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Ministério da Saúde

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CADERNOS de ATENÇAO BASICA

CADERNO

(
(r J7
)
)

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA


E DIABETES MELLITUS • PROTOCOLO
Ministério da Saúde
Secretaria de Políticas de Saúde
Departamento de Atenção Básica
Coordenação de Desenvolvimento de Práticas da Atenção Básica
Área Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial

Cadernos de Atenção Básico

Caderno 7
.'

Hipertensão arterial sistêmica - HAS e Diabetes mellitus - DM


PROTOCOLO

Brasília - 2001
'2001, Ministério da Saúde
permitida a reprodução total ou parcial desta obra desde que citada a fonte
tragem: 40.000 mil exemplares

dição, informação e distribuição


linistério da Saúde I
:cretaria de Políticas de Saúde
epartamento de Atenção Básica
Jordenação de Desenvolvimento de Práticas da Atenção Básica
rea Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial
;planada dos Ministérios, bloco G, salas 718/720
EP 70058-900 Brasília DF
~lefones: 61 315 2598/315 26061 315 2824
lxes: 61 226 4340 1 225 6388
·mail: psf@saude.gov.br

~mitê Técnico-Científico
jriana Costa e Forti, Alcy Moreira dos Santos Pereira, Celso Amodeo, Fadlo Fraige Filho,
sé Nery Praxedes, Maria Acioly Mota, Maria Helena Catelli de Carvalho e Valter Luiz Lavinas Ribeiro

llaboradores
jriana Costa e Forti, Ana Cristina Castro Campos, Ana Luiza Queiroz Vilasbôas, Carlos Alberto Machado, Cristina Façanha
isabeth Nader, Gessyane Vale Paulino, Hermelinda Pedrosa, Kelva Karina Nogueira de Aquino de Carvalho,
,urenice Pereira Lima, Lucélia Magalhães, Marco Antonio Mota, Miriam Regina Lira Sabbag, Romero Bezerra Barbosa,
ndra Robertta G. Ferreira, Sônia Rocha, Teresa Cristina Campos D'ambrósio Bessa e Vaneide Marcon Cachoeira

Jvisão
:ssyane Vale Paulino, Napoleão Marcos de Aquino e Vaneide Marcon Cachoeira

'Ojeto gráfico e editoração


[uardo Trindade e Carlos Neri

)duzido com recursos do Projeto - Desenvolvimento da Atenção Básica - UNESCO - 914/BRZ/29


,presso no Brasil 1 Printed in Brazil

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de


Diabetes e Hipertensão Arteiral
Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes melLitus (DM): protocolo 1
Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Diabetes
e Hipertensão Arterial. - Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

96 p. il. (Cadernos de atenção Básica, 7)


ISBN: 85-334-0341-0

l. Hipertensão arterial sistêmica - Plano de Reorganização da Atenção BásjGa~


Diabetes melLitus - Profissional de Atenção Básica - Capacitação. I. Brasil. Ministé-
rio da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. 11.Brasil. Ministério da Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Coordenação de Desenvolvimento de Práticas da
Atenção Básica. m. Título

CDU 616.379-008.64
NLM WK 810
DB8
Sumário

Apresentação 5
Prefácio o •• o •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 7
Introdução 9
Epidemiologia 11
Importância do problema, 11

Conceito e classificação o •••••••••••••••••• o ••••• o ••••••••••••••••••••••••••••• 15


Hipertensão arterial sistêmica - HAS, 15
Diabetes mellitus - DM, 16

Avaliação e estratificação da HAS 19


Anamnese, 19
Exame físico, 19
Avaliação laboratorial, 20
Estratificação dos portadores, 21
.'
Avaliação e estratificação do DM .' 23
Características clínicas, 23
Anamnese, 23
Exame físico, 24
Rastreamento do DM, 25
Diagnóstico laboratorial, 26

Tratamentos do DM e da HAS : o •••••••••• o •••••••••••••••••••••••••• 33


Princípios gerais, 33

Tratamento não-medicamentos o 35
Terapia nutricional e educação alimentar, 35
Interrupção do tabagismo, 41
Atividade física, 42
Educação, 45

Tratamento medicamentos o da HAS 47


Princípios gerais, 47
Classes de anti-hipertensivos, 48
Urgência e emergência em hipertensão arterial, 51

Tratamento medicamentoso do DM 53
Opções de tratamento, 53
Algorítimo do tratamento do DM tipo 2, 61
Monitoramento do DM, 63

Tratamento das dislipidemias 65


Complicações 67
Complicações da HAS, 67
Complicações do DM, 68

!\tribuições e competências da equipe de saúde 77


Critérios de encaminhamentos para referência e contra-referência 81
Prevenção de doenças e complicações cardiovasculares :: 83.
Prevenção primordial, 83
Prevenção primária básica, 83
Prevenção primária avançada, 84
Prevenção secundária, 84

\.nexos 85
~ibliografia 93
HIPERTENSAo ..\RTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MEl.I.ITUS· PROTOCOLO

Apresentação

N principal causa de morbimortalidade na po-


ulação
doençasbrasileira.
cardiovasculares
Não há umaconstituem
causa únicaa
para estas doenças, mas vários fatores de risco que
aumentam a probabilidade de sua ocorrência.
Se é possível prevenir e evitar danos à saúde do
cidadão, este é o caminho a ser seguido.

Desta forma, o Ministério da Saúde, em articu-


lação com as sociedades científicas (Cardiologia,
Diabetes, Hipertensão e Nefrologia), as federações
A Hipertensão arterial sistêmica e o Diabetes nacionais dos portadores, as secretarias estaduais,
mellitus representam dois dos principais fatores de através do CONASS, e as secretarias municipais de
risco, contribuindo decisivamente para o agravamen- saúde, através do CONASEMS, apresenta o Plano
to deste cenário em nível nacional. de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arteri-
aI e Diabetes mellitus.
A hipertensão afeta de 11 a 20% da população
adulta com mais de 20 anos. Cerca de 85% dos pa- opropósito do Plano é vincular os portadores
cientes com acidente vascular encefálico (AVE) e desses agravos às unidades de saúde, garantindo-
40% das vítimas de infarto do miocárdio apresen- lhes acompanhamento e tratamento sistemático, me-
tam hipertensão associada. diante ações de capacitação dos profissionais e de
reorganização dos serviços.
o diabetes atinge a mulher grávida e todas as
faixas etárias, sem qualquer distinção de raça, sexo Este caderno é um dos instrumentos da capacita-
ou condições sócio-econômicas. Na população adul- ção dos profissionais da atenção básica. Teve como
ta, sua prevalência é de 7,6%. base os protocolos, consensos e manuais elaborados
pelas áreas técnicas do Ministério da Saúde e pelas
Estas doenças levam, com freqüência, à invalidez
sociedades científicas, além de outros docum.entos e
parcial ou total do indivíduo, com graves repercussões
trabalhos, incluindo experiências bem sucedidas nos
para o paciente, sua farru1iae a sociedade.
estados e municípios.
Quando diagnosticadas precocemente, estas doen-
Esperamos, assim, montar uma verdadeira for-
ças são bastante sensíveis, oferecendo múltiplas chances
ça-tarefa com todos os atores, de forma a intervir no
de evitar complicações; quando não, retardam a pro-
comportamento destas doenças na população.
gressão das já existentes e as perdas delas resultantes.

Investir na prevenção é decisivo não só para ga-


rantir a qualidade de vida como também para evitar Claudio Duarte da Fonseca
a hospitalização e os conseqüentes gastos, princi- Secretário de Políticas de Saúde
palmente quando considera-se o alto grau de sofisti-
cação tecnológica da medicina moderna.
HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DfABETES MELUTUS - PROTOCOLO

Prefácio

participação da respectiva área programática


de atenção voltado para a Saúde da do Ministério da Saúde, caracterizando um im-
Aiexperiência brasileira com mudanças
amília tem proporcionado o modelo portante esforço articulado.
positivas na relação entre os profissionais de Este sétimo número da série Cadernos de
saúde e a população, bem como na estruturação
Atenção Básica aborda a prevenção e o trata-
dos serviços e no padrão de assistência ofereci-
mento da Hipertensão arterial sistêmica e do
da pelo sistema público de saúde.
Diabetes mellitus no contexto da atenção inte-
Em face da progressiva expansão do pro- gral ao adulto. Possui também a tarefa de indi-
cesso de organização dos serviços de atenção car, em linhas gerais, os limites de responsabili-
básica nos municípios, os profissionais de saú- dades dos níveis de atenção no sistema e instru-
de necessitam de programas e conteúdos que mentalizar tecnicamente os profissionais inte-
os possibilitem desempenhar suas atribuições, grantes da área de atenção básica.
cada vez mais próximos das necessidades de
saúde da população.
Heloiza Machado de Souza
O Ministério da Saúde vem ampliando sua
Diretora do DAB/SPS/MS
parceria com as secretarias estaduais e munici-
pais de saúde para o desenvolvimento de Saúde
da Fanu1ia, através dos Pólos de Capacitação,
"

de, modo a intensificar o processo de qualifica-


ção dos profissionais que compõem as equipes.

A publicação da série Cadernos de Atenção


Básica - Estratégia de Saúde da Família - re-
presenta um complemento a este trabalho de-
senvolvido pelos Pólos de Capacitação. Seu ob-
jetivo é reunir conteúdos e informações técni-
cas pertinentes aos protocolos e rotinas de tra-
balho das equipes de Saúde da Família, sob os
enfoques operacional, gerencial e conceitual.
A elaboração de cada conteúdo conta com a

CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA 7


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Introdução

Diante do exposto, faz-se necessária a adi-


nalidade de subsidiar tecnicamente os ção de esforços de todos os envolvidos com essa
Ete documentodafoirede
rofissionais elaborado combási-
de atenção a fi- grave situação de saúde pública, buscando a
ca, que hoje tem como estratégia o Programa reorganização da atenção básica, tendo como
Saúde da Farm1ia - PSF, numa perspectiva de estratégias principais a prevenção dessas doen-
reorganizar a atenção à hipertensão arterial ças, suas complicações e a promoção da saúde,
sistêmica - HAS e ao diabetes mellitus - DM. objetivando assim uma melhor qualidade de vida.

Sem a pretensão de contemplar todos os as-


pectos que as envolvem, este protocolo aborda
suas características mais relevantes, orientando
as ações desenvolvidas pelas equipes de saúde
com o objetivo de otimizar recursos dentro de
critérios científicos.

A abordagem conjunta neste protocolo jus-


tifica-se pela apresentação dos fatores comuns
às duas patologias, tais como: etiopatogenia,
fatores de risco, cronicidade, necessidade de
controle permanente, entre outros . . '

Detectar, estabelecer diagnóstico, identificar


lesões em órgãos-alvo e/ou complicações crô-
nicas e efetuar tratamento adequado para a HAS
e o DM caracteriza-se como um verdadeiro de-
safio para o Sistema Único de Saúde, as socie-
dades científicas e as associações de portado-
res, pois são situações que necessitam de inter-
venção imediata pela alta prevalência na popu-
lação brasileira e pelo grau de incapacidade que
provocam.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA Q


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Epidemiologia

Na faixa etária de 30 a 69 anos essas doenças


Importância do problema
foram responsáveis por 65% do total de óbi-
As doenças do coração e dos vasos (infarto agu- tos, atingindo a população adulta em plena fase
do do miocárdio, morte súbita, acidente vascular produtiva.
encefálico, edema agudo de pulmão e insuficiên-
Haja vista o seu caráter crônico e incapaci":
cia renal) constituem a primeira causa de morte no
tante, podendo deixar seqüelas para o resto da
Brasil (27,4%), segundo dados do MS (1998), e
vida, são de grande importância. Dados do Ins-
desde a década de 1960 têm sido mais comuns que
tituto Nacional de Seguro Social (INSS) de-
as doenças infecciosas e parasitárias (tuberculose,
monstram que 40% das aposentadorias preco-
diarréias agudas, broncopneumonias, etc.). ces decorrem das mesmas.

MORTALIDADE PROPORCIONAL SEGUNDO Na faixa etária de 30 a 60 anos, as doenças


GRUPOS DE CAUSAS SELECIONADAS, cardiovasculares foram responsáveis por 14%
BRASIL - CAPITAIS, 1930 A 1984 da totalidade de intemações, sendo 17,2 % por
%
50
AVE ou IAM, resultando em gastos da ordem
40 de 25,7 % do total.
30" .........

20'" .......... ~ -----+-::---------------


Em vista do exposto, torna-se urgente
-----+~~~~ implementar ações básicas de diagnóstico e con-
trole destas condições através dos seus clássicos
o
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 fatores de risco, nos diferentes níveis de atendi-
ano mento da rede do Sistema Único de Saúde - SUS,
especialmente no nível primário de atenção.
I-+-OIP +ocv "'NEO .••.CE I
DIP - Doenças infecto parasitárias NEO - Neoplasias
A HAS e o DM constituem os principais fa-
DCV - Doenças cardiovasculares CE - Causas externas tores de risco populacional para as doenças car-
Fonte: Bayer & Paula, 1984; MS. FNS. Cenepi, 1996. Excluidas as causas mal definidas. diovasculares, motivo pelo qual constituem agra-
vos de saúde pública onde cerca de 60 a 80 %
dos casos podem ser tratados na rede básica.
Dentre as doenças cardiovasculares, o aci-
dente vascular encefálico (AVE) e o infarto agu- Em nosso meio, a HAS tem prevalência esti-
do do miocárdio (IAM) são as mais prevalentes. mada em cerca de 20% da população adulta

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 11


HIPERTENSÃO ARTERJAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

(maior ou igual a 20 anos) e forte relação com DISTRIBUiÇÃO DOS DIABÉTICOS, NA FAIXA
80% dos casos de AVE e 60% dos casos de do- ETÁRIA DE 30 A 69 ANOS, SEGUNDO O
ença isquêmica do coração. Constituem, sem CONHECIMENTO PRÉVIO DA DOENÇA
dúvida, o principal fator de risco para as doen- Desconhecidos Conhecidos
ças cardiovasculares, cuja principal causa de 46,5% 53,5%

morte, o AVE, tem como origem a hipertensão


não-controlada.

Vários estudos mostram que se reduzirmos


a pressão arterial diastólica média de uma po-
pulação em cerca de 4 mmHg, em um ano tere-
mos uma redução de 35 a 42% de AVE nessa
Fonte: Estudo multicêntrico de Diabetes mellitus - 1987
comunidade.

No Brasil, o AVE vem ocorrendo em idade


Uma análise do tipo de tratamento dos pa-
precoce, com uma letalidade hospitalar, em 1 cientes já conhecidos na época do censo de di-
mês, em tomo de 50%; dos que sobrevivem, abetes (1987) revelou que cerca de 22,3% não
50% ficam com algum grau de comprometimen- faziam nenhum tipo de tratamento.
to. Mundialmente, o número de casos novos (in-
cidência) varia, de acordo com dados da OMS
DISTRIBUiÇÃO DOS DIABÉTICOS,
de aproximadamente 500 a 700.000 casos/ano, PREVIAMENTE CONHECIDOS, SEGUNDO
com uma mortalidade entre 35 a 200 casos em A CONDUTA TERAPÊUTICA
cada grupo de 100.000 habitantes.
Apenas dieta

o DM vem aumentando sua importância pela 29,1%

crescente prevalência. Calcula-se que em 20 1O


possam existir cerca de 11 milhões de diabéti-
cos no país, o que representa um aumento de
mais de 100% em relação aos atuais 5 milhões
de diabéticos no ano 2000. No Brasil, os dados Insulina Hipoglicemiante aral
do estudo multicêntrico de diabetes (1987) de- 7,9% 40,7%

monstraram uma prevalência de 7,6% na popu- Fonte: Estudo multicêntrico de Diabetes meJ/itus - 1987

lação de 30 a 69 anos. Estudo recente realizado


em Ribeirão Preto/SP demonstrou uma preva- Estudos randomizados, tanto em DM tip01
lência de 12% de diabetes nessa população. (DCCT-1990)como em DM tipo 2 (UKPDS-1998),
mostraram claramente a redução das complicações
Outro importante dado revelado por esse es- crônicas com o bom controle metabólico.
tudo multicêntrico foi o alto grau de desconhe-
cimento da doença, onde 46,5% dos diagnosti- Com a manutenção dos níveis normais da
cados desconheciam o fato de ser portadores de pressão arterial, a redução das complicações ma-
diabetes. crovasculares foi significativa.

12 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Justificativas para a .• Necessidade de acompanhamento por equi-


pe multidisciplinar;
abordagem conjunta da
HAS e DM .• Facilmente diagnosticadas na população.

Considerando-se todos esses fatores, propõe-


A possibilidade de associação das duas do- se o seguimento associado dessas patologias na
enças é da ordem de 50%, o que requer, na gran- rede de atenção básica e justifica-se a realização
de maioria dos casos, o manejo das duas patolo- de uma abordagem conjunta.
gias num mesmo paciente.

A HAS e o DM são doenças que apresentam


vários aspectos em comum:
Objetivos
•• Instrumentalizar e estimular os profissionais
.• Etiopatogenia: identifica-se a presença, em
ambas, de resistência insulinica, resistência vas- envolvidos na atenção básica para que pro-
movam medidas coletivas de prevenção pri-
cular periférica aumentada e disfunção
mária, enfocando os fatores de risco cardio-
endotelial;
vascular e DM .
.• Fatores de risco, tais como obesidade, disli-
.• Orientar e sistematizar medidas de preven-
pidemia e sedentarismo;
ção, detecção, controle e vinculação dos
.• Tratamento não-medicamentoso: as mudan- hipertensos e diabéticos inseridos na atenção
básica.
ças propostas nos hábitos de vida são seme-
lhantes para ambas as situações; .• Reconhecer as situações que requerem aten-
dimento nas redes secundária e/ou terciária .
.• Cronicidade: doenças incuráveis, requeren-
do acompanhamento eficaz e permanente; •• Reconhecer as complicações da HAS e do
.• Complicações crônicas que podem ser evita- DM, possibilitando a reabilitação psicológi-
das quando precocemente identificadas e ade- ca, física e social dos portadores dessas en-
fermidades ...
quadamente tratadas;
.• Geralmente as sintomática na maioria dos
casos; Clientela
.• De difícil adesão ao tratamento pela necessi- Médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros
dade de mudança nos hábitos de vida e parti-
profissionais de saúde que atuam na área da aten-
cipação ativa do indivíduo;
ção básica .
.• Necessidade de controle rigoroso para evitar
complicações;

.• Alguns medicamentos são comuns;

CADERNOS DE ATENÇÃO BÃSICA 13


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

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Conceito e classificação ••.••••~~;*'~~jfi

Hipertensão arterial CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA


HIPERTENSÃO ARTERIAL DE MAIORES DE 18 ANOS
sistêmica - HAS
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Óia~óllêaJ{ihiriHg)" Al;téi-iáISi;tóÍiê:3 '
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Conceito '~";.'~_\
..i3:;hh-;,,' ~
< 85
"_i ,\'-: , ... \>,~_~<~",:;{",;.9
Hipertensão
moderada
sistólica
2180
Normallimítrofe
130
140
Normal
<
;o, 160
140
130-179
-139
-159
grave
leve

100< -90109
2110 (estágio 3) 2) 1)
(isolada)
(estágio
(estágio
Visando oferecer maior consistência
85 - 89 aos clíni- Hipertensão
90 - 99

cos na definição do conceito, foi adotada a classi-


ficação defrnida no m Consenso Brasileiro de RAS.

Assim, o limite escolhido para definir HAS é


o de igualou maior de 140/90 mrnHg, quando
encontrado em pelo menos duas aferições - re-
alizadas no mesmo momento.

Esta nova orientação da OMS chama a aten-


ção para o fato de que não se deve apenas valo-
Fonte: 111Congresso BrasileirO de HAS
rizar os níveis de pressão arterial, fazendo-se
também necessária uma avaliação do risco car-
Admite-se como pressão arterial ideal, condição
diovascular global.
em que o indivíduo apresenta o menor risco cardio-
A hipertensão arterial é, portanto, definida vascular,PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg.
como uma pressão arterial sistólica maior ou
A pressão arterial de um indivíduo adulto que
igual a 140 mmHg e uma pressão arterial
não esteja em uso de medicação anti-hipertensiva
diastólica maior ou igual a 90 rnrnHg, em indiví- e sem co-morbidades associadas é considerada
duos que não estão fazendo uso de medicação
normal quando a PAS é < 130 mmHg e a PAD
anti-hipertensiva.
< 85 rnrnHg. Níveis de PAS entre 130 e 139
mrnHg e de PAD entre 85 e 89 mmHg são con-
Classificaçõo siderados limítrofes.

A tabela a seguir mostra a classificação dos ní- Este grupo, que aparece como o mais
veis de pressão arterial no adulto acima de 18anos. prevalente, deve ser alvo de atenção básica pre-

CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA 15


HIPERTENSAo ARTERlAL SlSTÊMlCA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

ventiva. É importante salientar que a tabela usa- •• imunomediado;


da para classificar o estágio de um indivíduo
hipertenso não estratifica o risco do mesmo. Por- •• idiopático.
tanto, um hipertenso classificado no estágio I,
DM tico 2
se também for diabético, pode ser estratificado
como grau de risco muito alto. Resulta, em geral, de graus variáveis de re-
sistência à insulina e de deficiência relativa de
Diabetes mellitus - DM secreção de insulina. O DM tipo 2 é hoje consi-
derado parte da chamada síndrome plurimeta-
bólica ou de resistência à insulina e ocorre em
Conceito 90% dos pacientes diabéticos.
o DM é uma síndrome de etiologia múltipla, Denomina-se resistência à insulina o estado
decorrente da falta de insulina e/ou da incapaci- no qual ocorre menor captação de glicose por
dade de a insulina exercer adequadamente seus tecidos periféricos (especialmente muscular e he-
efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crôni- pático), em resposta à ação da insulina. As de-
ca com distúrbios do metabolismo dos carboi-
mais ações do hormônio estão mantidas ou mes-
dratos, lipídeos e proteínas. As conseqüências mo acentuadas. Em resposta a essa resistência
do DM, a longo prazo, incluem disfunção e fa- tecidual há uma elevação compensatória da con-
lência de vários órgãos, especialmente rins, centração plasmática de insulina com o objetivo
olhos, nervos, coração e vasos sangüíneos. de manter a glicemia dentro dos valores normais.
A homeostase glicêmica é atingida às custas de
Classificaçõo hiperinsulinemia. As principais características da
síndrome estão descritas no quadro a seguir e
A classificação baseia-se na etiologia do DM,
todas concorrem para a doença vascular ateros-
eliminando-se os termos "diabetes mellitus clerótica.
insulino-dependente" (1DDM) e "não-insulino-
dependente" (N1DDM), como indicado a seguir.
SINDROME DE RESISTÊNCIA À INSULINA
.'
Classificação etiológica dos Hiperinsulinemia Obesidade
distúrbios glicêmicos central/abdominal

Microalbuminúria ~
/ ....-- Tolerância
à glicose
DM tipo 1 Doença Vascular diminuída
Dislipidemia ~
Aterosclerótica
Resulta primariamente da destruição das célu- ~ Hipertensão

las beta pancreáticas e tem tendência à cetoacido- endotelial

se. Esse tipo ocorre em cerca de 5 a 10% dos dia- DiSfunção// coronanana
"". Doença arterial
Defeitos da
béticos. Inclui casos decorrentes de doença auto- coagulação \ arterial
Diabetes tipo 2
imune e aqueles nos quais a causa da destruição
Adaptado de Group L et ai. Front Horm Res 1997: 22:131-156
das células beta não é conhecida, dividindo-se em:

16 CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SrSTÊMICA E DIABETES MELUTUS ~ PROTOCOLO

DM gestacional

É a diminuição da tolerância à glicose, de mag-


nitude variável, diagnosticada pela primeira vez na
gestação, podendo ou não persistir após o parto.
Abrange os casos de DM e de tolerância à glicose
diminuída, detectados na gravidez. O Estudo Mul-
ticêntrico Bnisileiro de Diabetes Gestacional -
EBDG revelou que 7,6% das mulheres em gesta-
ção apresentam intolerância à glicose ou diabetes.

Outros tipos esoecíficos

Incluem várias formas de DM, decorrentes de


defeitos genéticos associados com outras doen-
ças ou com o uso de fármacos diabetogênicos .

.• defeitos genéticos da função da célula beta .

.• defeitos genéticos na ação da insulina .

.• doenças do pâncreas exócrino (pancreatite


neoplásica:hemocromatose, fibrose cística,
etc.) .

.• aqueles induzidos por drogas ou produtos


químicos (diuréticos, corticóides, beta-blo-
queadores, contraceptivos, etc.) .

. '

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 17


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

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Avaliação e estratificação da HAS
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Anamnese Deve-se estar atento para algumas possibili-


dades de causa secundária de hipertensão arte-
rial- para as quais um exame clínico bem con-
A anamnese do portador de hipertensão deve
duzido pode ser decisivo.
ser orientada para os seguintes pontos:

.• Hábito de fumar, uso exagerado de álcool, .• Pacientes com relato de hipertensão arterial
ingestão excessiva de sal, aumento de peso, de difícil controle e apresentando picos
sedentarismo, estresse, antecedentes pesso- tensionais graves e freqüentes, acompanha-
dos de rubor facial, cefaléia intensa e
ais de diabetes, gota, doença renal, doença
cárdio e cerebro- vascular; taquicardia, devem ser encaminhados à uni-
dade de referência secundária, para pesquisa
de feocromocitoma
Utilização de anticoncepcionais, corticoste-
róides, antiinflamatórios não-hormonais,
estrógenos, descongestionantes nasais, Pacientes nos quais a hipertensão arteri-
anorexígenos (fórmulas para emagrecimen- al surge antes dos 30 anos ou de apareci-
to), ciclosporina, eritropoetina, cocaína, mento súbito após os 50 anos, sem histó-
ria familiar para hipertensão arterial, tam-
antidepressivo tricíclico e inibidores da mono-
bém devem ser encaminhados para uni-
amino-oxidase;
dade de referência secundária, para inves-
Sinais ou sintomas sugestivos de lesão em tigação das causas,. principalmente reno-
vasculares
órgãos-alvo e/ou causas secundárias de hi-
pertensão arterial;

Tratamento medicamentoso anteriormente re- Exame físico


alizado, seguimento efetuado e reação às dro-
gas utilizadas; o exame físico do portador de HAS deve
avaliar:
História familiar de hipertensão arterial,
doenças cárdio e cerebro-vasculares, mor-
te súbita, dislipidemia, diabetes e doença .• Os pulsos carotídeos (inclusive com auscul-
renal. ta) e o pulso dos 4 membros;

CADERNOS DE ATENÇAo BAsICA 19


HlPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELUTUS - PROTOCOLO

.• A pressão arterial - PA em ambos os Avaliação laboratorial


membros superiores, com o paciente dei-
tado, sentado e em pé (ocorrência de do- Os objetivos da investigação laboratorial do
ença arterial oclusi va e de hipotensão portador de hipertensão arterial são:
postural);
a) confirmar a elevação da pressão arterial;
.• O peso (atual, habitual e ideal) e a altura, com
estabelecimento do lMC - Índice de Massa b) avaliar lesões em órgãos-alvo (LOA);
Corporal; c) identificar fatores de risco para doença
cardiovascular e co-morbidades;
•• Fácies, que podem sugerir doença renal
ou disfunção glandular (tireóide, supra- d) diagnosticar a etiologia da hipertensão.
renal, hipófise) - lembrar o uso de corti-
costeróides; Quando possível, conforme o lU Consenso
Brasileiro de HAS, a avaliação mínima do porta~
• O pescoço, para pesquisa de sopro em dor de HAS deve constar dos seguintes exames:
carótidas, turgor de jugulares e aumento da
tireóide; •• Exame de urina (bioquímica e sedimento);
•• Creatinina sérica;
.• O precórdio, anotando-se o ictus (o que
pode sugerir aumento do ventrículo es- ,. Potássio sérico;
querdo) e possível presença de arritmias,
3a ou 4 a bulhas e sopro em foco mitral e/ .• Glicemia sérica;
ou aórtico; .• Colesterol total;

.• O abdome, pela palpação (rins policísticos, .• Eletrocardiograma de repouso.


hidronefrose, tumores) e ausculta (sopro su-
gestivo de doença renovascular);

• O estado neurológico e do fundo-de-olho;

.• Ao examinar uma criança ou adolescente com


hipertensão arterial, deve-se sempre verificar
os pulsos nos membros inferiores, que quan-
do não presentes orientam o diagnóstico para
coarctação da aorta.

20 CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Estratificação dos Grupo de risco médio


portadores Incluem portadores de HAS grau I ou 11,com
um ou dois fatores de risco cardiovascular. Alguns
A decisão relativa à abordagem de portado-
possuem baixos lÚveisde pressão arterial e múlti-
res de HAS não deve ser baseada apenas nos
plos fatores de risco, enquanto outros possuem al-
níveis de pressão arterial, mas também na pre-
tos níveis de pressão arterial e nenhum ou poucos
sença de outros fatores de risco e doenças
fatores de risco. Entre os indivíduos desse grupo a
concomitantes, tais como diabetes, lesão em ór-
probabilidade de um evento cardiovascular grave,
gãos-alvo, doença renal e cardiovascular. Deve-
nos próximos 10 anos, situa-se entre 15 e 20%.
se também considerar os aspectos familiares e
socioeconômicos.
Grupo de risco alto
São definidas quatro categorias de risco car-
diovascular absoluto, mostrando que mesmo os pa- Incluem portadores de HAS grau I ou 11que
cientes classificados nos estágios I, 2 ou 3 podem possuem três ou mais fatores de risco e são tam-
pertencer a categorias de maior ou menor risco na bém portadores de hipertensão grau 11I,sem fato-
dependência de co-morbidades ou fatores de risco res de risco. Nesses, a probabilidade de um evento
associados, conforme citados a seguir: cardiovascular,em 10anos, situa-seentre 20 e 30%.

Grupo de risco baixo Grupo de risco muito alto


Incluem homens com idade menor de 55 anos Incluem portadores de HAS grau 11I,que possu-
e mulheres com idade abaixo de 65 anos, com em um ou mais fatores de risco,com doença cardio-
hipertensão de grau I e sem fatores de risco. vascular ou renal manifesta. A probabilidade de um
Entre indivíduos dessa categoria a probabilida- evento cardiovascular, em 10 anos, é estimada em
de de um evento cardiovascular grave, nos pró- mais de 30%. Para esse grupo, está indicada a insti-
ximos 10 anos, é menor que 15%. tuição de imediata e efetiva conduta terapêutica.

RISCO ESTRATIFICADO E QUANTIFICAÇÃO DE PROGNÓSTICO


PRESSÃO ARTERIAL (mmHg)
Grau 1 Grau 2 Grau 3
Outros fatores de risco Hipertensão grave
Hipertensão leve Hipertensão moderada
ou doença PAS 140 -159 ou PAD 90 - 99 PAS 160 -179 ou PAD 100 - 109 PAS::: 180 ou PAD::: 110

I - Sem outros fatores de risco

11- 1-2 fatores de risco

111- 3 ou mais fatores de risco


ou lesões nos órgãos-alvo ou
diabetes

IV-CCA

CCA = Condições clínicas associadas. incluindo doença cardiovascular ou renal

CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA 21


HfPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS ~ PROTOCOLO

Avaliação e estratificação do DM
ff~~j,ffll.R\lWW::$~~_~"''$}.~~'''~~","_''IlWM!AiW_;';'"(';i<ili'4;}~=~~~~~:_~';~~;wr{;:;;~-m"*,~="",",,,,"=0!~~~~~_!:e'Wm"';·;';'ij{<X7f>'M7,4"'~Ut'(!'7CN""''''_~''~~,

mente,
de
em hiperglicemia
situações
desses têm
resistênciasurgido
especiais
pacientes
(poliúria,decasos
insulínica de
4 aDM
como
estresse
evoluírem
polidipsia, tipo
aanos 2 em
Acantose
7agudo antes,
polifagia
0 Características clínicas •.na
•. Exames
•.Idadee
Pode
obesasnãoelaboratoriais
maior
Sintomas
grecimento),
estado atual,
população que
com 30anos
(polidipsia,
65
macrovasculares,
apresentar
as que
Questionar Anamnese
sobre: osanteriores;
anos,
poliúria,
apresentação
tempo de ao ou embora
polifagia,
diagnóstico;
inicial,
mais.
diagnóstico,
sintomas
apresentam possa
Atual- ema-
evolução,
pelo
clássicos
características fato
de
do eferência
comemagrecimento).
hiperglicemia
dominal
aumenta
ocorrer
crianças
m, para
nigricans.
(sepsis, com
as
infarto enão-detectada.
(obesidade
em a qualquer
idade,
e adolescentes,
da mulheres.
cintura
agudodo "andróide
podendo
Esta
do época.
quadril ou prevalência
tipo
chegar
A
principalmente
condição
(RCQ) está
miocárdio,·etc.) maçã")
éa 20%
.em
mai-
pre- •. Não propensão
Evidências de àcomplicações
cetoacidose diabética,
crônicas exceto
micro
-
eões

CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA 23


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

•. Padrões de alimentação, estado nutricional, .• Circunferência da cintura e do quadril para


evolução do peso corporal; cálculo da RCQ - Relação Cintura-Quadril,
(RCQ normal: homens, até I m; mulher, até
•. Tratamento(s) prévio(s) e resultado(s); 0,80 m).

.• Prática de atividade física; .• Exame da cavidade oral (gengivite, proble-


mas odontológicos, candidíase) .
.• Intercorrências metabólicas anteriores (ceto-
acidose, hiper ou hipoglicemia, etc.); .• Avaliação dos pulsos arteriais periféricos e
edema de MMII (membros inferiores) .
.• Infecções de pés, pele, dentária e geniturinária;
.• Exame dos pés: lesões cutâneas (infecções
.• Úlceras de extremidades, parestesias, distúr- bacterianas ou fúngicas), estado das unhas,
bios visuais; calos e deformidades.

.• Exame neurológico sumário: reflexos


•. IAM ou AVE no passado;
tendinosos profundos, sensibilidade térmica,
•. Uso de medicações que alteram a glicemia; táctil e vibratória .

.• Medida da PA, inclusive em ortostatismo .


.• Fatores de risco para aterosclerose (hiperten-
são, dislipidemia, tabagismo, história familiar); .• Exame de fundo-de-olho com pupila
dilatada .
.• História familiar de DM ou outras
endocrinopatias;
A OBESIDADE É GERALMENTE
•. Histórico gestacional; DIAGNOSTICADA ATRAVÉS DO íNDICE
DE MASSA CORPÓREA

•. Passado cirúrgico.
IMe= peso (Kg)
altura'(m)

Exame físico ., . - - , 2 RISCOD~


ÇL~~!~lf!ÇA~AO_ IMC(Kg/m) ,r, 'Ç9~MÓ~Ir;>ADç
•. Peso e altura - excesso de peso tem forte Normal Muito
18,5
Pouco
30,0
35,0
Baixo
Grave - 34,9
-Grave
24,9
~40,039,9
25,0
Moderado
- 29,9
relação causal com o aumento da pressão aumentado

arterial e da resistência insulínica.


Obeso
Obeso
Obeso Classe
Classe
Classe 111 I
11
Uma das
Sobrepeso
formas de avaliação do peso é através do
cálculo do índice de massa corporal (IMC),
dividindo o peso em quilogramas pelo qua-
drado da altura em metros. Esse indicador
deverá estar, na maioria das pessoas, entre
18,5 e 25,0 kg/m2.
Organização Mundial da Saúde, 1998
.• Palpação da tireóide.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Rastreamento do DM .• Histórico prévio de hiperglicemia e/ou


glicosúria.

Sinais e sintomas Mães de recém-nascidos com mais de 4 kg.


Mulheres com antecedentes de abortos
•• Poliúria / nictúria.
freqüentes, partos prematuros, mortali-
•• Polidipsia / boca seca. dade perinatal, polidrâmnio, diabetes ges-
tacional.
•• Polifagia.
HDL - colesterol ~ 35 mg/dl.
•. Emagrecimento rápido .
.• Triglicerídeos ~ 200 mg/dl.
.• Fraqueza / astenia / letargia .
.• Uso de medicamentos diabetogênicos (corti~
.• Prurido vulvar ou balanopostite.
cóides, anticoncepcionais, etc.) .
•. Diminuição brusca da acuidade visual. Sedentarismo .
•• Achado de hiperglicemia ou glicosúria em
A glicemia capilar pode ser utilizada para
exames de rotina.
rastreamento de DM, devendo-se confirmar o
.• Sinais ou sintomas relacionados às com- diagnóstico com glicemia plasmática .
plicações do DM: proteinúria, neuropatia O rastreamento seletivo é recomendado:
periférica, retinopatia, ulcerações crônicas
nos pés, doença vascular aterosclerótica, .• a cada três a cinco anOs para indivíduos com
impotência sexual, paralisia oculomotora, idade igualou superior a 45 anos;
infecções urinárias ou cutâneas de repeti- .• de um a três anos quando:
ção, etc.
• há história de diabetes gestacional,

Condições de riscodo DM tipo 2 • há evidências de dois ou mais componen-


tes da síndrome' plurimetabólica.
Idade> 40 anos.
• há presença de dois ou mais fatores de risco;
.• Histórico familiar (pais, filhos, irmãos, etc.) .
.• uma vez por ano, ou mais freqüentemente,
.• Excesso de peso (!Me >25 kg/m2). nas seguintes condições:
.• Obesidade (particularmente do tipo andróide
• glicemia de jejum alterada ou tolerância à
ou central).
glicose diminuída (mais freqüentemente
.• HAS . quando a suspeita é de DM tipo 1),

•• Presença de doença vascular aterosclerótica • presença de complicações relacionadas com


antes dos 50 anos. oDM. -

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 25


t!J.-- HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E UlABE7ES MELLfTUS· PROTOCOLO

VALORES DE GLlCEMIA CAPILAR* de jejum for ~ 85 mg/dl ou a glicemia uma


PARA RASTREAMENTO hora após 50 g de glicose for ~ 140 mg/dl.
Nos casos considerados positivos, é aplica-
do o TOTO, com 75 g de glicose.
Normal
DM
duvidoso
alterado
Exame
Provável
MuitoDMprovável
199 mg/dl
140
IVU mg/dl
1118/UI Duvidoso
Normal
270
199
125a mg/dl
270 mg/dlmg/dl
270
mg/dl mg/dl
Entre
Entre
Menor
Maior 200
ou que126 ee
igual Entre
Entre 101
141 ee
200

I···.; ..•.. ,. ..... Diagnóstico laboratorial


Gli~j;miadêj~jum
'ou 'após 4h s~m
ali!1len~açã?
Glicemia de jejum
Por sua praticidade, a medida da glicose plas-
mática em jejum (8 a 12 horas) é o procedimento
básico empregado para fazer o diagnóstico do OM.

Glicemia aoacasoH Teste oral de tolerância à glicose


(eRi qualqúer,h()~ac:fo diá) (TOTG)
o teste padronizado de tolerância à glicose é
realizado com medidas de glicemia nos tempos
* Esse teste não faz diagnóstico definitivo de O e 120 minutos após a ingestão de 75 g de
glicose anidra (ou dose equivalente de 82,5 g de
dextrosol).
Diabetes gestacional
A realização do teste de sobrecarga de 75 g
Na primeira consulta de pré-nataldeve-se está indicada quando:
realizar uma glicemia de jejum aplicando os cri-
térios gerais de diagnóstico. ., A glicose plasmática de jejum for >110 mg/
dI e < 126 mg/dl;
o rastreamento
do DM gestacional é realiza- .
do entre a 243 e 283 semanas de gravideZ; po- ., A glicose plasmática de jejum for < llQmg/
dendo ser em uma ou duas etapas: dI na presença de dois ou mais fatores de ris-
co para DM nos indivíduos com idade supe-
•. Em uma etapa - é aplicado diretamente o tes- rior a 45 anos.
te oral de tolerância à glicose - TOTO, com
ingestão de 75 g de glicose; A hemoglobina glicada e a glicemia através
de tiras reagentes não são adequadas para o diag-
.• Em duas etapas - inicialmente, é aplicado um nóstico do DM. As tiras reagentes podem ser
teste de rastreamento incluindo glicemia de usadas para rastreamento. A hemoglobina
jejum ou glicemia de uma hora após ingestão glicada é um excelente método laboratorial de
de 50 g de glicose (jej um dispensado). Testes avaliação do controle metabólico do paciente
são considerados positivos quando a glicemia diabético.

2ó CADERNOS DE ATENCÁO RÀSIr'A


I-lIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS ~ PROTOCOLO

Alterações na tolerância à glicose VALORES DE GLlCOSE PLASMÁ TICA


PARA DIAGNÓSTICO
São definidas as seguintes categorias de alte-
rações: GLlCE;.MIA
CATEGORIAS! GLlCÉMIA~~ PÓS.PAAN'DIAl.: AO
DIAGNÓSTICOS \,DEJEJUM (2h.após76grde ACASO.
,. glicemia de jejum alterada - o diagnóstico glicose anidral
é feito quando os valores da glicemia de je- Normal • • ••
<
> 126
~<140
~sintomas
140 126
110
200
~110e<126
e < 200
~200 com
jum situarem-se entre
diminuida
alterada
mellitus
110 e 125 mg/dl; clássicos
à glicose
de jejum
Tolerância
Glicemia Diabetes

.• tolerância diminuída à glicose - diagnosti-


cada quando os valores da glicemia de jejum
forem inferiores a 126 mg/dl e, na segunda
.hora após a sobrecarga com 75 g de glicose
via oral, situarem-se entre 140 e 199 mg/dl;

•. Diabetes mellitus - DM - diagnosticada


quando o valor da glicemia de jejum for mai-
or que 126 mg/dl e, na segunda hora, após a Diagnóstico de diabetes
ingestão de 75 g de glicose anidra, maior ou gestacionol
igual a 200 mg/dl.
Os critérios diagnósticos são baseados no
TOTG, com administração de 75 g de glicose, e
Diagnóstico de DM compreendem:

glicemia de jejum ~ 126 mg/dl e/ou


Este pode ser feito diante das seguintes
situações: glicemia, duas horas após administração, ~
140 mg/dl.
• sintomas clássicos de DM e valores de glicernia
de jejum iguais ou superiores a 126 mg/dl; No rastreamento com o teste de 50g de
glicose, pode-se considerar o diagnóstico de DM
sintomas clássicos de DM e valores de gestacion'al quando o valor de glicose plasmáti-
glicemia realizada em qualquer momento do ca de uma hora estiver acima de 185 mg/dl.
dia iguais ou superiores a 200 mg/dl;
O estágio clínico denominado glicemia de je-
•. indivíduos assintomáticos, porém com níveis jum alterada (glicemia de jejum ~ 110 mg/dl e
de glicemia de jejum iguais ou superiores a inferior a 126 mg/dl) não foi incluído nos critéri-
126 mg/dl, em mais de uma ocasião; os diagnósticos do DM gestacional. No entanto,
recomenda-se que, ao empregar a glicose plas-
.) indivíduos com valores de glicemia de jejum mática de jejum como teste de rastreamento na
menores que 126 mg/dl e, na segunda hora gravidez, a detecção de uma glicemia compatível
após uma sobrecarga com 75 g de glicose via com esse estágio requer confIrmação diagnóstica
oral, iguais ou superiores a 200 mg/dl. imediata através do TOTG com 75 g.

')7
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMfCA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Expressão clínica so prévio e sem polidipsia. Uma alteração


do DM no idoso relacionada com o centro osmoregulador
no hipotálamo pode ser a responsável por
No idoso, a expressão clínica é freqüente- esta aparente falta de resposta ao aumento
mente mais insidiosa, podendo cursar de uma da osmolaridade sérica;
maneira "atípica":
.• Os pacientes idosos raramente desenvolvem
.• A poliúria e a polidipsia, secundárias à hiper- cetoacidose mas podem, ao invés disto, en-
glicemia, podem não surgir até que a doença trar em estado de hiperosmolaridade e fazer
esteja bastante avançada: sua apresentação inicial com confusão, coma
ou sinais neurológicos focais;
• Com a redução dataxa de filtração glome-
mIar no idoso, há redução da diurese .• Os pacientes idosos podem ainda apresen-
osmótica e, conseqüentemente, diminui- tar queixas inespecíficas como: fraqueza, fa-
ção das perdas de água e sal normalmen- diga, perda da vitalidade ou infecções me-
te associadas à hiperglicemia, nos importantes da pele e tecidos moles,
como a monilíase vulvo-vaginal. Como re-
• Além disso, o limiar renal para a elimina- gra, na presença de prurido vulvar pense em
ção da glicose na urina pode aumentar com monilíase; na presença de monilíase, pense
o envelhecimento. Assim, a glicosúria pode em diabetes.
não aparecer até que os níveis glicêmicos
atinjam níveis superiores a 200 mg/dl; en- Freqüentemente, anormalidades neurológicas
tretanto há relatos de níveis de até 300 mg/ ou neuropatias, tanto cranianas como periféri-
dI sem poliúria, cas, são os sintomas iniciais. Nestes casos, é o
neurologista quem, muitas vezes, faz o diagnós-
• Por outro lado, pode haver glicosúria sem tico de DM.
hiperglicemia, em conseqüência de distúrbio
tubular, o que pode ocasionar um diagnósti-
co equivocado de DM,
.'
• Um fato a destacar é que se a poliúria está
presente no idoso, muitas vezes não é pen-
sada como sendo causada por DM mas, fre-
qüentemente, por hipertrofia prostática, cis-
tites e incontinência urinária, entre outras
causas,

• A polidipsia é um alarme comum de estado


hiperosmolar nos mais novos. Os idosos,
por outro lado, podem apresentar-se com
grave depleção de espaço extracelular, hi-
perosmolaridade e mesmo coma, sem avi-
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E D1ABE'lES MELLITUS ~ PROTOCOLO

Parômetros bioquímicos para A capacidade máxima de reabsorção tubular


o controle metabólico renal de glicose corresponde a uma concen-
tração plasmática de aproximadamente 160
mg/dl ou 180 mg/dl. Portanto, para uma
Os parâmetros bioquímicos para o controle
glicemia em tomo de 180 mg/dl, a glicosúria
glicêmico do DM podem ser divididos em:
deve ser negativa. Em muitos adultos, parti-
.• de curto prazo (glicosúria, cetonúria e cularmente aqueles com diabetes de duração
glicemia) prolongada, esta capacidade de reabsorver
glicose pode variar substancialmente - de
• de médio prazo (albumina glicada e frutosa- modo que pode existir hiperglicemia acentu-
mina) ada sem glicosúria. Por outro lado, alguns
indivíduos, principalmente crianças e mulhe-
•• de longo prazo (hemoglobina glicada ou gli- res grávidas, podem apresentar reabsorção
cohemoglobina) . tubular renal muito baixa ou variável, resul-
tando em glicosúria com euglicemia;
Glicosúria
• A ingestão de líquido e a densidade urinária
A avaliação da glicosúria através de técnicas podem alterar os testes;
semiquantitativas ou quantitativas permanece
como um método utiliÚtdo para a monitoração .• Uma glicosúria negativa não é capaz de
do tratamento do DM quando não for possível a fazer distinção entre uma hipoglicemia,
monitoração com glicemia capilar. Os testes euglicemia e uma hiperglicemia leve ou
urinários realizados pelo menos duas vezes ao moderada;
dia, antes de cada aplicação insulínica, ou qua- •• A metodologia para os testes de urina domi-
tro vezes ao dia antes das principais refeições, e
ciliares envolvem o uso de tiras reagentes que
à noite, ao deitar, podem auxiliar no estabeleci-
mudam de cor e são comparadas a uma colo-
mento do padrão de ação insulínica e na avalia-
ração padrão - o que toma-se difícil para os
ção do controle glicêmico. Com o objetivo de
daltônicos e pacientes com comprometimen-
melhoràr a correlação entre a glicosúria e a to visual;
glicemia, o paciente deve esvaziar a bexiga, in-
gerir água, aguardar por aproximadamente 30 .• Algumas drogas (vitamina C e AAS) podem
minutos, urinar novamente e então efetuar a falsear o resultado da glicosúria; e grandes
glicosúria. Em condições ideais, a glicosúria deve quantidades de cetona podem diminuir o apa-
ser negativa, mas considera-se aceitável uma recimento de cor nas tiras reagentes.
glicosúria em amostra isolada inferior a 5 gll e
inaceitável quando acima desse valor. As considerações acima referidas devem ser
de conhecimento tanto da equipe de saúde
Contudo, existem vários aspectos que devem como dos pacientes, para que possam interpre-
ser considerados quando utilizamos a glicosúria tar adequadamente a glicosúria e saber as suas
para estimar a glicemia: limitações.

í'AOF"RNOo;;; nF ATFNrÃO RÁ<;rrA ?O


HIPERTENSÂO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Cetonúria Para os pacientes do tipo 1, recomenda-se a


automonitoração da glicemia com pelo menos
A determinação da cetonúria constitui parte quatro ou mais testes ao dia (antes de cada re-
importante do controle metabólico, especialmen- feição principal e à noite, ao deitar).
te nos diabéticos tratados com insulina.
A freqüência ideal para pacientes do tipo 2
A cetonúria pode ser indicativa de cetoaci-
não está bem definida, mas deve ser suficiente
dose em evolução, condição que necessita as-
sistência médica imediata. para a obtenção dos objetivos terapêuticos. Al-
guns recomendam uma avaliação diária, em
A cetonúria deve ser pesquisada em: horários diferentes, de modo que todos os perí-
odos e diferentes situações sejam avaliados .
•• situações de doenças agudas e infecções;
Um dos esquemas utilizado é o de quatro testes
• quando a glicemia está persistentemente aci-
diários durante dois ou três dias na semana. Os pa-
ma de 300 mg/dl;
cientes mais motivados em melhorar significativa-
• durante a gestação; mente o seu nívelde controle metabólicomonitoram
a glicernia várias vezes ao dia, regularmente.
• quando sintomas de cetoacidose (náuseas, vô-
mitos, dor abdominal) estão presentes. Além desta verificação, deve-se realizar, uma
vez por semana, o teste entre 2 e 3 horas da
A cetonúria, entretanto, associada a níveis madrugada, na tentativa de detectar hipoglice-
baixos de glicemia ou glicosúrias negativas, in- mias noturnas. Faz-se necessário, também, rea-
dica a falta de suprimento alimentar. Por outro lizar glicemia, periodicamente, após 90 minutos
lado, a denominada cetose pura, na ausência das refeições, para avaliar as excursões pós-
do jejum, de infecções ou situações de estresse, prandiais da mesma.
associada à hiperglicemia, indica deficiência
insulínica - no mínimo, de grau moderado. Considera-se como bom controle glicêrnico
o fato de 80% a 90% das avaliações mostrarem
Glicemia capilar glicemia de jejum:.

Um grande avanço no monitoramento do tra- • entre 80 e 120 mg/dl, uma e meia a duas ho-
tamento nos pacientes diabéticos foi a possibili- ras pós-prandiais;
dade de se avaliar a glicemia do sangue capilar • entre 80 e 160 mg/dl;
através das tiras reagentes de leitura comparati-
va ou óptica. • superior à 60 mg/dl, entre duas e três horas
da madrugada.
A automonitoração é recomendada para to-
dos os pacientes em uso de insulina. Pode tam- Quando as glicernias de jejum situarem-se entre
bém ser recomendada para aqueles em uso de 121 e 140 mg/d1e as pós-prandiais entre 161 e 180
su1foniluréias e todos os que não conseguem mg/dl,considera-seo controlecomo aceitável e ruim
atingir as metas terapêuticas. quando as glicernias estão superiores a esses níveis.
HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DiflBETES MELLlTUS ~PROTOCOLO

Proteína sérica glicada


A glicação da hemoglobina ocorre de modo
análogo ao da albumina e de outras proteínas
plasmáticas.

A extensão da glicação não-enzimática das


proteínas está diretamente relacionada à concen-
tração da glicose plasmática e ao período em
que a proteína ficou exposta a tais condições.

A concentração das proteínas glicadas está


diretamente relacionada com os níveis glicêmicos
e com a vida média da proteína.

As proteínas glicadas mais estudadas e utili-


zadas clinicamente são a albumina, a frutosami-
na e a hemoglobina A.

.'

CADERNOS DE ATENCÃO BAS1C.~ 31


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMlCA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Tratamento do DM e da HAS

Princípios gerais •• dependência de álcool ou drogas;

o tratamento do DM e HAS inclui as seguin- •. cooperação do paciente;


tes estratégias: educação, modificações dos há-
bitos de vida e, se necessário, medicamentos. •• restrições financeiras.

o tratamento concomitante de outros fato-


METAS DO TRATAMENTO DO DM TIPO 2 E HAS
res de risco cardiovascular é essencial para a
redução da mortalidade cardiovascular. . ;;';;;.ÕLÍCO~E.PLASMÁ TICA
Jejum 110
o paciente deve ser continuamente estimula- 2 horas pós-prandial 140

do a adotar hábitos saudáveis de vida (manuten- Glico-hemoglobina (%) Limite superior do método

ção de peso adequado, prática regular de ativida- COlESIEROL(rngldl)


;>':d', ·,'dl/k ,;&",~,- - 'Ó," ,

Total < 200


de física, suspensão do hábito de fumar, baixo
HDL > 45
consumo de gorduras e de bebidas alcoólicas).
LDL < 100
A mudança rios hábitos de vida pode ser obti- Triglicerideos (mg/dl) < 150

da se houver uma estimulação constante em to-


das as consultas, ao longo do acompanhamento. Sistólica < 135
Diastólica < 80
o tratamento dos portadores de HAS e DM "

·íNbíCEDE.~ASSA.
;"'._:'2.

ÇORP,ORA.(·1~
{:'0f'6'h'

deve ser individualizado, respeitando-se as se- 20 - 25 (kg/m')


guintes situações:

.• idade do paciente; Aceita-se, em alguns casos, valores de


glicose plasmática em jejum até] 26 mg/dl e
.• presença de outras doenças; de duas horas pós-prandial até 160mg/dl e
níveis de glico-hemoglobina até um ponto
•. capacidade de percepção da hipoglicemia;
percentual acima do limite superior do méto-
•. estado mental do paciente; do utilizado. Acima destes valores é sempre
necessário realizar intervenção para melhorar
•• uso de outras medicações; o controle metabólico .

rAnf:RNo<.: nt=: ATPNrÃn RÁ<':TrA


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Tratamento não-medicamentoso

Terapia nutricional e • Manter os valores pressóricos normais.

educação alimentar •• Prover calorias adequadas para manter o peso,


o crescimento e o desenvolvimento normais,
e boa evolução da gravidez e lactação.
Objetivo geral
•. Auxiliar na prevenção e tratamento das com-
Auxiliar o indivíduo a fazer mudanças em seus plicações da HAS e DM, evitando a hipo e
hábitos alimentares, favorecendo o melhor controle hiperglicemia, atenuando fatores de risco car-
metabólico, do peso corporal, da pressão arterial e diovascular e orientando pacientes com le-
do nívelglicêmico.O bom controledo DM e da HAS são renal em dieta hipoproteica.
só é obtido com um plano alimentar adequado.
Orientações gerais
Objetivos específicos .• o plano alimentar deve ser personalizado de
acordo com a idade, sexo, estado metabóli-
• Incentivar atividades de promoção da saúde
co, situação biológica, atividade física, do-
através de hábitos alimentares saudáveis para
enças intercorrentes, hábitos socioculturais,
prevenir obesidade, HAS e DM. situação econômica e disponibilidade dos ali-
•. Aumentar o nível de conhecimento da popu- mentos em sua região .
lação sobre a importância da promoção à saú- •. Deve-se fracionar 'lS refeições objetivando a
de, de h.ábitos alimentares adequados, da ma- distribuição harmônica dos alimentos, evitan-
nutenção do peso saudável e da vida ativa. do grandes concentrações de carboidratos em
4' Promover atitudes e práticas sobre alimenta- cada refeição, reduzindo, assim, o risco de
ção adequada e atividade física. hipo e hiperglicemia. O paciente deve seguir
as seguintes recomendações:
• Prevenir o excesso de peso.
• Para o DM tipo 1 - 6 refeições ao dia (3
<@> Manter a glicemia em níveis adequados, atra-
grandes refeições e 3 pequenas refeições);
vés do balanceamento da ingestão de alimen-
tos, doses de insulina ou antidiabéticos orais • Para o DM tipo 2 - de 4 a 6 refeições ao dia.
e intensidade da atividade física. Procurar manter constante, a cada dia, a quan-
•• Manter o perfillipídico desejado. tidade de carboidratos e sua distribuição .

CADERNOS DE ATENÇAo BÁSlCA 35


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

.• Incentivar o consumo de fibras alimentares grave (1 colher de chá rasa = 1 g de sal).


(frutas, verduras, legumes, leguminosas, ce- Moderar o uso durante o preparo das refei-
reais integrais), pois além de melhorarem o ções, e evitar o consumo de determinados
trânsito intestinal retardam o esvaziamento alimentos (ver quadro).
gástrico, proporcionando maior saciedade e
.• Aumentar a ingestão de potássio para prevenir
um efeito positivo no controle dos lipídeos
sangüíneos. o aumento da pressão arteriale preservar a circu-
lação cerebral, evitando o AVE (ver quadro).
•• Evitar alimentos ricos em gordura saturada e
colesterol (gorduras de origem animal, carne de .• Evitar frituras em geral, inclusive com mar-
porco, lingüiça, embutidos em geral, frutos do garinas ou creme vegetal, processo que pro-
duz oxidação.
mar,miúdos, vísceras,pelede frango,dobradinha,
gema de ovo, mocotó, carne vermelha com gor- .• Evitar carboidratos simples (açúcar, mel,
dura aparente, leite e iogurte integral - no caso garapa, melado, rapadura e doces em geral),
de adultos - manteiga, creme de leite, leite de principalmente para o indivíduo diabético.
côco, azeite de dendê e chocolate).
•• Reduzir a ingestão de sal, por ser grande
.• Reduzir o consumo diário de sal para 5 g na desencadeadore mantenedor da pressão ar-
hipertensão controlada e 2 g na hipertensão terial elevada no âmbito individual e coletivo.

Sal de cozinha (NaCI) e temperos industrializados Abóbora

Água de côco
Alimentos industrializados (ketchup, molho inglês,
maionese, mostarda, shoyu, caldos concentrados, Ban'jlna
molhos prontos para salada)
q Batata
Embutidos (salsicha, mortadela, lingüiça, Beterraba
apresuntado, presunto, salame, paio)
Cenoura
Enlatados e conservas (extrato de tomate, milho, Feijão _.
ervilha, patês, sardinha, atum, picles, azeitona,
palmito, etc.) Frutas secas
Grão de bico
Bacalhau, charque, carne seca, carnes e peixes
defumados, alimentos conservados em sal Laranja
Lentilha
, Aditivos (glutamato monossódico) utilizados em
alguns condimentos, sopas de pacote, extrato de Melão
carne ou galinha
, Mamão

Queijos em geral Soja


Tomate
- Salgadinhos do tipo snacks
Vegetais de cor verde

Obs: incentivar o consumo de vegetais crus, pois a cocção reduz significativamente o teor de potássio dos alimentos.

36 CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Recomendações nutricionais .• Os alimentos dietéticos podem ser recomen-


dados considerando-se o seu conteúdo calórico
Obeso (em geral, diabético tipo 2) - Dieta e de nutrientes. Os refrigerantes e gelatinas
com moderada restrição calórica, associada com dietéticas têm valor calórico próximo de zero.
exercícios físicos, a fim de, gradativamente, re-
duzir o peso. Uma perda de peso de 5 a 10 kg .• Alguns produtos dietéticos industrializados,
em grandes obesos já se mostra efetiva nocón- como chocolate, sorvetes, alimentos com
trole glicêrnico, mesmo que o peso ideal não te- glúten (pão, macarrão biscoitos), não signifi-
nha sido alcançado. cam que melhoram o controle glicêrnico ou
contribuem para a perda de peso.
Peso adequado - Dieta com calorias sufici-
entes para a manutenção do peso. • Os alimentos diet são formulados de forma que
sua composição atenda às necessidades espe-
Baixo peso (em geral, diabético tipo 1) -
cíficas; portanto, um produto diet, por exem-
Dieta com ingesta calórica ajustada para a recu-
plo, pode ser isento de sódio, mesmo que sua
peração do peso e do bom estado nutricional.
composição contenha açúcar ou vice-versa.
Crianças e adolescentes - Dieta com ajus-
• Os alimentos light são aqueles que em rela-
tes freqüentes das recomendações energéticas,
ção ao produto convencional apresentam uma
a fim de prover calorias suficientes para o cres-
redução de, no mínimo, 25% do VET. Essa
cimento e desenvolvimento dentro do espera-
redução pode ser obtida através da exclusão
do, para cada faixa etária.
de um ou mais de seus ingredientes. Portan-
to, podem ou não conter açúcar.
Bebidas alcoólicas
•• Os produtos diet e/ou light só poderão ser
Não é recomendável o uso habitual de bebidas utilizados após análise de sua composição. A
alcoólicas. O consumo moderado (uma a duas ve- conduta mais adequada é utilizar apenas os
zes por semana, no limite de um cálice de vinho ou alimentos com rótulos que especifiquem:
uma lata de cerveja ou uma dose de 50 rnl de uís-
• análise calórica e,nutritiva,
que ou equivalentes) é tolerado por pacientes bem
controlados, desde que a bebida seja ingerida como • descrição dos ingredientes,
parte de uma refeição e que as calorias estejam
• tipos de adoçantes e quantidades,
incluídas no VET (valor energético total).
• validade do produto,

Produtos dietéticos (diet e Iighf) • registro no órgão competente,

•• Os produtos dietéticos não são necessários • recomendações e advertências .


ao controle do diabetes, mas podem auxiliar Obs.: é preciso ter cuidado para não confun-
no tratamento, permitindo melhor qualidade dir alimentos dietéticos ou modificados com ali-
de vida. mentos para diabéticos.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÃSICA 37


l-{[PERTENSÃO ARTERIAL SrSTÉMlCA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

ADOÇANTES MAIS UTILIZADOS E SUAS CARACTERíSTICAS

S
comE(:)ULCORANTE
nosódio
mercado
os outros
fenilcetonúricos
paraMÁXIMO.
8,0 ••
Efeito laxativo_
Proibido
Po.DER
consumo
o40
; ;15,0 200
Não
0,5
consumo0,5
mg/kg
11,Omg/kg
2,5 mg/kg
5,5 Não
Não
120
30
0,6
300
paciente
4Co.NSUMo.
2,2
aADo.ÇANTE
-de
600
-0,6
100
de
Insignificante
44kcal/g-0,7
--700
DIÁRIO.
kcal/g
4kcal/g
mg/kg
kcal/g
disponibilidade
comparado
mg/kg
DESVANTAGENS
paciente descompensado_
200
50- 200
Não aconselhado
CALo.RICA
Co.NTR!BUIÇÃo.
para o
descompensado
Não aconselhado
Baixa
Não
Não
Aumento aconselhado
aconselhado
do
Alto custo,
Aumento do
Não especificado

.'
Obs: os adoçantes ou edulcorantes podem ser utiliza- recomenda seu uso dentro de limites seguros, eni termos
dos, considerando-se o seu valor calórico. O aspartame, de quantidade e, do ponto de vista da qualidade, alter-
ciclamato, sacarina, acessulfame K e sucralose pratica- nar os diferentes tipos.
mente não contribuem no aporte calórico. Já afrutose, o
manitol e o xilitol têm praticamente o mesmo valor Indivíduos hipertensos ou com problemas renais
calórico do açúcar. A Organização Mundial da Saúde devem estar atentos ao conteúdo de sódio dos adoçantes.

38 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁsrCA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Itens a ser considerados OS DEZ PASSOS PARA A MANUTENÇÃO


DO PESO SAUDÁVEL
Na educação alimentar, alguns itens devem
ser considerados em todas as atividades de in- PA.SSO

formação, educação e comunicação: Coma frutas e verduras variadas, pelo


menos duas vezes por dia .
•. Esclarecer que a alimentação e nutrição ade-
quadas são direitos humanos universais; 2° PASSO

•. Promover o peso saudável através de mensa- Consuma feijão pelo menos quatro vezes
por semana.
gens positivas;
3° PAS$O
• Promover a substituição do consumo de ali-
Evite alimentos gordurosos como
mentos pouco saudáveis para alimentos sau- carnes gordas, salgadinhos e frituras.
dáveis;
i4~PASSO
•• Não discriminar alimentos, mas propor a re-
dução do consumo dos menos adequados; Retire a gordura aparente das carnes e
a pele do frango .

•. Evitar a personificação do obeso, já discri- 5~ PASSO


minado socialmente;
Nunca pule refeições, faça três refeições
e um lanche por dia. No lanche, escolha
•. Esclarecer que alimentação saudável não é uma fruta.
alimentação cara; 60 PASSO

•• Garantir a sustentabilidade das atividades de


Evite refrigerantes e salgadinhos.
informação, educação e comunicação;

• Não reforçar padrões estéticos. 7° PASSO

Faça as refeições com calma e nunca na


frente da televisão.

8° PASSO

Aumente a sua atividade fisica diária. Ser


ativo é se movimentar. Evite ficar parado,
você pode fazer isto em qualquer lugar.

9° PASSO

Suba escadas ao invés de usar o elevador;


caminhe sempre que possivel e não passe
longos períodos sentado assistindo TV.

10° PASSO

Acumule trinta minutos de atividade fisica


todos os dias.

f'AIJFRNOS OF ATFNí'ÃO RÁSI('A


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLTfUS - PROTOCOLO

No quadro abaixo, apresentamos um guia ali- Entre outros fatores, a quantidade exata de por-
mentar para orientação de adultos diabéticos e ções, individualizadas, vai depender da idade, ativi-
hipertensos, considerando o número de porções dade, sexo e estado metabólico, que devem ser ana-
de acordo com seu estado nutricional. lisados e avaliados pelo profissional nutricionista.

ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA

Pão, cuscuz, cará, Arroz, macarrão, batata,


inhame, biscoito, mandioca- mandioca, farinha, fubá

6/8 porções 6 porções

Cenoura, chuchu, abóbora, tomate, repolho, alface, agrião,


couve, vagem, beterraba, pepino, quiabo, jiló, maxixe
3/5 porções 3/5 porções

Laranja, bana, abacaxi, mamão, melancia, limão, caju


tangerina, caqui, manga, melão
2/4 porções 2/3 porções

Leite, iogurte, coalhada, queijo fresco, queijo prato

2/3 porções 2 porções


COAl.HAllA

.'
Carne vermelha, frango, peixe, ovo, ervilha seca, lentilhà,
feijões, grão de bico
2/3 porções 2 porções

DEVEM SER EVITADOS


Banha, doces, manteiga, maionese

MAJONESE
MANTEIGA

Fonte: Adaptado - Eating Healthy - Wíth the Pyramld As Your Guíde - ADA
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS - PROTOCOLO

Orientação poro que deve haver bom aporte de cálcio, fósforo,


crianças e adolescentes ferro e zinco para atender as demandas do cres-
cimento.
Tem-se demonstrado que para crianças e
adolescentes diabéticos a orientação alimen-
tar adequada, ajustada ao medicamento e a Interrupção do tabagismo
atividade física, proporciona !':1eli1orcontro-
le da glicemia.
o hábito de fumar é o principal
fator de risco
para doenças do coração e dos vasos, bem como
Consumo de nutrientes para o câncer e lesões pulmonares irreversíveis,
como enfisema e bronquite crônica. Tal hábito
A avaliação das necessidades energéticas e
deve ser abolido, porém isto não é fácil, pela
nutricionais da criança e do adolescente diabéti-
dependência da nicotina, hoje considerada uma
co devem ser revistas com maior freqüência, a
droga que provoca vício igual ao da cocaína e
fim de não comprometer o desenvolvimento heroína.
pôndero-estatural, evitando o catabolismo me-
tabólico.
Considerando tal fato, a educação para cri-
o aporte de carboidratos deve ser igual ao anças e adolescentes é fundamental, evitando que
dos jovens não-diabéticos. venham a se tornar viciados.

As necessidades protéicas variam de acordo


com a fase de crescimento da criança e do ado- Recomendações
lescente, onde, do total de proteínas consumidas,
um terço deverá constituir-se de proteínas de .• Marque uma data para o abandono, idealmen-
alto valor biológico. te dentro de duas semanas.

Da mesma forma que para o adulto, a cri- .• Beber álcool está fortemente associado com
ança e o jovem devem evitar o consumo ex- recaídas.
cessivo de gorduras, lembrando que o ácido
linoleico (ácido graxo essencial) é fundamen- .• A presença de outros fumantes em casa difi-
culta o abandono.
tal para o desenvolvimento do sistema nervo-
so central e, portanto, deve estar presente na •• Avise amigos, familiares e colegas de traba-
alimentação em quantidades suficientes, atra- lho, e peça apoio.
vés de alimentos que são fontes de gorduras -
como os óleos vegetais e a gordura presente .• Retire os cigarros de casa, carro e trabalho e
no leite integral. evite fumar nesses locais.

As recomendações para micronutrientes e fi- Reflita sobre o que deu errado em outras ten-
bras são iguais às do não-diabético, lembrando tativas de abandono.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 41


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

.• Preveja as dificuldades, em especial a síndro- Atividade física


me de abstinência .

•• Abstinência total é essencial: não dê nem mes- Ao prescrever atividades físicas, conside-
mo uma tragada. rar que:

-!
COMO IDENTIFICAR AS
•• Devem ser regulares, pois seus benefíci-
FASES DO FUMANTE os possuem ação máxima de apenas 24 a
48 horas;

•• Devem ser exercícios aeróbicos (caminhar,


nadar, andar de bicicleta, etc.), pois os
exercícios isométricos não são recomen-
dados;
J
Mostre sua preocupação Já fumou .• A duração média deve ser de 45 a 60 mi-

!
com o hábito de fumar. 'alguma vez?
Fale sobre o mal que o nutos; no mínimo três vezes por semana.

!
cigarro causa à saúde Hoje, considera-se que as atividades físicas
Quando parou
podem ser realizadas diariamente por 30 mi-

! !!
de fumar? nutos, podendo ser fracionada em perío-

!
meses
de
Mais
6
Gostaria de parar meses
nos
de 6
dos (por exemplo, de 10 minutos, três ve-

! zes ao dia). Na atividade física intensa são


próximos seis meses?
Menos
necessários 15 minutos de aquecimento, 30
minutos de exercício e de 10 a 15 minutos
Não. Pensa
Neste caso, em parar
de relaxamento;
escreva em
local visível
no mês?
próxim,uo--.JI. Manutenção
.• A idade, a aptidão física e as preferências de
cada paciente são importantes;
1 Objetivo: ajudar
o paciente a se
mostrar
.'
Pré-contemplação abstinente e se .• Os.pacientes com idade superior a '35 anos,
recuperar das
Objetivo: ajudar o
recaídas ou os indivíduos com história prévia de
paciente para que
comece a pensar cardiopatia, devem ser submetidos a um tes-
em parar de fumar
te ergométrico prévio;
~l
•• Os exercícios devem ser realizados com rou-
~----_-- L~~ I Preparação/ação II pas e calçados adequados;
a decísãoreforçar
Contemplaçao
Objetivo: de I/ •••••• I paciente
aObjetivo:
parar ade fumar
ajudar
estar eo II
pronto
.• Deve-se ingerir líquidos em quantidade sufi-
pararfuturo
~m de fumar em I
próximoJ I usar as ferramentasJ'
necessárias para i=~ ciente antes, durante e após o exercício, para
evitar a desidratação;

42 CADERNOS DE ATENÇÃO BÃSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

.• A intensidade do exercício deve ser entre 50 cular, eo regime deve ser ajustado à presen-
e 70% da freqüência cardíaca reserva; ça de fármacos betabloqueadores ou outros
agentes que possam afetar a freqüência do
pulso,
Freqüênciacardíaca de exercício = (FC máxima - FC basal)

X (% intensidade) = FC basal
FC máxima = 220 - idade em anos Efeitos

.• Hipertensão - reduz os níveis prescritos de


repouso e pode reduzir a dose de medica-
.• Todo paciente portador de DM deve trazer mentos necessários.
consigo uma identificação e ser orientado
para ter acesso imediato a uma 'fonte de car- •• Dislipidemia - diminui os níveis séricos de
boidratos rapidamente absorvível (tabletes de triglicérides e aumenta os níveis séricos de
glicose, refrigerantes não-dietéticos, sucos HDL colesterol.
com açúcar, etc.) para uso em caso de hipo-
glicemia. .• Obesidade - auxilia no controle do peso e
reduz principalmente a gordura corporal.
o exercício não deve ser do tipo competiti-
vo se o paciente for portador de obesidade, os- .• Estresse - reduz ansiedade, fadiga e
teoporose acentuada ou artropatia. Caminhar depressão.
é preferível a nadar se a prevenção da osteo-
• Diabetes:
porose também for um objetivo, haja vista que
a caminhada também é um exercício de levan-
• previne ou retarda o surgimento do diabe-
tamento de peso. Caminhar numa caixa d'água tes tipo 2,
profunda pode ser benéfico se uma artropatia
ou osteoporose estiver causando dores nas cos- • reduz a resistência insulínica, podendo di-
tas, nos membros inferiores ou joelhos. minuir a necessipade de medicamentos,

A recomendação da American Hearth • diminui o risco cardiovascular.


Association de que a pessoa empreenda exer-
cícios aeróbicos, nos quais a taxa cardíaca atin-
ja 70% do máximo em 20-30 minutos (taxa
cardíaca máxima: 220 - idade) por 3 a 4 vezes
na semana, pode ser aplicada aos diabéticos
em geral. No idoso, esta freqüência deve ser
diária.

Este nível de exercício deve ser empreen-


dido somente após uma avaliação cardiovas-
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

INDICAÇÃO DE GASTO DE CALORIAS POR Poro os portadores de diabetes

4-
HORA DE ALGUMAS ATIVIDADES FíSICAS tipo 1
Nesses pacientes, um programa de ativida-
des físicas pode não levar a grandes resultados
115 105 no controle metabólico. Entretanto, os mesmos
Costurar, Ficar em pé,
trabalhar em pé comer, jogar baralho, devem ser encorajados a fazê-Io devido ao gran-
escrever e tricotar
de benefício cardiovascular, bem-estar psicoló-
gico, interação social e lazer.
~J' ~~" ~,~<,,,~.. ,', c.• -.
Devem ser vigiados nesses pacientes: hipo-
~.,

118 140
Vestire Passar a
despir ferro
glicemia, hiperglicemia, cetose, isquemia
coronariana, arritmia, piora de uma retinopatia
proliferativa e lesões nos membros inferiores.
~
150 190 Deve-se evitar a aplicação de insulina nos
Dirigir veiculo Cozinhar
locais ou membros mais solicitados durante es-
sas atividades. Uma redução de 1 a 20% da
dose de insulina pode ser necessária nos dias
de exercícios, os quais não devem ser realiza-
220
200 Dançar lento, dos em horários próximos do pico de ação da
Andar devagar professor dando
aula, lojista insulina. Para evitar hipoglicemia, os pacientes
- "
devem receber uma suplementação de carboi-
~rI', ~'}~ dratos antes ou durante a realização de exercí-
240 260 cios prolongados.
Pintar Limpar a casa

Poro os portadores de diabetes


tipo 2
330 440
Dançar rápido
Serviços de Nesses pacientes, deve ser feita prévia avali-
jardinagem
ação da hipertensão arterial, do grau de retino-
patia, nefropatia, neuropatia e, particularmente,
de doença isquêmica cardíaca silenciosa.
480 500
Serviços de
serrador
Pedreiro, padeiro,
metalúrgico
Exercícios pós-alimentação podem reduzir a
hiperglicemia pós-prandial. É provável que
exercícios realizados após as 16 horas possam
reduzir a produção hepática de glicose e dimi-
1.100 700
Subir escadas Relação sexual
nuir a glicemia de jejum.

Fonte: Df. Osmar de Oliveira Quando a duração do exercício for superior


a uma hora, faz-se necessária suplementação ali-
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E D/;\BETES MELLlTUS - PROTOCOLO

mentar durante o mesmo, especialmente nos pa- .• Em pacientes com hipertensão arterial, evi-
cientes em uso de insulina. tar levantamento de peso ou manobras de Val-
sava. Escolher exercícios que envolvam os
Os pacientes que utilizam apenas dieta membros inferiores.
para o tratamento não requerem suplemen-
tação alimentar, pois não correm o risco de
hipoglicemia. Educação

Contra-indicações Conceito
•. Glicemia superior a 300 mg/dl, cetonemia ou A educação é uma parte essencial do trata-
cetonúria positiva. Adiar os exercícios até que mento. Constitui um direito e dever do paciente
os valores estejam < 250 mg/dl. e também um dever dos responsáveis pela pro-
moção da saúde .
•. Incapacidade de detectar hipoglicemia.
A ação educativa deve abranger os seguintes
•• Coronariopatia clínica.
pontos:
.• Neuropatia grave em atividade .
.• Informar sobre as conseqüências do DM e
.• Retinopatia proliferativa não-tratada . HAS não tratados ou mal controlados;

•• Lesões abertas (úlceras) nos pés. .• Reforçar a importância da alimentação como


parte do tratamento;

Cuidados •• Esclarecer sobre crendices, mitos, tabus e al-


ternativas populares de tratamento;
.• Em pacientes com retinopatia proliferativa .• Desfazer temores, inseguranças e ansiedade
não-tratada ou tratada recentemente, evitar
do paciente;
exercícios que aumentem a pressão intra-ab-
dominal, manobras de Valsalva ou similar (le- .• Enfatizar os benef.ícios da atividade física;
vantamento de peso) e movimentos rápidos
.• Orientar sobre hábitos saudáveis de vida;
com a cabeça .
.• Ressaltar os benefícios da automonitoração,
•• Quando a glicemia for <100 mg/dl, fazer lan-
insistindo no ensino de técnicas adequadas e
che extra. O valor calórico desta alimenta-
possíveis;
ção dependerá da intensidade e duração do
exercício e da resposta individual. .• Ensinar como o paciente e sua faIlll1ia podem
prever, detectar e tratar as emergências;
.• Em pacientes com neuropatia ou insuficiência
arterial periférica, evite corrida. Dê preferên- .• Ensinar claramente como detectar os sinto-
cia a nadar, andar de bicicleta ou caminhar mas e sinais de complicações crônicas, em
usando calçados apropriados e confortáveis. particular nos pés;
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

• Ressaltar a importância dos fatores de riscos


cardiovasculares;

• Incentivar o paciente a se tomar mais auto-


suficiente no seu controle.

Avaliação
.o processo de educação necessita de avalia-
ção constante, num mecanismo de retroalimen-
tação.
Deve-se levar em conta os resultados obti-
dos pelos pacientes, os instrumentos utilizados
e o desempenho da equipe envolvida.

A avaliação utiliza parâmetros ligados a ade-


rência, ao controle metabólico, a complicações
agudas e crônicas, além da análise da adaptação
psicossocial e de mudanças de hábitos.

A educação para o DM e a HAS deve ser


associada a assistência ao paciente, de modo a
prover todos os recursos necessários para o tra-
tamento adequado.

46
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Tratamento medicamentoso da HAS

Princípios gerais Quando da opção pelo uso de drogas anti-


hipertensivas algumas noções básicas devem ser
Com base na estratificação do risco individual lembradas:
associada não somente aos níveis pressóricos mas
também aos fatores de risco e às co-morbidades~ •. Iniciar sempre com doses menores do que as
pode-se decidir pelo uso de medicamentos . preconizadas;

•. Evitar os efeitos colaterais, associando nova


ESTRATÉGIA DE TRATAMENTO
droga antes da dose máxima estabelecida,
favorecendo associações de baixas doses;

•. Estimular a medida da PA no domicílio, sem-


pre que possível;
Avaliar outros fatores de risco, LOA e DCV

Iniciar mudança dos hábitos de vida •. Lembrar que determinadas drogas anti-
Estratificar risco
hipertensi vas demoram de 4 a 6 semanas para
atingir seu efeito máximo, devendo-se evitar
j
I modificações do esquema terapêutico antes
W

.~'Jl'J.(••~'.(•• do término desse período;


começar começar
tratamento tratamento •• O paciente deve ser orientado quanto ao uso
medica mentoso medicamentoso
do medicamento, horário mais conv~niente,
PAS ~ 140 ou PAD ~ 90
relação com alimentos, sono, diurese e me-
MÉDIO
começar tratamento monitorar PA canismos de ação;
medicamentoso
e outros fatores
PAS < 140 ou PAD < 90 de risco durante •. Antes de aumentar ou modificar a dosagem
continuar a monitorar 3-6 meses
de um anti-hipertensivo, monitorar a ade-
são - que significa o paciente estar com a
PAS ~ 150 ou PAD ~ 95 começar
tratamento medicamentoso
monitorar PA pressão controlada e aderente às recomen-
e outros fatores dações de mudanças nos hábitos de vida. A
PAS < 150 ou PAD < 95 de risco durante
continuar a monitorar 6-12 meses principal causa de hipertensão arterial re-
Fonte: Diretrizes da hipertensão da OMS/ISH, 1999
sistente é a descontinuidade da prescrição
estabelecida.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 47


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Classes de anti-hipertensivos Essas drogas são, ainda, as mais extensiva-


mente estudadas e têm demonstrado redução de
Estão disponíveis seis classes de anti- morte e complicações cardiovasculares.
hipertensivos: os diuréticos, os inibidores
adrenérgicos (os de ação central, os alfa-l blo- Mecanismo de ação - o local de ação dessas
queadores e os betabloqueadores), os vasodila- drogas é o nefron (unidade morfofuncional do
tadores diretos, os inibidores da enzima rim). O mecanismo exato pelo qual os diuréticos
conversora da angiotensina (ECA), os antago- baixam a pressão ainda não está devidamente
nistas dos canais de cálcio e os antagonistas do esclarecido. Inicialmente, produzem leve
receptor da angiotensina 11. depleção de sódio. Com a continuação da tera-
pia ocorre, também, diminuição da resistência
A cada dia s~rgem novas classes, porém vale vascular periférica.
ressaltar que estudos para a redução da morbi-
mortalidade somente foram demonstrados com
Efeitos adversos - podem depletar potássio
o uso de diuréticos e betabloqueadores. Mais com doses moderadas ou elevadas. Cuidados
recentemente, verificou-se os mesmos resulta-
especiais devem ser tomados com os idosos, em
dos com o uso de nitrendipina (antagonista dos
vista da hipotensão postura!.
canais de cálcio) em idosos.

Este caderno detalhará apenas as drogas pa- Tipo de diurético


dronizadas pelo Ministério da Saúde, por razões
científicas e de custo-eficácia no âmbito popu- Hidroclorotiazida (HCT) - é o diurético
lacional. padronizado para uso rotineiro. Deve ser usa-
do, na maioria das vezes, como droga inicial,
A padronização recomendada inclui como de permitindo uma ação anti-hipertensiva lenta,
primeira escolha a hidroclorotiazida (diurético) com reações compensatórias reflexas menos in-
e/ou propranolol (betabloqueador), seguido do tensas.
captopril (IECA), especialmente para os diabé-
ticos, a alfametildopa para as gestantes e o A prevenção dos-efeitos colaterais.da HCT-
minoxidil (vasodilatador de ação direta) para os como dislipidemias, intolerância à glicose, hipo-
casos graves. potassemia, impotência sexual e hiperuricemia
- é alcançada com doses cada vez menores, e
Diuréticos vigilância dessas alterações. Não se deve ultra-
passar a dose de 50 mg/dia.
São as drogas mais usadas no tratamento
da HAS em todo o mundo, há mais de trinta Estudos recentes têm mostrado diminuição
anos. Têm papel vital no controle dessa con- da excreção urinária de cálcio. Este efeito tem
dição, seja isolado ou em associação com sido associado a baixa incidência de fraturas em
outras drogas. pacientes idosos.

48 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


H1PERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E Dl4BETES MELLfTUS - PROTOCOLO <

Pacientes com insuficiência cardíaca e insu- São úteis em uma série de condições, tais como:
ficiência renal crônica (creatinina 2: que 1,5 mg/ arritmias cardíacas, prolapso da valva mitral,
dI) deverão usar a furosemida, ao invés da hi- infarto do miocárdio, angina do peito e hiper-
droclorotiazida. tensão portal esquistossomática.

Em diabéticos, utilizar doses baixas (12,5 a Mecanismo de ação - ainda não está bem
25 mg/dia), o que minimiza os efeitos adversos. esclarecido como estas drogas produzem re-
Deve-se, ainda, monitorar o potássio e a glicose dução da pressão arterial. Diminuição da fre-
sangüínea. qüência e do débito cardíaco são os resulta-
dos encontrados após a administração das
mesmas. No seu uso constante, a diminuição
Inibidores simpáticos da pressão arterial se correlaciona melhor com
alterações na resistência vascular periférica
o cérebro exerce grande controle sobre a cir- que com variações na freqüência cardíaca ou
culação. Portanto, atuar farmacologicamente alterações no débito cardíaco induzi das por
nesta área é imprescindível para diminuir a pres- essas drogas.
são arterial nos hipertensos - clonidina e
alfametildopa são as drogas preferenciais.
Tipo de betobloqueodor
Mecanismo de ação - estas drogas deprimem
o tônus simpático do sistema nervoso central. Propranolol (PP) - foi o primeiro betablo-
queador sintetizado e ainda é o mais usado.
Tipo de inibidor simpático
Efeitos adversos - contra-indicado em
Alfametildopa - é a droga ideal para tra- atópicos ou asmáticos pelo desencadeamento ou
tamento da grávida hipertensa, pois mostrou- agravamento do broncoespasmo, podendo levar
se mais efetiva na redução da pressão arterial à insuficiência respiratória aguda. Também con-
dessas pacientes, além de não provocar mal- tra-indicado em bl08ueios cardíacos e insufici-
formação fetal. ência vascular periférica.
Os efeitos colaterais, como hipotensão Apesar da possível deteriorização do con-
postural e disfunção sexual, sintomas freqüen- trole glicêmico e do perfil lipídico, o
tes no paciente com neuropatia autonômica dia- UKPDS demonstrou que o atenolol reduziu
bética, limitam o seu uso nessa população. o risco de doença macro e microvascular no
paciente diabético. Importante lembrar que,
no paciente diabético, além das suas clássi-
Betabloqueadores cas contra-indicações, como a insuficiência
arterial periférica, os betabloqueadores po-
São drogas que antagonizam as respostas às dem mascarar e prolongar os sintomas de
catecolaminas, mediadas pelos receptores beta. hipoglicemia.

LlQ
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Vosodilotodores diretos sença da enzima conversora (ECA). Essas dro-


gas bloqueiam essa enzima, que transforma a AI
São drogas que têm efeito relaxador direto em AlI (convertase). Possuem perfil hemodinâ-
no músculo liso vascular, sem intermediação de mico e metabólico favorável e podem ser usa-
receptores celulares. das em associação a outras drogas.

Do ponto de vista terapêutico, os inibidores


Mecanismo de ação - leva à vasodilatação da enzima de conversão da angiotensina (ECA),
da arteríola pré-capilar e conseqüente queda da além da redução da pressão arterial sistêmica,
resistência vascular periférica. Isto pode, por reduzem a pressão intraglomerular, que tem como
mecanismo de compensação, levar ao aumen- conseqüência proteção renal específica.
to da retenção de sódio e água. Esta é uma das
razões porque essas drogas só devem ser usa- Vale ressaltar que são drogas contra-indicadas
das em associação prévia com na gestação ou em mulheres com risco de
betabloqueadores e diuréticos em hipertensão engravidar, pela possibilidade de malformação
fetal.
grave e resistente.

Tipo de IECA
Tipo de vasodilatador direto
Captopril- foi o primeiro inibido r da con-
Minoxidil - deve ser usada como quarta dro- versão da angiotensina. Tem indicação for-
ga em HAS grave. mal para os hipertensos portadores de dia-
betes, haja vista provocar queda da hiperten-
são glomerular, tão danosa para a função re-
Inibidores da enzima conversora nal, e evitar perda de albumina pela urina
(albuminúria).
da angiotensina (IECA)
Apresenta a vantagem de não prejudicar a
Essas drogas representam grande avanço no
tratamento da HAS. sensibilidade à insulina e o perfil lipídico do
plasma, e associa-'se à redução da IjVE. Na neu-
Mecanismo de ação - esses compostos ini- ropatia autonômica do diabetes, a possibilida-
bem a formação de angiotensina I, bloqueando de de hipoaldosteronismo hiporreninêmico com
o sistema renina angiotensina-aldosterona. elevação de potássio pode limitar o uso de
IECA.
A angiotensina II é um dos maiores vasocons-
trictores conhecidos e se origina a partir do an- Cuidados devem ser tomados em relação aos
giotensinogênio vindo da renina. As angiotensi- pacientes com estenose de artéria renal, pela
nas são produtos de uma série de reações pro- possibilidade de hipoperfusão e, conseqüente-
teolíticas iniciadas com a clivagem do angioten- mente, queda da função de filtração renal. Do-
sinogênio. Para a formação da angiotensina lI, sagem de potássio e de creatinina auxiliam na
vindo da angiotensina I, faz-se necessária a pre- avaliação da função renal.

fiO
Urgência e emergência em nalidade se façam necessários alguns dias de ob-
hipertensão arterial servação.

É interessante lembrar o aumento pressórico


Crise hipertensiva que surge como conseqüência da interrupção
súbita do tratamento, especialmente em usuári-
Os pacientes portadores de alterações os de c10nidina e betabloqueadores.
pressóricas importantes acompanhadas de
sintomatologia como cefaléia, alterações visu- Classificação da crise
ais recentes, dor no peito, dispnéia e obnubilação "

devem ser encaminhados para os serviços de


Urgência hipertensiva
urgência e emergência. É importante diferenci-
ar dessas situações os quadros de alterações Aumento súbito da pressão arterial não-as-
pressóricas que ocorrem em situações de estresse sociada a quadros clínicos agudos como
emocional e que, às vezes, podem ser contorna- obnubilação, vômitos, dispnéia e que assim não
dos com o simples uso de um benzodiazepínico. apresentam risco imediato de vida ou dano em
Também não constituem urgências hipertensivas órgão-alvo. Nessa situação, a pressão arterial
a elevação da pressão arterial desacompanhada pode ser controlada em 24 horas e a medicação
de sintomas. Um simples ajuste terapêutico po- de escolha deve ser os inibidores da enzima
derá, nesses casos, promover o adequado con- conversora da angiotensina (captopril), numa
trole da pressão arterial, mesmo que para tal fi- dosagem de 25 ou 50 mg, acompanhada de um

CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA .1) 1


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS· PROTOCOLO

diurético de alça (furosemida). O uso da


nifedipina sublingual, muito difundido em pas-
sado recente, está no momento proscrito. A ra-
zão principal para o abandono desse tipo de te-
rapêutica centra-se na lógica de que não neces-
sitamos reduzir a pressão num período de tem-
po muito curto, mas sim dentro das 24 horas.

Emergência hioertensiva

Aumento súbito da pressão arterial, acom-


panhado de sinais e sintomas indicativos de dano
importante em órgãos-alvo e risco de vida. Os
exemplos mais comuns dessas situações são pre-
sença de ederr.a agudo pulmonar, infarto agudo
do miocárdio, aneurisma dissecante da aorta, aci-
dente vascular encefálico e encefalopatia
hipertensiva. Nessas situações, indica-se sem-
pre a hospitalização e, se possível, o tratamento
inicial preconizado para os diversos tipos de
emergências cardiológicas.

Cuidados especiais devem ser adotados com


os quadros de AVE, quando a diminuição súbita
da pressão arterial pode tornar-se extremamen-
te danosa para o paciente .

. '

rAI)ERNOS DE ATENC.ÀO B.ÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Tratamento medicamentoso do DM

Vários fatores são importantes na escolha da A combinação de agentes com diferentes me-
terapêutica para o DM tipo 2: canismos de ação é comprovadamente útil. Al-
guns pacientes diabéticos tipo 2 irão necessitar
.• gravidade da doença; da terapia insulínica logo após o diagnóstico;
.• condição geral do paciente (presença ou não outros, ao longo do tratamento .
de outras doenças);
Os agentes hipoglicemiantes orais podem ser
•. capacidade de autocuidado; classificados, de acordo com seu mecanismo de
ação, em:
•. motivação;
•. idade. .• Agentes que retardam a absorção pós-
prandial de glicose (ex: inibidores de alfagli-
cosidase);
Opções de tratamento •. Agentes que aumentam a secreção de insulina
Existem dois tipos de tratamento medica- (ex: sulfoniluréias, repaglinida e nateglinida);
mentoso do DM: os antidiabéticos orais e as •. Agentes que reduzem a resistência insulínica
insulinas. (ex: metformina e tiazolidinedionas).

Antidiabéticos orais Sulfóniluréias


Os antidiabéticos orais devem ser emprega- Esses agentes têm sido utilizados há mais de
dos, no DM tipo 2, quando não se tiver atingido 40 anos no tratamento da hiperglicemia do DM
os níveis glicêrnicos desejáveis após o uso das tipo 2. A clorproparnida foi um dos primeiros
medidas dietéticas e do exercício. fármacos desenvolvidos nessa classe de medi-
camentos conhecida como sulfoniluréia de "pri-
A natureza progressiva do DM, caracteriza-
meira geração". Subseqüentemente, outros agen-
da pela piora gradual da glicernia de jejum ao tes mais potentes, tais como a glibenclamida,
longo do tempo, provoca a necessidade de au- glipizida e glicazida, foram sintetizados e são
mento da dose dos medicamentos e acréscimo
denominados agentes de "segunda geração" - e
de outros no transcorrer da doença. mais recentemente, a glimepirida.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 53


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELUTUS - PROTOCOLO

Mecanismo de ação e efeitos Indicações

Estimulam agudamente a célula beta a Devem ser administradas no DM tipo 2 não-


secretar insulina, sendo portanto ineficazes obeso ou com sobrepeso, quando não se obteve
em pacientes com redução importante na fun- controle adequado após 2 a 3 meses de dieta ou
ção destas células. Algumas ações extrapan- em pacientes que apresentem no diagnóstico
creáticas foram descritas, embora não consi- glicemias superiores a 270 mg/dl, sem sinais de
deradas de grande importância na melhoria da descompensação. Iniciar a terapia com a menor
hiperglicemia. dose possível e aumentar a dose a cada 4 a 7 dias,
se necessário.
Após alguns meses de terapia, os níveis de insu-
lina retomam aos valores pré-tratamento, enquanto No DM tipo 2, as sulfoniluréias estão
os níveis glicêmicos permanecem mais baixos. indicadas em associação com a metformina quan-
do a terapêutica inicial monoterápica não for efi-
Em pacientes com níveis de glicose plasmáti- caz para um bom controle metabólico.
ca acima de 200 mg/dl, diminuem a glicose plas-
mática cerca de 60 a 70 mg/dl, e a glicohemo-
globina de 1,5 a 2,0 pontos percentuais.

SULFONILURÉIAS DISPONíVEIS NO BRASIL

40
125•
Renal!
~enal!
2.5a
NOME
MEIA
Renal
25a40
17a15
-a12
5mg
80
APRESENTAÇÃO
(HORAS)
2mg
5mg
-5
EXCREÇÃO
fecal 320
a6
biliar 500
520
(COMPRIMIDO)
250 mg
mg
VIDA
(mg/dia)
TÉRAPÊUTICA biliar .-fAIXA
Renal!
biliar
Renal!
a 20 ,

!'1L1
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELUTUS - PROTOCOLO

Ticos de sulfoniluréias .• Gravidez .

Clorpropamida - de e geração, este fár- .• Grandes cirurgias, infecções severas, estresse,


trauma.
maco tem maior duração de ação, sendo por
isso usado em dose única. Pode provocar icterí- .• História de reações adversas graves às sulfo-
cia colestática, hiponatremia, especialmente em niluréias ou similares (sulfonamidas).
idosos e em combinação com tiazídicos, e rea-
ções tipo dissulfiram (Antabuse) quando usadas .• Predisposição a hipoglicemias severas
com álcool. Por estas razões, não é apropriada (hepatopatias, nefropatias).
como terapêutica de primeira escolha, especial-
mente em pessoas idosas (> 60 anos) . .• Acidose ou estado pré-acidótico.

A clorpropamida foi associada a níveis .• Pacientes com diminuição da função hepá-


pressóricos mais elevados e, o estudo do United tica ou renal.
Kingdom Prospective Diabettes Study - UKP DS,
Falência das sulfoniluréias
não deteITIÚnoudiminuição da incidência de reti-
nopatia. Deve-se dar preferência às sulfoniluréias Primária - ocorre quando após um período
de 2a geração, considerando-se sua boa eficácia e de uso de dois a três meses, em dose máxima,
menor incidência de efeitos adversos.
não se consegue um bom controle metabólico.
Glibenclamida - tem duração de ação de 16 Incide em torno de 5% dos pacientes com DM
a 24 horas e pode ser usada em uma ou duas recém-diagnosticados.
doses diárias.
Secundária - é caracterizada com o reapa-
Glipizida - tem vida plasmática curta, po- recimento dos sinais e sintomas em pacientes que
dendo ser usada em idosos e em uma ou duas
vinham sendo bem controlados com os hipogli-
doses diárias.
cemiantes orais por períodos de meses ou anos.
Gliclazida - se houver insuficiência renal crô- Suas causas podem ser agrupadas em:
nica leve (creatinina sérica < 2 mg/dl), é prefe- .'
rencialmente indicada. Existem evidências de que .• relacionadas ao paciente: transgressão alimen-
possa ter efeito antioxidante. tar e ganho de peso; inatividade física; pouca
aderência ao tratamento e doença intercor-
Glimepirida - deve ser usada em dose úni- rente;
ca. Existem evidências de uma menor interação
com o sistema cardiovascular, o que poderia re- • relacionadas ao DM: diminuição da função
sultar em efeito cardiovascular benéfico. das células beta e aumento da resistência à
insulina;
Contra-indicações
• relacionadas à terapia: dose inadequada da
.• DM tipo I ou DM pancreático (pancreatite medicação e terapia concomitante com dro-
crônica, pancreatectomizados). gas diabetogênicas.
HrPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Interação com outros fármacos Biguanidas


Muitos fármacos podem potencializar os efei- Metformina é a biguanida em uso.
tos das sulfoniluréias e precipitar a hipoglicemia
ou antagonizar seus efeitos, e piorar o controle Mecanismo de ação e efeitos
metabólico.
Aumenta a sensibilidade à insulina nos teci-

Fármacos que aumentam o risco da dos periféricos (muscular e adiposo) e, princi-


hipoglicemia palmente, no fígado.

•• ácido acetil-salicílico (AAS) e trimetropim. A redução da glicemia provocada pela


metformina deve-se especialmente à diminui-
.• álcool e anticoagulantes. ção da produção hepática de glicose. A magni-
tude na diminuição da glicose plasmática em
.• probenecida e alopurinol. jejum e da glicohemoglobina é semelhante à
das sulfoniluréias. Reduz os níveis de
Fármacos que pioram o controle triglicerídeos de 10 a 15% e do LDL-colesterol,
glicêmico aumentando o HDL. Não está associada a au-
mento de peso, podendo inclusive determinar
.• barbitúricos, rifampicina. uma diminuição de dois a três quilos durante
os primeiros seis meses de tratamento. Quando
.• tiazídicos, diuréticos de alça, corticóide,
associada à sulfoniluréias, determina um efeito
estrógeno.
hipoglicemiante aditivo. Não causa hipoglice-
mia quando usada isoladamente.
Efeitos colaterais
No UKPDS (1998), a metformina foi a única
•. Hipoglicemia - principalmente com a medicação que determinou significativa diminui-
clorpropamida e também com glibenclamida, ção da incidência de complicações cardiovascu-
por seu longo tempo de ação. lares em pacientes übesos, inclusive infarto do
miocárdio.
o risco é maior em pacientes idosos, quan-
do omitem refeições ou com função renal com-
Indicações
prometida. Também ocorre em indivíduos que
ingerem álcool. .• DM tipo 2 obeso, com hiperglicemia não-con-
trolada com dieta e exercício .
.• Aumento de peso.
DM tipo 2, associada às sulfoniluréias, quan-
•. Outros efeitos colaterais menos comuns: into- do há falha secundária a estes fármacos.
lerânciadigestiva, reações cutâneas, leucopenia,
trombocitopenia, anemia hemolítica, colestase.
Casos raros de icterícia colestática foram rela-
tados com a clorpropamida.
HlPERTENSAo ARTERIAL SISTÊ~nCA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

APRESENTAÇÃO DA METFORMINA Precauções

., 500Glifage
850 e
FÀRMACO Dimefor
mg 850
500 mg
e METFORMINA •• Interromper o uso do medicamento 72 horas
850
A~RESENTAÇÃO mg l
Glucoformin

,te ,
antes de exame radiológico que use contras-
te iodado e cirurgia que exija anestesia geraL

.• Evitar o uso concomitante com salicilatos,


fenotiazinas e barbitúricos.

• Monitorar a função renal (uréia, creatinina)


FAIXA
e hepática (TGO, TGP e fosfatase alcalina)
TERAPÊUTICA 500 - 1000 500 - 1000 500 - 1000
(mgfdia) ... pelo menos uma vez ao ano.

Insulinas
A insulina e'um hormônio produzido pelas cé-
lulas beta das ilhotas de Langerhans do pâncreas.
Contra-indicações
A molécula de insulina é uma proteína for-
•• DM tipo 1 mada por duas cadeias interligadas de
aminoácidos, não tendo ação quando adminis-
• Gravidez
trada por via oral.
• Situações clínicas que possam elevar o ácido Os efeitos da insulina consistem em reduzir
láctico no sangue: creatinina > l,5 mg/dl em os níveis sangüíneos de glicose, ácidos graxos e
homens e > 1,4 mg/dl em mulheres, aminoácidos e estimular a conversão destes para
transaminase três vezes maior que a normal, compostos de armazenamento que são o
doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC, glicogênio, os triglicerídeos e as proteínas.
doença arterial periférica, insuficiência car-
díaca e uso abusivo de álcool
Classificação
.• História prévia de acidose láctica As insulinas geralmente são classificadas de
acordo com:
Efeitos colaterais
.• sua origem - podem ser bovinas, suínas ou
Podem surgir anorexia, náuseas, vômitos e humanas
diarréia. No entanto, com o tempo de uso do
• grau de purificação
medicamento e a administração da medica-
ção após as refeições, estes efeitos tendem a .• período de ação - podem ser ultra-rápidas,
diminuir. A acidose láctica é rara (cerca de rápidas, intermediárias, lentas, NPH (Neutral

I três casos/lOO 000 pacientes/ano). Protamine Hagedorn) e ultralentas.

rAnFRN()~ nEATF.NC:ÃüB.Á.SICA 57
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Insulina humana mana biossintética) ou por uma modificação


química da insulina suína.
As insulinas humanas são obtidas através da
tecnologia de DNA recombinante utilizando E. As insulinas humanas apresentam ação mais rá-
coli ou Saccharomyces cerevisiae (insulina hu- pida e de menor duração do que as insulinas sumas.

PERFIL MÉDIO DE AÇÃO DAS INSULINAS HUMANAS E ANIMAIS*

Duração
6-10
6-12
16-20
6-10
8-14
3-6
máxima
4-6
20-24
24-36
6-8
4-6
14-18
16-20
Pico
24-36
3-4
10-16
12-18
2-3
Minimo
0,5-1,5
Duração
-Perfil de ação (floras)
efetiva
efetiva
Pico
Inicio

Ultra-rápida (UR)
Perfil de açãó-(horas)
Rápida (R)

NPH (N)

Lenta (L)

Rápida (R)

NPH (N)

Lenta (L)

Ultralenta (U)

(') Fonte: Medical management 01 type 1 diabetes, 3rd edition - 1998


American Diabetes Association

.'
Pré-misturas de insulinas

São constituídas por misturas de insulina de •. origem: mista (bovina + suína), suína ou hu-
ação lenta (NPH) com insulina de ação rápida, mana
aplicadas por via subcutânea .. A proporção da
mistura pode ser de 70%, 80%, ou 90% da pri- .• tempo de ação: ultra-rápida, rápida ou re-
meira com 30%, 20% ou 10%, respectivamen- gular, intermediária (NPH e lenta) ultralenta.
te, da segunda; por isso, são chamadas de 701
.• concentração: as insulinas são comercial-
30, 80120, 90/10.
mente disponíveis na concentração de 100 VI
Prescrição ml, designadas como V-lOO. Cada VI equi-
Ao prescrever insulina, especificar: vale a 36 ug de insulina.

co
HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊM[CA E DIABETES MELLITUS, PROTOCOLO

INSULINAS HUMANAS E ANIMAIS DISPONíVEIS NO MERCADO BRASILEIRO

INSULINAS HUMANAS AVENTIS BIOBRÁS L1LLY NOVO NORDISK'c

Ação ultra-rápida (UR) • • Humalog •


Ação rápida (R) Insuman R Biohulin R Humulin R Novolin R

NPH (N) Insuman N Biohulin N Humulin N Novolin N


Ação, ..
intermedlana Lenta (L) • Biohulin L Humulin L Novolin L

Ação prolongada (U) • Biohulin U • Novolin U

90/10 • Biohulin 90/10 Humulin 90/10 Novolin 90/10

85/15 Insuman Comb. 85/15 • • •


Pré-
misturas 80/20 • Biohulin 80/20 Humulin 80/20 Novolin 80/20
(N+R)
75/25 Insuman Comb. 75/25 • • •
70/30 • Biohulin 70/30 Humulin 70/30 Novolin 70/30

Pré-misturas
(N+UR)
75/25 • • Humalog Mix 25 •
INSULINAS ANIMAIS AVENTIS BIOBRÁ~ !'IOVO NOR()ISK;
/' .,t::'&

Neosulin R (suína)
Ação rápida (R) • Monolin R (suína)
Insulina mista
Purificada "R"
Actrapid (suína)
Lolin R (mista)

NPH (N) • Neosulin N (suína)


Monolin N (suína)
Insulina mista
Purificada "N"
Protaphane (suína)
Ação Lolin N (mista)
intermediária

Lenta (L) • Insulina mista


Purificada "N"
• Monotard (suína)

Uso da insulina dia e na prática de atividades físicas podem ser


inferiores a 0,5 U/kg/dià. Quando o pacÜ?ntene-
Nos oadentes diabéticos tioo 1 cessitar de mais de 2 Ulkg/dia de insulina e man-
Considerar a fase de crescimento e desenvol- tém glicemia acima de 250 mg/dl, deve-se pen-
sar em situação de resistência insulínica.
vimento em que o paciente se encontra, a se-
creção residual de insulina, a fase da doença, o o esquema terapêutico mais freqüente é o de
estilo de vida e a atividade profissional. duas doses de insulina de ação intermediária,
aplicando-se 2/3 da dose pela manhã, no
As necessidades diárias de insulina desses pa-
desjejum, e 1/3 da dose, no jantar. Quando a
cientes variam de 0,5 a 1,0 Ulkg/dia.
glicemia de jejum estiver elevada, aumentar a
Na puberdade ou na vigência de infecções, insulina da noite e para hiperglicemia antes do
essas necessidades podem chegar a 1,5 U/kg/ jantar, aumentar a insulina da manhã. Um modo

CADERNOS DE ATENÇAo BÁSICA 59


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

seguro de ajustar a insulina é aumentar de 10 endovenosa contínua e solução de glicose a


em 10% as doses, num intervalo mínimo de 2 5% com cloreto de potássio. O emprego des-
dias, até atingir os valores desejáveis de glicemia. tas medidas pode reduzir em 30% a mortali-
dade por causa cardiovascular.
Para o alcance dos objetivos terapêuticos, em
geral faz-se necessária a associação de insulina O uso de insulina nos pacientes com diabetes
regular com insulina de ação intermediária, an- tipo 2 pode ser combinado, com os antidiabéti-
tes do café e do jantar, e uma dose de insulina cos orais que serão usados durante o dia e a insu-
regular antes do almoço. lina de ação intermediária ou ultralenta ao deitar.

Existem esquemas de múltiplas doses de insu- Nesse caso, com o uso do hipoglicemiante de
lina. Um dos esquemas aconselhável, para paci- ação curta, antes das refeições, procuramos cor-
entes com alimentação ou atividade física irregu- rigir as hiperglicemias pós-prandiais e com a in-
lar, é o de três injeções de insulina regular por dia sulina ao deitar, corrigir a hiperglicemia de jejum.
(antes das principais refeições) e uma de ação in- É aconselhável retirar o hipoglicemiante oral
termediária Oli ultralenta à noite, ao deitar. e instituir monoterapia com insulina quando não
se obtém o controle adequado da glicemia a par-
Nos pacientes diabéticos tioo 2
tir do tratamento combinado (insulina + antidia-
• ao diagnóstico, quando os níveis de glicose béticos orais).
plasmática estiverem acima de 270 mg/dl, es-
pecialmente se acompanhados de perda de Complicações da insulinoterapia
peso, cetonúria e cetonemia. Alguns destes
Hiooglicemia
pacientes provavelmente não são do tipo 2,
mas do tipo 1 de início tardio e, portanto, Constitui a principal complicação da
dependentes de insulina. insulinoterapia.
• durante a gravidez, quando não houver nor- Existem estudos que demonstram estar a hi-
malização dos níveis glicêmicos com dieta. poglicemia envolvida como fator primário ou se-
cundário de morte em 4% dos pacientes com
• quando os medicamentos orais não consegui- DM tipo 1. .'
rem manter os níveis glicêmicos dentro dos
limites desejáveis. Várias condições clínicas - como insuficiên-
cia adrenal, tiroideana, hipofisária, renal, hepá-
• durante o tratamento com antidiabéticos orais tica e uso de álcool- podem predispor os indi-
surgirem intercorrências tais como cirurgias, víduos em uso de insulina a apresentarem hipo-
infecções, acidente vascular encefálico, etc., glicemia. Desse modo, essas condições devem
nas quais os níveis glicêmicos elevados po- ser monitoradas nesse tipo de paciente.
dem piorar o prognóstico
O uso de doses incorretas de insulina, a apli-
• em pacientes com infarto agudo do miocár- cação intramuscular e a omissão de refeições
dio e com níveis de glicose plasmática supe- também levam à hipoglicemia em uma porcen-
riores a 200 mg/dl, utilizar insulina por via tagem não desprezível de pacientes.

60 CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTEMICA E O/,\BETES MELLlTUS - PROTOCOLO

I
I lipodistrofia hioertrófica OU hipertrofia O Fenômeno Dawn ou fenômeno da madru-
I insulínica gada parece estar relacionado com um aumento
vespertino dos hormônios contra-reguladores
É caracterizada por uma tumefação ou en- (hormônio de crescimento e cortisol) que, asso-
durecimento no local e ao redor das aplicações ciado a baixos níveis de insulina, leva a uma di-
de insulina. minuição na captação de glicose em nível mus-
cular e gorduroso, com conseqüente hiperglice-
Hoje, com o uso das insulinas altamente pu-
mia de jejum.
rificadas e as insulinas humanas, essa complica-
ção praticamente inexiste. O Efeito Sommogy é uma hiperglicemia ma-
tinal relacionada a uma hiper-secreção dos
Edema insulínico
hormônios contra-reguladores conseqüente a
Pode ocorrer em pacientes cronicamente uma hipoglicemia noturna.
descompensados, sendo rapidamente desfeito a
Estas alterações são tratadas através de ajus-
partir de um bom controle glicêmico com a
tes na dose de insulina, alimentação e exercício.
insulinoterapia. O edema, cuja causa exata não
é bem determinada, pode ser generalizado ou
localizado em mãos e pés. Em alguns casos, faz-
UsodeAAS
se necessário o uso de diurético por 2 ou 3 dias.
Nos pacientes diabéticos com complica-
Resistência insulínica ção vascular, recomenda-se o uso continua-
do de dose baixa de AAS, pois o benefício
Refere-se a uma condição na qual um paciente
absoluto deste, como protetor cardiovascu-
adulto necessita de mais de 200 V/dia, ou uma cri-
lar, é maior em pacientes diabéticos do que
ança mais do que 2,5 v/kg de peso de insulina/dia. em não-diabéticos.
No DM tipo 2, está associada com uma série
-o AAS pode ser usado como estratégia de
de condições clínicas tais como cirurgia, infecções,
prevenção primária em mulheres e homens dia-
cetoacidose, doenças de excesso de hormônios
béticos quando estiv,erem presentes pelo menos
contra-reguladores (hipercortisolismo, hipertireoi-
um dos seguintes Últores: tabagismo., hiperten-
dismo, hipersomatotropismo, feocromocitoma, hi-
são, obesidade, micro e macroproteinúria, as-
peraldosteronismo), síndromes genéticas (síndro-
sim como história familiar de coronariopatia.
me de resistência insulínica tipo A, por exemplo) e
altos títulos de anticorpos antünsulina.

Fenômeno Dawn e Efeito Algoritmo de tratamento do


Sommogy DM tipo 2
o Fenômeno Dawn e o Efeito Sommogy são Nos pacientes nos quais a insulina não foi
dois perfis glicêmicos noturnos associados com indicada inicialmente e não foram atingidos os
hiperglicemia de jej um. níveis de controles desejáveis com dieta e ativida-

CADERNOS DE ATENCAo BÁSICA 61


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E DlABETES MELUTUS - PROTOCOLO

de física, deve-se iniciar o tratamento com medi- resultado da glicemia de jejum, suspendendo-se
camentos orais: metformina ou sulfoniluréia (SU). os medicamentos orais.

A escolha do tipo de medicamento deve le- Quando a dose de insulina ao deitar for su-
var em consideração o nível da glicose plasmá- perior a 30 U/dia ou quando não se obtém o
tica e da glicohemoglobina do paciente, a ação controle adequado com a combinação de anti-
anti-hiperglicemiante do medicamento, o efeito diabéticos orais e insulina, o esquema de insu-
sobre o peso, as possíveis reações adversas e linização plena é utilizado. Indivíduos com DM
contra- indicações. tipo 2 com vários anos de duração e aqueles
com acentuada hiperglicemia podem apresen-
Quando os níveis de glicose plasmática em tar resistência insulínica e necessitar de doses
jejum estiverem entre 120 e 140 mg/dl, pode-se
maiores de insulina (> 1 U/kg/dia) para o con-
iniciar o tratamento com metformina. Nas situa-
trole metabólico.
ções em que os níveis de glicose plasmática fo-
rem superiores a 140 mg/dl, pode-se adicionar O uso de mistura de insulina na mesma apli-
SU à lista de opções.Se a monoterapia com um cação, por exemplo, 2/3 de NPH + 1/3 de regu-
destes dois medicamentos não atingir o nível de- lar, pode produzir melhor controle, particular-
sejado de controle glicêmico, adiciona-se um se- mente no esquema com duas injeções diárias.
gundo agente.
Nos idosos, o uso de insulina deve ser inicia-
A maioria dos pacientes com DM tipo 2 ne- do cautelosamente. Aqui, o objetivo é aliviar os
cessitará de mais de um medicamento para atin- sintomas decorrentes da hiperglicemia, prevenir
gir os níveis desejáveis de controle da glicemia. as complicações agudas da descompensação do
Além disso, por ser o DM uma doença progressi- DM (por exemplo, coma hiperosmolar) e a hi-
va, a maioria dos pacientes, mesmo com boa res- poglicemia. Consultas médicas regulares, ideal-
posta inicial a um agente, irá posteriormente ne- mente apoiadas por orientações de enfermagem
cessitar de um segundo ou terceiro medicamen- e de nutricionista, podem atenuar o risco de hi-
to. O acréscimo do segundo medicamento deve poglicemia.
ser feito precocemente, cerca de quatro a oito .
semanas após o primeiro ter sido iniciado e não
Acompanhamento dos
se ter obtido uma resposta satisfatória. A com-
binação mais estudada é de SU mais metformina. pacientes diabéticos do tipo 2
No caso do tratamento com dois medicamen- Os pacientes estáveis e com controle
tos não ter atingido os níveis desejados de con- satisfatório podem ser avaliados pela equipe
trole glicêmico pode-se adicionar insulina de multidisciplinar a cada três ou quatro meses. A
ação intermediária ao deitar. Iniciar com uma pesquisa das complicações crônicas deve ser
dose de 10 a 14 unidades de insulina de ação feita anualmente. Pacientes instáveis e com
intermediária (NPH ou lenta), mantendo o hi- controle inadequado devem ser avaliados mais
poglicemiante oral. Esta dose só poderá ser au- freqüentemente, de acordo com a necessidade.
mentada de duas em duas unidades, conforme Recomenda-se:

62 CADERNOS OF. ATFNrÃn RÁS:WA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

.• a cada 3 meses: verificar peso, pressão arte- •. a cada ano: pesquisar microalbuminúria,
rial, exame do pé, glicemia de jejum e glico- triglicerídeos, colesterol total e frações, ECG
hemoglobina; e fundo-de-olho.

ALGORITMO DE TRATAMENTO COM MEDICAMENTOS ANTIDIABÉTICOS - ORAIS EM DM TIPO 2

DIRETRIZES PARA 0 TR,A.lfAMENTODAMIPERGL!?EMINNODIABETES TIPO 2'

IL---
Mudanças no estilo de vida ,I


I Glicemiade jejum II

+
,

• l
! ! !
I '

L11O - 14º~9!9!J L!±! - 270 mg~ G_ 271 mgl9!J

• r:------~,
Normal,
[-H bA 1C'1

,&.

Conduta
~Ma~ I
,&.

Metformina]
(em doses baixas~
!
Metformina

r
I
-----
I
Metformina ou
Sulfoniluréi~

J.
'I'
onsulinotera~aJ

L-~
iACrescentar 2° agente ~i

! Resposta inadequada

! I[

I
1
,--------,---_.j
Monoterapla com I
insulina I
.'
Monitoramento do DM Os resultados dos testes devem seI' revisados
periodicamente com a equipe multidisciplinar. Os
o automonitoramento do controle glicêmico portadores de DM devem ser orientados sobre
é parte fundamental do tratamento. A medida os objetivos do tratamento e as providências a
da glicose no sangue capilar é o teste de refe- serem tomadas quando os níveis de controle me-
rência. No entanto, algumas vezes, razões de tabólico forem constantemente insatisfatórios.
ordem psicológica, econômica ou social dificul-
tam ou impedem a realização desta técnica. A A freqüência do monitoramento depende do
medida da glicosúria, especialmente no período grau de dificuldade de controle dos medicamen-
pós-prandial, tem-se mostrado método útil em tos anti-hiperglicêmicos utilizados e de situações
pacientes com DM tipo 2. específicas. Assim, pacientes em uso de insulina

CADERNOS DE ATENÇÃO BÃSICA 63


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

ou durante a gestação ou com intercorrências


clínicas devem realizar medidas freqüentes da
glicose capilar, pelo menos quatro vezes por dia
(antes das refeições e ao deitar).

A medida da glicose capilar deve ser realiza-


da sempre que houver suspeita clínica de hipo-
glicemia. Muitos pacientes atribuem alguns sin-
tomas inespecíficos - como fome, mal-estar,
nervosismo - à presença de hipoglicemia e in-
gerem alimentos doces e calóricos. Por isso, todo
sintoma sugestivo de hipoglicemia deve ser cui-
dadosamente avaliado.

Em pacientes usuários de dose noturna de


insulina e agentes orais durante o dia, ou apenas
medicamentos orais, medidas de glicemia capi-
lar, antes do café e do jantar, são suficientes.

À medida que os níveis glicêmicos permane-


cem estáveis, avaliações da glicose capilar po-
dem ser realizadas apenas uma vez por dia, em
diferentes horários, inclusive após as refeições.
O conhecimento da glicemia após as refeições é
particularmente útil nos casos em que os níveis
de glicohemoglobina forem discrepantes das me-
didas da glicose capilar de jejum.

64 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES !4ELLlTUS - PROTOCOLO

Tratamento das dislipidemias

o tratamento nutricional é fundamental para persistindo as alterações lipídicas, recomenda-se


o controle do DM e das alterações lipídicas as- o emprego de medicamentos hipolipemiantes.
sociadas. Caso não sejam atingidos os valores
Em determinadas situações clínicas como
desejáveis de lípides séricos, recomenda-se uti-
triglicérides > 700 mg/dl, pelo risco de
lizar uma dieta mais restrita em lipídeos (gordu-
ra saturada < 7% do Valor Calórico Total- VCT, pancreatite aguda, aumento isolado de LDL-c
(> 200 mg/dl) em duas medidas consecutivas e
ingestão de colesterol < 200 mg/dia), preferen-
na presença de doença cardiovascular, não se
cialmente queijos magros (fresco, cottage, rico-
aguarda o efeito da dieta, instituindo-se o trata-
ta), leite e iogurte desnatados, peixe e carne de
mento medicamentoso.
frango sem pele.
Deve ser lembrado que alguns medicamen-
Especial atenção deve ser dada a pacientes
tos utilizados para o controle da glicemia po-
com hipertrigliceridemia grave (triglicérides >
dem interferir no perfillipídico, assim como al-
700 mg/dl), quando a ingestão de gorduras deve
ser mais restritiva, isto é, menos de 10% a 20% guns agentes anti-hipertensivos.
do Valor Calórico Total - VCT. A insulina tem sempre um efeito corretor da
o estímulo ao aumento da atividade física é dislipidemia, especialmente diminuindo a
trigliceridemia e aumentando o HDL-c. As sul-
importante, pois além de favorecer a perda
foniluréias e a metforrnina melhoram o perfil
ponderal e aumentar a sensibilidade à insulina
lipídico em função dei'controle glicêmi~o.
potencializa os efeitos da dieta no perfillipídico,
diminuindo os níveis de triglicérides e elevando Betabloqueadores e diuréticos tiazídicos po-
o de HDL-c. dem elevar a colesterolemia e, mais acentuada-
mente, a trigliceridemia, embora isto não ocor-
Estas medidas devem ser implementadas de
ra em todos os pacientes. O uso destas medica-
forma individualizada, objetivando atingir o peso
ções não está contra-indicado desde que se fa-
desejável pela restrição calórica, combinada ao
çam medidas repetidas dos lípides séricos após
aumento da atividade física e a normalização do seu início.
nível glicêmico.

A correção da hipertrigliceridemia ocorre em


poucos dias. Atingidos os dois objetivos acima e

, r-
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Complicações

Complicações da HAS Cérebro


A PA elevada crônica leva à lesão vascular. o cérebro talvez
seja o órgão que mais sofra
As artérias apresentam modificações em sua geo- com a hipertensão arterial crônica ou súbita.
metria, desde a diminuição da luz e espessamento A lesão típicacaracteriza-sepelo microaneurisma
das paredes até rupturas. As lesões do coração, de Charcot-Bouchard;com o progredir da condição,
rins e cérebro são decorrentes das lesões
lesões de rarefação da substância branca tornam-se
vasculares desses órgãos. presentes.A trombose e a hemorragia são episódios
geralmenteagudos.Podemosencontrarmicroinfartos
cerebrais que cursam assintomáticose que são reve-
Coraçõo lados pelo quadro clínico de demência discreta e re-
A lesão característica da hipertensão no co- velados pela tomografia computadoLizadae outros
exames mais sofisticados.
ração apresenta-se como hipertrofia do mes-
mo, ou seja, espessamento das paredes do Rins
ventrículo esquerdo, com aumento do peso e
diminuição da cavidade. Este aumento da mas- Esses orgãos sofrem bastante com o aumento
sa ventricular esquerda não é acompanhado da pressão arterial. Sendo o glomérulo a unidade
pelo aumento da circulação coronária, o que morfofuncional do rim e caracterizado como um
acarreta alteração entre gasto energético e tufo vascular, qualquer àumento da pressão nes-
oferta, levando à isquemia miocárdica. Isto se território (hipertensão intraglomerular) leva à
pode ser medido pelo ecocardiograma e, mais diminuição progressiva de sua função, na maio-
raramente, pelo eletrocardiograma, avaliando- ria das vezes silenciosa.
se o Índice Sokolow e Lyon (SVl+RV5 ou V6
> 35mm). o principal achado é o aumento na excreção de
albuminas,diminuindo a função de filtraçãodo mes-
Em fases avançadas da doença cardiovascu- mo, levando à insuficiência renal franca. Em cerca
lar hipertensiva ou outras lesões associadas po- de 70% dos indivíduosem programa de hemodiálise,
demos encontrar desde aumento das cavidades a lesão renal básica e pLimáriafoi causada por hiper-
com disfunção ventricular até o clássico quadro tensão arterial não-tratada. Na presença de DM,
de insuficiência cardíaca congestiva. essas lesões são precoces e mais intensas.

CADERNOS DE ATENÇÃO RÁsrCA 67


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Conduta
Complicações do DM
No paciente consciente - oferecer alimento
Agudos com carboidrato de absorção rápida (de prefe-
rência, líquido), na dose de 10 a 20 gramas (ex.
As principais complicações agudas são:
meio copo de refrigerante comum, suco de la-
•. Hipoglicernia ranja ou três tabletes de glicose, etc.). Pode ser
•• Cetoacidose diabética necessário repetir a dose .

No paciente inconsciente - não forçar


• Coma hiperosmolar
ingestão oraL Dar 20 ml de glicose a 50% EV el
HIPOGLlCEMIA
ou I mg de Glucagon 1M ou Se. Encaminhar ao
hospitaL
CONDiÇÕES DE RISCO

Pacientes em uso de insulina


o quadro
pode se repetir e ser prolongado,
Pacientes idosos em uso de sulfoniluréias especialmente em idosos, quando causado por
Insuficiência renal
Omissão alimentar uma sulfoniluréia. Sintomas neuroglicopênicos
Realização de exercício não-usual podem persistir por horas após a correção me-
Educação em diabetes deficiente
Baixa idade tabólica.
Insulinoterapia recentemente iniciada
Glicemia normal-baixa à noite
Troca de insulina
Detectar causa do episódio.
Neuropatia autonômica
Deve ser adotado um cuidado especial para
SINAIS I SINTOMAS evitar a hipoglicernia, que pode ocorrer mais fre-
qüentemente e de forma mais perigosa no ido-
A. Descarga adrenégica
Tremores so, principalmente porque podem faltar elemen-
Sudorese intensa
Palidez
tos de seu quadro clássico.
Palpitações
Fome intensa Os sintomas da reação adrenérgica faltam fre-
B Neuroglicopenia qüentemente no diab~tico de longa data, princi-
Visão borrada
palmente no idoso, além do paciente. que está
Diplopia
Tonturas fazendo uso concomitante de um beta
Cefaléia
Ataxia bloqueador. No diabético de longa data, isto
Distúrbios do comportamento ocorre pela neuropatia autonôrnica que é uma
Convulsão
Perda da consciência das complicações crônicas do DM. No idoso,
Coma
soma-se à falta de resposta adrenérgica, co-
mum nesta faixa etária. Estes pacientes não apre-
ACHADOS LABORATORIAIS
sentam sudorese e, freqüentemente, entram em
Glicemias < 69 mg/dl coma pouco após apresentarem um quadro de
delirium que muitas vezes é fugaz.

68 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

I
CETOACIDOSE
I SINAIS I SINTOMAS ACHADOS LABORATORIAIS

Doença febril aguda Poliúria - polidipsia Hiperglicemia (> 300 mg/dl)


Desidratação Glicosúria acentuada
Uso concomitante de agentes
hiperglicemiantes Cetonúria
Dor abdominal
Acidose
Diabetes previamente mal Rubor facial
controlado Leucocitose
Hálito cetõnico
Diabetes de controle instável Alterações eletroliticas
Hiperventilação
Diabetes + distúrbios psicológicos
Náuseas
graves
Sonolência
Educação em diabetes deficiente
Suspensão da insulinoterapia Vômitos

Conduta

•• Na presença de condições de risco e quadro • até 200 mg/dl não se aplica insulina,
clínico compatível, rastrear como teste de
• 201 a 300 mg/dl = 4 unidades,
cetonúria e de glicemia.
•• Tratar a doença intercorrente. • ~ 300 mg/dl = 8 unidades,

•• Considerar que o quadro pode deteriorar-se • ou insulina regular, 8 a 10 unidades Via


rapidamente . intramuscular, de hora em hora.
•• Não interromper o tratamento habitual. + Em crianças, essas doses são reduzidas em
•• Não interromper a ingestão de líquidos e ali- 50%; e em adultos obesos, acrescidas em 50% .
mentos; se não for possível ingerir alimentos ,. Monitorar a cetonúria ao menos 3 vezes ao
sólidos, substituir por líquidos. dia.. '
•. Monitorar a glicemia a cada 2 horas, nas pri-
•. Se persistirem vômitos, descompensação me-
meiras 12 horas e, depois, a cada 4-6 horas.
tabólica (hiperglicemia/cetose) ou surgir re-
•. Aplicar suplementos de insulina regular sub- dução do sensório, encaminhar o paciente ao
cutânea, conforme a glicemia: hospital, para tratamento.

CADERNOS DE ATENÇÃO BÃSICA 69


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E D/;\BETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Crônicos Doenças oculares


Classificação Retinooatia

As complicações crônicas podem ser decor- O início das alterações ocorre por volta do 5°
rentes de alterações: ano de instalação do DM, podendo, em alguns
casos, estar presente por ocasião do diagnóstico
• na microcirculação - retinopatia e nefropatia; do diabetes tipo 2. Cerca de 50% dos pacientes
com 10 anos de diabetes e de 60 a 80% com mais
.• na macrocirculação - cardiopatia isquêrni-
de 15 anos da doença têm retinopatia.
ca, doença cerebrovascular e doença vascu-
lar periférica;
Evolução
.• neuropáticas.
Não há sintomas até que a doença atinja es-
Fatores de risco tados avançados (edema macular ou hemorra-
gia decorrente de neovascularização).
Os principais fatores de risco para o desen- A evolução só pode ser acompanhada através
. volvimento dessas complicações são: da fundoscopia, sendo que os primeiros sinais são a
presença de rnicroaneurismas e rnicrohemorragias.
• longa duração da doença;

• mau controle metabólico; Critérios para encaminhamento ao


oftalmologista
• presença de HAS; .• anualmente, quando a realização da fundos-
copia não for possível na unidade básica .
•. tabagismo e alcoolismo;
.• sempre que a mulher estiver grávida ou pla-
• complicações preexistentes; nejando a gravidez .
•. gestação . • na presença de neovascularização .
.
• na presença de edema na mácula .•
Rastreamento
.• quando houver redução de acuidade visual
•. diabetes tipo 1: por qualquer causa.
• anual, a partir do 5° ano do diagnóstico •. na presença de retinopatia pré-proliferativa
(particulamente importante na puberdade); (exsudatos algodonosos, microaneurismas/
•. diabetes tipo 2: rnicrohemorragias múltiplas, venodilatação) .

• anual, a partir do diagnóstico. Observação

Recomenda-se realizar fundoscopia sob


rnidríase ou retinografia com luz infravermelha.

70 CADERNOS DE ATF.Nr:ÃO RASIr A


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO, --------- __

Outras formos de doenças sual; se for> 17 mg/dl, considera-se nefro-


oculares patia incipiente; se for < 17 mg/dl, conside-
.• Catarata. ra-se normal.

.• Glaucoma. Confirmar a presença de microalburninúria em


urina de 24 horas .
.• Ceratopatia (úlceras da cómea).

Nefropatia Macroangiopatia
No DM tipo 1, cerca de 30 a 40% dos paci-
entes desenvolverão nefropatia num período Tipos

II entre 10 a 30 anos após o início da doença .

No DM tipo 2, até 40% dos pacientes apre-


.• Cardiopatia isquêmica - aterosclerose
das coronárias, angina, infarto do miocár-
dio (ocasionalmente sem dor). Ocorre em
sentarão nefropatia após 20 anos da doença.
7,5% dos homens diabéticos e em 13,5%

i
~1
..
~
HAS.
Fatores agravantes das mulheres diabéticas entre 45 e 64 anos
de idade.

.• Obstrução urináriade qualquer etiologia (in- Doença coronária de pequenos vasos - in-
~ suficiência cardíaca e arritmias.
clusive bexiga neurogênica).

.• Infecção urinária de repetição ou crônica. Doença cerebrovascular - apresenta-se

I .• Agentes nefrotóxicos (contrastes radiológi-


cos endovenosos, antiinflamatórios não-
em 4,8% nos pacientes entre 45 e 64 anos
e em 12,7% entre os de 65 e 74 anos de
idade.
hormonais, AAS em altas doses, acetami-

I nofen por tempo prolongado, aminoglicosí-


deos).
.• Doença vascular periférica - ocorre em
8% dos diabéticos tipo 2, no momento do

I
~
Passos para o diagnóstico
diagnóstico; e em 45%, após 29 anos da
doença.

I
fi
Solicitar exame de urina e urocultura em
amostra casual. Rastreamento

II .• Considera-se nefropatia clínica a presença de


proteínas totais> 433 mg/dl e ausência de
Pesquisar os pulsos carotídeos e detectar
sopros à ausculta. Verificar pulsos periféricos,
hematúria e infecção urinária. principalmente das artériais tibiais posteriores e
I• .• Comprovar com dosagem de proteínas totais
pediosas, além da coloração (cidnose) e dimi-
nuição da temperatura da pele
"
em urina de 24 horas. Se o resultado for <
430 mg/dl, medir albuminúria em amostra ca- Realizar ECG e teste de esforço

rAOFRNO<:; OF ATi=NrÃn RÁ<:;lí'.\ 71


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLrrUS - PROTOCOLO

Neuropatia diabética - ND Rastreamento

É a complicação mais comum do DM, compre-


endendo um conjunto de síndromes clínicas que afe-
tam o sistema nervoso periférico sensitivo, motor e SINTOMAS DA NO SIMÉTRICA
SENSITIVO-MaTaRA DISTAL
autonôrnico, de forma isolada ou difusa, nos seg-
Queimação
mentos proxirnal ou distal, de instalação aguda ou
Formigamento / furadas
crônica, de caráter reversível ou irreversível, mani-
Pontadas / agulhadas / choques lancinantes
festando-se silenciosamente ou com quadros sinto- Alodinea
máticos dramáticos. A complexidade da ND impõe
Hiperalgesia
um diagnóstico de exclusão com várias outras pa-
Esfriamento / aquecimento alternados
tologias (ex.: hipotireoidismo, anernia perniciosa, al- Cãibras / fraqueza muscular
coolismo, hanseníase, AIDS, porfrria, deficiências
Características: surgimentoem repouso,exacerbação noturna, melhora
vitamínicas, etc.). A forma mais comum é a neuro- com os movimentos.Depressãograve pode ocorrer em quadrosagudos,
patia simétrica sensitivo-motora distal. mais no sexo masculino,entre jovens (DM tipo 1) ou idosos (DM tipc 2)

A freqüência na população diabética varia bas-


tante, dependendo dos critérios diagnósticos usa-
SINAIS - TESTES NEUROLÓGICOS
dos, resultando em uma variação entre 10 a 90%;
BÁSICOS E QUANTITATIVOS
quando sintomática, é relatada em 15 a 25% dos
pacientes. De modo geral, 40% dos pacientes di- TIPO DE SENSAÇÃÇ> \ifESTE
abéticos apresentam alguma forma de ND. No
DM tipo 2, 8 a 12% ao tempo do diagnóstico e Dolorosa com pino, palito
50 a 60% após 25 anos de duração da doença.

Táctil com chumaço de algodão


CLASSIFICAÇÃO ClÍNICA DA NEUROPATIA*

,POLlNEUROPAfiÃs,SlMÉTRICAS ..DIFUSAS PERSISTENTES com cabo do


"·1,';,· j,,", ~,,,,,,,,,,.,=;- >, <~'""* ',."'" - ,"",;'''''. ";;'."<',
,'''' "';_;'.' _";',. ' Fria
Sensitivo-motora somática distal diapasão 128 Hz
Autonômica "

Fibras pequenas Vibratória com diapasão 128, Hz


MONONEÚROPATIASFOCÂUMLI'l. TIFOCAL REVERSíVEIS
Craniana
Motora com martelo
Radiculopatia tóraco-abdominal
Amiotrofia (proximal motora, femural) Limiar da percepção
de pressão cutânea com monofilamento 10 g
Focal (membro)
(sensação protetora plantar)
Compressiva
Formas mistas Observação:
1) deve-se registrar a resposta como presente, diminuida ou ausente,
~piDAME!'lTE REV,ERSíVEL comparando-se o segmento proximal com o dísta!. Os reflexos aquileus
Neuropatia da hiperglicemia (associada ao rápido devem ser regístrados como presente, diminuído, presente à elicitação
controle glicêmico: insulina/hipoglicemiante oral) (manobra de Jendrassil) ou ausente:
2) a força muscular pode ser avaliada pedindo-se ao paciente para ficar
'(adaptada de P.K Thomas, 1997)
de pé nos calcanhares ou caminhar na ponta dos pés,

7')
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

SINTOMAS I SINAIS DA ND - MONONEUROPATIAS FOCAIS I MULTIFOCAIS

MONEUROPATIAS CRANIANAS

11Ipar (oculomotar), Inicio súbito, pós-microinfarto no nervo ou em seu núcleo,


VI par (abducente), sem tratamento específico (fisioterapia pode ser útil),
IV par (troclear). recuperação entre 3-6 meses, diferenciar de tumores,
aneurisma, acidentes vasculares.
, ,'l f o· .{,

MONEUROPATIAS COMPRESSIVAS

Membros proximais - nervos mediano, radial, ulnar; A compressão nos membros superiores constitui a síndrome
do túnel carpiano (mais freqüente no DM, mas não-específica),
Membros distais - nervos peroneal comum
dor e parestesia assimétrica nas mãos, antebraços e pés.
(pé caído), lateral da coxa (neuralgia parestésica)
Sinal de Tinnel+ (positivo), requer imobilização, fisioterapia,
Obs: o comprometimento de vários troncos uso de AINH, ou cirurgia descompressiva.
caracteriza a neuropatia de multip/exos.

Radiculopatias truncais - Raras, mais frequentes em individuos idosos,


acomete raizes nervosas da região torácica com perda de peso_ Deve-se diferenciar de angina,
(uni ou bilateralmente) compressão radicular de outra origem_

Ocorre por isquemia e infiltração inflamatória ao longo do nervo,


Amiotrofia (femural, proximal motora) - mais em idosos, com dor intensa, impossibilidade de levantar-se
comprometimento do nervo femural de cadeira ou subir escada (manobra de Gower), recuperação lenta
em até 12-18 meses, muitas vezes com depressão associada.

SINTOMAS I SINAIS DA ND - AUTONÔMICA


Hipotensão ortostática (queda na pressão arterial sistólica ~ 30 mmHg, medida após 3 min
em ortostatismo)
CARDIOVASCULARES Taquicardia fixa em repouso (~ 100 bpm)
Sinais de infarto miocárdico (silencioso/dor atípica)
Arritmias, morte súbita

Bexiga neurogênica - infecções urinárias recorrentes (assintomáticas), diminuição do jato


URINÁRIOS urinário, reduzida sensação de plenitude vesical, distensão abdominal (palpação do globo
vesical) .'

SUDOMOTORA Sudorese gustatória (facial ou truncal, associada à alímentação)_

HIPOGLlCEMIA Perda dos sinais e sintomas neuroadrenérgicos clássicos (taquicardia, palidez cutãnea,
DESPERCEBIDA sensação de fome, sudorese)

ESÔFAGO / Gastroparesia - empachamento pós-prandial, dispepsia, náusea, võmitos de estase_


GAS TROINTESTlNAIS Enteropatia - diarréia explosiva noturna, obstipação intestinal, incontinência fecal.

Impotência sexual, ejaculação retrógrada. Acomete 50% dos homens diabéticos. Não há,
DISFUNÇÃO ERÉTIL
necessariamente, disfunção hormonal e a libido está preservada na maioria dos casos.

PERIFÉRICOS Vasodilatação dorsal nos pés, anidrose, edema, neuroatropatia de Charcot

PUPILAR Alteração de acomodação dificuldade para enxergar à noite (hemeralopia)

CADERNOS DE ATENÇÃO S.Á.SICA 73


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLfTUS - PROTOCOLO

Pé diabético Rastreamento

É uma das complicações mais devastado- Efetuar nas consultas de rotina, em todos os
ras do DM, sendo responsável por 50 a 70% pacientes com DM tipo 2, exame detalhado e
das amputações não - traumáticas, 15 ve- pesquisa de fatores de risco sobre os pés.
zes mais freqüentes entre indivíduos diabé-
ticos, além de concorrer por 50% das
o teste com o monofilamento de 10 g (sen-
sação protetora plantar) constitui um bom ins-
internações hospitalares. Geralmente, a ND
trumento para verificar indivíduos em risco de
atua como fator permissivo para o desen-
ulceração (instruções e locais de aplicação - nas
volvimento das úlceras nos pés, através da
figuras abaixo).
insensibilidade e, principalmente, quando
associada a deformidades. As úlceras com-
plicam-se na presença de DVP e infecção,
geralmente presentes em torno de 20% das 1°, 3° e 5° dedos e metatarsos
lesões, as qU1.is colocam o paciente em ris-
co de amputação e até de vida.

Fatores de risco

•. Antecedente de úlcera / amputação .

• Educação terapêutica deficiente / inacessibi-


lidade ao sistema de saúde .

•. Neuropatia - insensibilidade / deformidade .


•. Calosidades .

•. Uso de calçados inadequados .

.• DVP (tabagismo, hipertensão arterial, disli- .'


pidemia) .

•. Patologia não-ulcerativa (micoses, bolhas, ra-


chaduras, fissuras).

74 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÉMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO, ABORDAGEM E SEGUIMENTO CLíNICO

Educação terapêutica
Neuropatia ausente Risco O
Avaliação anual

Educação terapêutica
Neuropatia presente Risco 1 Uso de calçados adequados
Sem deformidades
Avaliação semestral

Educação Terapêutica
Neuropatia presente Risco 2 Uso de calçados adequados/especiais, pai milhas, órteses
Deformidades e/ou DVP
Avaliação trimestral

Idem
Úlcera/amputação prévias Risco 3
Avaliação bimestral

Obs: os riscos 2 e 3 devêm, preferencialmente. ser acompanhados por equipe multidisciplinar especializada

Orientações / cuidados gerais

• Examine seus pés diariamente: se necessário, •• Nunca ande descalço, mesmo em casa .

I peça ajuda a um familiar ou use um espelho .

•• Avise seu médico se tiver calos, rachaduras,


•. Lave seus pés diariamente, com água morna
e sabão neutro. Evite água quente. Seque bem
alterações de cor ou úlceras . os pés, especialmente entre os dedos.

• Vista sempre meias limpas, preferencialmen- • Após lavar os pés, use um hidratante à
te de lã ou algodão. base de lanolina, mas não o aplique entre
os dedos . .'

.• Calce apenas sapatos que não.lhe apertem,


preferencialmente de couro macio. Não use • Corte as unhas de forma reta, horizontalmen-
sapatos sem meias. te. Não remova os calos nem procure corri-
gir unhas encravadas. Procure um tratamen-
•• Sapatos novos devem ser usados aos pou- to profissional.
cos. Use-os nos primeiros dias apenas em casa
por, no máximo, duas horas.

I
~

II
~
I rAnFRNOS OF ATFNCÃO RÁSIC'A 7f1
HIPEIUENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Atribuições e competências
da equipe de saúde

A equipe mínima do Saúde da Farm1iaé cons- são. Do mesmo modo podemos esperar que
tituída por um médico, um enfermeiro, um a 128 indivíduos identificados como diabéticos
dois auxiliares de enfermagem e 4 a 6 agentes possam também ser tratados pela equipe.
de saúde, devendo atuar de forma integrada e
com níveis de competência bem estabelecidos
na abordagem da hipertensão arterial e do dia- Agente Comunitário de Saúde
betes mellitus.
1) Esclarecer a comunidade sobre os fatores
Considerando que uma equipe possua sob sua de risco para as doenças cardiovasculares, ori-
competência 800 farm1ias e que uma família te- entando-a sobre as medidas de prevenção.
nha, em média, cinco integrantes, teremos uma
2) Rastrear a hipertensão arterial em indiví-
população estimada de 4.000 pessoas por equi-
duos com mais de 20 anos pelo menos uma vez
pe. Dados do IBGE de 1998, apontam 49% da
ao ano, mesmo naqueles sem queixa.
população brasileira é de adultos; assim, esti-
ma-se que 2.000 habitantes merecerão uma aten- 3) Identificar, na população geral, pessoas com
ção especial para o risco destas doenças. fatores de risco para diabetes, ou seja: idade igual
ou superior a 40 anos, obesidade, hipertensão,
Estimando-se que 20% dessa população so-
mulheres que tiveram filhos com mais de 4 quilos
fram de hipertensão e 8% de diabetes, teremos,
aproximadamente, 400 hipertensos e 160 diabé- ao nascer e pessoas que têm ou tiveram pais, ir-
ticos na população adscrita. Deste contingente .
mãos e/ou outros parentes diretos com diabetes.
identificado, podemos esperar que cerca de 280 4) Encaminhar à consulta de enfermagem os
apresentem hipertensão arterial leve; 60, hiper- indivíduos rastreados como suspeitos de serem
tensão arterial moderada, 32, hipertensão arte- portadores de hipertensão.
rial grave e 28 sejam portadores de hipertensão
sistólica isolada. 5) Encaminhar à unidade de saúde, para exa-
me de açúcar no sangue, as pessoas identifica-
De acordo com esse exemplo é possível das como portadoras de fatores de risco.
imaginar que pelo menos 340 indivíduos são
hipertensos leves ou moderados - que podem 6) Verificar o comparecimento dos pacien-
ser tratados pela equipe de Saúde da Família, tes diabéticos e hipertensos às consultas agen-
quando devidamente capacitada para esta mis- dadas na unidade de saúde.

77
HIPERTENSAo ARTER[AL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

7) Verificar a presença de sintomas de eleva- 8) Controlar o estoque de medicamentos e


ção e ou queda do açúcar no sangue, e encami- solicitar reposição, seguindo as orientações do
nhar para consulta extra. enfermeiro da unidade, no caso de impossibili-
dade do farmacêutico.
8) Perguntar, sempre, ao paciente hipertenso
e ou diabético se o mesmo está tomando com 9) Orientar pacientes sobre automonitoriza-
regularidade os medicamentos e se está cum- ção (glicosúria e glicemia capilar) e técnica de
prindo as orientações de dieta, atividades físi- aplicação de insulina.
cas, controle de peso, cessação do hábito de fu-
mar e da ingestão de bebidas alcoólicas. 10) Fornecer medicamentos para o paciente
em tratamento, quando da impossibilidade do
9) Registrar na sua ficha de acompanhamento farmacêutico.
o diagnóstico de hipertensão e diabetes de cada
membro da fanu1ia com idade superior a 20 anos.
Enfermeiro
1) Capacitar os auxiliares de enfermagem e
Auxiliar de Enfermagem
os agentes comunitários, e supervisionar de for-
1) Verificar os níveis da pressão arterial, peso, ma permanente suas atividades;
altura e circunferência abdominal, em indivídu- 2) Realizar consulta de enfermagem, abor-
os da demanda espontânea da unidade de saúde. dando fatores de risco, tratamento não medica-
mentoso, adesão e possíveis intercorrências ao
2) Orientar a comunidade sobre a importância
tratamento, encaminhando o indivíduo ao mé-
das mudanças nos hábitos de vida, ligadas à ali-
dico quando necessário;
mentação e à prática de atividade física rotineira.
3) Desenvolver atividades educativas de pro-
3) Orientar as pessoas da comunidade sobre moção de saúde com todas as pessoas da comu-
os fatores de risco cardiovascular, em especial nidade. Desenvolver atividades educativas indi-
aqueles ligados à hipertensão arterial e diabetes. viduais ou em grup.o com os pacientes
hipertensos e diabéticos;
4) Agendar consultas e reconsultas médicas
e de enfermagem para os casos indicados. 4) Estabelecer junto com a equipe estratégi-
,as que possam favorecer a adesão (grupos de
5) Proceder as anotações devidas em ficha
hipertensos e diabéticos);
clínica.
5) Solicitar durante a consulta de enferma-
6) Cuidar dos equipamentos (tensiômetros e gem os exames mínimos estabelecidos nos con-
glicosímetros) e solicitar sua manutenção, quan- sensos e definidos como possíveis e necessári-
do necessária. os pelo médico da equipe;

7) Encaminhar as solicitações de exames 6) Repetir a medicação de indivíduos con-


complementares para serviços de referência. troladas e sem intercorrências;

7A
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÉMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

7) Encaminhar para consultas mensais, com 5) Programar junto com a equipe estratégias
o médico da equipe, os indivíduos não aderen- para educação do paciente;
tes, ,de difícil controle e portadores de lesões em
6) Encaminhar para unidades de referência
órgãos-alvo (cérebro, coração, rins, vasos etc}
ou com co-morbidades; secundária e terciária, às pessoas que apresen-
tam hipertensão arterial grave e refratária ao tra-
8) Encaminhar para consultas trimestrais, tamento, com lesões importantes em órgãos alvo,
com o médico da equipe, os indivíduos que mes- com suspeita de causas secundárias e aqueles
mo apresentando controle dos níveis tensionais, que se encontram em estado de urgência e emer-
sejam portadores de lesõe§ em órgãos - alvo ou gência hipertensiva;
co-morbidades;
7) Encaminhar para unidades de referência
9) Encaminhar para consultas semestrais, secundária, uma vez ao ano todos os diabéticos,
com o médico da equipe, os indivíduos contro- para rastreamento de complicações crônicas,
lados e sem sinais de lesões em órgãos alvo e quando da impossibilidade de realiza-Io na uni-
sem co-morbidades; dade básica;

10) Acrescentar na consulta de enfermagem o 8) Encaminhar para unidades de referência


exame dos membros inferiores para identificação secundária os pacientes diabéticos com dificul-
do pé em risco. Realizar também cuidados espe- dade de controle metabólico;
cíficos nos pés acometidos e nos pés em risco;
9) Encaminhar para unidades de referência
11) Realizar glicemia capilar dos pacientes secundária os casos de diabetes gestacional, ges-
diabéticos a cada consulta e nos hipertensos não tantes diabéticas e os que necessitam de um con-
diabéticos 1 vez ao ano. sulta especializada (cardiologia , oftalmologia e
etc);

Médico 10) Perseguir obstinadamente os objetivos e


metas do tratamento ( níveis pressóricos,
1) Realizar consulta para confirmação glicemia pós prandial, hemoglobina glicada, con-
diagnóstica, avaliação dos fatores de risco, iden- trole dos lipídeos e dó' peso).
tificação de possíveis lesões em órgãos - alvo e
co-morbidades, visando a estratificação do por- Outros Profissionais
tador de hipertensão e diabetes;
A inserção de outros profissionais, especial-
2) Solicitar exames complementares quando
mente, nutricionistas, assistentes sociais e edu-
necessário;
cadores físicos é visto como bastante
3) Tomar a decisão terapêutica, definindo o enriquecedor, devendo atuar de acordo com
inÍCio do tratamento com drogas; decisões e práticas locais.

4) Prescrever tratamento não medicamento-


so e medicamentoso;

CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA 79


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Critérios de encaminhamentos para


referência e contra-referência

HAS e DM em gestantes Com a finalidade de garantir a atenção inte-


gral ao portador de DM ou HAS, faz-se neces-
HAS em crianças e adolescentes sária uma normalização para acompanhamento,
mesmo na unidade básica de saúde.
'. Edema agudo de pulmão prévio
Em algumas situações, haverá necessidade de
• Complicações oculares uma consulta especializada em unidades de re-
ferência secundária ou terciária, devendo-se, nes-
Lesões vasculares das extremidades, incluin- ses casos, ser estabelecida uma rede de referên-
cia e contra-referência.
do o pé diabético

AVE prévio com déficit sensitivo e ou motor Critérios de. encaminhamento para
unidades de referência
Infarto agudo do miocárdio prévio
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
Diabéticos de difícil controle
Insuficiência renal crônica (IRC)
Diabéticos para rastreamento de complica-
Suspeita de HAS e diabetes secundários
ções crônicas (se isto não for possível na uni-
dade básica) HAS resistente ou 'grave

r:.. J')(::R Nnc; ni=< ~\TFN('~\n


RÁc;rrA Al
HIPERTENSAo ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCoLO

Prevenção de doenças e
complicações cardiovasculares
~~~='-'4~"",_~_"",;;%,,=Xt:'"""~·~""C~~~""~"~~"""'*tfi>~~X!~J,;w~~AO;O~~=S""~~~."I>~~m,%'~!W-""~ftl%>.~~~~=0~

A prevenção é a forma mais eficaz, barata e gra- moradia, trabalho, educação e lazer. A existência
tificante de tratar esses agravos. É de suma impor- de áreas insalubres (fábricas poluidoras do meio
tância e engloba, além da educação para a saúde, a ambiente, águas estagnadas, matadouros, destino
reorganização das comunidades e da rede básica. do lixo) deve ser identificada como de risco, e
medidas saneadoras devem ser propostas.
Geoffrey Rose, epidemiologista inglês que es-
tabeleceu as bases da prevenção das doenças
crônicas, dizia que "um grande número de pes- Prevenção primária básica
soas expostas a um pequeno risco pode gerar
Esta tarefa é de competência da equipe de
mais casos que uma pequena quantidade de pes-
saúde na prevenção da HAS, do DM e de suas
soas expostas a um grande risco".
complicações. Devem enfatizar o controle do
Nesse sentido, a estratégia populacional de tabagismo, da obesidade, do sedentarismo, do
prevenção é mais efetiva e segura que a procura consumo de sal e de bebidas alcoólicas, e o estí-
por indivíduos com alto risco, embora não deva mulo a uma alimentação saudáveL
ser excludente.
Nos diabéticos tipo 2, 50% dos casos novos po-
Assim, podemos relacionar quatro atividades deriam serprevenidosevitando-seo excesso de peso,
e outros 30% com o controle do sedentarismo.
fundamentais de prevenção cardiovascular:
A equipe de saúde 4eve:

Prevenção primordial • Realizar campanhas educativas periódicas,


abordando fatores de risco com jovens na fai-
Deve envolver um conjunto de ações que des- xa escolar e com agrupamentos religiosos;
pertem na comunidade a noção de cidadania.
• Programar, periodicamente, atividades de
Em comunidades organizadas, com lideran- lazer individual e comunitário;
ças já identificadas e representativas, uma ação
• Reafirmar a importância dessas medidas para
articulada da equipe de saúde com os líderes
.duas populações especiais: a de indivíduos
pode trazer grandes avanços neste aspecto.
situados no grupo normal-lirnítrofe na classi-
A noção de cidadania deve abranger o conheci- ficação de HAS e a de indivíduos considera-
mento e_a luta de todos por condições dignas de dos como intolerantes à glicose.

rADERNOS DE ATENCAo BAsICA 11,1


HIPERTENSAo ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

É interessante lembrar que no âmbito das se- mento proposto e, quando possível, agregar à
cretarias municipais e estaduais de saúde já exis- equipe profissionais como nutricionista, assis-
tem programas de prevenção e de intervenção tente social, psicólogo, etc.
na área cardiovascular. Nesses casos, as equi-
pes de Saúde da Falll11iadevem procurar reali-
zar uma ação articulada, visando otimizar re- Prevenção secundária
cursos e buscar parcerias com as sociedades ci-
entíficas relacionadas a essas patologias. Destina-se aos hipertensos e diabéticos com
algum grau de comprometimento. Tem por fi-
nalidade impedir o aparecimento de novas com-
Prevenção primária plicações. Nesta fase, faz-se necessária uma atu-
ação visando reabilitar os indivíduos já acome-
avançada tidos por agravos (insuficiência cardíaca, porta-
Destina-se aos indivíduos com DM e HAS já dores de insuficiência renal, retinopatia diabéti-
instalados. Toda ação deve ser programada a ca e pé em risco).
partir da identificação de fatores de risco asso-
ciados, lesões em órgão-alvo e avaliação de
comorbidades.

Nesta etapa de prevenção deve-se estimular


a criação dos grupos de hipertensos e diabéti-
cos, no sentido de facilitar a adesão ao trata-

.'

RLl
fI"

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÉ~IICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Anexos

tante inicial de 2 a 4 mmHg por segundo.


Anexo 1 .• Posicionar
damente e •aguardar
procedimento
que
trapasse
Solicitar
Inflar
Proceder
mentoocondições
nível
do20 a30
deasuavemente
rapidamente,
ao estimado
aque
paciente
deflação
rnrnHg.
medida.
que
dadepressão
nanão acom
campânula
10frente
velocidade
emfale
sistólica
10 durante
mmHg, cons-
ul- do
oI até
acas,
ar-
ital, +
.•
Korotkoff),
to
•.
em da
do
curvatura
fossa
aumentar
evitando
para
Colocar
Determinar osom
ovelocidade
aparecimento
Determinar
exceSSIva.de 15 (fase
Ssede
voltada
antecubital,
para-
paciente.
congestão
estetoscópio
a pressão 6V
aespeciais.
pressão
30 aKorotkoff),
aintensifica
do
deflação.
primeiro
Auscultar
diastólica
segundos
paraevitando
mmHg
venosa
nos
sistólica eporsom onoexceto
aumen-
(fase
cerca
. compressão
segundo,
desconforto
ouvidos,
no com
momento ade
apareci-
de
cíci-
da está
erial
anô-colu-
mação
eratura antes
café, de tornar aousobre
alimentos
estetoscópio
Após inflar.
a determinação fumouda até 30 (trinta)
a artéria
pressão mi- na
braquial,
sistólica,
orapi-
ação.
até
mente,
. mi-

rAnFRNn" nF ATFN("ÃO RÁSICA 85


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MEUITUS - PROTOCOLO

20 a 30 mmHg abaixo do último som, para Deverá ser registrado, sempre, o valor da
confirmar o seu desaparecimento e, depois, pressão obtida na escala do manômetro, que
proceder a deflação rápida e completa. varia de 2 em 2 mmHg, evitando-se arre-
dondamentos e valores de pressão termi-
• Registrar os valores da pressão sistólica e nados em 5.
diastólica, complementando com a posi-
ção do paciente, o tamanho do manguito e • Esperar de 1 a 2· minutos antes de realizar
o braço em que foi feita a mensuração. novas medidas.

PASSOS DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL

A marca cp obrigatoriamente
tem de estar em cima da
artéria braquial.

Assegurar que existe


espaço suficiente abaixo
do manguito de modo
que o estetoscópio não
entre em contato com ele .
. '

3
Usar o diafragma do
estetoscópio para ouvir
sobre a artéria braquial.

86 CADERNOS DE ATENCÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELUrUS - PROTOCOLO

Anexo 2 Técnica de aplicação


e mistura de insulina

Orientação quanto à A aplicação de insulina deve seguir rigorosa


padronização, observando-se atentamente cada
conservação, transporte e uso etapa, para que erros técnicos, com conseqüente
de insulina prejuízo no controle do paciente, sejam evitados.
A insulina é um hormônio que deve ser con-
servado de maneira adequada. O melhor local Preparo da injeção de insulina
de armazenamento é na porta da geladeira.
Material necessário
Evitar
•. Seringa e agulhas estéreis .
.• Congelamento (temperatura abaixo de 2 • Insulina.
graus centígrados) .
.• Chumaço de algodão .
.• Exposição à luz do sol, pois a insulina pode
sofrer degradação .

.• Deixar os frascos em local com temperatura


elevada.

N os locais onde não' exista geladeira, os


frascos de insulina deverão ser mantidos no
canto mais fresco da residência - por exem-
plo, perto do filtro de água. Nesta situação, a
insulina deve ser utilizada, no máximo, den-
tro de seis meses.

No caso de viagem .'

.• Os frascos de insulina devem ser guardados


em bolsa térmica ou caixa de isopor. Não há
necessidade de colocar gelo .

•• Caso a pessoa não possua bolsa térmica ou


isopor, o frasco deve ser transportado em
bolsa comum, onde não receba a luz do sol
diretamente .

.• A insulina que está em uso poderá ser mantida


em temperatura ambiente (15 °C a 30°C).
J

R,7
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELUTUS· PROTOCOLO

COMO PREPARAR A INSULINA

Retirar o protetor e
SERINGA DE 1cc evitar encostar os
dedos na agulha
CADA SUBDIVISÃO = 2 UNIDADES para que não ocorra
contaminação.

SERINGA DE 0,5 cc
CADA SUBDIVISÃO = 1 UNIDADES
Puxar o êmbolo da
Protetor da
seringa até a marca
agulha Cânula
da quantidade de
insulina que você usa
~~ ~
y ~~••
d'
~, ~"-~ ~/
Bisei Corpo a sennga Protetor do
Êmbolo

Injetar o ar dentro do
frasco de insulina.
Isto permitirá que
Lavar bem as mãos com água e sabão a insulina seja
facilmente
retirada do frasco

Virar o frasco e a seringa


para baixo. Puxar o êmbolo
lentamente para aspirar
a insulina para dentro
da seringa . ' .

Rolar o frasco
entre as mãos, para
misturar a insulina. Verificar se tem bolhas
Não agitar o frasco. de ar. Para tirar as bolhas,
bater com o dedo na parte
da seringa onde elas
estão ou injetar a insulina
de volta para o frasco. Em
Limpar a tampa seguida retirar a dose de
do frasco usando insulina que você vai usar.
algodão com álcool.

Conferir novamente a dose de insulina. Retirar a seringa do frasco e cobrir a agulha com o protetor.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS· PROTOCOLO

COMO APLICAR A INSULINA

Escolher o local para aplicar a insulina. Limpar a pele, Ao iniciar a aplicação de insulina, se for constatada
usando algodão com álcool e deixar secar. Manter uma a presença de sangue na seringa,seguir as
distância de mais ou menos 2 em do local onde você seguintes orientações:
tomou a injeção anterior, se a área do corpo for a mesma.
1) Sangue em pequena quantidade: continuar a aplicação.

2) Sangue em grande quantidade: pare a aplicação.


Jogue fora a seringa com a insulina
e prepare outra dose.

Fazer uma prega na pele onde você vai aplicar a insulina.


Pegar na seringa como se fosse um lápis. Introduzir a
Injetar a insulina, empurrando o êmbolo até o final.
agulha na pele, num ângulo de 90°, soltar a prega cutânea.
Retirar a seringa e fazer uma leve pressão no local,
Obs: em pessoas muito magras ou crianças menores,
usando o algodão com álcool.
a injeção poderá ser feita num ângulo de 45°, para
evitar que seja aplicada no músculo .

. '

CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA 89


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

LOCAIS PARA APLICAÇÃO DE INSULINA


(Embaixo da pele ou seja, no tecido subcutâneo)

- BRAÇOS
(parte externa e superior)

COXAS
(parte anterior e lateral)

REGIÃO ABDOMINAL

REGIÃO GLÚTEA
FRENTE COSTAS

Você deve fazer rodízio na aplicação diária de insulina para evitar complicações
tais como: hipermetrofia ou atrofia no local.

Evite aplicar a insulina perto das juntas, na área da virilha, no umbigo e na linha
média do abdômen.

90 CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA


HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Mistura de insulinas em uma Absorção da insulina (subcutânea)


seringa
Vários fatores podem influenciar a absorção
Em alguns pacientes, o uso de insulinas mis- ou biodisponibilidade da insulina:
turadas (regular + intermediária) pode levar a
• local da aplicação - velocidade de absorção
um melhor controle da glicemia.
(abdome> braço> coxa> nádega);
As insulinas de ação rápida ou cristalina e
• profundidade da aplicação;
ultra-rápida podem ser misturadas, de prefe-
rência, com as insulinas NPH. Este procedi- • concentração e dose da insulina;
mento deve ser feito no momento da aplica-
ção, ou então devem ser utilizadas as pré-mis- •• nível de glicemia;
turas disponíveis no mercado. Exemplos: 70N/ • misturas de insulinas;
30R ou 70% NPH e 30% regular, 80N120R
ou 80% NPH e 20% r~gular e 90N/lOR ou • degradação fisiológica da insulina no local da
90% NPH e 10% regular. aplicação;

Para preparar uma mistura de insulina de ação • variação entre pacientes da farmacocinética da
rápida e intermediária, os seguintes passos de- insulina.
vem ser verificados:

• Limpar a tampa dos dois frascos;


,J\parelhos e seringas
• Usando a seringa, injetar no frasco de insuli-
na de ação mais longa uma quantidade de ar Aparelhos para injeção
igual à dose desta insulina. Retirar a agulha
sem aspirar; o desenvolvimento de sistemas de adminis-
tração, como as canetas, tornou a auto-aplica-
• Virar o frasco de insulina de ação rápida de
ção de insulina um processo conveniente para o
cabeça para baixo e aspirar a dose prescrita,
remover as bolhas de ar e verificar novamen- paciente diabético .. '
te a dose. Retirar a dose do frasco;
Este aparelho é uma unidade compacta, auto-
• Virar o frasco de insulina de ação intermedi- abrangente, que elimina a mistura e a medição,
ária de cabeça para baixo e introduzir a agu- processos necessários com os tradicionais fras-
lha. Lentamente, puxar o êmbolo até o nú- cos e senngas.
mero de unidades correspondentes à dose
total; Nestes sistemas, elas são carregadas com um
cartucho substituível, que contém insulina sufi-
• Ter muito cuidado para não deixar penetrar nem ciente para vários dias de uso. Agulhas ultrafinas,
um pouco de insulina de ação rápida no frasco com uma cobertura de silicone, eliminam a dor
contendo a insulina de ação intermediária. da injeção.

01
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS - PROTOCOLO

Seringas para aplicação Anexo 3


Estão disponíveis no mercado seringas com
capacidade para 03, 05 e 1,0 ml, ou seja para Recomendações para a
30, 50 e 100 U. Para os pacientes que necessi-
tam de pequenas doses de insulina, recomenda-
concepçõo e contracepçõo
se o uso de seringas U-30 ou U-50, pois possu- •. Nos meses imediatamente anteriores à con-
em melhor discriminação entre as doses. cepção, o bom controle é fator particularmen-
te importante na prevenção das malformações
As seringas devem ser de uso pessoal, pelo
fetais. Deve ser procurado através de todos
risco de contaminação com vírus como os da
os meios disponíveis, em todas as pacientes
hepatite e/ou imunodeticiência adquirida (HIV).
diabéticas que estejam planejando uma ges-
tação.
Reutilização de seringas
•. Pacientes com complicações crônicas insta-
Recomenà~-se o uso da seringa apenas uma
ladas, tais como retinopatia proliferativa ou
vez, porque a esterilização após o uso não pode
nefropatia, devem ser desencorajadas quan-
ser garantida. Entretanto, grande parte dos pa-
to à gravidez.
cientes preferem reutilizar a seringa até que sua
agulha se tome romba . •. Não há diferenças quanto ao aconselhamento
anticoncepcional entre mulheres diabéticas e
A maioria das preparações insulínicas pos-
não-diabéticas. Deve-se, porém, usar somente
suem aditivos bacteriostáticos que inibem o cres-
contraceptivos hormonais de baixo teor
cimento da flora comumente encontrada na pele.
estrogênico, levando em conta seus efeitos
Optando-se pela reutilização, a seringa deve ser
deletérios sobre o controle glicêmico, a evo-
retampada e estocada, ou na temperatura ambi-
lução da microangiopatia, o surgimento de
ente ou sob refrigeração.
hipertensão e a incidência de trombo-embo-
A limpeza da agulha com álcool é dispensá- lismos. Na presença de qualquer destes fato-
vel, porque é capaz de remover o silicone que a res, usar preparações puramente progestaci-
reveste, tomando a ap~icação mais dolorosa. As onais ou métodos de barreira, ou corrsiderar
seringas reutilizadas devem ser descartadas quan- a hipótese de realizar ligadura tubária.
do a agulha se toma romba, curva ou entra em
contato com alguma superfície diferente da pele.

Q?
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLlTUS PROTOCOLO

Bibliografia

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Programa Saúde da 'amílh.
~~ MINIST~RIO
•• DA SAUDE I GOVERNO
FEDERAL
Trabalhando
.'
I
em todo o Brasil

Apoio:

Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial


Sociedade Brasileira de Cardiologia/FUNCOR
Sociedade Brasileira de Diabetes Mellitus
Soci~dade Brasileira de Nefrologia
Federação Nacional de Associações de Diabéticos
Federação Nacional de Associações de Portadores de Hipertensão Arterial
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

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