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Por Carlos Alberto Pereira, Fabio Rodrigues de Oliveira e Mauro Fernando Gallo
Publicado em 15/10/2012
Sim, pelo menos em teoria. Estudada por pesquisadores da área econômica, a teoria da tributação ótima tem por objetivo
corrigir as distorções ocasionadas pelo tributo à economia e garantir o respeito à capacidade contributiva.
Os princípios desta teoria, apesar de estarem ligados à economia, também podem servir de argumento por juristas que
buscam corrigir as distorções do sistema tributário atual, na busca por um sistema mais justo e eficiente, como será
apresentado neste artigo.
A tributação consiste na transferência compulsória de recursos do setor privado para o setor público. É uma exceção ao
direito de propriedade, típico dos países capitalistas.
A tributação, dessa forma, acaba interferindo no comportamento das pessoas, seja no montante a ser consumido ou
investido, às horas a serem trabalhadas. Também interfere nas decisões das empresas, como em contratações, quantidade
a ser produzida ou mesmo em suas estruturas societárias.
Essa natureza dos tributos acaba gerando distorções na economia, ou seja, afeta negativamente as “leis do mercado”,
inibindo determinadas ações que poderiam ser positivas em termos econômicos. É o caso dos atacadistas e distribuidores,
que em termos de eficiência logística podem ser importantes, mas em face de uma cumulatividade tributária elevariam o
custo do produto.
É por esse motivo que pesquisadores da área econômica buscam alternativas aos sistemas tributários atuais, de forma que
o tributo tenha um menor impacto na economia.
A teoria da tributação ótima nasceu da busca por tributos não distorcivos, ou seja, que não gerassem distorções na
economia. Criada por estudiosos da área econômica (STERN, 1987; STIGLITZ, 2000), esta teoria se ocupa em pesquisar
como os tributos “deveriam ser” instituídos de forma a atingir, primeiramente, os objetivos da eficiência econômica, ou
seja, de causar menos impacto nas decisões dos indivíduos.
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08/10/2019 Tributação ótima - Isso existe? - Busca.Legal
E “para que um tributo seja não distorcivo, não deve existir nada que os indivíduos possam fazer para alterar o montante
do tributo que recai sobre eles”, como esclarecem Siqueira, Nogueira e Barbosa (2004, p. 173). Tributos cobrados em
montantes fixos, que não se alterassem em face das escolhas dos agentes, atenderiam a este pressuposto.
Um exemplo seriam tributos cobrados em face de características físicas. Pessoas de olhos azuis pagariam “X” de tributo,
enquanto pessoas de olhos verdes pagariam “Y” e assim por diante. Ou seja, não haveria nada que pudesse ser feito pelo
agente para alterar o montante a ser pago. A quantidade de horas trabalhadas ou as opções de consumo ou investimento
não teriam nenhum impacto no montante do tributo.
Tais tributos, classificados como lump sum, trariam, no entanto, consequências negativas, como advertem os próprios
autores (2004), uma vez que não considerariam a realidade econômica de cada indivíduo. Iriam de encontro ao princípio da
capacidade contributiva, consagrado nos sistemas tributários de diversas nações e na própria Constituição Federal do Brasil
(TORRES, 2010).
Como destaca Roque Antonio Carraza (2006, p. 106), “é imperioso que a pessoa que revela possuir maior riqueza pague,
em termos proporcionais, mais impostos que aqueloutra que a exteriorize em menor intensidade”. Ou seja, os tributos,
para serem justos, devem ser graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte e não simplesmente em
características físicas do indivíduo.
O segundo ótimo
Os tributos cobrados em montantes fixos, que não se alteram em decorrência das escolhas dos agentes, podem ser menos
distorcivos à economia, mas não respeitam o pressuposto básico de um sistema tributário justo, que é respeitar a
capacidade contributiva.
Justamente por isso, a teoria da tributação ótima não se baseia apenas na busca pela eficiência econômica, ou seja, na
busca do “primeiro ótimo”. Conforme sinalizam Siqueira, Nogueira e Barbosa (2004, p. 175):
O termo “ótimo” nessa teoria deve ser entendido como um ótimo de segundo melhor, ou seja, o melhor resultado possível
dado que impostos distorcivos devem ser inevitavelmente utilizados em razão da impossibilidade de se recorrer a impostos
lump sum.
A ciência moderna vem abandonando a pretensão de apresentar um sistema tributário ideal, para se concentrar na
idealização ou otimização de alguns tributos (imposto de renda, imposto sobre valor acrescido) ou de certos princípios
(progressividade, neutralidade), com a advertência de que o ótimo fiscal ou o melhor tributo possível é sempre o second
best (TORRES, 2010, 363).
A teoria da tributação ótima tem os objetivos, portanto, de amenizar as distorções ocasionadas pelo tributo à economia e,
ao mesmo tempo, garantir que a capacidade contributiva do agente seja preservada. Busca-se o “segundo ótimo”.
Adam Smith, em sua obra “A riqueza das nações”, estabeleceu quatro princípios que deveriam ser observados por um
sistema tributário mais justo, quais sejam:
a) cada um deve contribuir com o Estado de acordo com suas respectivas capacidades, ou seja, em proporção à renda que
respectivamente gozam sob a proteção do Estado;
b) o tributo deveria ser certo e não arbitrário. O tempo de pagamento, a maneira, a quantidade a ser paga, tudo deveria
ser claro e simples para o contribuinte e para qualquer pessoa;
d) o tributo deve ser elaborado de forma que o custo para seu pagamento pelo contribuinte e para sua administração pelo
Estado seja o menor possível.
A teoria da tributação ótima está alicerçada no primeiro e no último desses princípios (SIQUEIRA; NOGUEIRA; BARBOSA,
2004), ou seja, em equilibrar equidade e eficiência. É por isso que esta teoria não deve ficar restrita à área econômica,
pois além de princípios de ordem econômica, também atende ao princípio da capacidade contributiva (CARRAZA, 2006) e
ao postulado da eficiência administrativa (ÁVILA, 2005), demonstrando sua importância e sinergia com a área jurídica.
A substituição tributária é um bom exemplo de aplicação da teoria da tributação ótima. Ao mesmo tempo em que torna a
arrecadação menos onerosa para o Estado, também traz reflexos negativos ao contribuinte, tanto por sua complexidade,
quanto pelo impacto que traz no fluxo de caixa do contribuinte substituto, obrigado a antecipar o recolhimento do tributo
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Para atender aos ideais de justiça fiscal é necessário balancear as vantagens e desvantagens de cada modelo. Não basta
que o custo para administração do tributo pelo Estado seja o menor possível. É necessário que o custo para seu
recolhimento também seja o menor possível para o contribuinte e que respeite a sua capacidade econômica.
Não é por menos que a Emenda Constitucional nº 3, de 17 de março de 1993, ao mesmo tempo em que elevou à
substituição tributária à categoria constitucional, determinou a criação de mecanismos que garantissem a imediata e
preferencial restituição da quantia paga por antecipação, caso o fato gerador presumido não se realizasse.
Em nome da eficiência é possível a presunção de fatos, mas os mesmos não podem ser usados simplesmente para
aumentar o montante do tributo a ser pago. Um sistema tributário mais justo deve sempre mediar esses conflitos, de
forma que o governo possa “arrecadar uma dada receita e alcançar determinados objetivos distributivos ao menor custo
em termos de perda de eficiência” (SIQUEIRA; NOGUEIRA; BARBOSA, 2004, p. 174).
A busca por um modelo mais eficaz de tributação também pode gerar efeitos contrários. No caso das operações com
cigarros, por exemplo, as indústrias são responsáveis pelo recolhimento dos tributos devidos pelos atacadistas e varejistas,
bastando, dessa forma, que a administração tributária controle as operações praticadas pelas 14 empresas autorizadas à
fabricação de cigarros (RFB, 2011), ao invés de ter que monitorar inúmeros distribuidores e incontáveis pontos de venda de
cigarro.
De toda sorte, tendo em vista a substituição tributária de todos os tributos indiretos, tanto federais quanto estaduais, o elo
da distribuição de cigarros acabou se tornando um “paraíso fiscal”, livre de fiscalização, o que contribui para o comércio
irregular deste produto, oriundo tanto de contrabando quanto de descaminho, indo de encontro às ações promovidas pelo
Fisco, conforme transcrito a seguir:
A Secretaria da Receita Federal vem realizando ações fiscais em todo o Brasil, destinadas a combater o comércio ilegal de
cigarros, que gera graves prejuízos aos cofres públicos em decorrência da sonegação de tributos.
2. O comércio ilegal de cigarros caracteriza-se principalmente pela colocação, por parte de redes de distribuição, de
produtos em situação irregular no comércio varejista que, na maioria das vezes, até mesmo por desconhecimento, acaba
confundindo este produto com o legalmente fabricado no Brasil (RFB, 2011).
Neste caso, portanto, a substituição tributária acabou tendo um efeito negativo, contrário às justificativas para sua
instituição. E como corrigir essas distorções, uma vez que recomendar a extinção da substituição tributária faria com que o
Estado tivesse que voltar seus limitados recursos de fiscalização também aos distribuidores e varejistas?
Balanceando os fatores, uma alternativa seria a extinção da substituição tributária nas vendas da indústria para o
distribuidor, mantendo a substituição apenas nos casos de venda da indústria para o varejista e do distribuidor para o
varejista.
O trabalho de fiscalização aumentaria, pois o Estado teria que fiscalizar também os distribuidores, mas isso eliminaria o
“paraíso fiscal” hoje existente, sem a necessidade do Estado ter que voltar sua atenção aos incontáveis varejistas, o que
seria impraticável. É a escolha, portanto, do “segundo ótimo”, propagada pela teoria da tributação ótima.
Paulo de Barros Carvalho (2007, p. 134) adverte que no “esforço à busca do sentido jurídico, é importante pôr em
evidência, ainda que a breve trecho, a autonomia do direito em relação a outras matérias que lhes são próximas”. Esse é o
fundamento da teoria pura do direito, de Hans Kelsen, que consiste em despir o Direito de tudo que não for essencialmente
jurídico.
Para Ives Gandra da Silva Martins (2005, p. 436), no entanto, “a escola formal do direito, ao pretender criar um campo
exclusivo de atuação da atividade do jurista, retirou-lhe o sentido de universalidade, para transformá-lo em mera ciência
veiculadora de fatos, que não estuda, vestidos da roupagem normativa que oferece”.
Ives Gandra da Silva Martins (2005, p. 436) defende que “o conhecimento do fato, a ponderação que receberá para o
complemento normativo e sua formulação impositiva compõem uma única realidade, sendo, todos os três elementos,
objetos de estudo da Ciência do Direito”. A teoria tridimensional do direito (fato, valor e norma), formulada por Miguel
Reale, dá sustentação a essa corrente, em oposição à teoria pura do direito.
Considerando que o fato social não pode ser ignorado na interpretação da regra jurídica, para se conhecer o seu efetivo
valor se faz necessário, portanto, o auxílio de outras ciências, a exemplo da economia. São nesse sentido as
recomendações de Ives Gandra da Silva Martins (2005), acerca da necessidade de uma vocação universal do cientista do
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Direito, uma vez que este regula todos os fatos e situações da convivência social.
A compreensão da teoria da tributação ótima, de natureza econômica, mas alinhada ao princípio da capacidade contributiva
e o postulado da eficiência administrativa, está inserida nesta premissa e pode auxiliar o jurista que não se limita apenas
ao estudo do direito posto para resolver problemas concretos que afetam a sociedade.
Ponderações finais
Como destaca Ricardo Lobo Torres (2010), apesar da tendência brasileira à utopia fiscal, a possibilidade de um sistema
tributário ideal é fantasiosa. É necessário balancear os fatores de eficiência e equidade, de forma a instituir um sistema
tributário justo, que atenda aos vários objetivos que contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país.
A teoria da tributação ótima tem justamente este objetivo, ao auxiliar na identificação das distorções dos modelos
tributários atuais e embasar sugestões de mudança, de forma a torná-lo mais justo e eficiente.
E sempre que a medida mais eficiente deflagrar consequências injustas, a melhor opção poderá ser o second best. Com
isso, aproximaremos o sistema atual aos princípios da equidade e da eficiência, ou seja, a um modelo ótimo de tributação,
como já propagava Adam Smith em 1776. Também estaremos aproximando a lei positiva da lei natural, que é justa,
harmônica e moral e, por consequência, de menor “rejeição social” (MARTINS, 2005).
Referências
ÁVILA, Humberto. Imposto sobre Circulação de Mercadorias – ICMS. Substituição tributária. Base de cálculo. Pauta fiscal.
Preço máximo ao consumidor. Diferença constante entre o preço usualmente praticado e o preço constante da pauta ou o
preço máximo ao consumidor sugerido pelo fabricante. Exame de constitucionalidade. RDDT 123/122, dez/05.
CARRAZZA, Roque Antonio. Imposto sobre a renda – perfil constitucional e temas específicos. São Paulo: Malheiros
Editores. 2006.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Uma Teoria do Tributo. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
RFB. Estabelecimentos fabricantes de cigarros autorizados a operarem no Brasil. nov. de 2011. Disponível em
<http://www.receita.fazenda.gov.br/DestinacaoMercadorias/ProgramaNacCombCigarroIlegal/EstabFabrOpBrasil.htm>.
Acesso em: 03 jan. 2012.
SIQUEIRA, Marcelo Lettieri; RAMOS, Francisco S. Incidência tributária. In: ARVATE, Paulo; BIDERMAN Ciro (Org.).
Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. cap. 10, p. 155-172.
STERN, Nicholas. Optimal Taxation. In: EATWELL, John; MILGATE, Murray; NEWMAN, Peter (Org.). The new palgrave
dictionary of economics. Londres: MacMillan, 1987. v. 3.
STIGLITZ, J. E. Economics of the public sector. New York: Norton & Company, 2000.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.
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08/10/2019 PIS e Cofins: primeiro contato - Busca.Legal
Publicado em 16/04/2019
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Em algumas aulas, encontro alunos que ainda não tiveram nenhum contato com o PIS e a Cofins. A única coisa que vem à
mente deles é aquele valor do PIS que algumas pessoas têm direito a receber (e que para piorar eu nunca me lembro dos
critérios para o seu pagamento!). Eles ainda nem imaginam a complexidade e as discussões que envolvem esses tributos.
Se este também for o seu caso, este artigo será de grande utilidade, pois traz uma visão geral dessas duas contribuições
sociais. E caso você já possua uma noção básica, poderá aproveitar para rever alguns conceitos.
Essa possibilidade de aproveitamentos de créditos é restrita ao regime não cumulativo e é justamente por isso que ele
recebe esse nome. O tributo sujeito a esta sistemática não se acumula ao longo da cadeia, pois a cada operação a empresa
pode descontar créditos, de forma que tributa apenas o valor que foi acrescido. Pelo menos é assim na essência!
Veja um exemplo: compra de mercadorias para revenda por R$ 100,00 (com crédito de PIS/Cofins de R$ 9,25 –
considerando as alíquotas de 1,65% de PIS e 7,6% de Cofins sobre o valor da compra). Essa mercadoria será revendida por
R$ 150,00 (com débito de PIS/Cofins de R$ 13,88, calculados às mesmas alíquotas de 1,65% e 7,6%). Sobre o valor do
débito poderão ser descontados os citados créditos e a empresa pagará, efetivamente, apenas R$ 4,63. Ou seja, é como se
as alíquotas de 1,65% e 7,6% tivessem recaído apenas sobre R$ 50,00, que foi o “valor acrescido” nesta etapa da cadeia
de comercialização do produto.
No regime cumulativo, a empresa aplica as alíquotas do PIS e da Cofins sobre o valor de venda e já tem o valor a pagar,
sem a possibilidade de descontar créditos. Consequentemente, o tributo se acumula ao longo da cadeia, dando origem ao
nome cumulativo.
E isso significa que no regime cumulativo a empresa paga mais? Não necessariamente, pois no regime cumulativo as
alíquotas são menores, de 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins. Considerando os valores do exemplo anterior, a empresa
pagaria R$ 5,48 (R$ 150,00 x 3,65%). O que vai definir em qual regime se paga mais ou menos será o montante dos
créditos!
São diversos gastos que permitem o aproveitamento de créditos, sendo que os principais estão previstos no art. 3º das Leis
nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Entre eles, temos, por exemplo, a possibilidade de aproveitamento de créditos sobre a
compra de mercadorias para revenda, a aquisição de insumos, energia elétrica, aluguel, etc.
E há discussões se esse rol dos créditos seria exemplificativo ou taxativo. E como o que tem prevalecido é esta última
corrente, não basta que o gasto seja importante, é necessário que ele esteja previsto na legislação para que permita a
apuração de créditos.
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08/10/2019 PIS e Cofins: primeiro contato - Busca.Legal
A legislação ainda traz algumas restrições à possibilidade de aproveitamento dos créditos. Não é possível apurá-los, por
exemplo, na compra de mercadorias com alíquota zero. Também não é possível descontar créditos na compra de pessoas
físicas. Mas como toda regra, há exceções, que são os chamados créditos presumidos. Um exemplo comum é a compra de
determinados produtos agrícolas, que mesmo com benefício fiscal ou adquiridos de pessoas físicas permitem o
aproveitamento de créditos (mas com alíquotas menores).
A propósito: as alíquotas para apuração dos créditos são as mesmas que incidem sobre as receitas, ou seja, 1,65% para o
PIS e 7,6% para a Cofins. Essas alíquotas são aplicadas mesmo no caso de aquisições de empresas do regime cumulativo.
E para dar um pouco mais de emoção, ainda podemos ter casos de empresas do Lucro Real que tributam parte das suas
receitas no regime cumulativo e parte no regime não cumulativo, o que normalmente é chamado de incidência mista.
Portanto, se estivermos diante de uma empresa do Lucro Presumido ou Arbitrado, podemos afirmar que as contribuições
serão calculadas com base no regime cumulativo. Já no caso das empresas do Lucro Real teremos que avaliar as possíveis
exceções, que estão previstas no art. 8º da Lei nº 10.637/2002 e art. 10 da 10.833/2003. Os incisos I a VI deste último
artigo trazem os casos em que a empresa estará integralmente no regime cumulativo. Já os incisos VII e seguintes trazem
as situações em que a empresa poderá apurar pelos dois regimes, caso tenha mais de um tipo de receita (lembrando que
essa incidência mista só ocorrerá com empresas do Lucro Real).
Os fatos geradores e as bases de cálculo também são diferentes! No regime cumulativo, alcançam apenas o “faturamento”
das empresas e no regime não cumulativo o “total das receitas”. E vale a pena explicar esses conceitos!
A) Faturamento: corresponde às receitas da atividade da empresa. Dessa forma, no regime cumulativo, vamos tributar apenas as
receitas relacionadas ao objeto social da empresa. Com isso, um comércio vai tributar as receitas sobre revenda de mercadorias,
mas não tributará uma receita financeira, uma vez que esta não faz parte da sua atividade.
B) Total das receitas: alcança o faturamento e todas as demais receitas da empresa. Considerando o exemplo anterior, além das
receitas com a revenda de mercadorias, a incidência das contribuições também alcançará a receita financeira, bem como qualquer
outra, ainda que estranha às atividades da empresa.
A venda de uma bebida láctea, por exemplo, seja no regime cumulativo ou não cumulativo, tem previsão de alíquota zero.
Dessa forma, não haverá débito de PIS e Cofins (e pela regra que já explicamos antes, na sua compra também não haverá
direito a crédito).
Em uma exportação também não haverá débito das contribuições, em nenhum regime, pois há previsão de não incidência
das contribuições. Na venda de determinados produtos agrícolas também não teremos débito das contribuições, pois há
previsão de suspensão.
Encontrar quais são esses casos de exceção sempre foi um grande desafio, pois são inúmeras leis que regem as
contribuições sociais. Atualmente, no entanto, está um pouco mais fácil, pois já temos um ponto de partida, que são as
tabelas divulgadas pela receita federal em sua página na internet, no endereço http://sped.rfb.gov.br/pasta/show/1616.
Mas não se iluda achando que agora está fácil. Você encontrará nas tabelas, por exemplo, que há alíquota zero para bebida
láctea, mas precisará saber o que é uma bebida láctea (e já adianto que o simples fato de um produto ter leite não o torna
uma bebida láctea).
Na incidência monofásica, que alcança, por exemplo, os produtos de perfumaria, a indústria aplica uma alíquota maior que
aquelas que citamos anteriormente. Os atacadistas e varejistas desses produtos, por sua vez, os revenderão com alíquota
zero, ou seja, sem débito das contribuições. A tributação ficou concentrada no início da cadeia, facilitando, especialmente, a
vida da Receita Federal, que terá que se preocupar apenas em fiscalizar o recolhimento das contribuições pela indústria.
Na substituição tributária, que alcança, por exemplo, os cigarros, também temos a concentração do tributo no início da
cadeia. Mas ao invés de aplicar alíquotas maiores, a indústria terá reflexos em sua base de cálculo. Os atacadistas e
varejistas, com isso, não terão nada a recolher, pois já foram substituídos.
Em linhas gerais, tanto na substituição tributária quanto na incidência monofásica temos a concentração da tributação no
início da cadeia, facilitando o trabalho da fiscalização. Mas as semelhanças ficam só aí, pois há inúmeras particularidades
em cada um desses modelos. Mas deixaremos isso para outros artigos…
NOTA: nas tabelas divulgadas pela RFB é possível conhecer quais são os produtos sujeitos à incidência monofásica e à
substituição tributária.
Importação
Desde 2004, também temos incidência das contribuições na importação, tanto de mercadorias quanto de serviços. E no
caso de importação, até mesmo pessoas físicas são contribuintes do PIS e da Cofins.
Dessa forma, se você fizer aquela viagem para Miami, lembre de declarar quando chegar ao aeroporto aquele notebook
novo que você comprou. O mesmo se aplica àquele celular que por ventura você tenha comprado em um desses sites de e-
commerce fora do país.
Assim, salvo nos casos de exceções ou benefícios fiscais, todos pagam PIS e Cofins na importação. Todavia, se for uma
empresa do regime não cumulativo, terá a possibilidade de aproveitar créditos sobre esses valores, desde que eles se
enquadrem entre as hipóteses do art. 15 da Lei nº 10.865/2004. Essas empresas, portanto, terão impacto apenas no fluxo
de caixa, pois o valor pago poderá ser aproveitado como crédito.
Próximos passos
Como dito no início, o objetivo deste artigo era apenas apresentar as linhas gerais de como funciona o PIS e a Cofins para
pessoas que ainda possuíam pouca ou nenhuma familiaridade com as contribuições sociais. Além do que foi exposto aqui,
há inúmeras particularidades, exceções, discussões, etc. Muitas, inclusive, que já abordei em outros textos publicados na
seção de artigos da Busca.Legal. Confira lá: https://busca.legal/artigos/.
E como forma de facilitar a compreensão destes tributos, ainda preparei o diagrama a seguir, o qual espero que facilite os
primeiros passos na compreensão do PIS e da Cofins, que estão entre os tributos mais complexos do nosso sistema
tributário! E não se desanime nas dificuldades que encontrará nesta caminhada, pois cada desafio traz consigo uma
oportunidade!
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08/10/2019 PIS e Cofins: primeiro contato - Busca.Legal
https://busca.legal/pis-e-cofins-primeiro-contato/ 4/4
08/10/2019 Crédito presumido do ICMS e seu impacto na apuração do PIS e da COFINS - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
19/05/2016
Neste artigo quero chamar a atenção para uma questão polêmica, mas ainda desconhecida por muitos, que é a discussão a
respeito da incidência do PIS e da COFINS sobre créditos presumidos do ICMS.
Alcance da discussão
Este problema está restrito às empresas do regime não cumulativo, no qual o fato gerador das contribuições alcança todas
as receitas auferidas pela empresa (art. 1º, § 1º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003), diferentemente do regime
cumulativo, limitado ao faturamento (arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98).
A discussão gira em torno da compreensão do total de receitas, uma vez que as leis não entram nesse detalhe. A Receita
Federal, por seu turno, acaba tendo uma visão muito ampla. Analisando suas diversas soluções de consulta ou as atuações
que promovem e que se convertem em discussões administrativas ou judiciais, podemos concluir que o fisco toma
emprestada a definição contábil de receita para definir o conceito tributário.
Cabe um parêntese aqui para lembrarmos o conceito de receita segundo a Contabilidade. De acordo com a definição do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, “as receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil”.
Vejam que para a contabilidade a definição de receita vai muito além de ingressos financeiros, alcançando todos as
entradas que “que resultam em aumentos do patrimônio líquido”.
Há vários tipos de créditos presumidos e suas formas de concessão podem impactar no reconhecimento contábil. Um
crédito presumido apurado com base em uma compra, por exemplo, terá o mesmo impacto de um crédito normal, ou seja,
reduzirá o custo da mercadoria adquirida. Consequentemente, não há preocupações quanto à geração de receita e à
incidência do PIS e da COFINS.
Mas são muito comuns os créditos presumidos calculados com base em outros fatores, como nas saídas da empresa. É aí
que nasce o problema! Neste caso, teríamos um crédito presumido do ICMS cuja contrapartida seria uma conta de
resultado. E toda vez que creditamos uma conta de resultado temos uma receita contábil.
Lembrando do raciocínio do fisco, teríamos, consequentemente, a incidência do PIS e da COFINS. É a resposta que
encontramos, por exemplo, na Solução de Divergência nº 13/2011.
É importante destacar, ainda, que nem todo crédito presumido, mesmo que gere receita na contabilidade, seria tributado
pelo PIS e pela COFINS, pois as próprias Leis excepcionam da incidência as subvenções de investimento (art. 1º, § 3º, X,
da Lei 10.637 e art. 1º, § 3º, IX, da Leis nº 10.833). Um exemplo são aqueles créditos concedidos em contrapartida à
aquisição de máquinas ou à ampliação do parque fabril, ou seja, que necessitam de um investimento.
Se a contrapartida, no entanto, for apenas para contratar pessoas ou fazer frente a outros gastos, estaremos diante de
uma subvenção de custeio, não abrangida pela exceção legal.
E não pense que é tão fácil detectar se uma subvenção é de investimento ou de custeio, pois os estados não são tão claros
quanto à exigência da contrapartida. Temos inúmeras discussões que ficam centradas em identificar a natureza do crédito
presumido. Neste sentido seguem a Solução de Consulta COSIT nº 188/2015 e o Acórdão nº 9303002.618 da Câmara
Superior de Recursos Fiscais – CSRF.
Certamente causa arrepio aos positivistas a afirmação de que a Receita Federal toma emprestada a definição contábil para
compreender a extensão da receita tributária. Isso decorre do fato de entenderem que qualquer conceito, quando
ingressado no universo jurídico, passa a ter uma nova definição, que não se confunde com o entendimento empregado
pelas “ciências pré-jurídicas”.
Foi neste sentido, inclusive, a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2013 no Recurso Extraordinário 606.107, ao dispor
que “o conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, ‘b’,da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil”.
https://busca.legal/credito-presumido-do-icms-e-seu-impacto-na-apuracao-do-pis-e-da-cofins/ 1/2
08/10/2019 Crédito presumido do ICMS e seu impacto na apuração do PIS e da COFINS - Busca.Legal
Neste julgamento, que tratou da venda de créditos do ICMS, foi estabelecido que receita pode ser definida como “ingresso
financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições”. Vejam que
há uma particular diferença entre esta definição e a contábil, a qual alcança todos os ingressos econômicos.
Este é um importante precedente a favor do contribuinte, em que pese esta decisão não ter efeito “erga omnis”, ou seja,
está restrita às partes.
A discussão acerca do alcance da definição de receita, por abranger um conceito constitucional, depende da palavra final do
STF, o qual, aliás, já reconheceu em 2015 a repercussão geral desta matéria. No Recurso Extraordinário 835.818 – ainda
não julgado – a União questiona a decisão da Justiça Federal e o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Fiscal, favoráveis à não incidência do PIS e da COFINS.
Conclusão
Como disse no início deste artigo, o objetivo era alertar sobre uma questão polêmica e pouco conhecida. Acredito que foi
possível apresentar neste texto qual é o entendimento fiscal sobre este assunto.
Como há bons argumentos jurídicos contrários a este entendimento fiscal – inclusive do próprio STF – meu conselho não
poderia ser que as empresas que antes desconheciam este fato passem a simplesmente pagar PIS e COFINS.
Não podemos, no entanto, ignorá-los e o seu risco deve ser compartilhado e gerenciado pelas organizações, pois enquanto
não for promulgada a decisão final do STF, não teremos certeza absoluta quanto aos desdobramentos desta discussão.
https://busca.legal/credito-presumido-do-icms-e-seu-impacto-na-apuracao-do-pis-e-da-cofins/ 2/2
08/10/2019 Perdão de dívida, descontos financeiros e anistia fiscal: impacto no PIS e na COFINS - Busca.Legal
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07/06/2016
Em recente artigo (Crédito presumido do ICMS e seu impacto na apuração do PIS e da COFINS), chamei atenção para uma
questão polêmica e pouco conhecida, que é a discussão a respeito da incidência do PIS e da COFINS sobre créditos
presumidos do ICMS.
Nessa mesma linha temática, quero agora destacar outra problemática: a incidência das contribuições sobre o perdão de
dívida, a exemplo de descontos financeiros e anistia fiscal.
Pela análise das diversas soluções de consulta ou atuações promovidas pela Receita Federal, podemos concluir que o fisco
toma emprestada a definição contábil de receita para definir o conceito tributário.
Com isso, ficariam sujeitas às contribuições todos os “aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil”,
conforme definição contábil constante do CPC 00 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Neste simples exemplo, no qual nem considerei a possibilidade de aproveitamento de créditos tributários, podemos
observar que surgiu uma dívida no passivo da empresa. O caminho natural para extinção desse passivo seria o seu
pagamento, o qual resultaria no seguinte lançamento:
Ambos lançamentos são enquadrados como permutativos, uma vez que não interferiram em contas de resultado. Neste
caso de extinção da dívida, não há preocupações quanto à incidência de PIS e COFINS. Todavia, se o fornecedor perdoar
esse débito, o registro contábil seria distinto:
Neste lançamento, enquadrado como modificativo, tivemos uma contrapartida em conta de resultado. E toda vez que
creditamos uma conta de resultado temos uma receita contábil!
Rememorando o raciocínio do fisco, teríamos, consequentemente, a incidência do PIS e da COFINS. Neste sentido segue a
Solução de Consulta nº 17/2010, da 1ª Região Fiscal, quando prevê que “a remissão de dívida importa para o devedor
(remitido) acréscimo patrimonial (receita operacional diversa da receita financeira), por ser uma insubsistência do passivo,
cujo fato imponível se concretiza no momento do ato remitente”.
O desconto financeiro
É muito comum que sejam apresentadas nas compras a prazo a possibilidade de um desconto caso o devedor quite a
dívida até determinada data, ação normalmente conhecida como “desconto financeiro”.
https://busca.legal/perdao-de-divida-descontos-financeiros-e-anistia-fiscal-impacto-no-pis-e-na-cofins/ 1/2
08/10/2019 Perdão de dívida, descontos financeiros e anistia fiscal: impacto no PIS e na COFINS - Busca.Legal
Para exemplificar, podemos considerar que determinada empresa adquiriu uma máquina para seu ativo imobilizado por R$
100.000,00. Ela tem 45 dias para pagar pela compra, mas se o fizer em até 30 dias, terá 10% de desconto. Para este
exemplo, teremos o seguinte lançamento:
Observem que o valor efetivamente pago foi menor à dívida. A diferença foi creditada a uma conta de resultado e,
consequentemente, teremos também uma receita contábil. Neste caso, no entanto, a receita enquadra-se como financeira e
sua tributação é diferenciada. Conforme prevê o Decreto nº 8.426/2015 – desde 01/07/2015 – as receitas financeiras estão
sujeitas às alíquotas de 0,65% e 4%.
Uma observação: apesar de não termos uma definição específica de receita financeira para PIS e COFINS, entendo que
podemos nos basear no conceito previsto para o Imposto de Renda, constante do artigo 373 do Decreto nº 3.000/99, o
qual alcança “os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda
fixa”.
E um parêntese: O Decreto nº 8.426/2015 vem sendo objeto de discussões judiciais por não observar o princípio da
legalidade. Discutiremos essa questão de forma mais detalhada em outro artigo.
É válido lembrar que os encargos incidentes no pagamento em atraso de um tributo, bem como de qualquer outra
obrigação, devem ser reconhecidos pela contabilidade, conforme incorridos pelo regime de competência. Dessa forma,
quando um tributo não é pago tempestivamente, a empresa reconhece a despesa da mora debitando uma Conta de
Resultado em contrapartida ao passivo. Havendo o perdão desse encargo, baixa -se o passivo em contrapartida a uma
receita (Conta de Resultado).
Deste modo, quando o estado, por exemplo, perdoa uma dívida do ICMS (seja o principal ou somente os encargos), a
Receita Federal logo quer parte desse benefício sobre forma de PIS e COFINS – por mais estranho que isso possa parecer.
Entendo, no entanto, que o perdão dos juros também pode ser enquadrado como receita financeira e, neste caso, a
tributação seria às alíquotas de 0,65% e 4%, pois, embora derive de uma reversão de despesa, sua natureza é claramente
financeira.
Também cabe observar que o perdão de dívida tributária, caso esteja atrelada a algum investimento por parte do
contribuinte, será enquadrado como subvenção de investimento e, neste caso, estará afastada a incidência das
contribuições (art. 1º, § 3º, X, da Lei 10.637 e art. 1º, § 3º, IX, da Leis nº 10.833), como já detalhei em artigo específico.
Conclusão
A definição de receita adotada pelo fisco é muito ampla, equivalendo à definição contábil. Dessa forma, salvo previsão legal
em sentido contrário, todas as receitas contábeis estão sujeitas à incidência das contribuições no regime não cumulativo.
Qualquer perdão de dívida, seja tributário, junto a um fornecedor, com os sócios ou mesmo um desconto financeiro, ficam
passíveis de incidência do PIS e da COFINS pelo entendimento fiscal.
https://busca.legal/perdao-de-divida-descontos-financeiros-e-anistia-fiscal-impacto-no-pis-e-na-cofins/ 2/2
08/10/2019 Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS: o que diz a SCI 13/2018? - Busca.Legal
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09/11/2018
Em março/2017 tivemos o tão aguardado julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, onde o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu que “o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS”.
Desfavorável à Fazenda Pública, a decisão, com repercussão geral reconhecida, foi muito comemorada, pois influenciaria
todos os julgamentos sobre a mesma matéria. Tanto que o principal questionamento à época se referia à possível
modulação de seus efeitos, ou seja, sobre o seu alcance em relação aos contribuintes que ainda não haviam discutido
judicialmente a matéria.
Com a publicação da decisão em outubro de 2017, no entanto, uma nova questão veio à tona: qual ICMS poderia ser
excluído? O destacado na nota fiscal, como esperavam todos os contribuintes? Ou o a recolher, como passou a entender a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Secretaria da Receita Federal (RFB)? E essa questão é de extrema
relevância, pois se for apenas o ICMS a recolher, as empresas com saldo credor não teriam nenhuma exclusão a ser feita.
Apesar de entender que o mais coerente seria excluir o ICMS destacado, até para mantermos a mesma regra do IPI,
confesso que não vejo nas 227 páginas da decisão a clareza que muitos propagam. Aliás, isso é o que menos vejo, a
exemplo do trecho a seguir da ementa da decisão:
1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adota-se o sistema
de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher e apurado mês a mês, considerando-se o total de créditos
decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: analise contábil ou
escritural do ICMS.
E essa falta de clareza motivou, inclusive, a PGFN a entrar com Embargos de Declaração, os quais ainda não foram
analisados pelo STF. As empresas, por sua vez, muitas vezes sem saber da polêmica, têm partido para operacionalizar a
decisão, excluindo, na maior parte dos casos, o ICMS destacado no documento fiscal.
Nesse sentido, vejo oportuna a recente publicação da Solução de Consulta Interna (SCI) COSIT nº 13/2018, pois deixa
evidente a polêmica e a posição do fisco. Quanto ao seu mérito, já foram escritos inúmeros artigos, em sua maioria
contrários ao entendimento do fisco.
O foco deste artigo, portanto, não será discutir se a SCI está correta ou não, mas apenas expor o entendimento ali
contido.
A primeira questão a ser enfrentada refere-se ao público-alvo da SCI. A consulta, que partiu de dúvidas da Coordenação-
Geral de Contencioso Administrativo e Judicial (COJAC) da própria RFB, tem por objetivo orientar os fiscais quando aos
procedimentos a serem adotados para cumprimento das decisões transitadas em julgado em relação à exclusão do ICMS.
Este ato, portanto, é de observância obrigatória apenas pelos auditores-fiscais. O contribuinte, haja vista o princípio da
legalidade, não está obrigado à sua observância. Podem então simplesmente ignorá-la? Até podem, mas desde que cientes
do risco fiscal, pois quando o fiscal for analisar o seu crédito se pautará pelos procedimentos ali contidos.
Outro ponto a se destacar é que a SCI só se aplica às decisões com trânsito em julgado, ou seja, definitivas. Não alcança
as liminares ou as decisões que ainda podem ser recorridas e, menos ainda, os casos em que o contribuinte nem começou
a discutir a matéria.
É importante destacar que quando temos uma decisão definitiva do STF, com repercussão geral, há manifestação da PGFN
e edição de Parecer Normativo por parte da RFB. Com isso, seguindo os trâmites da Lei nº 10.522/2002, a Fazenda deixa
de recorrer da matéria em que foi vencida e os fiscais deixam de lavrar auto de infração. Ocorre, no entanto, que no
presente caso a decisão foi objeto de Embargos de Declaração pela PGFN, motivo pela qual seus efeitos não são aplicáveis
imediatamente a todos os contribuintes, mas apenas àqueles que já tiveram uma decisão transitada em julgado.
Dessa forma, apesar da grande polêmica que tem gerado, a SCI é de alcance bem restrito, pois apenas um percentual
baixo de empresas já tem decisão com trânsito em julgado. Além disso, cabe observar que a SCI só se aplica aos casos em
que a decisão judicial apenas acompanhou o STF, sem entrar nos detalhes quanto ao ICMS que pode ser excluído. Caso a
decisão tenha sido taxativa no sentido de excluir o ICMS destacado, a RFB é obrigada a cumpri-la, não sendo aplicável a
SCI nº 13/2018.
https://busca.legal/exclusao-do-icms-da-base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins-o-que-diz-a-sci/ 1/4
08/10/2019 Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS: o que diz a SCI 13/2018? - Busca.Legal
a) o montante a ser excluído da base de cálculo mensal da contribuição é o valor mensal do ICMS a recolher, conforme
o entendimento majoritário firmado no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, pelo Supremo Tribunal
Federal;
Portanto, mesmo que você discorde desta posição – e há bons argumentos para isso -, a RFB deixou bem claro o seu
entendimento: somente o valor mensal do ICMS a recolher é o que pode ser excluído da base de cálculo das contribuições.
O valor do ICMS destacado no documento fiscal, consequentemente, não tem nenhuma importância para o cálculo do valor
a ser excluído das contribuições.
Em resumo, somente ao final do mês, após a apuração dos débitos e créditos do ICMS, é que o contribuinte terá o valor a
ser excluído da base de cálculo. E aqui um dos problemas da SCI, pois no momento de formação do preço de venda de um
produto não saberemos quanto haverá de PIS e COFINS, pois a base de cálculo destes tributos será impactada pelo ICMS a
ser recolhido, informação que o contribuinte só terá ao final do mês.
IMPORTANTE: considerando que devemos partir do ICMS a recolher, não interessa saber se a operação do qual ele se
originou foi tributada ou não pelo PIS e pela COFINS. Dessa forma, mesmo o ICMS das operações de transferência (não
tributadas pelas contribuições) será considerado.
Uma vez conhecido o montante do ICMS a ser excluído, é necessário relacioná-lo a cada tipo de CST do PIS e da COFINS.
É o que prevê o trecho a seguir da SCI:
b) considerando que na determinação da Contribuição para o PIS/Pasep do período a pessoa jurídica apura e escritura
de forma segregada cada base de cálculo mensal, conforme o Código de Situação Ttributária (CST) previsto na
legislação da contribuição, faz-se necessário que seja segregado o montante mensal do ICMS a recolher, para fins de se
identificar a parcela do ICMS a se excluir em cada uma das bases de cálculo mensal da contribuição;
c) a referida segregação do ICMS mensal a recolher, para fins de exclusão do valor proporcional do ICMS, em cada uma
das bases de cálculo da contribuição, será determinada com base na relação percentual existente entre a receita bruta
referente a cada um dos tratamentos tributários (CST) da contribuição e a receita bruta total, auferidas em cada mês;
A exclusão do ICMS será feita, portanto, de forma proporcional à receita bruta de cada CST, conforme relacionados a
seguir:
Código Descrição
A SCI, a partir da página 24, nos traz exemplos que ajudam a entender essa dinâmica. Veja um caso:
Situação 2: A empresa auferiu no período receita bruta mensal de R$ 100.000,00, sendo 60% correspondente a
vendas submetidas à alíquota básica da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (CST 01) e 40% correspondente
a vendas submetidas à alíquota zero da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (CST 06) . Considerando que o
valor do ICMS a Recolher corresponda a R$ 10.000,00.
Tem-se então:
https://busca.legal/exclusao-do-icms-da-base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins-o-que-diz-a-sci/ 2/4
08/10/2019 Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS: o que diz a SCI 13/2018? - Busca.Legal
– Valor do ICMS a excluir na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins correspondente ao CST 01:
R$ 6.000,00 (base de cálculo tributável de PIS/Pasep e Cofins)
– Valor do ICMS a excluir na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins correspondente ao CST 06:
R$ 4.000,00 (base de cálculo não tributável de PIS/Pasep e Cofins)
Vejam que partimos do ICMS recolhido, sem analisar se o mesmo se originou de operações tributadas pelo PIS e pela
COFINS. Encontrado o valor, aí sim é feita a segregação de acordo com a receita bruta de cada CST. O ajuste não é feito
item a item ou operação por operação. Será feito um rateio pelo CST das contribuições.
Não estaremos, portanto, excluindo o ICMS efetivamente incidente em cada produto, haja vista “a completa inviabilidade
de estabelecer, do valor do ICMS a recolher em cada período mensal, a qual mercadoria, bem ou serviço se refere, na sua
individualidade”, como reconhece a própria RFB na SCI.
Como dito no início, a RFB entende que não é o valor do ICMS destacado no documento fiscal que será excluído, mas
apenas o recolhido. E para tanto, a SCI prevê:
d) para fins de proceder ao levantamento dos valores de ICMS a recolher, apurados e escriturados pela pessoa jurídica,
devem-se preferencialmente considerar os valores escriturados por esta, na escrituração fiscal digital do ICMS e do IPI
(EFD-ICMS/IPI), transmitida mensalmente por cada um dos seus estabelecimentos, sujeitos à apuração do referido
imposto;
e) no caso de a pessoa jurídica estar dispensada da escrituração do ICMS, na EFD-ICMS/IPI, em algum(uns) do(s)
período(s) abrangidos pela decisão judicial com trânsito em julgado, poderá ela alternativamente comprovar os valores
do ICMS a recolher, mês a mês, com base nas guias de recolhimento do referido imposto, atestando o seu
recolhimento, ou em outros meios de demonstração dos valores de ICMS a recolher, definidos pelas Unidades da
Federação com jurisdição em cada um dos seus estabelecimentos.
O caminho prioritário, portanto, é buscar o ICMS a própria apuração da EFD-ICMS/IPI. Neste caso, não é necessário
comprovar se o valor foi efetivamente recolhido aos cofres públicos estaduais. Não havendo a EFD-ICMS/IPI, aí sim poderá
comprovar o valor a partir das guias de recolhimento ou mesmo em outra obrigação acessória do estado, como é o caso da
GIA em São Paulo.
Para os casos em que a decisão judicial não foi explícita quanto ao ICMS que poderá ser excluído, considerando a SCI, o
contribuinte deve emitir normalmente seus documentos fiscais, sem considerar qualquer exclusão da base de cálculo das
contribuições.
A escrituração desse documento fiscal na EFD-Contribuições também seguirá normal. O ajuste da exclusão será feito
apenas no Bloco M (Apuração). E, neste ponto, a EFD-Contribuições sofrerá ajustes a partir da competência janeiro/2019,
para especificar essa exclusão do ICMS.
Basicamente, portanto, o documento fiscal será emitido e escriturado normalmente. A base de cálculo das contribuições
também chegará inalterada no Bloco M. Na EFD-Contribuições atual, o ajuste se dará após o valor calculado das
contribuições, usando o campo 10 (Valor total dos ajustes de redução da contribuição social apurada); e a partir de
janeiro/2019 o ajuste será feito após a base de cálculo (e antes do valor calculado das contribuições), usando o novo
campo 06 (Valor total dos ajustes de redução da base de cálculo da contribuição). Será necessário, ainda, escriturar os
novos registros M215 e M615 para especificar o ajuste.
Somente aquelas empresas com decisão judicial declarando a exclusão do ICMS destacado poderão ajustar diretamente na
escrituração do documento fiscal a base de cálculo das contribuições, que, neste caso, já traria o valor reduzido no Bloco
M, não sendo necessário mais nenhum ajuste.
Outro ponto a observar: sempre que tivermos alguma mudança na apuração, em decorrência de uma decisão judicial, se
faz necessária a escrituração, ainda, do registro 1010 (Processo Referenciado – Ação Judicial). Também será necessário
detalhar os ajustes à base de cálculo das contribuições no registro 1050 (Detalhamento de Ajustes de Base de Cálculo –
Valores Extra Escrituração), que será inserido na EFD-Contribuições a partir de janeiro/2019. Nele será demonstrada a
segregação do ICMS a ser excluído entre os diversos CST.
Considerando a exclusão do ICMS recolhido, esse valor será encontrado na apuração do imposto na EFD-ICMS/IPI.
Somando os valores de todos os estabelecimentos, teremos o montante a ser usado para rateio entre os CST das
contribuições.
https://busca.legal/exclusao-do-icms-da-base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins-o-que-diz-a-sci/ 3/4
08/10/2019 Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS: o que diz a SCI 13/2018? - Busca.Legal
Com o novo registro 1050 da EFD-Contribuições, o contribuinte terá que indicar, ainda, tanto o CNPJ do estabelecimento
como o número de recibo da declaração a que se refere o ajuste, possibilitando que o fisco verifique nas EFD-ICMS/IPI se
o valor do ICMS a ser excluído está realmente correto.
Portanto, não é porque você tem uma decisão judicial que o fisco simplesmente acatará o valor que você informar nas
obrigações acessórias. Ele checará se esse valor realmente está correto e, com os controles que já tem e que ganhará, isso
ficará bem mais fácil.
Conclusão
Há tempos não via uma medida da Receita Federal ser tão criticada. Diariamente são publicados artigos e notícias na
mídia. E isso é muito positivo, pois os contribuintes não devem simplesmente acatar os entendimentos do fisco.
O objetivo deste artigo, no entanto, foi apenas apresentar o entendimento da RFB quanto à exclusão do ICMS e evidenciar
os riscos a que estão sujeitas as empresas que adotarem caminho diverso, quando desprovidos de uma medida judicial que
especifique qual ICMS poderá será excluído.
A decisão sobre como proceder, portanto, ficará a cargo de cada empresa, que ponderará entre os riscos e benefícios, até
que tenhamos algo mais concreto por parte do judiciário. E, neste sentido, seria de extrema importância termos, o quanto
antes, a decisão do STF quanto aos Embargos de Declaração impetrados pela PGFN. Afinal, após esperarmos 10 anos,
desde que essa discussão chegou ao STF, considerávamos apenas cumpri-la e não ter que interpretá-la.
Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS: o que diz a SCI 13/2018?
https://busca.legal/exclusao-do-icms-da-base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins-o-que-diz-a-sci/ 4/4
08/10/2019 Como ficam os créditos do PIS e da COFINS com a decisão do STF? - Busca.Legal
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Tão logo o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da
COFINS, no recente RE nº 574.706, várias questões vieram à tona, como efeitos para aqueles que ainda não tinham
ingressado com medida judicial e impactos sobre operações com ICMS já recolhido por substituição tributária em etapas
anteriores.
E dentre essas polêmicas, uma que tem estado bem presente é sobre os possíveis impactos em relação ao aproveitamento
de créditos da não cumulatividade das contribuições sociais. Afinal, se o ICMS não faz mais parte da base de cálculo do
débito, o crédito também deveria ser menor?
Em termos lógicos sim, mas as atuais contribuições não têm esse compromisso todo com esse raciocínio. E para
respondermos de forma mais precisa é necessário entendermos a não cumulatividade das contribuições sociais.
Diferentemente do ICMS e o IPI, baseados no Método de Crédito do Tributo, onde o imposto incidente em cada operação é
compensado com o montante cobrado na anterior, para o PIS e COFINS foi adotado o que se chama de Método Indireto
Subtrativo, onde não há uma vinculação direta entre débitos e créditos.
Como prevê a própria Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 135/2013, que instituiu a não cumulatividade da
COFINS, no Método Indireto Subtrativo, “o texto estabelece as situações em que o contribuinte poderá descontar, do valor
da contribuição devida, créditos apurados em relação aos bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos que
menciona”.
O crédito do PIS e da COFINS, portanto, não vem por transferência da operação anterior. Ele nasce internamente na
empresa. É por isso que mesmo nas aquisições de empresas do regime cumulativo, que tributaram às alíquotas de 0,65% e
3%, os créditos são normais às alíquotas de 1,65% e 7,6%.
E isso foi necessário, pois quando da criação da não cumulatividade das contribuições sociais não havia previsão de
informação dos aportes nos documentos fiscais. Isso só começou em 2006 com a criação da Nota Fiscal Eletrônica.
O crédito, portanto, não está limitado ao valor destacado na nota fiscal, como ocorre com o ICMS e o IPI. É por isso que o
IPI, que nunca fez parte da base de cálculo do débito das contribuições, compõe a base de cálculo do crédito em
determinadas situações, como reconhece a própria Receita Federal na Instrução Normativa 404/2004.
Portanto, pouco importa se a empresa ingressou com medida judicial ou se comprou de alguém que foi beneficiado, pois no
modelo atual das contribuições o crédito não está vinculado ao valor pago na operação anterior. E além disso, no
precedente julgado pelo STF não foram discutidos possíveis reflexos quanto ao crédito. A tese ficou limitada à não inclusão
do ICMS no conceito de receita.
Como a decisão do STF afetará cerca de 10 mil processos, com um impacto estimado de 20 bilhões no orçamento anual do
governo federal, não será surpresa encontrarmos obstáculos à recuperação dos valores já pagos. Mas enquanto a legislação
não for alterada, algo que já está nos planos do governo federal, não poderá haver reflexos no aproveitamento dos créditos.
Isso seria desconstruir o modelo atual, por mais incoerente que o seja.
https://busca.legal/como-ficam-os-creditos-pis-e-da-cofins-com-decisao-stf/ 1/1
08/10/2019 Como tributar uma laranja? Uma amostra do nosso complexo sistema tributário! - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
16/07/2018
Mesmo aqueles que não são da área tributária, certamente já ouviram falar do quanto o nosso sistema tributário é
complexo. E ele pode ser mais complexo do que você imagina!
Podemos demonstrar isso com um simples exemplo: qual a tributação de uma laranja?
Vamos lá!
Para definir a tributação de qualquer produto, um ponto fundamental é saber a sua classificação fiscal, ou seja, a sua NCM.
São mais de 10 mil códigos e, mesmo que você os decore, isso não é suficiente, pois para definir corretamente uma NCM
ainda é preciso conhecer as regras de interpretação do Sistema Harmonizado, bem como suas Notas Explicativas.
No caso da nossa laranja, considerando que ela esteja em estado natural, a NCM será 0805.10.00. Já a laranja cristalizada,
pelo fato de ter passado por um processo de preparação, vai para a NCM 2006.00.00. Um suco de laranja, ainda que 100%
natural, já vai para a NCM 2009.19.00.
Considerando a laranja em estado natural, terá redução a zero das alíquotas de PIS e COFINS, conforme prevê o art. 28,
III, da Lei 10.865/2004. Mas este benefício está restrito às frutas do capítulo 08. A laranja cristalizada ou mesmo o suco
natural de laranja serão tributados normalmente.
E o ICMS? Neste caso, será ainda um pouco mais complexo. Conforme prevê o Convênio ICM nº 44/1975, os estados
podem conceder isenção aos produtos hortifrutícolas em estado natural. Mas cada estado pode ter a sua definição de
“estado natural”!
Em São Paulo, por exemplo, o simples fato do produto estar em uma embalagem com marca, mesmo sem ter passado por
nenhum outro processo, já perde esse benefício, tendo em vista a polêmica Decisão Normativa CAT 16/2009. Com isso,
será tributado normalmente à alíquota de 18% na venda ao consumidor final, mas terá redução de base de cálculo nas
operações anteriores, conforme prevê o art. 51 do RICMS/SP.
Já no Paraná, conforme prevê o item 134 do Anexo I do RICMS/PR, a isenção é bem ampla e também se aplica às
operações com produtos que tenham passado por processo de desidratação, pressurização e congelamento, desde que não
sejam utilizados conservantes. Alcança, inclusive, os produtos ralados, cortados, picados, fatiados…
Veja que o conceito de “estado natural”, que poderia parecer algo simples e até óbvio, guarda inúmeras peculiaridades,
conforme cada unidade federativa. E se uma laranja pode trazer tantas nuances para definição de sua tributação, imagine
um produto industrializado, como medicamentos, bebida e eletrônicos!
Sem dúvida! E isso é observado desde deixar a empresa menos competitiva, ao tributar a maior, ou em risco fiscal, caso
tribute a menor. No âmbito federal, por exemplo, a multa é de 75% sobre o valor do tributo não recolhido!
Mas esse desafio de identificar a tributação de um produto, que é quase humanamente impossível, ganha agora um grande
aliado! Utilizando tecnologia cognitiva e linguagem natural – Watson da IBM –, a Busca Legal desenvolveu o Busca.Legal
Tax One – T1, uma aplicação que permite a consulta da tributação de produtos, qualquer que seja sua NCM, nas diversas
fases de sua cadeia de comercialização! E de forma muito simples: basta indicar a descrição do produto ou sua NCM e qual
estado você quer consultar.
Economize seu tempo e evite riscos! Acesse o Busca.Legal Tax One – T1 e resolva suas dúvidas, inclusive sobre a
tributação da laranja em outros estados!
https://busca.legal/como-tributar-uma-laranja-uma-amostra-do-nosso-complexo-sistema-tributario/ 1/2
08/10/2019 Como tributar uma laranja? Uma amostra do nosso complexo sistema tributário! - Busca.Legal
Como tributar uma laranja? Uma amostra do nosso complexo sistema tributário!
https://busca.legal/como-tributar-uma-laranja-uma-amostra-do-nosso-complexo-sistema-tributario/ 2/2
08/10/2019 A complexa ciência da Classificação Fiscal de Mercadorias e o clássico exemplo do parafuso - Busca.Legal
Receber o Boletim
A partir do exemplo da classificação fiscal de um parafuso, será demonstrado neste texto toda a complexidade por trás
desta ciência, conhecida como merceologia. Além de discorrer sobre as regras de interpretação do Sistema Harmonizado de
Designação e de Codificação de Mercadorias, essenciais na correta classificação de qualquer produto, serão abordadas as
implicações que podem surgir em decorrência de equívocos na classificação fiscal.
Primeiramente, cabe lembrar que se trata de uma obrigatoriedade. Conforme prevê o Convênio SINIEF s/nº de 1970, a nota
fiscal, modelos 1 e 1-A, deverá conter, dentre outras informações, “o código estabelecido na Nomenclatura Comum do
Mercosul/Sistema Harmonizado – NCM/SH, nas operações realizadas por estabelecimento industrial ou a ele equiparado, nos
termos da legislação federal, e nas operações de comércio exterior”. E essa mesma obrigatoriedade alcança a Nota Fiscal
Eletrônica – NF-e, adicionada de um complicador, pois desde 01/01/2016, com a Nota Técnica 2015/002, foi incluída uma
nova regra de validação para autorização da NF-e, que verifica se a NCM informada existe na tabela publicada pelo
Ministério do Desenvolvimento (MDIC).
E a importância da NCM não se restringe às obrigações acessórias, pois ela é essencial na apuração de diversos tributos.
Assim é com o IPI (art. 189 do RIPI – Decreto nº 7.212/2010) e com o Imposto sobre Importação (art. 94 do RA – Decreto
nº 6.759/2009). Em relação ao PIS/PASEP e à COFINS, a utilização dessa codificação foi ampliada e tem sido fundamental
na identificação de benefícios fiscais, regimes especiais e tributações diferenciadas.
Quanto ao ICMS, o conhecimento da exata classificação também é fundamental. Além de benefícios fiscais, os códigos da
NCM são utilizados para fixar quais produtos estão abrangidos pela substituição tributária. Com a criação do Código
Especificador da Substituição Tributária – CEST, a NCM ganhou ainda mais importância!
E o enquadramento incorreto na NCM pode levar tanto ao recolhimento a maior, quanto a menor de tributos. Nesta última
hipótese, a multa mínima por lançamento de ofício na esfera federal é de 75% (Art. 44 da Lei nº 9.430/96).
No âmbito do comércio exterior, ainda há previsão de multa de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada
incorretamente (art. 711 do RA).
Sem o código da NCM, ainda se torna impossível prosseguir com os procedimentos administrativos para uma importação.
No caso de embarque de mercadoria sem a respectiva licença de importação, a multa prevista é de 30% do valor aduaneiro
(art. 706 do RA).
O SH, adotado por 177 países, nos quais se incluem os países do Mercosul, é composto por um sistema de códigos com 6
dígitos, divididos em 21 seções e 97 capítulos. No âmbito do Mercosul, no entanto, esse sistema sofreu algumas alterações
com a aprovação da Nomenclatura Comum do Mercosul. Basicamente, aos 6 dígitos do SH foram acrescidos mais 2. Antes
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08/10/2019 A complexa ciência da Classificação Fiscal de Mercadorias e o clássico exemplo do parafuso - Busca.Legal
disso, no Brasil adotávamos a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, que utilizava além dos 6 dígitos do SH, mais 4
dígitos. Esse sistema teve vigência até 31/12/1996.
No Mercosul, portanto, os produtos são classificados com base na NCM, que possui 8 dígitos, sendo que alguns produtos
ainda possuem “Ex” (mais 2 dígitos) para detalhamento mais preciso e tratamento tributário por vezes diferenciado.
É necessário ainda conhecer as regras de interpretação do SH, das quais são fundamentais para o enquadramento preciso
na NCM. Por exemplo, com base nessas regras, podemos classificar corretamente um produto que pareça enquadrar-se em
duas ou mais posições. Neste caso, a classificação deve efetuar-se considerando a posição mais específica sobre as mais
genéricas.
Outro detalhe importante, é observar o disposto nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado, mais conhecidas por
NESH, onde constam os critérios que foram adotados para sistematização dos códigos na NCM. Na NESH vamos encontrar
subsídios para interpretação e aplicação da correta classificação fiscal do produto na NCM. Consiste em um rol explicativo e
em alguns casos exemplificativo para cada posição dentro dos 97 capítulos.
E cabe observar que a NESH, aprovada pela Instrução Normativa RFB nº 807/2008, foi recentemente impactada pelas
Instruções Normativas 1.666 e 1.667, que aprovaram, respectivamente, a VI Emenda à Nomenclatura do Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias e a tradução das atualizações das Notas Explicativas do
Sistema Harmonizado. Com isso, a relação atual de NCM é bem diferente daquela existente até 31/12/2016. Além da
criação de novos códigos, tivemos NCM suprimidas, desdobradas e fundidas. Ou seja, a NCM que era adotada no produto
em 2016 talvez não seja mais aplicada em 2017.
A classificação do parafuso
Se buscarmos na TIPI ou na TEC com a palavra “parafuso”, teremos como retorno 6 códigos que mencionam esse termo.
Desses, cita-se como exemplo, o código 7318.14.00, cuja descrição é “Parafusos perfurantes”. Poderíamos simplesmente
utilizar esse código? E se optássemos pelo código 7318.12.00, o qual tem por posição “Outros parafusos para madeira”?
Tendo em vista que nosso parafuso não é perfurante e nem será usado em madeira, não parece que essas classificações
sejam as mais adequadas. Portanto, precisamos conhecer um pouco mais o nosso produto, e neste sentido constatamos que
se trata de um parafuso a ser utilizado em aeronaves. Poderíamos então utilizar um código mais genérico, o 3926.90.90,
cuja descrição é “Parafusos e porcas”?
Como este parafuso será utilizado em aeronaves, não seria o caso de analisar o capítulo 88, que trata das aeronaves,
aparelhos espaciais e suas partes? Afinal, o parafuso não será uma parte da aeronave? Neste capítulo não encontraremos
especificamente o parafuso, mas temos o código 8803.30.00, cuja descrição é “Outras partes de aviões ou de helicópteros”.
Aparentemente, nada proibiria de utilizar esta classificação, no entanto, analisando a NESH, encontraremos que este
capítulo compreende as partes e acessórios reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinados aos veículos que
engloba. Esse não é o caso de nosso parafuso, que também serve para outras finalidades.
Talvez seja melhor voltarmos então ao parafuso do código 3926.90.90, que é mais genérico. No entanto, estaríamos
errados, pois esse produto não é composto do mesmo material do nosso parafuso, que é feito de alumínio. Assim, tendo em
vista sua composição, iremos verificar que o alumínio e suas obras constam do capítulo 76 e o nosso parafuso, mais
precisamente, no código 7616.10.00, que abrange “tachas, pregos, escápulas, parafusos, pinos ou pernos roscados, porcas,
ganchos roscados, rebites, chavetas, cavilhas, contrapinos, arruelas e artefatos semelhantes”.
Considerações finais
A classificação fiscal de mercadorias é ciência complexa, com muitas nuances. Em face de todas as regras aplicáveis, as
possibilidades de se cometer erros são muito grandes.
Na classificação de um simples parafuso é necessário verificar inúmeras regras de classificação, e sua inobservância pode
levar o contribuinte a sérios prejuízos. Em relação ao IPI, por exemplo, em nossa pesquisa retornaram produtos com
alíquota de 0% e 10%. Quanto ao II, foram relacionadas alíquotas de 14%, 16% e 18%. Isso comprova a importância de
uma correta classificação, pois esses erros poderiam levar ao recolhimento incorreto de tributos.
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08/10/2019 A complexa ciência da Classificação Fiscal de Mercadorias e o clássico exemplo do parafuso - Busca.Legal
Por fim, cabe ressaltar que se na simples classificação de um parafuso podem surgir tantas dúvidas, o que poderá surgir em
relação a produtos mais complexos, como máquinas e equipamentos, produtos químicos, medicamentos, kits de produtos
etc.
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08/10/2019 PIS e COFINS e as inúmeras formas de tributar receitas financeiras - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
07/12/2018
Em minhas aulas, sempre provoco meus alunos dizendo que um bom início de resposta para qualquer pergunta sobre PIS e
COFINS é: “depende”. E quando tratamos de receitas financeiras, isso pode ser facilmente comprovado, como veremos
neste artigo.
E já de início destaco que não é objeto deste artigo discutir a possível inconstitucionalidade do restabelecimento parcial das
alíquotas do PIS e da COFINS sobre receitas financeiras promovida pelo Decreto nº 8.426/2015. Para isso, sugiro a leitura
do seguinte artigo que escrevi em julho de 2016:
Receitas financeiras e a majoração do PIS e da COFINS por meio de Decreto.
Para analisarmos se uma receita financeira é tributada ou não, a primeira questão a ser enfrentada é o regime ao qual está
sujeito o contribuinte, uma vez que os fatos geradores são distintos.
Regime cumulativo
No regime cumulativo, o fato gerador do PIS e da COFINS é o faturamento (art. 2º da Lei nº 9.718/98). Ou seja, somente
as receitas relacionadas à atividade ou ao objeto principal da empresa estarão alcançadas pela incidência (art. 3º da Lei nº
9.718/98 e art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/77).
Em uma empresa cujo objeto social seja o comércio, por exemplo, as receitas financeiras não estarão sujeitas às
contribuições. No caso de um banco, no entanto, as receitas financeiras fazem parte de seu objeto principal e estarão
sujeitas ao PIS e à COFINS.
E como trataremos em outros tópicos, há situações em que as receitas financeiras fazem parte da atividade, mesmo a
empresa sendo não financeira. Neste caso, serão tributadas mesmo no regime cumulativo.
Atenção:
1. Para saber mais sobre atividade ou objeto da sociedade, sugiro a leitura da Solução de Consulta COSIT nº 84/2016.
2. A COFINS devida pelos bancos e outras pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º e 8º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 foi
elevada para 4% por meio do art. 18 da Lei nº 10.684/2003. No Recurso Extraordinário nº 609096 RG / RS, com
Repercussão Geral, as instituições financeiras discutem a exigibilidade do PIS e da COFINS sobre suas receitas, por
entenderem que tais valores não estão incluídos no conceito de faturamento.
Já no regime não cumulativo, o fato gerador alcança todas as receitas auferidas pela empresa (art. 1º, “caput” e § 1º, das
Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003). Dessa forma, mesmo aquelas receitas estranhas ao objeto social estão alcançadas
pela incidência, salvo alguma exceção legal.
Com isso, mesmo no caso de uma empresa comercial, as receitas financeiras serão tributadas. Destaca-se, no entanto, que
estas receitas estão sujeitas ao PIS e à COFINS às alíquotas diferenciadas de 0,65% e 4%, respectivamente (Decreto nº
8.426/2015).
Em resumo: no regime cumulativo as receitas financeiras serão tributadas apenas se estiverem ligadas à atividade ou
objeto principal da pessoa jurídica. Já no regime não cumulativo isso independe.
Há empresas que estão no regime cumulativo, outras no não cumulativo e, ainda, aquelas que estão ao mesmo tempo em
ambos. Isso acontece, por exemplo, em uma instituição de ensino do Lucro Real, que aufere receitas de educação superior
e de cursos livres. A primeira está no regime cumulativo e a segunda no não cumulativo.
Nessas situações, as receitas financeiras serão tratadas integralmente no regime não cumulativo, ou seja, às alíquotas de
0,65% e 4% (art. 1º, § 1º, do Decreto nº 8.426/2015).
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08/10/2019 PIS e COFINS e as inúmeras formas de tributar receitas financeiras - Busca.Legal
Em geral, tenho visto que as empresas têm tributado suas receitas de juros decorrentes de aplicações financeiras. Por
outro lado, não se atentaram à existência de outras receitas financeiras que também são comuns, a exemplo daquelas
decorrentes de descontos financeiros (descontos condicionados).
Dessa forma, caso você faça uma aquisição a prazo e, no momento do pagamento, tenha um desconto, este valor se
constitui como receita financeira e está, portanto, sujeito às alíquotas de 0,65% para o PIS e 4% para a COFINS.
Em junho/2016 escrevi o artigo Perdão de dívida, descontos financeiros e anistia fiscal: impacto no PIS e na COFINS que
aborda, além desse assunto, a incidência do PIS e da COFINS sobre outros perdões de dívida, como anistia e remissão
tributária.
“Cuidando-se de pessoa jurídica que se dedica ao transporte rodoviário de carga, o perdão de dívida referente a
empréstimo bancário deve ser classificado como receita financeira e sujeita-se à incidência não cumulativa da Cofins à
alíquota de 4%.”
[…]
“Cuidando-se de pessoa jurídica que se dedica ao transporte rodoviário de carga, o perdão de dívida referente a
empréstimo bancário deve ser classificado como receita financeira e sujeita-se à incidência não cumulativa do PIS/Pasep à
alíquota de 0,65%.”
Na mesma linha, a Solução de Consulta COSIT nº 531/2017, que trata tanto dos descontos incondicionais quanto
condicionais.
Atenção: os descontos financeiros serão tributados apenas no regime não cumulativo, que alcança todas as receitas da
empresa.
Há, ainda, outro caso em que as empresas podem estar em risco fiscal, considerando o entendimento do fisco.
Conforme prevê a Solução de Consulta COSIT nº 134/2018, as receitas decorrentes da cobrança de juros de clientes, por
atraso no pagamento, são acréscimos à receita de venda e, portanto, resultantes de sua atividade, estando sujeitas à
incidência das contribuições, mesmo no regime cumulativo.
E, na mesma seara, caso a empresa esteja sujeita ao regime não cumulativo, deverá tributar os juros sobre inadimplência
como receita da atividade e não nas regras diferenciadas das receitas financeiras. Em resumo, essas receitas são acessórias
à receita da venda do produto e estarão sujeitas ao mesmo tratamento tributário.
Seguindo autorização do art. 27 da Lei nº 10.865/2004, o Decreto nº 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da
COFINS sobre receitas financeiras. Esta redução, no entanto, não alcançou as receitas financeiras de JCP, que continuaram
tributadas normalmente às alíquotas de 1,65% e 7,6% (art. 1º, parágrafo único, I).
Dessa forma, o restabelecimento parcial das alíquotas promovido pelo Decreto nº 8.426/2015 não trouxe consequências
nas receitas de JCP, que continuaram tributadas normalmente (art. 1º, § 2º).
E, em regra, os JCP serão tributados apenas no regime não cumulativo, que alcança todas as receitas da empresa. A RFB,
no entanto, por meio da a Solução de Consulta COSIT nº 84/2016, afirmou que:
“as receitas decorrentes do recebimento de juros sobre o capital próprio auferidas por pessoa jurídica cujo objeto social
seja a participação no capital social de outras sociedades compõem sua receita bruta para fins de apuração da Contribuição
para o PIS/Pasep e da Cofins devidas no regime de apuração cumulativa.”
Neste último caso, as receitas de JCP serão tributadas às alíquotas normais do regime cumulativo, ou seja, 0,65% e 3%.
O aumento das alíquotas de PIS e COFINS sobre receitas financeiras ocorreu em um momento delicado da economia e a
fragilidade econômica impactou, inclusive, no valor da nossa moeda. Com isso, uma das grandes críticas e preocupações
das empresas à época se referiam às receitas financeiras decorrentes das variações cambiais.
Para contornar esse problema, o Decreto nº 8.451/2015, ao alterar o Decreto nº 8.426/2015, estabeleceu que:
“§ 3º Ficam mantidas em zero as alíquotas das contribuições de que trata o caput incidentes sobre receitas financeiras
decorrentes de variações monetárias, em função da taxa de câmbio, de:
https://busca.legal/pis-e-cofins-e-as-inumeras-formas-de-tributar-receitas-financeiras/ 2/4
08/10/2019 PIS e COFINS e as inúmeras formas de tributar receitas financeiras - Busca.Legal
E a redução não foi apenas para essas variações cambiais. Também foi previsto que:
“§ 4º Ficam mantidas em zero as alíquotas das contribuições de que trata o caput incidentes sobre receitas financeiras
decorrentes de operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado
de balcão organizado destinadas exclusivamente à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas
quando, cumulativamente, o objeto do contrato negociado:
Solução de Consulta COSIT nº 165/2018, que prevê que a redução a zero das alíquotas “alcança as receitas financeiras decorrentes de
variações monetárias, em função da taxa de câmbio, de obrigações contraídas pela pessoa jurídica”;
Solução de Consulta COSIT nº 471/2017, que destaca que o benefício alcança “as receitas financeiras decorrentes de variações
monetárias em função da taxa de câmbio de obrigações contraídas pela pessoa jurídica em operações de importação”.
Solução de Consulta COSIT nº 652/2018, que prevê que a redução das alíquotas não se aplica às variações monetárias ativas dos
direitos de crédito em função da taxa de câmbio decorrentes de adiantamento a fornecedores, por se constituírem direitos e não
obrigações.
As entidades imunes do IRPJ (p. ex. uma igreja) não terão suas receitas financeiras tributadas, seja pelo PIS ou pela
COFINS. Já as isentas (p. ex. uma associação de moradores) terão incidência apenas da COFINS, à alíquota de 4%.
A Solução de Consulta COSIT nº 34/2018, que sugiro a leitura, além de reafirmar o exposto, traz detalhes acerca do
enquadramento de uma entidade como imune ou isenta e suas consequências em relação ao PIS e à COFINS.
Atenção: ver Solução de Consulta COSIT nº 40/2018 sobre incidência das contribuições sobre receitas financeiras das
fundações de direito privado.
Como já mencionado, no regime cumulativo, as receitas financeiras estão oneradas pelas contribuições apenas quando
fazem parte da atividade da empresa. No caso de venda de unidades imobiliárias, as receitas financeiras a elas atreladas
são consideradas da atividade e, dessa forma, acabam sendo oneradas pelas contribuições (art. 16 da IN SRF 247/2002).
Neste sentido, importa conhecer a Solução de Consulta COSIT nº 41/2017, parcialmente transcrita a seguir:
“Para fins de apuração da Cofins no regime cumulativo, os valores relativos aos juros de mora, multa de mora e às
variações monetárias, quando calculados com base em índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual,
integram a receita bruta da venda de unidade imobiliária a prazo por pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias
relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda
de imóveis construídos ou adquiridos para revenda.”
Essa medida, que onera as receitas financeiras em relação ao PIS e à COFINS, é uma vantagem para essas empresas do
Lucro Presumido ao analisarmos todos os tributos, pois permite a aplicação dos percentuais de presunção do lucro para
efeito de cálculo do IRPJ e da CSLL.
Soluções de Consulta
Como você já deve ter percebido, há inúmeras especificidades em relação à tributação das receitas financeiras. O fisco,
inclusive, tem se manifestado constantemente sobre o assunto por meio de Soluções de Consulta. E além daquelas que já
foram expostas ao longo do texto, cabe destacar os seguintes atos:
As distintas formas de tributação das receitas financeiras impactam no Código de Situação Tributária – CST, utilizado
especialmente para preenchimento da EFD-Contribuições.
A seguir, elaborei um quadro resumo com as principais situações expostas neste artigo:
https://busca.legal/pis-e-cofins-e-as-inumeras-formas-de-tributar-receitas-financeiras/ 3/4
08/10/2019 PIS e COFINS e as inúmeras formas de tributar receitas financeiras - Busca.Legal
Juros sobre Capital Próprio – JCP 01 Operação Também serão tributadas no regime cumulativo, no caso
Tributável com de pessoa jurídica cujo objeto social seja a participação no
Alíquota Básica capital social de outras sociedades
Variações cambiais e hedge 06 Operação Ver os detalhes para aplicação do benefício do tópico
Tributável a específico
Alíquota Zero
Conclusão
Ao escrever este artigo, além de concluir que devo continuar a orientar meus alunos a responderem qualquer pergunta
sobre PIS e COFINS começando por “depende”, esteve presente comigo, constantemente, o pensamento de Bertolt Brecht:
“De todas as coisas seguras, a mais segura é a dúvida”.
Mesmo estudando constantemente o assunto, não tinha me dado conta dos inúmeros desdobramentos que uma receita
financeira poder ter. Portanto, fica a lição de sempre ponderarmos antes de responder qualquer pergunta com um simples
“sim” ou “não”.
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08/10/2019 Receitas financeiras e a majoração do PIS e da COFINS por meio de Decreto - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
25/07/2016
No ano passado, buscando o ajuste das contas públicas, o governo federal voltou a tributar as receitas financeiras. Além
das críticas que recebem qualquer aumento da carga tributária – especialmente quando a economia passa por um
momento delicado -, esta medida foi fortemente censurada pela forma como foi aplicada: por meio de um decreto,
instrumento que normalmente é utilizado pelo Poder Executivo para regulamentar ou dar execução às leis. Os críticos
apontam que isso fere o princípio da legalidade, para o qual o tributo só pode ser criado ou majorado por meio de lei.
Conforme preveem as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, que tratam do regime não cumulativo do PIS e da COFINS, o
fato gerador dessas contribuições alcança todas as receitas de uma empresa, o que inclui, por exemplo, as receitas
financeiras.
Por força da Lei nº 10.865/2004, no entanto, o Poder Executivo foi autorizado a reduzir e restabelecer as alíquotas de PIS
e COFINS sobre as receitas financeiras. E foi o que ele fez, utilizando para tanto o Decreto nº 5.442/2005.
Se analisarmos de forma isolada, isso até pode parecer um benefício, mas não foi bem assim, pois a Lei nº 10.865, em
paralelo, havia revogado a possibilidade de aproveitamento de créditos sobre despesas financeiras. E como as empresas,
em geral, são mais endividadas que investidoras, quem mais saiu ganhando com isso foi o próprio governo federal.
De qualquer forma, assim ficamos entre abril de 2005 a junho de 2015, quando o governo resolveu, por meio do Decreto
nº 8.426/2015, restabelecer parcialmente as alíquotas das contribuições para 0,65% e 4%. E como objetivo era obter
caixa, o crédito sobre despesa financeira não foi retomado.
E o princípio da legalidade?
Se não bastasse o art. 5º da Constituição Federal, que prevê que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”, o art. 150, I, da Constituição Federal, ainda prevê que não é possível exigir ou
aumentar tributo sem lei. É o conhecido princípio da legalidade, um dos mais caro do sistema tributário, não só brasileiro,
mas da maior parte dos países. Tão importante que constou, inclusive, da primeira Constituição, a famosa Carta Magna,
datada de 1215, que reduziu o poder absoluto dos monarcas ingleses.
O princípio é fundamental, pois impede que os governantes criem tributos de forma unilateral. É necessário sempre a
concordância do povo, a qual, em tese, é exercida por meio dos nossos representantes nas Casas Legislativas. E em que
pese o Decreto fazer parte da legislação tributária, conforme prevê o Código Tributário Nacional, não é uma lei em sentido
estrito, pois é um ato unilateral do Poder Executivo.
É claro que há algumas exceções e assim já era na Carta Magna inglesa, que permitia a criação de tributo sem consulta ao
legislativo para pagar resgate do rei ou celebrar casamento da princesa. Em nosso sistema tributário temos uma
flexibilização em relação aos tributos extrafiscais, a exemplo do IOF e dos Imposto de Importação ou Exportação, mas,
como o PIS e a COFINS não estão entre essas exceções, logo, não podem ser majorados por meio de Decreto.
De fato, o Decreto que restabeleceu parcialmente as alíquotas de PIS e COFINS não é ilegal. O Poder Executivo agiu nos
limites da Lei nº 10.865. Há, entretanto, opiniões opostas sobre a interpretação desta lei. De um lado, temos aqueles que
entendem que a Constituição Federal não autoriza o Poder Legislativo a delegar essa competência livremente e que de fato
tivemos um aumento de tributo por meio de Decreto. Do outro, há os que entendem que a Lei não autorizou o aumento
das contribuições, mas tão somente a redução e o restabelecimento das alíquotas aos patamares nela já previstos.
Outro questionamento que se levanta é o de que, se o aumento fere o princípio da legalidade, a redução promovida pela
Lei nº 10.865 seria também ilegal. Neste caso, a resposta é negativa, pois as limitações ao poder de tributar existem para
defender o contribuinte e não o ente tributante.
De toda sorte, deve haver um cuidado especial nas demandas judiciais, pois se for pedido o reconhecimento da
inconstitucionalidade do § 2º do art. 27 da Lei nº 10.865, nos restaria a incidência de PIS e COFINS às alíquotas de 1,65%
e 7,6%, inclusive com a possibilidade de efeitos retroativos!
https://busca.legal/receitas-financeiras-e-a-majoracao-do-pis-e-da-cofins-por-meio-de-decreto/ 1/2
08/10/2019 Receitas financeiras e a majoração do PIS e da COFINS por meio de Decreto - Busca.Legal
Tendo em vista esse risco, algumas empresas têm avaliado contornar o problema sem combater a elevação das alíquotas.
Elas têm defendido o direito ao crédito das contribuições. E faz sentido, pois se as contribuições são não cumulativas e
alcançam, inclusive, as receitas financeiras, nada mais justo que as despesas financeiras permitam o aproveitamento dos
créditos.
A defesa que faria o governo certamente seria que não há o que se falar em crédito, primeiro por que não haveria previsão
legal para tanto e, segundo, por que eles restabeleceram apenas parcialmente as alíquotas.
De fato, se considerarmos que as hipóteses de créditos são taxativas – e é dessa forma que vem decidindo tanto o CARF
quanto o judiciário – não há previsão legal para tal crédito. Por mais que eu considere a demanda justa, não acredito que
teremos sucesso nesta empreitada a longo prazo.
Para as empresas, no entanto, esse caminho seria mais vantajoso, pois como disse antes, o valor das despesas é superior
às receitas financeiras.
Conclusões
Sem dúvida, estamos diante de mais uma daquelas discussões que se alongarão por anos. De momento, temos tido
decisões de primeira instância favoráveis à inconstitucionalidade do aumento, mas em segunda instância já temos decisões
desfavoráveis. O assunto também já foi direcionado ao Superior Tribunal de Justiça, mas como envolve uma questão
constitucional, entendo que a palavra final caberá ao Supremo Tribunal Federal.
Por meio do Decreto nº 8.426/2015, após grande crítica por parte das empresas, o governo federal já cedeu e flexibilizou o
impacto das mudanças, ao manter a alíquota zero para receitas de variações cambiais, por exemplo. De toda sorte, aqueles
que foram impactados com a mudança, ou que quiserem usufruir da tese do aproveitamento de créditos sobre despesas
financeiras, devem avaliar a possibilidade de se socorrerem do judiciário para isso.
Pessoalmente, acho a opção de aproveitamento de crédito sobre despesas financeiras de difícil êxito pelos motivos já
apresentados. Já em relação à tese de inconstitucionalidade do aumento, além dos bons argumentos, entendo que pode ter
melhor acolhida no judiciário, mas teremos que percorrer um longo caminho até obtermos a palavra final.
https://busca.legal/receitas-financeiras-e-a-majoracao-do-pis-e-da-cofins-por-meio-de-decreto/ 2/2
08/10/2019 Como Spock aproveitaria créditos de PIS e Cofins? - Busca.Legal
Publicado em 03/04/2019
Em minhas aulas, quando começo a tratar das peculiaridades da não cumulatividade do PIS e da Cofins e vejo as
interrogações que vão se formando no rosto dos alunos, penso em como seria explicar esse assunto ao capitão Spock, o
lendário personagem de Star Trek.
O mais famoso dos vulcanos, apesar de ser também meio terráqueo, segue a filosofia vulcana, criada por Surak e baseada
no uso da lógica para guiar a vida, reprimindo o uso das emoções. Mas guiar-se pela lógica, como veremos, não é um
caminho viável para apurar créditos de PIS e Cofins.
A não cumulatividade, em linhas gerais, tem por objetivo permitir que a cada operação sejam aproveitados créditos das
operações anteriores, de forma que seja efetivamente tributado, a cada operação, apenas o valor que foi acrescido. Ou
seja, se um produto for comprado por $ 10 e vendido por $ 11, o tributo incidiria de fato apenas sobre $ 1. A lógica é
simples, mas a prática…
Tendo em vista que as contribuições no regime não cumulativo incidem sobre o total das receitas, os créditos deveriam ser
calculados sobre todas as despesas. As Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, no entanto, não seguem essa lógica,
preferindo listar, em seu artigo 3º, quais gastos permitem o aproveitamento de créditos. Há quem defenda que essa
listagem seria exemplificativa e o assunto já chegou ao Supremo Tribunal Federal (Repercussão Geral no Recurso
Extraordinário com Agravo nº 790.928), mas tanto a RFB como o próprio Judiciário têm seguido o que chamamos de
corrente legalista, no qual apenas os casos previstos na legislação permitem o aproveitamento de créditos. Este seria o
primeiro desafio para o capitão Spock!
E partindo para os casos específicos, temos visto, inúmeros erros no aproveitando de créditos. Um caso recorrente é a
energia elétrica, que muitas empresas aproveitam apenas da área produtiva, mas a legislação garante para todas as áreas
da empresa, inclusive administrativa. E se formos seguir essa lógica, o mesmo deveria ocorrer com os gastos com água.
Mas como a lógica não é o forte desta não cumulatividade, não é o que ocorre. Apenas os gastos com água da área
produtiva permitem o aproveitamento de crédito. Paciência Spock!
Isso ocorre pois, em relação à energia elétrica, temos um item específico para este crédito (inciso III), que não o limita à
área produtiva. Quanto à água, não temos um crédito específico, mas é possível seu aproveitamento a enquadrando como
insumo (inciso II), o qual é limitado à área produtiva.
Aliás, a própria questão de insumos gera inúmeras dúvidas, pois eles acabam sendo usados como “coringa”. Quando a
empresa não consegue enquadrar seu gasto em nenhuma das demais hipóteses da lei, tenta a sorte neste item. A Receita
Federal, no entanto, tem uma visão muito limitada sobre o que seriam insumos. Essa briga também foi levada ao Judiciário
e em 2018 tivemos o julgamento do aguardado Recurso Especial nº 1.221.170 – PR.
Como foi julgado sob efeito repetitivo, o entendimento nele expressado deveria orientar as decisões dos demais órgãos
julgadores, mas como em relação às contribuições sociais nada é tão simples, ficamos em um impasse: ao lermos a
ementa da decisão, é possível concluir que insumos alcançariam todos os gastos essenciais ou relevantes “para o
desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”.
Mas quando vamos analisar os detalhes da decisão, verificamos que seriam apenas os gastos ligados à área produtiva ou à
prestação de serviços. Uma empresa puramente comercial, portanto, não teria o que falar em insumos, como já se
manifestou a Receita Federal (Solução de Consulta DISIT/SRRF04 nº 4006/2019). Como Spock reagiria a isso?
NOTA: Para mais detalhes, acesse: O STJ e a nova definição de insumos: você leu a íntegra da decisão?
E essa necessidade de conhecer o centro de custo do gasto também se aplica às aquisições de máquinas e equipamentos
(inciso VI), cujos créditos estão restritos à locação, produção ou prestação de serviços. A depreciação de um caminhão, por
uma transportadora, habilita o aproveitamento de créditos, mas se esse caminhão for usado para entregas por uma
empresa comercial não. E argumentar que eles são essenciais não emocionam o Fisco (será que eles são vulcanos?).
E outro caso também emocionante é o dos fretes. É possível apurar créditos tanto nas operações de compras, como de
vendas de mercadorias. Com isso, é possível o aproveitamento de créditos sobre o frete na venda de farinha de trigo,
mesmo este produto estando beneficiado com alíquota zero das contribuições (inciso IX).
Mas o frete da compra da farinha de trigo já não será possível, pois, ao contrário do frete na venda, ele não tem um inciso
específico. É preciso aproveitar este crédito como acessório ao produto (incisos I ou II) e, logo, somente quando este
permite o aproveitamento de créditos (Solução de Consulta Cosit nº 390/2017).
NOTA: Sobre fretes na compra, acesse: Trilogia: créditos de PIS e Cofins sobre fretes – Parte 1 (compras)
https://busca.legal/como-spock-aproveitaria-creditos-de-pis-e-cofins/ 1/2
08/10/2019 Como Spock aproveitaria créditos de PIS e Cofins? - Busca.Legal
E se voltarmos às regras gerais da não cumulatividade, novamente vamos nos deparar com situações ilógicas. Como disse
no início, o objetivo da não cumulatividade seria que a cada operação tributássemos apenas o valor acrescido. Para isso, a
cada operação são aproveitados créditos para reduzir a operação posterior. Consequentemente, se fizermos uma compra de
uma empresa que tributa PIS e Cofins às alíquotas de 0,65% e 3%, seria lógico esperar que os créditos fossem neste
valor. Mas não é o que ocorre, pois foi adotado para as contribuições o chamado Método Subtrativo Indireto, no qual os
créditos nascem internamente na empresa às alíquotas básicas de 1,65% e 7,6%. Eles não vêm por transferência, como
ocorre com o IPI e ICMS, que possuem mais compromisso com a razão.
Seria possível escrever um livro com todas as situações ilógicas de PIS e Cofins, mas meu objetivo aqui era apenas
apresentar o quanto essa forma de pensar, tão preciosa para os vulcanos, pode ser prejudicial às contribuições.
Os amantes de Star Trek vão se lembrar que diariamente os vulcanos passam por um ritual de meditação, para não
sofrerem da síndrome Bendii, que colocaria em risco a sua lógica. Para enfrentar a não cumulatividade das contribuições,
no entanto, Spock deveria passar por um ritual inverso. Precisaria ser mais humano e deixar de lado seu grande dilema de
evitar as emoções. E haja emoções, nesta “vida longa e próspera” que desejo a vocês!
https://busca.legal/como-spock-aproveitaria-creditos-de-pis-e-cofins/ 2/2
08/10/2019 Irregularidades no documento fiscal e aproveitamento de créditos do PIS e da COFINS - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
Publicado em 28/03/2016
É muito comum quando fazemos trabalho de revisão fiscal, identificar situações em que a empresa deixou de aproveitar
créditos do PIS e da COFINS em decorrência do fornecedor ter tributado incorretamente sua operação.
Poderíamos citar inúmeros exemplos, mas vou me concentrar em um deles para ilustrar melhor esta situação: a legislação
prevê alíquota zero para a venda de carne de frango classificada no código 0210.99.00 da NCM. Tendo em vista esta
restrição, não está alcançada pelo benefício a venda de filé de frango “temperado”, pois este produto é classificado na NCM
1602.32.00.
Ocorre que muitos fornecedores acabam por classificar o frango temperado na NCM do frango “sem tempero” – seja por
desconhecimento, seja para buscar, de modo indevido, uma economia tributária – e, com isso, vendem seu produto com
alíquota zero. O varejista, influenciado por essa informação, não aproveita crédito da operação e também não tributa a sua
venda, o que, nos processos de revisão fiscal que coordeno, aponto como erro. Nestes casos, é costumeiro se ouvir
questionamentos do tipo:
“Mas se o fornecedor vendeu errado eu não posso manter assim?” A resposta é não, afinal, você é responsável pela
tributação das suas operações.
“Eu preciso saber qual é a NCM de cada produto que compro? Isso não é obrigação da indústria?” De fato, a indústria tem
a obrigação de adotar a NCM correta, mas, como é muito comum haver erros, você fica obrigado a ter essa competência
também.
“Então sou obrigado a revisar todos os itens que compro? São milhares!” Sim!
“Eu não tributei a venda, mas também não aproveitei crédito da compra. Mesmo assim posso ter problema?”. Sim! Lembre-
se: aproveitar o crédito é opcional, mas debitar a venda não!
“Mesmo ele vendendo erroneamente com alíquota zero, é possível aproveitar o crédito”?
No caso de PIS e COFINS, a resposta é afirmativa. Para estas contribuições foi adotado um método distinto do ICMS e do
IPI. Nestes impostos (ICMS e IPI) é utilizado o “Método de Crédito do Tributo”, no qual o crédito é transferido de uma
empresa para outra. A legislação, consequentemente, exige o destaque do imposto no documento fiscal para que você
possa aproveitar o crédito. E o valor a ser aproveitado será sempre o mesmo destacado, salvo em situações excepcionais,
como créditos presumidos, por exemplo.
Já se tratando de PIS a COFINS o método adotado é o “ Subtrativo Indireto”, no qual o crédito nasce internamente na
empresa. Ele não vem por transferência, como vimos que ocorre no ICMS e no IPI. É por isso que mesmo quando
compramos de uma empresa do regime cumulativo – que tributou apenas 3,65% -, o crédito pode ser aproveitado
normalmente às alíquotas de 9,25%. Em relação às contribuições, não há essa vinculação entre o valor do débito anterior e
o crédito a ser aproveitado. A recente Solução de Consulta COSIT nº 22/2016 atua neste sentido, ao dispor que a alíquota
do crédito não é necessariamente aquela do documento fiscal do fornecedor.
É verdade que não é permitido o aproveitamento de créditos quando tratamos de operações tributadas com alíquota zero,
mas essa análise deve ser feita com base na legislação e não no documento fiscal. Exceto em raríssimas exceções, o
crédito de PIS e COFINS não está amarrado ao documento fiscal. E tem que ser assim mesmo, pois quando foi criada a
não cumulatividade, lá em 2002, nem havia informação das contribuições sociais no documento fiscal. Com a chegada da
NF-e, passamos a ter tais informações, mas a legislação não foi alterada.
Na própria página da Receita Federal há uma interessante pergunta, na qual o contribuinte relata que adquire o mesmo
produto de fornecedores distintos, sendo que cada um adota uma NCM. Ele quer saber o que fazer. A resposta do fisco é
taxativa: não há duas NCM para o mesmo produto e ele deve dar entrada em seu cadastro com a NCM correta
(consequentemente, com a tributação que a corresponda).
https://busca.legal/irregularidades-no-documento-fiscal-e-aproveitamento-de-creditos-pis-e-da-cofins/ 1/2
08/10/2019 Irregularidades no documento fiscal e aproveitamento de créditos do PIS e da COFINS - Busca.Legal
O ideal, é claro, seria pedir que o fornecedor emitisse o documento fiscal com a NCM e a tributação correspondente, mas
nem sempre o adquirente consegue convencê-lo disso, o que não o exime da responsabilidade de dar o tratamento correto
a partir do momento em que o produto chega à sua empresa.
Portanto, no caso do filé de frango temperado, o qual sabemos que não está abrangido pela alíquota zero, a empresa pode
aproveitar o crédito na compra – ainda que não tenha havido o destaque das contribuições – e deve tributar a sua venda.
Qualquer procedimento diferente colocará a empresa diante de um risco fiscal desnecessário. Evite-os!
https://busca.legal/irregularidades-no-documento-fiscal-e-aproveitamento-de-creditos-pis-e-da-cofins/ 2/2
08/10/2019 Divergências entre NF-e e EFD-Contribuições: o que prevalece? - Busca.Legal
Publicado em 05/06/2019
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Imagine o seguinte cenário: por desconhecimento dos inúmeros benefícios fiscais que há em relação ao PIS e à Cofins, o
contribuinte, ao emitir sua Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), informa que o produto é tributado normalmente.
Ao escriturar o documento na EFD-Contribuições, se depara com esse equívoco. E agora, o que fazer? Basta escriturar
corretamente? Ou seria necessário emitir uma Carta de Correção? Vamos discutir sobre isso neste artigo!
A NF-e, além das informações do documento fiscal em papel, possui uma série de informações complementares, dentre as
quais a tributação do PIS e da Cofins, que inexistiam – pelo menos de forma estruturada – na nota fiscal em papel. Dessa
forma, em relação a cada item da NF-e, além das informações de ICMS e IPI, ainda temos os detalhes da tributação do PIS
e da Cofins, como base de cálculo, CST, alíquota e valor.
Não defendo o descuido com as informações de PIS e Cofins a serem colocadas nos documentos fiscais, mas o fato é que
não temos nenhuma previsão de penalidade na legislação quanto à informações incorretas destes tributos na NF-e. A
Receita Federal, na Solução de Consulta Cosit nº 4/2017, ao mesmo tempo que menciona o “caráter instrumental e
probatório” deste documento, também lembra que ele apenas gera “presunção relativa de veracidade”. Até por isso
reconhece a possibilidade de sua alteração, salvo quando “efetuada em contrariedade à legislação”.
Além disso, o próprio Guia Prático da EFD-Contribuições estabelece que “as informações referentes aos documentos e
operações deverão ser prestadas sob o enfoque do informante do arquivo”. Não está dito que ele deve transcrever a
informação como constante do documento fiscal. Este não gera uma obrigação imutável em relação ao PIS e à Cofins.
Como já ocorria com o documento de correção em papel, não é possível usar a CC-e para corrigir variáveis que determinam
o valor do imposto, tais como base de cálculo e alíquota, como esclarece o Ajuste Sinief nº 1/2007. Entendo que essa
limitação, no entanto, não alcança o PIS e a Cofins, uma vez que não são impostos, mas contribuições sociais.
Neste sentido, inclusive, cito novamente a Solução de Consulta Cosit nº 4/2017, ao destacar que não cabe carta de
correção, em papel ou eletrônica, para corrigir o valor do IPI, sem trazer restrições quanto ao PIS e à Cofins.
https://busca.legal/divergencias-entre-nf-e-e-efd-contribuicoes-o-que-prevalece/ 1/2
08/10/2019 Divergências entre NF-e e EFD-Contribuições: o que prevalece? - Busca.Legal
Assim, caso o contribuinte julgue que emitir uma CC-e lhe trará mais tranquilidade, não vejo proibição, apesar da legislação
também não a autorizá-la.
Aproveitamento de créditos
Uma situação inversa ao exposto no início deste artigo é quando temos um produto tributado à alíquota básica, mas que,
por algum motivo, o fornecedor informa com alíquota zero no documento fiscal. E muitas vezes isso vem acompanhado de
erro na NCM.
Aí surge a dúvida para o comprador sobre a possibilidade de aproveitamento de crédito, uma vez que a legislação das
contribuições impede o aproveitamento de créditos na aquisição de bens com alíquota zero (art. 3º, § 2º, II, das Leis nº
10.637/2002 e 10.833/2003).
Precisamos lembrar, no entanto, que para o PIS e a Cofins foi adotado um método distinto do ICMS e do IPI. Para estes
dois impostos é utilizado o “Método de Crédito do Tributo”, no qual o crédito é transferido de uma empresa para outra. A
legislação, consequentemente, exige o destaque do imposto no documento fiscal para aproveitamento do crédito.
Já para o PIS e a Cofins foi adotado o método “Subtrativo Indireto”, no qual o crédito nasce internamente na empresa. Ele
não vem por transferência, como ocorre no ICMS e no IPI. É por isso que mesmo quando compramos de uma empresa do
regime cumulativo – que tributou apenas 3,65% – o crédito pode ser aproveitado normalmente à alíquota de 9,25%.
Em relação às contribuições não há essa vinculação entre o valor do débito anterior e o crédito a ser aproveitado (salvo
exceções como, as já citadas, bebidas frias). A Solução de Consulta Cosit nº 22/2016 reforça essa afirmativa, ao dispor que
a alíquota do crédito não é necessariamente aquela do documento fiscal do fornecedor.
Na própria página da Receita Federal há uma interessante pergunta, na qual o contribuinte relata que adquire o mesmo
produto de fornecedores distintos, sendo que cada um adota uma NCM. Ele quer saber o que fazer. A resposta do fisco é
taxativa: não há duas NCM para o mesmo produto e ele deve dar entrada em seu cadastro com a NCM correta
(consequentemente, com a tributação que a corresponda).
O ideal, é claro, é sempre pedir que o fornecedor emita seu documento fiscal com a NCM e a tributação correspondente,
mas isso não o impede o adquirente de aproveitar o crédito de PIS e Cofins.
Conclusões
Com o surgimento da NF-e, passamos a ter informações de PIS e Cofins no documento fiscal. A legislação, no entanto, não
foi adequada a essa mudança. Não há, por exemplo, penalidades por se emitir um documento fiscal com erros na tributação
das contribuições sociais.
Dessa forma, não vejo nenhum impedimento legal ao contribuinte escriturar corretamente na EFD-Contribuições um
documento fiscal emitido com informações incorretas. Aliás, é isso que deve ser feito.
Podem surgir preocupações, no entanto, quanto a essas divergências serem detectadas em malhas fiscais realizadas pela
Receita Federal ao cruzar os dados tributários das NF-e com a EFD-Contribuições. O fisco pode até lhe enviar um Termo de
Início de Ação Fiscal exigindo esclarecimentos, mas você está seguro que escriturou e apurou corretamente o PIS e a Cofins
em sua EFD-Contribuições e é essa a verdade que prevalecerá.
https://busca.legal/divergencias-entre-nf-e-e-efd-contribuicoes-o-que-prevalece/ 2/2
08/10/2019 A nova definição de insumos: qual o entendimento da Receita Federal? - Busca.Legal
Publicado em 31/05/2019
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Há pouco mais de um ano, no dia 22 de fevereiro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça – STJ decidiu uma das questões
mais relevantes e polêmicas da área tributária, a definição de insumos para aproveitamento de créditos do PIS e da Cofins.
O Recurso Especial nº 1.221.170 – PR foi julgado sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 (arts. 1.036 e ss. do CPC/2015),
mais conhecido como Recurso Repetitivo, que tem por consequência influenciar todas as decisões do Judiciário que tratem
de idêntica controvérsia. O CARF, a PGFN e a RFB também passam a seguir a nova orientação.
2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se
a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade
econômica desempenhada pelo contribuinte.
Pelo exposto, tudo o que for relevante ou essencial para o desenvolvimento de determinada atividade econômica se
enquadraria no conceito de insumos. Os gastos com propaganda de uma empresa comercial, por exemplo, certamente se
enquadrariam neste conceito.
Analisando os detalhes da decisão, no entanto, a exemplo do voto da relatora, a ministra Regina Helena Costa, encontramos
que essencial é o “item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento
estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de
qualidade, quantidade e/ou suficiência”. E, por relevante, o item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do
próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia
produtiva, seja por imposição legal.
Estaria então a definição de insumos restrita ao processo produtivo ou à execução do serviço, não alcançando outras
despesas, ainda que essenciais ou relevantes, a exemplo dos citados gastos com propaganda?
Ao contrário do STJ, a Receita Federal, logo na ementa do Parecer Normativo já expôs seu entendimento, limitando os
créditos à área produtiva da empresa, conforme podemos ver a seguir:
https://busca.legal/nova-definicao-de-insumos-qual-o-entendimento-da-receita-federal/ 1/5
08/10/2019 A nova definição de insumos: qual o entendimento da Receita Federal? - Busca.Legal
Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito
de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve
ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados
à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica.
Voltando ao exemplo dos gastos com propaganda da empresa comercial, podemos concluir, então, que eles continuam
afastados da definição de insumos na visão do fisco. Apesar de reconhecer que o novo conceito é mais amplo, ele não
alcançaria qualquer gasto essencial ou relevante para a atividade econômica, como nos fez crer a ementa da decisão do
STJ.
O problema da subjetividade
A segunda crítica que fiz à decisão do STJ no já citado artigo foi o fato de terem adotado os critérios da relevância ou
essencialidade para definir algo como insumo. Além de não estarem previstos na legislação, pecam pela sua subjetividade:
o contribuinte pode entender que algo é relevante e o fisco não.
Não é por menos que a Receita Federal precisou de 33 páginas para explicar a decisão do STJ, além de reconhecer que “a
aplicação concreta dos critérios definidos pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça demanda um processo de
análise que muitas vezes pode ser complexo e em alguns casos pode gerar conclusões divergentes”.
1. PRODUÇÃO OU FABRICAÇÃO DE BENS: neste item, o fisco reconhece que fabricação seria sinônimo de
industrialização, conceito adotado pela legislação do IPI, mas que produção vai além, alcançando outras atividades que
“promovem a transformação material de insumo(s) em um bem novo destinado à venda”, como a fabricação de um pão em
uma padaria, ou mesmo “o desenvolvimento de seres vivos até alcançarem condição de serem comercializados”, como a
agricultura, a pecuária, a piscicultura, entre outras.
2. INEXISTÊNCIA DE INSUMOS NA ATIVIDADE COMERCIAL: se à decisão do STJ faltou clareza, a Receita Federal foi
bem taxativa quanto ao seu entendimento: “não há insumos na atividade de revenda de bens”. Somente teríamos créditos
se a pessoa jurídica, de forma concomitante, desempenhar alguma atividade de produção, como a área de panificação de
um supermercado.
3. INSUMO DO INSUMO: este sempre foi um item muito polêmico, mas a Receita Federal precisou reconhecer que:
a permissão de creditamento retroage no processo produtivo de cada pessoa jurídica para alcançar os insumos
necessários à confecção do bem-insumo utilizado na produção de bem destinado à venda ou na prestação de serviço a
terceiros, beneficiando especialmente aquelas que produzem os próprios insumos (verticalização econômica).
4. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS POR IMPOSIÇÃO LEGAL: podem ser classificados como insumos, mesmo não sendo
essenciais, os gastos que sejam relevantes ao processo produtivo por imposição legal, a exemplo de equipamentos de
proteção individual (EPI). E destaca-se que “nem mesmo em relação aos itens impostos à pessoa jurídica pela legislação se
afasta a exigência de que sejam utilizados no processo de produção de bens ou de prestação de serviços para que possam
ser considerados insumos”. O fisco traz exemplos de gastos passíveis de créditos:
a) no caso de indústrias, os testes de qualidade de produtos produzidos exigidos pela legislação4; b) tratamento de
efluentes do processo produtivo exigido pela legislação c) no caso de produtores rurais, as vacinas aplicadas em seus
rebanhos exigidas pela legislação, etc.
E gastos que não seriam passíveis: “a) itens exigidos pela legislação relativos à pessoa jurídica como um todo, como
alvarás de funcionamento, etc; b) itens relativos a atividades diversas da produção de bens ou prestação de serviços.”
https://busca.legal/nova-definicao-de-insumos-qual-o-entendimento-da-receita-federal/ 2/5
08/10/2019 A nova definição de insumos: qual o entendimento da Receita Federal? - Busca.Legal
São reconhecidas, no entanto, algumas exceções, “em relação aos bens e serviços exigidos da pessoa jurídica pela
legislação específica de sua área de atuação”, a exemplo de testes de qualidade a serem realizados por terceiros, aposição
de selos, lacres, marcas, etc. Mas não estariam alcançados os gastos efetuados após a finalização da produção do bem ou
serviço, a exemplo de “garantia de adequação do produto vendido ou do serviço prestado”.
6. DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE BENS E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E DAS DESPESAS: a definição de insumos
não está restrita a conceitos contábeis, mas o fisco reconhece a intersecção entre a definição de insumos e o conceito
contábil de custo. Defendo essa posição desde a primeira edição do meu livro “Definição de Insumos Para Apropriação de
Créditos do Pis e da Cofins (Fiscosoft Editora)”, publicado em 2011. No já citado artigo
O STJ e a nova definição de insumos: você leu a íntegra da decisão?, também reiterei esta posição.
A seguir, mais algumas consequências no novo entendimento em relação a bens do ativo imobilizado.
7.1. MANUTENÇÃO PERIÓDICA E SUBSTITUIÇÃO DE PARTES DE ATIVOS IMOBILIZADOS: para que estes itens
sejam enquadrados como insumos ou adicionados ao ativo imobilizado, a Receita Federal tomou como ponto de partida a
legislação do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas, a qual estabelece que os dispêndios com reparos, conservação
ou substituição de partes de bens e instalações do ativo imobilizado da pessoa jurídica:
a) podem ser deduzidos diretamente como custo do período de apuração caso da operação não resulte aumento de vida
útil do bem manutenido superior a um ano; b) devem ser capitalizadas no valor do bem manutenido (incorporação ao
ativo imobilizado) caso da operação resulte aumento de vida útil do bem manutenido superior a um ano.
Além disso, houve uma ampliação em relação ao seu entendimento anterior, que aceitava tais gastos somente quando
“diretamente responsáveis pelo processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços a terceiros”.
Agora o fisco reconhece:
que são considerados insumos geradores de créditos das contribuições os bens e serviços adquiridos e utilizados na
manutenção de bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica responsáveis por qualquer etapa do processo de produção
de bens destinados à venda e de prestação de serviço. Portanto, também são insumos os bens e serviços utilizados na
manutenção de ativos responsáveis pela produção do insumo utilizado na produção dos bens e serviços finais destinados
à venda (insumo do insumo).
7.2. BENS DE PEQUENO VALOR OU DE VIDA ÚTIL INFERIOR A UM ANO: novamente o fisco toma emprestada a
legislação do Imposto de Renda e prevê que podem ser diretamente deduzidos como insumo (não precisam ser
imobilizados) os bens que apresentarem “valor unitário não superior a R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) ou prazo de vida
útil não superior a 1 (um) ano”. Neste sentido, reconheceu a possibilidade de aproveitamento de créditos em relação a
moldes e modelos, mas afastou o direto a crédito em relação a ferramentas.
7.3. INSPEÇÕES REGULARES: De acordo com o item 14 da NBC TG 27 (R3) – Ativo Imobilizado, o valor gasto com
determinadas inspeções em alguns ativos deve ser “reconhecido no valor contábil do item do ativo imobilizado como uma
substituição”. Novamente teremos que tomar emprestadas as definições contábeis para saber se este gasto poderá ser
reconhecido como custo e, consequentemente, como insumo.
7.4. PRODUTOS E SERVIÇOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E DEDETIZAÇÃO DE ATIVOS PRODUTIVOS: este é outro
gasto que passou a ser aceito pelo fisco com base no julgamento do STJ.
8. INSUMOS E ATIVO INTANGÍVEL: com base no inciso XI do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº
10.833, de 2003, o fisco aceitava apenas a possibilidade de créditos sobre ativos intangíveis já concluídos adquiridos pela
pessoa jurídica, excluindo-se o desenvolvimento próprio de ativos intangíveis.
Com a decisão do STJ, os “bens e serviços utilizados pela pessoa jurídica no desenvolvimento interno de ativos imobilizados
podem estar contidos no conceito de insumos e permitir a apuração de créditos das contribuições, desde que preenchidos os
requisitos cabíveis e inexistam vedações”.
8.1. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO: novamente são tomadas emprestadas as definições contábeis (itens 51 a 64 do
NBC TG 04 (R3) – Ativo Intangível), para concluir que:
https://busca.legal/nova-definicao-de-insumos-qual-o-entendimento-da-receita-federal/ 3/5
08/10/2019 A nova definição de insumos: qual o entendimento da Receita Federal? - Busca.Legal
somente podem ser considerados insumos para fins de apuração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins os dispêndios da pessoa jurídica ocorridos após o reconhecimento formal e documentado do início da fase de
desenvolvimento de um ativo intangível que efetivamente resulte em:
a) um insumo utilizado no processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços
(exemplificativamente, um novo processo de produção de bem);
b) produto destinado à venda ou serviço prestado a terceiros.
8.2. PESQUISA E PROSPECÇÃO DE RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS: este é outro exemplo de crédito que
passou a ser admitido pela Receita Federal.
9. MÃO DE OBRA: é vedado pela legislação o aproveitamento de crédito sobre o pagamento de mão de obra a pessoa
física e não tivemos mudanças quanto a isso. Todavia, o fisco precisou se posicionar em relação a alguns temas.
9.1. TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA: a citada vedação alcança apenas o pagamento feito diretamente à pessoa
física. Dessa forma, “se a mão de obra cedida pela pessoa jurídica contratada atuar diretamente nas atividades de produção
de bens destinados à venda ou de prestação de serviços protagonizadas pela pessoa jurídica contratante”, haverá direito a
crédito como insumo.
9.2. DISPÊNDIOS PARA VIABILIZAÇÃO DA ATIVIDADE DA MÃO DE OBRA: em relação a estes gastos, a RFB
permanece com sua visão restritiva, afastando a possibilidade de créditos em relação a gastos com “alimentação,
vestimenta, transporte, educação, saúde, seguro de vida, etc. (sem prejuízo da modalidade específica de creditamento
instituída no inciso X do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003)”. Exceção à vedação apenas “caso
o bem ou serviço sejam especificamente exigidos pela legislação”, a exemplo dos EPI.
10. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES: serão admitidos “quando consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos
utilizados pela pessoa jurídica em qualquer etapa do processo de produção de bens ou de prestação de serviços”.
Não será possível, no entanto, em relação a gastos com veículos utilizados: “a) pelo setor administrativo; b) para transporte
de funcionários no trajeto de ida e volta ao local de trabalho; c) por administradores da pessoa jurídica; e) para entrega de
mercadorias aos clientes; f) para cobrança de valores contra clientes; etc.”
11. “CUSTOS” DA QUALIDADE: em resumo, são admitidos créditos sobre os testes de qualidade aplicados sobre: a)
matéria-prima ou produto intermediário; b) produto em elaboração; c) materiais fornecidos pelo prestador de serviços ao
cliente etc. Por outro lado, não são permitidos créditos em relação a gastos com testes de qualidade do serviço de entrega
de mercadorias, do serviço de atendimento ao consumidor etc.
12. SUBCONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS: este é outro item que a Receita Federal se mostrava contrária mas que foi
obrigada a aceitar após o julgamento do STJ, considerando que se mostre relevante à prestação do serviço.
13. DO VALOR BASE PARA CÁLCULO DO MONTANTE DO CRÉDITO: além de se socorrer dos critérios contábeis, a
Receita Federal destaca que o crédito sobre os gastos integrantes do custo do produto está vinculado à possibilidade de
crédito sobre o produto, ou seja, só é possível o crédito sobre frete na compra se o produto transportado permitir o
aproveitamento de crédito. Além disso, ainda é necessário que a receita decorrente da comercialização de tal item tenha se
sujeitado ao pagamento das contribuições. Não será possível, por exemplo, o crédito sobre o frete pago a pessoa física.
14. RATEIO EM CASO DE UTILIZAÇÃO MISTA: como esclarece a Receita Federal, “em diversas hipóteses apresentadas
neste Parecer Normativo é possível que o mesmo bem ou serviço seja considerado insumo gerador de créditos para
algumas atividades e não o seja para outras”. Nesses casos, “a pessoa jurídica deverá realizar rateio fundamentado em
critérios racionais e devidamente demonstrado em sua contabilidade”. Este é mais um caso em que que iremos nos valer
das lições da contabilidade.
Conclusão
Havia muita expectativa em relação à decisão do STJ sobre o conceito de insumos. E aqueles que só leram a ementa da
decisão comemoraram, acreditando que todas as despesas essenciais ou relevantes à atividade da empresa permitiriam o
aproveitamento de créditos.
Mas não foi este o entendimento da Receita Federal que mesmo após a decisão do STJ permanece restringindo o direito ao
crédito à área produtiva da empresa, como pudemos observar da análise do Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5/2018.
Apesar de achar injusto, entendo que a maior parte do Parecer Normativo está em consonância com decisão do STJ e com
aquilo que consta da redação do inciso II do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Injusto? Sim, especialmente
em relação ao comércio. Mas tanto a Receita Federal quanto o próprio STJ não poderiam ir além.
https://busca.legal/nova-definicao-de-insumos-qual-o-entendimento-da-receita-federal/ 4/5
08/10/2019 A nova definição de insumos: qual o entendimento da Receita Federal? - Busca.Legal
Àqueles que esperam uma definição mais ampla, além dos custos de produção, ainda resta aguardar o julgamento do
Recurso Extraordinário com Agravo nº 790.928 do Supremo Tribunal Federal, no qual será analisada a amplitude da não
cumulatividade. E até que isso ocorra, certamente teremos ainda muitas discussões sobre o conceito de insumos, como já
havia antecipado no artigo escrito em maio/2018.
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08/10/2019 PIS e COFINS: você sabe como tributar bebidas frias? - Busca.Legal
Co-Founder da Busca.Legal
15/10/2018
Em minhas aulas, sempre comento que a legislação do PIS e da COFINS não tem muito compromisso com a lógica. E
quando tratamos da tributação de bebidas frias, essa falta de lógica fica ainda mais evidente e temos que esquecer,
inclusive, do que já sabemos de PIS e COFINS, como veremos a seguir.
Breve histórico
Em 2015 tivemos uma série de mudanças em relação às contribuições sociais, motivadas, inclusive, pela crise econômica
pelo qual passava (ou ainda passa?) o país. E a tributação das bebidas frias – que incluem água, refrigerante, energético,
cerveja, dentre outros – não passou incólume.
Atenção: Conforme Solução de Consulta COSIT nº 420/2017, as novas regras aplicam-se, inclusive, na venda dos produtos
existentes em estoque.
Até abril de 2015, esses produtos estavam enquadrados na chamada incidência monofásica, na qual a tributação é
concentrada no fabricante ou importador, ficando os demais entes da cadeia desonerados. Algo parecido com o instituto da
substituição tributária, em que pese as diferenças jurídicas e operacionais.
Atenção: para conhecer a lista completa dos produtos classificados como bebidas frias, consulte o art. 14 da Lei nº
13.097/2015, o art. 1º do Decreto º 8.442/2016 ou, de maneira bem prática, as tabelas de PIS e COFINS (4.3.10 ou
4.3.11) que a Receita Federal disponibiliza em sua página na internet.
Monofásico bifásico?
Dentre as inovações oriundas da Lei nº 13.097/2015, destaca-se a mudança do regime monofásico para uma espécie de
bifásico, onde, além do importador ou fabricante, o atacadista também paga as contribuições sociais.
Aliás, para ser mais preciso, apenas o varejista continua com alíquota zero. Todos os demais entes da cadeia passam a
contribuir com o PIS e a COFINS. O artigo 28 Lei nº 13.097/2015, ao remeter ao artigo 17, traz, inclusive, a definição de
quem é esse varejista:
considera-se varejista a pessoa jurídica cuja receita decorrente de venda de bens e serviços a consumidor final no ano-
calendário imediatamente anterior ao da operação houver sido igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) de sua
receita total de venda de bens e serviços no mesmo período, depois de excluídos os impostos e contribuições incidentes
sobre a venda.
Atenção: caso o varejista seja o importador, também terá que recolher as contribuições sobre a venda das bebidas frias.
Atenção: no regime de incidência monofásica, o varejista, que revende tais produtos com alíquota zero, deve utilizar o CST
04 (tabela 4.3.10). No caso das bebidas frias, no entanto, o varejista deverá utilizar o CST 06 (tabela 4.3.13, código 918).
Mais uma das diferenças deste regime das bebidas frias.
Atenção: não se consideram vendas a consumidor final as vendas de bebidas frias a entidades ou associações sem fins
lucrativos, para posterior fornecimento a terceiros por esses adquirentes, ainda que de forma gratuita (Solução de Consulta
COSIT 426/2017).
A partir da Lei nº 13.097/2015, portanto, não é mais adequado tratar as bebidas frias como monofásicas. E para evitar
qualquer confusão, é melhor entendermos apenas como um modelo de tributação diferenciada, sem tentar compará-lo a
qualquer outro.
Atenção: muitos contribuintes ainda não se atentaram a esta mudança, especialmente pequenos atacadistas, que
continuam a vender bebidas frias com alíquota zero.
Alíquotas aplicáveis
https://busca.legal/pis-e-cofins-voce-sabe-como-tributar-bebidas-frias/ 1/4
08/10/2019 PIS e COFINS: você sabe como tributar bebidas frias? - Busca.Legal
Como teremos mais contribuintes pagando as contribuições, o legislador optou por diferenciar as alíquotas aplicáveis
conforme o destinatário da operação. Temos, a princípio, as seguintes alíquotas:
Todavia, no caso de vendas realizadas para pessoa jurídica varejista ou consumidor final, essas alíquotas ficam reduzidas
em:
Venda da indústria para o atacado Venda do atacado para o varejo Venda do varejo para o consumidor final
É muito comum, na prática, acharem que a indústria aplica uma alíquota e o atacadista outra, mas para ser preciso, como
já colocado, as alíquotas se diferenciam de acordo com o destinatário da operação. Dessa forma, se um atacadista vender
para outro atacadista, as alíquotas aplicáveis serão de 2,32% e 10,68%.
E cuidado, pois na hipótese de inobservância das condições estabelecidas para aplicação das alíquotas reduzidas, será
identificado o sujeito passivo e serão apuradas as contribuições devidas e acréscimos cabíveis!
Para complicar mais um pouco: seguindo a autorização da Lei nº 13.097/2015, o Decreto nº 8.442/2016, que
regulamentou a tributação das bebidas frias, ainda reduziu as alíquotas aplicáveis nos casos de cervejas e chopes especiais,
conforme regras constantes do artigo 21 e Anexo II.
Atenção: de 2015 e 2017, ainda tivemos percentuais de redução das alíquotas, conforme definido no Anexo III da Lei nº
13.097/2015.
E não é demais lembrar que essas alíquotas se aplicam tanto no regime cumulativo quanto não cumulativo, sem distinções.
E no caso de industrialização por encomenda, a pessoa jurídica executora da encomenda aplicará sobre sua receita
alíquotas de 1,65% e 7,6%, qualquer que seja seu regime (e como essa alíquota é fixa, independentemente do regime, o
CST a ser aplicado é o 02).
Desconto de créditos
Na tributação monofásica, os atacadistas e varejistas têm alíquota zero em suas vendas e não podem aproveitar créditos
nas compras dos produtos sujeitos a essa sistemática (salvo discussões judiciais:
https://busca.legal/index.php/creditos-de-pis-e-cofins-na-aquisicao-de-produtos-monofasicos-para-revenda/).
No novo modelo aplicável às bebidas frias, no entanto, tendo em vista que a redução a zero das alíquotas aplica-se
somente ao varejista, é possível ao atacadista, por exemplo, aproveitar créditos em relação ao montante das contribuições
incidentes na operação anterior.
E para saber o valor, ele deve buscar o documento fiscal de compra da mercadoria, o que é mais uma novidade das
bebidas frias! Pela regra geral, o crédito não está amarrado ao valor destacado, pois no método subtrativo indireto,
aplicável ao PIS e à COFINS, os créditos nascem internamente na empresa. Para as bebidas frias houve uma aproximação
com o ICMS, onde os créditos estão vinculados ao documento fiscal (método de crédito do tributo).
A Lei nº 13.097/2015 estabelece, inclusive, que as pessoas jurídicas deverão informar os valores devidos das contribuições
em suas notas fiscais de saída. Apenas as empresas do Simples Nacional estão dispensadas dessa obrigação, pois nas
compras destes a legislação trouxe uma regra diferente: os créditos serão calculados mediante aplicação das alíquotas de
0,38% para o PIS e 1,60% para a COFINS.
Atenção: a possibilidade de desconto de créditos não alcança o varejista que aplica alíquota zero em sua venda. Um pouco
de lógica que resta à tributação das bebidas frias (neste sentido, a Solução de Consulta COSIT nº 344/2017).
Tributação na importação
Na importação, também há incidência das contribuições e são previstas, já considerando as mudanças da Lei nº
13.137/2015, alíquotas de:
https://busca.legal/pis-e-cofins-voce-sabe-como-tributar-bebidas-frias/ 2/4
08/10/2019 PIS e COFINS: você sabe como tributar bebidas frias? - Busca.Legal
Sendo que no caso de cerveja, chope e alimentos para praticantes de atividades físicas (códigos 22.02.90.00 Ex 03 e 22.03
da TIPI) essas alíquotas serão de:
E caso a importadora seja do regime não cumulativo, poderá descontar créditos sobre o valor efetivamente pago das
contribuições na importação. Ou seja, a incidência na importação terá impacto apenas no fluxo de caixa, pois do valor pago
poderá ser aproveitado crédito.
E não é demais lembrar que, na venda efetuada pelo importador, novamente teremos incidência das contribuições, de
acordo com as alíquotas diferenciadas já informadas anteriormente.
Em 2002 foi criado o regime não cumulativo do PIS, estendido no ano seguinte para a COFINS. A principal diferença entre
os regimes está na possibilidade de aproveitamento de créditos. Basicamente, a cada operação são descontados créditos,
de forma que o contribuinte pague somente sobre o valor que acrescer a cada operação. O objetivo é evitar a sobreposição
do tributo ao longo da cadeia, como ocorre no regime cumulativo.
Esse pouco de lógica que restava às contribuições não sobrevive, no entanto, na tributação das bebidas frias, pois a pessoa
jurídica sujeita ao regime cumulativo também poderá aproveitar créditos presumidos em relação à aquisição das bebidas
frias no mercado interno.
O crédito seguirá as mesmas regras já colocadas anteriormente, ou seja, de acordo com o valor destacado no documento
fiscal e, no caso de compra de empresa do Simples Nacional, nos percentuais definidos na própria legislação.
Apesar de ser bem estranho falarmos em aproveitamento de créditos no regime cumulativo, acaba sendo justo, uma vez
que na revenda desses produtos haverá nova incidência das contribuições.
Atenção: esta possibilidade de aproveitamento de crédito não se aplica às empresas dos Simples Nacional ou ao varejista
que aplica alíquota zero em sua venda!
Simples Nacional
A redução a zero das alíquotas para o varejista também se aplica aos contribuintes do Simples Nacional. Portanto, quando
do preenchimento do PGDAS, é necessária especial atenção para que o contribuinte tenha a devida redução do montante a
pagar no recolhimento unificado.
Já os importadores, fabricantes ou atacadistas, optantes pelo Simples Nacional, tributarão a receita da venda das bebidas
frias normalmente dentro do Simples Nacional, haja vista que as alíquotas diferenciadas das bebidas frias não se aplicam
ao Simples Nacional, conforme prevê o art. 15, § 2º, da Lei nº 13.097/2015. É sempre bom lembrar que as bebidas frias
deixaram de ser uma tributação concentrada, logo, não se aplica a previsão geral de segregação de receitas prevista no
art. 18, § 4º-A, I, da Lei Complementar nº 123/2006.
Pauta mínima
Vamos complicar um pouco mais a tributação das bebidas frias? Sabe aquelas alíquotas diferenciadas informadas
anteriormente? Nem sempre elas serão aplicadas…
A Lei 13.097/2015, em seu Anexo I, estabelece valores mínimos a serem observados, de acordo com a NCM, tipo de
produto e capacidade do recipiente. E esses valores ainda podem ser alterados pelo Poder Executivo.
Vamos considerar a venda de um refrigerante de um litro para entendermos a aplicação disso. O primeiro passo é fazermos
o cálculo com as alíquotas diferenciadas:
https://busca.legal/pis-e-cofins-voce-sabe-como-tributar-bebidas-frias/ 3/4
08/10/2019 PIS e COFINS: você sabe como tributar bebidas frias? - Busca.Legal
Em seguida, comparar esse valor com a pauta. Vamos considerar o caso abaixo:
Como neste caso o valor calculado com base na alíquota diferenciada (R$ 0,0174) ficou menor que a pauta (R$ 0,0211), a
empresa deverá recolher com base nesta última. E detalhe: não é só o valor devido de PIS e COFINS que muda: o CST
também se altera! No caso de aplicação das alíquotas diferenciadas, o CST é 02; no caso da pauta, 03.
E isso não é analisado ao final do mês, mas a cada venda! Em uma mesma nota fiscal podemos ter, inclusive, produtos
calculados com base nas alíquotas diferenciadas e nas pautas, dependendo dos valores de venda. Não é por menos que as
empresas têm tido muita dificuldade para operacionalizar essa regra, que alcança, inclusive, os atacadistas.
A nova legislação, de forma semelhante à anterior, obriga as indústrias de bebidas frias a instalarem equipamentos
contadores de produção. Os detalhes aplicáveis constam da Instrução Normativa RFB nº 869/2008, que criou o Sistema de
Controle de Produção de Bebidas (Sicobe).
Por força do ADE COFIS nº 75/2016, no entanto, as empresas foram desobrigadas do Sicobe. Conforme notícia constante
da página da RFB:
A Casa da Moeda do Brasil (CMB) está desenvolvendo um projeto que substituirá o Sicobe por um custo menor. Quando a
CMB concluir o desenvolvimento da nova solução tecnológica para contagem e rastreamento da produção, serão editados
novos ADE’s para restabelecer a obrigatoriedade do sistema de contagem e, consequentemente, dispensa de aplicação do
selo físico para as bebidas quentes.
Conclusões
Além dos pontos expostos ao longo deste artigo, recomenda-se a leitura do Decreto nº 8.442/2016, que regulamenta o
regime de tributação das bebidas frias. Há diversas questões que são detalhadas neste ato, desde a definição do que é
uma cerveja especial a orientações quanto ao preenchimento do documento fiscal.
E após todas essas particularidades que foram apresentadas, acho que a única conclusão possível é que, ao contrário do
que nos ensinou Aristóteles, será melhor não usarmos a lógica para resolvermos os problemas das contribuições sociais.
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08/10/2019 Créditos de PIS e COFINS na aquisição de produtos monofásicos para revenda - Busca.Legal
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10/04/2018
Em março de 2017, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça – STJ reconheceu, no Agravo Regimental ao Recurso
Especial nº 1.051.634 – CE (2008/0089647-3), a possibilidade de aproveitamento de créditos do PIS e da COFINS nas
aquisições para revenda de produtos sujeitos à incidência monofásica, conforme ementa a seguir transcrita:
I – O sistema monofásico constitui técnica de incidência única da tributação, com alíquota mais gravosa, desonerando-
se as demais fases da cadeia produtiva. Na monofasia, o contribuinte é único e o tributo recolhido, ainda que as
operações subsequentes não se consumem, não será devolvido.
II – O benefício fiscal consistente em permitir a manutenção de créditos de PIS e COFINS, ainda que as vendas e
revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência dessas contribuições no sistema
monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não vinculadas ao REPORTO, regime tributário diferenciado para
incentivar a modernização e ampliação da estrutura portuária nacional, por expressa determinação legal (art. 17 da Lei
n. 11.033/04).
III – O fato de os demais elos da cadeia produtiva estarem desobrigados do recolhimento, à exceção do produtor ou
importador responsáveis pelo recolhimento do tributo a uma alíquota maior, não é óbice para que os contribuintes
mantenham os créditos de todas as aquisições por eles efetuadas.
Basicamente, a polêmica decorre de um aparente conflito de leis. Tanto a Lei 10.637/2002, quanto a Lei 10.833/2003, que
tratam das regras gerais do regime não cumulativo das contribuições, admitem o crédito do PIS e da COFINS nas
aquisições para revenda, excepcionando, no entanto, os produtos conhecidos como monofásicos (art. 3º, I, “a” e “b”).
Temos nessas leis, portanto, uma norma de proibição ao crédito, o que guarda lógica com os objetivos da incidência
monofásica, que é concentrar a tributação em um dos elos da cadeia. Em resumo: a indústria ou o importador aplicam
uma alíquota maior em suas vendas e o atacadista ou varejista tem vedação ao crédito na compra e redução a zero na
revenda.
Ocorre, no entanto, que posteriormente tivemos a publicação da Lei 11.033/2004, a qual prevê:
Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.
Tendo em vista que os atacadistas e varejistas de produtos monofásicos os revendem com alíquota zero, estaria essa lei
admitindo a possibilidade de aproveitamento de créditos? Ou seja, ela teria revogado tacitamente a vedação constante das
leis anteriores?
Um primeiro ponto que se discutia era se este dispositivo estava restrito às empresas beneficiados pelo REPORTO. Neste
quesito, entendo acertada a decisão do STJ ao concluir que a previsão legal também é extensiva às demais empresas.
Todavia, não acredito que o objetivo deste dispositivo foi permitir crédito em relação à revenda dos produtos monofásicos.
Qual era seu objetivo então? Dar efetividade integral aos benefícios fiscais! Explico melhor: nas vendas de mercadorias à
Zona Franca de Manaus, por exemplo, temos previsão de alíquota zero. Os créditos que foram aproveitados por ocasião das
compras dessas mercadorias podem, no entanto, ser normalmente mantidos, conforme prevê o mencionado artigo 17
(norma de manutenção de crédito). E é preciso que seja dessa forma, pois se houvesse a necessidade de estornar os
créditos essa alíquota zero não seria integral, pois o produto estaria onerado pelas incidências anteriores das contribuições.
A meu ver, é justamente por isso que o artigo 17 fala em “manutenção” dos créditos. Ou seja, o valor já apropriado,
seguindo a legislação das contribuições sociais, pode ser “mantido”, mesmo se a operação posterior estiver abrangida por
algum benefício fiscal. Logo, não temos aqui uma norma de apropriação de crédito, mas apenas de manutenção.
Justamente por isso, no caso da revenda dos produtos monofásicos, não há que se invocar esse dispositivo legal, pois o
crédito nem mesmo nasceu, tendo em vista o impedimento constante do já citado art. 3º, I, “a” e “b”, das Leis
10.637/2002 e 10.833/2003 (norma de proibição ao crédito). Conclusão: não há como manter um crédito que nem foi
apurado.
Com o devido respeito aos entendimentos diversos, a exemplo do próprio STJ, não vejo como chegarmos à outra
conclusão, nem seguindo a interpretação literal da legislação, tampouco a finalística, a sistêmica e a histórica.
https://busca.legal/creditos-de-pis-e-cofins-na-aquisicao-de-produtos-monofasicos-para-revenda/ 1/2
08/10/2019 Créditos de PIS e COFINS na aquisição de produtos monofásicos para revenda - Busca.Legal
Não obstante, sugiro que as empresas que revendem produtos monofásicos avaliem esses entendimentos diversos e a
possibilidade de discussão judicial deste ponto, tendo em vista seu impacto econômico. E é bom lembrar que a decisão da
Primeira Turma do STJ, ainda que favorável ao contribuinte, pode sofrer mudanças, uma vez que foram apresentados
embargos pela Fazenda Nacional, com base em decisão anterior e contrária do próprio tribunal (REsp 1.434.134/RS, da
Segunda Turma).
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08/10/2019 Farmácias estão pagando tributos a maior! - Busca.Legal
E o fato de um produto estar na substituição tributária não significa que estará na incidência monofásica. E
para deixar a situação um pouco mais complicada, neste segmento ainda temos produtos com alíquota zero
de PIS e COFINS, a exemplo das almofadas antiescaras, e sujeitos à isenção do ICMS, como os
preservativos.
E ainda não é possível confiar totalmente nas informações dos fornecedores, pois eles também podem
cometer falhas ao atribuir a NCM ou tributação do produto.
https://busca.legal/farmacias-estao-pagando-tributos-maior/ 1/2
08/10/2019 Farmácias estão pagando tributos a maior! - Busca.Legal
É claro que em cada empresa, dependendo do seu perfil, esses percentuais podem se alterar. Podemos ter
farmácias com um maior percentual de venda de medicamentos; outras com grande destaque para produtos
de higiene e beleza. E ainda aquelas que possuem um leque de produtos muito mais extenso, incluindo
bebidas e alimentos. E no caso do ICMS, inclui-se a variação da legislação de cada estado.
Uma coisa, no entanto, é certa: a maior parte dos produtos estão sujeitos à substituição tributária e à
incidência monofásica e, com isso, a carga tributária a ser paga por essas empresas, inclusive no SIMPLES
NACIONAL, tem que ser bem reduzida!
A complexidade da legislação, somada a falta de um controle rigoroso, pode acarretar, consequentemente, em
pagamentos a maior de tributos. Verificamos, nesses casos, que o valor pago mensalmente a maior
representava em média 3,76% do faturamento das empresas!
Legislação aplicável
A seguir, a legislação dos principais pontos abordados neste artigo:
– PIS/COFINS monofásicos: art. 2º da Lei 10.147/2000
– ICMS/ST (no caso de São Paulo): Título II, Capítulo I, Seções XI, XIII e XIV, do RICMS/SP
– Simples Nacional: art. 18, §§ 4º-A, 20, 20-A e 20-B, da Lei Complementar 123/2006
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Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão
15/03/2017 PLENÁRIO
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Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão
RE 574706 / PR
ACÓRDÃO
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Relatório
RELATÓRIO
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Relatório
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Relatório
RE 574706 / PR
6. É o relatório.
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Supremo Tribunal Federal
Esclarecimento
09/03/2017 PLENÁRIO
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Supremo Tribunal Federal
Esclarecimento
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Esclarecimento
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Observação
09/03/2017 PLENÁRIO
OBSERVAÇÃO
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
09/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13691179.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13691179.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
‘(...)
8. A contribuição social questionada se insere entre as
previstas no art. 195, I, CF, e sua instituição, portanto, dispensa
lei complementar: no art. 28 da Lei nº 7738/89, a alusão a
‘receita bruta’, como base de cálculo do tributo, para conformar-
se ao art. 195, I, da Constituição, há de ser entendida segundo a
definição do Decreto-lei nº 2.397/87, que é equiparável à noção
corrente de ‘faturamento’ das empresas de serviço.’
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13691179.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13691179.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
RE 574706 / PR
competência tributária.
(…)
Apesar dessas divergências dos Min. MARCO AURÉLIO e
CARLOS VELLOSO no que respeita à constitucionalidade da norma,
foi unânime o julgamento quanto a uma perceptível distinção entre as
ideias normativas de faturamento e de receita bruta, tomada esta em
acepção genérica: ‘Há um consenso: faturamento é menos que receita
bruta.’ (Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, RTJ v. 149, p. 287). O art.
28 da Lei nº 7.738/89 foi havido por constitucional em interpretação
conforme à Constituição, para que se entendesse a expressão receita
bruta, nele veiculada, como ‘receita bruta da venda de
mercadorias e da prestação de serviços’, cujo significado restrito e
específico afirmou-se equivalente ao conceito constitucional de
faturamento.
Está claro, portanto, que, na larga discussão acerca da noção
constitucional do termo faturamento, ficaram expressamente
reconhecidas e decididas duas coisas irrefutáveis: a) o sentido
normativo da expressão receita bruta da venda de mercadorias e da
prestação de serviços correspondia ao conceito constitucional de
faturamento; b) mas, porque mais amplo e extenso como denotação
própria do gênero, o significado da locução legal receita bruta
ultrapassa os limites semânticos desse mesmo conceito. É o que, em
primoroso memorial, sublinhou e sintetizou HUMBERTO ÁVILA:
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11. Não desconsidero o disposto no art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei
n. 9.718/1998, segundo o qual:
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Antecipação ao Voto
09/03/2017 PLENÁRIO
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VOTO
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MÉRITO
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DISPOSITIVO
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o caso.
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E, ainda:
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
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INTRODUÇÃO
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
1 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o o lucro;
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
2 RE 150755, Pleno, Red. para o acórdão Min. Sepúlveda Pertence, DJ 20.08.1993.
3 Art. 22. O § 1° do art. 1° do Decreto-lei n° 1.940, de 25 de maio de 1982, cujo caput foi
alterado pelo art. 1° da Lei n° 7.611, de 8 de julho de 1987, passa a vigorar com a seguinte
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
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tributar:
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RE 574706 / PR
serviço.7
E continua o parecerista:
“2.1.6. (...) A obrigatoriedade de que a receita bruta seja definida como o ‘ingresso financeiro
que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou
condições’, é reiterada na jurisprudência desta E. Corte. Sendo assim, evidente que os
valores correspondem ao ICMS, vinculados a um ‘ônus fiscal’, por não corresponderem ao
produto da venda de bens e da prestação de serviços resultantes das atividades operacionais
da empresa que se integram ao seu patrimônio, não se enquadram no conceito de receita ou
de faturamento.” (Página 5).
Entretanto, cita como fundamento jurisprudencial o RE 606107, de Rel. da Min. Rosa Weber,
que determinou a exclusão do ICMS exportação da base de cálculo do PIS/COFINS, uma vez
que o art. 155, §2º, X, da Constituição, imunizou essas operações. Em outras palavras,
discordamos da aplicação desse precedente ao presente caso. Isso porque esta Corte
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
determinou a exclusão desse ICMS, uma vez que ele não corresponde a qualquer ingresso de
valor, uma vez que as exportações são imunes desse imposto.
8 STF, RE 346084, Pleno, Red. para o acórdão Min. Marco Aurélio, DJ 01.09.2006.
9 STF, RE 357950, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15.08.2006.
10 STF, RE 358273, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15.08.2006.
11 STF, RE 390840, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15.08.2006.
12 Dessa forma, discordamos da seguinte afirmação trazida pelo professor Humberto
Ávila:
“2.1.10. Para o caso em pauta, interessa apenas isto: havendo jurisprudência consolidada no
sentido de que faturamento ou receita são expressões que quantificam o resultado das
atividades econômicas dos contribuintes, abrangendo aquilo que se agrega definitivamente
ao seu patrimônio, qualquer ingresso que seja nem resultado dessas atividades nem se
agregue de modo definitivo ao referido patrimônio jamais poderá ser incluído no conceito
de receita ou faturamento. Assim a jurisprudência deste Egrégio Supremo Tribunal Federal.”
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A. O RE 240785
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
13
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
ICMS E FATURAMENTO
14
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
15
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
16
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
17
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
18
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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO
RE 574706 / PR
19
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Voto - MIN. ROSA WEBER
09/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
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Voto - MIN. ROSA WEBER
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. ROSA WEBER
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. LUIZ FUX
09/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
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Voto - MIN. LUIZ FUX
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. LUIZ FUX
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. LUIZ FUX
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. LUIZ FUX
RE 574706 / PR
Eu não estou dizendo que tributo não pode incidir sobre tributo. Isso
é uma técnica nossa, é uma técnica universal. Há pareceres aqui onde se
demonstra que, no mundo inteiro, é possível tributo sobre tributo. O que
nós estamos analisando aqui é como se faz a exegese de uma expressão
constitucional, a ponto de respeitar-se os limites do poder tributário do
Estado.
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. LUIZ FUX
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
09/03/2017 PLENÁRIO
ANTECIPAÇÃO AO VOTO
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
09/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
RE 574706 / PR
nas suas escritas. Dependendo das condições, poderá ele repassar para o
adquirente da mercadoria ou do serviço (consumidor final) o ônus
financeiro do tributo (e não o tributo), assim como o pode fazer com
parte ou mesmo a integralidade do ônus financeiro de vários gastos
próprios da exploração da atividade econômica, como o custo da mão de
obra (isto é, os salários de seus empregados) e o custo da energia elétrica
utilizada na industrialização da mercadoria (ou seja, a tarifa de energia
elétrica).
É preciso destacar, ademais, que o adquirente da mercadoria ou do
serviço, embora possa arcar com o ônus financeiro (caso lhe tenha sido
transladado) do ICMS e daqueles outros gastos, desembolsa importe que
juridicamente não é tributo – até porque inexiste relação jurídica
tributária relativa ao imposto entre ele e a vendedora ou a prestadora, ou
entre ele e o Estado membro – nem pagamento de salário ou de tarifa de
energia elétrica, mas sim preço, o qual decorre de uma relação contratual
firmada com a vendedora ou com a prestadora de serviços. Esse
entendimento ficou bem cristalizado no julgamento recentíssimo do RE
nº 608.872/MG, de minha relatoria (julgado em 23/2/17), ocasião em que
o Plenário da Corte, por unanimidade, deixou de reconhecer imunidade
às entidades assistenciais quando elas adquirem bens e serviços no
mercado interno, visto figurarem na posição de meras consumidoras
(contribuintes de fato).
Em sentido correlato, a vendedora ou a prestadora, embora recebam
preço em que podem estar inseridos os ônus financeiros do ICMS e
daqueles outros gastos, obtêm recurso que juridicamente não é tributo
nem recebimento de salário ou de tarifa de energia elétrica – como diria a
doutrina mais tradicional, elas não exercem nem intermedeiam o
exercício do jus imperii relativo ao imposto sobre o adquirente –, mas
sim auferem receita ou faturamento originários da aludida relação
contratual. E, havendo, nos termos das leis de regência, o auferimento de
receita ou de faturamento, surge para o contribuinte o dever de pagar as
aludidas contribuições. Não me impressiona, portanto, a assertiva
frequente de que o contribuinte do PIS/Cofins não fatura “tributo”, até
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
RE 574706 / PR
porque ele não recebe tributo, mas sim preço. Sobre o assunto, destaco o
seguinte trecho do voto do Ministro Eros Grau proferido no julgamento
do RE nº 240.785/MG:
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
RE 574706 / PR
operação.
(…)
Obviamente, o simples fato de fundar-se em ônus
tributário não desqualifica a parte do preço como receita bruta.
Além disso, também não impressiona o argumento de que
o valor do ICMS seja destinado não ao contribuinte, mas ao
estado federado. De fato, é necessário dissociar o preço das
mercadorias e serviços, ou seja, o quantum entregue pelo
comprador e recebido pelo vendedor, das obrigações
decorrentes e atreladas à operação.”
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RE 574706 / PR
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
RE 574706 / PR
5º afirma que nela se incluem “os tributos sobre ela incidentes”. Ao lado
disso, aquelas mesmas leis estabelecem que não integram a base de
cálculo dessas contribuições as receitas referentes a certas situações, como
vendas canceladas e descontos incondicionais concedidos. As exclusões
exemplificadas, de fato, prescindiriam de previsão legal, já que estão fora
do âmbito da materialidade das contribuições em comento, o que não
ocorre com o ônus financeiro do ICMS repassado para o preço da
mercadoria ou do serviço e, ao fim, transferido para a receita ou o
faturamento.
Por fim, em relação às alegações de que haveria mero trânsito
contábil do ICMS nas escritas da parte recorrente e de que ela apenas
antecipa os valores relativos ao imposto na qualidade de substituta, a
insurgência também não merece acolhimento. Como exposto, a parte
recorrente, no que tocante às mercadorias por ela vendidas e aos serviços
por ela prestados, atua como verdadeira contribuinte do ICMS. Responde
ela por débito tributário próprio, e não de terceiro. Como bem lembrou o
Ministro Eros Grau no RE 240.785, o ICMS não funciona como um
imposto retido.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso extraordinário.
É como voto.
incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) § 1º A receita líquida será a receita bruta
diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) I - devoluções e vendas
canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) II - descontos concedidos
incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) III - tributos sobre ela incidentes; e
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de
que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das
operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)”
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Antecipação ao Voto
09/03/2017 PLENÁRIO
ANTECIPAÇÃO AO VOTO
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
bruta.
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Mas é como diz o Ministro
Lewandowski: o Direito foi feito para o homem; não o homem para o
Direito. O comerciante tem que saber o que ele vai ter que pagar.
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI:
Está na receita bruta. E esta Corte já definiu que faturamento é igual
a receita bruta! E em diversos julgados! Vamos retomar aqui. Esta Corte já
definiu, em diversos julgados – do Ministro Velloso, inclusive, vários
julgados -, que faturamento e receita bruta são similares. O que diz essa
Lei? Ela fala: receita bruta não exclui os tributos. Quando ela fala em
receita líquida, aí, sim, exclui. E receita e faturamento, na nossa doutrina
jurisprudencial - se é possível falar assim - são similares.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E
RELATORA) - Mas este Supremo Tribunal Federal também, há dois anos,
sobre este caso, esta matéria e estes conceitos, definiu em sentido
contrário, e cada voto é um voto. Portanto, a maioria, naquela ocasião,
vencidos apenas o Ministro Gilmar ...
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI:
Mas o debate ainda não está interditado.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E
RELATORA) - Claro! Mas é isto que estou dizendo: não é algo tão óbvio
porque, senão, nove Ministros de uma composição respeitabilíssima não
iriam ter errado de maneira tão fragorosa.
Enfim, continue com a palavra o Ministro Ricardo Lewandowski.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI -
Rapidamente, Senhora Presidente, dado o adiantado da hora, e eu tenho
voto escrito também.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E
RELATORA) - Não, por favor! Há ainda três a votar; nós não estamos
com pressa.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Eu queria,
então, terminar a minha peroração, agradecendo a intervenção do
Ministro Dias Toffoli, porque a questão realmente é intrincada, e é preciso
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Antecipação ao Voto
RE 574706 / PR
que expliquemos para o público que nos assiste todas as nuances que
envolvem esse debate. Eu queria dizer que entendo, com a devida vênia,
que não se pode considerar como ingresso tributável uma verba que é
recebida pelo contribuinte apenas com o propósito de pronto repasse a
terceiro, ou seja, ao Estado. E está-se diante de um fenômeno que o
grande, eminente tributarista Roque Carrazza denomina de "mero
trânsito contábil". É um simples trânsito contábil, não ingressa no
patrimônio da empresa, do contribuinte.
Não me impressiona, com o devido acatamento, o argumento que foi
manejado aqui hoje nesta Sessão de que o contribuinte teria uma
disponibilidade momentânea, transitória, do valor a ser repassado pelo
Estado, inclusive passível de aplicação no mercado financeiro. É que essa
verba correspondente ao ICM é do Estado, sempre será do Estado e terá
que um dia ser devolvida ao Estado; não ingressa jamais, insisto, no
patrimônio do contribuinte.
Em suma, eu penso que a inclusão do ICMS nas bases de cálculo do
PIS e Cofins subverte, sim, o conceito de faturamento ou de receita, em
afronta àquilo que dispõe o artigo 195, I, b, da Constituição Federal, como
foi, com muita propriedade, a meu ver, e com o devido respeito aos
argumentos em contrário, agora ressaltado pelo Ministro Luiz Fux: o
valor corresponde ao ICMS - eu, mais uma vez, repiso esse argumento -
não possui a natureza jurídica de faturamento ou de receita. Por esse
motivo é que a incidência dessas mencionadas contribuições - o PIS e a
Cofins - sobre o tributo estadual fere, como disse o Ministro Celso de
Mello num voto brilhante, agora reportado pelo Ministro Luiz Fux,
dentre outros princípios, o princípio da capacidade contributiva. Para
mim, isso está muito claro, extreme de dúvidas.
Portanto, Senhora Presidente, louvando mais uma vez o voto de Vossa
Excelência, o cuidado que Vossa Excelência teve em estudar uma matéria
intrincada, difícil, eu acompanho integralmente o seu voto, dando
provimento ao recurso e acolhendo a tese proposta por Vossa Excelência.
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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
09/03/2017 PLENÁRIO
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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
RE 574706 / PR
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
RE 574706 / PR
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. MARCO AURÉLIO
RE 574706 / PR
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Extrato de Ata - 09/03/2017
PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA
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Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. GILMAR MENDES
15/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
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Voto - MIN. GILMAR MENDES
RE 574706 / PR
I
Breve resumo do caso
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Voto - MIN. GILMAR MENDES
RE 574706 / PR
mais o tributo, ele paga o preço e sobre o preço incide o tributo pago pelo
vendedor. A mesma inteligência aplica-se à COFINS.
No recurso extraordinário, interposto pelo contribuinte, aponta-se
violação ao art. 195, inciso I, alínea “b”, do texto constitucional.
Nas razões recursais, sustenta-se a impossibilidade de parcela do
ICMS compor a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS.
Alega-se que a natureza do ICMS vai de encontro ao conceito de
faturamento, logicamente nele não se enquadrando. Argui-se que a
parcela relativa ao ICMS não constitui patrimônio ou riqueza da empresa,
tratando-se, única e exclusivamente, do ônus fiscal ao qual está sujeita.
Esta Corte reconheceu a repercussão geral da questão constitucional
da matéria (RE-RG 574.706, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno –
meio eletrônico, DJe 16.5.2008).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se, na última
Sessão Plenária, no sentido do provimento do recurso, na linha do que foi
decidido no RE 240.785, valendo-se do voto do Ministro Celso de Mello
naquela assentada.
Feito esse breve relato, passo ao exame da questão constitucional
suscitada neste caso.
II
Questão constitucional
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Voto - MIN. GILMAR MENDES
RE 574706 / PR
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Voto - MIN. GILMAR MENDES
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IV
Estado do debate
E sintetizou:
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prejuízo.
Dessa forma, concluiu que o valor do ICMS destacado e recolhido
referente a uma operação integrará a receita efetiva do contribuinte, pois
gerará oscilação patrimonial positiva, independentemente da motivação
do surgimento da obrigação tributária ou da destinação final desse
numerário ao Estado.
Diante disso, negou provimento ao recurso extraordinário,
propondo a fixação da seguinte tese:
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E concluiu:
“Quanto ao conteúdo específico do conceito
constitucional, a receita bruta pode ser definida como o
ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de
elemento novo e positivo, sem reservas ou condições, na esteira
da clássica definição que Aliomar Baleeiro cunhou acerca do
conceito de receita pública”.
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V
Mérito
Com efeito, não vejo razão para alterar minha posição quanto ao
tema em deslinde.
Reitero aqui todos os fundamentos que consignei no voto que
formulei no RE 240.785/MG e que me fizeram concluir pela
constitucionalidade da incidência da Contribuição ao PIS e da COFINS
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VI
Do Conceito Jurídico de Faturamento e da Inviabilidade de
interpretação da Constituição conforme as leis
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contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe
preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;”
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a) unidade da Constituição;
b) concordância prática;
c) máxima efetividade;
d) força normativa da Constituição;
e) correção funcional.
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VII
Hipertrofia do controle judicial?
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VIII
Consequências do julgamento
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IX
Um novo caso dos precatórios?
Faço todas essas considerações, com todo o respeito, por temer que o
caso em julgamento venha a nos apresentar uma reedição do conhecido –
e desastroso – caso dos precatórios judiciais, o nosso caso Dred Scott, que,
felizmente, por aqui não gerou uma guerra civil.
Refiro-me, evidentemente, ao julgamento das ADIs 4.425 e 4357,
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Voto - MIN. GILMAR MENDES
RE 574706 / PR
X
Conclusão
Ante todo o exposto, peço vênia à Ministra Cármen Lúcia, bem como
aos que a acompanharam, para aderir à divergência inaugurada pelo
Ministro Edson Fachin, e nego provimento ao recurso. Eventual
modulação de efeitos deve ser apreciada em momento oportuno.
É como voto.
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
15/03/2017 PLENÁRIO
VOTO
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
RE 574706 / PR
Cumpre assinalar, por isso mesmo, que o caso ora em exame justifica,
plenamente, que se reiterem tais asserções, pois é necessário advertir que
a prática das competências impositivas por parte das entidades políticas
investidas da prerrogativa de tributar não pode caracterizar-se como
instrumento que, arbitrariamente manipulado pelas pessoas estatais, venha a
conduzir à destruição ou ao comprometimento da própria ordem
constitucional.
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É o meu voto.
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Esclarecimento
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ESCLARECIMENTO
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Aditamento ao Voto
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ADITAMENTO
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sumulados:
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1 Vide: art. 3º da Lei nº 9.718/98; art. 1º, § 1º, da Lei nº 10.637/02; art. 1º, § 1º, da Lei nº
10.833/03, todos com redações dadas pela Lei nº 12.973/14.
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Decreto-lei nº 1.598/77:
“Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela
Lei nº 12.973, de 2014)
I - o produto da venda de bens nas operações de conta
própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
II - o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído
pela Lei nº 12.973, de 2014)
III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
IV - as receitas da atividade ou objeto principal da
pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III.
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
§ 1º A receita líquida será a receita bruta diminuída de:
(Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014)
I - devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº
12.973, de 2014)
II - descontos concedidos incondicionalmente;
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
III - tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº
12.973, de 2014)
IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que
trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta.
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
§ 2º - O fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa
ou a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza
presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao
contribuinte a prova da improcedência da presunção.
§ 3º - Provada, por indícios na escrituração do contribuinte
ou qualquer outro elemento de prova, a omissão de receita, a
autoridade tributária poderá arbitrá-la com base no valor dos
recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores,
sócios da sociedade não anônima, titular da empresa
individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a
efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem
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Por sua vez, o art. 187, I, da Lei das Sociedades por Ações, referido
no voto do Ministro Cezar Peluso no julgamento dos RE nº 346.084,
358.273, 357.950 e 390.840, no meu entender, é norma direcionada para
uma contabilidade comercial e, em nenhum momento, refere que o ônus
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“SEÇÃO V
Demonstração do Resultado do Exercício
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conta que o raciocínio deve valer para os demais tributos (como o IPI e o
ISS), já que eles, de igual modo, constituem parcelas dedutíveis da
receita bruta.
Por ser esclarecedor, transcrevo trecho da ementa do recurso
representativo da controvérsia no Superior Tribunal de Justiça (Resp nº
1.144.469), julgado muito recentemente, de relatoria do Ministro Mauro
Campbell Marques,
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Observação
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Extrato de Ata - 15/03/2017
PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FLAVIO EDUARDO SILVA DE CARVALHO E OUTRO(S) -
DF020720
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI - SP172548
FELIPE CORDEIRO - PR047266
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL -
PR000000O
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
QUÍMICA - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GLÁUCIA MARIA LAULETTA FRASCINO E OUTRO(S) -
SP113570
MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S) -
SP146961
ARIANE COSTA GUIMARÃES E OUTRO(S) - DF029766
ADVOGADA : VIVIAN ISHII GUIMARÃES - DF037917
SOC. de ADV. : MATTOS FILHO, VEIGA FILHO, MARREY JR. E
QUIROGA ADVOGADOS E OUTRO(S)
EMENTA
TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS.
DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS
247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E
DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO
DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA
ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA
CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO,
PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC/1973
(ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015).
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24/04/2018
Superior Tribunal de Justiça
em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos
créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes,
materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de
proteção individual-EPI.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros
da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos
e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria,
após o realinhamento feito, conhecer parcialmente do Recurso Especial e,
nessa parte, dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator, que lavrará o ACÓRDÃO.
Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes, Benedito
Gonçalves e Sérgio Kukina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques,
Assusete Magalhães (voto-vista), Regina Helena Costa e Gurgel de Faria (que
se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Retirado de Pauta por indicação do Sr. Ministro Relator."
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Retirado de Pauta por indicação do Sr. Ministro Relator."
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Processo retirado de pauta, por indicação do Sr. Ministro Relator."
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 5 de 144
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FLAVIO EDUARDO SILVA DE CARVALHO E OUTRO(S) -
DF020720
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI - SP172548
FELIPE CORDEIRO - PR047266
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL -
PR000000O
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
QUÍMICA - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GLÁUCIA MARIA LAULETTA FRASCINO E OUTRO(S) -
SP113570
MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S) -
SP146961
ARIANE COSTA GUIMARÃES E OUTRO(S) - DF029766
ADVOGADA : VIVIAN ISHII GUIMARÃES - DF037917
SOC. de ADV. : MATTOS FILHO, VEIGA FILHO, MARREY JR. E QUIROGA
ADVOGADOS E OUTRO(S)
RELATÓRIO
1. Cuida-se de Recurso Especial interposto por ANHAMBI
ALIMENTOS LTDA contra acórdão do TRF da 4a. Região, da lavra da eminente
Desembargadora Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, assim ementado:
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Superior Tribunal de Justiça
operando-se a não cumulatividade por meio de técnica de arrecadação que
consiste na redução da sua base de cálculo da exação, mediante a incidência
sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica,
independentemente de sua denominação ou classificação contábil, permitidas
certas deduções expressamente previstas na legislação.
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Superior Tribunal de Justiça
vale-transporte, vale-refeição e fardamento fornecido aos funcionários sejam
insumos para as empresa de atividade nas áreas de limpeza, mas não para
as empresas do ramo industrial.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 8 de 144
Superior Tribunal de Justiça
concessão de benefício fiscal (artigo 111 do CTN).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 9 de 144
Superior Tribunal de Justiça
constante dos arts. 3o., II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, quer os
denominados insumos diretos (bens e serviços utilizados na composição mesma do
produto, processo ou serviço prestado), quer os insumos indiretos (bens e serviços
que, a despeito de não participarem da composição mesma do produto, processo ou
serviço prestado, são necessários à sua produção/prestação/atividade), desde que
tais insumos, diretos ou indiretos, tenham sido tributados previamente pelo PIS e
pela COFINS (fls. 407/409).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 0 de 144
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FLAVIO EDUARDO SILVA DE CARVALHO E OUTRO(S) -
DF020720
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI - SP172548
FELIPE CORDEIRO - PR047266
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL -
PR000000O
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
QUÍMICA - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GLÁUCIA MARIA LAULETTA FRASCINO E OUTRO(S) -
SP113570
MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S) -
SP146961
ARIANE COSTA GUIMARÃES E OUTRO(S) - DF029766
ADVOGADA : VIVIAN ISHII GUIMARÃES - DF037917
SOC. de ADV. : MATTOS FILHO, VEIGA FILHO, MARREY JR. E QUIROGA
ADVOGADOS E OUTRO(S)
VOTO
TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS.
DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS
247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E
DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO.
DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA
ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA
CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO,
PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC/1973
(ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015).
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contribuinte.
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Superior Tribunal de Justiça
Direito Público.
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Superior Tribunal de Justiça
o capitalismo é capaz de oferecer à sociedade, pois, embora tenha sido produzido
aos bilhões, dificilmente haverá pessoa no mundo que consiga produzir sozinha um
trivial lápis, cujo fabrico exige lenhar e formatar a madeira, minerar e refinar o
grafite, forjar o metal que prende o corpo à útil borracha de látex, revesti-lo de tinta e
verniz, para apresentá-lo atraente e bonito aos olhos dos seus consumidores e
usuários.
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Superior Tribunal de Justiça
das economias das empresas que o adquiriram para revenda a inumeráveis
consumidores?
14. Certamente não, todos irão responder; então, por qual motivo os
ovos, a farinha de trigo e o fermento, que são componentes diretos e físicos do bolo,
considerados insumos, se separariam conceitualmente do calor do forno, já que
sem esse calor o bolo não poderia ser assado e, portanto, não poderia ser
consumido como bolo? Esse exemplo banal serve para indicar que tudo o que entra
na confecção de um bem (no caso, o bolo) deve ser entendido como sendo insumo
da sua produção, quando sem aquele componente o produto não existiria; o papel
que envolve o bolo, no entanto, não tem a essencialidade dos demais componentes
que entram na sua elaboração.
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Superior Tribunal de Justiça
questionamentos, e as possibilidades incomuns são rejeitadas com desprezo. Ao
contrario, tão logo começamos a filosofar, descobrimos que inclusive as coisas mais
corriqueiras levam a problemas para os quais só temos respostas muito
incompletas. Embora seja incapaz de nos dizer com certeza qual é a verdadeira
resposta às dúvidas que suscita, a filosofia é capaz de sugerir muitas possibilidades
que ampliam nossos pensamentos e os libertam da tirania da conformidade.
17. De fato, para bem se captar e elucidar este caso, é preciso não
perder de vista a natureza e a importância dos processos produtivos, para entender
por que a cumulatividade (que se pode expressar vulgarmente por tributos sobre
tributos) é rejeitada pela maior parte dos autores menos sectários que se dedicam a
analisar as consequências da tributação excessiva, descontrolada, gananciosa ou
anti-econômica.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 7 de 144
Superior Tribunal de Justiça
fiscais fizessem os preços das coisas subirem para os cornos da Lua, excluindo
mais ainda contingentes populacionais sem renda ou com renda mínima dos
benefícios do consumo de bens úteis à sua vida.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 8 de 144
Superior Tribunal de Justiça
pela EC 42, de 19.12.2003, permite que o legislador ordinário defina os setores para
os quais as contribuições incidentes na forma dos seus incisos I, b, e IV serão
calculadas de forma não-cumulativa:
(...).
b) a receita ou o faturamento;
(...).
(...).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 9 de 144
Superior Tribunal de Justiça
Professores EDISON CARLOS FERNANDES e IVES GANDRA DA SILVA
MARTINS, especialistas no tema, observam que, embora seja possível reconhecer
terem tais leis se inspirado em algumas características do modelo constitucional, a
não-cumulatividade de PIS e COFINS é criação puramente legal e possui as
características que as leis lhe conferem, não cabendo um transplante para PIS e
COFINS de características e conclusões extraídas no âmbito de IPI e ICMS
(Não-cumulatividade do PIS e da COFINS. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 38).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 0 de 144
Superior Tribunal de Justiça
primeira linha da DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), base de cálculo
alargada.
² ² ²
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 1 de 144
Superior Tribunal de Justiça
prequestionamento, nos termos da Súmula 282/STF.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 2 de 144
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247/2002 E 404/2004.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 3 de 144
Superior Tribunal de Justiça
microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre
os alimentos, tornando-os impróprios para o consumo. Assim, impõe-se
considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no
creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços
de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa
fabricante de gêneros alimentícios.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 4 de 144
Superior Tribunal de Justiça
sabemos, é claramente um exagero carioca e não serve para elucidar uma questão
jurídica de PIS/COFINS e muito menos o problema que envolve a essencialidade
das cosias e dos insumos: é apenas uma metáfora do amor demais.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 5 de 144
Superior Tribunal de Justiça
10.833/2003, que explicita rol exemplificativo, a meu modesto sentir.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 7 de 144
Superior Tribunal de Justiça
"base sobre base".
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 8 de 144
Superior Tribunal de Justiça
I - das aquisições efetuadas no mês:
a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias
e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 1º do art. 4º;
b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes,
utilizados como insumos:
b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos
destinados à venda; ou
b.2) na prestação de serviços;
[...]
§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput,
entende-se como insumos:
I - utilizados na fabricação ou produção de bens destinados
à venda:
a) a matéria-prima, o produto intermediário, o material de
embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais
como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou
químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto
em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado;
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no
País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do
produto;
II - utilizados na prestação de serviços:
a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de
serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no
País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (destaques
meus).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 2 9 de 144
Superior Tribunal de Justiça
com a aquisição de bens e serviços utilizados na produção ou fabricação de
bens ou produtos destinados à venda, ou na prestação de serviços, inspirada
na disciplina do IPI.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 3 0 de 144
Superior Tribunal de Justiça
10.637/2002 e n. 10.833/2003 e com elas conflitam. [...].
O critério a ser aplicado, portanto, apóia-se na inerência do
bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte
(por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância
que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho
da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final
a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua
existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o
bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de
produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se
encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e
unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido.
(Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS, in
Revista Fórum de Direito Tributário - RFDT, Belo Horizonte, n. 34,
jul./ago. 2008, p. 6)
Nessa linha:
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 3 1 de 144
Superior Tribunal de Justiça
DESPESAS TAIS COMO: VALE-TRANSPORTE,
VALE-ALIMENTAÇÃO E UNIFORME. NÃO ENQUADRAMENTO NO
CONCEITO DE INSUMO. DESPESAS QUE SOMENTE PODEM
SER CREDITADAS A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 11.898/2009.
1. O conceito de insumo para fins de creditamento de PIS e
de COFINS diz respeito àqueles elementos essenciais à realização
da atividade fim da empresa , não alcançando os itens solicitados
pela impetrante, sendo que o direito de crédito sobre as despesas
relativas a vale-transporte, a vale-alimentação e a uniforme
custeadas por empresa que explore prestação de serviços de
limpeza, conservação e manutenção somente veio a ser possível
após a edição da Lei 11.898/09. Nesse sentido: AgRg no REsp
1.230.441/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, DJe 18/09/2013.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1.281.990/SC, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe
08/08/2014 - destaque meu).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 3 2 de 144
Superior Tribunal de Justiça
10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na
legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, posto
que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde
exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais"
utilizados na legislação do Imposto de Renda - IR, por que
demasiadamente elastecidos .
5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n.
10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens
e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e
a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou
indiretamente empregados e cuja subtração importa na
impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto
é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em
substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí
resultantes.
6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de
gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e
limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições
sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria
impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do
produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao
desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos
desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na
maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos,
tornando-os impróprios para o consumo. Assim, impõe-se considerar
a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento,
os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de
dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa
fabricante de gêneros alimentícios.
7. Recurso especial provido.
(REsp 1.246.317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe
29/06/2015 - destaques meus).
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 3 3 de 144
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subtração"), prestigiando a avaliação dos critérios da essencialidade e da
pertinência. Tem por corolário o reconhecimento da ilegalidade das
mencionadas instruções normativas, porquanto extrapolaram as disposições
das Leis ns. 10.637/2002 e 10.833/2003; e
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 3 4 de 144
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incluindo combustíveis, comissão de vendas, gastos com veículos, viagens,
conduções, fretes, prestação de serviços - PJ, promoções e propagandas,
seguros, telefone e comissões) (fls. 25/29e).
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atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FLAVIO GIRON
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentaram, oralmente, os Drs. EDUARDO PUGLIESE PINCELLI, pela recorrente, e AMANDA
DE SOUZA GERACY, pela recorrida.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator dando provimento ao recurso especial, pediu vista o
Sr. Ministro Og Fernandes. Aguardam os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Benedito
Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região) e Humberto Martins."
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
EMENTA
VOTO-VOGAL
Nas razões recursais a recorrente alega violação aos arts. 110 do CTN; 3º, II, das
Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03; 24 e 25 da Lei nº 11.898/09 e 11 da Lei Complementar nº
95/98.
Quanto aos arts. 110 do CTN, 11 da LC nº 95/98 e 3º, II, das Leis nºs 10.637/02 e
10.833/03 a recorrente alega a impossibilidade de alteração, pela legislação tributária, do
conceito de insumo no sentido comum da expressão, que seria "tudo aquilo que é consumido
em um processo produtivo" ou "as despesas e investimentos que contribuem para um
resultado, ou para obtenção de uma mercadoria ou produto até o consumo final". Alega que as
Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 não trouxeram a definição de insumo, razão pela qual deve ser
adotado o sentido comum da expressão, conforme orientação do art. 11, I, 'a', da Lei
Complementar nº 95/98, sendo, portanto, ilegais as restrições ao conceito de insumo adotado
pela Receita Federal do Brasil nas Instruções Normativas nºs 247/02 e 404/04 e reafirmado
em Solução de Consulta nº 237/2008, ocasião em que a RFB conferiu direito ao creditamento,
na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, somente em relação aos insumos que se
consomem ou desgastam com o contado físico/direto com o produto em fabricação.
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créditos em relação às despesas com vale-transporte, vale-alimentação ou vale-refeição,
fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados, sendo que antes da referida lei, a RFB
obstava o desconto de crédito relativamente a esses itens. Sustenta que a referida lei, ao
conferir o direito de crédito apenas às empresas prestadoras dos serviços de limpeza,
conservação e manutenção, violou o princípio da isonomia, ou igualdade de tratamento entre
os contribuintes, conforme o disposto no art. 150, II, da Constituição Federal, pelo que requer
a extensão de tal direito às empresas produtoras de bens ou produtos destinados à venda.
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creditamento fará desaparecer a diferenciação entre a Cofins/Pis não cumulativa e o Imposto
de Renda Pessoa Jurídica/Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Por outro lado, entende
que a alteração da base de cálculo do Pis e da Cofins pelo Poder Judiciário implicará
benefício fiscal ao arrepio de lei, o que é vedado pelo § 6º do art. 150, da Constituição
Federal de 1988) e pelo princípio da Separação dos Poderes (art. 2º da CF/88).
Quanto à alegada ofensa ao 3º, II, das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, reconheço o
devido prequestionamento na origem, pelo que conheço do recurso especial no ponto e passo
a sua análise.
Discute-se nos autos o conceito de insumos previsto no art. 3º, II, das Leis nºs
10.637/02 e 10.833/03 para fins de dedução de créditos da base de cálculo do Pis e da Cofins
na sistemática não cumulativa.
Para melhor compreensão do tema, transcrevo o seguinte excerto do voto que proferi
por ocasião nos autos do REsp nº 1.246.317/MG, in verbis:
Em 29 de agosto de 2002, editou-se a Medida Provisória n. 66, que
alterou a sistemática do Pis e Pasep para instituir a não-cumulatividade dessas
contribuições, o que foi reproduzido pela Lei n. 10.637, de 30 de dezembro de
2002 (lei de conversão), que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de
créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na
fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido
dispositivo:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica
poderá descontar créditos calculados em relação a:
[...]
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de
serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados
à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao
pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de
2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela
intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições
87.03 e 87.04 da TIPI;
Da mesma forma, a Medida Provisória n. 135, de 30 de outubro de 2003,
convertida na Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003, instituiu a sistemática da
não-cumulatividade em relação à apuração da Cofins, destacando o
aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º,
inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o Pis/Pasep, in verbis :
Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica
poderá descontar créditos calculados em relação a:
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[...]
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de
serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados
à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao
pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de
2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela
intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições
87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)
Posteriormente, pela edição da Emenda Constitucional n. 42/2003, de 31
de dezembro de 2003, o princípio da não-cumulatividade das contribuições sociais
alcançou o plano constitucional através da inserção do § 12 ao art. 195, que assim
dispôs:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
[...]
b) a receita ou o faturamento;
[...]
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
caput, serão não-cumulativas.
Da norma constitucional em referência não se extrai a possibilidade de
dedução de créditos a todo e qualquer bem ou serviço adquirido para consecução
da atividade empresarial, restando expresso que a regulamentação da sistemática
da não-cumulatividade aplicável ao Pis e à Cofins ficaria afeta ao legislador
ordinário.
Interpretando o conteúdo da legislação fiscal em comento, a Secretaria da
Receita Federal veiculou, pelas Instruções Normativas ns. 247/02 (redação alterada
pela Instrução Normativa 358/2003), e 404/04, orientação necessária à sua
execução, estabelecendo, para fins de aproveitamento de créditos, o alcance do
termo "insumo", ao dispor:
Instrução Normativa SRF n. 247/2002 - PIS/Pasep
Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep
não-cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar
créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre
os valores:
I – das aquisições efetuadas no mês:
[...]
b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes,
utilizados como insumos: (Redação dada pela IN SRF 358, de
09/09/2003)
b.1) na fabricação de produtos destinados à venda; ou (Incluída
pela IN SRF 358, de 09/09/2003)
b.2) na prestação de serviços; (Incluída pela IN SRF 358, de
09/09/2003)
[...]
§ 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput,
entende-se como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de
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09/09/2003)
I - utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à
venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003)
a) as matérias primas, os produtos intermediários, o
material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram
alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de
propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente
exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam
incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de
09/09/2003)
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no
País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do
produto; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003)
II - utilizados na prestação de serviços: (Incluído pela IN SRF
358, de 09/09/2003)
a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços,
desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e (Incluído
pela IN SRF 358, de 09/09/2003)
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no
País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela
IN SRF 358, de 09/09/2003)
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do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados
para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita
operacional bruta e de produção, matéria-prima, produtos
intermediários e material de embalagem.
Diferentemente, nas leis que tratam do Pis/Pasep e Cofins
não-cumulativos não há menção a qualquer arcabouço normativo em vigor para se
colher o conceito de "insumos".
Na mesma linha de raciocínio, outras razões também se me afiguram
suficientes a impedir a utilização do conceito de "insumos" previsto para a
legislação do IPI. Vejamos.
O regime da não-cumulatividade do IPI, cuja materialidade é o produto
industrializado, encontra expressão no art. 153, § 3º, II, da Constituição Federal, e
permite "a compensação do que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores ", a fim de impedir que a carga tributária incidente sobre
cada etapa da cadeia produtiva integre a base de cálculo das etapas seguintes, o
que anularia a sistemática da unitributação do IPI. Desse modo, desconta-se o
débito da saída do produto com o valor do crédito da entrada do insumo que foi
aplicado no produto industrializado, fazendo com que haja a compensação dos
valores cobrados nas etapas anteriores. Por tal razão, o conceito de "insumo" para
fins de não-cumulatividade do IPI, o qual teve sua amplitude exposta na própria
legislação de regência, restringe-se basicamente às matérias-primas, produtos
intermediários e materiais de embalagem, bem como aos produtos que são
consumidos no processo de industrialização, que tenham efetivo contato com o
produto. Na definição clássica adotada pela Secretaria da Receita Federal:
"insumo é aquilo que se integra de forma física ou química ao novo produto ou
aquilo que sofre consumo, desgaste ou alteração de suas propriedades físicas ou
químicas durante o processo de industrialização mediante contato físico com o
produto " (REsp. n. 1.049.305 – PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 22.3.2011).
Por sua vez, a não-cumulatividade da contribuição ao Pis e da Cofins
instituída pelas Leis 10.637 e 10.833 - ainda que a expressão utilizada pelo
legislador seja idêntica - apresenta perfil totalmente diverso daquela pertinente ao
IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados
bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a
título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente
sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Como se verifica, na técnica de
arrecadação dessas contribuições, não há propriamente um mecanismo
não-cumulativo, decorrente do creditamento de valores das entradas de bens que
sofrerão nova incidência em etapa posterior da cadeia produtiva, nos moldes do
que existe para aquele imposto (IPI).
Considera-se, ainda, que a hipótese de incidência dessas contribuições
leva em consideração "o faturamento mensal, assim entendido como o total das
receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação
ou classificação contábil " (artigos 1º das Leis ns. 10.637/02 e 10.833/03). Ou seja,
esses tributos não têm sua materialidade restrita apenas aos bens produzidos, mas
sim à aferição de receitas, cuja amplitude torna inviável a sua vinculação ao valor
exato da tributação incidente em cada etapa anterior do ciclo produtivo.
Note-se também que, para fins de creditamento do Pis e da Cofins,
admite-se que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva
à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 elasteceram a
definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que
compõem o produto. Nesse ponto, quanto à abrangência dada pela legislação de
regência ao admitir que serviços sejam considerados como insumos de produção
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ou fabricação, destacam-se os ensinamentos de Marco Aurélio Grego (in
"Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS ", Revista Fórum de
Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003,
grifo nosso):
As leis mencionadas prevêem expressamente que o serviço
pode ser utilizado como insumo na produção ou fabricação. Ora,
como um serviço (atividade + utilidade) pode ser insumo da
produção ou da fabricação de um bem?
Será efetivamente insumo sempre que a atividade ou a
utilidade forem necessárias à existência do processo ou do
produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma
qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado
padrão desejado. Vale dizer, quando atividade ou utilidade
contribuírem para o processo ou o produto existirem ou terem certas
características.
Na medida em que os serviços configuram insumos no âmbito
de PIS/COFINS, pois as respectivas utilidades são fruídas como tal
(por condicionarem a existência ou integrarem funcionalmente o
processo ou o produto), então os bens também estarão sendo
utilizados como insumo na medida em que das utilidades que
deles emanarem dependam a existência ou a qualidade do
processo ou produto.
(...) Vale dizer, "utilizar como insumo" é extrair os bens ou
dos serviços todas as utilidades que lhes sejam próprias para o
fim de fazer com que o processo produtivo ou o produto destinado
a venda existam ou tenham as características almejadas. Vale
dizer, fazer com que - no específico contexto da atividade econômica
desenvolvida pelo contribuinte - processo e produto sejam o que são.
Portanto, o conceito de insumo adotado pelas Leis é amplo a
ponto de abranger até mesmo as utilidades disponibilizadas
através de bens e serviços, desde que relevantes para o processo
ou para o produto. Terem as leis de regência admitido créditos
relativos a "serviços utilizados como insumos" é a prova cabal de que
o conceito de "utilização como insumo" no âmbito da
não-cumulatividade de PIS/COFINS não tem por critério
referencial o objeto físico, pois um sem número de serviços não
interfere direta nem fisicamente com o produto final; limita-se a
assegurar que o processo exista ou se desenvolva com as
qualidades pertinentes.
A lição do ilustre doutrinador introduz os conceitos de essencialidade e
necessidade ao processo produtivo. Sobre eles me debruçarei mais adiante.
Continuando o raciocínio, da própria redação das referidas leis, extrai-se
a impertinência da utilização de parâmetros da legislação do IPI para definir o
vocábulo "insumo" a regular o creditamento do Pis e da Cofins, na medida em que,
para o IPI, não há previsão de creditamento de "serviços", e, para aquelas
contribuições, os serviços poderão ser creditados como insumos ainda que não
tenham interferência direta e física com o produto final. Veja-se, para exemplo, a
Solução de Consulta n. 30, de 26 de janeiro de 2010 (9ª Região Fiscal, Divisão de
Tributação, DOU de 04.02.2010), onde a Secretaria da Receita Federal entendeu
que, ipsis verbis :
"[...] a contratação de mão-de-obra de pessoas jurídicas para
operação e manutenção de equipamentos da linha de produção e a
contratação de serviços de pessoas jurídicas aplicados diretamente
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sobre o produto em transformação ou sobre as ferramentas utilizadas
nas máquinas pertencentes à linha de produção são considerados
insumos, para fins de creditamento da COFINS".
Ressalta-se, ainda, que a não-cumulatividade do Pis e da Cofins não tem
por objetivo eliminar o ônus destas contribuições apenas no processo fabril, visto
que a incidência destas exações não se limita às pessoas jurídicas industriais, mas
a todas as pessoas jurídicas que aufiram receitas, inclusive prestadoras de serviços
(excetuando-se as pessoas jurídicas que permanecem vinculadas ao regime
cumulativo elencadas nos artigos 8º da Lei 10.637/02 e 10 da Lei 10.833/03), o
que dá maior extensão ao contexto normativo desta contribuição do que aquele
atribuído ao IPI. Não se trata, portanto, de desonerar a cadeia produtiva, mas
sim o processo produtivo de um determinado produtor ou a atividade-fim de
determinado prestador de serviço.
Parece-nos acertada, desse modo, a orientação de Marco Aurélio Grego
(idem, ib idem) quando sinaliza para a diferenciação da sistemática adotada pelos
tributos a impedir que o conceito de "insumo" no Pis/Cofins não-cumulativo seja
tomado por empréstimo da legislação do IPI:
No caso, estamos perante contribuições cujo pressuposto de
fato é a receita ou o faturamento, portanto, sua não-cumulatividade
deve ser vista como técnica voltada a viabilizar a determinação do
montante a recolher em função deles (receita/faturamento).
Enquanto o processo formativo de um produto aponta no
sentido de eventos a ele relativos, o processo formativo da receita
ou do faturamento aponta na direção de todos os elementos
(físicos ou funcionais) relevantes para sua obtenção. Vale dizer,
por mais de uma razão o universo de elementos captáveis pela
não-cumulatividade de PIS/COFINS é mais amplo que o do IPI.
Embora a não-cumulatividade seja técnica comum a IPI e a
PIS/COFINS, a diferença de pressuposto de fato (produtos
industrializado versus receita) faz com que assuma dimensão e perfil
distintos. Por isso, pretender aplicar na interpretação das normas
de PIS/COFINS critérios ou formulações construídas em relação
ao IPI é:
a) desconsiderar os diferentes pressupostos constitucionais;
b) agredir a racionalidade da incidência de PIS/COFINS; e
c) contrariar a coerência interna da exigência, pois esta se
forma a partir do pressuposto "receita/faturamento" e não do
pressuposto "produto".
Em suma, palavra utilizada em contexto cujo pressuposto de
fato é a receita ou o faturamento assume sentido e alcance diferente
do que resulta de contexto em que o pressuposto de fato é o produto
industrializado.
Aprofundando na identificação dessas discrepâncias entre o método
adotado para a contribuição para o Pis e para a Cofins e aquele aplicado para o IPI
e para o ICMS, assim se manifestou José Antônio Minatel (in "Conteúdo do
Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua tributação ". São Paulo: MP,
2005, p. 180):
Não sendo esse o espaço para aprofundamento do tema da
não-cumulatividade, quer-se unicamente consignar que essa técnica
adotada para a neutralização da incidência daqueles impostos, que,
como se disse, gravam a circulação de bens (aqui tomada em sentido
lato), não tem a mesma pertinência que a recomende para ser
introduzida no contexto da tributação da receita, por absoluta falta de
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afinidade entre os conteúdos do pressuposto material das diferentes
realidades. Receita, como já dito, pressupõe conteúdo material de
mensuração instantânea, revelado pelo ingresso de recursos
financeiros decorrente de esforço ou exercício de atividade
empresarial, materializadora de disponibilidade pessoal para quem a
aufere, conteúdo de avaliação unilateral que não guarda relação de
pertinência que permita confrontá-la com qualquer operação
antecedente, contrariamente ao que sucede com o valor da operação
de produtos industrializados e de mercadorias.
Considerando todas essas peculiaridades da nova sistemática de
não-cumulatividade instituída pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, as referidas
Instruções Normativas ns. 247/02 e 404/04 não poderiam simplesmente reproduzir
o conceito de insumo para fins de IPI (tributo cuja hipótese de incidência é a
produção de bem, e que, portanto, pode ter o vocábulo insumo limitado àqueles
itens que entram em contato direto com o produto final), restringindo, por
conseguinte, os bens/produtos cujos valores poderiam ser creditados para fins de
dedução das contribuições para o Pis e Cofins não-cumulativos, sob pena de
distorcer o alcance que as referidas leis conferiram a esse termo, obstaculizando a
operacionalização da sistemática não-cumulativa para essas contribuições.
Vale ponderar ainda que, embora seja autorizado o emprego de analogia
diante de uma lacuna no ordenamento jurídico, a teor da regra do art. 108, I, do
CTN, o próprio dispositivo restringe a sua aplicação ao dispor que somente será
cabível a interpretação analógica quando não resultar exigência de imposto não
previsto em lei (§1º). E, na hipótese em apreço, a aplicação por analogia do termo
"insumo" na forma definida pela legislação do IPI traz, como consequência, o
aumento de carga tributária.
Explico: As Leis ns. 10.637/2002 e 10.833/2003 majoraram as alíquotas
das contribuições do Pis e da Cofins de 0,65% para 1,655 e de 3% para 7,6%,
respectivamente. E, em contrapartida, criaram um sistema legal de abatimento de
créditos apropriados em razão das despesas e aquisições de bens e serviços
relacionados no art. 3º de ambas as leis. Da própria exposição de Motivos da
Medida Provisória n. 66, de 29 de agosto de 2002, constou explicitamente que
"constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária
correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/PASEP ".
Assim, a restrição pretendida pelas Instruções Normativas para o conceito de
insumos aos elementos consumidos no processo operacional, além de ir de
encontro à própria essência do princípio da não-cumulatividade, acaba por gerar a
ampliação da carga tributária das contribuições em comento.
Dessa forma, é inexorável a conclusão de que os referidos atos
normativos fazendários, ao validarem o creditamento apenas quando houver
efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e
comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos
com acepção restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI,
acabaram por extrapolar os termos do ordenamento jurídico hierarquicamente
superior, in casu, as Leis ns. 10.637/2002 e 10.833/2003, pois vão de encontro à
finalidade da sistemática de não-cumulatividade da Contribuição para o Pis e da
Cofins.
Reconhecida a ilegalidade das Instruções Normativas 247/02 e 404/04,
por adotarem definição de insumos semelhante à da legislação do IPI, impede
definir agora qual seria a exegese para o termo mais condizente com a sistemática
da não-cumulatividade das contribuições em apreço.
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relativos a valores de despesas que a Recorrente houve por bem
classificar como insumos (materiais utilizados para manutenção de
máquinas e equipamentos), em virtude da essencialidade dos mesmos
para fabricação dos produtos destinados à venda.
Ora, constata-se que sem a utilização dos mencionados
materiais não haveria a possibilidade de a Recorrente destinar seus
produtos à venda, haja vista a inviabilidade de utilização das
máquinas. Frise-se que o material utilizado para manutenção sofre,
inclusive, desgaste com o tempo.
Em virtude dos argumentos expostos, em que pese o respeito
pela I. Decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de
Julgamento em Porto Alegre (RS), ao não admitir a apuração de
créditos sobre os bens adquiridos pela Recorrente, entendo que tal
glosa não deve prosperar, uma vez que os equipamentos adquiridos
caracterizam-se como despesas necessárias ao desenvolvimento de
suas atividades, sendo certo o direito ao crédito sobre tais valores para
desconto das contribuições para o PIS e COFINS.
O ilustre Conselheiro finaliza seu voto, favorável à utilização de créditos
decorrentes de materiais empregados na manutenção de máquinas e equipamentos,
em virtude da essencialidade dos mesmos para a fabricação dos produtos
destinados à venda (sobre isso falarei mais adiante), destacando que o termo
"insumo" utilizado para o cálculo do Pis e Cofins não cumulativos deve
necessariamente compreender os custos e despesas operacionais da pessoa
jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99. Aqui é necessário
frisar que o tema ainda não está consolidado na jurisprudência administrativa,
conforme o demonstrou a FAZENDA NACIONAL ao apresentar julgado
proferido pelo CARF em sentido diverso (CARF, Recurso n. 155.695, Processo
11080.009434/2005-61, Sessão de 06.05.2009).
Pois, bem. Em que pesem as boas razões colocadas pela doutrina e pelo
suso transcrito julgado proferido no âmbito administrativo, não compartilho do
entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para
alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o
raciocínio desenvolvido já ilumina o caminho para a solução da controvérsia ao
elencar a essencialidade ao processo produtivo como atributo utilizável no
conceito de "insumos" e a desvinculação das definições próprias do IPI.
Como já mencionei, o legislador, quando deseja importar a conceituação
de "insumos" para fins de cálculo de benefícios fiscais, o faz expressamente, como
o fez, v.g., na hipótese do crédito presumido de IPI, como ressarcimento das
contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS, previsto no art. 1º, da Lei n. 9.363/96.
Na já referida lei, além da expressa previsão para que sejam utilizados
subsidiariamente os conceitos de produção, matéria-prima, produtos intermediários
e material de embalagem previstos na legislação do IPI, também há a previsão para
o uso dos conceitos de receita operacional bruta colhidos da legislação do IR.
Veja-se:
Lei n. 9.363/96
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da
receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das
matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem
será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das
contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante da
respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor
exportador.
Parágrafo único. Utilizar-se-á, subsidiariamente, a legislação
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do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados
para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita
operacional bruta e de produção, matéria-prima, produtos
intermediários e material de embalagem.
Diferentemente, e já mencionei isso quando afastei a utilização da
legislação do IPI para alcançar a conceituação pretendida, nas leis que tratam do
Pis/Pasep e Cofins não-cumulativos não há menção a qualquer arcabouço
normativo em vigor para se colher o conceito de "insumos".
De outro ângulo, a utilização da legislação do IR também encontra o
óbice do excessivo alargamento do conceito de "insumos" ao equipará-lo ao
conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e
despesas que contribuem para a produção de uma empresa, perdendo a
conceituação uma desejável proximidade ao processo produtivo e à atividade-fim,
que é o que se intenta desonerar, passando-se a desonerar o produtor como um
todo e não especificamente o processo produtivo. Como já mencionei, não se
trata de desonerar a cadeia produtiva ou o produtor, mas o processo
produtivo de determinado produtor ou a atividade-fim de determinado
prestador de serviço.
O intuito de desoneração da cadeia produtiva leva a um conceito
restritivo de "insumos", a exemplo do IPI. A desoneração do produtor,
independentemente da especificidade de sua atividade, leva a um conceito
ampliativo de "insumos", a exemplo das "despesas e custos operacionais" do IR. Já
a desoneração do processo produtivo, da atividade específica desempenhada e
daquilo que lhe é essencial, leva ao conceito desejável de "insumos", que foi o
objetivado pela lei.
Com efeito, o conceito de “insumos” não é próprio da legislação do
Imposto de Renda que faz uso de termos jurídico-contábeis, a exemplo dos termos
“Custos de mercadorias ou serviços” e “Despesa Operacional”. Sob o signo
“Despesas Operacionais” se encontra uma miríade de despesas que sequer se
aproximam de um conceito formulado pelo senso comum de “insumos”. Veja-se
(in, José Carlos Marion. Contabilidade empresarial . 12. ed. São Paulo: Atlas,
2006, p. 118 e ss.):
As Despesas Operacionais são as necessárias para vender os
produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são
todas as despesas que contribuem para a manutenção da
atividade operacional da empresa.
Os principais grupos de Despesas Operacionais são os
especificados a seguir.
A. Despesas de Vendas
Abrangem desde a promoção do produto até sua colocação ao
cosumidor (comercialização e distribuição).
São despesas com o pessoal da área de venda, comissões sobre
vendas, propaganda e publicidade, marketing, estimativa de perdas
com duplicatas derivadas de vendas a prazo (provisão para devedores
duvidosos) etc.
B. Despesas Administrativas
São as necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De
maneira geral, são gastos nos escritórios visando à direção ou à gestão
da empresa.
Como exemplos, temos: honorários administrativos, salários e
encargos sociais do pessoal administrativo, aluguéis de escritórios,
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materiais de escritório, seguro de escritório, depreciação de móveis e
utensílios, assinaturas de jornais etc.
[...]
C. Despesas Financeiras
São as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros
pagos ou incorridos, comissões bancárias, descontos concedidos,
juros de mora pagos etc.
[...]
Variações monetárias
Devem ser classificadas num subgrupo de Despesas
Operacionais.
A legislação brasileira exemplifica como variações Monetárias
as variações cambiais.
O tema é assim abordado no Regulamento do Imposto de Renda no que
pertine às empresas que produzem bens ou serviços (Decreto n. 3.000/99 –
RIR-99):
Subseção III
Custo dos Bens ou Serviços
[...]
Custo de Produção
Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos
compreenderá, obrigatoriamente (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art.
13, § 1º):
I - o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros
bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o
disposto no artigo anterior;
II - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de
supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção;
III - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de
depreciação dos bens aplicados na produção;
IV - os encargos de amortização diretamente relacionados com
a produção;
V - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na
produção.
Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual,
cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos
vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada
diretamente como custo (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º).
Quebras e Perdas
Art. 291. Integrará também o custo o valor (Lei nº 4.506, de
1964, art. 46, incisos V e VI):
I - das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do
bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e
manuseio;
II - das quebras ou perdas de estoque por deterioração,
obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros,
desde que comprovadas:
a) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de
segurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas ou
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inutilizadas e as razões da providência;
b) por certificado de autoridade competente, nos casos de
incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;
c) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a
destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não
houver valor residual apurável.
[...]
Seção III
Custos, Despesas Operacionais e Encargos
Subseção I
Disposições Gerais
Despesas Necessárias
Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos
custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da
respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47).
§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a
realização das transações ou operações exigidas pela atividade da
empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º).
§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou
normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa
(Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º).
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações
pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.
De fato, o excesso da amplitude do conceito já foi identificado em
doutrina, ao admitir a exclusão do creditamento em relação às aquisições
destinadas aos setores administrativos. Ipsis verbis :
Dúvidas tem sido suscitadas quanto ao real alcance da
terminologia insumos na medida provisória e se este abrangeria todas
as aquisições efetuadas pela pessoa jurídica, desde que destinadas à
produção de produtos e serviços destinados à venda, ou se limitariam
às aquisições passíveis de créditos nas legislações do ICMS e do IPI.
A única interpretação possível para o caso é de que todas as
aquisições, exceto aquelas destinadas aos setores administrativos
propiciarão o direito de crédito do PIS. Primeiramente, a nova
legislação do PIS não tem qualquer relação com as legislações do
ICMS e do IPI. Em segundo lugar, vedar o crédito na sua totalidade é
tornar o PIS cumulativo. Finalmente, insumos representa todos os
itens que fazem parte do custo de fabricação de produtos ou da
prestação de serviços.
[...]
Feitas essas considerações, fica patente que darão direito ao
crédito do PIS, todas as aquisições efetuadas pela pessoa jurídica
alocadas no processo de produção, exceto aquelas expressamente
excluídas na MP nº 66 (Antonio S. Poloni, in "Comentários sobre a
Medida Provisória n. 66/2002 ". Disponível em:
<www.widesoft.com.br/users/fp/Artigo_MP66.html>. Acesso em:
10.06.2011).
Além disso, A base de cálculo das contribuições ao Pis/Pasep e Cofins é
a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou
alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica (art. 1º, da Lei n.
10.637/2002).
A exclusão do "Custo das mercadorias ou serviços" e das "Despesas
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Operacionais" da base de cálculo das contribuições ao Pis/Pasep e Cofins, sob o
pretexto de serem considerados “insumos”, acaba por modificá-la por inteiro ao
ponto de ser tributado somente o Lucro Operacional (corresponde ao lucro
relacionado ao objeto social da empresa) somado às Receitas não Operacionais
(receitas não relacionadas diretamente com o objetivo social da empresa),
desnaturando as contribuições e aproximando a sua base de cálculo àquela do
Imposto de Renda – IR e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
De observar que a base de cálculo do Imposto de Renda nada mais é que
o Lucro Operacional somado ao Resultado não Operacional (diferença entre
Receitas não Operacionais e Despesas não Operacionais) com as inclusões e
exclusões previstas para a apuração do Lucro Real.
Se esse fosse o objetivo do legislador, já teria produzido lei que assim o
determinasse expressamente. Seria muito mais simples, pois significaria a
aplicação de conceitos já sedimentados em doutrina e jurisprudência. Não o fez.
Preferiu adotar o signo “insumos” para definir o que pode ser abatido da base de
cálculo para efeito da não-cumulatividade. Fez uso de um conceito jurídico
indeterminado. Isso demonstra o intuito do legislador de não abater da base de
cálculo das contribuições ao PIS/COFINS todo e qualquer Custo ou Despesa
Operacional, como o deseja parte da doutrina e como decidiu o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais – CARF em acórdão já aqui referido.
Tais constatações demonstram que o emprego da analogia, como forma
de integração da legislação tributária para se aferir o conceito de “insumos”, não é
possível também em relação aos conceitos de “Custos de mercadorias ou serviços”
e “Despesa Operacional” empregados na legislação do Imposto de Renda. É
preciso, portanto, retornar à norma que se pretende interpretar e dela mesma
extrair o conceito.
Para não cometer qualquer injustiça, registro que o então Secretário da Receita
Federal quando da publicação da IN/SRF n. 247/2002, Dr. Everardo Maciel, já não o era
quando da posterior alteração restritiva feita pela IN/SRF n. 358/2003.
Em resumo, é de se definir como insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n.
10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes
ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam
ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade
mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 6 1 de 144
Superior Tribunal de Justiça
da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí
resultantes.
Nessa esteira, merecer censura o acórdão recorrido que decidiu pela possibilidade de
utilização, no caso do art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, do conceito de insumo
próprio da legislação do IPI, o qual é inaplicável na hipótese, conforme já explicado alhures.
Pelas considerações expostas, com todas as vênias do Min. Relator, que adotou a
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 6 2 de 144
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posição mais ampla de creditamento associada aos custos para efeito de IRPJ a qual foi
rechaçada na Segunda Turma, dele DIVIRJO PARCIALMENTE PARA CONHECER
PARCIALMENTE do recurso especial e, nessa parte, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO
apenas para determinar o retorno dos autos à origem para que a Corte a quo analise a
possibilidade de dedução de créditos em relação aos custos e despesas com água,
combustível, materiais de exames laboratoriais e materiais de limpeza conforme o conceito de
insumos definido acima.
É como voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Og Fernandes
conhecendo parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negando-lhe provimento e o voto do Sr.
Ministro Mauro Campbell Marques conhecendo parcialmente do recurso especial e, nessa parte,
dando-lhe parcial provimento, pediu vista o Sr. Ministro Benedito Gonçalves. Aguardam a Sra.
Ministra Assusete Magalhães e os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de
Faria ( caso se declare habilitado a votar) e Humberto Martins."
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FLAVIO GIRON
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Benedito Gonçalves
conhecendo do recurso especial, mas lhe negando provimento, pediu vista antecipada a Sra.
Ministra Regina Helena Costa. Aguardam a Sra. Ministra Assusete Magalhães e os Srs. Ministros
Sérgio Kukina, Gurgel de Faria (caso se declare habilitado a votar) e Humberto Martins."
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 6 5 de 144
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
VOTO-VISTA
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 6 9 de 144
24/04/2018
Superior Tribunal de Justiça
Na espécie, malgrado a oposição de embargos
declaratórios, a Corte de origem não analisou, ainda que implicitamente,
a aplicação dos suscitados arts. 110 do CTN, 24 e 25 da Lei n.
11.898/09, e 11 da LC n. 95/1998.
Desse modo, não tendo sido apreciada tal questão pelo
Tribunal a quo, a despeito da oposição de embargos de declaração,
aplicável, à espécie, o teor da Súmula n. 211/STJ, in verbis : "Inadmissível
recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo".
Nesse sentido:
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Superior Tribunal de Justiça
fundamentada, caso entendesse persistir omissão, contradição ou
obscuridade no acórdão impugnado, possibilitando, assim, a análise de
eventual negativa de prestação jurisdicional pelo tribunal de origem, sob
pena de não conhecimento da matéria por ausência de
prequestionamento, como ocorreu no presente caso.
Passando ao mérito, impõe-se, inicialmente, análise, ainda
que breve, das disciplinas constitucional e infraconstitucional do regime
da não-cumulatividade.
A sistemática da não-cumulatividade, no texto original da
Constituição de 1988, veio expressamente contemplada apenas para dois
impostos: o IPI (art. 153, § 3º, II) e o ICMS (art. 155, § 2º, I).
No entanto, com o advento da Emenda Constitucional n. 42,
de 2003, que acrescentou o § 12, ao art. 195 da Constituição da
República, estatui-se que a lei definirá os setores da atividade econômica
para os quais as contribuições incidentes sobre a receita ou o
faturamento, dentre outras, serão não cumulativas.
Constitucionalizou-se, desse modo, a regra da
não-cumulatividade, tradicionalmente restrita ao IPI e ao ICMS, para as
contribuições para o financiamento da seguridade social.
No plano infraconstitucional, a Lei n. 10.637, de 2002, na
redação dada pela Lei n. 10.865, de 2004, ao dispor sobre a
não-cumulatividade da contribuição ao PIS, veio a estabelecer, quanto ao
direito de crédito, o que segue:
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24/04/2018
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§ 2º Não dará direito a crédito o valor:
I - de mão-de-obra paga a pessoa física; e
II - da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento
da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando
revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços
sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela
contribuição.
§ 3º O direito ao crédito aplica-se, exclusivamente, em relação:
I - aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada
no País;
II - aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a
pessoa jurídica domiciliada no País;
III - aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas
incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do
disposto nesta Lei." (destaque meu)
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24/04/2018
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essenciais à produção da empresa, ainda que não consumidos durante o
processo produtivo (Frigorífico Frangosul, j. 09.11.2011).
Verifica-se, mais recentemente, que esse entendimento tem
sido observado no âmbito do Conselho, porquanto mantidas as matizes
da essencialidade e da relevância como referências decisivas na
formação do conceito de insumo (v.g. Cooperativa Central Aurora
Alimentos, 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, processo n.
10925.000820/200716, acórdão n. 3402-003.097, j. 21.06.2016), como
também pelo afastamento do parâmetro de crédito físico do IPI (v.g.
Predilecta Alimentos Ltda., 3ª Turma, processo n.
18088.720015/2012-82, acórdão n. 9303-004.192, j. 06.07.2016).
Anote-se que esses parâmetros são encontrados em
precedentes de ambas as Turmas da Primeira Seção desta Corte.
Nessa linha:
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desempenhada pelo contribuinte.
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 8 2 de 144
24/04/2018
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO - SP133350
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI - SP172548
FELIPE CORDEIRO - PR047266
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL - PR000000O
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S) - SP146961
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII - DF037917
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista antecipado da Sra. Ministra Regina
Helena Costa conhecendo parcialmente do recurso especial e, nessa parte, dando-lhe provimento, e
do realinhamento dos votos dos Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho (Relator) e Mauro
Campbell Marques para acompanhar o voto da Sra. Ministra Regina Helena Costa, pediu vista a
Sra. Ministra Assusete Magalhães. Aguarda o Sr. Ministro Sérgio Kukina."
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 8 3 de 144
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
VOTO-VISTA
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Súmula 211/STJ ("Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito
da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo").
Dito isso, o presente recurso especial envolve pedido da recorrente,
objetivando o enquadramento como "insumos", para fins de creditamento do PIS e
da COFINS sob a sistemática da não cumulatividade, dos gastos escriturados na
contabilidade a título de "Custos Gerais de Fabricação" (água, combustíveis,
gastos com veículos, materiais de exames laboratoriais realizados para aferir a
qualidade dos produtos, materiais de proteção EPI, materiais de limpeza,
ferramentas, seguros sobre perdas em sua produção, viagens e conduções, fretes,
prestação de serviços - PJ, promoções e propagandas, seguros, telefone,
comissões) e "Despesas Gerais Comerciais" (combustíveis, comissão de vendas a
representantes, gastos com veículos, viagens e conduções, fretes, prestação de
serviços - PJ, promoções e propagandas, seguros, telefone, comissões).
A solução dessa controvérsia perpassa pela análise das normas
contidas nos arts. 195, § 12, da CF/1988; 3º da Lei n. 10.637/2002; 3º da Lei n.
10.833/2003, bem como das IN RFB 247/2002 e 404/2004, nos termos seguintes:
Constituição Federal
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
[...]
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)
[...]
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais
as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput,
serão não-cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
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definição dos setores da atividade econômica para os quais o PIS e a COFINS
serão não cumulativos, deixando, contudo, de registrar a fórmula que serviria de
ponto de partida à interpretação do núcleo fundamental do princípio da não
cumulatividade quanto à tributação sobre a receita.
As Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, por sua vez definiram que os
créditos a serem compensados na sistemática da não cumulatividade
correspondem àqueles decorrentes do custo dos bens e serviços utilizados como
"insumos" na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda.
Sob a justificativa de que referidas leis não teriam definido
expressamente o conceito de "insumos" para fins de cálculo dos créditos de PIS e
COFINS, a Secretaria da Receita Federal editou as Instruções Normativas n.
247/02 e n. 404/2004, conceituando "insumos", à semelhança da sistemática de
creditamento do IPI e do ICMS, como sendo "a matéria-prima, o produto
intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram
alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou
químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação,
desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado".
Resta saber, no entanto, se as instruções normativas, ao definirem o
conceito de "insumos", restringiram os comandos normativos das Leis n.
10.637/2002 e n. 10.833/2004, incorrendo em vício de ilegalidade.
O termo "insumo" isoladamente considerado, corresponde a conceito
jurídico indeterminado, que faculta ao aplicador do direito escolher, entre as
possibilidades interpretativas, o alcance da norma, verificadas a oportunidade e
conveniência. Noutros termos, o julgador dispõe de discricionariedade para adotar
providência judicial apta a atender a finalidade da lei.
Entendo, pois, que importa verificar, para fins de creditamento do PIS
e da COFINS, o que o legislador buscou alcançar, precipuamente, com a edição
de das Medidas Provisórias n. 66/2002 e n. 135/2003, que resultaram nas Leis n.
10.637/2002 e n. 10.833/2003.
A análise dessas normas revela que o legislador, embora sem maior
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 9 1 de 144
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detalhamento, apresentou uma ideia do que pode ser entendido por insumos,
quando definiu que estes correspondem a bens e serviços utilizados na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à
venda.
É certo que a técnica da não cumulatividade expressa a ideia de
obtenção de crédito decorrente do mesmo tributo recolhido anteriormente no
processo de produção ou prestação de serviço, objetivando a neutralidade fiscal, o
que levaria a pensar, em um primeiro momento, que, na hipótese do PIS e da
COFINS, o contribuinte teria direito a se creditar de tudo aquilo que foi pago a título
dessas contribuições nas cadeias anteriores de produção sobre todos os bens e
serviços (despesas) que importaram para a formação da receita.
Entretanto, as expressões "na prestação" e "na produção" ou "na
fabricação" constantes de referidas normas denotam que somente bens e serviços
que sirvam de matéria-prima, produto intermediário ou quaisquer outros bens que
sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades
físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em
fabricação, podem corresponder a "insumos" nos termos descritos pelas Leis n.
10.637/2002 e n. 10.833/2003, para fins de creditamento na sistemática não
cumulativa do PIS e da COFINS.
O legislador optou por considerar "insumos" apenas serviços e bens
relacionados diretamente à prestação de serviços ou produção ou fabricação de
bens, à semelhança do que se tem definido atualmente para o aproveitamento de
créditos de IPI e do ICMS no sistema da não cumulatividade. Fosse outra a
intenção do legislador ordinário, teria ele feito as ressalvas necessárias, sobretudo
em razão da diferença existente entre as hipóteses de incidência daqueles
impostos (IPI e ICMS) e aquelas adotadas para o PIS e a COFINS. Conclui-se que
referidas leis acolheram o conceito de "insumos" comumente utilizado para o IPI e
ICMS na sistemática não cumulativa.
Registre-se a impossibilidade de se interpretar referidas expressões
(na prestação; na produção; na fabricação) de forma extensiva. Isso implicaria
incluir tudo que foi adquirido (bens ou serviços) pelo contribuinte para a
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manutenção do seu estabelecimento (tais como material de limpeza, escritório etc)
no conceito de insumos para fins de creditamento do PIS e da COFINS na
sistemática não cumulativa. Autorizaria, também, uma ampla desoneração fiscal
que, à toda evidência, não foi a intenção do legislador. Basta verificar as
exposições de motivos das normas em questão, em processo de interpretação
histórica:
MP 66/2002
[...]
2. A proposta, de plano, dá curso a uma ampla reestruturação na
cobrança das contribuições sociais incidentes sobre o faturamento.
Após a instituição da cobrança monofásica em vários setores da
economia, o que se pretende, na forma desta Medida Provisória, é,
gradualmente, proceder-se à introdução da cobrança em regime
de valor agregado – inicialmente com o PIS/Pasep para,
posteriormente, alcançar a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins).
MP 135/2003
[...] a instituição da Cofins não cumulativa visa corrigir distorções
relevantes decorrentes da cobrança cumulativa do tributo, como
por exemplo a indução a uma verticalização artificial das
empresas, em detrimento da distribuição da produção por um
número maior de empresas mais eficientes – em particular
empresas de pequeno e médio porte, que usualmente são mais
intensivas em mão de obra.
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Superior Tribunal de Justiça
Desse modo, cotejando as disposições das Instruções Normativas n.
247/2002 e n. 404/2004 com normas a respeito da não cumulatividade do PIS e da
COFINS contidas nas Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2004, constata-se que
aquelas não se encontram maculadas por vícios de ilegalidade, uma vez que não
extrapolaram suas finalidades regulamentares.
A propósito, na linha do que ora se afirma, citam-se os seguintes
precedentes desta Corte Superior:
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
ADITAMENTO AO VOTO
1ª) A que adota o sistema de crédito físico do IPI: esta é a posição mais restrita. É
também a posição da FAZENDA NACIONAL. Para ela, somente são capazes de gerar
créditos aqueles bens que, adquiridos, entram em contato físico com o produto. Para quem
adota esta posição, as Instruções Normativas SRF ns. 247/02 e 404/04 estão corretas e não
extrapolaram as leis em vigor. Nesta Casa, esta posição foi a adotada pelo Min. Herman
Benjamin quando vencido na Segunda Turma por ocasião do julgamento do REsp nº
1.246.317/MG, pelo Min. Og Fernandes em voto-vista já proferido no presente julgamento e
no seguinte precedente da Primeira Turma deste STJ de relatoria do Min. Sérgio Kukina:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CREDITAMENTO.
LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃO-CUMULATIVIDADE. ART. 195, §
12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL.
INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO
CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU
UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO
FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111
CTN.
1. A análise do alcance do conceito de não-cumulatividade, previsto no art. 195, §
12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior, por se tratar de matéria
eminentemente constitucional, sob pena de usurpação da competência do Supremo
Tribunal Federal.
2. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas
apenas explicitam o conceito de insumo previsto nas Leis 10.637/02 e
10.833/03.
3. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos
bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em
fabricação.
4. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício
fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro
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Superior Tribunal de Justiça
Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra
Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10.
5. Recurso especial a que se nega provimento (REsp. n. 1.020.991/RS, Primeira
Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09.04.2013).
3º) A que adota o sistema de crédito financeiro de forma ampla, fazendo uso dos
conceitos de "Custos Operacionais" e "Despesas Operacionais" previstos na legislação
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Superior Tribunal de Justiça
do IRPJ (emprego direto ou indireto no processo produtivo sem a necessidade de se
analisar a pertinência e a essencialidade ao processo produtivo): esta é a posição mais
ampliativa do direito ao creditamento. É a posição normalmente defendida pelos
CONTRIBUINTES. Para quem a adota, as Instruções Normativas SRF ns. 247/02 e 404/04
extrapolaram as leis em vigor, pois a permissão para gerar créditos se estende a todos e
quaisquer bens e serviços adquiridos pelas empresas e empregados em suas atividades que
tenham sofrido a tributação em etapa anterior, já que todos representam custos ou despesas
por elas suportadas no desempenho de suas atividades. Esta posição é a isoladamente adotada
pelo Min. Napoleão Nunes Maia Filho, inclusive quando proferiu voto neste julgamento. Daí
minha divergência, pois tenho posição um pouco mais restrita, onde deve ser realizado o
"teste de subtração" do insumo a fim de verificar a sua essencialidade ao processo produtivo.
Aliás, é em razão deste "teste de subtração" que determinei o envio dos autos à
origem neste caso observando, é claro, a estreita via da prova documental do mandado de
segurança. De registrar que no precedente REsp nº 1.246.317/MG tal não foi necessário em
razão de estarmos diante de fatos notórios e incontroversos.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI
FELIPE CORDEIRO
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
QUÍMICA - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S)
ADVOGADA : VIVIAN GOMES ISHII
EMENTA
VOTO-VISTA
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COFINS pelo regime não cumulativo, previstas nas Leis n.º 10.637/02 e 10.833/03,
não ofendem o disposto no art. 195, § 12, da Constituição Federal.
4. O conceito de insumo, para fins de creditamento no regime não cumulativo das
contribuições PIS e COFINS, abrange os elementos que se relacionam diretamente à
atividade da empresa, com restrições.
5. Sentença mantida.
No apelo especial, alega-se violação dos artigos 110 do CTN; 11 da Lei Complementar
95/1998; 3º, II, da Lei 10.637/2002 e 3º, II, da Lei 10.833/2003, ambas alteradas pela Lei
11.898/2009. Para tanto, afirma-se que: i) o conceito da palavra "insumo" que deve ser extraído
da norma legal, é a definição comum do termo, ou seja, insumos representam cada um dos
elementos, diretos e indiretos, necessários à fabricação de produtos ou a prestação de serviços;
ii) a interpretação do termo "insumo" trazido na legislação do PIS e da COFINS apresenta
definição nova e restritiva ao termo, aceitando como insumos apenas aqueles que "fisicamente"
entram em contato com o produto fabricado e que venham a se deteriorar, excluindo todos os
outros indiretamente necessários à produção; iii) a Lei 11.898/2009 possibilita às empresas
atuantes na área de limpeza descontar créditos no exercício dos seus negócios, desde que os
insumos utilizados sejam necessários à atividade fim, independentemente se são insumos
diretamente aplicados no produto ou indiretamente utilizados, o que fere o princípio
constitucional da isonomia/igualdade, tendo em vista que os demais contribuintes que atuam em
outros setores da economia, estão sendo impossibilitados de descontar créditos de PIS e COFINS
sobre insumos que a RFB, atualmente, interpreta como não sendo possíveis; iv) a recorrente atua
no segmento de alimentos, utilizando-se de insumos diretos e indiretos para a produção de seus
produtos (além daqueles aceitos pela RFB para fins de creditamento), razão pela qual faz jus a
creditar-se do PIS e da COFINS alusivos aos insumos classificados como “Custos Gerais de
Fabricação" (água, combustíveis, gastos com veículos, materiais de exames laboratoriais,
materiais de proteção EPI, materiais de limpeza, ferramentas, seguros, viagens e conduções) e
"Despesas Gerais Comerciais" (combustíveis, comissão de vendas a representantes, gastos com
veículos, viagens e conduções, fretes, prestação de serviços - PJ, promoções e propagandas,
seguros, telefone, comissões).
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Parecer do Ministério Público Federal pela aplicação do preceito aos casos repetitivos e
não provimento do recurso especial (fls. 372-377).
O Ministro Napoleão Nunes Marques Filho, eminente relator, apresentou seu voto no
sentido de dar provimento ao recurso especial para “declarar a ilegalidade da restrição ao
conceito de insumo levada a efeito nas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, da SRF,
reconhecendo que devem ser consideradas no conceito de insumo, para o fim de creditamento de
PIS e COFINS, todas as despesas realizadas com a aquisição de bens e serviços necessários para
o exercício da atividade empresarial, direta ou indiretamente”.
O Ministro Mauro Campbell Marques, por sua vez, conheceu parcialmente do recurso
especial e, nessa extensão, deu-lhe provimento para determinar o retorno dos autos à origem para
que a Corte a quo analise a possibilidade de dedução de créditos em relação aos custos e
despesas com água, combustível, materiais de exames laboratoriais e materiais de limpeza,
conforme o conceito de insumos adotado no seu voto.
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para a determinação da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS.
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Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 29/11/2013).
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de adotar entendimento diverso.
Isso considerado, peço vênia ao eminente Relator para, divergindo do seu voto, negar
provimento ao recurso especial.
É como voto.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
VOTO-VISTA
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CTN, 11, I, a, da Lei Complementar 95/98, 3º, II, da Lei 10.637/2002, 3º, II, da Lei
10.833/2003 e 24 e 25 da Lei 11.898/2009, e apresenta as seguintes razões recursais:
a) "A mais breve e didática conceituação de insumos, em linguagem
comum, é a que representa cada um dos elementos, diretos e indiretos, necessários à
fabricação de produtos e serviços, ou seja, matérias-primas, máquinas, equipamentos,
capital, mão-de-obra, energia elétrica, combustíveis, água, manutenção, materiais de
EPI, etc. Em linguagem leiga, entende-se por insumo tudo aquilo que é consumido em
um processo, seja para a fabricação de bens ou prestação de serviços, ou 'cada
componente necessário à produção'" (fl. 230e);
b) "Nenhuma das Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004 conceitua
'insumos', sendo obrigatória a análise da Lei Complementar 95/1998" (fl. 230e);
c) "Quanto ao uso de termos técnicos, a legislação do PIS e da COFINS
não traz qualquer definição para o termo 'insumos', entendendo-se assim que o
legislador usou o sentido comum da expressão. Mesmo assim, a definição técnica traz
insumo como sendo 'despesas e investimentos que contribuem para um resultado, ou
para obtenção de uma mercadoria ou produto até o consumo final'. Assim, temos que o
significado leigo é próximo da definição técnica, podendo-se entender por insumo tudo
aquilo que é utilizado pela empresa para desenvolver suas atividades. Já a Receita
Federal do Brasil, nas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, interpretou
restritivamente o termo 'insumos', no que diz respeito a não-cumulatividade
incidentes sobre o faturamento das empresas (...)" (fl. 231e);
d) "Ora Excelência, a afronta ao art. 110 do CTN está clara, se as leis
falam em 'bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na
produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda', não pode a RFB
interpretá-las de forma a favorecer o próprio fisco, tendo em vista que o art. 3º de
ambas as Leis (PIS e COFINS) foi editado pelo legislador com o intuito de estimular o
mercado, a fim de diminuir a carga tributária suportada pelos empresários" (fl. 236e);
e) "Verifica-se que a Lei 11.898/2009 trata de forma desigual os
contribuintes, favorecendo empresas prestadoras de serviços, permitindo a elas (art. 24
e 25 da Lei) o desconto de créditos de PIS e COFINS quanto aos insumos utilizados
(uniformes e vales), sendo que eram recentemente proibidos pela RFB" (fl. 240e);
f) "A Recorrente atua no segmento de alimentos, utilizando-se de insumos
diretos e indiretos para a produção de seus produtos (além daqueles aceitos pela RFB
para fins de creditamento), classificados em 'Custos Gerais de Fabricação' (água,
combustíveis, gastos com veículos, materiais de exames laboratoriais, materiais de
proteção EPI, materiais de limpeza, ferramentas, seguros, viagens e conduções) e
'Despesas Gerais Comerciais' (combustíveis, comissão de vendas a representantes,
gastos com veículos, viagens e conduções, fretes, prestação de serviços - PJ,
promoções e propagandas, seguros, telefone, comissões). Assim, em entendimento
lógico, partindo do real significado do termo 'insumo', utilizado em todas as ciências,
bem como na indústria, comércio e prestação de serviços, entende a Recorrente
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possuir o legítimo direito a creditar-se dos créditos de PIS e COFINS" (fl. 244e).
Ao final, requer "seja o presente Recurso admitido e no mérito seja julgado
procedente, reformando o acórdão proferido pela Segunda Turma do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região e, consequentemente, reconhecer o direito líquido e certo da
recorrente em utilizar os créditos dos insumos inerentes à sua atividade, nos
termos acima expostos, declarando o direito da Recorrente em descontar créditos
de PIS e COFINS referente aos insumos inseridos nos Custos Gerais de
Fabricação e Despesas Gerais Comerciais, sendo eles: água, combustíveis e
lubrificantes, despesas com veículos, materiais e exames laboratoriais, materiais
de protecão - EPI, seguros e despesas com vendas, em face do direito líquido e
certo da Recorrente, nos termos das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como
autorizar a Recorrente a descontar créditos pretéritos por meio de compensação,
independente de processo administrativo, com a incidência de correção monetária e
juros" (fl. 252e).
No Recurso Extraordinário simultaneamente interposto, sob alegação de
contrariedade ao art. 150, II, da Constituição Federal, a recorrente apresenta razões
recursais semelhantes às do Recurso Especial.
Apresentadas as contrarrazões, os Recursos Especial e Extraordinário
foram admitidos, na origem, tendo sido os autos remetidos a esta Corte, sobrevindo
parecer do Ministério Público Federal, a fls. 358/361e, pelo improvimento do Recurso
Especial.
Em 10/04/2014, o Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, a quem
coube a relatoria do feito, afetou o Recurso Especial à Primeira Seção do STJ, como
representativo da controvérsia, nos termos do art. 543-C do CPC/73, e assim delimitou
o tema a ser decidido: "A questão controvertida refere-se ao conceito de insumo tal
como empregado nas Leis 10.637/02 e 10.833/03 para o fim de definir o direito (ou não)
ao crédito de PIS e COFINS dos valores incorridos na aquisição " de bens e serviços
(fls. 363/365e).
O Ministério Público Federal, em novo parecer, a fls. 372/377e,
manifesta-se pelo improvimento do Recurso Especial, bem como pela fixação da tese, a
ser aplicada nos recursos com idêntica questão de direito, nos seguintes termos: "1. As
Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas explicitam o
conceito de insumo previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. 2. Possibilidade de
creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos bens e serviços empregados ou
utilizados diretamente no produto em fabricação. 3. Não se admite interpretação
extensiva nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN)".
Na petição de fls. 383/398e, a Fazenda Nacional, preliminarmente,
sustenta a carência parcial de interesse recursal, especificamente quanto ao pleiteado
creditamento dos valores incorridos na aquisição de combustíveis e lubrificantes. Assim,
pugna pelo parcial conhecimento do Recurso Especial e, na parte conhecida, pelo seu
improvimento. Acaso superada a interpretação restritiva ao conceito de insumos, a
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Fazenda Nacional propõe, em caráter sucessivo, a adoção de uma posição
intermediária entre a tese da recorrente e a tese fazendária, mediante manifestação
assim ementada:
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Superior Tribunal de Justiça
5. No caso específico do setor agroindustrial, constata-se uma
significativa relevância na aquisição de insumos que, no modelo
proposto, não resultaria em transferência de créditos, porquanto não
estão sujeitos à tributação – como é o caso de insumos adquiridos de
pessoas físicas.
6. Isto posto, optou-se por conceder um crédito presumido no montante
correspondente a setenta por cento das aquisições de insumos feitas a
pessoas físicas, com vistas a minorar o desequilíbrio entre débitos e
créditos. Esse crédito presumido será adicionado aos créditos
naturalmente já admitidos no modelo.
7. Para fins de controle do crédito presumido, a Secretaria da Receita
Federal poderá estabelecer limites, por espécie de bem ou serviço, para
o valor das aquisições realizadas.
8. Sem prejuízo de convivência harmoniosa com a incidência não
cumulativa do PIS/Pasep, foram excluídos do modelo, em vista de suas
especificidades, as cooperativas, as empresas optantes pelo Simples ou
pelo regime de tributação do lucro presumido, as instituições financeiras
e os contribuintes tributados em regime monofásico ou de substituição
tributária.
9. A alíquota foi fixada em 1,65% e incidirá sobre as receitas auferidas
pelas pessoas jurídicas, admitido o aproveitamento de créditos
vinculados à aquisição de insumos, bens para revenda e bens
destinados ao ativo imobilizado, ademais de, entre outras, despesas
financeiras.
10. Até o final do exercício de 2003, o Poder Executivo deverá submeter,
ao Congresso Nacional, proposta estendendo à COFINS o modelo
adotado para o PIS/Pasep, tendo em conta a experiência construída a
partir do modelo ora proposto".
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Superior Tribunal de Justiça
em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo
imobilizado;
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País,
aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto;
II - utilizados na prestação de serviços:
a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde
que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País,
aplicados ou consumidos na prestação do serviço."
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Superior Tribunal de Justiça
MARCO AURÉLIO, reputou constitucional a questão relativa ao alcance do art. 195,
§ 12, da Constituição Federal, que prevê a aplicação do princípio da não-cumulatividade
à contribuição ao PIS e à Cofins. Na mesma assentada, por maioria, vencidos os
Ministros CELSO DE MELLO, MARCO AURÉLIO, TEORI ZAVASCKI e ROSA WEBER,
o Plenário daquele Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada. Posteriormente, por decisão monocrática publicada em
11/09/2014, o Relator Ministro LUIZ FUX deu provimento ao referido Agravo e
determinou sua conversão no Recurso Extraordinário 841.979/PE (Tema 756),
pendente de julgamento, com parecer do Ministério Público Federal (cópia juntada a fls.
950/974e dos presentes autos) pelo não conhecimento do Recurso ou, caso seja
conhecido, pelo seu improvimento.
Tendo em vista o disposto na Lei 10.833/2003, a Secretaria da Receita
Federal, adotando a mesma lógica da Instrução Normativa SRF 247/2002, com as
alterações promovidas pela Instrução Normativa SRF 358/2003, editou a Instrução
Normativa SRF 404, de 12/03/2004, disciplinando, em seu art. 8º, I, a e b, § 4º, o
cálculo dos créditos sobre os valores das aquisições de bens e serviços, utilizados
como insumo na produção ou fabricação de produtos destinados à venda, para efeito
de cobrança não-cumulativa da COFINS, como se verifica a seguir:
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Superior Tribunal de Justiça
(...)
Ocorre que, como veremos, não há respaldo legal para que seja
adotado conceito excessivamente restritivo de 'utilização na
produção' (terminologia legal), tomando-o por 'aplicação ou
consumo direto na produção' e para que seja feito uso, na
sistemática do Pis/Pasep e Cofins não-cumulativos, do mesmo
conceito de 'insumos' adotado pela legislação própria do IPI.
4. Da impossibilidade de ser adotado o conceito de 'insumos'
próprio do IPI.
Com efeito, reitero não ser possível que a sistemática do Pis/Pasep e
Cofins não-cumulativos colha o mesmo conceito de 'insumos'
adotado pela legislação própria do IPI. Isto porque quando o
legislador deseja importar tal conceituação de 'insumos' para fins
de cálculo de benefícios fiscais, o faz expressamente, como o fez,
Documento: 1350777 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 2 5de 144
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v.g., na hipótese do crédito presumido de IPI, como ressarcimento
das contribuições ao Pis/Pasep e à Cofins, previsto no art. 1º, da Lei
9.363/96.
Na suso citada lei, há expressa previsão para que sejam utilizados
subsidiariamente os conceitos de produção, matéria-prima, produtos
intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI.
Veja-se:
Lei n. 9.363/96
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da
receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das
matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem
será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das
contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante
da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao
produtor exportador.
Parágrafo único. Utilizar-se-á, subsidiariamente, a legislação do
Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos
Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos
conceitos de receita operacional bruta e de produção,
matéria-prima, produtos intermediários e material de
embalagem.
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carga tributária das contribuições em comento.
Dessa forma, é inexorável a conclusão de que os referidos atos
normativos fazendários, ao validarem o creditamento apenas
quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo
produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de
serviços, adotando o conceito de insumos com acepção restrita, em
analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, acabaram
por extrapolar os termos do ordenamento jurídico hierarquicamente
superior, in casu , as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, pois vão de
encontro à finalidade da sistemática de não-cumulatividade da
Contribuição para o Pis e da Cofins".
Lei 9.363/96
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da
receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das
matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem
será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das
contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante
da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao
produtor exportador.
Parágrafo único. Utilizar-se-á, subsidiariamente, a legislação do
Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados
para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de
receita operacional bruta e de produção, matéria-prima, produtos
intermediários e material de embalagem.
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Com efeito, o conceito de 'insumos' não é próprio da legislação do
Imposto de Renda que faz uso de termos jurídico-contábeis, a
exemplo dos termos 'Custos de mercadorias ou serviços' e
'Despesa Operacional'. Sob o signo 'Despesas Operacionais' se
encontra uma miríade de despesas que sequer se aproximam de um
conceito formulado pelo senso comum de 'insumos'. Veja-se (in,
José Carlos Marion. Contabilidade empresarial . 12. ed. São Paulo: Atlas,
2006, p. 118 e ss.):
Subseção III
Custo dos Bens ou Serviços
[...]
Custo de Produção
Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos
compreenderá, obrigatoriamente (Decreto-lei 1.598, de 1977, art.
13, § 1º):
I - o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros
bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção,
observado o disposto no artigo anterior;
II - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de
supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de
produção;
III - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de
depreciação dos bens aplicados na produção;
IV - os encargos de amortização diretamente relacionados com a
produção;
V - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na
produção.
Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo
valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos
vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada
diretamente como custo (Decreto-lei 1.598, de 1977, art. 13, § 2º).
Quebras e Perdas
Art. 291. Integrará também o custo o valor (Lei 4.506, de 1964, art.
46, incisos V e VI):
I - das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do
bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e
manuseio;
II - das quebras ou perdas de estoque por deterioração,
obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por
seguros, desde que comprovadas:
a) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de
segurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas
ou inutilizadas e as razões da providência;
b) por certificado de autoridade competente, nos casos de
incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;
c) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a
destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando
não houver valor residual apurável.
[...]
Seção III
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Custos, Despesas Operacionais e Encargos
Subseção I
Disposições Gerais
Despesas Necessárias
Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos
custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da
respectiva fonte produtora (Lei 4.506, de 1964, art. 47).
§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a
realização das transações ou operações exigidas pela atividade da
empresa (Lei 4.506, de 1964, art. 47, § 1º).
§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou
normais no tipo de transações, operações ou atividades da
empresa (Lei 4.506, de 1964, art. 47, § 2º).
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações
pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0)
ADITAMENTO AO VOTO
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Aliás, entendo que entre meu voto e o voto da Min. Regina Helena há apenas uma
incongruência entre signos e significados, pois dentro do critério da relevância (defendido
pela Min. Regina Helena) compreendo estar (somente os trechos grifados) "a aquisição de
todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a
prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja
subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é,
cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade
do produto ou serviço daí resultantes " (transcrição do item "4" da ementa que propus).
Por fim, no critério da pertinência está (somente os trechos grifados) "a aquisição
de todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a
prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja
subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto
é, cuja subtração obsta a atividade da empresa , ou implica em substancial perda de
qualidade do produto ou serviço daí resultantes " (transcrição do item "4" da ementa que
propus).
Para o somatório das três situações dei o signo de "pertinência e essencialidade", que
agora a Min. Regina Helena batizou de "essencialidade e relevância", mas o conteúdo é
idêntico, de modo que não vejo prejuízo algum em denominarmos pela tríade "pertinência,
essencialidade e relevância", a abarcar as situações em que há imposição legal para a
aquisição dos insumos.
Desse modo, em novo aditamento ao voto, apenas faço uma pequena retificação para
registrar que o retorno dos autos à origem também deverá se dar para a verificação dos
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equipamentos de proteção individual - EPI como insumos, isto é, se para o específico caso da
empresa o são de aquisição obrigatória ou não, tudo isso considerando a estreita via da prova
documental do mandado de segurança, que foi o instrumento aqui utilizado pelo contribuinte.
Registro que o provimento do recurso deve ser parcial porque, tanto em meu voto,
quanto no voto da Min. Regina Helena, o provimento foi dado somente em relação aos
"custos" e "despesas" com água, combustível, materiais de exames laboratoriais, materiais de
limpeza e, agora, os equipamentos de proteção individual - EPI.
Ocorre que, com o realinhamento do voto do Relator, Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, à tese que propusemos eu e a Min. Regina Helena, meu voto resta mantido, contudo
com a observação de que agora ACOMPANHO o Relator para CONHECER
PARCIALMENTE do recurso especial e, nessa parte, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,
com o retorno dos autos à origem, conforme o explicitado (alterações já realizadas na ementa
proposta no voto-vogal).
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FLAVIO GIRON
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANHAMBI ALIMENTOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDA DONNABELLA CAMANO DE SOUZA - SP133350
EDUARDO PUGLIESE PINCELLI - SP172548
FELIPE CORDEIRO - PR047266
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL - PR000000O
INTERES. : ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : GLÁUCIA MARIA LAULETTA FRASCINO E OUTRO(S) - SP113570
MARCOS JOAQUIM GONÇALVES ALVES E OUTRO(S) - SP146961
ARIANE COSTA GUIMARÃES E OUTRO(S) - DF029766
ADVOGADA : VIVIAN ISHII GUIMARÃES - DF037917
SOC. de ADV. : MATTOS FILHO, VEIGA FILHO, MARREY JR. E QUIROGA ADVOGADOS
E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Seção, por maioria, após o realinhamento feito, conheceu
parcialmente do recurso especial e, nessa parte, deu-lhe parcial provimento, nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator, que lavrará o acórdão. Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes,
Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina."
O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (voto-vista), Regina
Helena Costa e Gurgel de Faria (que se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro
Relator.
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão.
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