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Axront0 Cartos Roaet Morass TERRITORIO E HisTorIA NO BRASIL Pee M13 Mores, Amoia Carlos Raber “Teri ¢ Hist no Brasil. Anoio Carlos Rober. Mors = So Plo Aula, 205. Tip 103 se Isp as-7a.si72 1. Gonpafa2 Geog amin. 2 Gaga atic 4 Tento, 5 Espo Palin 6. Histor do Beas " cpu 9113 o> Sto TERRITOROEMSTORIANOBRASIL Projet, Pradug « Cope Cetin Grin Annable Diagramayto lard gina Coho smog da capa ‘orade Monee, Nate 1970 CONSELHO EDITORIAL ‘Bard Pees Cal Norv ateloJaior Mata sated Siva Dig Celia Moris Marat de Azevedo ‘Guo Berar Krase Masa de Laude ett (ir emorion) Pod Robert Sab sere D Ale Feta Fig fveo de 2008 "dig agp de 2008 © Amor Carlos Rote Mores ANNABLUME eto comuniao RaMMDC.217- Buu s$i0021 So Paula SP. Bea “Tele Fe (O11 812.6761 ~Tlevendas 303-1754 Parao Xavier u ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES ~ uma histGria das idéias geogrficas no pats, mais genética voltada para os temas e os argumentes geogréficos que emergem ora do debate discipinare co campo da geografia, Seria, portanto, ‘um capitulo da histéra do pensamenta social brasileiro agrupando ‘0s discusos e reflexdes que atentaram para 0 teriGro ea geozra ~ e uma historia da disciplina geografia, cemtrada na cons- tituigdo do campo disciplinar intitucionalizado no pais. Isto & ‘como o capitulo brasileiro da histéria da difusso do campo cien- tifico autodenominado de geogratia. Enfim, o horizante de pesquisa antevisto 6 vasto ainda pou- «0 explorado nos dois eaminhos explicitados. As muitas questtes de interpretago teérienu serem respondidas, @ mumerosos levanta- ‘mentoshistorogrificos a serem realizados para dar conte a tals respostas, Se no inicio do texto apontou-se o perigo do faseinio do empirismo, cabe terminar questionando uma tradigio epis- ‘temolégica diletante © desprovida de bases histricas e filosficas adequadas que Se manifesta amitide no debate tedrico da geografia brasileira contemporiinea. O rigor historiogritico e 0 aprofunda- ‘mento metodol6gico emergem como salutars antidotos para essa Stica pseudofilosotica. CapiruLo IT A GEOGRAFIA HUMANA COMO HisTORIA_TERRITORIAL ‘Vale comesarsalientando que diferentes métodos em ciéncias hhumanas adotam perspectivas histSricas na anslise de seu objeto, (© que posibilita uma macrodistinsto ente posturas metodoldgieas histdrieas e a-histérieas. Contudo, a forma como cada método vai trabalhar © material hist6rico varia bastante de perspectiva para perspectiva, gerando mesmo proposigdes antagdnicas no tro da histéria. 34 fot comentada no capftulo anterior a concepsa0 evolucionista da histéria, proposta pelo positivism clissica, que ‘concebe 0 movimento histérico como um percurso linear entre a condigao de barbaric (0 estado da natureza) ea civilizagdo. Tem- se, portanto, a histéria como processo civilizatério dnico © progressive, em eujo dpice se entronam as sociedades da Europa cident COutra forma interessante de abordar & hstéria emerge com ‘0 culturatismo romantico, mals atento 4 construgdo das histrias nacionais imemoriais, isto é, ao resgate de rafzes culturais que justifiquem os agrupamentos politicos contemporineos. Estes, adotam uma visio retrospectiva, que busca no passado remot {ragos que possam legitimararranjs societiios bem mais recentes. Nesse sentido, tal corrente & afeita a mitos de origem ¢ hersis fundadores da nacionaldade. Nao raro a geografia presse ats Imitficagdes (como na escola possibilista) indieando os habitats originals que geraram uma cultura singular. “Mais elaborada e complexa & a concepeio neokantana que |quando se apossa da abordagem hist6rica, como na “Sociologia compreensiva” de Weber. gera propostas elaboradas eujo \denominador comum é o apeego pelo relatvismo histrico (geral- mente amparado em vastissima erudigio historiogrifica).! Diga 1. Ver Max Webee 4 ica potsstane «0 eprtodo caption, Sio Pao 38 ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES se de passagem que alguns dos mais importantes estudos do campo dda hist6ria no ltimo século estiveram, de modo mais ou menos explicito, amparados nesse posicionamento metodlégico, Tal dtica abre mao da busca de sentidos e regularidades objetivas no ‘movimento histrico, aceitando o acaso e a indeterminagio como ‘qualidades de um “real” sempre reconstruido pela razio. Tal perspectva recebe reforyo teérico (no bojo de uma con- {estagio), nos anos 60/70, com os insigantes trabalhios de Michel Foucault, que de fato trazem temas ¢ abordagens efetivamente inovadoras para anilise histérica? O métoda foucaultiano, se é possivel falar nisso, salienta que a “historia” (objeto) & neces- Sariamente um “diseurso”, sto é, uma memria € uma interpretago cconstruida ecifundida, Seria, enfim, um registra parcial e subjetivo dos fats, estes para sempre perdidos enquanto objetividades. Vale apontar que as perspectivas pés-mademas também nutrem grande simpatia por este ponto de vista Nao 6 no entanto 0 caso de tentar arrolar aqui as abordagens| historicasexistentes na atuatidade das citncias humans, Visivamos apenas demonstrara diversidade de concepsdes, o que torna em ‘meu entender dificil entabular uma ertica tedrica a0 como um todo, pois neste rétulo convivem perspectivas dispares, ‘cada uma apoiada em seus supostos teérico-lloséficos e com seus objetivos impares, Desa variedade, se podem diferenciar posigses metodo: ligicas mais especificas, com forma pr6pria de tratamento da histria. Aqui interessa a historicidade materialista diseutida numa Perspectiva dialtica, isto & parte-se de uma postura de método que se pensa ontologicamente em termos histGricns. Nele, a realidade € concebida como movimento incessante, no qual os fendmenos ‘6 podem ser apreendidos como pracessos em continuo flur, eabendo a0 conhecimento buscat eaptar um sentido Iigico ¢ histrico em meio diversidade das formas e das relugdes. A busea de tal sentido (post festum) no pode ser confundida com a atribuigio de um senso finlista,teleolsgico, no movimento histé- fico. Até porque nio se acata nenhum determinismo que possa anteciparo futuro 2. Ver: Paul Veynne. Foueaul revolucions a bse. Cadernos da UNE. Basa 1980 TERRITSRUO E HISTORIA NO BRASIL » Cabe detathar melhor a ética de tal visio da hist6ra, pois. ‘mesmo no cfreulo de influéncia de um mesmo método, surgem imerpretagbes dspares quanto ao tratamento a ser dado ao material histérieo. No marxismo, por exemplo, a forma de se definir a categoria “modo de produgao” permite distinguir ao menos dus, ‘conceps6es antaz@nicas:? = de um lado, os que entendem © modo de producio como ‘um modelo t6rico, uma estrutura abstata capaz de dar sentido 20 ‘movimento histérico de uma realidade empirica. Ele 6, portanto, visto como uma Iogica ondenadora que se sobrepbe & dispersio dos, fatos hist6ricos, tomando-os inteligiveis na relagio: ~ de outro lado, hi os que concebem © modo de producio como um processo dotado de um sentido estrutural que o movi- ‘ments, instaurando relagdes especificas que exprimem uma dada lgica hist6rica. Ele &, portanto, uma dindmica que 0s fatos estruturais, io 6 0 caso aqui de aprofundar essa polémica questo, que foi Jevantada apenas para demonstrar como a simples referéncia ‘¢uma orientagio metodol6gica no explicita de imediato procedi- menos mais lapidados quanto a temas mais especifcos,Interessa- ‘os aqui delinear uma visio dialtiea ehistriea do temséri cléssico dd geografia humana, qual sej, a relacio entre a sociedade e seu tespago. Daf a necessidade de compor uma teia de Fundamentos, tedricos que sustentem a posigio assumida: ver a geograia huma- nha, em si, como uma modalidade de histéxa. Parte-se de uma tradigdo epistemol6gica que concebe a {otalidade ndo como um macroobjeto ~ uma representagao exaus- tiva que engloba o conhecimento de todo 0 existente — mas funda- ‘mentalmente como um recurso de método: um modo associative de pensar 0 real, que busca relagdes e conexdes entre 0s Fend- menos analisdos:* Quando se entende que esta visdo foalizadara 3. José Anhur Gianna. Note sobre a tora mado de prado par. a0 abuso das socilogos. In: Flu mee demas event. Sao Pa Brasiease, 1985, 4. Davi Harvey, analisando a estraturaterca de O Capital. faz wna Ineresent meifra sobre o percuno aac de Mar, 0 ql opera pot sestivas problematizagbes dos elementos constitutivs da ques eo 0 ANTONIO CARLOS ROGER MORAES, ‘opera por sucessivos tinsitos entre nvels abstratose concretos de reflexdo e andlise ~ em outras palavras, através de um continuo ‘uxo entre a universalidade e a singularidade contda nos objetos tratados ~ pode-se tomar o estabelecimento dessas relagies € conexdes como uma aedo particularicadora, visio que funda- ‘ment a possibidade de abordagens histrico-dialticas em cién- cias humanas. Nests, a historicidade nao é dissociada do ser, mas vista como caminho tnico de sua apreensio enquanto parte ‘movente (e 86 enquanto movimento passivel de ser apreendida) do real Tal entendimento leva a tomar a particularidade como ‘campo de mediagSes, o que implica « possibitidade légica da existneia de variadas formas de abordar 0s fendmenos do mundo, 'Nesse equacionamento, a questio das diversas abordagens disci- Dlindrias fica mais bem esclarecida, pois conforme se despe a andlise de pressupostos unicausuis, maior se apresenta a ‘multiplicdade do real e, em conseqiéacia, o nimero de mediagies existentes no mundo, Mais claro fica também o entendimento da ‘qualidade bésica desta visio totalizadora: buscar a explicagio do especttico, sem isoli-o. Isto remote a apreensBes angulares da realidade, justificando recortes analiticos que nio esgotam a temitica tratada, mas eontribuem para a explicitacdo da teia de _mediagDes responsivel por seu movimento, Essa concepeio fundamenta a possibilidade de diferentes ‘campos disciplndris, formalizados nas definigdes de objeto das dlistintas eiéncias, cada um consteufdo segundo pressupostos ‘metodoldgicos previamente assumidos. Cada mediagio paticula rizadora, em sua explictacio empiricaetedrica, permite a aberura ‘de uma diseussio especitica ¢ relativamente auténoma, Assim, & possivel defender abordagens proprias da geografia, e de outros ‘campos disciplindrios, e € o desenho genérico do objeto de reflexio ¢ andlise de uma perpectiva desse campo especifico que se busca apontar nos pardgrafos seguites sinh cm ue um problema abe pido out, nna, Sobrepsiio recone e io erica, qu ears» propmara Mints {ke comput (Lot limites del eaptalsmoy la tonla masta, Mex Fondo de Cats Ezonde. 190, “TERRITURO HISTORIA NO BRASIL a Partese do entendimento da geografia humana como ciéneia Social que tem por objeto 0 processo universal de apropriagio do ‘espago natural ede constragio de um espago social pela diferentes sociedades a0 longo da hist6ria, Defende-se que tal processo & passivel de ser identificado num corte ontolégico do real, isto 6, anifesta-se na realidade com deerminagbes especificastmmpares, tuando como elemento partcularizador. em si uma mediaga0 na anilise dos fenémenos histGricos. Sendo tal processo resultante exclusive do trabalho humano, ¢ apreendendo o trabalho como ato telealigico de incorporagi e criaglo de valor, acata-se que a ormulacio categoral mais precisa e genética para expressi-lo deva sera da velorizagio do espaca® ‘Toda sociedade para se reproduzir eria formas. mai menos duriveis, na superficie terrestre, dat sua condigl0 de rocesso isiversal, Formas que obedccem a um dado ordenamento sociopoliico do grupo que as constr, que respondem funcional- ‘mente uma sociabilidade vigente a qual regula também 0 uso do espuco e dos recursos nele contidos, definindo s seus modos. proprios de apropriagdo da natureza. Daj 0 cariter pleno & exclusiva de processo social, comandado pelas ages e decisbes ‘emanadas do movimento das sociedades, Tais formas ~ que lexpressam uma quantidade de valor (trabalho morto)incorporao 0 solo ~ substantivam na paisagem (congelam, em certo sentido) Telugdes sociais especificas. A vivencia social do espago eria ‘rugosidades que duram mais que estimulos € objetivos que hes dderam origem.° Tal caracteristica fundamenta a condigio de processo mediador, que retroage na interagdo com outros proces sos. Tem-se, assim, um espaco produzide herdado (formas. pretéritas, estoques de valor concentrados pontualmente na superficie da Terra) que sobredetermina continuamente 0 uso dos lugares, abrindo possibilidades analticas para uma dimensio geogrifica na interpretagto da histéria humana. ‘5 Abaio Carlos Robert Morass Wanderley Messi da Cont. Gaografia cic alot do espopo. Sto Pl: Hie, 1984 6, Milton Santos. Por ama geografia nova. Sao Paulo: Huclse, 1978; € Penson 0 eas eo mem Sh Pa Hace, 1979. 2 ANTONIO.CARLOS ROBERT MORAES Assim, de modo angular, concebe-se a hist6ria (numa 6tiea| _geogrifica) como uma progressiva ereterada apropriagioe trans formagao do planeta, resultando numa cumulativa antropo- ‘morfizagio do espago terrestre. Relagbes cada vez mals comple- xas se entabulam entre os grupos sociais e os espagos que os, abrigam, sejam os naturais ou os jé transformados. Nesse sentido, © processo de valorizagio do espago pode ser desdobrado em alguns processos mais especificos que convivem em diferentes, arranjos 20 Jongo da histria Do ponto de vista légico-histiico, a relagdo mais elementar seria a da aprepriagao dos meios naturais, aparecendo a superficie terrestre para as Sociedades como um celeiro dos meios de subsis- {ncia e trabalho. A transformagdo dos meios naturais a pati de certo grau de intervenco poe novas quaidades e novas relagves,, como as originadas pela agricultura que, através do solo agricola, mobiliza a superficie da Terra como diretamente um meio de produio. A estas relagSes pioneiras se agrega 0 processo constante de reapropriagdo dos meiosjé transformadas, em que 08 grupos sociais se vem envolvidos com espagos jé qualificados como segunda natureza (isto €, como mefos naturais que contém a marca, de trabalhos pretritos) [estes ifs universos de andlise, a relaglo da socidade com © espago confunde-se com seu relacionamento com a natureza (seja a “natural” ou a sovializada), todavia, existem relagbes nl naturals entre a sociedade e 0 espago. Pois os seres humanos. ‘constroem ambientes atiicais,eujanaturalidade se limita origem, dos materiais empregados. Tal fato objetiva 0 processo de producdo do espago (sricto sensu), que nomeia a eriagio destas formas eminentemente humanas (no naturais), que vio sendo epositadas na superficie do planeta ao longo da historia, A

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