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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

RESENHA DO LIVRO “MERCANTILISMO E TRANSIÇÃO” FRANCISCO FALCON

RAFAEL DA SILVA MACHADO

PROFESSORA: LÚCIA MARIA BASTOS PEREIRA DAS NEVES

DISCIPLINA: HISTÓRIA MODERNA II

RIO DE JANEIRO
2014
Introdução

Francisco José Calazans Falcon é um renomado historiador brasileiro, graduado


em história e geografia no ano de 1955 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro se
tornou especialista em história moderna e contemporânea dando uma ênfase maior
sobre a ilustração portuguesa, destacando-se no período Pombalino e também se
especializou e se dedicou a escrever sobre o mercantilismo e atualmente é professor
do Programa de Pós-graduação em História do Brasil da Universidade Salgado de
Oliveira.

Como foi dito acima Francisco Falcon se tornou especialista em história moderna
e contemporânea e deu uma maior ênfase sobre a história do mercantilismo. O
mercantilismo foi o tema do seu livro “Mercantilismo e Transição” lançado no ano de
1981, onde Falcon tenta ilustrar as principais características e problemas sobre o
período do mercantilismo retratando as ideias e práticas político-econômicas da
sociedade europeia em um período de articulação com o processo de transição do
sistema feudal para o sistema capitalista. Neste livro Falcon escreve de uma maneira
bem didática sobre a época mercantilista, as ideias mercantilistas e as práticas
mercantilistas que ajudaram a transforma através dos séculos o senário e a vida da
população europeia e de outros continentes também.

Desenvolvimento

Francisco Falcon deixa bem claro em seu livro “Mercantilismo e Transição’’ o seu
ponto de vista sobre o mercantilismo acreditando que ele deve ser entendido como um
conjunto de ideias e práticas econômicas que caracterizam a história econômica
europeia e, principalmente, a política econômica dos Estados modernos europeus
durante o período que percorre os séculos XV, XVI e XVII. No mercantilismo também
seria possível observa um verdadeiro sistema de política econômica no qual os meios
econômicos conduzem aos fins de natureza política, sendo os meios nesse caso a
política protecionista e a política monetária e os fins seriam a política de unificação e a
política de poder.
“Longe de ser apenas uma palavra, o mercantilismo tampouco se confunde
com um sistema ou doutrina ou algo parecido, identificando, sim, aquelas
ideias e práticas econômicas que, durante três séculos, estiveram sempre
ligadas ao processo de transição do feudalismo ao capitalismo, e, mais
particularmente, aos problemas dos Estados modernos, absolutistas, e à
expansão comercial e colonial europeia iniciada com grandes navegações e
descobrimentos dos séculos XV e XVI.” (FALCON, 1981:17).

Para entender melhor a época mercantilista os estudos sobre o mercantilismo


devem ser situados no contexto histórico que o possibilitou ser real, que foi o período
de transição do feudalismo ao capitalismo que é chamado por muitos de “época
mercantilista”. E duas razões apontam nessa direção: a distinção entre o mercantilismo
e a época mercantilista e o fato de que o elemento definidor por excelência dessa época,
embora às vezes esquecido, é o processo de transição. A proposta de Falcon sobre o
caráter da época mercantilista é reconhecer por um lado que ainda existem relações
feudais nesse período mercantilista e também reconhecer a existência de uma relação
do tipo capitalista entretanto, que o autor realmente quer é acabar com esse dualismo
e aceitar que o período mercantilista que é caracterizado como um período de transição
não é redutível nem ao feudalismo, nem ao capitalismo, nem tampouco a ambas as
duas mas, é uma época com especificidade própria resultante do fato de que em suas
formações sociais concretas existem estruturas econômicas-sociais, políticas e
ideológicas que nem são feudais, nem podem ser chamadas de capitalistas mas sim de
transição. E para entender melhor a época mercantilista deve ser estudar melhor as
estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas desse período de transição.

O sistema econômico desse período girava entorno das relações da agricultura


nos campos e das relações industriais nas cidades. No campo podemos encontrar três
tipos de relações econômicas diferentes que são elas: o aforamento (corresponde, em
sua essência, à persistência de relações feudais reais entre os foreiros e os senhores
das terras que cultivam), o arrendamento (identifica-se ou aproxima-se bastante das
relações contratuais capitalistas, embora seja discutível afirma-se que em si mesmo se
trata de uma forma capitalista) e por último a parceria (ocupa um lugar intermediário
entre os dois tipos anteriores, sendo talvez num certo sentido uma forma típica de
transição). Nas cidades é encontrada dois tipos de relações econômicas diferentes que
são eles: o artesanato (corresponde à persistência da produção em pequenas oficinas
quase sempre organizadas em corporações ou guildas, para efeito de defesa de seus
interesses e manutenção da própria estrutura interna, hierarquizada) e a manufatura
(se apresenta como um tipo de organização no qual o produtor direto, ainda um artesão
encontra-se subordinado a um empresário que lhe fornece, conforme a caso, a matéria-
prima, certos instrumentos de trabalho e se apropria da produção, pagando por tarefa
ou, mais tarde, pagando um salário).

A estrutura social correspondente ao período mercantilista é conhecida em geral


como Sociedade do Antigo Regime e tem como característica principal o fato de ser
uma sociedade de ordens quase sempre identificada com o conceito weberiano de
sociedade estamental.
“Na realidade, a chamada sociedade de ordens tenta escamotear através de
diversas práticas político-jurídicas e ideológicas aquilo que é o caráter
essencial mesmo de tais sociedades: a existência de uma classe propriedades
de terras, ou senhores de terras, que se auto definem como ordens (nobreza e
clero), e uma classe de camponeses, ocupantes dessas terras, produtores,
diferenciados entre si através de um sem-número de critérios ou costumes [...]
Simultaneamente, devemos mencionar a existência de um número crescente de
camponeses sem terras, espécie de proletariado rural [...] Outro aspecto a ser
levado em conta é a existência de uma burguesia mercantil, muito variável em
número e poder econômico de uma formação social a outra e, em alguns casos,
a presença de uma burguesia industrial incipiente, estando cada uma dessas
burguesias dividida em segmentos ou setores por vezes bastantes
diferenciados.” (FANCON, 1981: 27).

As estruturas políticas do período mercantilista são baseadas pela expressão


máxima que é o Estado Absolutista que por sua excelência se torna um dos motivos
para os diversos confrontos entre as classes e frações de classes nas diversas
sociedades da época mercantilista. O Estado moderno pode ser definido como um
Estado monárquico absolutista, isto é pelo fato de que todo o poder está concentrado
nas mãos de um rei ou príncipe que é de fato e de direito o soberano que controla o
aparelho burocrático e militar do seu Estado. Para a aristocracia o Estado absolutista
representa uma tríplice aliança, pois ela possibilitou em primeiro lugar ser um
mecanismo ágil de defesa e manutenção do sistema de apropriação do excedente ou
da renda feudal, em segundo lugar o Estado absolutista assegura à aristocracia a
manutenção de sua hegemonia e em terceiro lugar o estado absolutista ao possibilitar
a organização e o continuo crescimento de uma verdadeira máquina burocrática,
oferece à aristocracia a possibilidade de novas e sempre mais atraentes formas de
obtenção de rendimentos extras. Mas não foi apenas só os aristocratas que
encontraram benefícios com o Estado absolutista de uma maneira geral a burguesia
principalmente a burguesia mercantil encontrou na aliança com os príncipes um
instrumento capaz de favorecer seus próprios interesses econômicos e políticos, com a
criação de um espaço econômico mais amplo, menos sujeitos aos caprichos dos
senhores feudais e das comunidades urbanas e etc. O Estado absolutista tenta agradar
tanto a aristocracia quanto a burguesia mas, é impossível buscar um equilíbrio ao longo
prazo entre classes e frações de classes cujos interesses são em partes
complementares e em partes antagônicas.

Sobre as estruturas ideológicas da época do mercantilismo Falcon enfoca em


dois problemas que é esboçar a defasagem entre o processo político e o processo
idêntico relativo ao econômico. O verdadeiro discurso político só pode aparecer nessa
época por causa da secularização do Estado, o abandono das especulações sobre o
tipo de Estado ideal em troca da analise daquilo que o Estado é de fato. E o problema
do econômico é que ele não era visto como um campo distinto ou mais ou menos
autônomo de pensamento, existiam ideias que poderiam ser chamadas de econômicas,
mas elas só artificialmente podem ser isoladas das formações ideológicas e dos seus
respectivos discursos, onde sua existência mesma está sempre associada a outras
categorias e formas de pensamento não econômicas.

Seguindo o seu modelo de pensamento sobre o período mercantilista achando


que ele é um período de transição Falcon explica as ideias mercantilistas (evolução e
temas centrais). As origens das ideias mercantilistas estão ligadas a duas ordens de
fatores que são elas as heranças medievais e o conjunto de transformações que
caracterizam os séculos XV e XVI o início dos tempos modernos. As origens medievais
são constituídas por todo o conjunto de ideias e práticas econômicas, típicas das
comunas medievais, que caracterizam a economia urbana, já as origens modernas das
ideias do mercantilismo vêm de dois novos e importantes fatores que são os Estados
modernos nacionais ou seja a monarquia absolutista e os efeitos de toda ordem pelas
grandes navegações e descobrimentos sobre a vida das sociedades europeias.

Os pensamentos mercantilistas dos séculos XV e XVI estão ligadas ao impacto


provocado pelo tesouro americano, o afluxo crescente de ouro e prata que vieram da
América provocaram algumas sequelas como por exemplo, a alta dos preços e dos
salários e por isso foi o problema monetário aquele que mais impressionou os
contemporâneos. Já as ideias mercantilistas do século XVII vem das persistências das
concepções metalistas, vindo a seguir o desenvolvimento dos trabalhos sobre as
finanças públicas e a administração dos Estados absolutistas, aparecendo o elemento
mais importante, que foi o desenvolvimento da chamada “teoria da balança comercial”.
E finalmente no século XVIII surgem tendências variadas e contraditórias que diferentes
países da Europa enfrentaram elas cada um de sua maneira levando em consideração
as suas especificidades e as suas características.

Falcon ainda abordando as ideias mercantilistas fala de alguns temas centrais


como “valor, preço e moeda” destacando que as ideias mercantilistas a respeito do
problema do valor identificam-se, a princípio, com as concepções escolásticas oscilando
entre a ênfase atribuída ao custo de produção e a importância dada por outros a
abundancia ou a escassez de oferta. Fala sobre a “balança comercial” dissertando que
é uma das ideias mais caras ao pensamento mercantil, a balança comercial é uma
identificação entre a economia de um país como um todo e a economia de uma empresa
mercantil, o mais importante é que o país venda mais ao exterior do que compre
havendo ai um saldo favorável que é traduzido com a entrada de riquezas. Relata o
crescimento do “industrialismo” que associado a balança comercial o industrialismo
mercantilista deve ser visto como um elemento dos mais típicos no interior de diversas
ideologias, pois o industrialismo é a ideia de eu os produtos de manufaturados por
exigirem maior arte são os mais valorizados e por isso capazes de gerar maior margem
de lucro aos seus empresários e comerciantes. E aponta o “sistema colonial” com um
dos pontos centrais do mercantilismo falando que as colônias existem em função e para
as metrópoles estando sua relação definida através do sistema colonial, a produção das
colônias só seria válida na medida em que possibilitasse lucros elevados aos
comerciantes metropolitanos, detentores do monopólio sobre o comercio de importação
e de exportações das colônias.

Como o último tópico de seu livro “Mercantilismo e Transição” Francisco Falcon


vai explicar algumas práticas mercantilistas que tiveram início no século XV e
perduraram até o século XVIII, mas é logico que durante esse espaço de tempo muitas
praticas se inovaram e muitas outras também foram caindo em desuso. As práticas
mercantilistas do século XV e XVII são caracterizadas por duas formas principais, a
primeira delas é o monopolismo de exportação onde correspondeu a transferência para
o meio do Estado absolutista de muitas das práticas político-econômicas comuns as
cidades medievais caracterizadas em conjunto pelas preocupações monopolistas e
protecionistas cuja expressão mais típica é o empório medieval. Já a segunda prática é
o monetarismo ou bulionismo, práticas que estão ligadas diretamente ligadas ás
consequências imediatas da descoberta do Novo Mundo com o surgimento do afluxo
dos metais preciosos e o início da exploração colonial.
As práticas mercantilistas que marcaram o século XVII foi sem dúvida o não
abandono das práticas dos séculos anteriores, mas fazendo algumas modificações
necessárias e também o que marcou bastante esse período foi a adoção dos Estados
europeus em concentrar as suas políticas econômicas na aplicação do princípio da
balança comercial buscando sempre o ideal do saldo comercial positivo. O
favorecimento das atividades mercantis supõe que é através do comercio que se
alcança uma balança favorável e com ela se aumenta a riqueza do próprio país.

Por fim no século XVIII as práticas mercantilistas ficaram caracterizadas pela


força da inercia ou dos interesses socioeconômicos que lhes davam condições de
existência durante o período dos setecentos, as críticas cada vez mais numerosas no
plano teórico tiveram pouca repercussão a nível dos políticos administradores
responsáveis pela condução política econômica.

Conclusão

Através do livro “Mercantilismo e Transição” de Francisco José Calazans Falcon


foi possível constatar as características e os principais problemas sobre o mercantilismo
tendo como base as ideias e as práticas político-econômicas do período mercantilista.
Também foi possível constatar a clara visão do autor sobre essa época, época que ele
gosta de caracterizar como um longo período de transição do sistema feudal para o
sistema capitalista, mas sempre tentado compreender os fatos e as realidades da época
em que estava fazendo o seu estudo.
Referências Bibliográficas

FALCON, Francisco. J. C.. Mercantilismo e transição. São Paulo, Brasiliense,


1981.

CNPQ. Disponível em: <http:// buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.


do?metodo=apresentar&idK4783158E> Acesso em 24 de dezembro de 2014.

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