Escola de Agronomia Tecnologia de Embalagens de Alimentos
EMBALAGENS PLÁSTICAS NO CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE
Aluna: Priscylla Rodrigues Vilella – 093219
Professor: Robson Maia Geraldine
Goiânia, maio de 2014.
A indústria brasileira de embalagens foi avaliada em US$ 24.636 milhões com um total de 7,5 milhões de toneladas produzidas, no ano de 2008. Deste valor, as embalagens plásticas representam 25% e em massa 22%. Os polímeros mais usados para a fabricação de embalagens plásticas são o poli (tereftalato de etileno) – PET, polipropileno – PP, polietileno de baixa densidade - PEBD e polietileno de alta densidade – PEAD. As embalagens plásticas são amplamente aplicadas no setor alimentício (65%), apresentando consumo mais expressivo nos segmentos de bebidas não-alcoólicas, laticínios e gorduras, carnes e vegetais. Os principais segmentos dos setores não alimentícios que utiliza embalagens plásticas são produtos de limpeza, higiene e beleza e química e agricultura (DATAMARK, 2011). Atualmente, polímeros termoplásticos são vastamente usados nas indústrias de bebidas, por exemplo, para envasar sucos, refrigerantes, águas, chás, dentre outras. O principal polímero utilizado é o Tereftalato de Polietileno (PET), pois apresenta boa resistência química, térmica e mecânica (LIMA, 2006). Outra vantagem do PET é no aspecto de resistência, leveza, transparência e capacidade de preservação do gás de bebidas (ABIPET, 2013). De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias do PET (2013), há um aumento progressivo na produção dessas garrafas nos últimos anos, e o descarte aumenta proporcionalmente (TOCHETTO, 2013). Segundo o Informe Analítico da Situação da Gestão Municipal de Resíduos Sólidos no Brasil, das 149 mil toneladas de resíduos sólidos produzidos diariamente no Brasil, apenas 13,4 mil, valor correspondente a 9%, são recicladas. O restante é destinado a aterros sanitários, aterros clandestinos, ou lançados nas ruas ou em terrenos baldios (IDEC, 2006). Os plásticos caracterizam uma das classes de materiais com menor índice de reciclagem, devido à dificuldade de se coletar grandes quantidades e ao valor pago pelo volume coleta, que é inferior ao de metais como latinhas (DIAS & TEODOSIO, 2006). Os resíduos plásticos possuem um elevado tempo de degradação e quando queimados geram gases tóxicos por isso constituem um sério risco para o solo e o ambiente (MANO & BONELLI, 1994). A reciclagem é, portanto um meio para se reduzir esse tipo de material no solo, reduzindo também a poluição e diminuindo o custo de produção (DIAS & TEODÓSIO, 2006). Além da reciclagem de materiais plásticos, atualmente alternativas vem sendo desenvolvidas, como a aplicação de polímeros sustentáveis, que podem substituir o uso dos polímeros sintéticos e assim trazer benefícios ao meio ambiente (TOCHETTO, 2013). De acordo com um censo realizado em 2011 pela Associação Brasileira da Indústria do PET, 297 toneladas do material foram recicladas, representando 50% do total consumido. O material reciclado é destinado à indústria têxtil, para a fabricação de resinas insaturadas e outros tipos de embalagens. A reciclagem do PET é baseada em três etapas, a recuperação, a revalorização e a transformação. O IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (2013) afirma que embalagens PET jogadas no meio ambiente levam de 200 a 600 para se decompor (TOCHETTO, 2013). Atualmente os avanços tecnológicos na área de engenharia de materiais possibilitaram a exploração de processos alternativos que tenham menor impacto ao meio ambiente, os polímeros biodegradáveis e polímeros verdes. Os polímeros biodegradáveis podem ter o petróleo como fonte de obtenção e também fontes naturais renováveis como milho, cana de açúcar, batata, entre outros. A degradação desse material ocorre de forma natural por microorganismos presentes no meio ambiente, de forma mais rápida quando comparada aos polímeros convencionais. Ao final do processo de degradação, o meio ambiente reabsorve os polímeros, causando um impacto quase nulo ao eco-sistema (BRITO; AGRAWAL; ARAÚJO; MELO, 2011). Os polímeros verdes são provenientes apenas de fontes naturais não renováveis, por isso são denominados “verdes”. Tais materiais causam menos impactos ambientais desde a sua síntese ate a degradação, dentre suas principais vantagens estão à redução de emissão de gases que causam o efeito estufa e redução de dos danos a florestas e oceano. De acordo com a Braskem (2013), empresa produtora de resinas termoplásticas e biopolímeros, cada tonelada de polietileno verde é capaz de capturar e fixar aproximadamente de 2,5 toneladas de gás carbônico na atmosfera. Além disso, possuem propriedades mecânicas e de processamento muito semelhantes aos polímeros sintéticos, portanto não é necessário que empresas invistam em equipamentos e maquinários ao optarem pela utilização dos polímeros verdes. Portanto o uso de polímeros verdes possui vantagens ecológicas, econômicas, e mercadológicas, pois apresentam custos similares (levemente superiores) aos polímeros sintéticos. Enfim, é necessário que haja investimento em informação para que as pessoas tenham conhecimento do impacto ambiental gerado por embalagens plásticas. Além disso, levar aos consumidores conhecimento sobre reciclagem, informando como proceder para o correto descarte de embalagens. Empresas também precisam estar cada vez mais conscientes sobre o fim do ciclo de vida de seus produtos, buscando soluções para a poluição causada pelas embalagens e a utilização de tecnologias limpas como polímeros biodegradáveis e verdes.
REFERENCIAS
Associação Brasileira das Indústrias do PET (Abipet). Disponível em: <
http://www.abipet.org.br/index.html >. Acesso em 3 de maio de 2014.
Braskem Produtos Verdes. Disponível em:
<http://www.braskem.com.br/site.aspx/produtos-verdes>. Acesso em 1 de maio de 2014.
Datamark. - “Dados de Embalagem”, Relatório Brazil Pack 2009. Disponível em:
<http://www.datamark.com.br/newdatamark/ASP/FS/ fs_pk_p.asp>. Acesso em: 4 de maio 2011.
BRITO, G. F.; AGRAWAL, P.; ARAÚJO, E. M.; MÉLO, T. J. A.. Biopolímeros,
Polímeros Biodegradáveis e Polímeros Verdes. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v.6.2, p.127-139, 2011.
GONÇALVES-DIAS, S. L. F. & TEODÓSIO, A. S. S. Estrutura da Cadeia Reversa:
"caminhos" e "descaminhos" do PET. Produção (São Paulo) , v. 16, p. 429- 441, 2006.
INSTITUTO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). Do lixo quase tudo se
aproveita. Revista do IDEC on-line. Disponível em: <www.idec.org.br>. Acesso em: 4 maio 2014.
LIMA, M. A. M.. Introdução aos Materiais e Processos para Designers Rio de
Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006.
MANO, E. B.; BONELLI, C. M. C. A. Reciclagem de plásticos pós-consumidos.
Rev.Química. Industrial., Rio de Janeiro, n. 698, p. 18-22, 1994.
TOCHETTO, B.; KERN, M. S.; ROXA, P. V. & KOENIG, F. Alternativas
sustentáveis para redução dos impactos ambientais no segmento de embalagens plásticas não retornáveis de bebidas. Caxias do sul – RS. 2013.