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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CUIDADOS CLÍNICOS EM
ENFERMAGEM E SAÚDE

ANA PAULA VIEIRA BRINGEL

ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DOS ÓBITOS POR AIDS NO ESTADO


DO CEARÁ

FORTALEZA
2015
ANA PAULA VIEIRA BRINGEL

ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DOS ÓBITOS POR AIDS NO ESTADO


DO CEARÁ

Dissertação de mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade
Estadual do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do Título de Mestre em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde. Área de
concentração: Cuidados Clínicos em
Enfermagem e Saúde.

Orientador (a): Profa. Dra. Maria Lúcia Duarte


Pereira.

FORTALEZA
2015
ANA PAULA VIEIRA BRINGEL

ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DOS ÓBITOS POR AIDS NO ESTADO


DO CEARÁ

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade
Estadual do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do Título de Mestre em Cuidados
Clínicos em Enfermagem e Saúde. Área de
concentração: Cuidados Clínicos em
Enfermagem e Saúde.

Aprovada em: 27 / 02 / 2015.

BANCA EXAMINADORA
A Deus, por seu imenso amor que me permitiu
mais uma conquista em minha vida.
Aos meus pais e irmão, que caminharam
comigo nessa trajetória.
Ao meu noivo, por ser tão compreensivo. Seu
amor e carinho me deram forças para
continuar.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelas oportunidades concedidas, por me fortalecer durante a caminhada.


Aos meus pais, Maria Aparecida e Raimundo, e a meu irmão, Breno, por acreditarem em
mim.
Ao meu amado noivo, companheiro de todas as horas. Obrigada por me fazer tão feliz.
Às minhas amigas queridas, Gabriela e Sílvia Helena, pelo apoio, por sempre torcerem pelo
meu sucesso.
À minha orientadora, Profa. Dra. Lúcia Duarte, pelas orientações. Tenho admiração por sua
sabedoria!
A toda equipe do Núcleo de Informação em Saúde da Secretaria de Saúde do Estado do
Ceará, pela receptividade, dedicação e ajuda.
“Deus transforma choro em sorriso, dor em
força, fraqueza em fé, sonho em realidade.”
(Autor desconhecido)
RESUMO

A partir do amplo acesso à terapia antirretroviral assistiu-se, em todo o mundo, mudanças nos
padrões de morbimortalidade relacionados ao HIV/aids. Objetiva-se analisar a distribuição
espacial e temporal dos óbitos por aids no Estado do Ceará, e suas causas, segundo região de
saúde. Estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo e transversal, considerou-se os óbitos
por aids de indivíduos maiores de 12 anos, residentes no Ceará, notificados entre 2000 e 2012
pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade. Trabalhou-se com variáveis
sociodemográficas, com as causas dos óbitos de acordo com a décima edição do Código
Internacional de Doenças, obtidos na Secretaria de Saúde do Estado, em arquivo eletrônico, e
com indicador epidemiológico. Para análise dos dados individuais empregou-se o software
SPSS 20.0. Testes foram aplicados para comparação de médias (t de Student), correlação
entre variável dependente e suas regressoras (coeficiente de correlação r de Pearson), e teste
para aferir a normalidade da variável dependente (Shapiro-Wilk). Foram consideradas
estatisticamente significantes análises inferenciais de ρ inferior a 0,05. Tendo como base os
coeficientes de mortalidade, foram calculadas as estimativas bayesianas empíricas locais, para
cada região de saúde. Para identificação de aglomerados espaciais, calculou-se taxa média de
óbitos por aids do período e relacionada com o mapa vetorial do Ceará, através do programa
ArcView 10.1. Autocorrelação espacial foi verificada pelo Índice de Moran. Obteve-se
aprovação do Comitê de Ética da Universidade Estadual do Ceará, sob protocolo n° 732.200.
Os óbitos por aids apresentam tendência de crescimento no Ceará, com maioria ocorrendo em
hospital, nos homens, solteiros, com idade de 40 a 49 anos, pardos, com 4 a 7 anos de estudo,
e residentes na região de saúde Fortaleza. A causa básica aids é prevalente, e as causas
relacionadas principais são: sintomas não específicos peculiares à infância; insuficiência
respiratória não especificada; e septicemia não especificada. Clusters de óbitos por aids com
altas taxas foram verificados nas regiões de saúde Fortaleza, Maracanaú, Iguatu e Tauá,
provavelmente vinculados ao turismo, economia e aos processos migratórios. Concluiu-se que
os óbitos por aids no Ceará possui dependência espacial em algumas regiões de saúde,
principalmente em áreas litorâneas e de turismo, e apontam para a necessidade de se valorizar
estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para além da infecção pelo HIV, no
acompanhamento de soropositivos.

Palavras-chave: Óbitos por aids. Causas de óbito. Análise espacial.


ABSTRACT

With the broad access to antiretroviral therapy, changes in the patterns of mortality related to
HIV/aids have been seen throughout the world. The objective of this study is to analyze the
spatial and temporal distribution of deaths in the State of Ceará that result from AIDS and
their causes, according to the health region. For this retrospective and transversal descriptive
epidemiologic study, the deaths by aids of individuals older than 12 years of age, resident in
Ceará, registered between the years of 2000 and 2012 by the Mortality Information System
were considered. To complete this study, sociodemographic variables were used, with the
causes of death defined according to the tenth edition of the International Classification of
Diseases, with epidemiological indicators obtained from the State Health Secretariat in
electronic file. For the analysis of individual data, we used the SPSS 20.0 software. Tests
were applied to compare medium values (Student's t), correlation between the dependent
variable and its regressive (Pearson's correlation coefficient r), and a test to assess the
normality of the dependent variable (Shapiro-Wilk). Inferential Analysis of ρ, inferior to 0,05,
were considered statistically significant. Based on the mortality rates, local empirical
Bayesian estimates for each health region were calculated. To identify spatial clusters, we
calculated the average rate of AIDS deaths for the period and related this to the vector map of
Ceará, using the ArcView 10.1 program. Spatial autocorrelation was verified by the Moran
index. Approval of the Ethics Committee of the State University of Ceará was obtained, under
protocol No. 732 200. Deaths from AIDS currently present a growth trend in Ceará, with most
occurring in hospitals, among men that are single, between 40 to 49 years of age, of brown
color, with 4 to 7 years of education, and living in the Fortaleza health region. The underlying
cause of AIDS is prevalent, and the main related causes are nonspecific symptoms typical of
childhood; unspecified respiratory failure; and unspecified sepsis. Clusters of AIDS deaths
with high rates were found in the health regions of Fortaleza, Maracanaú, Iguatu and Tauá,
probably linked to tourism, economy and migratory processes. It was concluded that deaths
from AIDS in Ceará have spatial dependence in some health regions, especially in coastal and
tourist areas, and point to the need to enhance strategies for prevention, diagnosis and
treatment not only for the HIV infection, but in monitoring of seropositive patients.

Keywords: AIDS deaths. Causes of death. Spatial analysis.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Mortes relacionadas à aids na América Latina, 2013........................... 17


Gráfico 2 - Proporção de casos de aids notificados pelo critério óbito por sexo e
ano. Brasil, 2003-2013.......................................................................... 18
Gráfico 3 - Distribuição da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos
por ano. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................................ 36
Gráfico 4 - Distribuição da taxa de mortalidade em maiores de 12 anos por sexo.
Ceará, Brasil, 2000-2012...................................................................... 39
Gráfico 5 - Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por
sexo e faixa etária. Ceará, Brasil, 2000-2012....................................... 39
Gráfico 6 - Taxa média de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por
região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................... 48
Gráfico 7 - Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por
região de saúde. Ceará, Brasil, 2000 a 2012........................................ 49
Gráfico 8 - Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por
ano. Ceará, Brasil, 2000-2012.............................................................. 50
Gráfico 9 - Evolução temporal dos óbitos por aids de maiores de 12 anos por
região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................... 52
Gráfico 10 - Evolução temporal dos óbitos por aids de maiores de 12 anos. Ceará,

Brasil, 2000-2012.................................................................................. 52
Figura 1 - Campo 40 da declaração de óbito........................................................ 19
Figura 2 - Localização geográfica do Estado do Ceará, Brasil............................. 30
Figura 3 - Taxa média de óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................................... 54
Figura 4 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids: (A) –
LISAmap e (B) - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012.......................... 55
Figura 5 - Moran map da taxa de mortalidade por aids em homens. Ceará,
Brasil, 2000-2012.................................................................................. 56
Figura 6 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids em homens:
A- LISAmap e B - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 57
Figura 7 - Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 50 a 59
anos. Ceará, Brasil, 2000-2012............................................................. 58
Figura 8 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária
de 50 a 59 anos: A- LISA map e B- Box map. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 59
Figura 9 - Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 60
anos e mais. Ceará, Brasil, 2000-2012.................................................. 60
Figura 10 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária
de 60 anos e mais: A- LISA map e B- Box map. Ceará, Brasil, 2000-
2012....................................................................................................... 61
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Descrição das características sociodemográficas dos óbitos por aids de


pessoas maiores de 12 anos. Ceará, Brasil, 2000-2012.............................. 38
Tabela 2 - Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local
de ocorrência. Ceará, Brasil, 2000-2012..................................................... 40
Tabela 3 - Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local
de residência. Ceará, Brasil, 2000-2012..................................................... 41
Tabela 4 - Causas básicas não-aids de óbito de pessoas maiores de 12 anos,
segundo capítulo do CID-10. Ceará, Brasil, 2000-2012............................. 42
Tabela 5 - Causas relacionadas ao óbito por aids de pessoas maiores de 12 anos,
segundo capítulo do CID-10 e região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012 43
Tabela 6 - Descrição das principais causas relacionadas ao óbito por aids de
pessoas maiores de 12 anos, segundo capítulo e categoria do CID-10.
Ceará, Brasil, 2000-2012............................................................................ 44
Tabela 7 - Óbitos por causa relacionada categoria do CID-10 sinais e sintomas
gerais de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará,
Brasil, 2000-2012........................................................................................ 45
Tabela 8 - Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças do
aparelho respiratório de pessoas maiores de 12 anos, segundo
diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................................ 45
Tabela 9 - Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças
bacterianas de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará,
Brasil, 2000-2012........................................................................................ 46
Tabela 10 - Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 doenças pelo vírus
da imunodeficiência humana de pessoas maiores de 12 anos, segundo
diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012........................................................ 47
Tabela 11 - Taxas médias brutas de mortalidade por região de saúde. Ceará, Brasil,
2000-2012...................................................................................................
51
Tabela 12 - Autocorrelação espacial dos indicadores sociodemográficos. Ceará,
Brasil, 2000-2012........................................................................................ 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


ANOVA Teste de Comparações Múltiplas
CID Classificação Internacional de Doenças
CRES Coordenadorias Regionais de Saúde
DCV Doenças Cardiovasculares
DM Diabetes Mellitus
DO Declaração de Óbito
DST Doenças Sexualmente Transmissíveis
EACS Sociedade Clínica Europeia de AIDS
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
LISA Local Index Spatial Analysis
PVHA Pessoas que vivem com HIV/AIDS
SICLOM Sistema de Controle Logístico de Medicamentos
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade
SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINASC Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
SISCEL Sistema de Controle de Exames Laboratoriais
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SUS Sistema Único de Saúde
TARV Terapia Antirretroviral
TB Tuberculose
UNAIDS Joint United Nations Programme on HIV/AIDS
UTM Universal Transversa de Mercator
VACS Veteranos Aging Cohort Study
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 16
1.1 A epidemia do HIV/Aids........................................................................................ 16
1.2 Causas e fatores relacionados aos óbitos por AIDS............................................... 20
1.3 Análise geoespacial no contexto da epidemia do HIV/Aids.................................. 24
1.4 Relevância da pesquisa........................................................................................... 27
2 OBJETIVOS................................................................................................................... 28
2.1 Objetivo geral......................................................................................................... 28
2.2 Objetivos específicos.............................................................................................. 28
3 MÉTODO....................................................................................................................... 29
3.1 Tipo e abordagem do estudo.................................................................................. 29
3.2 Área de estudo........................................................................................................ 29
3.3 Fonte e Coleta de dados......................................................................................... 31
3.4 Análise de dados..................................................................................................... 32
3.4.1 Tratamento dos óbitos........................................................................................ 32
3.4.2 Análise espacial.................................................................................................. 33
3.5 Aspectos éticos e legais da pesquisa...................................................................... 35
4 RESULTADOS.............................................................................................................. 36
4.1 Características sociodemográficas e epidemiológicas dos óbitos por aids............. 36
4.2 Causas básicas e relacionadas ao óbito de portadores do HIV.............................. 41
4.3 Distribuição espaço-temporal dos óbitos por aids.................................................. 47
5 DISCUSSÃO................................................................................................................... 62
5.1 Os óbitos por aids no Estado do Ceará e os indicadores sociodemográficos......... 62
5.2 Distribuição espacial dos óbitos por aids............................................................... 65
5.3 Causas básicas e relacionadas ao óbito de pessoas com HIV/aids......................... 68
6 CONCLUSÃO................................................................................................................ 74
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 77
APÊNDICES........................................................................................................................ 87
APÊNDICE A – TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO.................................................... 88
ANEXOS.............................................................................................................................. 89
ANEXO A - AIDS E INFECÇÃO PELO HIV NA CLASSIFICAÇÃO
INTERNACIONAL DE DOENÇAS (10a REVISÃO).................................................. 90
ANEXO B - REGIÕES DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ.................................. 92
ANEXO C - DECLARAÇÃO DE ÓBITO..................................................................... 93
ANEXO D - PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA...................................................................................................................... 94
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 A epidemia do HIV/Aids

Globalmente, ao longo dos últimos trinta anos, construiu-se uma política


fortalecida de atenção ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) e à síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS), com intervenções específicas, tanto em nível preventivo
quanto paliativo e de cura das infecções oportunistas. Nos últimos anos, a resposta mundial à
epidemia tem alcançado ganhos importantes em termos de prevenção, tratamento e óbitos
relacionados a essa infecção. Há, portanto, expressivo comprometimento mundial para o
alcance de metas, no intuito de atingir zero registro de novas infecções, eliminar o estigma
associado ao HIV entre as nações, e reduzir o número de mortes por causa básica e
relacionada à aids (UNAIDS, 2014).
De acordo com o último relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/aids (UNAIDS), atingimos o menor nível global de novas infecções pelo HIV no século
XXI, cerca de 2,1 milhões, com uma diminuição em torno de 13% verificada só nos últimos
três anos. Outro dado relevante aponta que em 2013 cerca de 240 mil crianças foram
infectadas, uma queda de 58% comparada ao ano de 2002 (UNAIDS, 2014).
No cenário dos óbitos por aids, em 2013, 1,5 milhão de pessoas morreram em
todo o mundo, 35% a menos que em 2005. Entretanto, as mortes relacionadas à aids
cresceram vertiginosamente no Oriente Médio e no Norte da África, em 66%. Outras regiões
onde o crescimento também foi observado são a Europa Oriental e a Ásia Central,
aumentaram 5% entre 2005 e 2013 (UNAIDS, 2014). Na América Latina, os índices mais
elevados desses óbitos estão concentrados nos seguintes países: Brasil (33%), Colômbia
(15%) e México (12%) (Gráfico 1).
17

Gráfico 1 - Mortes relacionadas à aids na América Latina, 2013

Fonte: UNAIDS (2014).

No Brasil, o panorama epidemiológico dessa epidemia representa um caso


singular, devido à magnitude e diversidade regional da doença nesse território, desigualdades
sociais, e por ser o único país em desenvolvimento com uma epidemia dessa amplitude a
contar com um programa de acesso à terapia antirretroviral (TARV) bem instalado. Nesse
país, ao longo dos anos, a infecção pelo HIV/aids passou por mudanças em seu perfil
epidemiológico, principalmente depois da introdução da TARV, como consequência
constatou-se um aumento da sobrevida e melhoria na qualidade de vida das pessoas que
vivem com HIV/aids em tratamento, as quais dispõem de acompanhamento periódico e
gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS) (PEREIRA; NICHIATA, 2011).
Embora apresentando taxas de incidência nacionais estáveis, os patamares da
infecção nesse país permanecem elevados, e a epidemia tem se mantido concentrada em
subgrupos em situação de maior risco e vulnerabilidade, os quais incluem os homens gays,
homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e seus clientes, e usuários de
drogas. No período de 1980 até junho de 2013, foram identificados 757.042 casos de aids,
sendo 64.268 (9,1%) notificados pelo critério óbito (Gráfico 2) (BRASIL, 2014a).
18

Gráfico 2- Proporção de casos de aids notificados pelo critério óbito por sexo e ano. Brasil,
2003-2013

Fonte: Boletim Epidemiológico - Aids e DST (2014a).

Quanto aos óbitos por aids nesse país, nos últimos 10 anos vem sendo observado
uma tendência de diminuição. No período entre 1980 até dezembro de 2013, foram declarados
278.306 óbitos classificados como causa básica a aids, considerando os óbitos por outras
causas com menção ao HIV/aids, verifica-se um incremento de 8.353 óbitos, sendo que a
maioria desses ocorreram na Região Sudeste (61,8%), devido à incidência do HIV/aids ser
elevada, seguida pela Sul (17,3%), Nordeste (11,9%), Centro-Oeste (5,0%) e Norte (4,0%)
(BRASIL, 2014a).
Na Região Nordeste, o Estado do Ceará concentrou 14% dos casos de aids
registrados no período de 1980 a 2013. Desde o ano de 2006 até agosto de 2014, foram
notificados 8.052 casos de aids na população residente nesse Estado, essas notificações
ocorreram em 98% dos municípios, o que demonstra a interiorização da epidemia. Quanto aos
óbitos, no ano de 2010 houve uma queda na proporção, de 3,3 em 2008 para 2,7 óbitos/100
mil habitantes, nos anos subsequentes as taxas se mantiveram em níveis elevados, chegando a
atingir 3,8/100 mil hab. no ano de 2012, e com predomínio do sexo masculino (CEARÁ,
2015).
O programa brasileiro de HIV/aids é reconhecido mundialmente como um modelo
de combate à epidemia, o qual reuni os três níveis de atenção à saúde e um completo sistema
de vigilância da infecção, que atende à complexidade da doença e de seus agravos. Assim,
destaca-se a importância de políticas voltada às populações mais vulneráveis, no contexto das
19

desigualdades sociais, econômicas e culturais onde estão inseridas (ALBUQUERQUE;


MOCO; BATISTA, 2012; CAMPOS; RIBEIRO, 2011).
O amplo sistema de vigilância epidemiológica brasileiro do HIV/aids proporciona
a identificação de casos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM), a detecção de pessoas portadoras do vírus se da ainda através do
Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e do Sistema de Controle Logístico
de Medicamentos (SICLOM). Desta maneira é possível caracterizar a epidemia, acompanhar
os casos e subsidiar as intervenções necessárias (BRASIL, 2011).
O SIM é um importante subsistema brasileiro de informação em saúde, o qual
colabora na definição das estratégias de prevenção e controle de doenças na população.
Criado em 1975 pelo Ministério da Saúde, tem como objetivo fornecer informações sobre
mortalidade para todas as instâncias do SUS, através de dados obtidos na Declaração de Óbito
(DO) (BRASIL, 2011).
O registro da causa básica, doença ou lesão que iniciou a cadeia de
acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte, ocorre segundo a
Classificação Internacional de Doenças (CID), atualmente em sua décima edição, o mesmo é
verificado para as doenças relacionadas, aquelas que contribuíram diretamente para o óbito
em pessoas com HIV (ANEXO A) (SILVA et al., 2014; HARAKI; GOTLIEB; LAURENTI,
2005). Na DO (ANEXO B) os diagnósticos realizados pelo médico atestante encontram-se no
bloco V, campo 40. Este campo é dividido em duas partes, a parte I é composta de quatro
linhas, A, B, C, D (Figura 1).

Figura 1 – Campo 40 da declaração de óbito

Fonte: Ministério da Saúde, 2011.


20

O primeiro campo preenchido corresponde à linha A, onde é identificada a causa


terminal que trata do estado mórbido que provocou diretamente o óbito. Nas linhas B e C
devem ser apontadas as complicações clínicas que mantêm ou não associação com a causa
terminal e básica, denominadas de causas antecedentes ou consequenciais. Já a causa básica
de óbito é registrada em último lugar. A parte II é reservada para outras condições que estão
associadas à morte, mas de forma secundária. É aceitável que nem todas as linhas da parte I
da DO estejam preenchidas, porém a linha A sempre precisa especificar a causa terminal, e a
última linha (B, C ou D) deve apontar a causa básica (BRASIL, 2011).

1.2 Causas e fatores relacionados aos óbitos por AIDS

No mundo a epidemia do HIV/aids se apresenta de forma heterogênea, onde as


características das populações, como os aspectos socioculturais, e as estratégias de prevenção
adotadas podem influenciar sua dinâmica. Nos últimos anos, observam-se transformações
temporais, demográficas e geográficas na sua distribuição, e após o advento da terapia
combinada em 1996, têm ocorrido profundas mudanças em seus aspectos epidemiológicos e
no curso clínico da infecção (KOWALSKA et al., 2011).
Nesse contexto, o tempo de exposição à TARV se tornou um importante fator
para compreender os óbitos por aids, visto que a duração do tratamento é proporcional ao
envelhecimento da população infectada, aspecto que pode contribuir para transformações na
patogênese, ampliando as causas de morte entre os soropositivos. Destarte, verifica-se um
aumento dos óbitos por neoplasias não definidoras de aids, doenças cardiovasculares (DCV) e
hepáticas, e outras doenças associadas à idade (SMITH et al., 2014; KOWALSKA et al.,
2011).
Antes da implantação da terapia combinada, estudo identificou que as principais
causas de morte entre soropositivos eram as doenças oportunistas, como pneumonia por
Pneumocystis carinii e o sarcoma de Kaposi (STEWART et al., 2012). No Brasil, as doenças
mais observadas foram a tuberculose (TB), candidíase, toxoplasmose, pneumonias, sarcoma
de Kaposi, câncer cervical invasivo e linfomas não-Hodgkin (PACHECO et al., 2010;
PACHECO et al., 2008).
Após o ano de 1996, houve o aumento da sobrevida dos portadores, evidenciada
pela redução de mortes atribuíveis às condições relacionadas à infecção pelo HIV. Entretanto,
observou-se um aumento do número de óbitos por causas não tradicionalmente vinculadas à
21

infecção, nomeadas de não-aids (LOHSE et al., 2011), embora associadas à imunodeficiência


e a inflamação por causa da viremia descontrolada, assim, mostravam alguma ligação com o
HIV. Durante o primeiro ano de acesso à TARV os homens morreram mais do que as
mulheres, grande parte vítimas de neoplasias não-aids e danos hepáticos (INGLE et al., 2014).
Investigações desenvolvidas na França, Suíça e Itália confirmaram a importância
crescente das infecções, doenças hepáticas avançadas, DCV e doenças malignas não-aids
como causas de morte na população soropositiva (WEBER et al., 2013; LEONE et al., 2011;
LEWDEN et al., 2005). No Brasil, essa tendência também foi observada, as neoplasias, DCV,
doenças do sistema digestivo, diabetes mellitus (DM), infecções respiratórias e causas
externas foram mais significativas do que as causas de morte relacionadas à infecção pelo
HIV (REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA, 2010).
Estudos mostraram, ainda, o aumento das comorbidades na população que vive
com HIV/aids, como a dislipidemia, lipodistrofia, hipertensão arterial, resistência à insulina e
intolerância à glicose, diabetes mellitus, doença renal aguda ou crônica, danos hepáticos,
miopatia e neuropatia periférica (PACHECO et al., 2010; PACHECO et al., 2008).
Ante os fatos apontados, acredita-se que algumas doenças não-aids estão se
tornando mais comuns em pessoas que vivem com o HIV/aids (PVHA) do que na população
em geral, recaindo em mudanças no panorama da morbimortalidade dessa parcela da
população. Há evidências de que a prevalência de mortes por doenças cardiovasculares e
câncer pode ser maior em PVHA do que entre indivíduos não infectados (ALDAZ et al.,
2011).
Com isso, intensas discussões na comunidade científica têm sido impulsionadas
na tentativa de compreender esse novo cenário de adoecimento das PVHA. Investiga-se se
existe associação entre essas doenças e os efeitos da terapia, exposição prolongada ao vírus,
consequência de restauração de células LTCD4+ após uma grave imunossupressão, ou se
reflete o envelhecimento da população e a exposição a fatores de risco não associadas ao HIV
(INGLE et al., 2014; ANTIRETROVIRAL THERAPY COHORT COLLABORATION,
2010). Além disso, a possível relação entre as PVHA e os hábitos deletérios, como o
tabagismo, o uso de drogas injetáveis e o etilismo, representam uma ameaça à sobrevivência
desse grupo (NAKAGAWA et al., 2012), e contribui para o aumento dos óbitos por causas
não-aids.
A prevalência do tabagismo na população com HIV/aids tem sido cada vez maior
do que na população em geral, estando o câncer de pulmão entre as principais causas de morte
22

de PVHA (HORVATH et al., 2012; LIFSON et al., 2010), isto reforça a importância dos
hábitos como um dos fatores determinantes para ocorrência de morte.
Fumar provoca diversos efeitos tóxicos, um dos quais é a indução da cadeia
inflamatória, o que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças e aumentar o risco
para neoplasias. Estudos conduzidos na era pós-TARV concluíram que o tabagismo está
associado ao aumento dos óbitos entre PVHA, como também, ao aumento do risco de perda
de densidade óssea, doenças cardíacas, pulmonares, e malignidade (PETOUMENOS et al.,
2011; CUI et al., 2010; CROTHERS et al., 2005). No entanto, estudos no período pré-TARV
não encontraram nenhuma associação (GALAI et al., 1997; BURNS et al., 1996), presume-se
que os indivíduos infectados com o HIV morreram de aids ainda jovens e não viveram o
suficiente para desenvolver doenças graves relacionadas ao fumo.
Outras causas de morte nessa população estão associadas ao uso de drogas
injetáveis, responsáveis por elevada taxa de endocardite entre os usuários. Este cenário foi
mais intenso nos primeiros anos após a implantação da TARV, o que pode sugerir não adesão
ao tratamento, e isto é considerado um dos maiores perigos para a resposta à terapia em nível
individual, e para a disseminação de vírus resistente na comunidade (ANTIRETROVIRAL
THERAPY COHORT COLLABORATION, 2010).
Apesar dos hábitos serem um fator primordial no adoecimento da população com
HIV, acredita-se que os eventos adversos da TARV e o tempo de exposição aos
medicamentos contribuem para o aumento das comorbidades, outras doenças e mortes não-
aids nesse grupo, principalmente no campo das doenças cardiovasculares e câncer (HASSE et
al., 2011; CAPEAU et al., 2011), uma vez que a ativação imunológica, a qual é reduzida pelo
tratamento, desempenha um importante papel na patogênese dessas doenças (MAARTES;
CELUM; LEWIN, 2014). Em contrapartida, estudo de coorte EuroSIDA encontrou pouca
evidência de aumento das taxas de todas as causas de mortes não relacionadas à aids, em
portadores expostos à TARV por um longo período. Por outro lado, os autores evidenciaram
que as mortes por doenças malignas não-aids aumentaram com o tempo, uma vez em terapia
(KOWALSKA et al., 2012).
Os índices de morte por insuficiência renal aguda também cultivam uma forte
associação com o tempo de exposição à TARV, pois há uma diminuição proporcional ao
tempo de tratamento (WYATT et al., 2006). O mesmo padrão foi evidenciado para a
nefropatia associada ao HIV, cuja causa é a replicação viral dentro dos rins sobreposta à
doença renal em fase terminal (POST et al., 2008). Todavia, a insuficiência renal pode estar
23

vinculada a outros fatores de risco ditos mais comuns, como a hepatite B e C, as drogas
nefrotóxicas usadas no tratamento de infecções oportunistas e efeitos adversos das drogas
antirretrovirais (WYATT et al., 2006).
A hepatite B em pessoas com HIV/aids aumenta em cerca de seis vezes o risco de
se tornarem portadores crônicos da hepatite e de desenvolverem cirrose, insuficiência hepática
e, em alguns casos, câncer do fígado. A coinfecção pela hepatite C, assim como pela hepatite
B, torna mais difícil a preservação do sistema imunológico de PVHA e acelera a progressão
para a morte (BRASIL, 2005).
A tuberculose também é responsável por uma grande parcela dos óbitos na
referida população, apesar dos avanços no diagnóstico e no acesso ao tratamento. Ensaios
clínicos randomizados mostraram o impacto positivo dessa infecção sobre a mesma, acredita-
se que fatores específicos das micobactérias podem contribuir para o aumento dessas mortes,
isto relacionado à interrupção ou inadequação do tratamento e a apresentação clínica da
doença. Ademais, os pacientes que foram expostos a uma terapia inadequada, mais tarde,
apresentaram resistência às drogas terapêuticas ou interromperam o tratamento, isto recaiu no
aumento em duas vezes no risco de vida (OLIVIER et al., 2014; MARTINSON et al., 2007;
CORBETT et al., 2002).
Portanto, é necessária uma compreensão mais aprofundada das causas e fatores
associados aos óbitos por aids, e também a gestão adequada da infecção e das comorbidades
que afetam esse grupo, seja relacionado ao HIV ou não. Uma das estratégias que pode ser
utilizada para isso é o monitoramento desses pacientes ao longo do período de exposição à
terapia antirretroviral. Monitorar os pacientes em tratamento e identificar fatores de risco
potencialmente modificáveis pode ser alcançada através da investigação dos biomarcadores,
já que eles vão além dos agravos ditos típicos da infecção pelo HIV, em uma progressão de
risco global (FULTZ et al., 2006).
Nessa perspectiva, foi desenvolvido o Índice VACS - Veteranos Aging Cohort
Study, projetado para prever as mortes em pacientes em terapia antirretroviral, por pelo menos
um ano. Tal período é importante, porque as relações entre os biomarcadores e o óbito podem
apresentar mudanças após o início da terapia (JUSTICE et al., 2013; STEIGBIGEL et al.,
2010) e, ainda, possibilita avaliar a estabilidade de mudanças proporcional ao tempo de
tratamento.
O Índice VACS prevê as mortes tanto relacionadas com o HIV como não, os
fatores prognósticos investigados incluem a idade e algumas rotinas clínicas, como contagem
24

de células LTCD4+, carga viral, hemoglobina, aspartato, alanina transaminase, plaquetas,


creatinina e status sorológico das hepatites B e C (STERLING et al., 2006) Sua utilização em
um ensaio clínico randomizado evidenciou com mais precisão as causas que podem levar ao
óbito pessoas com HIV/aids, do que um índice restrito a contagem de células LTCD4+, carga
viral e a associação com a idade. Os autores também reforçam a importância de marcadores
não específicos do HIV na predição de morte e progressão de doenças nessas pessoas, e
sugerem que o índice VACS pode ser uma ferramenta útil no atendimento clínico e no
aprimoramento de pesquisas (SHELDON et al., 2014).
Diante do exposto, as diretrizes da Sociedade Clínica Europeia de AIDS (EACS)
recomendam o rastreamento para determinadas neoplasias não-aids em PVHA, a investigação
das hepatites, e a gestão de risco de doenças cardiovasculares e outras doenças como parte do
atendimento clínico de rotina. Entretanto, as orientações dos profissionais de saúde nem
sempre são atendidas, e quando a prevenção ou gestão dessas doenças envolve o
politratamento, aumenta-se o risco de não adesão à TARV e perda de seus benefícios
(EUROPEAN AIDS CLINICAL SOCIETY, 2013).
Por fim, conhecer as causas de morte de PHVA pode ajudar a orientar estratégias
adequadas de triagem, avaliação de risco e tratamentos preventivos nessa população,
principalmente aqueles em terapia. As intervenções, ainda, podem abordar os fatores de risco
para causas relacionadas ao estilo de vida, através do monitoramento das doenças e dos
cuidados administrados durante o envelhecimento, como também, enfatizar a importância da
adesão à terapia, sendo assegurada a troca de esquema quando necessário.

1.3 Análise geoespacial no contexto da epidemia do HIV/Aids

O espaço é resultante de um conjunto de formas representativas de relações


sociais do passado e do presente e por uma estrutura concebida por relações que estão
acontecendo e se manifestam através de processos e funções (produção, circulação e
consumo), portanto, é ao mesmo tempo produto e produtor de diferenciações sociais e
ambientais (SANTOS, 1978; BRASIL, 2006).

―O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo que ele oferece a
alguns e recusa a outros, pela seleção de localização feita entre as atividades e entre
os homens, é o resultado de uma práxis coletiva que reproduz as relações sociais (...)
o espaço é um verdadeiro campo de forças cuja formação é desigual‖ (SANTOS,
1978, p. 171).
25

Assim, considerá-lo na descrição e análise de eventos em saúde proporciona a


compreensão dos processos que ajudam na origem dos episódios e dos agravos que afetam a
saúde das pessoas (BRASIL, 2006).
John Snow, o pai da epidemiologia, estudou o espaço como principal variável
para entender, em 1984, a epidemia de cólera em Londres. Esse médico mapeou as
residências de mortos pela doença e as bombas d‘água que abasteciam essas moradias,
identificando o papel da contaminação da água no desenvolvimento da cólera
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2013). Logo, evidenciou que a representação espacial de
eventos em saúde possibilita a visualização de áreas prioritárias para o planejamento de ações
interventivas, com foco na prevenção e no controle de doenças ligadas ao ambiente físico-
social onde se manifestam.
O mapeamento realizado nesse estudo clássico foi possível através da aplicação
do geoprocessamento, cujo conjunto de tecnologias dirigidas para coleta e tratamento de
dados espaciais facilita a relação entre bancos de informações em saúde e dados territoriais,
possibilitando a compreensão mais abrangente da dinâmica do processo saúde-doença em sua
complexidade (BARCELLOS et al., 2002).
Representar as doenças através de mapas consiste na descrição do processo de
sua distribuição espacial, a fim de avaliar a variação geográfica de sua ocorrência,
identificando diferenciais de risco e iniquidades em saúde, importantes para orientar a
alocação de recursos e levantar hipóteses etiológicas. Também, é possível identificar casos
que confluem para um mesmo ponto, obtendo aglomerados de eventos que não são aleatórios,
em que a identificação é alvo de estudos na área de estatística espacial (BRASIL, 2007).
Nas últimas décadas, têm-se intensificado as pesquisas em saúde que utilizam
técnicas de geoprocessamento como ferramenta metodológica na produção da epidemiologia
brasileira (TURCI; GUILAM; CAMARA, 2010), pois as informações de vigilância de
doenças por si não permitem o estabelecimento de intervenções significativas na população,
por estarem desvinculadas de um contexto socioeconômico e cultural (FEDE et al., 2011).
No cenário da epidemia do HIV/aids, estudos de descrição e análise do espaço são
úteis para compreender a dinâmica desse fenômeno, devido às peculiaridades de uma doença
incurável, cujo portador está susceptível a uma série de agravos de caráter infectocontagioso,
decorrente de sua condição clínica, e aponta áreas de risco a serem priorizadas e populações
vulneráveis (FEDE et al., 2011).
26

Estudo da distribuição espacial do HIV entre usuários de drogas injetáveis em


Saint Petersburg, Rússia, identificou ligações entre a prevalência da infecção e os
comportamentos de risco que não foram evidenciados através de uma análise epidemiológica
tradicional. Essa análise geoespacial apontou onde os casos prevalentes e incidentes foram
agrupados e onde os comportamentos de risco, como uso frequente de drogas injetáveis com
compartilhamento de seringas, exacerbou a transmissão. Esses locais cobriam uma área
pequena e discreta da cidade, constituindo o alvo para programa de prevenção implementar
suas estratégias (HEIMER et al., 2008).
Na perspectiva da epidemia nas regiões brasileiras, pesquisa sobre sua evolução
no Estado de São Paulo demonstrou que a visualização de pontos georreferenciados permite
focalizar o HIV em seu ponto de partida e identificar a infecção como derivada da estrutura
sociodemográfica do território em foco (STEPHAN; HENN; DONALISIO, 2010). Portanto,
pode-se inferir que o ambiente físico onde o homem contemporâneo vive condiciona o
surgimento de doenças de incidência crescente, por causa da urbanização e modernização
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2013).
No Município de São Paulo, a redução dos óbitos por aids foi observada
inicialmente após a introdução da TARV, com o deslocamento do número de óbitos do centro
para a periferia da cidade, ao mesmo tempo em que diminuiu a proporção nos homens e
aumentou entre as mulheres. Destarte, as populações vivendo em áreas mais periféricas e mais
pobres, nesse tempo, teriam acesso mais restrito aos cuidados de saúde e adesão ao tratamento
do que aquelas vivendo em áreas mais favorecidas, o que pode justificar esse cenário
(FONSECA; SZWARCWALD; BASTOS, 2002).
Desta forma, pesquisas com uso da análise geoespacial podem revelar padrões de
distribuição da aids distintos em cada localidade investigada, de modo particular no Brasil,
país de diversidade cultural e grandes disparidades econômicas. Evidencia-se que essa
infecção se comporta no país como um mosaico, com subepidemias em cada região brasileira,
com perfis epidemiológicos do HIV/aids muitas vezes distintos em cada área, e reflete as
diferentes realidades socioeconômicas desse país (PEREIRA et al., 2011). Além do mais, a
análise socioambiental permite correlacionar saúde e condições de vida, identificando fatores
que condicionam o adoecimento de indivíduos infectados, e favorece a adaptação das políticas
públicas vigentes ao contexto socioespacial local.
27

1.4 Relevância da pesquisa

O panorama atual de adoecimento dos soropositivos ao HIV no mundo está em


transformações, isto tem provocado mudanças nas causas dos óbitos e no aparecimento de
doenças não relacionadas ao HIV. Após o amplo acesso à terapia antirretroviral, o aumento da
sobrevida das PVHA propiciou a identificação de novas condições clínicas não significativas
antes da TARV. No Brasil, o aumento dessas doenças, muitas vezes relacionadas ao estilo de
vida, tem provocado atenção dos profissionais de saúde e da comunidade científica em geral
para preveni-las, particularmente no Estado do Ceará, em busca da redução dos óbitos por
essas causas.
O uso da análise geoespacial nesse contexto se torna imprescindível por permitir
um foco mais preciso sobre a dinâmica do espaço geográfico e sua relação com agravos em
saúde, além de identificar áreas prioritárias de intervenção no Ceará. Pois, apesar das
melhorias estruturais, o Nordeste ainda é considerado uma região do país com indicadores
sociais desfavoráveis (BRASIL, 2014). Além disso, fatores ligados às relações sociais,
econômicas e políticas empreendidas no Ceará podem manter associação com o adoecimento
de pessoas com HIV, e consequente morte.
Isto posto, tornou-se necessário compreender como ocorre a distribuição espacial
e temporal dos óbitos por aids no Estado do Ceará, e as causas de morte. Logo, surgiu a
seguinte questão de pesquisa: Como se apresenta a distribuição espacial e temporal dos óbitos
por aids no Estado do Ceará e quais as causas desses óbitos?
O conhecimento alcançado com este estudo contribuirá para mensurar a
magnitude dos óbitos por aids e, desta forma, aprofundar o conhecimento sobre esse
fenômeno na população cearense. Ainda, os achados contribuirão para orientar ações de
prevenção e promoção da saúde das PVHA, principalmente aquelas em risco. E, a análise
espacial por regiões de saúde favorecerá o acompanhamento dos óbitos de pessoas com HIV
pelos gestores regionais, orientando-os quanto à necessidade, ou não, de reorientar as
estratégias de redução da morbimortalidade nessa população, além de apontar indicadores
para o aprimoramento de políticas públicas regionais.
28

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a distribuição espacial e temporal dos óbitos por aids no Estado do Ceará.

2.2 Objetivos específicos

 Descrever as características sociodemográficas e a epidemiologia dos óbitos por aids


no Estado do Ceará;
 Identificar as causas e a tendência dos óbitos por aids no Estado do Ceará, segundo as
regiões de saúde;
 Analisar a distribuição espacial dos óbitos por aids no Estado do Ceará.
29

3 MÉTODO

3.1 Tipo e abordagem do estudo

De acordo com os objetivos propostos, este estudo é epidemiológico descritivo,


retrospectivo de série histórica.
Estudos epidemiológicos descritivos analisam o processo saúde-doença nas
coletividades humanas, através da distribuição e fatores determinantes de agravos, danos à
saúde e eventos associados, e propõe medidas específicas de prevenção, controle ou
erradicação (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2013). Portanto, são essenciais para detectar
áreas com alta incidência de agravos em saúde, identificar os aspectos espaciais ligados à
ocorrência de doenças e que elevam a vulnerabilidade ao adoecimento, gerar e testar hipóteses
etiológicas (BRASIL, 2006).

3.2 Área de estudo

O estudo em questão apresenta como área geográfica de interesse o Estado do


Ceará, localizado na região Nordeste do Brasil, com uma área total de 148.825,6 km². Em
termos de superfície territorial, esse Estado é o quarto maior da Região Nordeste (9,57% da
área dessa região) e o 17º entre os Estados brasileiros (1,74% da área do país) (Figura 2)
(IPECE, 2010).
30

Figura 2 – Localização geográfica do Estado do Ceará, Brasil.

Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica Aplicada do Ceará (2010).

Quanto à divisão político-administrativa, esse Estado é composto atualmente por


184 municípios, 07 mesorregiões e 33 microrregiões geográficas, áreas estas constituídas de
acordo com os aspectos físicos, geográficos e de estrutura produtiva do Estado (IBGE, 2010).
Com uma população 8.448.055 habitantes, o percentual de residentes na zona
urbana do Estado é de 75% e os 25% restantes na zona rural, no ano de 2010. Com um
produto interno Bruto (PIB) calculado em mais de R$ 45 bilhões de reais, o Ceará também
possui a segunda maior economia da Região Nordeste do Brasil (IPECE, 2010).
Em relação à unidade de análise ou de observação, este estudo contemplou as
regiões de saúde cearenses (ANEXO C). O processo de regionalização da saúde no Ceará se
iniciou através da estruturação do Sistema de Referência e Contra referência, no ano de 1997,
a princípio identificando 14 regiões no Estado, por onde convergiriam os municípios aos
polos terciários: Fortaleza, Sobral e Cariri. Em 1998, os 14 Departamentos Regionais de
Saúde que existiam foram substituídos por 21 regiões de saúde, sendo oficializadas no início
de 2000 (CEARÁ, 2007).
31

A regionalização da saúde do Ceará está representada por 22 regiões de saúde e


05 macrorregiões de saúde (Fortaleza, Sobral, Sertão Central e Cariri), onde se estrutura o
Sistema Estadual de Saúde; as regiões de saúde são espaços territoriais compostos por um
conjunto de municípios integrados e interdependentes, com interesse político de pactuarem na
busca de soluções para problemas comuns na área da saúde, e tem a missão de assegurar a
gestão de Políticas de Saúde do Estado, na promoção da assistência à saúde individual e
coletiva através da articulação entre as diversas instâncias no SUS, visando à melhoria da
qualidade de vida e de saúde da população (IPECE, 2010). As 22 regiões de saúde do Ceará
são: Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Baturité, Canindé, Itapipoca, Aracati, Quixadá, Russas,
Limoeiro do Norte, Sobral, Acaraú, Tianguá, Tauá, Crateús, Camocim, Icó, Iguatu, Brejo
Santo, Crato, Juazeiro do Norte e Cascavel. E, cada uma dessas regiões tem um órgão de
representação da Secretaria Estadual de Saúde, designada Coordenadoria Regional de Saúde
(CRES) (CEARÁ, 2014).

3.3 Fonte e Coleta de dados

Para o desenvolvimento deste estudo foram investigados todos os óbitos por aids,
em indivíduos com mais de 12 anos de idade, residentes no Estado do Ceará, notificados nos
anos de 2000 a 2012 através da DO ao sistema de informação sobre mortalidade.
Decidiu-se analisar as declarações de óbito que faziam menção à aids na causa
básica. Já as variáveis definidas para análise foram: ano do óbito; causas do óbito; sexo
(masculino, feminino e ignorado); faixa etária (13 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 a 29 anos, 30 a
34 anos, 35 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 anos ou mais); raça/cor (branca, preta,
amarela, parda, indígena e ignorado); escolaridade por anos de estudo (1 a 3 anos, 4 a 7 anos,
8 a 11 anos, 12 anos ou mais); situação conjugal (solteiro, casado, viúvo, separado
judicialmente, outro, ignorado); local de ocorrência (hospital, outro estabelecimento de saúde,
domicílio, via pública, outro, ignorado); e local de residência (por regiões de saúde).
As causas relacionadas aos óbitos por aids foram identificadas na linha A da parte
I da DO, também nomeadas de causas terminais, porque essa linha sempre precisa ser
preenchida pelo médico atestante, assim como a causa básica. Todas as causas foram
codificadas pelo CID-10, em vigor desde o ano de 1996.
Em agosto de 2014, as informações do SIM foram obtidas por meio eletrônico,
correspondentes aos anos de 2000 a 2012, e disponibilizadas pelo Núcleo de Informação e
32

Análise em Saúde da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, em um banco de dados só do


ano de 2012, e outro do ano de 2000 a 2011, todos no programa SIMWINDOWNS.
Inicialmente, foram identificadas se as variáveis a serem analisadas nesse estudo
estavam presentes nos dois bancos, após isso, realizou-se a construção de um banco único
contendo todos os dados dos óbitos no período de 2000 a 2012. No total foram analisados
2.976 óbitos notificados ao SIM, através dos dados obtidos das declarações de óbito, com dois
óbitos sendo considerados ignorados na análise espaço-temporal e das características
sociodemográficas.
A população padrão, para o ajustamento pelo método direto, foi formada por
pessoas maiores de 12 anos do Brasil, no ano de 2010, de acordo com os dados do censo. Os
casos foram identificados e distribuídos pelo código das regiões de saúde adotado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para possibilitar a análise espacial
(IBGE, 2010).
A base cartográfica digital que foi utilizada neste estudo consiste em arquivo
vetorial, do tipo shapefile, contendo os polígonos que delimitam as divisões políticas dos
municípios e regiões de saúde do Estado do Ceará, georreferenciados na projeção Universal
Transversa de Mercator (UTM), zona 24 Sul, datum SAD-69, obtida pelo site do IBGE
(http://donwloads.ibge.gov.br.Downloads_geociencias.htm).

3.4 Análise de dados

3.4.1 Tratamento dos óbitos

Para descrever a população em estudo foram realizadas análises uni-variadas dos


indicadores das declarações definidos para análise, citados anteriormente. Na análise
exploratória as variáveis contínuas foram expressas como média e desvio-padrão e respectivos
intervalos de confiança; as variáveis categóricas foram descritas pela distribuição de
frequências proporcionais e apresentadas em tabelas e gráficos.
Para verificar tendências, foram estimadas as médias anuais das taxas de
mortalidade padronizadas ajustadas com modelos de regressão linear. Consideraram-se as
taxas de mortalidade padronizadas por aids como variáveis dependentes Y, e os anos-
calendário do estudo como variáveis independentes X. Portanto, a média corresponde ao meio
do período, de 2000 a 2012, e as diferenças anuais à inclinação da reta, ambos em escala de
33

óbitos por 100.000 habitantes. Os modelos ficaram assim representados: Y = a + bX, onde Y
é a taxa estimada ajustada, a é a taxa no início do período e b é a variação anual média
(coeficiente de inclinação da reta), sendo X o ano (2000, corresponde a X = 0). Valores
obtidos por regressão linear dos valores ajustados sobre os anos, sendo a média padronizada
correspondente ao meio do período e a diferença anual à inclinação da reta. Média
padronizada e diferença anual em escala de óbitos por 100.000 habitantes, ajuste por sexo e
grupo etário, pelo método direto, tendo como população padrão os maiores de 12 anos do
Brasil em 2010. As proporções das variações totais explicadas pelos modelos são expressas
em r2 (variação de 0 a 1). As porcentagens de variação anual foram calculadas a partir da
razão b/média. Para o ajustamento de taxas e demais procedimentos quantitativos foi utilizado
o software Statistical Package for Social Sciences – SPSS 20.0.
Testes foram aplicados para a comparação de médias (t de Student), correlação
entre variável dependente e suas regressoras (coeficiente de correlação r de Pearson), e teste
para aferir a normalidade da variável dependente (Shapiro-Wilk). Em todos os testes alfa foi
considerado abaixo de 0,05 como necessário para rejeição da hipótese nula, e o valor p
predeterminado foi de 0,05. As variáveis contínuas de distribuição normal foram comparadas
entre as regionais de saúde pelo teste de comparações múltiplas (ANOVA).

3.4.2 Análise espacial

Tendo como base os coeficientes de mortalidade, foram calculadas as estimativas


bayesianas empíricas locais, para cada região de saúde. Essa escolha deveu-se ao fato de que
os modelos estatísticos de uso corrente na epidemiologia assumem que as observações são
independentes, o que raramente é observado no contexto espacial. O uso de teorias estatísticas
clássicas na vigência de correlação espacial poderia levar à subestimação da variabilidade das
estimativas e às predições ineficientes via intervalo (NEVES et al., 2000).
A matriz de vizinhança construída e utilizada nas análises realizadas pelo Sistema
de Informação Geográfico (SIG) TerraView 4.2.1 foi o critério de contiguidade, que utiliza o
valor 1 (um) para as regiões vizinhas e 0 (zero) quando estas não possuem fronteira adjacente.
Os dados gerados no TerraView foram transferidos pra o ambiente SIG ArcView 10.1
(Environmental Systems Research Institute Inc., http://www.esri.com), onde foram gerados os
mapas temáticos.
34

A existência de correlação espacial das taxas de mortalidade por aids foi analisada
por meio do índice de Moran (I), que tem estrutura similar ao coeficiente de correlação de
Pearson. O índice de Moran pode ser entendido como um coeficiente de correlação entre
valores da mesma variável, mensurada em locais vizinhos, geralmente, com variação entre -1
e 1; na ausência de autocorrelação espacial seu valor tende a zero. A agregação espacial é
expressa por valores positivos, enquanto valores negativos expressam auto correlação inversa.
O índice de Moran permite analisar até que ponto o nível de uma variável para uma área é
similar ou não às áreas vizinhas (NEVES et al., 2000).
A presença de aglomerados (clusters) foi avaliada pelo índice I de Moran Local
(Local Indicators of Spatial Association – LISA). Esse índice possibilita identificar a
dependência espacial e quantificar o grau de associação espacial em cada localidade do
conjunto amostral. O Boxmap e o LISAmap foram construídos para visualizar os resultados
das taxas de óbitos com I de Moran significativos.
Os quadrantes (Q) apresentados nas legendas dos mapas como (Classe)
correspondem à relação entre os valores do vetor dos desvios (Z) e o vetor da média
ponderada local (Wz). Esses valores podem ser positivos ou negativos e são distribuídos em
um dos quatro quadrantes que compõem o gráfico de dispersão (diagrama de espalhamento de
Moran). Esses quadrantes são interpretados da seguinte forma: Classe 1 (valores positivos,
médias positivas), Classe 2 (valores negativos, médias negativas), ambos apontando áreas
com associação espacial positivas, com a existência de regiões de saúde que possuem valores
semelhantes às suas vizinhas; Classe 3 (valores positivos, médias negativas), Classe 4 (valores
negativos, médias positivas), indicando pontos de associação espacial negativa ou localidades
que apresentam valores distintos entre regiões de saúde vizinhas. O Boxmap não considera a
significância estatística. O LISAmap apresenta os clusters identificados pelo Boxmap,
considerando o nível de significância espacial ≤ 5%. Considerou-se como área crítica para o
evento estudado, as localidades classificada pelo Boxmap como classe 1, quando determinada
região de saúde apresenta taxa de óbitos elevada e está próximo às regiões na mesma
situação.

3.5 Aspectos éticos e legais da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Estadual do Ceará, através da Plataforma Brasil, sob o número de protocolo n° 732.200 e
35

CAAE: 30619014.7.0000.5534 (ANEXO D), e obedeceu aos princípios éticos e legais


estabelecidos na Resolução Nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012b).
Para ratificar o uso dos dados coletados exclusivamente para fins de pesquisa foi utilizado o
termo de Fiel Depositário (APÊNDICE A), assinado pelo pesquisador responsável, conforme
resolução supracitada, garantindo o sigilo e anonimato das informações colhidas no SIM,
apesar de ter não sido incorporados os nomes das pessoas que morreram por aids na análise
final.
36

4 RESULTADOS

4.1 Características sociodemográficas e epidemiológicas dos óbitos por aids

No Estado do Ceará, de 2000 a 2012, ocorreram 2974 óbitos de indivíduos


maiores de 12 anos, por causa básica aids. A média desses óbitos nessa população foi de
(2,0±4,2) por 100.000 hab, apresentando amplitude de 68,1 óbitos por 100.000 hab.
A mortalidade por aids na população mostra-se em ascensão, passando de pouco
mais de 1,5 óbitos/100.000 hab em 2000 para quase o dobro em 2012 (2,5/ 100.000 hab). Nos
anos de 2002 e 2004 essa taxa chegou a atingir aproximadamente 2,5 óbitos/100 mil hab, com
pico máximo no ano de 2008 (3 óbitos/100 mil hab). Nos anos subsequentes apresentou uma
redução, entretanto em 2011 e 2012 observa-se um importante aumento (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Distribuição da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por ano.
Ceará, Brasil, 2000-2012

Dos 2974 óbitos por aids investigados, 2151 (72,3%) eram em homens e 823
(27,7%) em mulheres (Tabela 1). A taxa de mortalidade no sexo masculino detém uma
proporção maior ao longo do período de estudo em comparação à população feminina,
entretanto os óbitos em mulheres aumentaram de cerca de zero em 2000 para
aproximadamente 1,5 óbitos/100.000 hab em 2012, acompanhando assim a tendência de
feminização da epidemia (Gráfico 4). No geral, grande parte das mortes ocorreu em
37

indivíduos na faixa etária de 40 a 49 anos de idade (29,4%), sendo a proporção de óbitos em


pessoas de 13 até 39 anos de idade maior no sexo feminino, entre 40 e 60 anos eram em sua
maioria era do sexo masculino (Tabela 1; Gráfico 5).
A distribuição dos óbitos por raça/cor evidencia que a maioria dos óbitos (68,9%)
ocorreu em pessoas de cor parda, seguidos por aquelas de cor branca (14,4%) e preta (3,5%).
Quanto à escolaridade, as pessoas que foram ao óbito apresentavam de 4 a 7 anos de estudo
(19%). Destaca-se, que o número de casos classificados como ignorados no estudo dessa
variável (N=1852; 62,3%), inviabiliza inferências precisas sobre todas as declarações
analisadas. Em relação à situação conjugal, grande parte dos óbitos ocorreu em indivíduos
solteiros (58%), seguidos daqueles casados (23%) (Tabela 1).
38

Tabela 1 – Descrição das características sociodemográficas dos óbitos por aids de pessoas
maiores de 12 anos. Ceará, Brasil, 2000-2012

Características N* % Intervalo de confiança 95%


Sexo
Masculino 2151 72,3 70,72 73,94
Feminino 823 27,7 26,06 29,28
Faixa Etária
13 – 19 31 1,0 0,68 1,41
20 – 24 161 5,4 4,60 6,23
25 – 29 371 12,5 11,29 13,66
30 – 34 507 17,0 15,70 18,40
35 – 39 542 18,2 16,84 19,61
40 – 49 874 29,4 27,75 31,03
50 – 59 322 10,8 9,71 11,94
60 e+ 166 5,6 4,76 6,41
Raça/Cor
Branca 427 14,4 13,10 15,62
Preta 103 3,5 2,81 4,12
Amarela 17 0,6 0,30 0,84
Parda 2049 68,9 67,23 70,56
Indígena 01 0,0 -0,03 0,10
Total parcial 2597 87,3 - -
Ignorados 377 12,7 11,48 13,87
Escolaridade
Nenhuma 211 7,1 6,17 8,02
1–3 492 16,5 15,21 17,88
4–7 568 19,1 17,69 20,51
8 – 11 427 14,4 13,10 15,62
12 e+ 154 5,2 4,38 5,98
Situação conjugal
Solteiro 1725 58,0 56,23 59,78
Casado 685 23,0 21,52 24,55
Viúvo 110 3,7 3,02 4,38
Separado judicial 90 3,0 2,41 3,64
União consensual 38 1,3 0,87 1,68
Total parcial 2648 89,0 - -
Ignorados 326 11,0 9,84 12,09
Total 2974 100

Nota: * 02 óbitos ignorados no total. Existe variação de ignorados conforme característica.


39

Gráfico 4 – Distribuição da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por sexo.
Ceará, Brasil, 2000-2012

Gráfico 5 – Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por sexo e faixa
etária. Ceará, Brasil, 2000-2012
40

Quanto à variável local de ocorrência do óbito, o local mais citado entre as


declarações de óbito da população em destaque foi o hospital com 91%, seguido pelas mortes
no domicílio (7,9%) (Tabela 2).

Tabela 2 - Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local de
ocorrência. Ceará, Brasil, 2000-2012

Intervalo de confiança
Local de ocorrência N %
95%
Hospital 2706 91,0 89,96 92,02
Outros estabelecimentos de saúde 01 0,0 -0,03 0,10
Domicílio 234 7,9 6,90 8,84
Via pública 04 0,1 0,00 0,27
Outros 16 0,5 0,27 0,80
Total parcial 2961 99,6 - -
Ignorados 13 0,4 0,20 0,67
Total 2974 100,0 - -

Em relação ao local de residência, as regiões de saúde que apresentaram os


maiores coeficientes dos óbitos foram: Fortaleza (55,9%), Caucaia (6,3%), Maracanaú
(4,9%), Sobral (4,4%) e Juazeiro do Norte (3,7%). A região Fortaleza, composta pelos
municípios de Aquiraz, Eusébio, Fortaleza e Itaitinga deteve a maior proporção dos óbitos
(N=1663), contudo ela responde por 32,6% da população do Estado (Tabela 3).
41

Tabela 3 – Distribuição dos óbitos por aids de pessoas maiores de 12 anos por local de
residência. Ceará, Brasil, 2000-2012

População 13
Local de residência* Óbitos % % DP+ Range
e+ anos
1ª Região Fortaleza 1663 55,9 1.907.546 32,6 4,3 25,1
2ª Região Caucaia 187 6,3 372.821 6,4 4,7 34,9
3ª Região Maracanaú 145 4,9 312.863 5,4 3,7 15,1
4ª Região Baturité 14 0,5 91.750 1,6 7,5 68,1
5ª Região Canindé 33 1,1 129.078 2,2 3,8 13,6
6ª Região Itapipoca 45 1,5 171.780 2,9 3,1 13,3
7ª Região Aracati 42 1,4 77.241 1,3 6,1 22,7
8ª Região Quixadá 40 1,3 202.705 3,5 3,9 29,5
9ª Região Russas 33 1,1 138.130 2,4 3,1 13,8
10ª Região Limoeiro Norte 53 1,8 157.009 2,7 3,5 15,0
11ª Região Sobral 130 4,4 406.395 7,0 4,9 30,6
12ª Região Acaraú 41 1,4 130.227 2,2 4,1 25,0
13ª Região Tianguá 86 2,9 191.214 3,3 5,0 25,1
14ª Região Tauá 25 0,8 75.884 1,3 2,9 12,6
15ª Região Crateús 62 2,1 207.229 3,5 3,1 12,6
16ª Região Camocim 16 0,5 100.085 1,7 1,9 10,4
17ª Região Icó 27 0,9 121.270 2,1 3,1 17,0
18ª Região Iguatu 57 1,9 214.623 3,7 2,6 11,5
19ª Região Brejo Santo 30 1,0 143.417 2,5 4,2 19,7
20ª Região Crato 35 1,2 227.113 3,9 2,7 18,7
21ª Região Juazeiro Norte 111 3,7 277.247 4,7 2,8 11,2
22ª Região Cascavel 99 3,3 190.800 3,3 4,3 21,9
Total 2974 100,0 5.846.427 100,0 4,2 68,1

Nota:
*Distribuído por região de saúde. 02 óbitos ignorados.
+
Desvio Padrão.

4.2 Causas básicas e relacionadas ao óbito de portadores do HIV

Ao longo da série histórica (2000-2012) ocorreram 491.219 mortes em indivíduos


maiores de 12 anos no Estado do Ceará, dos quais 0,6% (3.125) apresentavam na declaração
de óbito menção ao HIV/aids, sendo 95,2% (2.976) na causa básica, interesse de estudo, e
4,8% (149) em outras causas. Na análise das causas básicas que não incluem a aids
identificamos que os agravos que mais acometeram a população estavam presentes nos
seguintes capítulos do CID-10: II- neoplasias (24,2%); I- algumas doenças infecciosas e
42

parasitárias (19,5%); X -doenças do aparelho circulatório (19,5%); e XI - doenças do aparelho


digestivo (15,4%) (Tabela 4).

Tabela 4 – Causas básicas não-aids de óbito de pessoas maiores de 12 anos, segundo capítulo
do CID-10. Ceará, Brasil, 2000-2012

Código CID – 10 N %
I Algumas doenças infecciosas e parasitárias 29 19,5
II Neoplasias 36 24,2
IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 2 1,3
V Transtornos mentais e comportamentais 6 4,0
VI Doenças do sistema nervoso 3 2,0
IX Doenças do aparelho circulatório 29 19,5
X Doenças do aparelho respiratório 6 4,0
XI Doenças do aparelho digestivo 23 15,4
XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1 0,7
XIII Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo 2 1,3
XIV Doenças do aparelho geniturinário 2 1,3
XV Gravidez, parto e puerpério 3 2,0
XX Causas externas de morbidade e mortalidade 7 4,7
Total 149 100,0

Dentre as 2.976 declarações de óbito que apresentavam a aids como causa básica,
2.587 (86,9%) mencionavam a causa terminal, doença ou lesão que contribuiu diretamente
para o óbito, também denominada de causa relacionada, na linha A do documento. Dentre
essas causas, as que foram observadas na maioria das regiões de saúde cearenses, conforme
capítulos do CID-10 foram: sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de
laboratório, não classificados em outra parte; doenças do aparelho respiratório; algumas
doenças infecciosas e parasitárias; doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; doenças do
sistema nervoso; e doenças do aparelho circulatório. A causa relacionada doenças da pele e do
tecido subcutâneo foi verificada somente na região de saúde Fortaleza, em uma declaração. Já
a região de saúde Tauá, foi a única a apresentar causas externas de morbidade e mortalidade,
na indicação dessa causa, e, igualmente, em um documento (Tabela 5).
Além disso, a análise dessas causas aponta os seguintes agravos, reunidos em
capítulos do CID-10, como os responsáveis pela maioria das mortes em pessoas com HIV:
XVIII - sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte (38,3%), X - doenças do aparelho respiratório (30,9%), e I -
algumas doenças infecciosas e parasitárias (21,1%) (Tabela 5).
43

Tabela 5 – Causas relacionadas ao óbito por aids de pessoas maiores de 12 anos, segundo
capítulo do CID-10 e região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012

Código Capítulo CID-10 Região de Saúde* N %


Algumas doenças infecciosas e
I Todas 545 21,1
parasitárias
II Neoplasias 1, 9, 12, 13, 15, 17, 18, 19 16 0,6
Doenças do sangue e dos órgãos
III hematopoiéticos e alguns transtornos 1, 3, 9 e 21 06 0,2
imunitários
Doenças endócrinas, nutricionais e 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 13,
IV 59 2,3
metabólicas 14, 18, 21 e 22
1, 2, 3, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 13,
VI Doenças do sistema nervoso 87 3,4
15, 16, 18, 20, 21 e 22
1, 2, 3, 5, 7, 8, 10, 11, 12, 15,
IX Doenças do aparelho circulatório 51 2,0
18, 20, 21 e 22
X Doenças do aparelho respiratório Todas 799 30,9
XI Doenças do aparelho digestivo 1, 2, 3, 11, 15 e 22 17 0,7
Doenças da pele e do tecido
XII 1 01 0,0
subcutâneo
XIV Doenças do aparelho geniturinário 1, 2, 3, 9, 10 e 22 14 0,5
Sintomas, sinais e achados anormais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,
XVIII de exames clínicos e de laboratório, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 991 38,3
não classificados em outra parte 21 e 22
Causas externas de morbidade e
XX 14 01 0,0
mortalidade
Total 2587 100

Nota: *Identificadas pela ordem estabelecida no processo de regionalização (1ª a 22ª região de saúde).

No capítulo I denominado algumas doenças infecciosas e parasitárias, as causas


relacionadas mais significativas estão reunidas na categoria outras doenças bacterianas, com
menção em 408 declarações. Do mesmo modo, a causa outras doenças do aparelho
respiratório foi destaque no capítulo doenças do aparelho respiratório (N=745). Ainda, o
diagnóstico sinais e sintomas gerais foi informado em 769 declarações, a mais expressiva no
capítulo sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte (Tabela 6).
44

Tabela 6 - Descrição das principais causas relacionadas ao óbito por aids de pessoas maiores
de 12 anos, segundo capítulo e categoria do CID-10. Ceará, Brasil, 2000-2012

Capítulo
Código Código Categoria CID-10* N+ %
CID-10*
A00-A09 Doenças infecciosas 12 0,4
A15-A19 Tuberculose 44 1,6
A30-A49 Outras doenças bacterianas 408 15,6
A80-A89 Infecções virais do sistema nervoso 01 0,0
central
Algumas
B00-B09 Infecções virais caracterizadas por 01 0,0
doenças
I lesões de pele e mucosas
infecciosas e
B20-B24 Doenças pelo vírus da 254 9,7
parasitárias
imunodeficiência humana (HIV)
B25-B34 Outras doenças por vírus 05 0,2
B35-B49 Micoses 39 1,4
B50-B64 Doenças devido aos protozoários 39 1,4
B65-B83 Helmintíases 01 0,0

J10-J18 Influenza (gripe) e pneumonia 44 1,6


J60-J70 Doenças pulmonares devidas aos 02 0,0
Doenças do
agentes externos
X aparelho
J80-J84 Outras doenças respiratórias que 13 0,5
respiratório
afetam principalmente o interstício
J95-J99 Outras doenças do aparelho 745 28,6
respiratório

R00-R09 Sintomas e sinais relativos ao 222 8,5


Sintomas,
aparelho circulatório e respiratório
sinais e
R10-R19 Sintomas e sinais relativos ao 01 0,0
achados
aparelho digestivo e ao abdome
anormais de
R40-R46 Sintomas e sinais relativos à 04 0,1
exames
XVIII cognição, à percepção, ao estado
clínicos e de
emocional e ao comportamento
laboratório,
R50-R69 Sintomas e sinais gerais 769 29,5
não
R70-R79 Achados anormais de exames de 02 0,0
classificados
sangue, sem diagnóstico
em outra parte
R95-R99 Causas mal definidas e 48 1,8
desconhecidas de mortalidade
Total 2.603 100

Notas:
*Na tabela foram discriminadas as principais causas relacionadas, não abrangendo a totalidade de capítulos e
categorias do CID.
+
N aponta a quantidade de declarações que apresentaram a categoria nas causas relacionadas, linha A da
declaração de óbito.

O agravo que apresentou o maior coeficiente nas DO foi sintomas não específicos
peculiares à infância com 87,5 %, na categoria sintomas e sinais gerais (Tabela 7). Em
45

sequência, a insuficiência respiratória não especificada foi identificada em 570 declarações,


dentro das outras doenças do aparelho respiratório, com 76,5% (Tabela 8). Por último, a
septicemia não especificada (99%) foi o principal diagnóstico entre as doenças bacterianas a
contribuir diretamente para o óbito por aids dos indivíduos, entre o ano de 2000 e 2012
(Tabela 9).

Tabela 7 – Óbitos por causa relacionada categoria do CID-10 sinais e sintomas gerais de
pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012

Código CID – 10 N %
R52.9 Dor não especificada 01 0,1
R56.8 Outras convulsões e as não especificadas 01 0,1
R57.0 Choque cardiogênico 06 1,1
R57.1 Choque hipovolêmico 34 6,4
R57.8 Outras formas de choque 02 0,3
R57.9 Choque não especificado 11 2,0
R58 Hemorragia não classificada em outra parte 02 0,3
R62.8 Outras formas de retardo do desenvolvimento fisiológico normal 01 0,1
R64 Caquexia 05 0,9
R68.1 Sintomas não específicos peculiares à infância 462 87,5
R69 Causas desconhecidas e não especificadas de morbidade 03 0,6
Total 528 100,0

Tabela 8 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças do aparelho
respiratório de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012

Código CID – 10 N %
J95.8 Outros transtornos respiratórios pós-procedimentos 01 0,1
J96.0 Insuficiência respiratória aguda 148 19,8
J96.9 Insuficiência respiratória não especificada 570 76,5
J98.4 Outros transtornos pulmonares 03 0,4
J98.8 Outros transtornos respiratórios especificados 22 2,9
J98.9 Transtorno respiratório não especificados 01 0,1
Total 745 100,0
46

Tabela 9 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 outras doenças bacterianas
de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil, 2000-2012

Código CID – 10 N %
A41.2 Septicemia por estafilococos não especificados 01 0,2
A41.8 Outras septicemias especificadas 01 0,2
A41.9 Septicemia não especificada 404 99,0
A42.9 Actinomicose não especificada 01 0,2
A49.9 Infecção bacteriana não especificada 01 0,2
Total 408 100,0

Apesar da categoria doenças pelo vírus da imunodeficiência humana (B20-B24 da


CID-10) não apresentar um dos maiores coeficientes, ou seja, representar uma parcela
importante entre as causas relacionadas ao óbito em questão, decidiu-se explorar as afecções
nela especificada, uma vez que evidencia achados associados à patogênese da infecção pelo
HIV, aprimorando este estudo. Nesse sentido, verificou-se que a doença pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) não especificada foi o agravo mais mencionado nas
declarações quanto à essa categoria (N= 215; 84,6 %) (Tabela 10).
47

Tabela 10 – Óbitos por causa relacionada na categoria do CID-10 doenças pelo vírus da
imunodeficiência humana de pessoas maiores de 12 anos, segundo diagnóstico. Ceará, Brasil,
2000-2012

Código CID – 10 N %
B20 Doença pelo HIV resultando em infecções micobacterianas 03 1,2
B20.4 Doença pelo HIV resultando em candidíase 02 0,8
Doença pelo HIV resultando em pneumonia
B20.6 06 2,3
por Pneumocystis carini
B20.7 Doença pelo HIV resultando em infecções múltiplas 03 1,2
Doença pelo HIV resultando em outras doenças infecciosas e
B20.8 05 1,9
parasitárias
Doença pelo HIV resultando em doença infecciosa ou parasitária
B20.9 08 3,1
não especificada
B21.0 Doença pelo HIV resultando em sarcoma de Kaposi 01 0,4
Doença pelo HIV resultando em neoplasia maligna não
B21.9 01 0,4
especificada
B22.0 Doença pelo HIV resultando em encefalopatia 01 0,4
B22.2 Doença pelo HIV resultando em síndrome de emaciação 03 1,2
B23.0 Síndrome de infecção aguda pelo HIV 03 1,2
B23.8 Doença pelo HIV resultando em outras afecções especificadas 03 1,2
Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) não
B24 215 84,6
especificada
Total 254 100,0

4.3 Distribuição espaço-temporal dos óbitos por aids

A distribuição espaço-temporal dos óbitos por aids de indivíduos maiores de 12


anos no Estado do Ceará está exposta por regiões de saúde. As regiões de saúde com taxas de
mortalidade superiores à média (2 óbitos/100.000hab maiores de 12 anos) corresponderam às
regiões Fortaleza (4,3/100.000hab), Aracati (3,7), Tianguá (3,6), Cascavel (3,5), Maracanaú
(2,8), Caucaia (2,7), Acaraú (2,4), e Sobral (2,1), conforme gráfico 6.
48

Gráfico 6 – Taxa média de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por região de saúde.
Ceará, Brasil, 2000-2012

Na análise exploratória espacial, a região de saúde Aracati apresentou alta


variabilidade dos óbitos entre seus municípios, e a região de Tauá foi a área mais homogênea
(Gráfico 7). Também, foram verificados outliers na região de Cascavel no ano de 2012,
Aracati em 2000 e 2002, e em Fortaleza em maior parte dos anos, os quais elevam a taxa de
mortalidade nessas regiões (Gráfico 8).
49

Gráfico 7 – Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000 a 2012
50

Gráfico 8 – Boxplot da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12 anos por ano. Ceará,
Brasil, 2000-2012

A Tabela 11 apresenta as taxas médias brutas de mortalidade por regiões de saúde,


no período de 2000 a 2012, e as médias padronizadas ajustadas por sexo e idade, estimadas
pelos modelos de regressão linear. Além disso, evidencia as diferenças anuais médias das
taxas de mortalidade ajustada, assim como a relação entre essas diferenças e as médias do
período. A região de saúde Fortaleza apresentou as maiores taxas padronizadas de
mortalidade por aids ao longo da série histórica com tendência de crescimento significativo,
entretanto as regiões Maracanaú apresenta crescimento positivo significativo mais elevado.
As regiões Juazeiro do Norte, Itapipoca, Crato, Iguatu e Cascavel também apresentaram
elevadas taxa de crescimento da taxa de mortalidade padronizada por aids com significância
estatística maior que 0,05.
As regiões de Tianguá, Aracati e Acaraú apresentaram variações negativas
indicando um possível declínio da mortalidade por esta causa, entretanto observou-se que os
coeficientes de determinação r2 apresentam baixo poder explicativo e não são estatisticamente
significantes. Esta variação negativa no período para estas regiões de saúde pode ser atribuída
à elevada variabilidade dos casos ao longo do tempo (Tabela 11).
51

Tabela 11 – Taxas médias brutas e padronizadas de mortalidade por aids em maiores de 12


anos por região de saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012

Taxa Taxa Diferença


* Variação p-
Regiões de saúde mortalidade mortalidade DP anual r
% valor
bruta padronizada média
1ª Região Fortaleza 6,61 5,25 0,73 0,14 2,69 0,36 0,029
2ª Região Caucaia 3,75 2,98 0,92 0,08 2,78 0,08 0,356
3ª Região Maracanaú 3,31 2,63 1,01 0,18 6,89 0,31 0,048
4ª Região Baturité 1,14 0,91 0,78 0,03 3,11 0,01 0,716
5ª Região Canindé 1,85 1,47 0,99 0,14 9,46 0,19 0,135
6ª Região Itapipoca 1,88 1,50 0,86 0,15 9,91 0,28 0,061
7ª Região Aracati 4,09 3,26 2,20 -0,07 -2,13 0,01 0,750
8ª Região Quixadá 1,44 1,15 0,58 0,01 0,55 0,00 0,913
9ª Região Russas 1,78 1,41 1,13 0,13 9,49 0,13 0,218
10ª Região Limoeiro
2,53 2,01 0,75 0,05 2,69 0,05 0,465
Norte
11ª Região Sobral 2,37 1,89 0,70 0,02 1,27 0,01 0,730
12ª Região Acaraú 2,30 1,83 0,96 0,00 -0,16 0,00 0,975
13ª Região Tianguá 3,36 2,68 1,31 -0,07 -2,46 0,02 0,610
14ª Região Tauá 2,41 1,92 1,17 0,16 8,28 0,18 0,152
15ª Região Crateús 2,21 1,76 0,90 0,10 5,89 0,13 0,231
16ª Região Camocim 1,18 0,94 0,75 0,06 6,71 0,07 0,389
17ª Região Icó 1,66 1,32 0,82 0,03 2,14 0,01 0,730
18ª Região Iguatú 1,90 1,51 1,20 0,19 12,51 0,24 0,091
19ª Região Brejo
1,55 1,23 0,74 0,09 7,48 0,15 0,193
Santo
20ª Região Crato 1,14 0,90 0,50 0,09 9,44 0,28 0,066
21ª Região Juazeiro
3,03 2,41 0,66 0,12 4,85 0,30 0,053
Norte
22ª Região Cascavel 3,75 2,99 1,58 0,24 7,93 0,22 0,109

Nota: *Desvio Padrão.

No período de estudo, evidenciou-se tendência de crescimento da taxa


padronizada de mortalidade por aids, com destaque para as regiões de saúde Fortaleza,
Maracanaú, Itapipoca, Crato e Juazeiro do Norte, com a tendência de declínio dessa taxa
ocorrendo da região Fortaleza para Cascavel (Gráfico 09; Gráfico 10).
52

Gráfico 9 - Evolução temporal dos óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de
saúde. Ceará, Brasil, 2000-2012

Gráfico 10 – Evolução temporal dos óbitos por aids em maiores de 12 anos. Ceará, Brasil,
2000-2012
53

Por meio do Índice de Moran, verificou-se a autocorrelação espacial de


indicadores sociodemográficos. A tabela 11 mostra as variáveis que apresentam esse índice
significante, porém atestou-se dependência espacial (p<0,05) principalmente para a
mortalidade no sexo masculino, óbitos de pessoas entre 50 e 59 anos, como também, naquelas
com 60 anos e mais (I Moran>0,3).

Tabela 12 – Autocorrelação espacial dos indicadores sociodemográficos. Ceará, Brasil, 2000-


2012

Indicadores sociodemográficos I Moran p-valor


Taxa masculino 0,34 0,035
Taxa Feminino 0,00 0,517
Taxa Id 12-19 -0,11 0,230
Taxa 20-24 0,18 0,096
Taxa 25-29 -0,11 0,220
Taxa 30 - 34 0,00 0,518
Taxa 35 - 39 0,07 0,340
Taxa 40 - 49 0,24 0,075
Taxa 50 - 59 0,37 0,030
Taxa 60 e+ 0,36 0,023

O resultado do índice de Moran da taxa de mortalidade por aids em maiores de 12


anos indica a existência de autocorrelação espacial positiva, demonstrando que as proporções
com valores próximos ou semelhantes dos óbitos por aids tende a se agregar em um espaço
geográfico comum (I=0,29; p=0,046). A área com proporção mais elevada dos óbitos por aids
na região de saúde Fortaleza, e revela concentração de valores mais altos nas regiões de saúde
situadas ao norte, à oeste e ao sul do estado (Figura 03).
54

Figura 3 – Taxa média dos óbitos por aids em maiores de 12 anos por região de saúde. Ceará,
Brasil, 2000-2012

A figura 4 exibe os clusters dos óbitos por aids com suas respectivas
significâncias, bem como demonstra de maneira mais clara a relação entre as regiões de saúde
e suas circunvizinhas. O LISAmap, Figura 4 (A), evidencia a existência de dois
conglomerados locais significativos dos óbitos por aids, correspondendo às regiões de saúde
Fortaleza, Maracanaú, Tauá, Iguatu e Juazeiro do Norte. O LISAmap confirmou os resultados
apresentados no Boxmap [Figura 4 – (B)] para a classe 1 (alto-alto) e 2 (alto-baixo). Na classe
1, constatou-se a presença de ampla aglomeração de valores e médias positivas nas regiões de
saúde formada por municípios litorâneos e próximos à capital.
55

Figura 4 – Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids: (A) – LISAmap e (B) -
Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012

(A)

(B)
56

Em relação às variáveis sociodemográficas que apresentaram dependência


espacial, a distribuição espacial de óbitos por aids em homens segue um comportamento
idêntico à taxa de óbito geral, com região de saúde Fortaleza apresentando o cluster mais
significativo para alta incidência (Figura 5). Também, verifica-se que as regiões de saúde
Fortaleza, Aracati, Tauá, Iguatu e Juazeiro do Norte mantêm correlação local significante com
seus vizinhos (Figura 6 - A). Já as regiões de saúde Camocim, Itapipoca e Baturité,
apresentam aglomerados de óbitos com taxas de mortalidade com vizinhos de incidência
igualmente baixa. As regiões Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Cascavel e Aracati, com altas
taxas estão cercadas por vizinhos com taxas igualmente elevadas (Figura 6- B).

Figura 5 – Moran map da taxa de mortalidade por aids em homens. Ceará, Brasil, 2000-2012
57

Figura 6 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids em homens: A- LISAmap e
B - Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012

B
58

No tocante à faixa etária, os óbitos por aids em indivíduos com 50 e 59 anos se


encontram mais dispersos no Estado do Ceará (Figura 7), com cluster nas regiões de saúde
formadas por municípios próximos à capital, destaca-se a região de saúde Fortaleza (Figura 8
- A). Ainda, observam-se aglomerados desses óbitos nas regiões Fortaleza, Caucaia,
Maracanaú, Cascavel, Aracati e Russas com vizinhos de incidência igualmente elevados.
Somente a região de Baturité está cercada por vizinhos de incidência igualmente baixa (Figura
8 - B).

Figura 7 – Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 50 a 59 anos. Ceará,
Brasil, 2000-2012
59

Figura 8 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária de 50 a 59
anos: A- LISAmap e B- Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012

B
60

Para as mortes por aids de pessoas com 60 anos e mais (idosos), identificou-se um
comportamento semelhante ao dos óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos (Figura 9). As
regiões Tianguá, Fortaleza e Maracanaú apresentam cluster de alta incidência (Figura 10 - A),
já os aglomerados desses óbitos nas regiões Caucaia, Fortaleza, Maracanaú, Cascavel e
Aracati têm vizinhos com taxas também elevadas. As regiões Baturité, Russas e Brejo Santo
estão cercados por vizinhos de incidência igualmente baixa (Figura 10 - B).

Figura 9 – Moran map da taxa de mortalidade por aids na faixa etária de 60 anos e mais.
Ceará, Brasil, 2000-2012
61

Figura 10 - Padrão da autocorrelação espacial dos óbitos por aids na faixa etária de 60 anos e
mais: A- LISAmap e B- Boxmap. Ceará, Brasil, 2000-2012

B
62

5 DISCUSSÃO

5.1 Os óbitos por aids no Estado do Ceará e os indicadores sociodemográficos

Do total de óbitos por causa básica aids investigados, os homens foram os mais
acometidos, com proporção semelhante ao longo da série histórica, porém as mortes na
população feminina duplicaram no mesmo período, acompanhando a tendência nacional
(BRASIL, 2014). Ademais, os óbitos com o maior quantitativo na idade de 13 até 39 anos
ocorreram em mulheres, já aqueles com idade entre 40, 60 e mais anos eram, em sua maioria,
homens.
Nesse contexto, os homens não são vistos como protagonistas nos serviços de
saúde, o que dificulta o acompanhamento dessa população, principalmente quanto à
prevenção de doenças, recaindo em uma vulnerabilidade maior ao adoecimento. O imaginário
de ser homem pode aprisionar o masculino em raízes culturais, dificultando a adoção de
práticas de autocuidado, pois à medida que ele se enxerga como invulnerável e forte, procurar
o serviço de saúde, numa perspectiva preventiva, poderia associá-lo à fraqueza, medo e
insegurança, o que pode aproximá-lo das representações do universo feminino, e implicar
possivelmente em desconfiança acerca dessa masculinidade socialmente instituída
(NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).
Uma proporção maior de óbitos em homens também pode estar associado à
própria evolução da epidemia do HIV/aids, em que esse gênero foi o mais acometido no
início, e pode ser visualizado na morte de indivíduos com idade mais avançada. A análise das
mortes por aids em idosos brasileiros, no período de 1996 a 2007, evidenciou que a faixa
etária mais acometida foi entre 60 e 69 anos de idade, 77,4% do total, e o número de óbitos no
sexo masculino foi até três vezes maior que no feminino (GIRONDI, 2012). Nesta pesquisa,
os idosos (60 anos e mais) representaram 5,6% dos óbitos.
No caso feminino, o maior número de mortes entre 13 e 39 anos produz impactos
sociais significativos, por atingir a fase mais produtiva e reprodutiva desse grupo. Ainda, os
óbitos em mulheres estão vinculados ao retardo no diagnóstico, devido à dificuldade de
acesso aos serviços de saúde e as informações sobre a infecção, negligência de cuidados com
sua própria saúde, devido à responsabilidade de cuidar da família recair quase que
exclusivamente sobre elas, que ao acumular tarefas, presta menos atenção às mudanças do seu
corpo, principalmente em relação a sinais e sintomas de adoecimento (BRAGA; CARDOSO;
63

SEGURATO, 2007). Também, famílias tem sido afetada pelo HIV/aids. Convivem com o
vírus mãe, pai e filhos. Nesse sentido, a mulher direciona o exercício de cuidados ao marido e
prole em busca da saúde da família em detrimento do seu próprio bem-estar (HARRIS et al.,
2011).
A raça/cor é uma característica que também foi considerada para estudo, apesar da
dificuldade em se definir e caracterizar os grupos étnicos em um país intensamente
miscigenado como o Brasil. No Estado do Ceará, entre o ano de 2000 e 2012, os óbitos
investigados foram na maioria em indivíduos considerados pardos (68,9%), seguidos dos
brancos (14,4%). É necessário considerar que grande dos cearenses se declarou pardo ou
branco no censo 2010, correspondendo a 61,9% e 32%, respectivamente, da população total
do Estado (IBGE, 2011).
Evidencia-se, na literatura, a junção das pessoas consideradas pardas e pretas na
categoria negra, ou não branca, gerando um cenário epidemiológico que não é representativo
do comportamento da epidemia ao se considerar os grupos de raça/cor específicos, ou seja,
homogeneíza um conjunto cujas partes são apresentam suas peculiaridades (FRY et al., 2007).
Nessa perspectiva, estudiosos ao comparar nos Estados Unidos a mortalidade por aids no
grupo raça/cor, relataram que o risco de morrer por aids foi maior entre os negros que em
brancos (SINGH et al., 2013; LEVINE et al., 2007). Estudo conduzido no Brasil reafirma
esse resultado, apesar de considerar os registros sobre essa característica deficientes
(FONSECA et al., 2007).
Quanto à escolaridade (em anos de estudo), ela tem impacto significativo no
enfrentamento da condição de saúde pela pessoa que vive com HIV/aids, no suporte social, no
nível de depressão, e na compreensão da mortalidade por aids. Acredita-se que, quanto maior
a escolaridade do indivíduo, maior é o acesso às informações sobre a infecção, o que
proporciona melhores recursos internos e externos para se conviver com a doença, e se
prevenir de outros agravos (REIS et al., 2012). Do mesmo modo, pesquisadores apontaram
existir uma associação inversa entre escolaridade e abandono dos serviços de saúde
especializados em HIV/aids, e, no plano individual, a escolaridade é um fator importante para
o prognóstico das pessoas que vivem com o HIV (SCHILKOWSKY; PORTELA; SÁ, 2011;
MARÍ-DELL‘OMO, 2007). Portanto, mostra-se a estreita relação dessa característica com à
morbimortalidade dessa população.
Os óbitos por aids analisados nesta pesquisa ocorreram em indivíduos que tinham
de 4 a 7 anos de estudo. Ressalta-se que o número de dados ignorados representou uma
64

proporção acima de 30%, o que provoca uma reflexão sobre a qualidade dessas informações
e, por conseguinte, verifica-se a necessidade de melhorar o preenchimento desse indicador na
declaração de óbito.
Em relação à situação conjugal, houve maior predominância dos óbitos por aids
entre os solteiros (58%), corroborando com achados de outro estudo na mesma perspectiva
(REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA, 2010). Acredita-se que os riscos aos quais as
pessoas desse grupo se expõem, como multiplicidade de parceiros sexuais, não uso recorrente
do preservativo, abuso do consumo de álcool e drogas ilícitas, podem contribuir para o
agravamento do quadro clínico e, consequente, morte. Já que, pesquisa realizada com o
objetivo de correlacionar a demora assistencial a indivíduos com HIV e fatores de risco
associados, aponta o uso de drogas injetáveis como um dos indicadores atrelados aos cuidados
tardios (METALLIDIS et al., 2012), e isto pode colaborar diretamente para um desfecho
desfavorável, em razão do provável risco aumentado de morrer por causa da aids.
Os casados representaram 23% do total das mortes. Pessoas envolvidas em uma
união conjugal apresentam baixa percepção de risco para HIV/aids, com implicações diretas
na transmissão do vírus, no diagnóstico tardio, no agravamento do quadro clínico e,
consequente, elevado risco de morrer. O HIV/aids ainda é visto como doença da rua ou a
doença do outro, de grupos de risco os quais aqueles envolvidos em união conjugal ou estável
não fazem parte (SANTOS et al., 2009). Além disto, as percepções desses indivíduos
expressam a cultura em que estão inseridos no que se diz respeito aos papéis de gênero e
hierarquização da relação afetivo-sexual, o que pode influenciar a adoção de comportamentos
de autocuidado (DUNKLE et al, 2008; MAIA; GUILERM; FREITAS, 2008)
O hospital foi o estabelecimento de saúde com maior proporção (91%) de
ocorrência dos óbitos por causa básica aids, visto que ele associa atendimento de diversas
especialidades e tecnologia avançada, assim, é capaz de atender as demandas de diagnóstico e
tratamento de soropositivos para HIV, já com agravamento no quadro clínico ligado à
patogênese da infecção.
Outro dado importante é que 55,9% dessas mortes foram em pessoas que residiam
na região de saúde Fortaleza, constituída pelos municípios de Fortaleza, Eusébio, Aquiraz e
Itaitinga, os quais integram a Região Metropolitana de Fortaleza.
Fortaleza é um município litorâneo, turístico e representa a quinta capital do país
em termos de população. Morar na Região Metropolitana contribui para o acesso ao ensino de
melhor qualidade, a bens de consumo e de serviço, a empregos com planos de carreira e
65

salários mais valorizados, ao atendimento de saúde mais diversificado e qualificado. No


entanto, o ritmo acelerado das capitais e grandes cidades pode interferir na qualidade de vida
e propiciar o adoecimento dessa população portadora do vírus.
O panorama epidemiológico do HIV/aids no Ceará evidencia maior incidência
dessa infecção na Região Metropolitana. Também, apesar do Brasil dispor de políticas
públicas específicas para o acompanhamento e suporte de pessoas que vivem com o HIV, as
redes de atenção à saúde e social encontram-se centradas nessa região (PAIVA, 2013), o que
pode estar associado ao maior coeficiente dos óbitos por causa básica aids nessa área, e a
migração de indivíduos do interior com o objetivo de ser acompanhado por serviços de saúde
de maior complexidade.
O Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), localizado na Capital
cearense, foi o único serviço por muitos anos a atender essa população com HIV no Ceará.
Com mais de 40 anos de história, hoje ele funciona como referência em doenças infecciosas
no Estado, integrante da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), e acolhe as demandas de
atendimento de PVHA residentes no interior.

5.2 Distribuição espacial dos óbitos por aids

No estado do Ceará, Fortaleza como polo comercial, industrial, educacional e


tecnológico do estado, demanda intensa circulação de pessoas e movimentos migratórios. O
turismo constitui uma importante fonte de emprego, com destaque para as áreas localizadas na
orla marítima, por isto, o litoral do Estado vem cedendo o espaço outrora destinado às
atividades tradicionais dos pescadores para os equipamentos turísticos e para a apropriação de
territórios para espetáculos do turismo cearense (CORIOLANO; VASCONCELOS, 2007).
A definição de cidade anfitriã tem sido utilizada na literatura para designar locais
do litoral ou interior de um país, cuja organização socioeconômica está voltada para o turismo
(SANTOS; PAIVA, 2007). O presente estudo constatou aglomerados de óbitos nas regiões
Aracati, Cascavel, Fortaleza, Maracanaú e Caucaia, as quais são formadas por municípios
litorâneos e próximos à capital. Os estudos sobre problemas de saúde pública em cidades
anfitriãs apontam a transmissão do HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST)
entre turistas, turistas e nativos, e turistas e profissionais do sexo decorrente de relações
sexuais ocasionais desprotegidas; emergências médicas que acometem os turistas devido ao
abuso de álcool e drogas; e o aumento do uso dessas substâncias pelos nativos (THOMPSON
66

et al., 2003). Pesquisa realizada em uma cidade litorânea cita tais problemas, e aponta o
aumento do número de casos de aids está associado a grande rotatividade de pessoas em
períodos específicos do ano, principalmente no feriado de carnaval, o que pode contribuir para
o adoecimento dessa população (OLIVEIRA et al., 2009), como também, para a própria
disseminação do vírus HIV.
A região de saúde Maracanaú engloba o maior centro industrial do Ceará, já na
região Cascavel acontece a Feira de São Bento, segunda maior feira livre do Brasil. Quanto às
regiões Aracati, Fortaleza e Caucaia, elas apresentam o turismo como importante atividade
econômica e geradora de emprego, por causa das belas praias Canoa Quebrada, Futuro e
Cumbuco, respectivamente.
Nesse contexto, as oportunidades de emprego podem desencadear o processo
migratório de soropositivos do interior, regiões circunvizinhas e outros estados, com a
intenção permanente ou temporária de trabalhar ou residir em municípios localizados nessas
regiões de saúde. Ademais, o adoecimento das PVHA pode ser favorecido pelo turismo e a
rotatividade de pessoas, contribuindo para o agravamento clínico e a morte dessa população,
justificando os achados da distribuição espaço-temporal do presente trabalho.
Destaca-se que grupos populacionais em constante interação dentro do espaço
geográfico podem adotar comportamentos semelhantes com consequente risco para o
adoecimento. Uma maior interação entre diferentes grupos populacionais, sem as devidas
ações de saúde para prevenção e cuidado e que acompanhem a expansão do espaço físico,
pode acrescentar risco de contágio de doenças entre comunidades (ROTHENBERG et al.,
2005).
Outra questão a ser considerada é o acesso à atenção especializada, acredita-se
que a descentralização das ações de saúde tem se mostrado adequada para a maior parte das
ações básicas de saúde, porém os serviços que envolvem maior complexidade tecnológica têm
sua eficácia e qualidade comprometidas com o processo de descentralização (BARCELLOS
et al., 2002). Isso contribui para as desigualdades regionais no acesso ao serviço de saúde, e a
necessidade de deslocamento de pessoas para as regiões mais desenvolvidas (BAENINGER,
2004).
Conforme se depreende ao se analisar aglomerados de processos em saúde em
determinado território, as cidades não são autossuficientes, pois constantemente se relacionam
com seus vizinhos e com espaços mais longínquos, por meio das várias opções disponíveis
hoje de comunicação e transporte, que reduzem as distâncias (BRASIL, 2006). Esse é um dos
67

conceitos básicos das análises espaciais e é constatado claramente pela expansão geográfica
de processos de adoecimento. Convém ressaltar ainda o seguinte: nos últimos anos, houve no
país a redução de processos migratórios de longa distância, a intensificação de fluxos de
retorno, da migração intrametropolitana e o aumento de movimentos migratórios de curta
distância e intrarregionais, bem como crescimento de movimentos pendulares (BAENINGER,
2004).
Pode-se afirmar: o processo migratório é fator predisponente para disseminação
do HIV/aids. Entretanto, redes de comunicação que interligam grupos vulneráveis de
diferentes pontos do país também se revelam como fator de propagação da aids
(BARCELLOS et al., 2002; HEIMER, 2008). A expansão da epidemia do Sul e Sudeste para
o Norte do país coincide com eixos de comunicação e transporte interestaduais
(BARCELLOS et al., 2004). Esse fenômeno, provavelmente também atinge a região
Nordeste.
Também, foram identificados clusters de alta incidência nas regiões de saúde
Juazeiro do Norte, Iguatu e Tauá, o que pode refletir o processo de interiorização dos óbitos
por aids. A região Juazeiro do Norte é formada por municípios que se localizam na Região
Metropolitana do Cariri, onde está um dos maiores centros religiosos populares do Brasil, na
figura do Padre Cícero. Juntamente com Iguatu, representam polos educacionais com
universidades públicas e faculdades privadas, além de escolas técnicas federais. A região de
saúde Tauá, constituída pelos municípios de Parambu, Arneiroz, Tauá e Aiuaba; integra o
Sertão do Inhamuns.
Ademais, atestou-se dependência espacial para os óbitos por aids no sexo
masculino nas regiões de saúde Fortaleza, Juazeiro do Norte, Tauá e Tianguá. Estas regiões
apresentam um número elevado de habitantes desse sexo (IBGE, 2010), e pode revelar
desigualdades existentes na assistência à saúde de homens e mulheres, fato intimamente
associado às concepções de gênero presentes em nossa sociedade (BRITO; SANTOS;
MACIEL, 2010).
Nesse sentido, o desfavorecimento à saúde dos homens pode estar ligado aos
preconceitos existentes na sociedade a respeito da concepção de padrões masculinos
construídos com base na subjetividade que envolve atributos como força, domínio e
machismo. Isto reflete em todos os campos sociais, inclusive na área da saúde, onde as
políticas públicas não se voltaram, de modo satisfatório, às necessidades de saúde desta
parcela da população (FIGUEIREDO, 2005). Agregam-se, ainda, fatores como
68

invulnerabilidade, atribuição do cuidar ao sexo feminino e feminização do atendimento, os


quais estão associados também a pouca demanda de homens aos serviços de saúde (BRAZ,
2005).
Dessa forma, o homem passa a ter maior predisposição a adoecer por estar mais
exposto a fatores de risco. Esse fato é demonstrado pelos indicadores de morbidade e
mortalidade que, quando comparados às mulheres, as maiores taxas de mortalidade recaem
sobre os homens em todas as idades, revelando a saúde masculina como um campo
desfavorecido (REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA, 2010).
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem salienta mudanças
para que a população masculina perceba e promova o cuidado com a sua saúde e de sua
família, sendo essencial que os sistemas de saúde se reestruturem para acolher este cliente e
fazer com que se sinta parte integrante (BRASIL, 2008). Uma política de prevenção efetiva
deve estar focada na perspectiva da limitação da vulnerabilidade dos grupos, por meio da ação
sobre os diversos aspectos: individuais, sociais e dos serviços de saúde (LIMA et al., 2011).
Os óbitos por aids na faixa etária de 50 a 59 anos estão concentrados
espacialmente nas regiões de saúde Fortaleza, Maracanaú e Cascavel. Já pessoas com 60 anos
e mais (idosos) estão concentradas nas regiões Fortaleza, Maracanaú e Tianguá. Estudos
(REIS; SANTOS; CRUZ, 2007; FEITOZA; SOUZA; ARAÚJO, 2004) alertam o fato de
muitos dos idosos terem como causas de morte doenças oportunistas, mas que, por
desconhecimento do profissional de saúde, que raramente desconfia de o idoso ter aids, acaba
por diagnosticar erroneamente a causa de óbito. Outro fator preocupante é que, na maioria das
vezes, só se descobre a soropositividade de um idoso quando este já se encontra em estágios
avançados da aids, dificultando assim o tratamento com antirretrovirais e diminuindo assim a
sobrevida dessas pessoas.

5.3 Causas básicas e relacionadas ao óbito de pessoas com HIV/aids

As pessoas maiores de 12 anos com HIV residentes no Estado do Ceará morreram


por causa básica aids (95,2%) e não-aids (4,8%). Embora, apresente uma proporção menor,
essas causas não-aids evidenciam as mudanças no cenário de morbimortalidade dessa
população, que além de estarem expostas aos fatores de risco gerais, ainda estão sujeitos aos
adicionais metabólicos próprios da infecção e terapia, os quais juntos influenciam no risco de
adoecimento (MAYAP et al., 2013).
69

Entre o ano de 2000 e 2007, cerca de 96% dos soropositivos morreram por causa
básica aids no Brasil, e as não-aids alcançaram só 3,9% (REZENDE; VASCONCELOS;
PEREIRA, 2010). Já nos Estados Unidos, entre militares, a comparação dessas causas na era
pré e pós-TARV, mostrou a expansão das não-aids, 9% versus 32% (CRUM et al., 2006), o
mesmo observado em estudo no Canadá, em que elas aumentaram de 7% para 32%, após o
amplo acesso à terapia (KRENTZ et al., 2005).
Na literatura, esse panorama reflete a não adesão ou a ingestão inadequada dos
antirretrovirais pelas pessoas que vivem com HIV/aids, as barreiras no acesso aos serviços
especializados e de maior complexidade, o diagnóstico tardio da infecção e de outros agravos,
o início da terapia em estágio avançado, e a idade do óbito (pessoas jovens), como fatores
contribuintes ao adoecimento para além do HIV/aids (JAHN et al., 2008; GUIMARÃES et
al., 2008; FARIAS; CARDOSO, 2005). A qualidade das estratégias preventivas adotadas
pelos profissionais de saúde na abordagem dessa população, também são importantes, porque
colaboram diretamente para a ausência ou atraso de doenças, além do diagnóstico precoce,
principalmente quando mantêm associação com o estilo de vida.
Na análise das causas básicas não-aids, as neoplasias, doenças do aparelho
circulatório, do sistema digestivo; e as infecciosas e parasitárias, foram as mais
representativas nas DO, outros autores encontraram resultado semelhante (SMITH et al.,
2014; ANGLARET et al., 2012; PEREIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2007). Do mesmo
modo, pesquisas também indicam as doenças respiratórias (PACHECO et al., 2009; YANG et
al., 2008) e causas externas como as mais prevalentes (WONG et al., 2012; REZENDE;
VASCONCELOS; PEREIRA, 2010); em contrapartida, nesta investigação elas foram
responsáveis, respectivamente, por 4% e 4,7% das mortes.
No que diz respeito à investigação das causas relacionadas ao óbito por aids,
identificamos que a maioria das regiões de saúde apresentaram mortes por doenças do
aparelho circulatório; infecciosas e parasitárias; endócrinas, nutricionais e metabólicas;
sistema nervoso e respiratório. Todavia, as proporções mais elevadas foram observadas nos
capítulos do CID-10 sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório,
não classificado em outra parte (38,3%); doenças do aparelho respiratório (30,9%); e doenças
infecciosas e parasitárias (21,1%).
As neoplasias têm sido constantemente relatadas como uma das principais causas
básicas não-aids de morte em pessoas que vivem com o HIV, com destaque no período pós-
TARV(INGLE et al., 2014; STEWART et al., 2012; SIMARD; ENGELS, 2010). Em 2007, a
70

média desses óbitos alcançou 22,4% no Brasil (REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA,


2010), dimensão parecida ao encontrado neste estudo (24,2%), o qual representa somente o
Estado do Ceará. Na França, ela foi mais expressiva e alcançou 34% dos óbitos no ano de
2005 (BONNET et al., 2009).
A expansão das neoplasias dentro das causas não-aids é resultantes da atuação do
HIV nas células corporais, através da ativação de proto-oncogenes e inibição de genes que
suprimem tumores (FEVEREIRO; 2014); da coinfecção com outros vírus oncogênicos, que
induzem o aumento da replicação viral e persistência da infecção, e aceleram a sua história
natural (POWLES et al., 2009). Os medicamentos antirretrovirais também são importantes,
pois o ritonavir (inibidor de protease) inibe a enzima hepática CYP3A4, enquanto o efavirenz
(inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa) aumenta sua atividade, e essa enzima
metaboliza a droga anticâncer sunitinib, por exemplo. Desta forma, a interação entre esses
medicamentos, uma hipótese, poderia potencializar os efeitos tóxicos ou limitar a eficácia da
droga anticâncer (SIMARD; ENGELS, 2010; SHIELS et al., 2010; MONFORTE et al.,
2008).
Estudos sugerem que outras interações medicamentosas ainda colaboram no
aparecimento de doenças do aparelho circulatório entre as causas nas DO (ALDAZ et al.,
2011; SACKOFF et al., 2006), porque a sua ocorrência é maior entre pessoas que aderiram à
TARV, quando comparado as que não iniciaram a terapia (WORM et al., 2010; GLASS et al.,
2006). Alguns medicamentos, como a zidovudina e a azidotimidina, podem produzir efeitos
cardiotóxicos e contribuir para o desenvolvimento de disfunção metabólica (dislipidemia,
hiperglicemia devido à resistência a insulina) e lipodistrofia (GOPAL et al., 2009;
MARTÍNEZ et al., 2009).
No Brasil, entre 2000 e 2007, as doenças do aparelho circulatório representaram
16,5% das causas básicas não-aids e foram a segunda mais importante (REZENDE;
VASCONCELOS; PEREIRA, 2010). Em 2011, pesquisa destacou o aumento dessas doenças
entre as causas relacionadas à aids, principalmente as cardiovasculares que, na era pré-TARV,
estavam presentes em 3% das DO e, no pós-TARV, em 10,1% (DOMINGUES; WALDMAN,
2014). No presente estudo, essas doenças foram indicadas em 19,5% entre as causas básicas
não-aids e 2% entre as relacionadas ao óbito por aids.
Desde que a sobrevida dos indivíduos infectados aumentou, o risco de doenças
crônicas é maior, e o que se espera é uma frequência mais elevada de doenças circulatórias
devido ao tabagismo, obesidade, etilismo, a hipertensão arterial, altos níveis de triglicerídeos
71

e colesterol VHDL (PACHECO et al., 2008), vasculite causada pelo HIV ou por infecções
secundárias (citomegalovírus, tuberculose) e ação direta do HIV no coração, cada vez mais
comum entre os soropositivos (GOPAL et al., 2009; MARTÍNEZ et al., 2009;
KHUNNAWAT et al., 2008)
Os mesmos riscos contribuem para o aparecimento das causas de morte por
doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; sendo as relacionadas à aids citadas em 14
regiões de saúde. O diabetes mellitus é doença mais representativa entre esse grupo nas
declarações de óbito, tanto na causa básica como na relacionada, conforme a literatura
(PALLELA et al., 2006; JUSTMAN et al., 2003), visto que a universalização da TARV e o
tratamento prolongado aumentaram a incidência de resistência à insulina e intolerância à
glicose, e é um efeito adverso dos antirretrovirais (JUSTMAN et al., 2003).
Um estudo investigou a incidência de DM em pessoas infectadas pelo HIV em
tratamento, concluiu que as principais causas relacionadas, nos óbitos por causa básica aids,
no pós-TARV, foram as mesmas observadas, em 1998, porém com proporções mais elevadas
para algumas doenças, sugerindo que essa possa ser uma característica do uso amplo e
prolongado da terapia: diabetes mellitus (7,0% para 8,3%), doenças do aparelho circulatório
(9,5% para 23,7%), doença alcoólica do fígado (22,6% para 9,2%) (DOMINGUES;
WALDMAN, 2014; SANTO et al., 2000). Esta última é uma das principais doenças do
sistema digestivo (4ª capítulo da DO entre as causas não-aids identificadas) determinante de
morte entre as PVHA. A ingestão do álcool, muitas vezes em excesso, o qual aumenta a
probabilidade das pessoas se envolverem em comportamento de risco, por exemplo, através
do compartilhamento de seringas entre usuários de drogas ilícitas, e comportamentos sexuais
de risco, principalmente sexo oral e anal, recaem numa maior vulnerabilidade para essas
doenças (WEBER et al., 2006; STEIN et al., 2000).
As doenças infecciosas e parasitárias, que incluem algumas infecções
oportunistas, foram mencionadas na causa básica e relacionada ao óbito por aids, em 19,5% e
21,1%, respectivamente. Apesar dos avanços no diagnóstico e no acesso ao tratamento para
HIV, as doenças bacterianas continuam a ser uma das principais causas de morte nessa
população, seguida pela TB, embora sejam mais fáceis de diagnosticar e tratar do que muitos
outros tipos de infecções (HARRIES et al., 2010; ANGLARET et al., 2012). Porém, neste
estudo a tuberculose só apareceu em 44 declarações, e demostra a atuação de gestores e
profissionais de saúde no planejamento de ações no controle da coinfecção HIV/TB, como o
72

diagnóstico precoce da tuberculose, o tratamento da TB ativa e da infecção latente e o início


oportuno da terapia antirretroviral.
As infecções bacterianas são mais comuns entre pacientes de países em
desenvolvimento do que entre aqueles de países ricos (GRINSZTEJN et al., 2009). Na análise
das causas relacionadas, essas infecções apareceram em 408 DO, a mais expressiva entre as
doenças infecciosas e parasitárias, sendo a septicemia não especificada a doença responsável
por 99% dos óbitos. No período pós-TARV, dois estudos americanos, em 1999 e 2006,
também observaram elevadas proporções de septicemia entre essas causas, respectivamente,
13,6% e 14,8% (ADIH et al., 2011; SELIK et al., 2003). E, ensaios clínicos randomizados
assinalaram o início precoce do tratamento dessas doenças e do HIV, o nível de
imunossupressão, e a localização e/ou gravidade da infecção, indispensáveis no impacto
positivo para sobrevivência de PVHA (KRENTZ et al.,2005; CRUM et al., 2006; SACKOFF
et al., 2006).
No tocante às doenças do sistema nervoso, embora tenham sido observadas em 16
regiões de saúde, elas representaram somente 3,4% das causas relacionadas à aids. Poucos são
os estudos nessa perspectiva que relatam essas doenças, e quando notadas indicam ser as
infecções do sistema nervoso central, principalmente a toxoplasmose, e as neoplasias, as
responsáveis pelas mortes (WONG et al., 2012). Entretanto, esses agravos se encontram
indicados nos seguintes capítulos do CID-10, respectivamente, doenças infecciosas e
parasitárias, e neoplasias.
A segunda causa mais importante entre as relacionadas ao óbito por aids foram as
doenças do aparelho respiratório, principalmente, devido à insuficiência respiratória não
especificada, 76,5% da categoria do CID-10 outras doenças do aparelho respiratório. Outros
estudos indicam essas causas entre as principais (REZENDE; VASCONCELOS; PEREIRA,
2010; DOMINGUES; WALDMAN, 2014), sendo as proporções de pneumonias
bacterianas/inespecíficas e insuficiência respiratória elevadas, ambas com características
terminais. No entanto, as pneumonias juntamente com a influenza (gripe), estavam presentes
em uma proporção mínima de mortes (N=44), o que pode estar associada à qualidade do
acompanhamento médico e de serviços especializados, a adesão à quimioprofilaxia e à TARV
pelos soropositivos cearenses.
Acredita-se que a pneumonia por Pneumocystis jiroveci ainda represente uma
importante causa de morte nos pacientes com aids (TELLEZ et al., 2008; HANNA et al.,
2007), apesar de estar em declínio, conforme pesquisa realizada nos Estados Unidos que
73

mostrou uma redução na proporção de 6,3%, em 1996, para 5,1%, em 2006 (ADIH et al.,
2011).
No caso do capítulo do CID-10 sintomas, sinais e achados anormais de exames
clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte; ele representa a principal causa
relacionada às mortes por aids, todavia ele dificulta a compreensão da morbimortalidade das
PVHA, por mencionar diagnósticos inespecíficos, entre eles sintomas não específicos
peculiares à infância foi a principal causa relacionada. Por isso, alguns estudos denomina esse
capítulo de afecções mal definidas, como pesquisa realizada com dados do sistema de
informação sobre mortalidade brasileiro, em que essa causa foi responsável por elevada taxa
de morte entre as causas relacionadas ao óbito por aids, em geral na condição de causas
terminais (REIS; SANTOS; CRUZ, 2007).
O mesmo cenário acontece para a categoria do CID-10 doenças pelo vírus da
imunodeficiência humana, que indica a doença pelo HIV não especificada (código B24),
como a mais prevalente causas relacionada ao óbito por aids. Desta forma, chama-se atenção
para se refletir sobre a qualidade dos diagnósticos citados nas declarações de óbito, e o porquê
de se mencionar causas inespecíficas, talvez possa estar associado à necessidade de exames
clínicos mais aprofundados/complexos os quais o serviço de saúde não proporciona.
74

6 CONCLUSÃO

As informações em saúde são indispensáveis para o planejamento, o


monitoramento, o aperfeiçoamento e a gestão das intervenções, principalmente quando se
considera as mudanças no panorama epidemiológico, ampliação do conceito saúde-doença,
bem como a incorporação das atividades de prevenção e promoção da saúde (MALTA et al.,
2008).
A análise das informações sobre a evolução temporal dos óbitos por aids no
Estado do Ceará de 2000 a 2012, evidenciou que, apesar da taxa de mortalidade ainda se
manter abaixo da proporção nacional, as mortes por essa causa apresentaram uma tendência
de aumento, chegando quase a duplicar no período de estudo. Grande parte dessas mortes
ocorreu no hospital, nos homens, solteiros, com idade de 40 a 49 anos, pardos, com 4 a 7 anos
de estudo, e residentes na região de saúde Fortaleza.
Demonstrou-se que a maioria dos óbitos ocorreu por causa básica aids, e as
principais causas relacionadas foram: sintomas não específicos peculiares à infância;
insuficiência respiratória não especificada; e septicemia não especificada. Constatou-se,
ainda, que entre as principais causas básicas não-aids figuram as neoplasias, doenças
infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho circulatório e doenças do aparelho digestivo.
Apesar da mínima proporção encontrada, os óbitos por causas não-aids chamam
atenção para um novo cenário de morbimortalidade. Nesse sentido, os serviços de saúde
devem incentivar o diagnóstico precoce, bem como, monitorar a resposta aos antirretrovirais,
às interações medicamentosas e a presença de outras doenças, devido às pessoas que vivem
com HIV/aids estarem mais susceptíveis, por causa da instabilidade imunológica. Também,
torna-se indispensável ampliar o acesso dos homens com HIV/aids aos serviços de saúde,
através da quebra de barreiras socioculturais e organizacionais que estejam impedindo ou
dificultando o acesso à assistência especializada.
Confirmaram-se agregados espaciais de óbitos por aids no Ceará, segundo regiões
de saúde, com dependência espacial e significância. Quanto à distribuição espacial da taxa
média de mortalidade por aids, salientam-se conglomerados nas regiões de saúde Fortaleza,
Maracanaú, Iguatu e Tauá, com alta incidência, o que pode estar associado ao fato de serem
polos turísticos, econômicos e educacionais, e ao movimento populacional entre municípios e
áreas metropolitanas, dificultando a prevenção e o controle de doenças. Também, foi
constatado correlação espacial entre aglomerados de óbitos por aids e algumas características
75

sociodemográficas, com destaque para a faixa etária e o sexo. Pessoas com HIV/aids de 50 a
59 anos estão concentrados nas regiões de saúde próximas à capital do Estado, resultado
semelhante para os idosos (60 anos e mais), apesar deste grupo apresentar dependência
espacial na região de saúde Tianguá. A região de saúde Fortaleza ainda aglomera os óbitos de
homens, assim como as regiões Aracati, Juazeiro do Norte, Tauá e Iguatu.
Por fim, estudos epidemiológicos e com o uso do geoprocessamento são
importantes para elucidar questões relacionados aos problemas de saúde pública,
principalmente quanto à epidemia do HIV/aids e, portanto, devem ser incentivados. Espera-se
que os resultados deste estudo possam contribuir para o aperfeiçoamento e a elaboração de
políticas públicas direcionadas a reduzir a morbimortalidade de PVHA, como também,
direcionar a alocação de recursos, para prevenção e tratamento das doenças decorrentes da
infecção ou não, com foco nas regiões de saúde.

Limitações

As limitações deste estudo referem-se ao uso de dados secundários do sistema de


informação sobre mortalidade, os quais apresentam somente variáveis disponíveis na
declaração de óbito. Assim, informações importantes sobre o tempo de adesão à terapia
antirretroviral, contagem de células LTCD4+, fatores comportamentais (tabagismo, etilismo,
uso de drogas, entre outros), e o intervalo de tempo entre o diagnóstico da infecção e o óbito,
não foram analisados.
Também, é necessário questionar a qualidade das informações do sistema de
informação sobre mortalidade e do diagnóstico realizado pelo médico atestante, por causa do
número elevado de ignorados na análise de alguns indicadores, como a escolaridade, e a
maioria dos óbitos estarem codificados por doenças não específicas/gerais, o que pode vir a
ser uma barreira para a compreensão da morbimortalidade de PVHA.
No entanto, apesar das limitações citadas, os resultados obtidos neste estudo são
consistentes com a literatura e oferecem subsídios para as políticas públicas regionais e
condutas clínicas.
76

Recomendações

Sugere-se o desenvolvimento de estudos que se proponha a investigar as


informações clínicas e comportamentais das pessoas que vivem com o HIV, mencionadas
anteriormente, a fim de evidenciar os fatores que aumentam o risco de morrer por causas aids
e não-aids. Do mesmo modo, estudos de análise espaço-temporal comparativos de territórios
com dinâmica socioeconômica e ambiental divergentes, como municípios litorâneos e aqueles
localizados no interior do estado, e que contemplem as causas dos óbitos.
Observa-se a necessidade de se ampliar os serviços de saúde com testagem rápida
para a população geral, como também os especializados para acompanhamento clínico de
PVHA. Além disso, a capacitação dos profissionais de saúde quanto ao diagnóstico precoce
do HIV, comorbidades e doenças oportunistas deve ser fortalecida.
77

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87

APÊNDICES
88

APÊNDICE A - TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO


89

ANEXOS
90

ANEXO A – AIDS E INFECÇÃO PELO HIV NA CLASSIFICAÇÃO


a
INTERNACIONAL DE DOENÇAS (10 REVISÃO)
91

Fonte: Brasil (2003).


92

ANEXO B – REGIÕES DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ

Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (2010).


93

ANEXO C – DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Fonte: Brasil (2011).


94

ANEXO D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM


PESQUISA
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