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26 ART OF HOSTING BRASIL

VIÇOSA, 2014
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Olá!
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Bem vindx ao Art of Hosting Viçosa!
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Ou, se preferir, bem vindx à primeira edição, em Viçosa, das
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Arte de Anfitriar
Conversas Significativas
e
Arte de Colher
Resultados que Importam
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É muito importante te termos conosco.
Sem você nosso encontro não aconteceria!
Gratidão!
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As páginas que seguem são apenas um compilado de algum dos temas que trataremos
nesse tempo juntos. Esperamos que essas folhas sejam apenas o começo de uma longa
relação entre você e esses temas. Por isso, risque, escreva, colora.. essa apostila é sua!
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! Aproveite-a para expressar tudo aquilo que você quiser durante esse processo,
usando imagens, texto, poesia, arte... Essa é uma forma para dar vazão, elaborar e
organizar seus pensamentos e emoções, para que possa apreender e aproveitar mais
esses dias - e depois se reconectar com esses momentos e emoções!!
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Mel, Cacá, Guto, Edite e Darlene!
Equipe de Anfitriões AoH Viçosa!
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ESCUTATÓRIA
Rubem Alves
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Sempre vejo anunciados cursos de oratória.
Nunca vi anunciado curso de escutatória. 

Todo mundo quer aprender a falar…
Ninguém quer aprender a ouvir. 

Pensei em oferecer um curso de escutatória,
mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.

Diz Alberto Caeiro que…
Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
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Filosofia é um monte de idéias,
dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
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Parafraseio o Alberto Caeiro: 

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade:
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A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...
Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...
E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer,
que é muito melhor.
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Nossa incapacidade de ouvir
é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.
No fundo, somos os mais bonitos...
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Tenho um velho amigo, Jovelino,
que se mudou para os Estados Unidos

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estimulado pela revolução de 64. 

Contou-me de sua experiência com os índios:
Reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto,
diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio…
Expulsando todas as idéias estranhas.
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.
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Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito,
pois o outro falou os seus pensamentos...
Pensamentos que ele julgava essenciais.

São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir…
São duas as possibilidades.

Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.
Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar
quando você terminasse sua (tola) fala.
Falo como se você não tivesse falado.
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Segunda: Ouvi o que você falou.
Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.
É coisa velha para mim.
Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo.
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O que é pior que uma bofetada.

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O longo silêncio quer dizer:
Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião.

Não basta o silêncio de fora.
É preciso silêncio dentro.
Ausência de pensamentos.

E aí, quando se faz o silêncio dentro,
a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
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Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras…
No lugar onde não há palavras.
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A música acontece no silêncio.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
Somos todos olhos e ouvidos.
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Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia,
ouvimos a melodia que não havia...
!
Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros:
A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente
se juntam num contraponto. 

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PRELÚDIO

E se, na verdade, não importa o que você faz e sim como você faz, seja lá o que for?

Como isso mudaria o que você decidiu fazer com a sua vida?

E se você pudesse ser mais presente e ter uma atitude mais acolhedora com cada
pessoa que encontrasse? Se, em vez de estar fazendo um trabalho que achasse
importante, estivesse trabalhando como caixa de uma pequena loja ou recepcionista de
um estacionamento?

Como isso mudaria o modo como você quer passar seu precioso tempo neste planeta?

E caso sua contribuição para o mundo e a conquista da sua felicidade não dependam
da descoberta de um novo método de rezar ou de uma técnica de meditação mais
adequada, nem de ler o livro certo ou comparecer ao seminário apropriado, e sim de
você realmente ver e apreciar profundamente a si mesmo e ao mundo como eles são
neste momento?

Como isso afetaria sua busca de crescimento espiritual?

E se não houver necessidade de mudar, de se transformar numa pessoa mais bondosa,


mais presente, mais amorosa ou mais sábia?

Como isso afetaria todos os aspectos da sua vida em que você está sempre procurando
ser melhor?

E se a tarefa for simplesmente desabrochar, se tornar quem você realmente é — uma


pessoa gentil, bondosa, capaz de viver plenamente e de estar apaixonadamente
presente?

Como isso afetaria a maneira como você se sente quando acorda de manhã?

E se quem você é essencialmente agora for exatamente o que você será sempre?

Como isso afetaria o modo como você se sente em relação ao futuro?

E se a essência de quem você é e sempre foi for suficiente?

Como isso afetaria a forma como você vê e se sente em relação ao passado?

E se a questão não for por que é tão raro eu ser a pessoa que realmente quero ser, e,
sim, por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou?

Como isso mudaria o que você acha que precisa aprender?

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E se o fato de nos tornarmos quem realmente somos não acontecer através do esforço
e da tentativa, e sim por reconhecermos e aceitarmos as pessoas, os lugares e as
experiências que nos oferecem o calor do estímulo de que precisamos para
desabrochar?

Como isso determinaria as escolhas que você faz a respeito de como quer viver o
momento presente?

E se você soubesse que o impulso para agir de uma maneira que irá criar a beleza no
mundo surgirá bem no seu íntimo e servirá de orientação sempre que você
simplesmente prestar atenção e esperar?

Como isso daria forma à sua quietude, seu movimento, sua disposição de seguir este
impulso, de apenas se soltar e dançar?

Oriah Mountain Dreamer

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29 jul a 01 ago 2014
EM OUTRO TIPO DE TEMPO
Mark Nepo, autor de The Exquisite Risk
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Vamos entrar nesta jornada agora
para um outro tipo de tempo

onde nos conhecemos uns aos outros
por séculos, além dos nossos nomes
além da nossa dor, para o outro lado
onde podemos parar para escutar
do jeito que as raposas escutam a noite.
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Venha comigo para longe do frio

onde possamos deixar de lado

os conceitos que temos carregado
como bandeiras rasgadas nas batalhas.
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Podemos jogá-los na terra

ou colocá-los dentro da terra e perguntar

por que estes padrões em primeiro lugar?

Se você quiser, podemos repará-los, se

eles ainda parecerem verdadeiros. Ou podemos
cantar enquanto eles se queimam.
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Venha. Vamos sentir nosso caminho

além do barulho onde

podemos perguntar o que significa estar vivo
e levantar os nossas cabeças em meio a correnteza
como o veado que escapou

de todos os caçadores.
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O QUE REALMENTE IMPORTA
Margaret Wheatley
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Não há poder maior do que o de uma comunidade descobrindo o que lhe importa.
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Pergunte “o que é possível?” e não “o que está errado?”.
Continue perguntando.
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Perceba aquilo que te importa.

Assuma que muitos outros compartilham do seu sonho.
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Seja corajoso o suficiente para iniciar conversas que têm significado.
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Fale com pessoas que você conhece.

Fale com pessoas que você não conhece.
Fale com pessoas com quem você nunca fala.
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Fique intrigado com as diferenças que você ouvir.
Espere ser surpreendido.

Valorize a curiosidade mais do que a certeza.
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Convide a todos que se importam para trabalhar no que é possível.
Reconheça que todos são experts em alguma coisa.

Saiba que soluções criativas surgem de novas conexões.
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Lembre-se, você não teme as pessoas cujas histórias você conhece.
Escuta verdadeira sempre aproxima as pessoas.
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Confie que conversas significativas mudam o seu mundo.
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Conte com a bondade humana.
Mantenha proximidade.


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ART OF HOSTING VIÇOSA
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O CHAMADO
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Este chamado é para todos os que desejam realizar transformações nos processos de
aprendizagem, por meio da potencialização da inteligência coletiva, polinizando o
espaço da universidade com outros processos baseados na cooperação, com o
fortalecimento do vínculo com a comunidade, e com práticas inovadoras de conversar
e abrir espaços de escuta, criando integração de saberes – para a reinvenção de nossos
modos de vida na direção da paz, sustentabilidade e justiça social.
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O PROPÓSITO
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O propósito deste encontro é
• Dialogar sobre a integração comunidade e universidade;
• Experimentar em conjunto e
• Divulgar novas maneiras de conversar, escutar, aprender.
• E, assim, aproximar o conhecimento acadêmico da sabedoria que existe para além
das pilastras da universidade.
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29 jul a 01 ago 2014
NOSSAS QUESTÕES


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29 jul a 01 ago 2014
TIME DE ANFITRIÕES!

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MEL MARIANA TISO!

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ANA CAROLINA SIMAS!

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AUGUSTO GUTIERREZ!

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EDITE FAGANELLO QUERER!

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DARLENE COELHO!

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A ARTE DE
ANFITRIAR
CONVERSAS
SIGNIFICATIVAS


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COMUNIDADE DE PRÁTICA ART OF HOSTING
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Bem vindo ao encontro da arte de anfitriar conversas significativas. Somos uma
comunidade crescente de praticantes que desejam encontrar a sua forma de anfitriar
processos coletivos para governança, tomadas de decisão, desenvolvimento humano e
organizacional e aprendizagem. No nosso dia- a-dia, somos gestores, formadores,
professores, consultores, políticos, empreendedores, inovadores sociais, trabalhadores
da juventude, articuladores, anfitriões. Aqui, somos curiosos, trilhando o caminho das
conversas com signficado, guiados pelas questões que realmente importam.
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Necessidade e Desejo
A razão de existência de um grupo devem ser as verdadeiras necessidades dessa
comunidade.
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Mais e mais líderes anseiam experimentar e praticar um tipo diferente de liderança.
Por meio de várias práticas de hosting, tornou-se claro: os desafios atuais clamam por
envolvimento, inteligência coletiva e a co-criação das soluções que precisamos
encontrar. Buscamos uma liderança que está querendo se desfazer do controle para
alcançar cooperação e os resultados que o nosso tempo está pedindo.
O Art of Hosting parte da prerrogativa e da experiência de que nós precisamos
encontrar novas soluções para o bem comum, seja nas empresas, nos governos, na
educação, no terceiro setor, nos movimentos sociais, nas comunidades ou nas famílias.
Em alguns momentos precisamos focar em nós mesmos, às vezes nas nossas equipes,
em outros momentos nas nossas comunidades – às vezes nos três simultaneamente. O
tempo é agora.
É senso comum juntar mais pessoas em conversações. Assim que fizemos as
coisas por muitas gerações passadas, juntando-nos ao redor do fogo e sentando em
rodas. É a forma que ocasionalmente experimentamos hoje, construindo relações
chave que convidam a colaboração verdadeira. Os seres humanos que são envolvidos
e convidados a trabalhar juntos tomam propriedade e assumem a responsabilidade
quando as ideias e soluções precisam ser levadas à ação.
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História do Art of Hosting
A primeira geração de pessoas praticantes de conversas levando em conta os “sistemas
integrais” inovou e quebrou paradigmas, com um grande - e jamais visto - número
pessoas participando da criação de suas próprias respostas. A partir dessa experiência,

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surgiram metodologias que poderiam apoiar a criação de “campos” ou “espaços” onde
diversas perspectivas poderiam se unir para o despertar da inteligência coletiva.
A geração atual está aprendendo a misturar e combinar essas práticas de formas
criativas e eficazes, enquanto praticantes experientes de diferentes tradições se
conhecem e aprendem uns com os outros e com seus trabalhos no mundo.
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Uma expressão desta próxima geração é o Art of Hosting. A Arte de Anfitriar
conversas Significativas (www.artofhosting.org) foi descoberta dentro de um campo
de praticantes, em conversas entre amigos, histórias compartilhadas, aprendendo e
ouvindo juntos, com vontade de contribuir e fazendo perguntas significativas. A rede
surgiu organicamente, ainda antes de ser chamada de Art of Hosting, quando
praticantes de processos de diálogo se reuniram para investigarem juntos o que faziam
de diferente e quais eram as condições que contribuíam para o sucesso de seu trabalho
de consultoria ou com processos. Eles criavam condições para a ocorrência de
conversas relevantes e significativas, de forma que as conversas que indivíduos,
organizações e comunidades tinham eram diferentes e mais impactantes do que as que
haviam tido tradicionalmente. Eram conversas mais sábias e, através delas, iniciativas
de ação emergiam com mais facilidade.
Isto resultou em uma comunidade de pessoas que foram chamadas a serem
anfitriões, trazendo um conjunto de metodologias de conversação (Circle, Open
Space, World Cafe, Aquário, Collective Story Harvesting, Pro-Action Cafe, etc) de
maneira poderosa nas organizações, comunidades, famílias e em todas as suas
relações. Os praticantes têm se unido em diversas partes do mundo e assumindo a
responsabilidade coletiva de desenhar práticas e de criar “campos” que abram espaços
para a imaginação, inspiração, amor, criatividade, aprendizagem etc. Esta investigação
dentro do “campo” trouxe à tona os padrões mais profundos que estão além das
metodologias, assim como a estrutura fundamental dos encontros humanos
colaborativos e transformadores. Isto envolve questões como:
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• Onde é que todos os métodos se encontram?
• Qual é a fonte do design?
• Quais são os aspectos não-negociáveis no mundo em constante mudança?
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Como resultado desta incursão criativa em direção a práticas emergentes, a
disciplina conhecida como “a arte de anfitriar” abre e explora campos de inteligência
coletiva e desperta a consciência de comunidade para o bem comum em qualquer

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contexto. É uma prática para criar espaços férteis, nos quais poderosas conversas
possam acontecer. Estes espaços férteis têm qualidades que permitem que
aprendizagem, sabedoria, responsabilidade, co-criação e coração fluam. Os anfitriões
destes espaços trabalham com este campo fértil – o campo que surge entre praticantes
e participantes – e, ao mesmo tempo, estão plenamente presentes no que é necessário
para o momento.
A consciência do Art of Hosting engaja múltiplas práticas, trazendo a percepção
de que para anfitriar / ensinar a prática, você deve abraçar o mais profundo padrão da
prática por si próprio (conhecendo métodos), sentir em qualquer situação a fronteira
de aprendizado ou a “brecha” para convidar a mudança que está querendo acontecer
(conhecer a si mesmo). Outros são convidados a aprender e praticar esta consciência
através de uma transformadora experiência de quatro dias de aprendizagem, onde
indivíduos e equipes co-criam uma jornada de descoberta nas práticas de anfitriar. 

Para as pessoas que queiram uma imersão na dinâmica da mudança sistêmica, o
Art of Hosting tem muito a contribuir.
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A arte nunca está pronta, o artista lapida a vida toda e assim é a arte de
anfitriar conversas significativas.
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Propósito
O que é que gostaríamos de nos tornar? – o que nós poderíamos criar para que nossas
vidas e as vidas das comunidades a que servimos sejam melhores? Trata- se de
perceber o que está emergindo e ser corajoso o suficiente para lhe dar nome.
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Propósito do Art of Hosting como Padrão
• Ir da fragmentação à conexão.
• Aterrar nossas ações naquilo que é significativo.
• Ter acesso e tirar sabedoria de todas as nossas inteligências coletivas
• Ser capaz de liderar a partir do “campo”.
• Mudar nossos padrões de organização e interação.
• Conectar e alinhar nossos mundos interno e externo, relembrando aquilo que nós
sustentamos e tendo a coragem de agir sabiamente.
• Aprender, praticar e aplicar nossas competências e metodologias; além de criar as
condições e o tempo necessários.

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• Anfitriar em um nível de consciência em que pessoas possam estar juntas de forma
autêntica.
O propósito do Art of Hosting é servir às necessidades reais em nossas comunidade.
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Propósito da comunidade brasileira do Art of Hosting
Selecionados

• Formar uma rede e comunidade de prática para que as pessoas facilitem processos
que gerem mudanças positivas na sociedade.
• Encontrar novas formas de interagir e gerar soluções que realmente importam, de
maneira participativa, para lidarmos com as incertezas.
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Princípios
Como vamos nos comportar na busca pelo nosso propósito?
Princípios, quando definidos com clareza, convicção e por uma compreensão comum,
guiam a busca por nosso propósito. Desenvolvê-los requer o engajamento de toda a
pessoa, não somente o intelecto.
Cada princípio pode ajudar a iluminar outros para que sejam vistos como um
todo. Princípios unem a comunidade e servem como um marco para nos lembrar do
que acordamos para agirmos e decidirmos juntos. Princípios são nossos, eles podem
ser criados e escolhidos. Além disto, muitas vezes nos ajudam a sustentar visões
conflituosas – sem acabar em Chamos (caos destrutivo).
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• Estar presente genuinamente no aqui e agora
• Praticar a arte da escuta
• Confiar no processo sem se impor - tudo tem seu tempo
• Honrar o “vazio”, deixar espaço para o que precisa acontecer
• Respeitar a si mesmo, o outro, o todo
• Buscar a sabedoria de viver em comunidade
• Ser espontâneo e íntegro: posso ser “eu mesmo” sempre
• Ter liberdade para experimentar, praticar
• Manter a simplicidade com responsabilidade e paixão
• Cuidar de um campo sutil
• Trabalhar pelo bem comum
• Estar consciente e colocar a mão no fogo, agir
• Abrir espaço para o desconforto e acolher

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• Criar espaços de conversas que possibilitem a expressão do máximo potencial das
pessoas.
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Dinergias1 que norteiam a práticas
• Caos e Ordem: Caórdico
• Conteúdo e Processo
• Liderar e Seguir
• “Guerreiro” e “Parteira”
• Ação e Reflexão 


1 Termo formado pela derivação de duas palavras gregas: DIA (através, por en- tre, oposto) e
ENERGES (ativo). Trata-se do processo universal de criação de padrões harmônicos, através da
união e cooperação entre os opostos que naturalmente coexistem. !

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A ARTE DE SER ANFITRIÃO
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Ambientes complexos e de alta velocidade de hoje estão nos chamando para envolver
vários estilos de liderança e aprendizagem. Saber como gerar inteligência coletiva e
como chamar na participação e liderança de todos. Gerar clareza de propósito comum
e criar espaços de aprendizagem não-julgamento. Ao mesmo tempo, somos
convidados a exercer uma liderança hierárquica. Somos responsáveis e devemos
tomar medidas decisivas quando necessário. Aprender a estar neste paradoxo e como
navegar no território entre muito caos e muito controle é a chave para a mudança da
liderança heróica para liderança anfitriã.
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O CAMINHO QUÁDRUPLO
O Caminho Quádruplo para ser um Anfitrião de Conversas significativas
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A essência da prática de ser um anfitrião pode ser resumida em quatro condições.
Quando essas práticas estão presentes, boa parte do caminho para o trabalho coletivo
efetivo e as ações sábias terá sido percorrido.

Esteja Presente (Pré-sinta e anfitrie a si mesmo)


Comece pelo “eu”: cuide de si, anfitrie a você mesmo primeiro. Esteja disposto a estar
no caos; mantenha o espaço aberto; esteja no fogo do presente; fale e escute a partir do
coração.
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29 jul a 01 ago 2014
Pratique Conversas (Participe e seja anfitriado)
Esteja “com as pessoas” e disposto a ouvir plenamente, respeitosamente, sem
julgamento e sem pensar que você já sabe todas as respostas.
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Anfitrie Conversas (Contribua, convide e anfitrie conversas)
Seja corajoso, convidativo e disposto a iniciar as conversas que importam. Encontre e
anfitrie perguntas fortes com os stakeholders – e então garanta a colheita das
respostas, dos padrões, insights, aprendizados e ações sábias. Seja criativo, intente sua
forma de fazer. Mas faça de forma leve, cuide deste espaço. E se, diante da intenção
de começar uma conversa, você “não puder entrar pela porta, entre pela janela”,
busque alternativas sutis para anfitriar.
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Comunidade de Praticantes (Co-Crie e co-anfitrie)
Disponha-se a co-criar e co-anfitriar com outros, misturando seus conhecimentos,
experiências e práticas com os deles, trabalhando em parceria. Contribua para que se
tenha um espaço genuíno para aprendizagem e inovação.


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29 jul a 01 ago 2014
LIDERANÇA NA ERA DA COMPLEXIDADE: DO HERÓI PARA O
ANFITRIÃO
Margaret Wheatley e Debbie Frieze
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Por muito tempo, muitos de nós fomos fascinados por heróis. Talvez seja o nosso
desejo de ser salvo, de não ter que fazer o trabalho duro, de depender dos outros para
resolver as coisas. Constantemente somos bombardeados por políticos que se
apresentam como heróis, aqueles que vão resolver tudo e fazer que os nossos
problemas desapareçam. É uma imagem sedutora, uma promessa tentadora. E nós
continuamos acreditando. Em algum lugar há alguém que vai tornar tudo melhor. Em
algum lugar, há alguém que é visionário, inspirando, brilhante, confiável, e todos nós
vamos segui-lo felizes. Em algum lugar...
Bem, está na hora de todos os heróis irem para casa, como o poeta William
Stafford escreveu. Está na hora de abrirmos mão destas esperanças e expectativas que
apenas geram dependência e passividade, e que não trazem soluções para os desafios
que enfrentamos. Está na hora de parar de esperar que alguém nos salve. Está na hora
de encarar a verdade da nossa situação - de que estamos todos juntos nisto, de que
todos nós temos voz - e descobrir como mobilizar os corações e as mentes de todos
em nossos locais de trabalho e comunidades.
Por que continuamos esperando por heróis? Parece que assumimos certas
coisas:
• Os líderes têm as respostas. Eles sabem o que fazer.
• As pessoas fazem o que lhes é dito. Elas só têm que receber bons planos e
instruções.
!
Alto risco exige alto controle. Quando as situações se tornam mais complexas e
desafiadoras, o poder precisa ser deslocado para o topo (com líderes que sabem o que
fazer.) 

Essas crenças dão origem aos modelos de comando e controle reverenciados
nas organizações e governos em todo o mundo. Aqueles na base da hierarquia se
sujeitam a visão maior e a experiência daqueles acima. Líderes prometem nos tirar
dessa confusão; e nós voluntariamente entregamos a nossa autonomia individual em
troca de segurança. 

A única conseqüência previsível das tentativas dos líderes de assumir o
controle de uma situação complexa, até mesmo caótica, é que eles criam mais caos.
Eles se isolam com apenas alguns poucos assessores chave, e tentam encontrar uma

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solução simples (e rápida) para um problema complexo. E as pessoas os pressionam
para fazer justamente isso. Todo mundo quer ver o problema a desaparecer; gritos de
“consertem-no!” surgem do público. Os líderes se esforçam para que pareça que tudo
está sob controle. 

Mas as causas dos problemas de hoje são complexas e interligadas. Não há
respostas simples, e nenhum indivíduo sozinho pode saber o que fazer. Parece que
somos incapazes reconhecer estas realidades complexas. Em vez disso, quando o líder
não resolver a crise, nós o demitimos, e imediatamente começar a procurar pelo
próximo (mais perfeito). Não questionamos as nossas expectativas dos líderes, não
questionamos o nosso desejo por heróis.
!
A ilusão do controle
Liderança heróica se baseia na ilusão de que alguém pode estar no controle. No
entanto, vivemos em um mundo de sistemas complexos cuja própria existência
significa que eles são inerentemente incontroláveis. Ninguém está no comando de
nossos sistemas de alimentação. Ninguém está no comando das nossas escolas.
Ninguém está no comando do meio ambiente. Ninguém está no comando da
segurança nacional. Ninguém está no comando! Estes sistemas são fenômenos
emergentes - o resultado de milhares de pequenas ações locais que convergiram para
criar poderosos sistemas, com propriedades que podem ter pouca ou nenhuma
semelhança com as ações menores que deram origem à eles. Estes são os sistemas que
agora dominam a vida, eles não podem ser transformados trabalhando a partir de
padrões antigos, concentrando-se apenas em algumas causas simples. E certamente
eles não podem ser transformados pelas mais ousadas visões dos nossos líderes mais
heróicos.
Se quisermos ser capazes de fazer com que esses sistemas complexos
funcionem melhor, precisamos abandonar nossa dependência do líder-como-herói, e
convidar o líder-como-anfitrião. Precisamos apoiar aqueles líderes que sabem que os
problemas são complexos, que sabem que para entender toda a complexidade de
qualquer questão, todas as partes do sistema precisam ser convidadas participar e
contribuir. Nós como seguidores, precisamos dar tempo, ter paciência, e perdoar os
nossos líderes, e precisamos estar dispostos a dar um passo a frente e contribuir.
Estes líderes-anfitriões são sinceros o suficiente para admitir que não sabem o
que fazer; eles percebem que é pura tolice confiar apenas neles mesmos para obter
respostas. Mas também sabem que podem confiar na criatividade e compromisso de
outras pessoas para realizar o trabalho. Eles sabem que outras pessoas, não importa

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onde estejam na hierarquia organizacional, pode ser tão diligentes, motivadas e
criativas quanto o líder, dado o convite certo.
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A jornada do herói para o anfitrião
Líderes que fazem a jornada do herói para o anfitrião conseguem enxergar além das
dinâmicas negativas da política e da oposição que as hierarquias geram, eles ignoram
os organogramas e cargos que confinam o potencial das pessoas. Em vez disso, eles se
tornam curioso. Quem faz parte desta organização ou comunidade? Que habilidades e
capacidades eles poderiam oferecer se fossem convidados a trabalhar de forma plena?
O que eles sabem, que insights eles têm que podem conduzir a uma solução para este
problema?
Líderes-anfitriões sabem que pessoas voluntariamente apoiam as coisas que
ajudaram a criar, que você não pode esperar que as pessoas ‘comprem’ os planos e
projetos desenvolvidos em outro lugar. Líderes-anfitriões investem em conversas
significativas entre pessoas de diversas partes do sistema, como a forma mais
produtiva para gerar novos conhecimentos e possibilidades de ação. Eles confiam que
as pessoas estão dispostas a contribuir, e que a maioria das pessoas anseia encontrar
significado e possibilidade em suas vidas e trabalho. E esses líderes sabem que
anfitriar os outros é a única maneira de resolver problemas complexos e difíceis.
Líderes-anfitriões não apenas abrem mão com benevolência e confiam que as
pessoas vão fazer um bom trabalho por conta própria. Estes líderes têm muitas coisas
para cuidar, mas estas são bastante diferentes do trabalho dos heróis. Líderes-
anfitriões devem:
• proporcionar condições e bons processos de grupo para as pessoas a
trabalharem juntas.
• fornecer recursos de tempo, o mais escasso recurso de todos.
• insistir que as pessoas e o sistema aprendam com a experiência,
freqüentemente.
• oferecer apoio inequívoco - pessoas sabem que o líder está ali para elas.
• conter a burocracia, criando oásis (ou espaços seguros), onde as pessoas são
menos sobrecarregadas com demandas absurdas para relatórios e detalhes
admistrativos.
• jogar na defensiva com outros líderes que querem retomar o controle e criticam
a liberdade excessiva dada as pessoas.
• espelhar para as pessoas regularmente como eles estão se saindo, o que estão
conquistando, o quanto progrediram na jornada.

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29 jul a 01 ago 2014
• trabalhar com as pessoas para desenvolver métricas de progresso relevantes,
tornando visíveis as suas conquistas.
• valorizar o convívio e a moral - não falsas atividades entusiásticas, mas o
espírito que surge em grupos que realizam trabalhos difíceis em conjunto.

Desafios dos superiores 

É importante notar como lideres fazem a jornada do herói para anfitrião usando o
poder da sua posição. Eles têm que trabalhar todos os níveis da hierarquia;
normalmente é mais fácil conseguir suporte e respeito das pessoas eles lideram do que
dos seus superiores. A maioria dos líderes seniores nas grandes hierarquias acredita na
sua superioridade inerente, que é provada pela posição que alcançaram. Eles não
acreditam que as pessoas comuns são tão criativas ou motivadas como eles são.
Quando participação é sugerida como um meio de colher da equipe insights e idéias
sobre um problema complexo, líderes seniores freqüentemente bloqueiam essas
atividades. Eles justificam a sua oposição afirmando que as pessoas usariam essa
oportunidade para tirar vantagem da organização; ou que as pessoas se sentiriam
confidentes de mais e exceder os seus papeis. Na verdade, muitos líderes seniores
vêem o engajamento de todo o sistema como uma ameaça ao seu poder e controle.
Eles consistentemente escolhem o controle, e o caos resultante, ao invés de convidar
as pessoas para resolver problemas difíceis e complexos. 

Líderes que sabem o valor do engajamento pleno e confiam naqueles que lideram,
têm que defender a sua equipe constantemente dos lideres sênior que insistem em
mais controle e mais burocracia para cercear suas atividades, mesmo quando essas
mesmas atividades estão produzindo excelentes resultados. É estranho dizer, mas
muitos líderes seniores escolhem o controle ao invés da efetividade; eles estão
dispostos a arriscar criar mais caos, ao continuar exercendo o seu estilo de liderança,
baseada em centralização, comando e controle.
!
Re-engajando pessoas
Aqueles que foram limitados em papéis confinadores, aqueles que foram enterrados na
hierarquia, eventualmente vão aflorar e se desenvolver na companhia de líder
anfitrião. Entretanto, leva um tempo para que os empregados que o seu chefe é
diferente, que este líder realmente quer que eles contribuam. Pode levar mais de um
ano em sistemas onde as pessoas foram silenciadas e levadas às submissão por uma
liderança autocrática. Hoje em dia a maioria das pessoas tem uma atitude de esperar
para ver, não mais interessadas em participar, pois os convites passados não foram

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29 jul a 01 ago 2014
sinceros, ou não os engajaram em trabalhos significativos. O líder precisa provar-se
continuamente, insistindo que o trabalho não pode ser realizado, nem os problemas
resolvidos, sem a participação de todos. Se a mensagem for sincera e consistente, as
pessoas gradualmente retornam à vida – mesmo pessoas que morreram no trabalho,
que estão somente esperando pela aposentadoria, podem reavivar na presença de um
líder que os encoraja e cria oportunidades para que contribuam.
Líderes-anfitriões precisam ser convocadores habilidosos. Eles percebem que a
sua organização ou comunidade é rica em recursos, e que a forma mais fácil de
descobri-los é juntar pessoas diversas em conversas que importam. Pessoas que não se
gostavam, pessoas que se desmereciam e ignoravam, pessoas que se sentiam
invisíveis, negligenciadas, excluídas – estas são as pessoas que podem emergir de suas
caixas e rótulos para se tornarem colegas e cidadãos interessantes e engajados.
Anfitriar conversas significativas não se trata de fazer com que as pessoas se
gostem ou se sintam bem. Trata-se de criar os meios para que os problemas sejam
resolvidos, para que times funcionem bem e para que as pessoas se tornem ativistas
enérgicos. Líderes-anfitriões criam mudanças substanciais ao contar com a
criatividade, o compromisso e a generosidade de todos. Eles aprendem da experiência
direta que essas qualidades estão presentes em praticamente todo mundo e em todas as
organizações. Eles estendem convites sinceros, fazem boas perguntas e têm a coragem
de apoiar a atitude de assumir riscos e a experimentação.
!
Você é um herói?
Muitos de nós podemos acabar agindo como heróis, não motivados por poder, mas por
boas intenções e desejo de ajudar. Você está agindo como herói? Eis como saber. Você
está agindo como um herói quando você acredita que apenas trabalhando mais duro
você vai consertar as coisas; que apenas se tornando mais esperto, ou aprendendo
novas técnicas, você será capaz de resolver os problemas para os outros. Você está
agindo como herói se você assumir mais e mais projetos e causas e tiver menos tempo
para as relações. Você está bancando o herói se acredita que você pode salvar a
pessoa, a situação, o mundo.
Nossos impulsos heróicos freqüentemente nascem das nossas melhores
intenções. Nós queremos ajudar, nós queremos resolver, nós queremos consertar.
Porém esta é a ilusão de querer ser especial. De que nós somos os únicos que podem
oferecer ajuda, serviços ou habilidades. Se não o fizermos, ninguém vai. Este caminho
do herói tem apenas um destino garantido – nós acabamos nos sentindo sozinhos,
exaustos, não apreciados.

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29 jul a 01 ago 2014
É hora de todos os heróis irmos para casa, porque se formos, vamos perceber
que não estamos sozinhos. Estamos cercados por pessoas exatamente como nós. Eles
também querem contribuir. Eles também têm idéias. Eles querem ser úteis para os
outros e resolver seus próprios problemas.
Verdade seja dita, eles nunca quiserem que os heróis os salvassem, de qualquer
maneira.
!

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29 jul a 01 ago 2014
O CAMPO
Gustavo Prudente e Narjara Thamiz
!
“Apesar de sabermos bastante sobre a maneira como os campos afetam o mundo
como nós o percebemos, ninguém sabe de verdade o que é o campo. O mais perto que
podemos chegar de descrevê-Lo, é dizer que ele é uma estrutura espacial no tecido do
próprio espaço”
Michael Talbot

Ahá após Art of Hosting Floripa, 2013


!
Como constata Chopra, o universo, assim como os atomos, são compostos em sua
maior parte por espaços ‘vazios’. Tudo o que tocamos, incluindo nossos corpos, é
composto por esses atomos, compostos em 99.99% por espaços vazios. Cientistas
descobriram que esse espaço que percebemos como vazio, é na verdade ‘preenchido’
por campos, definidos como influências não materiais que são a substância básica do
universo, como a gravidade, por exemplo, que carregam informações, e são forças que
se interpenetram e conectam, exercendo influências no mundo material e lhes dando
forma.
A teoria dos campos nasceu para tentar explicar ações a distância, fenômenos e
mudanças que acontecem a distância por influência de um corpo em outro corpo sem
que estejam fisicamente próximos. Apesar de não conseguirmos perceber esses
campos com nossos sentidos, podemos sentir seus efeitos de diferentes formas, através
de sensações físicas, emocionais e comportamentais.
!
!
26 Art of Hosting Brasil 1 Art of Hosting Viçosa !34
29 jul a 01 ago 2014
Um biólogo, Sheldrake, criou um conceito controverso de campo, postulando a
existência do que ele chamou de campos mórficos. Um campo que ‘armazena’
conhecimentos, e que proporciona que a partir de um certo número de membros de
uma mesma espécie que apresente o mesmo comportamento, por ressonância o campo
mórfico é capaz de transmití-lo a outros membros da mesma espécie, que apresentam
o mesmo padrão de energia desse comportamento. Ele também sugere que o campo é
uma extenção de nós mesmos e que por isso estamos todos conectados, nos tornando
capazes de trocar informações e influencias num nível não consciente.
Entretanto, apesar das muitas tentativas de descrever o que é esse espaço vazio
e essas forças que sentimos, mas não conseguimos ver, do ponto de vista científico
ainda não existe consenso sobre essas pesquisas, que ainda são consideradas
polêmicas e não conclusivas. Portanto, o conceito de campo pode ser melhor descrito
a partir da experiência, do que da ciência, como um campo de forças que conecta e
permite a troca de informações e energias entre tudo, e que influencia a nossa maneira
de pensar, sentir e agir num ambiente, grupo ou relação.
!
E como esse conceito se aplica a arte de anfitriar? Será que podemos falar de
um campo de energia que se forma quando um grupo de pessoas se reune? Como
percebemos e descrevemos os aspectos intangíveis que sentimos, como anfitriões de
um processo, grupo ou conversa, ou até quando entramos em diferentes ambientes?
Na comunidade do Art of Hosting, é comum os anfitriões se valerem de expressões
como “criar o campo”, “trazer à tona o que está no campo” ou “sustentar o campo”.
Todas essas expressões revelam que a arte de anfitriar implica dialogar com um
conjunto de ideias e sensações intangíveis, que está presente de forma não localizada
entre as pessoas, que influencia e que é influenciado o tempo inteiro pelas relações
que estabelecemos e pelas decisões que tomamos.
Embora ele seja intangível, trazer para a consciência e para o diálogo aspectos
do campo conscientes, presentes no grupo ou no ambiente em que estamos, nos ajuda
a trazer à tona informações sobre o que está acontecendo e como consequência,
podem nos trazer insights poderosos.
Quando um anfitrião ou um grupo de anfitriões chama uma conversa
significativa, ele(s) começa(m) a cocriar um campo, que se torna mais claro e tangível
no momento da conversa, e que continua a influenciar as pessoas mesmo depois que a
conversa termina. Esse campo é um dos aspectos presentes em todas as relações, e ele
pode ser sentido no nível das ideias (o tipo de pensamentos e diálogos que emergem
do grupo), das sensações (as sensações físicas e emoções que emergem durante o

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29 jul a 01 ago 2014
processo) e da intuição (através de imagens, metáforas e clarezas que podemos
descrever como um ambiente leve ou pesado, amoroso, profundo, superficial,
conflituoso, entre outros).
Acreditamos, por experiência, que o campo de um grupo se forma a partir das
intenções, pensamentos, emoções e atitudes que cada um de seus membros traz, por
isso ele não pode ser controlado, mas percebemos que existe um espaço de influência,
quando transformamos intencionalmente aquilo que trazemos para o grupo. Por isso,
um dos principais aspectos que consideramos ao anfitriar um grupo, é o ‘cuidado’ com
esse campo que está se formando e transformando constantemente durante o processo
que esse grupo vive junto. Constantemente observando qual influência que ele exerce
sobre o campo do grupo e quais influências que o campo do grupo exerce sobre ele.
!
É muito comum o grupo viver algo que o anfitrião ou o time de anfitriões está
vivendo e vice-versa. E para cuidar desse campo a clareza do propósito pelo qual esse
grupo está junto é fundamental, assim como sustentar o campo que esteja a serviço
desse propósito, cultivando pensamentos, falas e atitudes que o nutram.
Por justamente ser um conceito novo, não existe uma técnica específica para criar ou
sustentar o campo. Dois princípios comuns para dialogar com o campo parecem ser o
de clarear e nomear as sensações e pensamentos que acessamos num ambiente ou
conversa e o de colocar intenção nos pensamentos, falas e atitudes que cultivamos
durante os processos que anfitriamos.
“Campos são regiões de influência. É fácil ver o que são campos por meio dos
campos magnéticos. Essas bolas são imãs magnéticos. Quando eu as jogo no meio do
prato, elas se atraem ou se repelem. Elas giram e correm, e definem todos os seus
agrupamentos em padrões. Essa é a propriedade auto-organizadora dos campos, que é
inerentemente integradora. O que estou propondo é um outro tipo de campo, chamado
campo mórfico, que organiza o corpo de animais e plantas, e organiza a atividade nos
corpos e mentes”, afirma Rupert Sheldrake, biólogo, criador da teoria dos campos
mórficos ou morfogênicos.
Rupert acredita que os campos mórficos são o que permite pássaros voarem em
formação perfeita, o que guia a migração em massa de rebanhos de animais, e ele
acredita também que são o motivo pelo qual temos aquela sensação desagradável
quando alguém nos observa. Ele tem até mesmo conduzido uma série de experimentos
para provar que este sentido é real.
!
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“Ou você olha ou você não olha, em uma sequência aleatória de testes, para
uma outra pessoa, e elas têm de adivinhar em cada teste se elas estão sendo
observadas ou não. O observador deveria concentrar sua mente na pessoa para a qual
está olhando. Quando faço isso, costumo pensar no nome da pessoa. Eu me concentro
com toda atenção nisto. Quando não estou olhando, eu olho para o chão ou fecho
meus olhos e penso em algo totalmente diferente”, diz Rupert, mostrando um
experimento em que uma pessoa acerta 14 de 20 tentativas de adivinhar se ele a estava
observando.
Rupert tem obtido o acervo de evidências que mostra que as pessoas realmente
parecem saber quando estão sendo observadas. Para ele, isto confirma a ideia que
nossos corpos estão rodeados de campos mórficos, uma extensão invisível de nossas
células.
“O que estou sugerindo é que nossas mentes funcionam por campos estendidos
que se alongam para muito além de nossas cabeças até o mundo ao nosso redor, nos
conectando a outras pessoas e ao ambiente”.
Esse texto é uma tentativa de introduzir o conceito de campo que usamos na
comunidade da arte de anfitriar, a partir de uma leitura pessoal e empírica de alguns de
seus membros. Portanto lhes incentivamos a viver suas experiencias para tirar as suas
próprias conclusões.
!

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29 jul a 01 ago 2014
ART OF HOSTING:
EXEMPLO DE UMA REDE DE TRABALHO COLABORATIVO
Kathy Jourdain - praticante e guardiã do Art of Hosting.
!
O Art of Hosting, ou a Arte de Anfitriar, em português, é um exemplo de rede de
trabalho colaborativo. Não é a única que existe, mas é aquela com a qual estou mais
familiarizada e também aquela sobre a qual me vejo falando frequentemente, quando
surge o assunto de novos modelos organizacionais ou de negócios.
A rede do Art of Hosting emergiu organicamente, ainda antes de ser chamada
de Art of Hosting, quando praticantes de processos de diálogo se reuniram para
investigarem juntos o que faziam de diferente e quais eram as condições que
contribuíam para o sucesso de seu trabalho de consultoria ou com processos. Eles
criavam condições para a ocorrência de conversas relevantes e significativas de uma
forma tal que as conversas que indivíduos, organizações e comunidades tinham eram
diferentes e mais impactantes do que as que haviam tido tradicionalmente. Além disto,
eram conversas mais sábias e delas as iniciativas de ação emergiam com mais
facilidade.
Conforme os treinamentos, ou melhor, Encontros de Formação, foram sendo
oferecidos, sempre co-anfitriados por um grupo de praticantes, eram sempre espaços
de aprendizagem coletiva e compartilhamento aberto das fontes de informação e
saberes [open source]. Além disto, constituíam-se em espaços de conexão de mentes,
corações e espíritos, de tal modo que as pessoas naturalmente queriam permanecer em
contato para continuar compartilhando e aprendendo juntas. Os Grupos de Anfitriões
[hosting teams] eram convidados para entrarem juntos no mesmo trabalho. Variações
nestes grupos de anfitriões emergiram conforme as pessoas introduzidas ao Art of
Hosting mais recentemente, e que queriam aprofundar o seu entendimento e a prática,
começaram a chamar Encontros de Formação e foram se juntando aos grupos de
anfitriões.
Em algum momento ao longo desta trajetória, nasceu a lista internacional de e-
mails do Art of Hosting (http://www.artofhosting.org/home/theconversation/) e, como
é comum em listas de e-mails, há surtos esporádicos de atividade entre alguns
membros da lista sobre temas que fervilham, intercalados com outros períodos em que
a lista fica em silêncio.
!
Sempre houve pessoas muito curiosas sobre este trabalho, o que, para muitos
dos praticantes do Art of Hosting, representa um forte chamado. Eles... quero dizer,

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29 jul a 01 ago 2014
nós, sempre trabalhamos juntos aprofundando nossa aprendizagem e procuramos nos
encontrar também em outras reuniões como o ALIA [Authentic Leadership in Action],
por exemplo.
Desde o princípio, começou a emergir a noção do cuidado ou da
“guarda” [stewarding, em inglês] do Art of Hosting e aconteceram muitas conversas
ao longo do tempo sobre o que significava ser um “guardião”, quem é guardião, o que
é o Art of Hosting, como podemos proteger a integridade deste trabalho, há uma
marca Art of Hosting, o que fazer quando um encontro do Art of Hosting é chamado
por alguém que ninguém da rede parece conhecer. Estes tipos de perguntas são
centrais nos encontros dos guardiões – os praticantes que não apenas usam o Art of
Hosting no seu trabalho, mas que trabalham para expandir este campo. Um guardião
parece ser alguém que entende profundamente o que dizemos ser o coração, ou o
DNA do Art of Hosting – o campo formativo de onde o Art of Hosting emergiu.
!
A quantidade de encontros de formação do Art of Hosting cresceu exponencialmente
na última década, tanto através de oferecimentos abertos / públicos, como nos
trabalhos com clientes nos quais muitos de nós estão envolvidos. Hoje estes encontros
de formação tem ocorrido literalmente em todo o mundo, apesar de ainda não estarem
presentes em todos os países. Temos experimentado o Art of Hosting também em
outros formatos como a Arte da Liderança Participativa, a Arte da Liderança
Colaborativa, a Arte da Inovação Social, a Arte da Colheita, a Arte da Proteção, a Arte
de Ser Humano e tenho certeza que há outras.
A rede do Art of Hosting não está isenta de falhas e de suas próprias sombras.
Resiste a estruturas definidas, com regras duras e rápidas e continua sendo orgânica,
apesar dos pedidos periódicos por respostas definitivas. Continua resistindo a
responder com formas e papéis tradicionais. Nem todos estão felizes com esta forma
de funcionar, mas o fato é que funciona excepcionalmente bem!
Não existe um escritório central e nem um staff. Ainda que não seja um sistema
perfeito, os grupos de anfitriões dos encontros de formação são convidados a
compartilhar um percentual da renda obtida para contribuir com a tecnologia que é
fundamental para a conexão desta comunidade global e também como oferta para os
membros da rede que cuidam ou “anfitriam” esta comunidade em nosso nome. E cada
um de nós também pode contribuir pessoalmente.
A comunidade do Art of Hosting se mantém unida por um forte senso de
propósito e princípios no trabalho, bem como pela sintonia na linguagem, prática,
principais metodologias, processos e visão de mundo. Entendemos que antes de

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anfitriarmos os outros, precisamos anfitriar a nós mesmos e que incrementamos o
saber coletivo, o nosso saber e a prática, através das comunidades de prática.
É muito fácil de achar pessoas com quem trabalhar em pequenos e grandes
projetos e em trabalhos de mudança sistêmica, porque há um forte alinhamento de
valores e princípios. Sou uma praticante solitária, mas não me sinto uma praticante
solitária, porque a qualquer momento eu acesso o coração da sabedoria do Art of
Hosting ou encontro os meus parceiros nesta rede. Tenho o privilégio e o benefício de
sempre trabalhar em grupos internacionais de anfitriões [international hosting teams],
aqui no Canadá e em outros lugares.
Conforme a rede cresce, o cuidado por aquilo que está no centro do Art of
Hosting também se fortalece, especialmente entre os membros da rede que se sentem
guardiões, tornando claro que é completamente impossível controlar a forma como o
Art of Hosting cresce e se espalha. E nós também não gostaríamos de controlar. Esta é
a beleza e o poder desta rede e, ao mesmo tempo, a frustração. É uma organização
caórdica.
!
Quando nos reunimos em grupos para trabalharmos juntos, não há regras duras
e rápidas, mas certamente há um senso de honestidade e integridade nas relações e nos
padrões de “anfitriagem” e de relacionamentos. Operamos por consenso e
determinamos quem e como os membros de um grupo de anfitriões serão remunerados
por consenso, obtido em conversas a cada vez que nos reunimos. Pessoas que não
fazem parte desta rede às vezes têm dificuldade para entender que não precisamos
necessariamente de um contrato escrito para trabalharmos juntos (como quando um
dos meus grandes amigos estava tentando entrar em Halifax (Nova Scotia, Canadá)
para co-anfitriar comigo e com outros e os oficiais da imigração pediram diversas
vezes para ver o contrato inexistente).
Nós nos importamos profundamente com este trabalho, com este corpo de
conhecimento, de saberes, com esta comunidade e com as relações duradouras que
muitos de nós iniciaram e construíram. Conversamos muito, conversamos com
propósito! Não temos muita estrutura.
Muita informação sobre o Art of Hosting pode ser encontrada no site e no ning
da comunidade. O que contei aqui é apenas uma das versões de uma longa história,
cujo começo eu na verdade não testemunhei. Não acho que esta forma de organização
é adequada para qualquer organização, mas eu a ofereço como um exemplo aos meus
clientes que estão questionando sobre próximo passo e também sobre como estruturar
suas organizações, para que possam obter algum aprendizado.

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Também falo do World Cafe e do Berkana, entre outros, como organizações
que estão experimentando novos modelos organizacionais. Construídos com base na
verdade, relacionamentos, propósito e princípios.
!
!
ANFITRIANDO E DESENHANDO PROCESSOS PARTICIPATIVOS
COMO UM TIME
!
O Núcleo de um time de anfitriões sustenta o campo
Anfitriar é um esforço de co-criação. Ao engajar-se em grandes conversas ou
processos de mudança, o núcleo de um time de anfitirões, junto com os chamadores,
são essenciais para
!
Um time de anfitriões ideal consiste em:
• A pessoa que sentiu a necessidade de convocar esse processo (conhece o processo e
está profundamente comprometido responsável pelo processo).
• Os membros da time que tem um conhecimento profundo do conteúdo.
• Anfitriões locais que entendam a cultura do contexto e como a mudança pode ser
conduzida e acompanhada com sucesso neste contexto.
• Anfitriões externos que trazem suas experiências e práticas para ajudar a time a
tomar uma certa distância a partir do contexto em que se encontram, a fim de
estabelecer novas perspectivas.

O tamanho desse time irá variar dependendo da escala do processo.

Formando o time 

Na formação do time, cria-se o espaço para planejar o processo. Isso toma tempo.
Encontros cara a cara devem acontecer para formar uma boa equipe que está
envolvida e comprometida para com o processo e um ao outro. 

O diagrama seguinte apresenta os diferentes papéis que temos encontrado útil
na formação de um time de anfitriões. Algumas das funções podem ser mescladas,
dependendo do tamanho e da complexidade do processo.

Um Time de Anfitriões é só aprender juntos

Em um time de anfitriões, todos estão aprendendo. Ser claro sobre como você pode
contribuir e o que espera aprender vai ajudar a equipe a trabalhar conscientemente

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juntos no serviço das pessoas convidadas para o grupo. É altamente recomendável ter
pessoas experientes na equipe que podem ajudar os profissionais menos experientes
para aprofundar a compreensão desta forma de trabalhar através da prática. Às vezes,
esses profissionais experientes nem sequer estão visíveis para os participantes. Eles
atuam como “coaches” da equipe.
!
Os papéis em um time de anfitriões
O chamador é o cliente do processo. Ele tem percebido uma necessidade e convida o
time de anfitriões para ajudá-lo a iniciar um processo, a fim de produzir resultados a
partir do compartilhamento de seu conhecimento em conjunto. O chamador faz parte
do processo e:
• Ajuda na preparação e envio do convite.
• Recepciona os participantes.
• Ancora o contexto e o propósito.
• Ouve o que emerge das conversas.
• Ajuda o time de anfitriões para adaptar o processo, se necessário.
• Compromete-se com o acompanhamento dos resultados.
!
Os responsáveis pela perspectiva estratégica incluem o chamador e outras pessoas
que têm uma participação fundamental nos resultados do evento. Essas pessoas
especificamente:
• Ajudam na recepção e chegada dos participantes
• Dão sentido aos resultado do processo
• Investigam por questões comuns do grupo
• Capturam os aspectos-chave aprendidas pelo grupo
• Responsabilizam-se junto aos anfitriões para manter o evento na frequência
desejada.
!
Os anfitriões do processo oferecem suas habilidades de planejamento para que um
processo possa ser criado, tendo em conta o contexto e finalidade do processo, bem
como dos resultados desejados. Durante um evento, o foco dos anfitriões do processo
está em facilitar os processos. Isso inclui o direcionamento em cada método,
explicando como as pessoas vão participar, oferecendo quietude enquanto as pessoas
estão em conversas, ou seja, espaço de exploração, e apoiar a coleta de idéias como
resultado das conversas. Os anfitriões do processo são a parte mais visível da equipe,
mas eles não podem fazer o seu papel, sem o apoio dos outros membros da equipe.

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29 jul a 01 ago 2014

O orador oferece perspectiva em diversos momentos durante um evento, como na
recepção, na elaboração de um processo ou no encerramento. O seu objetivo é inspirar
e catalisar as conversas posteriores que os participantes vão se envolvem. Esse papel
do orador é diferente dos palestrantes mais tradicionais, na medida em que não tomam

a postura de um especialista com uma abordagem preferida. Em vez disso, oferecem o


seu conhecimento e perspectiva para convidar mais diversidade de opiniões. 

!
Os colheitadores estão presentes desde a fase de concepção de um processo,
pensando no queremos colher como resultado da conversa. A colheita desse processo é
muito importante e dá forma ao olhar do colheitador durante um evento.
Especificamente, durante um evento de seu papel inclui:
• Estar a serviço do time estratégico e dos oradores a qualquer momento.
• Colher os resultados das conversas, dependendo do nível exigido.
• Coletar todas as peças da colheita durante todo o evento.
• Capturar visualmente e em tempo real através de mapas mentais, fotografias e
videos, etc.
• Produzir artefatos do que o processo produziu.
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29 jul a 01 ago 2014

Os anfitriões do espaço tem o propósito de contribuir para criar as condições de
aprendizagem ideais nos níveis físicos e não-físicos (energéticos/sutil). 

Anfitriação do campo físico:
• Localização do local, a proximidade com o acesso à natureza, transportes, etc.
• Estilo da instalação da principal sala do grupo, luz, piso, espaço na parede para a
colheita.
• Alojamento, alimentação, e estrutura para o bem estar dos participantes.
• Definir o espaço de aprendizagem ideal pensando no conforto e acesso para os
participantes.
!
Anfitriação do campo energético, às vezes conhecido como “segurar o campo”:
• Conexão com o autêntico propósito que serve ao bem comum.
• Trabalhar intencionalmente com os níveis mais sutis dos aspectos emocionais,
subliminares e de interação humana baseada no pensamento, que podem distrair ou
perturbar negativamente a criação de um campo de aprendizagem produtiva.
• Perceber o ‘não dito’, a sombra, dando voz a eles, ou com uma pergunta, nomeando
a energia ou a emoção no campo, ancorá-la intencionalmente.

O time da logística fica responsável pelos detalhes práticos, ainda mais importantes
que se trabalha em um evento de grande escala. Esse papel inclui:
• Entrar em contacto com as pessoas responsáveis pelo local sobre qualquer assunto.
• Assegurar a correcta configuração do espaço.
• Cuidar dos laptops e pen drives usados.
• Cuidar de pedidos provenientes de todas as outras partes do time.
• Teste todos os equipamentos, como microfones, computadores, projetores, etc.

Acompanhamento/Continuidade Estratégica 

Depois de um evento, é uma boa prática reunir o núcleo inteiro do time de anfitriões e
colher as principais idéias de conteúdo que vão levar o trabalho adiante, bem como os
conhecimentos de processos-chave que ajudarão a moldar as próximas etapas do
processo. Isso permite que os próximos passos sábios no serviço do desenvolvimento
dos indivíduos, da organização e do bem comum sejam identificados.
!
!
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29 jul a 01 ago 2014
AS OITO RESPIRAÇÕES PARA DESENHO DESENHO DE PROCESSOS
Antes de começar e ao longo de todo processo:

Tenha clareza da intenção de quem está chamando. O convite deve estar alinhado
com o seu coração. Se o propósito não valer a pena ou se o convite não for genuíno,
não vá.
!
1. Primeira Respiração: Nascimento do chamado
Identifique qual a questão, pergunta ou problema que está chamando.
!
Ação sábia: curiosidade e abertura.

Perguntas: O que me chama? Onde está minha energia e paixão? O que é preciso
para me comprometer a chamar esse processo?
!
2. Segunda Respiração: Criar a base e a arquitetura
Crie clareza coletiva do propósito e princípios. O grupo de pessoas que se engaja na
fase de criação da arquitetura é pequeno e estamos sempre perguntando “quem mais
poderia estar aqui? Quem são as partes interessadas deste sistema?” Assim que estiver
engajado com clareza sobre estas questões, comece a fase de “Desenho e Convite”.
!
Ação sábia: engajamento. Não faça suposições.
Perguntas: Existe uma necessidade? Se não houver, não faça! Como ir da necessidade
ao propósito? Qual é o nosso propósito? Como enxergar e alimentar os valores do
grupo?
!
3. Terceira Respiração: Desenho e convite
Convite sendo inclusivo e claro quanto ao propósito. Desenho o encontro.
!
Pergunta: Como podemos criar um convite inspirador que estimule as pessoas a
virem? Como nos desapegamos das nossas expectativas de quem tem que estar
presente?
Ação sábia: Verifique várias vezes se seu design serve ao propósito. Não tente fazer
coisas demais no seu design (conecte-o ao propósito).
Perguntas: Nosso design está conectado ao propósito? Estamos dispostos a revisitá-lo
e modificá-lo ao longo do processo sempre que necessário?
!
!
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4. Quarta Respiração: O encontro
Anfitrie o grupo, criando um espaço inspirador e mantendo o propósito e as perguntas
em mente.
!
Ação sábia: Esteja presente. Não vá sozinho.
Perguntas: Como podemos melhor servir como instrumento ou “contêiner” para
acolher a sabedoria coletiva emergente? Cuidado para não reduzir a ação de ser
anfitrião a uma fórmula. como podemos deixar o espaço cada vez mais aberto?
!
5. Quinta Respiração: A continuação
!
Ação sábia: Retome sempre o propósito. Não o perca de vista, senão este não será
incorporado. Preste atenção ao aprendizado contínuo e os sinais que vêm do “campo”.
Perguntas: Como podemos sustentar a auto-organização? Como podemos segurar a
energia que vem do “divergente e convergente”?
!
6. Sexta Respiração: Ação
Realize as ações sábias decididas durante a conversação e a colheita.
Acompanhamento contínuo de aprendizagem e conduzido a partir do campo.
!
Ação Sábia: Volte sempre ao propósito. Não perca o propósito de vista ou não será
incomporado.
!
7. Sétima Respiração: Reflita e aprenda
Reflexão dentro do time central e com os participantes chave.
!
Perguntamos: O que aprendemos? Alcançamos resultado alinhado com a necessidade
e o propósito? Quais são os próximos passos a longo prazo?
A partir daqui a próxima questão surge.
!
8. Oitava Respiração: A respiração que sustenta o todo
O ancião com a visão e perspectiva. Anfitriando e percebendo o todo. Estar consciente
de todas as sete respirações, tendendo à intenção a longo prazo e a sabedoria das ações
e práticas dessa comunidade de praticantes. O bem estar de todos nesses sistemas.

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Embora seja uma descrição passo-a-passo, o processo não é linear, mas cíclico,
refletindo o alinhamento com o propósito e os próximos sábios passos que acontecem
durante o processo.
!

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ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA CONVERSAS SIGNIFICATIVAS
1. Esteja presente

2. Tenha uma boa pergunta

3. Convide os outros a ouvir... ouvindo. Use um objeto da fala
4. Colha algo útil

5. Tome uma sábia decisão coletiva

6. Aja sabiamente

7. Trabalhe com seus companheiros
!
1. Esteja presente (evocar a presença)
Quais são alguns dos caminhos para nos encorajarmos e apoiarmo-nos
uns aos outros para estarmos plenamente presentes na conversa?
!
Convidar a presença é uma prática primordial quando se anfitria conversas e também
para preparar o ambiente para uma boa reunião. Há muitas formas de fazer um grupo
presente, incluindo:
• Começar com uma cerimônia ou celebração;
• Começar com um momento de silêncio;
• Promover um “check-in” com uma pergunta pessoal relacionada ao tema da
conversa;
• Passar um objeto da fala e promover espaço para ouvir cada uma das vozes
presentes.
• Comece bem. Comece devagar. Convide a todos para a conversa.

2. Tenha uma boa pergunta

Quais são as characterísticas das boas perguntas que podemos fazer uns aos outros
para melhor servir à nossa investigação?

3. Convide os outros a ouvir... ouvindo. Use um objeto da fala
Quais são algumas das estruturas e métodos que nos permitem participar
de conversas significativas?

Olhando de forma simplista, um objeto da fala é simplesmente um artefato que passa
de mão em mão. Quando alguém está segurando o objeto, este alguém é convidado a
falar e todos são convidados a ouvir. O uso de um objeto da fala tem o poderoso efeito
de garantir que todas as vozes sejam ouvidas e afia tanto a fala quanto a escuta.

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O objeto da fala reduz a velocidade da conversa. Quando a dinâmica está muito
rápida ou as pessoas começam a se atropelar nas falas e a escuta cessa, o objeto da fala
restaura a calma e a suavidade. A condução de uma rodada de abertura com um objeto
da fala dá o tom para uma reunião e ajuda as pessoas a lembrarem o poder desta
simples ferramenta. 

É claro que um objeto da fala é uma forma mínima de estrutura. Toda reunião
deve ter alguma forma de estrutura que ajude no trabalho com o “caos” e a “ordem”
necessários para co-descobrir novas ideias. Existem muitas opções de formas e
processos. O importante é alinhá-los à natureza dos sistemas vivos, se desejarmos que
emerja inovação e sabedoria a partir do caos e da incerteza.
! Em níveis mais sofisticados, quando precisar realizar mais trabalho, é possível
usar processos mais formais, que trabalham esses tipos de contexto. Cada um destes
processos tem um ponto ótimo e uma aplicação ideal, nos quais você pode pensar ao
planejar encontros. Misture-os, se necessário.

!
4. Colha algo útil!
Quais são as coisas mais úteis que podemos colher das nossas conversas?
!
Nunca se encontre a não ser que planeje colher os seus aprendizados. Uma dica básica
aqui é pensar que você não está planejando uma reunião. Ao invés disso, você está
planejando uma colheita. Saiba o que é necessário e planeje o processo de acordo.
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Colheitas nem sempre têm que ser visíveis; às vezes você planeja um encontro apenas
para criar aprendizado. Mas dê suporte ao aprendizado pessoal com boas perguntas e
pratique a colheita pessoal (diários, anotações, poemas, desenhos).
!
Para colher bem, esteja consciente de 4 dicas:
• Crie um artefato. Colheita se trata de tornar conhecimento visível. Faça um
mapa mental, desenhe figuras, tome notas, mas seja lá o que fizer, crie um
registro da sua conversa.
• Tenha um loop de feedback (canal de realimentação). Artefatos são inúteis se
eles ficam em uma prateleira. Saiba como você vai usar a sua colheita antes de
começar sua reunião. Será colocada novamente dentro do sistema (grupo,
organização)? Irá gerar perguntas para um encontro futuro? Será compartilhada
com pessoas como notícias e aprendizado? Descubra isso e faça planos de
compartilhar a colheita.
• Esteja consciente tanto de uma colheita intencional como emergente. A
colheita responde perguntas específicas que você está fazendo, mas garanta
também que você está prestando atenção nas coisas bacanas que estão
emergindo em boas conversas. Existe valor real no que está aparecendo e que
ninguém poderia antecipar. Colha isto.
• Quanto mais a colheita é co-criada, mais ela é apropriada coletivamente
por todos. Não defina simplesmente uma secretária,

um “anotador” ou escriba. Convide as pessoas a co-criarem a colheita. Coloque
papel no meio da mesa para que todos possam alcançar. Distribua post-its para
que as pessoas possam capturar ideias e adicionar ao todo. Use seu espírito
criativo para achar maneiras do próprio grupo ser anfitrião de sua colheita.

5. Tome uma sábia decisão coletiva !
Como nós esperamos tomar decisões de maneira que elas criem clareza e
ações sábias?

Se a sua reunião tem que chegar a uma decisão, faça dela uma decisão sábia. Decisões
sábias emergem de conversas, não de votação. A maneira mais simples de chegar a
decisões sábias é usar o processo de consenso com as três posições de dedões.
Primeiro, faça uma proposta clara. Uma proposta é uma sugestão de como algo
pode ser feito. Tenha-a expressa em palavras, escrita e colocada no centro do círculo.
Faça uma enquete no grupo, pedindo para que todas as pessoas mostrem os seus

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dedões em uma das três posições. PARA CIMA significa “Tudo bem para mim”;
PARA O LADO significa “Preciso de mais clareza antes de colocar o dedão para
cima”; PARA BAIXO significa “Esta proposta viola a minha integridade, estou
falando sério”.
À medida que cada pessoa indica o seu nível de apoio à proposta, note os
dedões para baixo e para o lado. Vá aos dedões para baixo primeiro e pergunte: “O
que seria necessário para você dar suporte a essa proposta?” Coletivamente, ajude o
participante a formular outra proposta, ou mudar a atual. Se o processo é realmente de
construção de consenso, as pessoas têm permissão de opinar com o dedão para baixo
apenas se estão dispostas a participar na construção de uma proposta que funcione.
Cuidado! Se um indivíduo sequestrar o espaço do grupo, a “recompensa” será uma
votação. A maioria vence.
Assim que tratar dos dedões para baixo, faça o mesmo com os dedões para o
lado. Para o lado não significa “não”, mas sim “Preciso de clareza”. Responda as
perguntas ou esclareça as preocupações.
Se a proposta decorre de uma boa conversa, você não deve ser surpreendido
por nenhum dedão para baixo. Se você for, reflita sobre a experiência e pense sobre o
que poderia ter feito diferente.
!
O que acontece quando não concordamos com o processo de tomada de decisão?
Às vezes um grupo seguirá em frente em seu caminho e começará a tomada de
decisão antes de qualquer consenso de como tal decisão será feita. Isso talvez dê certo
– ou pareça dar certo – no decorrer do processo, mas algumas dificuldades podem
ocorrer:
!
• A reunião simplesmente não acaba nunca, não avança.
• Os membros agem sozinhos, por si só, e falam da sua própria perspectiva –
logo a mão direita não saberá o que a mão esquerda está fazendo.
• Alguém sempre tomará seu próprio caminho e se distanciará.
• Depois de uma reunião sem um processo de decisão coletiva, um pequeno
grupo de pessoas se encontra em outro momento, em portas fechadas, e toma a
decisão REAL.
• Os que gritam mais alto conseguem o que querem.
• Logo antes de encerrar uma conversa e tomar uma decisão, alguém traz algo
completamente novo que se torna a decisão.

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• Algo mal preparado é delegado a um “pobre-coitado” que posteriormente é
convenientemente acusado por não ter levado o processo adiante adequadamente.

6. Aja sabiamente 

Assim que você tiver decidido o que fazer, aja. Não há muito mais a dizer sobre isto
exceto que ação sábia é ação que não sobrecarrega ou sub-utiliza os recursos de um
grupo. A ação surge da escolha pessoal de assumir a responsabilidade pelo que você
ama. Comprometa-se ao trabalho, faça-o.
!
7. Trabalhe junto com seus companheiros
Relacionamentos criam sustentabilidade. Se ficarem juntos como amigos,
companheiros ou família, vocês se tornam responsáveis um pelo outro e podem
enfrentar os desafios de forma melhor. Quando você sentir seu relacionamento com
seus companheiros mais próximos se esvaindo, expresse isso e seja anfitrião de uma
conversa sobre isso. Confiança é o recurso mais precioso de um grupo. Use-a bem.
!
!
!

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A ARTE DE FAZER PERGUNTAS
O Poder das Perguntas: reverenciar ou não reverenciar.
!
“Você pode comer uma maçã” – Eu disse e dei a ele a fruta verde.

Era como se ele estivesse vendo uma maçã pela primeira vez. Primeiro ficou ali
parado somente cheirando a maçã e depois deu uma pequena mordida.
“Hummmm” – disse, dando uma mordida ainda maior.

“Estava gostoso?” – perguntei.

Ele então se inclinou em reverência profunda.

Eu queria saber qual o gosto de uma maçã na primeira vez em que a experi-
mentamos, então perguntei de novo: “Qual é o sabor?“
Ele, mais uma vez, reverenciou e reverenciou.

“Por que você está se inclinando em reverência?” – perguntei.

Mika se inclinou em reverência novamente. Isso me deixou tão confuso, que logo me
apressei em fazer a mesma pergunta: “Por que você está reverenciando?” Dessa vez
foi ele quem ficou confuso. Acho que ele não sabia se inclinava novamente ou
simplesmente respondia.

“De onde venho, a gente sempre se inclina em sinal de reverência quando al- guém faz
uma pergunta interessante” – ele explicou – “e quanto mais profun- da a questão, mais
profunda é a nossa reverência”.

Aquela era a coisa mais estranha que eu já tinha ouvido em muito tempo. Eu não
conseguia entender que uma pergunta fosse algo a ser reverenciado.

“O que vocês fazem quando cumprimentam uns aos outros?”

“Tentamos sempre encontrar algo sábio para perguntar” – ele respondeu. “Por quê?”

Primeiro ele se inclinou rapidamente, porque eu havia feito uma outra pergun- ta.
Depois ele disse: “Tentamos fazer uma pergunta sábia para que a outra pessoa incline-
se em reverência”.

Eu estava tão impressionado com a resposta, que me inclinei com a mais profunda
reverência que consegui.

Quando olhei para o Mika, ele tinha posto o dedo na boca. Depois de um longo
período, tirou.

“Por que você se inclinou?” - perguntou, olhando-me insultado.

“Porque você respondeu às minhas perguntas tão sabiamente.”

Então ele me disse, em alto e bom tom, algo que me acompanha desde en- tão: “Uma
resposta não é algo para se reverenciar. Mesmo que uma resposta possa parecer tão
certa, você nunca deve reverenciá-la.”


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Fiz sim com a cabeça brevemente, mas logo me arrependi, porque agora Mika podia
achar que eu estava reverenciando a resposta que ele acabara de me dar. “Aquele que
se inclina em reverência mostra respeito” – Mika continuou – Você nunca deve
mostrar respeito por uma resposta.”

“Por que não?”

“Uma resposta é sempre parte de uma estrada que ficou para trás. Somente as
perguntas apontam para o futuro”.

Aquelas palavras foram tão sábias, pensei. E tive que me conter para não me inclinar
em reverência novamente...
Jostein Gaarder, 1996, Noruega
“Todo animal satisfeito dorme. Isto é o que acontece quando nos direcionamos às
respostas e não às perguntas.”
!
O que é uma boa pergunta?
As perguntas abrem portas para a descoberta coletiva. A palavra question (questão, ou
pergunta em português) vem de “quest” - palavra cujo significado é estar em uma
jornada, numa busca por alguma coisa importante. Uma boa pergunta é colocada para
dar inicio às conversações e está alinhada à necessidade e ao propósito daquele
coletivo, convidando a todos para trazerem suas contribuições através de um convite
aberto ao exame de opções criativas para o futuro. Uma boa pergunta no centro
funciona como um “atrativo” para que a inteligência coletiva e a sabedoria mais
profunda do grupo se revele. Além disso, mantém o foco no trabalho e ajuda a evitar
comportamentos que atrapalhem, como ataques pessoais, politicagens e mentes
fechadas.
Uma pergunta poderosa permite que as pessoas aprofundem seu entendimento
coletivo dos pontos de vista de cada um e possibilita que elas ofereçam o melhor do
seu pensamento. Não deve exigir ação nem respostas imediatas. Tal ansiedade
encerraria as possibilidades criativas.
Muitas vezes o grupo está preocupado em resolver um problema, um desafio. O
aprendizado poderoso está em como transformar os problemas em boas perguntas,
pois enquanto o primeiro traz uma sensação sutil de perda de poder, o outro ajuda as
pessoas a saírem da perplexidade e a abrirem as portas.
Às vezes, uma atitude sábia é formular estas perguntas antecipadamente e fazer
delas peças essenciais do convite para que outras pessoas se juntem a você; outras, o
sábio é conseguir levantar com o grupo as suas questões essenciais, como no caso de
um Open Space ou mesmo dependendo de como o anfitrião irá conduzir uma sessão

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de conversas. Conforme você mergulha nestas perguntas, colha as novas perguntas
que vão surgindo. Elas representam o caminho que você precisa tomar.
Centenas de pessoas ao redor do mundo foram questionadas sobre as
características de uma boa pergunta. Surgiram diversas sugestões comuns.
!
Uma boa pergunta:
• é simples e clara;
• é provocativa e inquietante;
• é livre de julgamento;
• é positiva, apreciativa
• é energizante;
• é aberta;
• foca a investigação;
• desafia pressupostos;
• abre novas possibilidades;
• cria certa tensão para diminuir a brecha entre o conhecimento atual e o novo
aprendizado
• estimula novas perguntas.
!
Quais são as minhas boas perguntas?
!
!

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A ARTE DE
COLHER
RESULTADOS QUE
IMPORTAM


!
!
A ARTE DA COLHEITA
!
“As apostas estão muito altas: nossa era é muito complexa,
seus desafios muito significativos, suas promessas grandes, e
a sua velocidade rápida demais para simplesmente
reagirmos. Ao invés temos que amplificar o poder de nossos
cérebros, individualmente e coletivamente, para lidar com as
nossas novas circunstâncias.”
Eamonn Kelly –Powerful Times
!
Mesmo se estamos falando de algo que une a arte de ser anfitrião e de colher
conversas significativas, a natureza dessas duas atividades pode diferir.
Se o trabalho do facilitador ou anfitrião é empenhar esforços para que todos
possam dizer “sua verdade” escutar abertamente, tentar entender diferentes pontos de
vista, trazer o seu melhor à tona e trabalhar com efetividade, o foco dos “colhedores”
está na captura da sabedoria, em lembrar, enxergar padrões e dar significado – e
depois fazer com que este significado fique visível e disponível.
O primeiro pode ser de natureza predominantemente divergente – instigando as
diferentes linhas. O segundo é convergente – entrelaçando as diferentes linhas.
Mesmo assim é unicamente uma coisa ou outra.
É como se o anfitrião encorajasse o processo de descoberta e de aprendizagem,
e o colhedor tentasse encaixar os insights e o aprendizado para fazê-las tão relevantes
e úteis em nosso próprio contexto quanto o possível.
!
Dois lados de uma coisa só
A arte de ser anfitrião de conversas significativas e a arte de colher conversas
significativas são dois lados de um mesmo esforço para amplificar nossos cérebros e
nossos corações, assim como para empenhar nossa inteligência coletiva e sabedoria
em busca de achar as soluções emergentes e sustentáveis de desafios complexos.
Há um dito popular de Oliver Wendell Holmes: “Eu não daria nada pela
simplicidade deste lado da complexidade, mas eu daria minha vida pela simplicidade
do outro lado da complexidade.”
Às vezes eu imagino se a Arte de Ser Anfitrião e Colher Conversas
Significativas não é a porta para a simplicidade do outro lado da complexidade –
mesmo se a estrada para o outro lado passa pelo caos.
“Caos é criatividade na procura da forma.”

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29 jul a 01 ago 2014
CÍRCULOS
!
A colheita tem natureza cíclica
Inverno – Descanso, reflexão e renovação. Algumas coisas
necessitam de tempo para amadurecer. Nasce um novo
impulso.
Primavera – Planejar, preparar, semear, convidar, se reunir.

Verão – Trabalho no campo, remover ervas daninhas, cuidar,
se comprometer,
agir. Imergir no processo.
Outono – Colher e processar os frutos, escolher as sementes
a serem plantadas na primavera seguinte.
!
CICLOS
Adicionando um terceiro ciclo:
!
!
!
!
!
!
Um ciclo transformador

= colhendo Aprendizado de Ciclo Triplo
!
!
Espirais
A ideia de convergência da colheita é de
conclusão, pegar o fio da meada do que
entendemos até o momento, e assim introduzir
aquele insight ou entendimento de volta ao sistema. Desse modo, podemos iniciar a
próxima conversa no mesmo nível de entendimento com o qual foi encerrada a
conversa anterior. Assim, nossa exploração pode seguir em espiral, ao invés de
manter-se em círculos.
!
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Qual a cor das suas lentes?
“Nós não entendemos o que vemos –

mas vemos

o que entendemos.”
Peter Senge
!
Mantendo uma intenção
Manter uma intenção para a colheita dará um conjunto de lentes conscientes e
apuradas para focar sua investigação. Sua colheita se torna rica, focada e intencional.
A maioria das conversas estratégicas ou significativas tem um propósito
declarado, uma razão para essas conversas acontecerem. Consequentemente, a
colheita serve a este propósito.
Pode se fazer tanto a colheita do conteúdo como do processo,da saída como do
resultado.
A colheita pode ocorrer no nível da criação de um registro ou memória, assim
como na procura por padrões emergentes e significado emergente.
Ambas colheitas, memória e significado, são valiosas.
!
O processo de criar significado (ou significado coletivo) pode ser uma conversa em
outro nível.
• O que nós acabamos de perceber?
• O que aprendemos?
• O que está emergindo?
!
Vendo o que emerge
Um ponto negativo de se manter uma intenção – ter um conjunto de lentes robusto, ou
um mapa mental claro – é que isso talvez o impeça de ver qualquer coisa que está fora
do mapa.
!
“Os modelos mentais são filtros poderosos. Ajudam-nos a dar sentido e
significado, mas filtram aquilo que não pertence. Se nosso mapa mental for errado,
nosso julgamento ou avaliação serão errados.” Eamonn Kelly, Powerful Times
!
A alternativa para manter uma intenção forte é sair conscientemente do mapa
mental ou deixá-lo de lado para ver o que emerge. Manter nossos modelos mentais de

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forma leve, em um espírito investigativo, pode nos prevenir de sermos cegados por
ele.
!
“Abrace uma intenção tão grande o quanto consiga segurar.” George Pór
!
!

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O CICLO DA COLHEITA
Oito fases da colheita:

1. Sentindo a necessidade;

2. Preparando o campo;

3. Planejando a colheita;

4. Plantando as sementes;

5. Cuidando da safra;

6. Escolhendo e colhendo frutos – registrando ou criando memória coletiva;
7. Preparando e processando os frutos – criando significado coletivo;

8. Planejando a próxima colheita – alimentando para adiante.
!
1. Sentindo a necessidade
“A qualidade da intervenção depende da condição interior do interventor!”

Bill O’Brien
Algo muda no modo como as coisas são, levando a uma necessidade de trocar ou
mudar algo, de agir. O primeiro passo é tornar claro qual é a necessidade ou o
chamado. Pense em um campo no qual se plantou trigo. Imagine a colheita deste
campo como um fazendeiro o faz, usando equipamento para cortar o trigo, debulhar e
separar as sementes dos talos.
Agora imagine um geólogo, um biólogo e um pintor colhendo no mesmo
campo. O geólogo seleciona e recolhe através das rochas e do solo, juntando dados
sobre a própria terra. O biólogo pode coletar insetos e vermes, plantas e matéria
orgânica. O pintor enxerga padrões na paisagem, escolhe a paleta e perspectiva para
trabalhar a arte.
!
Todos têm necessidades diferentes e irão fazer a colheita do campo de forma
diferente; os resultados levam a pontos distintos e têm usos diversos. Mas todos têm
algo em comum: eles têm um propósito para estar no campo e um conjunto de
questões a respeito deste propósito; eles têm um local predeterminado para usar o
resultado da colheita; eles têm ferramentas específicas para usar durante o seu
trabalho.
O que é útil ressaltar é que, apesar do campo ser o mesmo, os instrumentos e os
resultados são específicos para cada propósito e investigação.
Sentir as necessidades no início pode ser intuitivo ou bem básico. Como sentir
fome!

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Mas uma vez que a necessidade percebida se torna consciente, podemos agir sobre
ela.
Nós sentimos que estamos com fome e daí plantamos um jardim, sabendo que
o trabalho de se plantar e de se colher está na nossa frente, que o resultado final
satisfaz a necessidade de sustento.
A necessidade não é complicada, é real e clara, e fala profundamente e inspira o
convite e a ação. Tudo começa desta necessidade, e do modo como a mantemos.
Convidamos a necessidade para instruir a colheita que teremos no final do dia.
!
2. Preparando o campo
“A qualidade do campo determina a qualidade da safra.”
!
Em alguns casos o chamador cria a prontidão do campo através da criação da
consciência a respeito da necessidade. Outros com necessidades similares
reconhecerão o chamado.
Na preparação do campo (enviar o chamado, criar o contexto, convidar etc) se
dá o tom de todo o processo, a seriedade e qualidade com a qual você determina a
qualidade do que for colher. Em outras palavras: você começa a pensar na colheita
desde o início, não como um pensamento posterior.
A preparação do campo para o plantio envolve uma atenção intensiva ao
composto, à condição do solo, à qualidade das ferramentas e das sementes, antes
mesmo de qualquer plantio. O trabalho de preparação do campo pode levar um ano
inteiro, no qual o solo é condicionado, as pedras são retiradas e se prepara todas as
coisas necessárias. Na realidade, o que se está fazendo é a colheita de um campo para
que as sementes possam ser plantadas.
A qualidade do campo é estabelecida pelo convite que surge da necessidade. A prática
do convite surge da presença de “anfitriação” nas conversações iniciais. Há uma
seriedade e profundidade aí, que é comunicada no processo de início.
Este trabalho se assemelha ao de preparar a nós mesmos e questionar o sistema
a verdadeiramente realizar o trabalho que estamos pedindo que seja feito.
Nos preparar como anfitriões faz parte da preparação do campo.
!
3. Planejando a colheita
“Em todo começo e em todo fim, cuidado.” Tao Te Ching
!
Qual é a sua intenção com a colheita?

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Um propósito claro e alguns critérios sobre o que seria sucesso naquele processo, ou a
colheita propriamente dita, irá adicionar clareza e direção.
!
O que você colhe é determinado por aquilo que você semeia.
!
Três princípios simples que mudarão a cultura da maioria das organizações e
naturalmente levarão ao gerenciamento do conhecimento embutido na atividade da
organização:
• Saber o que está acontecendo
• Trabalhar em conjunto com outros para melhorar o que está acontecendo
• Tornar mais fácil para o próximo fazer o seu trabalho bem feito 

!
Podemos listar algumas reflexões que assentam o planejamento da colheita e se
traduzem em um simples checklist:
• Qual é a sua intenção?
• Quem se beneficiará?
• Como você pode agregar valores para o trabalho em questão (como a colheita
renderá o máximo)?
• Qual a forma ou qual mídia será a mais efetiva?
• Quem deve ser anfitrião ou fazer a colheita?
• Qual é o timing certo?

4. Plantando as Sementes 

As perguntas sobre as quais estruturamos o trabalho de anfitriar tornam- se as
sementes para a colheita. Em muitas culturas e lugares esta ação vem acompanhada de
rituais. Todo jardineiro e todo fazendeiro sabe que plantar sementes depende do tempo
e das condições. Não se pode plantar a hora que se quiser. Planta-se quando as
condições são apropriadas para maximizar a safra. Na prática do anfitrião isto
significa ser sensível ao timing de fazer as perguntas. 

Ao semear as sementes que guiarão o questionamento, identificando e fazendo
as perguntas estratégicas e significativas, você determinará o resultado. Desta forma,
ao planejar a colheita, pergunte-se o que é que esse processo precisa gerar. Qual
informação, ideia, saída ou resultado lhe trará benefícios aqui e agora, e o quê pode
levar você para o próximo nível de questionamento? 

Embora o processo de colheita comece com a preparação do campo e o
planejamento das etapas, o processo em si é contínuo. Você colhe algo em cada parte

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29 jul a 01 ago 2014
do processo. Dessa colheita, parte você precisará usar imediatamente para lhe ajudar a
passar para o próximo processo. Uma outra parte você usará mais tarde. Portanto,
parte do planejamento da colheita se constitui em saber para quem, quando e como
você precisará usá-lo.
Em outra parte do planejamento você se questiona qual formato de colheita lhe
será mais benéfico. Quais modelos, formulários, cores, desenhos, registros em áudio
ou vídeo que podem ser usados para ajudar na colheita?
!
5. Cuidando da Colheita
Quanto mais rica a conversa, mais rica a colheita.
!
Proteja a integridade da sua colheita. Cuide da sua plantação enquanto ela cresce.
Corte a erva daninha, retire tudo que não serve de alimento, limpe tudo para que as
plantas cresçam fortes e saudáveis. O jardineiro analisa cada centímetro do seu jardim,
é o que se chama de reconhecimento. Ele procura por pestes, sinais de subnutrição e,
observando cada detalhe, aprende enquanto as plantas crescem. Isso envolve uma
combinação entre alimentar o campo e deixá-lo crescer. Por isso, parte disso traduz-se
apenas em ficar sentado no jardim, observando e desfrutando o que está emergindo.
Durante o processo, aprecie o seu trabalho enquanto ele se revela em toda sua
complexidade. A qualidade da sua colheita depende do prazer com o qual você recebe
o crescimento que você testemunha. Sua vibração, nesse momento, lhe permite
perceber tanto a qualidade do campo, quanto a qualidade da colheita.
É nesse ponto que nós nos engajamos na conversa e na exploração. É
exatamente onde nasce a riqueza da colheita.
!
6. Colher os Frutos
“Um pensamento que não resulta um uma ação não significa muito, e uma ação que
não se origina de um pensamento não significa nada”
George Bernanos
Colher os frutos corresponde a registrar ou colher uma memória coletiva. A maneira
mais simples de colher é registrar o que está sendo dito, feito, o resultado das
conversas, etc. Isso cria um registro, uma memória coletiva.
O registro pode ser feito através de palavras, de forma mais subjetiva
(anotações do colhedor) ou objetiva (transcrições dos resultados das conversas,
gravadas em audio e vídeo).

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O registro também pode ser feito através de imagens, fotografias, vídeos e filmes.
Imagens estáticas remetem a sentimentos, atmosferas, situações etc. As imagens em
movimento registram tanto o verbal quanto o visual.
Na fase de planejamento, poderá ser muito útil pensar na maneira como você
quer realizar sua colheita. Que tipo de registro poderá lhe ajudar a reunir as
informações ou conhecimentos relevantes?
!
Será que a colheita é a ponte entre o pensamento e a ação ou entre a conversa e a
ação?
!
7. Preparando e Processando os Frutos
“O primeiro povo tinha perguntas e eles eram livres.

O segundo povo tinha respostas e eles foram escravizados.”
Wind Eagle, Chefe Indígena americano.
!
Quando você colhe os frutos e as sementes para o processamento, algumas serão
utilizadas imediatamente, outras serão utilizadas em processamentos futuros e outras
serão usadas como sementes na próxima estação.
Preparar e processar os frutos corresponde a criar, coletivamente, significado e
valor.
O segundo passo é criar um sentido e um significado coletivos. É nesse ponto que
agregamos valor e tornamos os dados úteis.
Há muitas maneiras de criarmos profundo sentido e significado. A ideia geral é
ir de milhares de cargas de informações para “holons”, ou de bolhas para pontos.
!
Há várias maneiras de ajudar nesse processo:
• Faça sua colheita de uma maneira sistêmica. Pergunte a todos: o que percebeu? O
que fez sentido e teve significado? Observe os padrões! Eles indicam o que está
emergindo;
• Metáforas, modelos mentais, histórias são maneiras de transformar assuntos
complexos em simples;
• Tradução em gráficos também é: os desenhos podem transformar assuntos
complexos em visíveis e manejáveis.

A criação de significação pode ocorrer também no próximo nível:

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Colher a partir do passado 

Você pode olhar para trás e perguntar: O que aprendeu? O que fez sentido? Em que
ponto da jornada estamos? Quais são os próximos passos?

Colher no presente: O que estamos sentindo? O que estamos percebendo agora? Quais
padrões estão emergindo? 

Colher para o Futuro: Você pode olhar para frente: procure os assuntos e perguntas
que pensa, sente e/ou sabe que servirão de base para o próximo questionamento e
realimente o sistema. 

Colher para a Emersão: Qual a pergunta que, se respondida, nos levaria para uma
conversa mais profunda?
!
8. Planejando a próxima colheita: a alimentação adiante
A maioria das colheitas é feita a título de fechamento ou para nos levar para o próximo
nível de entendimento. E, mais importante ainda, para nos permitir saber
coletivamente, ver a mesma imagem e compartilhar o mesmo entendimento. Estes são
os frutos da colheita.
!
“Uma vez, em uma conversa com uma cliente, me deparei com uma dessas
ferramentas “hobbit” de colheita: direcionar a colheita. A visão da minha cliente era
a de realizar uma conferência, produzir um relatório e esperar que o relatório
inspirasse uma ação.
Quando falamos sobre o impacto real da conferência, percebi que ela não tinha
certeza de que o relatório tivesse qualquer força. Eu a desafiei a fazer mais do que
isso e encontrar uma maneira de dar vida ao resultado dessa conferência.
Começamos, então, a criar uma estratégia para a colheita desse evento.
No plano, elaboramos a colheita dos resultados da conferência tanto na forma de
registro do evento como na forma do próprio questionamento. Compartilhamos o
resultado, mas também criamos uma série de perguntas – aquelas que permaneceram
depois de três dias de deliberações – que seriam levadas a cinco grupos de debate
diferentes e específicos.
Minha cliente passou o mês que precedeu a conferência conversando com grupos
influentes, empresas e fóruns, para encontrar cinco que se compro- metessem a fazer
o co-questionamento dos resultados da conferência junto com ela.

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Este plano foi igualmente compartilhado com os participantes da conferência, em
uma conversa mantida previamente a ela, e isso lhes deu confiança e certeza de que a
conferência teria um impacto.

Nos meses subsequentes à conferência, o relatório foi levado de reunião em reunião e
muitos olhos e mãos trabalharam nas ideias que foram levantadas nas reuniões.
Colher a partir do questionamento expande o resultado e é uma maneira poderosa de
criar um aprendizado e um engajamento sustentável.”
Chris Corrigan
!
!

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QUEM DEVE FAZER A COLHEITA?
- Precisamos de um colhedor. - Onde está nossa secretária?
!
Colher os frutos – registrar e transcrever – pode ser feito por praticamente qualquer
pessoa e pode facilmente ser delegado. Contudo, encontrar uma lógica no montante de
informações, observar os padrões emergentes, buscar as sementes/perguntas para a
continuidade da alimentação, é aí que realmente residem os frutos da colheita.
Ter a colheita como uma reflexão tardia é como aquele fazendeiro que está tão
concentrado em preparar o campo e cuidar do crescimento da plantação, que se
esquece da colheita. Afinal, ter todo o trabalho de preparar o campo e cuidar da
plantação, para não colher nada, não faz sentido.
!
Colheita Individual e Coletiva
“O que somos juntos será sempre diferente e mais do que o que somos sozinhos”.
Margaret Wheatley
!
A colheita individual aprimora o aprendizado individual e os indivíduos contribuem
com o questionamento coletivo. Ela pode ser feita através da reflexão, diários etc.
Na colheita coletiva, as partes interessadas trabalham juntas, coletivamente,
atingindo um potencial maior para a emersão e produzindo mais do que a própria
colheita. Ela se transforma no próximo nível de conversa, o meta-nível, onde
chegamos a um sentido, juntos.
Se as partes interessadas não puderem realizar a colheita, reúna um grupo bom
e inspirado e encontre uma maneira de realimentar o sistema com a colheita. Se você
não conseguir reunir um grupo – mas estiver inspirado – faça o seu melhor.
Realimente o sistema e aguarde para ver se produz efeito.
!
Colher para a emersão
“Conversar juntos é uma maneira de pensar juntos, e pensar juntos cria essas novas
possibilidades que não poderiam brotar de uma única pessoa.”
Kathryn
!
Quando um grupo de pessoas tem um propósito coletivo claro que é perseguido junto,
não faz sentido delegar a coleta a um elemento do grupo ou fazê-la sozinho.
Nosso colega e amigo Chris Corrigan criou uma checklist para orientar este
trabalho. São:

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• Coletivamente, entrem em um acordo quanto ao propósito do questionamento
conjunto (revele um plano orientador. Ex: construir uma nova abordagem da saúde
mental da criança e do jovem, baseada na comunidade);
• Organize reuniões para coletar vários ensinamentos e ideias diferentes sobre o
questionamento;
• Produza anotações detalhadas das primeiras conversas, mas não busque achar um
sentido de imediato;
• Convide a todos para ler as partes da colheita que desejarem, selecione as partes que
pareçam ter maior relevância e benefícios para o questionamento em estudo. Pode
ser uma boa ideia ter um grande e diverso número

de pessoas para realizar esta tarefa, especialmente se você tiver um questionamento
e um corpo de pensamento substancial e complexo;
• Faça com que este segundo nível de colheita se torne visível e comece a buscar
padrões dentro do que está emergindo. Realimente os dados para o sistema, durante
o tempo todo, para mostrar o progresso e ajudar as pessoas a novamente encontrar
significado e sabedoria para dar suporte ao que está emergindo;
• Realize mais um questionamento para, com criatividade, preencher as lacunas que
estejam sendo observadas.

!

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REGISTROS VISUAIS

“Ouvir é o aspecto mais importante do processo de colheita, e este é um “ouvir”
especial. Para mim, é meditativo, atingindo um determinado tipo de fluxo,
esvaziamento e limpeza. Então, o que quer que surja desse momento, eu registro.
Trata-se de estar presente (não permitindo que qualquer crítica ou voz atrapalhe o
“ouvir”) e atentar para cada momento e para tudo que emergir. Todo colheitador tem
seu próprio estilo, ênfase etc. O que é realmente importante é que o trabalho
produzido permita que os participantes ancorem suas experiências e as revivam de
maneira significativa”. 

Conrad Tiu

Da mesma maneira que um registro escrito, um áudio ou um documentário em vídeo
cria uma memória, um registro visual pode criar uma memória visual. Uma vez que a
maioria das pessoas é orientada visualmente, uma memória visual pode ser muito
poderosa, e assim como em um mapa mental, muito informação estará disponível
numa olhada. 

Meios visuais podem ser usados como uma ajuda ou um elemento chave para
facilitar o próprio processo. É chamado de facilitação visual. Aqui, o mapa visual é
uma ferramenta de processo, utilizada pelo facilitador.
!
Colher o tangível e o intangível
Colher insights e aprender é um pré-requisito para se renovar e se chegar a um novo
insight.
Colher o “abstrato” é muito mais sutíl e subjetivo do que lidar com o
“cognitivo” ou as partes mais concretas.
Os resultados tangíveis são mensuráveis, da maneira como tradicionalmente os
entendemos. Os resultados intangíveis são mais difíceis de serem observados, de se
chegar a um acordo sobre eles e podem não ter resultados imediatos. Porém, na
verdade, podem ser mais poderosos a longo prazo.
Lembro-me de um caso, quando facilitamos o trabalho de um dia em um de-
partamento de um banco. O propósito era trabalhar com ideias para criar um melhor
local de trabalho para todos.
Como resultado do dia, tivemos doze sugestões concretas.
Três meses depois, o CEO ainda estava feliz com o bom ambiente que aquele
dia de trabalho tinha produzido – contudo, ele estava ainda um pouco preocu- pado
com o fato de que apenas três dos projetos pareciam continuar vivos. Um mês mais, e

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nos encontramos com o CEO e um representante de cada um dos grupos de projeto
para uma avaliação. Levamos para a reunião três perguntas simples e fizemos um
mapa mental da nossa conversa sobre essas três perguntas:
!
1. Onde vemos ou observamos que algo mudou, como resultado do dia de
trabalho?
2. Qual é a situação / status dos vários projetos e qual deve ser a razão para tal?
3. Para onde queremos ir a partir daqui?
!
Acredito que ficamos todos surpresos com o grande resultado daquele dia.
Aparentemente, os projetos originais tinham sido apenas o primeiro degrau.
Alguns dos projetos não tinham se manifestado, pois o grupo já tinha progredi-
do e estavam tomando outras iniciativas. Outros, ainda, pois a real conversa so- bre o
problema já havia se redirecionado para uma solução e assim por diante.
Os relacionamentos e o ambiente amigável que resultaram das conversas
haviam modificado o clima e preparado o terreno para outras iniciativas, algu- mas
delas desconhecidas pelo CEO. Um questionamento quantitativo sobre o que
observamos, sobre o que mudou ou se modificou nos nossos relaciona- mentos, na
cultura ou no ambiente pode nos dar alguma informação sobre a parte intangível da
colheita.
!
Uma última reflexão
“Sempre saio dessas conversas com uma pergunta muito viva e profunda: o que
aconteceria se o Art of Hosting fosse realmente o Art of Harvesting (A Arte de Fazer a
Colheita)?
E se não estivéssemos planejando reuniões e sim colheitas? Como isso mudaria nossa
prática? Por que isso é importante?
Acredito que o que importa é que colheita – boa colheita – propulsiona as empresas e
comunidades, conecta lideranças e ações com as conversas, fazendo o melhor uso da
sabedoria que é coletada nas reuniões. Se você já se perguntou sobre reuniões que
levam a lugar nenhum, esse questionamento para a colheita, para a criação de
significado e para a ação repetitiva, contém a chave para evitar esse tipo de situação.
Não é suficiente apenas ter um bom processo e um bom facilitador – o resultado do
trabalho também deve estar vivo dentro da empresa.Esse é o nosso objetivo.”
Chris Corrigan


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COLHEITA COLETIVA DE HISTÓRIAS
Metodologia
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Contar histórias (storytelling) é uma das ferramentas
mais poderosas na gestão de conhecimento da
comunidade Art of Hosting. Histórias contém experiências e aprendizados que
potencializam o uso das práticas da arte da liderança colaborativa. À medida que a
profundidade e escala do nosso trabalho aumenta, nossas histórias de prática oferecem
marcos para inovação, desenvolvimento de processos e modos de criar espaços
resistentes para conversas que realmente importam.
Começamos a experimentar no Art of Hosting treinamentos que combinavam
storytelling com a colheita, construindo nossas potencialidades nesses dois meios. Um
processo de anfitriar a colheita. A colheita coletiva no permite mapear os diversos
arcos que uma história tem simultâneamente, o que significa que podemos praticar a
escuta direcionada e aprendizado em grupo enquanto oferecemos um recurso ao
contador da história, bem como para o grupo como um todo na forma de construçnao
de significado coletivo. A colheita coletiva é um jeito ideal para reconhecer as muitas
idéias, insights, inovações e a-hás que existem abaixo da superfícia de nossas
histórias, levando o aprendizado em torno da prática para um nível mais profundo.
!
Como a colheita coletiva de histórias de prática funciona?
Primeiro, você precisa de uma boa história sobre um processo de transformação e
mudança, preferencialmente com complexidade, escala e duração suficiente para
torná-lo interessante. Qualquer história de forma sistêmica servirá.
!
Colheitas coletivas em ação
É melhor que as pessoas envolvidas diretamente à história estejam presentes para
contá-la, e pode ser ainda mais interessante ouvi-la de mais de uma pessoa. Mais
vozes dão mais profundidade, enriquecendo-a com uma variedade de pontos de vista.
Não há necessidade da história ser conhecida, frequentemente contada ou
polida de qualquer forma. Na verdade, esse processo pode ser usado para ajudar os
contadores de história em como focar e refinar a história para ser contada para
diferentes públicos.
Colheitas coletivas demandam tempo, pelo menos 90 minutos são necessários.
Se você está trabalhando com um grupo de colheitadores durante um treinamento, ou
com pessoas que nunca fizeram esse tipo de processo anteriormente, é aconselhável

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limitar a prática de storytelling para 30 minutos, caso contrário é fácil para os ouvintes
ficarem sobrecarregados. Se você está trabalhando com um time de prática ou seu
propósito é criar o máximo de aprendizado ao redor de um história, então você pode
trabalhar sobre a interação entre a história, colheita e aprendizado durante um, dois
períodos ou mais.
!
!
Preparando para a colheita coletiva:
Primeiro faça um convite aos seus contadores de histórias. Histórias respondem a
convites e quando feitos do coração, uma história pode aparecer de uma forma
totalmente nova e oferecer um novo aprendizado para aqueles que a contam.
!
A colheita de grupo é um presente para aqueles que estão contado e para aqueles que
estão colheitando, e deve ser oferecida como tal.
Em seguida, decida em quais arcos você gostaria de fazer a colheita. Isso pode
ser concordada entre o contador da história e os ouvintes, dependendo de onde eles
queiram focar seu aprendizado. Como em qualquer processo do Art of Hosting, você
está planejando para a colheita. Tome o tempo necessário para discutir exatamente o
que você pretende colher desse processo e o que vai acontecer com a colheita em
seguida.
Você vai precisar de pelo menos uma pessoa fazendo a colheita de cada arco
escolhido, entretanto mais de uma pessoa pode fazer a colheita do mesmo arco
simultâneamente. Algumas opções de arcos (camadas da história):
!
Arco Narrativo: A teia da história, pessoas, eventos, estágios. Você pode também
colher fatos, emoções e valores que são parte da história etc.
Arco do Processo: Quais intervenções, processos, aplicações e descobertas
aconteceram?
Arco de Descobertas: Quando os grandes progressos aconteceram, o que nós
aprendemos?
Recompensas: O que podemos aprender dessa história para aplicarmos no nosso
ou noutros sistemas?
Questões: Quais questões surgem dessa história que podem ser úteis em outros
sistema?
Sincronicidade e Magia: O que aconteceu durante a história que apontou para
sincronissidade e magia?

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Tema Específico: Colher a história usando um tema específico, como
colaboração, liderança, a arte da participação etc.
Arco dos padrões do Art of Hosting: Buscar associações com os conceitos e
técnicas do Art of Hosting. ex: As 6 respirações(Aonde cada respiração
aconteceu durante a história?) Paradigma organizacional (Aonde novas
formas de governança e trabalho surgiram?) Time de Anfitriões/
Chamadores (O que aprendemos sobre segurar o campo desse trabalho?)
Etc.
Princípios: Quais princípios podem ser interpretados dessa história? O que
aprendemos sobre práticas participativas? Que princípios de sistemas
complexos de viver foram refletidos nesse trabalho?
O Campo da História: Como o campo da história foi alterado? Você pode
identificar como a história ou metáfora começou a para onde se moveu?
Se existem talentos em seu grupo em facilitação gráfica, como poesia, música,
mapa mental, arte, etc, você pode convidar uma colheita nesses formatos.
Cada um deles vai acrescentar uma grande riqueza, diversidade e satisfação
para a colheita.
!
Dinâmica da Colheita Coletiva de Histórias Preparação
Estabelece-se um círculo com os contadores, colheitadores e ouvintes. Pode ser
necessário o uso de algumas mesas pequenas para àqueles que farão as colheitas nas
cartolinas, ou se optarem pode utilizar o chão. Lápis de cor e outros suprimentos de
arte também serão úteis.
Equipamentos para registro audiovisual e fotográfico podem trazem mais
profundidade à colheita visual.
!
Abertura
• boas-vindas às pessoas para a sessão;
• o convite público para os contadores de histórias;
• é explicado os arcos e a identificação dos voluntários, deixando claro sobre o tempo
que será investido em cada etapa.
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Contação da História 

Os contadores contam a história ao grupo para fazer a colheita
!
Colheita Coletiva

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• materiais são distribuídos aos contadores para fazerem sua colheita da história;
• cada um dos colheitadores reportam suas descobertas;
• é tomado pelo menos o mesmo período de tempo utilizado na etapa anterior (a
contação da história) para o momento do relato das colheitas. Cada colheita terá
mais profundidade do que pôde ser contado durante a primeira rodada. Pode ser útil
utilizar mais de uma rodada por colheita, ou para o resto do grupo auxiliar os
colheitadores e adicionarem novos insights;
!
Resposta dos contadores 

Os contadores compartilham quais foram os presentes que receberam do grupo da
colheita e o que estão levando dessa sessão.

Resposta do grupo 

Os participantes da atividade compartilham quais foram os presentes que receberam
da atividade e o que estão levando dessa sessão.

O que mais pode ser feito com a colheita coletiva? Para os contadores da história 

Colheita coletiva de histórias é um método ideal tanto para fazer um balanço da
aprendizagem e para refinar uma história para que possa ser contada para outros
públicos. Ter novos ouvidos ouvindo sua história pode ajudar a trazer à tona coisas
que você não tenham tomado conhecimento durante o tempo que estavam vivendo na
experiência. Uma experiência pode ser tão complexa e avança com tal velocidade que
é quase impossível ver como tudo se encaixa no interior. 

Sugerimos usar a colheita coletiva para fazer um balanço em intervalos regulares
durante o tempo de vida de um projeto. Um projeto bem vigiado pode ser uma benção
e um alívio para as pessoas que fizeram o duro trabalho mantendo o campo para que
algo aconteça. Isso auxilia aos pontos fundamentais da história estarem mais visíveis,
bem como ajudar outras emoções a serem ouvidas e liberadas. Escuta profunda pode
ajudar a história a identificar as forças e dons dos seus protagonistas, assim como os
suportes e barreiras que eles encararam. Pode também ajudar uma história a
transcender o pessoal e revelar percepções sobre o contexto local e até mesmo o mais
amplo contexto sistêmico.
!
Do mesmo modo que visões de fora podem nos ajudar a ver algo que já
conhecemos por uma nova ótica, ouvintes externos podem ajudar o participantes da
histórias a verem suas próprias experiências de uma nova maneira, revelando

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frequentemente o que não estava sendo visto de dentro da história. Mesmo algo
simples como nomear o que não havia sido nomeado anteriormente acrescenta
imensamente ao aprendizado.
Se você tem colheitadores que são experts em conhecimentos baseados no
corpo ou sistemas de intuição, como constelação sistêmica, esses sistemas podem
acrescentar um rico entendimento à colheita. Aqueles que são praticantes da criação
ou contação de história podem adicionar uma reflexão usando mitologias, metáforas e
outras formas de história.
Feedback específico também pode ajudar um grupo para saber em que pontos
focar para refinar sua história. Frequentemente existem tantos detalhes compartilhados
pelo grupo que um ouvinte pode se sentir sobrecarregado. A colheita pode ajudar a
revelar o que há de importante, apoiando uma história para torná-la mais focada e
potente.
!
Para Ouvintes e Colheitadores
Se contar histórias é uma habilidade humana tanto inerente quanto possível de ser
refinada com prática, assim também é a escuta. Escuta é a habilidade companheira ao
storytelling, de fato a história surge do espaço criado entre o narrador e o ouvinte. Na
essência, uma história precisa de um ouvinte para se tornar o que pode ser. Não temos
muitas oportunidades para ouvir de verdade, especialmente com um propósito
específico e para fornecer um feedback necessário para aqueles comprometidos dentro
do projeto. Colheita coletiva de histórias podem ajudar no ciclo de prática e feedback,
fortalecendo a comunidade em torno de um projeto compartilhado desta forma.
A colheita é uma habilidade que também precisa de prática e é importante
experimentar a a maior variedades de jeitos que uma história pode ser transmitida e
coletada, cada jeito trazendo sua própria riqueza, assim como uma outra faceta traz o
brilho de uma pedra preciosa. Colheita com propósito é tanto uma boa experiência
quanto uma excelente maneira de praticar. Ouvintes e colheitadores podem querer
questionar depois da sua experiência, trazendo à tona seus desafios e aprendizados
como um forma do grupo para se tornar mais hábil no futuro.
!
Para a comunidade do Art of Hosting e além
Colheita de projetos que foram escalados, bem como aqueles que têm enfrentado
muitos desafios, são uma contribuição valiosa para a comunidade mais ampla do Art
of Hosting, auxiliando-nos a aumentar a aprendizagem dentro da nossa rede.

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Compartilhando histórias de práticas é uma das formas mais rápidas para os princípios
e práticas de Art of Hosting para ser compreendido e integrado.
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CONCEITOS E
METODOLOGIAS

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CONCEITOS E PADRÕES
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Todos nós temos a nossa visão do mundo e pressupostos básicos sobre o que é
verdadeiro, o que é certo ou o que funciona no nosso mundo ou numa determinada
situação. Muitas vezes, esses pressupostos são tácitos ou mesmo inconsciente para
nós, mas eles determinam nossas ações.
Nem sempre compartilhamos dessa mesma visão de mundo, ou dos mesmos
pressupostos. Isso geralmente resulta em uma falta de compreensão mútua. Deixando
claro esses pressupostos nos ajuda a comunicar e unir os nossos entendimentos.
Para ser capaz de falar sobre as nossas suposições ou fazer essas visões de
mundo de forma explícita, às vezes usamos metáforas ou “modelos mentais”. Eles são
como mapas de estradas que podemos usar para nos orientar.
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OS DESAFIOS DE SEGUIR O CAMINHO CAÓRDICO
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O caórdico é uma forma de entender sistemas, seja um ser vivo, a psique humana ou
uma estrutura social (empresa, comunidade ou sociedade), e também como a variação
ao longo do espectro do caos e da ordem influencia os acontecimentos e os resultados.
O caminho caórdico também representa uma inspiradora prática de liderança.

Chamos: O extremo do agressivo do caos, dominado pelo ambiente destrutivo e o


desmantelamento das estruturas e da organização.
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Caos: O espaço criativo da incerteza, onde acontecimentos espontâneos, o improviso
e o imprevisível ocorrem. Excelente lugar para o surgimento do novo. Porém, a falta
de pragmatismo impede que haja continuidade e concretização de ações e planos,
tornando difícil a estabilidade de formas.
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Ordem: O espaço regular da previsibilidade, onde os padrões se repetem. Ótimo para
ações práticas, mas o excesso de rigidez pode podar a imaginação e impedir a
fertilidade.
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29 jul a 01 ago 2014
Controle: O extremo dominador da ordem, no qual a imposição forçada de conceitos
e vontades pré-determinadas paralisa toda a inovação. O espaço mecanizado resultante
sufoca a vida. O controle é o paradigma dominante na sociedade atual.
Também é importante entendermos as intersecções entre os diferentes espaços de
organização:
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Ordem-Controle: Essa intersecção é comum nos atuais sistemas sociais, com
frequente extrapolação para o controle. Em tempos de estabilidade, é um caminho
seguro para se seguir, oferecendo previsibilidade e “mais do mesmo”. Ótima opção
para se manter o status-quo, porém, na presença de incerteza e necessidade de
inovação, o apego cego a esse caminho pode ser extremamente ineficiente e gerar
frustração, paralisando a criação.
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Caos-Ordem, o Caórdico: O princípio de organização fundamental da natureza e da
evolução. Ótimo para fomentar inovação. Quando há caos e ordem simultaneamente,
na medida certa, a auto-organização ocorre. Os sentimentos que encontramos no
caminho caórdico frequentemente são a ansiedade, o medo e a insegurança, tanto
pessoalmente quanto em grupos. Quando reconhecemos estes sentimentos como
nossos amigos (permitindo que continuemos nesse caminho), impressionantes e
imprevisíveis resultados surgem espontaneamente, internamente e na interação
coletiva. A alegria da descoberta e da criação é uma consequência natural quando
temos a coragem de atravessar o caórdico. A transição do controle para o caórdico é o
movimento iminente da nossa cultura global atual.
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Caos-Chamos: E nesta interseção, o que podemos enxergar? Existe valor aqui?
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OS PASSOS CAÓRDICOS
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Existem passos estratégicos e claros quando seguimos no caminho Caórdico. Esses
passos são uma maneira de trazer estrutura suficiente, ou ordem dentro do caos, para
nos manter caminhando em frente no caminho caórdico. Eles nos permitem progredir
gradualmente dando mais forma para nossos projetos ou organizações à medida que
progredimos. Esses passos podem ser usados como uma ferramenta de planejamento e
nos ajudam a entender o que estamos descobrindo sobre uma organização,
comunidade ou iniciativa. No entanto, estes passos não têm um começo consistente e
definido. Por exemplo, você (ou aqueles com quem trabalha) pode começar com um
conceito, com falta de clareza da necessidade ou do propósito.
Outra forma de pensar isso é como facetas, lados de uma pedra preciosa. Cada
faceta ilumina esta pedra preciosa.
O processo caórdico é uma movimentação contínua, cada passo integrando e
incluindo o anterior. Ele é um processo interativo e não linear – sendo alimentado por
uma contínua colheita e ciclo de retroalimentação (feedback). Uma vez que você
definiu os princípios, você checa novamente se eles apóiam o propósito – e assim por

diante. O proceso nos permite permanecer em reflexão e prática.


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Necessidade (pergunta significativa coletiva): Toda ação efetiva deve partir de uma
necessidade efetiva. Que necessidade real buscamos satisfazer? Importante aqui é que
a necessidade seja identificada de forma coletiva, para evitar que objetivos pessoais
sejam impostos a um grupo. Onde está a intersecção entre a minha necessidade e a
necessidade do mundo?
!
Propósito (objetivo digno): Para atender à necessidade, o primeiro passo é definir o
propósito da comunidade com clareza e profunda convicção. Esta afirmação, de fácil
compreensão comum, identifica e interliga os membros da comunidade como objetivo
digno de ser perseguido. Comumente pode ser expresso em uma frase. A pergunta que
inspira é: “Se alcançarmos esse propósito, nossa vida terá significado?”.
!
Princípios (de cooperação): O conjunto de princípios, com as mesmas características
do propósito (claro, convicto, compreensível), guia os envolvidos na busca pelo
propósito. O seu conteúdo ético e moral requer um envolvimento dos indivíduos
íntegros, não apenas do intelecto. Dê preferência ao descritivo ao invés do prescritivo
e procure princípios que se iluminem mutuamente. Visto como um todo, o propósito e
os princípios formam o corpo de crenças que unirá a comunidade e guiará decisões e
ações.
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Pessoas (stakeholders, comunidade, companheiros - confiança mútua): Com clareza
de propósito e princípios, identificamos todos os envolvidos e afetados, os
participantes cujas necessidades, interesses e perspectivas devem ser levados em conta
ao conceber (ou reconceber) a organização. Esta é a oportunidade de assegurar que
todos os indivíduos e grupos interessados foram considerados e envolvidos quando o
novo conceito organizacional é perseguido.
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Conceito (organizacional): Após identificar todos os envolvidos, buscamos e
definimos de forma criativa e desinibida um conceito geral da organização. À luz do
propósito e dos princípios, buscamos estruturas organizacionais inovadoras nas quais
possamos confiar como justas, equitativas e efetivas. Além disso, busca-se respeito a
todos os participantes, em relação a todas as práticas com as quais podem se envolver.
Frequentemente descobrimos que nenhuma forma de organização existente atende a
isso e algo novo tem que ser concebido.
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Crenças (limitadoras): Ao criarmos um conceito organizacional inovador,
normalmente esbarramos em crenças limitadoras. Quais são estas crenças? Isto é
impossível, as leis não permitem, ninguém fez antes, isso não funciona... Listar e
identificar claramente esses limites nos ajuda a encontrar formas de transcendê- los,
ou nos mostra que é necessário redesenhar o conceito de organização.
!
Estrutura (estatutos, contratos, escritórios): Assim que o conceito organizacional
estiver claro e tivermos lidado com as crenças limitadoras, os detalhes da estrutura
organizacional são expressos. Esta constituição formal deve incorporar com precisão a
substância dos passos anteriores. Ela irá incorporar o propósito, os princípios e o
conceito, especificar os direitos, obrigações e relação de todas as pessoas envolvidas,
e eventualmente (se necessário) estabelecer a organização como uma entidade legal
(ou um conjunto de entidades), através de estatutos e regimentos ou documentos
similares.
!
Práticas (ação, produtos, serviços): Com clareza de propósito e princípios
compartilhados, os participantes certos, um conceito efetivo e uma clara estrutura,
práticas e ações irão se desenvolver naturalmente de forma focada e efetiva. Elas irão
combinar de forma harmoniosa a cooperação e a competição em uma organização
transcendente em que todos confiam. O propósito é então realizado muito além das
expectativas originais, em um sistema auto- organizado e autogovernado, capaz de
aprender e evoluir continuamente.
!

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29 jul a 01 ago 2014
DIVERGÊNCIA, EMERGÊNCIA, CONVERGÊNCIA
!
Ao nos engajarmos em uma investigação ou conversa com múltiplos agentes,
operamos em três fases distintas no processo de divergência, emergência e
convergência. Cada uma dessas fases são diferentes, e é importante sabermos onde
estamos no processo e o que é necessário em cada fase.
Essas três maneiras diferentes de pensar e trabalhar podem ser comparadas às
três fases da respiração: inspirar (pulmões expandindo / divergentes) reter
(emergindo), expirar (pulmões em contratação / convergindo). Formas divergentes e
convergentes de pensamento e de trabalho são diferentes e complementares. A
respiração de divergência e convergência, de inspirar e expirar, está no coração de
nosso projeto processo. Todo o processo passa por vários desses ciclos respiratórios.

O pensamento divergente normalmente gera alternativas, uma discussão


aberta que reúne diversos pontos de vista e descompacta o problema.
O pensamento convergente significa avaliar as alternativas, resumindo os
pontos principais, classificando idéias em categorias e chegando a conclusões gerais.

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29 jul a 01 ago 2014
A fase divergente é não-linear e precisa de “tempo de caos”. É orientada para
o processo e precisa de tempo prolongado para decisão. Para anfitriar bem esta fase, é
importante concentrar-se sobre o processo e dedicar tempo suficiente, sabendo que as
próximas fases poderão ocorrer rapidamente quando essa primeira fase tem permissão
gerar o seu propósito.
A fase convergente é orientada e focada, linear, estruturada e geralmente
sujeita à restrições de tempo. Ela está focada na obtenção de resultados e pode exigir
decisões rápidas.
A fase emergente está entre a fase divergente e convergente, é carinhosamente
conhecida como a “zona da dor do crescimento’, é a fase em que a mágica acontece. É
onde as diferentes idéias e necessidades são integradas, podendo nos obrigar a esticar
o nosso próprio entendimento para segurar e incluir outros pontos de vista. É um
trecho desconfortável, mas é também a fase em que a solução nova e inovadora
emerge.
!
Trabalhando com a emergência
Emergência é o fenômeno da Ordem decorrentes do Caos.
!
Uma definição mais sutil é a seguinte: emergência é a complexidade de ordem
superior decorrente do caos, em que novas estruturas coerentes se aglutinam através
de interações entre as diversas entidades de um sistema.
Liderança participativa trabalha com processos de mudança emergente. O
trabalho é feito não por “comando e controle”, abordagens mais tradicionais, mas por:
• Definição clara de intenção
• Criação de um campo de acolhimento
• Convite para conexão entre pessoas 

!
Há alguns desafios para se trabalhar com a emergência, que pode ser especialmente
difícil para os líderes em culturas tradicionais.

Começar é um salto de fé - as sementes da maioria das grandes idéias são mal
compreendidas, demitidas ou desencorajadas por outros. 

O sucesso pode ser um obstáculo - uma vez que a emergência envolve o
desconhecido, é arriscado. Organizações têm medo de prosseguir sem certeza.
Os resultados podem ser difíceis de reconhecer - quando encontramos novidades,
nosso primeiro impulso é tentar se encaixar em nossa estrutura existente de referência.

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29 jul a 01 ago 2014
Às vezes, aparentemente mudanças menores podem alterar suposições fundamentais
sobre como as coisas funcionam. No entanto, anos podem passar antes de apreciar as
implicações.
O mais importante não está no nosso radar - as organizações tendem a medir o
“tangível” como ‘número de empreendimentos lançados e implementados com
sucesso’. Mas os frutos mais poderosos dos processos de mudança emergentes tendem
a ser intangíveis, como confiança e amizade. A auto- organização de redes que surge
pode ser catalisada em ação se a intenção de magnitude suficiente surgir.
Nem todo mundo faz a viagem - a maioria de nós tem experimentado situações em
que outros têm dado o salto de fé e, por alguma razão, escolhemos não segui-los. Será
que estamos perdendo alguma coisa? Ou está todo mundo perigosamente
desequilibrado?
Morte ou perda faz parte do processo - talvez o medo da perda é a maior razão pela
qual nós resistimos à emergência. Poucos de nós optamos por experimentar tumulto
emocional se podemos evitá-lo.
!
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29 jul a 01 ago 2014
PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO NOS SISTEMAS VIVOS E MECÂNICOS

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Círculo
Nós vivíamos em pequenos grupos como nômades. O círculo se tornou a mãe de todas
as nossas formas de organização - os humanos começaram a sentar-se em círculo
assim que tiveram o fogo para estar ao redor. Nós contávamos histórias, realizávamos
conselhos dos sábios e resolvíamos problemas desta forma. Esta forma é muito útil
para estimular a reflexão, contar histórias e estar juntos. O propósito está no centro – e
é compartilhado.
!
Triângulo (Hierarquia)
Assim que paramos nossas vidas nômades para nos estabelecer em um lugar, nós
desenvolvemos a agricultura. Nossa comunidade aumentou, emergiram as classes do
clero (de ritual) e dos guerreiros ou soldados (para proteção). Começamos a
desenvolver hierarquias e a nos organizar em “níveis” onde uma pessoa, ou grupo de
pessoas, tinha poder sobre os outros. A forma triangular da hierarquia é muito útil para
a ação, para fazer as coisas. O propósito é realizado no nível superior.
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29 jul a 01 ago 2014
Burocracia
Hierarquias simples são extremamente instáveis em face do inesperado. A idade
industrial trouxe a mudança e mais complexidade.A burocracia tornou-se o modelo
organizacional predominante, especializando-se na horizontalidade e na hierarquia
abrangente, que controlava verticalmente. Juntos, eles conseguiram complexidade
muito maior do que qualquer um poderia fazer sozinho. Burocracia é fantástico para a
estabilidade, otimização e manutenção do status quo, e para gestão de situações
complexas, até certo ponto. Assim que a complexidade e a velocidade aumentam,
aburocracia não é ágil o suficiente para dar respostas. Ela normalmente se move
lentamente em frente à mudança. O propósito da burocracia também está no topo.
!
Redes
Uma forma mais recente de organização (descrita pela primeira vez na década de 70),
as redes surgiram na idade da informação/comunicação, como uma resposta a uma
necessidade de organização e reorganização rápida e flexível. As redes são um
conjunto de indivíduos, círculos (pequenos grupos) ou triângulos (hierarquias) que se
interconectam. As redes podem ligar todos os tipos de organizações.Nós raramente
encontrarmos redes de burocracias, mas as redes podem e muitas vezes realmente
surgem dentro delas. Redes são ótimas para relacionamento, flexibilidade e inovação,
e para fazer as coisas rapidamente. As ligações são guiadas pelos propósitos
individuais em harmonia com um propósito coletivo. Os diferentes nós são conectados
porque os respectivos propósitos precisam uns dos outros. Uma vez que a necessidade
não está mais lá, a conexão da rede se quebra.
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29 jul a 01 ago 2014
O QUINTO PADRÃO DE ORGANIZAÇÃO, UMA SUGESTÃO
!
Qual o próximo nível de padrão de organização? Essa é uma das perguntas
inquietantes que a comunidade do Art of Hosting está explorando.

Como fazer uma combinação sábia dos padrões de


organização? Uma “esfera” de círculos, triângulos,
quadrados... o que quer seja e quando quer que seja
necessário?
!
Um exemplo deste tipo de padrão organizacional é o
modelo que chamamos de “esferas de governança”,
que combina uma série de círculos concêntricos em
torno de um propósito comum.
!
O quinto padrão de organização é uma combinação do
círculo - ou Conselho - para a clareza coletiva; o
triângulo - ou hierarquia - para a ação; a burocracia para
a responsabilização, estrutura e estabilidade; e a rede para o compartilhamento rápido
de informações e inspiração, ligando todas as partes.
!
!
A clareza coletiva de propósito é o
líder invisível.
!
Propósito comum claro traz
ambiente de confiança e fomenta
autonomia e iniciativas
consistentes.
!
Como manter a essência e, ao
mesmo tempo, estar em rede?


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29 jul a 01 ago 2014
SISTEMAS VIVOS COMO UMA ABORDAGEM NATURAL PARA A VIDA
!
Quais são os sistemas de crenças presentes em nós que pode atrapalhar que a energia
de mudança se manifeste?
!
• Um sistema vivo aceita apenas as suas próprias soluções (nós somente
apoiamos aquilo do qual somos parte criadora);
• Um sistema vivo apenas presta atenção naquilo que é significativo para si (o
que está presente aqui e agora);
• Um sistema vivo participa no desenvolvimento de seus vizinhos (um sistema
isolado está condenado);
• A natureza e tudo da natureza, incluindo a nós mesmos, está em constante
mudança (sem “gerenciamento de mudança”);
• A natureza procura diversidade, novas relações abrem novas possibilidades
(não é a sobrevivência do mais forte);
• A natureza não busca achar soluções perfeitas (“ajustes” abrem brecha para o
que é possível aqui e agora);
• Um sistema vivo não pode ser podado ou controlado;
• Um sistema muda sua identidade quando a percepção de si mesmo é alterada;
• Todas as respostas não estão “lá fora” (precisamos experimentar para
descobrir);
• Quem somos coletivamente é sempre diferente e mais do que somos sozinhos
(possibilidade de emergência);
• Nós (seres humanos) somos capazes de nos auto-organizarmos – dadas as
condições adequadas;
• Auto-organização se transforma em uma ordem de nível superior.
!
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29 jul a 01 ago 2014
TEORIA U
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A teoria U é uma “maneira de desenhar e conduzir profundos processos de
aprendizado coletivo”. O processo em U é dividido em três fases, as duas primeiras
são sentir e presenciar, e a última engloba a criação de protótipos e atuação em uma
única etapa chamada de realizar. Estas etapas tem as seguintes características:
!
Sentir: Questionar profundamente seus modelos mentais, vendo a realidade que está
além do próprio filtro.
!
Presenciar: Mover-se dali para um processo profundo de se conectar com uma visão e
um propósito, individual e coletivamente.
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Realizar: Elaborar rapidamente um protótipo para traduzir essas visões em modelos
de trabalho concretos, dos quais se possa receber feedback e fazer novos ajustes.

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29 jul a 01 ago 2014
O significado do U está relacionado ao processo de mudança e seu formato
deve- se ao fato de que ao descer o lado direito o indivíduo percorre um caminho para
compreender seus modelos mentais e como eles estão relacionados à realidade na qual
está inserido. O fundo do U é um espaço para reflexão, o indivíduo já tem um maior
conhecimento sobre si e do ambiente, e agora tem a possibilidade de compreender a
realidade atual e iniciar um processo de inovação, que é a subida do U. Nesta parte,
todas as novas ideias são colocadas em práticas, o que não significa o fim, já que o
processo pode iniciar novamente ou etapas serem revistas se necessário.
A teoria U pode auxiliar pessoas a melhorarem sua capacidade de compreensão
de problemas, além de gerar habilidades para lidar com diferentes desafios. Para isso,
o líder deve ser capaz de suspender suas formas habituais de enxergar e compreender.
Ele não pode buscar apenas em sua experiência ou conhecimento informações para
auxiliar os outros - ele precisa ir além do que já sabe e começar a buscar informações
que ainda não detém. Além disso, ele deve ser capaz de criar espaços de aprendizagem
e inovação, nos quais um grupo possa co-criar novas soluções.
!
O primeiro tipo de escuta acontece toda vez que a pessoa recebe um estímulo e
reage a ele. Ou seja, ela tende a reproduzir hábitos e acaba por reproduzir padrões
passados continuamente. Tal atitude faz com que o indivíduo se torne muito centrado
em si; ele está sempre julgando e analisando o que ouve, prestando pouca atenção no
que está realmente sendo dito. Nesse nível, há pouco espaço para a criatividade e
novas ideias. Um exemplo é o indivíduo que tende a sempre interromper e dizer “isso
eu já sabia”.
O segundo tipo é o ouvir focado no objeto, ou seja, o indivíduo centra sua
atenção no que está vendo ou ouvindo, deixando de utilizar a análise imediata do fato,
ou a voz do julgamento. A ideia central do debate é conhecer o outro e verificar se as
ideias dele são diferentes das próprias ideias. Apesar de já se focar o outro, ainda
existe a tendência de se comparar ideias. Nesse momento, surgem perguntas e mais
interesse no que está acontecendo, possibilitando maior conhecimento dos fatos.
O terceiro tipo é o ouvir empático o qual surge quando se pensa: “Ah, sim, eu
sei o que você está sentindo”. Quando o indivíduo muda o foco de atenção do centro
para o exterior (focado no objeto), ele tem a possibilidade de se engajar em um
diálogo, participando ativamente dos fatos que ouve. É preciso abertura para a
empatia, ou seja, o líder passa a ver através dos olhos do próximo. Este ouvir já
proporciona mais criatividade e novas informações. Porém, ele está voltado apenas

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29 jul a 01 ago 2014
para o ato de ouvir, diferentemente do próximo nível que já é uma tentativa de ouvir e
criar ao mesmo tempo.
O quarto tipo é a escuta generativa, que está mais relacionada a um ouvir
interno, ou seja, ao mesmo tempo em que conversa, o indivíduo busca elaborar o que
escutou permitindo que novas ideias surjam. Nesse nível não há barreiras entre os
participantes da conversa, todos escutam e procuram em si motivação para criar novas
idéias.
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29 jul a 01 ago 2014
Tempo ou Tempos?
Chronos e Kairós2
!
Duas palavras gregas para denominar o tempo.
Chronos3 é o tempo mensurado, com dias, meses e anos. É finito, metódico,
controlado, igual para todos. É o tempo linear, que cobramos aos outros e que somos
cobrados. É o tempo do calendário, o tempo do relógio. Nossa sociedade é organizada
baseada neste tempo. Ele é útil para a nossa vida em sociedade.
Kairós significa “o momento certo ou oportuno”, subjetivo, qualitativo. Kairós é o
tempo que alimenta a alma, tem a ver com valores e qualidades em seu uso.
Enquanto o Chronos é um tempo espacializado e objetivo, o Kairós é um tempo
significativo segundo um horizonte de sentido.
O tempo é algo para ser vivido. A essência do Kairós é o que você obtém dele.
Chronos, ao contrário, se preocupa com o quanto você gastou dele.
Durante o Art of Hosting convidamos você para viver no tempo Kairós e descobrir
qual é o seu ritmo interno, como você percebe a passagem do tempo e o quanto esta
percepção do tempo te influencia.
!
Aprofundamento4
Na estrutura linguística, simbólica e temporal da civilização moderna, geralmente
emprega-se uma só palavra para significar a noção de "tempo". Os gregos antigos,
pelo contrário, tinham três conceitos para o tempo: chronos, kairós e Aeon.
Na mitologia grega, Chronos (no latim chronus, em grego Χρόνος e que
significa “tempo”) era a personificação do [Deus do] tempo e das estações. Kairós (no
latim momentum, em grego καιρός) é uma palavra da língua grega antiga que significa
“o momento oportuno”, é a experiência do momento certo ou supremo. Os pitagóricos
viam-lhe como “Oportunidade”. Na Mitologia, Kairós era habitualmente considerado
filho menor de Chronos e Reia, mas posteriormente, na genealogia dos deuses, parece
estar associado a todos eles como manifestação de um momento específico.

2No inglês, há uma ligeira mudança na grafia da palavra relativa a Chronos: escreve-se Kronos.
Kairós permanece da mesma maneira, porém sem o acento: Kairos.
3 Na versão original desse texto, disponível na apostila do AOH Floripa, Chronos estava como sua
versão em inglês, Kronos. Para essa edição, já houve a adaptação.
4Informações obtidas em artigos da Wikipédia. Buscar autores externos (livros, teses). Ver endereço
em referências.
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29 jul a 01 ago 2014
Chronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido,
associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós
refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o
tempo da oportunidade. Aeon já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida
precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente,
também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna
corresponderia ao tempo de Deus.
Kairós é o tempo em potencial, tempo eterno e não-linear, enquanto Chronos é
a medida linear de um movimento ou período. Enquanto Chronos é de natureza
quantitativa, Kairós possui natureza qualitatitva Na disciplina Retórica, por exemplo,
Kairós era uma noção central, pois caracterizava "o momento fugaz em que uma
oportunidade/abertura se apresenta e deve ser encarada com força e destreza para que
o sucesso seja alcançado”.
De forma sistemática5:


5 Quadro desenvolvido por Mariana Tiso a partir de informações disponíveis na wikipédia. Ver nas
referências. Ver também Mark Freier (2006) "Time Measured by Kairos and Kronos".
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29 jul a 01 ago 2014
METODOLOGIAS
!
As próximas páginas introduzem as principais metodologias para boas práticas de
liderança colaborativa propostas pela comunidade do Art of Hosting. Elas foram
elaboradas para engajar grupos de pessoas (pequenos ou grandes) em conversas
estratégicas, onde a sabedoria e inteligência coletiva pode ser colocada à serviço da
descoberta de melhores soluções para propósitos em comum.
!
Existem alguns princípios básicos, ou qualidades, que são comuns para todas essas
metodologias:
• elas oferecem estruturas simples que ajudam a engajar pequenos ou grandes
grupos em conversas que levam à resultados.
• cada um tem suas vantagens e limitações específicas.
• são geralmente baseadas no diálogo, com fala intencional (falar quando você
realmente tem algo a dizer) e escuta atenta (escutar e compreender) como suas
práticas básicas, permitindo que exploremos e descubremos juntos, ao invés de
tentar convencer cada uma das nossas verdades presentes.
• suspender pré-concepções é uma prática básica. nos permite ouvir sem
julgamento e examinar nossas verdades presentes.
• círculo é o modelo de organização primário, seja ele a única forma usada
(como na prática do círculo) ou utilizado em diversos grupos de conversa em
círculo, dentro de uma grande prática (como no world cafe ou open space).
• um encontro no círculo é um encontro de iguais. essas metodologias inspiram
descobertas e aprendizados peer-to-peer.
• investigação e perguntas poderosas são uma força motriz. respostas costumam
fechar a conversa enquanto a investigação leva a conversa para pontos ainda
mais profundos.
• o propósito disso tudo é “pensar melhor em conjunto”, que é engajar a
inteligência coletiva para melhores soluções.
• facilitar esses engajamentos ou conversações é um trabalho de anfitriação,
permitindo que soluções emerjam da sabedoria do centro. anfitriar requer um
certa proficiência na prática dos quatro quadrantes: estar presente no momento
em que está acontecendo, engajar-se em conversas com outros, anfitriar
conversar e co-criar e co-anfitriar com outros.
• existem algumas condições necessárias para que esse engamento funcione bem.
qualquer engajamento ou conversa estratégica precisa estar fundada em uma

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necessidade real e tem que ter um propósito claro. quaisquer limitações
precisam ser trazidas de antemão. você também pode definir critérios de
sucesso ou ter uma ideia do resultado esperado mesmo que a solução concreta
só venha a emergir da própria conversação. 


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29 jul a 01 ago 2014
O CÍRCULO
PeerSpirit Circling!
!
O círculo, roda ou conselho, é uma forma antiga de
encontro que tem reunido pessoas em conversas
respeitosas por milhares de anos. Em algumas regiões do
mundo essa tradição continua intacta, mas em algumas
sociedades foi praticamente esquecida.
O que transforma uma reunião em um Círculo é a vontade das pessoas em
mudar de socialização informal ou discussão opinativa em uma atitude receptiva de
falar com intenção e ouvir com atenção.
Sentar em círculo e estar presente, conversar, ouvir, testemunhar, representar,
reagir, aprofundar, espelhar, rir, chorar, lamentar, aprender com as experiências e
compartilhar a sabedoria da experiência, estas práticas nutrem a alma inspirando
novas formas de ser e atuar no mundo. Pessoas em círculos apóiam-se umas às outras
e se descobrem através da conversa.
O círculo intensifica as cooperações e aproxima emocionalmente as pessoas
que trabalham juntas. Círculo não tem hierarquia – é a própria expressão da equidade.
É assim que a cultura se conduz quando ouve e aprende a partir da contribuição de
todos. Em um círculo, cada um tem uma posição espacial que é igual a cada outro.
Assume sua vez e o círculo gira, fala e é ouvido.
Para ser um campo seguro, tudo que for dito deve ser tratado com respeito.
Revelar-se demanda coragem e confiança, e isso deve ser honrado e mantido em
confidencialidade.
A transição de conversa para círculo - a transição do mundano para o espaço
sagrado - necessita de mais do que um chamado “é hora de começar”. Um toque
especial pode fazer com que isso aconteça com respeito e intenção. Alguns círculos
começam dando-se as mãos e se aquietando, outros com o som de um sino. Assim
como há maneiras de abrir o círculo, há também maneiras de fechá- lo. Palavras,
ritual, sons, quietude. Apagar a vela.
Não é o que é feito, mas o espírito com o qual é feito que faz toda a diferença.
A chama de uma vela no centro, por exemplo, é um símbolo visível de um fogo
invisível que é espírito, alma, sabedoria. O centro é o que torna o círculo especial ou
sagrado. Em silêncio ou cantando ou murmurando, cada um se conecta com o seu
próprio centro e com o centro do círculo e percebe-se tanto como um raio da roda

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quanto como o aro. Uma parte invisível da roda, conectada com todas as outras do
círculo através do centro. Isto é o que torna o círculo um espaço sagrado.
!
Ouvir é tão importante quanto falar.
Uma ferramenta que contribui com o Círculo é o bastão da fala, uma prática da
tradição nativa norte-americana. Ele pode ser qualquer objeto. Enquanto alguém está
segurando o bastão, ele tem a palavra e não é interrompido. Com o bastão da fala
ouvimos mais intensamente e elaboramos nossos pensamentos antes de falar. Com ele
nós invocamos a sabedoria, a honestidade e a compaixão que existe no centro do
círculo e em nós.
!
A Construção do Círculo

!
Intenção
Intenção dá forma e determina quem vem ao círculo, o tempo que ele dura e que tipo
de resultado é esperado. O chamador dispende tempo articulando a intenção e o
convite do círculo.
!
Ponto de partida ou boas-vindas
Uma vez que as pessoas estão reunidas, é útil iniciar o círculo com um gesto que
mude a intenção do grupo de espaço social para espaço de conselho. Este gesto de

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boas-vindas pode ser um momento de silêncio, a leitura de um poema, uma musica, ou
um toque de sino. Algo que convide a atenção para o centro.
!
Estabelecendo o centro
O centro de um círculo é como o eixo de um roda, todas as energias passam por ele e é
o que detém o aro junto. Para lembrar de como o eixo ajuda o grupo, o centro de um
círculo geralmente contém objetos que representam a intenção do círculo. Qualquer
símbolo que se encaixa nesse propósito ou adiciona beleza vai servir: flores, cestas,
velas, incensos, etc. As pessoas podem colocar objetos pessoais no centro como uma
forma de expressar sua presença e relação com a intenção.
Check-in
O Check-in (a entrada) coloca o grupo em um estado de espírito para o espaço de
conselho e lembra a todos de seu compromisso com a intenção declarada. Ele garante
que as pessoas estão verdadeiramente presentes. O compartilhamento verbal,
especialmente uma breve história, ajuda a tecer a rede interpessoal do círculo.
!
Definição dos acordos
O uso de acordos permite que todos os membros tenham uma troca livre e profunda,
respeitando a diversidade de pontos de vista e dividindo a responsabilidade do
direcionamento e bem-estar do grupo. Acordos frequentemente utilizados incluem:
• ouvir sem julgar (diminua o ritmo e ouça);
• presevar o que for dito no círculo dentro do círculo;
• oferecer o que puder dar e pedir o que precisar;
• o silêncio também faz parte da conversa.
• identificar um guardião dentro do grupo para assistir às nossas necessidades, ao
tempo e à energia do centro.

Princípios do círculo 

O círculo é um grupo de liderança colaborativa:
• liderança rotativa
• responsabilidade compartilhada
• confiança em um propósito maior que una os participantes

Práticas do círculo

Falar com intenção, notando o que tem relevância para a conversa no 

momento. Falar em primeira pessoa pode ser um grande aliado; 


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Ouvir com atenção e com o coração, com respeito ao processo de aprendizado de
todos os membros do grupo; 

Contribuir para o bem-estar do grupo, permanecendo atento ao impacto de nossas
contribuições.
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O Guardião
Uma ferramenta importante para ajudar na auto-governança e trazer o círculo de volta
para sua intenção é o guardião. Um membro do círculo se voluntaria para assistir e
proteger a energia do grupo e observar seu processo. O guardião geralmente emprega
um objeto, como um carrilhão, sino ou chocalho que utiliza para pausar a ação, tomar
fôlego e descansar em um espaço de silêncio. Em seguida, o guardião faz o sinal
novamente e fala porque chamou a pausa. Qualquer membro pode chamar uma pausa
para o círculo.
!
Check-out e despedida
Ao final do círculo, é importante que cada pessoa comente sobre o que aprendeu ou o
que permanece no seu coração e em sua mente ou como ela está saindo do círculo.
Essa verificação fornece um fim formal para a reunião, uma oportunidade para
membros refletirem sobre o que aconteceu. Quando as pessoas retornam do espaço de
conselho para o espaço social, elas liberam umas às outras da intensidade de atenção
que o círculo requere. Muitas vezes, depois do check-out, o anfitrião, guardião ou um
voluntário oferece algumas palavras inspiradas de despedida, ou um sinal de alguns
segundos de silêncio antes do círculo ser encerrado.
!

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INVESTIGAÇÃO APRECIATIVA
!
“Nenhum problema é resolvido com o mesmo nível de
consciência que o criou.”
Albert Einstein
!
Investigação: o ato de exploração e descoberta. Para fazer perguntas, para ser aberto e
para ver novos potenciais e possibilidades.
Apreciação: valorização, o ato de reconhecer o melhor nas pessoas ou no mundo que
nos rodeia; afirmando forças, sucessos e potenciais do passado e do presente, para
perceber coisas que sustentam a vida (saúde, vitalidade, excelência) em sistemas
vivos.
!
A investigação apreciativa é uma estratégia para mudança intencional que
identifica o melhor do ‘que é’ para perseguir as possibilidades do que ‘poderia ser’.
Uma ferramenta ideal para se trabalhar em planejamentos estratégicos e resolução de
questões complicadas. Uma busca cooperativa pelas fortalezas, paixões e forças que
trazem a vida que encontramos em qualquer sistema e que tenham o potencial para a
mudança inspirada e positiva.
!
Pressupostos
• em qualquer comunidade algo funciona;
• aquilo a que damos foco torna-se realidade;
• a realidade é criada no momento – existe mais de uma realidade;
• o ato de fazer perguntas influencia a comunidade de alguma forma;
• as pessoas têm mais confiança em seguir a jornada para o futuro quando elas
integram experiências do passado;
• ao integrar as partes do passado ao futuro, que sejam as melhores experiências;
• é importante valorizar as diferenças;
• a linguagem que usamos cria a nossa realidade.

A dinâmica da investigação apreciativa 

Investigação apreciativa pode ser realizada como um processo estruturado passando
pelas seguintes fases: 

Descoberta: Identificando processo organizacionais que funcionam bem. Sonho:
Imaginando processos que funcionariam bem no futuro.


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Design: Planejando e priorizando esses processos.

Entrega: Implementando os processos propostos.

A ideia central é construir organizações ao redor do que funciona, ao invés de tentar


arrumar o que não funciona.!

Princípios da investigação apreciativa


• construímos nossa realidade a partir dos nossos relacionamentos;
• mudanças começam no momento em que fazemos perguntas;
• organizações são livros abertos e as pessoas são co-autoras;
• mudanças profundas são iguais a mudanças em nossas imagens de futuro;
• quanto mais positiva a pergunta, maior e mais sustentável a mudança;
• o sentimento de pertencimento no todo traz significado.
!
Para saber mais sobre investigação apreciativa, acesse:
www.Appreciativeinquiry.Cwru.Edu 

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29 jul a 01 ago 2014
WORLD CAFÉ
!
O world café é uma forma intencional de criar uma
rede viva de conversas em torno de questões que
importam. Ideal para gerar ideias ou reunir
conhecimentos diversos em torno de um tema.
Também é aplicável em situações nas quais precisa-se construir convergência de
entendimento. À medida em que criamos nossas vidas, nossas organizações e nossas
comunidades estamos, de fato, movendo-nos entre as ‘mesas de conversas’ do world
café.
É uma metodologia criativa para anfitriar conversas autênticas em grupos de
todos os tamanhos. Você junta várias outras pessoas em mesas ou pequenos
agrupamentos de conversa para explorar uma questão ou problema que realmente seja
importante para sua vida, trabalho ou comunidade. Outros estão sentados em mesas ou
agrupamentos vizinhos explorando questões semelhantes ao mesmo tempo. Você não
vai ficar sentado por muito tempo, porque parte da emoção de participar do world café
é a oportunidade de passar para um outro grupo, visitando novas pessoas, e assim
polinizar ideias cruzadas e insights.
!
À medida que as conversas se conectam, o conhecimento coletivo cresce e
evolui. A sensação de um todo maior torna-se real. A sabedoria do grupo se torna mais
visível. O world café é também uma metáfora útil para perceber como podemos
aprender, compartilhar conhecimento, tornar significativo, e co-evoluir nosso futuro
através das redes vivas de conversas em que participamos. Assim como os peixes não
vêem a água em que nadam, muitas vezes não vemos as teias de conversa em que nos
envolvemos e sua importância para o futuro de nossas organizações e comunidades
como sistemas vivos. Em uma reunião de world café, as pessoas têm a oportunidade
de experimentar essas invisíveis redes de aprendizagem mais intencionalmente.
Quanto se chega na essência, redes vivas de conversação são o coração de nossa
capacidade como comunidade humana criadora dos futuros que nós queremos, ao
invés de sermos forçados a viver com os futuros que se apresentam.
Diversos tipos de world café já foram realizados, desde grandes encontros com
mais de mil participantes até pequenos grupos de uma dúzia de pessoas. Os objetivos
de cada um deles foram tão diversos como as pessoas presentes. No entanto, o world
café em si tem demonstrado uma notável capacidade de promover a conversação

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autêntica entre as pessoas que podem nunca ter se conhecido e que não tiveram
treinamentos formais de diálogo.
!
O world café tem como pressuposto que as pessoas já têm dentro de si a
sabedoria e criatividade para enfrentar até mesmo os mais difíceis desafios. Dado o
contexto apropriado e foco, é possível para os membros acessar conhecimento
profundo sobre o que importa. Há seis princípios de funcionamento subjacentes às
conversas no estilo world café. Quando estes seis princípios são usados em
combinação, eles têm a capacidade de fomentar a colaboração e o diálogo, fortalecer a
comunidade, despertar insights criativos e criar novas possibilidades para a ação
construtiva.
!
Princípios
• Criar um espaço acolhedor
• Explorar questões que realmente importam
• Encorajar a contribuição de todos
• Conectar ideias e pessoas diversas
• Escutar juntos padrões, insights e questões profundas e relevantes
• Tornar o conhecimento coletivo visível
!
Pressupostos
• O conhecimento e sabedoria que precisamos estão presentes e acessíveis;
• Insights coletivos desenvolvem-se quando:
• honramos contribuições únicas;
• conectamos ideias;
• escutamos o centro;
• percebemos temas e questões profundas;
• A inteligência emerge quando o sistema conecta-se consigo mesmo de maneira
diversa e criativa.
!
Pergunta(s) noteadora(s)
Um dos elementos centrais em um world café é a elaboração da pergunta norteadora
das conversas. Pode ser uma única em todas as rodadas ou um conjunto de perguntas
interligadas entre si. Boas perguntas de world café são aquelas que se dirigem ao
coletivo e reúnem, ou provocam, as pessoas em torno de um assunto instigante de

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interesse comum, que o coletivo tenha vontade de explorar. É importante estarmos
perguntando ao coletivo como um todo.
!
A etiqueta do world café

Foque no que é importante

Contribua com suas ideias e experiêncas

Ouça e compreenda

Conecte ideias

Investigue padrões, insights e questões mais profundas
Desenhe, rabisque e divirta-se!!

!
A dinâmica do world café
• Grupos de 4 a 6 pessoas sentam-se em mesas ou agrupamentos circulares.
• São definidas rodadas de conversação, geralmente entre 20 a 30 minutos. Em cada
rodada, uma questão poderosa é apresentada aos grupos.
• Uma das pessoas do grupo é convidada a permanecer na mesa como “anfitrião”
enquanto o restante troca de mesa como “embaixadores” das ideias e insights
gerados.
• O “anfitrião” compartilha insights, perguntas e ideias que emergiram nas rodadas
anteriores com os novos particpantes do mesa e então partem para a pergunta da
rodada.

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29 jul a 01 ago 2014
• Após o fim da última rodada, é dado tempo para que todos os participantes
conversem e colham o resultado da atividade. 

Para saber mais sobre world café, acesse: www.Theworldcafe.Com
!

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29 jul a 01 ago 2014
ESPAÇO ABERTO
Open Space Technology, OST
Com o espaço aberto, não há idéias que permanecem
ocultas ou não ditas. Tudo emerge.
!
A Tecnologia de Espaço Aberto (TEA) é uma forma que
possibilita que qualquer tipo de pessoa, em qualquer tipo de organização, crie reuniões
e eventos inspiradores. Trata-se de uma metodologia para a criação de um espaço
aberto no qual os participantes propõem e se responsabilizam pelos temas a serem
discutidos e aprofundados, criando a própria agenda do evento.
É uma forma de organizar reuniões, conferências ou grupos aproveitando a
motivação dos indivíduos, fazendo uso da capacidade de auto-organização inerente a
qualquer sistema. Provoca uma migração dos participantes da posição de expectadores
para protagonistas do processo. Pode ser usado para planejamento de ações, resolução
de conflitos, geração de novas ideias.
O espaço aberto é útil para quase todos os contextos, incluindo
direcionamentos estratégicos, projeções de futuro, resolução de conflitos, construção
de moral, consulta com influenciadores, planejamento comunitário, colaboração e
aprendizagem profunda. sobre questões e perspectivas.
As condições para um bom espaço aberto são:
• Um problema real
• Diversidade e complexidade (de pessoas e opiniões)
• Desprendimento do resultado
• Senso de urgência
• Conflito efetivo ou potencial.
!
A dinâmica
O grupo de facilitadores do espaço aberto recebem todos os participantes em um
círculo e apresenta brevemente o processo que será realizado.

Os participantes com questões e questionamentos emergentes (relacionados ao
tema do espaço aberto) são convidados à entrar no círculo, escrever em um papel sua
proposta de conversa e anunciá-la ao restante do grupo. Essas pessoas serão os
anfitriões desse Espaço Aberto.
Cada anfitrião cola seu papel na parede e escolhe um horário e um local para
sua conversa acontecer, criando a agenda. Esse processo continua até que não haja
mais itens a serem fixados. 


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O círculo se quebra e os participantes caminham até a agenda construída
colaborativamente pelos anfitriões, e tomam nota do local e horário das conversas que
pretendem se engajar. 

São iniciadas as sessões de conversas, conforme acordado na agenda. Em cada
conversa, um colheitador registra os pontos importantes que emergem para
compartilhá-los na sequência com o grande grupo.
Antes dos intervalos ou do encerramento das sessões, o grupo pode se engajar
na convergência da conversa, um processo que levanta os pontos discutidos e define
planos de ação e solução.
A atividade encerra com a reabertura do círculo, onde todos são convidados a
compartilhar suas impressões e insights que surgiram durante o processo.
!
Os papéis no espaço aberto

Anfitrião, propõe um tema e anfitria uma conversa
Participante, participa das conversas propostas
Colheitador, partcipante que registra o que emerge da conversa
Abelha, participante que transita entre as mesas polinizando ideias e insights
Borboleta, participante que transita no espaço aberto e não necessariamente participa
das conversas, mas sustenta o campo através de sua presença e reflexão.
!
Lei dos dois pés
Se você está em um lugar onde não esteja nem contribuindo, nem aprendendo, use os
seus dois pés e vá para um lugar onde esteja.
!
Os princípios do espaço aberto:
• Quem quer que venha são as pessoas certas;
• Quando começar é a hora certa;
• O que quer que aconteça é a única coisa que poderia ter acontecido;
• Quando acabar, acabou. 

!
Pergunta guarda-chuva 

Para a construção da agenda, ou seja a oferta de temas, elabora-se uma pergunta
norteadora, uma pergunta “guarda-chuva”, que gera perguntas ou temas relacionados
ao que ela instiga. É uma pergunta que abre possibilidades. Esta pergunta é
direcionada aos participantes convidando-os ou instigando-os calorosamente a
proporem temas de conversas que sejam muito importantes para si. 


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29 jul a 01 ago 2014
O tom a ser dado neste convite é: 

Se há um tema muito presente para você e que te apaixona, assuma a
responsabilidade de propor uma conversa sobre ele.
!
Um aspecto importante em um processo como esse é o registro das conversas que
acontecem, o que também chamamos de colheita. Há diversas maneiras de se fazer
isto, sendo que uma das mais usadas é a criação de um “template” para que cada
grupo ao longo da sua conversa registre a essência do que foi falado. Isto
normalmente é feito em folhas de flip-chart para que fique visível para todos no grupo
e possa ser compartilhado com mais pessoas no fechamento. Também é possível fazer
um registro das falas do fechamento do Espaço Aberto, no círculo, com todos os
participantes.

A estrutura para um espaço aberto


• Uma sala grande o suficiente para acolher o grupo inteiro durante as rodadas;
• Paredes ou murais onde a agenda será afixada;
• Outras salas ou locais para as conversas sobre os temas propostos;
• Estandes de cavalete ou papel nas paredes para a colheita escrita ou gráfica de
ideias-chave pode ser útil;
• Microfones se necessário.
• Tempo (dependendo de onde se pretende chegar, um Espaço Aberto pode ser
realizado num período de 3 horas ou até em 3 dias.) 


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29 jul a 01 ago 2014
PRO-ACTION CAFÉ
!
“A verdadeira viagem da descoberta não reside em buscar novas paisagens,
mas sim em ver com novos olhos.”
Marcel Proust
!
O pro action café é uma mistura das tecnologias “world café” e “open space”. Foi
concebido primeiramente por rainer von leoprechting e ria baeck em bruxelas, na
bélgica. Assim como no world café, realizam-se conversas em mesas rotativas, ou
seja, cada pessoa participa de diversas conversas. Sendo assim, evoca, traz à tona e
torna visível a inteligência coletiva do grupo, através da polinização de ideias. E assim
como no open space, não há uma agenda pré-definida. Os temas das conversas são
propostos pelos próprios participantes.
O pro action café é uma metotologia que promove espaço para conversas
orientadas à criação, inovação e ação. Os participantes são convidados a trazerem
chamados, projetos, idéias, questionamentos ou o que quer que seja significativo para
eles. As conversas ocorrem com o intuito de colher contribuições da inteligência
coletiva presente para a manifestação dos chamados no mundo, ou mesmo para levá-
los à prática.
!
Conversas que se conectam e se constroem, conforme as pessoas movem-se
entre as mesas, polinizam idéias de forma cruzada e oferecem novos insights para as
questões ou assuntos que são muito importantes em suas vidas, trabalho, organizações
ou comunidades.
O pro action café pode evocar e tornar visível a inteligência coletiva de
qualquer grupo, aumentando a capacidade das pessoas para ação efetiva de realizar
um bom trabalho. Pode ser aplicado para uma rede de pessoas ou para grupos
específicos, em organizações ou comunidades, para engajar conversas criativas que
inspirem e contribuam para ações mais sábias.
!
Dinâmica do pro action café
O processo começa com um rápido check-in em círculo para conectar com o propósito
da sessão e com os demais participantes. Se o check-in já tiver sido realizado como
parte de um processo mais longo, pode-se ir direto para a construção da agenda.
Convide os participantes a apresentarem seu chamado e pedir para a
comunidade a ajuda que precisam para colocá-lo em prática. As pessoas com um

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chamado ou projeto ficam de pé, falam sobre ele e o colocam na agenda, num espaço
correspondente a um local de conversa identificado (de forma numerada).
Divida o número total de participantes por 4, resultando na quantidade de
chamadores com projetos que podem ser trabalhados nas sessões. Ex. Para um grupo
de 40 pessoas, teremos 10 temas no máximo. O princípio é: quem se manifesta
primeiro tem a preferência. Se houver menos temas, adicione mais cadeiras às
conversas, mas procure não deixar mais de 5 cadeiras por mesa. Durante o processo,
cada participante contribuinte (os que não trouxeram temas) chegam para contribuir e
apoiar em 3 projetos diferentes ao longo das rodadas.
!
Assim que a agenda for criada, convide os chamadores para irem para os locais
identificados (numerados) correspondentes. Haverá 3 rodadas de conversa com
duração de 20 a 30 minutos. Cada uma delas será guiada por algumas questões para
ajudar a focar e aprofundar a conversa:
!
1a rodada: Qual é a questão por trás deste chamado/questão/projeto?
Para aprofundar a necessidade e o propósito do chamado.
!
2a rodada: O que está faltando?
Explorar o que poderia fazer o projeto mais completo e possível.
!
3a rodada: O que estou aprendendo sobre eu mesmo? O que estou aprendendo sobre o
meu projeto? Quais são meus próximos passos? Que ajudas ainda preciso?
Para ajudar o chamador a “juntar as peças” e sintetizar o seu projeto.

Após a terceira, dê 20-25 minutos para os chamadores refletirem
individualmente
sobre as 4 questões acima e registrarem seus insights.
!
Etapa coletiva
Uma última rodada, na qual 3 novos participantes contribuintes visitam cada mesa
para ouvir o registro do chamador, seu aprendizado, seus passos, ajudas necessárias e
trazem qualquer outro novo insight ou apoio que possam oferecer.
!

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29 jul a 01 ago 2014
Entre as rodadas, crie sempre intervalos para os participantes contribuintes
tomarem algo, relaxarem, e ficarem prontos para dar apoio ao tema de mais um
chamador na rodada seguinte.
O último passo é reunir o grupo todo em um círculo e convidar dada um dos
chamadores para compartilhar as respostas destas duas questões:
Pelo que agradeço?
Quais serão meus próximos passos?
!
Se houver tempo, o grupo todo pode refletir junto de forma breve sobre:
Que oportunidades vemos para prática do pro action café em nossos contextos?
Finalize o pro actoin café com um gesto coletivo de apreciação ao trabalho
realizado e os presentes dados e recebidos.
!
Materiais e organização
Crie um círculo grande em uma parte do espaço (sala) e do outro lado, monte espaços
de conversa de 4-5 lugares cada um em quantidade suficiente para as conversas. Se o
espaço não permitir a criação destes dois ambientes, então os participantes modificam
o layout do espaço quando for necessário. Prepare as mesas da mesma forma que no
world café, com folhas de flip chart e material para anotações.
Prepare a matriz da agenda com a quantidade correta de sessões de acordo com
o numero total de participantes, dividido por quatro.
Divirtam-se e façam um bom trabalho juntos!
!
Para saber mais sobre o pro action café, acesse: http://sites.Google.Com/a/pro-
action.Eu/pro-action-caf-/how-to-become-a-host/hosting- kit


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29 jul a 01 ago 2014
AQUÁRIO
Fishbowl Conversation
!
A dinâmica
De cinco a oito lugares (cadeiras, almofadas, puffs) são dispostas em um círculo
interno. Este é o aquário. Os lugares restantes são dispostas em círculos concêntricos
que contornam o aquário. Alguns participantes são selecionados para iniciar a
conversa dentro do aquário, enquanto que os demais do grupo sentam-se no círculo
externo. O poder da fala está com os membros integrantes do aquário. As pessoas
sentadas nos círculos externos escutam atentamente.
Embora aconteça de o grupo se auto-organizar na conversa em curso, o
processo de aquário tem geralmente um anfitrião, ou um facilitador, moderador. O
aquário pode ter um tempo pré-determinado ou pode ser no tempo do grupo, ou seja, a
conversa acaba quando acabar.
Em qualquer uma das duas maneiras, o anfitrião introduz o tema para que se
inicie a conversa dentro do aquário. A maneira de o anfitrião ou outra pessoa
referência do grupo introduzir o tema e fazer o convite à participação de todos é muito
importante para a criação de campo desta metodologia. O tema a ser conversado deve
realmente interessar e ter pertinência àquele grupo presente.
Ninguém deve controlar o fluxo de ideias, todos devem estar dispostos a deixar
o conteúdo emergir dos comentários e das perguntas do grupo. Isto é importante
quando temos no aquário a presença de “especialistas”, palestrantes ou experts.
Existem pelo menos duas maneiras de se fazer um aquário: aberto ou fechado,
mas como em todas as metodologias existe espaço para muita criatividade e
complementariedade com outras metodologias.
!
Aquário fechado
Em um aquário fechado, todas as cadeiras são preenchidas no início da conversação e
estas pessoas conversarão por algum tempo (ou todo o tempo) sobre o tema escolhido.
Os demais participantes escutam atentamente.
Uma vez que o grupo concluiu, o anfitrião fecha o aquário e resume a conversa.
Outra possibilidade é abrir o aquário na sequência, para outros participantes tragam
suas percepções a partir do que ouviram. Depende da intenção e do desenho do
processo.
!
Aquário aberto

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29 jul a 01 ago 2014
Em um aquário aberto, pelo menos uma cadeira do círculo interno fica vazia. A
escolha do número de cadeiras vazias no início da atividade fica à critério do anfitrião,
de acordo com o seu propósito e tamanho do grupo.
As cadeiras livres no aquário aberto indicam que a qualquer momento,
qualquer pessoa do público pode adentrar no aquário e trazer as suas contribuições e
perguntas sobre o assunto. Quando isso acontece, um membro do aquário deve
abandoná-lo voluntariamente, liberando uma nova cadeira livre. A conversa continua
com a entrada e saída das pessoas no aquário. Aos poucos, pode ser que nenhuma das
pessoas que iniciaram dentro do aquário estejam mais presentes. A conversa pertence
ao coletivo e não a um número restrito de pessoas.
Geralmente, quem está no aquário percebe quando permanecer ali dentro e
quando sair, baseando-se em sua auto percepção de quanto ainda está contribuindo na
conversa e mesmo observando a intenção de novas pessoas que querem sentar e trazer
suas contribuições.
Quanto mais participantes entrarem no círculo central do aquário, mais rica
será a conversa; o silêncio faz parte da conversa e não falar é visto também como uma
forma ativa de participação.
!
Os princípios do aquário
• o círculo central sempre deve ter cadeira(s) livre(s);
• só uma pessoa fala por vez (facilitado por um objeto da fala, ou microfone);
• quem entra no círculo é porque tem algo construtivo a acrescentar à conversa;
• não há problema nenhum em entrar e sair sem falar;
• evitar repetir informação, ou fugir do tema;
• falar de forma sucinta e clara e ouvir com atenção;
• perguntas direcionadas
!
Quando utilizar?
• para compartilhar informações e estreitar os vínculos de confiança;
• para trazer transparência nos processos de decisão;
• para aumentar o entendimento sobre assuntos complexos;
• como uma alternativa aos tradicionais debates;
• como um substituto de painéis de discussão;
• para incentivar a participação dinâmica;
• para tratar de temas polêmicos;
• para evitar longas apresentações. 


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INSPIRAÇÕES

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Para refletir, ponderar e inspirar, ofertamos uma série de textos sobre a prática de
anfitriar conversas significativas. Alguns desses são textos técnicos e outros mais
poéticos, e todos foram elaborados por diferentes membros da comunidade ao longo
dos nossos anos de prática. Independente da sua forma e conteúdo, todos se unificam
pelo propósito de tangibilizar o poder da lógica e das ferramentas do Art of Hosting e
é um presente nosso para você usar quando se sentir chamado à leitura.
!
!
A PODÊNCIA DA EDUCAÇÃO

André Gravatá
!
Educação é feita principalmente de gente

Gente é feita principalmente de abundância

Freire disse que se a educação não pode tudo

alguma coisa fundamental ela pode

E a educação pode uma podência

Que surgiu bem antes de método ou ciência
!
A educação tem a podência do esticamento do olhar

Para que ele se abra enorme

Do tamanho do mar
!
A educação tem a podência da expansão

Do cultivo de campos de diversidade

Para fertilizar os sertões

Que hoje têm nome de cidade
!
A educação tem a podência do desafiamento

Passa pelo encontro com nossos redemoinhos internos

Que giram, sem trégua, num movimento de bagunçação

Daquelas entranhas feitas principalmente de emoção
!
A educação tem a podência de instaurar

Uma catação de horizontes dentro de cada um

Para que as abundâncias sejam descobertas


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29 jul a 01 ago 2014
Lapidadas, expostas, caleidoscopadas

Tocadas, abertas, compartilhadas
!
A educação tem a podência de conjugar

Um verbo sinuoso, em chamas

O verbo ousadiar

Que é verbo de significância

Verbo de propósito sem demora

Para que nos ousadiemos no agora

E no gerúndio, ousadiando

A qualquer hora.


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29 jul a 01 ago 2014
O ESPETÁCULO QUE CARECE SER ENCENADO SEM TEMPO PARA
SAIR DE CARTAZ: PAULO FREIRE E NÓS!
Edite Faganello Querer, 1 Art of Hosting Nordeste, 2013 - Brasil
!
Para inicio de conversa...
No mundo das possibilidades, nada é impossível. É desse mundo que passo a
conversar com vocês. Acredito que a criação nada mais é do que o sonho colocado em
prática, a revisitação do passado é a abertura para o presente. E no presente, que é o
tempo mais importante que temos, é que teçemos todo o nosso percurso em busca das
mudanças e das trans-formações que queremos ver acontecer no mundo aqui e agora.
!
Para que as mudanças aconteçam é necessário sairmos de nossa zona de
conforto e nos desafiamos a ressignificar as nossas relações. É nas relações uns com
os outros que nos assumimos como seres criadores e realizadores de sonhos, seres
capazes de amar, capazes de assumir um dos maiores desafios que é o de SER um
SER transformador, criador. Nesta perspectiva nosso grande mestre-aprendiz Paulo
Freire convida a cada um de nós a “Assumir-se como ser social e histórico, como ser
pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter
raiva porque é capaz de amar”. Sabemos que esse Ser pensante, comunicante, criador,
realizar de sonhos que Paulo Freire se refere, existe em cada um de nós, talvez nosso
desafio seja descobri que não somos vítimas de nada, mas co-construtores do edifício
de nossas vidas e também do mundo que nos circunda. Sendo co-construtores
podemos fazer escolhas, ousando construir teias de relações sociais em que estejam
presentes os pressupostos da cooperação, do amor e da compaixão. Assim estaremos
co-criando espaços de aprendizados e práticas da Liderança Colaborativa, através do
empoderamento pessoal e do bem-viver coletivo.

Neste encontro certamente vamos visitar o nosso passado para trazer toda a
coletividade, assim reafirmar a nossa identidade e estabelecermos um elo com nossos
antecedentes, certamente seremos inspirados a fazermos a conexão de esforços que
irão nos co-inspirar no percurso que queremos fazer juntos.
!
Realizar o primeiro encontro da Arte da Liderança Colaborativa no Nordeste
para nós é também trazer Paulo Freire para nosso círculo. Porque na Arte de Anfitriar
somos chamados a exercitar muito do que Paulo Freire trouxe como proposta
educativa e de convivência: o compromisso, os sonhos, a co-criação, o dialogo, a

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humildade, a coragem, a ousadia, a colaboração, a originalidade e coerência. Durante
todo nosso encontro estaremos tecendo os fios que nos une e nos conectando com os
fluxos criadores de vida.
Quando Freire sonha com uma sociedade que ultrapassa os limites da sociedade
que aí está, ele se coloca com coragem e ousadia como co-construtor nas ações de
transformação e mudança que deseja para o mundo. O comprometimento e a
coerência de Freire vão além de realizar seu sonho particular, ele apresenta um novo
olhar e uma pratica revolucionária, nos traz o caráter permanente do processo de
aprendizagem, por meio do qual estamos o tempo todo aprendendo e ensinando
concomitantemente. Portanto, somos todos mestres-aprendizes do amor e da vida. Ele
expressa esse novo olhar quando nos diz que “a educação é um ato de amor, por isso,
um ato de coragem”.
!
Considerando que nossa aprendigem acontece em todos os lugares e o tempo,
nossa tarefas maior é co-criar espaços onde todos nós possamos expressar toda a
nossa inteireza. Saindo então do paradigma linhear de educação que não considera os
sonhos, as idéias, os desejos, a curiosidade, a expressão das experiências pessoais, dos
sentidos e dos sentimentos porque não tem espaço para expressão do erro, da ousadia
do amor.

!
Livro: Cuidado, escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas.
Harper, Babette, 1994.
!
Como dar conta de uma visão sistêmica, se até então, os desafios globais foram
vistos de forma fragmentada e linear? Hoje carecemos compreender as incertezas e a
complexidade da vida humana e suas relações. De alguma maneira todos nós já nos

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demos conta que somos anfitroes de nos mesmos e, portanto, co-criadores, de relações
de cura, de novas realidades em nós e no mundo e temos clareza que necessitamos do
maior numero de pessoas para que esta co-criação aconteça de forma mais rapida, por
isso ousamos convida-los através da Arte da Liderança Colaborativa a
experimentarmos novos caminhos e soluções para os desafios da atualidade, com
compreensão e criação coletiva de conceitos e práticas inovadoras.

A Arte de Anfitriar é uma prática que explora novos padrões colaborativos de


liderança, diálogo e aprendizagem. Que busca potencializar a inteligência coletiva e
promover sentido e profundidade nas relações e ações na vida de modo geral.
!
Quando damos conta da interdependência que nos une em redes de
conversações, percebemos que a sabedoria coletiva nos traz a essência do cuidado
com as pessoas, com as diferentes culturas, com todos os seres e com nossa generosa
mãe, a Terra. Assim, naturalmente assumimos o compromisso com dialogo, com as
mudanças no mundo: “Quem não tem compromisso, com as mudanças no mundo, não
tem amor a ele. Educar é dialogar. Dialoga quem tem humildade, está aberto a
construir, não oprime, não pensa que é mais, não é auto-suficiente, mas, em
comunhão, busca saber mais.” Paulo Freire
!
É neste buscar saber mais que nos arriscamos a mergulhar profundamente em
nós mesmos e nos outros, na busca de descobrir no aqui e agora o nosso melhor.
Nessa perspectiva seremos capazes de celebrar o inesperado. Porque esse inesperado,
além de trazer um sopro de total desequilíbrio em nossas “certezas”, pode nos ajudar a
rever nossas teorias, reinventar nossas práticas à luz de outro referencial que nos tira
do nosso chão e nos coloca no mundo das mais absolutas incertezas.

O presente nos traz um grande desafio que é a busca da ressignificação de


nossas práticas e reinvenção dos saberes necessários para a construção de uma cultura
da cooperação, do amor para podermos viver juntos, já que todos nós compartilhamos
de um mesmo destino: a convivência na mesma grande Comum-Unidade. O presente
guarda tudo que necessitamos para fazermos as transformações que quisermos, porque
o presente está em nós e nós temos todas as respostas para todos os desafios que
vivemos. Por natureza somos seres abertos a infinitas possibilidades, portanto,
podemos reinventar tudo que quisermos. O único segredo é que isso não será possível
ser feito de forma individual a não ser coletivamente. Por isso a necessidade do

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empoderamento que permite o protagonismo e o olhar além, para descobrir outros
universos e também o constante exercício do viver conscientemente co-criando e co-
inspirando novas e potentes realidades.
!
Humanizar as relações é um dos grandes desafios presentes, a Arte da
Liderança Colaborativa se apresentam como um dos exercícios possíveis para a co-
criação de relações colaborativas e saudáveis. O aprendizado necessário a ser feito é
revisitar as nossas origens e criar alternativas que possam potencializar o
desenvolvimento de nossa consciência individual e coletiva á qual estamos inter-
relacionados e que essa condição nos coloque em uma situação bastante especial, que
é: cada um de nós é co-responsável por tudo que acontece consigo e com o outro,
porque cada um de nós interdepende dos demais.
!
Nesse sentido, nossa tarefa coletiva é co-criarmos relações colaborativas,
relações que tenham como um princípio o processo de re-conexão com o que é
essencial em si, as relações consigo próprio, com os outros seres e com o ambiente,
considerando que nos construímos dia-a-dia com já dizia Guimarães Rosa: “O
senhor... Mire veja: o mais importante e bonito do mundo, é isto: Que as pessoas não
estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior. É que a vida me ensinou”.
!
Desafiamos a cada um de nós a nos permitir afinar e desafinar, por
compreender que somos pessoas sempre em processo de mudança, assim podemos
celebrar o aprendizado da consciência de que estamos o tempo todo ensinando e
aprendendo no conviver com os outros e com mundo.
!
Estamos tod@s junt@s?
!
!
!

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29 jul a 01 ago 2014
NÓS SOMOS O SISTEMA
Insight coletivo AoH Brasil, dezembro de 2007
!
Nós somos o sistema

o sistema não está fora de nós

são as nossas próprias relações quebradas
que precisam ser curadas

minha relação comigo mesmo, com a vida,
com essa terra, com os outros,

com o meu trabalho, com o mundo.
!
Isso é como a mudança sistêmica acontece.
!
Eu sou a necessidade no mundo
nós somos o sistema

nós somos a solução.
!
Conversas significativas e espaço para
aprendizado real curam nossas relações.
!
Nós somos convidados a viver e trabalhar do coração…
!
Do desrespeito para o respeito

do “eu sei melhor” para a curiosidade
do julgar para entender uns aos outros
da máquina para sistema vivo

do medo para o amor.
!
Isso é o que precisamos anfitriar entre nós agora.
!
Isso é parte do trabalho de qualquer pessoa
que quer ajudar o mundo nesses tempos.


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29 jul a 01 ago 2014
CHEGOU A HORA
Toke Moeller, Guardião do Art of Hosting - StewardDinamarca
!
o tempo de treinamento acabou
para aqueles que ouvem o chamado
do coração e dos tempos
!
meu verdadeiro trabalho da alma
começou no próximo nível

para mim pelo menos
!
coragem é fazer o que me chama,
mas eu posso temer
!
precisamos trabalhar juntos

de forma muito profunda

para abrir e segurar espaços campos
esferas de energia

nos quais nossa imaginação

e a transformação dos outros

possa acontecer
!
nenhum de nós pode fazer isso sozinho
!
os guerreiros da alegria estão se reunindo
para encontrar uns aos outros

para treinar juntos

para fazer um bom trabalho
do coração sem apego
e jogar no rio
!
Sem religião, sem culto, sem política
apenas flua com própria vida

ao se desdobrar no agora.

Qual é o meu trabalho?
Qual é o nosso trabalho?

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29 jul a 01 ago 2014
O SENSO DAS COISAS
Chris Corrigan
!
Eu vi a textura do espaço

senti o som do silêncio, caindo em uma oferenda aberta
provei hesitação e a doçura da luz

tocando o tempo
!
sentimos juntos os lugares mais surpreendentes, você e eu
na apertada brecha da possibilidade

gritando por libertação
!
deixamos o humor do desespero permanecer em nossas línguas
encharcar nossos olhos com lágrimas e limpar nossas narinas
com garras de fumaça ardida
!
andamos juntos em círculos

tontos com a sensação de uma música silenciosa

ansiosos de que o abraço leve

seja forte o suficiente para suportar as lamúrias de dor e alegria
que acompanham a liberação
!
tenho visto a música da liderança
surgir para dançar com o caos;
assisti a amargura da fome

desvaneci nos recessos escuros da palheta;
!
ouvi a tranquila e simpática superfície do fluxo
através de uma rede de veias;
provei a cor da paz:

seu sabor puro amarelo pintado de notas carmim;
!
cheirei o nascimento dos mundos e a mudança das vidas;
em espaços sempre em abertura.


26 Art of Hosting Brasil 1 Art of Hosting Viçosa !129


29 jul a 01 ago 2014
PRATICANDO EM COMUNIDADE
!
Darlene Coelho <rhpsico@uol.com.br>
responder a: artofhosting@googlegroups.com
data: 14 de abril de 2014 10:28
assunto: Re: [AoH br] Encontro da comunidade AoH BR 2014! :: Data 30 e 31/
Agosto 2014 :: Reserve agenda e participe da construção!!!
lista de e-mails: artofhosting.googlegroups.com
!
Resposta via email à questão do encontro da Comunidade AOH 

Qual o “público”, quais métodos, imersão vs não imersão (…)
!
!
Queridos todos,
!
(…) Há tanta coisa acontecendo do mundo, neste instante, enquanto respiro e busco
trazer minha presença autêntica para me comunicar com vocês...um pouco antes de
abrir meu email, a habitual rápida rolada de barras pelas primeiras páginas de notícias
já inundou os meus sentidos com todo o tipo de situações complexas, absurdas,
irônicas, dramáticas, cômicas, comoventes, pessoais, coletivas...e eu nunca deixo de
me surpreender com a quantidade e diversidade de jogos que os seres humanos
gostamos de alimentar. Nós inventamos um jogo após o outro, mudamos seus nomes,
estruturas, regras, jogadores, cenários e definições. Nós gostamos, inclusive, de mudar
o conceito de vitória e derrota, de tempos em tempos.
Há muita coisa acontecendo, mesmo. Jogos dentro de jogos.
!
Nos últimos 3 anos eu venho experimentando e observando essa alternativa
particularmente interessante, compartilhando com pessoas extraordinárias a
possibilidade fascinante de exercer, conscientemente, a chamada co-criação da
realidade. Fundamentalmente, re-aprendemos a dialogar. Nesta proposta de
convivência não há (ou não deveria haver) estrutura hierárquica, agendas ocultas,
cenário pré-definido, resultados manipulados, necessidade de controle.
Ainda assim, há um Propósito, normalmente maior que os interesses
individuais, e há Princípios, com os quais ressôo muito: “quem vier são as pessoas
certas”; “aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido” são alguns dos meus
preferidos. Há também acordos de convivência, como usar a Intenção e o Coração ao
Ouvir e Falar, e há desafios à altura de uma existência, como Escutar sem Julgar, e ser
Mestre e Aprendiz (Anfitrião) de si mesmo.
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29 jul a 01 ago 2014
É muito bacana estar continuamente praticando esses desafios coletivamente,
porque me parece que enquanto não vivermos, de fato, esses princípios e acordos,
ainda teremos necessidade de checar nosso entendimento semântico sobre as palavras,
minimizar nossas inseguranças com métodos, provar nosso valor com indicadores,
explicar entre nós e ao mundo o quê somos, quem somos, como funcionamos, enfim,
todo tipo de “acordos pré-nupciais”...rs...
Tive o privilégio de estar com algumas dessas pessoas, mas a maioria delas eu
não pude conhecer pessoalmente, ainda. Eu tenho muita curiosidade por esta rede de
conexões, ativa e pulsante. Sinto que há a possibilidade de um grande serviço à
humanidade ser prestado a partir das conexões profundas que esta rede propicia.
Reconheço, inclusive, que o serviço de que falo não está e nunca esteve delimitado
sob a égide "Arte de Anfitriar Conversas Significativas", nem a ela se subordina, mas
é também nela que se faz visível neste momento, então é uma grande oportunidade
que nos re-conheçamos por meio desta prática.
Para mim, todo encontro AoH é poderoso porque guarda em si a herança de
inúmeros esforços de avanço intelectual e espiritual, inúmeras histórias
compartilhadas, o eco de incontáveis curas de relação e também a semente para
intervenções sociais que podem mudar o mundo. Assim, na iminência de um grande
Encontro entre atores desta rede, presumo que as possibilidades são muito maiores do
que duas ou três ênfases que se apresentem no momento. Como estamos diante de
uma Arte lindamente orgânica e fluida, não me sinto muito chamada a conversar sobre
a forma. Me pergunto quem poderia clamar a autoria de todas as Colheitas que vem
sendo compartilhadas pelos seres humanos desde tempos imemoriais? Quem poderia
nomear o momento do primeiro Círculo? E quem pode mensurar a remuneração justa
pelo potencial transformador de um processo co-criado? Quando finalmente
chegarmos a um entendimento sobre como chamamos ou deixamos de chamar a
prática, isso tornaria a prática mais eficaz?
Podemos conversar o quanto quisermos sobre a comunidade, mas até onde
entendi , nenhuma conversa tem caráter deliberativo. Então, mesmo que as reflexões
convirjam para um entendimento sobre a dinâmica que "deve ter " um AoH, um
entendimento do que é ou "deve ser" a comunidade ( e se o nome é esse mesmo), isso
fortalece a prática ou limita as possibilidades da prática?
!
Mas as conversas sobre o conteúdo me interessam muitíssimo.Tenho
testemunhado que, desde que seja dado o espaço e os princípios tenham sido
minimamente ativados, ocorre uma espécie de “mágica” nos AoH, a manifestação

26 Art of Hosting Brasil 1 Art of Hosting Viçosa !131


29 jul a 01 ago 2014
energética é muito poderosa, e supera, de longe, quaisquer limitações relacionais,
logísticas ou metodológicas que possam ter acontecido antes ou durante o evento. Esta
mágica, na minha percepção, independe da estética ou estilo dos hosts, e as
ferramentas que usamos estão a serviço dela, e não o contrário. Sem qualquer apego
quantitativo, acompanho os registros que são feitos no Brasil, e também os que
chegam a nós pelos grupos de praticantes internacionais; o que vem acontecendo a
partir das conversas significativas promovidas por cada AoH no mundo é um
fenômeno inegável, que aumenta a frequencia energética de quem participa, tem
conectado milhares de pessoas e contribuído efetivamente para a solução de desafios
complexos e relevantes. Certamente há, digamos, "efeitos colaterais" deste processo
coletivo, inerentes aos relacionamentos, e pode ser uma tangente sedutora engajar
nestas questões, mas eu quero crer que somos capazes de ir além disso, sem negar o
movimento caórdico, mas antes escolhendo o ponto de inflexão mais útil para nosso
avanço nesta Arte.
Assim, desejo muito conversar mais sobre (e viver mais) este serviço para o
qual não há (ou não deveria haver) distinção entre participantes e hosts, aprendizes e
guardiões. Sem querer minimizar a importância de nossos desafios locais e próprios à
construção de identidade de qualquer grupo, a verdade é que eu confio! Não sinto
necessidade de racionalizar, definir nomenclaturas, argumentar sobre espaços ou
delimitar territórios, comparar, identificar protagonistas e coadjuvantes, estabelecer
indicadores, alinhar discursos, homogeneizar estilos de trabalho ou confrontar egos.
Meu interesse é lapidar a Arte.
!
Sinto que o que podemos ajudar a manifestar através deste Encontro é um
desafio que nos pede transcendência. Podemos usar a oportunidade para ativar nossa
inteligência coletiva e ir além de onde já chegamos, transpor as limitações dos
modelos mentais do medo, da escassez, da competição. Ou podemos apenas, vocês
sabem, jogar mais um jogo.
Se fizermos uma meditação sobre o planeta que queremos, quão longe cada um
de nós pode enxergar à frente, nos tempos que virão? Enquanto vislumbramos o
cenário mundial que idealizamos, conseguimos relatar qual foi a contribuição das
conversas significativas que anfitriarmos para que essa realidade ideal se viabilizasse?
Do que seríamos capazes no espaço da real equanimidade? Se formos anfitriões livres
de como as informações nos sejam apresentadas, se formos maiores que nosso desejo
de aceitação e aprovação, seríamos capazes de exercitar e futuramente multiplicar uma
construção coletiva na qual todos os players têm, verdadeiramente, igual peso e

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29 jul a 01 ago 2014
mobilidade no Campo? Não sei se estas poderiam ser consideradas “perguntas
poderosas”, mas são a provocação quase diária que me faço. O mundo nos espera, e
espera de nós.
(…) Anfitriões dos mais diferentes estilos têm aberto espaço para conversas
significativas com e entre ONG`S, inciativa privada,comunidades, governo, famílias,
grandes grupos, pequenos grupos....acho lindo que tenhamos tantas práticas diferentes
no Brasil, acho lindo que estejamos conectados com as práticas internacionais, e acho
lindo que o Campo se mantenha ativado! Minha Intenção seria acolher a Diversidade,
sustentar a Divergência, mergulhar profundamente no que temos aprendido até aqui,
explorar o crème de la crème de todas as colheitas, e a partir destes aprendizados
ativar nossa máxima capacidade energética de projetar – e plasmar – a realidade que
queremos. Minha palavra-chave e contribuição para o Propósito deste Encontro seria
Integração/ Integridade.
Desculpem se a narrativa foi aborrecida e extensa. Gratidão a quem tiver tido
paciência e generosidade de ler até aqui, e aos que puderem estar presentes
fisicamente em 30/31 de Agosto desejo um Encontro pleno de Sabedoria, Gentileza,
Luz e Alegria!
!
beijíssimos,
Darlene


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29 jul a 01 ago 2014
REFERÊNCIAS
Para curiosos…
!
Muitas fontes estão disponíveis – livros, artigos, sites, blogs, comunidades. Incluímos
alguns sites e livros ao longo deste material e também sugerimos as seguintes fontes.
!
www.artofhosting.org: co-criado por muitos dos mantenedores do Art of Hosting
www.facilitacaograficacolheita.com.br: conceitos, conhecimentos, experiências e
aprendizados sobre colheita
!
Existem duas listas de e-mails da comunidade do Art of Hosting, das quais você pode
querer fazer parte:
• A nacional é a <artofhosting@googlegroups.com>, e para se inscrever é só mandar
um email para <artofhosting+subscribe@googlegroups.com> ou na pagina http://
groups.google.com/group/artofhosting/ para quem tem conta no google.
• A internacional é o <aoh@list.artofhosting.org>, e para se inscrever acesse: http://
www.artofhosting.org/home/theconversation/ 

!
E aqui vão algumas das várias preciosidades para começar ou talvez, como velhos
amigos, rever. Aproveite o espaço e registre algum livro de nossa biblioteca
collaborative que lhe chamou atenção ou outros textos que conversamos durante o
encontro! ;)

Baldwin, Christina 

Calling the Circle – The First and Future Culture 

Beck, Dom 

Spiral Dynamics [Dinâmica Espiral] 

Broto, Fabio 

Jogos Cooperativos 

Brown, Juanita with David Issacs & the World Café Community 

The World Café – Shaping Our Futures Through Conversations That Matter [O World
Café - Dando Forma Ao Nosso Futuro Por Meio De Conversas] 

Capra, Fritjof 

The tao of leadership 

Cooperrider, David and Srivastva (2000) 

Appreciative Inquiry: Rethinking Human Organization Toward a Positive Theo- ry of

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29 jul a 01 ago 2014
Change 

Holman, Peggy (Editor), Tom Devane (Editor) 

The Change Handbook 

Kaner, Sam 

Facilitator’s Guide to Participatory Decision-Making 

Kaplan, Alan 

Artistas do Invisível 

Owen, Harrison 

Open Space Technology – A Users Guide [Coffee Break Produtivo] 

Senge, Peter 

The Fifth Discipline [A Quinta Disciplina] 

Wheatley, Margaret J. 

Leadership and the New Science: Learning about Organizations from an Or- derly
Universe [Liderança E A Nova Ciência]
!
!
Minhas próprias anotações de referências:


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29 jul a 01 ago 2014
LISTA DE CONTATOS
!
Um dos propósitos deste encontro é criar relacionamentos, de modo que possamos
usar o que aprendemos para aprofundar nosso diálogo em comunidade e encontrar
soluções criativas para problemas que nos afetam.
Aproveite as linhas abaixo e tome nota daqueles que foram seus companheiros de
círculo e corresponsabilidade durante essa jornada!

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29 jul a 01 ago 2014

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