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FORTALEZA
2015
ANA PAULA VIEIRA BRINGEL
FORTALEZA
2015
ANA PAULA VIEIRA BRINGEL
BANCA EXAMINADORA
A Deus, por seu imenso amor que me permitiu
mais uma conquista em minha vida.
Aos meus pais e irmão, que caminharam
comigo nessa trajetória.
Ao meu noivo, por ser tão compreensivo. Seu
amor e carinho me deram forças para
continuar.
AGRADECIMENTOS
A partir do amplo acesso à terapia antirretroviral assistiu-se, em todo o mundo, mudanças nos
padrões de morbimortalidade relacionados ao HIV/aids. Objetiva-se analisar a distribuição
espacial e temporal dos óbitos por aids no Estado do Ceará, e suas causas, segundo região de
saúde. Estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo e transversal, considerou-se os óbitos
por aids de indivíduos maiores de 12 anos, residentes no Ceará, notificados entre 2000 e 2012
pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade. Trabalhou-se com variáveis
sociodemográficas, com as causas dos óbitos de acordo com a décima edição do Código
Internacional de Doenças, obtidos na Secretaria de Saúde do Estado, em arquivo eletrônico, e
com indicador epidemiológico. Para análise dos dados individuais empregou-se o software
SPSS 20.0. Testes foram aplicados para comparação de médias (t de Student), correlação
entre variável dependente e suas regressoras (coeficiente de correlação r de Pearson), e teste
para aferir a normalidade da variável dependente (Shapiro-Wilk). Foram consideradas
estatisticamente significantes análises inferenciais de ρ inferior a 0,05. Tendo como base os
coeficientes de mortalidade, foram calculadas as estimativas bayesianas empíricas locais, para
cada região de saúde. Para identificação de aglomerados espaciais, calculou-se taxa média de
óbitos por aids do período e relacionada com o mapa vetorial do Ceará, através do programa
ArcView 10.1. Autocorrelação espacial foi verificada pelo Índice de Moran. Obteve-se
aprovação do Comitê de Ética da Universidade Estadual do Ceará, sob protocolo n° 732.200.
Os óbitos por aids apresentam tendência de crescimento no Ceará, com maioria ocorrendo em
hospital, nos homens, solteiros, com idade de 40 a 49 anos, pardos, com 4 a 7 anos de estudo,
e residentes na região de saúde Fortaleza. A causa básica aids é prevalente, e as causas
relacionadas principais são: sintomas não específicos peculiares à infância; insuficiência
respiratória não especificada; e septicemia não especificada. Clusters de óbitos por aids com
altas taxas foram verificados nas regiões de saúde Fortaleza, Maracanaú, Iguatu e Tauá,
provavelmente vinculados ao turismo, economia e aos processos migratórios. Concluiu-se que
os óbitos por aids no Ceará possui dependência espacial em algumas regiões de saúde,
principalmente em áreas litorâneas e de turismo, e apontam para a necessidade de se valorizar
estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para além da infecção pelo HIV, no
acompanhamento de soropositivos.
With the broad access to antiretroviral therapy, changes in the patterns of mortality related to
HIV/aids have been seen throughout the world. The objective of this study is to analyze the
spatial and temporal distribution of deaths in the State of Ceará that result from AIDS and
their causes, according to the health region. For this retrospective and transversal descriptive
epidemiologic study, the deaths by aids of individuals older than 12 years of age, resident in
Ceará, registered between the years of 2000 and 2012 by the Mortality Information System
were considered. To complete this study, sociodemographic variables were used, with the
causes of death defined according to the tenth edition of the International Classification of
Diseases, with epidemiological indicators obtained from the State Health Secretariat in
electronic file. For the analysis of individual data, we used the SPSS 20.0 software. Tests
were applied to compare medium values (Student's t), correlation between the dependent
variable and its regressive (Pearson's correlation coefficient r), and a test to assess the
normality of the dependent variable (Shapiro-Wilk). Inferential Analysis of ρ, inferior to 0,05,
were considered statistically significant. Based on the mortality rates, local empirical
Bayesian estimates for each health region were calculated. To identify spatial clusters, we
calculated the average rate of AIDS deaths for the period and related this to the vector map of
Ceará, using the ArcView 10.1 program. Spatial autocorrelation was verified by the Moran
index. Approval of the Ethics Committee of the State University of Ceará was obtained, under
protocol No. 732 200. Deaths from AIDS currently present a growth trend in Ceará, with most
occurring in hospitals, among men that are single, between 40 to 49 years of age, of brown
color, with 4 to 7 years of education, and living in the Fortaleza health region. The underlying
cause of AIDS is prevalent, and the main related causes are nonspecific symptoms typical of
childhood; unspecified respiratory failure; and unspecified sepsis. Clusters of AIDS deaths
with high rates were found in the health regions of Fortaleza, Maracanaú, Iguatu and Tauá,
probably linked to tourism, economy and migratory processes. It was concluded that deaths
from AIDS in Ceará have spatial dependence in some health regions, especially in coastal and
tourist areas, and point to the need to enhance strategies for prevention, diagnosis and
treatment not only for the HIV infection, but in monitoring of seropositive patients.
Brasil, 2000-2012.................................................................................. 52
Figura 1 - Campo 40 da declaração de óbito........................................................ 19
Figura 2 - Localização geográfica do Estado do Ceará, Brasil............................. 30
Figura 3 - Taxa média de óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................................... 54
Figura 4 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids: (A) –
LISAmap e (B) - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012.......................... 55
Figura 5 - Moran map da taxa de mortalidade por aids em homens. Ceará,
Brasil, 2000-2012.................................................................................. 56
Figura 6 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids em homens:
A- LISAmap e B - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 57
Figura 7 - Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 50 a 59
anos. Ceará, Brasil, 2000-2012............................................................. 58
Figura 8 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária
de 50 a 59 anos: A- LISA map e B- Box map. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 59
Figura 9 - Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 60
anos e mais. Ceará, Brasil, 2000-2012.................................................. 60
Figura 10 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária
de 60 anos e mais: A- LISA map e B- Box map. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 61
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 16
1.1 A epidemia do HIV/Aids........................................................................................ 16
1.2 Causas e fatores relacionados aos óbitos por AIDS............................................... 20
1.3 Análise geoespacial no contexto da epidemia do HIV/Aids.................................. 24
1.4 Relevância da pesquisa........................................................................................... 27
2 OBJETIVOS................................................................................................................... 28
2.1 Objetivo geral......................................................................................................... 28
2.2 Objetivos específicos.............................................................................................. 28
3 MÉTODO....................................................................................................................... 29
3.1 Tipo e abordagem do estudo.................................................................................. 29
3.2 Área de estudo........................................................................................................ 29
3.3 Fonte e Coleta de dados......................................................................................... 31
3.4 Análise de dados..................................................................................................... 32
3.4.1 Tratamento dos óbitos........................................................................................ 32
3.4.2 Análise espacial.................................................................................................. 33
3.5 Aspectos éticos e legais da pesquisa...................................................................... 35
4 RESULTADOS.............................................................................................................. 36
4.1 Características sociodemográficas e epidemiológicas dos óbitos por aids............. 36
4.2 Causas básicas e relacionadas ao óbito de portadores do HIV.............................. 41
4.3 Distribuição espaço-temporal dos óbitos por aids.................................................. 47
5 DISCUSSÃO................................................................................................................... 62
5.1 Os óbitos por aids no Estado do Ceará e os indicadores sociodemográficos......... 62
5.2 Distribuição espacial dos óbitos por aids............................................................... 65
5.3 Causas básicas e relacionadas ao óbito de pessoas com HIV/aids......................... 68
6 CONCLUSÃO................................................................................................................ 74
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 77
APÊNDICES........................................................................................................................ 87
APÊNDICE A – TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO.................................................... 88
ANEXOS.............................................................................................................................. 89
ANEXO A - AIDS E INFECÇÃO PELO HIV NA CLASSIFICAÇÃO
INTERNACIONAL DE DOENÇAS (10a REVISÃO).................................................. 90
ANEXO B - REGIÕES DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ.................................. 92
ANEXO C - DECLARAÇÃO DE ÓBITO..................................................................... 93
ANEXO D - PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA...................................................................................................................... 94
16
1 INTRODUÇÃO
Gráfico 2- Proporção de casos de aids notificados pelo critério óbito por sexo e ano. Brasil,
2003-2013
Quanto aos óbitos por aids nesse país, nos últimos 10 anos vem sendo observado
uma tendência de diminuição. No período entre 1980 até dezembro de 2013, foram declarados
278.306 óbitos classificados como causa básica a aids, considerando os óbitos por outras
causas com menção ao HIV/aids, verifica-se um incremento de 8.353 óbitos, sendo que a
maioria desses ocorreram na Região Sudeste (61,8%), devido à incidência do HIV/aids ser
elevada, seguida pela Sul (17,3%), Nordeste (11,9%), Centro-Oeste (5,0%) e Norte (4,0%)
(BRASIL, 2014a).
Na Região Nordeste, o Estado do Ceará concentrou 14% dos casos de aids
registrados no período de 1980 a 2013. Desde o ano de 2006 até agosto de 2014, foram
notificados 8.052 casos de aids na população residente nesse Estado, essas notificações
ocorreram em 98% dos municípios, o que demonstra a interiorização da epidemia. Quanto aos
óbitos, no ano de 2010 houve uma queda na proporção, de 3,3 em 2008 para 2,7 óbitos/100
mil habitantes, nos anos subsequentes as taxas se mantiveram em níveis elevados, chegando a
atingir 3,8/100 mil hab. no ano de 2012, e com predomínio do sexo masculino (CEARÁ,
2015).
O programa brasileiro de HIV/aids é reconhecido mundialmente como um modelo
de combate à epidemia, o qual reuni os três níveis de atenção à saúde e um completo sistema
de vigilância da infecção, que atende à complexidade da doença e de seus agravos. Assim,
destaca-se a importância de políticas voltada às populações mais vulneráveis, no contexto das
19
de PVHA (HORVATH et al., 2012; LIFSON et al., 2010), isto reforça a importância dos
hábitos como um dos fatores determinantes para ocorrência de morte.
Fumar provoca diversos efeitos tóxicos, um dos quais é a indução da cadeia
inflamatória, o que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças e aumentar o risco
para neoplasias. Estudos conduzidos na era pós-TARV concluíram que o tabagismo está
associado ao aumento dos óbitos entre PVHA, como também, ao aumento do risco de perda
de densidade óssea, doenças cardíacas, pulmonares, e malignidade (PETOUMENOS et al.,
2011; CUI et al., 2010; CROTHERS et al., 2005). No entanto, estudos no período pré-TARV
não encontraram nenhuma associação (GALAI et al., 1997; BURNS et al., 1996), presume-se
que os indivíduos infectados com o HIV morreram de aids ainda jovens e não viveram o
suficiente para desenvolver doenças graves relacionadas ao fumo.
Outras causas de morte nessa população estão associadas ao uso de drogas
injetáveis, responsáveis por elevada taxa de endocardite entre os usuários. Este cenário foi
mais intenso nos primeiros anos após a implantação da TARV, o que pode sugerir não adesão
ao tratamento, e isto é considerado um dos maiores perigos para a resposta à terapia em nível
individual, e para a disseminação de vírus resistente na comunidade (ANTIRETROVIRAL
THERAPY COHORT COLLABORATION, 2010).
Apesar dos hábitos serem um fator primordial no adoecimento da população com
HIV, acredita-se que os eventos adversos da TARV e o tempo de exposição aos
medicamentos contribuem para o aumento das comorbidades, outras doenças e mortes não-
aids nesse grupo, principalmente no campo das doenças cardiovasculares e câncer (HASSE et
al., 2011; CAPEAU et al., 2011), uma vez que a ativação imunológica, a qual é reduzida pelo
tratamento, desempenha um importante papel na patogênese dessas doenças (MAARTES;
CELUM; LEWIN, 2014). Em contrapartida, estudo de coorte EuroSIDA encontrou pouca
evidência de aumento das taxas de todas as causas de mortes não relacionadas à aids, em
portadores expostos à TARV por um longo período. Por outro lado, os autores evidenciaram
que as mortes por doenças malignas não-aids aumentaram com o tempo, uma vez em terapia
(KOWALSKA et al., 2012).
Os índices de morte por insuficiência renal aguda também cultivam uma forte
associação com o tempo de exposição à TARV, pois há uma diminuição proporcional ao
tempo de tratamento (WYATT et al., 2006). O mesmo padrão foi evidenciado para a
nefropatia associada ao HIV, cuja causa é a replicação viral dentro dos rins sobreposta à
doença renal em fase terminal (POST et al., 2008). Todavia, a insuficiência renal pode estar
23
vinculada a outros fatores de risco ditos mais comuns, como a hepatite B e C, as drogas
nefrotóxicas usadas no tratamento de infecções oportunistas e efeitos adversos das drogas
antirretrovirais (WYATT et al., 2006).
A hepatite B em pessoas com HIV/aids aumenta em cerca de seis vezes o risco de
se tornarem portadores crônicos da hepatite e de desenvolverem cirrose, insuficiência hepática
e, em alguns casos, câncer do fígado. A coinfecção pela hepatite C, assim como pela hepatite
B, torna mais difícil a preservação do sistema imunológico de PVHA e acelera a progressão
para a morte (BRASIL, 2005).
A tuberculose também é responsável por uma grande parcela dos óbitos na
referida população, apesar dos avanços no diagnóstico e no acesso ao tratamento. Ensaios
clínicos randomizados mostraram o impacto positivo dessa infecção sobre a mesma, acredita-
se que fatores específicos das micobactérias podem contribuir para o aumento dessas mortes,
isto relacionado à interrupção ou inadequação do tratamento e a apresentação clínica da
doença. Ademais, os pacientes que foram expostos a uma terapia inadequada, mais tarde,
apresentaram resistência às drogas terapêuticas ou interromperam o tratamento, isto recaiu no
aumento em duas vezes no risco de vida (OLIVIER et al., 2014; MARTINSON et al., 2007;
CORBETT et al., 2002).
Portanto, é necessária uma compreensão mais aprofundada das causas e fatores
associados aos óbitos por aids, e também a gestão adequada da infecção e das comorbidades
que afetam esse grupo, seja relacionado ao HIV ou não. Uma das estratégias que pode ser
utilizada para isso é o monitoramento desses pacientes ao longo do período de exposição à
terapia antirretroviral. Monitorar os pacientes em tratamento e identificar fatores de risco
potencialmente modificáveis pode ser alcançada através da investigação dos biomarcadores,
já que eles vão além dos agravos ditos típicos da infecção pelo HIV, em uma progressão de
risco global (FULTZ et al., 2006).
Nessa perspectiva, foi desenvolvido o Índice VACS - Veteranos Aging Cohort
Study, projetado para prever as mortes em pacientes em terapia antirretroviral, por pelo menos
um ano. Tal período é importante, porque as relações entre os biomarcadores e o óbito podem
apresentar mudanças após o início da terapia (JUSTICE et al., 2013; STEIGBIGEL et al.,
2010) e, ainda, possibilita avaliar a estabilidade de mudanças proporcional ao tempo de
tratamento.
O Índice VACS prevê as mortes tanto relacionadas com o HIV como não, os
fatores prognósticos investigados incluem a idade e algumas rotinas clínicas, como contagem
24
―O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo que ele oferece a
alguns e recusa a outros, pela seleção de localização feita entre as atividades e entre
os homens, é o resultado de uma práxis coletiva que reproduz as relações sociais (...)
o espaço é um verdadeiro campo de forças cuja formação é desigual‖ (SANTOS,
1978, p. 171).
25
2 OBJETIVOS
Analisar a distribuição espacial e temporal dos óbitos por aids no Estado do Ceará.
3 MÉTODO
Para o desenvolvimento deste estudo foram investigados todos os óbitos por aids,
em indivíduos com mais de 12 anos de idade, residentes no Estado do Ceará, notificados nos
anos de 2000 a 2012 através da DO ao sistema de informação sobre mortalidade.
Decidiu-se analisar as declarações de óbito que faziam menção à aids na causa
básica. Já as variáveis definidas para análise foram: ano do óbito; causas do óbito; sexo
(masculino, feminino e ignorado); faixa etária (13 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 a 29 anos, 30 a
34 anos, 35 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 anos ou mais); raça/cor (branca, preta,
amarela, parda, indígena e ignorado); escolaridade por anos de estudo (1 a 3 anos, 4 a 7 anos,
8 a 11 anos, 12 anos ou mais); situação conjugal (solteiro, casado, viúvo, separado
judicialmente, outro, ignorado); local de ocorrência (hospital, outro estabelecimento de saúde,
domicílio, via pública, outro, ignorado); e local de residência (por regiões de saúde).
As causas relacionadas aos óbitos por aids foram identificadas na linha A da parte
I da DO, também nomeadas de causas terminais, porque essa linha sempre precisa ser
preenchida pelo médico atestante, assim como a causa básica. Todas as causas foram
codificadas pelo CID-10, em vigor desde o ano de 1996.
Em agosto de 2014, as informações do SIM foram obtidas por meio eletrônico,
correspondentes aos anos de 2000 a 2012, e disponibilizadas pelo Núcleo de Informação e
32
óbitos por 100.000 habitantes. Os modelos ficaram assim representados: Y = a + bX, onde Y
é a taxa estimada ajustada, a é a taxa no início do período e b é a variação anual média
(coeficiente de inclinação da reta), sendo X o ano (2000, corresponde a X = 0). Valores
obtidos por regressão linear dos valores ajustados sobre os anos, sendo a média padronizada
correspondente ao meio do período e a diferença anual à inclinação da reta. Média
padronizada e diferença anual em escala de óbitos por 100.000 habitantes, ajuste por sexo e
grupo etário, pelo método direto, tendo como população padrão os maiores de 12 anos do
Brasil em 2010. As proporções das variações totais explicadas pelos modelos são expressas
em r2 (variação de 0 a 1). As porcentagens de variação anual foram calculadas a partir da
razão b/média. Para o ajustamento de taxas e demais procedimentos quantitativos foi utilizado
o software Statistical Package for Social Sciences – SPSS 20.0.
Testes foram aplicados para a comparação de médias (t de Student), correlação
entre variável dependente e suas regressoras (coeficiente de correlação r de Pearson), e teste
para aferir a normalidade da variável dependente (Shapiro-Wilk). Em todos os testes alfa foi
considerado abaixo de 0,05 como necessário para rejeição da hipótese nula, e o valor p
predeterminado foi de 0,05. As variáveis contínuas de distribuição normal foram comparadas
entre as regionais de saúde pelo teste de comparações múltiplas (ANOVA).
A existência de correlação espacial das taxas de mortalidade por aids foi analisada
por meio do índice de Moran (I), que tem estrutura similar ao coeficiente de correlação de
Pearson. O índice de Moran pode ser entendido como um coeficiente de correlação entre
valores da mesma variável, mensurada em locais vizinhos, geralmente, com variação entre -1
e 1; na ausência de autocorrelação espacial seu valor tende a zero. A agregação espacial é
expressa por valores positivos, enquanto valores negativos expressam auto correlação inversa.
O índice de Moran permite analisar até que ponto o nível de uma variável para uma área é
similar ou não às áreas vizinhas (NEVES et al., 2000).
A presença de aglomerados (clusters) foi avaliada pelo índice I de Moran Local
(Local Indicators of Spatial Association – LISA). Esse índice possibilita identificar a
dependência espacial e quantificar o grau de associação espacial em cada localidade do
conjunto amostral. O Boxmap e o LISAmap foram construídos para visualizar os resultados
das taxas de óbitos com I de Moran significativos.
Os quadrantes (Q) apresentados nas legendas dos mapas como (Classe)
correspondem à relação entre os valores do vetor dos desvios (Z) e o vetor da média
ponderada local (Wz). Esses valores podem ser positivos ou negativos e são distribuídos em
um dos quatro quadrantes que compõem o gráfico de dispersão (diagrama de espalhamento de
Moran). Esses quadrantes são interpretados da seguinte forma: Classe 1 (valores positivos,
médias positivas), Classe 2 (valores negativos, médias negativas), ambos apontando áreas
com associação espacial positivas, com a existência de regiões de saúde que possuem valores
semelhantes às suas vizinhas; Classe 3 (valores positivos, médias negativas), Classe 4 (valores
negativos, médias positivas), indicando pontos de associação espacial negativa ou localidades
que apresentam valores distintos entre regiões de saúde vizinhas. O Boxmap não considera a
significância estatística. O LISAmap apresenta os clusters identificados pelo Boxmap,
considerando o nível de significância espacial ≤ 5%. Considerou-se como área crítica para o
evento estudado, as localidades classificada pelo Boxmap como classe 1, quando determinada
região de saúde apresenta taxa de óbitos elevada e está próximo às regiões na mesma
situação.
4 RESULTADOS
Gráfico 3 – Distribuição da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por ano.
Ceará, Brasil, 2000-2012
Dos 2974 óbitos por aids investigados, 2151 (72,3%) eram em homens e 823
(27,7%) em mulheres (Tabela 1). A taxa de mortalidade no sexo masculino detém uma
proporção maior ao longo do período de estudo em comparação à população feminina,
entretanto os óbitos em mulheres aumentaram de cerca de zero em 2000 para
aproximadamente 1,5 óbitos/100.000 hab em 2012, acompanhando assim a tendência de
feminização da epidemia (Gráfico 4). No geral, grande parte das mortes ocorreu em
37
Tabela 1 – Descrição das características sociodemográficas dos óbitos por aids de pessoas
maiores de 12 anos. Ceará, Brasil, 2000-2012
Gráfico 4 – Distribuição da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por sexo.
Ceará, Brasil, 2000-2012
Gráfico 5 – Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por sexo e faixa
etária. Ceará, Brasil, 2000-2012
40
Tabela 2 - Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local de
ocorrência. Ceará, Brasil, 2000-2012
Intervalo de confiança
Local de ocorrência N %
95%
Hospital 2706 91,0 89,96 92,02
Outros estabelecimentos de saúde 01 0,0 -0,03 0,10
Domicílio 234 7,9 6,90 8,84
Via pública 04 0,1 0,00 0,27
Outros 16 0,5 0,27 0,80
Total parcial 2961 99,6 - -
Ignorados 13 0,4 0,20 0,67
Total 2974 100,0 - -
Tabela 3 – Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local de
residência. Ceará, Brasil, 2000-2012
População 13
Local de residência* Óbitos % % DP+ Range
e+ anos
1ª Região Fortaleza 1663 55,9 1.907.546 32,6 4,3 25,1
2ª Região Caucaia 187 6,3 372.821 6,4 4,7 34,9
3ª Região Maracanaú 145 4,9 312.863 5,4 3,7 15,1
4ª Região Baturité 14 0,5 91.750 1,6 7,5 68,1
5ª Região Canindé 33 1,1 129.078 2,2 3,8 13,6
6ª Região Itapipoca 45 1,5 171.780 2,9 3,1 13,3
7ª Região Aracati 42 1,4 77.241 1,3 6,1 22,7
8ª Região Quixadá 40 1,3 202.705 3,5 3,9 29,5
9ª Região Russas 33 1,1 138.130 2,4 3,1 13,8
10ª Região Limoeiro Norte 53 1,8 157.009 2,7 3,5 15,0
11ª Região Sobral 130 4,4 406.395 7,0 4,9 30,6
12ª Região Acaraú 41 1,4 130.227 2,2 4,1 25,0
13ª Região Tianguá 86 2,9 191.214 3,3 5,0 25,1
14ª Região Tauá 25 0,8 75.884 1,3 2,9 12,6
15ª Região Crateús 62 2,1 207.229 3,5 3,1 12,6
16ª Região Camocim 16 0,5 100.085 1,7 1,9 10,4
17ª Região Icó 27 0,9 121.270 2,1 3,1 17,0
18ª Região Iguatu 57 1,9 214.623 3,7 2,6 11,5
19ª Região Brejo Santo 30 1,0 143.417 2,5 4,2 19,7
20ª Região Crato 35 1,2 227.113 3,9 2,7 18,7
21ª Região Juazeiro Norte 111 3,7 277.247 4,7 2,8 11,2
22ª Região Cascavel 99 3,3 190.800 3,3 4,3 21,9
Total 2974 100,0 5.846.427 100,0 4,2 68,1
Nota:
*Distribuído por região de saúde. 02 óbitos ignorados.
+
Desvio Padrão.
Tabela 4 – Causas básicas não-aids de óbito de pessoas maiores de 12 anos, segundo capítulo
do CID-10. Ceará, Brasil, 2000-2012
Código CID – 10 N %
I Algumas doenças infecciosas e parasitárias 29 19,5
II Neoplasias 36 24,2
IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 2 1,3
V Transtornos mentais e comportamentais 6 4,0
VI Doenças do sistema nervoso 3 2,0
IX Doenças do aparelho circulatório 29 19,5
X Doenças do aparelho respiratório 6 4,0
XI Doenças do aparelho digestivo 23 15,4
XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1 0,7
XIII Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo 2 1,3
XIV Doenças do aparelho geniturinário 2 1,3
XV Gravidez, parto e puerpério 3 2,0
XX Causas externas de morbidade e mortalidade 7 4,7
Total 149 100,0
Dentre as 2.976 declarações de óbito que apresentavam a aids como causa básica,
2.587 (86,9%) mencionavam a causa terminal, doença ou lesão que contribuiu diretamente
para o óbito, também denominada de causa relacionada, na linha A do documento. Dentre
essas causas, as que foram observadas na maioria das regiões de saúde cearenses, conforme
capítulos do CID-10 foram: sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de
laboratório, não classificados em outra parte; doenças do aparelho respiratório; algumas
doenças infecciosas e parasitárias; doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; doenças do
sistema nervoso; e doenças do aparelho circulatório. A causa relacionada doenças da pele e do
tecido subcutâneo foi verificada somente na região de saúde Fortaleza, em uma declaração. Já
a região de saúde Tauá, foi a única a apresentar causas externas de morbidade e mortalidade,
na indicação dessa causa, e, igualmente, em um documento (Tabela 5).
Além disso, a análise dessas causas aponta os seguintes agravos, reunidos em
capítulos do CID-10, como os responsáveis pela maioria das mortes em pessoas com HIV:
XVIII - sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte (38,3%), X - doenças do aparelho respiratório (30,9%), e I -
algumas doenças infecciosas e parasitárias (21,1%) (Tabela 5).
43
Tabela 5 – Causas relacionadas ao óbito por aids de pessoas maiores de 12 anos, segundo
capítulo do CID-10 e região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012
Nota: *Identificadas pela ordem estabelecida no processo de regionalização (1ª a 22ª região de saúde).
Tabela 6 - Descrição das principais causas relacionadas ao óbito por aids de pessoas maiores
de 12 anos, segundo capítulo e categoria do CID-10. Ceará, Brasil, 2000-2012
Capítulo
Código Código Categoria CID-10* N+ %
CID-10*
A00-A09 Doenças infecciosas 12 0,4
A15-A19 Tuberculose 44 1,6
A30-A49 Outras doenças bacterianas 408 15,6
A80-A89 Infecções virais do sistema nervoso 01 0,0
central
Algumas
B00-B09 Infecções virais caracterizadas por 01 0,0
doenças
I lesões de pele e mucosas
infecciosas e
B20-B24 Doenças pelo vírus da 254 9,7
parasitárias
imunodeficiência humana (HIV)
B25-B34 Outras doenças por vírus 05 0,2
B35-B49 Micoses 39 1,4
B50-B64 Doenças devido aos protozoários 39 1,4
B65-B83 Helmintíases 01 0,0
Notas:
*Na tabela foram discriminadas as principais causas relacionadas, não abrangendo a totalidade de capítulos e
categorias do CID.
+
N aponta a quantidade de declarações que apresentaram a categoria nas causas relacionadas, linha A da
declaração de óbito.
O agravo que apresentou o maior coeficiente nas DO foi sintomas não específicos
peculiares à infância com 87,5 %, na categoria sintomas e sinais gerais (Tabela 7). Em
45
Tabela 7 – Óbitos por causa relacionada categoria do CID-10 sinais e sintomas gerais de
pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012
Código CID – 10 N %
R52.9 Dor não especificada 01 0,1
R56.8 Outras convulsões e as não especificadas 01 0,1
R57.0 Choque cardiogênico 06 1,1
R57.1 Choque hipovolêmico 34 6,4
R57.8 Outras formas de choque 02 0,3
R57.9 Choque não especificado 11 2,0
R58 Hemorragia não classificada em outra parte 02 0,3
R62.8 Outras formas de retardo do desenvolvimento fisiológico normal 01 0,1
R64 Caquexia 05 0,9
R68.1 Sintomas não específicos peculiares à infância 462 87,5
R69 Causas desconhecidas e não especificadas de morbidade 03 0,6
Total 528 100,0
Tabela 8 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças do aparelho
respiratório de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012
Código CID – 10 N %
J95.8 Outros transtornos respiratórios pós-procedimentos 01 0,1
J96.0 Insuficiência respiratória aguda 148 19,8
J96.9 Insuficiência respiratória não especificada 570 76,5
J98.4 Outros transtornos pulmonares 03 0,4
J98.8 Outros transtornos respiratórios especificados 22 2,9
J98.9 Transtorno respiratório não especificados 01 0,1
Total 745 100,0
46
Tabela 9 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças bacterianas
de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012
Código CID – 10 N %
A41.2 Septicemia por estafilococos não especificados 01 0,2
A41.8 Outras septicemias especificadas 01 0,2
A41.9 Septicemia não especificada 404 99,0
A42.9 Actinomicose não especificada 01 0,2
A49.9 Infecção bacteriana não especificada 01 0,2
Total 408 100,0
Tabela 10 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 doenças pelo vírus da
imunodeficiência humana de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil,
2000-2012
Código CID – 10 N %
B20 Doença pelo HIV resultando em infecções micobacterianas 03 1,2
B20.4 Doença pelo HIV resultando em candidíase 02 0,8
Doença pelo HIV resultando em pneumonia
B20.6 06 2,3
por Pneumocystis carini
B20.7 Doença pelo HIV resultando em infecções múltiplas 03 1,2
Doença pelo HIV resultando em outras doenças infecciosas e
B20.8 05 1,9
parasitárias
Doença pelo HIV resultando em doença infecciosa ou parasitária
B20.9 08 3,1
não especificada
B21.0 Doença pelo HIV resultando em sarcoma de Kaposi 01 0,4
Doença pelo HIV resultando em neoplasia maligna não
B21.9 01 0,4
especificada
B22.0 Doença pelo HIV resultando em encefalopatia 01 0,4
B22.2 Doença pelo HIV resultando em síndrome de emaciação 03 1,2
B23.0 Síndrome de infecção aguda pelo HIV 03 1,2
B23.8 Doença pelo HIV resultando em outras afecções especificadas 03 1,2
Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) não
B24 215 84,6
especificada
Total 254 100,0
Gráfico 6 – Taxa média de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por região de saúde.
Ceará, Brasil, 2000-2012
Gráfico 7 – Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000 a 2012
50
Gráfico 8 – Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por ano. Ceará,
Brasil, 2000-2012
Gráfico 9 - Evolução temporal dos óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012
Gráfico 10 – Evolução temporal dos óbitos por aids em maiores de 12 anos. Ceará, Brasil,
2000-2012
53
Figura 3 – Taxa média dos óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de saúde. Ceará,
Brasil, 2000-2012
A figura 4 exibe os clusters dos óbitos por aids com suas respectivas
significâncias, bem como demonstra de maneira mais clara a relação entre as regiões de saúde
e suas circunvizinhas. O LISAmap, Figura 4 (A), evidencia a existência de dois
conglomerados locais significativos dos óbitos por aids, correspondendo às regiões de saúde
Fortaleza, Maracanaú, Tauá, Iguatu e Juazeiro do Norte. O LISAmap confirmou os resultados
apresentados no Boxmap [Figura 4 – (B)] para a classe 1 (alto-alto) e 2 (alto-baixo). Na classe
1, constatou-se a presença de ampla aglomeração de valores e médias positivas nas regiões de
saúde formada por municípios litorâneos e próximos à capital.
55
Figura 4 – Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids: (A) – LISAmap e (B) -
Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012
(A)
(B)
56
Figura 5 – Moran map da taxa de mortalidade por aids em homens. Ceará, Brasil, 2000-2012
57
Figura 6 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids em homens: A- LISAmap e
B - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012
B
58
Figura 7 – Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 50 a 59 anos. Ceará,
Brasil, 2000-2012
59
Figura 8 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária de 50 a 59
anos: A- LISAmap e B- Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012
B
60
Para as mortes por aids de pessoas com 60 anos e mais (idosos), identificou-se um
comportamento semelhante ao dos óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos (Figura 9). As
regiões Tianguá, Fortaleza e Maracanaú apresentam cluster de alta incidência (Figura 10 - A),
já os aglomerados desses óbitos nas regiões Caucaia, Fortaleza, Maracanaú, Cascavel e
Aracati têm vizinhos com taxas também elevadas. As regiões Baturité, Russas e Brejo Santo
estão cercados por vizinhos de incidência igualmente baixa (Figura 10 - B).
Figura 9 – Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 60 anos e mais.
Ceará, Brasil, 2000-2012
61
Figura 10 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária de 60 anos e
mais: A- LISAmap e B- Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012
B
62
5 DISCUSSÃO
Do total de óbitos por causa básica aids investigados, os homens foram os mais
acometidos, com proporção semelhante ao longo da série histórica, porém as mortes na
população feminina duplicaram no mesmo período, acompanhando a tendência nacional
(BRASIL, 2014). Ademais, os óbitos com o maior quantitativo na idade de 13 até 39 anos
ocorreram em mulheres, já aqueles com idade entre 40, 60 e mais anos eram, em sua maioria,
homens.
Nesse contexto, os homens não são vistos como protagonistas nos serviços de
saúde, o que dificulta o acompanhamento dessa população, principalmente quanto à
prevenção de doenças, recaindo em uma vulnerabilidade maior ao adoecimento. O imaginário
de ser homem pode aprisionar o masculino em raízes culturais, dificultando a adoção de
práticas de autocuidado, pois à medida que ele se enxerga como invulnerável e forte, procurar
o serviço de saúde, numa perspectiva preventiva, poderia associá-lo à fraqueza, medo e
insegurança, o que pode aproximá-lo das representações do universo feminino, e implicar
possivelmente em desconfiança acerca dessa masculinidade socialmente instituída
(NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).
Uma proporção maior de óbitos em homens também pode estar associado à
própria evolução da epidemia do HIV/aids, em que esse gênero foi o mais acometido no
início, e pode ser visualizado na morte de indivíduos com idade mais avançada. A análise das
mortes por aids em idosos brasileiros, no período de 1996 a 2007, evidenciou que a faixa
etária mais acometida foi entre 60 e 69 anos de idade, 77,4% do total, e o número de óbitos no
sexo masculino foi até três vezes maior que no feminino (GIRONDI, 2012). Nesta pesquisa,
os idosos (60 anos e mais) representaram 5,6% dos óbitos.
No caso feminino, o maior número de mortes entre 13 e 39 anos produz impactos
sociais significativos, por atingir a fase mais produtiva e reprodutiva desse grupo. Ainda, os
óbitos em mulheres estão vinculados ao retardo no diagnóstico, devido à dificuldade de
acesso aos serviços de saúde e as informações sobre a infecção, negligência de cuidados com
sua própria saúde, devido à responsabilidade de cuidar da família recair quase que
exclusivamente sobre elas, que ao acumular tarefas, presta menos atenção às mudanças do seu
corpo, principalmente em relação a sinais e sintomas de adoecimento (BRAGA; CARDOSO;
63
SEGURATO, 2007). Também, famílias tem sido afetada pelo HIV/aids. Convivem com o
vírus mãe, pai e filhos. Nesse sentido, a mulher direciona o exercício de cuidados ao marido e
prole em busca da saúde da família em detrimento do seu próprio bem-estar (HARRIS et al.,
2011).
A raça/cor é uma característica que também foi considerada para estudo, apesar da
dificuldade em se definir e caracterizar os grupos étnicos em um país intensamente
miscigenado como o Brasil. No Estado do Ceará, entre o ano de 2000 e 2012, os óbitos
investigados foram na maioria em indivíduos considerados pardos (68,9%), seguidos dos
brancos (14,4%). É necessário considerar que grande dos cearenses se declarou pardo ou
branco no censo 2010, correspondendo a 61,9% e 32%, respectivamente, da população total
do Estado (IBGE, 2011).
Evidencia-se, na literatura, a junção das pessoas consideradas pardas e pretas na
categoria negra, ou não branca, gerando um cenário epidemiológico que não é representativo
do comportamento da epidemia ao se considerar os grupos de raça/cor específicos, ou seja,
homogeneíza um conjunto cujas partes são apresentam suas peculiaridades (FRY et al., 2007).
Nessa perspectiva, estudiosos ao comparar nos Estados Unidos a mortalidade por aids no
grupo raça/cor, relataram que o risco de morrer por aids foi maior entre os negros que em
brancos (SINGH et al., 2013; LEVINE et al., 2007). Estudo conduzido no Brasil reafirma
esse resultado, apesar de considerar os registros sobre essa característica deficientes
(FONSECA et al., 2007).
Quanto à escolaridade (em anos de estudo), ela tem impacto significativo no
enfrentamento da condição de saúde pela pessoa que vive com HIV/aids, no suporte social, no
nível de depressão, e na compreensão da mortalidade por aids. Acredita-se que, quanto maior
a escolaridade do indivíduo, maior é o acesso às informações sobre a infecção, o que
proporciona melhores recursos internos e externos para se conviver com a doença, e se
prevenir de outros agravos (REIS et al., 2012). Do mesmo modo, pesquisadores apontaram
existir uma associação inversa entre escolaridade e abandono dos serviços de saúde
especializados em HIV/aids, e, no plano individual, a escolaridade é um fator importante para
o prognóstico das pessoas que vivem com o HIV (SCHILKOWSKY; PORTELA; SÁ, 2011;
MARÍ-DELL‘OMO, 2007). Portanto, mostra-se a estreita relação dessa característica com à
morbimortalidade dessa população.
Os óbitos por aids analisados nesta pesquisa ocorreram em indivíduos que tinham
de 4 a 7 anos de estudo. Ressalta-se que o número de dados ignorados representou uma
64
proporção acima de 30%, o que provoca uma reflexão sobre a qualidade dessas informações
e, por conseguinte, verifica-se a necessidade de melhorar o preenchimento desse indicador na
declaração de óbito.
Em relação à situação conjugal, houve maior predominância dos óbitos por aids
entre os solteiros (58%), corroborando com achados de outro estudo na mesma perspectiva
(REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA, 2010). Acredita-se que os riscos aos quais as
pessoas desse grupo se expõem, como multiplicidade de parceiros sexuais, não uso recorrente
do preservativo, abuso do consumo de álcool e drogas ilícitas, podem contribuir para o
agravamento do quadro clínico e, consequente, morte. Já que, pesquisa realizada com o
objetivo de correlacionar a demora assistencial a indivíduos com HIV e fatores de risco
associados, aponta o uso de drogas injetáveis como um dos indicadores atrelados aos cuidados
tardios (METALLIDIS et al., 2012), e isto pode colaborar diretamente para um desfecho
desfavorável, em razão do provável risco aumentado de morrer por causa da aids.
Os casados representaram 23% do total das mortes. Pessoas envolvidas em uma
união conjugal apresentam baixa percepção de risco para HIV/aids, com implicações diretas
na transmissão do vírus, no diagnóstico tardio, no agravamento do quadro clínico e,
consequente, elevado risco de morrer. O HIV/aids ainda é visto como doença da rua ou a
doença do outro, de grupos de risco os quais aqueles envolvidos em união conjugal ou estável
não fazem parte (SANTOS et al., 2009). Além disto, as percepções desses indivíduos
expressam a cultura em que estão inseridos no que se diz respeito aos papéis de gênero e
hierarquização da relação afetivo-sexual, o que pode influenciar a adoção de comportamentos
de autocuidado (DUNKLE et al, 2008; MAIA; GUILERM; FREITAS, 2008)
O hospital foi o estabelecimento de saúde com maior proporção (91%) de
ocorrência dos óbitos por causa básica aids, visto que ele associa atendimento de diversas
especialidades e tecnologia avançada, assim, é capaz de atender as demandas de diagnóstico e
tratamento de soropositivos para HIV, já com agravamento no quadro clínico ligado à
patogênese da infecção.
Outro dado importante é que 55,9% dessas mortes foram em pessoas que residiam
na região de saúde Fortaleza, constituída pelos municípios de Fortaleza, Eusébio, Aquiraz e
Itaitinga, os quais integram a Região Metropolitana de Fortaleza.
Fortaleza é um município litorâneo, turístico e representa a quinta capital do país
em termos de população. Morar na Região Metropolitana contribui para o acesso ao ensino de
melhor qualidade, a bens de consumo e de serviço, a empregos com planos de carreira e
65
et al., 2003). Pesquisa realizada em uma cidade litorânea cita tais problemas, e aponta o
aumento do número de casos de aids está associado a grande rotatividade de pessoas em
períodos específicos do ano, principalmente no feriado de carnaval, o que pode contribuir para
o adoecimento dessa população (OLIVEIRA et al., 2009), como também, para a própria
disseminação do vírus HIV.
A região de saúde Maracanaú engloba o maior centro industrial do Ceará, já na
região Cascavel acontece a Feira de São Bento, segunda maior feira livre do Brasil. Quanto às
regiões Aracati, Fortaleza e Caucaia, elas apresentam o turismo como importante atividade
econômica e geradora de emprego, por causa das belas praias Canoa Quebrada, Futuro e
Cumbuco, respectivamente.
Nesse contexto, as oportunidades de emprego podem desencadear o processo
migratório de soropositivos do interior, regiões circunvizinhas e outros estados, com a
intenção permanente ou temporária de trabalhar ou residir em municípios localizados nessas
regiões de saúde. Ademais, o adoecimento das PVHA pode ser favorecido pelo turismo e a
rotatividade de pessoas, contribuindo para o agravamento clínico e a morte dessa população,
justificando os achados da distribuição espaço-temporal do presente trabalho.
Destaca-se que grupos populacionais em constante interação dentro do espaço
geográfico podem adotar comportamentos semelhantes com consequente risco para o
adoecimento. Uma maior interação entre diferentes grupos populacionais, sem as devidas
ações de saúde para prevenção e cuidado e que acompanhem a expansão do espaço físico,
pode acrescentar risco de contágio de doenças entre comunidades (ROTHENBERG et al.,
2005).
Outra questão a ser considerada é o acesso à atenção especializada, acredita-se
que a descentralização das ações de saúde tem se mostrado adequada para a maior parte das
ações básicas de saúde, porém os serviços que envolvem maior complexidade tecnológica têm
sua eficácia e qualidade comprometidas com o processo de descentralização (BARCELLOS
et al., 2002). Isso contribui para as desigualdades regionais no acesso ao serviço de saúde, e a
necessidade de deslocamento de pessoas para as regiões mais desenvolvidas (BAENINGER,
2004).
Conforme se depreende ao se analisar aglomerados de processos em saúde em
determinado território, as cidades não são autossuficientes, pois constantemente se relacionam
com seus vizinhos e com espaços mais longínquos, por meio das várias opções disponíveis
hoje de comunicação e transporte, que reduzem as distâncias (BRASIL, 2006). Esse é um dos
67
conceitos básicos das análises espaciais e é constatado claramente pela expansão geográfica
de processos de adoecimento. Convém ressaltar ainda o seguinte: nos últimos anos, houve no
país a redução de processos migratórios de longa distância, a intensificação de fluxos de
retorno, da migração intrametropolitana e o aumento de movimentos migratórios de curta
distância e intrarregionais, bem como crescimento de movimentos pendulares (BAENINGER,
2004).
Pode-se afirmar: o processo migratório é fator predisponente para disseminação
do HIV/aids. Entretanto, redes de comunicação que interligam grupos vulneráveis de
diferentes pontos do país também se revelam como fator de propagação da aids
(BARCELLOS et al., 2002; HEIMER, 2008). A expansão da epidemia do Sul e Sudeste para
o Norte do país coincide com eixos de comunicação e transporte interestaduais
(BARCELLOS et al., 2004). Esse fenômeno, provavelmente também atinge a região
Nordeste.
Também, foram identificados clusters de alta incidência nas regiões de saúde
Juazeiro do Norte, Iguatu e Tauá, o que pode refletir o processo de interiorização dos óbitos
por aids. A região Juazeiro do Norte é formada por municípios que se localizam na Região
Metropolitana do Cariri, onde está um dos maiores centros religiosos populares do Brasil, na
figura do Padre Cícero. Juntamente com Iguatu, representam polos educacionais com
universidades públicas e faculdades privadas, além de escolas técnicas federais. A região de
saúde Tauá, constituída pelos municípios de Parambu, Arneiroz, Tauá e Aiuaba; integra o
Sertão do Inhamuns.
Ademais, atestou-se dependência espacial para os óbitos por aids no sexo
masculino nas regiões de saúde Fortaleza, Juazeiro do Norte, Tauá e Tianguá. Estas regiões
apresentam um número elevado de habitantes desse sexo (IBGE, 2010), e pode revelar
desigualdades existentes na assistência à saúde de homens e mulheres, fato intimamente
associado às concepções de gênero presentes em nossa sociedade (BRITO; SANTOS;
MACIEL, 2010).
Nesse sentido, o desfavorecimento à saúde dos homens pode estar ligado aos
preconceitos existentes na sociedade a respeito da concepção de padrões masculinos
construídos com base na subjetividade que envolve atributos como força, domínio e
machismo. Isto reflete em todos os campos sociais, inclusive na área da saúde, onde as
políticas públicas não se voltaram, de modo satisfatório, às necessidades de saúde desta
parcela da população (FIGUEIREDO, 2005). Agregam-se, ainda, fatores como
68
Entre o ano de 2000 e 2007, cerca de 96% dos soropositivos morreram por causa
básica aids no Brasil, e as não-aids alcançaram só 3,9% (REZENDE; VASCONCELOS;
PEREIRA, 2010). Já nos Estados Unidos, entre militares, a comparação dessas causas na era
pré e pós-TARV, mostrou a expansão das não-aids, 9% versus 32% (CRUM et al., 2006), o
mesmo observado em estudo no Canadá, em que elas aumentaram de 7% para 32%, após o
amplo acesso à terapia (KRENTZ et al., 2005).
Na literatura, esse panorama reflete a não adesão ou a ingestão inadequada dos
antirretrovirais pelas pessoas que vivem com HIV/aids, as barreiras no acesso aos serviços
especializados e de maior complexidade, o diagnóstico tardio da infecção e de outros agravos,
o início da terapia em estágio avançado, e a idade do óbito (pessoas jovens), como fatores
contribuintes ao adoecimento para além do HIV/aids (JAHN et al., 2008; GUIMARÃES et
al., 2008; FARIAS; CARDOSO, 2005). A qualidade das estratégias preventivas adotadas
pelos profissionais de saúde na abordagem dessa população, também são importantes, porque
colaboram diretamente para a ausência ou atraso de doenças, além do diagnóstico precoce,
principalmente quando mantêm associação com o estilo de vida.
Na análise das causas básicas não-aids, as neoplasias, doenças do aparelho
circulatório, do sistema digestivo; e as infecciosas e parasitárias, foram as mais
representativas nas DO, outros autores encontraram resultado semelhante (SMITH et al.,
2014; ANGLARET et al., 2012; PEREIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2007). Do mesmo
modo, pesquisas também indicam as doenças respiratórias (PACHECO et al., 2009; YANG et
al., 2008) e causas externas como as mais prevalentes (WONG et al., 2012; REZENDE;
VASCONCELOS; PEREIRA, 2010); em contrapartida, nesta investigação elas foram
responsáveis, respectivamente, por 4% e 4,7% das mortes.
No que diz respeito à investigação das causas relacionadas ao óbito por aids,
identificamos que a maioria das regiões de saúde apresentaram mortes por doenças do
aparelho circulatório; infecciosas e parasitárias; endócrinas, nutricionais e metabólicas;
sistema nervoso e respiratório. Todavia, as proporções mais elevadas foram observadas nos
capítulos do CID-10 sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório,
não classificado em outra parte (38,3%); doenças do aparelho respiratório (30,9%); e doenças
infecciosas e parasitárias (21,1%).
As neoplasias têm sido constantemente relatadas como uma das principais causas
básicas não-aids de morte em pessoas que vivem com o HIV, com destaque no período pós-
TARV(INGLE et al., 2014; STEWART et al., 2012; SIMARD; ENGELS, 2010). Em 2007, a
70
e colesterol VHDL (PACHECO et al., 2008), vasculite causada pelo HIV ou por infecções
secundárias (citomegalovírus, tuberculose) e ação direta do HIV no coração, cada vez mais
comum entre os soropositivos (GOPAL et al., 2009; MARTÍNEZ et al., 2009;
KHUNNAWAT et al., 2008)
Os mesmos riscos contribuem para o aparecimento das causas de morte por
doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; sendo as relacionadas à aids citadas em 14
regiões de saúde. O diabetes mellitus é doença mais representativa entre esse grupo nas
declarações de óbito, tanto na causa básica como na relacionada, conforme a literatura
(PALLELA et al., 2006; JUSTMAN et al., 2003), visto que a universalização da TARV e o
tratamento prolongado aumentaram a incidência de resistência à insulina e intolerância à
glicose, e é um efeito adverso dos antirretrovirais (JUSTMAN et al., 2003).
Um estudo investigou a incidência de DM em pessoas infectadas pelo HIV em
tratamento, concluiu que as principais causas relacionadas, nos óbitos por causa básica aids,
no pós-TARV, foram as mesmas observadas, em 1998, porém com proporções mais elevadas
para algumas doenças, sugerindo que essa possa ser uma característica do uso amplo e
prolongado da terapia: diabetes mellitus (7,0% para 8,3%), doenças do aparelho circulatório
(9,5% para 23,7%), doença alcoólica do fígado (22,6% para 9,2%) (DOMINGUES;
WALDMAN, 2014; SANTO et al., 2000). Esta última é uma das principais doenças do
sistema digestivo (4ª capítulo da DO entre as causas não-aids identificadas) determinante de
morte entre as PVHA. A ingestão do álcool, muitas vezes em excesso, o qual aumenta a
probabilidade das pessoas se envolverem em comportamento de risco, por exemplo, através
do compartilhamento de seringas entre usuários de drogas ilícitas, e comportamentos sexuais
de risco, principalmente sexo oral e anal, recaem numa maior vulnerabilidade para essas
doenças (WEBER et al., 2006; STEIN et al., 2000).
As doenças infecciosas e parasitárias, que incluem algumas infecções
oportunistas, foram mencionadas na causa básica e relacionada ao óbito por aids, em 19,5% e
21,1%, respectivamente. Apesar dos avanços no diagnóstico e no acesso ao tratamento para
HIV, as doenças bacterianas continuam a ser uma das principais causas de morte nessa
população, seguida pela TB, embora sejam mais fáceis de diagnosticar e tratar do que muitos
outros tipos de infecções (HARRIES et al., 2010; ANGLARET et al., 2012). Porém, neste
estudo a tuberculose só apareceu em 44 declarações, e demostra a atuação de gestores e
profissionais de saúde no planejamento de ações no controle da coinfecção HIV/TB, como o
72
mostrou uma redução na proporção de 6,3%, em 1996, para 5,1%, em 2006 (ADIH et al.,
2011).
No caso do capítulo do CID-10 sintomas, sinais e achados anormais de exames
clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte; ele representa a principal causa
relacionada às mortes por aids, todavia ele dificulta a compreensão da morbimortalidade das
PVHA, por mencionar diagnósticos inespecíficos, entre eles sintomas não específicos
peculiares à infância foi a principal causa relacionada. Por isso, alguns estudos denomina esse
capítulo de afecções mal definidas, como pesquisa realizada com dados do sistema de
informação sobre mortalidade brasileiro, em que essa causa foi responsável por elevada taxa
de morte entre as causas relacionadas ao óbito por aids, em geral na condição de causas
terminais (REIS; SANTOS; CRUZ, 2007).
O mesmo cenário acontece para a categoria do CID-10 doenças pelo vírus da
imunodeficiência humana, que indica a doença pelo HIV não especificada (código B24),
como a mais prevalente causas relacionada ao óbito por aids. Desta forma, chama-se atenção
para se refletir sobre a qualidade dos diagnósticos citados nas declarações de óbito, e o porquê
de se mencionar causas inespecíficas, talvez possa estar associado à necessidade de exames
clínicos mais aprofundados/complexos os quais o serviço de saúde não proporciona.
74
6 CONCLUSÃO
sociodemográficas, com destaque para a faixa etária e o sexo. Pessoas com HIV/aids de 50 a
59 anos estão concentrados nas regiões de saúde próximas à capital do Estado, resultado
semelhante para os idosos (60 anos e mais), apesar deste grupo apresentar dependência
espacial na região de saúde Tianguá. A região de saúde Fortaleza ainda aglomera os óbitos de
homens, assim como as regiões Aracati, Juazeiro do Norte, Tauá e Iguatu.
Por fim, estudos epidemiológicos e com o uso do geoprocessamento são
importantes para elucidar questões relacionados aos problemas de saúde pública,
principalmente quanto à epidemia do HIV/aids e, portanto, devem ser incentivados. Espera-se
que os resultados deste estudo possam contribuir para o aperfeiçoamento e a elaboração de
políticas públicas direcionadas a reduzir a morbimortalidade de PVHA, como também,
direcionar a alocação de recursos, para prevenção e tratamento das doenças decorrentes da
infecção ou não, com foco nas regiões de saúde.
Limitações
Recomendações
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APÊNDICES
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ANEXOS
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