sentenga que nao tem sentido ldgico requer interpretagéo psicolégi- 566 “ABORTISTA”: PALAVRA PROIBIDA: 39 Ca. Mas quando tentamos sondar a obscuridade mental de onde suas exceléncias extrairam © fruto patético de suas caraminholagées, defrontamo-nos com uma dificuldade insuperavel: ou esses juizes com- Preendem o sentido do que assinaram, ou ent3o assinaram a esmo, de Supetdo, num arrebatamento paroxistico que sd poderia alegar em defe- Sa prépria o atenuante da insanidade. No Primeiro caso, s30 um grupo. fevolucionario mistico-gndstico pelo menos tao perigoso quanto o de Jim Jones, empenhado eM Corrigir os erros do Todo-Poderoso mediante a supress&o da realidade. No segundo, estado absolutamente incapacita- dos para a funcao judicial ou alias para qualquer outra, sendo obrigagao da corregedoria remové-los imediatamente do cargo e devolvé-los aos Cuidados de suas Tespectivas maes, para que estas apliquem nos seus bumbuns os corretivos requeridos em casos de molecagem intoleravel, Incapaz de atinar com algum sentido t6, midade judicaria brasiliense, CO, que Os passaros voem Poderosa Cruz Vazada, por Pe, Nadir José Brun, — Edigées EST, Porto Alegre 2006, 85 Pp. O Pe. Nadir se esmerou em colecionar e publicar historietas Porta- doras de mensagem. - Cultiva assim uma forma de Catequese que mais facilmente atinge os que estdo afastados. Apresenta agora o décimo vo- Jume deste género literério. A leitura 6 agradavel e promissora de bons frutos. 567 Testamento de uma jovem: CARTA DE UMA JOVEM AOS JOVENS Vai, a seguir, publicada a carta-testamento de uma jovem vitima da fibertinagem, dirigindo-se 20S jovens tentados a cairna mesma frustragdo: CARTA ENDEREGADA AOS JOVENS Meu nome é Patricia, tenho 17 anos, & encontro-me no momento quase sem forcas, mas pedi para a enfermeira Dani, minha amiga, para escrever esta carta que esta enderegada aos jovens de todo 0 Brasil, antes que seja tarde demais. Eu era uma jovem “sarada”, criada em uma excelente familia de classe média alta de Florianépolis. Meu pai é Engenheiro Eletrénico de uma grande estatal, e procurou sempre para mim e para meus dois ir- m&os dar tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar. Aos 13 anos participei € ganhei um concurso para modelo e mane- quim para a Agéncia Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agéncia Elite em $0 Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza fisica, chamava a aten- a0 por onde passava. Estudava no melhor colégio de “Floripa”, Coracao de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana frequentava shopping, praias, cinema, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer @ pes- soas saradas, fisica e mentalmente. Porém, como a vida nos prega algumas pegas, © meu destino co- megou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos pata a OKTOBERFEST em Blume- nau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego. Em “Blu’, achei tudo legal, fizemos um esquenta no “Bude”, famo- so barzinho da Rua XV. Anoite fomos a*PROEB" eno “Pavilhao Galegao” tinha um “show maneiro” da Banda Cavalinho Branco. Aquela movimen- tagdo de gente era “trimaneira”. 568 CARTA DE UMAJOVEM AOS JOVENS 41 Eu tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da maméae o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bébada. Na quinta-feira, Primeiro dia de OKTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP, que sensacao legal, curti a noite inteira “doidona”, beijei uns 10 Carinhas, in- clusive minhas amigas colocavam 0 CHOPP numa mamadeira mistura- do com guaran Para enganar os “meganha’, porque menor nao podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e Os “Otario” n&o percebiam, La pelas 4h da manh, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcodlico, numa maca dos Bombeiros, Deram-me umas injegdes de glicose para methorar, Quando fui ao apartamento quase “vomitei as tripas”, mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabega horrivel, um mal-estar da- queles com tens&o “pregmestru”. No s&bado conhecemos uma galera de S. Paulo, que alugaram “apé” no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino. Bebi um pouco no sAbado, a festa nao estava legal, mas 1a petas 5:30h da manha fomos ao “apé" dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado “Cigarro de Maconha”, que me ofereceram, No comego resisti, mas chamaram a gente de “Catarina careta”, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma Sensa¢do esquisita, de baixo astral, mas no dia Seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais velho da turma, 0 “Marcos’, fazia carreirinho e chel- fava um pé branco que descobri ser cocaina. Ofereceram-me, mas nao tive coragem aquele dia. Retornamos a “Floripa” mas percebi que alguma coisa tinha muda- do, eu sentia a necessidade de buscar novas experiéncias; nao demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino “DRUES”. Aos poucos meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem Perceber eu ja 42 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 622/2005 Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaina misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaina com sangue ela ficava mais forte, tendo mais efelto, e aos poucos ndo compartilhava- mos a seringa e sim o sangue que cada um cedia para diluir o pd. No inicio a minha mesada cobria os meus custos com as maiditas, porque a galera repartia € 0 prego era acessivel. Comecei a comprar a “branca” a R$ 7,00 0 grama, mas nao demo- rou muito para conseguir somente a R$ 15,00, a boa de que eu precisava tomando no minimo 5 doses diarias. Saia na sexta-feira e retornava aos domingos com meus “novos amigos”. As vezes a gente conseguia 0 “extasy”, dangavamos nos “Points” a noite inteira e depois farra. O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perce- beram, mas no inicio eu disfargava e dizia que eles no tinnam nada a ver com a minha vida. Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas. Aos poucos 0 dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessario para con- seguir dinheiro. Aos poucos toda a minha familia foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clinicas de Recuperagao. Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter 0 quadro. Quando eu saia da Clinica, agientava alguns dias, mas logo esta- va me picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos € familia. Em dezembro de 1997 a minha sentenga de morte foi decretada; descobri que havia contraido o virus da AIDS, nao sei se me picando, ou através de relagées sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o virus a um montao de gente, porque os ho- mens pagavam mais para transar sem camisinha. 570 CARTA DE UMA JOVEM AOS JOVENS 43 Aos poucos os meus valores que sé agora reconhego foram aca- bando: familia, amigos, pais, religiao, Deus, até Deus, tudo me parecia tidiculo. Papai e mamée fizeram tudo, Por isso nunca vou deixar de amé-los. Eles me deram o bem mais Precioso que é a vida e eu 0 joguei pelo ralo. Estou internada, com 24kg, horrivel, nado quero receber visitas por- que no podem me ver assim, nao sei até quando sobrevivo, mas no fundo do cora¢ao pego aos jovens nao entrem nessa viagem maluca... Vocé com certeza vai se rrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais, Obs. Patricia encontrava-se internada no Hospital Universitario de Florianopolis e descreve a enfermeira Danelise, que Patricia veio a fale- Cer 14 horas mais tarde, de Parada cardiaca respiratoria em conseqién- cia da AIDS. Bom dia, a todos, e muita paz. Que Deus ilumine todas @S pessoas, para que nunca entrem nessa viagem sem volta, —___ O CATOLICISMO E AS DEMAIS. DENOMINAGOES CRISTAS Por ocasido dos Encontros ecuménicos de cristaos, Pergunta-se: Por que a Igreja Catdlica nao Se filiou ao Consetho Mundial de Igrejas? — Arespostaéa seguinte: O Conselho Mundial de Igrejas reine denomina- ges que romperam a SUCESSAO apostélica, ao Passo que a Igreja Caté- lica a conservou incélume através dos seus vinte séculos de existéncia. Essa diferenga é muito importante e justifica a nao adesao. Com efeito; existe a garantia da fidelidade ao Patriménio da fé e da Moral, apregoa- dos por Cristo; Ele mesmo, Sacramentalmente presente 4 sua Igreja, Ihe assegura a indefectibilidade. A Igreja Catdlica, por isto, tem consciéncia de ser portadora da correta interpretagao do Evangelho. E isto... nao por- que tenha mestres mais iluminados, mas Porque 0 Senhor Jesus a quer assim beneficiar. Podera um dia a Igreja Catélica filiar-se ao Conselho Mundial de Igrejas? — Esta hipdtese nao 6 absurda, mas, em caso Positivo, deveria ficar bem claro que a Igreja nao quer professar relativismo religioso nem Continua na p. 556 5871 Completo e preciso: “COMPENDIO DA DOUTRINA SOGIAL DA IGREJA” Em sintese: O Pontificio Conselho “Justiga e Paz’, publicou uma sintese de quanto a Igreja tem dito a respeito das questées sociais que a humanidade vem enfrentando, E obra exaustiva, que servira tanto a cat- ficos quanto a nao catdlicos. Aquisa de amostragem, as paginas subse- qdentes propsem o pensamento da Igreja no tocante a presenga de ima- gens refigiosas nas repartices publicas. © Pontificio Conselho “Justiga e Paz” publicou uma sintese do pen- samento da Igreja referente & questa social e proposto em sucessivos. documentos dos Papas desde Ledo XIII (t 1903) ou mesmo anteriores a este Pontifice. Tal compéndio tem abrangéncia exaustiva, aborda as tematicas da pessoa humana, da familia, dos trabalhadores, da comuni- dade civil, da paz, da solidariedade...; alguns indices acompanham a parte doutrinaria da obra. facilitando encontrar as questées que interessem ao estudioso. Para dar mais nitida nogao do que seja tal obra, consideraremos, a seguir, as paginas referentes 20 telacionamento entre Igreja & Estado, visto que o problema se coloca no Brasil de nossos dias, quando algu- mas autoridades civis pleitelam a retirada de imagens e simbolos teligio- sos das repartig6es publicas. Igreja e Estado Referindo-se a paises em que 0 Estado é leigo ou sem religido oficial, diz o texto: “Em consideragdo dos seus lames historicos e culturais com deter- minada nacao, uma comunidade religiosa pode receber especial reco- nhecimento por parte do Estado, mas tal reconhecimento juridico ndo deve de modo aigum gerar uma discriminagéo de ordem civil ou social para outros grupos religiosos” (pp. 237s). No Brasil a Igreja Catdlica tem esses especiais lagos culturais com a populagéo, de modo que é conveniente ao Estado conceder & Igreja particular espago para suas atividades pastorais, inclusive para coloca- go de simbolos catélicos nos lugares que 0 povo freqiienta. Isto, porém, sem prejudicar os direitos civis dos cidadaos nao catdlicos. 572 “COMPENDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREY, 45 Leve-se em conta outrossim que o Estado leigo democratico nao é um Estado ateu; na verdade ele Ndo oficializa algum Credo, mas nao é Como se compreende, nos paises em que a grande maioria da Populacao € mucgulmana, os Papéis s&o invertidos, todavia sem gerar discriminagao que prejudique os cidadados Catélicos e sua liberdade teli- giosa. Assim nos paises drabes @ africanos em que a Populagao é quase Logo a seguir, 0 texto trata de a) Autonomia e independéncia A lgrefa e a comunidade Politica, embora exprimindo-se ambas com estruturas organizativas visiveis, sao de natureza diverso, quer pela sua Configuracao, quer pela finalidade que perseguem. O Concilio Vaticano II reafirmou solenemente: “Cada uma em seu Préprio campo, a comunida- de politica e a Igreja sao independentes e auténomas”. A Igreja organiza- se com formas aptas a satisfazer as exigéncias espirituais dos seus fiéis, 80 passo que as diversas comunidades politicas geram relacées e insti- tuig6es ao servico de tudo o que se compreende no bem comum tempo- fal. A autonomia e a independéncia das duas realidades mostram-se cla- famente, sobretudo na ordem dos fins, O dever de respeitar a liberdade religiosa impée a comunidade politica garantir a Igreja o espaco de aco necessario. A Igreja, por outro lado, nao tem um campo de competéncia especifica no que respeita a estrutura da comunidade politica: “A Igreja tespeita a /egitima autonomia da ordem democratica, mas nao € sua atribuicgo manifestar Preferéncia larefa da Igreja entrar no Mérito dos programas Politicos, a nao ser por eventuais conseqiéncias religiosas ou morais. b) Colaboragao A autonomia reciproca da Igreja e da comunidade politica nao com- Porta uma separacéo tal que exclua a colaboragao enire elas: ambas, embora a titulos diferentes, estao a0 servico da voca¢ao pessoal e social dos préprios homens. A Igreja e a comunidade Politica, com efeito, se exprimem em formas organizativas que néo estdo ao servigo delas pr6- Prias, mas ao servico do homem, Para consentir-Ihe © pleno exercicio dos seus direitos, inerentes & sua identidade de cidadao e de cristo, ¢ 873 46 PERGUNTE E RESPONDEREMOS. §22/2005 um correto cumprimento dos correspondentes deveres. A Igreja e a co- munidade politica podem executar “tanto mais eficazmente..., pata o bem de todos, este servigo, quanto melhor cultivarem entre si a sa coopera- Gao, consideradas também as circunstancias dos tempos € lugares”. A Igreja tem o direito ao reconhecimento juridico da propria identi- dade. Precisamente porque a sua missao abraga toda a realidade huma- na, a lgreja, sentindo-se “verdadeiramente solidaria como género huma- no e com sua historia”, reivindica a liberdade de exprimiro seu juizo mo- ral sobre tal realidade, todas as vezes que a defesa dos direitos funda- mentais da pessoa ou da salvagao das almas assim o exigirem. Algreja, portanto, pede: liberdade de expressdo, de ensino, de evan- gelizagao; liberdade de manifestar 0 culto em pulblico; fiberdade de organi- zar-se e ter reguiamentos internos proprios; liberdade de escolha, de edu- cagao, de nomeagao € transferéncia dos proprios ministros; liberdade de construir edificios religiosos; liberdade de adquirir e de possuir bens ade- quados & propria atividade; liberdade de associar-se para fins nao s6 religi- ‘sos, mas também educativos, culturais, sanitarios e caritativos. Para prevenir ou apaziguar oS possiveis conflitos entre a Igreja e a comunidade politica, a experiéncia juridica da Igreja e do Estado tem delineado formas estéveis de acordos e instrumentos aptos 2 garantir relagées harmoniosas. Tal experiéncia 6 um ponto de referéncia essenci- al para todos os casos em que 0 Estado tenha a pretensdo de invadir 0 campo de acdo da Igreja, criando obst&culos para a sua livre atividade, até mesmo perseguindo-a abertamente ou, vice-versa, nos casos em que organizagées eclesiais no ajam corretamente em relagdo ao Estado. Nota complementar: O Presidente Lula escreveu uma carta & Conferéncia dos Bispos do Brasil em que promete respeitar a vida huma- na, seguindo os ensinamentos cristZos recebidos de sua mae. — Aim- prensa criticou 0 Presidente por violar o carater leigo da Constituigao do Brasil, apelando para principios do Cristianismo. Sem querer entrar em politica partidaria, cumpre dizer que defen- der a vida humana desde a conceigao no seio materno nao é dever dos cidadaos religiosos apenas, mas compete a todo ser humano, pois cons- titui um ditame da lei natural gravada no intimo de toda criatura humana; ver pp. 562-564 deste fasciculo. Allas as reivindicagées da Igreja no to- cante a vida e a sexualidade nao se devem tao somente a leis religiosas, mas $40 inspiradas pela lei natural, que éamesma em todos os homens. A Igreja, em tais casos, Se faz defensora do proprio homem contra cor- rentes que desfiguram a dignidade da pessoa humana. Estévao Bettencourt 0.S.B. 574 Pergunte Responderemos Indice Geral de 2005 50 PERGUNTE E RESPONDEREMOS §22/2005 {Os niimeros @ direita indicam, re iNDICE spectivamente, faseiculo, ano de edigao © pagina) A “A DIFAMAGAQ DE PIO XII" por Ralph Mcinerny ~~ 521/2005, p. 509 “@ LUZ DO ALEM’ por Dr.Raymond Moody Jf 0 5822/2005, p. 533 “A TEOLOGIA CATOLICA NA FORMACAO DA SOCIEDADE ‘COLONIAL BRASILEIRA” por Riolando Azz ... 51712005, p. 305 “A VERDADE POR TRAS DO CODIGO DA VINCI: por Richard Abanes ......0» on - 17/2005, p. 325 ABANES, RICHARD: “A verdade por tras de ‘O cODIGO DA VINCI'® 0. - 517/205, p. 325 ABINADER, FLORIANO: OS APOCRIFOS: “.517/2005, p. 290 “ABORTISTA™ PALAVRA PROIBIDA? 52/2006, p. 565 ABORTO: CARTA DE UM BEBE A SUA M. ene 11/2005, p. 19 COMO SE PRATICA Ives Gandra Silva Martins 511/2005, p. 19 DEFESA DO NASCITURNO E QUESTAO RELIGIOSA APENAS? Dra Claudia Low . 5622/2005, p. 562 DOCUMENTARIO ANENCEFALIA 514/2008, p. 180 MENTIRAS E VERDADES SOBRE 520/2005, p. 438 POR ESTUPRO Decreto de César Mai 16/2005, p. 268 POR QUE NAO LEGALIZAR? Huge Hideo Kunil....., 522/206, p. 559 SAUDE REPRODUTIVA (REPRODUCTIVE HEALTH) ..520/2005, p. 480 SINDROME POS-ABORTO . 19/2008, p. 409 ACUPUNTURA: que 6? 0... 611/2005, p. 22 AGOSTINHO, SANTO: “Carta a Probe’ 511/2005, p. 2 ‘ALDAZABAL, JOSE: “Gestos e simbolos’ ......- _ 20/2008, p. 472 ALEGRIA DO CRISTAO “NOSSA CULPA” por Marcos Tavares 17/2005, p. 312 (ALMA HUMANA : Embrides congelados tem ama humana? .........515/2005, p. 230 ‘ALMEIDA, D. LUCIANO MENDES DE: Prefeito manda retirar imagens teligiosas ...... soornnseee 16/2008, p. 270 ANALISE DA INTELIGENCIA DE CRISTO: por Augusto Cury .......511/2005, p. 45 ANENCEFALO, DIGNIDADE DO ; 12/2005, p. 88 DOCUMENTARIO .514/2005, p. 180 ANGLICANISMO: IRMAOS SE APROXIMAM 18/2008, p. 367 ANGLICANOS & CATOLICOS CONCORDAM ENTRE SI 621/200, p. 482 “ANJOS E DEMONIOS" por Dan Brown .. 7612/2005, p. 83 ANTIGREJA. UM SITE ATEU..... So 22/2005, p. 548 |ANTI-SEMITISMO NA EPOCA COLONIAL 517/2005, p. “a0S ORFAOS DA IGREJA" FATIMA: ‘com por Leonardo Boft. APARIGOES DE NOSSA SENHORA: Posigdo da lgreja “Q derradeiro combate do Demiénic’ pilado pelo Pe. Paul Kramer... 518/2005, p. 378 578 INDICE GERAL 51 APOCRIFOS; Fielmente transmitidos os textos dos Evangelhos ? 51 7/2008, p. 280 ARAUJO, HIRON: “Camaval, seis milénios de Historia” . . §20/2005, p. 456 “ARREBATADO AO TERCEIRO CEU" (2Cor 12,2)... - 511/2005, p. 48 “AS CONTAS SECRETAS DA IGREJA UNIVERSAL” (Isto 6) oo... 18/2005, p. 371 ATLANTIDA, CIENTISTAA DESCOBRIU? pee saeccoee 515/200, p. 205 -- 517/208, p. 334 ho! os . es AZZI, RIOLANDO: “A Teologia Catélica na magao da ‘sociedade colonial brasileira’ --- §17/2005, p. 305 BALDUCCI, SJ, CONRADO: “O DIABO VIVO E ATUANTE NO INDO”... Mur ip ragtegss -- 519/2005, p, BEATO MARIANO DE LA MATA APARICIO: Um Milagre no il $21/2005, p. BEM-AVENTURADO IMPERADOR CARLOS DAASTRIA ., BENTO XVI: COMPENDIO DO CATECISMO DA IGREJA. 521/208, p. 506 BIBLIA:APOCRIFOS: Fielmente {ransmitidos os textos dos Evangelhos? (O Globo) . = . 517/2005, p, 290 ‘ARREBATADO AO TERCEIRO CEU" (2Cor 12.3 - 5191/2005, p. 48 COMO FOI FORMADO O CANON BIELICO? .” “NAO SABEMOS O QUE DEVEMOS PEDIR® (Rm 8,26; RECENSEAMENTO DE LC 2,1-5 (VEJA). : UMA TRADUCAO IRREVERENTE BIOETICA: CELULAS-TRONCO MORTE CEREBRAL . BOFF, LEONARDO: “Aos érfaos da Igreja s “S80 José: a personificagao do Par BROWN, DAN: “Anjos e Demonios” BLESSMAN, J.: “Sés no universo?" BURSTEIN, DAN: *Os Segredos do Codigo" - 51172005, p. 28 . 511/2005, p, 2 -518/2005, p 194 515/205, p. 231 516/205, p. 273 516/2005, p. 273 518/2005, p. 350 c CANON BIBLICO: como foi formado? .... saints CANTICOS PROTESTANTES EM CELEBRAGOES CATOLICAS *CASAMENTO" DE RONALDINHO ......__ CASAMENTOS MISTOS Que dizer? “CARNAVAL, SEIS MILENIOS DE HIS: “CARTA A PROBA": Santo Agostinho, DE JESUS. - DE UMA JOVEM AOS JOVENS CATOLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR (COD) Guem GATOLICISMO E DEMAIS DENOMINAGOES CRISTAS CATOLICOSE ANGLICANOS CONCORDAM ENTRE Si MORAL SEXUAL Inquérilo........ 579 §2 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 622/2005 CEJAS, JOSE MIGUEL: “Os Santos, pedras de escandalo CELIBATO: SIM OU NAO?....... CELULAS TRONCO, VERDADEIRAS E F/ Claudia Batista ....... CEU, ARREBATADO AO TERCEIRO’ (2Cor 12,2) CIENCIA E DEUS Incompativeis? .... & PARA O HOMEM OU CONTRAO HOMEM ? Dra. Eliane Azevedo . CIENTISTA DESCOBRIU A ATLANTIDA? (Jornal do Brasi}) CODIGO DA VINCt: * A verdade por tras do: por Richard Aba *Os Segredos do Codigo” por Dan Burstein Pe. Zezinho comenta. COELHO, MANOEL J.: AUniverso em desencanto’ =COMPENDIODA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA” (Pontificio Conselho “Justiga & Pa2")......---. §22/2008, p. 572 DO CATECISMO DAIGREJA......--. 5241/2008, p. 505 CONGILIO VATICANO Il Rejeitado por Homero Johas .... 138 13/2005, p. 113 514/2005, p. 176 515/205, p. 216 516/2005, p. 273 “11/2005, p. 48 515/2005, p. 239 517/2008, p. 331 5 15/2005, p. 205 517/2008, p. 325 . 13/2005, p, 136 . 613/2005, p. 133 .521/2006, p. 515 CONFISSAO DOS PECADOS Somente a Deus? ... 88 SACRAMENTAL, CONVERSANDO SOBRE A . 316 CONGREGAGAO PROTESTANTE SE CONVERTE AO CATOLICISMO . 274 CONGRESSO INTER-RELIGIOSO ...... 3 CONSGIENCIA AMPUTADA. RELIGIAO OPIO DO POVO 4 ECIENCIA . 334 CONVERSAO AO CATOLIC! (erina do Amarron glacé”...511/2005, p. 12 CONGREGAGAO PROTESTANT 5416/2006, p. 274 CONVERSOES, GRANDES: «s.r scs secon sec 18/2005, p. 370 GREDIBILIDADE DA IGREJA SE MANTEM NAAMERICALATINA ... 518/2008, p. 363 CRIAGAO OU EVOLUGAO NA ESCOLA PUBLICA? 5412/2005, p. 50 CRISTAO E MAGON?.... 19/2005, p. 413 CRITERIOS PARA QUE ALGUEM POSSA SANTO PELAIGREJA 13/2005, p. 128 520/205, p. 461 51/2005, p. 45 CURSO EM MILAGRES..... CURY, AUGUSTO: “Analise D DARWIN, CHARLES ROBERT. Quem foi? .... 389 DAWKINS, RICHARD: “O DEVOTO DE DARWIN" (Veja! . 386 “DECODIFICANDO DA VINCI” por Amy Welborn Pp. 158 DECRETO DE CESAR MAIA: Aborto por estupro 516/205, p. 268 DEFESA DO NASCITURO E QUESTAO RELIGIOSAAPE! Dra Claudia Low 522/2005, p. 562 518/2005, p. 354 515/205, p. 239 518/2005, p. 356 “512/200, p. 68 DEUS BASTA: TERESA DE JESUS EA CIENCIA Incompativeis NAOFALTA ve EXPULSAO DE Por que as torres de Nova 580 INDICE GERAL 53 ONDE ESTAVA DEUS? Flagelo tsuna ai 515/2005, p. 225 RA . i 3 QUEIXAS CONTI DEZ REAIS DE PLASTI Iho da Besta 521/205, p. 511 DIGNITATIS HUMANAE Declaragao em debat 516/205, p, 253 DIREITO DA PRIMEIRA NOITE. . 515/205, p. 234 OIVINA PROVIDENCIA E O MAL. 21/2005, p. 512 DIZIMOS: QUE SAo? - 514/2006, p. 165 DOACAO DE ORGAOS sai 511/205, p. 34 DOCUMENTOS FoNTIFiciOs Nomenciatura 12/2005, p. 91 ORAPS, OLIVIER: 0 SEGREDO MAGONICO. 519/2005, p. 413 DROGAS, Carta de uma Jovem aos jovens.._. 522/2005, p. 568 E ECUMENISMO: IRMAOS SE APROXIMAM » p. 367 RELIGIAO SALVA? Pp. 364 EDUCAGAO SEXUAL: COMO PROCEDER. a 522/205, p. 557 E LIMITACAO DA NATALIDADE 511/200, p. 36 “ELES VOLTARAM DA MORTE" (Superinteressante) 522/205, p, 530 EMBRIOES CONGELADOS, TEM ALMA HUMANA? .. §15/2005, p. 230 ESCOLA PUBLICA. CRIACAO OU EVOLUGAO? 512/205, p. 50 ESCRAVATURA NA EPOCA COLONIAL. - 517/2065, p. 305 ESCRITURA E TRADICAO ..... . - 12/2005, p. 56 “EU NAO GOSTAVA DE JOAO PAULO ||" Arnaldo Jaber - 517/2095, p. 294 “EU TE DIGO, HOJE ESTARAS COMIGO NO. PARAISO" (Lc 23,43) Fé sem obras? +--+ 522/2005, p. 544 EUCARISTIA, MILAGRE DE LANCIANO .. 521/2005, p. 500 EUTANASIA TAMBEM PARA CRIANCAS.. 512/2005, p. 76 EVANGELHOS: FIELMENTE TRANSMITIDOS? 517/2008, p. 290 EVOLUCIONISMO E CRIAGIONISMO .... 512/2005, p, 52 EXORCISMO E POSSESSAO DIABOLICA ‘ 519/2005, p. 426 RITUAL DE, E OUTRAS SUPLIGAS 521/205, p. 502 F FATIMA:*O derradeiro combate do deménio” compitado pelo Pe. Paul Kramer ......., 18/2005, p. 378 SANTUARIO PARA TODAS AS RELIGIOES? 512/2005, p. 73 FAUSTINA, IRMA: DIARIO DE... oo 511/206, p. 16 FEE CIENCIA “ANOS E DEMONIOS" Por Dan Brown 512/205, p. 83 FE SEM CREDENCIAIS (Via internet Voseccnetssernsentecec - §13/2008, p. 132 OBRAS?: “Eu te digo, hoje estaras comigo no Paraiso” (Lc 23,43) .. 522/2005, p. 541 FEDELLI, SR, ORLANDO: Site Monford 520/2005, p. 466 FEMINISTA, ORGANIZACAO (CDD) Que eo 51912008, p. 394 FERREIRA, ALICE TEIXEIRA: Células Tronco, verdadeitas @ falsas esperancas ...... 15/2005, p. 216 581 FIDELIDADE AO PAPA Instrugao pastoral FILHO PREFERIDO Autor desconhecide .. (5141/2005, p. 47 6 17/2008, p. 333 520/206, p. 472 12/2005, p. 76 “519/2005, p. 420 5412/2005, p. 69 512/205, p. 60 51/2005, p. 40 515/2005, p. 200 GAROTAJUDIAE SEMINARISTA POLONES *GESTOS E SIMBOLOS' por José Aldazabal GIGLI, GIAN LUIG Eutanasia para criangas. Declaragao GIORDANO BRUNO E INGUISIGAO ... ee GRAHAM, ANNE: Por que as torres de Nova York cis QGRANDE IGREJA, GRANDES NEGOCIOS” (Eclesia) GUARDASUICA, A: Origem e Constiluigao GUEIRUGA, ANDRES TORRES: “Repensar a Ressurreigo” GUERRA, MONS. LUCIANO: Fatima, Santuario par todas as religi6es? ........ 512/205, p. 73 dave 512/2005, p. 94 GULA, CINCO MODALIDADES ....--:----2 HAIGHT, ROGER, S.J.: “Jesus, simbolo de Deus” HALLOWEEN, FESTA DOS. Licita aos catélicos? HENSON, JOHN: “Boa como se fosse nova’ HISTORIA DE ANOUK, A Monika Jaquie! HITLER QUERIA SEQUESTRAR PIO XI HOMOSSEXUAL, RESPOSTAAUM AMIGO ... 16/2005, p. 280 512/2005, p. 90 15/2005, p. 231 512/205, p. 92 515/205, p. 233 517/205, p. 336 IGREJA CATOLICA: A INSTITUIGAO MAIS CONFIAVEL .. 6418/2005, p. 373 GONSERVADORAE PROGRESSISTA . 269 CREDIBILIDADE SE MANTEM NAAMERICALATINA.. 18/2005, p. 363 DOUTRINA DO VATICANO il SOBRE.A 20/2008, p. 466 E ESTADO: “COMPENDIO DA DOUTRINA SOCIA IGREJA" (Poniificio Conselho "Justia e Paz")... 522/205, p. 572 UNIVERSAL: EGRESSO DA: Depoimento 513/2005, p. 129 5516/2005, p. 371 “AS CONTAS SECRETAS DA’ (Isto €).. QUE REINO E ESTE? Pr. Joao Flavio Martinez e Pr. Afonso Martins... 520/208, p. 443 ... 516/2005, p. 270 IMAGENS RELIGIOSAS, PREFEITO MANDA RETIRAR ...... IMPERADOR CARLOS DAAUSTRIA, BEM-AVENTURADO ... INQUISIGAO E GIORDANO BRUNO .... INSTRUGAO PASTORAL: D. Fermando Aréas Rifan 434 582 INDICE GERAL ERA J YABOR, ARNALDO; “Eu nao gostava de Joao Paulo II"... 517/208, p. 294 JAQUIER, MONIKA. A Histéria de Anouk. srocusinttennn, 512/205, p, 92 JESUS SABIA QUE ERA DEUS?.......... ... 515/2008, p. 236 . SIMBOLO DE DEUS" por Roger Haight, SJ. 516/2005, p. 280 JOANA, “PAPISA” (Persona) .... se see 519/2005, p. 400 JOAO PAULO I A garota judia e 0 seminarista poionée 517/200, p. 333 Fala o protestantismo francés. wes ---. 5168/2005, p. 343, “Meméria e identidade, Coléquios na transigao do milénio” p. 478 Mendigo que ouviu a confissao de... 224 Obras caritativas em 2004... : 18/2005, p. 338 “Permanece conosco, Senhor”. 513/2005, p. 98 Testemunho de um ateu 517/208, p. 294 Um Papa na Sinagoga 518/2008, p. 346 Um testemunho de vid: - 518/2005, p. 344 JOHAS, HOMERO: "O Concilio da Aposta: 513/205, p. 138 JUROS: SAO LiCITOS?.... . - 520/2005, p. 451 SIM OU NAO?.......... .. §14/2005, p. 146 K KRAMER, PE, PAUL: “O derradeiro combate do Deménio” . 378 KUNI, HUGO HIDEO; Por que nio legalizar o aborto? .. . 52/2008, p. 559 L LEAO JUNIOR, PAULO SILVEIRA MARTINS: Céiulas Tronco....... 515/200, p. LEMBRE-SE Gratidao a Deus - sere 518/2005, p. LIBERDADE RELIGIOSA E INI 516/2005, p. LIMITAGAO DA NATALIDADE 511/2005, p. UNOL!, EDOARDO: 0 Milagre Eucaristico de Lanciano 21/2005, p LOPES, ADRIANA DIAS Ritual de Exorcismo e outras suplicas 5241/2008, p. LOW, DRA CLAUDIA: Defesa do nasciturno é questo religiosa apenas?.............. 52/2005, p. “LUTERO" NO CINEMA |... i 4 - 516/205, p. RICARDO GARCIA VILLOSLADA 3516/2005, p. UM PERFIL OBJETIVO... 16/2005, p. MACONARIA: SEGREDO ... MACUMBA PEGA? .. 519/208, p. 517/2008, p. 583 216 366 253 36 500 502 562 242 246 246 413 323 56 PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 622/2005 MAIA, CESAR. DECRETO: Aborto por estupro.. 516/206, p. 268 MALE ADIVINA PROVIDENCIA MANE NOBISCUM, DOMINE” por Joao Paul MANIPULAGAO DA LINGUAGEM: Que é: MAO TSE TUNG BATIZADO .. MARIA SANTISSIMA: Anglicanos e Catélicos concordam entre si 52/2005, p. 482 MARTINEZ, J. FLAVIO E AFONSO MARTINS: Que reino ¢ este? .. 520/205, p. 443 MARTINS, IVES GANDRA SILVA: Como se pratica um aborto......611/2005, p. 18 MCINERNY, RALPH : “A difamagao de Pio XII" . ee 52112005, p. 509 “MEMORIA E IDENTIDADE. COLOQUIOS NA TRANSIGAO MILENIO” por Joao Paulo I MENDIGO QUE OUVIU A CONFISSAO DO PAPA ... MENINA DO “MARRON GLACE” Conversao ao catolicismo “MENSALAO, EMBARRIGAR, DESENCRAVAR UMA UNHA" 20/2005, p. 478 5168/2005, p. 224 5114/2005, p. 12 519/200, p. 390 MILAGRE: E possivel? ... seopeens . 5504/2004, p. 280 EUCARISTICO DE LANCIANO . 521/2005, p. 500 NO BRASIL: Beato Mariano de La Mata Aparicio ........- 5212008, p. 525 (MILAGRES, PODE-SE CRER EM: Klaus Berger . 504/2004, p. 280 UM CURSO EM et 20/2008, p. 464 MISSA. POR QUE SE DIZ QUE RE! CALVARIO? MOODY JR, DR. RAYMOND: “A Luz do Além” .... MORAIS, PASTOR LUDGERO BONILHA: Celibato: sim ou nao? MORTE. “A LUZ BO ALEM™ por Dr.Raymond Moody Jr CEREBRAL Bioética: Herbert Praxedes DE VOLTAIRE .. see “BLES VOLTARAM DA (Superinteressante) MOSER, ANTONIO: Celibato: sim ou nao? IMULHERES NOMEADAS PELO PAPA .. ORDENACAO SACERDOTAL DE. . 18/2005, p. 382 "22/2008, p. 533 .516/2005, p. 273 NASA COMPROVOU ESTACIONAMENTO DO SOL?.. “NAO ESTA NA BIBLIA".......... NATALIDADE, LIMITAGAO DA... “NOSSA CULPA" por Marcos Tavares ( Jornal da Paraiba) .. ° “Q CODIGO DA VINCI” Pe. Zézinho..... “© CONCILIO DAAPOSTASIA" por Homero Johas “O DERRADEIRO COMBATE DO DEMONIC" compilado pelo Pe. Paut Kramer. 613/208, p. 133 513/2005, p. 138 518/2008, p. 378 519/2005, p. 386 "O DEVOTO DE DARWIN” (Veja) ..... INDICE GERAL 57 “O DIABO VIVO E ATUANTE NO MUNDO" por Conrado Balducci, SJ. “O UNIVERSO EM DESENCANTO"? Manoel J. Coeihy OBRAS CARITATIVAS DE JOAO PAULO II EM 2004 “OLHO DA BESTA” Dez reais de plastico.. 5319/2005, p. 431 521/2005, p. 615 .. 518/2005, p. 338 21/2005, p. 511 ORGANIZACAO APOSTOLICA DA SANTA VO ROSA qué 6? ,. 132 ORGAOS, DOACAO DE wn. aa 34 “OS SANTOS, PEORAS DE ESCANDALO por José Miguel Cejas .. + 513/200, p. 113 “OS SEGREDOS DO CODIGO” por Dan Burstein - §13/2005, p. 136 “OUVIRAM-SE VOZES DO INFERNO” (ECLESIA)..... 515/2005, p. 236 P PAISES PROTESTANTES MAIS PROSPEROS DO QUE PAISES CATOLICOS? PAPA: FIDELIDADE AO Instrugao Pastoral ... 513/2005, p. 104 520/208, p. 434 MENDIGO QUE OUVIUA CONFISSAO DO . 224 SENHOR ABSOLUTO?... . 353 UM PAPA NA SINAGOG. 348 “PAPISA" JOANA (Persona)... . 400 PARABOLA: O PASSARO EA ORACAO - 437 PECADO: QUE E?.. 1 . 316 E SALVAGAO: : 42 PECADOS Confissdo somente a Deus 88 PEREIRA, PE.NEY BRASIL: Recensio do livro: “MEMORIA E IDENTIDADE” de Jogo Paulo Il... “PERMANECE CONOSCO, SENHOR” Carla Apostolica PILULA ANTICONCEPCIONAL Condenavel....... PIO Xil:“A DIFAMACAO DE PIO XI" por Ralph Mcinerny HITLER QUERIA SEQUESTRAR? POLIGENISMO.... ents 515/208, p. PONTIFICIO CONSELHO “JUSTIGA E PAZ”: “Compéndio Doutrina Social da Igreja’.............. 52/2008, p. 572 POPULAGAO: CINCO PRECONCEITOS CONTRA OAUMENTO . 51/2008, p. 29 POSSESSAO DIABOLICA: SIM OU NAO?.. .--. 619/205, p. 426 PREFEITO MANDA RETIRAR IMAGENS RELIGIOSAS . §16/2005, p. 270 PROFECIA DE SAO MALAQUIAS... 517/2008, p. 298 PURGATORIO: LUGAR CHEIO DE FO 511/2005.p. 16 QUE E.... 11/2005, p. 46 Q QUEIXAS CONTRA DEUS Fala oateu ........ 585 --- 51/2005, p. 23 PERGUNTE & RESPONDEREMOS §22/2005 58 R RECENSEAMENTO DE LC 2,1-5 (VEJA) REENCARNACAO AVOLTO JA" (VEJA) RELIGIAO A SERVIGO DO HOMEM E PROSPERIDADE..... . GPIO DO POVO Joseph Stalin cita Marx OU BIOLOGIA? Trés desafios .... SALVA? se “REPENSAR A RESSURREIGAC” por Andrés Torres Gui RESSURREICAO DE JESUS CONTESTADA ..... RESPOSTAA UM AMIGO HOMOSSEXUAL ...... RIFAN, D. FERNANDO AREAS: Instrugao Pastoral .. RITUAL DE EXORCISMO E OUTRAS SUPLICAS RONALDINHO, *CASAMENTO" DE... 515/2005, p. 194 5186/2005, p. 357 512/2005, p. 60 51/2005, p. 104 5112005, p. 40 51412005, p. 145 518/2005, p. 364 51/2005, p. 200 515/208, p. 200 517/2008, p. 336 “620/2005, p. 434 21/2008, p. 502 5241/2005, p. 522 s SACRAMENTO DARECONCILIAGAO.. SALMOS, NUMERAGAO DOS. a SALVAGAO E PECADO: Ecos da conversa diéria SANTOS INCOMODAM*’ ee SAO FRANCISCO DE ASSIS FOI PADRE?........- "SAO JOSE: A PERSONIFICACAO DO PAI" por Leonardo Boff SAO MALAQUIAS, A PROFECIA DE........- SAUDADES DO AQUEM? Que dizer? ? SAUDE REPRODUTIVA (REPRODUCTIVE HEALTH) Que significa? .. SCHWARTSMAN, HELIO: Trés desafios: Religiao ou Biologia? . SEGREDO MAGONICO, O «..ere coro ‘SEXUALIDADE, TRABALHADORES DA... SGRECCIA, MONS. ELIO: Eutanasia também para Criangas SINAGOGA, UM PAPA NA wr-ro0- SINDROME POS-ABORTO SITE ATEU: ANTIGREJA.... . DO SR. ORLANDO FEDELLI "g6S NO UNIVERSO?’: Prof. Peter Ward e Dr. Donal Brownlee 18/2008, p. 374 “5417/2008, p. 298 518/205, p. 362 STALIN, JOSEPH: Consciéncia ampulada ....... T TAVARES, MARCOS: “Nossa Culpa” ( Jornal da Paralba) . 517/2005, p. 312 17/2005, p. 336 © VALOR DO “5419/2005, p. 419 586 INDICE GERAL 59 TT _ esc:— “VJ$$ - 51/2008, p. 512/2005, p. . 15/2005, p. TEOLOGOE BIBLISTA Qual a diferenga? .... TORRES DE NOVA YORK, POR QUE CAIRAM? . TRABALHADORES DA SEXUALIDADE ... TRES DESAFIOS: RELIGIAO OU BIOLOGIA? .. 14/2008, p u UCEM: UM CURSO EM MILAGRES .. 520/2005, p. UNIVERSO, SEREMOS 0S UNICOS NO? 516/2005, p. v VALVERDE, SR. EDUARDO Trabalhadores da Sexualidade .. 518/2008, p. VATICANO: A GUARDA SUICA. Que 6?......... VATICANO Il; DOUTRINA SOBRE A IGREJA, VIDA HUMANA Saudades do Aquém? ...... VILLOSLADA, RICARDO GARCIA: Martin Lutero VOCAGAO: Diversos tipos de voeagoes na Igreja. VOLTAIRE, A MORTE DE. “VOLTO JAY (Veja)... 18/2005, p. w WELBORN, AMY: “Decodificando Da Vinci" ..514/2005, p. WOUTYLA, KAROL: A garota judia e o seminarista polonés 517/208, p. Zz ZEZINHO, PE.: “O CODIGO DA VINCI” ... §13/2005, p. EDITORIAIS ALOUCURA DA CRUZ ... .»- 13/2008, p. “AMICUS PLATO, MAGIS AMICA VERITAS 514/2005, p. AS TENTAGOES DE JESUS. 512/2005, p. “E HORA DE DESPERTAR” (Rm “ENQUANTO TEMOS TEMPO” (GI 6 ie) . §17/2008, p. 587 . 511/208, p. 21 69 220 145, 461 285 220 40 p. 466 VERACIDADE DOS EVANGELHOS Cartaa D. Estévao (© Globo) . 517/2005, p. 290 . 362 ». 246 tee 377 367 158 333 o7 145 4g 1 289 60 PERGUNTE E RESPONDEREMOS 522/2005 JA...AINDA NAO NASCEMOS EM DUAS ETAPAS...... © SEGREDO DE JOAO PAULO I! “SE CONHECESSES 0 DOM DE DEUS. SEMPRE JOVEM .. “SOIS FILHOS DA LUZ" (Ef 5.8). “TU VIVERAS" (Ez 16,6) 21/2005, p. 481 .§16/2005, p. 241 520/2005, p. 433 19/2005, p. 385 “_... 518/2005, p. 337 .. 515/2005, p. 193 LIVROS APRECIADOS AGOSTINI, FRE! NILO: Moral Crista. Temas para o dia a dia nesta hora da graga de Deus. . AQUINO, PROF. FELIPE: A Moral Catélica e os Dez Mandamentos ..... Ciéncia e Fé em Harmonia BLANCO, PABLO: Joseph Ratzinger: uma Biografia .. BORGAZ, PE. ANTONIO: “Nos passos de Maria” BRUN, Pe. NADIR JOSE: Poderosa Cruz vazada .... Unides abengoadas por Deu: CASTANHO, D. AMAURY: O casal humano na Sagrada Escritura... CROSSAN, JOHN DOMINIC: 0 nascimento do Cristianismo . CUNHA, EGIONOR: Natal, fosta paga 9 outras Curiosidades Jeovistas.... FAUS, FRANCISCO: Auto-dominio. Elogio da temperanga GAMBI, PE. ORLANDO: A vida do Santa Teresinha..... HAIGHT, ROGER: Jesus, simbolo de Deus. HULSHOF, MARGARIDA: Conversando sobre a fé HUNTER, JAMES: © Monge e o Executivo, Uma Histéria sobre a Esséncia da Liderangea .... 20/2008, p. 442 KOESTER, HELMUT: Introdugdo ao Novo Testamento, vol b .....519/2005, p. 514 LESSA, LUIZ CARLOS: Diclonério de Doutrina social da Igreja .. MOHANA, JOAO: A vida afetiva dos que nao se casam RUBIN, ACHYLLE ALEIXO: Minha pequena Filésofa. Minha pequena Filosofia .. SCHWANTES, MILTON: Histéria de Israel ........... . 11/2005, p. 18 20/2005, p. 455 5189/2005, p. 383 51912005, p. 412 512/205, p. 75 ...520/2005, p. 477 512/2005, p. 82 511/2005, p. 11 514/2008, p. 164 517/208, p. 304 . 5114/2005, p. 46 . 519/2005, p. 408 .522/2005, p. 547 1612/2005, p. 68 588 FACULDADE DE SAO BENTO DO RIO DE JANEIRO Credenciamento MEC Port. 2589/05 VESTIBULAR 2006 A Faculdade de Sao Bento do Rio de Janeiro tem por finalidade o aprofundamento da sabedoria cristé de acordo com a tradicdo eclesidstica e beneditina. Assim, recebe seminaristas que se preparam para o sacerdécio do clero secular e regular, bem como leigos interessados em aprofundar sua fé e desenvolver sua cultura. As inscrigdes para o Vestibular / 2006, estardio abertas até o dia 30 de dezembro de 2005, de Segunda a sexta-feira, no horario de 9h as 11h, ¢ de 14h as 16h, na secretaria da Faculdade de Sio Bento do Rio de Janeiro, Serio oferecidas 120 (cento vinte) vagas para cada curso, das quais 30 esto reservadas para os candidatos clasificados em funcaio do ENEM. As provas serio realizadas nas seguintes datas: 2/1/2006 (2 feira) - Lingua Portuguesa: Interpretagao de Texto ¢ Redagao 3/1/2006 (3° feira) - Lingua Estrangeira (Inglés, Francés ou Espanhol) 4/1/2006 (4° feira) - Historia Geral e do Brasil. O programa das disciplinas sobre as quais versara a prova classificatéria, encontra-se disponivel na pagina . POS-GRADUAGAO LATO SENSU Especializagao Cursos em oferta para 2006: Direito Canénico — Ensino Religioso — Filosofia Medieval — Histéria — Lingua Portuguesa Os cursos de Pés-graduagio Lato Sensu séo destinados a alunos portadores de diploma de curso superior, que desejam ampliar seus conhecimentos e Pratica de pesquisa nas diversas Areas. Os cursos serio ministrados em dois médulos, num total de 369 h/a. Moédulo | 6 de fevereiro a 29 de junho de 2006, com aulas de 2* a 5* feira. Médulo IT 1 de agosto a 30 de novembro de 2006, com aulas de 3° a 5* feira. Horario: 8h A 10h15min. e/ou 18h as 20h15min. Inserigées e informagées: Faculdade de Siio Bento do Rio de Janeiro Rua Dom Gerardo. 40 - 6° andar - Centro 20090-030 - Rio de Janeiro RI www faculdadesaobento.org br E-mail: info@ faculdadesaobento.org, br Tel/Fax: (021) 3206-8100 / Ramal 8281 /8310 RENOVE O QUANTO ANTES SUA ASSINATURA DE PR RENOVACAO OU NOVAASSINATURA (ANO DE 2006 - DE JANEIRO A DEZEMBRO). Re 4 00 NUMERO AVULSO.... 4,50 PERGUNTE E RESPONDEREMOS ANO 2005 Volume encadermado em percalina, 590 pags.. com indie. (Numero limitado de exemplares) . -. R§ 70,00 PROMOCAO DE NATAL Livros das Edigdes Lumen Christi — 10% de desconto TSAO ISO ASL A Regra de Sao Bento (De R$ 19,00 por R$ 17,10) Sto Gregério Magno Sao Bento Vida e Milagres (De R$ 30,00 por R$ 27,00) IW IXKORD ) BENTO DO JANEIRO D. Mateus Rocha Justo Collantes O Mosteiro de Sao Bento A Fé Catélica . do Rio de Janeiro Documentos do Magistério da Igreja (De R$ 120,00 por R$ 84,00) (De R$ 90,00 por R$ 81,00) Promogio vilida até o proximo dia 31 de dezembro Para pedidos, veja nossos enderecos na 2° capa

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