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Escrito entre o período de dezembro de 1851 a janeiro de 1852, o 18 de

Brumário de Luís Bonaparte de Karl Marx, serve-nos como uma das principais obras
do autor alemão a qual possibilita a compreensão de análise do método de análise
materialista histórico dialético, em que Marx desenvolve a partir de sua compreensão da
lei da luta de classes e da formação social da França de meados do século XIX a
ascensão de quem, para Marx em seu prefácio à 2ª edição de 1869, se tratava de um
“personagem medíocre e grotesco” (MARX, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte.
São Paulo: Boitempo, 2011; p.18): Luís Bonaparte - herdeiro genético do imperador
Napoleão -, o qual, a partir de artífices inconstitucionais, daria um golpe de estado em
dezembro de 1852, restabelecendo o regime imperial sob a nação francesa.
A clássica referência ao 18 de Brumário (18 de novembro), data em que Napoleão
Bonaparte havia tomado, por meio de assalto, as forças de Estado da primeira república
francesa, conquistada a partir da Revolução Francesa em 1792, refere-se perfeitamente
ao que Marx parafraseia Hegel, em que “[...] todos os grandes fatos e grandes
personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes [...] a
primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.” (p. 25). Isto é, Marx anteviu, por
meio da dinâmica a que a luta de classes se produzia no contexto da crise revolucionária
protagonizada pelo proletariado francês em 1848, a qual foi íntegro contemporâneo, e
reportando-se ao processo revolucionário de 1789, como se desenvolve a correlação de
forças, produzida com os sucessivos fatos narrados pelo autor, na superestrutura
política, com distintas idas e vindas modificações no aparato estatal, que levariam Luís
Bonaparte a orquestrar o golpe na república em 1852.
A história, portanto, parece se repetir, como em uma cena até “por mais de duas
vezes”, contudo, Marx é enfático ao afirmar que “Os homens fazem a sua própria
história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem
escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas
assim como se encontram.” (p. 25). Assim se vê quando o autor alemão, com os olhos
postos sobre a França e seus acontecimentos em 1848 diz “[...] e a revolução de 1848
não descobriu nada melhor para fazer do que parodiar, de um lado, o ano de 1789, de
outro, a tradição revolucionária de 1793-95.” (p. 26).
Logo, o que poderia parecer, com a derrota de Napoleão I e a queda de seu
império, o restabelecimento rígido do absolutismo com os reis Luís XVIII e Carlos X, não
demorou este regime em declinar para o ascenso da burguesia liberal e,
consequentemente, republicana, em um contexto de desenvolvimento das forças de
produção do capitalismo e da própria Revolução Industrial, reverberando na França do
século XIX em um avanço econômico das bolsas financeiras e da burguesia industrial.
Com a queda de Luís Felipe e o absolutismo superado, a burguesia não gostaria
de ver os seus interesses socioeconômicos atrapalhados pelo levante revolucionário a
que o proletariado conduzia cada vez mais com fervor. Não poderia permitir entregar-lhe
de bandeja o poder central do país. Deveria, portanto, expressar um espaço comum,
cujo:

O objetivo original das jornadas de fevereiro foi uma reforma eleitoral que
ampliasse o círculo de privilegiados políticos dentro da própria classe possuidora
e derrubasse o domínio exclusivo da aristocracia financeira (p. 32).
Porém, após a vitória imposta pela crise revolucionária de 1848, em fevereiro
derrubando Luís Felipe e instaurando a Assembleia Constituinte, a burguesia (financeira,
a pequena burguesia e industrial) ainda teria que encarar um inimigo fundamental: o
proletariado, representado pelo socialismo naquele momento, que enfurecido com as
demandas sociais reivindicadas poderia perfeitamente galgar ao poder caso houvesse
direcionamento para tal.
Para poder se consolidar efetivamente a burguesia francesa precisou enfrentar e
derrotar o proletariado revolucionário que, ao perceber o caráter do governo provisório,
ou transicional, se daria, “[...] tentou em vão negar a sua existência à força, dissolvê-la
[...]” (p. 34) com manifestações e tentativas de dispersar a força a Assembleia
Constituinte ainda em maio, mas, também, como narra Marx “A resposta do proletariado
parisiense a essa declaração da Assembleia Nacional Constituinte foi a Insurreição de
Junho, o mais colossal acontecimento das guerras civis europeias.” (p. 34), fazendo
alusão ao primeiro grande embate entre as duas distintas classes sociais.
É exatamente a partir desta efusão das massas trabalhadoras que a classe
dominante começa a mexer as suas peças no tabuleiro do poder francês, a postar-se
enquanto legítima representante dos “interesses gerais” do conjunto da sociedade
francesa. Todavia, em mais um momento na história da humanidade a burguesia trataria
de se apoiar no calor das massas e suas mobilizações e, seguidamente, trairia e
abandonaria às suas custas.

O proletariado parisiense ainda se comprazia na contemplação da ampla


perspectiva que lhe descortinara e se entregava a discussões bem-intencionadas
sobre os problemas sociais, os velhos poderes da sociedade se reagruparam,
reuniram-se ponderaram e receberam o apoio inesperado da massa da nação, dos
camponeses e pequeno-burgueses, os quais se lançaram todos de uma só vez à
arena política após a queda das barreiras da Monarquia de julho (p. 33).

Tanto assim é que Marx, no decorrer de sua obra, identifica como o período em
que se estrutura a Assembleia Nacional Constituinte (de 4 de maio de 1848 a 28 de
maio de 1849) até o momento em que se estabelece a Assembleia Nacional Legislativa
(28 de maio de 1849 a 2 de dezembro de 1851) - quando se “consolida” a república -
expressa diversas contradições na garantia, ou na ilusão da garantia, das liberdades e
dos direitos civis democráticos, além dos preceitos de propriedade privada, fraternidade,
igualdade e liberdade, em que aponta, por trechos da própria Constituição que elaborara
a burguesia, leis que por um lado garantiam os requisitos direitos, mas por outro os
retirava. Por exemplo: “O ensino é livre. A liberdade de ensinar deve ser gozada na
condições fixadas em lei e sob a supervisão do Estado.”, ou em “A residência de cada
cidadão é inviolável exceto nas formas prescritas pela lei.” (p. 42). Isto é:

[...] cada parágrafo da Constituição contém a sua própria antítese, a sua câmara
superior e a sua câmara inferior, a saber, na sentença universal, a liberdade e, na
nota marginal, a revogação da liberdade. Portanto, enquanto a denominação da
liberdade foi respeitada e somente a execução efetiva desta foi impedida – pela
via legal, bem entendido – existência constitucional da liberdade permaneceu
incólume, intocada, por mais que a sua existência ordinária tenha sido suprimida
(p. 42-43).
Diante deste cenário, a reconfiguração política a partir de interesses e classes
sociais antagônicas, o estabelecimento do sufrágio universal (direito de voto)
transparecia perfeitamente a cortina superestrutural a que necessitava a burguesia
francesa, já que no abstrato do texto legal os desiguais aparentavam-se “igualados”,
porém, na realidade concreta a desigualdade permanecia.
Marx pontua que para avançar em sua consolidação sobre o Estado, a burguesia
necessitaria incutir e propagar a ideologia do bem comum. Para isto, a burguesia se
submete ao que se entende por “bonapartismo”, como efeito de necessidade, diminuindo
o papel legislativo do Estado e garantindo mais espaço para o executivo, expondo a
figura do presidente e minimizando a relação Estado-burguesia, transmitindo ares de
“neutralidade” estatal.
O Estado burguês, seja nos momentos republicanos, ou nos períodos ditatoriais,
se constrói sobre a massa empobrecida, explorada, reprimida pelo aparato repressivo,
ou pelo convencimento de que o “contrato social”, em sua forma jurídica, garante a
possibilidade de se desenvolver plenamente como ser social, a todos.
Em “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, ao período de 2 de dezembro de 1851,
Marx previu que o Estado de sítio instalado pelo então presidente Luís Bonaparte,
quando em 4 de dezembro o mesmo atenta com as forças armadas contra a imprensa
revolucionária, vigiou com a polícia as Assembleias populares, e tantas outras medidas
que evidenciaram um fechamento de regime, em que “Burgueses e épiciers haviam
descoberto que, em um dos seus decretos de 2 de dezembro, Bonaparte havia abolido o
voto secreto [...]” (p. 139).
Com todo o aparato burocrático e militar, o Poder Executivo evidenciava as
heranças da monarquia absoluta, o que fez com que, para Marx, “Os privilégios
senhoriais dos proprietários de terra e das cidades se transformam na mesma
quantidade de atributos do poder estatal, os dignitários feudais passam à condição de
funcionários remunerados [...]”. Estava estabelecida a efetiva independência do Estado
com o comando de Luís Bonaparte, consolidando a máquina estatal aos olhos das
classes inferiores, sobretudo, ao lumpenproletariado. Assim, “[...] o poder estatal não
paira no ar. Bonaparte representa uma classe, mais precisamente, a classe mais
numerosa da sociedade francesa: os camponeses parceleiros.” (p. 142).
Luís Bonaparte conseguiu penetrar e ser considerado o representante da
“dinastia dos camponeses”, “da massa popular francesa”. Esta é a grande contradição a
que Marx identifica, pois o processo revolucionário de 1848 deveria, em tese, por ser
protagonizado pelo proletariado francês com as suas demandas sociais e econômicas,
ter feito triunfar o socialismo, expressão desta massa proletária. Contudo, coube a um
insignificante ser político prevalecer diante de um processo eleitoral e posteriormente,
com mãos de ferro e manobras na lei, asfixiado o poder em suas mãos.
A isto, Marx sugere uma possibilidade, em que “O desenvolvimento econômico da
propriedade parcelada desvirtuou desde a base a relação dos camponeses com as
demais classes da sociedade.” (p. 146).
Ao final de sua obra, Marx conclui que Luís Bonaparte foi impulsionado pelas
contradições impostas pela própria luta de classes, e simultaneamente “como um
ilusionista”, o imperador precisa fazer constantes ações para que o conjunto da
sociedade mantenha a atenção em seu governo, garantindo um autêntico
“bonapartismo”.
Marx finaliza lançando, um ano antes do golpe que seria dado ao final do estado
de sítio, em dezembro de 1852, uma certeira previsão, destaca “Porém, quando o manto
imperial finalmente cair sobre os ombros de Luís Bonaparte, a estátua de bronze de
Napoleão despencará do alto da coluna de Vendôme.” (p. 154), aludindo à ideia de que,
se Luís Bonaparte efetivasse o seu golpe e instaurasse um novo regime monárquico
este jamais seria consolidado em outra oportunidade na sociedade francesa.
A análise realizada por Marx do processo revolucionário burguês já em um
momento posterior à Revolução Francesa de 1789, nos leva a compreender o
movimento da história em épocas de crise e de profundas transformações sociais,
políticas e econômicas.
Assim, Marx com esta obra, deixou um legado para a compreensão de um
método de análise do desenvolvimento histórico da humanidade ao nos “revelar” as
“armas” utilizadas pela burguesia para manter a “nova” ordem social e política. O
período pós 1848, como uma “repetição” da história, nos leva a crítica do papel do
Estado no contexto de luta de classes. As revoluções burguesas apenas representaram
a emancipação política de uma classe social, que se utiliza de vários meios para
expropriar e reprimir o restante da sociedade sob seu domínio, fortalecendo a ideologia
de que somos todos iguais, em que, na verdade, a exploração do homem pelo homem é
a realidade concreta.
Na presente obra aqui estudada, o autor Karl Marx busca, a partir da
cientificidade histórica demonstrar que não é suficiente assumir o aparato estatal, como
é preciso destruí-lo por completo, assumido por classes revolucionárias, ou manterá a
dominação de uma sobre a outra e até mesmo concederá pequenas transformações,
como foi o caso da burguesia francesa; ou propriamente se revolucionará com o
proletariado, conforme é a proposta do socialismo como transição à sociedade sem
classes, comunista.

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