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PROCESSO Nº TST-RR-1001095-17.2016.5.02.

0322

A C Ó R D Ã O
3ª Turma
GMAAB/rcb/ct/smf  

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO


PUBLICADA APÓS A VIGÊNCIA DAS LEIS Nº
13.015/2014   E   13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA 
Verifica­se   dissonância   entre   a
decisão   do   Regional   e   a
jurisprudência   consolidada   desta
Corte   Superior,   havendo   permissivo
legal   para   o   reconhecimento   da
transcendência política (art. 896­A,
§ 1º, II da CLT). 
Transcendência reconhecida.
EMPRESA   TOMADORA.   RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA. 
Do   quadro   fático   exposto   pelo
Tribunal Regional do Trabalho restou
consignado que a primeira ré incorreu
em   revelia   e   a   segunda   empresa
reclamada negou ter sido tomadora da
prestação   de   serviços   da   autora.   O
Regional registrou que veio aos autos
o   contrato   de   prestação   de   serviços
entre   as   empresas­rés   e,   por   isso,
entendeu   que   cabia   à   segunda
reclamada comprovar que a autora não
lhe   prestou   serviços,   ônus   do   qual
não   se   desincumbiu.   Ocorre   que   a
jurisprudência   desta   Corte   Superior
consolidou   o   entendimento   de   que,
diante   da   negativa   da   empresa
tomadora de que o empregado tenha lhe
prestado serviços, é do reclamante o
ônus   de   comprovar   o   labor   em   favor
daquela   empresa,   como   fato
constitutivo   de   seu   direito,   nos
termos dos artigos 818 da CLT e 373,
I, do CPC. 
Nesse   contexto,   negada   pela   empresa
tomadora   a   prestação   de   serviços   e
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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não   havendo   comprovação   do   labor   da


reclamante em seu favor, não há como
se   lhe   atribuir   responsabilidade
subsidiária. 
Recurso   de   revista   conhecido   por
violação   do   art.   818   da   CLT   e
provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­1001095­17.2016.5.02.0322,   em   que   é
Recorrente  AZUL   LINHAS   AÉREAS   BRASILEIRAS   S.A.  e   são   Recorridos
MARIA   ELESSANDRA   BARBOSA   DE   LIRA,     PASSAREDO   TRANSPORTES   AÉREOS
S.A.,     IN   FLIGHT   SOLUTIONS   BRASIL   PARTICIPAÇÕES   E   SERVIÇOS
AUXILIARES DE TRANSPORTE AÉREO LTDA. e VIT ­ SERVIÇOS AUXILIARES DE
TRANSPORTES AÉREOS LTDA..

O Tribunal Regional negou provimento ao recurso


ordinário da AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A., mantendo a decisão
de 1º grau que lhe atribuiu a responsabilidade subsidiária pelas
verbas da condenação.
Inconformada, a AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS
S.A. interpõe recurso de revista, conforme razões às págs. 1226-
1239, que foi admitido pelo r. despacho às págs. 1245-1251, por
possível violação do artigo 818 da CLT. Sustenta, em síntese, que a
decisão regional viola preceitos de lei e diverge dos arestos
colacionados.
Não foram apresentadas contrarrazões.
Dispensada a remessa ao Ministério Público do
Trabalho, nos termos do art. 95 do RITST.

É o relatório.

V O T O

1 - CONHECIMENTO

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1.1 – TRANSCENDÊNCIA

Trata-se de recurso de revista interposto sob a


égide da Lei nº 13.467/2017, contra o acórdão que negou provimento
ao recurso ordinário da segunda reclamada, mantendo a decisão de 1º
grau que reconheceu sua responsabilidade subsidiária.
Considerando que o acórdão do Tribunal Regional
foi publicado na vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso de
revista submete-se ao crivo da transcendência, que deve ser
analisada de ofício e previamente, independentemente de alegação
pela parte.
O art. 896-A da CLT, inserido pela Lei nº
13.467/2017, com vigência a partir de 11/11/2017, estabelece em seu
§ 1º, como indicadores de transcendência: I - econômica, o elevado
valor da causa; II - política, o desrespeito da instância recorrida
à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal; III - social, a postulação, por
reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista.
Por sua vez, este Tribunal Superior do Trabalho ao
editar o seu Regimento Interno, dispôs expressamente sobre a
transcendência nos arts. 246, 247, 248 e 249.
Pois bem.
Examinando as razões recursais e o trecho do
acórdão regional transcrito, observa-se que a decisão recorrida
desrespeita a jurisprudência desta Corte Superior, conforme arestos
abaixo transcritos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA NA VIGÊNCIA
DA LEI 13.015/2014. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA. Caso em que o
Tribunal Regional consignou que, negada a prestação de serviços pelo

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segundo Reclamado, caberia ao Reclamante o ônus de comprovar que


laborou em benefício deste, por se tratar do fato constitutivo do direito
vindicado. Destacou que o Reclamante não se desincumbiu a contento de
tal ônus, mantendo, assim, a sentença de origem em que afastada a
responsabilidade subsidiária do Município pelos créditos trabalhistas
devidos ao Reclamante. A jurisprudência desta Corte, de fato, firmou-se no
sentido de que, diante da negativa da empresa tomadora de que o
empregado tenha lhe prestado serviços, é do Reclamante o ônus de
comprovar o labor em favor daquela empresa, como fato constitutivo de seu
direito, nos termos dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC. Nesse
contexto, negada pelo tomador a prestação de serviços e não havendo
comprovação do labor do Reclamante em seu favor, não há como atribuir-
lhe responsabilidade subsidiária. Agravo de instrumento não provido.
(AIRR - 10663-57.2016.5.03.0060, Relator Ministro: Douglas Alencar
Rodrigues, Data de Julgamento: 13/06/2018, 5ª Turma, DEJT 15/06/2018)

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA


ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
(...)RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. EMPRESA PRIVADA.
ÔNUS DA PROVA DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Não se pode
olvidar a aplicação, ao processo do trabalho, da teoria da distribuição
dinâmica do ônus da prova, incumbindo-o à parte que melhor tem
condições de produzi-la. Nesse contexto, provado o liame contratual entre
as empresas prestadora e tomadora, caberia a esta demonstrar a inexistência
da prestação pessoal dos serviços, diante da presunção de que cabe ao
tomador do serviço o controle relativo às pessoas que ingressam no seu
estabelecimento. Todavia, a jurisprudência desta Turma firmou-se no
sentido de que, negada a prestação de serviços, cabe à parte autora
demonstrar que efetivamente se ativou em prol da tomadora indicada.
Recurso de revista de que não se conhece. (...) (RR - 129600-
37.2012.5.17.0008 , Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data
de Julgamento: 18/10/2017, 7ª Turma, DEJT 27/10/2017)

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014 E 13.105/2015
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- DESCABIMENTO. PRELIMINAR DE NULIDADE DO DESPACHO


DE ADMISSIBILIDADE. O despacho agravado, no precário exame da
admissibilidade recursal, não impede a devolução à Corte superior do
exame de todos os pressupostos de cabimento do apelo. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ÔNUS DA
PROVA DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À TOMADORA. Caracterizada
a divergência jurisprudencial, merece processamento o recurso de revista.
Agravo de instrumento conhecido e provido. III - RECURSO DE
REVISTA. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
ÔNUS DA PROVA DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À TOMADORA.
Quando negada a prestação de serviços, o ônus da prova do fato
constitutivo do direito é do reclamante, nos termos do art. 818 da CLT.
Recurso de revista conhecido e provido. (ARR - 1253-97.2013.5.04.0012,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de
Julgamento: 06/12/2017, 3ª Turma, DEJT 11/12/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
DE SERVIÇO. ÔNUS DA PROVA. CONFISSÃO FICTA DO AUTOR.
Diante da ofensa aos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC/73, determina-se
o processamento do Recurso de Revista. Agravo de Instrumento a que se dá
provimento. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. ÔNUS DA
PROVA. CONFISSÃO FICTA DO AUTOR. Negada a prestação de
serviços na contestação da empresa tomadora, incumbe à parte autora
comprovar por outros meios de prova o que foi alegado na petição inicial,
consoante o disposto nos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC/73. Ante o
reconhecimento da confissão ficta do Autor, por não ter comparecido à
audiência de instrução, presumem-se verdadeiros os fatos deduzidos na
defesa, impondo-se concluir que o Autor não prestou serviços em favor da
suposta tomadora, em vista da negativa de tal fato na contestação. Logo,
não há de se falar em responsabilidade subsidiária. Recurso de Revista
conhecido e provido. (RR - 1000271-66.2015.5.02.0363 , Relatora
Firmado por assinatura digital em 18/09/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
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Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 24/05/2017, 4ª


Turma, DEJT 26/05/2017)

Logo, a demanda oferece transcendência com relação


aos reflexos gerais de natureza política, nos termos do artigo 896-
A, § 1º, II, da CLT.

1.2 – EMPRESA TOMADORA. RESPONSABILIDADE


SUBSIDIÁRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA.

O Tribunal Regional assim dirimiu a controvérsia,


conforme trecho transcrito no recurso (art. 896, § 1º-A, I, da CLT):

"RECURSO DA AZUL
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
Questiona a recorrente a responsabilização em caráter secundário.
Insiste em negar que se beneficiou da força de trabalho da autora e a dizer
que, por isso, era dela – a autora – o ônus da prova nesse sentido. Sustenta
que o fato de ter contratado a VIT não leva à conclusão de que todos os
prestadores de serviços foram colocados à sua disposição.
Não tem razão. É incontroverso que a recorrente firmou contrato de
prestação de serviços com a VIT SERVIÇOS AUXILIARES DE
TRANSPORTES AÉREOS LTDA., para quem a autora trabalhou de 27 de
novembro de 2009 a 3 de junho de 2016 (id´s 72ba3eb, p. 2 e 96febef). E
como explica a própria AZUL na contestação, a VIT lhe prestou serviços de
rampa, nos quais estavam compreendidos o manuseio de bagagens,
estacionamento, cargo, descarga e movimentação de aeronaves, além de
limpeza interna (id cc4fae9, p. 4). Tarefas condizentes com aquelas
narradas na petição inicial, o que, no contexto, só vem reafirmar que a
recorrente se beneficiou, sim, da força de trabalho da autora.
E se era assim, cabia à AZUL provar que ela nunca esteve à sua
disposição. Além do que, se manteve tal relação com a VIT, tinha a
recorrente todos os meios para provar que a autora não foi colocada aos
seus serviços. Acresça-se a isso o fato de que a empregadora da autora não

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compareceu na audiência, apesar de validamente citada, com o que foi


declarada revel e confessa (id 1789ce6).
(...)
Nego provimento."

Nas razões de recurso de revista, a segunda


reclamada insiste na exclusão da responsabilidade subsidiária que
lhe foi atribuída. Assevera que cabia à reclamante comprovar a
prestação de serviços a seu favor. Aponta violação dos artigos 5º,
II, e 59, da CF, 818 da CLT e 373 do CPC e divergência
jurisprudencial.
Ao exame.
Do quadro fático exposto pelo Tribunal Regional do
Trabalho restou consignado que a primeira ré incorreu em revelia e a
segunda empresa reclamada negou ter sido tomadora da prestação de
serviços do autor. Registrou que veio aos autos o contrato de
prestação de serviços entre as empresas-rés e, por isso, o TRT
entendeu que cabia à segunda ré comprovar que a autora não lhe
prestou serviços.
Ocorre que a jurisprudência desta Corte Superior
consolidou o entendimento de que, diante da negativa da empresa
tomadora de que o empregado tenha lhe prestado serviços, é do
reclamante o ônus de comprovar o labor em favor daquela empresa,
como fato constitutivo de seu direito, nos termos dos artigos 818 da
CLT e 373, I, do CPC.
Nesse contexto, negada pelo tomador a prestação de
serviços e não havendo comprovação do labor da reclamante em seu
favor, não há como se lhe atribuir responsabilidade subsidiária.
Nesse sentido são os precedentes acima
transcritos.
Ante a ausência de prova quanto à prestação de
serviços da autora para a recorrente, não subsiste a
responsabilidade subsidiária mantida pelo Tribunal local, por
afrontar as normas de distribuição do encargo probatório.

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Com esses fundamentos, conheço do recurso de


revista por violação do art. 818 da CLT.

2 – MÉRITO

2.1   –   EMPRESA   TOMADORA.   RESPONSABILIDADE


SUBSIDIÁRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA.

Conhecido   o   recurso   de   revista   por   violação   do


artigo   818   da   CLT,   dou­lhe   provimento   para   julgar   improcedente   a
pretensão   relativa   à   responsabilidade   subsidiária   imputada   à  AZUL
LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A., segunda reclamada.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de
revista, por   violação   do   art.   818   da   CLT, e, no mérito, dar-lhe
provimento para julgar improcedente o pedido de responsabilização
subsidiária da AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A..
Brasília, 18 de setembro de 2019.

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ALEXANDRE AGRA BELMONTE
Ministro Relator

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