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ligação com o que estarnos tratando aqui, freqüentemente aparecerá na

prática uma ligação que amplia ainda mais o campo das relações entre
diversificação, estabilidade, e crescimento.

1.3 - Diferenças Regionais no Crescimento da Renda "Per Capim"


1
A linha de análise esboçade, acima, explica as amplas diferenças
nas taxas de crescimento da renda total em diferentes regiões. Entretan-
to, permanece o problema de grandes e persistentes diferenças da renda
"per capita" ou dos níveis de bem-estar. Precisamos conhecer mais
sobre causas e conseqüências de tais diferenças e quais pol íticas po-
dem ser convenientes ao seu tratamento.
É óbvio que tais diferenças residem na mobilidade imperfeita da
população. Uma região que cresce mais rapidamente que suas vizinhas
atrai normalmente migração para si, enquanto uma região em declínio
relativo ou absoluto experimenta, em geral,5 uma emigração líquida.
Geralmente, a mobilidade assim verificada é insuficiente para nivelar
diferenças inter-regionais dos níveis de renda.
Entretanto, não existe muito conteúdo útil na afirmação comum
de que a persistência de tais diferenças reflete mobilidade imperfeita. TEORIA DA LOCALIZAÇÃO E CRESCIMENTO
Tal "explicação" não leva a nada mais que uma definição de mobilidade ECONOMICO REGIONAL -e I
como migração dirigida para a área que proporciona o mais alto nível de
renda. Ela não explica porque a mobilidade é imperfeita. Douglass C. North
Além do mais, não é verdade que a perfeita mobilidade geográfica
igualaria os níveis de renda nominal ou real em diferentes regiões. As
pessoas diferem em suas capacidades. Se a região A é dotada principal-
mente de indústrias que não requeiram qualquer especialização escassa,
enquanto a região B é dotada de indústrias que necessitam de tais espe- Durante as últimas décadas, tem havido um crescente interesse
pela teoria da localização nos Estados Unidos. t:
cializações, a completa mobilidade geográfica do trabalho levará a um
maior nível de renda real em B do que em A. Cada pessoa estará onde Partindo dos trabalhos pioneiros de Thünen, Weber, Lõsch,
possa, pessoaimente, ganhar o máximo, mas os indivíduos mais capazes Palander e outros." muitos economistas e geógrafos desenvolveram a
concentrar-se-ão na região B. Mais ainda, duas regiões com padrões análise de modo a aplicá-Ia a um amplo espectro de problemas, e ten- I:
iguais de renda real podem apresentar níveis de renda nominal inteira- taram sintetizar a teoria locacional com outros campos da ciência "
mente diferentes, com isso, diferenças inter-reqionais no custo de vida.
* Traduzido por Maria do Carmo Salazar Martins e revisado por Jacques
Schwartzman de NORTH, Douglass C. Location Theory an regional economic
growth. Joumal of Political Economy, 63(3) :243-58, jun. 1955, com permis-
são de The University of Chicago Press.
I. Sou grato, pelas criticas e sugestões, a vários de meus colegas da Universidade
de Washington. especialmente Philip Cartwright, J. R. Huber, Franklyn Holz-
mano e Robert Lampman. O Diretor H. W. Stobe e o research Committee of
the Graduate School at the Washington University generosamente forneceram
5. A tendência observada da migração, causada pela depressão, para fluir em dire- assistência financeira para pesquisa, parte da qual foi usada neste artigo.
2. Pode-se encontrar um sumário das contribuições mais antigas à teoria da locali-
ção às áreas rurais, incluindo algumas áreas de propriedades rurais inframárgi-
nais, não é realmente uma exceção deste fato. ~ um fenômeno ciclico devido zação em:
HOOVER. E.M. t.oceuon tbeory and the shoe and leather industries. Cambrid-
ao maior impacto do desemprego sobre a população urbana e opõe-se à ten
dência secular normal. ge. Harvard Universitv Press, 1937.

290 ECONOMIA REGIONAL 291


econõmlca.f as restrições impostas pela pressão populacional. '1
Entretanto, muito pouco foi feito no sentido de aplicar os prin-
cípios da localização à anáiise histórica do crescimento das regiões
.1 11
I
dos Estados Unidos." .
Apesar dos economistas interessados na teoria da localização
terem ressaltado algumas vezes as implicações de suas análises para
\ fs. k61J
. Tanto a teoria da localização como a teoria do crescimento regio-
nal descrevem uma seqüência típica dos estágios que as regiões percor-
o crescimento regional, eles não foram além dessas observações esporá- rem no curso do seu desenvolvimento." E. M. Hoover e Joseph Fisher,
dicas, apresentando alguma análise sistemática. A principal dificuldade em um recente ensaio entitulado "Research in Regional Economic
é o fato de que a teoria do crescimento econômico reqíonat" tem pouca Growth"Il, afirmam que "existe atualmente um corpo de teoria razoa-
relevância para a análise do desenvolvimento das regiões dos Estados velmente acatado sobre a seqüência normal dos estágios do desenvolvi-
Unidos. A seqüência de estágios descrita pela teoria não só apresenta mento de uma reqião."? Esta seqüência pode ser esquematizada da
pequena semelhança com o desenvolvimento americano, mas, também, seguinte forma:
suas implicações políticas fundamentalmente errôneas. 1 - O primeiro estágio da história econômica da maioria das
. Este artigo tentará demonstrar a inadequação da atual teoria regiões é uma fase de economia de subsistência, auto-suficiente, na qual
do crescimento econômico reqional., Apresentará algumas proposições existe pouco investimento ou comércio. A camada principal da popu-
que poderão conduzir a uma teoria mais útil, tanto para a análise do lação, a agrícola, localiza-se de acordo apenas com a distribuição dos
desenvolvimento histórico da economia americana como para a com- recursos naturais.
preensão dos problemas atuais, relacionados com o crescimento econô- 2 - À medida em que ocorrem melhorias nos transportes, a região
mico regional. passa a desenvolver algum comércio e especialização local. "Surge uma
1
As proposições analíticas aqui apresentadas, apesar de se referi- segunda camada da população que começa a gerir modestas indústrias
rem explicitamente ao desenvolvimento dos Estados Unidos, poderiam J locais para os agricultores. Uma vez que as matérias-primas, o mercado
aplicar-se, da mesma forma, a outras áreas que apresentem as seguintes e a mão-de-obra são supridas originalmente pelas populações agrícolas,
condições: (1) regiões que tenham se desenvolvido dentro de um qua- a nova 'super-estrutura industrial', tem sua localização determinada
dro de instituições capitalistas e, portanto, sensíveis a oportunidades de pela localização da 'camada básica' ".1 o
rnaximizaçâo dos lucros, e nas quais os fatores de produção apresenta-
ram relativa mobilidade", e (2) regiões que tenham se desenvolvido sem preparada para estlmulos capitalistas e lJara o tipo de resposta que se pode
esperar de uma sociedade basicamente capitalista. A relutância do historia-
3. Além do valioso estudo de Hoover, supracitado, veja-se seu trabalho em: dor econômico em utilizar mais amplamente os instrumentos da teoria deve-Se,
HOOVER, E. M. The location ot economic ectivitv, New York, McGraw Hill em grande parte, ao fato de a maior parte da história econômica do mundo
Book Co .. 1948. não _~ enquadrar em nossa primeira cóndição sendo, portanto, a teoria econô-
Veja-se também em:
OHLlN, Bertil. /nterregional and internationa/ trade. Cambridge, Harvard
mica de pouca utilidade rara a análise de uma grande parcela do seu desenvol-
I
University Press, 1935.
NATIONAL RESOURCES PLANNING BROARO./ndustrial/ocation and na-
vimento.
economia,
Não obstante, os esforços conjugados de teóricos e historiadores
em relação ao desenvolvimento dos Estados Unidos e algumas ou-
da
I t
tras áreas, constituem uma promessa de resultados compensadores.
tional resources. Washington, government Printing Office, 1943. 7. V,;ja em:
Também os artigos de Walter Isard citados posteriormente. LOSCH, August. The nature of economic region. Southern Economic Journal.
4. O trabalho de Walter Isard é uma importante exceção. 5: 71-8, Julv, 1938.
ISARD, Walter. Transportation development and building cycles. Ouarterly HOOVER, E. M. Location theory and the sboe and leather industries. p, 284-5.
Journal of Economics, 57:90-112, Nov. 1942. ----. The location of economic sctivitv, p. 187·8.
Veja-se também: 8. UNIVERSITIES - NATIONAL BUREAU COMMITTEE FOR ECONOMIC
DEAN, William H. The theory of the geographic location of economic ectivi- RESEARCH. Problems in tbe study of economic growth. New York,
ties. Ann Arbor, Edward Bros, 1938 (Selections from the Doctoral National Bureau-of Economic Research, 1949. cap, V.
Dissertationl. 9. Ibid, p, 180.
5. Veja seção li, adiante. 10. HOOVER, E. M. Location theory and the shoe and leather industries. p,
6. Obviamente, tanto a maximização~ dos lucros quanto a mobilidade dos fato- 284.
res são noções relativas e não se verificam perfeitamente em nenhum lugar. I O segundo estágio do desenvolvimento regional foi elaborado por Hoover e
I
Entretanto, há uma grande diferença entre a resposta de uma região subde- F ischer, de modo a induzir alguma especialização e comércio inter-regional
senvolvida, cuja estrutura econômica e social não está fundamentalmente futuros. (op. cit., p. 181).

292 ECONOMIA REGIONAL 293


3 - Com o aumento do comércio inter-reqional a região tende a ou Inferiores e entre rotas comerciais". 14

se desl.ocar através de uma sucessão de culturas agrícolas, que vão da


pecuária extensiva à produção de cereais, à fruticultura à produção de 111
laticínios e à horticultura.! l' ' .

4 - Por causa do crescimento 0.. população e dos rendimentos Quando esta seqüência de estágios é confrontada com a história
decrescentes da agricultura e das outras indústrias extrativas, a região é econômica das regiões americanas, surgem duas objeções básicas:
\i
r-+- forçada a se. i~dustrializar. "Industrialização significa a introdução das (1) Estes estágios apresentam pouca semelhança com o desen- I'
\
\ \J
~\ \...
chamadas atividades sea.mdárias (indústria manufature ira e mineração) volvimento real das regiões. Não são capazes, sobretudo, de fornecer !
L- aualquer indicação sobre as causas do crescimento e da mudança, Uma
num~ escala ~~nsiderável".l 2 Os primeiros estágios de industrialização
b~s~lam-se, tipicamente, em produtos agrícolas e florestais e incluem teoria do crescimento econômico regional deveria, claramente, concen-
atividades como processarnento de alimentos, artefatos de madeira e trar-se nos fatores críticos que promovem ou impedem o desenvolvi-
prepa~ação. de fibras têxteis. Caso a industrialização prossiga, os recur- mento.
sos ml~e:a,s e ~nergéticos assumem importância decisiva. Como segun- (2i Além disso, se desejamos um modelo normativo de como as
do estaqío de Industrialização, encontramos, então (nas regiões que regiões deveriam crescer, com o objetivo de analisar as causas da es-
possuem recursos minerais economicamente viáveis), indústrias tais tagnação ou decadência, então, essa seqüência de estágios é de pouca
como as de fundição, refinação e processamento de metais, refinamento utilidade e de fato enganadora, pela ênfase que coloca na necessidade da
de ~tróleo, indústrias químicas baseadas principalmente no carvão, industr ialização (e nas dificuldades de prornovê-lal.' 5
petróleo, P?tassa, sal e outros minerais, indústria de vidro e cerâmicas. Os problemas ligados à industrialização serão abordados mais
Qu~nd? e~lste energia elétrica barata, torna-se possível a implantação adiante, quando examinarmos as causas do crescimento regional. Por
de In.dus~nas que dela necessitam em grandes quantidades (refinação de ora, estamos interessados na primeira objeção : -ã-falta de correspondên-
metais nao ferrosos, ligas de metais, aços especiais, abrasivos artificiais, cia, entre os estágios apresentados pela teoria do desenvo Ivimento
etc.) como aconteceu na Noruega, Suíça, no Vale do Tennessee e no regional e a história econômica regional dos Estados Unidos. Uma L
Vale do Rio Colurnbia13• . importante discrepância é imediatamente evidenciada, a saber: 05 I
._5 - Atinge-se o estágio final do desenvolvimento regional quando Estados Unidos foram colonizados como um empreendimento capitalis-
a!eglao se especializa em atividades tercjárias, produzindo para exporta- ta. O povoamento das regiões novas e seu. crescimento subseqüente
çao ', Nesse es:á~io a região exporta capital, mão-de-obra qualificada e foram determinados pelo mercado mundial. O resultado foi um tipo de
serviços especrais para as regiões menos desenvolvidas. Ao}.)custos de desenvolvimento bastante diferente do descrito pela teoria de cresci,
j'
transporte têm sido atribu ído um papel fundamental no avanço através mento regional, segundo a qual as regiões, partindo da economia de !
desses estágios sucessivos de desenvolvimento. lsard resume esse efeito subsistência, vão gradualmente ampliando seus mercados. Desde as
da seguinte maneira: primeiras sociedades anônimas, ao longo de toda a expansão em direção
"Verificamos que, historicamente, a redução das taxas de trans- oeste, o objetivo básico era explorar a terra e seus recursos, com o fim
po,;e tem tendido a (1) transformar padrões de produção dispersos e de produzir bens que pudessem ser comercializados "fora" e que se
ublq~os e.m outros de crescente concentração, e (2) promover uma pro- transformariam em renda monetária. isso. representa um rnarcante
gressiva dIferenciação e seleção entre lugares com recursos superiores contraste em relação à experiência da Europa (que parece ter servido de
modelo para os primeiros estágios da teoria do desenvolvimento regio-
nal), onde, apenas gradualmente, a economia orientada para o mercado
11. A ~eoria da localização diverge, nesse ponto, da teoria do desenvolvimento
,. surgiu a partir de economias predominantemente locais do sistema
regIonal ao enfatizar o padrão histórico da superação do feudalismo. Como _/ manorial. Se existiu alguma economia de subsistência em alguma re-
~ - '. .-.-- _. ----- - _.
este processo tem pequena Significação para o desenvolvimento americano
ele é o~itido aq~i. Entretanto, é parte importante do meu arqurnento de qU~
\::t ,J
'1 14. ISARD. Walter. Distance inputs and the space economy; the eonceptional
os teóricos americanos da localização têm aceito, implicitamente uma boa
parce~ dessa seqü~ncia de estágios, com base na experiência euro~ia de su- framework. Ouartcr/y Jouma/ of Economics, 65: 188-98. Mai. 1951.
peraçao do feudalismo, sem reconhecer a significativa diferença que existe' 15, Hoover e Fischer acentuam as dificuldades de se atingir um "status" indus-
entre este padrão de desenvolvimento e o americano. trial e sustentam que a maioria dos pontos de estrangulamento e problemas
12. HOOVER & FISCHER, op, clt., p, 182. do desenvolvimento estagnado ocorrem na passagem de uma base econômica
13. HOOVER, E. M. The location of economic ectivity, p.193. agrícola para uma industrial (op. cit., p. 182-84).

294 ECONOMIA REGIONAL 295

,
\
giã~ nova d.?s Estados Unidos, foi somente devido à deficiência dos
_. c +[ II de farinha. Antes do fim do século XI X, mais da metade da produção
estava sendo exportada.
meros de transporte, deficiências essas que eram rapidamente corrigidas A história da indústria madeireira reflete uma preocupação seme-
pelos esforços coordenados dos colonizedores.! 6 ~
l
lhante com os mercados localizados fora da região. O primeiro J)mbar-
. ~ão.se trata de negar que muitos agricultores levaram uma vida de que de madeira partiu para a Califórnia em 1847 e, dur~fcorrida:E9)
s~bsl~encl.a, mas, apenas de afirmar que esse tipo de estabelecimento ~~ as exportações desse produto cre~ceram rapidame~te. A taxa de
nao tl~~a ~!!,~ortâ!:l.cia_~_~nfiguração do desenvolvimento econômico crescimento das --- eXQortações estava dlrElt.é![iJenterelac.!9.!!ª~
_______ -- - --- -r-r- --;- -;--.--. á'" o
da reg!ªº-, da mesma f~rma que o agricultor atual que produz para auto-
consumo não caractenza o desenvolvimento da agricultura contemporâ- -----
crescimento dos mercados que se podiam atmqir por vias aqu ticas
---- - -- -- _.-
(principalmente a Califórnia, a Colúmbia Britânica, e alguns mercados
.-
nea. estrangeiros). Em 1894, James J. HU',,~"~~e_ce:!,.'pa.ra. s~~:f~z?vias,
Essa afirmação pode ser brevemente ilustrada pela história econô- um frete de 40 centavos por quintal de maâeira para Mmeapolis, e a
mica d~ Pac(fico Noroeste.' 7Essa região não só nunca apresentou indústria começou a disputar os -mercados d<:>.. M..E:io_-Q~~e com a região
, economias de subsistência como também, desde o início tinha seus 's~Qu!:~a_ ~ pinho.eÇõ~es~-ráEi~.Eescl.tMriliLd_Q.SJ1lercadOs, I
ilt-ClL;?-tG?~-
----
mercados localizados muitas vezes a milhares de milhas de distância.
Antes mes~.? de sua ocupação ge~l, a Hudson Bay Company já explo-
a -indústr..!a-_':rIultiplic?_u~~üã~dime~ Nos primeros .cinco ar:os do
século XX sua produçao foi além do dobro, e a partir de entao, em ,,'
. I
,,-i I
rava na reqiao o neqócio de peles. Com o declínio do comércio de peles . cada década seguinte, a produção de abétõ=do Pacífico Noroeste não
<, /.
e a chegada .dos colonos, o trigo, a farinha e as madeiras desenvol- cessou de aumentar sua participação no mercado nacional, em detri-
veram-se ra.Pldam~nte como produtos de exportação. Seu prirr.:::im mento do pinho do Sul, A taxa de crescimento_..ct.a..r.egiãoIDIe.Jllreta-
mercado fOI a Callfórnia, na década de 1840/A corridã1:l~~~ trouxe ) mente relacionada a essas exportações_.báslça~. Entre 1860 e 1920, a
uma tremenda expa.nsão da demanda de trig-;)le madeira
e'iTegião teve
_~_mperíodo. de. rápido crescimento, baseado nesses dois prõdutOs. Em
. )
!
participação da extração da madeira e da moagem do trigo no produto
industrial da região manteve-se entre 40 e 60 por cento. Praticamente,
1868, o prlme.,ro carregamento de trigo partiu de Portland para Li- todo o restante do setor secundário (bem como o terciáriol era passivo,
ver~ool e, ~o. final dos anos setenta , o trigo macio do Pacífico Noroeste no sentido de que se destinava apenas a atender às necessidades do
havl~ adquirido um papel importante no comércio mundial de trigo, consumo local. Seu crescimento vinculava-se, portanto, à situação
~artlndo, anua~mente,. da :egiâ'o de Cabo Horn, uma frota de cargueiros. cambiante dos produtos exportáveis da região.! 9
em .1857, pa~,u o ~nmelro carregamento de farinha para o Japão e, a O trigo desempenhou um papel igualmente crucial no desenvolvi-
partir de entao, o tn~o do Pacífico Noroeste encontrou colocação nos mento da região, embora, nos fins do século XIX, as exportações agrí-
me~cado.s ~: Austrália, Havar, Oriente, Europa, Colúmbia Britânica e colas já apresentassem maior diversificação, incluindo vários outros
Callfórnia, N~s décadas seguintes à de 1850, uma percentagem cres- produtos.
cente da colheita era exportada, quer como trigo em grão ou em forma Este breve relato de desenvolvimento do Pacífico Noroeste, não
tem nenhuma semelhança com a teoria do crescimento econômico
16. Com m~ita freqüência, este esforço concentrado era dirigidO no sentido de se regional. Não encontramos aí a evolução gradual a pa_rtir da economia·
conseguir do governo o suprimento dos melhoramentos internos necessários. de subsistência. Pelo contrário, todo desenvolvimento da região depen-
17. Este breve. resumo do desenvolvimento ao Pacffico Noroeste é condensado
deu, desde o Inrcio, de sua capacidade de produzir artigos exportáveis.
de um projeto de pesquisa mais amplo que estou empreendendo presente-
mente. Uma confirmação dos dados encontrados aqui pode ser encontrado Nem mesmo é excepcional a história do Pacríico Noroeste. As peles e
em: os minérios foram os primeiros produtos tfpicos de exportação do
WATKINS, John B". Wheat exporting from the Pacific Northwest. Stete Oeste Americano. A América colonial exportava produtos como fumo,
College of Washmgton Agricultural Experiment Stetion Buli 201 Ma'
1926. • I. arroz, anil, equipamento marrtirno. barcos e pescado. Mesmo a muito \
----o The Silver Anniversary Nurnber of theCommercial Review Portland conhecida generalização histórica dos teóricos da localização, de que
a redução dos custos de transporte transforma o padrão disperso e ubí-
MEAN
Ore. Jul.l, 1915.
V JR(_,
-
E. S. History of Northwes: lumbering. Harvard University
'.
7 quo de produções em outro padrão de crescente concentração, não é 1
19 35
. Tesede Doutoramento). ,
WINNEDGE, R. W. The Pacific Northwest lumber industry and its
Uma development, ~ew Ha~n, Vale University School of Forestrv, 1923. 19. Trataremos deste assunto, na próxima seção,de maneira mais aprofundada.
18. dPartesubstancial do tngo e da farinha enviada para a Calif6rnia foi ex- limitando-nos a seusaspectosmais importantes.
porta a para a Europa.
297
ECONOMIA REGIONAL
296
. . b das na indústria
,_ iões novas, tipicamente asea "~' ;;
uma reglao. No caso de reglo ' - e as "export staples de
I
. ".....••.
válida para os Estados Unidos. Muitas regiões pior., 'ras dos Estados extratlva, os meus produtos de exportaçao
Unidos desenvolveram-se, a prlncrpio, em torno de um ou dois produ-
tos exportáveis e só diversificaram sua base de exportação depois que' íL Innis são sinônimos. "
O procedimento npico dos c lif
olonizadores das regiões pioneiras era
ntes até que se determinasse
ocorreu a redução dos custos de transportes.2oEm resumo, tanto essa - d árias culturas di ere • - d
a experimentaçao e va 2-4 de uma atividade na produçao e
"generalizaçâb dos teóricos da íccalizaçãoicomo a discussão dos estágios
~, . . ., I O sucesso , ' '
\ , iniciais feita pela teoria do desenvolvimento regional parecem ser, an-
tes, transposições inadvertidas da experiência européia, do que inferên-
f1
j
a economicamente Vlave .
artigos de exportaçao
- pode ser compreen I
.
dido pelos princlplos da teona
-
d um artigo de exportaçao re e-
fI

t cias tiradas da história econômica deste pars .. ~-r


Um ponto de partida básico para a revisão de nossas perspectivas
da localização?5 O desenvo.lvlmento, s~os reiativos da produção, inclu-
tia uma vantagem com~ar~tlva s custos de transferência de distribuição
sobre o crescimento econômico regional poderia provir dos "insights" indo custos de tr~nsferencla. 5fs do mercado exportador. _
do faiecido Harold Innis, em seus estudos sobre o crescimento da serviram para limitar a extensa~_ demanda pelo artigo de exportaçao
\ economia canadense} 1As pesquisas iniciais de Innis convenceram-no da
Do ponto de vista da reglao, a
,
'
tanto o processamen
to como os custos de "
importância crucial dos produtos primários * exportáveis, na configura- era um fator exogeno, mas, " nte as regiões novas procuraram
A • - pram Hlstorlcame , . bem-
ção das novas economias, Investigações subseqüentes sobre o desenvol- transferenc1a nao o -' mbinado para promover o seu
vimento dessas exportações primárias tiveram sempre o objetivo de reduzir esses custos, num esfor,ço com das novas regiões para conse-
esta~ econômico. Os esforços tnce:~~n;~: elo governo federal, a ajuda
tentar compreender "de que modo foi gerada a economia canadense e
guir melhoramentos internos SU~SIIa . d P federal e estadual para estra-
como ela se estruturou em uma economia operante.',22 Uma análise
estadual para construção de canais, ~ 2JU aancoradouros eram uma parte
dos produtos primários tornou-se a base da compreensão de desenvolvi- mentos em fiOSe ~
das de ferro e me Ihora
A

mento econômico daquele país. Além disso, essa abordagem forneceu ._ ara reduzir os custos de trans,eren-
do esforço contínuo de cada reglao p , _ competitiva de seus produtos
lúcidas indicações sobre as instituições sociais e pol íticas do país.
O termo "produtos primários" refere-se ao principal artigo produ-
'r}, i
era, co
m o objetivo de melhorar a poslçao
_ 26
.

zido por uma região. Tem sido geralmente usado para designar produtos de exportacao.
. 29' 161·7 Mai.
t Land economlCS" ,
da indústria extrativa. Uma vez que o meu conceito de produtos de ex- development of the basé concep .
portação de uma região pode incluir produtos de setor secundário ou 19 53 ' d

bi ho da seda nas Co 1ornas
do Sudeste é um
mesmo terciário, usarei a expressão "produtos de exportação" (ou servi- A experiência com a cultura o IC ,
24,
if ão de custoS de
ços) para me referir aos itens individuais e a expressão "Base de expor- caso famoso. ,'ente seguir a ctassí rcaça . '
Para nossos propósitos, e convem 'i -o de processamento e de distr+
tação ••23 para designar, coletivamente, os produtos de exportação de 25,
Hoover, ou seja,
, em custoS de aquisrça ,
,.-- .••.. <to buição veja: 'f ronomic ectivitv- p. 7·9, 15-115. ,
,"
I
20.) No Pacffico Noroeste, a base de exportação (particularmente
colas) somente se ampliou após o advento da ferrovia.
de bens agrí-
\ HOOVER - '
E. M. The toceuoo {l e,
Fnquanto os custos
d
e pro
ce,s,lIflentO re
flet m coeficientes fator'll1sumo e
e ,
, ' _ e distribuição dependem
f d men·
un a
I,.

* No original "staple", . de fator os custos de aqUlslçao


precos ' sf - ' '.
21. Veja em: tal~ente de custOS de tran e~e7~la'l o tentar introduzir os probl:m~s de esp~~
THE FUR trade in Canada. New Haven, Vale University Press, 1920. Isard fez um grande tra a o a 'to de insumos de distanc!a (o movi
THE COO fishery: the history of an international economv, New Haven, ço na teoria econômica, a~ravéS do conce~idade de distância). O preço de um
! Vale University Press, 1940. mento de um peso unitário sobre uma ~rte'e como no caso de i~s~m_os de
I, PROBLEMS of staple production in Canada. Toronto, University of Toronto insumo de distância é.3Jaxa de transp efeit~ de escala e de substltUlçao. Os
, Press, 1933. capital, uma redução no p~eço causa um on<iderados como um outro. fator de
II Em colaboração com: insumos de distância são Simplesmente c orte e cuja combinação ótima. com
!I LOWE R, A. R. M. Setttement and the torest and mining frontier. Toronto, produção, cujo preço é a taxa.dedtr;~~S princípiOS da substituição, veja:
McMiilan ce.. 1936.
I
I outrOS fatores pode ser determma a
I 22. MACKINTOSH, W. A. Innis on canadian economy development. Journal ISARO op. cito , ivid des de pressão de gruPOs, mas se
of Political Economy, p.188, Jun. 1953. Tais esforçoS não se limitaram as 1~~:~~5aOs Grangers e os Pop~li~as esta-
26.
Este artigo dá um excelente resumo das idéias de Innis.
23. O uso do termo "base" tornou-se popular entre os economistas I\Planejado-
res urbanos no conceito da base econômica urbana, a qual se refele às ativi-
transformaram em movimentos po I I
vam preocupadOS, principalmente,
, ' por exemplo, melhorar a ~oslça
c~~o :0
. al umas medidas econom1CôS que
trigo Americano no mercado
um mercado melhor psra
\ dades de uma comunidade metropolitana que exporta bens e serviços para
Iriam"
mundial de tngo ou prover o
rriineiro do oeste com

I outras áreas. Para um histórico do desenvolvimento do conceito, veja:


ANOREWS, Richard B. Machanics of the urban economic base: historical
a sua prata.
I

l 298
ECONOMIA REGIONAL
299 \
}
l'
A medida que as regiões cresciam em torno de uma base de ex-
portação, desenvolviam-se as'êCÕrJomiasexterfiãS) o que melhorava a po-
sição do custo competitivo 'de seu-sartigos dê exportação. O desenvol-
vimento de organizações especiallzadas de comercialização, os melhora-
mentos no' crédito e nos meios de transporte, uma força de trabalho
1 para designar uma indústria para ó mercado local que se aesenvolve on-
de reside a população consumidora. Para determinar a área de mercado
de cada indústria demaneira mais precisa do que se pode fazer por uma
classificação a priori, emprega-se o "quociente de localização" desenvol-
vido por Hildebrand e Mace.30 O quociente de localização compara a
concentração de emprego de uma determinada indústria em uma área (a ~~
treinada e indústrias complementares, foram orientados para a base de economia objeto que, para os nossos propósitos, é a região) com outra
n
0; f'
exportação. área (a economia de referência, que para os nossos propósitos é a na- ti' ~::--:/ .
, O esforço conjunto para melhorar a tecnologia da produção foi i-
gualmente importante. As fazendas-modelo, as universidades estaduais e _~
ção).
"Formalmente, o quociente de localização é o equivalente de uma
.»:
~ r,
c->:
f>utros grupos locais de peS<lU!5ajsetornaram serviços auxiliares para as fração, cujo numerador é o emprego em uma dada indústria da econo- j-'J !
indústrias de exportação, e-empreenderam pesquisas em melhoramentos mia-objeto, relativo ao emprego total da economia-objeto e cujo deno- j
j
tecnológicos para agriculturà, mineração e qualquer manufatura que a- minador é o emprego em uma dada indústria da economia de referência,
branqe a base exportadora da região. relativo ao emprego total da economia de referência. A priori, a locali- I!
O propósito desse esforço conjunto é de melhor capacitar a re- zação de 1,00 não significa que a especialização relativa da economia-
gião para competir com outras regiões ou com países estrangeiros. Em objeto, seja maior do que a da economia de referência, em relação à u- I
. ~giões novas; altamente dependentes da indústria extrativa, 'essas eco- ma determinada indústria. Em cada indústria, os valores que estejam I
nomias externas e desenvolvimentos tecnológicos tendem mais que neu- muito abaixo de 1,00 indicam uma especialização relativa muito maior
1
tralizar os rendimentos decrescentes do produto primário? 7 Comore-
'suliàdõ,-esses esforços tendem à reforçaf~a' dePênéiê';-d~ da região de
seus atuais J?~O~utos.~\pjdos ãõ- invés d~proinover mudanças"nabase
na economia de referência. Se estiverem bem acima de 1,00, esses valo-
res indicam especialização relativa muito maior na economia-objeto". 3 1 I
.o releasel.
exportadora. Essa tendência conservadora é posteriormente reforçada Mais tarde o conceito foi empregado em:
pelo papel do capital. O capital é comumente importado para novas VINING, Rutledge. Location of industry and regional patterns of business
regiões na fase do desenvolvimento das atividades exportadoras de cvcle behavior. Econometrica, 14: 37-68, jan, 1946.
30. HILDEBRAND, George & MACE JR., Arthur. The employment multiplier
produtos primários. Na verdade, até que desenvolva renda suficiente
in an expanding industrial market, Los Angeles Country, 1940-47.
para suprir uma parte substancial de seu próprio capital de investimen- Review of Economics and Stetistics, 32: 341-9, ago. 1950.
to, uma região tem de contar com fontes externas. Supridores externos P. Sargent Florence desenvolveu o conceito de um coeficiente de loca-
de capital tendem a investir principalmente nas atividades de exporta- lização. Primeiramente, computou um "fator locacional" para cada indústria,
ção existentes do que em empresas novas, não testadas.f 8 calculando a razão entre a porcentagem do emprego de uma indústria de uma
determinada região e esta mesma porcentagem para toda a nação. Se todas as
indústrias fossem distribuídas igualmente entre as regiões, o fator locacional
IV .' I. seria a unidade. "O coeficiente de localização para uma determinada indús-
tria é obtido calculando-se o desvio médio ~nderado ~m relação à unidade
Esta seção vai tratar da maneira pela qual as regiões crescem. En- dos fatores de localização para tódãs ãs regiÕes:-sendo que o peso para a re-
gião local é a proporção do emprego nacional total encontrado nesta região.
tretanto, em primeiro lugar, devemos explorar o significado da base de
Esta medida, dividida por dois, varia entre zero e um.
exportação ao moldar todo o caráter da economia de uma região. VINING, op. cit., p. 4{)-51,
De início, as indústrias de exportação devem ser claramente dis- Uma distribuição geográfica completamente homogênea daria um coeficien-
tinguidas das "indústrias residenciais '', 2 9 O termo ';residencial" é usado te de zero, enquanto a crescente concentração de indústrias numa região da-
ria um coeficiente próximo a um. Embora este método tenha alguma dife-
27. No caso da mineração, este argumento provavelmente não se sustentaria. rença com relação ao de Hildebrand e Mace, o resultado é o mesmo. ~

.'
28. Este tipo de capital vem freqüentemente em ondas, juntamente com (ou 31. HILDEBRAND & MACE JR., op. cit., p. 243.
em antecipação a] reduções substanciais nos custos ou aumentos na procura. No seu estudo do rnunicfpio de Los Ange1es. essesautores variaram as eco-
Em conseqüência, o crescimento das regiões tende a ser desigual. Toda esta nomias objeto e de referência. Usando os Estados Unidos como economia de
questão do crescimento das regiões é tratado com maiores detalhes na Seção referência; usaram sucessivamente os doze estados ocidentais, os onze muni-
V. cípios da Califórnia Meridional e os municfpios de Los Angeles como econo-
29. O termo "indústria residencial" 1\1_ T, - no original "residentiary mcustrv") mias objeto. Depois. tomando os onze estados ocidentais como economias
foi usado pela primeira vez por: de referência. usaram os municípios da Califórnia Mel idional e de Los Angeles
FLORENCE, P. Sargent. National resources planmng board. (mimeographed

ECONOMIA REGIONAL 301


300
I
Portanto, as indústrias que produzem para exportação apresenta- dades-renda dos produtos pnrnarros de exportação. É claro que as re-
rão valores muito acima de 1,00.32
f
Estamos, agora, em uma melhor posição para examinarmos o pa- t1 giões que se especializam em poucos produtos com altas elasticidades-
renda sentirão flutuacões mais violentas na. enda do que as regiões mais
pel da base de exportação na conformação da economia da região. diversificadas.r'" .
Certamente, a base de exportação desempenha um papel vital na Quando nos voltamos para o papel das exportações na formação
determinacão do nível de renda absoluta e "per cepite" de uma região. ~ do padrão de urbanização e centros nodais,37 ingressamos em um cam-
Embora o' rendimento dos fatores de produção33 nas indústrias de ex- po que tem sido mais profundamente explorado por teóricos da loeali-
portação indique a importância direta dessas indústrias para o bem-estar zação e geógrafos.3 8 Novamente, entretanto, o trabalho pioneiro foi
da região, é o efeito indireto que é mais importante] Uma vez que a in- feito por teóricos da localização, alemães, que desenvolveram as impli-
dústria local depende, inteiramente, da demanda da própria região, ela cações de cada estágio do crescimento econômico, com o intuito de a-
tem se mostrado historicamente dependente do destino da base de ex- branger o padrão lógico de urbanização que se seguiria.39 Uma vez que
portação.f " A análise de Vining indica que o emprego em uma indústria esses estágios não se adaptam ao desenvolvimento americano, o padrão
local tende a manter uma relação direta com o emprego nas indústrias de urbanização dos Estados Unidos difere igualmente, em muitos aspec-
de exportação. A média de emprego na indústria IOCâI em cada estado tos, dos modelos alemães. Entretanto, está além do âmbito desse artiqo
foi de aproximadamente 55% do emprego total.35 explorar todo o problema da urbanização e da base de ;:xportação. Po-
Os produtos primários de exportação desempenham papel igual-· demos notar, ao examinar as observações de August l.osch, que em á-
mente vital na sensibil idade cíel ica da região; através deles as mudanças reas como lowa, mesmo com uma melhor distribuição da produção de
do nível de renda de outras regiões se fazem sentir na economia-objeto. ; , produtos primários agrícolas para exportação, as distâncias entre as ci-
Além disso, a sensibilidade da região às flutuações depende das elastici- dades aumentam com. o seu tamanho.40 Em contraste, as cidades dos
distritos carvoeiros ingleses distam igualmente uma da outra, indepen-
como economias objeto e, finalmente usaram os municípios de Los Angeles dentemente do tamanho."!
em reiação à Califórnia Meridional. Como resultado, conseguiram delimitar
Enquanto a discussão da distribuição espacial das áreas urbanas
precisamente a extensão do mercado para cada produto de exportação (em-
bora as exportações para fora do país aumentassem o quociente de localiza- nos levaria muito longe, o papel da base de exportação na formação do
ção, naturalmente, não seriam isoladas por esta técnica. crescimento dos centros nodais merece alguma atenção. Os nódulos
32. Hildebrand e Mace levaram em conta algumas diferenças nas funções de de- crescem por causa de vantagens locacionais especiais, as quais diminu-
manda, o que poderia fazer com que algumas atividades residenciais apare-
cessem com um quociente de localização acima de 1,00. Eles chegaram a 36. Para outras discussões sobre esse assunto, veja: VI N ING, op, cito
conclusão que 1,508 era o limite em seu estudo (íbíd., p. 246). 37. O conceito de nódulos tem sido exaustivamente tratado pelos geógrafos. O
\ Este quociente de localização não é muito apropriado para a agricultu- termo refere-se a lugares que têm vantagens de transferências estratéqicasern
I ra. Nesse caso, usei um coeficiente de especialização, no qual o numerador é ~ção~tos de aquisição e dist~ibuiçã~ e, .PD.rtanto, torn~m-se(~s
') o volume físico da produção da região em relação ao volume físico da produ- !:te~!:.essamenw~ Tais pontos vantajosos sao limitados em numer?, e ten-
ção de bens agrícolas em toda a nação. O denominador é o valor absoluto da dem a se desenvolver em grandes áreas metropolitanas. Para outras discussões
nação. Embora tal coeficiente apresente algurr.as limitações óbvias e deva ser de nódulos, veja:
usado com cuidado, é mais ajustável aos dados disponíveis do que o quocien- HOOVER, E. M. The location of economic ectivitv, p.119-30.
te de localização. -> 38. Veja em:
33. Obviamente, a distribuição da renda não monetária entre residentes da re- !SARO, Walter. Current development in regional analysis. Welt'oIVirtshaftliches
gião ou de fora dela é importante. Trataremos disso na seção seguinte. Archiv, 69: 81-91, set. 1952.
34. Esta afirmação carece de maior conteúdo e exige que se lhe façam cautelosas Uma síntese dos recentes desenvolvimentos nesta área.
ressalvas. Este artigo preocupa-se, basicamente, com o desenvolvimento his- 39. Encontramos uma excelente síntese da contribuição alemã em:
tórico da economia AmeriCãna e, neste caso, a afirmaç§o não exige maiores IS.\RO, Walter. The general theory of location and space economy. Quarterly
restriçôes. OS~ce3So -d1Is-r:eglões-tem estado intimamente ligado à sua base Journal of Economics, 63: 476-506, novo 1949
de exportação. Entretanto, é admissível que uma região com um grande in- 40. LOSCH, op. cit., p. 75.
fluxo de população e capital, possa simplesroente "alimentar-se de si mesma" Neste artigo Losch desenvolve um interessante modelo teórico de localização
e, dessa forma, contribuir com uma parcela substancial para o seu próprio espacial.
crescimento. Mais ainda, nas regiões "maduras", mais velhas, a atividade eco- 41. Ibid., p. 75. . _

·i
nômica pode tornar-se tão diversificáda que torne a base de exportação me- Encontramos uma síntese do desenvolvimento dos conceitos de orqaruzaçao
nos significativa. Esta questão será tratada ria próxima seçâo. espacial em:
35. VINING, op. cit., p.49. ISARO, Walter. Distance ,nr~ts and the space econornv. op. cito
l
I!
302
, .
303
ECONOMIA REGIONAL
\

~
!
em os custos de transferência e processamento dos artigos de exporta- 1
ção. Os centros nodais se tornam centros comerciais, através dos quai; industrial é &sconhecida em uma região agrícola:t3 Se essas afirmações
as exportações saem da re~ião e as importações entram, para a distribui- forem corretas, então as imphcaçoes de nossa ãnálise são claras. Em al-
ção em toda a área. Nest~s-IJ~á'fds' aqui se desenvolvem meios especiais guma éPoca~as regiões devem se transformar, de uma base extrativa, em
para implementar a produção e a distribuição dos produtos primários. uma base e portadora industrial, e essa transformação estará cheia de
As indústrias subsidiárias para servir à indústria de exportação, bem dificuldades., Entretantó, tanto a alegação de que as regiões devem se in-
como os bancos especializados, os serviços de corretagem, os atacadis- dustrializar para poder continuar a crescer, assim como a alegação de
tas, e outros negócios, se concentram nesses centros e atuam para que o desenvolvimento das indústrias secundária e terciária é, de certa
melhorar a posição de custo do artigo de exportação.42 forma, difícil de se alcançar, baseiam-se em algumas incompreensões
O caráter da força de trabalho será fundamentalmente influencia- fundamentais. -
do pelas indústrias de exportação. Os tipos de especialização exigidas, a ..-/" A importância da industrialização fundamenta-se na noção de
periodicidade e estabilidade do emprego e as condições de trabalho I que, com o aumento da população e a diminuição dos rendimentos da

l
moldarão as atitudes sociais da força de trabalho. indústria
extrativa, a mudança para a manufatura é o único modo de
Como já dissemos, as atitudes pol íticas da região serão grande- manter o crescimento sustentado (medido em termos do aumento da

I

mente dirigidas no sentido de melhorar a posição de sua base de expor-
tação. A extensão dessa atividade é de tal forma conhecida historica-
renda per cap~ta). Esse argu~ento foi reforçado por evidências tais co-
mo a conclusao do Dr. LoUls Bean, ao correlacionar a renda per capita r 'VI
com a percentagem da forca de trabalho engajada nas ccunacões.ntimá- ----'!l
.f\

mente e tão óbvia no cenário pol ítico americano contemporâneo que


dispensa maiores considerações. ~ ri~ndª-ria e terciár.ia~p.QLe.slados,_parjl_193.~ Os_dados de Bean í b ' \ r .:

pret~erD..Jiemons1raQYJLo aumento da industrializa~oconduz ao f·e'·

v aU~~I119_da renda per capit~-:; ~hega a~ ponto de dize~-q~e ,,~~ ~~- .


mento de lri%.nQ.pro.gres~Q i;:;dlj~t;:i~I_~ºJ~ste.!! -n~ul
..~- àpã~ni~.I~~nte
Examinamos, nas seções anteriores desse artigo,~~ significado da tende a_au~e"-tar de $100 .~J~J50(preç9s_deJ9_39~percé!Pita, e bem
.base de exportação para a economia de uma região. Tentei indicar o pa- mais nos estadõSoaáeiítais".iJ5 Na verdade, as estatísticas deBeannão
pel básico que as exportações desempenharam historicamente mas ain- provam isso, e as implicações para a política de tais generalizações po-
da não toquei no problema crrtico.das causas do crescimento de uma re- dem ser confusas e perigosas.
gião. evidente que esse cre'Scirnento está intimamente vinculado ao su-
É
Em primeiro lugar, podemos observar. que sua correlação não é
cesso de suas exportações, e pode ocorrer como resultado da melhoria muito expressiva. Existiam onze estados, nos quais a percentagem da
da posição das exportações existentes, relativamente às áreas competiti- força de trabalho nas ocupações primárias estava acima da média nacio-
vas, ou como resultado do desenvolvimento de novos produtos de ex- nal, cuja renda per capita também excedia à média nacional, ou estava
bem perto da média de modo que as variações anuais podiam colocá-Ia
portação. Entretanto, chegamos a uma questão importante, que deve
de um lado ou de outro. Na verdade, se tivesse sido feita para os anos
ser examinada de início: a região precisa ou não se industrializar, se qui-
pós-guerra, a correlação teria sido substancialmente diferente.46
ser continuar a crescer. Tal necessidade tem sido o princípio básico da
Além disso, os dados de renda monetária subestimam significa-
teoria do crescimento econômico regional. Além disso, tem-se conside-
mente a renda real do fazendeiro,4 7 por causa da grande variedade de
rado a industrialização como um estágio difícil de se alcançar e, por is-
so, como fonte de problemas de regiões estagnadas. Hoover e Fischer
43. Op. cit., p. 182. Hoover e Fischer continuam assinalando que "outras dificul-
mostraram três fatores que tornam difícil essa transição: (1) a necessida-
dades surgem do fato de que quando uma região não industrial atinge um
de de meios de transporte grandemente melhorados, o que necessita de certo limite de crescimento é provável que retroceda ou entre em decadên-
inyesti~apltarêm grande escala; (2) ã necessidade" di-intenslfi- cia". libid., p. 1841.
~ação d~ã~ ge~wáfi~a do trabalho; (3) o fato de qüe""atecnoloqia 44. STUDIES in income and wealth, VIII. New York, National Bureau of
Economic Research, 1946, p.128-9.
42. Estas facilidades especializad~s -proPici~m o aparecimento de ou:ra~ e-;;;;;;;;~
45. Ibid., p.137.
mi~s, alé~ das economias gerais das concentrações urbanas, que resultam de 46. Verem:
co~sas tais como proteção policial e ao fogo, taxas de serviços públicos mais STATE income payments in 1950. Survey of Current Business, p.18, Ago.
baixas e uma força de trabalho especializada. Outras discussões sobre esses 1951-
aspectos da concentração urbana. veja em:
OHLlN, op. cit., p. 203-4.
47. Existe também a evidência de que as rendas monetárias são desproporcional-
mente subestimadas.
t
304
I j
I,

ECONOMIA REGIONAL 305 I


4
parte da base de exportação.
bens e serviços produzidos na fazenda, que requerem pagamento à vista
2 - Atividades de' serviço para a indústria de exportação; por e-
na cidade.4R
Entretanto, a fonte real do erro foi a má interpretação da nature·
r xemplo, fundições e fábricas de ferramentas para máquinas, implemen-
tos aqrfcolas especializados, e equipamentos para corte e transporte de
za da economia. Um estado cuia base de exportação consiste principal-
mente, de produtos agrícolas pode ter uma porcentagem baixa de sua toros de madeira.
3 - Indústria local que produz para o consumo local.
força de trabalho na atividade primária e uma alta porcentagem, nas o-
4 - Indústrias sem raizes, em que os custos de transferência não
cupações terciárias e ainda ser basicamente dependente da aqricultu-
são de grande importância para sua localização. Uma grande parte des-
ra. em razão da alta renda per capita que esta possui. São os produtos
sas indústrias se desenvolve simplesmente ao acaso em uma localida-
agrícolas de exportação que fornecem a alta renda que permite ao esta-
de.52
do sustentar um alto nível de serviços. Num~aso como esse as ativida-
Enquanto as indústrias sem raízes se desenvolvem tipicamel'!.~-ªo
des secundárias e terciárias são "Iocais":;; somente podem sobreviver
acaso, õs outros tipos deativTaaaeserundária sed'esenvõlVem por causa
em razão do sucesso da base de exportação. Em resumo, nesta situação,
das vantagens locacionais de uma sociedade receptiva aos estímulos da
'-o
uma variação percentual do emprego do setor primário para os sejores maximização do lucro. Não existe dificuldade para o desenvolvimento
r
I

secundário e-fe'rciáiTo-nãoretrete,-necessariamente, um~rl]udança da de- de tais indústrias. As dificuldades surgem quando se procu~~ dese~~ol-
I
pendência da agricultura p.?rãdepen&nciã da' manufatura e se~Ç..o.s. .Ao ver, em uma região,ir1dústrias'qüe Sejam simplesmente inadequadas p_a-
contrário, pode significar o simp!E!s-fato-de qO~OsfãZendeiros estão re-
cebendo altas rendas por suas culturas agrícolas e, assim, compram mais l raaarea-ê-que,-além-disso,
~estufa. 53 '
podem ser rnantidas apenas sob condições de

bens e serviços das indústrias locais. I _. ,- Pode-se avançar nestas idéias argumentando que os tipos de indús-
Isso nos conduz ao problema relacionado da dificuldade de indus-
trialização. A implicação do parágrafo precedente é que uma quantidade r tria acima descrito não constituem industrialização. Quanto e que tipo
de indústrias secundárias precisa possuir uma região para ser chamada
substancial de indústria secundária do tipo local se desenvolverá auto- de "industrializada"? Pela classificação do censo de 1950, o estado de
maticamente, como resultad-;;' das altas rendas recebidas dos produtos Oregon tinha quase 24% da sua força de trabalho na manufatura, o que
de exportação. Nem é esse o único tipo de manufatura que se espera de- estava apenas ligeiramente abaixo da média dos Estados Unidos (25,9%)
senvolver. Podemos distinguir quatro tipos diferentes de manufaturas a e excedia a média dos Estados Unidos em bens duráveis (16,7% compa-
serem desenv')lvidas.49, rada com a média nacional de 13,8%). Estava bem à frente dos estados ,j
'I'
1 - Indústrias orientadas para as matérias-primas que, em razão vizinhos de Washington e Califórnia, apesar do fato de que esses dois es- I

das acentuadasvantaqens de transferência do produto manufaturado so- tados tinham uma variedade de indústrias manufatureiras, ao contrário
bre a matéria bruta, se localizem junto à fonte desta última. Entre as in- da dependência especializada de Oregon da indústria Douglas de madei-
dústrias dessa categoria estão a refinação de açúcar de beterraba, moa- ras de pinho. Esse estado é industrializado? Implícito no conceito, pare-
gem de farinhaso e rnadeireira'' 1. Tais indústrias podem atingir estágios
posteriores de integração vertical, até que as vantagens dos custos de 52. Para outras discussões sobre essas indústrias ver:
transferência se tornem igualizadas. Essas indústrias são, tipicamente, NATIONAL RESOURCES COMMITTEE. The structure of the emericea
economy; basic characteristics. Washington, Government Printing
48. Verem: office, 1939. p.36. parto I.
REID, Margaret. Distribution of non-rnonev income. In: ----o Studies in 53. Isto não significa que não haja lugar para uma polttica pública apropriada ca-
income and wealth. New York, National Bureau of Economic Research, paz de criar beneHcios sociais gerais que tornem factfveis a!gumas indústria s.
1951. Não posso fazer nada melhor aqui do que citar Viner: "~a·
Ver também em: gens inerentes da indústria sobre a agricultura ou da agricultura sobre a in·
VINER, Jacob. Internacional trade and economic development. Glencoe, austna. Só de maneira arbitrá~a ~~ia traçar uma linha separando as
Free, Press, 1952. p.63·73. duas. A eSêõTlla entre .expan;:§O ri; aoriclllti;ra e das manufatllf1U..l?Qde, i'iã'

49.
O professor Viner faz algumas crfticas severas ao arqurnento de Bean.
Esta classificação é semelhante à de: .
l
I
;ru;ioria das vezel, ~ deixada~a a livr .l!.ecisâ'o ~s capital~~a.s._empresá.
rios e trabalhadores. Na medida em que haja a necessidade de decisões.çover-
I
COHN JR., E. J. tndustry in the Pacific Northwest and the tocetion theory. ilaiTIéiliãIs;estãs devem ser tomadas em bases..raci01Jij~oruide!:a-

50.
New York, Columbia University Press, 1954. p.42·4.
Entretanto, as prerrogativas da moagem em trânsito podem modificar esta
orientação para as matérias primas.
t coes de custos e rendimentos comparativos de aloçaçÕes_alternati'lílU.ru
recuISO.L/l-ªcionais escassos. ou seja, recursos.humanas..a.materiais':-lop.
P.72 I. -
cit.,

51. FLORENCE. op. cito capo VI.

ECONOMIA REGIONAL 307


306
1
I
.1
_U'.yU-.f •..•.•.•.••••.•...•
_~. __ ...•..., .~_. _ ... - ~ - ...•. - _. i' • •

Uma razão,-. hlstoricamente importante, do crescimento de novas ex-


ce estar a noção de que a industrialização está ligada, de alguma forma, portações foi o -rnaior desenvo~vl!n~_nto dos transpGrtes (em contraste
com o aço e as indústrias de bens de capital. Entretanto, historicamen- com simples melhoramentos que visam à redução de custos de transpor-
te, a vantagem locacional do carvão e do minério de ferro, moldou o de- _ te, o que pode reforçar a dependência dos produtos de exportação
seri~olvimento dos centros produtores de aço, o que, por sua vez, atraiu "l; existentes). Freqüentemente, tais desenvolvimentos têm permitido a
e concentrou a indústria pesada.~S4 Embora as influências locacionais da competição de uma região com outras, na produção de bens que eram,
indústria do aço venham sendo significativamente alteradas na última anteriormente, economicamente impraticáveis, por causa dos altos
metade do século com a importância crescente da sucata e a mudança custos de transferência.63 O crescimento da renda e da demanda
na composição dos insumos,s 5 são bastante limitadas as áreas susce- ---- em outras regiões,64 além dos progressos tecnológicos,65 também fo-
tíveis de desenvolvimento de uma eficiente produção de aço em gran- ram importantes. A_ participação do governo estadual e federal na
de escala,S 6 e, portanto, da indústria de bens de capital. Um concei- criação de benefícios sociais básicos resultou em novos produtos de
to de industrialização mais útil para os nossos propósitos é o de uma exportação em muitas regiões,66 e a importância da guerra na promo-
região, cuja base de exportação consiste, principalmente, de bens de
consumo finais e/ou bens manufaturados intermediários. .
1 ção de indústrias que podem continuar suas atividades, ou deixar um
resíduo de investimento de capital para a utilização em época de paz,
Neste ponto, podemos resumir o argumento da seguinte manei- também foram importantes.
ra: (1) Não exi~azã~RQr~ue todas as regiões devam se indústria- Uma região pode se expandir como resultado do crescimento da
lizar para -:-continuar a crescer.· CtlUma grande quantidade de indús- I »t: (?
demanda de seus bens de exportação existentes, seja devido a um au-
, tria secundária (e- terciárlal se desenvolverá automaticamente, seja por ~ mento da renda na área de mercado, ou a uma mudança dos gostos.
causa das vantagens locacionais da indústria orientada para as maté- Da mesma forma, um melhoramento na posição de custo de preces-
rias-primas, seja como um reflexo passivo do crescimento da renda I. samento, ou de transferência, dos produtos de exportação da região
I

da região, resultante do sucesso de seus produtos de exportação. (3) O em relação a regiões competidoras, promoverá o desenvolvimento.
conceito de industrializaç[º-~~~<:lnceito ambí~~..-9..l!e_l:!!"ecisa__Cfe Historicamente, em uma região jovem, a criação de um novo
maior elucidação se se deseja sua utilização. produto de exportação, ou a expansão de um já existente, tem res~l-
--Visto q-ue o crescimento de uma regiãà está vinculado ao sucesso tado no influxo de investimento de capital na indústria de exportaçao
de sua base de exportação, devemos examinar com mais detalhes as e em todos os tipos de atividades passivas de apoio descritas acima.
razões do crescimento, declínio ..e-1Tiüaança-aã base de exportaçãos Meier descreveu esse processo, focalizando a economia canadense,
Obviamente, o decl ínio de um produto de e~Portação- de~e Ser acom- primeira década do século XX, quando a crescente demanda mundial
panhado pelo crescimento de outros, ou então, a região ficará "enca- de trigo não apenas permitiu uma expansão de armazéns, transporte,
1 lhada"." 7Entre as razões principais58 para o -decl ínio de um produ- utilidades públicas e construção nas províncias Prairie, mas também,
to de exportação, estão as mudanças na demanda exterior à região,5 9 através do crescimento da renda, aumentou a demanda de produtos
a exaustão de um recurso natural."? os custos crescentes de terra secundários e, dessa forma, induziu investimentos em muitas outras in-
ou trabalho, em relação aos de uma região competidora.P ' e as rnu- dústrias.67 Conseqüentemente, o crescimento de uma região será, pro-

62. Assim como o caso do aço acima citado.


54. FLORENCE, op, cit., p.162.
63. Toda a história do desenvolvimento dos canais e ferrovias contém inúmeras
55. ISARO, Walter. Some location factors in the iron and steel industry since ilustrações de tais desenvolvimentos. Ver, em:
the early nineteenth century. Journal of Political Economv, 56: 213-'17, ISARO, op. cito p. 90-112.
1948. O crescimento da demanda de trigo na Inglaterra e no continente Europeu
64.
56. A grande utilização de sucata torna possivel a produção de aço, em pequena na última metade do século XIX é um exemplo famoso.
escala, como indústria residencial, nos lugares em que o mercado' local atinge
um certo tamanho. /
,(
65. O desenvolvimento da indústria de petróleo é uma ilustração t/piea.
66. O desenvolvimento da energia hidroelétrica no Pacífico Noroeste e o resul-
57. A região desmatada na área dos Grandes Lagos é um exemplo. tante desenvolvimento da indústria de alumínio é um exemplo. .
58. Para outras discussões acerca da movimentação das indústrias ver:
FLORENCE, op, cit., p.92-104.
f \;, 67. MEIE R, G. M. Economic development and the transfer mechanism. Canadlan
Journal of Economics and Political Science, 19: 1-19, fev. 1953.
59. Assim como o declinio na procura de chapéus de castor que afetou o comér- M. C. Oaly tentou fazer um multiplicador geográfico entre indúst~ias "~oca'

60.
cio de peles.
Exemplificada pela indústria de madeira dos Grandes Lagos.
} 1 lizadas", e "não-Ioealizadas", usando dados para a Inglaterra relattvos a dé-

61. O exemplo mais famoso é o declinio da indústria têxtil da Nova Inglaterra.


309
ECONOMIA REGIONAL

308
vavelmente, 'desigual, sobrevindo em surtos de maiores investimentos, teoria do crescimento econormco regional, à luz do desenvolvimento
\ ao invés de se proceder em ritmo uniforme. histórico das regiões dos Estados Unidos e de adiantar algumas propo-
t O aumento de investimento em capital na indústria de exporta-
çá"o se destinará à obtenção do tamanho ótimo da empresa, ao aumen-
sições que podem levar a uma nova teoria do crescimento econômico
regional.
to da mecanização dos processos e ao desenvolvimento posterior de Argumentou-se que os estágios traçados na teoria do crescimento
serviços especializados para exportação. A fonte de capital desempe- econômico regional têm pouca relação com o tipo de desenvolvimento
nhará um papel importante no crescimento da região. Comumente, o americano, e, mais especificamente, não focaiizam os eiementos cruciais
capital investido nas regiões jovens, vem de fofã)Os lucros (e algumas que nos permitem entender esse crescimento. Além disso, a teoria
outras rendas que não salários) saem da região. Na medida em que a tradicional tem implicações normativas que podem ser fundamental-
base de exportação se torna lucrativa, uma parte dessa renda é rein- mente errôneas.
vestida na sua expansão. O primeiro estágio de subsistência foi relativamente sem impor-
Com o crescimento da população e da renda, as poupanças tância e, se realmente existiu, foi mais porque faltaram os meios de
locais aumentam.' Tanto estas como o capital reinvestido podem fluir transporte do que por causa de uma não orientação para o mercado.
para as indústrias de exportação apenas até certo ponto, e depois o Na Europa, uma economia de subsistência ou de uma pequena po-
capital acumulado tenderá a fluir para outras atividades. Como foi voação, com mercados locais, figurou, durante séculos, como parte
descrito acima, uma parte irá para a indústria local e para as indústrias de sua estrutura social e econômica. Na América, a subsistência exis-
. subsidiárias da exportação; mas também pode ocorrer que outras par- tiu apenas como uma condição de fronteira, que deveria ser superada
tes desse capital se dirijam para as indústrias "sem raizes", que podem assim que os meios de transporte pudessem ser eonstrurdos.
:omeçar a servir apenas à região, mas que podem se expandir de modo a O segundo estágio da teoria se baseia em uma ampliação gradual
se tornarem indústrias de exportação. da área de mercado com melhores condições de transporte, e no desen-
Nesse ponto a região não é mais jovem. Os benefícios sociais volvimento de um secundo estrato para servir ao estrato agrícola básico.
básicos, criados através da pressão política ou como parte do padrão Longe de se movimentar através de uma tal progressão gradual, as
de desenvolvimento urbano, o desenvolvimento de uma força de tra- regiões americanas, tão logo o permitiram os meios de transporte,
balho treinada e o capital local tornam muito fácil o desenvolvimento desenvolveram, muitas vezes, bens de exportação para mercados situa-
de novas exportações. Quer sejam essas indústrias originalmente locais dos à milhares de milhas de distância. Os primeiros centros das cidades
e, pela superação gradual das desvantagens do custo de transferência, se localizavam de forma a não apenas servir o estado agrícola como
í
venham a se tornar indústrias de exportação, ou quer sejam original- também para implementar a exportação dos produtos básicos da I
mente indústrias sem raízes, não significativamente afetadas pelos cus- região. A prosperidade da região dependia do seu sucesso na competi-
tos de transferência, o resultado deverá ser a \â~pliaçã~ ''da base de
exportação. À medida que essa região amadureça, a base primária se
torna menos distinguível, pois sua produção será muito variada.
ção com outras áreas produtoras dos mesmos produtos de exportação
básicos. Dessa forma, os esforços políticos e econômicos da região se
orientavam para a, redução dos custos de processamento e transferên-
!
ti:
Portanto, podemos esperar que as diferenças entre as regiões
sejam menos marcantes, que a indústria secundária se torne mais
cia. A luta por melhoramentos internos no oeste, a pressão agrª-.ria pe-
la inflação epelo CreDito mais baratO::ELaçimparl"'ha pela cunhagemli-
I~
igualizada e, certamente, em termos econômicos, que o regionalismo vre. da eratasignifícã'raf!í:-tu~dam~ntalmente, rnovimentor econÔm~s.
tenda a desaparecer. Seus objetivos -incluíam o aumento da oferta de capital, a eliminação
da discriminação real ou. velada de transporte, a redução das taxas de
VI juros, e o melhoramento do mercado da prata, embora muitos desses
movimentos, também pudessem estar relacionados com a justiça social.
~ propósito deste artigo reexaminar a teoria da localização e a --~ O terceiro estágio do crescimento regional tem sido descrito
como a mudança gradual do cultivo extensivo para o intensivo. Embora
cada 1921-3" seja verdadeiro o fato de que os crescentes valores da terra promoveram
DAL Y, M. C. Anapproximation to a geographic multiplier. Economic tal mudança, existem muitas outras razões que explicam uma mudan-
Journal. 50: 248-58, jun./set., 1940.
Ver também:
ça na base de exportação. Os novos meiosde lL<Ll1JipQ!1e._IDLvar~
HILDEBRAND & MACE ,JR.,op. cito da º~fI.1an~'1. os novos deseri~olvi~~~t~~ t~~nológicos, a mudança nas

310 ECONOMIA REGIONAL 311


relações de custos em confronto com outras regiões compendoras; os
subsídios do governo para benefícios sociais básicos, e a guerra, foram A base de exportação também influenciou signifi~tivamente 0_ tipo
todos importantes. da indústria subsidiária, a distribuição da pop~laçao e ~ .padrao .d~
t' A mudança de uma base agrícola para uma base industrial é !;Qn- banização o tipo da força de trabalho, as atitudes SOCiaise polfti-
,v-",I"'> .ú' siderado ()P~IS50 mais ,difícil, mas indispensáv~~-crescimento ~:s -da regiã~ e sua sensibilidade a flutuações da renda e do e~pr~o.
#' r 6. eoooo1Tlico-suslentado.lO argu~~nto principal desse artigo é o deque
4 _ Numa região jovem a dependência dos produtos ~~Imános
:J<.-? J\T tal passo poae nao ser necessarlo nem dese ave!, e que a evIdência l é reforçada pelos esforços conjuntos dos habitante~ d~ reqiao, para
. ...~;
;( r'
1 comumente desenvolvida para a oiar esse argumento na a rova
.sgntid~. ,,:!ão há nada que impeça que a popu ação e a ren~ita
reduzir os custos de processamento e de transferencla, atraves da
pesq
uisa tecnológica dos subsídios dos governos estadual e federal
, . 'd" .
para melhoramentos sociais básicos, assim ~.?mo atrav~s da .ten encia
II
I

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,,-!'\ '"'o

~.
cresçam em uma região cuja base de exportação seja agrícola Além.dis-
50 ão é difícil desenvolver a i dária e terciária em
Na verda_de, elas se dese~volverão ~~tomatlcamente, muitas
dos fornecedores de capital de fora da reg~~~!}Yest~~~~se
primári~] , '. - . .__
, ' 5 _ Por causa das vantagens locaclonals, algumas regloes desen
-:r:,.- vezes em extensao tal que a análise da reqiao, em termos da distri-
) buição do emprego, nos levará à conclusão de que ela é uma região in- volveram uma base de exportação de produto~ manufaturados, mas
- é um estágio necessário para o crescimento sustentado de
dustrial/ esse nao . " d' .
Têm-se, comumente, caracterizado o estáqio final como o de todas as regiões. ~e qu~de das mdustr!?LS~_cU.11i
~na.e
economia regional madura, exportadora de capital e de técnicas e ser- terciária resultará do sucesso----aa~~~c: 9~_~~çã()·. ~ssa_ mdustna
viços especializados para regiões menos desenvolvidas. Embora isso loCal-com toda probabilidade, irá dar condiçoes a amphaçao da base
possa ser verdade para algumas regiões, não significa um estágio fi- de e~portação, à medida que se desenvolve ~ região: .
6 _ O crescimento das regiões tem Sido deSigual. Um deterrruna-
nal para todas. Com _tQº-La certeza, pode-se presumir que algum tipo
ctEL!ela~o equ~ibrado!a ~enha a surgir entre as-regiões, a me~~ do aumento da demanda dos produtos de exportação da região (ou u:.na
.os custosae transferência se tornem men-orsignifícatiitos-é os dite, redução significativa dos custos de processan::nto o.u de .transferen-
renciaisde rendaTendãrTíaser;pi;;in~~era-íTíobjHaade dos fatores a cia) tem dado origem a efeitos múltiplos na reqiao, ao mdu!lr o aurnen-
lQllilQ..Pr~. -- -- -- -- - to de investimentos não apenas na indústria d~ e~portaçao mas, tam·
As principais proposições que emergem desse artigo são: bém em todos os outros tipos de atividade economlca. . t-

1 - Para os propósitos dos economistas, o conceito de uma r 7 _ À medida que cresce a renda da região, as poupanças.lo~IS < /

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região deveria ser redefinido, a fim de salientar que a coesão unifica- tenderão a se extravasar para novos tipos de atividades. Em. primeiro {\'
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rr-.
dora de uma região, acima e além das semelhanças geográficas, é o seu lugar, essas atividades satisfazem a demanda 10~1, mas ulten~rmente; {'

desenvolvimento em torno, de uma base de exportação comum. É algumas delas se tornarão indústrias de exportaçao. Esse movimento e
isso que a torna unificada economicamente e vincula as riquezas de reforçado pela tendência dos custos de transferência de_ se torna~:m
área. Isso tende a resultar no desenvolvimento interdependente de menos importantes. Como resultado, as bases de exportaçao ~as r~loes
economias externas dentro dá região e a unificar esforços políticos tendem a se tornar mais diversificadas e tendem a perder sua Identidade
visando a ajuda governamental ou a reforma política. O geógrafo como regiões. Finalmente, a longo prazo, podemos. esperar, ~m a
mobilidade, uma maior equalização da renda per capita e uma disper-
enfatizou as funções distributivas dos centros nodais de uma região.
mas o papel do centro nodal no suprimento das economias externas são mais ampla da produçãO.
para as indústrias de exportação é igualmente importante.
2 - O sucesso da base de exportação foi o fator deter minante
da taxa de crescimento das regiões. Além disso. para entender esse
crescimento, devemos examinar os fatores Iocacionals-, que possibili-
taram o desenvolvimento dos produtos primários.
3 - A importância da base de exportação é o resultado de seu
papel básico na determinação do nível de renda absoluta e per capita
de uma região, e conseqüentemente, na determinação da quantidade
de atividades locais, secundárias e terciárias, que se desenvolverão.

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