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COMPETÊNCIAS ENVOLVIDAS NO APRENDIZADO DA LEITURA

E DA ESCRITA PELA CRIANÇA


No tema anterior, Aquisição da linguagem oral e da linguagem escrita
pela criança, enfatizamos a idéia de que a criança ao chegar à escola já
conhece muito sobre nossa língua, tanto por meio da linguagem oral, por já
ser uma falante e uma ouvinte competente, quanto por meio do convívio
com a linguagem escrita, por viver em uma sociedade grafocêntrica. Sendo
assim, para dar continuidade a seu processo de aprendizagem é necessário
que se procure investigar o que a criança já sabe a respeito da língua e da
linguagem que se fala e que se escreve.
Dessa maneira, é fundamental que, como professor(a), antes de
escolher o melhor método ou de decidir por onde começar, você procure
saber o que as crianças já conhecem sobre a linguagem escrita; que
funções atribuem a essa escrita? Que usos essas crianças e suas famílias
fazem da linguagem escrita em suas comunidade? Que conhecimentos
possuem sobre os textos que circulam em nossa sociedade? Em que
momento do processo de conceitualização do sistema alfabético as crianças
se encontram? O que conhecem sobre as convenções gráficas da escrita?

Avaliação diagnóstica
No início do ano letivo, antes de fazer o planejamento do trabalho
pedagógico em relação à alfabetização e ao letramento, é fundamental
pensar em uma avaliação diagnóstica que pode ser feita de maneira formal
ou informal nos primeiros dias da criança no ensino fundamental. Como
você deve estar percebendo, já começamos a inverter a forma tradicional,
utilizada pela escola, para avaliar, ou seja: em geral, primeiro se ensina e
depois se verifica o que o aluno aprendeu. Pensamos exatamente o
contrário: primeiro procuramos saber o que a criança sabe para a partir daí
poder intervir na continuidade do seu processo de aprendizagem. Por detrás
dessa inversão, existe uma concepção de ensino/aprendizagem da
linguagem escrita que se fundamenta no conhecimento de que essa
linguagem é um objeto de uso social, não podendo de forma alguma ser um
monopólio da escola e portanto ser controlada por ela.
As crianças não pedem licença para aprender sobre o mundo, de
maneira geral, nem sobre a linguagem escrita na sua especificidade. É bom
relembrar que, desde que nascem, estão construindo conhecimentos em
todos os espaços onde circulam e com todas as pessoas com as quais
interagem. Dessa maneira, vão adquirindo e aprimorando muitas
competências. Nesse sentido, se pensarmos em método como um caminho
preestabelecido, com passos previamente delimitados a serem percorridos
por todas as crianças, ao mesmo tempo e para alcançar um resultado único,
a conclusão é que não existe o melhor método. O que existe é um conjunto
de procedimentos que são selecionados por você, professor(a), em função
dos conhecimentos que as crianças já possuem e das competências que
ainda necessitam ser desenvolvidas ou aprimoradas para que continuem
aprendendo.
No fim do texto anterior, fizemos referência aos aspectos envolvidos no
aprendizado da leitura e da escrita: funcionais, textuais, gráficos e os
relativos ao sistema alfabético de representação. É hora de pensarmos em
quais competências a criança deve desenvolver no seu processo de
alfabetização e letramento, em relação a cada um desses aspectos.

Competências necessárias ao aprendizado da leitura e da escrita


Com relação aos aspectos funcionais

Uma das primeiras aquisições necessárias ao aprendizado da escrita é


a compreensão de sua função social, ou seja, o entendimento de para que
serve ler e escrever.
As crianças que vivem em uma sociedade letrada observam os atos de
leitura e escrita dos adultos e de parceiros mais experientes e tentam
compreender seus diferentes usos e funções, formulando hipóteses,
buscando informações, fazendo inúmeras perguntas e experiências. Nesse
processo, acabam descobrindo que a escrita serve para auxiliar a memória,
expressar sentimentos, comunicar-se, organizar idéias, divertir-se e muitas
outras utilidades práticas.
Com relação aos aspectos textuais

Em nossa língua a menor unidade de sentido existente é o texto. E é,


portanto, fazendo uso de textos reais e com sentido para as crianças que
vamos alfabetizá-las.
Os textos que circulam em nossa sociedade são de diferentes gêneros
(literários, jornalísticos, publicitários, instrucionais, epistolares,
humorísticos, informativos etc.) e possuem distintas tramas discursivas
(narrativas, descritivas, argumentativas e conversacionais).
As crianças que vivem em uma sociedade grafocêntrica como a nossa,
no esforço para compreender o mundo adulto, muitas vezes antes do
ingresso no ensino fundamental, pelo uso que é feito do texto no meio
social em que vivem, já reconhecem a forma como se estruturam alguns
textos.
Com relação aos aspectos gráficos

Dominar os aspectos gráficos significa adquirir um conhecimento social


próprio de nossa cultura, pois dizem respeito às convenções usadas nos
países ocidentais no tocante às maneiras de ler e escrever. Para fazer uso
da linguagem escrita em nossa sociedade, é preciso: conhecer diferentes
tipos de letras e saber usá-las em práticas diferenciadas; organizar a escrita
no papel e ler seguindo uma direção convencionada culturalmente, de cima
para baixo e da esquerda para a direita; segmentar as palavras, ou melhor,
deixar um espaço entre elas quando as escrevemos; saber utilizar
parágrafos e sinais de pontuação.
Todos esses conhecimentos precisam ser apropriados pelos aprendizes
de leitura e escrita. Algumas dessas aquisições já foram feitas pelas
crianças antes dos seis anos em casa ou na instituição de educação infantil.
Com relação ao sistema alfabético de representação

Para desvendar o sistema alfabético de representação, a criança


percorre um longo caminho que se inicia com a formulação de hipóteses, na
tentativa de compreender o que significa escrever e o que são os sinais
gráficos. Em seguida, essa criança procura entender de que maneira esses
sinais se organizam representando o que se pretende escrever. Nesse
processo, formula e reformula questões, constrói explicações e comete
muitos erros, que no nosso entender são erros construtivos.
Nesse processo, a criança vai se apropriando da dimensão sonora da
escrita, ou seja, percebe que há uma relação entre o que falamos e o que
escrevemos, entre a quantidade e a qualidade das letras necessárias à
escrita, reconhece o valor posicional das letras nas palavras e a relação
entre grafemas e fonemas. Assim, essa criança desenvolve cada vez mais a
consciência fonológica e se aproxima do sistema convencional ortográfico,
com suas regularidades e irregularidades.
É em relação a essas aquisições que deve incidir uma avaliação
diagnóstica. Vale destacar que os aspectos acima apresentados e suas
competências não ocorrem separadamente. Contudo é necessário, a partir
de sua avaliação diagnóstica, professor(a), uma ação intencional no sentido
de planejar ações que promovam aprendizagem da criança em cada um
desses aspectos, uma vez que esses aspectos se constituem em
ferramentas indispensáveis para o desvelamento e os avanços
subseqüentes, no processo de construção da leitura e da escrita, por seus
aprendizes.
O livro Mateus, da Editora Scipione, além do rico enredo e da
primorosa ilustração de Nelson Cruz, oferece possibilidades para que você
trabalhe algumas das competências elencadas acima, de forma significativa
para as crianças.
Em primeiro lugar, temos que ter claro que um livro de literatura, como
esse, serve essencialmente à fruição. Desfrute-o, pois, com as crianças.
Converse sobre a história de Mateus, dê oportunidade para que cada
criança construa oralmente o seu enredo a partir das ilustrações.
Depois, você pode propor que façam um livro coletivo para uso da
própria turma. Você pode ser o(a) escriba, e eles, posteriormente, os
ilustradores. Ao construir a história, num primeiro momento, cada criança
fará a sua interpretação pessoal. Decorrente desse processo, a construção
coletiva se dará a partir da negociação dos diferentes pontos de vista e
significados possíveis, derivados da leitura de cada um. O seu papel nesse
trabalho é muito importante, pois, enquanto o texto é construído com as
crianças, é possível fazer intervenções para que o grupo perceba a função
desse tipo de texto, comparando-o com outros que circulam na sociedade.
Da mesma maneira, você pode apresentar as características do texto
narrativo, quando estiver contando a história, ou as do texto descritivo,
quando caracterizar a personagem.
A partir do nome da personagem, há também a possibilidade de se
trabalhar o sistema alfabético de representação, estabelecendo relações
com o nome das crianças da turma, chamando a atenção para os que
possuem o início, o meio ou o fim parecido com Mateus. Ao mesmo tempo,
como escriba, você pode oferecer um bom modelo de uso das convenções
da escrita no que se refere aos aspectos gráficos.
Enfim, nesse processo, professor(a), você fornece informações e ouve
as crianças a respeito de suas dúvidas e hipóteses. Na relação dialógica que
aí vai se estabelecendo, é fundamental que torne observável a
complexidade, a riqueza e a beleza de nossa língua, despertando em seus
aprendizes o desejo de conhecê-la.

Bibliografia
CAGLIARI, L. C.. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 2005.
(Coleção Pensamento e Ação no Magistério)
BATISTA, A. A. G. (org.). Instrumentos de alfabetização. Belo Horizonte:
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FARIA, V. L. B. (org.). Livro de estudo: módulo IV. Brasília: MEC/Secretaria
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(Coleção Proinfantil)
FARIA, V. L. B. e SALLES, F. “A linguagem escrita nas propostas pedagógicas
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SOARES, M.. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte:
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BRASIL. Ministério da Educação. “Orientações para o ensino fundamental de
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2007.

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