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Pequena resenha de um grande livro e divagações sobre

a direita brasileira
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brasileira/
Author Guillermo Federico Piacesi Ramos 29 de agosto de
2019

“A Nova Era e a Revolução Cultural” é um grande livro. Bem fácil de ler. Escrito em 1994
quase como uma profecia, como um prenúncio do que estava por chegar ao país 10
anos após, com a eleição de Lula e a tomada do Poder pelo PT. Está tudo ali, naquele
livro: como a cabeça do intelectual esquerdista funciona, quais os mecanismos de que
ele dispõe para corromper os cérebros da militância, e principalmente a explicação da
razão pela qual a Direita brasileira acabou no país.

O único erro de Olavo de Carvalho (sim, eu me considero no direito de considerar que


ele erra também; esse negócio de dizer que uma pessoa sempre tem razão não funciona
muito bem comigo) foi quando disse, ao final, no posfácio que integra a 4ª edição,
datada de 2014, respondendo às perguntas do editor, Silvio Grimaldo, sobre o que seria
necessário para criar um movimento político de inclinação de Direita, que existiriam para
isso três etapas.

Disse Olavo, quanto a tal aspecto da questão, que (i) num primeiro momento, deveria ser
criado um movimento de intelectuais para discutir a situação e traçar o diagnóstico
consensual; (ii) numa segunda etapa, deveria haver a coleta de dinheiro para formar a
militância; e (iii) apenas na terceira e última fase haveria a formação da militância
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propriamente dita, com a penetração na sociedade. Para esse processo, Olavo de
Carvalho previu um período de 20 anos (“Nova Era e a Revolução Cultural”, Vide Editorial,
4ª ed., 2014, pp. 238/239).

Olavo de Carvalho

Com efeito, em 2014 mesmo, logo após a reeleição de Dilma, Jair Bolsonaro resolveu
concorrer à Presidência da República, e nos quatro anos que se seguiram a Direita
organizou-se sim no país, ainda que de forma incipiente; Bolsonaro foi eleito, e o resto já
se sabe.

Concordo que, diferentemente da Esquerda, que usou o gramscismo antes de chegar ao


Poder, a Direita chegou ao Poder diretamente, sem se “doutrinar” primeiro, sem se
intelectualizar primeiro, sem preparar o terreno.

Aliás, sobre o gramscismo, é uma verdade irrefutável reconhecer-se que em nenhum


lugar do mundo ele floresceu como aqui no Brasil. Gramscismo, para quem não sabe, é a
conquista da hegemonia pela ocupação de espaços, sem pegar em armas (pois essa
tática já tinha se mostrado infrutífera muitas vezes), com a infiltração dos ideais
revolucionários de forma lenta e gradual, na criação de uma mentalidade uniforme em
torno de determinadas questões, para, no final, a população passar a acreditar que esse
ou aquele critério é o correto, que essa ou aquela medida é a correta, que essa ou
aquela análise de situação é a correta, para quando vier a implantação do regime
totalitário, que terá tomado o poder, já não haja mais qualquer resistência.

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Em uma metáfora adequada, é aquela fábula do sapo cozinhando na panela: ele
vai sendo cozido aos poucos, e nem sabe que está acontecendo.

Mas, com as vênias respeitosas ao professor Olavo, a necessidade do Brasil era (e é)


premente! Não se pode esperar os resultados de um trabalho de uma geração para
formar a militância de Direta, para apenas depois haver a penetração na sociedade. Jair
Bolsonaro – e todas as pessoas que ele apoiou na campanha eleitoral – foram eleitos
assim: em contraposição à dominação da Esquerda no cenário político do país.

Agora, uma vez no Poder, e com representantes espalhados pelo Parlamentos, a Direita
brasileira tem como equilibrar um pouco a balança e começar de fato o seu trabalho de
formação de militância e penetração na sociedade. E a sua principal preocupação, o seu
principal trabalho, deve ser o de tentar manter-se no Poder. Porque de nada adianta
chegar ao Poder para lá não se manter.

Às vezes eu fico pensando o que teria sido de nós, pobres brasileiros, se o deputado
Roberto Jefferson não tivesse denunciado o Mensalão, lá em 2005, se a investigação
sobre o doleiro Alberto Yousseff não tivesse levado a se descobrir o Petrolão, em 2014, e
se Dilma Rousseff, no seu segundo mandato, não tivesse se rebelado contra o Centrão
dominado pelo Deputado Eduardo Cunha e não fosse tão incompetente para não saber
cumprir o orçamento público, cavando o próprio processo de impeachment.

– O que seria da nossa vida hoje? Como estaríamos? Qual seria o


nosso futuro?
Certamente, a chegada da Direita ao Poder no Brasil pode sim ter sido feita sem a
preparação adequada, sem se fazer um “mapeamento” da situação, com um diagnóstico
cultural e político; mas ela não foi abrupta, e nem sem preparo: a população sabia
exatamente o que estava fazendo.

Aliás, hoje existe um fenômeno que eu, até agora, ainda não vi nenhum intelectual
escrever sobre ele, e que é algo que venho observando: o Brasil tem um “povo”, pela
primeira vez; um povo legítimo, como o fenômeno da “massa”, descrito por Ortega y
Gasset e por tantos outros. Os brasileiros não são mais meros espectadores dos
movimentos políticos, não são mais mera plateia, acostumada a “pão e circo”, ou um
grupo de eleitores cuja única participação política seja sair das suas casas nos anos
pares para se dirigirem à urna eleitoral.

Estamos atravessando uma fase de “expurgo” e “purificação” do país e das instituições. E


a sociedade escolheu caminhar pela Direita. Como eu já disse em outras oportunidades,
tenho certeza, sem medo de errar, que a sociedade brasileira percebeu e se deu conta
que é de ideologia política de Direita.

E por uma razão muito simples: basta se fazer uma pesquisa perguntando o que as
pessoas esperam de um governante (especialmente do Presidente da República). A
maioria esmagadora vai dizer que espera alguém (i) que priorize uma menor intervenção
do Estado na vida privada dos cidadãos e das empresas, ao invés de aumento da
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regulamentação e da burocratização; (ii) que tenha como programa a diminuição do
tamanho do Estado, com o corte de gastos do Governo e consequente redução de
tributos; e (iii) que priorize a segurança pública, com a valorização dos policiais e das
forças armadas, ao invés de flexibilização/desmilitarização das polícias e/ou políticas de
desarmamento civil.

A maioria do povo vai dizer, enfim, e em suma, que espera um governante que se meta o
menos possível na sua vida e nos seus negócios, que priorize o crescimento econômico
do país e que trabalhe para assegurar e manter a ordem, o que são atitudes tipicamente
de Direita.

Contudo, a doutrinação de mais de uma geração feita pela Esquerda nos bancos
escolares e acadêmicos acabou rotulando a afirmação de que ser declaradamente de
Direita (liberal ou conservador) no Brasil é sinônimo de ser “extremista”, enquanto os de
ideologia de Esquerda se dizem automaticamente “progressistas”, o que, além de não ser
verdade, é apenas mais uma perniciosa divisão da sociedade (implementada
principalmente nos anos do PT na presidência), com a tática do “nós x eles”, com o
objetivo de, ao enfraquecer e separar os próprios brasileiros, dominar a todos no final.

Então, o problema é que, se grande parte da sociedade brasileira pode nem ter ainda
percebido que é de Direita, a Esquerda brasileira (especialmente o PT e suas linhas
auxiliares) há muito já reparou nisso, e por isso tenta impedir o crescimento de políticos
de Direita no cenário político nacional, pretendendo inviabilizar, de todas as formas, não
só o governo de Jair Bolsonaro mas as suas pautas (liberais e conservadoras), armando-
se cada vez mais do discurso ideológico que sempre tenta fazer nos seus exércitos de
seguidores, a quem chama militância.

Por isso é que a guerra, aqui, é de informação. Cada um que tenha um mínimo de
conhecimento e disposição, tem que tentar, a seu modo, esclarecer as pessoas da
verdade, contar os fatos como eles verdadeiramente são, desmentir versões erradas
sobre a “história” vendida nos bancos escolares e pela mídia, etc. E quem da Direita
conseguiu se eleger para o Parlamento, ou chegar ao Poder no Executivo, nas últimas
eleições, teve muito, mas muito, mérito.

Existe um longo caminho a ser percorrido, um longo trabalho a ser feito, até a
“despetização” e “deserquerdização” da sociedade. Mas não tenho a menor dúvida de
que ele será percorrido. O resto, o refinamento cultural e ideológico a que se refere
Olavo de Carvalho no “pequeno-grande” livro aqui comentado, virá com o tempo.

4/5
IMAGEM: gravura de William Blake com
os monstros bíblicos Beemot e Leviatã,
que integra a capa da 4ª edição do livro,
cujo significado foi muito bem explicado
por Olavo de Carvalho.

5/5

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